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6 Universidade Estadual de Campinas � 11 a 17 de agosto de
Vendido ilegalmente, medicamentPAULO CÉSAR NASCIMENTO
Cytotec, medicamentoque deveria estar confi-nado a hospitais devidoao uso indiscriminadocomo abortivo, continua
ilegalmente disponível para a popu-lação e respondendo por casos de mal-formações congênitas, entre as quaisa Seqüência de Moebius (pronuncia-se �mêbius�), distúrbio caracterizadopor paralisia facial, estrabismo e ano-malias de membros.
É o que mostram levantamento re-alizado nas áreas de neurologia infan-til dos hospitais de clínicas da Uni-camp e da USP, e estudos desenvolvi-dos em outras instituições brasileiras.Contrabandeado, o remédio é facil-mente encontrado no mercado para-lelo, conforme comprovou a reporta-gem do Jornal da Unicamp, que adqui-riu, em Campinas (SP), quatro com-primidos da droga por R$ 250,00.
Lançado no Brasil em 1984 para pre-venção e tratamento de úlceras gástri-cas e duodenais, o Cytotec tem comoprincípio ativo o misoprostol, um aná-logo-sintético da prostaglandina, quepromove contrações uterinas. Porcausa dessa ação, o remédio tornou-se o mais popular dos recur-sos abortivos utilizados nopaís, a tal ponto que o Minis-tério da Saúde, em 1998, bai-xou portaria restringindo avenda do produto somentepara hospitais credenciados.
As restrições impostas àcomercialização da droga, contudo,não impedem a manutenção de seuuso, em larga escala, por mulheres quetentam abortar, graças a um florescen-te e lucrativo mercado ilegal do me-dicamento, contrabandeado de paísesonde é de livre comércio.
Porém as usuárias desconhecemque, por causa da exposição do em-brião ao misoprostol no primeiro tri-mestre da gravidez (período em queocorrem as tentativas de aborto), há orisco de se gerar crianças com anoma-lias quando a gestação não é interrom-pida após o uso do remédio.
Explosão de casos – O Cytotecatua em um momento vulnerável daembriogênese. Seus efeitos terato-gênicos (capazes de alterar forma efunção de órgãos ou partes do corpodo embrião em desenvolvimento) a-parecem em aproximadamente 10%dos 200 casos mais graves de lesõesmalformativas cerebrais atendidosnos últimos dois anos pelos Ambula-tórios de Retardo no Desenvolvimen-to e de Paralisia Cerebral do Hospitalde Clínicas (HC) da Unicamp.
�Esse percentual corresponde aospacientes cujas mães confessaram terfeito uso da droga para abortar. Entre-tanto, manifestações neurológicas se-melhantes nos casos em que as mãesomitiram a utilização do remédio noslevam a crer em índices superiores�,observa a neurologista infantil e pro-fessora da Faculdade de Ciências Mé-dicas (FCM) da Universidade, AnaMaria Sedrez Gonzaga Piovesana.
Embora menos freqüente, a Seqüên-cia de Moebius ou Síndrome �designa-ção também adotada para definir asdiferentes anomalias associadas ao dis-túrbio � tem apresentado maior rela-ção entre malformações congênitas eo uso do misoprostol. Segundo AnaMaria, a droga respondeu por 50% dosoito casos do distúrbio atendidos naUnicamp nos últimos cinco anos.
No HC da USP o percentual foi ain-da superior: 44 (82%) dos 54 portado-res da síndrome atendidos nos últi-mos onze anos pelo Instituto da Cri-ança haviam sido expostos ao medi-camento na fase embrionária, relata aneurologista infantil Maria JoaquinaMarques-Dias, responsável pela uni-dade.
�São números que expressam bema importância do misoprostol na ori-gem dessa explosão de casos com aSeqüência de Moebius, a segunda al-teração mais freqüentemente encon-trada em nossos pacientes�, salientaa especialista, que pesquisa o proble-
ma desde 1991, quando ava-liou o primeiro caso em quehouve relação da droga coma anomalia.
�Entre 1980 e 1991 regis-tramos em nossos arquivos12 pacientes com a síndro-me. No período de 1992 a1997 estudamos mais 23 cri-anças, ou seja, em cinco anoshouve uma incidência qua-tro vezes maior no númerode casos. Enquanto na pri-meira ocasião apenas doisportadores tinham exposi-ção ao Cytotec, na segundasomente três não haviam so-frido os efeitos do medica-mento�, recorda-se ela, co-autora de um estudo sobre otema publicado em 1998 narevista britânica Lancet porClaudette Hajaj Gonzalez,também do Instituto da Cri-ança.
�Diferentes estudos e observaçõesem serviços de aconselhamento gené-tico no Brasil têm apontado para umaassociação real entre a exposição pré-natal ao misoprostol e a ocorrência deSíndrome de Moebius ou outros de-feitos congênitos�, afirma o geneti-cista Fernando Vargas, do Hospital
Universitário Gaffrée e Guin-le, da Universidade do Rio deJaneiro, e coordenador de am-plo estudo colaborativo sobreo problema desenvolvido noBrasil com recursos do CNPqe publicado em dezembro de2000 pelo American Journal of
Medical Genetics.
Preocupações � A pesquisa, queenvolveu dez hospitais brasileiros euma instituição canadense, identifi-cou a exposição pré-natal ao medica-mento em 32 (34.4%) crianças diag-nosticadas com malformações de umtotal de 93 casos pesquisados.
�Havia suspeita de que as anoma-lias estavam associados ao misopros-tol, e isso foi demonstrado pelo estu-do�, comenta a geneticista DenisePontes Cavalcanti, coordenadora doprograma de genética perinatal doCentro de Atenção Integral à Saúde daMulher (Caism) da Unicamp, e parti-cipante do estudo.
Em outro trabalho, a geneticista La-vinia Schüler, da Universidade Fede-ral do Rio Grande do Sul, estudou de1990 a 1996 os casos de 96 crianças coma síndrome, nascidas em sete hospi-tais brasileiros. De acordo com a pes-quisa, orientada pela epidemiologistaAnne Pastuszak, da Universidade deToronto, no Canadá, e publicada pelarevista médica The New England Jour-nal, 47 mães (ou 49%) tentaram abor-tar tomando o Cytotec no primeiro tri-mestre de gravidez.
Percentuais elevados também fo-ram encontrados há um ano pela of-talmologista infantil Liana Venturanos 28 casos de Seqüência de Moebiusque estudou em Pernambuco: 60,7%,ou 17 mães, haviam feito uso do Cyto-tec, �adquirido no mercado negro, pormeio de pessoas que trabalham emfarmácias ou por meio de amigas�,constatou.
O trabalho fez parte de sua tese dedoutorado e subsidiou um projetoassistencial às crianças portadoras esuas famílias, encampado pela Fun-dação Altino Ventura, instituição fi-lantrópica que presta atendimentooftalmológico à população de baixarenda no estado.
Para Maria Joaquina Marques-Dias,a divulgação por parte das autorida-des sanitárias das anomalias provo-cadas pela droga, nos casos em que oaborto não se consuma, pode contri-buir para desestimular seu uso in-discriminado e desassistido pela po-pulação.
�Nesse sentido, ainda em 1994, co-municamos oficialmente ao Ministé-rio da Saúde nossas preocupaçõescom as evidências de que o Cytotecestava sendo responsável por um nú-mero cada vez mais freqüente de mal-formações congênitas em nossos am-bulatórios�, relata. �Mas nunca fomoscontatados.
A reportagem do Jornal da Unicamp teve acesso ao Cytotecpor meio de “V.”, prostituta que faz programas à noite no centrode Campinas. Pelo menos outras cinco garotas também se dis-puseram a ajudar a encontrar o produto. Usuárias eventuais domedicamento, elas acabam atuando como intermediárias entreinteressados e fornecedores ilegais da droga.
A compra ocorreu uma semana após o primeiro contato, em umatarde de junho, sem que “V.” e mais duas amigas que a acompa-nhavam soubessem que o interessado era jornalista. O grupoencontrou-se com o fornecedor na esquina das avenidas Jacaúnae Suaçuna, próximo ao terminal Ouro Verde de ônibus munici-pal e a uma quadra do 9o Distrito Policial, no Jardim Aeroporto,na periferia da cidade.
Após receber adiantado parte do pagamento de R$ 250,00 emdinheiro, o fornecedor dirigiu-se a pé até uma farmácia próximae de lá, cerca de 15 minutos depois, trouxe os quatro comprimi-dos do Cytotec, de formato hexagonal, brancos, sulcados emambos os lados, com a gravação “SEARLE 1461” em uma dasfaces. “V.” também pediu que fosse comprado um aplicador decreme vaginal para a utilização do remédio.
“Só vai funcionar se a mulher tomar dois comprimidos e colo-car os outros dois no fundo da vagina com o aplicador”, ensinouantes de se despedir.
Eficácia – O uso de dois comprimidos por via oral é utilizadopelas mulheres que desejam praticar o aborto, mas a técnica épuramente popular, com baixa eficácia, afirma o ginecologistaCarlos Tadayuki Oshikata, do Caism. O método mais eficaz, se-gundo ele, é o uso intravaginal, com a deposição dos comprimi-dos próximo ao colo uterino, para serem absorvidos pelo orga-nismo.
“O Cytotec dilata o colo uterino e provoca contrações que ter-minam por expulsar o embrião”, esclarece. “Mas existe risco dehemorragias intensas e até de ruptura uterina, dependendo daidade gestacional e das condições uterinas das usuárias. Issoexpõe a mulher a riscos iminentes de vida e, em algumas vezes,a infecção uterina, provocada por vestígios de placenta que per-manecem no corpo”, adverte Carlos, que revela freqüentementeencontrar comprimidos de Cytotec parcialmente dissolvidos nofundo do saco vaginal de mulheres em processo de aborto quebuscam socorro médico.
Apesar de ser abortivo e seu uso ser ilegal para este fim, oCytotec fez com que a incidência de abortos infectados, segui-do de complicações como histerectomias (retirada do útero de-vido à infecção) e até mesmo morte, diminuíssem consideravel-mente, observa Carlos.
“Abordagens mais invasivas, com a introdução de materiais con-taminados dentro do útero, como sondas, arames e agulhas decrochê, foram progressivamente sendo substituídas pelo uso domisoprostol como método abortivo.”
Por causa do forte efeito de contração e relaxamento do colouterino, a técnica costuma ser indicada nos hospitais para a ex-pulsão de fetos mortos ou mesmo para a indução de parto nor-mal, facilitando a resolução dos casos de gravidez de alto risco,conforme experiências desenvolvidas na Universidade Federalde São Paulo-Escola Paulista de Medicina (Unifesp).
Droga é vendidaa uma quadra de
delegacia de polícia
O ginecologista Carlos Tadayuki Oshikata, do Caism: riscode hemorragias intensas e até de ruptura uterina
O Laboratório Pfizer,responsável pela distribuição dCytotec, anunciou que vaidescontinuar a comercializaçãoproduto no Brasil, �preocupadocom o uso indevido domedicamento�.
A empresa informou tersubmetido formalmente à AgênNacional de Vigilância Sanitár(Anvisa) um pedido decancelamento do registro doCytotec no país, e argumenta qdemanda do uso apropriado damedicação poderá ser suprida poutro fabricante, que atualmenjá oferece ao mercado hospitalaum medicamento similar com omesmo princípio ativo.
O produto, de acordo com aAnvisa, é o Prostokos,comercializado pela Hebron S.Indústrias Químicas eFarmacêuticas, localizada emPernambuco.
A agência, por meio de suaUnidade de Produtos Controlareconheceu a existência domercado paralelo do Cytotec,apesar da permissão de vendasomente para hospitaisdeterminada pela portaria 344/de 12 de maio de 1998. Segundoórgão, medidas cabíveis paracoibir o comércio indiscriminado medicamento, como inspeçõem conjunto com autoridadespoliciais, são adotadas a partir denúncias.
A Anvisa justificou ainda quem função de mudançasadministrativas e do tempodecorrido, a denúncia da médicMaria Joaquina Marques-Dias pode ser localizada no âmbito dárea de produtos controlados.Portanto, não soube informar qtratamento foi dispensado aoassunto.
Fabricantevai pararcomercializaçã o
Um dos pacientes atendidosAmbulatório de Retardo no Desenvmento do HC da Unicamp é Jhona�Jhoni�, de 12 anos. O acompanhammédico sistemático contribuiu parlhorar a hipotonia muscular e os prmas respiratórios causados pela Seqcia de Moebius, conta sua afetuosa
Com outros quatro filhos paradar, a dona-de-casa Vera Lúcia adedica parcela significativa de seupo para auxiliar o menino a cumexaustiva rotina dos exames clíndos exercícios fisioterápicos, mas sse recompensada pelos resultad
�A luta não é fácil. É preciso ter mpersistência e carinho para ajuJhoni a superar as dificuldades. evolução que ele apresenta, aindpossa parecer simples, como mex
A dona-de-casa Vera Lúcia e o filho Jhona
Mãe uspessoal
O
Quatrocomprimidos
são adquiridospor R$ 250,00
Sintomas da Seqüência de MoebiusuParalisia parcial ou generalizada dos músculos da face (A criança não sorri, nãopisca os olhos, não franze a testa)
uEstrabismo
uDeformação ou atrofia de membros (Pés tortos, ausência de dedos nos pés ou nasmãos)
uMandíbula pequena, céu da boca e língua deformados (Dificuldade para falar, su-gar, mastigar e deglutir alimentos)
Mais informações: http://www.sindromedemoebius.kit.net/sindrome_de_moebius/ http://www.ciaccess.com/moebius http://www.moebiussyndrome.co.uk/
Foto: Antoninho Perri
7ersidade Estadual de Campinas � 11 a 17 de agosto de 2003
ausa malformações congênitasDe uso quedeveria ficarrestrito ahospitais devidoa sua utilizaçãocomo abortivo,Cytotec éfacilmenteadquiridono mercadoparalelo
ou os dedos, é bastante comemo- enfatiza.
a engravidou de �Jhoni� aos 22e entrou para as estatísticas dasas do Cytotec ao tomar o medica-o desinformada dos riscos de usote a gestação.
ós o choque inicial com o nascimen-ilho, ela trocou o lamento pela co-
m e decidiu fazer de sua experiên-ssoal um exemplo para outras mu-que pensam em utilizar o medica-
o.a minha filha me conta de algumaadolescente grávida que procura
édio para abortar, eu peço para ela casa conhecer a minha história�,a Vera. �Dou muito conselho e ficouando consigo mudar a cabeça da
na.�
stência
eriênciaexemplo
Entre 50% a 70% das mulhe-es usam pelo menos um me-icamento durante a gravidezmuitos deles não são prescri-
os por médicos, revela aeneticista Denise Cavalcanti,aseada nas estatísticas detendimento de gestantes noomplexo hospitalar da
Unicamp.Por isso, enfatiza, o uso de
ualquer medicamento duranteperíodo gestacional só deve
er feito com prescrição médica,ois os medicamentos podem
razer riscos para a mãe e parabebê.�A automedicação é condena-
a. Todo medicamento é tera-ogênico em potencial e só deveer usado quando indicado pelo
médico�, aconselha. �Mas é im-ortante lembrar que perigosoão é só o remédio; a ingestão de álcool, por exemplo, pode ter conse-üências gravíssimas para o bebê. O fumo e outras drogas sociais tam-ém podem acarretar conseqüências graves para o bebê exposto intra-tero.�Para informar e orientar gestantes e médicos sobre efeitos de medica-
mentos, radiações e determinadas doenças na gestação foi criado naUnicamp, em 1996, o Sistema de Informação sobre Agentes TeratogênicosSIAT), um serviço gratuito que atende por telefone ou fax, em horárioomercial, pelo número (19) 3289-2888.Ao ligar, o interessado é atendido por um membro da equipe, que re-
istra o motivo da consulta e faz algumas perguntas. A resposta é for-ecida, em geral, no prazo máximo de 72 horas, após uma pesquisa emancos de dados, livros e revistas especializadas.�Uma secretária eletrônica registra o recado de quem procura pelo SIAT
ora do horário comercial e, tão logo quanto possível, um de nossostendentes entra em contato com quem telefonou�, explica Denise.De acordo com ela, mulheres grávidas ou que estão planejando a gra-
idez, médicos obstetras ou de outras especialidades, pesquisadores in-eressados em teratogênese humana e mães com dúvidas sobre medicaçãourante o aleitamento materno podem procurar pelo SIAT.O serviço recebe em média três ligações por semana, a maioria de ges-
antes com dúvidas sobre o uso de medicamentos, dos quais os mais con-ultados são os analgésicos, os anti-inflamatórios e os antibióticos.Orientação similar é proporcionada pelo Centro de Farmacovigilância
o HC da USP, o Ceatox. Funciona 24 horas e oferece atendimento gra-uito pelos telefones (11) 3069-8571 e 280-9431 (telefax).
Unicamp orienta gestantesobre medicamentos
Com cerca de 300 casos de Síndro-me de Moebius, o Brasil é o segundopaís no mundo, atrás dos Estados U-nidos, com 800, e à frente da Grã-Bre-tanha, com 180. A estimativa é da Moe-bius Syndrome Foundation, uma orga-nização não-governamental sediadanos EUA, criada há 9 anos para difun-dir informações capazes de ajudar fa-miliares e profissionais da área médi-ca no diagnóstico correto e tratamen-to precoce da síndrome. A instituição tor-nou-se referência internacional e gerouentidades congêneres em diferentespaíses, entre as quais a AssociaçãoMoebius do Brasil (AMOB).
As causas da síndrome – referên-cia ao neurologista alemão Paul Ju-
lius Möbius (1853-1907), o primeiroa descrever os sintomas – ainda nãosão totalmente claras para a Medici-na. Tanto que a fundação tem estimu-lado estudos que possam esclarecê-las, explica Vicki McCarrell, presiden-te da instituição. Um deles vem sen-do desenvolvido pela geneticista E-thylin Wang Jabs, no Johns HopkinsMedical Center, em Baltimore (EUA),para tentar identificar uma possívelorigem genética para a disfunção.
Suas anomalias, contudo, seriamdecorrentes de um déficit na irrigaçãosanguínea do tronco cerebral, entre asexta e a oitava semana de vida embrio-nária, capaz de comprometer os núcle-os de nervos cranianos localizados nes-sa região, sobretudo o sexto e o sétimo
nervos, responsáveis pela motricidadeocular e facial, respectivamente. Outrasáreas do sistema nervoso central, inclu-indo outros nervos cranianos que con-trolam diferentes sensações e funções,podem ser afetadas.
As malformações, de maneira ge-ral, podem ser decorrentes de fatoresgenéticos. Mas se manifestam tam-bém por influência de outros agentesdurante a gravidez, como os medica-mentos (misoprostol, talidomida, áci-do retinóico, tranqüilizantes e algunsanticonvulsivantes), o consumo deálcool, tabaco e cocaína, a exposiçãoa radiações, a febre alta, as doençasmaternas como diabetes e epilepsia,as vacinas, os traumatismos e atémesmo a poluição ambiental.
Portadores de defeitos cerebrais e de membros re-querem tratamento multidisciplinar de longo prazo,o que inclui atendimento neurológico, genético, fisio-terápico, oftalmológico, fonoterápico e ortopédico,além de muito estímulo e dedicação por parte dosfamiliares. Muitos são submetidos ainda a cirurgiascorretivas.
A medicina alternativa também oferece opções,como o tratamento denominado Bodybrushing, ouestimulação neuro-dérmica, que tem proporcionadosignificativa melhora na movimentação facial de por-tadores de Síndrome de Moebius, com reflexos posi-tivos para a fala, mastigação e deglutição, entre outrosbenefícios.
Desenvolvida pelo psicoterapeuta britânico SteveClarke, a técnica inovadora consiste na habilitação defunções motoras por meio de estimulação realizada compincéis em regiões corporais específicas (rosto, costas,tórax e mãos), daí o nome Body(corpo)brushing(estímulocom pincel).
A menina Emma Gratton, de Taunton, Somerset, naInglaterra, sorriu aos 4 anos graças à mobilidade facialobtida com o tratamento e tornou-se, em 1999, o exem-
Brasil é o segundo país com maior freqüência, estima fundação
plo mais notório dos resultados positivos capazes deserem alcançados com uma técnica que não envolves-se procedimento cirúrgico.
O brasileiro Flavio D�Angieri, 13 anos, é um dosaproximadamente 100 pacientes beneficiados pelotratamento no mundo. Filho da assistente social Fá-tima Segri e do médico-veterinário Atílio D�Angieri,de Jundiaí (SP), o menino vem adquirindo movimen-tação facial com os estímulos realizados diariamen-te pela mãe, conforme orientações de Clarke.
�A musculatura do rosto aos poucos ganha maiselasticidade e algumas �covinhas� já começam a sur-gir ao redor dos lábios�, constata a mãe. �Essas mu-danças nunca haviam ocorrido antes.�
Guilherme, 11 anos, de São Paulo (SP), já começa aexibir um sorriso parcial no lado direito do rosto commenos de dois anos de tratamento. �Ele também apre-sentou importante melhora na parte locomotora�, tes-temunha o pai Márcio Racy, entusiasmado com os pro-gressos proporcionados ao filho pelo Bodybrushing.
Tratamento com pincéis ajuda pacientes
O psicoterapeuta britânico Steve Clarke: reflexos positivos paraa fala, mastigação e deglutição, entre outros benefícios
A professora Ana Maria Sedrez GonzagaPiovesana, da FCM: droga respondeu por50% dos oito casos do distúrbio atendidosna Unicamp nos últimos cinco anos
Lançado no Brasil em 1984 paraprevenção e tratamento de úlceras
gástricas e duodenais, o Cytotec temcomo princípio ativo o misoprostol,
que promove contrações uterinas
Foto: Neldo Cantanti
Foto: Antoninho PerriFoto: Antoninho Perri
Foto: Neldo Cantanti