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Portugal global Pense global pense Portugal Julho 2010 // www.portugalglobal.pt António Vitorino Os desafios da crise europeia 36 Economia mundial Restaurar a confiança em cenário de retoma 6 Empresas Ábaco Consultores, Vangest e Plimat 45 José Gomes Ferreira O que a economia portuguesa precisa 32

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António Vitorino Os desafios da crise europeia 36 Economia mundial Restaurar a confiança em cenário de retoma 6 Empresas Ábaco Consultores, Vangest e Plimat 45 José Gomes Ferreira O que a economia portuguesa precisa 32 Pense global pense Portugal Julho 2010 // www.portugalglobal.pt

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António Vitorino Os desafios da crise europeia 36 Economia mundialRestaurar a confiança em cenário de retoma 6

EmpresasÁbaco Consultores, Vangest e Plimat 45

José Gomes FerreiraO que a economia portuguesa precisa 32

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sumárioJulho 2010 // www.portugalglobal.pt

Destaque // 6Num cenário de retoma, ainda que a diferentes velocidades nos vários

países, traçamos um breve retrato da actual situação das principais

economias mundiais, bem como das emergentes: Alemanha, Espanha,

EUA, França, Reino Unido, Japão, Brasil, China, Índia, Rússia e Polónia.

Também em destaque o artigo de opinião do jornalista José Gomes Ferreira,

sobre a economia portuguesa e os seus factores de competitividade.

Entrevista // 36Numa extensa entrevista, António Vitorino, Comissário europeu até 2004 e

especialista na área do Direito da União Europeia, fala-nos sobre a crise que

atingiu a Europa e do muito que há a fazer em termos de equilíbrios internos

e de aplicação de medidas de combate à actual conjuntura económica no

contexto da UE, da moeda única e do modelo social europeu.

Notícias // 44

Empresas // 45Vangest: engenharia portuguesa no topo.

Plimat: acessórios em PVC projectam a empresa.

Ábaco Consultores fideliza clientes.

Opinião // 50Um artigo de Francisco Barroca, Director-geral da CERTIF, sobre a

importância da certificação de empresas no acesso aos mercados externos.

Análise de risco por país – COSEC // 52

Estatísticas // 56Investimento directo e exportações.

Feiras e eventos// 58

AICEP Rede Externa // 60

Bookmarks // 62

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A actual crise global, a maior das últi-mas décadas, cuja onda de choque se repercutiu em todas as economias e sociedades, em particular nas macro-economicamente mais frágeis, conti-nua em análise. Mas o debate agora centra-se cada vez mais nas soluções e na prevenção de futuras disrupções do sistema financeiro, para que o que aconteceu nunca mais se repita ou, pelo menos, para que seja detec-tado atempadamente, evitando-se os impactos mais negativos.

É nesta medida que a nossa revista faz um balanço actualizado dos efei-tos da crise e das respectivas medidas de superação – de combate à crise – em 11 mercados diversos, esco-lhidos quer pelo seu peso enquanto parceiros económicos de Portugal, quer pelo importante papel que de-sempenham no quadro da economia mundial. Fazemos uma breve radio-grafia do comportamento de cada um desses países perante o desafio que actualmente enfrentam e sobre as medidas que têm em curso para garantir um crescimento sustentado.

Este balanço ficaria no entanto aquém do nosso objectivo se não conside-rasse a dinâmica da crise na União Europeia e, portanto, na zona euro, espaço económico que Portugal inte-gra desde 1 de Janeiro de 1986. A ex-tensa entrevista de António Vitorino, Comissário europeu até 2004 e agora advogado especializado na área do

EDITORIAL

// Julho 2010 // Portugalglobal4

As opiniões expressas nos artigos publicados são da res-

ponsabilidade dos seus autores e não necessariamente

da revista Portugalglobal ou da aicep Portugal Global.

A aceitação de publicidade pela revista Portugalglobal

não implica qualquer compromisso por parte desta

com os produtos/serviços visados.

Crise Recuperação e pós-crise

Direito da União Europeia, traça um histórico da UE, contextualiza nela os reflexos da crise global, desdramatiza pessimismos e, sem escamotear a na-tureza do actual desafio, analisa cená-rios pós-crise e soluções estratégicas no quadro comunitário, dando pistas para que as empresas, em particular as PME, ultrapassem os constrangi-mentos conjunturais que as afectam. Incontornáveis são a rigorosa consoli-dação orçamental, a redução do dé-fice público, o apoio às empresas, à banca e ao emprego.

Por outro lado, o artigo de opinião, da autoria do jornalista José Gomes Ferrei-ra, subdirector de Informação da SIC, vem completar este nosso overview sobre a crise e sobre as estratégias de recuperação, que realça precisamente o que os investidores internos e exter-nos procuram e a economia portugue-sa precisa: previsibilidade, isto é, regras do jogo económico claras, universais, desburocratizadas, fiáveis e eficientes; e, claro, inovação na gestão, fabrico, produto, design, promoção e venda, isto é, extensível a toda a cadeia de va-lor. E, porque é um passo inadiável, de-verá ser feita uma forte aposta na for-mação, a todos os níveis, do Estado às empresas, passando pelo iniciativa dos cidadãos, sendo esta, portanto, uma vasta batalha que terá de ser ganha e que depende de todos nós.

BASílIO hORtAPresidente da Comissão Executiva da AICEP

Revista PortugalglobalAv. 5 de Outubro, 101

1050-051 LisboaTel.: +351 217 909 500Fax: +351 217 909 578

Propriedadeaicep Portugal Global

O’Porto Bessa Leite Complex

R. António Bessa Leite, 1430 – 2º

4150-074 Porto

Tel.: +351 226 055 300

Fax: +351 226 055 399

NIFiscal 506 320 120

Comissão ExecutivaBasílio Horta (Presidente), Eurico Dias,

José Vital Morgado, Luis Florindo,

Teresa Ribeiro

DirectoraAna de Carvalho

[email protected]

RedacçãoCristina Cardoso

[email protected]

José Escobar

[email protected]

Vitor Quelhas

[email protected]

Colaboram neste número António Vitorino, Basílio Horta, Direcção de

Informação da AICEP, Direcção Internacional da

COSEC, Francisco Barroca, José Ferreira Gomes.

Fotografia e ilustração ©Fotolia, ©JNTO

(Japan National Tourism Organization),

Rodrigo Marques

Publicidade [email protected]

SecretariadoHelena Sampaio

[email protected]

AssinaturasREGISTE-SE AQUI

Projecto gráficoaicep Portugal Global

Paginação e programaçãoRodrigo Marques

[email protected]

ERC: Registo nº 125362

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emprego

crescimento

exportações

Economia mundialRestauRaR a confiança em cenáRio de Retoma

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destaQue

Portugalglobal // Julho 10 // 7

A economia mundial deverá crescer 4,5 por cento já este ano, segundo o Fundo Monetário Internacional, confirmando uma progressiva recuperação depois da maior crise financeira verificada nas últimas décadas. O cenário de nova recessão parece estar afastado, mas o impacto da crise obrigou os países mais ricos a tomarem medidas rigorosas de consolidação orçamental, de redução do défice público, de apoio às empresas, à banca e ao emprego. Investimento e exportações, bem como o aumento do consumo interno, parecem ser a chave para o sucesso da retoma económica a médio prazo.Alemanha, Espanha, EUA, França, Reino Unido, Japão, Brasil, China, Índia, Rússia e Polónia são as economias em foco neste dossier: o que fizeram para combater a crise e o que estão a fazer para garantir um crescimento sustentado.

emprego

investimento

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AlemAnhA cRescimento versus consolidação

Crescimento versus consolidação: este o debate que dominou as cimeiras do G8 e do G20 em Toronto, em finais de Junho. Na sua mensagem sobre a retoma económica, uns dias antes do encontro de Toronto, a Chanceler alemã Ângela Merkel preparou este debate e advertiu para “a plena força dos efeitos da crise” que atingirá a Alemanha em 2010. O seu novo discurso tem uma razão simples: só é possível argumentar de forma convincente que é necessário acabar com as medidas de revitalização da conjuntura, quando a crise pertencer ao passado.

no terceiro trimestre o aumento foi de 0,7 por cento, no quarto foi de 0,2 por cento. o ano em curso, ao apresentar um crescimento económico de 0,2 por cento nos primeiros três meses do ano, confirmou esta tendência de retoma, apesar de um ligeiro abrandamento. mesmo que os dados ainda não este-jam disponíveis, o aumento do PiB no segundo trimestre de 2010 deverá ser notavelmente superior. Para a segunda parte do ano, conta-se com uma ténue desaceleração do crescimento.

a par da evolução conjuntural positiva, a situação no mercado de trabalho con-tinua descontraída. com 3,242 milhões de desempregados em maio passado e uma taxa de desemprego de 7,7 por cento (abril de 2010: 8,1 por cento), a estatística registou menos 165 mil de-sempregados do que no mês anterior e até menos 217 mil face a maio de 2009. no que se refere aos trabalhado-res em regime lay-off (redução tempo-rária dos períodos normais de trabalho ou suspensão dos contratos de trabalho efectuada por iniciativa das empresas, durante um determinado período de tempo), o seu número baixou para 830 mil em março de 2010, enquanto em maio de 2009 ainda atingia 1,5 milhões de casos. espera-se que esta tendência se mantenha nos próximos meses.

a tese de merkel, de a crise ter chega-do ao seu fim, é também apoiada pelo prestigiado instituto de estudos econó-micos ifo, segundo o qual o ambiente nas empresas continua a melhorar. o clima de negócios, o mais importante indicador da tendência do mercado, subiu de novo ligeiramente em Junho, atingindo o mais alto nível desde maio 2008. o optimismo dos gestores ba-seia-se sobretudo no bom andamento de negócios em curso, mas as expec-tativas dos 7.000 gestores inquiridos, para o segundo semestre do ano, bai-

na verdade, os indicadores económicos actuais na alemanha são favoráveis a esta tese: depois de um recuo de 4,9 por cento do produto interno bruto (PiB) em 2009 face a 2008, que cor-responde à pior recessão no país no período pós-guerra, a economia alemã encontra-se na senda da recuperação. apesar de o governo federal ainda contar com um crescimento de 1,4 por

cento para 2010, a maioria dos ana-listas, entre eles o Bundesbank, apon-ta para uma taxa de 2 por cento. de acordo com dados recentes do instituto federal de estatística, a economia ale-mã encontra-se em processo de recu-peração desde o segundo trimestre de 2009. nesse trimestre e em compara-ção com o anterior, o crescimento do PiB registou uma taxa de 0,4 por cento.

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xaram ligeiramente por os programas conjunturais estatais estarem em vias de terminar devido à política de conso-lidação orçamental.

esta situação conjuntural relativamente favorável tem essencialmente a ver com o elevado peso que as exportações têm na economia alemã. a procura por pro-dutos alemães voltou a crescer em mer-cados externos como a china e a Índia – note-se que um quinto das exportações alemãs destina-se à ásia –, no que foi acompanhada por uma taxa de câmbio do euro decrescente (desde o início de 2010 o euro perdeu 14 por cento face ao dólar). a economia alemã beneficiou de um rápido regresso ao aumento das suas exportações, com efeitos positivos no mercado de trabalho.

Refira-se que uma das principais medi-das implementadas pelo governo fede-ral para enfrentar a crise, desde finais de 2008, foi o combate ao desempre-go, com a aplicação de legislação mais favorável na concessão de subsídios aos trabalhadores em regime de lay-off. com o objectivo de evitar despedi-mentos nas empresas em dificuldades económicas e financeiras, esta medida permitiu-lhes manter os respectivos trabalhadores, e as suas especializa-

ções, e reagir rapidamente a eventuais aumentos nas encomendas e na capa-cidade de produção. como instrumen-to socio-económico, esta medida pode ser considerada um importante pilar dos dois “pacotes conjunturais” inicial-mente postos em prática para comba-ter a crise, no montante de cerca de 80 mil milhões de euros, a par do plano de salvamento do sector financeiro dota-do de cerca de 500 mil milhões de eu-ros, através da concessão de garantias estatais, apoios financeiros e aquisição de posições de risco.

Centro de negócios da AICeP na Alemanha

Zimmerstraße 56 10117 BerlinalemanHatel.: +49 30 254 10 60 fax: +49 30 254 10 699 [email protected]

Directora Coordenadora: ÉlIA RODRIGUeS

7,17 dos quais sob a forma de créditos e 5,17 mil milhões de euros em forma de garantias. no que concerne o popu-lar “umweltprämie”, um incentivo am-biental que visava promover a compra de automóveis novos através da atribui-ção de um prémio ao abate de carros velhos, o plafond de 5 mil milhões de euros encontra-se praticamente esgota-do desde finais de abril. desta forma o governo conseguiu evitar uma quebra grave no sector automóvel, uma indús-tria chave da economia alemã.

acreditando que estas medidas terão efeitos consideráveis para a conjuntura alemã ainda ao longo do ano em cur-so, o governo, tal como está a acon-tecer nos outros países membros da união europeia e a fim de cumprir o Pacto de estabilidade e crescimento, viu-se obrigado a iniciar uma mudan-ça da sua política fiscal expansiva para uma política de austeridade e consoli-dação orçamental. assim, e prevendo-se que o défice orçamental em 2010 ascenda aos 5,4 por cento, o governo federal determinou em 6 e 7 de Junho um pacote de poupança, com um vo-lume de 80 mil milhões de euros para o período de 2011 a 2014. Visando fortalecer o crescimento sustentado da economia através de poupança sustentada, inteligente e justa, o go-verno planeia cortes nas subvenções e contribuições adicionais até 7,5 mil milhões de euros/ano, cortes nas des-pesas de funcionamento da adminis-tração federal e em programas até 4 mil milhões de euros/ ano, assim como economias nas forças armadas na or-dem dos 3 mil milhões de euros/ano e também reduções nas transferências sociais, cujo volume ascende aos 10,9 mil milhões de euros/ano.

“Uma das principais medidas implementadas pelo governo federal para enfrentar a crise, desde finais de 2008, foi o combate ao desemprego, com a aplicação de legislação mais favorável na concessão de subsídios aos trabalhadores em regime de lay-off.”

no âmbito dos “pacotes conjunturais”, os quais, de acordo com declarações oficiais recentes, totalizam estímulos à economia alemã na ordem de 2,1 por cento do PiB nacional em 2010, foram

concedidos até final de abril do corrente ano, requeri-

mentos com um vo-lume de 12,34

mil milhões de euros,

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durante o ano de 2009 a economia espanhola, à semelhança de outros países, experimentou a recessão mais profunda da sua história recente. as medidas contra a crise inicialmente lançadas pelo governo levaram a uma deterioração das finanças públicas, que a administração espanhola pretende corrigir a médio prazo.

em abril a standard & Poor’s reviu em baixa o rating da dívida pública espa-nhola, de aa+ para aa, apontando

eSPAnhAnoVas medidas PaRa ReduZiR o défice

A economia espanhola sofreu, em 2009, a maior recessão da sua história recente, com repercussões nas contas públicas, no investimento e no desemprego que atinge, actualmente, mais de 20 por cento da população activa. O FMI alerta para a necessidade de reformas urgentes e o governo de Zapatero anunciou novas medidas de austeridade para combater o défice e iniciar o caminho da retoma económica.

para tal a debilidade do crescimento previsto da economia, o forte endivida-mento do sector privado, a existência de um mercado de trabalho pouco flexível e uma elevada taxa de desemprego que continua a agravar-se, ultrapassando já 20 por cento da população activa.

dados recentemente divulgados pelo instituto nacional de estatística de espa-nha referem que a economia deverá ter registado um crescimento da actividade de 0,1 por cento no primeiro trimestre de

2010, face ao último trimestre de 2009. comparativamente ao período homólo-go do ano anterior, registou-se uma que-bra de menos 1,3 por cento.

a ligeira recuperação verificada no pri-meiro trimestre de 2010 contrariou a tendência de contracção da economia espanhola, sendo o primeiro valor posi-tivo registado desde meados de 2008. Para este desempenho contribuiu a re-cuperação do consumo das famílias, que aumentou 0,5 por cento face ao trimes-tre anterior. À semelhança dos trimestres anteriores, o consumo público manteve uma evolução positiva, registando um crescimento homólogo de 1,5 por cento.

no entanto, o investimento continua a registar valores negativos, com uma quebra de 9,9 por cento em termos homólogos. na vertente externa o comportamento foi positivo, com as exportações a avançarem 8 por cento e as importações 2,6 por cento. Por sec-tores, o melhor desempenho verificou-se no sector energético (mais 0,3 por cento) e nos serviços (menos 0,2 por cento). no lado oposto, encontram-se os sectores agrícola (menos 2,9 por

“Seguindo a tendência de outros governos europeus, o executivo espanhol anunciou medidas adicionais para a redução do défice público, que visam a estabilização financeira do país.”

cento), industrial (menos 3,7 por cento) e da construção (menos 5,9 por cento).

as projecções de crescimento divulga-das pelo fundo monetário internacio-nal (fmi) em abril, no “World economic

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outlook”, referem uma contracção do PiB espanhol de menos 0,4 por cento em 2010 e um crescimento de 0,9 por cento em 2011. o fmi alertou também para a necessidade da realização de re-formas urgentes e decisivas em várias áreas, nomeadamente no mercado de trabalho e no sistema bancário.

em 2011; de 2,9 por cento para 2,5 por cento em 2012; e de 3,1 por cento para 2,7 por cento em 2013. Quanto ao défice, o objectivo é atingir os 3 por cento do PiB em 2013.

novas medidas de austeridadeseguindo a tendência de outros go-vernos europeus, o executivo espanhol anunciou medidas adicionais para a redução do défice público, que visam a estabilização financeira do país. com esta iniciativa pretende-se alcançar o compromisso de reduzir o défice, refor-çar a confiança na economia do país e contribuir para a estabilidade financei-ra da zona euro.

entre as principais medidas anunciadas destacam-se:• Redução do salário dos funcionários

públicos em 5 por cento em média, a partir de Junho, e congelamento dos ordenados da administração e pen-sões de reforma em 2011, excepção das mínimas e das não contributivas.

• Redução dos vencimentos dos mem-bros do governo e demais altos car-gos em 15 por cento;

• Eliminação do “cheque bebé”, pres-tação por nascimento de 2.500 eu-ros, a partir de 1 de Janeiro de 2011;

• Redução do investimento público em cerca de 6 mil milhões de euros, nos próximos dois anos, medida seguida pelas comunidades autónomas e pe-los municípios que deverão reduzir o investimento em 1,2 mil milhões de euros;

• Redução de 600 milhões de euros, entre 2010 e 2011, na ajuda ao de-senvolvimento.

desta forma, o governo espanhol pre-tende conseguir uma redução adicional das despesas de 15 mil milhões de eu-ros, entre 2010 e 2011. anteriormente, já tinha sido anunciado um corte de 50 mil milhões de euros. a actualização do Pec efectuada em Janeiro já incluía um programa de consolidação fiscal apli-cável ao conjunto das administrações públicas espanholas, nomeadamente o estado e os governos regionais e locais.

o Primeiro-ministro Zapatero anunciou a conclusão, para breve, das negocia-

Centro de negócios da AICeP em madrid

calle Goya, 24 - 7º28001 madridesPanHatel: +34 917 617 200fax: +34 915 711 [email protected]

Director Coordenador: PeDRO AIReS De AbReU

Já as previsões do Banco de espanha, divulgadas em abril, estimam um re-cuo da actividade económica de me-nos 0,4 por cento em 2010, uma pre-visão ligeiramente menos optimista do que os menos 0,3 por cento esperados pelo governo.

Para este desempenho contribuirá a evolução do consumo privado (mais 0,2 por cento) e das exportações, que deverão crescer 5 por cento. mas o investimento deverá manter-se em va-lores negativos (menos 9,8 por cento), devido nomeadamente à quebra do in-vestimento imobiliário (menos 12,7 por cento). Para 2011, o Banco central es-panhol prevê um crescimento da activi-dade económica de aproximadamente 0,8 por cento.

neste contexto, o governo espanhol actualizou em maio as previsões do Pacto de estabilidade e crescimento (Pec). a principal alteração prende-se com o crescimento do PiB, que passa de 1,8 por cento para 1,3 por cento

ções tendo em vista a reestruturação do sistema financeiro, em particular no que se refere às “cajas de ahorros”. o governo espanhol aprovou ainda alte-rações à legislação laboral, flexibilizan-do a relação contratual entre o empre-gado e o empregador.

dados económicos recentes, designa-damente do Banco de espanha, dizem que se mantém o processo de recupe-ração da confiança quer dos empre-sários quer dos consumidores, e que há uma melhoria das expectativas dos agentes económicos em geral.

no entanto, para alguns analistas, o anún-cio das novas medidas

de aus-teridade para 2010 e 2011 e a reforma laboral em curso poderão ser insuficientes para garantir a confian-ça dos consumidores e para dar início à esperada recuperação económica.

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Ben Bernanke, presidente da fed (Re-serva federal dos eua), acaba de afir-mar, embora em termos cautelosos, que a economia continuará a crescer à taxa de anual de 3,5 por cento, previ-são esta que poderá estar condicionada pelo impacto que a crise da dívida so-berana da zona euro poderá provocar na economia norte-americana, e pelo ainda elevado índice de desemprego. descartou ainda incertezas afirmando que é improvável o ressurgimento de uma nova recessão, uma vez que o sec-tor privado está a impulsionar a econo-mia norte-americana.

eUAa RecuPeRação da economia“a RecuPeRação da economia está a decoRReR” Bern Bernanke, PresiDente Do FeD

Dois anos e meio após os primeiros sinais de recessão nos EUA, os economistas prevêem que a economia americana continuará a crescer lentamente, mas a um ritmo estável até 2012.

a retoma da economia, neste momen-to sustentada pela procura privada, en-frenta alguns desafios, com os principais indicadores a reflectirem ainda bastante fragilidade. a vitalidade do mercado de trabalho continua a ser, para muitos, a maior preocupação, assim como a esta-bilização do sector da construção, que tem mostrado sinais inconsistentes. o consumo começa a mostrar alguns si-nais de aceleração principalmente nos bens de consumo de primeira necessi-dade. o índice de desemprego, ainda bastante elevado, desceu para 9,7 por cento em maio. Prevê-se que a taxa

de juro irá manter-se no mesmo nível pelo menos até 2011. o turismo tam-bém está a recuperar, apesar de alguma estagnação que se está a verificar na costa do Golfo, devido ao derrame de petróleo da BP.

o PiB americano atingiu durante os primeiros quatro meses de 2010, 14,6 biliões de dólares, reflectindo um cres-cimento real de 2,7 por cento compa-rativamente com os 5,6 por cento do período anterior, de acordo com núme-ros oficiais agora divulgados. este cres-cimento foi especialmente estimulado pelo consumo privado (3,5 por cento) e pelas exportações (7,2 por cento).

a balança corrente (produtos e servi-ços) continua deficitária, tendo atingi-do 109 mil milhões de dólares contra os anteriores 100,9 mil milhões. as ex-portações atingiram 305,7 mil milhões de dólares e as importações ascende-ram os 456,9 mil milhões de dólares. os serviços atingiram 36 mil milhões de dólares, o que representa um aumento em relação ao período anterior de 35,4 mil milhões.

as expectativas de que os efeitos da crise dos mercados financeiros da ue poderão não vir a afectar grandemen-te os eua são grandes. Porém, o risco da crise vir a afectar as exportações norte-americanas para a comunidade europeia pode ser real, já que as medi-das de austeridade implementadas na europa irão certamente reduzir o poder de compra do consumidor europeu e um dólar mais forte tornará o produto americano menos competitivo.

algumas preocupações mantêm-se reais. o défice público é elevado, re-

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presentando cerca de 89 por cento do PiB, ou seja, cerca de 13 mil milhões de dólares, as despesas com a segurança social e com a saúde têm vindo a acu-mular-se, a constatação do declínio do dólar como moeda de reserva financei-ra mundial e a possibilidade de prolon-gamento da recessão mantêm-se pre-sentes, o acesso ao crédito à habitação mantém-se altamente controlado, o índice de desemprego continua muito elevado e a dificuldade em encontrar trabalho é uma realidade.

medidas para combater a criseo principal objectivo do presidente obama tem sido estimular a economia norte-americana através da tomada de medidas conducentes ao fortalecimen-to e enriquecimento do país, materiali-zadas no Financial stability Plan (e suas iniciativas) que prevê instrumentos para a estabilização do sistema financeiro e retoma ao crédito, ao mesmo tempo exigindo transparência e responsabili-zação em Washington e em Wall street.

o programa american recovery and reinvestment act of 2009 (787 mil mi-lhões de dólares durante 10 anos, dos quais já foram aplicados 620 mil milhões) contempla reduções fiscais e incentivos, garante a expansão de benefícios de de-semprego e outros benefícios sociais, e visa a criação de postos de trabalho atra-vés de investimentos na saúde, educação, energia e infra-estruturas, projectando-se a criação de 2,5 milhões de postos de tra-balho até ao fim da sua duração.

o Making Home affordable refinan-cing (75 mil milhões de dólares) tem por objectivo estabilizar o mercado da habitação e evitar as foreclosures (en-trega dos imóveis ao banco por desva-lorização dos mesmos), suportando o refinanciamento e a modificação dos termos dos empréstimos bancários, tornando-os mais acessíveis. Prevê-se que este plano vá apoiar cerca de 9 milhões de proprietários em risco de perder a sua habitação. até ao mo-mento, 300 mil proprietários benefi-ciaram do plano.

Por sua vez, o Worker, Ho-meownership, and Business assistance act of 2009 garantiu o alargamento do período (e be-nefícios) de desemprego, concedeu créditos fiscais a pequenas empresas e ao comprador que adquiriu casa pela pri-meira vez, atribuiu um crédito de impos-to no valor de 8.000 dólares.

o programa small Business Lending Fund and state small Business Credit initiative (30 mil milhões de dólares), recentemente aprovado, providencia-rá aos bancos com activos inferiores a 10 mil milhões, capital e incentivos para que possam responder às neces-sidades de crédito e financiamento das pequenas empresas.

o presidente obama pediu recente-mente ao congresso para considerar um novo plano de estímulo à econo-mia, no montante de 50 mil milhões de dólares, para continuar a suportar as despesas com os seguros de saúde e ajudar os estados que se deparam com dificuldades financeiras na manuten-ção dos programas de medicare. este novo pedido é entendido como uma necessidade de reforçar as medidas tendentes à saída da uma crise ainda não totalmente ultrapassada.

“A retoma da economia, neste momento sustentada pela procura privada, enfrenta alguns desafios, com os principais indicadores a reflectirem ainda bastante fragilidade.”

o programa automotive industry Finan-

cing Program - cash for clunkers (76 mil

milhões de dólares), já utilizado em toda

a sua extensão, foi muito instrumental

e teve como objectivo a prevenção do

colapso da indústria automóvel, que, a

concretizar-se, teria tido efeitos devasta-

dores na economia americana.

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Reforma financeirana última semana de Junho, o senado norte-americano aprovou com expressa maioria (59 votos contra 39) a reforma do sistema financeiro, uma mudança de fundo às normas que funcionavam desde a década de 1930.

a nova legislação cria uma nova agên-cia de monitorização dos mercados e um mecanismo de vigilância de riscos financeiros, facilitando a resolução de problemas difíceis como o das grandes empresas em dificuldades mas “too big to fail”. contempla ainda um aumento de limitações e maior rigor às maiores instituições bancárias e exige a quem solicita empréstimos, comprovativos mais rigorosos sobre a capacidade de cumprir os compromissos.

conforme o próprio presidente obama referiu, esta reforma não abrange todas as medidas previstas inicialmente, mas “contempla pelo menos 90 por cento da

versão original”. a reforma não impede totalmente os bancos de investirem em hegde funds ou private equity. Podem faze-lo até ao limite de 3 por cento do capital dos fundos, não superior a 3 por cento do seu rácio capital tier 1 (indi-cador normalmente usado para medir a saúde financeira dos bancos neste tipo de fundos).

Centro de negócios da AICeP para a América do norte

590 fifth avenue, 4th floor new York nY 10036-4702 euatel.: +1 646 723 0299 fax: +1 212 575 4737

Comércio e Investimento [email protected]

[email protected]

Director Coordenador: RUI bOAVISTA mARQUeS

“O PIB americano atingiu durante os primeiros quatro meses de 2010, 14,6 biliões de dólares, reflectindo um crescimento real de 2,7 por cento comparativamente com os 5,6 por cento do período anterior, de acordo com números oficiais agora divulgados.”

segundo a agência, 79 por cento dos executivos afirma esperar que as ven-das cresçam nos próximos seis meses, contra 73 por cento no primeiro tri-mestre; 39 por cento respondeu que vai acrescentar massa salarial; e 43 por cento mencionou que planeia aumen-tar o investimento em equipamentos.

com quase todos os indicadores a con-firmarem o fim da recessão, qual foi o papel destas medidas? é difícil de se aferir; por um lado, o envelope finan-ceiro das medidas ainda não foi apli-cado na sua totalidade, e, por outro, é difícil prever qual seria o estado da economia norte-americana sem o in-tervencionismo pró-activo a que temos vindo a assistir.

os americanos beneficiaram de milha-res de milhões de dólares em créditos de impostos, benefícios sociais e inves-timentos em infra-estruturas. muitos concordam que o “plano de estímulo”, não sendo perfeito, ajudou a economia e criou ou manteve cerca de 1,8 mi-lhões de postos de trabalho. o diálogo está aberto e inclui uma componente transatlântica, uma vez que lideres de opinião como Paul Krugman, Geor-ge soros, mas também o presidente obama passaram a fazer comentários explícitos e directos contra as politicas públicas monetárias seguidas pelo Bce, e também a países europeus que têm optado pela continuação de planos de austeridade, sendo a alemanha o exemplo mais referido nos media nor-te-americanos.

um estudo da Bloomberg revela que, no segundo trimestre deste ano, os ceo das maiores empresas america-

nas mostraram-se mais optimis-tas relativamente às ven-

das e à contratação adicional no pró-

ximo semestre.

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é oficial. a retoma económica está a afirmar-se na zona da ocde depois de uma recessão sem precedentes desde a segunda Guerra mundial. no que respeita à frança, as perspectivas eco-nómicas para 2010 são relativamente animadoras, quando comparadas com os últimos resultados.

FRAnÇAno caminHo do cRescimento

As perspectivas para a economia francesa são relativamente animadoras, prevendo-se que o PIB cresça, este ano, entre 1 por cento e 1,6 por cento, apoiado no aumento do consumo, do investimento e das exportações. O pacote de medidas inicialmente lançado pelo governo para enfrentar a crise está a chegar ao fim e, se bem que conseguiu evitar o colapso da economia francesa, também contribuiu para aumentar o défice e a dívida públicos. França lança agora um novo plano para reduzir o défice público para 3 por cento do PIB em 2013, com base numa previsão de crescimento económico de 2,5 por cento em 2011 e 2012.

o PiB francês deverá crescer entre 1 por cento e 1,6 por cento este ano, con-soante as fontes utilizadas (dados de maio). o organismo mais pessimista é o cPe (comité de Politica económi-ca da ue), que prevê um crescimento de apenas 1 por cento, os serviços do ministério da economia (minefi) acre-

ditam que possa atingir 1,4 por cento, o fmi aponta para mais 1,5 por cento e os serviços do Banco mundial dizem que o PiB francês irá crescer 1,6 por cento já em 2010.

Ponto assente parece ser a previsão de aumento do consumo privado: ceP e minefi apontam para um crescimento de, respectivamente, 1,3 por cento e 1,4 por cento. Já no que respeita ao investimento das empresas estas duas fontes discordam: o minefi aposta num crescimento moderado de 0,6 por cen-to, enquanto o cPe prevê uma queda ainda importante de 3,4 por cento. em 2009, o investimento das empresas caiu 7 por cento.

depois de importantes quebras verifi-cadas no ano passado, as perspectivas para as exportações e as importações são mais animadoras. o minefi diz que as exportações vão aumentar 3,7 por cento e as importações de 3,6 por cento. o cPe é mais optimista e prevê um au-mento de 7,1 por cento nas exportações e de 5,6 por cento nas importações.

a inflação, de acordo com estes orga-nismos, deverá registar um crescimento moderado em 2010, de mais 1,2 por cento a mais 1,5 por cento.

as previsões mais encorajadoras são manifestamente as taxas de crescimen-to do consumo privado conjuntamente com o aumento das exportações. estes dois indicadores poderão ser a chave de um regresso a um crescimento sus-tentável de curto/médio prazo. no en-tanto, a dívida e o défice público con-trapõem-se de forma negativa a estes dois indicadores.

com um défice público de 8 por cen-to do PiB, quase três vezes superior ao limite máximo acordado nos trata-dos europeus (3 por cento do PiB), e

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uma dívida pública que corresponde a 83,2 por cento do PiB, ultrapassando esses mesmos limites em cerca de 39 por cento, o crescimento previsto para 2010 é afectado pelo enorme esforço financeiro que o estado francês teve de efectuar para reagir à crise.

Velhas e novas medidasa intervenção do estado francês logo após a declaração da crise através da espectacular falência do banco lehman Brothers, em setembro de 2008, foi no sentido de apoiar as empresas france-

pela sua vi-sibilidade jun-

to da população.

assim, para apoiar o sector automóvel o governo criou um

“prémio à sucata” (prime à la casse) de mil euros na compra de um veículo novo, medida com um sucesso imediato e que beneficiou largamente aos produtores de carros de pequena dimensão e de en-trada de gama (segmento onde os dois construtores franceses actuam em pleno).

Para aliviar as micro empresas (menos de 10 empregados), o governo decidiu prescindir da totalidade dos encargos patronais sobre novos contratos de tra-balho estabelecidos ao nível do salário mínimo. a medida foi prolongada até final de Junho de 2010 e custou 750 milhões de euros aos cofres do estado.

uma série de medidas também foram tomadas para ajudar a tesouraria das empresas, como a amortização mais célere dos investimentos, a redução do prazo dos reembolsos do iVa e de outros impostos, facilitando, por outro lado, o seu pagamento.

o estado, por seu lado, manteve a política de investimentos públicos em infra-estruturas e equipamentos, pro-movendo o investimento das grandes empresas públicas para, dessa forma, darem o seu contributo para a recupe-ração da economia.

medida de grande importância foi, no final de 2009 e início de 2010, o lançamento de um “Grand emprunt” (Grande empréstimo; http://www.grandemprunt.net/) de 35 mil milhões

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de euros para apoiar a economia em termos estruturantes, numa visão de médio/longo prazo.

Globalmente estas medidas de urgên-cia conseguiram atingir o seu objectivo principal: evitar o colapso. no entanto, e apesar de uma notável melhoria dos in-dicadores de crescimento, o custo deste plano de retoma está a tornar-se dema-siado elevado para a economia francesa.

o PiB, as exportações e alguns indi-cadores de confiança estão a melho-rar, mas os indicadores sociais ainda estão na “zona vermelha”. o desem-prego atinge recordes e a criação de novas empresas (principalmente mi-cro empresas através do programa de empreendedorismo) não conseguem compensar os encerramentos, sendo também de sublinhar o aumento das dificuldades sociais e os incumprimen-tos financeiros por parte das famílias.

com o fim do sistema de “prémio à su-cata”, o sector automóvel poderá sofrer a curto prazo de um fenómeno de “ressa-ca”, o que é visto com muita apreensão quer pelos industriais quer pelo governo.

a frança, tal como a maioria dos seus parceiros europeus, defronta-se com uma derrapagem do orçamento do estado e com um forte aumento da dívida pública. esta situação levou o governo francês a lançar um plano de grande envergadura para conter a des-pesa pública e limitar o endividamento visando alcançar os objectivos defini-dos no tratado de maastricht. o plano de estabilidade estabelece o regresso do défice público aos 3 por cento do PiB em 2013, no pressuposto de um crescimento do PiB de 2,5 por cento em 2011 e 2012, previsão que, neste momento, parece muito optimista.

“A França, tal como a maioria dos seus parceiros europeus, defronta-se com uma derrapagem do orçamento do Estado e com um forte aumento da dívida pública.”

sas de grande dimensão, designada-mente a indústria automóvel (Renault e Peugeot), e o sector bancário.

Para, na generalidade, estruturar o plano de apoio às empresas e à eco-nomia foi criado o cargo de “ministre de la Relance” (“ministro da Retoma”), ocupado por Patrick devedjian. das principais medidas de estímulo à recu-peração económica (ver o site http://relance.gouv.fr/), destacam-se algumas

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as medidas anunciadas pelo governo de coligação liderado por david cameron assentam, essencialmente, num corte drástico das despesas públicas e num au-mento dos impostos, para que se consiga obter crescimento económico e, conse-quentemente, minimizar o impacto que a crise provocou no território britânico.

este “orçamento de emergência”, apresentado pelo ministro das finan-

ReInO UnIDOoRçamento de emeRGência PaRa ResPondeR À cRisePara enfrentar a crise e conter o elevado défice público, que atingiu 11 por cento do PIB, o novo governo britânico anunciou uma série de medidas que assentam no corte da despesa pública e no aumento da carga fiscal. Na previsão divulgada em Maio, a OCDE fala de um crescimento moderado que deverá acelerar em 2011 graças a aumentos nas exportações, no consumo privado e no investimento das empresas.

ças George osborne, tem um prazo de quatro anos e engloba medidas de ordem fiscal; sobre o mercado imobili-ário; pensões e reformas e o emprego, além de cortes na despesa pública.

apesar de ser extremamente restritivo, com a implementação deste conjunto de medidas o governo britânico segue a linha de actuação de outros governos europeus nos seus esforços de conten-

ção da despesa pública e de aumento das receitas pela via dos impostos. o combate à crise surge como justifica-ção para a implementação destas me-didas, assim como o controlo da dívida externa que se encontra completamen-te desregulada no Reino unido. Glo-balmente, com estas medidas, o gover-no britânico estima alcançar um valor adicional de 500 milhões de libras por ano, ao mesmo tempo que assegura 4 mil milhões de libras de receitas até 2012-2013.

Refira-se que antes ainda do anúncio pelo governo britânico deste orçamen-to de emergência, a ocde, no “econo-mic outlook” de maio, falava, precisa-mente, na necessidade de se tomarem medidas de saneamento orçamental dada a difícil situação das finanças pú-blicas e pelo risco de uma subida dos rendimentos de obrigações.

neste relatório, a ocde aponta, po-rém, que a retoma ganha terreno de-vido à melhoria das condições finan-ceiras, ao aumento das exportações e à acumulação de inventários, por aumentos de produção na expectativa de escoa-

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mento a médio prazo. o crescimento, afirma a mesma fonte, será moderado em 2010 devido à elevada inflação e à persistência dos efeitos da contracção do crédito, bem como por causa de um maior rigor na política orçamental. mas a retoma irá acelerar em 2010 quando o crescimento do consumo privado (mais 0,3 por cento em 2010 e 2,2 por cento em 2011) e do inves-

registado uma contracção de menos 4,9 por cento.

a taxa de desemprego, que em 2009 foi de 7,6 por cento, deverá atingir 8,1 por cento da população activa este ano, baixando para 7,9 por cento em 2011, ainda segundo a ocde.

Principais medidasno que respeita aos impostos, são de referir várias medidas com impac-to directo na vida das famílias: o iVa aumenta a taxa máxima de 17,5 por cento para 20 por cento a partir de Ja-neiro; o combate à evasão fiscal será mais apertado e as penalizações são agravadas para quem não cumprir as suas obrigações; as taxas do imposto sobre álcool e tabaco aumentam; os apoios sociais às famílias são objecto de maior racionalização; e os pensio-nistas com rendimentos inferiores a 130 mil libras por ano não verão agra-vados os seus impostos directos.

no mercado imobiliário, são de registar alterações na incidência tributária e a partir de outubro do próximo ano, as habitações mais caras serão excluídas do cálculo do “Housing Benefit” (bene-fício fiscal municipal) da área geográfica em que se encontram localizadas. será ainda mantida, até dezembro de 2010, a taxa de juro de referência aplicada ao crédito à habitação. foram ainda acor-dados com a banca incentivos para pro-mover a actividade imobiliária.

o executivo britânico procura igualmente incentivar a

poupança das famí-lias, lançando este

mês o “saving Gateway”,

Centro de negócios da AICeP no Reino Unido

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“O combate à crise surge como justificação para a implementação destas medidas, assim como o controlo da dívida externa que se encontra completamente desregulada no Reino Unido.”

timento das empresas estiverem mais consolidados. as exportações de bens e serviços, segundo a mesma fonte, e depois de uma quebra de 10,6 por cento no ano passado, deverão cres-cer 6,6 por cento e 8 por cento em, respectivamente, 2010 e 2011.

Quanto ao PiB, estima a ocde, o seu crescimento deverá ser de 1,3 por cento em 2010 e de 2,5 por cento no próximo ano, depois de em 2009 ter

um programa destinado a pessoas com baixos rendimentos, de acordo com o qual o governo irá adicionar 50 pence por cada libra poupada. igualmente, desde abril passado, o limite anual do “individual savings account” (con-ta poupança isa) foi aumentado de 7.200 para 10.200 libras.

a nível laboral, a idade mínima da re-forma aumenta para os 66 anos; para os jovens com idade inferior a 24 anos, o governo decidiu prolongar até março de 2012 o programa “Young Person´s Guarantee”, que prevê a integração destes jovens no mercado de trabalho, garantindo que não estarão desempre-gados por mais de 6 meses.

em termos de política ambiental, o go-verno aprovou a criação de um novo “Green investment Bank”, destinado a financiar o investimento em infra-estruturas com baixas emissões de car-bono. este projecto irá juntar o sector público e privado, com o objectivo de, a longo prazo, ser possível fornecer energia de uma forma limpa, segura e rentável em termos de custo-benefício.

na administração pública, a palavra de ordem é reduzir gastos para controlar a despesa pública. os salários de tra-balhadores seniores do sector público estão congelados até 2011; os gastos em consultoria são reduzidos para metade; e todos os departamentos do governo, com excepção dos sectores da saúde e da promoção internacio-nal, terão de reduzir as suas despesas em 25 por cento nos próximos quatro anos. o governo considera ainda re-duzir a despesa com a segurança so-cial, através da diminuição de indem-nizações compensatórias.

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depois de uma contracção do PiB de 0,7 por cento e de 5,2 por cento em, res-pectivamente, 2008 e 2009, a econo-mia japonesa deverá crescer, este ano, 1,7 por cento, segundo o meti, minis-tério da economia do Japão. as expor-tações cresceram face ao ano passado, ainda que aquém do valor atingido em 2008, o mesmo acontecendo com as importações, se bem que a ritmo infe-rior. o desemprego deverá registar uma taxa de 5,2 por cento em 2010, um pouco superior à do ano transacto (5,1

JAPÃOo comBate À cRise

A economia japonesa enfrenta dois problemas graves e interdependentes. A crise financeira mundial e a consequente recessão económica global conduziram a uma rápida contracção das exportações, num clima de grande retracção do mercado financeiro. Trata-se, porém, da segunda economia mais poderosa do mundo e as medidas tomadas na actual conjuntura destinam-se igualmente a garantir o futuro.

por cento) e a inflação deverá situar-se em menos 1 por cento.

Perante estes indicadores, poder-se-á questionar os efeitos da actual conjun-tura económica no Japão, já que, num mundo em crise, devemos interiorizar que a “crise” económica neste país é fundamentalmente uma “crise” de ricos. os consumidores japoneses, so-fisticados e exigentes, reagiram à crise tornando-se mais cautelosos, dando por isso prioridade, já não predominan-

temente a produtos topo de gama, mas a produtos com a melhor combinação possível de qualidade/preço/design.

em bom rigor, falamos da segunda maior economia do mundo, com um dos produtos per capita mais eleva-dos, com 127 milhões de habitantes e com consumidores sofisticados, com preocupações ambientais, com a mais alta esperança de vida do mundo e com grande apetência por produtos estrangeiros. além disso, o Japão pos-sui uma indústria que se encontra nos primeiros lugares mundiais em múlti-plos sectores, liderando muitos deles, numa aposta governamental de longo prazo. Refira-se que a indústria trans-formadora japonesa deverá crescer 16 por cento em 2010.

Problemas e soluçõesna actual conjuntura económica e finan-ceira, o risco da economia japonesa en-trar numa espiral negativa é significativo, o que implicaria ainda mais dificuldades para o sistema financeiro, com o conse-quente agravamento da já difícil situação em que se encontra a economia real.

simultaneamente, a economia japone-sa enfrenta a necessidade de se adap-tar aos ajustamentos que a economia global vai ter de efectuar para ultra-passar a presente crise estrutural, pois só deste modo poderá haver recupera-ção económica e, consequentemente, crescimento sustentado. é muito pro-vável que os desafios que a presente ordem económica mundial enfrenta conduzam a um tipo diferente de so-ciedade assente em novos princípios, de que se destacam os seguintes: a emissão reduzida de co2 e a garantia de vida longa e sadia para as popu-lações. é nestas duas novas áreas de crescimento sustentado que se espera que venha a alicerçar-se a economia global do século XXi.

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Para já, e atendendo à complexidade

da presente crise, bastante mais grave,

em profundidade e em extensão, que

as anteriores crises petrolíferas, exige-

reduzidas emissões

de co2 e que garanta

vida longa e sadia às popu-

lações. Por últi-mo, deve ser segui-

da uma estratégia de longo prazo. Para se atin-

girem os objectivos referidos é vital apoiar no longo prazo o

investimento no sector privado, a formação e a reciclagem dos recursos humanos e o investimento massivo em pesquisa e desenvolvimento científico.

medidas específicasPara reanimar a economia japonesa no curto prazo o Japão promoveu medi-das de apoio ao emprego e para o bom funcionamento do acesso ao crédito. Quanto ao primeiro, com medidas de emergência tendentes à protecção do emprego existente e à criação de no-vos postos de trabalho. no acesso ao crédito é fundamental a implementa-ção de medidas que garantam o fun-cionamento eficaz do sector financeiro no financiamento das Pme, no finan-ciamento de projectos no estrangeiro liderados por empresas japonesas e no apoio a países asiáticos onde as empre-sas japonesas operem.

Para a estratégia de longo prazo, um dos eixos essenciais é a aposta centra-da na criação de uma sociedade não poluente, com níveis mínimos de co2 e com elevados índices de reciclagem, onde a energia solar, o desen-volvimento de veículos de baixo consumo e não poluentes, a construção de novos

escritório da AICeP no Japão

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Director: JOSÉ JOAQUIm FeRnAnDeS

equipamentos (habitações, edifícios e electrodomésticos) de baixo consumo energético e o reforço da política de reutilização de recursos e de criação de um sistema novo de reciclagem se-rão indispensáveis.

o terceiro eixo essencial é a criação de infra-estruturas capazes de vencer os desafios do século XXi. Para tal, deve-rá haver apoio incondicional e suporte financeiro intenso na área da investiga-ção científica, no sentido de ultrapas-sar os limites do conhecimento actual, desenvolvendo tecnologias inovadoras que criem novas áreas de conhecimen-to económico.

Por último, o Japão aposta numa refor-ma fiscal que reduza os encargos finan-ceiros relacionados com a aquisição de habitação própria e os impostos sobre as despesas de carácter social das Pme e que contemple aumentos dos incen-tivos fiscais para as actividades de pes-quisa e desenvolvimento.

“Na actual conjuntura económica e financeira, o risco da economia japonesa entrar numa espiral negativa é significativo, o que implicaria ainda mais dificuldades para o sistema financeiro, com o consequente agravamento da já difícil situação em que se encontra a economia real.”

se um esforço colectivo de cooperação nacional no Japão, com o objectivo de reestruturar a economia e as infra-estruturas industriais. outro princípio básico a seguir é promover uma actu-ação faseada para a enfrentar. numa primeira fase com a implementação de medidas de emergência que impe-çam a economia de entrar numa espi-ral negativa. na fase seguinte, garantir o volte face da economia no curto e médio prazo, através do aumento da procura interna, centrado no investi-mento em infra-estruturas (espera-se assim, durante o ano em curso, conse-guir um crescimento de 1,7 por cento e a criação de meio milhão de postos de trabalho). numa terceira fase, asse-gurar um longo período de crescimen-to sustentado, assente numa procura sólida, doméstica e global, alicerçada numa nova ordem económica mun-dial, que garanta uma sociedade de

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segundo o the economist intelligence unit (eiu), o Brasil confirma que tem ca-pacidade para um crescimento robusto ao registar um PiB de 9 por cento no pri-meiro trimestre de 2010, superando to-dos os países vizinhos da américa latina.

após um período de recessão (quebra em 0,2 por cento do PiB em 2009) regis-

bRASIleconomia em eXPansão

Principal economia da América latina e uma das dez maiores do mundo, o Brasil registou elevadas taxas de crescimento nos anos anteriores à crise, fruto do progresso alcançado com as reformas económicas, das condições extremamente favoráveis a nível internacional e do desenvolvimento de políticas sociais. Depois de uma quebra no PIB em 2009, dados recentes confirmam a robustez do crescimento económico do Brasil em 2010, num ano que ficará marcado pela eleição de um novo Presidente, em Outubro, que, esperam os analistas, possa dar continuidade à actual política económica e social.

tado em consequência da crise mundial, a partir de meados do ano passado a economia brasileira iniciou o seu pro-cesso de retoma. Para este ano, a eiu aponta já para um crescimento do PiB de 6,3 por cento, que deverá abrandar para 4,5 por cento em 2011. este ligeiro abrandamento deve-se, essencialmente, ao grande desafio com que a economia

brasileira se defronta de melhoria da sua balança comercial, nomeadamente a promoção das exportações.

depois de um recuo em 2009, as expor-tações deverão começar a crescer em 2010 (mais 17 por cento) e 2011 (mais 10 por cento face ao ano anterior), cres-cimento que é acompanhado por uma diminuição das importações, traduzindo um equilíbrio na balança comercial e um incentivo ao consumo de bens nacionais.

Refira-se que o dinamismo da procu-ra interna assegurou um desempenho positivo dos sectores produtivos, me-lhoria das condições de concessão de crédito e nas expectativas dos agentes económicos. o consumo privado e o investimento contribuíram em 2,4 pon-tos percentuais e em menos 1,9 pontos percentuais, respectivamente, para a variação do PiB, em 2009.

no processo expansionista, que se tem vindo a verificar desde então, a procura interna e o comércio internacional de-sempenharam um papel determinante.

na base do sucesso deste processo ex-pansionista da economia brasileira estão o controle de reservas nacionais, uma maior solidez das contas públicas e a protecção das suas instituições finan-ceiras. foi também relevante a intervenção do poder político na adopção de medidas an-ti-cíclicas de aumento

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de liquidez na economia (determinante para a actividade bancária pois evitou a degradação das expectativas e confian-ça dos agentes económicos) e condições mais fáceis e vantajosas de acesso ao cré-dito para particulares e empresas.

contudo, e de acordo com analistas e dados oficiais brasileiros, com a desva-lorização do real registaram-se grandes prejuízos em muitas empresas brasileiras, alterando o perfil exportador do Brasil. num contexto internacional adverso e atendendo ao apoio financeiro conce-dido pelo Bndes – Banco nacional de desenvolvimento económico e social, os grandes grupos nacionais formaram a principal sustentação das empresas em crise (quer através de financiamento às empresas quer através de aquisições de participações). estes grupos nacio-nais de vários sectores de actividade re-sultaram mais fortes e com maior poder económico. um recente estudo sobre as empresas, efectuado pela fundação do desenvolvimento administrativo de são Paulo, mostra que do lado financeiro as empresas brasileiras superaram integral-mente os efeitos da crise internacional

e conseguiram aumentos de produção e vendas as-

sim que a economia mostrou sinais

de retoma.

Portanto, as medidas na área da liquidez e da política bancária evi-taram uma crise de liquidez que, se desencadeada, restringiria de

forma aguda o crédito e tornaria inevitável uma recessão de grandes

proporções na economia. um instru-mento importante para a recuperação da capacidade de concessão de novos financiamentos por parte dos bancos foi a garantia concedida pelo “fundo Garantidor de investimentos”, visando facilitar o acesso ao crédito por parte das micro, pequenas e médias em-presas e micro empreendedores indi-viduais. o papel da banca pública foi determinante para a concessão de fi-nanciamentos e contenção de falências empresariais. o Bndes financiou opor-tunidades geradas pela crise para aqui-sições e fusões de empresas nacionais, no país e no exterior. assim, o crédito dos bancos públicos foi o factor mais activo na defesa da economia contra a crise e retoma da economia.

Centro de negócios da AICeP para a América do Sulserviços comerciais da embaixada de Portugal a/c edif. consulado de Portugal Rua canadá 324 01436-000 sP, são PauloBRasiltel.: +55 11 3084 1830/-32 fax: +55 11 3061 [email protected]

“Programa de sustentação do investi-mento” (redução para 4,5 por cento ao ano da taxa de juros dos financia-mentos do Bndes para a compra de bens de capital, praticamente tornan-do nula a taxa real de juros dos finan-ciamentos de parcela considerável do investimento no país).

o governo implementou, ainda, medi-das sociais como o programa para fa-mílias pobres “Bolsa família” prevendo aumentos no salário mínimo nacional. foi preservada a despesa pública face ao PiB e aumentado o investimento público o que teve como consequência relevante o evitar que a crise se propa-gasse à economia brasileira.

em resumo, a manutenção e o au-mento do nível do investimento e da despesa pública e a ampliação do cré-dito em plena crise, foram os factores determinantes para o êxito brasileiro em responder à crise internacional e superá-la com rapidez, minimizando a contracção do PiB.

com o decorrer de 2010 e na fase pós crítica, este país toma cada vez mais consciência do imperativo em melho-rar a sua balança comercial para a sus-tentação do seu crescimento. o Brasil deve apostar na diversificação de par-ceiros comerciais, pelo que se impõe uma estratégia firme para o comércio externo estimulando a exportação, principalmente de produtos manufac-turados, contendo as importações. das acções mais importantes já previstas encontram-se a criação da empresa se-guradora Brasileira, do exim-Brasil e de um sistema de estímulo ao consumo de produtos nacionais (“Buy Brasil”).

“A manutenção e o aumento do nível do investimento e da despesa pública e a ampliação do crédito em plena crise, foram os factores determinantes para o êxito brasileiro em responder à crise internacional e superá-la com rapidez, minimizando a contracção do PIB.”

o governo prosseguiu e ampliou os investimentos previstos, nomeada-mente, pela petrolífera Petrobrás. além do Pac – Programa de acelera-ção do crescimento, que vai já na sua segunda edição, destinado a estimular o investimento privado e a promover investimentos públicos em infra-estru-turas estratégicas, o qual aliado a me-didas económicas estimula os sectores produtivos e, ao mesmo tempo, im-plica benefícios sociais para todas as regiões do país, o governo brasileiro criou dois programas destinados a im-pulsionar o consumo, um na área da habitação “minha casa, minha vida” e outro na área do investimento Psi -

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de acordo com os últimos dados publi-cados pela alfândega chinesa, e numa trajectória ascendente desde o início do ano, as nossas exportações para a chi-na, até maio, registam um crescimento superior a 80 por cento para 270 mi-lhões de dólares, sendo que o espaço de progressão é quase ilimitado. nos mais variados sectores tem-se assistido a um incremento robusto de missões empresariais e presenças em feiras de

ChInAcRise é sinónimo de oPoRtunidade

A China afirmou-se como o principal motor da economia mundial e congregou por isso todas as atenções do mundo. Fazendo jus ao facto do caracter chinês de “crise” ser também o caracter que designa “oportunidade”, podemos constatar que a China passou praticamente incólume à crise económica mundial e aproveitou da melhor forma o momento para introduzir algumas mudanças no seu modelo de economia de mercado, ainda muito planificada. Com a aceleração do consumo privado dispararam também as exportações de Portugal.

empresas portuguesas; empresas que demonstram uma melhor preparação decorrente de uma estratégia para a china cada vez melhor preparada. a par com a abertura de escritórios de representação, joint-ventures ou filiais, muitas delas em Hong Kong ou macau.

Por detrás desta performance enco-rajadora está uma economia que, por entre estímulos monetários, fiscais, e

de expansão de crédito ao investimen-to, regressou em 2010 a crescimentos de dois dígitos, perspectivando-se que encerre o ano com um salto de 10 por cento no PiB. como motores de cresci-mento estarão de novo o investimento (mais 12,5 por cento) e despesa pública (mais 10,9 por cento), à frente do con-sumo privado (mais 9,3 por cento). a robustez económica e amplas reservas do país permitiram medidas fortes, ain-da que tenham acentuado distorções tais como a subvalorização do Ren-mimbi, o sobreaquecimento do merca-do imobiliário, o sobreinvestimento pú-blico em infra-estruturas e o avolumar do excedente de capacidade produtiva.

como preocupação social cimeira, o desemprego tem-se mantido estável em torno dos 9,3 por cento desde 2008, conseguindo a economia absorver o acréscimo anual de população activa.

em geral, as medidas recentes foram necessárias para amortecer a queda

“A matriz cultural chinesa não se altera facilmente e a tentação para a compartimentação das medidas de politica económica e controlo apertado fazem com que, na dimensão actual da economia chinesa, a rigidez de hoje possa trazer problemas amanhã.”

do superavit da balança com exterior em cerca de 40 por cento entre 2008 e 2009-2010, por força do recuo nos mercados externos. desperta gradual-mente a consciência de reorientar as exportações para o mercado interno, terciarizar a economia e estimular o

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consumo privado, ainda que sempre ao seu próprio ritmo. nenhuma destas observações foi ainda objecto de plani-ficação económica.

a matriz cultural chinesa não se altera fac i l -

depende não só da reorientação do cré-dito das empresas para as famílias, mas também da reintrodução das medidas

de apoio social às famílias, pra-ticamente abolidas nas

ultimas décadas, nas áreas da

saúde, en-sino e

ReDe AICeP nA ChInA

Centro de negócios em Xangai

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deva continuar a crescer, com oportuni-dades para todas aquelas que tenham capacidade de afirmar-se por marca, e não apenas por qualidade da mercado-ria. se até aqui a nossa balança comer-cial com a china não era dominada por nenhum sector em específico, é certo que tem um forte pendor B2B, com bens de equipamento, pasta de papel, mate-rial de construção, produtos químicos, e sucata (!), pelo que antevemos um cres-cimento muito assinalável no segmento B2c, nomeadamente no vestuário e cal-çado, produtos agro-alimentares, ou de lifestyle, nalguns casos alicerçados em rede comercial própria.

mente e a tenta-ção para a compar-timentação das medidas de politica económica e controlo apertado fazem com que, na dimensão actual da economia chinesa, a rigidez de hoje pos-sa trazer problemas amanhã. a tentação de curto prazo é sempre reforçar as do-ses das alavancas actuais.

Perante a instabilidade na ue e a fra-gilidade do euro, a china adiou até há poucas semanas a disponibilidade para proceder a uma apreciação gradual da divisa, que aliás só alterou sob forte pres-são, em especial dos eua. tanto mais que a inflação parece controlada em tor-no dos 3 por cento em 2010 e 2011. a política monetária chinesa tende a optar pelo aumento do nível obrigatório das reservas dos bancos, e pela emissão de dívida para absorver a liquidez excessiva. Já o equilíbrio de longo prazo, sempre dependente duma vontade centraliza-da, será atingido através da inversão da postura mercantilista, passando a ser tolerada maior expressão do consumo privado – que continua a representar apenas 35 por cento do PiB. sabemos que o incremento do consumo privado

desemprego. sem isso, a sociedade chi-

nesa manterá uma postura desnecessariamente prudente, avessa ao gasto. no fundo, à imagem dum país rico de gente pobre, situação inversa à dos países ocidentais.

não significa isto que seja esta a per-cepção imediata que extrai um agen-te económico ocidental em sucessivas visitas a Xangai ou Pequim. a popula-ção urbana, onde se encontra a classe média, não é representativa do país, e acentuam-se, ano após ano, as dispa-ridades sociais. o coeficiente de Gini continua a subir, atingindo o valor preocupante de 47,0 em 2009 (versus 38,5 em Portugal).

mas numa perspectiva pragmática, es-tão concentrados nas mega cidades todos os consumidores alvo para uma empresa ocidental. e a dimensão destes mercados é avassaladora. a china ultra-passou os eua como principal mercado automóvel do mundo. (só a mercedes planeia passar de 60 mil viaturas vendi-das em 2009 para 300 mil em 2013).

daí que a atenção das empresas portu-guesas sobre o potencial deste mercado

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confiante na solidez das bases essen-ciais da sua economia, manifestamente presentes na performance económica atingida nos 3 anos anteriores ao des-calabro financeiro mundial e sobretudo no ano de 2007 – quando o PiB cresceu 9 por cento –, a Índia considerou-se, num primeiro tempo, imune aos efei-tos nefastos da crise internacional.

induzida por um nacionalismo econó-mico crescente e por alguma ingenui-dade política, a denominada “decou-

ÍnDIAeconomia emeRGente e em cRescimento

À semelhança das outras grandes economias emergentes, a Índia foi surpreendida pela eclosão da crise financeira e pela sua rápida propagação à economia real. O país manteve, porém, taxas de crescimento importantes, esperando-se que este ano o PIB se situe acima dos 8 por cento.

pling theory” caracterizava, no início dos primeiros meses de 2009, a crise do subprime como um fenómeno de contornos eminentemente ocidentais a que a Índia escaparia pelo virtuosismo económico de um crescimento funda-mentalmente são.

a crua realidade dos factos trataria, no entanto, de expor o país à evidência de que a lenta mas progressiva integra-ção da economia indiana na economia mundial, iniciada com as reformas de

1991, exporia, ainda que de maneira menos gravosa, a economia indiana aos efeitos da crise mundial.

de facto, depois de ter registado em 2007 um crescimento real de 9,7 por cento, o PiB da Índia atingiria apenas crescimentos reais de 5,7 por cento e de 6,8 por cento em 2008 e 2009, respectivamente.

o colapso da procura nos mercados in-ternacionais, e a ainda demasiada de-pendência da Índia dos mercados dos eua e da ue, viria a penalizar substan-cialmente o sector exportador do país e a provocar um agravamento da sua ba-lança corrente da ordem de menos 2,5 por cento do PiB no biénio 2008-2009. de salientar também que, por seu lado, o valor das importações indianas cres-ceu substancialmente no mesmo perío-do, devido à crescente procura de com-bustíveis fósseis e de matérias-primas.

também os fluxos de ide, que têm tido um papel preponderante no crescimen-to da economia indiana, sofreram, en-tre 2008 e 2009, uma quebra de cerca de 7 milhões de dólares.

Para sustentar a economia, as auto-ridades indianas adoptaram medidas voluntaristas de apoio à actividade eco-nómica, que na sua essência visaram a dinamização do mercado interno como alternativa à atonia dos mercados inter-nacionais. aproveitando a sua magnitu-de e a emergência de uma classe média de cerca de 300 milhões de consumido-res, o governo indiano adoptou medi-das excepcionais, nomeadamente: • Estabilização do sistema financeiro

através da injecção de capitais pú-blicos para assegurar a manutenção da sua liquidez e da baixa concertada das taxas de juro.

• O estimulo à economia pela via do re-forço do investimento público, da redu-

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ção das taxas de juro, do reforço das linhas de crédito às Pme e da flexibiliza-ção da legislação laboral e ambiental.

• Apoio ao potencial consumidor das famílias, reduzindo as taxas de juro, aligeirando a carga fiscal e reforçan-do linhas de apoio financeiro.

todas estas medidas vieram a revelar-se de uma eficiência capital para reduzir o impacto negativo da crise na economia indiana, acelerando um processo de re-cuperação que começou a consolidar-se no início do corrente ano.

também a atitude conservadora da maior parte das instituições financeiras da Índia – um país onde cerca 70 por cento do sistema financeiro é controla-do pelo estado – contribui decisivamen-te para a estabilidade do sistema finan-ceiro indiano, que só marginalmente procedeu à aquisição dos denominados produtos financeiros “tóxicos” respon-sáveis pela falência de várias instituições financeiras norte-americanas e euro-peias, obrigando os estados ao seu res-gate utilizando montantes colossais de recursos financeiros públicos.

não obstante, as medidas adoptadas pelo governo, pelo seu voluntarismo, contribuíram para o agravamento do défice publico da Índia que atingiu, em 2009, 8,7 por cento do PiB e também

5,5 por cento do PiB dentro de dois anos. de sublinhar, a retirada parcial dos estímulos à economia adoptados durante a crise, o aumento de alguns impostos directos, bem como a redu-ção das subvenções aos preços dos combustíveis, iniciando um processo que visa, a prazo, a sua aproximação progressiva aos preços do mercado.

• Estabilização da inflação com medidas que facilitem a importação de bens de primeira necessidade, que apoiem a produção agrícola e que permitam a regulação do mercado.

a taxa de inflação é, actual-mente, o maior problema que enfrenta a economia indiana, sobretudo pela incidência que tem nos produtos ali-mentares que chegaram, já este ano, a sofrer aumentos de preços mensais que osci-lam entre os 19 por cento e os 16,5 por cento. trata-se um fenómeno estrutural e anticíclico e, por isso, preo-cupante, uma vez que indicia profundas disfunções entre a produção, a distribuição e a venda de alimentos que incenti-vam a acção especulativa. se esta situação não for resolvida a curto pra-zo, um eventual aumento dos preços do barril e das matérias-primas que poderá acompanhar a retoma da eco-nomia mundial poderia gerar, cumu-lativamente, um fenómeno de hiper-inflação na economia indiana, pondo em causa o seu crescimento.

os dados do primeiro trimestre de 2010 parecem mostrar uma retoma económica em franca consolidação, numa evolução liderada pela indústria e pelos serviços. o índice de produção industrial tem mantido níveis muito elevados, atingindo 13,5 por cento em março, o oitavo mês consecutivo com um crescimento de dois dígitos.

a maioria dos sectores industriais reto-mou o processo de crescimento. a dinâ-mica é liderada pelos sectores dos bens de consumo, produtos financeiros e bens intermédios. esta retoma vigorosa está bem patente na evolução recente do PiB que, depois de um relativo abran-

damento nos últimos 3 meses de 2009 (6 por cento), devido a um mau ano agrícola, regressou a níveis muito eleva-dos, atingindo 8,8 por cento no primeiro trimestre de 2010. o índice de confian-ça empresarial atinge níveis históricos, registando o seu valor mais alto desde Janeiro de 2007.

Filipe honrado, Representante da aiceP na Índia e conselheiro económico na embaixada de Portugal em nova deli

no.4, Panchsheel marg, chanakyapuri new delhi 110021 Índiatel.: +91 114 607 1031/32/33 [email protected]

“Todas as medidas tomadas vieram a revelar-se de uma eficiência capital para reduzir o impacto negativo da crise na economia indiana, acelerando um processo de recuperação que começou a consolidar-se no início do corrente ano.”

da taxa de inflação que se fixou nos úl-timos 3 anos acima dos 10 por cento. Para combater estes dois desequilíbrios macroeconómicos, o governo da Índia procedeu, assim que os sinais de reto-ma lhe permitiram, à adopção das se-guintes medidas:• Medidas de consolidação fiscal visan-

do a redução do défice público para

a maior parte dos analistas prevê um crescimento do PiB acima dos 8 por cento em 2010-11, com incrementos nos sectores industrial e dos serviços da ordem dos 9 por cento, fixando-se o crescimento do sector agrícola em torno dos 4 por cento, mercê de uma monção que se prevê generosa.

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com uma economia fortemente depen-dente do sector da energia – que repre-senta 30 por cento do PiB, 40 por cento do orçamento federal e mais de 50 por cento da entrada de divisas no país –, a Rússia contou anualmente com um crescimento económico na ordem dos 7 por cento, entre 2000 e Junho de 2008. Para esta situação contribuiu, sobretu-do, o aumento dos preços das matérias-primas e da energia, impulsionados por uma forte procura mundial.

até Julho de 2008, o país acumulou cer-ca de 600 mil milhões de reservas cam-biais (ou seja 40 por cento da riqueza

RÚSSIARecuPeRação Pós-cRiseApesar da crise financeira e económica mundial ter temporariamente interrompido a evolução positiva da economia, que registou um crescimento médio anual da ordem dos 7 por cento nos últimos anos, a Rússia já saiu da recessão e a sua economia está a recuperar.

nacional), o que colocou a Rússia no ter-ceiro lugar mundial nesta matéria, logo a seguir ao Japão e à china. em Janeiro de 2008, o país entrou no clube das dez maiores economias mundiais ao lado do Brasil, Índia, méxico e coreia do sul.

no último trimestre de 2008, a propa-gação da crise financeira americana ao mundo inteiro e o colapso dos preços do petróleo veio contrariar a posição oficial de moscovo de que o país seria uma “ilha de estabilidade”.

antes da crise, as autoridades russas subestimaram o grau de integração

económica e financeira do país na economia mundial, mesmo quando 70 por cento dos valores cotados na bolsa de moscovo eram detidos por investidores estrangeiros. nos últimos meses de 2008, a retirada maciça dos investidores estrangeiros causou o co-lapso do centro financeiro de mosco-vo, que perdeu 72 por cento de seu valor e levou a uma fuga de capitais estimada, pelo Banco central da Rús-sia, em 132 mil milhões de dólares (contra um ingresso de 82,4 mil mi-lhões de dólares em 2007).

a queda acentuada dos preços das ac-ções descapitalizou os grandes grupos empresariais russos ligados à energia e aos minérios, os quais tinham como es-tratégia internacional a expansão atra-vés de aquisições no estrangeiro a fim de estabelecer uma verdadeira política de grupos transnacionais.

apesar da crise financeira e económica mundial ter temporariamente parado a evolução da economia russa, segundo o ministério das finanças russo (e con-firmado pelo fmi) o país saiu da reces-são no terceiro trimestre de 2009 e a sua economia está a recuperar.

consumo estimula recuperaçãoa análise da situação, sob a óptica do conjunto dos indicadores reguladores, leva a concluir que a série de medidas tomadas de combate à crise, permitiu a formação de uma nova dimensão do mercado interno propícia ao consumo. Houve uma depreciação do rublo, o qual vale actualmente 10 por cento a 15 por cento menos do que antes da crise. Paralelamente à depreciação do rublo, foram tomadas medidas de na-tureza aduaneira e outras, de forma a proteger o mercado interno. a exigên-cia ao comércio retalhista no sentido de controlar os preços do cabaz de

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compras, abriu caminho a muitos pro-dutores nacionais.

outro factor que contribuiu e contri-buirá para a recuperação económica da Rússia é a mudança do valor e da estrutura dos rendimentos disponíveis da população, ou seja, o aumento da

quase um milhão de pessoas) e o mer-

cado de trabalho está a voltar ao nível anterior à crise.

os analistas assinalam também uma re-cuperação da indústria russa. em abril registou-se um considerável aumento da produção de veículos automóveis, o que aponta para uma tendência de cres-cimento do investimento em todos os sectores económicos. segundo o Ross-tat (análogo russo do ine), em abril, a produção industrial registou um cresci-mento notável de 10,4 por cento (a tí-tulo de comparação: 5,7 por cento em março e 1,9 por cento em fevereiro).

o maior acréscimo verificou-se na in-dústria transformadora (15,7 por cen-to), seguida das indústrias automóvel, metalúrgica e química. os economistas apontam para o crescimento da massa monetária, do crédito e do investimento como factores positivos para a recupera-ção da indústria, a qual poderá crescer na ordem dos 4,7 por cento em 2010.

durante o primeiro trimestre de 2010, o investimento estrangeiro na Rússia totalizou cerca de 13,2 mil milhões de dólares, aumentando 9,3 por cento face a idêntico período de 2009.

o maior investimento foi proveniente da Holanda (mais de 2,5 mil milhões de dólares), destinado principalmente ao sector das comunicações, seguida da alemanha (2,1 mil milhões) que privi-legiou a extracção de matérias-primas,

Centro de negócios da AICeP na Rússia

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Directora Coordenadora: mARIA JOSÉ RÉzIO

“Apesar da crise financeira e económica mundial ter temporariamente parado a evolução da economia russa, segundo o Ministério das Finanças russo (e confirmado pelo FMI) o país saiu da recessão no terceiro trimestre de 2009 e a sua economia está a recuperar.”

procura interna e da propensão para o consumo deverão tornar-se no princi-pal impulsionador do crescimento.

igualmente importante foi a redução da inflação. segundo o fmi, em 2010 a in-flação na Rússia pode ficar pelos 6 por cento em vez dos 7 por cento previstos. Por seu lado, o desemprego tem vindo a cair progressivamente. nos primeiros 5 meses deste ano o desemprego dimi-nuiu em 14,4 por cento (abrangendo

e do chipre (mais de 1,4 mil milhões) que deu preferência à agricultura. a indústria transformadora foi o princi-pal sector-alvo do investimento estran-geiro realizado, no valor de 5,336 mil milhões de dólares nos primeiros três meses deste ano.

no primeiro trimestre de 2010, o PiB da Rússia cresceu 4,5 por cento; só em março cresceu cerca de 4,9 por cento, mês em que se reforçaram os sinais de retoma económica e se confirmaram as tendências positivas de recuperação do sector de construção e das indústrias transformadoras.

segundo o fmi, em 2010 a taxa de crescimento do PiB pode subir dos 4 por cento previstos para 4,4 por cen-to e o défice orçamental situar-se-á em 5,9 por cento do PiB em vez dos 6,8 por cento anteriormente estimados.

o crescimento continuará, no entanto, fortemente dependente da evolução dos preços da energia e dos metais no mercado internacional, cujo aumento está dependente das necessidades da china e da retoma do crescimento na união europeia e nos estados unidos.

estas múltiplas dependências revelam os perigos de especialização russa com base nas matérias-primas e a necessida-de urgente de modernizar e diversificar a estrutura produtiva. esta urgência é re-conhecida pelo próprio presidente dmitri medvedev, que insiste sobre o desenvol-vimento dos quatro “i”: instituições, in-fra-estruturas, inovação e investimento.

apesar da forte dependência energéti-ca, a maioria dos analistas e investidores continua optimista sobre o crescimento continuado da economia russa.

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apesar da crise mundial, a Polónia foi o único país da união europeia a apre-sentar uma taxa de crescimento posi-tiva no ano de 2009: 1,7 por cento, segundo o eurostat. a crise mundial não afectou de forma substancial a economia polaca. numa primeira fase os efeitos da crise foram suavizados pela procura interna e pela baixa de-pendência dos mercados externos, o que permitiu que o país não “impor-tasse” a crise. mais tarde, a economia polaca beneficiou da recuperação da economia alemã, principal mercado externo da Polónia.

contudo, apesar dos efeitos na econo-mia real serem reduzidos, a crise afec-tou as finanças públicas, levando a su-bida do défice orçamental que se fixou nos 7,1 por cento no final de 2009. a subida do défice orçamental contribuiu também para o aumento da dívida, que atinge 51 por cento do PiB, man-tendo-se porém em valores aceitáveis. a inflação tem-se mantido estável em níveis que rondam os 3,5 por cento. o facto de não se ter registado, no sector financeiro, nenhuma falência durante a crise passou uma imagem de credibili-dade da Polónia no estrangeiro.

o zloty, moeda oficial polaca, mantém uma forte correlação em relação ao dólar. no entanto, no mês de maio, o zloty sofreu uma forte desvalorização quer face ao dólar, quer face ao euro. Potencialmente como consequência de dados desfavoráveis relativos à taxa de desemprego, que tem vindo a aumen-tar. a reestruturação de empresas e a

POlÓnIAeconomia estáVelNa Europa central, a Polónia apresenta-se como o país mais estável e com melhores resultados económicos. O relacionamento económico entre Portugal e a Polónia encontra-se bem estruturado e apresenta muito boas perspectivas futuras.

quebra de produção são as principais razões para este aumento. a taxa de desemprego situa-se agora nos 9,9 por cento, tendo aumentado um por cento nos últimos seis meses (dados da ocde). alguns economistas consideram também que o número de desempregados aumentou devido ao regresso de alguns emigrantes que se encontravam em países mais afecta-dos pela crise.

em resposta à crise o governo não sentiu necessidade de implementar medidas de austeridade. a principal preocupação do poder politico é man-ter a divida em valores inferiores a 55 por cento do PiB, limite estabelecido na constituição. com este intuito, a política de privatizações que já esta-va programada está a ser acelerada, prevendo-se que, para além do en-caixe financeiro, estes iPo permitam dinamizar a bolsa de Varsóvia e atrair capital estrangeiro.

se o governo considera que se devem aplicar medidas de combate à crise ou de rectificação do comportamento de algumas variáveis económicas, o período eleitoral de Junho/Julho tam-bém não tornou propícia a altura para aplicação de medidas que viessem a enfraquecer as hipóteses do candida-to presidencial poder vir a ganhar as eleições presidenciais. neste sentido, não são de excluir medidas extraordi-nárias num futuro próximo, mas por certo sem o carácter restritivo que têm noutros países.

o sucesso recente da economia po-laca deve-se em grande parte ao seu insucesso anterior. no início desta dé-cada, a Polónia era um país com uma enorme falta de infra-estruturas, com mão-de-obra barata e com um merca-do interno com perto de 40 milhões de pessoas. aquando da sua entrada na união europeia deu-se um boom de crescimento económico, devido à abolição das barreiras até aí existen-tes. a Polónia tornou-se num atractivo destino de investimento directo es-trangeiro e para a internacionalização de empresas. desta situação, resultou para a Polónia uma elevada taxa de crescimento que, apesar do abranda-mento registado em 2009, se revela consistentemente superior à média registada na ue, quer nos anos tran-sactos quer em termos de perspectivas para o futuro.

Centro de negócios da AICeP da europa Central

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Director Coordenador:lUÍS FIlIPe PeReIRA

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Portugalglobal // Julho 10 // 31

O FmI, pondo de lado a possibilida-de de uma nova recessão mundial, acaba de actualizar as suas previsões, subindo a estimativa para o cresci-mento mundial em 2010 para 4,6 por cento. na europa, o caminho para a retoma já começou, mas para Portu-gal espera-se uma recuperação mo-desta, apesar de o eurostat anunciar uma revisão em alta do crescimento do PIb de 1,1 por cento no primeiro trimestre de 2010. O aumento das ex-portações é visto como sendo deter-minante para a retoma económica.

as perspectivas para a evolução sus-tentada da economia nacional não são animadoras, mas dados recen-tes de crescimento, ainda que ligeiro, ajudam a restaurar a confiança nos agentes económicos. depois de uma contracção de 2,7 por cento em 2009, e segundo as previsões das principais instituições nacionais e internacionais, o crescimento do PiB deverá ser ainda modesto em 2010 e em 2011 (ver qua-dro), sustentado pelas exportações.

Por seu lado, a procura interna deverá estagnar, reflectindo o baixo consumo e a redução do investimento, e as ta-xas de juro irão subir ao mesmo tempo que o acesso ao crédito é dificultado. a necessidade de contrair grandes em-préstimos no exterior, a juros bastante mais elevados, limitará ainda a activida-de das empresas, afectadas pela crise e com menor capacidade para investir.

neste contexto, o desafio passa por aumentar a competitividade e limitar

PORTUGAlo caminHo é eXPoRtaR mais

os desequilíbrios macroeconómicos, condição necessária para uma redução sustentada do défice público e assim colocar Portugal no caminho do cresci-mento estável e duradouro.

uma série de medidas para estimular a economia, juntamente com a prossecu-ção de algumas reformas estruturais. a banca, cujo papel junto das empresas portuguesas exportadoras e investidoras foi sempre determinante, viu a sua ac-tividade fortemente condicionada pelo aumento das dificuldades de se financiar no mercado internacional.

o baixo crescimento da produtividade reflecte as fraquezas estruturais da eco-nomia portuguesa: peso ainda elevado de sectores de produção intensiva; baixa qualificação dos recursos humanos; le-gislação laboral pouco flexível. a ocde alertou, entretanto, para a necessidade de Portugal criar 170 mil novos postos de trabalho para anular o impacto da crise no mercado de trabalho, um esfor-ço de 4 por cento, acima da média dos países da ue (2,7 por cento).

segundo dados do Banco de Portugal, a indústria transformadora, com um aumento da intensidade tecnológica e da inovação na incorporação dos seus produtos transaccionáveis, desempe-nhará um papel determinante na recu-peração económica.

o crescimento das exportações deverá ser de 5,2 e 3,7 por cento em 2010 e 2011, respectivamente (BdP). contudo, o actual enquadramento financeiro in-ternacional e a frágil recuperação eco-nómica mundial, acrescidos do actual processo de consolidação orçamental em curso em Portugal, tornam difícil prever o real crescimento do PiB para os próximos anos.

PReVisões 2010 : 2011 (tVH Real %)

2010 1º tri. FmI Ce OCDe mFAP bdP

ine abril 10 maio 10 maio 10 março 10 Julho 10

PIb 1,8 0,3 : 0,7 0,5 : 0,7 1,0 : 0,8 0,7 : 0,9 0,9 : 0,2

exportações bens e Serviços 8,5 1,3 : 3,2 3,8 : 4,4 5,3 : 5,3 3,5 : 4,1 5,2 : 3,7

“O aumento das exportações está condicionado à recuperação da procura externa, nomeadamente de Espanha, principal cliente dos produtos portugueses.”

o aumento das exportações está, po-rém, condicionado à recuperação da procura externa, nomeadamente de espanha, principal cliente dos produtos portugueses. neste domínio, e também devido ao menor grau de abertura da economia portuguesa face aos outros países da zona euro, Portugal deverá beneficiar menos da recuperação do comércio mundial conseguida pela ele-vada procura proveniente de países de economia emergente. o Governo tem apostado na promoção do alargamen-to da base exportadora (pela primeira vez procedeu-se à “clusterização” da oferta portuguesa, dando maior di-mensão às empresas envolvidas) e dos mercados de destino das exportações portuguesas. sem abandonar os mer-cados tradicionais, mas alterando o paradigma da concentração das nossas exportações e apostando em mercados emergentes (PaloP, magrebe, BRic).

Para combater o impacto da crise, as au-toridades portuguesas implementaram

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destaQue - oPinião

// Julho 10 // Portugalglobal32

PORTUGAlo Que os inVestidoRes PRocuRamo Que a economia PRecisa> POR JOSé GOMES FERREIRA, JORNAlISTA, SUB-DIRECTOR DE INFORMAçãO DE SIC

começo com três histórias bem reais que ajudam a definir o nosso país e a situação em que se encontra.

Há pouco tempo, o executivo camarário de um concelho às portas de lisboa, cujo território é parcialmente atravessado por uma conduta de uma empresa multina-cional, decidiu unilateralmente aumentar a taxa devida pela servidão de passagem.

o que antes custava à empresa menos de cinco mil euros por ano, passou a custar quase 500 mil euros, de um dia para o outro.

a multinacional reclamou e está em negociações para a revisão do valor, mas entretanto teve de pagar e pon-dera agora, seriamente, abandonar… não o concelho mas o país.

a segunda história aconteceu, ou me-lhor, continua a acontecer, com os sócios de uma empresa com armazéns frigorífi-cos também na zona da grande lisboa.

o negócio corria relativamente bem e, há cerca de seis anos, os empresários decidiram investir na construção de um novo armazém.

neste caso, pela autarquia o projecto foi considerado viável e seria apro-vado, mas os investidores teriam de aguardar pelos pareceres de todas as entidades competentes da administra-ção central. os pareceres necessários eram, afinal, não dois, não três, mas doze, de outras tantas entidades de vários ministérios.

o processo continua a arrastar-se. Quando uma decide pelo deferimen-to, sempre condicionado a determina-do prazo de validade, em regra curto, outra entidade bloqueia o projecto. Quando desbloqueia, o prazo dado pela anterior já se esgotou.

os empresários dizem agora que só não transferem o negócio para espa-nha porque entretanto a crise chegou. teimosamente continuam a querer in-vestir…e a não querer pagar o que não é de lei pagar…

a terceira história passou-se comigo.

Há vinte e dois anos, assim que terminei os estudos comecei a trabalhar (como era dinâmico o mercado de trabalho, em 1988, e no que se transformou!) e quis investir na minha aldeia natal, no interior centro. apresentei um projec-to para construir uma habitação num

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terreno que os meus pais me tinham doado, na convicção de que não have-ria nenhum impedimento legal.

largos meses depois, os serviços ca-marários informaram-me de que a região iria ser sujeita a um plano de ordenamento. assim, teria de esperar pelas novas regras, não sendo invoca-da objectivamente nenhuma que me impedisse de concretizar o projecto naquele momento.

dois anos depois foi publicado o tão aguardado plano. estabelecia uma zona de expansão urbana na aldeia mas deixava de fora o terreno em cau-sa. Vinte e dois anos depois, alguns ter-renos em redor foram urbanizados…aquele projecto nunca foi autorizado.

entretanto, adquiri outro terreno com uma parte dentro da referida zona de expansão e apresentei novo projecto. após anos de pareceres e contra-pare-ceres, também foi chumbado. nos ter-renos em redor existem também agora várias habitações…

as célebres zonas de expansão urbana, pela sua natureza híbrida e discricioná-ria, servem de facto para muita coisa em Portugal…

são três exemplos do Portugal que é nosso e que deve urgentemente mu-dar. Precisamos desesperadamente de investimento e, a continuar assim, não o conseguimos captar.

Pelo que vou conhecendo de Portugal e do mundo, estou cada vez mais conven-cido de que os investidores precisam, basicamente, de duas coisas simples:

Previsibilidade e inovação.

Previsibilidade, para que uma empresa que pede uma servidão de passagem a uma autarquia saiba qual taxa que terá de pagar e conheça antecipadamente qual o justo critério de actualização, não devendo ficar sujeita aos humores dos autarcas e às consequências das suas derivas financeiras.

Previsibilidade, para contar com a aprovação de um projecto industrial

ou comercial a partir de legislação cla-ra e do contacto com apenas uma ou no máximo duas entidades responsá-veis – local e nacional.

Previsibilidade, para garantir a quem quer construir um imóvel que as regras são iguais para todos e que o decisor também tem de respeitar prazos e con-dições definidas nos regulamentos.

Previsibilidade, para o investidor não ter de comprar facilidades, depois de

pelo menos doze meses e que no ano seguinte ainda sirvam para fazer a li-quidação final do imposto (a pagar ou a receber) – situação que é cada vez mais rara em Portugal.

ao contrário do que muitos empresá-rios portugueses (recordistas de pre-senças em colóquios quando deviam estar a gerir as suas empresas) dizem frequentemente, os verdadeiros inves-tidores não se assustam com o nível das taxas dos impostos.

alguém ter criado dificuldades, alimen-

tando a corrupção.

a economia da suíça é altamente tribu-tada e continua a atrair investimento. tal como a da dinamarca, da Holanda ou da frança. o que assusta os investidores é a falta de estabilidade no sistema fiscal, não é a carga fiscal portuguesa, que está abaixo da média da união europeia.

Previsibilidade nos pagamentos e nos recebimentos entre agentes económi-cos é outro factor crucial.

o que tem acontecido é que a maior parte das empresas, mesmo as que po-dem, deixou de pagar a tempo e horas. umas por não poderem outras por não quererem, procurando com isso maxi-mizar a rentabilidade de caixa, entra-ram num ciclo vicioso de incumprimen-to dos prazos dos compromissos assu-

“Pelo que vou conhecendo de Portugal e do Mundo, estou cada vez mais convencido de que os investidores precisam, basicamente, de duas coisas simples: Previsibilidade e Inovação.”

Previsibilidade, para podermos espe-rar que as regras e as taxas dos im-postos aprovadas em dezembro com o orçamento de estado, estejam de facto na base das retenções na fonte e dos pagamentos por conta durante

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midos. Receita certa para a morte de muitos pequenos e médios projectos, que poderiam continuar a dar emprego a milhares de portugueses.

Previsibilidade, também no sistema de justiça, com códigos claros, processos transparentes, juízes despretensiosos e de espírito prático.

mas para isso é preciso acabar com os inúmeros procedimentos e mecanis-mos dilatórios que aparentam ser úteis mas praticamente só servem para en-cher os bolsos dos sócios dos escritó-rios de advogados – dinheiro que seria muito mais bem aplicado nas empre-sas, na compra de equipamentos ou na formação profissional.

Previsibilidade. é o que Portugal deve-ria vender a todo o mundo, em spots na cnn e anúncios na revista the eco-nomist e no Wall street Journal.

desde o brilho do sol lusitano à constân-cia das marés na praia, à segurança nas ruas (que ainda vamos tendo, por com-paração com outros países), e também à legislação fiscal, às leis laborais, à Justiça e aos procedimentos administrativos.

e Inovação.

espírito permanente para inovar nos métodos de gestão, nos processos de fa-brico, na concepção de produtos, no de-sign, nos circuitos de promoção e venda.

inovação, para antever quais os novos serviços que a sociedade vai solicitar.

é uma evidência que não carece de grande teorização: os investidores pro-curam ambientes em que a inovação possa florescer.

ao contrário da Previsibilidade, que o estado e os seus titulares não têm pro-movido em Portugal, neste caso não nos podemos queixar.

muito investimento público tem sido canalizado para as universidades; mui-tas empresas com apostas inovadoras têm sido apoiadas por organismos pú-blicos, pela banca, por fundações. al-

gumas com resultados visíveis à escala nacional e internacional.

a aposta na inovação ganha-se tam-bém através do ensino técnico-Profis-sional, que agora está finalmente a ser recuperado, após 30 anos de destrui-ção deliberadamente executada por boa parte da elite intelectual do país.

mas a maior parte da batalha da ino-vação não pode ser ganha só com os milhões do investimento público e de alguns mecenas, canalizados para as universidades e empresas. nem sequer as apostas da banca em capital de risco são suficientes.

a batalha da inovação não depende do estado, não depende do Governo, não depende dos ministérios da educação e da ciência, por muitos milhões que gastem.

cada família, cada jovem, cada traba-lhador, qualquer que seja a idade, não devem ficar à espera. devem planear, procurar os meios e fazer a sua própria formação. na guerra da concorrência internacional, que mais do que entre empresas passou a ser entre pessoas, já não há desculpas para a falta de meios ou oportunidades de formação.

as escolas estão cheias de vagas em horários pós-laborais. as bibliotecas estão cheias de livros e equipamentos multimédia. a internet é barata e está cheia de saber (no meio de outras coi-sas infelizmente mais apelativas).

Quem aproveitar e se valorizar, vencerá o desafio maior que aí vem: a luta por um emprego. as ferramentas da criati-vidade e da inovação, que só a forma-ção pode garantir, serão decisivas.

nos metropolitanos de nova iorque, londres, Paris e das grandes cidades das economias emergentes, vê-se muita gen-te a ler livros técnicos, direito e biologia, medicina, os clássicos da literatura…

no metro e nos comboios de lisboa e Porto, lêem-se os jornais desportivos e revistas sobre vidas de famosos que o são por um ou dois Verões.

o índice de leitura do metro é, para mim, um dos melhores indicadores de desenvolvimento das sociedades.

neste campeonato, Portugal continua a não passar da fase de grupos. os gru-pos dos interesses, que boicotam a pre-visibilidade, e os grupos do saber inútil, que não têm verdadeiro interesse para o progresso do país.

e como seria fácil chegar bem mais além…

Basta lutar por aquilo que os investi-dores procuram e a economia precisa: Previsibilidade e inovação.

Há cerca de dois meses, no auge da cri-se do crédito às economias periféricas da europa, a revista the economist enu-merava várias razões pelas quais a eco-nomia e as finanças públicas portugue-sas não deviam, por razões positivas, ser comparadas às da Grécia. nunca entrá-mos na mesma imprudência financeira e tivemos sempre estatísticas fiáveis.

em boa hora o fez, contribuindo decisi-vamente para que as taxas de juro que pagamos não tenham subido para os mesmos níveis que atenas tem de pagar.

mas no mesmo artigo da conceituada revista, quase no final do texto, ficava escrita uma pequena frase que nos de-via obrigar a pensar o que queremos fazer com o nosso futuro:

“um país em que quase metade dos alu-nos do ensino secundário acaba por aban-donar os estudos não poderá assegurar um crescimento económico duradouro”.

esta simples frase devia ser suficiente para pôr os portugueses a olhar-se ao espelho.

“A aposta na Inovação ganha-se também através do ensino Técnico-Profissional, que agora está finalmente a ser recuperado, após 30 anos de destruição deliberadamente executada por boa parte da elite intelectual do país.”

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Quer exportar?O Banco Popular acompanha-o.

Crescer, vencer o maior dos desafios. Expandir o negócio para novos mercados. Se esta é a visão que alimenta do futuro da sua empresa, temos excelentes notícias para si. O Banco Popular aliou-se à , através de um protocolo, para desenvolver e concretizar apoios à internacionalização e exportação das PME. Ajudando ao investimento e facilitando as exportações das empresas e marcas portuguesas. Com uma linha de apoio e condições preferenciais numa gama alargada de operações bancárias. Já sabe: onde quer que a sua empresa vá, pode sempre contar com o Banco da sua vida.

» Linha de apoio à exportação e internacionalização das PME; » Protocolo Banco Popular/ ; » Montante global: 150 milhões de euros;» Mais financiamento, melhores condições. www.bancopopular.pt

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ENTREVISTA

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A União Europeia está a atravessar a maior crise económica de sempre, sendo que num contexto de múltiplos actores – hoje são 27 – nem sempre as soluções estratégicas são consensuais entre os Estados-membros. E embora os sinais de recuperação comecem a ser visíveis, muito há ainda a fazer em termos de equilíbrios internos e de aplicação de medidas de combate à crise no contexto da UE, da moeda única e do modelo social europeu. É sobre tudo isto que António Vitorino, Comissário europeu até 2004 e especialista na área do Direito da União Europeia, fala numa extensa entrevista, em que tudo o que é essencial para compreender os problemas levantados pela crise global, as suas implicações nas políticas económicas europeias e o papel fundamental dos cidadãos e das empresas portuguesas como parte incontornável da solução ao nível do país, são amplamente abordados.

António Vitorino

DINÂMICA DA CRISE PODE VIR A SER POSITIVA

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ENTREVISTA

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“Esta crise mostra que há ainda uma insuficiência dos mecanismos de coordenação das políticas nacionais da zona euro para dar consistência ao projecto da moeda única e que um novo equilíbrio vai ter que ser encontrado entre a sustentabilidade das finanças públicas, o financiamento da economia e o estímulo à procura.”

Passaram 25 anos desde a assinatura, por parte de Portugal, do tratado de adesão à União Europeia. Pode fazer um breve balanço?Antes de mais, o país que hoje temos é muito diferente do país que tínhamos há 25 anos, não só nas infra-estru-turas mas sobretudo nas mentalidades. Portugal tornou-se um país cosmopolita e a convivência no espaço europeu contribuiu claramente para mudar os métodos de trabalho tanto no sector privado como no público. Por outro lado, no quadro da Europa temos uma vantagem comparativa: somos um povo que convive bem com as diferenças e, nes-se sentido, comprovámos uma vez mais, no terreno, a nossa vocação universal, que não é meramente retórica mas que tem sido testada em séculos de prática, de aplicação dos va-lores identitários portugueses. Do ponto de vista, digamos, crítico, constatamos que nem todos os sectores económicos se adaptaram com a mesma capacidade ao desafio europeu e que em alguns sectores foram cometidos erros políticos, como é o caso das pescas e da agricultura. E quanto a prio-ridades em matéria de investimento interno, penso que a transição da prioridade dada às infra-estruturas para a ca-pacitação das pessoas se deu demasiado tarde.

Como se explica que as economias da UE estejam a atravessar a maior crise económica de sempre?A União Europeia tem sido construída num contexto de cri-ses sucessivas e diz-se mesmo que as crises são a melhor forma de ela progredir. A crise actual é diferente das outras, reconheço, porque toca mais fundo nos elementos básicos da integração económica mas isso não significa que seja uma crise “terminal”. Trata-se uma crise mais exigente, por-que significa que temos de utilizar melhor os instrumentos de que dispomos, designadamente o mercado interno, que está longe de estar completado no sector de serviços, que é hoje responsável por dois terços do emprego na Europa, ou a própria moeda única, que foi sem dúvida um factor de protecção durante a crise financeira global na medida em que foi possível impedir que se juntasse, a uma crise finan-ceira, uma crise cambial. Hoje, contudo, a própria moeda única é um factor de preocupação em virtude da pressão dos mercados financeiros para a desvalorização do euro e a pressão sobre as dívidas externas dos países da zona euro em geral e, em particular, dos da orla Sul. Na realidade, esta crise mostra que há ainda uma insuficiência dos mecanis-mos de coordenação das políticas nacionais da zona euro para dar consistência ao projecto da moeda única.

A Europa desde o alargamento anda à procura de um modelo de equilíbrio interno. Que equilíbrio é esse e porque não funcionou na actual crise?Existem vários equilíbrios internos. Há uma parte institucio-nal que eu espero que tenha sido resolvida com o Trata-do de Lisboa, que corresponde não apenas ao efeito do alargamento sobre as instituições – hoje somos 27 países, com 500 milhões de cidadãos, e amanhã seremos mais – e contudo as instituições que estão em funcionamento es-tão pensadas para uma comunidade de seis países. É óbvio que a “revolução do número”, chamemos-lhe assim, não poderia deixar de ter efeito sobre o funcionamento das ins-

tituições. Nesta medida, creio que o Tratado de Lisboa põe fim – não um fim definitivo, mas transitório – a um deba-te sobre instituições. Agora é preciso funcionar com estas instituições e tirar delas o maior proveito. Existem outros equilíbrios, ainda mais complexos, que são os equilíbrios económicos que têm que ver com a diferenciação entre paí-ses. Na realidade, aqueles que entraram em 2004 para a UE, eram países que tinham 40 por cento do PIB per capita europeu, enquanto os que entraram em 2007, como é o caso da Roménia ou da Bulgária, tinham 30 por cento do PIB per capita, o que significa que as desigualdades e assi-metrias do crescimento económico se acentuaram, como se acentuaram a desigualdade salarial e de nível de vida. Portanto, o valor da coesão económica foi sujeito a uma pressão enorme a que acresce agora uma crise financeira e económica global. E claro que isto significa que os países da moeda única atravessam uma crise. Mas também significa outra coisa: que esta crise só pode ter resposta no quadro da própria UE. O espaço europeu é o espaço da resposta.

A maioria dos analistas afirma que a recuperação, em termos de crise global, está no bom caminho. Mas a Europa não parece acompanhar esta tendência, como se a realidade se movimentasse a duas velocidades: a do mundo e a do espaço europeu… Há dois factores distintos a considerar. Esta crise veio colo-car em evidência alguma debilidades estruturais da União Europeia e dos países europeus. E nesse sentido não é a crise que cria as dificuldades. A crise torna mais visíveis, evi-dentes, essas dificuldades. São elas, em primeiro lugar, o envelhecimento da população; em segundo, a ausência de mão-de-obra capacitada em certos sectores; em terceiro, uma perda de competitividade no mercado global, sobre-tudo em sectores em que estamos em concorrência directa com países que têm do ponto de vista social e ambiental condições muito mais degradadas do que as condições eu-ropeias; em quarto, a necessidade de mais inovação para reforçar a competitividade europeia em alguns sectores es-tratégicos. É de referir que já estivemos na linha da frente em relação a alguns desses sectores, mas temos perdido alguma capacidade de inovação nalguns deles, como é o caso das telecomunicações ou da indústria farmacêutica.

Estes são os principais problemas estruturais que a crise veio evidenciar ou existem outros que é preciso resolver?Há um outro elemento fundamental, atinente à própria crise:

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ENTREVISTA

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os bancos europeus ficaram mais expostos à crise financeira global do que os bancos norte-americanos, embora a crise tenha tido origem nos EUA. Este facto revela, em primeiro lugar, que existem problemas sérios de regulação do sector financeiro europeu e, em segundo, que a crise financeira, ao provocar um profundo abalo no sistema bancário, mos-trou que a economia europeia, para se financiar, depende excessivamente do sistema bancário por comparação com a economia norte-americana. Isto significa que as dúvidas e incertezas que rodeiam o sistema bancário europeu se reflec-tem mais directamente na economia real. Em terceiro lugar, a crise veio avolumar o peso que as economias emergentes – China, Índia, Indonésia, África do Sul ou Brasil – têm no cres-cimento económico global. E isso corresponde a um período de quebra no crescimento económico europeu.

Há economistas que realçam que esta crise terá diminuído para cerca de metade o crescimento potencial da Europa. Recuperar agora esse crescimento potencial, com as forças produtivas instaladas, é um desafio que tem repercussões não

apenas na competitividade da economia europeia mas tam-bém no emprego, que constitui hoje o problema central da coesão social europeia. Na realidade, o desemprego subiu, em média, para cerca de 10, 5 por cento na UE, mas em alguns países atinge o dobro, como é o caso da vizinha Espanha.

Pensa que a percepção que os governos europeus têm da UE é um dado adquirido ou pode ser posto em causa pelo “salve-se quem puder” perante o desafio da crise?É preciso que se diga que o “salve-se quem puder” é a re-ceita para o desastre. Há no entanto que reconhecer que em alguns momentos desta crise pareceu prevalecer essa estra-tégia de fuga ao compromisso. A minha profunda convicção pessoal é que mesmo os países economicamente mais fortes, se apostarem nessa “não-solução”, não terão saída para esta situação de crise. Podem, é certo, mitigá-la e protelá-la no tempo, mas se não for no âmbito do contexto europeu, mes-mo as economias mais possantes da Europa terão um efeito de boomerang da crise que acabará por afectá-las a prazo.

Portanto, o interesse geral europeu continua a ser encontrar soluções conjuntas no espaço europeu. Foi isso que aconteceu no Conselho Europeu Extraordiná-rio de Outubro de 2008, onde os europeus adoptaram um pacote para a sustentação do sistema financeiro que fez a diferença à escala global, num momento em que nos EUA havia um impasse na negociação no Congresso. Ora, no futuro, para relançar a economia, terá que ser de novo no contexto europeu que os respectivos países terão de en-contrar soluções. Mas do ponto de vista global, a Europa perde por agora peso económico e os cidadãos europeus apercebem-se disso. Daí continuarem a considerar que a Europa tem que se legitimar através dos resultados, pois é dos resultados económicos que estamos a falar: capaci-dade de competir à escala global, capacidade de inovar, de acrescentar valor através das qualificações das pessoas, dos europeus, e capacidade de manter a coesão social, ou seja, proteger no desemprego, na doença ou na reforma aqueles que precisam de protecção, mas também, ao mesmo tem-po, remunerar aqueles que pelo seu mérito se distinguem.

A que se deve a sensação que os europeus experimentam de haver uma certa desorientação estratégica no solução dos problemas que os afectam? Em primeiro lugar porque há divergências. Os Estados não es-tão de acordo com as prioridades, porque há países que têm agendas nacionais diferentes, o que tem naturalmente uma repercussão no plano europeu. E é manifesto que o grau de empenhamento da Alemanha numa estratégia de ajustamen-to das contas públicas, como uma prioridade, num período em que a retoma económica é ainda frágil e vulnerável, não é facilmente aceite por muitos outros países europeus cujas economias não estão tão sustentadas num modelo de expor-tações como o da Alemanha. A solução está em encontrar en-tre os países europeus um ponto de equilíbrio, que reconheça a necessidade de contas públicas equilibradas para que seja possível recriar um ambiente propício ao desenvolvimento económico, tendo em conta que o ritmo e os objectivos desse ajustamento não podem pôr em causa os frágeis sinais de

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retoma económica que se começam a sentir em muitos países europeus, cujas economias são ainda vulneráveis.

Pensa que a Alemanha, que é a única voz realmente audível na crise europeia, tem condições para reforçar a aplicação do Tratado de Lisboa?O Tratado de Lisboa marca, em termos relativos, a proemi-nência da posição alemã, em virtude de se tratar da mais pu-jante economia europeia, mas também por ser o país como maior dimensão populacional, com 88 milhões de habitantes. Contudo, o declínio populacional e o envelhecimento na Ale-manha é mais rápido do que noutros países da UE, como a França. O que ajuda a explicar porque é que a Alemanha se preocupa tanto com o aforro e a criação de reservas financei-ras, o que para ela é fundamental tendo em conta a pressão que previsivelmente nas próximas décadas se exercerá sobre o Estado social alemão. Não sou daqueles que diabolizam a Ale-manha. Tento compreender as razões que lhe assistem. Mas também penso que o Tratado de Lisboa dá suficiente margem de manobra para que outros países exijam da Alemanha um esforço para que esta compreenda a diversidade das posições dos restantes países da UE. Assim, as condições não deverão ser impostas unilateralmente pela Alemanha mas encontra-das num contexto de concertação de interesses.

Como aconteceu agora na crise?A Alemanha levou tempo a aderir à necessidade de uma so-lução de emergência para a situação da Grécia mas também é verdade que sem a participação da Alemanha nenhuma solução de apoio à economia grega teria viabilidade, credibi-lidade e consistência. E a solução aí está para garantir não só

Em segundo lugar, as instituições europeias têm claramente um papel fundamental porque a UE é uma comunidade de direito e funciona com regras que as instituições aplicam, mas sem a vontade política dos Estados, as instituições europeias, só por si, são insuficientes. Por isso, é necessário forjar consensos entre os Estados-membros que apoiem a acção das instituições europeias. Historicamente a Comissão foi proeminente no tem-po de Jacques Delors, porque tinha um entendimento muito sólido com o tandem franco-alemão, em que se encontravam o presidente François Mitterrand e o chanceler Helmut Khol. Hoje não temos figuras destas. Mas isto não quer dizer que tudo isto seja apenas uma questão de pessoas. É um problema de acordo político, o que é muito, por parte do anterior núcleo motor da integração europeia. Hoje, a 27, o motor tem que ser necessariamente diferente de quando éramos apenas 12.

Quais foram as consequências do braço de ferro entre os governos da zona euro e os mercados de capitais?Verificaram-se movimentações que incidiram sobretudo so-bre a dívida externa dos países com maior índice de endivi-

“Tem que se estimular igualmente o aforro, porque em alguns países, entre os quais Portugal, a poupança caiu historicamente para níveis muito baixos e não é possível viver apenas a crédito.”

“Algumas linhas de crédito que foram criadas pelo Governo para as PME têm que ser mantidas, pois são o tipo de despesa pública virtuosa, mas há que ser muito selectivo na sua aplicação, dando prioridade à exportação.”

a sustentação da situação delicada da Grécia mas também de qualquer outro país europeu, como a Espanha ou Portugal, que estão igualmente sujeitos a uma enorme pressão por par-te dos mercados em virtude do seu nível de endividamento.

Em relação à aplicação de medidas, pensa que o exercício de poder existente na UE é suficiente ou são de prever decisões mais bonapartistas? Nós estamos a testar um novo modelo institucional para o Con-selho Europeu, com um Presidente permanente cujo perfil de cargo ainda não sabemos qual vai ser. De alguma forma o tes-te para esta nova presidência dependerá da proposta da task force sobre a reforma do sistema financeiro e da governança económica europeus. Se o resultado tiver consistência penso que isso firma os créditos do cargo, mas se se saldar por um menor dominador comum, sem serventia para o que se pre-tende, isso porá em causa o valor acrescentado da instituição.

damento, com a Grécia à cabeça, mas é evidente que a crise veio mostrar que os bancos europeus estão mais expostos e que portanto houve omissões em matéria de regulação, e que as medidas se devem encaminhar para uma estratégia de prevenção da crise. Este é o grande desafio com que hoje estamos confrontados. A Europa precisa mostrar de-terminação na resolução de situações de emergência, como fez com o Fundo de Estabilização para acudir à situação da Grécia. Mas ao mesmo tempo que está a lançar as bases de um novo modelo de regulação, seja de supervisão do sistema bancário seja de transparência no funcionamento dos mercados financeiros ou de supervisão das agências de rating, tratar-se-á sempre de uma nova arquitectura finan-ceira que previna os riscos sistémicos e as crises financeiras futuras. E se essas provas forem dadas, o braço de ferro será ganho pela política sobre a desregulação financeira.

De que modo está a crise – e as medidas que devem ser tomadas – a afectar o desempenho das PME, do crédito às empresas, do consumo, ou o poder de compra dos cidadãos, enfim, as economias nacionais? Esta é uma crise transversal, que toca todos os sectores económicos e que tem repercussões do ponto de vista eco-nómico. Se acrescentarmos a isso medidas de austeridade que reduzem os estímulos fiscais ao funcionamento da economia, teremos naturalmente um impacto negativo no crescimento económico. Se ainda acrescentarmos a isso a

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escassez de liquidez no mercado interbancário e uma maior selectividade de crédito, significa que as iniciativas econó-micas ficam com menor capacidade de se alavancarem para investimentos futuros. Estamos pois confrontados com um daqueles momentos em que um novo equilíbrio entre estas várias componentes vai ter que ser encontrado. Ou seja, entre a sustentabilidade das finanças públicas, o financia-mento da economia e o estímulo à procura.

seja na qualificação dos trabalhadores, seja na inovação dos produtos, e mesmo que não haja retorno imediato, estas são apostas que garantem o futuro. Em paralelo, no curto prazo – perante a situação de emergência – só há saída se houver ganhos de produtividade e conquista de novos mercados. O que significa que os métodos de gestão terão de ser revistos. A produtividade, repare-se, não significa tra-balhar mais horas por dia, mas sim ter mais flexibilidade em matéria de horários de trabalho nas empresas para deste modo conseguir responder aos desafios competitivos. Tam-bém significa utilizar métodos adequados e eficientes de organização do trabalho e isso é uma tarefa sobretudo da responsabilidade dos gestores. É preciso não esquecer que do ponto de vista de horas trabalhadas, os portugueses são os quartos ou quintos europeus que mais horas trabalham. O problema não está, portanto, nas horas trabalhadas, o problema está no que se produz em cada hora trabalhada. E isso não tem apenas que ver com a qualificação dos traba-lhadores, mas também tem, é claro, e é por isso que eu digo que se deve manter a aposta não só nas qualificações mas também na forma como se organiza o trabalho.

O euro ainda não perdeu o seu papel de moeda forte. Se isso acontecesse, qual seria o cenário?Tudo tem que ser colocado em perspectiva histórica. Quan-do o euro foi lançado, pensava-se que levaria 15 ou 20 anos

“As exportações são estrategicamente fundamentais dado que no ambiente de crise global não é previsível que o investimento directo estrangeiro seja muito significativo, nos próximos anos, para o crescimento económico.”

para que a moeda única pudesse chegar ao nível de repre-sentar 25 por cento das reservas em divisas à escala global. Ao fim de 10 anos, o euro ultrapassou essa meta. Neste sentido, o euro é uma história de sucesso. O euro, quan-do foi lançado em 1999, valorizou-se em relação à taxa de câmbio que tinha em relação ao dólar, à libra esterlina ou ao iene. Actualmente tem estado a desvalorizar-se mas não atingiu ainda o seu valor de entrada no sistema monetário global. É preciso, pois, colocar as questões em perspectiva.

Neste quadro pode-se excluir a possibilidade de as medidas de austeridade terem um efeito recessivo?As medidas podem ter um efeito recessivo, sem dúvida, mas tem que se lidar com isso e limitar este efeito, acudindo so-bretudo às camadas populacionais mais vulneráveis, especial-mente os desempregados. Tem que se estimular igualmente o aforro, porque em alguns países, entre os quais Portugal, a poupança caiu historicamente para níveis muito baixos e não é possível viver apenas a crédito. É necessário fazer a peda-gogia da poupança. Quanto às pequenas e médias empresas (PME), é claro que estas, que não têm grande músculo finan-ceiro e porque dependem do financiamento bancário, se se verifica uma retracção ou uma maior selectividade do crédito bancário, serão obviamente afectadas e este facto terá uma repercussão no emprego. É de recordar que as PME são res-ponsáveis por mais de 75 por cento do emprego em Portugal. Como se pode resolver a questão do financiamento bancário?Algumas linhas de crédito que foram criadas pelo Governo para as PME têm que ser mantidas, pois são o tipo de des-pesa pública virtuosa, mas há que ser muito selectivo na sua aplicação, dando prioridade à exportação. Temos que voltar a crescer economicamente tendo por base o sector exportador, como estávamos a crescer em 2007 – a AICEP muito contri-buiu para isso –, em que o grosso do crescimento económi-co português veio das exportações, graças à capacidade das empresas portuguesas exportarem produtos e serviços para novos mercados. As exportações são estrategicamente funda-mentais dado que no ambiente de crise global não é previsível que o investimento directo estrangeiro seja muito significati-vo, nos próximos anos, para o crescimento económico.

Se estivesse perante uma assembleia de empresários e gestores portugueses de PME, que conselhos lhes daria para enfrentarem de forma sustentável a crise actual?Não sou a pessoa mais bem qualificada para dar conselhos a empresários, mas penso que a questão está no conciliar dois factores aparentemente contraditórias num contexto de crise. É preciso continuar a fazer apostas de longo prazo,

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O que é que poderia ser fatal para o euro?A descredibilização em virtude da saída de alguns países, sejam eles mais ricos ou menos ricos, geraria naturalmente desconfiança e poderia conduzir a que os países que têm uma parte das suas reservas em divisas em euros, fugissem do euro. Contudo, ainda há poucas semanas, o ministro das finanças chinês afirmou que tinha intenção de manter os actuais níveis de reservas de divisas chinesas em euros, o que é uma forma de demonstrar a confiança na sustentabi-lidade do euro. Logo, é preciso que os europeus estejam à altura dessa responsabilidade.

Contudo a desvalorização sustentada do euro não seria favorável às exportações?É um jogo de grande equilíbrio, uma faca de dois gumes. Nem todos os países precisam da desvalorização para manterem a sua quota de mercado em certo tipo de produtos. Por exem-plo, os produtos alemães não alteram significativamente a sua capacidade de penetração no mercado global, embora possam socorrer-se de uma ligeira variação, pois também não é no câmbio que esses produtos têm vantagens comparativas para serem colocados no mercado global. O mesmo já não aconte-ce noutras economias, como é o caso da portuguesa, em que a desvalorização relativa do euro pode constituir um incentivo importante para alguns tipos de exportações portuguesas. Po-rém, é preciso ver o reverso da medalha. Sempre que o euro desvaloriza em países muito dependentes de fornecimentos energéticos pagos em dólares e oriundos de países terceiros, a factura energética sobe significativamente. É o caso das im-portações de petróleo e de gás que passam a ser mais onerosas na medida em que o euro está mais fraco em relação ao dólar. Portanto, se a desvalorização do euro pode ter um aspecto po-sitivo, no que diz respeito a certo tipo de exportações, já no que diz respeito à factura energética, tem um efeito negativo sobre o processo produtivo europeu, dado que a Europa depende em 80 por cento de energias fósseis importadas.

Como é que este equilíbrio está a ser gerido no seio da UE? A aposta tem que ser feita nas energias renováveis, na eficiência energética, (fazendo desta uma questão central das preocupações dos cidadãos, das pessoas, da indústria da construção e do urbanismo, e também das empresas), na diversificação das dependências (com novas energias, captura do carbono, na perspectiva de uma economia de baixo carbono), mas também, obviamente, na segurança do aprovisionamento, isto é, ter a garantia de que os paí-ses fornecedores, seja de petróleo seja de gás, assumam compromissos estáveis no fornecimento energético, que constitui um elemento de forte solidariedade entre os eu-ropeus. Muitos dos actuais problemas resultam do facto de não haver ainda uma rede de abastecimento que garanta essa solidariedade e estabilidade, e essa tem que ser cla-ramente uma das prioridades europeias, vontade que aliás está expressa nas redes transeuropeias que fazem um in-vestimento importante na interligação das redes eléctricas e de gás europeias.

O que é para si uma melhor coordenação das políticas económicas europeias? Muitas vezes reduz-se tudo a ter um governo europeu mais forte (o que significa apenas mais reuniões dos primeiros-mi-nistros da zona euro), mas eu nem sequer coloco isso como condição. Há outras coisas mais importantes a fazer, designa-damente a coordenação das políticas orçamentais nacionais. Porque não é possível ter uma moeda única sem ter em linha de conta que os estímulos públicos ao crescimento económi-

“Há países que vão conhecer níveis de crescimento económico muito superiores à média global, que se tornarão mercados cada vez mais atractivos para o investimento externo e que potencialmente interessam a países com o perfil produtivo de Portugal.”

co têm que ter em atenção a diversidade dos níveis de desen-volvimento económico dos vários países da zona euro. E que essas políticas orçamentais e as políticas económicas nacio-nais têm que encontrar um ponto de equilíbrio no espaço da zona euro de modo a que não haja políticas pró-cíclicas que agravem as desigualdades. Ou seja, no conjunto dos países da zona euro, aqueles que têm a capacidade de estimular a procura deverão dar um contributo para a incrementar, en-quanto os países que gastam em excesso na procura darão o seu contributo na medida em que conterão a sua despesa pública até um ponto optimizado de equilíbrio.

Qual é esse ponto optimizado de equilíbrio? Será o que resulta da coordenação das políticas económi-cas nacionais. Tem que valorizar os desafios da competitivi-dade, em paralelo com a sustentabilidade dos orçamentos públicos – designadamente do défice público – mantendo o

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ENTREVISTA

// Julho 10 // Portugalglobal42

emprego como uma das preocupações centrais das políticas europeias. É um tripé difícil de considerar, eu reconheço, mas o espaço económico comum e a moeda que partilha-mos exigem que haja uma maior coordenação das priorida-des adoptadas pelas políticas económicas de cada um dos Estados-membros. Daí que eu seja favorável à coordenação dos processos orçamentais nacionais – não vejo nisso ne-nhuma quebra de soberania mas antes uma resposta mais consistente ao facto de partilharmos uma moeda comum num espaço económico comum. Não vale a pena diabolizar a Alemanha, mas é evidente que se a procura interna ale-mã fosse um pouco mais dinâmica, isso teria um impacto positivo no equilíbrio do euro, da economia da zona euro e no combate às assimetrias de competitividade. A verdade é que muito do sobreconsumo dos países do Sul, que se traduziu em dívida externa, se fez para a aquisição de pro-dutos e serviços alemães, contribuindo dessa forma para os excedentes da balança externa da própria Alemanha. Um novo equilíbrio, portanto, tem que ser encontrado e esse novo equilíbrio é dinâmico, não pode ser só conseguido à custa da austeridade das contas públicas dos países do Sul da Europa. Tem que ser também um equilíbrio encontrado na valorização da competitividade das economias do Sul através de um estímulo acrescido ao consumo em algumas economias do Norte, as quais têm maior capacidade de crescimento em matéria de consumo e procura interna.

Há quem sugira que a Alemanha deveria sair do euro para estabelecer uma nova relação com os países da zona euro…Penso que esse argumento é completamente insensato. Se-ria um golpe fatal e disruptor da própria União Europeia. Não sei como a UE conseguiria sobreviver com uma moeda comum em que a principal economia estivesse ausente. É verdade que a ideia circula, mas não é a forma de resolver os problemas da zona euro.

A crise levanta a questão da legitimidade do rigor das soluções, que se traduzem pela exigência de mais sacrifícios por parte dos cidadãos e empresas. Como se gere esta tensão?A democracia é um regime em que a política prevalece so-bre os interesses económicos e se nós queremos que a de-mocracia continue a ser o regime em que o poder político legitimado democraticamente prevaleça sobre a desregu-lação e a vertigem dos mercados, é necessário que os ci-dadãos compreendam que algumas das decisões do poder político podem ser impopulares. Mas a alternativa a essa impopularidade – ao sacrifício, ao esforço, à contenção da despesa – é deixar entregue à lei da selva do mercado a regulação das nossas sociedades. E isso, penso eu, é a ne-gação da própria democracia. Mas é evidente que é sempre necessário dosear os sacrifícios de curto prazo com aquilo que é um projecto de sustentabilidade a prazo. Os sacrifí-cios hoje só se justificam se nos conduzirem a um patamar de vida mais sustentável. E é essa pedagogia que a política tem que fazer. Demonstrar que a necessidade desse esforço nacional é reprodutivo a prazo e que o esforço que é pedido

será repartido com equidade dentro da própria sociedade. Não há apenas o sacrifício de uns e o benefício continua-do de outros mas um esforço transversal de saneamento e ajustamento económico do país.

“É evidente que nós só poderemos ganhar quotas de mercado se tivermos produtos e serviços que sejam competitivos do ponto de vista da qualidade, da inovação e do valor acrescentado.“

Como gerir um modelo social europeu que tende a proteger os seus cidadãos com uma competitividade económica que lhes pede mais esforços e suscita dúvidas?O modelo social europeu tem problemas estruturais, de raiz, que obrigam a que seja reformado. Desde logo, o en-velhecimento da população faz com que dentro de duas décadas, aproximadamente, mais de 30 por cento da po-pulação terá mais de 65 anos de idade, portanto estará a receber os benefícios da reforma. Ao mesmo tempo, com a quebra da fertilidade (a UE está hoje abaixo da taxa de re-posição) o número de contribuintes activos que estarão no mercado de trabalho e contribuem com os seus descontos para o sistema de segurança social diminuirá. Esta equa-ção exige um ajustamento, que não sacrifique os valores da solidariedade social, nomeadamente a solidariedade in-tergeracional, mas que obviamente implica que haja limites à capacidade contributiva dos que se encontram no activo e que haja também uma redução dos benefícios daqueles que se encontram em situação inactiva.

Perante essa necessidade de ajustamento, quais são as formas de compensação para os cidadãos europeus? Nesta medida, existem várias formas de compensação indi-recta, que têm que ver com o aumento da competitividade e da inovação, pelo qual os produtos e serviços europeus ga-nham quota de mercado não através de trabalho e do capital intensivos, mas através de inovação intensiva, investigação e desenvolvimento aplicados a esses ganhos de produtividade. Essa tem que ser a via europeia: ganhar competitividade pela via da inovação e do valor acrescentado das qualificações dos seus trabalhadores, para deste modo compensar perdas de competitividade pelo facto de estarmos em concorrências com países que têm salários muito baixos e não respeitam critérios ambientais mínimos. Obviamente não é nestes seg-mentos que nós competiremos com sucesso. O equilíbrio da sociedade tem que passar, sem dúvida, por sacrifícios, esfor-ços, mas o modelo a adoptar terá que sustentar essa solida-riedade intergeracional, que não é apenas um modelo euro-peu, mas um modelo que hoje está a ser seguido nos EUA na reforma do sistema nacional de saúde, e que continua a ser invejado por muitos países onde, infelizmente, esse tipo de solução não vigora. Não se trata, pois, de deitar fora a criança com a água do banho, mas de reconhecer que o modelo com as bases de sustentabilidade que este conheceu no passado,

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ENTREVISTA

Portugalglobal // Julho 10 // 43

não pode manter-se para o futuro e que é forçoso introduzir alterações no seu funcionamento.

Alguns líderes da UE têm confessado alguns temores quanto ao impacto da crise e das medidas anti-crise na estabilidade social. Partilha da mesma preocupação?Do ponto de vista social haverá aumento de tensões. Quan-do há políticas restritivas, que implicam sacrifícios, verifica-se sempre um aumento de tensões sociais: aumento das gre-ves, dos protestos, e isso é normal em democracias abertas. A questão consiste em saber se essa contestação conduz a rupturas ou se ela se contém dentro dos limites do sistema democrático, por via pacífica e dando origem a processos de concertação e de negociação social. Este é o desafio para os actores sociais – cidadãos, empresários e trabalhadores – e não apenas para os governos. Em Portugal, a concertação tem tido sucesso, como é o caso na Autoeuropa, devendo esta experiência ser replicada em situações de conflito entre empresas e trabalhadores. Este é o preço a pagar pela paz social. As boas empresas, que mantêm as suas boas qualifi-cações, os seus trabalhadores qualificados, dão garantias de emprego e são capazes de se afirmar no mercado global. É todo um processo de negociação que envolve todos os acto-res sociais a começar nos próprios locais de trabalho.

Se tivesse uma bola de cristal, como é que veria a evolução da crise e o que virá a seguir?Antecipo que o mundo pós-crise será um mundo em que as-sistiremos a uma deslocação do eixo de gravidade, do poder, à escala global. Os EUA serão menos mercado consumidor e motor do crescimento económico, as economias emergentes terão um peso acrescido em todos os planos, e antevejo que a Europa terá de “pedalar” muito para manter uma voz acti-va na cena internacional seja a nível político, seja económico e financeiro. E admito que surjam alguns novos campeões cujo peso global dependerá da forma como se entenderem

entre si, como sejam a Índia, China, Rússia, Brasil, Indoné-sia ou a África do Sul. São países que vão conhecer níveis de crescimento económico muito superiores à média global, que se tornarão mercados cada vez mais atractivos para o investimento externo e que potencialmente interessam a paí-ses com o perfil produtivo de Portugal. Até há pouco as nos-sas exportações tinham como destino a Espanha (mercado de proximidade mas com o qual não poderemos contar tão depressa em virtude da crise), assim como os EUA, ou mes-mo Angola ou a China, força exportadora que encorajam a procura de novos mercados externos, como o Brasil ou a Turquia, um mercado que pode ser atractivo para as exporta-ções portuguesas. Ou mesmo outros países onde não temos uma presença relevante mas que constituem um potencial de negócios interessante, como toda a região da África Austral, incluindo a África do Sul, ou mesmo os mercados do Extremo Oriente, entre os quais a Indonésia e a Malásia.

As empresas portuguesas, especialmente as PME, debatem-se não só com a crise mas também com as medidas anti-crise. Quer enfatizar alguns pontos desta entrevista? Uma chamada de atenção para o modelo de gestão e para a sustentabilidade financeira das empresas portuguesas, que normalmente vivem descapitalizadas. Há que ter consciência que num período de quebra da liquidez do mercado interban-cário e de maior selectividade do crédito, o acesso ao financia-mento vai estar mais difícil ainda. É aconselhável que os em-presários, quando fizerem os seus planos, tenham em conta esse obstáculo adicional. Mas, por outro lado, é evidente que nós só poderemos ganhar quotas de mercado se tivermos pro-dutos e serviços que sejam competitivos do ponto de vista da qualidade, da inovação e do valor acrescentado. A precarieda-de no trabalho não é solução, mas o envergar cada vez mais a camisola da empresa será certamente um valor acrescentado.

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A aicep Global Parques e a Cabo Verde In-vestimentos assinaram um protocolo que visa desenvolver e aprofundar a cooperação estratégica entre Portugal e Cabo Verde, em especial na área de infra-estruturas e de loca-lização empresarial.

NOTÍCIAS

// Julho 10 // Portugalglobal44

O Instituto Luso-Árabe para

a Cooperação decidiu atri-

buir à AICEP a Medalha de

Mérito Económico deste

instituto. A atribuição desta

distinção teve em conta o

apoio concedido pela Agên-

cia ao desenvolvimento da

cooperação entre Portugal

e o mundo árabe.

O Instituto Luso-Árabe para

a Cooperação, fundado em

1985, tem como objecto

social o desenvolvimento

da cooperação de natureza

cultural, económica, social

e técnica entre Portugal e

os Países Árabes.

AICEPpremiada

aicep Global Parques assina protocolo em Cabo Verde

de serviços da aicep Global Parques à Repúbli-ca de Cabo Verde, suas empresas e entidades, e prevê um conjunto de acções de coopera-ção, nomeadamente a possibilidade de de-senvolvimento, naquele país africano, de uma Plataforma Global Find adaptada com o objec-tivo de promover o ordenamento do território e potenciais localizações industriais, logísticas e/ou turísticas, bem como o apoio na criação e desenvolvimento de Parques Empresariais e Logísticos e na instalação de actividades indus-triais e logísticas com base nas ferramentas e no know-how que a aicep Global Parques de-tém nesta área.Segundo Francisco Sá, “a ideia é ter em conta a experiência da aicep Global Parques na ges-tão de parques empresariais e de acolhimento de empresas, para se poderem desenvolver várias iniciativas que permitam uma melhor alocação de espaços e meios às empresas que pretendam instalar-se em Cabo Verde”.

O protocolo foi assinado pelo presidente da Comissão Executiva da aicep Global Parques, Francisco Sá, e pela Directora Geral da Indús-tria e Comércio de Cabo Verde, Filomena Fia-lho, durante a visita oficial do Presidente da República de Portugal a este país.O protocolo estabelece os termos de prestação

Basílio Horta na Argentina

O presidente da AICEP, Basílio Horta, deslo-cou-se à Argentina para contactos com auto-ridades governamentais, federais e regionais argentinas, dos quais saiu reforçada a von-tade de aprofundar as relações económicas entre os dois países. A AICEP acordou a celebração de convénios de cooperação com a Unión Industrial Ar-

AICEP em Jacarta

A AICEP abriu um Escritó-rio em Jacarta (Indonésia) que terá como principais funções a identificação de oportunidades de negócio no mercado indonésio, bem como o apoio às empresas portuguesas que mostrem interesse por este país, que tem uma localização es-tratégica numa região do globo menos atingida pela crise mundial e que regista 16 por cento das trocas co-merciais mundiais.A Indonésia é a maior eco-nomia do Sudeste asiático, quatro vezes maior que as Filipinas, três vezes maior que a Malásia e duas ve-zes maior que a Tailândia, perspectivando-se um cres-cimento económico na or-dem dos 7 por cento nos próximos dois anos.

gentina e a Agencia Nacional de Desarrollo de Inversiones-ProsperAR, visando desenvol-ver instrumentos que permitam potenciar negócios entre os dois países. Em estreita colaboração com as referidas entidades e o Banco de la Nación Argentina ficou prevista a realização de uma missão institucional ar-gentina a Portugal em Setembro.

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EMPRESAS

Portugalglobal // Julho 10 // 45

A Ábaco Consultores foi criada no Por-to, em 2004, e desde aí, todos os anos que se seguiram até ao presente foram marcados por grandes conquistas. Em 2005, primeiro projecto internacional, ganho na Galiza, na área da Moda. Em 2006, um grande impulso no cres-cimento no mercado nacional com a responsabilidade concedida pela Cotesi para implementar os seus sistemas de informação. Em 2007, a Ábaco torna-se VAR da SAP e muda a sua abordagem comercial para a especialização em sec-tores de negócio. Em 2008, alcança o estatuto Gold na sua relação com a SAP. Em 2009, atinge o estatuto de PME Lí-der, ultrapassa os 50 recursos e ganha um dos mais emblemáticos projectos a decorrer em Portugal, o Porto de Lei-xões. E, em 2010, investe decisivamente nos mercados externos, onde se destaca a aposta na abertura de uma sucursal em S. Paulo, a Ábaco Brasil, e redobra a atenção sobre o mercado angolano.

No último ano, o volume de negócios ultrapassou os 3,7 milhões de euros. A

Ábaco fideliza clientesUma aposta nas parcerias e nos investimentos conjuntos com os clientes confere à Ábaco Consultores um lugar destacado no panorama das empresas portuguesas dedicadas à implementação de sistemas de informação SAP. Uma unidade tecnológica que cresce sem parar desde o ano da sua fundação e que se orgulha de nunca ter perdido um cliente.

empresa prevê chegar aos 4,5 milhões de euros no final de 2010, dos quais 20 por cento oriundos dos mercados externos.

Fernando Lopes, director geral da Ába-co, fala da Galiza como “um mercado natural face à nossa situação geográfi-ca, onde estivemos desde o início e que foi o ponto de partida inevitável da nos-sa internacionalização”. Depois disso, a acompanhar os principais clientes nos mercados externos, a Ábaco já desen-volveu a sua actividade em França, Ho-landa, Bélgica, Alemanha, Dinamarca, Reino Unido, Suíça e Itália. E, embora de forma mais ocasional, mas sempre a acompanhar a internacionalização dos mesmos clientes, nos Estados Unidos, Polónia, Turquia e Egipto.

Quanto à inovação, Fernando Lopes, sublinha que a Ábaco inovou em duas áreas fundamentais: “nos processos, porque a forma de implementar os nossos projectos, embora seguindo as ‘guidelines’ recomendadas internacio-nalmente, são adaptados à realidade de

Portugal; na I&D, através da investiga-ção de novas ferramentas e sua aplica-ção prática, em particular as nossas so-luções de mobilidade, cuja flexibilidade e rapidez de implementação permitem pequenos projectos com sucesso e total satisfação dos nossos clientes”.

Muito centrada nos clientes, disponí-vel para lhes propor projectos inova-dores e de baixo risco e também com capacidade para investir com eles – o que, segundo Fernando Lopes, “é uma característica diferenciadora que joga a nosso favor” –, a Ábaco prepara-se também para apostar em força no mer-cado angolano, através da participação em projectos com parceiros locais e com especial incidência nos sectores de retalho alimentar e automóvel.

Com o enfoque na internacionalização, cuja estratégia será o pano de fundo da actividade da empresa nos próximos dois anos, a Ábaco também não vai descurar o mercado interno onde tem como ambição crescer a um ritmo não muito diferente da média actual que é de 56 por cento ao ano.

Neste momento, a Ábaco está a iniciar um processo de certificação de qualida-de ISO 9001, cuja conclusão está previs-ta para Janeiro de 2011, e que visa nor-malizar alguns dos processos de “back office” e de negócio da empresa.

Ábaco ConsultoresVAR3F, SA

Rua Calouste Gulbenkian, 52, P3 E84050-144 PortoTel.: +351 226 007 678

[email protected]

www.abaco-consultores.com

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EMPRESAS

// Julho 10 // Portugalglobal46

Design e engenharia de produto, moldes e prototipagem rápida, tecnologias de informação e soluções médicas – quatro actividades apoiadas em rigor na gestão e solidez financeira, que levaram as 12 empresas do grupo Vangest, criado em 1986, a um crescimento sustentado e a garantir um volume de negócios anual de cerca de 22 milhões de euros, 90 por cen-to dos quais na exportação. A indústria automóvel é o grande cliente do grupo, sendo responsável por 75 por cento dos números atingidos nos mercados exter-nos, onde avultam a Espanha, a Ingla-terra, o Benelux, a Alemanha, o Brasil, a Rússia, o Irão e os Estados Unidos.

Colocar a I&D como centro de gravidade do seu gabinete de engenharia fez do gupo Vangest um líder tecnológico com intervenções em domínios tão exigentes como as indústrias automóvel, aeronáutica ou médica. Uma aposta empresarial de sucesso que passa pelo grande desafio de optimizar, nos próximos anos, duas novas fábricas de grande expressão tecnológica.

Vangest ENGENHARIA PORTUGUESA NO TOPO

O grupo viu a luz do dia em 1986, cria-do desde logo para os negócios fora do país – na altura nem sequer havia clien-

tes em Portugal para os seus produtos – e, na actualidade, até os chamados emergentes, como a Rússia ou o Irão, são destinos consolidados.

Por detrás dos números que confirmam o sucesso do grupo, está a endogeneização das novas tecnologias e práticas de I&D, através de um gabinete constituído por quatro elementos permanentes e outros quatro de apoio, coordenado pelo admi-nistrador Victor Oliveira. Segundo as suas palavras, “este gabinete suporta todas as acções relativas à certificação nas normas NP 4457 de I&D, e este investimento na certificação tem o objectivo de dinamizar,

“Por detrás dos números que confirmam o sucesso do grupo, está a endogeneização das novas tecnologias e práticas de I&D, através de um gabinete constituído por quatro elementos permanentes e outros quatro de apoio.”

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EMPRESAS

Portugalglobal // Julho 10 // 47

VangestEdifício VangestP.O. Box 199Estrada de Leiria, 2102431-967 Marinha GrandeTel.: +351 244 575 700

[email protected]

www.vangest.com

sistematizar e reforçar os níveis de partici-pação e endogeneização inerentes”.

No interior do grupo exemplos ex-pressivos de boas práticas de I&D não faltam. Em curso está o fabrico de um equipamento protótipo de produção de próteses bio-compatíveis (BIOMAS), o desenvolvimento de uma plataforma informática de orçamentação de mol-des (QuickQuote) e um conjunto de actividades no âmbito das técnicas de maquinação avançada para compo-nentes de grande dimensão e pequena espessura (peças esbeltas), para o sec-tor aeronáutico.

Para além destes exemplos de preo-cupação com as questões que se prendem com a qualidade, também o aumento da capacidade de produção levou o grupo Vangest a investir num grande desafio para os próximos dois anos: a optimização de duas novas uni-dades de produção, a MPTOOL e a DT2 Rapid Manufacturing Center.

A primeira pode considerar-se uma das mais avançadas unidades de pro-dução de moldes de grande dimensão da Península Ibérica e conta com equi-pamentos de alta performance e flexi-bilidade. A diferenciação desta sofis-ticada unidade de produção permitirá

A segunda é bem representativa da cultura de inovação do grupo, pois é o primeiro Centro de Produção Rápida da Europa a integrar tecnologias tão diferentes quanto complementares, entre as quais se destaca a estereopli-tografia, a produção de moldes RIM e em silicone, a digitalização laser, a fotometria e a maquinação de alta ve-locidade, estando também prevista a produção de compósitos. Trata-se da recriação do conceito de produção orientado para os mercados de peque-nas séries, diferente do conceito tradi-cional de produção industrial, desen-volvido pelo grupo nos últimos anos.

Para Victor Oliveira, “as capacidades tecnológicas adquiridas, os índices de modernidade, a flexibilidade e operacio-nalidade dos novos ‘layouts’ fabris e tam-bém os mercados para que se orientam, consolidarão o grupo Vangest como um dos principais ‘players’ europeus”.

“A produção de moldes até 35 toneladas passa a ser possível no seio do grupo com prazos de execução muito competitivos e elevados níveis de qualidade.”

atingir consideráveis níveis de compe-

titividade que assentam também num

complexo sistema de Gestão de In-

formação (PLM) e é liderada por uma

equipa muito experiente. A produção

de moldes até 35 toneladas passa a

ser possível no seio do grupo com pra-

zos de execução muito competitivos e

elevados níveis de qualidade.

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EMPRESAS

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Acessórios em plásticos para canalizações com aplicações na construção civil, nas obras públicas, na agricultura e na indús-tria em geral constituem o universo pro-dutivo da Plimat. Sedeada e nascida na Marinha Grande, como outras empresas da região, resultante da experiência acu-mulada dos seus mentores, Joaquim Ma-tos e Arnaldo Matos, fundadores da Mol-de Matos, SA, um dos ícones da indústria portuguesa na fabricação de moldes em aço para a indústria de plásticos.

A Plimat aparece fruto do know-how dos seus fundadores, mas também da sua experiência nos mercados e da sua convicção na existência de uma oportunidade de negócio para a produção especializada de acessórios para canalizações.

Como muitas outras empresas, a Plimat, SA, nasceu na Marinha Grande do tradicional sector de moldes para plásticos. No seu caso, é o fabrico de uma gama variadíssima de acessórios para canalizações em PVC, PP e ABS e para um leque enorme de mercados, a projectá-la como uma grande especialista neste tipo de produtos.

ACESSóRIOS EM PVC PROJECTAM Plimat

Actualmente, a exportação é responsável por cerca de 70 por cento da facturação da empresa, com uma implantação gra-dual nos mercados da União Europeia, na Europa de Leste, na Ásia, na América do Sul e Central, em África e também em alguns países árabes. A exportação, sublinha Joaquim Matos, “tem acompa-nhado o nosso crescimento global, que por sua vez, está baseado numa política estratégica centrada na investigação e no desenvolvimento da qualidade”. Quanto à inovação, o administrador da Plimat, reconhece que “esse é um domínio em que estamos muito limitados, porque os nossos produtos são regulamenta-dos segundo normas internacionais, o que não nos permite grande margem de manobra”. No entanto, acrescenta: “pro-curamos sempre introduzir alguma mais

“(...) a exportação é responsável por cerca de 70 por cento da facturação da empresa, com uma implantação gradual nos mercados da União Europeia, na Europa de Leste, em África e também em alguns países árabes.”

Desde a primeira hora, diz Joaquim Ma-

tos “a nossa grande meta foi enfrentar

a concorrência dos acessórios em ferro

galvanizado com um catálogo vasto e

com sinergias entre os vários produtos

para dessa forma enfrentarmos os mer-

cados interno e externo”.

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EMPRESAS

Portugalglobal // Julho 10 // 49

PLIMATPlásticos Industriais Matos, SA

R. da Alemanha, Lote 35Apartado 592431-959 Marinha GrandeTel.: +351 244 572 323

[email protected]

www.plimat.pt

valia, um sinal Plimat, em cada peça que

lançamos nos mercados, e isso é muitas

vezes um factor de diferenciação que

joga a nosso favor”.

Em Março de 2003, a Plimat certificou o

seu sistema de gestão da qualidade, se-

gundo a norma NP EN ISO 9001:2000

e em 2009 actualizou-o para responder

aos requisitos da norma de referência NP EN ISO 9001:2008.

Para o futuro, a empresa quer continu-ar a crescer de forma sustentada, am-pliar a gama de produtos – em especial no que respeita a grandes diâmetros – elevar o grau de automação em diver-sos sectores e ser cada vez mais eficaz em termos de entregas.

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OpiniãO

// Julho 10 // Portugalglobal50

na sua última abordagem à temática da qualidade, o editorial da “portugal-global” referia o aumento do nível de exigência dos clientes fruto da globa-lização dos mercados, não surpreen-dendo que o mercado da certificação

CERTIFICAÇÂO É UMA MAIS-VALIA NO ACESSO A NOVOS MERCADOS>Por Francisco Barroca, Director Geral Da certiF

estivesse em crescimento e que esta fosse cada vez mais reconhecida como um valor acrescentado.

Sendo a certificação, por definição, a ga-rantia dada por uma entidade indepen-

dente – o organismo certificador – de que o produto, o serviço, o processo ou o sistema estão em conformidade com nor-mas ou especificações técnicas, estamos perante um instrumento de referência para quem produz e para quem compra.

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OpiniãO

Portugalglobal // Julho 10 // 51

“Portugal, embora a um ritmo menor do que seria desejável, tem respondido ao desafio e os agentes económicos têm entendido as vantagens internas em implementar sistemas de gestão da qualidade, e a necessidade de o evidenciar ao mercado.”

As normas iSO 9001, com o sucesso que alcançaram, deram uma grande visibilidade ao conceito de certificação, mais concretamente da certificação do sistema de gestão da qualidade das organizações, vulgarmente referida como a “certificação da empresa”.

portugal, embora a um ritmo menor do que seria desejável, tem respondido ao desafio e os agentes económicos têm entendido as vantagens internas em implementar sistemas de gestão da qualidade, e a necessidade de o evi-denciar ao mercado.

certiF R. José Afonso, 9-E 2810-237 Almada portugal Tel.: +351 212 586 940 Fax: +351 212 586 959

[email protected]

www.certif.pt/

Mas, se a certificação do sistema de gestão é uma evidência da organização da empresa, a certificação do produto é aquela que permite fazer a diferença no mercado e a que é hoje pedida em mercados mais exigentes.

Os nossos fabricantes sabem que, ao nível europeu, os maiores constrangi-mentos à exportação não advêm de requisitos legais mas sim de exigências que o próprio mercado impõe.

Essas exigências referem-se, habitual-mente, ao cumprimento de requisitos técnicos, definidos nas normas, sendo a certificação do produto a melhor for-ma de evidenciar esse cumprimento.

Há, com efeito, um vasto leque de pro-dutos que é hoje impossível colocar no mercado europeu sem que estes osten-tem uma marca de conformidade, mos-trando assim que estão certificados. E é impossível não por imperativos legais mas por exigência dos seus clientes.

Mesmo em países onde ainda existem muitos regulamentos, começa hoje a ser prática a utilização do recurso à cer-tificação como forma de demonstrar o cumprimento da lei.

Em muitos mercados a certificação do

produto é a mais valia que o fabricante

necessita para chegar ao seu cliente,

que valoriza a existência de uma marca

de conformidade no produto.

A CERTiF, além de conceder a sua mar-

ca CERTiF – produto Certificado, dis-

ponibiliza aos seus clientes as marcas

europeias HAR, para cabos eléctricos,

e EnEC para luminárias, equipamen-

tos para as Ti e electrodomésticos,

bem como os certificados internacio-

nais CB-Scheme.

para além destas marcas, a CERTiF

pode oferecer aos seus clientes o aces-

so a marcas de conformidade de outros

países através de acordos de reconheci-

mento. Cabe aqui salientar os acordos

estabelecidos com o Brasil e que per-

mitem obter mais facilmente a certifi-

cação dos seus produtos.

A CERTiF – Associação para a Certifica-

ção é um organismo nacional, acredita-

do pelo ipAC para a certificação de pro-

dutos, serviços e sistemas de gestão, e

tem clientes em mais de vinte países

espalhados pelos vários continentes.

Membro dos Acordos Europeus e in-

ternacionais na área eléctrica é igual-

mente membro da “Eurocer-building”,

onde detêm a presidência.

Mas a área de maior visibilidade inter-

nacional da CERTiF é a certificação de

colectores e sistemas solares térmicos,

sendo o segundo maior organismo de

certificação europeu a conceder a “so-

larkeymark”. Está, neste momento, em

preparação a actuação na certificação

de painéis fotovoltaicos, com a entrada

nos acordos internacionais.

A certificação do produto é, por isso, um instrumento que está quer ao ser-viço do fabricante, que assim evidên-cia a conformidade com os requisitos técnicos definidos nas normas, quer do utilizador ou consumidor final, porque tem uma garantia acrescida desse cumprimento.

Page 52: 2010.07 Portugalglobal 25

// Julho 10 // Portugalglobal52

COSECNo âmbito de apólices individuais

Políticas de cobertura para mercados de destino das exportações portuguesas

aNálise de risco - país

África do Sul* C aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

AngolaC caso a caso numa base restritiva.

M/L Garantia soberana. limite total de responsabilidades.

Antilhas Holandesas C aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Arábia Saudita C carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).M/L caso a caso.

ArgéliaC sector público: aberta sem res-

trições. sector privado: eventual exigência de carta de crédito irrevogável.

M/L em princípio, exigência de garan-tia bancária ou garantia soberana.

Argentina T caso a caso.

BareinC aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

BenimC caso a caso, numa base muito

restritiva.M/L caso a caso, numa base muito

restritiva, e com exigência de garantia soberana ou bancária.

Brasil* C aberta sem condições restritivas.

M/L clientes soberanos: aberta sem condições restritivas. outros clien-tes públicos e privados: aberta, caso a caso, com eventual exigência de garantia soberana ou bancária.

Bulgária C carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Cabo Verde C aberta sem condições restritivas.

M/L eventual exigência de garantia bancária ou de garantia soberana (decisão casuística).

Camarões T caso a caso, numa base muito

restritiva.

Cazaquistão Temporariamente fora de cobertura.

Chile C aberta sem restrições.

M/L clientes públicos: aberta sem condições restritivas. clientes pri-vados: em princípio, aberta sem condições restritivas. eventual exigência de garantia bancária numa base casuística.

China* C aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

Chipre C aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Colômbia C carta de crédito irrevogável.

M/L caso a caso, numa base restritiva.

Coreia do Sul C aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Costa do Marfim C caso a caso, com eventual

exigência de garantia bancária ou de garantia soberana. extensão de prazo constitutivo de sinistro para 12 meses.

M/L exigência de garantia bancária ou de garantia soberana. extensão do prazo constitutivo de sinistro de 3 para 12 meses.

Costa Rica C aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

CroáciaC carta de crédito irrevogável ou

garantia bancária. extensão do prazo constitutivo de sinistro para 12 meses. redução da percen-tagem de cobertura para 90 por cento. limite por operação.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana. extensão do prazo constitutivo de sinistro para 12 meses. redução da percentagem de cobertura para 90 por cento. limite por operação.

Cuba T Fora de cobertura.

Egipto C carta de crédito irrevogável

M/L caso a caso.

Emirados Árabes Unidos C aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

EslováquiaC carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).M/L Não definida.

Eslovénia C aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

Estónia C aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

EtiópiaC carta de crédito irrevogável.

M/L caso a caso numa base muito restritiva.

Filipinas C aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

GanaC caso a caso numa base muito

restritiva.

M/L Fora de cobertura.

GeórgiaC caso a caso numa base restritiva,

privilegiando-se operações de pequeno montante.

M/L caso a caso, numa base muito restritiva e com a exigência de contra garantias.

Guiné-Bissau T Fora de cobertura.

Guiné Equatorial C caso a caso, numa base restritiva.

M/L clientes públicos e soberanos: caso a caso, mediante análise das garantias oferecidas, desig-nadamente contrapartidas do petróleo. clientes privados: caso a caso, numa base muito restri-tiva, condicionada a eventuais contrapartidas (garantia de banco comercial aceite pela cosec ou contrapartidas do petróleo).

Hong-Kong C aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Hungria C aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

Iémen C caso a caso, numa base restritiva.

M/L caso a caso, numa base muito restritiva.

Índia C aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

Indonésia C caso a caso, com eventual

exigência de carta de crédito irre-vogável ou garantia bancária.

M/L caso a caso, com eventual exi-gência de garantia bancária ou garantia soberana.

Irão C carta de crédito irrevogável ou

garantia bancária.

M/L Garantia soberana.

Iraque T Fora de cobertura.

Israel C carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).

M/L caso a caso, numa base restritiva.

Jordânia C caso a caso.

M/L caso a caso, numa base restritiva.

Koweit C aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

Letónia C carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária.

Líbano C clientes públicos: caso a caso

numa base muito restritiva. clientes privados: carta de crédito irrevogável ou garantia bancária.

M/L clientes públicos: fora de cober-tura. clientes privados: caso a caso numa base muito restritiva.

Líbia C aberta, com eventual exigência

de carta de crédito irrevogável.M/L aberta, com garantia bancária,

soberana ou outra considerada adequada.

Lituânia C carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária.

Macau C aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Malásia C aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Malawi C caso a caso, numa base restritiva.

M/L clientes públicos: fora de co-bertura, excepto para operações de interesse nacional. clientes privados: análise casuística, numa base muito restritiva.

Malta C aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Marrocos* C aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Martinica C aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

México* C aberta sem restrições.

M/L em princípio aberta sem restrições. a eventual exigência de garantia bancária, para clientes privados, será decidida casuisticamente.

Moçambique C caso a caso, numa base restritiva

(eventualmente com a exigência de carta de crédito irrevogável, garan-tia bancária emitida por um banco aceite pela cosec e aumento do prazo constitutivo de sinistro).

Page 53: 2010.07 Portugalglobal 25

Portugalglobal // Julho 10 // 53

Políticas de cobertura para mercados de destino das exportações portuguesas

No âmbito de apólices globaisNa apólice individual está em causa a cobertura de uma única transação para um determinado mercado, enquanto a apólice global cobre todas as transações em todos os países para onde o empresário exporta os seus produtos ou serviços.

as apólices globais são aplicáveis às empresas que vendem bens de consumo e intermédio, cujas transações envolvem créditos de curto prazo (média 60-90 dias), não excedendo um ano, e que se repetem com alguma frequência.

Tendo em conta a dispersão do risco neste tipo de apólices, a política de cobertura é casuística e, em geral, mais flexível do que a indicada para as transações no âmbito das apólices individuais. encontram-se também fora de cobertura cuba, Guiné-Bissau, iraque e s. Tomé e príncipe.

COSEC companhia de seguro de créditos, s. a.direcção internacional

avenida da república, 581069-057 lisboaTel.: +351 217 913 832 Fax: +351 217 913 839

aNálise de risco - país

[email protected] www.cosec.pt

M/L aumento do prazo constitutivo de sinistro. sector privado: caso a caso numa base muito restritiva. operações relativas a projectos geradores de divisas e/ou que admitam a afectação prioritária de receitas ao pagamento dos créditos garantidos, terão uma ponderação positiva na análise do risco; sector público: caso a caso numa base muito restritiva.

Montenegro C caso a caso, numa base restritiva,

privilegiando-se operações de pequeno montante.

M/L caso a caso, com exigência de ga-rantia soberana ou bancária, para operações de pequeno montante.

Nigéria C caso a caso, numa base restritiva

(designadamente em termos de alargamento do prazo consti-tutivo de sinistro e exigência de garantia bancária).

M/L caso a caso, numa base muito restritiva, condicionado a eventuais garantias (bancárias ou contraparti-das do petróleo) e ao alargamento do prazo contitutivo de sinistro.

Oman C aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão ca-suística).

Panamá C aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Paquistão Temporariamente fora de cobertura.

Paraguai C carta de crédito irrevogável.

M/L caso a caso, numa base restritiva.

Peru C aberta sem condições restritivas.

M/L clientes soberanos: aberta sem condições restritivas. clientes públicos e privados: aberta, caso a caso, com eventual exigência de garantia soberana ou bancária.

Polónia* C aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

Qatar C aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

Quénia C carta de crédito irrevogável.

M/L caso a caso, numa base restritiva.

República Checa C aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão ca-suística).

República Dominicana C aberta caso a caso, com eventual

exigência de carta de crédito irrevo-gável ou garantia bancária emitida por um banco aceite pela cosec.

M/L aberta caso a caso com exigência de garantia soberana (emitida pela secretaria de Finanzas ou pelo Ban-co central) ou garantia bancária.

Roménia C exigência de carta de crédito

irrevogável (decisão casuística).M/L exigência de garantia bancária

ou garantia soberana (decisão casuística).

Rússia C sector público: aberta sem restri-

ções. sector privado: caso a caso.M/L sector público: aberta sem restri-

ções, com eventual exigência de garantia bancária ou garantia sobe-rana. sector privado: caso a caso.

S. Tomé e Príncipe T Fora de cobertura.

Senegal C em princípio, exigência de

garantia bancária emitida por um banco aceite pela cosec e eventual alargamento do prazo constitutivo de sinistro.

M/L eventual alargamento do prazo constitutivo de sinistro. sector público: caso a caso, com exigên-cia de garantia de pagamento e transferência emitida pela autori-dade Monetária (Bceao); sector privado: exigência de garantia bancária ou garantia emitida pela autoridade Monetária (preferência a projectos que permitam a alocação prioritária dos cash-flows ao reembolso do crédito).

Sérvia C caso a caso, numa base restritiva,

privilegiando-se operações de pequeno montante.

M/L caso a caso, com exigência de garantia soberana ou bancária, para operações de pequeno montante.

Singapura C aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Síria T caso a caso, numa base muito

restritiva.

Suazilândia C carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Tailândia C carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).M/L Não definida.

Taiwan C aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Tanzânia T caso a caso, numa base muito

restritiva.

Tunísia* C aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

Turquia C carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Ucrânia C clientes públicos: eventual

exigência de garantia soberana. clientes privados: eventual exigência de carta de crédito irrevogável.

M/L clientes públicos: eventual exigência de garantia soberana. clientes privados: eventual exi-gência de garantia bancária.

para todas as operações, o prazo constitutivo de sinistro é definido caso a caso.

Uganda C caso a caso, numa base muito

restritiva.M/L Fora de cobertura.

Uruguai C carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).M/L Não definida.

Venezuela C clientes públicos: aberta caso

a caso com eventual exigência de garantia de transferência ou soberana. clientes privados: aberta caso a caso com eventual exigência de carta de crédito irrevogável e/ou garantia de transferência.

M/L aberta caso a caso com exigência de garantia soberana.

Zâmbia C caso a caso, numa base muito

restritiva.M/L Fora de cobertura.

ZimbabweC caso a caso, numa base muito

restritiva.M/L Fora de cobertura.

Advertência:

A lista e as políticas de cobertura são indicativas e podem ser alteradas sempre que se justifique. Os países que constam da lista são os mais representativos em termos de consultas e responsabilidades assumidas. Todas as operações são objecto de análise e decisão específicas.

Legenda:

C curto prazo

M/L Médio / longo prazo

T Todos os prazos

* Mercado prioritário.

Page 54: 2010.07 Portugalglobal 25

// Julho 10 // Portugalglobal54

a portugalglobal e a cosec apresentam-lhe uma Tabela clas-sificativa de países com a graduação dos mercados em função do seu risco de crédito, ou seja, consoante a probabilidade de cumprimento das suas obrigações externas, a curto, a médio e a longo prazos. existem sete grupos de risco (de 1 a 7), corres-

pondendo o grupo 1 à menor probabilidade de incumprimento e o grupo 7 à maior.as categorias de risco assim definidas são a base da avaliação do risco país, da definição das condições de cobertura e das taxas de prémio aplicáveis.

Tabela classificativa de paísesPara efeitos de Seguro de Crédito à exportação

Grupo 1* Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7

alemanhaandorraaustráliaáustriaBélgicacanadácheca, rep.chiprecoreia do suldinamarcaeslováquiaeslovéniaespanhaeUaFinlândiaFrançaGréciaHolandaHong-KongirlandaislândiaitáliaJapãoliechtensteinluxemburgoMaltaMónacoNoruegaNova Zelândiaportugalreino Unidosão MarinosingapurasuéciasuiçaTaiwanVaticano

arábia sauditaBruneichilechina •GibraltarKoweitMacauMalásiaomanpolónia •QatarTrind. e Tobago

áfrica do sul •argéliaBahamasBarbadosBareinBotswanaBrasil •costa ricadep/ter austr.b

dep/ter din.c

dep/ter esp.d

dep/ter eUae

dep/ter Fra.f

dep/ter N. Z.g

dep/ter rUh

eaUa

ilhas MarshallíndiaisraelMarrocos •MauríciasMéxico •MicronésiaNamíbiapalaupanamáperuTailândiaTunísia •

aruba •Bulgáriacolômbia egipto el salvadorestónia FidjiFilipinasHungria •indonésialituâniaroméniarússia TurquiaUruguai

antilhas Holand. •azerbeijãocabo Verdecazaquistãocroáciadominicana, rep.GuatemalaJordânialesotoletóniaMacedóniapapua–Nova Guinéparaguais. Vic. e Gren.santa lúciaVietname

albâniaangolaant. e BarbudaarméniaBangladeshBelizeBeninButãocamarõescambojacomores djiboutidominicaGabãoGanaGeórgiaHondurasirãoJamaicaKiribatilíbiaMadagáscarMaliMoçambiqueMongóliaMontenegroNauruNigériaQuéniasamoa oc.senegalsérvia síriasri lankasuazilândiaTanzâniaTurquemenistãoTuvaluUgandaUzbequistãoVanuatuZâmbia

afeganistãoargentinaBielorussiaBolíviaBósnia e HerzegovinaBurkina FasoBurundicampucheacent. af, rep.chadecongocongo, rep. dem.coreia do Nortec. do Marfimcuba • equadoreritreiaetiópiaGâmbiaGrenadaGuianaGuiné equatorialGuiné, rep. daGuiné-Bissau • Haitiiemeniraque •laoslíbanolibériaMalawiMaldivasMauritâniaMoldávia MyanmarNepal NicaráguaNíger paquistão

Quirguistãoruandas. crist. e Neviss. Tomé e príncipe •salomão seicheles serra leoa somália sudão suriname TadzequistãoTogo Tonga UcrâniaVenezuelaZimbabué

Fonte: COSEC - Companhia de Seguro de Créditos, S.A.* País pertencente ao grupo 0 da classificação risco-país da OCDE. Não é aplicável o sistema de prémios mínimos, à excepção do Chipre, Hong-Kong e Taiwan.

• Mercado de diversificação de oportunidades • País com restrições orçamentais ou falta de vontade de pagar por parte do governo

• Fora de cobertura • Fora de cobertura, excepto operações de relevante interesse nacional

a) Abu Dhabi, Dubai, Fujairah, Ras Al Khaimah, Sharjah, Um Al Quaiwain e Ajma b) Ilhas Norfolk c) Ilhas Faroe e Gronelândiad) Ceuta e Melilha e) Samoa, Guam, Marianas, Ilhas Virgens e Porto Rico

f) Guiana Francesa, Guadalupe, Martinica, Reunião, S. Pedro e Miquelon, Polinésia Francesa, Mayotte, Nova Caledónia, Wallis e Futuna

g) Ilhas Cook e Tokelau, Ilhas Niveh) Anguilla, Bermudas, Ilhas Virgens, Cayman, Falkland, Pitcairn, Monserrat, Sta.

Helena, Ascensão, Tristão da Cunha, Turks e Caicos

NOTAS

COSECTaBela classiFicaTiVa de países

Page 56: 2010.07 Portugalglobal 25

esTaTísTicas

// Julho 10 // Portugalglobal56

INVESTIMENTO DIRECTO DO EXTERIOR EM PORTUGAL 2007 2008 2009 Var.

09/082009

Jan./Abr.2010

Jan./Abr.Var. 10/09Jan./Abr.

IDE bruto 32.634 35.287 31.843 -9,8% 10.773 10.998 2,1%

IDE desinvestimento 30.396 32.103 29.776 -7,2% 8.919 9.676 8,5%

IDE líquido 2.238 3.185 2.067 -35,1% 1.855 1.322 -28,7%

IDE Intra UE 29.672 31.690 28.250 -10,9% 9.450 8.561 -9,4%

IDE Extra UE 2.961 3.597 3.593 -0,1% 1.323 2.437 84,2%

Unidade: Milhões de euros

IDE Intra UE 90,9% 89,8% 88,7% – 87,7% 77,8% –

IDE Extra UE 9,1% 10,2% 11,3% – 12,3% 22,2% –

% Total IDE bruto

iNVesTiMeNTo direcTo coM o eXTerior

IDPE bruto - Destinos 2010 Jan./Abr. % Total Var. 10/09 IDPE bruto - Sector 2010 Jan./Abr. % Total Var. 10/09

Espanha 18,0% -42,6% Activ. Imobiliárias; Out. Serviços 58,6% -37,9%

Brasil 12,4% 72,0% Activ. Financeiras 16,5% 26,1%

PALOP 5,8% -53,5% Comércio 11,7% 82,7%

EUA 3,2% -20,5% Ind. Transformadora 5,7% -38,7%

Reino Unido 1,7% -0,2% Construção 4,0% -68,7%

>priNcipais dados de iNVesTiMeNTo (ide e idpe) e eXporTações.

INVESTIMENTO e EXPORTAçõES

IDE bruto - Origens 2010 Jan. / Abr. % Total Var. 10/09 IDE bruto - Sector 2010 Jan. / Abr. % Total Var. 10/09

Alemanha 17,5% 41,8% Comércio 38,2% 4,8%

Brasil 16,3% 1.068,2% Activ. Imobiliárias; Out. Serviços 31,6% 30,2%

França 16,1% -12,9% Ind. Transformadora 18,4% -14,3%

Reino Unido 15,0% -2,6% Actividades Financeiras 6,9% 9,1%

Espanha 13,1% -8,0% Transportes; Comunicações 2,3% -27,7%

2005 2006 2007 2008 2009 2010 Mar. Var. 10/09

Stock IDE 53.691 67.169 78.333 71.833 77.240 78.574 1,7%

Stock IDPE 35.573 40.990 45.944 45.273 46.679 47.990 2,8%

Unidade: Milhões de euros Fonte: Banco de Portugal

INVESTIMENTO DIRECTO DE PORTUGAL NO EXTERIOR 2007 2008 2009 Var.

09/082009

Jan./Abr.2010

Jan./Abr.Var. 10/09Jan./Abr.

IDPE bruto 14.835 11.376 7.961 -30,0% 2.344 1.674 -28,6%

IDPE desinvestimento 10.822 9.505 7.030 -26,0% 1.638 1.386 -15,3%

IDPE líquido 4.013 1.872 931 -50,2% 707 288 -59,3%

IDPE Intra UE 10.203 8.380 4.995 -40,4% 1.584 1.100 -30,5%

IDPE Extra UE 4.632 2.996 2.966 -1,0% 761 574 -24,5%

Unidade: Milhões de euros

IDPE Intra UE 68,8% 73,7% 62,7% – 67,6% 65,7% –

IDPE Extra UE 31,2% 26,3% 37,3% – 32,4% 34,3% –

% Total IDPE bruto

Page 57: 2010.07 Portugalglobal 25

esTaTísTicas

Portugalglobal // Julho 10 // 57

eXporTações de BeNs e serViços

COMÉRCIO INTERNACIONAL - BENS 2008 2009Var.

09/082009

Jan. / Abr.2010

Jan. / Abr.Var. 10/09Jan. / Abr.

Var. 10/09 Jan. / Mai.E

Exportações bens 38.950 31.648 -18,7% 10.062 11.534 14,6% 14,7%

Exportações bens UE27 29.007 23.874 -17,8% 7.694 8.717 13,3% 13,5%

Exportações bens Extra UE27 9.943 7.814 -21,4% 2.368 2.817 19,0% 18,7%

Unidade: Milhões de euros E - Estimativa

Exportações bens UE27 74,5% 75,3% – 76,5% 75,6% – –

Exportações bens Extra UE27 25,5% 24,7% – 23,5% 24,4% – –

Unidade: % do total

Exp. Bens - Clientes 2010 Jan. / Abr. % Total Var. 10/09 Exp. Bens - Var. Valor (10/09) Meur Cont. p. p.

Espanha 27,1% 15,4% Espanha 416 4,1

Alemanha 12,9% 7,6% EUA 154 1,5

França 12,4% 8,9% França 117 1,2

Reino Unido 5,5% 18,9% Holanda 107 1,1

Angola 5,0% -23,5% Alemanha 105 1,0

Itália 3,9% 9,0% Angola -178 -1,8

EUA 3,9% 52,6% Singapura -40 -0,4

Exp. Bens - Produtos 2010 Jan. / Abr. % Total Var. 10/09 Exp. Bens - Var. Valor (10/09) Meur Cont. p. p.

Máquinas; Aparelhos 15,5% 6,3% Combustíveis Minerais 491 4,9

Veículos, Out. Mat. Transporte 12,3% 17,2% Veículos, Out. Mat. Transporte 208 2,1

Metais Comuns 8,1% 17,1% Plásticos, Borracha 197 2,0

Combustíveis Minerais 7,2% 145,7% Vestuário -31 -0,3

Plásticos, Borracha 6,9% 32,9% Alimentares -22 -0,2

COMÉRCIO INTERNACIONAL - SERVIçOS 2007 2008 2009 Var. 09/08

2009 Jan./Abr.

2010 Jan./Abr.

Var. 10/09Jan./abr.

Exportações totais de serviços 16.961 17.865 16.294 -8,8% 4.779 4.865 1,8%

Exportações serviços UE27 12.939 13.324 11.995 -10,0% 3.427 3.444 0,5%

Exportações serviços extra UE27 4.022 4.541 4.299 -5,3% 1.352 1.421 5,1%

Unidade: Milhões de euros

Exportações serviços UE27 76,3% 74,6% 73.6% – 71,7% 70,8% –

Exportações serviços extra UE27 23,7% 25,4% 26,4% – 28,3% 29,2% –

Unidade: % do totalFonte: Banco de Portugal

PREVISõES 2010 : 2011 (tvh real %) 2009 2010 1T FMI CE OCDE MFAP BdP

iNe iNe abr. 10 Mai. 10 Mai. 10 Mar. 10 Jul. 10

PIB -2,6 1,8 0,3 : 0,7 0,5 : 0,7 1,0 : 0,8 0,7 : 0,9 0,9 : 0,2

Exportações Bens e Serviços -11,8 8,5 1,3 : 3,2 3,8 : 4,4 5,3 : 5,3 3,5 : 4,1 5,2 : 3,7

Exp. Bens- Extra UE 10 (Jan./Mai.) % Total Var. 10/09 Exp. Bens - Var. Valor (10/09) Meur Cont. p. p.

Angola 20,7% -22,1% EUA 153 5,1

EUA 14,9% 40,7% Gibraltar 101 3,4

Brasil 4,3% 75,8% México 83 2,8

México 4,0% 143,8% Angola -209 -7,0

Suiça 3,8% 11,4% Singapura -39 -1,3

Meur - Milhões de euros Cont. - Contributo para o crescimento das exportações p.p. - Pontos percentuaisFonte: INE

Page 58: 2010.07 Portugalglobal 25

// Julho 10 // Portugalglobal58

Feiras e eVeNTos

Messe FrankFurT apresenTou prinCipais Feiras no oporTo show

a Messe Frankfurt participou no even-to The oporto show que decorreu de 24 a 30 de Junho de 2010, na alfânde-ga do porto. o stand, que foi desenha-do e concebido pelo designer Marco sousa santos, atraiu empresas das mais diversas áreas, arquitectos, designers e decoradores de interiores.

cristina Motta, directora da represen-tação da Messe Frankfurt para portu-gal, considerou esta participação um sucesso: “a nossa feira teve a possibi-lidade de dar a conhecer algumas das mais importantes feiras internacionais no sector da decoração, bem como os prémios que distinguem o melhor ‘de-

sign’, como o prestigiado Design Plus, e os diversos concursos que habitual-mente se realizam no âmbito das feiras Ambiente e Tendence”.

o Talents mereceu especial atenção por parte dos designers presentes no de-sign Manifesto, uma vez que oferece a possibilidade a jovens designers de concorrerem a uma participação gra-tuita nas principais feiras em Frankfurt.

Designers e arquitectos detiveram-se com particular atenção na Material Vi-sion, feira bienal dedicada a materiais inovadores, no âmbito da qual também é atribuído o prémio design plus.

No final de Junho, mais de meia cen-tena de empresas portuguesas dos sectores mobiliário, têxtil e cosmética apresentaram em luanda as suas no-vidades ao mercado angolano. depois da aposta e do sucesso do ano anterior, a protagonista do momento foi a ex-port Home angola – casa, Mobiliário, Hotelaria, iluminação e decoração (2ª edição), que teve a funcionar parale-lamente a expocosmética angola e a Mostra Têxtil – From portugal.

Às empresas portuguesas juntaram-se 15 firmas angolanas que, durante a se-mana de 24 a 30 de Junho, mostraram centenas de propostas para viver com estilo e glamour. Tripartido, o evento distribuiu-se por 5.000 metros quadra-dos de área e foi o resultado de uma parceria entre a exponor – Feira inter-nacional do porto e a Fil – Feira inter-nacional de luanda.

parceira da empreitada foi também a associação selectiva Moda (dinamiza-dora em portugal da Modtíssimo), que promoveu durante os quatro dias do certame uma mostra têxtil, com vários produtores portugueses. registaram-se cerca de 5.000 visitas.

angoLa: MobiLiário porTuguês eM aLTa

as empresas portuguesas interessadas no mercado asiático puderam esclarecer dúvidas relativamente às participações nacionais na interior lifestyle Tokyo e na interior lifestyle china, esta última a realizar-se em outubro em Xangai.

a Messe Frankfurt organiza mais de 90 feiras em todo o mundo, cuja divulga-ção e promoção em portugal está car-go da Kamotta representações lda.

[email protected]

segundo José carlos coutinho, direc-tor-geral da exponor, “o acontecimen-to providencia uma boa amostra das capacidades dos três sectores portu-gueses representados e representa também mais uma importante etapa no reforço da internacionalização das empresas lusas”.

dados de um estudo recente desen-volvido pelo Gabinete de estudos da associação empresarial de portugal (www.interdecoração.exponor.pt) reve-lam precisamente a vocação exporta-dora das empresas portuguesas e as potencialidades do mercado angolano, no contexto da indústria da fabricação de vidro e de produtos cerâmicos.

No referido documento, destaca-se o facto do mercado angolano ser o se-gundo parceiro de portugal mais im-portante fora do espaço europeu.www.exponor.pt

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Feiras e eVeNTos

Portugalglobal // Julho 10 // 59

FEMOPSalão de Máquinas e Equipamentos para Obras Públicas

local: Batalhadata: 7 a 10 de outubro de 2010organização: exposalãowww.exposalao.pt

CERANORCasa, Hotelaria, Decoração e Brinde

local: portodata: 1 a 5 de setembro de 2010organização: exponorwww.exponor.pt

SILSalão Imobiliário de Portugal

divididos por várias categorias, a 2ª edi-ção dos prémios Nacionais do imobiliário distinguirão os melhores do imobiliário em portugal. o objectivo passa por reco-nhecer e premiar profissionais, empresas, entidades e projectos que se destacaram pela sua competência, qualidade e ino-vação. a entrega destes prémios será um

o certame irá decorrer no grande cen-

tro de exposições de casablanca – Offi-

ce dês Foires et Expositions de Casa-

blanca – num espaço de 10.000 m2 e

contará com cerca de 200 expositores.

a exposalão irá promover o mediatismo

do evento através de uma forte campa-

nha de divulgação junto dos meios de

comunicação marroquinos: publicidade

numa rede nacional de outdoors, spots

nas principais rádios, imprensa escrita,

convites personalizados e internet.

as empresas interessadas em recolher

informação sobre o certame devem

contactar a exposalão.

local: casablanca (Marrocos)

data: 29 de setembro a 2 de outubro

de 2010

organização: exposalãowww.portugalexpo.com

dos momentos altos do sil – 2010 – salão imobiliário de portugal.local: lisboadata 21 a 24 de outubro de 2010organização: Filwww.imobiliario.fil.pt

ARTE LISBOA 2010Feira de Arte contemporânea

local: lisboadata: 24 a 28 de Novembro de 2010organização: Filwww.artelisboa.fil.pt

FEIRA EXPOSALãO NO ESTRANGEIROapós o sucesso da 1ª edição no último ano, a exposalão regressa a casablanca para promover a Feira portugal expo. esta é uma feira multisectorial de carác-ter profissional, onde marcarão presença empresas nacionais que pretendam ex-pandir os seus negócios para o Marro-cos, mercado de comprovada importân-cia para a nossa economia.

Feiras eM porTugaL

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// Julho 10 // Portugalglobal60

REDE EXTERNA DA AICEP

Centro de negócios

escritórios

representações

áFriCa Do suL / Joanesburgo

China, repÚbLiCa popuLar Da / Pequim

Coreia Do suL / Seul

DinaMarCa / Copenhaga

eMiraDos árabes uniDos / Dubai

S. Francisco

Toronto

Cidade do México

Nova Iorque

Copenhaga

Berlim

Haia

Bruxelas

Dublin

Londres

Paris

Milão

Vigo

Barcelona

Praia

Rabat

São Paulo

Santiago do ChileBuenos Aires

Argel

60

Madrid

Mérida

brasiL / São Paulo

bÉLgiCa / Bruxelas

áusTria / Viena

argenTina / Buenos Aires

argÉLia / Argel

angoLa / Luanda

aLeManha / Berlim

Cabo VerDe / Praia

CanaDá / Toronto

ChiLe / Santiago do Chile

China, repÚbLiCa popuLar Da / Xangai

Caracas

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Portugalglobal // Julho 10 // 61

espanha / Madrid

espanha / Barcelona

esTaDos uniDos Da aMÉriCa

/ Nova Iorque

esTaDos uniDos Da aMÉriCa

/ S. Francisco

FinLÂnDia / Helsínquia

FranÇa / Paris

hoLanDa / Haia

hungria / Budapeste

ÍnDia, repÚbLiCa Da / Nova Deli

irLanDa / Dublin

iTáLia / Milão

JapÃo / Tóquio

MaCau / Macau

MarroCos / Rabat

MÉXiCo / Cidade do México

MoÇaMbiQue / Maputo

noruega / Oslo

poLÓnia / Varsóvia

reino uniDo / Londres

repÚbLiCa CheCa / Praga

roMÉnia / Bucareste

rÚssia / Moscovo

singapura / singapura

suÉCia / Estocolmo

suÍÇa / Zurique

TunÍsia / Tunes

TurQuia / Ancara

Luanda

Maputo

Joanesburgo

Tunes

Oslo Helsínquia

Estocolmo

Zurique Moscovo

Varsóvia

Praga

Budapeste

Viena

Bucareste

Ancara

Dubai

Pequim

Nova DeliXangai

SeulTóquio

Macau

Singapura

61

espanha / Mérida

espanha / Vigo

Atenas

grÉCia/ Atenas

VeneZueLa / Caracas

Tripoli

LÍbia / Tripoli

Istambul

TurQuia / Istambul

Kuala Lumpur

MALÁSIA/ Kuala Lumpur

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84 ideias práticas para dinamizar o ta-lento é o tema deste livro, que se desti-na a estimular e a animar o cérebro dos leitores, de modo a tornar o cérebro mais criativo e eficiente. extraordina-riamente prático, abre novos caminhos para alcançar o sucesso pessoal, mas também, pela via do conceito inovador, o sucesso das empresas.escrito em tom directo, franco e sim-ples, pensa, é grátis, é “uma massa-gem permanente para os neurónios”, pois todos sem excepção, possuímos um imenso talento adormecido que muitas vezes não valorizamos nem uti-lizamos, mas que pode ser potenciado com enormes benefícios para a gestão

autores: Joaquín Lorente

editor: Planeta

ano: 2009

BooKMarKs

este é um livro que fala sobre o que signi-fica a mudança climática para a sua em-presa, uma gestão sem excessos e amiga do ambiente e sobre como proteger o seu negócio para o futuro. ou seja: é o livro indicado para tornar uma empresa “ver-de” seja qual for a sua escala e é também um guia para eco-negócios, bastante detalhado e com um número de consi-derações pertinentes e de pistas práticas. a economia “verde” é uma economia de nicho, mas cada vez com mais expansão, tendo a sustentabilidade natural, social e empresarial como objectivo. como enfa-

pensa, É gráTis

tiza o autor, “os negócios ‘verdes’, antes periféricos, estão-se a tornar progressiva-mente grandes negócios”.Na realidade, segundo o autor, o “verde” não tem apenas a ver com o ambiente. representa uma nova forma de olhar os negócios, nomeadamente ao nível da micro-escala (poupança e eficiência dos recursos da habitação e da empresa), seja das economias nacionais, regionais e mu-nicipais. “Este não é um vago sonho eco-lógico”, sublinha o autor, “é um caminho que está a ser trilhado pelas melhores empresas mundiais, sejam elas de gran-de ou pequena dimensão”. Na realidade, esta obra contém informação e conheci-mento, grandes ideias, tornando-as mais simples, concisas, práticas e lucrativas. Gil Friend, o autor, fundador, presidente e ceo da Natural logic, inc., é um pensa-dor de renome na área dos chamados ne-gócios sustentáveis, com cerca de quatro décadas de experiência. escreveu mais de uma centena de artigos e contribui com capítulos para diversas obras. anima um blog de sustentabilidade estratégica: http://blogs.natlogic.com/friend/ .este volume integra um conjunto de obras essenciais que fazem parte da Biblioteca Gestão sem segredos publi-cadas por este editor.

autor: Gil Friend

editor: CentroAtlântico.pt

ano: 2009

o segreDo Das eMpresas susTenTáVeis

de empresas, marcas e negócios. Joaquín lorente (Barcelona, 1943) é um dos melhores publicitários do mun-do, sendo o paradigma de uma vida pioneira e inovadora na evolução da criatividade e da comunicação. pelo seu extenso trabalho criativo recebeu mais de uma centena de prémios, ten-do criado várias marcas de renome (en-tre elas a osborne, allianz, dodot e a evax) e assessorou decisores políticos (como Filipe González e Jordi pujol).

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