A Aplicação Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    1/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 1/21

    Voc professor?Inscreva-se no Concurso Literrio e Concorra a 1 carro 0km

    A aplicao das teorias da psicomotricidadeno ensino fundamental

    Estudantes do curso de ps-graduao

    em Edu cao e Reeducao P sicomotoraUniversidade do Estado do Rio de Janeiro

    (Brasil)

    Jeimis Nogueira de [email protected]

    Roberta Jardim [email protected]

    Isabela Nascimento de [email protected]

    Maria de Fatima Medeiros [email protected]

    Anieli da Silva [email protected]

    Andra Roza [email protected]

    Resumo Este artigo teve como objetivo precpu o apresentar a Psicomotricidade no Ensino Fund amental. Para tanto, foram utilizadas as contribuies tericas dosseguintes autores: Jean Le Boulch, sobretudo em sua obra: A Ed ucao Psicomotora: A psicocintica na idade escolar Pierre Vayer, no livro: A criana diante d omundo o escritor portugus Vitor da Fonseca, no livro: Psicomotricidade: Psicologia e Pedagogia os psicomotricistas franceses Lapierre e Aucouturier na obraintitulada: A Simbologia do Movimento: Psicomotricidade e Educao Bernard Aucouturier, em seu Mtodo Aucouturier e Suzana Veloso Cabral, no livro:Psicomotricidade Relacional - Prtica Clnica e Escola. Com o intuito de manter coerncia e simetria, procur ou-se responder as cinco perguntas que baseiam o trabalho, a saber: 1. O que ?, 2. Por que se faz?, 3.Como se faz?, 4. Onde se faz?e 5. Com quem se faz a Psicomotricidade no ensino fundamental?De acordo com as idias defendidas pelos autores lidos. Unitermos: Psicomotricidade. Ensino fun damental. Ed ucao.

    http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Ao 13 - N 128 - Enero de 2009

    1 / 1

    Introduo

    A ampliao no olhar sobre o homem e suas vicissitudes, se d na integrao do que biolgico, social, psquico,econmico, ecolgico, dentre outras facetas da intensa complexidade do animal humano. (...) atravs (...) da ausncia

    de verdades cannicas que explicitem claramente as motivaes e inibies de cada sujeito, que poderemos aceder a umpensamento e a uma prtica que possa se intitular verdadeiramente Psicomotora.

    Eduardo Costa

    Este artigo tem como objetivo precpuo apresentar a Psicomotricidade no Ensino Fundamental. Para tanto, utilizaremos ascontribuies tericas dos seguintes autores: Jean Le Boulch, sobretudo em sua obraA Educao Psicomotora: A psicocintica na idadeescolar Pierre Vayer, no livroA criana diante do mundoo escritor portugus Vitor da Fonseca, no livro Psicomotricidade: Psicologia ePedagogia os psicomotricistas franceses Lapierre e Aucouturier na obra intitulada A Simbologia do Movimento: Psicomotricidade eEducao Bernard Aucouturier, em seu Mtodo Aucouturier e Suzana Veloso Cabral, no livro Psicomotricidade Relacional - Prtica

    Clnica e Escola.

    Com o intuito de manter coerncia e simetria, procuramos responder as cinco perguntas que baseiam este artigo, a saber:

    1. O que ?,

    2. Por que se faz?,

    3. Como se faz?,

    4. Onde se faz?e

    5. Com quem se faz a Psicomotricidade no ensino fundamental?

    De acordo com as idias defendidas pelos autores lidos.

    Trouxemos como exemplo uma escola que implementou a Psicomotricidade Relacional em sua grade curricular, a escola curitibanaTerra Firmeque atende do berrio ao nono ano do ensino fundamental. Apresentamos seus objetivos, o pblico alvo e suas estratgiasde desenvolvimento, de acordo com informaes contidas na pgina da mesma e na pgina do Centro Internacional de Anlise

    https://www.googleadservices.com/pagead/aclk?sa=L&ai=Crs_OcHRlV46jHo2fxATmjq6ICIaC6YBF9JXw0t0CwI23ARABIOLvgQJgzdDjgIADoAG8q9u-A8gBAakCqXZlHYCfkz6oAwHIA8MEqgTCAU_Q-6B7bOmWSo3ZOuZY_9uJA0osvLhv_8rIIeuR7HrzZQhQvOjRL63o2M39NgYkj3tH8s3A_WH7g9Wu8162YEDqtY_TfQkhXrCsc5OzpRTL-abU6Myxvnzfx8AWim2qHPkJw6gMm0yHQ9L-zsjV_0R04mlWztYLJhjUa0IV8orUo-qNEJzW9HxlRTty1A5LLeUFS_o-HvIQrwXADWASSvddshBr9JPND2MxViEm_cGaJcSSNBS1tVgvST1lypg880LNiAYBgAes1KRBqAemvhvYBwE&num=1&cid=CAASEuRoeFIOs4fuO_A-oS9rCi8LGA&sig=AOD64_1FVZEry-r02wGxrcVN1xzUFM8A4A&client=ca-pub-7621742700180041&adurl=http://premioliterario.logosofia.org.brhttp://www.efdeportes.com/http://www.efdeportes.com/http://www.efdeportes.com/http://www.efdeportes.com/mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]://www.googleadservices.com/pagead/aclk?sa=L&ai=Crs_OcHRlV46jHo2fxATmjq6ICIaC6YBF9JXw0t0CwI23ARABIOLvgQJgzdDjgIADoAG8q9u-A8gBAakCqXZlHYCfkz6oAwHIA8MEqgTCAU_Q-6B7bOmWSo3ZOuZY_9uJA0osvLhv_8rIIeuR7HrzZQhQvOjRL63o2M39NgYkj3tH8s3A_WH7g9Wu8162YEDqtY_TfQkhXrCsc5OzpRTL-abU6Myxvnzfx8AWim2qHPkJw6gMm0yHQ9L-zsjV_0R04mlWztYLJhjUa0IV8orUo-qNEJzW9HxlRTty1A5LLeUFS_o-HvIQrwXADWASSvddshBr9JPND2MxViEm_cGaJcSSNBS1tVgvST1lypg880LNiAYBgAes1KRBqAemvhvYBwE&num=1&cid=CAASEuRoeFIOs4fuO_A-oS9rCi8LGA&sig=AOD64_1FVZEry-r02wGxrcVN1xzUFM8A4A&client=ca-pub-7621742700180041&adurl=http://premioliterario.logosofia.org.brhttps://www.googleadservices.com/pagead/aclk?sa=L&ai=Crs_OcHRlV46jHo2fxATmjq6ICIaC6YBF9JXw0t0CwI23ARABIOLvgQJgzdDjgIADoAG8q9u-A8gBAakCqXZlHYCfkz6oAwHIA8MEqgTCAU_Q-6B7bOmWSo3ZOuZY_9uJA0osvLhv_8rIIeuR7HrzZQhQvOjRL63o2M39NgYkj3tH8s3A_WH7g9Wu8162YEDqtY_TfQkhXrCsc5OzpRTL-abU6Myxvnzfx8AWim2qHPkJw6gMm0yHQ9L-zsjV_0R04mlWztYLJhjUa0IV8orUo-qNEJzW9HxlRTty1A5LLeUFS_o-HvIQrwXADWASSvddshBr9JPND2MxViEm_cGaJcSSNBS1tVgvST1lypg880LNiAYBgAes1KRBqAemvhvYBwE&num=1&cid=CAASEuRoeFIOs4fuO_A-oS9rCi8LGA&sig=AOD64_1FVZEry-r02wGxrcVN1xzUFM8A4A&client=ca-pub-7621742700180041&adurl=http://premioliterario.logosofia.org.brhttp://www.efdeportes.com/
  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    2/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 2/21

    Relacional CIAR. Em seguida, tecemos algumas crticas ao quadro comparativo apresentado pela escola entre a maneira como eladesenvolve seu trabalho e as diferenas que possui com o ensino tradicional.

    Ao longo do trabalho, percebemos a necessidade de um item que abordasse o Ensino Fundamental propriamente dito cuja funocompreende a localizao e descrio do ensino fundamental de acordo com a lei que rege a educao brasileira, a LDB (Lei deDiretrizes e Bases da Educao Nacional), promulgada em 20 de dezembro de 1996, a qual vigora desde sua publicao em 23 dedezembro do mesmo ano.

    De igual forma, dispomos uma parte do trabalho para discorrer sobre a educao e a instituio escola, em virtude das nossasprprias vivncias no interior da escola pblica e das crticas dos autores, Lapierre e Aucouturier, sobre a maneira como aquela possuisua funo deturpada e esta lida com a transmisso do saber, enfatiza o intelectualismo e, concomitantemente, no desenvolve aspotencialidades da criana. Para os autores referidos, a escola est muito longe de ser um ambiente harmonioso, no-invasivo erespeitoso para com a criana, com a maneira como a mesma se movimenta e demonstra seus prazeres.

    Em ambiente escolar tradicional, a criana tolhida, uma vez que so tolhidas suas possibilidades sobre o seu modo de ser. No

    seria, ento, o momento de pensar1 uma escola que seja verdadeiramente de base psicomotora? Nesse sentido, qual seria o objetivode uma educao psicomotora de abordagem relacional? Essas so duas das questes suscitadas pelo livro que se pretende exortadordo "desejo de movimento, desejo de agir, desejo que permite ascender criao, depois s formas mais simbolizadas da ao, taiscomo a expresso plstica, verbal ou matemtica que so os movimentos do pensamento" (p.31).

    Estamos cientes de que este artigo no se pretende finito, acima de tudo porque trabalhamos com um nmero pequeno de autores,os quais possuem concepes distintas acerca da Psicomotricidade. Irrefutavelmente essas teorias so igualmente importantes paranossa compreenso dessa cincia encruzilhada, que, segundo Eduardo Costa, possui sua prpria essncia multifacetada, j que emcada proposta de trabalho psicomotor esto presentes tcnicas de interveno muito variadas, (que) foram criadas e disseminadaspelos tericos e praticantes da Psicomotricidade como: Ramain, Lapierre, Desobeau, Aucouturier, Saboya, Morizot, Cabral, Lovisaro,Thiers, dentre outros.

    Apenas comeamos a trilhar o caminho da via psicomotora (relacional), mas j comungamos com o professor Eduardo Costa: Formarum psicomotricista antes de tudo proporcionar ao futuro profissional condies para construir, atravs das formaes terico-prticas-pessoais, sua forma de ajuda, sempre original, por estar calcada na criatividade e singularidade de cada um de ns.

    O Ensino Fundamental e a Lei de Diretrizes e Bases da Educao

    De acordo com a LDB, a educao abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivncia humana, no

    trabalho, nas instituies de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizaes da sociedade civil e nas manifestaes culturais.

    O grupo acredita que o objetivo principal da educao com base no artigo 22 da LDB desenvolver os educandos. Para atingir esteobjetivo, ela busca garantir a formao comum indispensvel para o exerccio da cidadania, fornecendo meios para eles progredirem notrabalho e nos estudos posteriores.

    Segundo o artigo 32 da LDB, o ensino fundamental obrigatrio, com durao de 9 (nove) anos gratuito na escola pblica, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, ter por objetivo a formao bsica do cidado, mediante:

    O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios bsicos o pleno domnio da leitura, da escrita e do clculo

    A compreenso do ambiente natural e social, do sistema poltico, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta asociedade

    O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisio de conhecimentos e habilidades e a formao deatitudes e valores

    O fortalecimento dos vnculos de famlia, dos laos de solidariedade humana e de tolerncia recproca em que se assenta a vidasocial.

    O Ensino Fundamental e o Estatuto da Criana e do Adolescente

    O estatuto da criana e do adolescente busca garantir a efetivao dos direitos referentes vida, sade, alimentao, educao, ao esporte, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar ecomunitria das crianas e adolescentes brasileiras. Procurando assegurar que nenhuma criana ou adolescente seja objeto de qualquerforma de negligncia, discriminao, explorao, violncia, crueldade e opresso. Punido na forma da lei qualquer atentado, por ao ou

    omisso, aos seus direitos fundamentais.

    Segundo o artigo 15 do ECA, a criana e o adolescente tm direito liberdade, ao respeito e dignidade como pessoas humanas emprocesso de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituio e nas leis.

    Portanto, as escolas de ensino fundamental precisam garantir esses direitos aos seus educandos em consonncia com o que diz o

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    3/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 3/21

    artigo 16, quando cita o direito liberdade, com base nos seguintes aspectos:

    Ir, vir e estar nos logradouros pblicos e espaos comunitrios, ressalvadas as restries legais

    Opinio e expresso

    Crena e culto religioso

    Brincar, praticar esportes e divertir-se

    Participar da vida familiar e comunitria, sem discriminao

    Participar da vida poltica, na forma da lei

    Buscar refgio, auxlio e orientao.

    O ECA nos alerta que no dever s da escola assegurar os direitos das crianas e dos adolescentes. dever de todos prevenir aocorrncia de ameaa ou violao dos direitos deles, zelando sempre pela dignidade, pondo-os a salvo de qualquer tratamentodesumano, violento, aterrorizante, vexatrio ou constrangedor. E cabe ao Estado assegurar criana e ao adolescente:

    Ensino fundamental, obrigatrio e gratuito, inclusive para os que a ele no tiveram acesso na idade prpria

    Acesso aos nveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criao artstica, segundo a capacidade de cada um

    Atendimento no ensino fundamental, atravs de programas suplementares de material didtico-escolar, transporte, alimentaoe assistncia sade.

    E para finalizar todos deve saber que as crianas e os adolescentes tm direito a informao, cultura, lazer, esportes, diverses,espetculos e produtos e servios que respeitem sua condio peculiar de pessoa em desenvolvimento.

    Tericos da Psicomotricidade

    Jean Le Boulch

    Aporte: Livro-texto Educao Psicomotora: a psicocintica na idade escolar

    A sublime tarefa de educar pelo movimento humano se repete a cada momento fecundo, reconstruindo toda a

    histria do corpo. Conquista a herana dessa possibilidade somente quem a todo dia a reconquista.

    Fernando Athayde

    O francs Jean Le Boulch, afirma que a corrente educativa da Psicomotricidade surgiu na Frana, em 1966, pela fragilidade daEducao Fsica, pelo fato dos professores de educao fsica no conseguirem desenvolver uma educao integral do corpo. Para ele,muitos desses professores centravam sua prtica pedaggica nos fatores ligados execuo dos movimentos, tendo como principalobjetivo de sua ao educativa chegar perfeio desses movimentos, de forma mecnica. (LE BOULCH, 1983).

    Segundo Soares (1996), a Psicomotricidade na Educao Fsica das escolas brasileiras foi o primeiro movimento mais articulado apartir da dcada de setenta. Neste movimento o interesse da educao com o desenvolvimento da criana juntamente com o ato deaprender, atravs dos processos cognitivos, afetivos e psicomotores ou seja, buscando a formao integral dos educandos, procurandoromper o dualismo cartesiano corpo-alma, integrando assim o movimento na formao da personalidade humana.

    O que ?

    Le Boulch (1987) define Psicomotricidade como uma cincia que estuda as condutas motoras por expresso do amadurecimento edesenvolvimento da totalidade psicofsica do homem, procurando fazer com que os indivduos descubram o seu corpo atravs de umarelao do mundo interno com o externo e a sua capacidade de movimento e ao. E dessa forma, permitir tanto ao adulto como criana expressar as suas aes e movimentos de forma harmoniosa, utilizando o seu corpo.

    Por que se faz?

    A educao psicomotora de Le Boulch (1983) justifica sua ao pedaggica colocando em evidncia a preveno das dificuldadespedaggicas, dando importncia a uma educao do corpo que busque um desenvolvimento total da pessoa, tendo como principal papelna escola preparar seus educandos para a vida. Utiliza mtodos pedaggicos renovados, procurando ajudar a criana a se desenvolver

    da melhor maneira possvel, contribuindo dessa forma para uma boa formao da vida social dos educandos. Para atingir esse objetivo,a educao psicomotora procura trabalhar como foi descrito acima, na preveno de problemas de dificuldades escolares de vriasorigens, como: afetividade leitura e escrita ateno lateralidade e dominncia lateral matemtica e funes cognitivas socializao etrabalho em grupo.

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    4/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 4/21

    A educao psicomotora no ensino fundamental tem trs objetivos principais (op. cit., p.43), que so:

    Enfatizar a aquisio de certo nmero de conhecimentos e de habilidades, atravs de uma transmisso cultural

    Manter e desenvolver as possibilidades de descoberta, criao e imaginao da criana

    Trabalhar no modo de aquisio, desenvolvendo as possibilidades funcionais da criana tanto no plano fsico como no intelectual.

    A partir desses trs objetivos, h uma busca no desenvolvimento psicoafetivo funcional metdico e aquisies instrumentais e deconhecimentos. Onde no primeiro so trabalhados os jogos e expresses motoras espontneas, e atividades artsticas no segundo, a

    educao psicomotora metdica utiliza atividades despertadoras e no ltimo trabalhado a escrita, leitura, clculo e matemtica,habilidades motoras utilizadas nos esportes e o conjunto dos conhecimentos escolares. (Idem)

    Como se faz?

    Para Le Boulch (1983), o objetivo principal da educao pelo movimento no ensino fundamental contribuir para o desenvolvimentopsicomotor dos educandos e para atingir este objetivo, eles dependem ao mesmo tempo das suas evolues das personalidades e dosseus sucessos escolares. A Psicomotricidade nesta concepo trabalha com base no esquema e imagem corporal o autor afirma queesquema corporal a organizao das sensaes relativas ao seu prprio corpo em relao com os dados do mundo exterior.

    Segundo Santos (2001), Le Boulch apresenta quatro etapas de desenvolvimento do esquema corporal: corpo submisso (0 a 2 meses)corpo vivido (2 meses a 3 anos) corpo descoberto ou percebido (3 a 6 anos) e corpo representado (6 a 12 anos).

    Tendo na etapa do corpo submisso os movimentos estritamente automticos, sendo de origem inata (reflexos e automticos) naetapa do corpo vivido a criana comea a tomar conscincia de seus movimentos, tendo como caracterstica um comportamento motorglobal com repercusses emocionais fortes e mal controlados na etapa do corpo descoberto ou percebido ela vai descobrindo o seucorpo e comea a estruturar o seu esquema corporal, a partir do desenvolvimento da interiorizao, localizao e controle dosmovimentos e na etapa do corpo representado a criana dispe de uma imagem mental do corpo em movimento, permitindo umaverdadeira representao mental de uma sucesso motora. (Idem)

    O trabalho da educao pelo movimento baseada em Le Boulch est centralizado na relao do esquema e imagem corporal e dessamaneira, o autor acredita que a imagem corporal um conceito til no plano terico, porque a partir dela se torna mais fcil acompreenso e o acompanhamento do desenvolvimento psicomotor durante as diversas etapas que envolvem esse processo. Por isso, otrabalho de desenvolvimento psicomotor de Le Boulch apresenta algumas etapas que so: do corpo imaginrio imagem do corpooperatrio imagem do corpo e estruturao espao-temporal e do ajustamento global ao ajustamento com representao mental. (LE

    BOULCH, 1983)

    Na primeira etapa, como o nome j diz, a criana est comeando a desenvolver a sua imagem do corpo, que tem seu incio por umlado, de contedos fantasmticos e do outro, com uma imagem figurativa, sendo ainda imprecisa, que vai amadurecendo com o tempoatravs da confrontao com o real. Logo em seguida aparece a etapa da imagem do corpo e da estruturao espao-temporal, ondecomea a acontecer a descentralizao da criana e o incio das representaes mentais dos eixos, onde ela comea a ter noes deesquerda e direita, de acima e abaixo e de diante e atrs. E de reconhecimento de figuras geomtricas, ocorrendo atravs daexplorao dos objetos pelo estudo dos movimentos visuais. Na ltima etapa, que do ajustamento global ao ajustamento comrepresentao mental, a criana est enriquecendo o seu esquema corporal, e por isso, comea a ter condies de modificar oselementos de um movimento em automatismos bem estabilizados, tornando-se capaz de tomar certa distncia em relao ao objetoprtico do movimento para voltar sua ateno perceptiva sobre as modalidades da ao, desenvolvendo dessa maneira sua percepocinestsica. (Idem)

    Nos anos finais do ensino fundamental, a educao psicomotora utiliza as situaes-problemas para trabalhar as funes perceptivas,que so as funes de interiorizao, percepo e estruturao do espao, e a percepo temporal. Busca melhorar e reforar certosfatores de execuo, como a fora muscular, a flexibilidade articular, velocidade, resistncia e tolerncia e ainda procura melhorar assolues posturais e gestuais utilizando tambm os jogos com regras e jogos esportivos, e por ltimo as atividades de expressortmica. (Idem)

    Com quem se faz?

    A educao psicomotora de Jean Le Boulch aplicada no ensino fundamental destinada s crianas de seis a doze anos, atuandotambm com crianas com algum tipo de dificuldades escolares, ajudando-as a se desenvolver da melhor maneira possvel tendo comoobjetivo uma preparao para a vida social desses educandos.

    Onde se faz?

    A educao psicomotora no ensino fundamental aplicada na escola, em uma quadra, campo, ou em um espao que permita estaprtica. Podendo ser desenvolvida por psicomotricistas, professores de Educao Fsica ou de outras reas da educao.

    Le Boulch em seu livro: educao psicomotora: a psicocintica na idade escolar, no especifica seu trabalho a um profissional que

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    5/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 5/21

    tenha uma formao em Psicomotricidade. Acreditamos que ele tenha desenvolvido sua prtica mais direcionada escola e para osprofessores de Educao Fsica.

    A relao da Psicomotricidade com a Educao Fsica

    Segundo Ferreira (2006), existem trs formas de utilizao das abordagens de Educao Fsica e Psicomotricidade. H os queacreditam no ser possvel diminuir o impacto entre o conflito dessas duas abordagens, pois h uma ligao destas com o modo prpriode ver o mundo de cada abordagem, portanto o educador deve utilizar apenas uma delas. Na segunda postura, a da tolerncia aotrabalho com os dois mtodos, utilizando-se em uma abordagem Psicomotora recursos da Educao Fsica ou o inverso. Uma terceirapostura a liberdade de utilizao de conceitos, sem a presena de dualismos, articulando as duas abordagens. Desta forma, autilizao destas abordagens depender do educador.

    Ferreira (op. cit.) alerta que preciso desmistificar a no aproximao entre a Psicomotricidade e a Educao Fsica nos meiosacadmicos, sendo comum observar preconceitos quanto utilizao mtua das abordagens, encontrando defensores ferrenhos, mastambm encontrando aqueles que experimentam as duas abordagens, como um mtodo prevalecendo sobre o outro.

    Ferreira (op. cit.) entende que a Psicomotricidade e a Educao Fsica no so incompatveis, elas podem ser integradas e que aoinvs de serem inimigas podem ser instrumentos auxiliares, a juno de uma metodologia com a outra, no se faz impossvel, poisambas podem se auxiliar e se completar. E para finalizar seu artigo, Heraldo Ferreira faz uma comparao entre a Educao Fsica e aPsicomotriidade com o romance de Romeu e Julieta, falando que da mesma forma que as abordagens citadas, os dois no soincompatveis somente por suas origens familiares (Seriam os Montecchios corporais? Seriam os Capuletos intelectuais?). O casal secompleta em seu objetivo: o amor (as abordagens referidas tambm podem se completar em seu objetivo: promover a juno entre o

    movimento e o pensamento). Por fim, ao invs de inimigos, Montecchios e Capuletos poderiam se auxiliar e juntos teriam encontradorespostas para suas perguntas, assim como a Psicomotricidade e a Educao Fsica.

    J o professor Fernando Athayde (1998) diz que para ele a relao da Psicomotricidade com a Educao Fsica se baseia em umasinergia, palavra derivada do grego synerga, cooperao sn, juntamente com rgon, trabalho. definida como o efeito ativo eretroativo do trabalho ou esforo coordenado de vrios subsistemas na realizao de uma tarefa complexa ou funo.

    Athayde (op. cit.) acredita que entre as duas reas deve haver uma migrao, porque as duas abordagens trabalham no contexto dacultura, da condio humana, ligados ao contexto histrico-cultural que a forma com que o homem se expressa e atua paramaterializar o seu pensamento, sendo essa materializao um processo cultural.

    Pierre Vayer

    Aporte: Livro-texto A criana diante do mundo

    O que ?

    A Educao Psicomotora, segundo Vayer (1986), faz parte das aes educativas, pois uma modalidade educativaglobal, que comporta mltiplas atividades que seguem em etapas sucessivas necessrias a toda criana.

    O autor insiste, particularmente, sobre a educao do esquema corporal.

    A conscincia do seu corpo, suas mobilizaes e suas possibilidades de ao esto estreitamente associadas a todaeducao psicomotora entretanto, indispensvel conceber toda uma educao do esquema corporal integrada nestaeducao geral do ser atravs de seu corpo, que a Educao Psicomotora.

    Por que se faz?

    O trabalho da psicomotricidade no Ensino fundamental favorece as aprendizagens escolares.

    Em toda a atividade humana o ser interior est sempre concernido. Com efeito, o corpo a referncia permanente, e aao corporal, o princpio de todo conhecimento e de toda comunicao, ento, de todo o desenvolvimento.

    Como se faz?

    O exerccio no tem significao em si mesmo a forma atravs da qual a criana aborda a situao, na forma emque se vive, no que faz, expressa e possui. Tudo isso realmente tem significao.

    As atividades podem ser:

    Em seqncia

    Seguindo etapas sucessivas

    Conduzindo integrao da educao e do EGO corporal.

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    6/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 6/21

    O Material pode ser variado, proporcionando imensas situaes.

    O desenvolvimento da conscincia de si feito no contato do corpo com o solo (referncia e segurana) atravs desituaes vividas por ela mesma e guiada pelo educador, que adota vocabulrios e imagens trazidas pelas prpriascrianas.

    Onde se faz?

    Faz-se na escola. Concebendo sesses ou encontros centrados na organizao do EGO.

    As atividades podem ser vivenciadas a partir de atividades diferentes, que podem estar associadas atividade grficaou atividade de cores jogos de expresso, realizadas de modo dinmico ou funcional.

    Com quem se faz?

    Com o grupo de crianas. Para que as atividades de ao tenham uma significao, importante que ela, tambm, sejaelaborada pelas prprias crianas.

    Para que a educao corporal tenha uma significao para a criana necessrio que ela faa parte integrante dasatividades do grupo ou da classe e preciso que as interaes e as inter-relaes, s quais elas conduzem, no sejamdeterminadas, somente pelo adulto, mas, igualmente, pela criana ou pelo grupo. A presena do adulto vai contribuir pararegular o conjunto das atividades.

    Vtor da Fonseca

    Aporte: Livro-texto Psicomotricidade: psicologia e pedagogia

    Vitor Fonseca nasceu em Portugal, Professor Catedrtivo do Departamento de Educao Especial e Reabilitao daFaculdade de Motricidade Humana, na Universidade Tcnica de Lisboa Portugal. Desenvolveu seu mestrado, noconsultrio mdico - Psicopedaggico, orientado pelo mdico Arquimedes da Silva Santos, consagrado psiquiatra -pedagogo, portugus.

    Desde o doutoramento, em 1985, em Neuropsicologia da Psicomotricidade, at os dias de hoje, exerce as funes dedocente das disciplinas de Perturbaes do Desenvolvimento, Pscicomotricidade e Dificuldades de Aprendizagens.

    O que ?

    Segundo Fonseca (1988, p.12), a psicomotricidade constitui uma abordagem multidisciplinar do corpo e da motricidadehumana. Seu objetivo o humano total em suas relaes com o corpo, sejam elas integradoras, emocionais, simblicasou cognitivas, propondo-se desenvolver faculdades expressivas do sujeito.

    Por que se faz?

    Segundo Fonseca (op. cit., p.368), a psicomotricidade um meio inesgotvel de afinamento perceptivo-motor, que peem jogo a complexidade dos processos mentais para a polivalncia preventiva e teraputica das dificuldades deaprendizagem.

    Nesse sentido, a psicomotricidade assume uma nova tica psicopedaggica, de caractersticas marcadamentepreventivas, o que lhe confere um papel importantssimo no contexto educativo-social.

    A psicomotricidade constitui uma medida preventiva essencial, suscetvel de facilitar criana a mudana decomportamento que as aprendizagens escolares impem. A sua importncia situa-se antes num terreno de crtica social,que pretende analisar e diagnosticar quais os obstculos familiares e sociais que impedem o desenvolvimento global dacriana, onde a evoluo do esquema corporal da estruturao espao-temporal e da maturao psicotnica ocupam umlugar infra- estrutural de toda a atividade psquica superior.

    Na concepo de Fonseca (op. cit., p. 368), constatamos a sua preocupao com as dificuldades escolares (dislexias,as discalculias, as disgrafias as disortografias), ou melhor, as epidemias das escolas que so conseqncia de umadeficincia de adaptao psicomotora, que engloba problemas de desenvolvimento motor de dominncia lateral, deorganizao espacial, da construo prxica e da estabilidade emotiva-afetiva, que se podem projetar em alteraes docomportamento da criana.

    Como se faz?

    Fonseca (op. cit., p. 368), trabalha com o Conceito Instrumental. Dividindo as suas sesses psicomotoras em 4 etapas:

    1. formao de grupo

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    7/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 7/21

    2. motivao (ex: histria, gincana)

    3. Apresenta e coordena os jogos

    4. Avaliao:

    Avaliao do aluno (representao/ construo)

    Avaliao do professor.

    Onde se faz?

    Para Fonseca (op. cit., p. 368), o trabalho psicomotor realizado nas escolas, clnicas e clubes.

    Com quem se faz?

    Carter preventivo (para alunos que no apresentam dificuldade escolar).

    Terapia Psicomotora (para alunos com problemas de aprendizagem - exemplo: dislexia, a disortografia, a disgrafia,a discalculia).

    Tem um olhar para portadores de necessidades especiais.

    Escala de pontos da BPM:

    Perfil Superior Bom (Hiperprxico) - A criana no apresenta dificuldades de aprendizagem especfica,apresentando preciso.

    Perfil Normal (Euprxico) - Trata-se de crianas sem problemas psicomotores, com execuo e regularidadeadaptativa. Pouco provvel que apresentem dificuldades de aprendizagem ou disfuno cerebral mnima, no sendoexclusiva esta concluso.

    Perfil Disprxico (Disprxico) - Trata-se de crianas com dificuldades de aprendizagem ligeira com presena de umou mais distrbios. Deficincia no ajustamento e continuidade das tarefas motoras propostas. Dificuldades deexecuo e de coordenao.

    Perfil Deficitrio (Aprxico)- Trata-se de crianas com dificuldades de aprendizagem significativa. Manifestaes de

    problemas no equipamento neuro-fisiolgico. Registro de perturbaes psicomotoras.

    Segundo Fonseca (op. cit., p. 368), a identidade da Psicomotricidade e a validade dos conceitos que empregam para selegitimar revelam uma sntese inquestionvel entre o afetivo e o cognitivo, que se encontram no motor. a lgica dofuncionamento do sistema nervoso, em cuja integrao maturativa emerge uma mente que transporta imagens erepresentaes e que resulta de uma aprendizagem mediatizada dentro de um contexto scio-cultural e scio-histrico.

    Andr Lapierre & Bernard Aucouturier

    Aporte: Livro-textoA Simbologia do M ovimento: Psicomotricidade e Educao

    Sonhamos com uma escola onde a criana no tenha mais necessidade de recreaes...

    Lapierre & Aucouturier

    preciso trabalhar para sair do impasse dentro do qual se fechou o ensino atual, com suas falsas solues da seleo precoce, dasegregao, do ensino dito de adaptao, das reeducaes especficas, etc. solues que no levam seno a salientar o fracasso do

    ensino e, o que mais grave, da educao.

    Lapierre & Aucouturier

    O que ?

    Para Lapierre e Aucouturier, na obraA Simbologia do Movimento: Psicomotricidade e Educao, a Psicomotricidade Relacional umaprtica corporal especfica que permite o convite autonomia criativa. Sendo as qualidades essenciais dessa abordagem pedaggica adisponibilidade, o respeitoe a aceitao.

    No livro referido, os autores valorizam a simbologia dos gestos, ou seja, o estudo e a interpretao dos smbolos contidos no gestodos seres humanos. Esse simbolismo do gesto valorizado em sua significao primitiva. Da ser a maneira de se movimentar, demanifestar qualquer atitude e/ou ao muito importante para a compreenso dos sujeitos.

    Baseada numa Pedagogia do respeito e da descoberta, a Psicomotricidade no ensino fundamental, segundo Lapierre e Aucouturier,

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    8/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 8/21

    um trabalho psicopedaggico autntico, no qual mais do que mtodos, procedimentos e tcnicas preestabelecidas, sua determinao sed pelas intenes e atravs da premissa "S se transmite bem aquilo que se vive". Os psicomotricistas auxiliam as crianas em seuprocesso de aprendizagem. Esta constituda por um trip, cujos elementos so: o afeto, a cognioe a motricidade.

    Os objetos so relevantes porque propiciam um asseguramento por parte da criana: o fato de uma criana lanar um objeto emdiferentes direes, por exemplo, possibilita que sejam construdas projees, nas quais a criana encontrar o outro, tendo comoconseqncia um engajamento nas atividades de trocas.

    Em contexto relacional, porque prioriza a importncia da vida em grupo, essa prtica pedaggica ser uma pesquisa permanente:aberta criatividade das crianas, observao e anlise de seus comportamentos e prpria criatividade dos autores em questo,os quais propem novas direes de pesquisa s crianas (e aos adultos) com o intuito de sondar seus reais interesses.

    Essa prtica permite o convite autonomia criativa. Nesse sentido, torna-se imprescindvel repensar tanto a escola tradicional quantoa formao dos educadores. Pois somente invertendo os valores, priorizando o serao invs do ter, ou seja, concentrando a atenono processo de evoluo da pessoa que ser concebida em sua integralidade as etapas da evoluo do movimento sero vistas noplano simblico do movimento vivenciadoe no num plano neuro-motor ou cognitivo.

    Lapierre e Aucouturier se distanciam em relao ao escolar, em relao ao ensino tradicional, ao seu intelectualismo verbal e a suaproblemtica de transmisso sistemtica de um saber.

    A Simbologia do Movimento busca valorizar o simbolismo do gesto, sua significao primitiva, expondo o carter da prticapsicomotora de ser ela mesma uma forma de simbolizao. Sendo importante ressaltar que os autores no esto subordinados a

    nenhuma escola de pensamento, apesar de se apropriarem de algumas teorias de Freud, Wallon, Piaget, Rogers, Lacan e de muitosoutros, alm de buscarem conceitos etolgicos, ontogenticos, filogenticos ou existenciais. A educao vista como o desenvolvimentodas potencialidades prprias de cada criana, sentido amplo que permite a no existncia da reeducao, fazendo com que tudo setorne educao.

    O contexto relacional, que o eixo de toda prtica relacional, na qual o psicomotricista deve possuir a capacidade de disponibilidade,de escuta permanente do outro. Essa escuta, segundo os autores citados, permitir um ajustamento recproco e constante. Fato quegerar acordos, os quais podem ser de alternncia, de complementariedadee de cooperao, colaborao.

    Esse contexto muito importante, pois, existe na dinmica da relao (com o) outro um aspecto da comunicao que deve serdesenvolvido. Visto que o outro percebe o que do nosso "sai" (expresso utilizada pelos autores), podendo reencontrar, contrariar e atprolongar essas direes percebidas.

    Embora toda prtica psicomotora seja uma forma de simbolizao, a prtica psicomotora relacional a que mais privilegia asimbologia dos gestos e, tal como mencionam Lapierre e Aucouturier, a criao de uma harmonia de comunicao, onde o acordoperfeito s se realiza, com todo seu valor emocional quando, como o dizem as crianas, "no se sabe mais quem comanda".

    Por que se faz?

    A relevncia de um trabalho srio de Psicomotricidade Relacional no ensino fundamental se d pelo fato de que, afirmam Lapierre eAucouturier, preciso oferecer criana um meio pedaggico coerente, sem o que arriscamos acentuar sua inadaptao a uma escolaque , ela mesma, inadaptada.

    Os autores defendem, coerentemente, a formao de indivduos diferentes, capazes de se integrar evoluo e dela participar e nose submeter a ela ou rejeit-la. Procurando, desse modo, o desenvolvimento de uma agressividade construtiva manifestada pela

    ascenso de responsabilidade no seio do grupo. Lapierre e Aucouturier, atravs de suas observaes pessoais, colocaram como princpio geral o primado do afetivo sobre o racional,do inconsciente sobre o consciente fato que justifica em grande parte a conduta pedaggicade ambos. Afirmando que tudo o que foiapenas memorizado fora do crtex, sem ter despertado o eco emocional, apenas um parasita da memria. O esquecimento ento um sinal de sade mental.

    Como se faz?

    Esperando uma nova via pedagogia, Lapierre e Aucouturier procuram uma estrutura que permita integrar as diferentes etapas daevoluo da vivncia motora, partindo da origem mais primitiva do movimento vital para ir em direo de formas mais evoludas e maisabstratas. Eles elaboraram sua teorizao a partir de suas prprias experincias com adultos e crianas sempre que possvel emcontexto relacional, uma vez que a vida em grupo uma dimenso essencial. Por conta disso, salvo com crianas muito perturbadas,

    evita-se ao mximo as reeducaes individuais.

    Os autores abandonam o modelo mdico diagnstico, prescrio, tratamento em que esto pautados todos os estabelecimentosda reeducao. Dessa forma, eles substituem reeducao por educao concebida em seu sentido amplo: Educao para ambos o"desenvolvimento das potencialidades prprias da criana" (p.14) e, por extenso, de cada ser humano.

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    9/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 9/21

    A conduta dos autores apresenta-se a partir de suas experincias pedaggicas com crianas (e adultos) que gerou a elaborao desua teorizao, possibilitando a evoluo da mesma. Suas observaes pessoais os levaram a colocar como princpio geral o primado doafetivo sobre o racional, do inconsciente sobre o consciente .

    Nutrindo-se de dialtica constante entre pensamento e ao, a (re)educao psicomotora aplicada pelo psicomotricista. Comomencionado, o psicomotricista age com colaborao estreita dos professores das classes especializadas e a criana vive suasdificuldades no "grupo-classe", pois do professor e de seus colegas que ela recebe a sua imagem.

    Lapierre e Aucouturier traam o seguinte caminho:

    Da imobilidade ao movimento, do silncio ao rudo, talvez ao grito.

    De dentro para fora, com esse prazer, essa alegria de reaparecer e passaremos ao mesmo tempo do quente ao frio e docontato envolvente ao abandono desse contato.

    Da escurido luz.

    Do pequeno ao grande com o desenvolvimento progressivo de sua capacidade conquista do espao.

    Do fraco ao forte, atravs da afirmao progressiva do movimento, do som, da luz.

    Do lento ao rpido, atravs do movimento, do som, do ritmo.

    Do relaxamento tenso.Iremos do horizontal vertical.

    Da solido ao encontro do outro, dos outros.

    No h para os autores uma tcnica especfica e rgida de (re)educao psicomotora. Mesmo porque, eles defendem que tudo podeser questionado o erro considerado uma etapa necessria da evoluo e, por isso, deve ser desculpabilizado. O educador deveformar-se atravs da autocrtica e deve estar disponvel constantemente ao presente, a si prprio, a seu prprio corpo, ao objeto, aoespao, ao outro buscando sempre se encontrar atravs da vivncia simblica das diferentes etapas de integrao do movimento .

    Onde se faz?

    A obviedade nos leva a dizer que a Psicomotricidade Relacional, no Ensino Fundamental, se faz na escola. Porm, e infelizmente, no

    h na escola tradicional um trabalho de base psicomotora2. O que ocorre no ambiente escolar tradicional, se ocorre, umapsicomotricidade muito mecanicista que se esfora por separar as noes racionais de organizao do espao e do tempo o seucontexto emocional.

    Algumas poucas escolas brasileiras j implementaram a abordagem relacional sua grade curricular, haja vista a escola curitibanaTerra Firme, que exemplificaremos neste trabalho, e os exemplos das escolas Colgio Positivo (Curitiba/PR) Escola Interpares(Curitiba/PR) Casa da Tia La (Fortaleza/CE) Casa de Criana (Fortaleza/CE) Espao Infantil (Fortaleza/CE) e Meu Cantinho(Itaja/SC).

    Na maioria das vezes, a instituio escola ainda muito tradicional, o que significa dizer que a escola oferece inmeros obstculos criana, haja vista que sua pedagogia normativa de base racionalizada pretende submeter a criana ao desejo e ao julgamentoconstante do adulto. Seria, ento, uma grande contradio a existncia de uma psicomotricidade relacional dentro de um ambiente

    escolar tradicional, mesmo porque este impossibilita o que Lapierre e Aucouturier chamam de expresso verdadeira da criana,

    momento no qual a vida no mais controlada, vigiada .3

    Com quem se faz?

    Quem aplica a (re)educao psicomotora o psicomotricista. Este age com colaborao estreita dos professores das classesespecializadas e a criana vive suas dificuldades no "grupo-classe", pois do professor e de seus colegas que ela recebe a sua imagem.Lapierre e Aucouturier defendem o contexto relacional, porque ele propiciador de uma madura "relao com o Outro", o que por suavez possibilita ao sujeito reencontrar uma liberdade real e que no mais oposio, mas independncia e disponibilidade . Dessa forma,o trabalho de Educao Psicomotora de Lapierre e Aucouturier pode ser colocado disposio tanto das crianas quanto dos adultos.

    Vale ressaltar o j dito: Educao para ambos o desenvolvimento das potencialidades prprias da crianae, por extenso, de cada serhumano.

    Sobre educao psicomotora na escola

    Para Lapierre e Aucouturier, a escola fabrica inadaptados, uma vez que ao invs de aceitar a dinmica do desejo e de ajud-la aevoluir, ela a recusa e a culpabiliza, no deixando outra escolha expresso das pulses a no ser o sintoma .

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    10/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 10/21

    Eles concebem a educao como o desenvolvimento das potencialidades prprias de cada criana . Esse sentido amplo acerca daeducao permite que substituam a reeducao por educao.

    Os autores afirmam que: preciso trabalhar para sair do impasse dentro do qual se fechou o ensino atual4, com suas falsas soluesda seleo precoce, da segregao, do ensino dito de adaptao, das reeducaes especficas, etc. solues que no levam seno salientar o fracasso do ensinoe, o que mais grave, da educao.

    As normas de pensamento da escola tradicional possuem estruturas inadequadas e nocivas, a saber:

    I.As estruturas institucionais da escola so obstculos para uma educao de base psicomotora, pois so estruturas segregativas eelitistas, as quais limitam toda evoluo psicopegaggica profunda

    II. Outro obstculo educao de base psicomotora so as resistncias encontradas na criana diante de toda pedagogia normativade base racionalizada que pretende submeter a criana ao desejo e ao julgamento constante do adulto .

    Com base no referido, Lapierre e Aucouturier se distanciam em relao ao escolar, em relao ao ensino tradicional, ao seuintelectualismo verbal e a sua problemtica de transmisso sistemtica de um saber. Os autores, num momento que intitulam etapaepistemolgica, questionam, a partir da constatao do fracasso da escola elementar, de suas experincias, outro processo baseado naao motora, na ao corporal e espontaneamente vivida para chegar a uma pedagogia do respeito e da descoberta .

    Pois, o corpo em movimento, na sua agitao emocional e criativa, no admitido na escola seno durante o recreio quando oprofessor vigia e a rigor observa, evitando misturar sua autoridade a esses jogos pueris.

    Durante o curso de Psicomotricidade aprendemos que a aprendizagem possui um trip que a sustenta, o qual se constitui de afeto,cognio e motricidade. Martha Lovisaro, em apostila disponibilizada turma, menciona que para aprender (cognio), necessitamos de

    afeto (motivao) e de movimento (motricidade) 5. Nesse sentido, inegvel a importncia da Psicomotricidade para o processo deaprendizagem dos seres humanos e recus-la privar nossos alunos de um desenvolvimento sadio e completo.

    Lembremos que o presente artigo versa sobre a Psicomotricidade no ensino fundamental e uma indagao emerge: qual o contextoda escola dos nossos alunos? sabido que a maioria das crianas brasileiras estudam em escola pblica. Inclusive quase todos osmembros deste grupo atuam como docentes em instituies pblicas. E fica claro, atravs das nossas experincias, que a realidadeestrutural da sociedade se confirma no interior da escola pblica.

    Sobre isso, Dermeval Saviani diz que h na maioria dos pases da Amrica Latina o problema da marginalidade no qual as teoriaseducacionais concebem a educao ora como sendo um instrumento de equalizao social, portanto, de superao da marginalidadeora como um instrumento de discriminao social, logo, um fator de marginalizao .

    Assim, de acordo com cada uma dessas duas concepes cabe educao, se ela for autnoma em relao sociedade, garantir aconstruo de uma sociedade igualitria ou, se ela estiver ligada sociedade de classes dicotmicas, cumprir a funo de reforar adominao e legitimar a marginalizao. Saviani denomina a primeira concepo de "teorias no-crticas", uma vez que buscamcompreender a educao a partir dela mesma (a educao possui autonomia em relao sociedade), e a segunda de teorias crtico-reprodutivistas, pois elas se empenham em compreender a educao remetendo-a sempre aos determinantes sociais, estruturascio-econmica que condiciona a forma de manifestao do fenmeno educativo. Contudo, entendem que a funo bsica da educao a reproduo da sociedadee, por isso, no propem mudanas sociais.

    Bom seria se todas as crianas pudessem ser lderes de suas histrias, que a educao institucionalizada auxiliasse em suaspotencialidades. Nesse sentido, a escola Terra Firme desempenha um importante papel, na medida em que o tratamento que oferece

    s crianas, desde o berrio, atua na formao completa do sujeito. Muitas das atividades propostas pela Terra Firme so baseadas naabordagem relacional (emancipatria) do francs Andr Lapierre, como por exemplo, a utilizao de msica em atividades de ciranda,as quais suscitam nas crianas a livre expresso de movimentos atravs de danas variadas.

    O que nos incomoda, entretanto, o fato de, infelizmente, ser o exemplo da escola mencionada muito distante da realidade dasescolas brasileiras, principalmente as pblicas. essa a nossa crtica, porque o desenvolvimento de cada membro da sociedade acondio para o livre desenvolvimento de todos, tal como sugere a epgrafe deste item.

    Escola Terra Firme: exemplo de psicomotricidade relacional na escola

    O corpo fala e o corpo precisa falar.Andr Lapierre

    Na pgina do Centro Internacional de Anlise Relacional 6 CIAR encontramos a seguinte meno Psicomotricidade Relacional naEscola:

    Constitui-se como uma prtica educativa de valor preventivoque intervm de forma transdisciplinar, possibilitando aelevao do equilbrio dinmico do processo de ensino/aprendizagem. Enfoca as necessidades afetivas, sociais e cognitivas bsicas que

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    11/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 11/21

    envolvem a relao aluno x aluno, aluno x professor, professor x professor e famlia x escola, propiciando mudanas que levem conquista e ao desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisio de conhecimentos, habilidades e aformao de atitudes e valores ticos essenciais ao pleno exerccio da cidadania.

    Os objetivos da Terra Firme, muito prximos ao pensamento do psicomotricista francs Andr Lapierre, compreendem:

    Despertar para o prazer de aprender a aprender

    Potencializar a capacidade de criar e recriar situaes de aprendizagem

    Ampliar a capacidade de comunicao

    Prevenir dificuldades relacionais, emocionais, motoras e de aprendizagem

    Incentivar a auto-estima e facilitar a socializao

    Liberar as tenses e o stress contido nas relaes.

    Fazem parte do pblico alvo: os prprios educadores, alunos e pais de alunos.

    Estratgias de Desenvolvimento constituem-se atravs deVivncias Prticascom durao de 5 horas para adultos e de 2 horas nomximo para crianas e jovens (Utilizao do setting (ambiente) e material clssico da Psicomotricidade Relacional). A inteno daescola propiciar que o aluno vena suas dificuldades para, assim, tornar-se livre para aprender (aprendizagem) e para viver (vida).

    Essa educao prioriza a afirmao de Lapierre em defesa daqualidade do ser e no do ter. Abaixo, dispomos um quadro comparativo entre a Escola Terra Firme, que implementou em seu currculo a PsicomotricidadeRelacional e o ensino tradicional muito caracterstico da maior parte das escolas brasileiras:

    Quadro Comparativo:7

    Escola Terra Firme Ensino Tradicional

    A escola trabalha em cirandas. Numa ciranda todos os

    participantes danam uma mesma msica de diferentes formas,

    cada um do seu jeito, enriquecendo com a diversidade o

    contedo vivido.

    O ensino tradicional trabalha em maratona, onde o

    objetivo principal alcanar a linha de chegada,

    premiando e valorizando os vencedores.

    Professor um facilitador do processo de aprendizagem do

    aluno. Parte do princpio que cada um constri sua prpria

    aprendizagem.

    Professor o dono do saber e ensina o seu conhecimento.

    Currculo mais flexvel. Anlise constante de contedos

    buscando a qualidade. Currculo rgido buscando a quantidade de contedos.

    Integrao entre as disciplinas. Estabelecendo com isto relaes

    de conhecimento entre as mais diversas disciplinas.

    As matrias so individuais e no existe relao de

    conhecimento entre as mesmas.

    A avaliao diagnostica o conhecimento, procedimentos e

    atitudes. feita de forma contnua e diria atravs dos mais

    diversos meios de avaliao.

    A avaliao do aluno feita em forma de provas ou testes

    padronizados, semanais ou mensais visando a quantidade

    de contedos adquiridos.

    Atravs de projetos surgem inmeras possibilidades e seu

    principal objetivo a interdisciplinaridade. Desenvolvemos

    pesquisas, levantamento de hipteses, trabalhamos com grupos

    heterogneos estimulando a cooperao, respeito ao ritmo

    individual do aluno.

    Trabalhos de pesquisa visando a cpia e memorizao de

    contedos

    Nossa escola lida com o erro de uma maneira construtiva,

    partindo de um princpio Piagetiano que no fazer e refazer,

    constri um novo saber.

    A correo do erro feita pelo professor, sem a

    participao do aluno.

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    12/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 12/21

    Competio. Nossos alunos so preparados e estimulados para

    competir consigo mesmo pelo prazer de superar-se desafiando a

    si mesmo.

    O objetivo da competio vencer para superar o outro e

    ser premiado.

    Orientado pelo professor, o aluno utiliza fontes de pesquisa,

    literatura, jornais, revistas, reportagens investigativas e livros

    para criar seu prprio material didtico, criando assim um

    material bastante diversificado.

    O aluno utiliza apostilas ou livros didticos prontos,

    inquestionveis e fazem todos ao mesmo tempo a mesma

    tarefa.

    O ambiente escolar voltado s relaes interpessoais.

    Trabalhamos em salas ambientes com, no mximo, 20 crianas

    por turma, onde o objetivo o trabalho em pequenos grupos

    permitindo a troca de informaes tirando o professor do quadro

    negro tornando-o um orientador dos grupos.

    As salas tm uma mdia de 30 a 35 crianas por turma,

    as carteiras so individuais, voltadas ao quadro negro,

    onde o professor centraliza o conhecimento.

    A autonomia vivenciada desde a mais tenra idade, transpondo

    obstculos buscando solues, participando de decises, criando

    regras, aprendendo a aprender, relacionando conhecimentos,

    assumindo seus erros e acertos encontrando assim o seu prprio

    poder.

    A autonomia das crianas se restringe ao que o adulto e a

    instituio permitem.

    Limites: disciplina. Acreditamos que o limite se estabelece

    atravs do prprio corpo. Seguimos a seguinte premissa:

    Respeito ao prprio corpo, respeito ao corpo do outro e respeito

    aos objetos utilizando-os para seu devido fim. Trabalhando

    assim a conscientizao da autodisciplina.

    Os alunos devem cumprir regras pr estabelecidas pelo

    adulto tendo como resultado da transgresso, a punio,

    trazendo resultados aparentes.

    Como resultado deste trabalho, a escola Terra Firme conclui que: nosso aluno protagonista da sua prpria histria, com grandespossibilidades de exercer liderana em qualquer funo que venha desempenhar.

    Assim como a Escola Terra Firme, outras escolas que implementaram a Psicomotricidade Relacional em sua grade curricular, taiscomo:

    Colgio Positivo (Curitiba/PR)

    Escola Terra Firme (Curitiba/PR)

    Escola Interpares (Curitiba/PR)

    Casa da Tia La (Fortaleza/CE)

    Casa de Criana (Fortaleza/CE)

    Espao Infantil (Fortaleza/CE)

    Meu Cantinho (Itaja/SC)

    Bernard Aucouturier

    Aporte: Livro-texto O Mtodo Aucouturier: fantasmas de ao e prtica psicomotora

    O que ?

    Aucouturier define a prtica de ajuda psicomotora como uma prtica psicoterpica, que visa a implantao do registrosimblico no corpo e nos afetos de prazer, pela via de uma relao interativa entre a criana e o terapeuta.

    Bernard Aucouturier criou um mtodo prprio de ajuda que designa Prtica Psicomotora Aucouturier (PPA), que atuaem trs nveis de ajuda: Prtica Psicomotora Educativa e Preventiva, Prtica de Ajuda Psicomotora individual e Prtica de

    Ajuda Psicomotora em grupo.

    Neste trabalho abordaremos o primeiro nvel.

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    13/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 13/21

    Prtica psicomotora educativa e preventiva

    uma pratica de acompanhamento das atividades ldicas da criana. considerada como um itinerrio de maturaoque favorece a passagem do prazer de agir para o prazer de pensar, assegurando a criana quanto as suas angstias.

    Por que se faz?

    Consiste em ajudar a criana a desenvolver sua pulsionalidade motora. Em ajud-la na descoberta e na construomais completa do objeto, a partir do investimento simblico desse objeto, sem, contudo, infligir-lhe, nem depressademais, nem muito cedo nosso saber conceitual sobre este objeto. Trata-se de fazer nascer, sem precipitao, mas com

    preciso, o concebido no expresso da expressividade motora.

    Os objetivos da prtica psicomotora educativa e preventiva

    Favorecer o desenvolvimento da funo simblica

    Favorecer os desenvolvimentos, dos processos de asseguramento

    Atenuao do rumor das angstias e asseguramento psicolgico

    Favorecer o processo de descentrao.

    Como se faz?

    Para Bernard Aucouturier toda proposta educativa deveria em primeiro lugar, levar em conta os problemas afetivos dacriana, dar-lhe a possibilidade de exprimi-los em vez de tentar resolv-los. Sendo imprescindvel que o psicomotricista-educador perceba o sentido das mensagens no verbais da criana e que responda a elas da melhor maneira possvel,tanto pela qualidade gestual e emocional tanto pela linguagem.

    Para Aucouturier a prtica psicomotora requer condies adequadas para que se realize de maneira satisfatriaincluindo-se todas as pessoas envolvidas no processo educacional. Com uma equipe educativa que valorize a criana e atenha como objetivo comum.

    Na reunio com os pais deve-se explicar com clareza e simplicidade o interesse da prtica para o desenvolvimento deseus filhos, desta forma os mesmos reconheceriam e apoiariam o esforo para o crescimento de seus filhos.

    As condies materiais Neste ponto Bernard Aucouturier, enftico quando diz que uma prtica psicomotora satisfatria exige condiesmateriais igualmente satisfatrias sob o risco de descaracterizar a prtica.

    Seguindo este raciocnio, descreveremos o material proposto por Aucouturier para a realizao da prtica psicomotorasegundo seus princpios.

    A sala de psicomotricidade

    A sala de psicomotricidade deve ser um local amplo, especfico e reservado para a prtica, onde as crianas podemevoluir livremente. A sala deve ser limpa, iluminada e atraente.

    O material de expressividade motora

    Mobilirio

    Espaldar

    Espelho grande

    Quadro

    Armrios

    Cestas de plstico

    Cavaletes de metalPranchas.

    Material mole

    Almofadas de espuma, cobertas de tecido colorido, de tamanhos diferentes, cuja referencia bsica de 60 x

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    14/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 14/21

    40 x 30 cm. Em nmero de duas por criana

    Almofadas cilndricas de 60 x 30 cm de dimetro

    Colches de espuma com diferentes espessuras, revestidos de tecido colorido, a referncia bsica e de 140x 100 x 10 ou 20

    Tecidos coloridos de todos os tamanhos

    Animais de pelcia de pequeno porte, bonecas de pano

    Cordas pequenas de algodo

    Tubos de espuma plstica de 1 metro

    Bolinhas de espuma

    A bolsa ( saco de pano de quatro metros de comprimento com uma abertura ampla, contendo outro sacode espuma plstica.

    Material duro

    Argolas de borracha

    Bastes de madeira

    Bacias de todos os tamanhos

    Tambores com baquetas.

    O material da expressividade grfica e plstica

    Mobilirio

    Mesas ovais ou redondas para as crianas desenharem

    Banquetas.

    Material de desenho

    Folhas de papel branco

    Canetas hidrocor

    Lpis preto.

    Material de construo

    De madeira envernizada, no colorida, com referncia de 10 x 20 x 2,5 e todos os mltiplos 10x20x2,5 ou ossubmltiplos 5 x 10 x 2,5 5 x 5 x 2,5

    Sendo este material arrumado em cestas.A sesso psicomotora

    A sesso Psicomotora est estruturada em dois dispositivos principais: o dispositivo espacial e o dispositivo temporal.

    O dispositivo espacial refere-se aos dois lugares marcados que regem a sesso. Um para a expressividade motora(mais amplo) e outro para a expressividade grfica, plstica e linguagem. Ambos com seus materiais especficos.

    O dispositivo Temporal refere-se s fases sucessivas que sero propostas as crianas durante a sesso psicomotora,seguindo um itinerrio de maturao psicolgica que Aucouturier denomina como uma passagem do corpo linguagem.

    Onde o primeiro momento ser reservado expressividade motora, o segundo a histria e enfim, num terceiromomento expressividade grfica e plstica.

    Os contedos das fases sucessivas da sesso

    Ritual de entrada

    Aucouturier adota um ritual de entrada que tem como objetivo diferenciar este momento educativo, no

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    15/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 15/21

    qual a motricidade privilegiada de outros momentos, ajudando-as a agir em nvel simblico.

    O ritual, que consiste em acolher cada criana cumprimentando-as pelo nome e convidando-as a entrarna sala (as meninas primeiro), objetiva demonstrar a importncia da perda momentnea de algunsmembros do grupo, atravs da nomeao dos ausentes, lembrar-lhes que a sala foi preparada para eles,anunciar as consignais iniciais, o desenvolvimento das atividades, bem como a evocao da sesso anteriorretomando algum ponto que tenha sido mais apreciado pelo grupo assim como algo depreciativo.

    Expressividade motora

    Esta fase da sesso inicia-se com a destruio das paredes construdas previamente pelospsicomotricistas onde as crianas podem viver a destruio sem culpa. Aucouturier lembra que este jogoocorrer por muitas vezes at que as crianas acertem suas contas com esta atividade, quando o prazerdiminuir e a destruio da parede servir apenas para iniciar a sesso.

    Nesta fase iro aparecer as brincadeiras simblicas de asseguramento profundo, que so brincadeirasuniversais, isentas de dependncias ou influencias culturais, que servem para adquirir segurana contraangstias. Estas fazem referncia ao medo de perder a me, de ser destrudo, provocando fortes descargasemocionais. So elas: brincadeiras de destruio, de prazer sensrio-motor, de se envelopar, de seesconder, de perseguio, de identificao com o agressor, de encher e esvaziar, reunir e separar...

    As brincadeiras simblicas de asseguramento superficial iro aos poucos tomar o lugar das brincadeiras

    simblicas de asseguramento profundo e consistem em brincar de fingir que. Brincadeiras estas que tem afuno de perpetuar a integridade psquica adquirida ao longo dos primeiros anos e proteger apersonalidade contra as angstias.

    Histria

    Considerada por Aucouturier como uma brincadeira de asseguramento profundo mediada pela linguagem,que contada aps a fase de expressividade motora, sempre no mesmo lugar com cada criana em seulugar fixo.

    A historia contada em dois registros. Um primeiro baseado no aumento da angstia, com um valordramtico agregado narrao a partir de temas como o medo de ser devorado, temas que se referem aangstia de perseguio, de ser destrudo e a angstia da perda da me. O segundo momento baseado no

    retorno s bases de asseguramento criadoras da segurana emocional. Onde o heri triunfa sob o agressor.Aucouturier diz ainda, que a histria s tem sentido se o heri vencer e sair fortalecido diante dabestialidade ou do erro do agressor.

    Expressividade grfica ou plstica

    Aps a fase de expressividade motora, as crianas so convidadas a passarem ao local de expressividadegrfica e plstica. Estas atividades permitem o acesso a outro nvel de competncia para simbolizar e oacesso descentrao. Aucouturier fala que uma sesso de prtica psicomotora educativa e preventiva quesuprimisse este segundo momento, no atingiria os objetivos definidos, nem o itinerrio de maturaopsquica previsto para ajudar as crianas a crescer.

    A escolha entre construir ou desenhar livre. Sendo as construes realizadas no cho e os desenhossobre a mesa ou um plano elevado.

    No permitido ao psicomotricista interromper a construo da criana ou a construo coletiva, pois,isto significaria, no primeiro caso, a interrupo da simbolizao da representao de si e de sua historiarelacional e no segundo caso, porque o grupo merece viver o prazer de ver a sua obra acabada.

    Aucouturier lembra ainda que no permitido destruir as construes, apenas desmont-las.

    Ritual de sada

    Para Aucouturier indispensvel que exista um ritual de sada e a proposta que se faa umagrupamento final, sempre organizado no mesmo local onde as crianas so chamadas uma a uma pelo seu

    nome e sobrenome e convidadas a voltarem sozinhas para o vestirio, aps receberem um aperto de modo psicomotricista. Um cumprimento adulto que serve de meio para que elas se reconheamindividualmente.

    Arrumao do material

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    16/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 16/21

    Aucouturier prope a arrumao do material na sala aps a sesso como uma forma de reencontrar arealidade, uma forma de ajuda a descentrao.

    Esta tarefa realizada por grupos de quatro a cinco crianas, que a executam enquanto o restante dogrupo se veste. Este grupo alternado a cada sesso.

    Com quem se faz?

    proposta s crianas que se encontram no perodo no qual AGIR PENSAR, passando pelo perodo em que PENSAR unicamente PENSAR O AGIR, que se d por volta dos 7 anos.

    Onde se faz?

    Inicialmente era realizada com crianas ligadas a instituies sanitrias, porm hoje em dia realizada tambm emmbito educacional em diversos pases como o Brasil, Alemanha e mais nove paises.

    Segundo Aucouturier (2007), a creche e o maternal so locais privilegiados para a realizao desta pratica, noexcluindo as crianas com atraso no desenvolvimento.

    Atitude do psicomotricista

    Para Bernard Aucouturier, o psicomotricista educacional deve respeitar alguns princpios que o ajudaro na prticaque ele chama linhas de fora.

    Criar um ambiente tranqilizador necessrio para o desenvolvimento de todas as potencialidades das crianas, dasmais limitadas as mais evoludas

    Acolher a criana com todo o respeito, como uma pessoa em desenvolvimento, que d o testemunho de umaexperincia nica

    Compreender a criana pela via de sua expressividade motora

    Desenvolver processos de asseguramento atravs do prazer da ao, das brincadeiras e das representaes

    Viver o prazer de estar em relao emptica com a cr iana

    A estas linhas de fora, acrescentam-se algumas palavras-chave: fantasmar, simbolizar, agir, brincar, transformar,conhecer, pensar, comunicar, criar, ser si mesmo.

    Onde observar:

    Espao Nctar - Centro de Prtica Psicomotora Aucouturier - CRPJ 05/0587

    Rua Baro de Mesquita, n 131 sobrado - Tijuca - Rio de Janeiro, RJ - Tel/fax: 2567-3376

    Direo e Responsabilidade Tcnica: Psc. Silvia Carn CRP 05/25393 - CRFa 0622

    Suzana Cabral

    Aporte: Livro-texto Psicomotricidade Relacional - Prtica Clnica e Escola

    A autora do livro Psicomotricidade Relacional, Prtica Clnica e Escolar, Suzana Veloso Cabral, formou-se em PsicologiaClnica no ano de 1971, participou de cursos em Belo Horizonte e So Paulo que davam acesso s primeiras experinciasem Reeducao Psicomotora no Hospital Henri Roussele, em Paris. Estagiou no Hospital Salptrire, tambm em Paris(1973-74) durante os estudos do Certificado de Capacidade em Reeducao Psicomotora, considera, porm no terpassado por um processo de formao vivencial at a descoberta da Psicomotricidade relacional em 1982.

    Na clnica e na escola particular seguia os mtodos e tcnicas psicomotoras, com exerccios especficos.

    Gostaramos de destacar na Parte II _ A Prtica na Escola, Captulo 7 (Relao Pais/Filhos /Escola) ... importantepara a criana aprender como se organiza a sociedade e isto feito de modo vivido, com mais eficcia do que se forapenas verbalizado ou ensinado. A colaborao e respeito que a criana reconhece, na prtica , entre seus pais e suaescola, um modelo de caminhos possveis para ela percorrer no sentido da cidadania...Semelhante aos pais,os

    educadores, alm das propostas conscientes de educar, tm fantasias e mitos pessoais e institucionais que influenciam emsuas atitudes educativas.( p. 56)

    Ainda no Captulo 7 atravs de novas formas de relacionar-se que se criam vnculos entre a criana e o adulto,quando este sai de sua posio autoritria e permite ao aluno descobrir seu prprio poder e afirmar-se , seja no confronto

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    17/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 17/21

    responsvel, seja compartilhando seu espao com o outro.( p. 60)

    No Captulo 8 (Relao Professor/Aluno) As relaes interpessoais no podem mais ser postas de lado na escola. No mais possvel dizer ao aluno: esquea de seus conflitos e desejos e venha aprender. Quem tem identidade prpriareconhece os limites do possvel e deseja... A relao professor/aluno no deve se estabelecer segundo o modelo dual,pura repetio me/filho... A reproduo das relaes familiares na escola impede que ela seja viva e criativa. H apenasrepetio dos pedidos de afeto, cime e rivalidade entre alunos ou profissionais da equipe escolar. Cria-se oposio sordens do pai autoritrio e busca-se seduzir a me/tia, pouco capazes de ocupar o lugar e funo que lhes cabe comorepresentante da ordem social. ( p. 61)

    No Captulo 9 (Educao e Profilaxia na Escola) ..A liberdade do sujeito , ao meu ver, imprescindvel. Poder saber deseu desejo e realiz-lo dentro das normas do possvel a busca da educao. A a escola abre espao para um novoinstituinte. No se encerra na simples repetio do j institudo.

    No captulo 10 (Psicomotricidade na Realidade Brasileira) A partir dos questionamentos levantados na minha prtica,uma nova dimenso da psicomotricidade, enfocando o ser humano global, surgiu para mim. J no bastavam exercciostradicionais. A vivncia espontnea mostrou-se um setting em que surgiam fantasmas primitivos que poderiam serelaborados na relao simblica corporal e verbal.(p.69)

    Sobre o surgimento da psicomotricidade declara a autora: A Psicomotricidade surgiu no mbito da Neuropsiquiatria eda Educao, baseada no s no positivismo, mas tambm em uma filosofia racionalista e numa ideologia individualistaque estabelecia padres de normalidade e segregava do processo escolar normal um novo tipo de desviante: esse

    portador de distrbio psicomotor. (p.3). O Brasil influenciado pela viso francesa de desse distrbio v aglomerar-se naescola um grande nmero de portadores, causando ameaa sociedade capitalista exigindo indivduos sos para otrabalho e consumo. Surgem as Clnicas de Reeducao Psicomotoras e as Escolas Especializadas, na tentativa de revertero quadro, ajustando esses indivduos o convvio escolar e social, e principalmente como fora de trabalho.

    No incio dos anos 70 o enfoque da Educao Psicomotora foi instrumentalista voltado para o exerccio dos processoscognitivos subjacentes ao aprendizado da leitura e da escrita. A psicomotricidade tornou-se uma matria a mais,sobretudo na pr-escola, perpetuando-se na atitude autoritria do professor. No havia abertura institucional paraestabelecer na escola um espao psicomotor mais livre o espao do desejo, dos sentimentos, e da expresso da crianacomo um todo. A situao era mais ou menos como se a escola dissesse criana: esquea de voc mesma, de seucorpo, de seus movimentos, de seus sentimentos , utilize s a sua racionalidade e se socialize logo, para vir estudar.

    A autora se declara seguidora do percurso e teorizao de Andr Lapierre e baseia suas pesquisas nesse autor.

    O que ?

    A Psicomotricidade Relacional busca num novo espao instituinte, a expresso da cr iana em sua plenitude . Ela recriauma escola em que se d lugar para a vivncia dos aspectos cognitivos, sensoriomotores, construtivos, e expressivos,como tambm para manifestaes do inconsciente, dos conflitos, que permeiam a evoluo da personalidade dacriana.(p.68)

    Por que se faz?

    A criana que se descobre e afirma, pode se expressar e criar as posibilidades de compartilhar emoes e de construiralgo de modo produtivo. Pode relacionar-se com o grupo, em sociedade, e crescer enquanto indivduo consciente. Tornar-

    se- um sujeito mais livre e capaz de poesia, no sentido de enfrentar as exigncias do trabalho a que sua vida pulsional erelacional o submete. A criana pode ser capaz de ir alm das surpresas e dos cortes com os quais a vidanecessariamente nos obriga a confrontar. Ela pode criar menos estruturas neurotizadas e encontrar a possvel sada deser feliz na vida, criando e trilhando seu prprio caminhar e seu caminho de sujeito.(p.68)

    Como se faz?

    Atravs do jogo espontneo e simblico, com suas possibilidades de expresso de criatividade e do fantasiar e atravsdo jogo corporal expressivo, simblico que corresponde associao livre de idia que traduz o fantasiar da crianacabendo ao psicomotricista promover a conteno do jogo no espao privilegiado para a traduo corporal, mantendouma ordem asseguradora (limites claros para a ao).(p71)

    Onde se faz?

    H um espao de vivncias no qual a criana pode expressar-se e falar de seu mundo, no interjogo das relaes comos colegas e o educador. Tal espao no deve desvincular-se do corpo pedaggico da escola e, para tal, seguido pormomentos mais estruturados, em sala de aula, que manteriam uma estreita conexo com o vivenciado.

    Assim, seria possvel uma proposta de dois momentos bem delimitados: os momentos livres e os pedaggicos.

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    18/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 18/21

    Momentos livres - Ocorrerem de uma a duas vezes por semana, num espao amplo diferente da sala de aula comuma hora e meia de durao, seguidos por verbalizao e/ou desenhos sobre o vivido, descobrindo-se a um centro deinteresse que pudesse ser explorado pedagogicamente na sala de aula.

    Momentos pedaggicos - Aprendizagem em que a ordem e as regras ligadas s interdies podem ser maisevidenciadas, numa relao de no-autoritarismo, com a colocao dos limites necessrios passagem do momento livrepara um espao mais contido buscando a auto-gesto do prprio grupo, com o auxlio do educador.

    Com quem se faz?

    Nas clnicas de reeducao, nas escolas regulares e especiais. Nas escolas especiais varia com a necessidade de cadaaluno e nas escolas regulares seria para a preveno ou para sanar dificuldades de aprendizagem.

    Concluses

    O livre desenvolvimento de cada um condio para o livre desenvolvimento de todos.

    Karl Marx

    Sobre a escola que temos para a escola que queremos

    Em nossa sociedade letrada o que confere status ao sujeito sua qualidade de argumentao, reflexo sobre o que l aquiinseridas e aglutinadas a leitura da palavra escrita e a leitura de mundo e a forma como o mesmo se comporta, como age tudo isso,

    claro, a partir da maneira como adquiriu conhecimentos j comprovados atravs de respaldo terico.

    Nesse sentido, h equivocadamente um acordo tcito, porque no-consciente, entre ns de que o melhor espao para odesenvolvimento dessas qualidades pelo sujeito o ambiente escolar. Mas a escola, principalmente a pblica, tem sido apenas umdepsito de crianas ora bagunceiras, ora arredias. E o professor, muitas vezes distante das teorias pedaggicas discutidas naacademia, no consegue lidar com os excessos de barulho, de agressividade, de "carncias" dos pequenos seres, vistos por ele como"ausentes de luz", como sugere a origem latina do termo aluno.

    Assim, o docente acaba reproduzindo as prticas e fenmenos sociais os quais legitimam o poder da classe dominante corrobora como machismo, o racismo, o elitismo... Sim, infelizmente, essa a escola que temos: escola que vigia e castiga, que tolhe a criatividade dacriana. Escola que, por ser uma instituio social, carrega em si a misso de atender aos ditames da competitividade, doindividualismo, enfim, demandas do sistema capitalista.

    Nesse contexto degradante fica muito difcil pensar uma outra alternativa pedaggica que veja a criana como um sujeito global,inacabado e dotado de potencialidades que precisam ser despertadas, um "sujeito de direitos", defendido pelo exmio pensador daeducao brasileira: Paulo Freire.

    A escola est muito longe de ser um ambiente harmonioso, no-invasivo e respeitoso para com a criana, para com a maneira comoela se movimenta e demonstra seus prazeres e Lapierre e Aucouturier relatam com muita propriedade essa questo nefasta. Logo noincio do livroA Simbologia do Movimento: Psicomotricidade e Educao os autores so enfticos: em ambiente escolar, a criana tolhida, uma vez que so tolhidas suas "possibilidades sobre o (seu) modo de ser". Exatamente, por isso, eles se distanciam da escolatradicional, da maneira como essa escola lida com a transmisso do saber e da sua desacertada nfase ao intelectualismo.

    Na escola, o sentido de educao deveras deturpado: ao invs de ser o "desenvolvimento das potencialidades prprias da criana"(p.14), tal como concebem os autores em questo, a criana precocemente "intelectualizada" (p.46), alm de ser alvo de julgamentos

    do adulto. Nesse contexto, so a punio e a recompensa atos dos adultos reveladores de que as concepes de uma educao calcadana teoria behaviorista est ainda, e infelizmente, muito viva.

    Por essa razo, a educao psicomotora, quando h, meramente uma interveno isolada do contexto pedaggico da classe (p.14)e/ou uma psicomotricidade mecanicista, instrumentalizada, que no possibilita vazo, expurgao de sentimentos e a livre expressopor parte dos alunos. At mesmo as inmeras teorias psicopedaggias existentes no so postas em prtica na escola as idiasfantsticas permanecem apenas, e infelizmente, no plano das idias.

    Em contrapartida acreditamos que so as idias, as teorias que admitem a nossa prtica como justificvel e vice-versa. E por essarazo, defendemos a unidade teoria/prtica.

    Sobre a psicomotricidade na escola

    Procuramos, com o presente artigo, apresentar as contribuies de autores psicomotricistas no mbito da educao escolar,sobretudo no ensino fundamental. Nosso objetivo principal foi abordar as prticas psicomotoras utilizadas como auxiliadoras no processode desenvolvimento da aprendizagem da criana. Aprendizagem que ocorre atravs do trip afetividade, cognio e motricidade.

    Como vimos ao longo dos nossos estudos com o curso da UERJ, muito bem evidenciado pelos professores Martha Lovisaro e EduardoCosta, a Psicomotricidade uma prtica corporal possuidora de singularidades, sendo imprescindvel viv-la. Por conta disso, o

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    19/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 19/21

    movimento, que precede a fala, deve ser realizado com propsito, determinao, e ateno. Nesse sentido, todo professor que desejatrabalhar com a Psicomotricidade, sobretudo a de base relacional, deve estar disponvel para experimentar o mundo e conhecer a simesmo, pois somente poder auxiliar o outro na busca de autoconhecimento se possuir confiana em si mesmo.

    Para desenvolver um trabalho srio, o professor deve possuir conhecimento das bases psicomotoras e do vocabulrio especfico daPsicomotricidade. Sem dvida, esse conhecimento permitir uma atuao benfica desse profissional no que concerne odesenvolvimento da aprendizagem de seus discentes. Aprendizagem de um sujeito constitudo pelas dimenses afetiva, cognitiva, fsica.

    Cientes de que a interveno pedaggica do professor pode progredir, ir alm, atravs do auxlio da Psicomotricidade, optamos porpesquisar sobre a Psicomotricidade no Ensino Fundamental.

    Por essa razo, no que tange Psicomotricidade, nos apropriamos das idias de Lapierre, Aucouturier, Suzana Veloso Cabral e JeanLe Boulch e no que concerne Educao propriamente dita, recorremos ao pensamento do renomado educador brasileiro DermevalSaviani e sua defesa Pedagogia Histrico-Crtica.

    Acreditamos que respondemos as cinco perguntas propostas por este artigo, a saber: 1. O que ?, 2. Por que se faz?, 3. Como sefaz?, 4. Onde se faz? e 5. Com quem se faz a Psicomotricidade no Ensino Fundamental? Evidentemente, as idias defendidas pelosautores supracitados foram fundamentais.

    Lapierre e Aucouturier atravs de suas experincias baseiam-se em uma Pedagogia que evidencia o respeito e a descoberta.Priorizando a vida em grupo, dizem que as qualidades essenciais dessa abordagem pedaggica so a disponibilidade, o respeito eaceitao. Nesse sentido, a pessoa, concebida em sua integralidade, ter o seu processo de evoluo atravs das etapas da evoluo do

    movimento vistas no plano simblico do movimento vivenciadoe no num plano neuro-motor ou cognitivo. A Simbologia do Movimento,de Lapierre e Aucouturier, busca valorizar o simbolismo do gesto, sua significao primitiva e expe o carter da prtica psicomotoraserela mesma uma forma de simbolizao.

    Sobre a Psicomotricidade Relacional, expusemos o exemplo da Escola Terra Firme, localizada em Curitiba, no estado do Paran, seusrespectivos objetivos educacionais, pblico alvo e estratgias de desenvolvimento. Segundo informaes contidas no site oficial doCentro Internacional de Anlise Relacional, o CIAR, a escola Terra Firme a pioneira no Brasil no trabalho da PsicomotricidadeRelacional, a nvel curricular de berrio oitava srie. H 15 anos a escola desenvolve estudos da Psicomotricidade Relacional emvivncias semanais e quinzenais com os alunos, e bimestrais com os professores. Seus professores participam de vivncias corporaisem Psicomotricidade Relacional no CIAR. Este fato, segundo a prpria escola, garante instituio um professor mais disponvel, maisresolvido em suas relaes e principalmente um professor que se comunica pelo olhar, pelo gesto, pelo toque e pelo desejo de percebero aluno. Este vivencia semanalmente um jogo simblicoonde trabalha em nvel pedaggico, suas angustias e desejos torna-se uma

    criana mais saudvel e com maior disponibilidade para aprender.

    Assim como a Terra Firme, as escolas Colgio Positivo (Curitiba/PR) Escola Interpares (Curitiba/PR) Casa da Tia La(Fortaleza/CE) Casa de Criana (Fortaleza/CE) Espao Infantil (Fortaleza/CE) e Meu Cantinho (Itaja/SC) implementaram aPsicomotricidade Relacional em sua grade curricular. A parcialidade nos exorta a mencionar que h no Brasil um nmero ainda quenfimo de escolas cujas intervenes e procedimentos so de base psicomotora. Tais instituies acabam por atender s demandas daclasse dominante.

    Na obra de Suzana Veloso Cabral, destacamos a prtica na escola. O espao escolar propicia a criana aprender de forma vivida, ouseja, experienciada como a sociedade se organiza atravs das relaes entre os sujeitos. As formas de relao criam, segundo aautora, importantes vnculos entre o adulto e a crianaprecisamente quando o adulto sai da posio autoritria e, concomitantemente,permite ao aluno a posio de descobridor de seu poder. Assim, a criana afirma-se seja no confronto responsvel, seja compartilhando

    seu espao com o outro. A autora evidencia as relaes interpessoais que ocorrem no interior da escola e discursa em defesa de umaeducao que trate como imprescindvel a liberdade do sujeito. Desde modo, a escolapode abrir espao para um novo instituintee nomeramente reproduzir e se encerrar na simples repetio do j institudo. Suzana Cabral se declara seguidora de Andr Lapierre ebaseia sua pesquisa no psicomotricista francs. Ela tece crticas pertinentes maneira como utilizaram a psicomotricidade: como umaforma de estabelecer padres de normalidadee segregar do processo escolar normalos portadores de distrbio psicomotor. O prpriosurgimento das Clnicas de Reeducao Psicomotoras e as Escolas Especializadas, de acordo com Cabral, foram uma tentativa dereverter o quadro que ameaava sociedade capitalista, a qual exigia/exige indivduos sos para o trabalho e para o consumo, epretendiam ajustar esses indivduos com distrbios psicomotores para o convvio escolar e social, e principalmente como fora detrabalho.

    Bernard Aucouturier divide a prtica psicomotora em Prtica de Ajuda Psicomotora e Prtica Psicomotora Educativa e Preventiva. Aprimeira psicoterpica: visa a implantao do registro simblico no corpo e nos afetos de prazer, pela via interativa entre a criana e o

    terapeuta. A segunda compreende acompanhamento das atividades ldicas da criana e favorece a passagem do prazer de agir para oprazer de pensar, o que assegura a criana quanto s suas angstias.

    Jean Le Boulch discorre sobre a totalidade psicofsica do homementendendo que a psicomotricidade uma cincia, cujo objeto deestudo so as condutas motoras do sujeito. Este expressa suas aes e movimentos de forma harmoniosa, utilizando o seu corpoquando o descobre atravs de uma relao com o mundo interno e externo e a sua capacidade de movimento e ao.

  • 7/26/2019 A Aplicao Das Teorias Da Psicomotricidade No Ensino Fundamental

    20/21

    18/06/2016 A apl icao das teorias da psi com otrici dade no ensi no fundam ental

    http://www.efdeportes.com/efd128/a-aplicacao-das-teorias-da-psicomotricidade-no-ensino-fundamental.htm 20/21

    Para Pierre Vayer, no existe nenhum mtodo definitivo de Educao Psicomotora. Tem que haver uma evoluo em direo a umaconcepo global de educao, que deve proporcionar criana os meios de desenvolver ao mximo suas possibilidades como os meiosde sua independizao. Esta modalidade educativa global, que integra a educao do EGO corporal, necessria a toda criana,comporta: mltiplas atividades que conduzem ao reconhecimento e organizao de si, cada uma em seqncia, seguindo etapassucessivas educao do esquema corporal o uso da linguagem corporal, que a base de todas as linguagens tem que haverintegrao dos conhecimentos relao estrutural dos trs componentes da personalidade (ao, pensamento e linguagem)participao da criana na definio do projeto o relaxamento muscular que a base da educao da imagem do corpo e a regulaoda funo tnica no esquecendo de que o corpo a referncia permanente e que em toda situao existe sempre a criana, o mundodos objetos e o mundo dos outros e de que a evoluo so os resultados constantes da interao deste trs dados.

    Cada autor utilizado na constituio deste artigo possui suas caractersticas prprias a respeito do espao destinado prtica deeducao psicomotora no ensino fundamental. Para alguns, a aplicao pode ocorrer na escola, em uma quadra poliesportiva, no campoou em outro espao que permita tal prtica. Para outros, mais rigorosos, o ambiente deve ser especfico, harmonioso, aconchegante,com um nmero limitado de variedades de objetos, as crianas (e os adultos) devem ser preservadas ao olhar sentenciador de algum.Sem dvida, o profissional mais adequado para aplicar a prtica psicomotora o psicomotricista, embora seja o professor de EducaoFsica ou outros profissionais da educao, tal como o professor das sries iniciais do ensino fundamental e da educao infantil, os quemais utilizam a psicomotricidade na escola (principalmente na escola pblica).

    Com o intuito de acrescentar o debate este artigo exps as idias do professor Dr. Fernando Miguel Palmerim Athayde, daUniversidade Federal Rural do Rio de Janeiro UFRRJ. Que entre outras coisas, fala da importncia da Psicomotricidade na escolasobre a Psicomotricidade como ferramenta para o professor de Educao Fsica e tece crticas abordagem relacional. Segundo ele, a

    psicomotricidade anterior a qualquer conceito, uma das mais ricas expresses da condio humana : cresceu e se desenvolve