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Disciplina METODOLOGIA DA PESQUISA

9Metodologia da Pesquisa

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Page 1: 9Metodologia da Pesquisa

Disciplina

METODOLOGIA DA PESQUISA

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Disciplina METODOLOGIA DA PESQUISA

Vilson CARVALHO Revisada por Fabiane Muniz

www.avm.edu.br

Page 3: 9Metodologia da Pesquisa

Su

mári

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05 Apresentação

07 Aula 1 Reflexões sobre o conhecimento

23 Aula 2 O valor do estudo

38 Aula 3 Afinal, o que é pesquisa?

61 Aula 4 O delineamento da pesquisa científica

94 Aula 5 A opção pela pesquisa de campo

114 Aula 6 O plano de pesquisa

137 Aula 7 Ética e pesquisa universitária

150 Plano de Pesquisa

152 Referências bibliográficas

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Metodologia da Pesquisa

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Metodologia da Pesquisa é uma disciplina construída a partir do princípio de que não existe produção de conhecimento científico, senão através da pesquisa. Daí a necessidade de conhecermos os fundamentos e práticas metodológicas voltadas para a formação de um pesquisador de qualquer área. Ela pretende dar a você a chance de estudar diferentes estratégias e táticas indicadas nas diferentes fases do método científico: da problematização e coleta de dados até a possível comprovação ou não das hipóteses formuladas. No decorrer das aulas iremos analisar a produção científica em seus dois níveis: no âmbito da subjetividade do produtor do conhecimento e no âmbito da objetividade, ou seja, da ciência como instituição e prática social de um saber construído sob determinados moldes. Tenha a certeza de que sua pós-graduação seria incompleta se não tivéssemos oportunidade de caminhar nas veredas da investigação e da pesquisa. Por isso mesmo, desejamos a você uma excelente caminhada! Lembre-se de que você não está sozinho. Que a trilha comece...

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Este caderno de estudos tem como objetivos: � Conhecer o que seja pesquisa, sua importância para o

desenvolvimento científico bem como para responder a várias demandas sociais;

� Refletir sobre diferentes técnicas de estudo e coleta de dados com dicas práticas para vencer os desafios impostos pelo exercício da pesquisa;

� Analisar alguns dos principais tipos de pesquisa de modo a auxiliá-lo no processo de elaboração de trabalhos científicos e avaliação de pesquisas já efetivadas;

� E, por fim, auxiliá-lo na elaboração de seu plano de pesquisa e, consequentemente, na construção de sua monografia.

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Reflexões sobre o Conhecimento

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Nesta primeira aula aprenderemos mais sobre o que seja conhecimento e as diferentes formas de conhecer. Além disso, teremos a chance de estudar a ciência como um conjunto de conhecimentos racionais, provisórios, obtidos metodicamente, sistematizados, verificáveis, expressos lógica e dedutivamente justificados por outros enunciados, para explicar, descrever e prever a realidade dos fenômenos. No decorrer desta aula, destacar-se-á a ideia de que a ciência não é um saber absoluto e sim um saber relativo às circunstâncias em que foi produzido a partir de um determinado objeto de estudo. Atente a esses pontos e bom estudo!

Obj

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os

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: � Compreender melhor o que significa conhecer e analisar os

diferentes tipos de conhecimento existentes; � Distinguir com clareza as diferenças entre o conhecimento

científico e o chamado senso comum; � Ajudá-lo a refletir sobre até que ponto você tem adotado o

espírito científico em suas posturas e práticas como estudantes e pesquisador.

Page 8: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 1 |Reflexões sobre o conhecimento 8

O conhecimento

Comecemos nosso caderno com uma reflexão

sobre conhecimento. É possível entender o

conhecimento como o pensamento resultante da

relação que se estabelece entre o sujeito que conhece

(cognoscente) e o objeto a ser conhecido (cognoscível).

O sujeito é o ser humano e o objeto parte da realidade

com a qual convivemos ou do próprio homem. Assim é

possível afirmar que o conhecimento não nasce do

vazio e sim das experiências que acumulamos em

nossa vida cotidiana, através de experiências, dos

relacionamentos interpessoais, das leituras de livros e

artigos diversos. O conhecimento é diferente de uma

informação (dado bruto), ele é uma reflexão sobre a

informação e sua riqueza. É sabido que as nações que

conseguem se desenvolver mais e melhor são também

as que valorizam a produção e a disseminação de

conhecimento.

Vale ressaltar que o homem se distingue dos

demais seres vivos, de forma particular, pela

possibilidade de conhecer. Diferentemente de outros

animais, o homem é o único ser que possui razão, ou

seja, o homem tem a faculdade de avaliar, julgar,

ponderar ideias universais, estabelecer relações lógicas

de conhecer, de compreender, de raciocinar, sendo

também a capacidade de relacionar e ir além da

realidade imediata. De fato, os seres humanos são os

únicos capazes de criar e transformar o conhecimento;

de aplicar o que aprendem por diversos meios; os

únicos capazes de criar um sistema de símbolos, como

a linguagem, e com ele registrar nossas próprias

experiências dividindo-as com outros seres humanos.

De modo geral o desejo de conhecer as coisas é

inato se manifestando desde os primeiros anos de vida.

Ao entrar em contato com a realidade, o ser humano

Dica de leitura

Para um aprofundamento ainda maior sobre o conceito de conhecimento seria válido consultar outras obras sobre o tema, especialmente de Filosofia e de Metodologia da Pesquisa. Veja abaixo alguns bons exemplos: ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1982; CERVO, A.e Bervian, P. Metodologia Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2002. LAKATOS, E. & Marconi, M. Metodologia da Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1983.

Page 9: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 1 |Reflexões sobre o conhecimento 9

imediatamente apreende essa realidade em relação ao

seu “EU”, à cultura e à história. O processo de conhecer

se manifesta de maneira tão natural que em alguns

momentos nem sequer nos damos conta de sua

complexidade. Desde cedo, nossos pais e professores nos

mostram a necessidade de aprender e conhecer o mundo,

e mais tarde, da necessidade de autoconhecimento. Neste

complexo processo, somos inseridos na “engrenagem” do

conhecimento do mundo considerado real, sem então

entendermos claramente o real significado de CONHECER.

Valendo-se de suas capacidades cognitivas, o ser humano

manifesta o desejo de conhecer o mundo em que se

encontra inserido.

Por ser fruto de uma relação entre sujeito e

objeto, o conhecimento é sempre relativo. Supõe um

ponto de vista, certos instrumentos e também limites

do sujeito que conhece. O conhecimento absoluto é

impossível, pois sua possibilidade implicaria num sujeito

sem limites – nem mesmo pessoais ou sócio-históricos

(Aranha e Martins, 2005). Isso fica ainda mais claro

quando nos deparamos com pessoas que privilegiam

suas crenças religiosas em relação a qualquer outro

conhecimento. Ou quando privilegiam o conhecimento a

partir da autoridade dos pais, professores, governantes,

líderes entre outros, lhes conferindo credibilidade.

Também os educadores e filósofos proporcionam

importantes elementos para o entendimento do mundo.

Porém, à medida que interagimos na relação com o

mundo, com os inúmeros campos e formas de

conhecimento, entramos num emaranhado de conceitos

e muitas vezes questionamos a validade daquilo que

anteriormente aceitamos como verdade.

Segundo Hessem (1999) pode-se afirmar que

existem cinco grandes formas de entender a relação

entre o sujeito e o objeto, visando à construção de

conhecimento:

Para refletir

É bem provável que você também tenha suas crenças de ordem religiosa ou não. Você já parou para pensar o quanto elas influenciam em sua percepção das coisas?

Para pensar

Uma das grandes funções da educação seria a de permitir ao educando, através do trabalho de formação de uma consciência critica um novo olhar sobre a realidade. O que você pensa sobre isso?

Page 10: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 1 |Reflexões sobre o conhecimento 10

� O objetivismo defende que o objeto

determina o sujeito e influencia na construção

de conhecimento do sujeito.

� O subjetivismo, contrário ao objetivismo,

defende que a construção de conhecimento se

dá no próprio sujeito (consciência em geral),

pois é o próprio sujeito que produz e dá

forma ao objeto.

� O realismo sustenta a tese de que o objeto

existe independentemente do sujeito. O

objeto é o ponto de partida do ato do

conhecimento. A independência dos objetos,

em relação à consciência do homem é real,

uma vez que o objeto pode modificar-se

independentemente da ação do homem.

� O idealismo, contrário ao realismo, defende

que não existem objetos reais, independentes

da consciência do homem, mas sim como um

produto do pensamento do homem. Vai-se do

pensamento para a análise do objeto;

� O fenomenalismo, por sua vez, estabelece

uma relação entre o realismo e o idealismo,

pois considera que os objetos existem por

meio da nossa consciência, mais do que isso,

é moldado pela própria consciência do sujeito.

Existem diferentes tipos de conhecimento.

Vejamos aqui alguns dos mais conhecidos:

CONHECIMENTO INTUITIVO

O termo “intuição” tem sua origem no latim in

tueri e significa “ver em”, “contemplar”. Na verdade a

intuição é uma modalidade de conhecimento que, pela

característica de tentar entender o objeto sem “meio”

ou intermediários das comparações, assemelha-se ao

Você sabia?

No decorrer da história muitos filósofos deram primazia a um dos dois pólos na relação de conhecimento ao sujeito ou ao objeto. Isso fica claro ao estudarmos essas cinco formas de conhecimento relatadas por Hessem (1999) destacadas nessa página.

Dica do professor

Dedique especial atenção aos diferentes tipos de conhecimento assinalados, pois este assunto será essencial para compreender de uma forma mais ampla o que seja ciência.

Page 11: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 1 |Reflexões sobre o conhecimento 11

fenômeno do conhecimento sensorial, especialmente da

visão. Contudo o conhecimento intuitivo é de ordem

subjetiva e não empírica.

Para Aristóteles o ser humano pode e consegue

conhecer as coisas que o cerca justamente porque tem

uma capacidade para enxergar e intuir os princípios

que regem os fenômenos. É dotado de uma visão

interior, que se traduz por uma capacidade de ver o

que é essencial dentro dos dados da experiência

sensorial. Essa visão poderia ser definida como

intuição.

É fácil entender uma intuição sensorial. Quando

pensamos que os sentidos não analisam, não

comparam e não julgam, por exemplo, o conhecimento

que se tem da temperatura da água de uma vasilha em

temperatura ambiente. Contudo, através da intuição

temos uma ideia da temperatura no instante em que se

a toca com a mão; outro exemplo é a emoção do

prazer que se experimenta em uma determinada

situação. Trata-se de um dado de experiência interna

apreendido imediatamente e que associamos a outras

experiências de modo intuitivo.

A percepção, cujo objeto passa para a mente

sem necessidade de um conhecimento prévio, tem sua

origem na experimentação e no sentir mediante as

sensações transmitidas pelos órgãos dos sentidos:

visão, audição, tato, gustação e olfato; a este processo

denominado conhecimento intuitivo sensorial.

Entretanto, o conhecimento intuitivo sensorial

não se realiza exclusivamente pela experiência de

fenômenos externos, visto que existe outra experiência

interna, a qual denominamos de reflexão, que pode ser

entendida como a ação de examinar o conteúdo por

meio do entendimento, da razão.

Você sabia?

A palavra saber vem do latim “sapere” que também significa sabor. Portanto, aprender algo pode muito bem ser comparado como saborear algo como destaca Rubem Alves.

Page 12: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 1 |Reflexões sobre o conhecimento 12

A experiência externa utiliza os órgãos dos

sentidos para a apreensão do objeto e a experiência

interna limita-se a comparar os diferentes dados da

experiência externa. Contudo é possível através da

reflexão intuir (ter uma ideia) se fará sol ou chuva ou

ainda se alguém concordará conosco ou não.

Evidentemente, como qualquer tipo de conhecimento,

ele poderá ser verídico ou não. Só o tempo e a

experiência dirão se a intuição foi verdadeira ou falsa.

Dentre as vantagens desse tipo de conhecimento

poderíamos destacar:

� A possibilidade de formular juízos e ideias

rápidas diante de situações que exigem

agilidade independente das experiências

sensoriais;

� Permitir que o homem vá além das

experiências sensíveis formulando juízos com

base em experiências anteriores ou no bom

senso;

� Favorecer o pensamento através de uma

reflexão interior.

CONHECIMENTO EMPÍRICO OU DE SENSO COMUM

Também conhecido como conhecimento sensório

ou vulgar, o conhecimento empírico é o conhecimento

popular. Nesse caso o universo dos objetos físicos é

conhecido pela sensação de suas características. Trata-

se de um conhecimento que se obtêm ao acaso, ele não

é metódico ou sistemático, resultando muitas vezes em

diversas tentativas de ensaio e erro. Todo ser humano,

no transcurso de sua existência, vai acumulando

conhecimentos daquilo que viu, ouviu, provou, cheirou

Importante

Para os empiristas não existe conhecimento a priori, sendo a única fonte de conhecimento a experiência sensorial.

Page 13: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 1 |Reflexões sobre o conhecimento 13

e pegou; vai acumulando vivências,vai interiorizando as

tradições da cultura da comunidade.

Na verdade, estas experiências que não

atendem critérios e sistemas são ingênuas por sua

visão global e, sobretudo, desprovidas de críticas e

demonstrações, porém oferecem informações de

tradições dispensando as análises de credenciais de

testemunhos, embasando-se nos fundamentos das

crenças tradicionais de uma comunidade.

É óbvio que todo ser humano bem informado

traz consigo “conhecimentos” de “psicologia”,

“farmacologia”, especialmente algumas mulheres que

já tiveram filhos, se vêem “habilitadas” para dar

gratuitamente “consultas” e “receitas infalíveis” para as

cólicas do recém-nascido e para qualquer dor de

cabeça, tem conhecimento de um comprimido ou chá

eficaz para o alívio; entretanto, ignoram a composição

do comprimido, a natureza da dor de cabeça e a ação

do medicamento. E é isto que caracteriza o

conhecimento vulgar ou empírico, pois o conhecimento

das coisas ocorre superficialmente, seja por informação

ou experiência casual (ações não planejadas).

Cabe ressaltar que, para qualquer homem, a

porção maior de seus conhecimentos pertence à classe

do conhecimento vulgar. Ninguém precisa estudar

lógica e aprofundar-se em teorias sobre validação

científica da indução ou nas leis mais formais do

raciocínio dedutivo para ser natural e vulgarmente

lógico; ninguém precisa devotar-se aos estudos mais

avançados da psicologia e qualquer outra ciência de

saúde para integrar-se na família, no trabalho, na

sociedade; ninguém precisa ser teólogo para adotar

uma religião e ter suas convicções mais profundas da

ciência, uma vez que as convicções são subjetivas e se

Você sabia?

Durante um longo período de tempo a ciência priorizou o conhecimento científico em detrimento do conhecimento dito vulgar. Contudo, hoje sabe-se que sérias pesquisas no campo científico só foram possíveis graças a constatações do senso comum.

:: Teorias:

Nome dado ao sistema organizado de leis, hipóteses, conceitos, definições interligadas e coerentes. A teoria especifica a causa ou mecanismo subjacente responsável pela regularidade descrita na lei. Ex: Teoria Geocêntrica sustentada por Aristóteles, Euclides e Ptolomeu, que foi substituída pela Teoria Heliocêntrica sustentada por Copérnico e Galileu.

Page 14: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 1 |Reflexões sobre o conhecimento 14

traduzem por uma absoluta fixação de enunciados

evidentes ou não, verdadeiros ou não.

Vejamos alguns exemplos de aplicações

resultantes do conhecimento Empírico:

� A invenção da roda;

� A descoberta do fogo;

� A medicina popular.

CONHECIMENTO FILOSÓFICO

A palavra “filosofia” tem sido empregada com

significados muito diferentes entre si. O significado

etimológico rigoroso da palavra de origem grega; quer

dizer “amor ao conhecimento”. A tarefa básica do

conhecimento filosófico é a reflexão continuada. Os

antigos gregos chamavam de “filósofos” aqueles

homens mais sábios, que apresentavam as explicações

mais razoáveis na sua época para os mistérios da

natureza, do pensamento, do universo.

O conhecimento filosófico é caracterizado pela

coerência lógica da argumentação, isto é, da trama dos

conceitos articulados em determinada formulação de

ideias. Na construção desse tipo de conhecimento não

há necessidade de uma confirmação experimental. Ele

se distingue do conhecimento científico pelo objeto de

investigação – constituído por realidades que muitas

vezes escapam aos sentidos e a experiência – e pelo

método que se baseia basicamente na interrogação

continuada.

A Filosofia procura compreender a realidade em

seu contexto mais universal. Não traz soluções

definitivas para o grande número de questões, contudo

leva o ser humano a fazer uso de suas faculdades para

ver melhor o sentido da vida (Cervo e Berviam, 2002).

Dica do professor

Um exemplo muito simples desse tipo conhecimento seria o seguinte: A chave está emperrando na fechadura e, de tanto experimentarmos formas de abrir a porta, acabamos por descobrir (conhecer) um jeitinho de girar a chave sem emperrar.

:: Método:

A palavra método originou-se do grego “methodos”, que significa caminho.

Dica de leitura

Para ter acesso a uma leitura facilitada sobre o tema leia a obra: CORDI, C. et al. Para Filosofar. São Paulo: Scipione, 1996.

Page 15: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 1 |Reflexões sobre o conhecimento 15

O campo da filosofia ultrapassa o campo de todas as

ciências. Sua dimensão totalizadora abarca todas as

ciências sem, contudo, pretender substituí-las no

estudo particular de seus objetos específicos.

Veja alguns exemplos de aplicações decorrentes

do conhecimento Filosófico:

� A Matemática;

� A Teoria do Conhecimento;

� A Lógica.

CONHECIMENTO TEOLÓGICO OU DE FÉ

O conhecimento teológico ou de fé se detém na

opinião de terceiros, de modo especial através da

chamada “revelação”. Existem objetos da realidade a

nossa volta que escapam tanto aos nossos sentidos

quanto ao nosso raciocínio, impedindo assim, que deles

tenhamos dados empíricos ou lógicos. Por exemplo:

não sabemos ao certo o que alguém está pensando ou

sentindo, assim como não sabemos o que acontecerá

conosco depois de nossa morte biológica. Nesses casos

lidamos com essa realidade através da opinião de

terceiros (revelação) aceita como verdade.

O conhecimento revelado ocorre quando há algo

oculto ou um mistério. Aquele que manifesta o oculto é

o revelador – que pode ser o homem ou o próprio

Deus. Em geral a fé teológica está ligada a alguém que

testemunha Deus diante de outras pessoas, isto é,

alguém que vive o mistério divino, que tem

conhecimento dele e o revele a outra pessoa. Uma

igreja seria constituída por um conjunto de pessoas

que vive esse milagre, acredita no mesmo e dá

testemunho deste a outros.

Importante

Ao contrário dos empiristas, os racionalistas defendem que o verdadeiro conhecimento não é fruto de uma experiência sensorial, mas se dá através de uma argumentação racional baseada em axiomas.

Importante

Este tipo de conhecimento é adquirido a partir dos axiomas da fé teológica. É fruto da revelação com uma divindade diretamente ou através de indivíduos inspirados.

Page 16: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 1 |Reflexões sobre o conhecimento 16

As verdades do conhecimento teológico estão

dispostas em textos como a Bíblia e o Alcorão, ou

ainda na tradição que nos é transmitida por terceiros.

Não adianta queremos buscar evidências para a

Eucaristia ou a realização de um milagre. Ou se

acredita naquilo, através dos textos sagrados, como

dogma, isto é uma verdade inquestionável, ou não.

Como afirma Ruiz (1980):

Se tudo o que está na Bíblia encerra a própria ciência divina comunicada por Deus aos homens; se Deus merece todo crédito e exige que os homens revelem sua palavra, que não se procure a evidência dos conteúdos da revelação divina, mas que se aceite o dogma porque assim foi divinamente revelado.

(p. 33)

O conhecimento teológico supõe uma autoridade

e uma lógica acima da compreensão humana, isto é,

uma lógica e uma compreensão divinas. A teologia não

demonstra o dogma, clama para a autoridade divina

que o revelou e exige um voto de confiança (fé). A

teologia mostra a existência e a necessidade de uma

especial iluminação divina para que o fiel consiga

conhecer a verdade divina da revelação. A fonte e o

objeto de estudos da teologia são os livros sagrados.

A ciência, nascida da razão, só admite o que foi

provado, na exata medida em que se podem comprovar

experimentalmente, promovendo desta forma, o

conhecimento, a partir da evidência dos fatos. A

Filosofia por sua vez também valoriza a lógica e os

dados racionais. Já o conhecimento teológico exige a fé

que brota do desejo e da submissão, a partir da

autoridade divina. Por isso tanto a ciência quanto a

Filosofia, não se baseiam no conhecimento de fé.

Como contribuições advindas do conhecimento

teológico ou religioso poderíamos citar:

:: Ciência:

Segundo Ander-Egg (1991): “A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza”. (Ander-Egg apud Lakatos, p. 15) Para Trujillo (1982): “A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado capaz de ser submetido à verificação”. (p. 8).

:: Alcorão:

O Alcorão é o livro sagrado dos muçulmanos e a Bíblia o livro sagrado dos cristãos.

Page 17: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 1 |Reflexões sobre o conhecimento 17

� O desenvolvimento dos valores morais;

� A criação de princípios e teses sobre o sentido

da vida;

� O cultivo da caridade e da esperança.

CONHECIMENTO CIENTÍFICO

O conhecimento científico vai além do fenômeno

em si, se voltando para suas leis, causas e

consequências, através capacidade de analisar, de

explicar, de desdobrar, de justificar; de induzir ou

aplicar leis, de predizer com significativa e em alguns

fenômenos com absoluta margem de segurança,

eventos futuros.

Para Cervo e Berviam (2002), até a Renascença

o conhecimento científico era tido como o

conhecimento obtido a partir de um rígido sistema de

proposições rigorosamente demonstradas, constantes e

gerais que expressavam as relações existentes entre os

seres vivos. Trata-se de um conhecimento resultante

da demonstração e da experimentação que só aceitava

como verdadeiro aquilo que fosse comprovado. Hoje a

concepção de ciência mudou. É óbvio que ela contínua

valorizando a razão, a sistematização e a comprovação

através da pesquisa, contudo sabe-se que a ciência não

é algo acabado, definitivo e infalível. Não sendo de

forma nenhuma “a posse de verdades imutáveis” (p.

9).

Atualmente a ciência é entendida como:

uma busca constante de explicações e de soluções, de revisão e de reavaliação de seus resultados, apesar de sua falibilidade e de seus limites.

(Id., p. 10)

Citaremos algumas características do

conhecimento científico:

Dica do professor

Atente para cada uma dessas características citadas nessa página. Certamente você as utilizará no desenvolvimento de seus trabalhos acadêmicos, como a monografia que irá elaborar.

:: Leis:

Regras de como a natureza se comporta. Enunciados generalizadores que descrevem relações constantes entre os fenômenos. Ex: Lei da queda livre, Leis de Newton, Lei da Conservação da Matéria

Page 18: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 1 |Reflexões sobre o conhecimento 18

� Explica os fenômenos;

� É sistemático e metódico;

� É crítico, rigoroso e objetivo;

� Se consolida na certeza das leis

demonstradas;

� Procura as relações entre os componentes do

fenômeno para enunciar as leis gerais e

constantes que regem estas relações;

� Justifica e demonstra os motivos e

fundamentos de sua certeza;

� Estabelece leis válidas para todos os casos da

mesma espécie que venham a ocorrer nas

mesmas condições;

� Resulta de um processo complexo de análise

e de síntese;

� Fundamenta-se na objetividade e evidência

dos fatos.

SOBRE O ESPÍRITO CIENTÍFICO

O tão falado “espírito científico” pode ser

entendido como uma atitude ou disposição subjetiva

que busca constantemente novas soluções, com

métodos adequados, para problemas e interrogações

que caracterizam a pesquisa.

ALGUMAS APLICAÇÕES RESULTANTES DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Nos últimos 350 anos de história da humanidade constatamos que a Terra é um planeta; que o Sol é uma estrela de quinta grandeza, que as órbitas dos planetas são elípticas, que os corpos biológicos são compostos de células, que os corpos físicos se formam e se sustentam em várias cadeias de átomos, que a luz é um fenômeno físico, dentre outras inúmeras descobertas, estimamos que o homem teria de 20 a 25 mil genes dentre outras inúmeras descobertas. Entendemos certas leis do universo e criamos instrumentos e ferramentas que ampliaram nossos sentidos e elevaram nossa qualidade de vida. Todas essas descobertas e invenções servem para exemplificar a importância do chamado ESPÍRITO CIENTÍFICO.

Page 19: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 1 |Reflexões sobre o conhecimento 19

De um modo geral o espírito científico, na

prática, traduz-se por uma mente crítica, objetiva e

racional;

A objetividade é uma característica básica do

espírito científico. O que vale não é o que o cientista

imagina ou pensa, mas sim o que realmente existe. A

objetividade do espírito científico não aceita soluções

parciais ou pessoais – o “eu acho...”, ou “penso ser

assim...”; não satisfazem à objetividade do saber

científico.

Para o pesquisado português Lobo Vilella

(1959):

O que caracteriza o espírito científico é a meticulosidade que põe na observação dos factos, a argúcia com que descobre analogias e relações pouco aparentes, a disciplina com que submete as suas interpretações à verificação experimental, o sentido estético da harmonia interna do mundo, o amor desinteressado da verdade.

(p.15-16)

QUALIDADES DO ESPÍRITO CIENTÍFICO

A partir do que aprendemos sobre o espírito

científico podemos apontar algumas de suas principais

qualidades:

� Virtude Intelectual:

Senso de observação, gosto pela precisão e

pelas ideias claras. Imaginação ousada, mas regida

pela necessidade da prova.

� Curiosidade:

Leva o sujeito a aprofundar os problemas na

sagacidade e poder de discernimento.

Importante

Por isso no que se refere à escrita de qualquer trabalho acadêmico não se deve usar termos como “eu acho”, “penso”, “acredito”, “deve ser isso”, pois os mesmos fogem a objetividade científica fazendo com que o trabalho se assemelhe a opiniões de senso comum ou crenças pessoais.

Dica do professor

Tais qualidades podem ser traduzidas como ferramentas que deverão ser empregadas por você na elaboração de seu trabalho monográfico ou qualquer outro tipo de trabalho científico que pretenda desenvolver. Esperamos que nossa disciplina apenas reforce em você estas qualidades, de modo a fortalecê-las ainda mais.

Page 20: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 1 |Reflexões sobre o conhecimento 20

� Humildade:

Moralmente o espírito científico assume a atitude

de humildade e de reconhecimento de suas limitações, das

possibilidades de certos erros e acertos e enganos.

� Imparcialidade:

O espírito científico é imparcial. Não torce os

fatos. Respeita escrupulosamente os fatos.

� Não é acomodado:

Procura manter sempre em constante estado de

vigília a curiosidade e a postura investigativa necessário

ao desenvolvimento de uma pesquisa.

� Honestidade:

Não admite como seu o que os outros já fizeram

(Plágio); busca se comprometer com a verdade dos

fatos que investiga.

� Coragem:

Enfrenta os obstáculos e perigos que uma

pesquisa possa oferecer.

� Ética:

Assume a atitude de humildade e de

reconhecimento de suas limitações, da possibilidade de

cometer erros e enganos e de reconhecer outros

trabalhos científicos tão ou mais importantes do que o

seu.

RESUMO

Vimos até agora:

� Estudamos o significado de conhecimento

enquanto uma relação entre sujeito e objeto

através da análise de cinco de suas

expressões: conhecimento intuitivo, empírico,

filosófico, de fé e científico;

Para refletir

Quais dentre as qualidades citadas você considera mais desafiadoras? Que outra qualidade você julga ser importante para os que desejam cultivar um espírito científico? Não deixe de ir registrando suas reflexões. Busque resolver os exercícios abaixo e até nossa próxima aula.

Page 21: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 1 |Reflexões sobre o conhecimento 21

� Aprendemos a diferenciar e reconhecer

propriedades comuns entre os cinco tipos

mais conhecidos de conhecimento;

� Destacamos o papel do conhecimento

científico como um tipo de conhecimento

diferenciado que se pauta em uma

metodologia própria e foi fundamental para o

desenvolvimento da sociedade;

� Por fim, refletimos juntos sobre o que seja

espírito científico, suas características e a

importância de seu cultivo por parte daqueles

que desejam ingressar no terreno da pesquisa

e contribuir para o desenvolvimento da

ciência.

Page 22: 9Metodologia da Pesquisa

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Page 23: 9Metodologia da Pesquisa

O Valor do Estudo

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Nesta segunda aula iremos aprender sobre diferentes estratégias de acesso a informação e produção do conhecimento através do estudo. A chave para a elaboração de uma monografia de qualidade é o estudo prévio que fundamenta o trabalho, fornece novas ideias ao pesquisador e o auxilia no sentido de perceber a relevância e a originalidade do trabalho a ser desenvolvido. No decorrer da aula, serão destacados pontos importantes para que você possa estudar melhor trazendo uma série de dicas que irão auxiliá-lo desde a preparação exterior do local de estudo até a preparação interior do aluno no sentido de estimular funções mentais superiores como atenção, memória e criatividade. Aproveite as dicas fornecidas nesta aula não apenas para a preparação de sua monografia, mas em seu curso como um todo visando o aperfeiçoamento de seus estudos.

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Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: � Reconhecer a importância do estudo e adquirir dicas sobre

como torná-lo mais eficiente aplicado à produção de um trabalho monográfico;

� Conhecer técnicas voltadas a práticas de estudo como produção de fichas, esquemas, resumos e outros;

� Ajudá-lo a aperfeiçoar seus estudos e aprimorar seu senso científico.

Page 24: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 2 |O valor do estudo 24

O hábito de estudar

Um dos principais objetivos dos cursos

universitários é o de desenvolver nos estudantes o

espírito científico coletivo marcado pela produção

acadêmica. Entretanto, nada se conseguirá neste

sentido se os iniciantes em trabalhos científicos não

tiverem adquirido hábitos de estudo sistemáticos

através da utilização de métodos e técnicas adequadas

e previamente estipuladas.

Desse modo, a primeira etapa que o aluno

precisa vencer para se tornar um estudioso é conhecer

e utilizar procedimentos que facilitem os seus estudos.

Pesquisas realizadas comprovam a validade de tal

afirmativa. Completando tal observação, Severino

(1994) adverte que o ensino superior exige dos

universitários:

� Autonomia no processo de aprendizagem e

postura de autoatividade didática rigorosa,

crítica e criativa;

� Projeto de trabalho intelectual individualizado,

apoiado em material didático e científico que

se constitui, basicamente, na bibliografia

especializada.

Sobre a pesquisa bibliográfica e formação de um

acervo pessoal, vale aqui algumas dicas:

Existem livros fundamentais (às vezes clássicos)

nas diferentes áreas do conhecimento que devem ser

adquiridos ou pelo menos pesquisados;

A assinatura de revistas especializadas é um

hábito a ser cultivado, uma vez que os relatórios de

pesquisa e as descobertas nas diferentes áreas do

Dica do professor

Repare que mesmo nos cursos a distância, como é o caso deste que você está fazendo, estas exigências permanecem. Por isso se você quer ser bem sucedido em nossa graduação atenção as mesmas, OK?

Dica do professor

É interessante cultivar o hábito de tirar uma cópia de matérias de jornais ou revistas, uma vez que estas também podem ser aproveitadas futuramente em seus estudos e quem sabe até no seu trabalho monográfico. Procure arquivar as mesmas por assunto de modo a facilitar sua consulta e aproveitamento posterior. Esta é, portanto, uma dica barata e eficiente.

Page 25: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 2 |O valor do estudo 25

conhecimento, antes de aparecerem em livros, são

publicadas em revistas e jornais. As revistas também

oferecem a oportunidade de se ampliar a bibliografia

sobre determinado assunto com novas e atualizadas

referências.

É importante que o estudante universitário

acostume-se com o ambiente das bibliotecas, embora

em algumas delas o acervo seja limitado e pouco

renovado. De qualquer maneira, o estudante deve

frequentá-las, explorá-las. No caso das bibliotecas

universitárias, é lá se encontram obras de referência

geral, periódicos, livros, dissertações de mestrado,

teses de doutorado etc.

As bibliotecas são organizadas no sentido de

auxiliar os leitores e pesquisadores. Assim, seu acervo

se apresenta classificado por assunto, título e autor,

em fichas individuais reunidas em fichários por ordem

alfabética. Nas fichas, além de dados sobre a obra e o

autor, está registrada a referência da obra (código da

biblioteca), através da qual ela é localizada nas

prateleiras. Muitas bibliotecas são informatizadas

oferecendo uma alternativa de organização mais

moderna.

Atualmente existem uma série de revistas e

artigos eletrônicos que vale a pena consultar e

conhecer melhor de forma rápida, prática e dinâmica.

As chamadas bibliotecas virtuais, por exemplo, são

uma forma bastante otimizada e eficiente de ter acesso

a uma bibliografia atualizada sobre aquilo que o

estudante pesquisa. Mesmo tendo o devido cuidado de

citar apenas sites confiáveis, é impossível deixar de

considerar a grande quantidade de material disponível

na internet que ainda sequer foi publicado. É possível

ainda ter acesso a várias obras disponibilizadas na íntegra

na internet por um preço bem mais acessível do que se

estas fossem adquiridas.

Page 26: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 2 |O valor do estudo 26

Além do estudo, através de fontes bibliográficas

e webgráficas, outras modalidades de aprendizagem e

estudo são os encontros, seminários, congressos,

palestras, mesas redondas etc., que devem

acompanhar o estudo pela vida toda. A princípio como

participante, em seguida fazendo pequenas

comunicações e, no decorrer da vida profissional,

integrando mesas-redondas, fazendo palestras etc.

Outro aspecto a considerar, principalmente por

todos aqueles que não têm muito tempo, uma vez que

precisam trabalhar e estudar, é o planejamento das

atividades de estudo e a divisão adequada do tempo

através de uma programação. Não se pode fazer um

curso se não houver tempo disponível para estudar e

refletir.

De fato, o pesquisador não pode deixar de

programar “seu tempo”, pois sem essa administração

do mesmo é difícil cumprir prazos de trabalho e fazer

um estudo sério e aprofundado. Além disso, o contato

com outros ambientes e culturas pode, sem dúvida,

enriquecer sua criatividade e estimular seu senso

crítico.

Observem as recomendações de Galliano (p.61)

sobre a utilização do tempo:

Para quem quiser tirar a prova do quanto a internet pode auxiliar o trabalho do pesquisador vale consultar o Scielo (http://www.scielo.br). A Scientific Electronic Library Online - SciELO é uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros. A SciELO é o resultado de um projeto de pesquisa da FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, em parceria com a BIREME - Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde. A partir de 2002, o Projeto conta com o apoio do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

Dica do professor

Olha o tempo! Você já pensou em planejar melhor seu tempo na realização deste curso? Esse é um bom questionamento. Lembre-se de que num curso a distância a dedicação aos módulos de estudo são fundamentais e, evidentemente, exigem certo tempo

Page 27: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 2 |O valor do estudo 27

� Planeje seu tempo – essa é a forma correta

de “ganhar” tempo para o estudo;

� Procure utilizar melhor de períodos vagos em

sua atividade;

� Substitua o horário de uma ou mais

atividades não-essenciais para obter mais

tempo de estudo;

� Não estabeleça períodos muito longos de

estudo sem pausa para descanso (...).

TÉCNICAS DE LEITURA

Vejamos agora algumas técnicas de leitura que

podem tornar nosso estudo mais proveitoso e eficaz,

especialmente se você não dispõe de tempo.

Galliano (1986) nos lembra que toda leitura é

feita com um propósito que pode ser a investigação, a

crítica, a comparação, a verificação, a ampliação ou

integração do conhecimento. Para atingir esse

propósito devemos identificar as ideias principais

doautor. Ocorre que poderemos estar lendo um artigo,

um livro, um capítulo de livro, ou mesmo um simples

parágrafo. Mandam os especialistas que se proceda,

inicialmente, a uma leitura integral do texto visando

identificar as ideias centrais do mesmo.

Cada capítulo ou unidade pode conter uma ou

mais ideias-chaves que se articulam com o objetivo

central da obra estudada. Trabalhar a leitura a partir

da identificação de tais ideias facilita a sua

compreensão, na medida em que o texto fica, assim,

dividido em blocos que vão sendo sucessivamente

estudados a partir de suas ideias centrais.

Em algumas ocasiões, a ideia principal está

explícita e é facilmente identificada. Em outras, ela se

confunde com as ideias secundárias. Quando se

:: Leitura Integral:

Essa leitura integral inicial é chamada muitas vezes de leitura transversal. Não se trata de ler o livro da primeira página a última e sim dar uma folheada no seu estilo, estruturação de capítulos, bibliografia, autores citados etc.

Page 28: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 2 |O valor do estudo 28

procura a ideia principal do autor em uma obra, usam-

se técnicas facilitadoras como a leitura do índice, dos

títulos e subtítulos, prefácio, introdução etc. (Salomon,

1994).

A TÉCNICA DE ESQUEMATIZAR

O esquema é UMA REPRESENTAÇÃO SINTÉTICA

DO TEXTO ATRAVÉS DE GRÁFICOS, CÓDIGOS E

PALAVRAS. Por isso, é importante que este seja

organizado segundo uma sequência lógica onde se

destaquem em primeiro lugar as ideias principais,

seguidas por aquelas a elas subordinadas de maneira

que seja esclarecido o inter-relacionamento de fatos e

ideias a estas relacionadas.

A elaboração de esquema exige a participação

ativa do leitor na assimilação do conteúdo, levando-o,

também, a uma avaliação sobre a lógica do texto. Para

Salomon (1994), as principais características de um

bom esquema são:

� Fidelidade ao texto;

� Estrutura lógica;

� Adequação ao assunto estudado;

� Utilidade;

� Cunho pessoal.

Algumas pessoas têm grande facilidade de

trabalhar com esquemas criando vários ao longo de

cada parágrafo lido, criando um esquema maior por

capítulo ou unidade, ou ainda elaborando um grande

esquema como síntese de toda a obra (livro, artigo,

pesquisa etc.).

Dica do professor

Experimente esquematizar um pequeno texto e depois analise o mesmo com relação às características assinaladas por Salomon.

Dica do professor

Experimente esta técnica com um texto qualquer. Assim como as demais apresentadas ela pode ser bastante útil. Um esquema bem feito por vezes traduz com clareza o raciocínio de um autor.

Dica do professor

Durante a leitura é pertinente escrever um resumo do texto que estamos lendo. Assim fixamos melhor seu conteúdo e juntamos um material interessante que pode servir para um aproveitamento posterior.

Page 29: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 2 |O valor do estudo 29

A TÉCNICA DE RESUMIR

O resumo nada mais é do que uma

CONDENSAÇÃO DO TEXTO REUNINDO SUAS IDEIAS

CENTRAIS. O mesmo pode também trazer a

interpretação do leitor, desde que este o faça

separadamente a fim de que não se confunda as ideias

do autor com as ideias do leitor.

Um dos objetivos do resumo é o de abreviar as

ideias do autor, sem, contudo, a concisão de um

esquema. Quando você considerar relevante, faça

transcrições de palavras do próprio autor, colocando-as

entre aspas e o número da página entre parênteses. As

observações e interpretações pessoais, bem como as

referências bibliográficas, acompanham o resumo, sem

prejudicar a fidelidade ao texto. Essa técnica pode ser

extremamente útil durante a construção de sua

monografia no momento em que você tiver de fazer

citações importantes sem ter que voltar a leitura de

toda obra para achar a ideia que você pretende

enfatizar.

DICAS GERAIS

� Leia cada página das obras fazendo anotações

e registrando suas dúvidas e colocações

pessoais;

� Construa uma espécie de resumo pessoal do

material que você colocou, pode ser uma

espécie de fichamento com observações e

pontos que você destacaria em relação ao

mesmo ou ainda registros em um caderno

com resumos esquemáticos. Escolha a técnica

com a qual você melhor se identifica;

Importante

Provavelmente nem todas as dicas sugeridas se aplicam a você. Procure identificar nos diferentes itens as dicas que lhe dizem mais respeito procurando colocá-las em prática levando em consideração as suas dificuldades.

Dica de leitura

Você terá oportunidade de aprofundar melhor esta e outras técnicas através da leitura do livro: LAROSA, M. e ARDUINI, F. Como elaborar uma monografia? Rio de Janeiro: WAK , 2002.

Page 30: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 2 |O valor do estudo 30

� Elabore mapas, desenhos, gráficos e

diagramas. Estes também podem auxiliá-lo em

seus estudos, especialmente quando se trata

da análise de um conteúdo mais extenso e

complexo;

� Aproprie-se das obras consultadas. Se você

tire xérox para que você possa: sublinhar,

rabiscar, fazer anotações, enfim aproveitá-la

ao máximo; pois na hora de uma consulta

rápida isso poderá lhe facilitar bastante;

� Siga as dicas das caixinhas laterais. A função

das mesmas é contribuir e facilitar o seu

processo de aprendizagem;

� Reveja a bibliografia, se possível busque ter

acesso a, pelo menos, algumas das obras

citadas, através de empréstimos em

bibliotecas, por exemplo;

� Faça a si próprio a pergunta: "que significa

isso?". Se houver dúvida, volte a estudar

objetivando esclarecer o porquê das mesmas;

� Ao estudar procure se concentrar de fato no

que está lendo, procurando compreender e

memorizar o conteúdo das leituras;

� Não tente estudar tudo ao mesmo tempo,

estabeleça algumas metas como três páginas

por dia ou algo semelhante de acordo com

sua disponibilidade;

� Lembre-se de que a aprendizagem é como

uma corrente: cada elo seguinte depende do

elo anterior. Quando encontrar uma dificuldade,

procure o elo que está faltando. Se você não

consegue aprender alguma coisa, não é por fal-

Importante

Essa página resume os principais pontos sobre o que conversamos até agora. Leia com atenção cada item e lembre-se de que queremos apenas auxiliá-lo em seus estudos. Cada pessoa tem um jeito de estudar e respeitamos isso. Queremos oferecer a você a oportunidade de tornar seus momentos de estudo ainda mais eficientes e enriquecedores. Esperamos que todas as dicas dadas contribuam nessa direção. Sucesso!

Page 31: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 2 |O valor do estudo 31

ta de inteligência: Muitas vezes falta aprender

algo que serve de base à novas

aprendizagens;

� Caso as dúvidas persistam não hesite em

entrar em contato com a Tutoria;

� Certa rotina de trabalho é fundamental. É

fácil se deixar levar pelo comodismo de

sempre e adiar o começo da tarefa. Evite

atrasos e procure trabalhar sempre no

mesmo lugar. Isso facilita a concentração e

cria hábitos produtivos. Acostume-se a

estudar num mesmo local e num mesmo

horário. Ao contrário do que possa parecer,

isso poderá ajudá-lo bastante;

� Disponibilize um canto de estudo que seja

sossegado, arejado e bem iluminado;

� Não tenha fontes de distração que poderão

atrapalhá-lo como, por exemplo, o celular, o

rádio e a TV;

� Ao interromper o estudo, deixe um sinal

específico para retomar a aprendizagem

exatamente de onde parou, sem perda de

esforço ou de tempo;

� Mantenha sempre acesa sua motivação e

você terá muito mais chances de alcançar

seus objetivos.

A DOCUMENTAÇÃO PESSOAL

Tendo conversado sobre técnicas para que você

possa aperfeiçoar suas habilidades de estudo e leitura

chegou então o momento de tratarmos especificamente

da documentação pessoal, em especial as fichas e sua

organização em fichários.

Importante

Esteja atento aquilo que o autor está chamando atenção nesse trecho, pois entendemos que a prática da leitura analítica lhe será bastante útil no processo de coleta de dados para a sua monografia.

Dica do professor

Hoje existem vários programas organizadores que facilitam esse trabalho com o uso de ícones, pastas coloridas e até sons. Procure se informar sobre estas facilidades.

Page 32: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 2 |O valor do estudo 32

Tudo que for do interesse e oferecer importância

e utilidade na área acadêmica ou profissional do

estudante pode ser documentado: leituras, ideias

pessoais, debates, palestras etc. pode ser

documentado. A maneira mais indicada é fazer

registros em fichas e organizá-las em fichários.

Atualmente, a informática está introduzindo novos

procedimentos; estes procedimentos variam de pessoa

a pessoa.

As fichas permitem aos estudantes guardar com

exatidão dados coletados em diferentes fontes e que

servirão para o seu estudo. É preferível o uso de fichas

do que o de cadernos, devido às facilidades que elas

oferecem para manipulação e arquivamento. Existem

diferentes tipos de fichas segundo os objetivos a que se

destinam e que recebem diferentes denominações. Em

nosso caderno, adotamos a nomenclatura usada por

Lakatos (1987): ficha bibliográfica, ficha de citações,

ficha de resumo e ficha analítica.

A utilização de fichas e sua organização em

fichários pode ajudar significativamente o aluno

fornecendo-lhe de forma rápida e prática subsídios

valiosos. Lakatos (1987) é um dos autores que aborda

a questão do aspecto físico, da composição, dos

respectivos conteúdos, tipos de fichas (com exemplos

concretos dos mesmos) etc.

Page 33: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 2 |O valor do estudo 33

FICHA BIBLIOGRÁFICA

Vale enfatizar que uma ficha bibliográfica pode

incluir a obra inteira ou parte dela.

Ao elaborar a ficha deve-se:

� Ser breve – quando houver necessidade de

pormenores, deve-se fazer ficha resumo e

não a bibliográfica;

� Empregar verbos ativos – exemplo: autor

analisa, define, conclui, apresenta etc.;

FICHA DE CITAÇÃO

Page 34: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 2 |O valor do estudo 34

Neste tipo de ficha são reproduzidas frases e

parágrafos inteiros ou parte deles. O sinal (...) indica a

supressão de partes do texto.

Ao elaborar a ficha deve-se tomar alguns

cuidados:

� Colocar aspas no início e término das

citações;

� Indicar, após cada citação, o número da

página;

Veja o exemplo:

FICHA DE RESUMO (DE CONTEÚDO)

Page 35: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 2 |O valor do estudo 35

Como é possível notar, a Ficha de Resumo, por

sua vez, apresenta a essência do texto numa síntese

elaborada pelo leitor. Embora seja mais detalhada do

que a ficha bibliográfica, ela não é tão longa quanto

esta.

Vejamos agora então um exemplo de uma ficha

analítica também elaborada a partir do mesmo artigo

trabalhado nos dois artigos anteriores:

FICHA ANALÍTICA

A Ficha Analítica traz os seus comentários

pessoais sobre aquilo que o autor defende em sua

obra. Neste tipo de ficha em particular, é possível tecer

comparações entre diferentes teorias e obras já lidas

anteriormente, bem como fazer classificações, críticas

e observações particulares, tomar posição diante das

ideias, fatos e teorias lidos dentre outras

possibilidades.

Importante

As fichas aparecem com letras em itálico, porém o itálico só deve ser usado em palavras estrangeiras.

Page 36: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 2 |O valor do estudo 36

RESUMO

Vimos até agora:

� Analisamos algumas técnicas que poderão lhe

auxiliar em sua pesquisa como aquelas

voltadas para a leitura e a elaboração de

esquemas, resumos e fichamentos;

� Conferimos, através de análise de alguns

exemplos, como tais técnicas são práticas e

fáceis de serem efetivadas podendo servir de

auxiliar durante seus estudos;

� Refletimos sobre a importância de um estudo

organizado e metódico que favoreça o

pesquisador em seu trabalho de coleta de

dados, construção de hipóteses e

aprofundamento em sua temática de estudo.

Page 37: 9Metodologia da Pesquisa
Page 38: 9Metodologia da Pesquisa

Afinal, o que é Pesquisa?

AU

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Nesta terceira aula iremos estudar a pesquisa e sua importância para a continuidade do desenvolvimento científico. Do mesmo modo terá a chance de conhecer e aprender diferentes técnicas de estudo que servem tanto a coleta de dados como também a uma análise mais depurada dos mesmos no ato de elaboração de uma pesquisa científica. De uma forma prática e direta você terá acesso a uma série de dicas que poderá aplicar de forma imediata em seus estudos até mesmo desse caderno em análise auxiliando-o a destacar ideias chaves, fazer fichas resumo e assinalar pontos de um determinado trecho de uma obra de forma organizada para que você possa utilizá-la futuramente. Finalizando esta aula iremos refletir um pouco sobre alguns dos principais paradigmas da pesquisa científica tentando entender o reflexo destes em diferentes momentos da história da ciência.

Obj

etiv

os

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: � Refletir melhor sobre o que seja pesquisa e sua importância

para o desenvolvimento da pesquisa científica; � Conhecer as diferenças e semelhanças entre as metodologias

do tipo quantitativa e qualitativa e seu emprego de acordo com o tipo de pesquisa desenvolvida e o objeto de estudo em análise;

� Ter acesso a diferentes formas de análise de materiais de modo a permitir uma leitura mais organizada e crítica dos mesmos e favorecer a elaboração de pesquisas nos mais diferentes campos.

� Conhecer de forma sucinta alguns dos principais paradigmas da pesquisa científica tais como: o Positivismo, a Fenomenologia e o Materialismo Dialético.

Page 39: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 39

Pesquisa: a origem do termo

Não há dúvidas de que a pesquisa faz parte de

nosso cotidiano enquanto uma atividade intelectual que

resulta da relação do homem com o mundo a sua volta.

Mesmo sem ter muita clareza do que esta seja, todos

nós, em algum momento já efetivamos algum tipo de

pesquisa. Quando nos informamos sobre a forma de

chegar a algum lugar, ou quando procuramos por um

determinado endereço numa lista telefônica, quando

queremos saber como estará o clima em determinado

local antes de viajarmos até o mesmo, ou ainda

quando investigamos melhor uma determinada

questão, em todos estas situações estamos fazendo um

tipo de pesquisa. Em uma primeira concepção podemos

dizer que a pesquisa é:

O termo “pesquisa” possui uma dupla origem:

espanhola e latina. Segundo o pesquisador Marcos

Bagno (2000) já existia em latim o verbo perquiro, que

significava “procurar; buscar com cuidado; informar-

se; inquirir; perguntar; indagar bem”. O particípio

passado desse verbo latino era perquisitum. Com o

tempo o primeiro R se transformou em S na passagem

do latim para o espanhol, originando o verbo pesquisar

que conhecemos hoje.

De maneira geral, a pesquisa faz parte do nosso

cotidiano sendo difícil imaginar qualquer ação humana

que não seja precedida por algum tipo de investigação.

Uma investigação, por sua vez, tem como base a

informação que nos chega através dos programas de

TV, rádio, jornais, revistas e até nos comunicados

gerais de instituições escolares e empresariais como

boletins e circulares. Assim sendo, podemos afirmar

Uma investigação, busca ou estudo metódico com a finalidade de descobrir ou estabelecer princípios relativos a um campo qualquer do conhecimento.

Page 40: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 40

que a troca de informações ajuda a formar o

conhecimento cotidiano, ou seja, a estarmos

“informados” sobre os fatos. Contudo, tudo isso não

passa de um conjunto de informações superficiais, se

sobre os mesmos não houver um trabalho de reflexão e

análise. Em outras palavras, o conhecimento virá a

partir do momento em que o indivíduo se interessar por

determinado assunto e refletir sobre este, sem se

contentar com o óbvio, através de um trabalho mais

sério de aprofundamento e “pesquisa”.

Poderíamos reproduzir o que acabamos de

estudar através do esquema abaixo, apresentando a

pesquisa como um caminho para a produção do

conhecimento.

A aplicação do conhecimento no dia-a-dia, isto

é, o caminho da valorização e da prática daquilo que foi

fruto de uma reflexão e uma pesquisa mais apurada

corresponde ao que nós chamamos de sabedoria. De

nada adiantaria pesquisarmos meses sobre a melhor

compra de um imóvel se na hora de fecharmos o

negócio, ignorássemos esse trabalho de pesquisa.

A PESQUISA LEVADA A SÉRIO

É preciso deixar claro, contudo, que não é desse

tipo de pesquisa que vamos nos ocupar aqui. A

pesquisa que nos interessa nesse caderno é um tipo

Para refletir

Você já tinha parado para refletir sobre isto? O quanto nós fazemos pesquisa sem ter consciência de que o fazemos? Será que em nossas salas de aula temos realmente estimulado os nossos alunos a simplesmente trocar informações ou serem verdadeiros produtores de conhecimento? Reflita e se possível não deixe de anotar suas reflexões, pois elas podem ser muito úteis.

Page 41: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 41

especial de pesquisa, ou seja, a pesquisa científica, que

pode ser entendida como:

A pesquisa pode ser pensada como o caminho

para se chegar ao conhecimento e a ciência, devendo

esta última ser igualmente entendida como um tipo de

conhecimento fruto de um estudo formal, metódico e

sistematizado de forma científica. De fato, a pesquisa é

o fundamento de toda e qualquer ciência seguindo uma

metodologia específica, o chamado método científico:

Quando falamos em metodologia da pesquisa

estamos nos referindo, portanto, aos estudos desses

procedimentos diferentes voltados para o

desenvolvimento de uma pesquisa. Os métodos de

estudo e pesquisa tornam mais eficaz e rápida a busca

de respostas a um dado problema, o saneamento da

inquietação e a resolução da dúvida.

Já vimos o significado do termo pesquisa, agora

vejamos o que significa a palavra método. Esta palavra

origina-se do grego meta (ao longo de) e hodós

(caminho), portanto, significa caminho para se chegar

a um objetivo ou a um determinado resultado. Assim, a

metodologia do estudo é um caminho que o estudante

trilha, adquirindo durante o percurso os instrumentos

exigidos para obter êxito no seu trabalho intelectual.

A escolha de que meio, instrumento, ou

procedimento deverá ser adotado para o

desenvolvimento de uma pesquisa deverá ser realizada

pelo pesquisador em função dos resultados que

Uma investigação feita com o objetivo expresso de obter conhecimento específico e estruturado sobre um assunto preciso.

Método científico é o conjunto de princípios e procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento de forma eficiente através da pesquisa.

Para pensar

A pesquisa faz parte de nosso cotidiano. Pesquisamos em diferentes situações. Quando compramos algo, quando queremos saber sobre o tempo ou conhecer mais sobre alguma coisa. Logo não se preocupe, pois pesquisar é uma atividade bem simples.

Dica de leitura

Consulte também sobre Método Científico a obra de CHIZOTTI, Antonio. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais (1995), São Paulo: Cortez, 1995.

Page 42: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 42

pretende obter. A grosso modo poderíamos tecer a

seguinte comparação: uma pá é mais eficiente do que

uma picareta para cavar, assim como esta última é

mais eficiente do que a primeira para fazer um buraco

no cimento. Por isso a importância de se definir o tipo

de pesquisa e da escolha do instrumental ideal a ser

utilizado. A escolha de instrumentos inadequados ou na

ignorância de determinados procedimentos pode

comprometer de forma parcial ou total os resultados de

uma investigação científica.

Não existem regras fixas que possam, se

adotadas, gerar resultados completamente livres de

erros e/ou desvios, bem como também, não existe

nenhuma área do conhecimento limitada a um conjunto

fixo de métodos. A ciência é dinâmica e, por

conseguinte, novos métodos podem ser

desenvolvimentos e aprimorados em qualquer tempo e

lugar. O fato é que o conhecimento do método é de

extrema importância para uma boa condução de um

processo de pesquisa bem como de sua avaliação.

IMPORTÂNCIA DA PESQUISA

Para Deslandes (1994) a pesquisa é a atividade

básica da ciência na sua indagação e construção da

realidade. É a pesquisa que alimenta a atividade de

ensino. Não se trata de um ato isolado como afirma

Demo (2000), mas sim uma “atividade processual de

investigação diante do desconhecido e dos limites que a

natureza e a sociedade nos impõem” (p.16). Assim

sendo, fica claro entender porque sem pesquisa não há

ciência e, se não há ciência, elementos como tecnologia

e mesmo o progresso também ficam comprometidos.

Devido a sua importância, não apenas as

universidades, mas quase todas as grandes empresas

do mundo de hoje possuem departamentos voltados

para as áreas de pesquisa e desenvolvimento sempre

Importante

De maneira geral o objetivo da pesquisa é o homem, seu bem estar e a atenção de suas necessidades. A pesquisa pode ser direcionada a produtos e serviços, mas o ser humano será sempre o principal beneficiário.

Importante

A pesquisa é um labor porque demanda esforço pessoal na busca de informações sobre o fenômeno observado que toma certo tempo e exige esforço dos que a ela se dedicam.

Page 43: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 43

tentando dar um passo à frente para a obtenção de

novos produtos que respondam melhor às exigências

cada vez maiores dos consumidores ou, simplesmente,

que permitam vencer a concorrência das outras

empresas.

As indústrias farmacêuticas vivem à procura de

novos medicamentos mais eficazes contra velhas e

novas doenças. As montadoras de automóveis querem

produzir carros mais econômicos, menos poluentes,

mais seguros. A informática não pára de nos assustar

com seus computadores mais rápidos a cada dia, com

maior capacidade de memória e programas mais

eficientes.

Se não houvesse pesquisa, todas as grandes

invenções e descobertas científicas não teriam

acontecido. Nas universidades a pesquisa ocupa um

lugar fundamental renovando o conhecimento e

promovendo novos questionamentos e descobertas nas

mais diferentes áreas. O professor universitário deve,

na medida do possível, evitar se limitar a dar suas

aulas buscando estar engajado em algum projeto de

pesquisa. Afinal, a Universidade não pode ser apenas

um “depósito” do conhecimento acumulado ao longo

dos séculos. Ela deve ser também um lócus de

produção de novos conhecimentos o que só é possível

através da pesquisa.

A importância da pesquisa é reconhecida

também pelos órgãos governamentais. No Brasil, por

exemplo, em nível nacional, existem entidades como a

CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

de Nível Superior) e o CNPq (Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Técnológico) que

financiam projetos de pesquisa. Existem também

fundações privadas como a FUNDAÇÃO FORD, por

Para navegar

Para conhecer estas instituições virtualmente consulte: CNPQ ttp://www.cnpq.br/ CAPES http://www.capes. gov.br/ FUNDAÇÃO FORD: http://www.ford found.org/

Page 44: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 44

exemplo, que apóiam pesquisadores, dando-lhes

condições de levar adiante seus projetos.

Além disso, no campo da Pós-Graduação

existem também as Associações Nacionais e

Internacionais de Pesquisa como, por exemplo, a

ANPEP – Associação Nacional de Pesquisa e Pós-

Graduação em Psicologia (site: www.anpepp.org.br) e a

ANPOCS - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-

Graduação em Ciências Sociais (site:

www.anpocs.org.br).

Para a vida acadêmica vale destacar que a

pesquisa permite a construção de um corpo de

conhecimentos específicos, propiciando uma melhoria

das práticas educativas e uma renovação do conteúdo

ensinado em aula. Em sua busca, através de caminhos

metodológicos coerentes, a pesquisa contribui para o

favorecimento de melhores condições de existência

para o homem e os demais seres vivos, o que vai ao

encontro, inclusive, da responsabilidade social que a

universidade deve responder e cultivar.

O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir

respostas para problemas mediante o emprego de

procedimentos científicos. Assim sendo, podemos

entender pesquisa como sendo um processo que,

utilizando a metodologia científica, permite a obtenção

de novos conhecimentos no campo da realidade social a

partir de uma problematização. Os produtos de uma

pesquisa são vários: artigos, livros, ensaios, estudos,

dissertações e teses. Contudo, é bem provável que um

dos produtos mais importantes de uma pesquisa seja

justamente a formulação de novas questões e

problemas decorrentes de seus resultados. Em outras

palavras, a respostas encontrada por um pesquisador

pode ser encarada como um problema para outro e

assim a pesquisa nunca se esgota.

:: Problematização

Este termo se refere aos possíveis questionamentos e críticas voltados a um determinado postulado teórico, técnica ou até mesmo uma situação qualquer.

Você sabia?

Escola de Chicago: Foi no campo da Sociologia, através dos estudos da chamada Escola de Chicago nos anos 20 e 30 que a metodologia do tipo qualitativa teve um impulso considerável passando-se a entender melhor a importância desta metodologia para o estudo do homem na sociedade como foi o caso dos estudos de Ecologia Urbana promovidos por Robert Park, um dos mais influentes pesquisadores desta Escola.

Page 45: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 45

NÍVEIS DE INVESTIGAÇÃO

Os termos pesquisa qualitativa e pesquisa

quantitativa são utilizados para classificar o tratamento

metodológico empregado em trabalhos científicos.

Entende-se por qualitativa a pesquisa cuja finalidade é

a de buscar entendimentos, extrapolações para

situações similares e bases que irão fundamentar a

criação de hipóteses. De modo geral ela lida com o

indivíduo em seu dia-a-dia de trabalho, em suas

relações e atividades sem se preocupar em pesquisar a

partir de um ambiente controlado.

A pesquisa qualitativa parece ter vocação para

mergulhar na profundidade dos fenômenos levando em

conta toda a sua complexidade e PARTICULARIDADE.

Não almeja alcançar a generalização, mas sim o

entendimento das singularidades.

Como apontam alguns autores, este tipo de

pesquisa privilegiam a compreensão como princípio do

conhecimento, que prefere estudar relações complexas

ao invés de explicá-las por meio do isolamento de

variáveis. Nota-se certa ênfase na totalidade do

indivíduo como objeto de estudo é essencial para a

pesquisa qualitativa. Além do mais, a concepção do

objeto de estudo qualitativo sempre é visto na sua

historicidade, no que diz respeito ao processo

desenvolvimental do indivíduo e no contexto dentro do

qual o indivíduo se formou (Gunther, 2006).

:: Hipótese:

São conjecturas, palpites, explicações provisórias, proposições admissíveis acerca de um fato ou fenômeno. Exemplo: - Hipótese 0 O uso de vídeos em aula influi positivamente aprendizado de Português. - Hipótese 1 O uso de vídeos em aula influi negativamente no aprendizado de Português. - Hipótese 2 O uso de vídeos em aula não influi no aprendizado de Português.

Page 46: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 46

Por QUANTITATIVA entende-se a pesquisa que

lida com hipóteses pré-estabelecidas, amostras e

probabilidades. Trata-se da pesquisa que se aplica a

dimensão mensurável da realidade e que busca

estabelecer relações de causa e efeito entre as

variáveis de tal modo que perguntas do tipo: “quanto?”

“Como?” “Porque? ” e “em que medida? ” possam ser

respondidas com razoável rigor. Em uma pesquisa

quantitativa são utilizados métodos estatísticos cuja

finalidade é a de buscar determinações causais,

predições e generalizações dos resultados.

É importante entender que os métodos

qualitativos e quantitativos não são excludentes entres

si. Tanto a pesquisa qualitativa pode lidar com medidas

estatísticas como a pesquisa quantitativa pode buscar

resultados menos pontuais. Recentemente, a situação

da pesquisa qualitativa, mudou consideravelmente,

adquiriu mais respeitabilidade. Mas, esta aceitação foi

EXEMPLIFICANDO A Qualidade de Vida é um conceito que se manteve impreciso e imensurável até recentemente. A medida em que o fenômeno passou a ser investigado por meio de Questionários e Grupos Focais, numa abordagem Qualitativa, foi progressivamente possível compreender sua intimidade a ponto de se desenvolver instrumentos capazes de mensurar a subjetividade envolvida no sentido da Qualidade de Vida. Dessa forma foram obtidos o WHOQOL (World Health Organization Quality of Life instrument), instrumento construído em âmbito mundial, pela Organização Mundial de Saúde; e o SF 36 (Short Form com 36 itens) concebido nos EUA, que foi adaptado e validado para outras línguas. Este último instrumento evidencia o impacto da Saúde nas atividades diárias e no Bem Estar. Foi desenvolvido a partir de um Questionário com mais de 200 itens que foram sendo selecionados segundo sua capacidade de discernimento e mensuração. Fonte: Reflexões sobre a PESQUISA QUALITATIVA & QUANTITATIVA:Maneiras complementares de apreender a RealidadeFernando A C Bignardi http://www.comitepaz.org.br/download//PESQUISA%20QUALITATIVA.pdf

Page 47: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 47

alcançada a um custo que requereu, senão a

capitulação completa para critérios quantitativos de

confiabilidade e validade, pelo menos uma tendência

para aplicá-los. Não deve haver dúvidas de que a

finalidade dos dois caminhos metodológicos deve ser a

contribuição destes para o estudo e análise de

determinada realidade ou fenômeno estudado e

consequentemente sua contribuição para o

desenvolvimento de determinada área do conhecimento

humano.

Críticas são feitas a ambos os métodos

chegando mesmo a existir o que alguns autores

chamam de RADICALISMOS METODOLÓGICOS.

Criticam os métodos qualitativos por gerarem análises

superficiais, por trabalharem com procedimentos não

explicitamente detalhados, pela dificuldade destes em

reconhecer a necessidade de um afastamento entre o

pesquisador (subjetividade) e seu objeto de estudo,

por tecerem generalizações apressadas quanto aos

seus resultados e pela confiabilidade excessiva em

julgamentos e impressões pessoais. Por outro lado,

criticam os métodos quantitativos também por gerarem

análises incompletas, por defenderem a neutralidade

do pesquisador em suas análises (o que seria uma

utopia), por simplificarem demais a complexidade de

seus objetos de estudo e por selecionarem apenas

problemas que possam ser manipulados

quantitativamente e pelo rigor metodológico excessivo.

O fato é que existem uma infinidade de

procedimentos metodológicos que variam conforme a

disciplina na qual o estudo se insere podendo assim

englobar a Economia, a Sociologia, a Psicologia, a

Geografia, a História dentre outras áreas (Carvalho,

1995). Isso pode ser explicado inclusive pela própria

natureza diferenciada dos fenômenos físicos,

biológicos, sociais e psicológicos uma vez que os

mesmos não são homogêneos.

Importante

Homogeneização metodológica

Às vezes escutamos algo do tipo se a pesquisa for do tipo x então só cabe tal metodologia, se for do tipo y então só cabe tal metodologia. O fato é que diante da complexidade de nosso objeto de estudo os radicalismos metodológicos devem ser abandonados. De modo geral, tentativas de realizar algum tipo de homogeneização metodológica, em diferentes áreas, pouco ou nada contribuiu para o avanço da pesquisa nas mesmas, gerando, muito ao contrário, resultados desastrosos.

Page 48: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 48

A realidade científica atual se caracteriza pela

busca de novos meios de se fazer ciência pautados na

liberdade científica pelo uso da intuição, pela

subjetividade e pela interdisciplinaridade de modo a

permitir uma maior aproximação da complexidade do

real. Não existe método ideal e sim o método que

melhor se adequa ao estudo que estamos querendo

efetivar (Id.,1995). Devemos pensar essas duas

metodologias de pesquisa como as duas faces de uma

mesma moeda metodológica que apesar das

divergências se complementam e oferecendo ao

pesquisador um referencial metodológico e

instrumental bem mais amplo de análise do objeto

estudado do que radicalismos em uma outra direção

metodológica.

A pesquisa pode decorrer de razões de ordem

intelectual, quando baseada no desejo de conhecer pela

simples satisfação para agir. Daí porque se pode falar

em PESQUISA PURA e em PESQUISA APLICADA.

PESQUISA PURA

Pesquisa que busca o progresso da ciência,

procura desenvolver os conhecimentos científicos, sem

a preocupação direta com suas aplicações e

consequências práticas. Seu desenvolvimento tende a

ser bastante formalizado e objetiva a generalização,

com vistas à construção de teorias e leis.

PESQUISA APLICADA

Esta pesquisa, por sua vez, apresenta muitos

pontos de contato com a pesquisa pura, pois depende

de suas descobertas e se enriquece com o seu

desenvolvimento; todavia, tem como característica

fundamental o interesse na aplicação, utilização e

consequências práticas dos conhecimentos. Sua

Importante

Toda pesquisa é importante, independente de sua classificação ou objeto de estudo. Tanto uma pesquisa sobre a cura da AIDS como uma pesquisa sobre o estilo rococó de uma igreja em Minas Gerais são importantes, a primeira, entretanto, possui uma maior relevância social em relação à segunda.

Page 49: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 49

preocupação está menos voltada para o

desenvolvimento de teorias de valor universal do que

para a aplicação imediata numa realidade

circunstancial. De modo geral é este o tipo de pesquisa

a que mais se dedicam os psicólogos, sociólogos,

economistas, assistentes sociais e outros pesquisadores

sociais.

A partir dessa diferenciação básica é possível

pensar uma série de tipos de pesquisa.

PESQUISA EXPERIMENTAL

É toda pesquisa que envolve algum tipo de

experimento. Por exemplo, pinga-se uma gota de ácido

numa placa de isopor por um determinado período de

tempo para observar o resultado de tal aplicação. Ou

ainda, analisa-se uma aula ministrada com o uso de

retroprojetor e outra com o uso de datashow em uma

mesma turma e depois avalia-se os resultados.

PESQUISA EXPLORATÓRIA

É toda pesquisa que busca constatar algo num

organismo ou num fenômeno. Por exemplo, conhecer

como se dá a reprodução de um molusco marinho ou

entender como o videogame pode interferir no

aumento da violência escolar.

PESQUISA SOCIAL

É toda pesquisa que busca respostas de um

grupo social. Por exemplo, saber quais os hábitos

alimentares de uma comunidade específica? Entender

como um trabalho de Educação Ambiental pode

promover o desenvolvimento de uma comunidade

carente do Rio de Janeiro.

Page 50: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 50

PESQUISA HISTÓRICA

É toda pesquisa que estuda o passado ou algo

que faça referência a este, ou seja, um fato, ou

situação já ocorrida, bem como um objeto da

antiguidade. Por exemplo, saber de que forma se deu

a Proclamação da República brasileira. Estudar a

origem de um colar pré-histórico.

PESQUISA TEÓRICA

É toda pesquisa que analisa uma determinada

teoria. Por exemplo, saber o que é a Neutralidade

Científica. Compreender melhor a influência da

psicanálise na educação.

Nas aulas seguintes iremos analisar estes e

outros tipos de pesquisa com maior profundidade. Por

ora pretende-se apenas demonstrar como a temática

da pesquisa é ampla, rica e de fundamental

importância, de modo especial para a produção de

conhecimento científico. Vale ressaltar que,

independente do tipo de pesquisa a considerar, o valor

de uma pesquisa, no sentido da continuidade e avanço

de uma área de conhecimento, é inestimável. Não

podemos tratá-la com indiferença, menosprezo ou

pouco caso. Se pretendermos entender uma pesquisa

em sua complexidade e importância, devemos analisar

não apenas a abordagem ou a técnica em si, mas

também a postura filosófica e político-ideológica do

pesquisador diante da realidade estudada.

PARADIGMAS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

CIENTÍFICA

Para compreender os principais paradigmas

metodológicos da pesquisa científica examinaremos de

forma resumida as ideias básicas das principais

correntes de pensamento contemporâneo que mais têm

orientado, em nossa época, a educação e a pesquisa

Importante

Vale lembrar que a pesquisa histórica faz-se necessária em diferentes momentos toda vez que queremos contextualizar o objeto estudado. Ex: Queremos estudar como a violência tem aumentado num determinado bairro. Para compreender essa questão é imprescindível estudar a história do bairro, bem como a história de violência do mesmo ao longo dos anos.

Page 51: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 51

em ciências sociais, destacando seus princípios e

situação atual. As correntes analisadas são:

� O Positivismo;

� A Fenomenologia;

� Materialismo Dialético e Materialismo

Histórico.

O POSITIVISMO caracteriza-se, segundo o

filósofo francês Augusto Comte (1798-1857), pela

subordinação da imaginação e da análise à observação.

Na ótica de Comte a visão positiva dos fatos abandona

a ideia das causas dos fenômenos (procedimento

teológico ou metafísico) e torna-se pesquisa de suas

leis, entendidos como relações constantes entre

fenômenos observáveis. Seus princípios são: a busca

da explicação dos fenômenos através das relações dos

mesmos e a exaltação da observação dos fatos, com

base em uma teoria visando a formulação de leis

causais favorecendo assim o controle de fenômenos e

previsão do futuro. A partir de Comte estabeleceu-se o

mito da objetividade absoluta que vai encontrar sua

expressão na experimentação.

Seu predomínio foi incontestável até os anos

oitenta quando então começa a perder terreno devido a

diferentes tipos de fatores como as críticas do

neomarxismo representado pela Escola de Frankfurt

AUGUSTE COMTE As idéias de Auguste Comte, o criador do positivismo, influenciaram grandemente a formação da república no Brasil. Tanto, que o lema da bandeira brasileira, "Ordem e progresso", foi inspirado na doutrina desse filósofo francês. No Brasil a influência do positivismo de Comte traduziu-se não só no ideário de nossos republicanos, mas nas ações políticas que acompanharam a proclamação da República. Entre elas, a separação entre igreja e Estado, o estabelecimento do casamento civil, o fim do anonimato na imprensa e a reforma educacional proposta por Benjamin Constant, um dos mais influentes positivistas brasileiros.

Page 52: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 52

de Horkheimer, Adorno, Walter Benjamim e Erich

Fromm e da fenomenologia, com raízes em Husserl,

Merleau-Ponty e Heidegger. Muitas oposições ao

positivismo já eram conhecidas pelos pesquisadores da

América Latina desde a década de sessenta, porém as

condições históricas que vivíamos, geralmente

caracterizadas pelo autoritarismo, pela ditadura

impediram o avanço de ideias que pretendessem mudar

o status quo existente.

A abertura política que peculiarizava o começo

da década de oitenta permitiu uma discussão mais

ampla das diversas tendências do pensamento. Por

outro lado, o positivismo perdeu a importância na

pesquisa das ciências sociais, especialmente, nos

cursos de Pós Graduação das Universidades, porque a

prática da investigação seguindo os seus parâmetros,

se transformou numa atividade mecânica, muitas vezes

alheia às necessidades dos países.

Os enfoques fenomenológicos na pesquisa das

ciências sociais, por sua vez, começaram, nos últimos

anos da década de setenta, aumentando sua

ESCOLA DE FRANKFURT A Escola de Frankfurt foi fundada em 1924 por iniciativa de Félix Weil. Antes dessa denominação tardia (só viria a ser adotada, e com reservas, por Horkheimer na década de 1950), cogitou-se o nome Instituto para o Marxismo, mas optou-se por Instituto para a Pesquisa Social. Seja pelo anticomunismo reinante nos meios acadêmicos alemães nos anos 1920-1939, seja pelo fato de seus colaboradores não adotarem o espírito e a letra do pensamento de Marx e do marxismo da época, o Instituto recém-fundado preenchia uma lacuna existente na universidade alemã quanto à história do movimento trabalhista e do socialismo. Seguindo a tradição romântica de contestação ao racionalismo, seus integrantes afirmaram que a sociedade moderna, ao conquistar a natureza por meio da tecnologia, provocara um empobrecimento geral dos seres humanos, submetendo-os ao que Goethe denominara de o domínio da "cinzenta teoria".

Page 53: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 53

importância, na medida em que diminuía a tradição

imperativa do positivismo. Nascida na segunda metade

do século XIX, a FENOMENOLOGIA se desenvolveu a

partir das análises de Franz Brentano sobre a

intencionalidade da consciência humana. Ela trata de

descrever, compreender e interpretar os fenômenos

que se apresentam à percepção. O método

fenomenológico se define como uma “volta as coisas

mesmas”, isto é, aos fenômenos, aquilo que aparece à

consciência, que se dá como objeto intencional.

Seu objetivo é chegar a intuição das essências,

isto é, ao conteúdo inteligível e ideal dos fenômenos,

captado de forma imediata. Toda consciência é

“consciência de alguma coisa”. Assim sendo, a

consciência não é uma substância, mas uma atividade

constituída por atos (percepção, imaginação,

especulação, volição, paixão, etc.), com os quais visa

algo. Seu método mais usual era o da REDUÇÃO

FENOMENOLÓGICA. processo pelo qual tudo que é

informado pelos sentidos é mudado em uma

experiência de consciência, em um fenômeno que

consiste em se estar consciente de algo. Coisas,

imagens, fantasias, atos, relações, pensamentos,

eventos, memórias, sentimentos etc constituem nossas

experiências de consciência. O interesse para a

fenomenologia não é o mundo que existe, mas sim o

modo como o conhecimento do mundo se dá, tem

lugar, se realiza para cada pessoa. A redução

fenomenológica requer a suspensão das atitudes,

crenças, teorias, e colocar em suspenso o

conhecimento das coisas do mundo exterior a fim de

concentrar-se a pessoa exclusivamente na experiência

em foco, porque esta é a realidade para ela.

A Fenomenologia pode ser resumida como

sendo o estudo das essências: a essência da

:: Fenômeno:

A palavra Fenômeno é originária do termo grego phainomenon que significa "observável"). O termo possui um significado específico na filosofia de Immanuel Kant que contrastou o termo 'Fenómeno' com 'Nómeno' na "Crítica da Razão Pura". Os fenómenos constituem o mundo como nós o experimentamos, ao contrário do mundo como existe independentemente de nossas experiências (thing-in-themselves, 'das Ding an sich', 'das coisas-em-sí').

Você sabia?

Sob a ótica da fenomenologia o objetivo de sua futura monografia seria o de captar a essência do seu objeto de estudo, seja ele uma sala de aula, um método de trabalho ou um problema qualquer como o fracasso escolar, a baixa qualidade do ensino universitário ou a hiperatividade dos alunos.

Page 54: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 54

percepção, a essência da consciência (para citar alguns

exemplos).

Por isso mesmo, uma das ideias chaves da

fenomenologia é a noção de intencionalidade. Esta

intencionalidade é da consciência (de um sujeito) que

sempre está dirigida a um objeto. Tende a reconhecer o

princípio de que não existe objeto sem sujeito. Logo é

possível afirmar que a Fenomenologia é uma tendência

filosófica que, entre outros méritos, parece, tem o de

haver questionado os conhecimentos do Positivismo,

elevando a importância do sujeito no processo da

percepção da realidade.

Na Educação como um todo, ocorreu grande

entusiasmo em relação à uma nova visão que se tem

da pesquisa, que procura contextualizar historicamente

os dados levantados, levando-se em consideração a

subjetividade humana. O hábito da pesquisa positivista

de trabalhar, amarrado ao dado e à sua relação

fundamentalmente quantitativa com outra informação,

não permitia a possibilidade de interpretações mais

ricas e aprofundadas das realidades estudadas.

Muitos pesquisadores desenvolveram

preconceitos em torno da dimensão objetiva da

pesquisa, exaltando o lado subjetivo e a interpretação

qualitativa das informações. A busca de significado dos

fenômenos e das suas bases culturais privilegiou o

enfoque antropológico, especialmente na pesquisa

participante e no campo da educação popular e de

adultos.

Nos anos setenta, na Inglaterra, iniciou-se uma

corrente fenomenológica fundamentalmente de

natureza sociológica, que, em seguida, avançou com

seus princípios no campo da Educação, determinando

ações e maneiras de encarar o desenvolvimento do

Para navegar

Um site bastante interessante por abordar não apenas o tema do materialismo dialético, como também outros conceitos marxistas é o de: http://www.pcb.org.br/biblioteca/ introducao.rtf

Page 55: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 55

currículo na escola e, de maneira singular, a pesquisa

no ensino.

Se a pesquisa de natureza fenomenológica ainda

esbarrava na dificuldade de superar o hábito

positivista, os embaraços aumentam, notadamente,

quando se realiza a tentativa de investigar usando a

conceitualização básica do materialismo dialético. A

falta de tradição no emprego da análise marxista da

realidade, no meio acadêmico latino-americano,

levanta sólidas barreiras aos pesquisadores que

desejam percorrer este caminho.

Para compreender melhor essa nova visão é

necessário conhecer um pouco mais sobre o

MATERIALISMO DIALÉTICO e o MATERIALISMO

HISTÓRICO. A ideia materialista do mundo reconhece

que a realidade existe independentemente da

consciência. Esta ideia-chave é fundamental para

compreender os dois tipos de materialismo citados.

O MATERIALISMO DIALÉTICO é a base filosófica

do marxismo e como tal realiza a tentativa de buscar

explicações coerentes e lógicas para os fenômenos da

natureza, da sociedade e do pensamento. Por um lado,

o materialismo dialético é herança de uma longa

tradição na Filosofia Materialista. Por outro, é também

antiga concepção na evolução das ideias e baseia-se

numa interpretação dialética do mundo. Estas raízes se

unem para formar, no materialismo dialético, uma

concepção da realidade, enriquecida com a prática

social da humanidade. Esta concepção não somente

tem como base de seus princípios a matéria, a dialética

e a prática social, mas também ambiciona ser a teoria

orientadora da revolução do operariado. Seu propósito

maior é o estudo das leis mais gerais que regem a

natureza, a sociedade e o pensamento e, como a

realidade objetiva se reflete na consciência.

Dica de leitura

Um livro que pode auxiliar a entender a importância do materialismo histórico é foi escrito por HABERMAS, J. Para a reconstrução do materialismo histórico. 2ª. ed., São Paulo: Brasiliense, 1990.

Page 56: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 56

A dialética do materialismo é posição filosófica

que considera a matéria como a única realidade e que

nega a existência da alma, de outra vida e de Deus.

Nesta ótica as leis do pensamento correspondem às leis

da realidade. A dialética não é só pensamento: é

pensamento e realidade a um só tempo.

O MATERIALISMO HISTÓRICO por sua vez

significou uma mudança fundamental na interpretação

dos fenômenos sociais que, até o surgimento do Marxismo,

se apoiava em concepções idealistas da sociedade

humana. Na teoria marxista, o materialismo histórico

pretende a explicação da história das sociedades

humanas, em todas as épocas, através dos fatos

materiais, essencialmente econômicos e técnicos. A

sociedade é comparada a um edifício no qual as

fundações, a infra-estrutura, seriam representadas

pelas forças econômicas, enquanto o edifício em si, a

superestrutura, representaria as ideias, costumes,

instituições (políticas, religiosas, jurídicas etc.).

RESUMINDO O Materialismo Histórico Dialético surgiu a partir da publicação do Manifesto Comunista de 1848, por Karl Marx e Friedrich Engels (porém, Marx já apresentara seus traços em 1847, em sua obra “A Miséria da Filosofia”). O materialismo designa um conjunto de doutrinas filosóficas que, ao rejeitar a existência de um princípio espiritual liga toda a realidade à matéria e a suas modificações. O materialismo histórico é uma tese do marxismo, segundo a qual o modo de produção da vida material condiciona o conjunto da vida social, política e espiritual. É um método de compreensão e análise da história, das lutas e das evoluções econômicas e políticas. Trata-se de uma abordagem metodológica ao estudo da sociedade, da economia e da história. A análise materialista histórica parte da questão de que a produção, e a troca dos produtos, é pilar de toda a ordem social; existente em todas as sociedades que desfilam pela história. Sendo assim, a repartição destes produtos, aliada com ela à divisão dos homens em classes ou camadas, é determinada pelo o que e como a sociedade produz e pelo modo de trocar as suas mercadorias.

Importante

O resgate do sujeito é sem dúvida alguma a grande contribuição dessa escola de pensamento.

Page 57: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 57

Na obra A Miséria da filosofia (1847) Marx

esclarece tal ideal ao afirmar que:

As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais. O moinho a braço vos dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a sociedade com o capitalismo industrial.

(http://www.coladaweb.com/ filosofia/mat_historico.htm)

Nota-se assim a defesa de um rigoroso

determinismo econômico em todas as sociedades

humanas o que acabou gerando um clima de polêmica

que Marx e Engels mantiveram com seus opositores.

Tal ideia só era atenuada com a afirmativa de que

existe constante interação e interdependência entre os

dois níveis que compõe a estrutura social.

Sob o paradigma marxista, calcado nesses dois

tipos de materialismos citados, o pesquisador deve ter

presente em seu estudo uma concepção dialética da

realidade natural e social do pensamento, a

materialidade dos fenômenos e que estes são possíveis

de serem conhecidos. Tais princípios básicos do

marxismo devem ser complementados com a ideia de

que existe uma realidade objetiva fora da consciência e

que esta é um produto, resultado da evolução do

material, o que significa que, para o marxismo, a

matéria é o princípio primeiro e a consciência é o

aspecto secundário, o derivado.

A discussão e a prática da pesquisa em

Educação, dentro desta linha de pensamento ainda é

considerada por muitos como incipiente. A realidade

dos países periféricos da América Latina requer seus

próprios métodos de investigação e de explicação da

nossa realidade. Ao importarmos esquemas teóricos de

países centrais, com alto padrão de desenvolvimento

Importante

Atualmente este tem sido um dos grandes desafios para a pesquisa no mundo todo. Deixar de importar modelos que nada tem a acrescentar a sua realidade local. É fundamental no caso do Brasil que possamos vir a desenvolver pesquisas que respondam as nossas demandas nas mais diferentes ordens: culturais, econômicas, políticas etc.

Page 58: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 58

tecnológico, econômico e social, com a realidade

totalmente diferenciada, corremos o risco grave para o

desenvolvimento das pesquisas sobre os nossos

problemas sociais, políticos e econômicos.

É importante ressaltar que não buscamos com

esse pequeno resumo das três correntes analisadas,

que correspondem aos principais paradigmas

metodológicos de se fazer e pensar pesquisa, esgotar o

assunto a respeito destas, mesmo porque este não é

nosso objetivo dessa aula. Nossa intenção foi a de

apresentar os métodos clássicos utilizados pelos

pesquisadores para interpretação da realidade que

estamos mergulhados, para facilitar o entendimento

dos que estão principiando na área de pesquisa sobre a

importância do estudo destes métodos.

RESUMO

Vimos até agora:

� Vimos aqui resumidamente os conceitos de

pesquisa, pesquisa científica e metodologia da

pesquisa;

� Refletimos sobre o papel e a importância da

pesquisa científica para o desenvolvimento da

ciência, da tecnologia e da sociedade como um

todo;

� Vimos as diferenças e os pontos de interseção

entre as metodologias do tipo quantitativas e

qualitativas;

� Conhecemos de forma sucinta alguns dos

principais paradigmas metodológicos que norteiam

a pesquisa científica;

� Refletimos sobre a necessidade de como docentes

nunca abandonarmos a pesquisa, uma vez que é

Page 59: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 3 |Afinal, o que é pesquisa? 59

preciso estar sempre atualizados sobre aquilo

que estamos selecionando em termos de

conteúdo, métodos e instrumentos de trabalho.

Page 60: 9Metodologia da Pesquisa

60

Page 61: 9Metodologia da Pesquisa

O Delineamento da Pesquisa Científica

AU

LA4

Apr

esen

taçã

o

A pesquisa científica que se traduz a partir de uma metodologia que busca alcançar conhecimentos sistematizados e seguros necessita de um planejamento específico onde são consideradas as suas diferentes fases desde a sua concepção até a conclusão. Dentre as diversas formas de classificar e agrupar os tipos de pesquisas, a partir de metodologias diferenciadas de pesquisa, esta aula destaca o estudo de alguns dos principais tipos de pesquisa. São eles: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa experimental, pesquisa de descritiva e estudo de caso. Através da leitura das páginas seguintes você terá a chance de estudar cada uma delas, diferenciando-as e entendendo o uso específico de cada uma delas. Além disto, veremos também algumas dicas que certamente lhe auxiliarão de forma significativa na realização de pesquisas e estudos acadêmicos.

Obj

etiv

os

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: � Compreender melhor o delineamento das diferentes etapas

necessárias para a produção de uma pesquisa e refletir sobre a metodologia adequada para o alcance de seus objetivos;

� Refletir sobre alguns dos principais tipos de pesquisa, seus objetivos, ferramentas e aplicabilidade de acordo com o tipo de estudo a ser efetivado;

� Aprender e utilizar determinadas técnicas de pesquisa e dicas de planejamento que favorecerão de forma significativa o desenvolvimento de seus estudos.

Page 62: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 62

Delineamento da pesquisa

Como já vimos, para que uma pesquisa possa

ser qualificada como científica esta precisa ser

conduzida de maneira sistematizada com rigor a partir

de um conhecimento que se refira à realidade. Para

isso, utiliza-se um método próprio e técnicas

específicas. De um modo geral o método da pesquisa

científica consiste na elaboração de procedimentos

organizados que conduzam a compreensão e encontro

da solução do problema em estudo.

Toda pesquisa começa com algum tipo de

problema ou indagação, ou seja, uma questão ou

dúvida em discussão ainda não resolvida em qualquer

domínio de conhecimento (Gil, 2002). Em geral, esse

problema acompanhará a pesquisa em todas as suas

fases até a conclusão onde finalmente serão fornecidas

algumas respostas ao mesmo. É o que nos aponta

Köche (1997) ao afirmar que:

Pesquisar significa identificar uma dúvida que necessita ser esclarecida e construir e executar o processo que apresenta a sua solução, quando não há teorias que a expliquem, ou quando as teorias que existem não estejam aptas para fazê-lo.

(p. 121)

Além do problema a ser estudado, sua natureza

e a situação espaço-temporal em que se depara,

convém ressaltar que o DELINEAMENTO de uma

pesquisa científica, isto é, o encadeamento de suas

etapas, é marcado também pela natureza e nível de

conhecimento do pesquisador. Assim sendo é preciso

considerar tanto variáveis próprias do objeto estudado

quanto variáveis relativas ao pesquisador a partir de

suas motivações (intenções), condições de pesquisa,

capacidade e seu contexto histórico.

Importante

Aí está o desafio de se fazer pesquisa. Por isso mesmo não é qualquer trabalho acadêmico que pode se intitular como pesquisa.

Importante

Vale lembrar que qualquer trabalho qualificado como científico deverá possuir estas características, inclusive sua futura monografia.

Page 63: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 63

Sérgio Luna (1998) pontua alguns requisitos

fundamentais para a realização de qualquer pesquisa,

independentemente, do referencial teórico ou da

metodologia empregada que servem bem ao

entendimento do que estamos chamando aqui de

delineamento de uma pesquisa. Dentre eles destacam-

se:

� A formulação de um problema de pesquisa,

isto é, uma ou mais questões que se

pretende(m) responder, e cujas respostas

mostrem-se novas e relevantes teórica ou

socialmente;

� A determinação das informações necessárias

para encaminhar as respostas a este;

� A seleção das melhores fontes dessas

informações em função de critérios;

� A definição de um conjunto de ações que

produzam essas informações;

� A seleção de um sistema de tratamento

dessas informações e de um sistema teórico

para sua interpretação;

� A produção de respostas às perguntas

formuladas pelo problema;

� A indicação do grau de confiabilidade das

respostas obtidas (observando se as

condições da pesquisa seriam as melhores

respostas possíveis);

� Finalmente, a indicação da generalidade dos

resultados, isto é, a extensão dos resultados

obtidos;

Gostaria de convidá-lo a pensarmos juntos

sobre o delineamento geral de uma pesquisa tal como

apresentado por Luna (1998), a partir da análise de

algumas questões bem práticas como se estivéssemos

de fato construindo uma monografia. Inicialmente é

preciso escolher o que pesquisar, isto é, o assunto a

Para pensar

Você já pensou no tipo de pesquisa que irá desenvolver em seu trabalho monográfico? Em caso positivo em que grupo você catalogaria seu trabalho?

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Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 64

ser pesquisado. Ao definir o assunto que se pretende

estudar, é necessário uma leitura preliminar para que

se possa identificar, com um maior conhecimento de

causa, o tema que se pretende pesquisar. Esta é a

etapa inicial onde se forma a ideia sobre o conteúdo

geral a ser estudado.

No momento que se escolhe um tema

generalizado, busca-se contato com autores

(bibliografias) que permitam que você passe a conhecer

melhor o assunto. Nesta fase não se deve buscar

autores preferenciais, leia tudo o que puder sobre o

tema, afinal, cada autor tenha a sua visão ou versão

sobre o mesmo e na busca pela verdade científica não

se pode deixar influenciar ou Ter uma opinião formada

sobre o fato.

As LEITURAS SUCESSIVAS permitem uma

entrada segura no conhecimento específico que lhe

dará base em direção da pesquisa por um tema mais

específico. Neste momento as leituras lhe darão uma

ideia concreta sobre as dificuldades, questionamentos,

discordâncias e opiniões assumidas que vão esclarecer

o assunto e possibilitar ao pesquisador algumas pistas

sobre o tema principal a ser pesquisado na monografia.

Dica do professor

Ao escolher um tema para pesquisar, procure levar alguns critérios em consideração como número de publicações existentes sobre o mesmo e a possibilidade de tecer análises neutras sem comprometimento dos dados. Temas que odiamos ou amamos demais dificultam uma postura mais neutra em relação à análise confiável dos dados.

Dica de leitura

Existem outras obras voltadas para metodologia de pesquisa que poderão lhe auxiliar no entendimento das questões citadas como: BAGNO, M. Pesquisa na escola. 4ª ed., São Paulo: Loyola, 2000. SOARES, E. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2003.

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Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 65

APROFUNDAMENTO DO TEMA E APROFUNDAMENTO

DAS QUESTÕES A ELE ASSOCIADAS

O pesquisador deve ter PACIÊNCIA, pois a meta

é adquirir conhecimento sobre o tema para então

produzir ações interiorizadas (conscientização do fato)

em direção a novas ações exteriorizadas (opinião que

possibilite discussão dialética sobre o tema).

É importante lembrar que o pesquisador deve

ter consciência que o tema não pode ultrapassar as

fronteiras de seu curso (direcionamento) sob pena de

proporcionar um aprofundamento em várias direções

distanciando-o cada vez mais da situação problemática

prevista. Se isto ocorrer, corre-se um sério risco do

estudo não conduzir a lugar algum no que se refere ao

problema a ser respondido. Mantenha-se FIEL AO TEMA

e direcione sua pesquisa bibliográfica neste sentido

com vistas a se aprofundar mais e mais no assunto o

que demanda tempo e dedicação.

PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

Toda pesquisa precisa em algum momento, de

modo geral no item metodologia, esclarecer os

procedimentos técnicos e práticos que viabilizaram sua

elaboração. Estes devem ser entendidos como as ações

que serão implementadas para a realização da mesma,

assim como também as etapas para o desenvolvimento

da investigação, das fontes básicas e dos sujeitos da

pesquisa.

É importante que tais procedimentos respondam

a um plano detalhado de como alcançar o(s)

objetivo(s), respondendo às questões propostas e/ou

testando as hipóteses formuladas (caso elas existam).

A metodologia ideal é aquela que melhor se adequa à

solução do problema e aos objetivos do estudo em

Importante

Especificamente no caso da monografia a ser desenvolvida em nosso curso. Vale lembrar que o tema escolhido deve estar relacionado, ainda que indiretamente, ao mesmo. Assim, não adianta, por exemplo, falar de viagens espaciais se o aluno estiver fazendo um curso de supervisão escolar. O tema é interessante, mas inadequado ao curso.

Dica do professor

Essa é uma dentre várias outras possibilidades de se definir o que seja pesquisa. Procure buscar também outras definições para complementar a sua própria definição do tema.

Page 66: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 66

função da população (sujeito(s), grupo(s),

instituição(ões) investigadas) e da amostra

(quantitativo da população que por sua vez obedece a

determinados critérios).

Do mesmo modo é fundamental esclarecer quais

foram os instrumentos de coleta de dados (entrevistas,

estruturadas ou não; questionários; testes; escalas;

observação, participante ou não; instrumentos de

laboratório e outros) e, posteriormente, de análise e

tratamento dos mesmos. É fundamental que estes

últimos levem em consideração fatores como:

� O referencial teórico ou conceitual adotado na

pesquisa, caso tenha sido definido;

� Os resultados de estudos e pesquisas

anteriores. Isto permitirá ao pesquisador ter

indicações precisas sobre as dimensões e

categorias de análise ou as relações

esperadas entre as variáveis estudadas, a

partir das quais os dados devem ser

interpretados.

No caso de pesquisas de base quantitativa, que

impliquem dados quantitativos, deve-se especificar

ainda o tratamento estatístico dos dados (inclusive se

foi ou não utilizado algum tipo de programa de

tratamento estatístico como o SPSS).

MODALIDADES DA PESQUISA

Enquanto um conjunto de atividades propostas

por um estímulo em busca de conhecimento, uma

pesquisa pode investigar a realidade sob os mais

diversos aspectos, com distintos objetivos e níveis de

profundidade. Vimos que, partindo sempre de uma

dúvida ou problema, a pesquisa visa encontrar uma

Quer saber mais?

Sobre o tratamento estatístico vale lembrar que existem hoje disponíveis no mercado uma série de softwares voltados apenas para esse tipo de trabalho como é o caso do SPSS.

Dica do professor

Essa é uma dentre várias outras possibilidades de se definir o que seja pesquisa. Procure buscar também outras definições para complementar a sua própria definição do tema.

Page 67: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 67

resposta ou solução para o mesmo. Para tal necessita

seguir um caminho adequado, utilizar um método

científico. Assim, em toda a pesquisa, teremos três

elementos básicos: o problema que se deseja resolver,

a metodologia empregada, que deverá ser adequada ao

tipo de problema, e a solução.

A curiosidade, assim como a necessidade,

conduzem o ser humano a investigar a realidade sob

diversos aspectos e de diversas formas. O investigador,

por exemplo, poderá pretender satisfazer um anseio

intelectual pelo conhecimento. Neste caso, fará uma

pesquisa pura ou básica, visando a atualização de

conhecimentos. No entanto, poderá, estar em busca de

soluções para problemas concretos, necessitando de

pesquisa aplicada, com fins práticos em seu trabalho.

Vemos, assim, que existem diferentes tipos de

pesquisa, que são classificados pelos autores de acordo

com vários critérios. Optou-se, na presente aposta,

pela classificação feita nas obras de Cervo (2002) e

Kösche (1997), em virtude de seu alcance e

generalidade, muito embora alguns dos tipos de

pesquisa citados por estes autores também estejam

nas obras de Gil (1993), Santos (1999) e vários outros.

O pesquisador pode estudar a realidade sob os

mais variados aspectos, com distintos objetivos e

diversos níveis de profundidade. Dessa maneira, os

autores citados classificam os TIPOS DE PESQUISA de

acordo com diferentes critérios. Para cada obra que

trata desta temática parece existir uma classificação

diferente. Veja no quadro resumo abaixo como as

pesquisas podem ser agrupadas, de acordo com:

Page 68: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 68

TIPOS DE PESQUISAS

A área de conhecimento Pesquisas educacionais,

acadêmicas, históricas, dentre outras

O lugar onde se desenvolvem Pesquisa de campo; pesquisa de laboratório

A utilização Pesquisa pura e pesquisa

aplicada

O caráter dos dados coletados Pesquisa qualitativa e pesquisa

quantitativa

A forma de raciocínio Pesquisa dedutiva e pesquisa

indutiva.

TIPOS DE PESQUISA

Segundo tais autores existem quatro principais

tipos de pesquisa a considerar:

� Exploratória;

� Bibliográfica;

� Descritiva;

� Experimental.

Já tínhamos conversado superficialmente sobre

algumas delas na primeira aula, agora, todavia, vamos

nos aprofundar um pouco mais nas mesmas.

PESQUISA EXPLORATÓRIA A pesquisa exploratória deve ser encarada como

o primeiro passo do trabalho científico. Este tipo de

pesquisa tem por finalidade proporcionar maiores

informações sobre determinado assunto; facilitar a

delimitação de uma temática de estudo; definir os

objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou,

ainda, descobrir um novo enfoque para o estudo que se

pretende realizar diferente dos já existentes. Pode-se

dizer que a pesquisa exploratória tem como objetivo

Dica do professor

A partir de agora vamos estudar todos os diferentes tipos de pesquisa. Não deixe de ir se questionando sobre qual você pretende desenvolver futuramente em sua monografia.

Dica do professor

Esclarecendo: Nesse sentido é possível dizer claramente que não existe metodologia pior ou melhor, o que é existe é uma metodologia mais ou menos adequada a um determinado tipo de estudo.

Page 69: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 69

central o aprimoramento ou descoberta de ideias para

serem pesquisadas.

Na maior parte dos casos, a pesquisa

exploratória envolve:

� Levantamento bibliográfico;

� Entrevistas com pessoas que tiveram

experiências práticas com o problema

pesquisado;

� Análise de exemplos que estimulem a

compreensão do fato estudado.

Através da pesquisa exploratória avalia-se a

possibilidade de se desenvolver um estudo inédito e

interessante, sobre uma determinada temática. Sendo

assim, este tipo de pesquisa tem como objetivo

proporcionar maior familiaridade com o problema, com

vistas a torná-lo mais explícito. De um modo geral,

esta pesquisa constitui um estudo preliminar ou

preparatório para outro tipo de pesquisa.

Quanto mais geral for o problema da pesquisa, maiores são as chances da pesquisa ser considerada exploratória. Veja alguns exemplos: � Qual é a importância da supervisão escolar na

Educação Atual? � Qual é o papel do psicopedagogo junto ao processo

de aprendizado? � O que é Educação On Line? Note que esses problemas (questões-chave) caracterizam pesquisas que claramente ainda estão tentando entender melhor seu objeto de estudo antes de construir hipóteses sobre os mesmos. Note como tais problemas seriam mais centrados caso fossem formulados da seguinte forma favorecendo a construção de hipóteses � Qual é a importância da supervisão escolar junto a

crianças desmotivadas? � Qual é o papel do psicopedagogo com crianças

hiperativas? � Como a Educação On Line pode contribuir para a

Educação Inclusiva?

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Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 70

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

A pesquisa bibliográfica investiga o Problema a

partir do referencial teórico existente nas fontes de

pesquisa. Para Cervo (2002), na área das ciências

humanas, a pesquisa bibliográfica é a pesquisa por

excelência se constituindo no requisito básico para a

pesquisa científica, a fim de se ter um conhecimento

prévio do estágio em que se encontra o assunto.

A maioria dos pesquisadores trabalha com

fontes bibliográficas, isto é, com informações contidas

em livros, publicações, revistas, jornais e outros.

Mesmo aqueles que fazem pesquisas experimentais em

laboratórios, delimitam as suas pesquisas com base nas

informações existentes, mediante um exame

bibliográfico sobre tudo que já foi escrito sobre o tema,

fora, aqueles que se encontram realizando pesquisas e

necessitam tomar ciência dos avanços que estão sendo

alcançados por outros pesquisadores.

A pesquisa bibliográfica tem como objetivo o

levantamento das contribuições científicas e culturais

existentes sobre certo tema. Assim, oferece meios para

definir, resolver problemas conhecidos ou, até mesmo,

explorar novas áreas de conhecimento. Para Malheiros

(2007) sua importância reside no fato de que:

A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA levanta o conhecimento disponível na área, identificando as teorias produzidas, analisando-as e avaliando sua contribuição para compreender ou explicar o problema objeto da investigação. É fundamental a todos os demais tipos de investigação, já que não se pode proceder o estudo de algo, sem identificar o que já foi produzido sobre o assunto.

(http://www.profwillian.com/_diversos/download/prof/marciarita/Pesquisa_n

a_Graduacao.pdf)

Dica do professor

Uma boa dica para o desenvolvimento de sua monografia, mesmo que você ainda não tenha estabelecido os detalhes da abordagem desta é buscar fazer uma pesquisa bibliográfica sobre o(s) tema(s) que pretende desenvolver em seu trabalho.

Page 71: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 71

Vale destacar na citação de Malheiros (2007) o

fato da pesquisa bibliográfica se constituir tanto em

uma pesquisa independente, como também em um

pré-requisito para todas as pesquisas científicas. Assim

sendo, torna-se essencial o aprendizado da pesquisa

bibliográfica, pois o pesquisador necessitará aplicá-la

em toda a sua vida acadêmica e/ou profissional, na

busca do conhecimento científico que enseja uma visão

da realidade livre das amarras das opiniões pessoais,

estigmatizadas ou preconceituosas.

De modo geral esta pesquisa utiliza-se de

material, em geral pertencentes a bibliotecas,

preparado, analisado e publicado em forma de livros,

artigos diversos e impressos. Assumindo a finalidade

de levantar as contribuições científicas e culturais

correntes sobre um determinado assunto ou tema.

Soma-se hoje a esta gama de materiais, os artigos e

revistas eletrônicas provenientes de sites da internet.

Através desse tipo de pesquisa, é possível obter

meios para definir e solucionar problemas conhecidos.

Por outro lado, pela pesquisa bibliográfica o

pesquisador encontra possibilidade para explorar novas

áreas, onde os problemas ainda não se solidificaram

suficientemente. Por isso Galliano (1986) a define

como sendo a pesquisa que

(...) se efetua tentando resolver um problema ou adquirir novos conhecimentos a partir de informações publicadas em livros ou documentos similares (catálogos, folhetos, artigos, etc.). Seu objetivo é desvendar, recolher e analisar as principais contribuições teóricas sobre um determinado fato, assunto ou ideia.

(p. 109)

O trabalho de pesquisa transpassa por três fases

de amadurecimento. No entender de Severino, essas

fases são as seguintes:

Importante

A validade do desenvolvimento científico se estabelece justamente nessa possibilidade destacada, onde cada pesquisador pode, mesmo num outro momento histórico, dar continuidade ao trabalho de outro.

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Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 72

1ª FASE: Momento de invenção

Quando prevalece a intuição. O momento da

descoberta, da formulação de hipóteses. É uma fase,

eminentemente lógica, em que “o pensamento é mais

provocador e o espírito mais atuante”;

2ª FASE: Pesquisa positiva

Seja experimental, de campo ou bibliográfica.

Como afirma Severino (1983):

Nesta etapa, o espírito será posto frente aos fatos, a outras ideias, tendo a oportunidade de cotejar suas primeiras intuições com as intuições alheias ou com os fatos objetivos.Deste confronto nascerá uma posição amadurecida. Talvez seja preciso abandonar ideias anteriores, acrescentar outras novas, reformular outras. Isto quer dizer que nossa primeira formulação não será necessa riamente definitiva: inicialmente e do ponto de vista lógico, será tão somente provisória.

(p. 112)

3ª FASE: Composição do trabalho

Com uma posição amadurecida, investe-se para

a composição do trabalho. Torna-se preciso ter em

mãos uma formulação definitiva do problema, que

poderá confirmar ou não a hipótese formulada na

primeira fase.

No presente tópico iremos nos voltar para a

segunda fase, quando entra em ação a pesquisa

bibliográfica. Em todas as atividades a serem efetuadas

durante o planejamento da pesquisa, ocorre uma

necessidade de muita consulta a obras publicadas,

momentos de reflexão e registros de anotações em

fichas e rascunhos.

Dica do professor

É muito interessante verificar como realmente passamos por essas fases no decorrer da produção de um trabalho acadêmico. Experimente pensar em suas experiências.

Page 73: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 73

A fim de facilitar o seu estudo, dividimos o texto

em duas partes. Na primeira parte enfocaremos o

planejamento da pesquisa bibliográfica e na segunda

parte, a execução da pesquisa bibliográfica.

O PLANEJAMENTO DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

EM RELAÇÃO À SELEÇÃO DO TEMA

O pesquisador considerando a sua experiência,

formação, tendências, inclinações pessoais e interesse

por um assunto, escolherá um Tema, tomando por

base sua disponibilidade de tempo e de recursos

destinados para a pesquisa a ser desenvolvida, ora em

fase de planejamento.

De modo a encontrar facilidades na seleção do

Tema, o pesquisador precisa recorrer a leituras,

observações e análises de situações divergentes. Por

outro lado, quanto a escolha do tema, não deverá

ignorar aspectos como importância, originalidade e

viabilidade.

Decerto, o “uso da biblioteca” se apresentará

como imprescindível, tanto porque nela se encontram

as experiências, observações e bases conceituais já

realizadas, sem as quais é impraticável haver

verdadeira observação científica. Como sustenta Rudio

(2001)

a revisão da literatura ajuda ao pesquisador delimitar e definir o problema, fazendo com que se evite o manejo de ideias confusas e pouco definidas. Além disto, faz o pesquisador evitar os setores estéreis do problema, considerando as tentativas anteriores, que já foram feitas neste âmbito, e evitando a duplicação de dados, já estabelecidos por outros. A revisão da literatura pode, ainda, ajudar o pesquisador na revisão da metodologia que pretende usar pelas

Importante

Esses são aspectos fundamentais para quem ainda está escolhendo seu tema. Esteja atento as dicas ok!

Dica do professor

Se próximo a sua residência não existirem bibliotecas isso não deve ser um empecilho ao desenvolvimento do seu trabalho. Use os recursos que estiverem ao seu alcance.

Page 74: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 74

sugestões e oportunidades de deduções,recomendadas por pesquisas anteriores para que fossem feitas depois.

(p. 49)

Isso sem mencionar, como ressalta Rudio

(2001), que a pesquisa bibliográfica pode servir

também:

� A formulação de hipóteses garantindo-lhes

validade e consistência através da busca de

uma maior sintonia entre estas e o

conhecimento global da ciência tanto na área

específica que se está estudando quanto em

outras áreas através de um olhar

interdisciplinar.

� A escolha da metodologia de pesquisa a ser

adotada de forma mais apropriada ao

trabalho em andamento, bem como;

� A escolha ou elaboração dos instrumentos de

pesquisa voltado para a coleta e análise dos

dados de acordos com os procedimentos

científicos que balizarão o trabalho.

EM RELAÇÃO À COLETA DE DADOS

As informações necessárias, visando à pesquisa

a ser realizada, podem ser obtidas das mais variadas

maneiras, de acordo com o critério ideal definido pelo

pesquisador. Todo trabalho científico envolve um amplo

leque de ELEMENTOS UTILIZADOS NA BUSCA DO

OBJETIVO DA PESQUISA.

Essas informações bibliográficas permitirão a

confirmação das informações, aprofundamento do

estudo mediante a utilização das obras citadas, a

avaliação da profundidade do trabalho e, também, o

tempo de existência das informações e ideias que

sustentam a argumentação do pesquisador. Podemos

Dica do professor

Como você pode perceber existem muitas formas de coleta de dados. Como já dissemos você deve escolher as que melhor respondem a sua realidade ou a necessidade do tema em estudo.

Dica do professor

O cuidado com a bibliografia na elaboração de um trabalho acadêmico é de fundamental importância. Assim cuide de anotar todos os detalhes da obra onde você fez determinada citação: nome completo do autor, nome da obra, volume, ano, edição, editora, local e ano da publicação e a página de onde retirou o texto.

Page 75: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 75

buscar informações em: enciclopédias, dicionários,

livros especializados, revistas, jornais, notas de aulas,

arquivos, catálogos, bibliografia e internet entre outros.

Nas fontes da biblioteca, encontramos:

� Nas enciclopédias: informações que permitem

uma visão panorâmica sobre determinado

assunto;

� Nos dicionários: informações de ordens geral

e /ou especializada; definições amplas,

sentido das palavras ou informações de ordem

geral no setor especializado;

� Nos livros especializados: informações

detalhadas sobre determinado assunto,

considerando-se um conhecimento mais

profundo;

� Nas revistas e jornais: informações atuais e

abordagem dinâmica da temática;

� Nos arquivos e catálogos: bibliografias,

relação de livros, resumos informativos

(abstracts);

� Nas bibliografias: relações de livros, teses,

dissertações, monografias, folhetos, relatórios

e comentários sobre determinado assunto.

A Bibliografia é o conjunto de obras derivadas

sobre certo assunto ou tema, escritas por diversos

autores, em distintas épocas. Utiliza-se todas ou partes

das fontes bibliográficas, para haurir diretamente o que

interessará à elaboração de nossa pesquisa. Como

vimos, em síntese, após o estabelecimento e

delimitação do tema de trabalho e formulados o

problema e a hipótese, cabe realizar o levantamento.

Sobre o levantamento da documentação existente, no

dizer de Severino:

Dica do professor

Com um pouco de experiência a leitura da bibliografia de um trabalho pode fornecer uma série de dados sobre a proposta do mesmo, sua base ideológica norteadora, seus pressupostos e até mesmo as alternativas que o mesmo pode vir a propor.

Importante

É bom lembrar que os recortes de jornais e revistas, além das informações da Internet, podem ser anexadas a monografia, como forma de comprovação.

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Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 76

Esta é a fase da HEURÍSTICA, ciência, técnica e arte de pesquisa de documentos. Trata-se de desencadear uma série de procedimentos para a localização dos documentos que possam interessar ao tema discutido. Trata-se de uma busca metódica destes documentos. (...) A Bibliografia como técnica tem por objetivo a descrição e a classificação dos livros e documentos similares, segundo critérios tais como autor, gênero literário, conteúdo temático, data, etc. Esta técnica resulta em Repertórios, Boletins, Catálogos Bibliográficos. E é a eles que se deve recorrer quando se visa elaborar a Bibliografia Especial porque a escolha das obras deve ser criteriosa, retendo apenas aquelas que interessem especificadamente ao assunto tratado.

(Severino, p. 113)

Assim, concluído o levantamento bibliográfico,

tem partida o momento do trabalho da pesquisa

propriamente dita, o momento da execução da

pesquisa bibliográfica.

PESQUISA DESCRITIVA E DOCUMENTAL

A PESQUISA DOCUMENTAL CORRESPONDE A

UMA SUBDIVISÃO DA PESQUISA DESCRITIVA. Aquela

que se caracteriza pelo estudo dos fatos e fenômenos

físicos e humanos. De acordo com Cervo (2002), a

pesquisa descritiva procura descobrir, com a maior

precisão possível, a frequência com que um fenômeno

ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza

e características. Busca detalhar a exposição de todos

os passos da coleta e registros de dados. Expõe:

Quem? Quando? Onde? Como?

A Pesquisa Documental investiga a realidade

presente, diferentemente da pesquisa histórica, porque

esta se volta para o passado. Estuda documentos com

o fim de descrever e comparar tendências, usos e

Dica de leitura

Recentemente Eduardo Vasconcelos foi o autor de um excelente livro que aborda a pesquisa experimental através do viés da interdisciplinaridade. Complexidade e pesquisa interdisciplinar: epistemologia e metodologia operativa. Rio de Janeiro (Petrópolis): Vozes, 2002. Vale a pena consultá-lo.

Page 77: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 77

costumes. Ademais, Cervo alerta, ainda, que toda

pesquisa requer coleta de dados de variadas fontes,

que se desenvolve por meio de documentação direta ou

indireta.

A documentação direta é aquela utilizada pelo

processo de recolhimento de dados através de

entrevistas, observações e questionários locais da

ocorrência dos fenômenos. São os casos das pesquisas

de laboratório e de campo. Quando o levantamento de

dados é efetuado por outras pessoas, acontece o

processo de documentação indireta.

Enquanto a pesquisa bibliográfica utiliza-se

fundamentalmente das contribuições dos diversos

autores sobre determinado assunto, enquanto a

pesquisa documental utiliza-se de materiais que não

receberam tratamento analítico. As fontes de pesquisa

documental são mais diversificadas e dispersas do que

as da pesquisa bibliográfica. Conforme Gil (1991)

aponta, na pesquisa documental existem os

documentos de primeira mão, ou seja, aqueles que não

receberam nenhum tratamento analítico tais como os

documentos conservados em órgãos públicos e

instituições privadas, e os documentos de segunda mão

que de alguma forma já foram analisados tais como:

relatórios de pesquisa; relatórios de empresas; tabelas

estatísticas e outros.

Vale lembrar que consultas a cartas, circulares,

certidões, declarações, projetos, planos de ensino,

planos de aula, projeto político-pedagógico, projeções,

mapas, diplomas, anotações, enfim todo material

impresso diferente de livro ou material de internet,

independente de sua data, pode ser entendido como

documento. E se a análise destes materiais for

importante para sua pesquisa, você fará sim uma

pesquisa documental.

Page 78: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 78

PESQUISA EXPERIMENTAL

A PESQUISA EXPERIMENTAL, por sua vez,

pretende explicar as razões e a maneira pela qual o

fenômeno estudado é produzido. Graças às inovações

tecnológicas existem meios, através de aparelhos e

equipamentos, que possibilitam alcançar os objetivos

da pesquisa, permitindo perceber as relações existentes

entre as variáveis estudadas.

Dessa maneira, por meio da pesquisa

experimental, realiza-se a manipulação direta das

variáveis relacionadas com o objeto da investigação.

Cervo expõe que o manuseio das variáveis implica em

certos conhecimentos.

Através da criação de situações de controle, procura-se evitar a interferência de variáveis intervenientes. Interfere-se diretamente na realidade, manipulando-se a variável independente a fim de observar o que acontece com a dependente.

(Cervo, 2002, p.69)

Cabe observar que a pesquisa experimental não

se resume apenas as pesquisas de laboratório. Os

termos da ‘pesquisa de laboratório’, assim como a de

‘Campo’, apontam tão somente o contexto de

localização realização, isto é, onde ela se realizam.

Podem ser experimental que se desenrola tanto em

laboratório quanto no campo. Segundo Claude Bernard

considerado o pai do método experimental, este se

distingue através de três etapas: a OBSERVAÇÃO, a

HIPÓTESE e a EXPERIÊNCIA.

1ª ETAPA

Os fatos estabelecidos através da OBSERVAÇÃO

devem servir de ponto de partida para o pensamento;

Page 79: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 79

2ª ETAPA

Pensamento deve imaginar uma tentativa de

explicação (a HIPÓTESE); e

3ª ETAPA

Esta explicação precisa ser controlada e

confirmada por outros fatos que não forma

considerados inicialmente (EXPERIÊNCIA).

Fourastié (1967) a partir de Bernard considera,

então que a atividade científica se resume em três

grandes fases:

� A exploração da realidade;

� A elaboração da Hipótese;

� O controle e a exploração da hipótese que

pode ou não gerar.

O "método experimental" consiste, portanto, no

processo de passagem da observação à hipótese, da

hipótese à experimentação e finalmente desta à tese

(ou, na formulação mais moderna de Popper e outros:

"hipótese"-observação-experimentação-tese, em que a

primeira etapa é, mais do que uma "hipótese", um

"modelo hipotético-dedutivo”, formulação racionalista

que não deixa de poder ser considerada como fazendo

parte integrante do "método experimental") (Fourastié,

1967).

A OBSERVAÇÃO corresponde à exploração do

real, ao armazenamento dos dados. Condição sine qua

non do trabalho científico. Uma coleção de fatos não

pode, por si só, constituir uma teoria científica,

todavia, ela fornece uma base fundamental para o

estudo em andamento além de estudos posteriores. A

HIPÓTESE esboça a trama explicativa e tenta revelar as

relações não diretamente percebidas entre os

fenômenos. Sem hipótese não há atividade científica.

Importante

Vale esclarecer, entretanto, que nem toda pesquisa busca essa relação causal. Ela é mais comum no tipo de pesquisa experimental. Em Alguns casos trata-se de um estudo de caráter exploratório sem hipóteses prévias. Essas provavelmente só seriam elaboradas após esse estudo inicial do objeto de estudo analisado.

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Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 80

A EXPERIMENTAÇÃO, por sua vez, controla a

explicação sugerida pela hipótese. Mais difícil ainda do

que a etapa precedente, ao contrário do que por vezes

se julga, a experimentação deve proceder não somente

à dosagem dos fatos destinados a confirmar a hipótese,

mas confrontar-se a cada instante com a teoria. Porque

se a teoria precisa de verificação experimental, não é

menos verdade que os fatos, para serem

verdadeiramente "fatos científicos" devem ser

verificados teoricamente. Em suma nesta perspectiva, a

observação sugere a ideia, a hipótese dirige a

experiência e a experimentação julga a ideia (Fourastié,

1967).

De modo geral a pesquisa experimental

investiga, portanto, a relação existente entre

fenômenos buscando conhecer se um é causa do outro.

Como afirma Rudio (2001), “a pesquisa experimental

está interessada em verificar a relação de causalidade

que se estabelece entre variáveis, isto é, em saber se a

variável X (independente) determina a variável Y

(dependente)”.

Para tal, estabelece uma situação de controle

efetivo, empenhando impedir que, na pesquisa

desenvolvida, estejam presentes influências estranhas

ao processo de verificação que se pretende conduzir.

Posteriormente, interfere-se, diretamente, na realidade,

de acordo com as condições que foram determinadas,

manuseando a variável independente a fim de observar

o que ocorre com a variável dependente. Assim, a

variável independente (X) será a causa da variável

dependente (Y), nos seguintes casos:

� Y não apareceu antes de X.

� Y varia quando há também variação em X.

� Outras influências não se fizeram X aparecer

ou variar.

Dica de leitura

Esperamos que o exemplo tenha sido claro. Para ter acesso a outros exemplos recomendamos a leitura da obra de: ALVES-MAZZOTTI, A. & GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais - pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998.

Page 81: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 81

Por exemplo, é instituída uma pesquisa para se

verificar se num determinado grupo de pessoas a

prática da meditação (variável independente) evita

doenças coronárias (variável dependente). Para que a

nossa resposta seja positiva (meditação reduz as

doenças coronárias) é preciso observar que:

� As doenças coronárias reduziram, após o

início da prática de meditação;

� As doenças coronárias sumiram depois da

prática da meditação;

� Existe uma correlação negativa entre a

efetividade da prática meditativa e

quantidade de doenças coronárias;

� Existem fatores determinantes para mostrar a

ocorrências de doenças coronárias naqueles

que não praticam meditação.

Em síntese, como diz Rudio (2001):

Na pesquisa experimental, o pesquisador manipula deliberadamente algum aspecto da realidade, dentro de condições anteriormente definidas, a fim de observar se produz certos efeitos. A este procedimento denomina-se experimento: não existe pesquisa experimental sem experimento.

(Rudio, 2001, p. 69)

EXEMPLIFICANDO

Como havíamos dito nesse tipo de pesquisa não existe preocupação com a testagem de hipóteses e sim com o estudo da relação entre as diferentes variáveis de um fenômeno. Exemplo: "Os efeitos da alta temperatura na dificuldade de concentração em sala de aula em Manaus". Considerando que o calor não será produzido, mas já existe na localidade. Esse tipo de estudo pretende entender melhor como a variável "calor" afeta a variável "concentração" de uma forma descritiva.

Page 82: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 82

PESQUISA DESCRITIVA OU EX-POST-FACTO

A PESQUISA EX-POST-FACTO, NÃO-

EXPERIMENTAL, OU PESQUISA DESCRITIVA, constata e

avalia as relações entre as variáveis, que se

manifestam espontaneamente em fatos, situações e

nas condições existentes. Nesse tipo de pesquisa não

ocorre manipulação a priori das variáveis. A

constatação de sua manifestação acontece a posteriori,

por isso o uso da nomenclatura em latim de “ex-post-

facto”. A pesquisa descritiva se distingue da

experimental, anteriormente estudada, no que diz

respeito à manipulação das variáveis.

Na pesquisa experimental há criação e produção

de condições específicas, normalmente de forma

aleatória, quanto a amostra, e com elevado poder de

manipulação das variáveis independentes e controle

das não conhecidas. Essa pesquisa pretende dizer e

explicar de que modo ou por que causas o fenômeno é

produzido.

A pesquisa descritiva, ex-post-facto, investiga as

relações entre diversas variáveis de um certo fenômeno

sem manipulá-las. Procura-se a constatação da

frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e

ligação com outros, além de suas características e

natureza.

Nesta pesquisa, o pesquisador busca conhecer e

interpretar a realidade, sem nela imprimir nenhuma

interferência para criar modificações. A palavra chave

é: descrever. Narrar, descobrir e interpretar os

fenômenos que acontecem.

Para isso, a pesquisa precisa ser submetida

constantemente às exigências metodológicas.

Poderemos enumerar os PASSOS METODOLÓGICOS, da

seguinte maneira:

Page 83: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 83

1º PASSO

Enunciar o problema em termos de indagar se

um certo fenômeno ocorre ou não;

2º PASSO

Que variáveis constituem o problema;

3º PASSO

Como classificar e que semelhanças ou

diferenças existem entre determinados fenômenos;

4º PASSO

Analisar e interpretar os dados obtidos, podendo

ser estes qualitativos ou quantitativos.

A pesquisa ex-post-facto (descritiva) pode

assumir variadas formas. Dentre essas, exceto a

Documental (estudada anteriormente) e o Estudo de

Caso, que veremos detalhadamente mais adiante,

destacamos as seguintes formas a seguir:

ESTUDOS EXPLORATÓRIOS

Chamados por alguns de pesquisa quase

científica ou não científica. Não elaboram hipóteses e

se restringem a definir objetivos e buscar informações

mais aprofundadas sobre certo assunto. Esses estudos

são recomendados para a ampliação de conhecimentos

sobre o problema estudado.

PESQUISA DE OPINIÃO

Busca conhecer tendências, atitudes, pontos-de-

vista, comportamentos e preferências sobre algum

assunto. Serve para subsidiar a tomada de decisão.

Abrange uma ampla faixa de investigação, que objetiva

Page 84: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 84

a identificação de falhas ou erros, descrever

procedimentos, reconhecer tendências, descobrir

interesses e valores.

PESQUISA DE MOTIVAÇÃO

Procura saber as razões inconscientes ou ocultas

que levam a determinar a preferência por algum

produto ou comportamento/ atitudes. Enfim, as

Pesquisas Descritivas (Ex-post-facto) visam estudar e

descrever as características, propriedades ou relações

correntes na realidade objeto da pesquisa. Da mesma

forma que os exploratórios, os estudos descritivos

contribuem para uma pesquisa mais ampla e completa

do problema e da hipótese.

ESTUDO DE CAMPO

O Estudo de Campo consiste na observação dos

fatos da forma que ocorrem espontaneamente, na

coleta de dados e no registro de variáveis consideradas

significativas para posteriores análises. Esse tipo de

pesquisa, não corresponde à pesquisa experimental,

por deixar de produzir ou de não reproduzir os fatos

investigados. O estudo de campo impede o isolamento

e o controle das variáveis relevantes, porém permite o

estabelecimento de relações constantes entre

determinadas condições (variáveis independentes) e

certos eventos (variáveis dependentes), que são

observadas e comprovadas.

Convém sinalizar que pesquisas de observação dependem de tempo afinal é necessário ir até a situação a ser observada, em grande parte das vezes através de uma permissão anterior de uma autoridade qualquer como a diretora da instituição, ou o gerente do setor da empresa. Os dados são transcritos e/ou gravados e trabalhados posteriormente pelo pesquisador. Além disso, o número de visitas até a situação observada é difícil de deduzir a priori. Tudo isso permite um material excelente para análise, mas, contudo, demanda um tempo considerável. Salvo se você já faz parte da instituição a ser estudada, conhece bem o contexto a ser analisado ou algo do tipo.

Dica do professor

Lembre-se de que não existe pesquisa melhor ou pior e sim a mais adequada ao tipo de estudo ou pesquisa a ser realizada. Analise com calma cada um dos tipos e veja qual seria aquele que responde melhor ao desafio do tipo de trabalho científico que você pretende realizar.

Page 85: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 85

Após a delimitação do problema e de acordo

com a natureza da pesquisa (sociológica, psicológica,

antropológica, mercadológica, política, econômica etc.),

torna-se necessário determinar as técnicas que serão

aplicadas na coleta de dados, as fontes de amostragem

e as técnicas de registros dos dados coletados.

Existem diversas técnicas para a coleta de

dados, dentre as quais enumeramos a ENTREVISTA, o

QUESTIONÁRIO e o FORMULÁRIO.

ENTREVISTA

Funda-se no diálogo com o propósito de colher

dados relevantes para a pesquisa conduzida, a partir

de certa pessoa entrevistada, determinada fonte.

Deve o pesquisador, para a aplicação dessa

técnica, observar os seguintes passos, enumerados por

Cervo (2002):

� Identificar os dados ou as variáveis sobre as

quais serão feitas as questões.

� Selecionar o tipo de pergunta a ser utilizada

em face das vantagens e desvantagens de

cada tipo, com vistas ao tempo a ser

consumido, para obter os dados e a maneira

de tabulá-los e analisá-los.

� Elaborar uma ou mais perguntas referentes a

cada dado a ser levantado.

� Analisar as questões elaboradas quanto a

clareza da redação, classificação e sua real

necessidade.

� Codificar as questões para a posterior

tabulação e análise com a inclusão dos

códigos no próprio instrumento.

� Elaborar instruções claras e precisas para o

preenchimento do instrumento.

Dica de leitura

No já citado livro, “Como produzir uma monografia: passo a passo”, você terá exemplos em anexo de entrevista e questionários.

Dica do professor

Você que pretende utilizar a entrevista como um instrumento de coleta de dados em seu futuro trabalho monográfico, deve dar uma atenção especial as observações de Cervo ao lado bem como as dicas da página seguinte.

Page 86: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 86

� Submeter as questões a outros técnicos para

sanar possíveis deficiências.

� Revisar o instrumento para dar ordem e

sequência às questões.

� Submeter o instrumento a um pré-teste para

detectar possíveis reformulações ou correções,

antes de sua aplicação.

(Cervo, p. 135)

Cabe algumas recomendações ao entrevistador,

para a realização da Entrevista:

� Ser discreto, evitando ser importuno;

� Deixar muito à vontade o entrevistado;

� Ser habilidoso e elegante ao evitar que a

conversa se desvie dos propósitos da

pesquisa;

� Apenas coletar dados e não discuti-los com o

entrevistado;

� Falar pouco e ouvir muito;

� Não confiar excessivamente na memória,

anotando cuidadosamente as informações

obtidas ou gravando as mesmas com o uso

de gravador ou filmadora após consulta ao

entrevistado e sua devida permissão. As

anotações devem ser feitas de modo sucinto

no momento da entrevista e de maneira

ampliada - com mais detalhes - após a

mesma.

QUESTIONÁRIO

Nessa técnica a pessoa fonte das informações

escreve ou responde por escrito as questões elencadas.

Difere da entrevista, quando o entrevistado fala.

O questionário oferece a vantagem da aplicação

simultânea a um elevado número de entrevistados.

Afora a manutenção do anonimato das fontes. Por outro

Dica do professor

Na hora de optar pelo instrumento de coleta de dados, leve em conta a disponibilidade de tempo, acesso as instituições, facilidade de contato, enfim os elementos que você dispõe a seu favor para elaboração do trabalho. Por isso não se apresse, escolha com calma, Se precisar de nossa ajuda é só entrar em contato com nossa equipe. De qualquer forma sua matriz de pesquisa enviada previamente a elaboração da monografia já irá auxiliar bastante nosso diálogo nesse sentido.

Page 87: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 87

lado, essa técnica exige certos cuidados, como por

exemplo:

� Apresentar todos os seus itens de modo bem

claro, para que a pessoa inquirida possa

responder com precisão, sem criar

ambiguidade;

� As questões precisam ser bem articuladas;

� Apresentação de explicações iniciais para o

correto preenchimento do questionário.

FORMULÁRIO

Corresponde a um tipo de questionário, a ser

preenchido pelo próprio pesquisador, conforme as

respostas do entrevistado. Possui a vantagem de se

poder esclarecer verbalmente, qualquer dúvida que

surgir.

Em síntese, o Estudo de Campo requer um

planejamento para a coleta de dados, assim como para

os registros das informações colhidas. Essa forma de

consulta pode se realizar por intermédio de entrevistas,

questionários e formulários. De modo permitir a coleta

de dados que possibilitará a análise e conclusões,

segundo os objetivos previamente definidos.

ESTUDO DE CASO

A pesquisa descritiva apresenta como uma das

suas formas ou subdivisões o ESTUDO DE CASO. De

acordo com o que já estudamos, a característica da

pesquisa descritiva é a investigação de fatos e

fenômenos humanos e físicos sem a interferência do

pesquisador.

De modo geral, o Estudo de Caso realiza uma

pesquisa sobre algum indivíduo, grupo ou comunidade,

Dica de leitura

Para entender melhor esse tipo de pesquisa através de outros exemplos. Aconselhamos a leitura da obra de RICHARDSON, Roberto. Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.

Dica de leitura

Veja também a obra de Becker sobre a forma das Ciências Sociais fazerem pesquisa: BECKER, H. Métodos de pesquisa em ciências sociais. São Paulo: HUCITEC, 1992.

Page 88: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 88

visando estudar diversos aspectos da vida ou o seu

ciclo. Consiste, assim, em verificar uma situação real,

para que seja elaborada uma análise ou PROPOSTAS

alternativas de solução.

Não obstante o estudo de caso caracterizar-se

pelo fato de as situações serem reais ou com base no

real, o pesquisador pode aplicar hipóteses, sem deixar

de ter como parâmetro a realidade. Dessa maneira, a

técnica de estudo de casos apresenta os seguintes

objetivos:

� Oferecer oportunidades para aplicação de

conhecimentos assimilados em situações da

realidade;

� Promover condições para o exercício da

análise e da prática da tomada de decisões.

Como podemos perceber, o estudo de caso

torna-se recomendável para a compreensão de uma

determinada situação e para a interpretação de fatos,

como alicerce para uma ação posterior. Quando a

coleta de dados da realidade também se faz presente

como a técnica por excelência, de igual forma quanto

as demais subdivisões da pesquisa descritiva. De

acordo com o objetivo da pesquisa, existem dois tipos

de estudo de caso: Estudo de Caso - Análise e Estudo

de Caso – Problema.

No primeiro caso, anteriormente citado, a

pesquisa visa desenvolver um trabalho analítico sobre o

objeto de estudo. A intenção é DISCUTIR, ESMIUÇAR,

embora possa não contemplar uma solução, no

universo das diversas soluções alternativas possíveis,

dentro da delimitação do problema determinado.

Quanto ao ESTUDO DE CASO – PROBLEMA, a

pesquisa objetiva ALCANÇAR UMA SOLUÇÃO. Uma

Dica do professor

Na conclusão desta aula você encontrará um resumo de boa parte do que vimos sobre pesquisa. Acompanhe cada parágrafo e se tiver alguma questão. Não deixe de anotar. Se não conseguir obter respostas por outros meios é só entrar em contato conosco.

Page 89: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 89

solução QUE SEJA A MELHOR POSSÍVEL, dentro da

delimitação do objeto de estudo e da sua

problematização. Caracteriza-se por um esforço de

síntese. Essa técnica contribui para a capacidade de

tomar decisões, de assumir uma linha de ação após a

análise de várias alternativas.

Cabe ao pesquisador manter o cuidado de não

se deixar influenciar pelo risco de considerar que o

Estudo de Caso visa chegar a conclusões dogmáticas,

únicas ou ao consenso geral. Para isso necessita adotar

certos procedimentos:

� Definir os objetivos a serem alcançados com

o estudo de caso;

� Firmar os conhecimentos que serão aplicados

na análise de caso e as formas de coletas de

dados;

� Selecionar o fato real, objeto de estudo, ou,

então ter bem claro a Hipótese de trabalho;

� Manter como base de todo o estudo os dados

da realidade;

� Não descurar do tempo disponível para a

pesquisa, considerando o tempo de

elaboração de suas conclusões.

Para se compreender o sentido da pesquisa com

estudo de caso, imaginemos o exemplo de uma

determinada classe de aula de uma Escola Pública.

A pesquisa desejará conhecer a sua natureza,

sua composição, processos que a constituem ou nela se

realizam. O estudo de caso poderá se voltar para

algum aspecto particular daquela classe de aula,

naquela escola específica.

A pesquisa que busca alcançar conhecimentos

sistematizados e seguros necessita de um

Page 90: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 90

planejamento do processo de investigação. O trabalho

de pesquisa necessita de uma delimitação que depende

das características do objeto de estudo e do nível de

conhecimento do pesquisador. O estudo realizado

mostra que cada tipo de Pesquisa possui, além do seu

núcleo de procedimentos, suas peculiaridades próprias.

A pesquisa bibliográfica investiga o Problema

a partir do referencial teórico existente nas fontes de

pesquisa. Trabalha com fontes bibliográficas, isto é,

com informações contidas em livros, publicações,

revistas, jornais e outros. Mesmo as pesquisas

experimentais em laboratórios, delimitam as suas

pesquisas com base nas informações existentes,

mediante um exame bibliográfico sobre tudo que já foi

escrito sobre o tema.

Este tipo de pesquisa tem como objetivo o

levantamento das contribuições científicas e culturais

existentes sobre certo tema. Desse modo, o “uso da

biblioteca” oferece meios para definir, resolver

problemas conhecidos ou, até mesmo, explorar novas

áreas de conhecimento. A Pesquisa Documental

investiga a realidade presente. Estuda documentos com

o fim de descrever e comparar tendências, usos e

costumes.

A Pesquisa Experimental pretende explicar as

razões e a maneira pela qual o fenômeno estudado é

produzido. Poderá utilizar aparelhos e equipamentos

que possibilitam alcançar os objetivos da pesquisa,

permitindo perceber as relações existentes entre as

variáveis. Por meio da pesquisa experimental, realiza-

se a manipulação direta das variáveis relacionadas com

o objeto da investigação. A pesquisa experimental

investiga, portanto, a relação existente entre

fenômenos. Busca conhecer se um é causa do outro.

:: Pesquisa bibliográfica:

É costume associar a pesquisa bibliográfica com a fundamentação teórica, ou seja, a base teórica que fundamenta seu estudo. Uma pesquisa bibliográfica cuidada mostra que você não está inventando as informações do seu trabalho, mas trabalhando a partir de estudos e pesquisas de outros autores.

Dica do professor

Chegamos ao final de mais uma aula. Parabéns por ter vencido mais uma etapa de trabalho. Entendemos que a leitura e estudo da mesma poderá auxiliá-lo de forma significativa na elaboração de sua monografia e de qualquer outro trabalho de caráter científico que pretenda desenvolver. Assim sendo, aconselhamos você, caso tenha chance, de fazer uma nova leitura cuidadosa das informações contidas nesse caderno, atentando para as sugestões, indicações e obras a que ele se refere. Sucesso!

Page 91: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 91

A Pesquisa Ex-post-facto, não-experimental, ou

Pesquisa Descritiva, verifica as relações entre as

variáveis, que se manifestam espontaneamente em

fatos, situações e nas condições existentes. Não

manipula a priori as variáveis. A constatação de sua

manifestação acontece a posteriori.

No Estudo de Campo as observações ocorrem

espontaneamente, na coleta de dados e no registro de

variáveis consideradas significativas para posteriores

análises. Existem diversas técnicas para a coleta de

dados, dentre as quais enumeramos a Entrevista, o

Questionário e o Formulário.

O Estudo de Caso realiza uma pesquisa sobre

algum indivíduo, grupo ou comunidade, visando

estudar diversos aspectos da vida ou o seu ciclo.

Consiste, assim, em verificar uma situação real, para

que seja elaborada uma análise ou propostas

alternativas de solução. Poderá ser aplicado com o fim

de uma análise ou para a procura de uma solução do

problema, dentro da delimitação do objeto de estudo.

RESUMO

Vimos até agora:

� Analisamos o que vem sendo chamado de

delineamento de uma pesquisa desde a sua

indagação inicial geradora até a escolha do

tipo de metodologia de pesquisa empregada

em uma análise científica;

� Estudamos e analisamos as diferenças entre

diferentes tipos de pesquisa a partir de

critérios definidos por estudiosos na área

como a área de conhecimento, lugar onde se

desenvolvem, utilização, tipo de dados

Page 92: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 4 |O Delineamento da pesquisa científica 92

coletados e forma de raciocínio adotada em

sua realização;

� Conhecemos de forma sucinta algumas das

principais formas de coleta de dados e a

importância destas em função do tipo de

pesquisa desenvolvido.

Page 93: 9Metodologia da Pesquisa

93

Page 94: 9Metodologia da Pesquisa

A Opção pela Pesquisa de Campo

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o

Essa aula será bastante interessante a todos os que se propõem a estudar e desenvolver uma pesquisa não apenas teórica, mas de campo, isto é, num contato mais direto com o objeto de pesquisa efetivado através de estratégias como observação sistemática, aplicação de questionários e entrevistas e outros. A pesquisa de campo permite o acesso a uma série de dados e variáveis difíceis de ser coletados apenas através da pesquisa bibliográfica. Nessa aula iremos conversar sobre os desafios dessa modalidade de pesquisa, a interferência da subjetividade do pesquisador e alguns instrumentos relativos à mesma, com destaque especial para a realização de entrevistas. Aproveite bastante!

Obj

etiv

os

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

� Entender o que seja uma pesquisa de campo, suas

características, desenvolvimento, estratégias e instrumentos mais utilizados;

� Analisar diferentes tipos de entrevistas e seus usos na coleta de dados e informações pertinentes à pesquisa em andamento;

� Ser capaz de formular um roteiro de entrevista, planejar os detalhes referentes a sua realização e analisar tomando por base o objeto de estudo analisado e seu contexto sócio-histórico.

Page 95: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 95

Pesquisa de campo

A pesquisa de campo busca a explicação dos

fenômenos através das relações dos mesmos e a

exaltação da observação dos fatos, com base em uma

teoria ou conceito. É importante explicar, fundamentar

o observado, assim, conclui-se mais próximo do real,

diminuindo a margem de erro.

Este é o procedimento fundamental para se

constituir a hipóteses (verdadeira o dependente). Se

estabelece relações entre os fatos no dia a dia, que

fornece os indícios para a solução dos problemas

propostos pela ciência. Alguns estudos valem-se

exclusivamente de hipóteses desta origem. Estas

hipóteses têm pouca probabilidade de conduzir a um

conhecimento suficientemente geral e explicativo.

O termo ''pesquisa de campo'' é normalmente

empregado para descrever UM TIPO DE PESQUISA

FEITO NOS LUGARES DA VIDA COTIDIANA E FORA DO

LABORATÓRIO OU DA SALA DE ENTREVISTA. Nesta

ótica, o pesquisador, ou pesquisadora, vai ao campo

para coletar dados que serão depois analisados

utilizando uma variedade de métodos tanto para a

coleta quanto para a análise. Neste texto, relatamos as

conclusões iniciais de uma série de discussões sobre

pesquisas de campo feita numa perspectiva pós-

construcionista. Partindo das dificuldades provocadas

por uma noção de campo fisicamente determinada, a

discussão retoma a perspectiva de Kurt Lewin sobre o

campo como totalidade de fatos psicológicos, para

depois se aproximar das propostas de Ian Hacking

sobre ''matriz'' e a discussão mais ampla sobre

materialidades.

A consequência desta reflexão foi a proposição

de um ''campo-tema'' onde o campo não é mais um

lugar específico, mas se refere à processualidade de

Dica de leitura

No livro “Como produzir uma monografia passo a passo”, mais informações saber como trabalhar o tema e o problema (p.13). Lá você vai encontrar outros detalhes sobre modalidades de pesquisa para mais tarde buscar o aprofundamento na questão das pesquisas empírica e de Campo.

Page 96: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 96

temas situados. O texto conclui com uma discussão

sobre algumas implicações desta proposta para o

processo de pesquisa e para as práticas narrativas

usadas para relatar as suas conclusões.

A PESQUISA DE CAMPO PASSO A PASSO

A origem

A ESCOLHA DO TEMA se torna o ponto mais

difícil da pesquisa, pois se muito complexo pode ocorrer

que fatores como bibliografia, amplitude e tempo

disponível interfiram diretamente na difícil tarefa de

iniciar o desenvolvimento do aprofundamento do tema.

É interessante buscar as relevâncias sociais,

mercadológicas, corporativas, entre outros, do assunto

que você pretende abordar. Depois, leia um jornal ou

uma revista, pois as reportagens costumam ser bem

esclarecedoras, sobre os atos citados. Vejamos o

exemplo da reportagem publicada no Jornal do Brasil:

LEITURA

Obesidade não tem hora para atacar:

Excesso de peso em crianças e adolescentes deve

ser combatido

Renata Leal

Escola, cursos, brincadeiras... A correria da vida moderna causa problemas não só aos adultos. Longe dos pais durante boa parte do dia, crianças e adolescentes apelam para as comidas congeladas, de rápido preparo, ou então para os calóricos e pouco saudáveis alimentos fast-food, que podem levar à obesidade, um fantasma que assombra pais e mães. Comidinhas e biscoitos ingeridos entre os intervalos das refeições são grandes vilões da garotada. Responsáveis, entre outras coisas, pelo aumento do peso, carboidratos, doces e frituras acabam entrando na lista

Dica do professor

Atente as dicas e informações que o autor sugere caso pretende efetivar um estudo dessa natureza.

Page 97: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 97

negra de jovens que, por questões de saúde ou por vaidade, acabam (na melhor das hipóteses) procurando o auxílio de especialistas. Bernardo Santos Soares, de 14 anos, começou a engordar aos 10 e acabou buscando o auxílio do nutrólogo Alexandre Merheb. - Estava ficando gordinho, já tinha vergonha de tirar a camisa na frente dos outros. Em três meses de tratamento, perdi oito quilos - comemora Bernardo. Merheb conta que nos últimos dez anos a obesidade infantil tem sido a cada dia um problema mais comum. - É preciso que se faça uma reeducação alimentar e que se pratique, com frequência, uma atividade física. A obesidade é consequência de um desequilíbrio. Não se pode ingerir mais gordura do que o corpo consome - explica Merheb.

(Jornal do Brasil (2004). Disponível em:http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/cadernos/barr

a/2004/04/27/jorbar20040427005.html)

O exemplo acima pode gerar o primeiro

contato com o tema a ser escolhido, pois a

obesidade pode ser enfoque no público alvo:

� CRIANÇAS: alunos entre 6 e 10 anos;

� PRAÇA OU LOGRADOURO: escola municipal

tal;

� APELO: frequentam a cantina da escola com

frequência;

Bem, o passo seguinte é o questionamento para

que se possa viabilizar o tema e a futura proposta de

projeto de pesquisa.

� “Que tipo de alimentos essas crianças estão

consumindo?”

� “Com que frequência?”

� “Será que os pais incentivam ou não?”

Importante

Atente para o tipo de perguntas que foram sendo efetivados no decorrer da análise do autor assim que este se decide pela escolha de um tema.

Dica de leitura

Para um aprofundamento nessa técnica consulte a obra de Antonio Carlos Gil: GIL, A. Como elaborar um projeto de pesquisa. 6ª ed., São Paulo: Atlas, 1996.

Page 98: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 98

E assim, você vai respondendo cada questão.

Mas as respostas virão após a observação do objeto de

estudo, ou seja, o habito alimentar das crianças. De

posse da reportagem você ainda pode buscar

elementos para o desenvolvimento do tema, como o

que os profissionais, nutricionistas, médicos, diretores

de escola pensam e se posicionam frente ao problema.

Caso não exista essa referência na matéria jornalística,

cabe a você ir a campo e entrevistar esses profissionais

ou buscar outras bibliografias a respeito.

Em resumo, tal pesquisa já determinou que

algumas escolas particulares promovessem uma

reestruturação de suas cantinas. Em alguns municípios

pelo Brasil, é proibida a venda de alimentos que não

tenham valor nutricional, ou seja, as velhas balas,

salgadinhos industrializados entre outros. Foi a partir

de uma observação anterior, ou, conhecimento pré-

concebido, somado a leitura de uma mídia impressa,

que se despertou a curiosidade e o resultado... bem, o

resultado pode não ter agradado crianças e locatários

de cantina, mas no futuro esses alunos serão mais

saudáveis.

Um SEGUNDO MOMENTO se preocupa com a

relação entre ''pesquisado'' e ''pesquisador'' e engloba a

pesquisa colaborativa, a pesquisa-ação, a pesquisa

participativa e a ética que orienta a pesquisa.

RAZÕES PARA PESQUISAR

O que determina a realização de uma pesquisa?

As Razões de ordem intelectual e as razões de ordem

prática (puras e aplicadas). As primeiras decorrem do

desejo de conhecer pela própria satisfação de conhecer.

As últimas decorrem do desejo de conhecer com vistas

a fazer algo de maneira mais eficiente. Uma pesquisa

sobre problemas práticos pode conduzir à descoberta

de princípios científicos. Da mesma forma, uma

Page 99: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 99

pesquisa pura pode fornecer conhecimentos passíveis

de aplicação prática imediata.

O PESQUISADOR

Os argumentos acima são importantes para

compreendermos os motivos que levam uma pessoa a

pesquisar e sua importância para a sociedade. Na

verdade, esse conhecimento deve ser associado a um

lado interessado, ou seja, o sucesso da pesquisa e suas

descobertas para o mundo dependem de suas

habilidades. O perfil dos pesquisadores:

� Conhecimento do assunto a ser pesquisado;

� Curiosidade;

� Criatividade e imaginação disciplinada;

� Autoavaliação;

� Sensibilidade social;

� Confiança na experiência.

A REALIDADE DO PESQUISADOR

A ideia do cientista reconhecido como gênio é

coisa do passado. Hoje, o pesquisador depende de suas

habilidades pessoais para desenvolver o processo de

criação científica, mas também é muito importante o

papel desempenhado pelos recursos de que dispões

para o resultado final da pesquisa.

O CAPITAL

Possui um papel fundamental no processo, afinal

não se pode duvidar da interferência do poder

econômico no resultado, ou seja, amplos recursos têm

maior probabilidade de ser bem sucedida em um

empreendimento de pesquisa que outra cujos recursos

sejam deficientes.

Qualquer pesquisa deverá levar em

consideração o problema dos recursos disponíveis. Para

Dica do professor

Uma resposta segura a pergunta “Por que pesquisar tal coisa?” Será de grande importância na elaboração da justificativa e outras partes de sua monografia. Em relação ao objeto que você pretende estudar, pergunte-se sobre quais seriam suas motivações, levando em consideração as destacadas ao lado.

Importante

Nesta página o autor fala de questões relativas a tarefa de pesquisar e seus desafios no que diz respeito ao status atual do pesquisador; necessidade de elaborar um orçamento possível de ser concretizado em termos financeiros e as interrelações que devem existir entre pesquisa e demandas sociais.

Page 100: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 100

isso, deve estar atento aos gastos decorrentes da

aquisição de material e equipamento necessário,

evitando assim economia de tempo em busca da

agilidade necessária para a confecção do trabalho.

O pesquisador precisa elaborar um orçamento

adequado, ou seja, administrar seu trabalho de

pesquisa. Alguns pesquisadores se sentem

constrangidos com esta imposição extra-científica, mas

é fundamental para que o trabalho não sofra

interrupções.

Não é mais possível dissociar a pesquisa

científica das práticas sociais que as sustentam, a

saber, interesses sócio-econômicos e políticos,

prioridades institucionais, estrutura de poder das

agências financiadoras, ideologia entre outros. Só pelo

desenvolvimento do ensino e da pesquisa será possível

compreender exatamente o significado do papel crítico

que as instituições de ensino devem desenvolver.

PLANEJAMENTO

É uma antecipação da investigação, passo mais

importante em direção à monografia. Neste momento o

educando busca um assunto ou problema a ser

investigado e através de ações internas, procura

antever em qual direção deve seguir para resolver o

problema, se há bibliografias sobre o assunto, se o fato

que pretende dissertar é atual ou antigo, se o tema

pode ser investigado em seu habitar ou distante, o

custo operacional para o desenvolvimento e se há

tempo hábil para buscar a solução.

É importante lembrar que o pesquisador deve

ter noção do tempo a ser utilizado na finalização

pesquisa, calcular o custo estimado para concluí-la no

prazo e definir se o tema é atual ou não. A produção

Page 101: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 101

do organograma e cumprir as etapas propostas, tudo

correrá bem.

Manter o tema atualizado requer tempo e

dedicação, afinal não existem muitas bibliografias

disponíveis e não se surpreenda se ao término do

trabalho você conclua que deve publicá-lo, já que não

há quase nada no mercado e seu livro seria uma

excelente fonte de futuras pesquisas.

Por tanto, o trabalho e dedicação do

pesquisador como parte integrante da pesquisa de

campo, revela as possibilidades as restrições do

assunto e do futuro argumento a ser defendido. A

Pesquisa de Campo, ou campo tema, como alguns

autores se referem não é algo tão difícil de se

mensurar, ele é um fato empírico ou um lugar para

fazer observações.

Os pesquisadores não podem se distanciar das

questões do dia a dia. Para tal faz-se necessário perder

o vício de partir sempre para o teórico e só depois, se

consideramos necessário, buscar a pesquisa de campo

para melhor embasar o trabalho acadêmico. Esse até

pode ser um caminho viável, entretanto, é importante

estimular nossos alunos e colegas a partir de fatos do

cotidiano, observá-los, mensurá-los e aí sim, buscar

bibliografias que nos permita ter um suporte verídico

ou conceitual de cada fato, como e por que eles

ocorrem.

PESQUISA DE OPINIÃO

O estudo da opinião esta situada entre a

psicologia social e a ciência política. Ele investiga as

origens e características dessas forças, que nenhuma

constituição prevê, mas cuja expressão constitui o

fundamento implícito de todas as democracias. A

Importante

De nada adianta pensar uma proposta se tempo de realização da mesma for inviável. No nosso caso, por exemplo, é preciso fazer um recorte do tema de tal forma que sua concretização não ultrapasse o prazo de alguns meses.

Para refletir

Procure refletir de forma o tema que você escolheu para pesquisar e verifique se relaciona com as questões do seu cotidiano?

Page 102: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 102

pesquisa de opinião estabelece uma relação com a

psiquê individual e com o comportamento de grupo.

No nível individual, opinião confunde-se com

atitude. No nível coletivo, aparece como entidade

mítica. A opinião é o sentimento do indivíduo. Em

pesquisa de campo, esse posicionamento retrata a

realidade do ambiente onde ele interage, vivencia, por

tanto, não pode ser desprezada independentemente de

grau de escolaridade, credo, cor... entre tantas outras

barreiras sociais que a própria sociedade cria. Ou seja,

o fato de o indivíduo questionado, não possuir estudo,

não faz dele uma pessoa desqualificada para opinar

sobre o fato pesquisado.

A PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA

O que as pessoas pensam sobre um produto,

serviço, celebridades, pessoas públicas, dirigentes,

governantes. Em Marketing se chama

“Posicionamento”, como você público me enxerga. Você

possui uma boa imagem sobre minha pessoa? São

pesquisas que ajudam a vender produtos, assim como

esse que você tem aí na sua mesa. Então por que não

utilizar algumas de suas técnicas para que a pesquisa

científica seja mais eficaz?

Vamos entender um pouco o que significa

opinião pública. A expressão da opinião pública está

ligada a uma atividade política. São as deliberações dos

cidadãos da “polis” grega, realizada no local do

mercado, que orientam a tomada das decisões pelo

governo ateniense. Em fins do século V a.C. aparece

uma classe de homens políticos, que cortejam a

opinião, para conduzir o povo no sentido que desejam,

conhecidos como “DEMAGOGOS”.

Page 103: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 103

A opinião na Polis expressa os sentimentos de

uma faixa restrita da população, somente os cidadãos

adultos. As mulheres não participam, os escravos

tampouco. A democracia ateniense apoiava-se num

conceito de povo muito específico. A mesma coisa

ocorre com a Vox Populi dos Romanos. O fórum

substituiu-se ao agora, mas apenas os cidadãos de

Roma têm direito a expressar sua opinião.

Na Idade Média européia, hegemonia dos

sistemas de valores e crença, encontramos o conceito

de Consensus Omminium (acordo de todos) que

expressa a voz de uma opinião coesa em torno da fé

cristã. Nesta época surgia a Propaganda, que visava a

angariar fundos e recrutar homens para as cruzadas

(guerras contra os hereges).

O Renascimento marca o advento do indivíduo e

com ele o direito à diversidade das opiniões. Na

Reforma, após a queda do poder da Igreja Católica,

consagra a vitória da opinião crítica e passa a ser

cortejada por políticos para se obter e manter um

poder que não foi recebido por direito de nascença. A

Revolução Francesa prezava a voz do povo, a opinião

expressava a voz do grupo que estava no poder.

Quem tomar por tarefa dar leis a um povo deve saber como dirigir as opiniões e, através delas, governar as paixões dos homens.

(Jean Jacques Rousseau)

O século XIX assiste ao estabelecimento da

primeira revolução industrial, a classe média triunfa, a

imprensa desenvolve-se. As reivindicações, antes

predominantemente políticas, apoiam-se mais em

problemas sociais e econômicos.

As diversas etapas da história da opinião como:

do mercado grego, do teatro romano, dos sermões, das

Page 104: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 104

cartas e das baladas na Idade Média, dos panfletos e

livros, dos jornais e até as modernas técnicas (até

virtuais) dos meios de comunicação de massa, pode-se

definir “Opinião Pública sobre assuntos que dizem

respeito à nação, expressa livre e publicamente por

homens fora do governo, que reclamam o direito de

que suas opiniões possam influenciar ou determinar as

ações, o pessoal, a estrutura do governo.

FORMAÇÃO DA OPINIÃO

As técnicas de aproximação para o estudo

objetivo da opinião podem ser agrupadas em dois tipos

principais: EXPERIMENTAÇÃO e OBSERVAÇÃO.

� Observação: inclui desde a análise histórica e

sociológica até a pesquisa armada, que utiliza

questionários, entrevistas.

� Experimentação: geralmente a nível

interpessoal, em pequenos grupos, pelo motivo

óbvio da relativa facilidade de manipulação.

O BOATO

Proposição específica para acreditar, que passa

de pessoa a pessoa, em geral oralmente, sem meios

probatórios seguros para demonstrá-la. Sua principal

característica é a TRANSITORIEDADE. Quase sempre

diz respeito a personalidades famosas, ou

acontecimentos fora do comum, como também serve

ao interesse pessoal ou de um determinado grupo,

elite, pessoa... É importante lembrar que a informação

pode ser “plantada” para prejudicar uma imagem,

produto ou serviço, não apenas de um produto, mas de

toda uma empresa e das pessoas que a formam com

graves consequências.

Page 105: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 105

AMOSTRAGEM E QUESTIONÁRIO

A forma mais usual da observação extensiva

utilizada pelos meios de Comunicação (Rádio e TV) é a

realização de INQUÉRITOS DE OPINIÃO, junto à

população em geral. Para ser válido esse tipo de

pesquisa exige o máximo de rigor em seus dois

aspectos essenciais: a escolha da população a ser

inquirida (amostragem) e a construção do instrumento

de investigação (o questionário).

A pesquisa social visa populações geralmente

amplas, que não podem ser alcançadas na sua

totalidade. Como realizar uma sondagem junto a toda

população do Brasil num curto espaço de tempo sem

que a mesma perca a veracidade? Os institutos de

pesquisa investigam somente parte dessa população,

de forma que a amostragens (população) seja mais

representativa possível, isto é, que a partir dos

resultados dessa pequena parte se possa inferir,

legitimamente, os resultados que seriam obtidos

ouvindo a população global.

Observe que o fenômeno humano chamado de

“opinião pública” deve ser investigada mediante

rigorosas técnicas de observação e experimentação e a

avaliação dos resultados está além da simples lista de

nomes ou números apresentados pelos institutos de

pesquisa, participação de ouvintes e telespectadores.

Sem cultura sociológica e sem sensibilidade para o

fenômeno, o pesquisador terá dificuldade de extrair o

essencial. Em todos os ramos das ciências humanas, a

interpretação dos fatos é tão importante quanto à

análise.

Dica do professor

Eis aqui de forma resumida algumas regras básicas de como produzir um questionário simples: a) Inicie-o breve explicação para que serve o questionário (sou aluno do curso de graduação.... b) Elabore perguntas objetivas e claras c) Deixe espaço para resposta do tipo, SIM, NÃO e POR QUE. d) Procure não exceder o limite de dez questões.

Page 106: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 106

TIPOS DE ENTREVISTAS DE OPINIÃO

MOTIVACIONAL

Neste tipo de entrevista o entrevistado goza de

ampla liberdade. O entrevistador manterá uma atitude

de grande compreensão, permitindo uma contínua

exploração do entrevistado em relação aos seus

julgamentos, opiniões, sentimentos e tendências,

quanto ao assunto proposto. A exploração será feita

pelo próprio entrevistado e nunca por provocações do

entrevistador. Nesse tipo de entrevista o entrevistador

será sempre um ouvinte cordial e atencioso não

devendo nunca assumir uma posição autoritária. Isso

significa explorar as opiniões do entrevistado, sem,

contudo, evitar discussões com este.

COMO MONTAR UMA ENTREVISTA

Os jornais diários e as pesquisas de intenção

vivem economicamente do seu grande produto, a

informação, que é obtido pelos repórteres ou por outras

fontes, como também por pesquisadores. Precisa se

aprofundar os fatos, colher informações, ouvindo

pessoas importantes ou anônimas, pois todas elas,

conforme a natureza do fato, têm elementos

valiosíssimos para fornecer.

Nem sempre os nomes dos entrevistados é

divulgado na reportagem ou pesquisa como o fito de

preservar sua identidade. O pesquisador não consegue

estar nos locais de todas as ocorrências nem próximo

delas, e por isso precisa ouvir quem presenciou algo

que mereça ser divulgado ou pesquisado

cientificamente.

O pesquisador não deve se acomodar nos

domínios dos conteúdos dos livros, ele deve sair as

ruas, fazer amizades e aproximar-se de pessoas, que

Dica do professor

Exemplo de entrevista Ping Pong. AVM: As apostilas são de fácil leitura e compreensão?

ALUNO: Sim, no momento em que estou lendo, associo imediatamente a um fato que ocorreu na escola.

Page 107: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 107

hoje ou amanhã, venha a saber de alguma coisa que

possa ser aproveitada como informação de interesse

científico.

O CONCEITO

A entrevista é um dos instrumentos mais

eficazes para coleta de dados sendo utilizada por

diferentes profissionais (jornalistas, pesquisadores,

psicólogos, e outros). Diante de uma pessoa capaz de

informá-lo sobre elementos fundamentais para o

desenvolvimento da pesquisa, o pesquisador perderá o

seu tempo e nada oferecerá de bom para a conclusão

da informação se não possuir habilidade em sua

condução, e por consequência, escreverá uma

informação truncada e de difícil compreensão para o

público leitor. Ou seja, quesito nº 1, ter domínio do

assunto.

A entrevista deve ser produzida com calma e

ordenadamente a ponto de se tornar um bate papo,

uma comunicação pessoal.

O PRIMEIRO REQUISITO

Antes de mais nada é preciso se ter claro o

objetivo da entrevista, ou seja, o que pretendemos

com ela. Esse ponto é fundamental se quisermos que a

mesma possa atingir seus objetivos. Depois é

importante elaborar um ROTEIRO DE ENTREVISTA com

perguntas que atendam a esse objetivo. Como já foi

dito esse roteiro não é uma regra a ser seguida, mas

um caminho possível de responder aos objetivos

traçados.

No que se refere a suas características, a

autenticidade é uma das principais características da

entrevista, ou seja, que as declarações atribuídas ao

Importante

Muitos trabalham o roteiro de entrevista a partir de um teste inicial onde o primeiro roteiro elaborado é aperfeiçoado até que se tenha o modelo de roteiro padrão. Ex.: Realizando a primeira entrevista percebeu-se a necessidade de se incluir uma nova pergunta que não tinha sido pensada e retirar duas que ficaram confusas substituindo-as por outras mais claras. Essa primeira entrevista, portanto, serviu para aperfeiçoar o roteiro já existente tornando-o mais eficiente em relação aos objetivos da entrevista.

Page 108: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 108

entrevistado possam ser comprovadas facilmente. O

interesse também é um importante requisito para a boa

entrevista, e aqui a técnica depende mais do

entrevistador. Por fim outra exigência a considerar é a

identificação do entrevistado na entrevista. O texto final

deve ser fluente, equilibrado e acessível.

CLASSIFICAÇÃO DAS ENTREVISTAS

As entrevistas podem ser classificadas sob dois

aspectos importantes quanto:

AO ENTREVISTADO:

� Individual;

� De grupo: subdivididas em ENQUETE e de

PESQUISA.

AOS ENTREVISTADORES:

� Pessoal ou exclusiva;

ENTREVISTA INDIVIDUAL

Marcada com antecedência com determinada

pessoa e será estabelecido um diálogo capaz de

fornecer dados básicos para a matéria a ser publicada.

A entrevista geralmente é exclusiva, mais pode

acontecer que horas depois ela seja procurada por

outro repórter concorrente.

ENTREVISTA DE GRUPO

Ocorre quando várias pessoas falam a um ou a

vários entrevistadores. Outra forma é o questionário,

que pode ser passado em uma sala de aula, na

empresa ou para um grupo de moradores. Assim, é

possível aferir as informações de forma rápida e

coletiva.

Dica do professor

Procure analisar os diferentes tipos de entrevistas apresentadas buscando identificar qual aquela que melhor responderia aos anseios do trabalho monográfico que pretende realizar, caso opte pelo trabalho de campo com este tipo de instrumento de pesquisa.

Page 109: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 109

ENQUETE

É aquela em que um ou diversos entrevistadores

perguntam sobre o mesmo assunto a muitas pessoas.

Ex: sobre aumento de passagens no Rio, horários

noturnos nas faculdades. Assuntos de grande interesse

público. Reunindo perguntas simples e objetivas, esse

tipo de entrevista serve para favorecer uma

amostragem das opiniões sobre um tema qualquer,

sendo, portanto, utilizadas com frequência.

ENTREVISTA DE PESQUISA

É aquela que se destina a colher informações

que sirvam para a produção da informação de caráter

interpelativo, de maneira a esclarecer o leitor sobre o

fato. Neste caso, determinados assuntos são

investigados com o objetivo de esclarecê-los perante a

opinião pública. O entrevistador deve PROCURAR

SEMPRE OS ESPECIALISTAS no assunto, a fim de que a

opinião deles, citada ou não nominalmente,

fundamente a matéria.

ENTREVISTA PESSOAL OU EXCLUSIVA

Quando a pessoa ouvida fala a um só jornal ou

jornalista (por envolvimento pessoal ou credibilidade).

Quando se tratar de profissional de notoriedade,

poderá fornecer sua entrevista por escrito,

respondendo a perguntas previamente elaboradas,

junto a sua Assessoria. No caso de uma pesquisa

científica, se apenas uma pessoa é entrevistada é

provável a mesma sirva a produção de uma biografia

ou refira ao estudo de um fato cuja pessoa

entrevistada esteja diretamente envolvida.

Importante

É comum que a amostra selecionada para as entrevistas seja constituída de pessoas que dominam o assunto que queremos investigar. Contudo é preciso tomar certos cuidados para identificar tais especialistas. Muitas vezes um morador antigo de uma rua sabe muito mais de sua história e das mudanças que esta sofreu do que uma autoridade da prefeitura ou um especialista em desenvolvimento urbano.

Page 110: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 110

Faça o entrevistado sentar-se, in off bata um

papo sobre o tema da entrevista de forma

descontraída. Deixe o entrevistado a vontade. Ouça

atentamente e guarde mentalmente os pontos mais

importantes que podem vir a ser perguntados durante

a entrevista. Ao iniciar a entrevista anote pontos

chaves que se tornarão novas perguntas.

Aqui estão algumas das perguntas mais comuns

em entrevistas levando em consideração alguns temas

como "profissão", "situação financeira", "interesses" e

outros.

� Qual é o seu nome completo?

� Onde você nasceu? Qual sua idade?

� Veio para ficar ou está só de passagem? Mora

com parentes ou amigos?

� Em que bairro mora?

� Qual a sua profissão atualmente?

� Gosta dela ou esta lhe foi imposta?

� Como explica o fato de sua empresa?

� O excesso de profissionais neste segmento

não dificulta sua atividade?

� Se você tivesse que escolher uma profissão,

qual escolheria? Por que?

� Como andam suas finanças? Por que?

� Você compraria este produto? Por que?

� Qual o seu grau de escolaridade?

� Por que não concluiu? Por que não ingressou

em uma universidade?

� Não acredita no diploma ou ele não interfere

no desempenho da sua profissão?

� Mesmo sem ter concluído cursos escolares

possui alguma cultura?

� Você não passou por uma universidade, logo,

como chegou até aqui?

� Tem religião? Qual?

� Como é o seu temperamento? Por que?

� Como foi sua infância e juventude?

Page 111: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 111

� Já viveu um grande amor?

� Pratica esportes? Quais?

� Do que mais gosta ou que mais odeia?

Note como as perguntas iniciais são sempre

relativas a identificação geral do entrevistado. Esse é

um dado importante, em alguns casos a perda desse

tipo de registro não apenas dificulta a interpretação dos

dados, pois pode até invalidá-los.

As entrevistas podem ser registradas de

diferentes maneiras: anotações, gravações em vídeo

ou fita cassete, e outros. Sobre os instrumentos

utilizados para o registro das entrevistas e sua correta

utilização conversaremos mais a frente.

Chegamos assim ao final de nosso caderno. O

tema da metodologia da pesquisa é muito rico e é

evidente que neste caderno não esgotamos nem o

assunto, nem muito menos as suas implicações.

Aproveite as dicas bibliográficas das caixinhas laterais

para se aprofundar mais no assunto tratado.

Tenha certeza que no decorrer do estágio e

demais atividades de pesquisa do curso teremos a

oportunidade de nos aprofundarmos melhor, através de

situações oportunas para a prática de pesquisa, nas

temáticas abordadas em nossa disciplina. Até lá

consulte esta aula sempre que dúvidas se fizerem

presente. Sucesso!

RESUMO

Vimos até agora:

� Analisamos diferentes tipos de pesquisa de

campo procurando conhecer melhor suas

aplicações e importância para coleta de

dados;

Dica do professor

Você chegou ao final desta aula Congratulações por mais essa vitória. Se tiver dúvidas sobre alguns pontos mesmo após a leitura do módulo e as sugestões bibliográficas citadas é só entrar em contato conosco, pois teremos prazer em atendê-lo. Lembre-se sempre que a dedicação em seus estudos é a chave do sucesso.

Page 112: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 5 |A opção pela pesquisa de campo 112

� Estudamos alguns dos principais instrumentos

utilizados em pesquisa de campo tais como os

questionários e as entrevistas desde sua

concepção inicial até sua aplicação;

� Refletimos sobre os prós e contra no que diz

respeito a possibilidade da realização de uma

pesquisa de campo em nossa futura produção

bibliográfica.

Page 113: 9Metodologia da Pesquisa
Page 114: 9Metodologia da Pesquisa

O Plano de Pesquisa

AU

LA6

Apr

esen

taçã

o

Nessa aula iremos nos dedicar a construção detalhada do PLANO DE PESQUISA. Podemos dizer que essa aula nos faz um interessante convite: Colocar em prática boa parte daquilo que até agora só tínhamos trabalho do ponto de vista teórico. Eminentemente prático, seu objetivo é bastante claro: auxiliá-lo a elaborar passo a passo seu Plano de Pesquisa. Considerando suas diferentes etapas e elementos. Para a execução de tal tarefa estaremos nos reportando muitas vezes a conceitos e argumentações já vislumbradas nos módulos anteriores. Assim sendo, se você sentir dificuldade com algum termo em particular, não hesite em voltar aos mesmos para sanar dúvidas e seguir em frente com maior segurança.

Obj

etiv

os

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

� Saber o que seja um plano de pesquisa e reconhecer seus

elementos principais; � Ser capaz de construir um plano de pesquisa referente ao

trabalho que você irá desenvolver no final de seu curso; � Analisar um plano de pesquisa avaliando se o mesmo está

construído de forma a auxiliar o desenvolvimento de um trabalho de pesquisa ou não.

Page 115: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O Plano de Pesquisa 115

Para início de conversa

No decorrer das aulas que se seguiram temos

conversado sobre vários assuntos relacionados à

temática da metodologia da pesquisa, ou seja, sobre o

estudo dos métodos e técnicas de se pensar e fazer

pesquisa científica em nossa realidade atual. Ao longo

dessa caminhada já percorrida é possível destacar.

dentre estes assuntos, por exemplo, os diferentes tipos

de conhecimento e pesquisa existentes; as variadas

técnicas de se pesquisar através de uma metodologia

qualitativa e/ou quantitativa de trabalho; os cuidados e

desafios que a arte da pesquisa exige e, de modo

particular, o lugar da pesquisa na universidade e a

postura ética do pesquisar frente ao seu objeto de

pesquisa e divulgação dos resultados obtidos.

Resumidamente: aprendemos juntos que a pesquisa é

o fundamento da ciência, razão de seu

desenvolvimento e continuidade.

O Plano de Pesquisa pode ser entendido como

um PROCESSO SUCINTO DE PLANEJAMENTO DE UMA

PESQUISA VOLTADA PARA A ELABORAÇÃO DE UMA

MONOGRAFIA. Sua estrutura é simples e não considera

alguns elementos típicos de um grande projeto de

pesquisa como organogramas, cronograma de trabalho

ou projeção de custos; uma vez que tais elementos,

mesmo importantes num determinado contexto, fogem

ao delineamento de um trabalho monográfico. A

grande contribuição do Plano é a de oferecer ao aluno

uma oportunidade de planejar a realização de seu

trabalho melhorando suas chances de viabilização e

evitando, de forma preventiva, riscos desnecessários

relativos a questões diversas como a não pertinência

do tema ao curso preterido ou a necessidade de um

tempo hábil para a exequibilidade da proposta elevada

e fora dos padrões sugeridos em nosso curso.

Dica do professor

Essa é uma das aulas mais importantes de nosso curso uma vez que ela sintetiza muito do que já conversamos até agora. Leia com atenção cada um dos pontos discutidos e se possível faça suas anotações ao lado do texto para facilitar seu entendimento. LEMBRE-SE: O envio do plano de pesquisa deve ser realizado no próximo módulo. Veja o modelo do Plano ao final deste Caderno de Estudos. Preencha com as informações de sua proposta de pesquisa e envie para o Núcleo Central após o pagamento do Módulo 10.

Page 116: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O plano de pesquisa 116

A aprovação de um plano de pesquisa por parte

do professor orientador significa, em outras palavras, a

aprovação de uma proposta de trabalho monográfico,

cuja pesquisa envolvida, seja ela de caráter teórico ou

prático, atende aos requisitos básicos de uma

metodologia científica ou do próprio curso em questão.

Por outro lado sua reprovação em algum item, ou no

plano como todo, sinaliza que algo precisa ser

modificado antes que esse trabalho maior de pesquisa

seja realizado. O plano pode ser comparado, nesse

caso, a um fusível que se queima primeiro, evitando

que as peças mais importantes e caras de um aparelho

venham a serem danificadas. Pense bem: por mais

trabalho que você tenha dedicado ao seu plano de

pesquisa, que poderá ser refeito por algum motivo,

este não se compara a decepção de ter de refazer do

zero todo um trabalho monográfico de meses porque o

mesmo não atendia aos requisitos básicos do curso.

Vale ressaltar que embora o plano seja a base

da construção do trabalho da monografia, isso não

significa que ele não possa sofrer pequenas

modificações em relação ao que se pretende

desenvolver na monografia. Muitas vezes construímos

um plano, mas no decorrer da produção do trabalho

monográfico nos deparamos com situações adversas

que nos levam a fazer pequenas mudanças no plano

original ou mesmo construir um novo plano de

pesquisa.

Convém destacar que a não aprovação do plano

de pesquisa não significa necessária que a proposta de

pesquisa é ruim. Muitas vezes seu problema é tão

somente a inadequação da temática de estudo em

relação ao curso. É fundamental que o objeto de estudo

tenha relação com a temática do curso em andamento.

Importante

Esse aspecto é muito importante: o Plano de Pesquisa é uma etapa fundamental na preparação da monografia. Ele é sua sugestão de temática, que deve ser aprovada pelo Curso (em função de sua pertinência e relevância) a fim de que sua monografia tenha desenvolvimento.

Page 117: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O plano de pesquisa 117

A ESTRUTURA DO PLANO DE PESQUISA

O desenvolvimento de trabalho monográfico tem

o planejamento como uma de suas etapas mais

importantes. Sua elaboração, como já prevenimos, é

essencial e evita perdas desnecessárias de

investimento de tempo, esforço e dinheiro. Em geral

sua elaboração já implica num conhecimento mínimo

da realidade estudada, fazendo com que o pesquisador

se interesse por se aprofundar no mesmo estudando

pontos lhe despertar curiosidade, dúvida ou mesmo

estranhamento. Além disso, é possível ainda fazer

emergir novas questões da realidade em foco

dependendo do senso crítico e da criatividade do

pesquisador ao propor novos ângulos de visão e/ou

novas alternativas metodológicas (Vasconcelos, 2002).

A estrutura básica de nosso plano de pesquisa é

formada pelos seguintes componentes: Tema, Título,

Problema, Justificativa, Objetivo (geral e específicos),

Hipótese (ou Questões Secundárias), Delimitação e

Procedimento Metodológico. A partir desse momento

vamos analisar cada um desses itens considerando

suas particularidades e importância para o

desenvolvimento da pesquisa monográfica.

O TEMA

O tema se refere basicamente ao fato ou

fenômeno que o pesquisador pretende estudar. Trata-

se de um assunto de caráter geral do qual emergirá o

problema a ser enfocado.

EXEMPLO TEMA: Educação a Distância PROBLEMA: Quais seriam as Alternativas oferecidas pelo Ensino a Distância para o Aprendizado de Física no Ensino Médio?

Importante

“Tenho boas idéias, mas não sei como escrever”. Ouvida com bastante freqüência, essa frase pode indicar falta de clareza no conteúdo ou pouco domínio da estrutura do texto. Também pode ser uma indicação de dificuldades de linguagem. Geralmente, ela revela problemas de estrutura de idéias, que o exercício sistemático do plano ajuda a resolver. Se esse for o seu caso, não pense que você é a única pessoa a ter dificuldades para escrever. Até escritores renomados têm momentos de incerteza e dúvida sobre como colocar suas idéias e histórias no papel.

Page 118: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O plano de pesquisa 118

Note que o problema em si já oferece uma

primeira especificação (recorte) do tema escolhido. Já

não se trata do estudo da Educação a Distância de

maneira ampla, mas de uma modalidade própria de

ensino a distância voltada para o aprendizado de Física.

Uma segunda especificação diz respeito ao público

específico a que o estudo se refere, isto é, o Ensino

Médio e não qualquer ciclo de ensino.

A escolha do tema ao contrário do que se pode

pensar é uma das etapas mais importantes e difíceis na

prática de pesquisa. Ele nasce de reflexões oriundas do

interesse ou curiosidade despertada pelo estudo de um

autor, teoria, escola de pensamento, técnica, etc. – ou

mesmo de reflexões surgidas na prática profissional. É

importante que ao escolher um tema, você tenha

condições de estudá-lo a partir de certa “neutralidade”.

Se você optar pelo estudo de um tema que você odeie

ou ame demais será difícil, ao longo do estudo,

independente do recorte que você fizer, assumir uma

postura mais neutra diante de seus resultados. Por

outro lado, Trabalhar um assunto que não seja do seu

agrado pode tornar a pesquisa num exercício de tortura

extremamente desgastante.

Segundo autores como Estrela (2001) e Gil

(1993) na hora de se decidir por um tema qualquer

procure levar em consideração os seguintes itens:

� Pertinência do tema em relação curso em

exercício;

� Seu interesse pelo mesmo (sem exageros);

� A atualidade do tema (cuidado com questões

já superadas ou exaustivamente tratadas por

outros autores);

� A produção bibliográfica existente sobre o

mesmo (revisão bibliográfica);

Importante

Porque é tão difícil escolher um tema? O tema é assunto principal sobre o qual versará nossa monografia. Ele implica numa seleção e como toda seleção traz uma renúncia implícita nem sempre é fácil escolher. Escolha antes de mais nada um assunto do qual você goste e tenha interesse em investigar e depois um tema que tenha uma bibliografia razoável que possa ser analisada.

Page 119: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O plano de pesquisa 119

� As exigências do tema em relação ao tempo e

o esforço a ser dispensado para seu

desenvolvimento.

Sobre este último item em particular deve-se

levar em consideração a quantidade de atividades a

cumprir para executar o trabalho de pesquisa (coleta

de dados, pesquisa bibliográfica, escrita, revisão, etc.)

comparando o tempo necessário para esta execução

com o tempo das demais atividades realizadas em

nosso cotidiano não relacionadas à pesquisa. Além

disso, quando lidamos com prazos relativamente curtos

para finalização da pesquisa, não podemos nos

enveredar por assuntos que não nos permitirão cumpri-

los. O tema escolhido deve sempre estar delimitado

dentro do tempo possível para a conclusão do trabalho.

OUTRAS QUESTÕES QUE DEVEM SER LEVADAS EM

CONSIDERAÇÃO NA ESCOLHA DO TEMA DE

PESQUISA:

FATORES INTERNOS

a) Afetividade em relação a um tema ou alto

grau de interesse pessoal:

Para se trabalhar uma pesquisa é preciso ter um

mínimo de prazer nesta atividade. A escolha do tema

está vinculada, portanto, ao gosto pelo assunto a ser

trabalhado. Trabalhar um assunto que não seja do seu

agrado tornará a pesquisa num exercício de tortura e

sofrimento.

b) O limite das capacidades do pesquisador em

relação ao tema pretendido.

É preciso que o pesquisador tenha consciência

de sua limitação de conhecimentos para não entrar

num assunto fora de sua área. Se minha área é a de

Page 120: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O Plano de Pesquisa 120

ciências humanas, devo me ater aos temas

relacionados a esta área.

FATORES EXTERNOS

a) O limite de tempo disponível para a conclusão

do trabalho.

Quando a instituição determina um prazo para a

entrega do relatório final da pesquisa, não podemos

nos enveredar por assuntos que não nos permitirão

cumprir este prazo. O tema escolhido deve estar

delimitado dentro do tempo possível para a conclusão

do trabalho.

b) Material de consulta e dados necessários ao

pesquisador.

Outro problema na escolha do tema é a disponibilidade

de material para consulta. Muitos alunos depois de

fazerem sua proposta nos procuram dizendo não

encontrar bibliografia sobre o assunto.

Antes de escolher seu tema certifique-se que

terá acesso a uma bibliografia básica sobre ele.

O TÍTULO

O título nada mais é do que à denominação de

seu estudo. Como ele é, normalmente, o primeiro item

a ser considerado por aqueles que irão consultar o seu

trabalho, é interessante que o título não seja longo ou

vago demais. Ao contrário, ao elaborar o mesmo,

procure fazer com que este seja sintético e se refira à

temática em estudo.

O titulo que você adotará em seu Plano pode

ainda ter um caráter provisório podendo ser

Page 121: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O Plano de Pesquisa 121

MODIFICADO se ao longo da pesquisa você se deparar

com um nome mais interessante ou apropriado para

este.

Podendo ser escrito em estilos diferentes é

importante atentar para as exigências de cada situação

ou mesmo da instituição onde seu projeto será enviado

ou está sendo gestado.

No caso de nosso curso, no título do plano de

pesquisa, não é exigido um maior formalismo em sua

elaboração desde que o leitor do mesmo tenha clareza

com relação a que o trabalho se refere (o que você

pretende com o estudo). Vejamos um exemplo

relacionado ao estudo de motivação de gerente de

vendas cujo título é apresentado nos estilos formal e

informal:

ESTILO FORMAL:

� O Estudo de Práticas Motivacionais aplicadas

à Gerência de Vendas.

� O Problema da Desmotivação do Gerente de

Vendas: Caminhos e Alternativas Práticas.

� Motivação na Gerência de Vendas: Refletindo

sobre a Aplicação de Práticas Motivacionais.

ESTILO INFORMAL:

� Motivando o Gerente de Vendas: Desafios e

Propostas

� Como Motivar seu Gerente de Vendas?

� Lidando com a Desmotivação do Gerente de

Vendas.

� O que Podemos Fazer para Manter nosso

Gerente de Vendas Motivado?

Note bem no exemplo, como a mesma questão

pode ser trabalhada de diferentes ângulos e estilos

Importante

SOBRE O MÓDULO 10: Os módulos 10, 11 e 12 são voltados para a Orientação do Trabalho Monográfico. O próximo módulo (10) será dedicado exclusivamente à análise e orientação de seu PLANO DE PESQUISA. Logo que concluir o estudo desta disciplina, preencha o modelo do plano apresentado ao final deste Caderno de Estudos e envie-o ao Núcleo Central após o pagamento do Módulo 10.

Page 122: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O Plano de Pesquisa 122

mantendo a clareza daquilo que se pretende estudar no

trabalho. Vale destacar também o uso de subtítulos

antes de emprego de dois pontos a fim de clarificar

ainda mais o recorte que será feito no tema. Essa

variedade de estilos permite torna possível ao

pesquisador mudar o mesmo sem prejuízo de seu

entendimento de acordo com a situação onde o

trabalho será apresentado ou mesmo no caso de uma

publicação do mesmo tentando torná-lo mais comercial.

Algo do tipo: “Motivação em Gerência de Vendas sem

Mistérios”.

O PROBLEMA

No cotidiano costumamos dizer que o problema

é o "X" da questão. Isto é, a raiz, a chave da questão.

Trazendo tal interpretação para o nosso Plano de

pesquisa, é possível afirmar que o problema se refere à

questão central de seu estudo, a mola mestra deste.

Aquilo que o pesquisador deseja realmente saber

movido por um motivo qualquer, seja por não existir

uma resposta conhecida, seja por querer se posicionar

diante das muitas respostas existentes.

Vale ressaltar também que de um único tema

vários problemas podem ser formulados. No entanto,

como o Plano se refere ao planejamento de uma

monografia, estudo de caráter focal, é bom não se

prender a mais de uma questão, mas formular uma

única questão-chave que norteará seu trabalho

monográfico. Outros questionamentos interessantes

desse mesmo estudo, poderão ser efetivados por você

em futuros trabalhos, afinal sua monografia pode ser

É importante que o problema seja sempre escrito sob a forma de pergunta, afinal ele é, acima de tudo, um questionamento sobre um determinado objeto, fato ou situação.

Dica do professor

Faça o problema como uma pergunta! Com direito a uma Interrogação no final! Isso ajuda muito a definir sua QUESTÃO de pesquisa.

Page 123: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O Plano de Pesquisa 123

apenas um primeiro de uma sequência de muitos outros

estudos que poderão até, quem sabe, fundamentar sua fu-

tura dissertação de mestrado ou até sua tese de

doutorado se esse for seu objetivo.

O pesquisador deve evitar ainda que seu

problema se torne geral e abrangente a ponto de não

ser pesquisado. Este é o momento da apresentação de

um problema específico, previamente definido e

delimitado em termos de tempo e de espaço (quando e

onde) que vai se constituir, como já observado

anteriormente, na questão central da pesquisa.

Na opinião de Humberto Eco “o estudo deve

dizer do objeto algo que ainda não foi dito ou rever sob

uma ótica diferente” (Eco, 1977, p.22). Nesse sentido,

o problema formulado deve fazer referência a algo

novo, ou seja, a sua contribuição para compreensão do

estudo, o seu olhar sobre o tema e sua(s) interrogação

(ões) sobre o mesmo.

Vejamos mais um exemplo com o objetivo de

clarificar o que estamos falando. Consideremos o

seguinte tema:

Este tema nos remete à questões de gênero e

sua especificidade no que se refere a situação da

mulher no mercado de trabalho. Sobre o mesmo você

deverá criar um problema, isto é, uma pergunta que

funcionará como um recorte do seu estudo. Vejamos

aqui algumas sugestões:

� Qual é a situação da mulher no mercado de

trabalho no século XXI?

EXEMPLO TEMA: A Situação da Mulher no Mercado de Trabalho.

Page 124: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O plano de pesquisa 124

� Quais foram as maiores vitórias e derrotas da

Mulher no Mercado de Trabalho nas últimas

décadas?

� Que desafios as mulheres precisam superar

para conseguirem uma melhor colocação no

mercado de trabalho?

� O que mudou no mercado de trabalho com a

ascensão feminina a partir dos anos 80?

Note como a formulação dos problemas citados

permitiram o surgimento de dois resultados concretos:

a) um questionamento e b) um limite da abrangência

do estudo (recorte). Através desses dois elementos o

pesquisador pode iniciar sua pesquisa evitando riscos

de se desviar do tema em questão se perdendo na teia

da complexidade que qualquer temática abrange.

A JUSTIFICATIVA

É uma das partes mais importantes do Plano de

Pesquisa já que é nesta parte que se formularão todas

as intenções do autor do estudo ao realizá-lo. A

justificativa, como o próprio nome indica, trata do

convencimento da necessidade da realização do

trabalho de pesquisa. É através dela que elementos

como: o tema escolhido pelo pesquisador assim como o

problema formulado, e as hipóteses levantadas serão

justificados como merecedores de serem melhor

estudados a fim de serem comprovados ou não.

Segundo Bagno (2000), justificativa é a defesa

que você faz de sua ideia de pesquisa. Nela você

apresentará uma série de argumentos pautados não

apenas na sua experiência, mas nas proposições

teóricas de diferentes autores, de que seu trabalho é

digno de interesse e financiamento. Enfim é nela que

você irá "vender seu peixe", assim sendo, procure

caprichar em sua elaboração, fazendo com que a

Page 125: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O Plano de Pesquisa 125

mesma convence seus leitores da importância de seu

estudo.

Uma dica importante na elaboração da

justificativa diz respeito à necessidade de se tomar um

certo cuidado para não se tentar justificar a hipótese

levantada, ou seja: tentar responder ou concluir o que

ainda vai ser buscado no trabalho de pesquisa. A

justificativa apenas exalta a importância do problema a

ser investigado, fundamentando-o através de uma

revisão teórica. Seu objetivo é de ressaltar a

importância da pesquisa e não de respondê-la

previamente. Em outras palavras: Se você já sabe a

resposta para seu problema antes de fazer a pesquisa

não há necessidade de realizá-la. Se a justifica já traz

consigo a resposta do problema, ao invés de favorecer

sua realização irá justificar a não necessidade de

efetivação da mesma.

No caso do plano de pesquisa enfocado neste

módulo, a justificativa é restrita a poucos parágrafos.

Seu objetivo é conseguir reunir de forma unificada os

motivos que justificam a necessidade do estudo e a

base teórica sobre a qual o mesmo se sustentará. Mais

tarde, no processo de elaboração monográfica, ela

poderá ser desmembrada servindo a elaboração de boa

parte da introdução bem como de alguns capítulos.

Consideremos aqui um exemplo que Bagno

(2000) dá ao justificar sua pesquisa sobre a vida e obra

de Monteiro Lobato de uma forma bem sintética.

Tornar mais bem conhecida dos alunos e da comunidade a importância de Monteiro Lobato na literatura em outros aspectos do Brasil é de fundamental importância (...). Monteiro Lobato é considerado até hoje o nosso mais importante autor de literatura infantil, gênero em que foi pioneiro no Brasil. Além disso, teve atua-

Page 126: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O Plano de Pesquisa 126

ção fundamental na criação da indústria editorial brasileira, tendo sido o fundador de algumas das primeiras editoras do país, que existes até hoje. Por isso, a data de seu nascimento foi escolhida para se comemorar o Dia do Livro.

(Bagno, 2000: 29-30)

No caso de nosso Plano procure fundamentar

melhor a defesa do seu tema incluindo na sua

justificativa a orientação teórica que você pretenderá

seguir. No exemplo citado por Bagno o autor assinala

que sua pesquisa seria desenvolvida a partir da

consulta de sites, cd-rom’s, revistas, enciclopédias e

algumas principais obras do autor.

OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS

Os objetivos dizem respeito à meta final do

estudo. O que o mesmo pretende de forma geral. Os

objetivos de um estudo monográfico qualquer

caracterizam de forma resumida a finalidade de sua

proposta. Não existe pesquisa alguma sem um objetivo

(Carvalho et al., 2000).

Ele deve ser elaborado de forma clara e sucinta

de modo a destacar ao leitor a pretensão do

pesquisador ao desenvolver sua pesquisa.

Provavelmente, com outras palavras, você já falou do

objetivo ao elaborar sua justificativa, contudo, esse

item sugere algo mais preciso e sintético. Como é

possível perceber através dos exemplos o mesmo pode

ser geral ou específico (explicitando objetivos

secundários):

Page 127: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O plano de pesquisa 127

CUIDADO NA FORMULAÇÃO DOS OBJETIVOS

Este seu planejamento é para uma pesquisa, um

estudo, e não para a ação. Portanto seus objetivos

devem ser os alvos de sua pesquisa, ou seja, o que

você pretende ANALISAR, OBSERVAR, COMPARAR,

todas estas atividades INTELECTUAIS envolvidas em

uma pesquisa.

Não faça objetivos de INTERVENÇÃO, pois este

não é um projeto de AÇÃO, e por isso seus objetivos

(na pesquisa).

EXEMPLO 1 TÍTULO: O Papel da Gestão Democrática na Empresa de Hoje OBJETIVO GERAL: Conhecer a importância da Gestão Democrática para o Sucesso das Empresas nos dias de Hoje. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: a) Desvelar como os processos de gestão

democrática favorecem uma maior sintonia da equipe de trabalho;

b) Discriminar as principais características de uma gestão democrática;

Examinar as possíveis conseqüências em uma empresa através da implementação de processos de gestão democrática.

EXEMPLO 2 TÍTULO: A Avaliação Psicopedagógica da Aprendizagem OBJETIVO GERAL: Identificar os critérios utilizados por docentes e psicopedagogos na avaliação psicopedagógica de problemas de aprendizagem. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: a) Identificar os meios utilizados por educadores e

psicopedagogos para identificar problemas de aprendizagem;

b) Analisar as concepções de educadores da escola investigada a respeito de problemas de aprendizagem;

c) Propor alternativas de avaliação a educadores e psicopedagogos a partir das contribuições da psicopedagogia.

Page 128: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O Plano de Pesquisa 128

NÃO SÃO:

� Conscientizar...

� Mudar a atitude de profissionais da área...

� Promover mudanças na prática...

� Etc.

Pode parecer estranho, pois muitas vezes estes

são nossos desejos maiores, mas não são objetivos no

âmbito da pesquisa. Na prática, os resultados da sua

pesquisa podem embasar a formulação de um projeto

de ação, e aí sim estes serão os seus objetivos.

Não sei se você percebeu, mas um macete para

se definir os objetivos é iniciá-los pelo verbo no

infinitivo: ESTRUTURAR tal objeto, ESCLARECER tal

coisa; DEFINIR tal assunto; PROCURAR aquilo;

PERMITIR isto, DEMONSTRAR algo etc.

A HIPÓTESE OU AS QUESTÕES SECUNDÁRIAS

Hipótese (hipo = baixo + Thesis= proposição) é

uma palavra de origem grega que significa princípio

base ou simplesmente uma proposição. De modo geral

podemos concebê-la como uma possível resposta ao

problema formulado independente desta ser verdadeira

ou falsa. Trata-se, portanto, de uma suposição

provisória sobre um determinado problema que ao final

da pesquisa realizada será comprovada ou não

(Salomon, 1994). Um dos exemplos clássicos de

hipótese é a seguinte. Se eu jogo uma moeda para

cima tenho duas hipóteses possíveis: pode dar cara ou

coroa. Quando eu enfim resolver jogar a moeda é que

eu saberia em qual dois lados ela irá cair. Assim como o

problema, ela tem a função de orientar o pesquisador

na direção daquilo que pretende explicitar o

demonstrar. Se comprovada, após realização da

pesquisa, a hipótese pode adquirir o status de tese.

Page 129: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O plano de pesquisa 129

A hipótese não deve ser confundida com uma

mera opinião sobre um assunto. Ela se refere ao

resultado que você espera encontrar ao final de sua

pesquisa, baseado em estudos prévios sobre o que está

sendo pesquisado (Andrade, 1998; Ruiz, 1993). Na

medida em que ela se trata de uma resposta a uma

questão, a mesma deve ser expressa na forma

afirmativa. No decorrer da pesquisa, assim como após

seu término, novas hipóteses poderão ser formuladas,

o que nos leva a entender que podem existir hipóteses

antes, durante e depois de uma pesquisa qualquer.

Que tal conferir alguns exemplos:

A observação científica não é simples observação de fatos: a ciência não parte da observação dos fenômenos, mas da formulação de problemas sobre esses fenômenos (a descoberta de "fatos polêmicos"). Como nota François Jacob, pode examinar-se um objeto durante anos sem daí tirar a menor observação com interesse científico; nas palavras de Gérard Fourez, observar é fornecer um modelo teórico daquilo que se vê. Observado/analisado o fenômeno, o cientista passa à formulação de uma hipótese que o explique -- uma explicação provisória. A hipótese, embora se relacione com os dados da observação, não deriva diretamente deles, sendo antes uma criação do cientista. No entanto, a indução está na base de muitas hipóteses: a partir dos casos observados pode formular-se uma hipótese que explique não apenas esses casos, mas todos os da mesma espécie; Hume criticou esse salto no desconhecido (a passagem da análise de casos particulares para o caráter geral da hipótese) -- as teorias de Popper podem constituir uma alternativa e de certo modo uma "solução" para esse problema. Fonte: Ciência e Hipótese, disponível em <http://afilosofia.no.sapo.pt/11.verificabilidade.htm>

EXEMPLO 1 PROBLEMA: Como a Educação Ambiental pode promover um processo de Desenvolvimento Comunitário?

Page 130: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O plano de pesquisa 130

Considerando o problema da página anterior é

possível a construção de várias hipóteses como, por

exemplo:

� A Educação Ambiental pode promover o

Desenvolvimento Comunitário através do

estímulo a organização da comunidade em

prol da resolução de problemas essenciais

relacionados à Qualidade de Vida;

� A Educação Ambiental pode promover o

Desenvolvimento Comunitário na medida em

que consegue estimular potenciais

comunitários latentes de organização e

participação política;

� O Desenvolvimento Comunitário só será

possível se as questões socioambientais da

comunidade, preocupação central da

Educação Ambiental, forem consideradas e

tratadas de forma consciente e crítica.

É a pesquisa sobre o tema, seja ela bibliográfica

ou de campo (questionários, entrevistas etc.) que irá

dizer se as hipóteses acima serão refutadas ou

confirmadas. O pesquisador não tem como saber isso

previamente.

Vale ressalvar que nem toda pesquisa parte

necessariamente de hipóteses a serem testadas. No

caso de um estudo de caráter exploratório, onde o

objetivo do pesquisador é conhecer algo do qual possui

pouca ou nenhuma informação, fica difícil inclusive

formular algum tipo de hipótese. Nesse caso em

particular, o aluno poderá apenas formular algumas

questões secundárias.

EXEMPLO 2 PROBLEMA: Quais as dificuldades mais encontradas na elaboração de um plano de negócios?

Importante

De forma alguma! Quando uma pesquisa não chega à sua hipótese inicial ela certamente encontra outra resposta. Esse é o objetivo de uma pesquisa: encontrar uma formulação que responda à problemática proposta, sendo esta resposta convergente ou não com a hipótese inicial. Por isso, não se preocupe! A hipótese é uma forma de organizar o pensamento, mas o sucesso de seu trabalho não depende de sua confirmação.

Page 131: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O plano de pesquisa 131

Nesse caso, o estudo em questão será uma

EXPLORAÇÃO das principais dificuldades que

profissionais de diferentes áreas encontram para

elaborar um plano de negócios. Não há hipóteses a

serem testadas, mas sim, apenas um problema a ser

investigado que não deixa de oferecer questionamentos

ao pesquisador.

A DELIMITAÇÃO

A delimitação pode ser definida com uma

especificação mais concreta do seu problema em

relação à área de abrangência, local, tempo e amostra

que servirá ao estudo. Por mais que tenhamos tentado

aclarar através dos objetivos e hipóteses o que

queremos com nosso estudo, algumas perguntas ainda

podem ficar sem respostas. São questões como: onde

o estudo será desenvolvido? Quantas pessoas serão

entrevistadas? Quantos questionários serão aplicados?

Quantas escolas estarão envolvidas na pesquisa?

Quando a observação foi feita e etc.

Vejamos aqui também alguns exemplos de

delimitação:

EXEMPLO 1 TÍTULO: Seleção de Pessoal: Desafios e Propostas DELIMITAÇÃO: Este estudo será desenvolvido em uma empresa privada de Salvador (BA), onde serão entrevistados 6 (seis) profissionais, de diferentes idades e sexos, que atuam na área de seleção da mesma em 2004.

EXEMPLO 2 TÍTULO: Enfrentando o Desafio da Inclusão DELIMITAÇÃO: A presente pesquisa delimita-se a duas escolas da rede pública localizadas em Vitória (ES), onde 50 questionários serão distribuídos, sendo 30 destinados a professores e 10 destinados a psicopedagogos que atuam na área da inclusão. O estudo deverá ser efetivado no período de março a abril de 2000.

Page 132: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O plano de pesquisa 132

OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O último, mas não menos importante item de

seu Plano de pesquisa se refere aos procedimentos

metodológicos a serem utilizados na realização de seu

estudo monográfico. Trata-se de uma explicação

detalhada dos métodos (meios) de pesquisa e a

maneira de como estes deverão ser empregados em

seu estudo.

Neste item você deve incluir as técnicas, os

procedimentos, os equipamentos e materiais

necessários, as variáveis consideradas e do tipo de

coleta e INTERPRETAÇÃO DE DADOS a ser empregado.

Os aspectos estatísticos, quando for o caso, tanto no

que diz respeito a TÉCNICAS DESCRITIVAS quanto aos

TESTES a serem utilizados devem também ser

discriminados.

O enfoque metodológico de uma pesquisa - no

que se refere a clareza, pertinência e domínio - é de

vital importância para o desenvolvimento da mesma e o

alcance dos resultados perseguidos. Em outras palavras

para o emprego de um determinado método, faz-se

necessário compreender bem suas especificidades

teóricas - sobretudo em seus princípios, que devem

estar vinculados ao objeto de estudo - e práticas

(particularmente no caso do manuseio de um

instrumento de pesquisa qualquer).

É sempre bom destacar que A NATUREZA DO

PROBLEMA É QUE DETERMINA O MÉTODO, ou seja, a

escolha do método é feita em função do problema

estudado. Lembre-se de que o sucesso na realização de

uma pesquisa depende do domínio em três pontos

essenciais aqui desenvolvidos: o conhecimento teórico

e conceitual; a metodologia a ser seguida e a aplicação

das técnicas e instrumentos (Rampazzo, 2002). Assim

Importante

Toda monografia tem como procedimento metodológico obrigatório a pesquisa bibliográfica. Além desta, o aluno pode aí sim optar por fazer ou não a pesquisa de campo.

Page 133: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O Plano de Pesquisa 133

procure estar bem informado sobre o caminho teórico-

metodológico a seguir e as técnicas que pretende

aplicar no caso de uma pesquisa empírica.

Uma última observação importante:

Se você pretende fazer em seu estudo

monográfico uma abordagem apenas teórica, a

metodologia será reduzida fundamentalmente à

pesquisa bibliográfica (envolvendo aí não apenas livros,

mas também sites da Internet, artigos eletrônicos,

CD´s, revistas, artigos de jornais e etc.) para

fundamentação conceitual desta. Neste caso é

importante sinalizar a fundamentação bibliográfica

sobre a qual seu estudo será efetivado. Sobre esse

ponto lembre-se de considerar em suas referências os

itens:

� Autor (ou coordenador, ou organizador, ou

editor) - Escreve-se primeiro o sobrenome

paterno do autor, em caixa alta, e, a seguir, o

restante do nome, após uma separação por

vírgulas.

� Título e subtítulo - O título deve ser realçado

por negrito ou sublinhado.

� Local da publicação - É o nome da CIDADE

onde a obra foi editada e, após a referência de

EXEMPLO PROCEDIMENTO METODOLÓGICO: O instrumento utilizado para realização da pesquisa será um questionário. Este é composto de cinco questões do tipo descritivo a serem respondidas por alunos de idades entre 13 e 16 anos e diferentes ciclos de estudo. Deverão ser aplicados 44 questionários em duas escolas sendo22 em uma escola da rede pública e 22 em uma escola da rede privada. A aplicação dos mesmos será feita pelo próprio autor em dia e horário a ser combinado nas instituições escolares. Ao final da coleta desses dados os mesmos serão avaliados a partir de alguns critérios específicos tais como: pontualidade, participação, empenho e interesse.

Dica de leitura

Como já dissemos você encontrará mais detalhes sobre formas de citação bibliográfica no livro de autoria dos professores ARDUINI, Fernando e LAROSA, Marcos. Como produzir uma monografia passo a passo: siga o mapa da mina.

Page 134: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 6 |O Plano de Pesquisa 134

local deve, ser grafado dois pontos (:)

seguido da editora.

� Editora - Só se coloca o nome da editora. Não

se coloca a palavra Editora, Ltda, ou S.A. etc.

bastando apenas por Ática.

� Ano da publicação - ano em que a obra foi

editada.

� Número de volumes (se houver)

� Número da edição (a partir da segunda

edição) - Não se usa o sinal de decimal (a).

� Paginação - Quantidade de páginas da obra

ou paginas referentes ao artigo citado (ex.:

pp. 10-15).

EXEMPLO No caso de um único autor – livro: Japiassu, hilton f. O mito da neutralidade científica. Rio de janeiro: imago, 1975. No caso de vários autores – livro: Carvalho, a. Et al. Aprendendo metodologia científica. São paulo: nome da rosa, 2000. No caso de um autor – revista: Carvalho, v. A ética da educação ambiental. In: revista veja nº 123 ano xx. São paulo: abril cultural, 2002. Pp. 33-45.

PALAVRAS FINAIS O Projeto é uma PROPOSTA ESPECÍFICA E DETALHADA DA PESQUISA, visa definir e delimitar o objeto a ser investigado com o objetivo de definir uma questão e a forma pela qual ela será investigada. É importante ressaltar que o mesmo está sujeito a modificações durante o seu desenvolvimento, uma vez que esta será a base da construção do trabalho da monografia que ainda será efetivada. Através da análise de cada um desses itens conseguimos então dar conta da estruturação básica de nosso modelo de Plano de pesquisa. Lembremos resumidamente seus pontos:

� Tema � Título � Problema � Justificativa � Objetivo geral � Objetivos específicos � Hipóteses ou Questões Secundárias � Delimitação � Procedimentos Metodológicos.

Page 135: 9Metodologia da Pesquisa

135

RESUMO

Vimos até agora:

� Nessa última aula vimos essencialmente como

construir nosso plano de pesquisa considerando

cada um de seus itens;

� Refletimos sobre critérios a serem observados

na elaboração do plano de pesquisa desde a

escolha do tema, passando pelo problema-chave

que o mesmo encerra, sua justificativa,

objetivos até o seu referencial teórico e

metodológico.

Esperamos esta aula possa ter lhe ajudado a compreender cada um desses itens possibilitando-lhe construir seu plano de pesquisa de forma descomplicada. De qualquer modo, procure estudar cada item com calma, procurando elaborar pelo menos um exemplo para cada ponto antes de tentar elaborar o Plano de seu estudo. Finalmente, não esqueça que o Plano é um planejamento e como qualquer tipo de planejamento ela pode sofrer alterações e adaptações de acordo com a realidade encontrada. Ela deve servir como um norte para sua pesquisa e não como uma “camisa de força” que deve ser seguida de forma rígida. Sem mais, Mãos a obra...

Importante

HORA DE ENVIAR O PLANO DE PESQUISA! Lembre-se: ao concluir esta disciplina você deve preencher o modelo de Plano de Pesquisa disponível na plataforma de Estudos e enviá-lo para a Tutoria. Pense com calma, elabore sua proposta de monografia, e encaminhe sua proposta. Bom trabalho!

Page 136: 9Metodologia da Pesquisa

136

Page 137: 9Metodologia da Pesquisa

Ensino, Pesquisa e Extensão: Considerações Éticas

AU

LA7

Apr

esen

taçã

o

Nessa aula final teceremos considerações sobre duas questões fundamentais no campo da pesquisa universitária: a indissociabilidade entre os três pilares universitários - ensino, pesquisa e extensão - que deve ser cultivada no âmbito universitário e as questões éticas relacionadas às práticas de pesquisa e seus limites. No decorrer dessa análise você terá oportunidade de tomar ciência de algumas das principais temáticas que tangenciam a indissociabilidade referida tais como: parcerias entre universidades e empresas, fomento para pesquisa, ações governamentais em prol da pesquisa, política de bolsas e outros temas discutidos que servem para nos ajudar a entender melhor a complexidade e a riqueza de se pensar e fazer pesquisa no país.

Obj

etiv

os

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: � Saber mais sobre a situação da pesquisa científica no país e

seus desafios atuais; � Ser capaz de entender a importância da indissociabilidade dos

pilares universitários: ensino, pesquisa e extensão; � Se posicionar diante de algumas discussões importantes no

campo da produção de conhecimento científico do ponto de vista ético.

Page 138: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 7 | Ensino, pesquisa e extensão: considerações éticas

138

Ensino, pesquisa e extensão: o desafio da

indissociabilidade

Comecemos nossa aula enfocando uma relação

fundamental que precisa ser cultivada e preservada nas

instituições de ensino superior. A análise dessa relação

pode, sem dúvida, nos auxiliar, a entender a

importância da pesquisa no âmbito universitário.

Estamos nos referindo a relação indissociável que deve

sempre existir entre ensino, pesquisa e extensão, os

três pilares centrais de uma instituição de ensino

superior. Durante o estudo desse tipo de análise iremos

também tecer considerações sobre cada um desses

pilares e os desafios de mantê-los juntos em prol da

qualidade da formação de novos profissionais e do

próprio desenvolvimento da nação como um todo.

O artigo 52 da LDB deixa claro que as

universidades devem ser concebidas como:

“instituições pluridisciplinares de formação dos quadros

profissionais de nível superior, de pesquisa, de

extensão e de domínio e cultivo do saber humano”. Em

outras palavras a universidade está fundamentada em

três pilares indissociáveis: Ensino, pesquisa e extensão.

Do ponto de vista histórico, as funções de ensino,

pesquisa e extensão foram contempladas pelo Estatuto

das Universidades Brasileiras de 1931, considerado por

Fávero (1980) o marco estrutural da concepção de

universidade em nosso país. Vamos conhecer melhor a

importância de cada um desses pilares:

O ensino é da ordem do que já se sabe e está

diretamente relacionado a formação sócio-cultural e

específica do futuro profissional a ser diplomado nas

mais diferentes áreas do conhecimento através de

atividades planejadas e didaticamente estruturadas.

:: LDB:

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Page 139: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 7 | Ensino, pesquisa e extensão: considerações éticas

139

A pesquisa, ao contrário, é da ordem do que

não se sabe. Ela se foca nos pontos de interrogação,

das dúvidas, dos questionamentos, das novas

demandas dentro e fora da universidade, permitindo

a expansão do conhecimento científico, a melhoria da

qualidade de vida e em última instância a satisfação

da curiosidade humana. Através da pesquisa é

possível renovar o ensino, favorecendo a

“oxigenação” do mesmo e evitando que este, depois

de certo tempo, caia numa espécie de “ mesmice”.

Um dos sinais mais característicos de diferenciação de

uma faculdade para uma universidade é o justamente

o envolvimento e compromisso desta última com a

pesquisa.

A extensão, por sua vez, diz respeito ao

compromisso social e político da universidade com a

sociedade no sentido de partilhar, de divulgar e de

aplicar na mesma os conhecimentos culturais,

científicos e técnicos produzidos na universidade.

Faria (2001) entende que a extensão universitária

como um processo educativo, cultural e científico que

articula ensino e pesquisa viabilizando a relação

transformadora entre a universidade e a sociedade.

Trata-se de uma via de mão dupla que por um lado

favorece a sociedade que passa a ter acesso aos

benefícios dos conhecimentos práticos e teóricos

produzidos no âmbito universitário e da comunidade

acadêmica que encontra na sociedade uma

oportunidade singular de colocar em prática os

conhecimentos aprendidos em sala de aula.

Esses três pilares devem estar associados

visando além da excelência na formação de

profissionais, o cultivo nos mesmos de um desejo

permanente de aperfeiçoamento cultural e

profissional do comprometimento com a busca de

soluções e alternativas para os problemas do mundo

Page 140: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 7 | Ensino, pesquisa e extensão: considerações éticas

140

presente, de modo particular, os nacionais e regionais

de forma cidadã (como sugere o artigo 43 da LDB).

É importante dizer, e existem muitas

discussões nesse sentido, que, muito embora a

universidade tenha sido, já há alguns séculos, o lugar

que a sociedade construiu para trabalhar com o

conhecimento da maneira mais estruturada em termos

de sua produção científica e divulgação, isso não

significa que ela seja o único lugar onde o

conhecimento é produzido cientificamente, uma vez

que existem outras instituições favorecedoras deste

tipo de conhecimento como empresas dos mais

diferentes ramos de negócios que investem em

pesquisa, sendo algumas até mesmo parceiras das

universidades oferecendo a estas através de diversos

tipos de convênios e associações uma intercâmbio de

ideias, recursos materiais, financeiros e principalmente

recursos humanos (sendo a COPPE na UFRJ – hoje

considerada o maior centro de ensino e pesquisa em

engenharia da América Latina - um ótimo exemplo

desse tipo de cooperação). As discussões, que não são

poucas, referem-se desde a perda de um determinado

monopólio do conhecimento por parte da universidade

a interesses político-econômicos envolvidos na

produção de pesquisas e até questões de cunho ético

sobre o limite das mesmas e as pressões comerciais.

Tais discussões envolvem diferentes interesses

e ideologias que afetam direta e indiretamente a

produção científica no país e seu desenvolvimento de

modo geral. Na área da Ciência e Tecnologia (C&T), por

exemplo, Cruz (2008) denuncia como o utilitarismo

que tem pautado inúmeras discussões de direita e de

esquerda. Uma face, a do utilitarismo de direita, define

como principal função das universidades o apoio às

empresas, para que elas se tornem mais competitivas,

mantenham o ritmo das exportações, o crescimento da

:: COPPE:

Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia – UFRJ.

Page 141: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 7 | Ensino, pesquisa e extensão: considerações éticas

141

economia do país etc.; a outra face, o utilitarismo de

esquerda, define essa função principal como sendo a de

ajudar a sociedade brasileira através de ações

imediatas a elevar a qualidade de vida da população

reduzindo as desigualdades e aprimorando serviços

básicos como educação, saúde, segurança e transporte.

Discussões a parte o fato é que ambos os

lados possuem relevância uma vez que nosso país

precisa tanto de indústrias competitivas usuárias do

conhecimento quanto de políticas e meios para

favorecer um incremento de sua qualidade de vida.

Cruz (2001) deixa claro que a força da Universidade

não está no pretenso monopólio sobre o

conhecimento e sim, na capacidade de gerar um tipo

especial de conhecimento, na habilidade em trabalhar

com ele e, principalmente, na competência em formar

e educar pessoas para continuarem a executar ambas

as tarefas.

Outro problema levantado por este autor

associado a discussão na área de Ciência e Tecnologia

(C&T) é que ao longo da história das Universidades, se

favoreceu no ambiente acadêmico muito mais as

atividades de pesquisa básica do que as atividades de

pesquisa aplicada que objetivavam o desenvolvimento

tecnológico. Isso estaria explicado na própria natureza

das instituições que sempre valorizou mais a pesquisa

básica na medida em que esta era fundamental na

formação de estudantes, favorecendo o espírito

científico através do incentivando ao prazer da

descoberta, sem outra cobrança senão a do

compromisso com o método científico. Segundo Cruz

(2001) em geral, há também nas Universidades um

pouco de pesquisa aplicada e bem pouco

desenvolvimento tecnológico - pois, nesse caso, esta

teria de lidar com dificuldades relacionadas com a

propriedade intelectual do conhecimento produzido que

:: Utilitarismo:

Tipo de ética normativa -- com origem nas obras dos filósofos e economistas ingleses do século XVIII e XIX. Jeremy Bentham e John Stuart Mill, -- segundo a qual uma ação é moralmente correta se tende a promover a felicidade e condenável se tende a produzir a infelicidade, considerada não apenas a felicidade do agente da ação mas também a de todos afetados por ela. Fonte: http://www.cobra.pages.nom.br/ft-utilitarismo.html

Page 142: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 7 | Ensino, pesquisa e extensão: considerações éticas

142

não se coadunariam muito com a prática acadêmica,

como o sigilo de determinados projetos, obrigatório no

âmbito empresarial.

De maneira geral toda pesquisa é importante,

independente de ser básica ou aplicada, uma vez que o

importante é o compromisso com a expansão do

conhecimento científico. Entretanto, parece ser

inegável, que um maior equilíbrio entre esses

diferentes tipos de pesquisa, em relação à

determinação de prioridades no âmbito universitário,

favoreceria tanto a universidade quanto a ao

desenvolvimento local. Assim o ideal seria que num

primeiro momento, os estudos fossem efetivados

teoricamente dentro da universidade e num segundo

houvesse a chance de novas pesquisas aplicadas - a

partir das conclusões extraídas dos estudos no

ambiente acadêmico - na realidade local, respeitando

suas especificidades regionais.

O financiamento à pesquisa é outro tema

importante. A experiência mundial nos mostra que a

parcela do governo no financiamento à pesquisa na

Universidade deve ser majoritária e insubstituível

independente da participação de empresas privadas em

projetos conjuntos com a universidade. As funções da

universidade em termos de educação, formação de

profissionais e favorecimento do avanço do

conhecimento trazem uma série considerável de

benefícios sociais dificilmente apreendidos no âmbito

privado (Id, 2001).

Uma recente avaliação feita pela ONU aponta

que o Brasil está em 43º lugar, num grupo de 70

países, no índice de avanço tecnológico. Isto indica que

o Brasil está abaixo de países como Argentina, Chile,

México, Costa Rica, entre outros, em termos de

aplicação do conhecimento científico (Pelegrino, 2001).

Page 143: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 7 | Ensino, pesquisa e extensão: considerações éticas

143

Bernardo (2001) ratifica estes dados justificando que

atualmente, o Brasil está defasado tecnologicamente

porque o investimento nesse sentido está muito aquém

do desejável. Apenas tardiamente os Estados

procuraram valorizar as atividades de pesquisa, através

de suas secretarias de Ciência e Tecnologia.

Sublinhando que o MEC tem investido pouco em

pesquisa ele esclarece que:

Do orçamento das universidades federais, a maior parte dos recursos se destina à manutenção e pagamento de pessoal. O dinheiro da pesquisa vem mesmo dos órgãos fomentadores como Finep, CNPq, Faperj. É através deles que os pesquisadores conseguem desenvolver seus trabalhos.

(Id., 2001)

Não podemos ter dúvidas quanto ao papel

imprescindível da pesquisa na formação do

profissional, no aprimoramento qualitativo da

universidade e no desenvolvimento do próprio país. O

Brasil tem dado mostras do quanto vale a pena

investir em pesquisa no que se refere a conquista de

determinadas posições frente a comunidade

internacional especialmente no que diz respeito a

pesquisas bem sucedidas nas áreas da genética

(projeto genoma), da aeronáutica (aviões projetados

pela EMBRAER), petróleo (PETROBRÁS) e de

biocombustíveis (pesquisas da EMBRAPA). Conquistas

que só foram possíveis graças a um esforço contínuo

e cumulativo de educação com padrões elevados de

excelência durante décadas e décadas (Cruz, 2000).

Não é à toa ciência brasileira tem cada vez

mais, ela tem obtido destaque em termos de

visibilidade internacional. Isso é fruto de um esforço

concentrado de profissionais que priorizado a

pesquisa dentre suas atividades acadêmicas. Um

exemplo disso é que tem sido cada vez mais comum

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Aula 7 | Ensino, pesquisa e extensão: considerações éticas

144

encontrarmos citações de artigos publicados por

pesquisadores brasileiros em revistas internacionais.

Além disso, segundo Cruz (2000) a produção científica

brasileira quintuplicou em relação à média da década

de 80 e a presença da ciência feita no Brasil cresceu

internacionalmente. Podemos contar hoje com uma

comunidade científica capacitada e motivada a

contribuir para o avanço do conhecimento humano.

A pós-graduação evoluiu qualitativamente,

devido ao aumento na quantidade de docentes

doutores e ao sistema de avaliação implementado pela

Capes.

Mas para isso é preciso que se continue e se

incremente o incentivo à pesquisa no país através da

realização de programas de iniciação científica dentro

das universidades pois estes projetos têm o mérito de

despertar no jovem formando o cultivo do espírito

científico e o aprimoramento de sua capacidade de

produção de conhecimento. Segundo Maria Lúcia

Guimarães, da Coordenadoria do Programa de

Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do CNPq

(2001) que defende que a função do MEC seria a de

formar mestres e doutores e não a de conceder

recursos para investimentos em pesquisa e extensão:

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) já concedeu 14,5 mil bolsas. Há ainda outras 4,5 mil de iniciação através do Projeto Integrado à Pesquisa, também financiadas pelo CNPq, totalizando 19 mil. São 121 instituições de ensino e pesquisa contempladas com as quotas do PIBIC, entre universidades e institutos de pesquisa (Instituto de Pesquisa do Paraná - IAPAR, Instituto de Pesquisa da Amazônia-IMPA, entre outros). O Sudeste brasileiro, pela maior concentração de instituições de ensino superior e atividade científica mais intensa, já recebeu 6.865 bolsas distribuídas por 55 instituições. (...) Ao

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Aula 7 | Ensino, pesquisa e extensão: considerações éticas

145

todo, cerca de R$42 milhões são gastos por ano no financiamento dos programas.

(s/p)

Todos esses dados significativos revelam o

quanto a pesquisa tem sido, e precisa continuar sendo,

levada a sério nas universidades em nosso país se

quisermos sonhar com profissionais mais capacitados e

um Brasil melhor. É preciso ir vencendo aos poucos os

desafios de se fazer pesquisa e através dela incentivar

a produção de respostas, alternativas, estratégias e

soluções que respondam de forma simultânea as

interrogações acadêmicas e as dificuldades de nossa

população.

Considerações sobre ética e pesquisa

Sabemos que o conhecimento científico não é

neutro, mas historicamente determinado tanto em sua

criação - em função de teorias e experiências prévias -

quanto em seu uso nem sempre vinculados ao

interesse social e sim a determinados grupos que a

utilizam como forma de poder e exclusão. Como

explica Japiassu (1975), a ciência não pode ser neutra

nem pura uma vez que não se pode negar sua

dimensão social crescente no desenvolvimento da

sociedade e avanço tecnológico. Uma ciência que se

pretenda neutra certamente irá se esbarrar com

desafios como: a utilização das pesquisas científicas

para fins destruidores, a possibilidade de manipulação

crescente dos indivíduos, a utilização da ciência para

fins repressivos e recessivos e outros.

Por isso mesmo a universidade, enquanto

instituição produtora e promotora do conhecimento

científico, deve no processo de formação oferecido aos

futuros profissionais - que certamente irão adotar

procedimentos científicos em sua práxis de trabalho -

Dica de leitura

JAPIASSU, Hilton. A Revolução Científica. Rio de Janeiro: Imago, 1985. JAPIASSU, Hilton. As Paixões da Ciência. São Paulo: Letras & Letras, 1991. JAPIASSU, Hilton. Nem tudo é relativo: a questão da verdade. São Paulo: Letras & Letras, 2000.

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Aula 7 | Ensino, pesquisa e extensão: considerações éticas

146

um amplo e profundo questionamento sobre ciência e

ética bem como de alguns questionamentos

epistemológicos aqui levantados no que se refere aos

limites e alcances do método científico. Até que ponto

tudo é justificável em nome da ciência? Até onde vai a

ânsia do ser humano por conhecimento? Estariam os

valores científicos acima de todos os outros, inclusive

os valores morais.

Ciente de que a ciência se torna muitas vezes

um instrumento nas mãos do poder dominante não se

pode, como bem aponta Ladrière (1979):

falar da ciência como se fazia outrora, como um domínio de conhecimento objetivo, desinteressado, neutro com relação as suas aplicações e independente com relação as finalidades da ação.

(Ladrière, 1979: 139)

Insistir nessa argumentação sobre a ciência

seria manter uma ilusão ideologicamente

comprometida. Atualmente a epistemologia, seja,

enquanto disciplina oferecida na graduação, seja

enquanto filosofia norteadora da próprio curso sob o

qual o aluno encontra-se em processo de formação

deve assumir uma postura crítica possibilitando aos

alunos pensar sobre a responsabilidade social intrínseca

a uma pesquisa, a responsabilidade daqueles que

promovem a ciência e a responsabilidade do seu uso na

sociedade globalizada atual. O diálogo interdisciplinar e

o reconhecimento da ciência como um conhecimento

historicamente determinado e complexo - como

defende Edgar Morin (1998) - são caminhos

importantes a serem encarados como desafios na

formação universitária. Cada professor deve buscar

alternativas pedagógicas que fortaleçam esta

compreensão sem que tal estratégia comprometa seu

programa ou conduza a uma visão cética com relação a

ciência que em nada contribui para seu avanço. Trata-

EDGAR MORIN

Quer

saber mais?

Pesquisador emérito do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique). Formado em Direito, História e Geografia se adentrou na Filosofia, na Sociologia e na Epistemologia. Um dos principais pensadores sobre complexidade. Autor de mais de trinta livros, entre eles: O método, Introdução ao pensamento complexo, Ciência com consciência e Os sete saberes necessários para a educação do futuro. Durante a Segunda Guerra Mundial, participou da Resistência Francesa. É considerado um dos pensadores mais importantes do século XX.

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Aula 7 | Ensino, pesquisa e extensão: considerações éticas

147

se aqui de estimular uma prática reflexiva e crítica,

típica da atitude filosófica, no que se refere ao fazer e

pensar ciência em pleno século XXI e não a um

descrédito generalizado com relação ao pensamento

científico.

Se hoje existe um chamado movimento de

"anticiência", este se justifica precisamente na medida

em que o fazer ciência hoje tem ignorado certos

questionamentos básicos da epistemologia no que se

refere ao limites do que chamamos de "verdade

científica", assim como dos desafios éticos e políticos

que os cientistas parecem não querer enxergar. O

pensamento científico precisa ser constantemente

questionado não apenas enquanto atividade intelectual,

mas principalmente enquanto atividade social

estritamente relacionada ao contexto político-cultural e

sócio-econômico.

Para isso podemos contar também com

instrumentos legais baseados em princípios éticos que

possam coibir abusos. A Declaração de Helsinki I,

adotada na 18a Assembléia Médica Mundial, em

Helsinki, Finlândia (1964) é um exemplo disso ao

defender que a pesquisa clínica deve adaptar-se aos

princípios morais e científicos que justificam a pesquisa

clínica e deve ser baseada em experiências de

laboratório e com animais. Também referente a

pesquisa com animais vale citar, no caso brasileiro, A

Lei 9.605 de 12/02/1998 (Lei de Crimes Ambientais)

dispõe sobre sansões penais e administrativas lesivas

ao meio ambiente, incluindo maus tratos de animais,

estabelecendo penalidades para experiências dolorosas

ou cruéis em animais, mesmo com fins didático-

científicos.

Mais recentemente, em discussões bastante

acirradas, o Supremo Tribunal Federal liberar o uso de

Page 148: 9Metodologia da Pesquisa

Aula 7 | Ensino, pesquisa e extensão: considerações éticas

148

células-tronco embrionárias em pesquisas científicas

tendo como base a Lei de Biossegurança – já aprovada

pelo Congresso Nacional em 2005.

Contudo muitos concordam que o artigo 5º da

lei, que permite as pesquisas com células-tronco

embrionárias congeladas por mais de três anos, e com

autorização dos doadores dos embriões, fere a proteção

constitucional do direito à vida e a dignidade da pessoa

humana, uma vez que a vida humana começaria a

existir, de fato, com a fecundação. Assim de um lado

posicionam-se os que pensam as pesquisas com

células-tronco embrionárias violam o direito à vida e de

outro os que pensam que ela contribuiria para dignificar

a vida humana tendo em vista suas aplicações futuras

para elevar a qualidade de vida de muitos. O que fazer?

Este é apenas um exemplo de como as questões

relativas à dimensão ética da pesquisa são complexas e

exigem uma reflexão apurada.

Quem sabe a partir desse questionamento

constante - estimulado não apenas na universidade,

mas em todas as organizações e/ou instituições que se

autointitulam cientificas - sobre o que seja ciência, um

questionamento crítico e consciente, seja possível um

dia responder a questionamentos mais profundos

como: O que é a vida? Ou ainda: O que significa ser

humano?

RESUMO

Vimos até agora:

� Foi possível aprender mais sobre os três

pilares centrais de uma universidade

(Ensino, Pesquisa e Extensão) e a

indissociabilidade que deve ser cultivada

entre os mesmos;

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Aula 7 | Ensino, pesquisa e extensão: considerações éticas

149

� Entendemos que um dos sinais mais

característicos de diferenciação de uma

faculdade para uma universidade é o

justamente o envolvimento e compromisso

desta última com a pesquisa e que a

monografia é, antes de mais nada, uma

pesquisa e como tal deve assumir um lugar

de destaque no âmbito universitário;

� Refletimos sobre diversos temas que fazem

referência a riqueza e ao desafio de se fazer

pesquisa no Brasil, com particular atenção ao

estudo de questões éticas, políticas e

econômicas associadas a sua produção no

âmbito universitário;

Page 150: 9Metodologia da Pesquisa

PLANO DE PESQUISA CURSO: DISCIPLINA: Metodologia da Pesquisa ALUNO(A): MATRÍCULA:

NÚCLEO REGIONAL: DATA: _____/_____/___________

TEMA

(Fato ou fenômeno a ser estudado)

TÍTULO (Nome do estudo de acordo

com o conteúdo)

PROBLEMA

(Uma única questão central a ser enfocada em seu

estudo escrita sob a forma de pergunta)

JUSTIFICATIVA (Razão ou motivo do

trabalho)

OBJETIVO GERAL (Propósito central de seu

estudo)

OBJETIVOS

ESPECÍFICOS (Outros objetivos que seu

trabalho pretenda)

Page 151: 9Metodologia da Pesquisa

HIPÓTESE (Possível resposta ao

problema acima formulado)

Ou

QUESTÕES SECUNDÁRIAS (Em caso de estudo

exploratório)

DELIMITAÇÃO (Especificação do objeto de

estudo e onde o mesmo será estudado, bem como do alvo dos instrumentos metodológico adotados)

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

(Como pretende desenvolver o trabalho?

Enfocar detalhes da amostra, metodologia

empregada)

Page 152: 9Metodologia da Pesquisa

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