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52 ARC OlVO PITTOR ESCO 405 Alfonso Domingues MOSTEIRO DE SANTA MARIA DA VICTOIUA DA BATALII.\ (GIJnclusão. Vid. pag. 393) XV PfüNCIPAES ARTISTAS EMPREGADOS CONSTRUCÇÃO DO MOS'I'Ell\O Depois de te rmos tratado do edifi c io mo11umental da Batalba, não co m a miude za que o assumpto re- queria para que se pozessc bem cm relêvo todos os seus prímorcs, nem com os juiws e cons ídtraçõcs m•cessarias ao esclarecimento das diversas queses de arte que lhes di7. em respeito; mas do modo qu e 11 os foi possível, e cm aos limites c l' cstc jor- nal; resta - nos agora consignar aqui os nonws dos priu cipaes artistas que c onco rr eram para a cdificaçfto do monumento. Se nos cont e11tassemos de fazer uma sim pl es rese- nha d'esscs nomes, mui fa ci l nos sería a tar efa, po is que o patriarcha O. Fran ci sco de S. Luiz colligiu- os 11a sua já cilada memoria bistorica, depoi s de ter investi gado com \'e rdadeiro z<llo <' cuidado o r ea l ar- chirn da Torre do Tombo e o ca rt orio do n•spertivo mosteiro ; e adduziu úccrca d'cll cs algumas noti cias int cressa ntC's. Jlat< como o nosso de ·ejo no· lc,·a mais longe, e por caminhos escu ssimos, diffi ci l se nos torna a empreza. O que n'cste assumpto muito co nviuha, e onde fol - garíamos de chegar, se poclcssemos, t•ra designar a parle que tcre cada um dos artistas n'esse glori oso traLa l bo. Sem essa desi gnação nun ca se podcrú jul- gar co mpl eta a hi :;toria do mo11ume111 0. por mai s ha - bilitado e compelente qu e srja o escriptor que hou- n•r de a traça r. J11íc•lizme11t t', é este o capi tul o mais esc uro e mystcrioso d'aqut>l la historia. Reconheceu esta coovenien cia o sabio auctor da reft'ri da memoria hi st orica, esforçando-se por lançar alguma luz 11a ques lfio. Porém as tr e1 1 as que a cn- vo l viam não er am d'aqu ellas que se des\'ancccm fa- cilmente. L ogo ao entrar na matcria se apresenta a VIII I SGã maior diffi c uldad e d'ella, e a que mais importaria ven- cer para Lonra e cr('di to de Portugal. Alludimos á questão de quem foi o primeiro arcbitecto do mos- teiro da Batalha. Esta é que é a questão que mai s interessa o no:; so orgulho de naç ão civilisada, e que mais aproveita á historia da architectura portugueza; pois que o monumento de O. •J oão 1 é a obra de ar• chitectúra mais ltomogcnca e completa, e de maior primor e perfeição que até boje se tem construido cm o nosso paiz; se ndo ao mesmo tempo reputada entre os eslra11hos co mo um dos mai s perfeitos exemp lares da arte gothi ca existent es na Europa. Ap<'sar rle todas as invcs tigaçõ('s que se tem feito, não se tem enco ntrado documento al gum contC'mpo- raneo qu e declare o nome do architccto que delineou tão maravilhosa fabrica. Todavia , a tradi çflo passada de pa<'s a filh os e acceite por varios escriptores an- tigos, diz que esse emi nente arcbitc<'lO se chamava. A J/onso D omingues . O que se !iabe p ositivamente, porqu e consta de clocumeutos officia cs, é que este ar- cbit ecto dirigiu as obras nos primeiros annos da fun- daçt10 ; qu e era fall cc ido <'m 140 Z: e que nflo apparecc clorumento que fall e de outro archit ecto do edificio cm todo o período de 16 annos de andam<'nlo dos traha- lb os, desde o co meço d'cstes, cm 1386 ou Si, alé á data de 1402. É muito para admirar, não d( •vemos nt'ga l-o , que bou"esse n'aquclla epoc ha cm Portugal urn arti sta Uio eonsumrnado como o que fez o ri sco do monumento, achando-se a archilectura entre antes da rxecução d'esla oli ra, em C'stado que, se nfto era de grande atra- 7.0, tambcm não se lbe podcchamar de adiantament o; cm um estado, pe lo meu os, que ne11buma memoria ou dorume11to nos auctorisa pa ra o ronsiderarm os como cschola, d'ondc podesse sa ir um artista tão compl eto. Todavia , se ('slas co ns irlcraçõ<' s pod em servir de rundamC' nt o para re cusar, a AIT onso Do mingues a glo - ria da in\'enção do desenho, mo hello (' C'ngenhoso, lambem devcrfto servir para o julgar incapaz de diri- gi r a conslru ão de s irni lhan tc fabri ca; pois é tal, que forçosamt'ntc demandaria para esse serviço um &2

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52 ARCOlVO PITTORESCO 405

Alfonso Domingues

MOSTEIRO DE SANTA MARIA DA VICTOIUA VIJLGARME~TE CHA~lADO DA BATALII.\

(GIJnclusão. Vid. pag. 393)

XV

PfüNCIPAES ARTISTAS EMPREGADOS NÃ CONSTRUCÇÃO DO MOS'I'E ll\O

Depois de termos tratado do edificio mo11umental da Batalba, não com a miudeza que o assumpto re­queria para que se pozessc bem cm relêvo todos os seus prímorcs, nem com os juiws e consídt•raçõcs m•cessarias ao esclarecimento das diversas questões de arte que lhes di7.em respeito; mas do modo que 11os foi possível, e cm atten~flo aos limites cl'cstc jor­nal; resta-nos agora consignar aqui os nonws dos priucipaes artistas que concorreram para a cdificaçfto do monumento.

Se nos conte11tassemos de fazer uma simples rese­nha d'esscs nomes, mui facil nos sería a tarefa, pois que o patriarcha O. Francisco de S. Luiz colligiu-os 11a sua já cilada memoria bistorica, depois de ter investigado com \'erdadeiro z<llo <' cuidado o real ar­chirn da Torre do Tombo e o ca rtorio do n•spertivo mosteiro ; e adduziu úccrca d'cllcs algumas noticias intcressantC's. Jlat< como o nosso de ·ejo no· lc,·a mais longe, e por caminhos escuríssimos, diffici l se nos torna a empreza.

O que n'cste assumpto muito conviuha, e onde fol ­garíamos de chegar, se poclcssemos, t•ra designar a parle que tcre cada um dos artistas n'esse glorioso traLalbo. Sem essa designação nunca se podcrú jul­gar completa a hi:;toria do mo11ume1110. por mais ha­bilitado e compelente que srja o escriptor que hou­n•r de a traçar. J11íc•lizme11tt', é este o capi tulo mais escuro e mystcrioso d'aqut>lla historia.

Reconheceu esta cooveniencia o sabio auctor da reft'rida memoria historica, esforçando-se por lançar alguma luz 11a queslfio. Porém as tre11as que a cn­vol viam não eram d'aquellas que se des\'ancccm fa­cilmente. Logo ao entrar na matcria se apresenta a

To~ro VIII I SGã

maior difficuldade d'ella, e a que mais importaria ven­cer para Lonra e cr('dito de Portugal. Alludimos á questão de quem foi o primeiro arcbitecto do mos­teiro da Batalha. Esta é que é a questão que mais interessa o no:;so orgulho de nação civilisada, e que mais aproveita á historia da architectura portugueza; pois que o monumento de O. •João 1 é a obra de ar• chitectúra mais ltomogcnca e completa, e de maior primor e perfeição que até boje se tem construido cm o nosso paiz; sendo ao mesmo tempo reputada entre os eslra11hos como um dos mais perfeitos exemplares da arte gothica existentes na Europa.

Ap<'sar rle todas as invcstigaçõ('s que se tem feito, não se tem encontrado documento algum contC'mpo­raneo que declare o nome do architccto que delineou tão maravilhosa fabrica. Todavia, a tradiçflo passada de pa<'s a filhos e acceite por varios escriptores an­tigos, diz que esse eminente arcbitc<'lO se chamava. AJ/onso Domingues. O que se !iabe positivamente, porque consta de clocumeutos officiacs, é que este ar­cbitecto dirigiu as obras nos primeiros annos da fun­daçt10 ; que era fallccido <'m 140Z: e que nflo apparecc clorumento que falle de outro architecto do edificio cm todo o período de 16 annos de andam<'nlo dos traha­lbos, desde o começo d'cstes, cm 1386 ou Si, alé á data de 1402.

É muito para admirar, não d(•vemos nt'gal-o, que bou"esse n'aquclla epocha cm Portugal urn artista Uio eonsumrnado como o que fez o risco do monumento, achando-se a archilectura entre nó~, antes da rxecução d'esla olira, em C'stado que, se nfto era de grande atra-7.0, tambcm não se lbe podcrú chamar de adiantamento; cm um estado, pelo meuos, que ne11buma memoria ou dorume11to nos auctorisa para o ronsiderarmos como cschola, d'ondc podesse sair um artista tão completo.

Todavia, se ('slas consirlcraçõ<'s podem servir de rundamC'nto para recusar, a AITonso Domingues a glo­ria da in\'enção do desenho, mo hello (' C'ngenhoso, lambem devcrfto servir para o julgar incapaz de diri­gir a conslrucção de sirni lhantc fabrica; pois é tal, que forçosamt'ntc demandaria para esse serviço um

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406 ARCDIVO PITTORBSCO

arcbitecto de subido talento e de reconberida pratica. Entretanto, olferece-sc-no· uma dúvida , que, não Porém, como nr10 podêmos duviclar de que llie fosse podendo resolvei-a, a deixaremos aqui registada como commettida a execução e direcçfl o da obra, conclui- um simples reparo. A touca, especie de turbante em remos que nf10 dcre causar espauto que Lives:>e ca- volta da cabeça, como se v(l no referido busto, foi pacidade pura fazer a traça quPm soube dirigi l-a com moda estrangeira, introduzida em o nosso paiz, se­tarnanbo acêrlo e srienria. 1-wndo cremos, nos princípios do seculo xv, mas pos-

N'este raso l an~;\mos mão de uma conjcrtura, não teriormcntc ao anno de 1402. Perecc-uos quc a sua pc•la ueeessidadc ele sair do embaraço, mas porque introducçf10 coiucicliu com a de outras modas 110 ves­nos parece acceitavcl e muito plausi' el. \'em a ser, tuario, e com a dos motes cm fraorez de que u~aram que talvez AITonl'O Domingues tivesse saldo ela sua como divisa el-rei D. Joflo 1 e todos os seus fi lhog; patria ante:> da arclamação do mestre de Aviz, com modas e usos que nos vieram com o muiro traio que o intento de sr im;lru ir e aprrfriçoar na sua arte. leve com estrangeiros a corte d'estc soberano. Hrm sabemos que 11 'c:;sa epocha uflo erarn dados os Foi 11 'cstc reinado que ~e pri11ci1>iaram a inrrodu­arlistas, pPlo mr11os os nossos, a prornrar tacs meios zir, ou, prlo menos, c1ue se feíl maior impol'tação de de estudo. Enll'l'lanto, Lendo estado c111 Portugal, no modas e usos cstra11g<·iro~. sobre tudo fra nc·cz!'s . g rci11ado d<'l-r<'i O. FC' l'11ando, e com alguma deinora , c.l' i:;ro se qucixa,·am os alTciçoado::. a Ga:;t('lla, Jan­dois µrincipes iug l czc·~, o conde de Cambridge e um çaudo todos e:;sc:; csea11dalo:; e alfrontas a.os Lons scu irmão natural, fill1 ol' de Duart<' 111 , rei de ln- u~os e rostumcs do povo, tomo elles diziam, a cargo glalerra, pôde ser que Alfouso Domingues, levado pelo dc•l-rci e de• SC'u~ filhos, e principalmente• d'este:;, que amor da arr e ou por outro qua lqu«' r re~pe i t o, i;e rc- eram os primeiros a dar o exemplo u'e:;sas iuno­~o l vesse a acornpau ltar algum d'ellc•s na sua volra pa ra raçürs. a l11glatcrra, pair. classico da architl'ctura gotbica do Nas pessoas nobres caía-ll1cs da rouca, mais pare-g(111rro do da Buta lha. • cida com Lllll !'bapéo do qu<' com um rurhanr r, :;obre

Peua é qur cm 111a1eria de tanlo interr,.:~c scja mis- o hornliro urna µo ura que descia até a oaixo ela ci11-ll'r rcC"orrl'r a conjeC"luras: C"omtudo nf10 ~<' <IP\'em d«'s- tura, <' outras Vl'ze;; atr quasi aos pés ; a qual ora prrzar, môrmrutc• ~e ::flO adduzida:<, 11fto para funda- ckix;n·arn fluctua r ú nwn·ct do \'ento, ora pr<•ntliam mcnto, mas u11icamcntc• para corroborar outra:; razões, ua !'intura, ou lauçaram sohrr o bomhro, cní11tlo pal't t' ou para IJrocurur alguma explicaçf10 plau:;irel do que para as co5tas e a ourra parlC' ~obre o pei to. dC' si é Pscuro. No:; plc•hcus era a Louta, mais commumme111 0, do

Pol'lanto, rrn vi ~ ta do que deixamos rxpo~t o, crc- feitio quú 111ostra o •1·1'l1·ato. Todavia, aintla que' srja mos que foi Mfo 11110 Domingues o ard1il <'tto. 4ue Ira- ad111iuida eomo cc•1·1a rs ta nossa opini;"10, a introd uc­çou a plaota do lllOSl<' iro ela Barulha e dirigiu as ol.iras ~üo da moda fo i tüo pou1·0 posterior ú mortc de' Af­até á $Ua morte'. i\f10 se :-:ahe ao cc•rto o a11no cm que fon::;o Oomi ngurs, qur nfw ~e pôde all inn;n· qu<' el le íalleccu, mas cfpn•ria s1·r na e111rada do sc•rulo xv, nflo clll'ga:'i:"C a u~ar d.dla, e soLrC' tudo"'' ara~o via­porc1ur de um dorurnrnto cio anuo 1le 'J 't02 con~ta jou pelo P::trangciro, tomo nos inclinümos u crl'r, onde que já rra fal lC'ci1lo, l' ~ue fó ra sub:-:tituido 11a di reeçfw a n1oda era muiro mais anliga . da oura da Baral ha por mrstre ll uc·r , llugul'l, ou Uu · S1HT0deu a Aflo11so Dolllingut-s, ('01110 di:-;,emo:;, na "'U!'l, pois que o f'l'U nome se ucba esc·1·ip10 d'estes dif- clil't'l'~ilO da oli rn da Batalha mestre llugw:t on /Juet . fc•rr nres modos nos documentos que lhC' diz1•m r<'speiro. Da \'ida d'estc ar rista ai11ua ha menos no t i(' i a ~. pois

Nascru AITon"o Domi11gues na C"idadc de Li::hoa, e que aré se ignora qual rru o paiz da sua natu ralidade. foi bapl i"ado 11a 1•grcja da Magdalcna. E a isto se I ·\ julgar, pi rém, p0lo S<'ll appl'l liclo, podPrá dar-se-lhe 1·l'duzem todas ª" 11u1ic·ias que a hi,.loria arc-!1i,·ou de a França por patria. Tarnbcin 11üo ha C<'rtl'za tio anno um nrti:;ta tflo distincto, de um ard1itel"lo que l'rigiu <'lll que morr('u. Prcsunw o patriarcba D. Fra11cisco o monu11wnto, que• ap!'::ar elo corn·r do:; S«'culos e dos de S. Lui7. que srria ('111 1138, ou pouco an il':>. progre;:sos ela c·i,·ilisaçf10, é ainda hoje a ohra prima, S1•nc10 obras suas, corno cn1 e11dt•mos Cj lH' i.;flo, o o monument o po1· c•xrelle11cia c1111·e os mais sum- acabame1110 da egrrja, <la ca prlla do Fundador, ela !Jtuoso:; cdifi f'Í o:> de Porrugal. sur risri a, ela casa clu !'apilulo e cio rd cirorio, r grande

Altendrndo ao:> annos que Alfon::o Domingues e<;- parl e do claustro real, lwin merece o Ppith t•ro de di­re,•c á frcnre d'aqucl h•s tra.balho~, dc• \'l'l1lOs suppor g110 :;uc1·c:;:::or de 1\ lfo 11~0 üom ingues, 1wla gra11dc pe­que deixou a Pgr<·ja l'lll hastantC' adia11tancc·11to e ape- rida co111 que dirigiu tflo dillir·eis lrabalho::. nas conwçada a raprlla do Fumlad()r, sa!'l'i~tia, casa Foi e::te 111«'::1110 archirccro, cc•rramenll', qurm fpz do capirulo e clau,;tro rPal; 11ois c1u<' 11as. funda!;ües o ri:.:C"o primi riro e dru 11ri11cipio ás capl•lla · imp«'r­dos mo:>triros c• ra cMlume dar pri ncipio ao lll l'Smo fc•i ras, pois que el-rl'i D. Duart e', seu fundador, fa llc­trrnpo ús suas prinripaes oflici11as, embora !'C acti- ct•u 110 anuo de 1438, pouco depois de ter morrido vnssL'm mais os traba lhos cm uma que em onrra. n1c•s11·e ll uguet.

O retraio que adorna l'Sle nunwro do A1'chivo é ro- A ('Ste arlisla succrd<'u no nwsmo C"nrgo .llartim piado do IJu:;to esn1lµido rm pedra 11u<' si' 1·<! na casa l'osqw:s, que andava cinpn•µ:aclo nas ohras dc•sde o do capitulo, e do c1ua l fal lámos a pag. 275 . lcmpo dPl-rei D. Joflo 1. Ainda foi nomeado por carta

Tambem ni10 é ponto cabalnwntr ª '·criguacio que cl!'l-rc•i O. Duarte, poUC'OS mczes ante:> da sua morre. ,.~~" bu:;to rrprr!'entl' as f1•içüe:; clr AIIonso Domingues. ~;10 logrou por muitos annos o seu no,·o c•mprC'go, 8C'ntlo co11struida a maior parle da rn::;a do capitulo pois que jú nüo vivia cm 1148. Couli11uou a obra do depois da sua morl<', lia justo moti,·o d!' dúvida úcerca clausrro real, que nunca se concluiu , e que ao prc­do nome da prs:-:oa que o dito busto representa. (Jue :;Pnle SC' ll'iJla de acabar ; cl rsenhou e c·om<'çou a con­l' o rerrato cio ardiitrc·ro da obra niio se duvida, nem struC"çflo do segundo claustro, chamado de D. Anonso r, se póde duvidar, porqne Ili lbe esculpiram a esquad ria, por ser feito duranlc o rci11ado d'este sohrrano; e pro­hcm signifirativn di l' isa . Mas de qual dos dois arclii- segui u com a obrn elas caprllas imperfeitas <'lll con­trctos serc"1? De Affonso Dominguc~, que drlineou e deu form id;ide com o risco primitivo. A julgar <lo sru me­principio á casa, on dr mestre lluPt, que lhe succc- rc<"imento pela traça do s«'gundo c~au ·tro, é forçoso clc'u 110 cargo e <'XC'Cutou a parte principal da obra ? 1·onfc•f:sar que em talentos ficava mmto áqucm dos ar­Parece mais provavc·I c1ue fosse uma homenagem pl'PS· chitrctos que o precederam. tada ao artiRta jú fall cc·ido, que era o vrrdatleiro au- Teve por successor n'cstes trabalhos a seu sobri 11bo, ctor de toda aquclla estupenda fa brica. E esta opiniflo Fernâo d'Evorci, que dirigiu a continuaçfl o d'clles du­acha-se fortalPcida pela lraaiçao. Assim , forçoso é ac- rante a maior parte do reinado de D. Alfonso v, pois ccital-as na falta de documento que mais valba. t{Ue ainda vivia no anno de 1473. Concluiu o se-

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Al\CHIVO PITTOHESCO 407

gundo claustro e dormilorios e mais officí11as, que se levanlam por cima e em volla d't•lle. Es1e arcbiterlo não executou obra alguma impor1a111e de risco seu em que podesse mostrar a sua Liabilidade. Parece que se lhe seguiu .lfottheus Fernandes; se assim succedeu, não fez coisa uotaH' I até ao fim d'aquelle setulo.

Subindo ao thro110 el-r<'i O. )fanucl, e resolve11do acabar as cap<'llas imperícitas, encarn•gou dºcssa em­preza Mall licus Fernandes. Como S(' dcscmpe11hou d'ella já o sabem os nossos leitores. Alterou o risco primitivo, dando ao monumento de porte simples e SC\WO as fei­ÇÕPS l.iriucadas e cap1·ic1Josas da arch itecturn, que sym­bolisaq1 as felic·idadrs e glorias do reinado de D. Ma­uucl. lleleva11do-:;e-llle simiflrante dc•sar ato, era, sem dúvida, um an:hitl'CLO mui~o disti11cto. Em Ludo o que alli executou, priuci1>almcnlc nos dois porl icos, ex te­r ior e interior, deu e'·idc11trs pro,•a:: de s<•r u111 c11-ge11hoso int1·rprNc da arcbit<•ctura got.hico- ílorida. Foi elle lambem, certnnwnte, que fez os dcse11hos para a,; jancllas da n1::a do capitulo e outras obras de ornato

tuiam o ornamento de todas as vidraças, e ·eram o enlévo cios olhos.

,lfestt·e Guilherme de JJellés ou de Botleu, cujo no-me fümra cm docume11Jos de 1448, 1463 e 1473.

.l/e~lre Jo<io vivia nos fins d'esse seculo. ,l/estre Anlonio Taca fall1•ceu rei11anclo O. João m. Deveriam ser estes Ires artistai>, ao qu<' parece, que

exPrutaram a ol.ira das vidrnças da rgrt•ja e 1la ca­pdla do Fundador, e a das vidraças da casa do ca­pitulo em tPmpo d1>l-rei O. ,\lanuc•I.

A11to11io foca 2.0 e .l11to11io Taca 3.0, que se pre­

sume serem filho e neto do 1.0, e A111011i.o l'iei1'a, que

mo1Tcu prlos a1111os de 1659, discipu los da eschola alli crcada 1>0r mestres Guilherme e Jof10, foram em­prPgado:;, H'll1 dúvida, na olira da Batalha eomo re­paradores, pois que depois da morre dei-rei O. Nanurl nfto se f1•z mais obra alguma dºc:;te ge11ero, a não ser simple:-111ente reparações.

~I ESTllES DE All1'RS OU Of'FICIOS l'ÂO DES!Gl'AOOS

feitas 11u tnc•sma epo<'ha. .lhstre Conjati. Appar<.'C'C este 11ome <.'m docunll'O-Fallrccu ~l au b<'ufl Fcrnand('S a 1 O de abri 1 de 151 C>, !os ·de 14'28 a 141 :i.

flUC'C0 <'demlo-l he no ra rgo OUtl'O ardtiler to do Ol<':llllO .lft:stre .lfi!JUel- Jdem de 14 W. lJOnlt', qu<' RC prc,;ume srr· seu filho. Sob a dirc1·çüo .llestre /Jo11Laca ou Botara -J<lem de 1509 a 1519, d'e:;te Jlattheus Fenurndes 2.0 corrt•ram, prol'a11el11w11 - sc11do jit fa llccido em 1 ~28. t<.', as obra,; das rap('llas irnprríritas durante 0$ i:cis .llestre T/l omo:;; - I dem de 1512. annos que ai11da ri1·eu ('(-rei O. Manuel, pois crt'mos 1 ,l/estre Conrato- Jr/1:111 de 151'1. qlle progrediram <'Ili todo o seu rci11ado , e tl"e::ta 011i- 1 Apci;ar d\1quella falta LIP dcsi~11a~ão, rn•mos, illl<•n-niflo dérnos <'Ili outro logar os fundamento,;. Co11flla dt· d<.'11do ;'1s datas, ciuc cst<',; ci1tc·o artista:i lrabalharam um documc•1110 que ai11da t•ra me_çfre das obras da /Ja- 110 Pdilit-io da Batalba <"omo <'~culptorcs em IJl'dra, talha cm '1525, quarto a11110 do rei11ado de D. Jorro 111. 1 os dois p1·in1eiros na,; obras do monumento primitil'O, Fallecrria, tall'ez. c·111 1528, porque por alvarú do pri- <' os ultimo~ trc!l 11<15 c:apt•l las imperícita:< e 11ofl ou­mciro de ju11ho d'c•,;L(' anno nomeou <'1-r<-i O. Jof10 111 tros mclborame11to:; ou apc•1friçoamentoi;: emprehrudi­a ,\ 11 1011 io dr· ca~til lto por illt'Slrl'. das dita:; ohra~. 1 do,; por cl -1·ci D. ~la11 url, (' dos quaes dllmo:; noticia .

Foi A11to11io de Castilho, ao qnc parerr, o ard1i1c- ~h·:;lrc Bou ta1·a eru 1arnh1·n1 hahil archilecto. lkixou cio que co1111nt1lll'U a barbaridade de• fazt•r a tc·rTc•i ra proras do :wu talc1110 cm vúrias toustruq;ões gran­e 111ais rcpug11antc all<'raçfio no risco primiti\·o da~ j dio:-;a~ qu1• dPliueou e dirigiu. capL•llas impl't'Í<'ila!', e11xc·1·1à11do o e,;t ilo do rr11aRei- · . . o . ·. . ) IESTRES ut: ARTES Ol' on·1c1<1s OESIC:"<AJJOS 1'08 llOCt:ME:<ToS mL•1110 na urdttt"ctura got l11ro- or1da . .\ao íc•z o arlt!:lla esta affronla á arte e ao bom go~lo, porque 11flo fo:-;::e j Gil Ea11111•s, in1a;.dnador -14G:>. rapar. de lc·rnr a caho a obra como a 1)rojettúra .Mnt- Af/'cmso Lopes, iinagi11;1rio -15:l4 a 1555. thrus Fernandes. Ba:;Lam as construrçõe:: r111c dP~c- IJ1w1·te .lli:ndes, 1•11 t;ilhador - 1535. uhou e dirigiu no ronn'nto de Thomar, para lhe <'lita- 1 llc11riq11e France:;;, c11talhador - J 5:15. bt•it'c1•rern a l'ua rrpulação de L'Ximio ard1itcrlo n'<'lilie .fulio Gonçalves da Rua, entalhador - 1 :J36. <.'Sl ilo gothico- florido, que nas capcllas imperfeitas ,;a- P1To Toca. e111alhador - 154H a 1561. crificou ao amor ria uoridadc·. Fmncisco Tara, pintor -1566.

A11to11io dl' Casli lho foi o ulti1110 nrc:hiLN·to haliil j AI varo Mourq.to, pintor -15H~. rmpr<•gado nas olwa:-; da Batalha . . \ ,;das capclla,; i111- Chamal'a111 a11ti<>aincnlL' imaginador ou imaginario pcrf Pitas pararam de todo, s1·~undo julgfuno~. dt'haixo aos <•statuarios I' (•s1·ulpto1'e:; de or11ato em pedra. _\ da sua dir('c-çf10. O l'iaustro de O. Joüo 111, ~l' foi ri t'l- i c~ws ulti 1nos t.arnlirm ;is ,·ezc·s dc•sig11an1m co111 o cado por C'llt', nflo lhe faz honra. Quanto ao dormito- 110111t' de e11talhador; µor(•m e~t(' ler1110 era 111ais C"om­rio, linaria, enfermaria <' outras oflicinas tonstruida,; nn1m11H'11lc aprlinulo aos c~eulptorrs en1 madeira , co-no tempo e por ord<'lll d'aqucl lc soberano, 1·il'l'1'am mo ai11fla hoje se applira. 1. o& \º1LuF.:<A BAntJoijA.

por arrhitr•t lo, .lntonio Go11u·s, que 11ão se illustrou 1 por ct•rto, eoin simil l1ante obra. 1

COSTCjll~~ CTll :XS Continuou a prernrlwr-sc nos s<•guintcs rei11ad0s o

c-argo d(' m1·stre das obras ria Batalha, andando- lhe a11ncxo o usufrurto de uma ('a:;a para sua l1uhi1aç:lo na villa da llatalha, (' pro:-..irna ao 111os1eiro; poré111 a (.; geralmente sabido qur na China sr fazem con­sua lllÍS$ÜO 1wluzia-sc a ,·igiar pl'la eo1Bc1·vaçflo do 1 vi lt's corn i 1 1~ ta11cia , mas <·om o i11tuito de S('r<'rn 1'L'­mo1111nre11to. cusados : o que porre11lura acceitasse provaria mú cdu-

Q11anto aos outro:; arti :::Las que alli trahalharant , c;1çflo. ainda c•stamo::; menos habil ita ~los para indicu r as ohl'a:; 1 Coutam u11s mi:;$ionarios o segu inte facto nolavcl , que rada um executou. Todana, acompa11har<•mot: com que caraclt•l'Í$a os chins 1: algumas conjPrturas a rcgc1 1ha do~ s;eus nonw$ e otli - l " lfra por um dia de f<•sla. De,·iamos rclrhrar mis$a cios, c•xt1:ahida da memoria do palriarcha O. Fraucisrn na ca8a do principal calccltisla da povoaçflo, que ti nha de '. Lu1z: • . . . cxtl'lll'11le <"aJJella. O· r hril'tãos das l'º"ºª"ôes visi-

MF.~Tnt:s JJAS 'IDRACAS 1 . f . ~. 1 - n Hls al11 a l1111ram em grande numero. Drpo1s e a Cl' -

Ül'\'c-se <'ll tcnder por cst<' litulo, ou pelas qualifi - l 1·1·mo11ia religiosa, o dono da casa foi-se ao meio do caçô<'s de t'idr~ceiro e vi<freiro que appa1wc111 11os µatc·o e gritou aos <:liristf1os que ~u íum da capella: docum('ntos antigos, 0s arli:;tas que faziam aquc·lll's - • :\fio ~áia 11i11~ucm. Con vido hoje todos para ro­admil'l\veis quadros de viv íssimo colorido, reµrc~c11- 1 me1·c111 arroíl cm minha ca:;a. lando sccnas do velho e novo 'frstatn('11IO, e das ridas • 0Ppois dirigia-se ora a uns ora a ou1ros para O!" dos santos, armas, emlllemas e dirisas, que consti- 1 ~1. 11uc-•L"cmpire chinois.•

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408 ARCilIVO PITTOilESCO

obrigar a ficar; mas observámos que cada qual alle­gava as suas razões e não ficava. O douo da casa pa­recia desgostoso por este facto, quando notou que um de seus primos lambem ia sair; então dirigiu-se a elle, gritando-lhe:

- •Pois lambem tu, primo, te vaes? Não pôde ser. lloje é dia de festa, e por isso quero que fiques.

- •Não instes commigo; tenho que ir ter com a família para tratar de uns n<'gocios.

- •.Jloje é dia de descanço para todos; não ha ne­gocios! lfas de ficar, sim ; não te deixo.

•E ao mesmo tempo segurava-o pelas vestes e fa­zia esforços para couter o primo, que debalde pre­tendia demonstrar-lhe que os negocios não o deixa­vam livre.

-•Visto que nüo consigo que jautes com migo, be­bfimos juntos um copo de vinho.

•E os dois entraram em uma sa la. •Ü dono da casa ordenou cm YOZ alla. mas sem se

dirigir a p<'ssoa alguma, que frigi ssem ·dois ovos e aquecessem vinho. Em quanto o vinbo e os ovos nüo apparcciam, os dois conversaram e fumaram por ai· gum tempo, mas ninguem serviu o vinho. O primo, que tinha na verdade pressa, pergu11tou delicadamente se ainda tardariam mui to em apparecer com o vinho que111e. .

-•Vinho! - <'xclama o dono da casa - vinho! E o que não temos! Pois nüo sabes que não bl•bo vinho, porque me faz mal?

- •Devias entào deixar-me sair, porqu<> eu oão po· dia demorar-me.

A t>stas palavras o dono ela casa levantou-se, e, en· curando o primo com certa indignuçrio, diz-lbe:

- •Em que nu~ão vivl•s tu, drsC'ja,·a sabei-o? Te­nho a delicadeza de olTcrrcer-te vinho, e tu 11 f10 teus a de recu~ar ! Entre quem te educaste! Scguirús os exemplos dos Mongols ! TalvC'z ...

•Ü pobre primo comprl'h!'ndeu que nf10 linha pro­rrdido Jwm em acceitar; balbuciou algurnas palavras de desculpa, e, depois de ter accendiclo o cacbimbo, saíu.

•·Estavamos presentes a este singular rspec:tuculo. "Logo que o primo se partiu, uão podíomos deixar

ele rir com prazer; mas o do110 da ca8a nf10 ria: C's­ta ra muito serio e parecia indignado. P<'r~untou-nos ~e tiobamos jú visto bonu'm tão ridículo, tão gro~­seiro e tf10 fullo de intelli~encia, como S<'u primo; e recordou-nos o grande prmcipio d<' que um Lomern cortez deve sempre corrcspond('r aos uctos de delica­drza com cguars actos, e recusar gracio~amente o olTererimento do que tem a ciYilidaele de lh ·o faz<•r.

- •Se nào fõra isso, exclamou elle, como se pode­ria Yivcr!

•Üuvimol-o sem dar a no::sa opiniüo a favo r nC'rn contra, pois, em muitos casos, é dillicillimo ter uma regra certa e applicavel a todos, principalmente 110 que se refere aos costumes particulares dos povos. Fi­gurou-se-nos, todavia, que comprehcndemos a razão d·cste modo de entender a delicadeza: uns quer<'m t1'r a satisfaçfto ele se mostrnrcm g<'ncrosos, sem custo, para com todos; e os outros querem receber os convi­tes para tc·rem cgualmente o pra7.cr de recusai-os .... Mas como isto 6 na Cbina, não nos admiremos.•

CON TA~Trno {nE I DOS l"LOR ISTAS)

(Conclusão.Vid. png. 162)

Não adormentou Constantino á sombra dos laureis, por elle conquistados nos campos da lide onde as na­ções civilisadas fazem boje em dia o alardo das suas forças industriaes - as exposições. Xo,·os primores, es­pecies elesconbccidas na flora artificial, vieram realçar

e universalisar o renome da sua fabrica. Não havia armazem de moelas que não tivesse flores de Constan­tino, nem baile em que não se admirassem as grinal­das e ramos do artista portuguez.

Mas o excesso do trabalho ag~ra\'ou-lhe os antigos p~decimentos, com tanto risco ae vida, que a mcdi­crna lhe aconselbou os ares patrios. Quando se soube em Paris que a doença de Constantino o obrigava a ausentar-se de Fraoça, não lhe faltaram propostas para que elle trespassasse a fabrica. Sendo, porém, mui vantajosa a que lhe foi feita por Marchais freres, an­tigos floristas de Paris, Constantino accei tou-a, e logo depois regressou a Portugal.

Foi isto· cm 1854. Esteve algum tempo cm Lisboa e na sua província; mas, sentindo-se melhor, e de­st•jando ainda concorrer á exposição universal de Pa· ris, qun devia abrir-se em maio de 1855, Constantino voltou a Paris, e conseguiu que ainda por sua direc­çáo e cm seu nomt> se expozessem alli maravilhosos ramos de flores artificiaes.

E não só isso : foi elle o mais efficar. auxiliar que teve a commissüo portugueza enviada á exposição de Paris, como declara o sr. conde d'Avila, commissario rt-gio de Portugal, a pag. 10, t. 1 do relatorio di ri,; gido ao goYenno, por estas palavras: Foi auxil'iado lº sr. visconde de Villa Maior, vogal da como~issão) na collocação dos productos {portugu<'zesj pelo sr. Co11s­tanli110 José illarques, que se prestou da melhor von­tade a este trabalho. Dizendo mais a pag. 5 - que as flores que elle expo::era haviam excitado a admi­raçâo 9eral.

Encc·rrada a t'xposição, teve o nosso artista de lu­crar contra a fraude com que os cessionarios prrtN1· deran1 interpr<'lar uma das dausulas da renda da sua filbrica, que era prestar-se Constanti no nos primeiros annos a dar o seu conselho sobre alguns processos do fahrico das flores. Como C'lle se demorasse em Portuµul mais L<'mpo do que ~u1)punhu, por não es­tar ai11cla convaleticielo, propozcrnm-lhe os cessiona­rios uma acçf10 de pc1·das e elamnos, no valor de se­tenta mil francos, que, depois de st-r plriteada nos tribu11acs franCC7.CS, Co11stanti110 venceu a demanda, por~m foi rcsilido o contra to, voltando clle outra vez a possuir a !lua fabrica rm 18:>3.

Entrrgu<' de "º"º á grrencia "de um estabelecimento que ch•maudava tf10 as:;idua applicação, e~teve a ponto ele su('cumbi r ao aggravamen ro das sua::; molcsti a~, pelo que se retirou de todo á vida prh·uda, aliena11do definitil'ame11te a sua fabrica da rua d'Antin em Paris, que passou a outros pos8uidorcs, e ainda hoje goza da fama qu~ o nosso insigne compatriota adquiriu para tão mimosa i11<lu~tria.

Eis porque 11ão flguroJ.J Constantino na exposiçf10 do Porlo, onde naciona<'s e estrnnhos 1'Sp<'ravam en­contrar nova maraYilbas do seu talento artístico.

Co11stan1i110 nfio primaYa só por ser o rei dos ílo­ristas; a austeridade de seus costumes, a sua ge­nerosidade e beneflcencia, ti nham-1 be grangeado as sympathias da nação que o ado1>tára. ~a sua fabril:a admittia donz<'llas pobres, a quem dava <'ducação, e mu itas d'alli saíram já prendadus, e hoje estão na prosperidade. O arccbis1>0 de Paris foi por vezes Yi­sitar a fabrica de Constantino, e louvar o regímen mora l e religioso que alli se observava.

Antes ele se retirar de Paris, o piedoso artista man­dou celebrar, na egr<'ja da .\fagdal<'na, uma solenrne missa de acção de gra~as pelos bcneficios q~e a Pr:o­vid<'nria lbe concedl!ra durante a sua carreira art1s­tica cm França, assistindo a este acto os operarios d.e ambos os sexos empregados na sua fabrica, .e mm- . tos dos seus amigos, prégando n'csta solemmdadc o rev. padre Dcguerry, que hombreava então nas con­ferencias religiosas de Paris com Dupanl?UP! Lacor­daire, Ravignao, Grivel e Combalot, os pnme1.ros ora-

e E r

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ARCIDVO PITTORESCO 409

dores do pulpito fraocez. O padre Deguerry fez um eloqueote panegyrico dos meritos e do respeitavel ca­racter do artista portuguez, que mereceu honrosa com­memoraçào nos jornaes da capital d'aquelle irnperio.

Prescripções da medicina o retem ainda looge da patria, quebrantado do corpo e do espírito, e já na cdade de sessenta e quatro aonos, pela maior parte cortados de dorcs"pbysicas e moraes.

A terra da patria, a que cUe deu tanto reoomc, porque em todo o muodo foram admiradas as llores de Coostantino, o receberá ainda com as mesmas. ma· nifestaç-Oes com que outr'ora o festejou no auge dos seus triumphos artistiéos. A. oA Su.vA T u1.L10.

CALVARIO DE S. THEGO.NNECO

A Bretanha é uma das provincias dà França que tem conservado por mais tempo os seus antigos usos e costumes. As crenças populares, as festas, direrti-

meatos, trajos, em fim, o viver das gerações que se sumiram ha seculos na voragem da eternidade, ainda alli se eocontram a cada passo cm todo o seu vigor e pureza. E'ntretaoto, quem desejar ver com os seus olhos esses quadros que de dia para dia vão desap­pareccndo, e que em breve apenas poderão ser co­nhecidos pela leitura dos livros, deve apressar-se a visitar aquella proviocia, porque uão tardará que os caminhos de ferro, que jâ a atravessam, acabem com todas essas rcminiscencias do passado.

Todavia, r~star-lbe-bão muitos monumen1os em que esse viver ficou perfeitamente bem retratado, e entre elles alguns de muita originalidade, qur deixarão sa­lisfeita a curiosidade dos viajantes. Entre estes ulli­mos figuram os calvarias, mui singulares monumentos da piedade dos bretões.

O de mais nomeada em toda a Bretanha, pela sum­ptuosidade da fabrica, é o do Guimiliàu. Depois d'este, um dos mais celebres é o de S. Thegonneco, que se vê representado em a nossa gra\"ura.

Cuh·ario de S. Tliegonne<.'O

S. Thegonneco <: uma aldeia situada no departa­mento ou districlo de Finistcre, na antiga proviocia da Bretanha. Fica a 5 kilometros ao S.O. de Mor­lai x. e a 55 a N. O. da cidade e porto de Drest. Morlaix , que tão proxima está d'aqnclla aldeia, é uma cidade pequena e velha, tanto pela cdade, romo pelo seu aspecto. Chamam-lhe até a Nw·embe1·9 da Breia· nha, ou um museu de casas dos secu los xv e xvr. Actualmente tem ahi uma estação o cam inbo de ferro de Paris a Drest; o que equil•ale a dizer-se que d'a­qui a meia <luzia de annos a cidade de l\lorlaix estará remaçada, e tel-a-hflo despojado, provavelme11Lc, de todas essas velharias.

Quanto á aldeia de S. Tbegonneco, sómente é nota­vcl por dois monumentos religiosos: a egreja matriz, que podia servir de catbedral a múitas sédes episco· paes, e cujo orago dá o nome â povoação; e o cal vario, collocad? como cruzeiro em frenle da dita egreja, e a pouca distancia d'ella.

Foi construido nos principios do seculo xv11. Jesus C!lristo ahi está representado, como no Golgotba, cru­x 1ficado entre o horn e o mau ladrão. As cruzes estão collocadas sobre um pedestal quadri longo. A de Jesus Cbristo, que é muito mais alla, é decorada com va­rias estatuas. Sobre o pedcstaJ, junto ás bases das cru-

zes, véem-se outras estatuas, entre as quaes avulta a Virgem Maria com o Senhor morto nos braços.

.Kão se revela n'esta obra bom gosto artistico, nem ostenta grandt's primares de trabalbo; mas é muito curiosa e original. r. 011 Y1LnENA DAnnosA.

AS Tngs URNAS

TRAOJÇ.\0 ARAOE

Um dia o rei Nemrod mandou chamar os seus Ires filhos para que viessem á sua presença, e apresenlou­lbes Lres uruas fecbadas oas mãos de tres escravos; uma d'estas urnas era de oiro, a outra de ambar, e a ultima de barro. O rei disse ao primogeuito de seus lllhos qut escolhesse e111re as urnas a que lhe pare­cesse conter o thesouro de maior valor.

O primogenito escolheu a de oiro, na qual estava escripta a palavra imperio; abriu-a e enco11trou-a cheia de sangue.

O segundo tomou a urna de ambar, onde eslava inscriplo gloria; al>riu-a e encontrou-a cheia das cin­zas dos homens que tinham Lido grande renome no mundo.

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410 ARCillVO PITTORESCO

O terceiro tomou a urna que restava, e era a de barro ; abriu-a, e eucontrou-a vasia; mas no fundo lia­se um cios nomes do Deus.

-Qual cl'es·as urnas pesa maisf- perguntou o rei â sua corte.

Os ambiciosos responderam que era a urna de oiro; os porias o co11quis1adores, que era a urna de ambar; os sabio~, que l'l'U a urna vasia, porque uma só le­tra do nome dr ON1s valia mais que o globo da terra.

Lamartine, que rl'ferc esta tradição na sua lli$loria da Tw·r1nia, accrescenla:

•S<'guimos a opinifto cios sabios. Julgâmos que as coisas grand(•:-; só sno grandes pela divindade que en­C(•rram; e que quando o Al'bitro ::>upremo julgar a in­:\ignificancia da» 11ossas aC'ções, das 1103sas vaidades e das nossas glorias, só poderá glorilicar o seu nome.•

O QUE (~ A OBH. IGA(;Ã~

(CONTO POPULAíl )

(1!111"A(;ÀO)

(t:ouclusào. Vid. png. 385)

Ili

i\o dia segui11Le, Antonio preparou-se, com e(fcito, para se apresentar ao ~r. Gaspar da Silreira con~o promcltt1ra ao seu hr111ft•itor.

Chl'gando a 1·asa do s1·. Siln·ira \'iu que este o es-penl\·a C'Olll al1·wia, O que lhe ÍCZ agradavel impres'âO.

- Deseja enti10 1•mprl'gar·-se, .\ntonio? - :;l'l'Ú es~a a muior íelicidade para mim. - Pois sr é fclicidadr, proporcionar-lb'a-hei. O que

desejaria fazer? - O que ''· rxr. ordenar. O emprrgo, quer seja

peno~o. qurr humilde, hei de e).erccl-o sem córar e ho11radanH'nte.

- .\~radam-me a:; smi:; pala\'l'as. \'e aquellas ja­nclla=- que deitam sobre o terrado e correspo11dcm ú escada 11ri nri pai?

- YP.io, sim, sl'11ltor. - E preciso q1w v(•nha abril-as to<las as manhãs ús

oito horas em ponto , porque o porLl·iro fecha-as todas a:> llOÍtt'S.

- As oito horas da rnauhft cm ponto e~tarão aber­tas as jauclla:;, romo v. ext:. tlctcrmi11a. B que bei de fazt•r dl•poi>i? .

- Nada mais. I•: a ohrigaçflo unica que lhe impo­uho. E quanto dt·scja gan har por esse Sl'rviço?

- l·:s~c trahallto 11fto 111c1·rce rPcornpensa alguma. - ~lerccc, e eu (ltwro tlar-tll'a. Ganhará seiscentos

réis diarios. - Xf10 poss:;o aCC'l'itar rt•rompensa tamanha para

um trabalho que ·ni10 nwrcrc tal nome. - Ganhará o c1u1• lhr di~se, pois desejo pagar bem

aos qu<' me sir\'alll para qu(' t•:1t<•jam contentes. - ~luilo obrigado, nwu ::<'11hor. - l ·:~tú, portanto, ::atisfl'ito? - Poi,; 11fi6 lwi dl' e,;tar? Beijo as mãos de r. ex.e.

pela ft'liridade que nH' dú ! - Lrmbrc-sc de qut· a sua ourigatflO é •ir todos

o;; dias ús oito hora:-; cm po11to abrir aquellas janel­las, e depois razrr o que lhe apra?.a.

- Deus o alJl'nçoe ! ... - .\té ún1a11hf1, A11to11io. • - 1\lé áma11lti1, nwu i;cnhor ! A obrigação pa1'('('i:t um tanto <'stranha ao pohre

ma11cebo, pon!rn cllc t'l'~Oh' l't'<l-:lC a cumpril-a po11tual­me11tc. IV

No primeiro dia, A11to11io , que passúra a noite so­nhando com as jancllas, o despcrtára sobresaltado jul­gando que Linha já passado a hora de abril-as, levan-

to~·sc de madrugada, ás ~eis. horas apparereu ao por­teiro do sr. Gaspar da Silveira, ás sete e meia poz a mão nos fechos das jancllas, e abriu estas lôgo que soou a primeira badalada das oito.

'o segu11do dia, Antonio, que lambem sonhára com as jancllas, eml>Ora não acordasse pensando que pas­sara das horas, lcnintou-se ás S<'is; ás seis e meia chegou á escada pri nci pa 1; ás ser e e m<'ia aprox i. mou·se das vidraças, e al>riu-as ás oilo em ponto. ~o terceiro dia, Antonio, que jã não sonbára coni

as jan<'llas, h'va11tou-se <is sele horas; ás ~etc e meia dirigiu-se á escada; ao bater a µrinwira badalada da;; oito subi u dcsra11çada111cnte µara o !errado; e ao ba­ter a ultima cumpriu a sua obrigação.

No quarto dia, romo .\11tonio ganha seiscentos réi=­diarios, pódl' ir algumas vc?.cs ao theatro. Fôra, com clfoito, na vesp<'ra; e, romo se deitou mais larde, p<'­diu que o cbania~sern ás sete horas, reeeiando faltar á sua ohrigaçf10. O cl'iado chamou-o tres vezes; rna,; i1s sete e meia ai nda se não ti11 ha lernn tado. Torna o criado' a chamai-o; por('m Anto11io tinha muito som110 e 11flo i:e leva11tou. So;1 111 as oilo horas, e o criado

-adverte-o d'is::;o. A11 to11io h•van lou-se e11tf10 resmun ­gando, e C'Orreu para a . rscada. Ao dar a ui tinia ba­dalada das oito subiu tres a trt's os drgraus e abriu as jancllas.

O sr. Gaspar <la ~ilvcira, que o esperava de rclo­gio na n1f10, por d1•tra7. das co1·t inas de uma jauella fronteira, sorriu-se munnurando: - lkm dizià eu ao Joào ,\l\'aro!

~o qui11to dia, A111011io dirigiu-se il escada como uni raio, porque ti11ham jú soado as oito horas . .\hriu as ja­nellas, e o ro~to do H. Cas1>ar da 8ih·cira sorriu por dctraz das rorti11as da janella írontt'Íl'll.

:\o sexto dia, .\11tonio OU\'iu as oito horas no seu quarto, e quer ::;air; 11Hl$ de subito uma nu,·cm tol­da-lbe o e11trndimc11to, 1• cli?. para com"igo com aso­Lll'anccria de um heroe de romcdia: - A vilto a digni­dade de hornem tomando as c·oi::as tão a se1·io. Se nüo clwgar ús oito horas. ch<w1rei i1s oito e meia.

.\ntonio, d't•sta \'l'z, abriu as jancllas ús oito e mria. O rosto do s1·. Caspar da ' ilvrira, que nüo perdt1ra a sereuidadc nem a alegria, apparcce na jauella fro11-teira.

- A111onio, diz, dc'st'jO íallar-lhr. O ma11cebo olwd(•ccu tremc11do, e dirigiu-se ao

quarlo do sr. Si lveira, pc11:;ando que nào se descura­ria mais ela sua obrign~ão para que s. exc. nüo ti­vesse occasifio de n•prrltc11dl'l-o.

- Oual ó a sua obrigaçf10 dia ria, A11tonio? - .\brir as jalll•llas ús oito horas em ponto. - I~ trm-n'a C'umprido exactamentc? - 'im, meu !\c11bor. -Todos os dias? - ~os ultimos descuidei-me um tanto. - E por quê? - Porqul' h•11ho outras orcupaçõrs.. . . - ~üo rnr admira. Custa muito, n'este tempo, n-

rcr na capital, e o seu orch•nado é pequeno. De hoje cm <11an1c, cm \'e7. de scisecntos rris ga11barú oito· cc11to,;, e d'csh' modo ~ó lralar;i ele cumprir o que lhe encarreguei. Couto qul' 11f10 lornarú a descuidar-t'e da sua ohrigação: ús oito horas cm 1>0nto desejo ''er aberta,_ as ja11cllas do terrado.

- Perdôr-me ,:. exc. uma falt:i que é na verdade impcrdoa \'el. .. mas v. exc. é tfw bom e generoso para com migo ....

- Perdoo-lhe, sim; poróm seja mais cuidado;;o. .\ntonio saiu do quarto do sr. Gaspar qa Si lveira

cxclama11do: - OitOC'l' lllOs réis diarios !. .. E u111a boa sorte! Estou <'l'l'tO do 'que o sr. Silvei ra não tornari1 a. rcprebencler-me.

Como Antonio ganba oito tostões por dia entrou ~m mundo novo. Escolheu o melhor alfaiate, o sapateiro

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ARCHIVO PITTORESCO ~ 1 l

mais afamado e o chapeleiro de primeira ordem, e, por conseguinte, melhor sociedade, sociedade de ele­gantes.

Aotonio retirava-se já a hora ava~çada da noite, porque as passa''ª cm variados dh·ert1n1Pntos: ora no theatro; ora no ~l arrarc· ora 11a assembléa de tal, d'onde se fizera socio· or'a em l'asa de seu amigo Fu­lano, onde fôra aprcs~ntado prlo st•u amigo Sicrano.

- Meu senhor, são jú sete horas! - São sete e meia! - São quasi oito! . . - C'os demooios ! .. . 'cm {Is oito horas e meia abri-

rei boje as jancllas ! .Nr10 !ºe tornará .ª s~cc~der isto. Como An1onio ganha 01toce11tos l'l11s diar1os, póde

algumas noites, depois do thcat ro, ir ,,ara os bote­qui11s, e demorar-se alli até quasi ao amanhecer.

. -O meu senhor, olhe que já d(•rain oito boras!-:-dizia o criado batendo ií po1·1a do quarto de A11to1110.

- Oito horas! Por quô me nr10 chamou :;i1tes? -1'e11ho-o chamado rnais de uma duzia tle vezes ... - llojc abrird as jancllas perto das nove horas!. ..

Ergamo-11os .. . mas tarnlicm é mui enfado nho que um homem esteja todos os dia:> a íazcr a mesma coisa e ú mesma hora!

N'aqucl lc dia, A11to11io alJriu a:.; ja1wllas ás 11ovc mC'nos um quarto. O sr. Caspa1· da Si lveira, c1ue o espreitava, scgu11clo o costunw, da janella frontei ra, disse-lhe d'alli QUl' pa~sas;;;c ao seu quarto.

- A11tonio, isto vac de mal C'm peior. De dia para dia está , .. mais cl('scuidado. Antehontem abriu as ja-11cllas ás oito horas e um (1uarto, hontem ás oito e meia, e boje ás no,·e. !\fio pó<k (·ontinuar assim.

- Como 11flo tenho r1' logio, e os dt• Lisl>oa andam 1ão disparatado~. que quando o tio Carmo dá oito ho­ras, o da sé dú oito 1' nwia, e o da casa de v. ex.e. 11:>\'l' ... Ni11guem asl'im se 1•ntendl'.

- Tem razüo. Para que 11f10 allC'gur, pois, C'ssa dcs­ord1'111 de r('logios, que é na verdade attcndivel, nem falte â ::;ua obrigação, nem t·u J1lt' veja forçado a re­prebenclcl-o, dar-lhe- hei o nwu 1·elogio de algibeira, que é dos 1m•ll1or<'S, t~ 1·ale bastanl(', e juntamente a cadeia. Alii o tem, e Deus pl'rmitta que lbe sirvn para se Je111brar das oito hon1s.

E o f:r. Gaspar da Si lvC'ira ato111p;rnhou as palavras da acçflo, porque, tirando a cadeia e o rclogio, deu-os ao mancebo.

- Agradeço- lhe m11it issimo C'Str novo favo r, sr. Sil­vcirn, e lll'Oruntrei c·o1Tc•:;po11dt•r-lhe não fa ltando ou­tra vez á mi nha obrigaçüo.

- lsso me bastará, Antonio. Espero que não tor­narei a chamai-o por esta razilo.

VI

bora oiça as nove horas, •pois, rC'ílecti-a elle, se-se apressasse, humilharia a sua dignidade de homem.•

Depois das DO\'e, abriu as vidraças. O sr. Gaspar da Silreira assomou i1 janella fron­

teira, e disse que lhe clC'scjara fallar. - A1itooio, supprimi o cm1>rcgo que desempenhava

na minha casa. - Pt•rdoar-mt-ha v. cxc.? - ~ada tcnbo que pcrdoar-lhl'. E~tou agora coo\•en-

cido de que ba$ta impor ao hoowm uma ohrigação para que se lhe torne pc,:ada C' não a cumpra exa­ctamente, se porventura nf10 for dotado de grande re­ctidão. Cumpriu-se cm v. cs~c fatal d<'stino da hu­manidadr.

João Alraro, que estava escondido utraz de um re­posteiro, appareceu n'estc momento.

- Convcm ú saudc de v. cxc. os pa;;sC'ios pela ma­nbft; mas nflo se imponha a ohriga~üo de os dar, porque então 11u11ca pas:;eiarú !

VII

Dias depois, o sr. João Alvaro, tendo Antonio sido novamrnt e n•ccnscado, nüo se emprn hou para que o nome d'elle desappan·ccssc do sortra111ento.

Dias depois, A11tonio era obrigado a jurar bandeiras no regirne11to de eaçadon·s n. 5.

Dias depois, o ma111·t•bo ca11~ava-s<' a miuclc de fa­zer as mesmas coisas ás mesmas horas, mas a disci­pli11a militar mostrava-lhe :;rrcramcnle que 11ào se µo­dia dr:-:cuiclar da sua obrigação.

E dias dcpoi:-, nenhum dos antigos amigos de An­to11io o co11bcria desde que clle mudilra de rida.

;\JOl\,\LlílADE o'Es1'E CO:\TO

Cada qual pôde utili~ar·S(', C'Omo Sl' lhC' figurar me­lhor, do quC' íica e,;cripto, porque nf10 hou,·e a prctcn­ção de rl'solrC'r n'rstas linhas um problema de moral; mas parece, cm 110$ ·o t•ntC'lld('r, que na socicdadr, até nas coisas insig11ifkanlPS, não ha~la só voder, mas é prrciso querer; que, para o honwm vi\'er bem, é sourc tudo mister juntar ú prrs<'Vl'rança a dignidade, a sisuder. e o pundonor; e que l'slas eir('u11~tancias reu­nidas é que podem constituir o homem probo. u. :1..

LEGADO PAHA E:CllOLAS PIWIAHfi\S

Fal lC'ceu na cidade do Porto, domingo, 25 rle março do corrente turno de 18GG, o sr. Joaquim Fc1Tcira dos Santos, coucle de Ferrl'ira. El'U um po<IC'roso capita­lista, que durante a vida soul>c valt>r' a innumeros in­felizes, e que P?r sua morte distril>uiu a grande ri-

Co!1'10 Anto1~io ganha oitore.ntos réis diarios e tem queza .que possma. de modo qtH' revl'lou christã pbi­relog10 de muito ralor e C'adc1a taml>em custosa,. po- losopb1a e os mais uol>rrs e generosos sentimentos. derá entrar cm outras asseml>lra~. para ter novas di- Entre os legados que o sr. ro11dc ele l~crrC'ira dei­versões. Insta com os srus amigos para que o apre- xou insC'riptos 110 seu notarei H'stamPnto couta-se o :;entem C'm di~t:rcntcs ra as. E~1 algumas joga-se µar:a 1 de 144:0~0.:>000 réis para a construcçüo' de 120 ca­cntt:ctcr as ,·1s1tas, mas qua:;1 sempre se perde d1- sas proprias para escbolas de in~truq;r10 primaria, nas 11he1ro. cabeças dos concelhos, displ'11<IC'11clo-sc 1 :200~000 réis

Aotonio, o novo aprrsc11tado cm casa do sr. Tibur- em cada uma. cio? perdru uma noite o dinh~iro qu<' leram, e ainda Parece que este valiosíssimo l<•gado, de tanto ai­mais, soh llalavra, quarenta l11Jrns. Para e[cituar este caoce para a educaçr10 cio povo lhe fôra SU""'erido pa~amcnto, o 1.na11cebo ,·encl(•rá no dia seguinte o rc- pela leitura dos artigos do digno' commi;;sario d~s es­log10 e a C'aclcia que 11a vcspt•ra lhe dera o sr. Gas- tudos no <listricto de Lisboa inscrtos no A1·chivo Pit-par da Silveira. toresco 1. '

O jogo cm casa do sr. Tiburcio durou até madru- Findando n'cste numero o oitavo volume do nosso gad_a. A _perda, q_uc foi .a consC'~ucnc ia <l'clle para An- semanario, apenas temos espa~o para cs1a simples torno, nao .º deixou adormecer s~ 11üo perto da hora commemoraçüo, mas promclternos desde já publicar em _que devi.a acordar para o cun~pr11nento da sua obri- opportunamentc o retrato do fa llC'cido conde de Fer­gaçao. O criado cbamou-o repetidas vezes ás oito bo- reira, bcnemeri to da iníancia e da instrucçao publica, ras, mas sem res.ultado... e acompanharemos o retrato com u con1pctentc noticia

Por fi m, _AntO IJIO lcvaotou-sc (' dirigiu-se ~10 terra- biograpltica. /'• ... r - ~ do; r~;s ;!.~cor'.·~, vae de vagar e tranqu11lo, em- 1 Vid. pug. t61, 201 e ?OS do vol. vu. ·~_;{_·~. • .. ~

/~ '. \v' • f , •. "-J

-· .. ' :.• f' •• ' \ ... .,..' • , ' V,, ~- ' '~\ \ C..- *•.:' <: .. ..:i _4:,,_' .:l .l"''.,t• ,_ ~í'

Page 8: 52 - cm-lisboa.pt

Abcnçon<lll srja a fa.mili11 (conto), 7' 14, 22, 26, 34, 43, 58, 71.

Abso,.pçilo 1>clo sodio dos rnlou1rn11-rcllos dn luz dcctricn, • 277.

Aeam1l:t.mC'lUo no sitio da A gua.­Branca (llrasil), • 849.

Aerolilhoe (Carias a uma senhor4), 251, • 2i'>S, 263.

.Affon80 D<>u1iugues, • 405. Agostinho de Santa Mnr14 (E'r.), • 32•1, . 325. Alcaldo mór, 92. • Algumns rrfl~xõcs sobre lnstrucçiio

publlc:>, ll , 18, 31, 55. Amar:mto ('•id. Convento de S.

Gouç:>lo). Amsterdam (Pal4cio da lndu•trla),

92, • 98. Antonio }~mlllo Machado R eis, •

265. Aqucdurio de 'forres Vedrn•, • 385. Ar•cnnl do rxrreito, • H5. Aurorns boreaes (CartM a. utna se-

nhorn), 156, • 157, 178, 194.

Banboe d88 'faipa.s, 24'4, • 2~5. D41alhl\ (vld. Mosteiro). Bibliothecns populares, 12·1, 181. Bolido, • 253. llragn (Ru:1 Nova ele Sousa), l~H,

• 16á. Brasil . E•trada normnl de Potro.

polis ao Juiz de Fôra, • 97, • 329.

Brincando ae dium verdl\des, 320.

CMtnno llrnndão (D. Fr.), • 89, 100, 114, 129, 151, l .'14.

Calvario M 8. 'fbcgonne<"O, • 409. Cnndido Lusit:>uo, • W3, 211, 1!16,

299. Capella-mór P capellas do cruzeiro

da egreja d3 Batalha, • 197. 1'a1>ell:>s im1>0rícitas da llntalba,

\'istn..d (\XtC'riormt""ntc, • 297. Caranguejo espinboso, • 37G. CartM n urna srtthora, 67, 78, 85,

fl4, 102, 156, 178, 194, 205, ~51, 2us, ass.

CaAA M rorrcrçiio em S. Paulo, 20 • • ~1.

Casal da cnrostll (conto), 118, 126, 13-1.

Casal lWwlro (,·id. Rrlatorlo). Unstello cio Pnhnclla, • 153. Cegos (0•), asa. Cha f:lriz cios Cannos, cm TOl'l'CS

V cdra•, • 373. Cbanun:u~ c.:uHnnl<"S, • 27 J. Clthl<l (' ld. J mprensa. Costumes.

Tumulo. Cbm·a dr <»lrrllas cadente•, • 389. Cintra (\·ld. Palacio). Classicos porll.l1?uczc• (vid. The­

mnH). Clan•tro da Manga, no mo•tclro de

Snnta ('ruz. • 381. -del-rc•i lJ. ~lanurl, • 233. -rral do 1110><tdro da llatalba,

273. Coimbra (\id. MO$teiro de Santa

Cruz). • Comlm•tào do ferro no gnz oxygr­

nt~o, · l~-1. Comrias (Un rtns a mna •rnhorn),

ú7, ' GH, ' 69, 78, S:;, 94. Condr ele ~·rrr<•ira (vid. L<•g.~do

par:i ntt (lfii<"bol:u; primaria~). - D. ifüMndo 10 ), 3ao. Con•tantlno ( rei dos ttorí•t:U) 12,

• l(J, 3>!. 162. 408. Contos ( ' ld. Romances). Com·rnto dr li. Gonçalo cm Ama­

r:uH<', · IUJ. Cõ8tunwR <·hhus, 407 . Cruzeiro r fnthada lateral tln Jln­

t.alh:l, • 5:;.

Da patrln ao eco !conto'. 3:l!l, 3-li, 3,;;,, 3\õ:J, 37 1, 3821 387, 3U.'t.

D~rompo•lção da luz do •ol 1>or nwto dr um prisma, · 2 10 .

DC'l'Cuvoh hHrnto artificial dos fo· go~ rutuos, . 22J.

De,·orr• rh·I• do 1>al'OC'ho, 118. Do<"um~nto inédico, 2JJ. Dominutc lN•ttm (conto), 74, ~2. Douro (Panoran1a do), • 2111.

INDICE

Egreja da Dat41ha, • 41 5. -de Nossn S~nhora de Bclcm, •

241 , 242. -de Snnla Cru1. (Braga), • 105. -de S. Vicente de Fóra (c4p~lla

de Nossa .Senhora da Concelçilo), 268, • 269.

-do .Senhor da Cruz e campo da Fei.ra em llatt(l'llos, • G.1.

-parochial do Jacareby (llrtuJll), • 317.

Embu•t<'iro (O) (conto), 98, 107. Emilio C118trlar, • 853 . F.olipylo do jacto horisontal, • 168. Erupção de granito, • 293. Escr:l\'oS (0•) (poesia), 54. Estação 1>rinrlpal ou do Juiz do

Fóra ( liras li) , • 329. Estatua do Venus, • 40.1. -de Vosta, deus:. do fogo, • J IG. Estructura dn. chn.mrna1 • 1G7. Estudos d<1 llngut\ mnterna, 8, 16,

40, 120, 200, 232, 296, 30.1, 352. Etna, na 81cilla, • 300. Excerptos de dassicos portugu<'­

Z"'!: - Fr. Jlalthasar Pncs, 96. Ah-Aro Prrrelra de Vera, 1"11 160. Fr. t'ilippe da Luz, 161!. Padre Mnnu1•I Bernarde•, 192. Duarte Nunes de Leão, 224, 272. Padre Antoulo Vieira, 280. J oão de llnrros, 288. Heitor Pinto, 302.

Exposltâo 1nternacional (Porto ), • 337, ' SG9.

Exterior dA capella do Fundador, na egreja da ll41alb31 • 218.

Fabrica d o lnniftclos de Pedorncl· lo, • 129.

Florença (Pnlnclo Pitti), 140, • 141. 1''ogo (O), • llG. • 117. 135, • 136,

143. • 1<11, IGG, • 167, ' 168, • 187, • 188, • 189. 219, • 221, • 2:19, • 210, 2•17, • 271, • 276, • 277, 28'1, • 28,j, • l!93, • 291, • soo, · so1, :u1. • a12, s~2.

-grego na. l'l\llli)anha de S. Lulz, • 189.

-Sant'Elmo, • 3J2. Fol(OS f:ituos, · 2~1. Fontcarnbia (llC•P·'"ha), 100, • 101. F onte do Ocrsno, nos jardins Bo·

boli, ' 111. FragmrntO'I M um roteiro de I,is­

boa ( inMito), 1<12, 145, 171, 199. Frnnci•co .}()w<i .Freire (,·id. Cnn­

dido Lusilnno). Fr:rncisro Vi<'lra. Portuense, • 45,

50, GG. Frnncisco Xn' ler (S.) no ~falnbar,

• 137, Jà8. -(Sepultura , • lM. Funchal (Uhlndr), • 2Ji, 2281 • 229. l,unerac-s (':tmp<·Ji11~r('g1 306. l'usil de nr, · 2:Ju.

Galeria do pnlnrlo de cristal por­turrnu:• , • ~tm.

Gnlcrias de lln11hacl no Yntkano, 2:} .

Gallicismos (' ld. Estudos da lín­gua).

General Prirn, · 377. Urnmmatic:i (vid. Jo:studos ela lln­

ll'ua). Gruta dr Fingnl, • 293. O ucrra do tlrn•ll, 349.

Historia dr- uma medalha portn· gneza, 1.)$1, 11i5.

Hospiral dr Snuto Antonio (Porto), • 2•1!).

Jcbt~·o•auro, t•terodactylo, Plcs lo· ssuro, · ~R'i.

Ilha A d<' l'hnm.' e ns suM e~· tatuns dl' Yt•nu•. 403. • 4M.

-de lfanchoiio, na Chinn, • 173. Jmpren'n (A ) na China, 3UO. Inínnlc D. JoÃo (O), 89. Justr1u·ção prit1111ria ( vid. Soei e·

dadc Mndr\•1)ora. Rclatorio dl\ eschola Ca•al nibeiro. Legado).

lntcrcept.•çào <ln cbanima por bai ­xo de uma rede mctallica, · 187.

Intercept.•ção da cl111mma por ci· ma de uma rede mctallica, • 187.

llltcrior dn capcll<1 sepulchral do 1''undador, na egreja da .1%t:t· lha, • 209.

-da egreja da Batalha, • JG9.

Jacob Cavanah M11r1>hy, • 237. Joias dn coroa do Inglaterra, 180,

• 181. Jornacs fr:>ncczcs e lnglezcs, 399.

Kil:tu<'a, volei\o dR. ilha. Hawail, • 300.

Kivi·kiYI o mo.,, • 109, 110.

Labyrinthos cu riosos, G.l. Lampada do Jluu•rn, • 168. -de hydrogrm'O, • 239. -de segurança, d~ Davy, • 188. )J('gado para <' ch<1las primaria&,

411. Lendas naclonaes (Em1>r1>za de

'ranger), 23, 39, 47 , 62, 79, &1, 95.

Liberdades de P or tugal no soculo xv, 111.

Lição a malrdlçentes, Gl. Língua materna (v1d. Estudos). Li•bo.'\ (v id. Prl\gmentos de um ro-

teiro inédito). Littcratura (A) na America Hcs·

paubola, 331, 3-12, 350, 366. Locuções vklosM (vld. Estudos da

língua materna). Luz electricn, • 136.

l\façariro, • 168. Madrasta (A) (oonto), 318, 325, 335. Margens (As) do A,·c, • 401. . M:uamata, · 77. Mau fillto (O) (conto), 261, 269, 278,

282, 290, 302. l\frroado novo (Saint Nazairc), 132,

• 133 . l\lilharoz, • S.fl. l\filtonea rosen (Orcbldcas), GO, •

Gl. Monumento de D. Pedro l" (Yid.

ProjC<'to'. - de Arnosa do Pampelido, SG,

37. -no sitio <le Arroyo•, • 25. Mos tei ro dr l.orvilo, 75, 87. -de Santa Cruz de Coimbra, • 83,

• 233, 294, Sá8, 375, 379,' 881, 390.

- dt"- Santa )lariA da Yictoria, vul· frÔ u .. "talh3,. 1, 2 . . 4 , 5. 52,. á3, 123 . • 169, liO, 195, • 197,' 209,

' · 21a,2211.·221.·l!w.2•4,'297, • 321, ' ~Hõ, ' ll93, ' •105.

Na\'C ccntrnl do palncio de cristal portuense, • 897.

Nimpha da concha, • 397. Noh·ado (Um) cm \'arsovia, 1911

198.

Obscn·atorio <' edltlclo da bibllo­thcca (Connl.>rn), • 805.

Oniogoso, 1<18, • J4fl. O que é a ollrlgl\ção, •102, 410.

Padrão d" ArroyO!it, • 25, • 32 . Paizagem ntts \ isinha.uça.s de Yilla

do (.)onde, • 401. Pnlncio de. erl•rnl portuense (\'id .

J~xposi~5o in1N·m1cionn1). -o qulllta do Kr. 1'\•rreira Lng('c,

• 333. - real da Prna (Cintra), • 201. Palmella (vid. Ca,tollo . PnnoramM qn<' Mt' º""'fru<"tam do.q

jardin• do 11.~laclo de cristnl por­tuense, · 2St.

Pedras prccio•ns (CnrtM a uma se· nhora.), 102.

Pcgn•o marinho, • 1111. Peixe fugido peln• malhas da rc·

de. 3-14. Pensamentos d<' Sterne, 397. Pbospboresccncla do lllftr, • 276.

Lisboa -Typourapflia de Castro lnnlo - ru• da Boa. Viita-palacio do conde de Sampajo

Pl11nta geral do cdíftcio dn Bata­lha, • 125.

l'oeiras cosmlcas (Cartas a uma senhora ), 388, • 889.

Poesia (A) nos campos, 138, 14G, 174., 182 .•

Ponte am<"ricana, na e8tr:tda de Petropolis ao Jul~ de Fór:t (Br&­ail), • 97.

-de .A6fe, • 289. -<le Ruy l\Icndos cm P edornello,

• 22õ. -de .Sôr, • 357. -do Prado, • 177. Plano inclinado para a querena

dos navios, · 2!í7. Poesias ( ... id. E scrtlvos. Saudação •

S:ucdades. Snltiio). P ortal da egrcja de 2'°""" Senltora

de B clcm, • 2"1 . -das c:>pcllaa Imperfeitas (Bata·

lha) • 321. - do lado interior, • 3<15. P orto (Cidade do), • 57. P ovo e c.'\Jllara logr:ulõl!, 328. Premlo á industria, 39~. Projccto de conclusiío para as ca·

p('llas imperfeitas ( .U.\talha), • 393.

Projcctos de monumento a D. Pe· dro 1v, • 49, • 81

Prologo, 2.

J'lnphael (vid. Galrrlas). Uelatorio aonual da C•cbola Casa

ltibciro, 21<1. Re•peito que os chlns tributam â

velhice, 36'1, • 3Gli. Rrs1>ost<l de philosopho na boca de

urn rei, 72. Jtorlrigo da 1''onsrca l\lilgnlhãcs, •

121, 173, 189, 201, 226, 258. Romances ('•id. Abençoada seja a.

fantili11. .Emb1u;telro. Ca!l.'<I dA encosta. Noivado rm Yn~via . •remprstadc• do aldeia. 'fbere· sinha. Madrn1tta. Da pa.tria ao cro. O que ó a obrigação).

notclro do Lisboa (vld. 1''ragmcn· tos).

ala da bibliotbcca <lo mosteiro de Akobaça, • 9.

S. João da Foz, 260, • 261, • 309. 811 udação (pocsln}, 2t2. Snudadcs (porsia), G. Sllpnrnçiio da luz o do calor no

fogo clcctrico, • l3G. S<'lubal (Panorama da cidade), •

~5. Sodcdade l\Iadrfpora (vld. Anto­

nio Emílio )1:\cbadn Reis . Stromboli. ·nas llhM L111arcs, • 301. Sultão (O) (por.ia), 8Ull.

'l'rmpc•tades do nldritl (conto), 207, 212, 220, 231, 2:11.

'fernplo de Vesta cm norna, • 117. - romtlno cm F.\'Orft, • S13. 'fb1•ma• cla&1ico•, !Hl, 111, 160, 168,

Hl2. 2:H, 280, 2fl~. 'l'bt'r~llinl1a (conto). 2 l2, ~53. 'l'lrngrm das ehamlnés, • 14<1. 1'rrs urnas (A•), 40V. 'J.'a·omhás (Carl.:\8 a u111a. t.iCnhol'n.),

• 205. Tumulo ehin~z 4:'m P ... klm, .. SG.J. -d•·l·r<'i D. João t e da rainha D.

Fillppa, • 221. 'fúnncl do monte Cenle, 28, • 29.

Yrrdadeiro amor O:t 11ntria, 376. 'Vrsudo, em Napolcs, • 301. Vida rural na Jnglnt<'>Ta, 287. 'Vllla de Obido•, • 41. -de Torres Yc·drnf'I, · 8Gt, 372,

· :in. · 385, 3!1ll, - do Prado, • 177.

.. Arcos dr Ynl d<' \'cz. • 113. Yl•la de Li>boa do Indo de oéJ>tc,

• )7 ..

-( Umtl) pi llorosrr. da serra de Ulntrn, • 73.

Y leão cm netlvidndc, 29-t.