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8. Ano SCULO XIX NA EUROPA: AS INOVAES NA ARTE
Professora
Elisa Herrera
No fim do sculo XVIII e no incio do sculo XIX, predominou na
arte europeia o Neoclassicismo, ou Academismo.Neoclassicismo,
do grego neo, novo, significa novo classicismo, retomada da
cultura clssica, greco-romana. Academismo vem do fato de as
concepes clssicas serem a base para o ensino nas academias,
as escolas de belas-artes mantidas pelos governos europeus.
O sculo XIX, porm, passou por fortes mudanas, decorrentes
da Revoluo Industrial e da Revoluo Francesa, no fim do
sculo XVIII. A arte refletiu essas mudanas, tornando-se mais
complexa e dando lugar a vrios movimentos artsticos.
Enquanto os artistas neoclssicos submetiam-se s regras das
academias, outros buscavam libertar-se delas e expressar
livremente seus sentimentos e sua imaginao.
O francs Jacques-Louis David (1748-1825) o maior
representante da pintura neoclssica. Segundo o neoclassicismo,
a obra de arte s seria perfeitamente bela se imitasse as formas
criadas pelos artistas clssicos gregos e pelos renascentistas
italianos. Exemplo: (Fig. 01 - Bonaparte atravessando os Alpes,
1800, de Jacques-Louis David. 2,60 x 2,21 m. Museu Nacional de
Malmaison, Rueil-Malmaison).
As inovaes na pintura:
H dois aspectos relevantes no trabalho dos
artistas que reagiram ao neoclassicismo: a
valorizao da cor e os contrastes de claro-
escuro. Quanto aos temas, eles se interessaram
mais pelos fatos de sua poca que pela mitologia
greco-romana. A natureza tambm passa a ser
tema da pintura.
Goya: a luta contra a tirania.
O espanhol Francisco Jos Goya y Lucientes (1746-1828)
usou temas diversos: retratos da corte espanhola e do
povo, os horrores da guerra, a ao incompreensvel de
personagens fantsticas e cenas histricas. Dessa
variedade, destacamos uma imagem que smbolo das
lutas pela liberdade (Fig. 02 - Os fuzilamentos de 3 de
maio de 1808- Goya 2,63 x 4,10 m. Museu do Prado,
Madri).
Os fuzilamentos de 3 de Maio de 1808, (1814), de Goya, 2,63 x 4,10 m- Museu do Prado, Madri
Maja vestida, Goya- Museu do Prado de Madri
Delacroix: a agitao nas ruas.
Aos 29 anos, o Francs Eugne Delacroix (1799-1863)
viveu uma importante experincia: visitou o Marrocos,
no norte da frica, com a misso de documentar, por
meio da pintura, os hbitos e costumes das pessoas
da. Mas Delacroix tornou-se famoso tambm por
retratar a agitao das ruas, como em seu quadro mais
conhecido (Fig. 03 - A liberdade guiando o povo, 1830 -
2,60 x 3,25 m. Museu do Louvre, Paris).
A realidade e a arte:
Entre 1850 e 1900 desenvolveu-se na arte europeia,
principalmente na pintura francesa, uma nova
tendncia, relacionada crescente industrializao.
Segundo ela, ao artista no cabe melhorar
artisticamente a realidade, pois a beleza est na
realidade tal qual ela . A funo da arte apenas
revelar o que h de mais caracterstico e expressivo no
mundo em que vivemos.
Assim, os pintores deixaram de lado temas mitolgicos,
bblicos, histricos e literrios a realidade imaginada
e voltaram-se para a realidade vivida. Trata-se, portanto,
de uma pintura realista. Entre seus representantes
podemos apontar Courbet e Manet, que, embora da
mesma poca, desenvolveram trabalhos muito
diferentes.
Courbet: os trabalhadores como tema.
O pintor francs Gustave (1819-1877) considerado o
criador do realismo social na pintura, pois procurou
retratar temas da vida cotidiana, principalmente das
classes populares. Sua obra manifesta especial
simpatia pelos trabalhadores e membros mais pobres
da sociedade (Fig. 04 - Moas peneirando trigo 1853-
1854. Museu de Belas Artes, Nantes).
A preocupao de alguns artistas em representar
questes sociais relaciona-se poca: a industrializao
trouxe grande desenvolvimento tecnolgico, mas
tambm fez formar-se nas cidades uma grande massa de
trabalhadores vivendo e trabalhando em condies
precrias e desumanas.
Manet: o outro lado da realidade.
douard Manet (1832-1883) pertencia a uma famlia rica da
burguesia parisiense. Seu realismo, diferente de Courbet,
no tem intenes sociais; ao contrrio, chega a ser
aristocrtico. Sua carreira foi marcada por alguns desafios
aos crticos conservadores. O maior deles aconteceu em
1863, com a tela (Fig. 05 - Almoo na relva 1863, 2,14 x
2,70. Museu DOrsay, Paris). Na poca, esse quadro causou
grande escndalo por representar uma mulher nua em
companhia de dois homens elegantemente vestidos.
A obra de Manet foi importante por inovar a pintura,
dando-lhe uma luminosidade mais intensa, como
podemos apreciar em outro de seus trabalhos, (Fig.
06 - O Balco 1,70 x 1,24 m. Museu DOrsay, Paris).
Essa luminosidade foi considerada um elemento
precursor do impressionismo, que voc conhecer
mais adiante.
1950-
Quase 100 anos depois, a
obra de Manet, O balco,
inspirou outro artista. O
pintor belga surrealista Ren
Magritte (1898-1967), criou
a surpreendente viso da
pintura de Manet que voc
pode ver, no uma simples
cpia: ele transps as linhas
principais da obra, para uma
composio mais moderna
(em sua poca).
A PAISAGEM: UM NOVO TEMA PARA A PINTURA
A pintura de paisagens j havia se desenvolvido no
sculo XVIII, mas no sculo XIX ganhou nova fora,
principalmente na Inglaterra. Caracterizou-se, de um
lado, pelo realismo, de outro, pela preocupao dos
artistas em estudar e representar as contnuas
variaes de cores da natureza decorrentes da luz
solar ao longo do dia.
Turner: a agitao na paisagem natural.
O ingls Joseph Mallord William Turner (1775-1851) usou
como tema fenmenos da natureza: chuvas, tempestades,
ventos. A natureza representada por ele no serena e
tranqila; nela predominam o movimento e a agitao (Fig.
07 - Vapor numa tempestade de neve (1842). 91 x 1, 22 m.
Tate Gallery, Londres).
Outro aspecto que chama a ateno na pintura de
Turner a presena de mquina. Os pintores
anteriores representaram elementos da natureza,
seres humanos, animais ou mesmo embarcaes. Em
uma das telas de Turner, porm, vemos uma
locomotiva, meio de transporte que comeava a fazer
parte do cotidiano das pessoas (Fig. 08 Chuva,
vapor e velocidade (1844). 90 x 1,21 m. Galeria
Nacional, Londres).
Constable: o cotidiano na paisagem.
Ao contrrio de Turner, o tambm ingls John Contable
(1776-1837) retrata uma natureza serena e
profundamente ligada aos lugares onde ele nasceu,
cresceu e trabalhou ao lado do pai. Muitos elementos
de suas paisagens moinhos de vento, barcaas
carregadas de cereais fazem parte de suas
lembranas de juventude (Fig. 09 - A carroa de feno
(1821), 1,30 x 1,85 m. Galeria Nacional, Londres.
As inovaes na escultura: Rodin. Entre os escultores
que inovaram a escultura do sculo XIX destaca-se o
francs Auguste Rodin (1840-1917). Sua produo
despertou muita polmica: alguns estudiosos apontam
em seu trabalho a acentuada tendncia ao realismo;
outros consideram mais a emoo revelada por muitas de
suas obras. Outros, ainda, vem em sua escultura
caractersticas do impressionismo, movimento do qual foi
contemporneo. A mais famosa de suas obras (Fig. 10 - O
pensador (1889), 1,83 m. Museu Rodin, Paris).
Questo 01 Explique o significado dos nomes Neoclassicismo e Academismo. Questo 02 Mencione alguns aspectos em comum nas pinturas dos artistas que reagiram as tendncias neoclssicas. Questo 03 Quanto ao modo de tratar seus temas, podemos notar um ponto em comum entre Goya, em sua obra Os fuzilamentos de 3 de maio de 1808, e Delacroix, na obra A liberdade guiando o povo. Observe as imagens abaixo e responda, qual era o ponto em comum entre eles? Questo 04 Sobre a pintura realista, desenvolvida entre os anos de 1850 e 1900, responda: a) A que importante acontecimento social seu desenvolvimento est associado? b) Qual sua principal ideia? Questo 05 Veja com ateno a pintura que Magritte fez com base na obra O balco, de Manet, como vemos nas imagens abaixo e diga qual teria sido a inteno do pintor ao conceb-la?
Respostas:
1. O nome Neoclassicismo significa novo classicismo, a retomada dos princpios artsticos da Antiguidade greco-romana, ou clssica. O nome Academismo vem do fato de as concepes clssicas serem a base do ensino nas academias.
2. Quanto a tcnica, a valorizao da cor e o contraste entre claro-escuro. Quanto aos temas, o interesse maior pelos fatos de sua poca que pela mitologia clssica.
3. Em Goya, o tema de represso poltica e da violncia sem rosto. Em Delacroix, o tema da liberdade como um ideal universal, representada por uma jovem guiando o povo.
4. a). A Revoluo Industrial, ou industrializao. b). Sua ideia principal de que ao artista no cabe melhorar artisticamente
a realidade, pois ela bela tal qual . 5. A resposta poder variar de acordo com o modo de como cada aluno
interpretou a imagem. Uma possvel interpretao que Magritte, ao pintar caixes em lugar de personagens, chama ateno para o carter finito da vida, uma vez que o futuro de todos a morte. Outra que ele faz uma crtica sociedade burguesa, querendo dizer que essas pessoas, no fundo, esto mortas.
Bibliografia (texto): PROENA, Graa. Histria da arte. Ed. tica, So Paulo,
2008.