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66ª Reunião Anual da SBPCUniversidade Federal do Acre (UFAC)
Mesa-redonda (ABEP)
Povos indígenas no Brasil:
Dinâmicas recentes e desafios futuros
Edmundo Monte (UFAC)
Título da palestra
Processos históricos e sociodemográficos sobre os índios no Nordeste:
O caso dos Xukuru do Ororubá
Mapa etnohistórico:Curt Nimuendajú
O adensamento populacionalnos “Sertões” (século XVII)
O Agreste é conhecido como região de transição entrea Zona da Mata e o Sertão pernambucano
Terra Indígena Xukuru do Ororubá: localizada nos municípios de Pesqueira e Poção
MAPA DA TERRA INDÍGENA XUKURU DO ORORUBÁ
Destaque para as três regiões climáticas, que os Xukuru nomearam como:
Ribeira, Serra e Agreste
Região do Agreste
Região da Ribeira
Região da Serra
ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO
NO “SERTÃO” PERNAMBUCANO (1774)
Principais vilas e povoados: 14.086 indivíduos
Vila de Cimbres (Pesqueira/PE): 1.140 indivíduosFonte: IDÉIA GERAL DA CAPITANIA DE PERNAMBUCO E SUAS ANEXAS. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, v. XL, 1918, p. 100.
ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO
INDÍGENA (XUKURU) EM MEADOS DO SÉCULO XVIII
Um pesquisador apontou 642 Xukuru na “Aldea Ararobá”
Fonte: HOHENTHAL, JR. W. Notes on the Shucurú indians of Serra do Ararobá, Pernambuco, Brasil. Revista do Museu Paulista (Nova Série), 1954, vol. VIII, p. 93-166.
Total de índios que pagaram dízimos para “Sua Majestade Fidelíssima” no ano de 1777. Os Xukuru quitavam tais obrigações, repassando parte
da produção agrícola e/ou de alguns animais na Vila de Cimbres
LOCALIDADE ÍNDIOS PRODUTORES
Sítio do Caipe 15
Sítio do Meio 03
Sítio de Santa Catarina 07
Sítio da Pedra D’água 07
Sítio das Almas 04
Sítio das Menos 01
Sítio da Boa Vista 11
Sítio da Serra 11
Sítio de Jenipapo 04
ÍNDIOS PAGADORES DE DÍZIMOS 63
Fonte: FIAM/CEHM. Livro da Criação da Vila de Cimbres: 1762-1867. Recife: FIAM-CEHM, Prefeitura Municipal de Pesqueira, 1985, p. 146-149. Tabela: Edmundo Monte.
O turbulento século XIX:Colônia, Império e República
“Confundidos com a massa da população nacional”
► Documentos, petições e dados quantitativos desconstroem o discurso imperial;
► Presença indígena em Pernambuco no Censo de 1872:
- População total: 841.539- Total de “caboclos”: 11.805
► Total de “caboclos” nos Censos de:
- 1872 (Império): 386.955- 1890 (República): 1.295.796
Fontes: IBGE <www.ibge.gov.br>; OLIVEIRA, J. P. de. Trama histórica e mobilizações indígenas atuais: uma antropologia dos registros numéricos no Nordeste. In: OLIVEIRA, J. P. de. (Org.). A presença indígena no Nordeste. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2011.
ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO INDÍGENA XUKURU
FIXADA EM CIMBRES (1861)
De acordo com um relatório do Diretor Geral dos Índios da Província de Pernambuco, o “Barão dos Guararapes”, 789 índios habitavam a “Aldeia de Cimbres”, distribuídos em 238 famílias.
Fonte: Relatório do Estado das Aldeias da Província de Pernambuco, 13/2/1861. APE, Cód. DII-19, fl. 53. (apud SILVA, 2008, p. 83).
POPULAÇÃO INDÍGENA XUKURU EM 1934, CONFORME OS
MÉTODOS E CRITÉRIOS ADOTADOS NA ÉPOCA POR
ETNÓLOGOS E ANTROPÓLOGOS
Na época que realizou pesquisas no Nordeste, Curt Nimuendajú afirmou que os “Sukurú são [apenas] 50 indivíduos”
Fonte: Carta de Curt Nimuendajú, Recife 12/10/1034, para Heloísa Alberto Torres. Museu Nacional/RJ, Setor de Linguística, Arquivo CN/MN.
CENSO 2000TOTAL DA POPULAÇÃO INDÍGENA RESIDENTE EM PERNAMBUCO
DESTACAMOS OS MUNICÍPIOS DE PESQUEIRA E POÇÃO ONDE VIVEM OS XUKURU
CENSO IBGE - 2010
Região Nordeste: houve um aumento de 38.302 indígenas em relação ao Censo 2000
Pernambuco: 53.284 (Aumento de 18.615 em relação ao Censo 2000)
CENSO 2010
Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010. Características gerais dos indígenas. (Resultados do Universo). IBGE: Rio de Janeiro, 2010; MONTE, E. Migrações Xukuru do Ororubá: memórias e História (1950-1990). Dissertação (Mestrado em História). Recife: UFPE, 2012
OBS: O Censo do IBGE 2010 apontou que 9.335 indivíduos se autodeclararam indígenas (Xukuru) no município de Pesqueira/PE, residentes nas zonas rural e urbana. Em Poção/PE, o órgão federal contabilizou 99 índios Xukuru.
HISTÓRIA DAS MIGRAÇÕES XUKURU (1950-1990)
Fontes e Metodologia:
- Entrevistas de História Oral (memórias indígenas);- Roteiro para entrevistas com questões abertas;- Priorizamos os relatos de índios/as idosos/as;- Diálogo com os estudos temáticos de outras áreas;- Atenção especial aos estudos sobre migração de camponeses oriundos do Agreste;- Outras fontes: acervos de jornais (PE e SP), documentos e petições (Arquivo Público - PE),
Censos e Publicações do IBGE, banco de dados da FUNASA, resultados preliminares do Censo Xukuru;
- Participação, discussões e debates nos encontros do GT “Demografia dos Povos Indígenas no Brasil (ABEP)” e em eventos nas áreas de História, Geografia, Migrações e afins;
Regiões de destino analisadas:
- Migrações sazonais: trabalho indígena (6 meses) nos canaviais da “Mata úmida” de PE e AL;- Migrações em definitivo : A Grande São Paulo (o tempo de residência variava de 2 a 35 anos).
Alguns resultados:
- Migração de retorno: a maioria dos entrevistados retornou entre as décadas de 1970 e 1990;- Observando e rememorando todas as etapas que compõem o processo migratório,
destacando as relações sociais, os tipos de trabalho e os momentos de sociabilidade no cotidiano dos locais de destino, segundo os próprios sujeitos e as nossas análises, evidenciam que as experiências migratórias, entre outros aspectos, influenciaram significativamente no processo de formação das lideranças indígenas, bem como na questão da afirmação da identidade étnica dos Xukuru; elemento imprescindível para as reivindicações justas e legítimas em torno das demandas e dos direitos constitucionais dos povos indígenas no Brasil.
TERRA INDÍGENA XUKURU DO ORORUBÁ(As entrevistas foram realizadas nas aldeias destacadas com um círculo)
Foto: CIMI Foto: Edson Silva Foto: Edmundo Monte
MIGRAÇÕES INDÍGENAS (SÉC. XX)
MEMÓRIAS ORAIS“Dona” Zenilda Xukuru
(viúva do Cacique Xicão)
“Porque eu conversando com um mais velho da
Aldeia, nessa época que Xicão foi embora [para
São Paulo], ele me disse assim: ‘olhe dona
Zenilda, ou o cabra é bem estudado, ou é
bem viajado.’ Então, o que é que ele quis dizer
nessa palavra? Xicão não tinha muito estudo, só
tinha a quarta série, mas foi bom ele viajar, pra
ele conhecer o mundo lá fora. Que o mundo lá
fora não é como a gente pensa, né? Então, eu
acho que ele pegou um pouco dessa
experiência, que ele não quis mais voltar.
Algo que ele pegou, ele quis praticar aqui,
dentro do seu povo.
Fonte: MONTE, E. Migrações Xukuru do Ororubá:
memórias e História (1950-1990). Dissertação (Mestrado em
História). Recife: UFPE, 2012
www.indiosnonordeste.com.br
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ÍNDIOS NO NORDESTE
Muito obrigado!
Gracias!
Thank you!
Edmundo Monte (UFAC)
POR FAVOR, SIGA AS RECOMENDAÇÕES ABAIXO:
As informações contidas nesta apresentação (Power Point), podem ser utilizadas em estudos
acadêmicos, pesquisas e afins. Solicitamos apenas a CITAÇÃO da fonte, conforme o modelo
abaixo:
MONTE, E. Processos históricos e sociodemográficos sobre os índios no Nordeste: o caso dos
Xukuru do Ororubá. Palestra proferida na 66ª Reunião Anual da SBPC. Rio Branco: UFAC, 2014.