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Texto versa sobre a cadeia produtiva do babaçu no Brasil, em especial na microrregião do Bico do Papagaio.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL
IMPLANTAO DA REDE DE PESQUISA DA CADEIA PRODUTIVA
DO BABAU - REDE BABAU
PALMAS - TO
2015
DOCUMENTO 1
AVALIAO DO PROCESSO DE IMPLEMENTAO DO PLANO NACIONAL DA
SOCIOBIODIVERSIDADE NA MESORREGIO DO BICO DO PAPAGAIO
RESUMO - RESUMO
PALMAS - TO
2011
AVALIAO DO PROCESSO DE IMPLEMENTAO DO PLANO NACIONAL DA
SOCIOBIODIVERSIDADE NA MESORREGIO DO BICO DO PAPAGAIO
RESUMO
O Plano Nacional para Promoo das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB)
tem como objetivo promover e fortalecer as cadeias dos produtos da sociobiodiversidade
brasileira, com agregao de valor e consolidao de mercados sustentveis. O presente
trabalho avaliou o processo de implementao do PNPSB, investigando a sua efetividade no
fortalecimento da cadeia produtiva do babau, no mbito da mesorregio do Bico do
Papagaio. Para tanto, a tcnica Delphi de Polticas foi utilizada na aplicao de questionrios
aos atores envolvidos (Movimentos Sociais, Comunidades Extrativistas e Setor Pblico). A
pesquisa revelou a complexidade existente no mbito dessa poltica, observando-se vrias
discusses num processo de implementao de poltica pblica e de avaliao. Deste modo,
reconhecer os gargalos fundamental implementao almejada pelos atores sociais
envolvidos.
PALAVRAS-CHAVE: Politica, Extrativismo, Comunidades, Desenvolvimento.
EVALUATION OF THE IMPLEMENTATION PROCESS OF THE NATIONAL
SOCIOBIODIVERSITY IN MESOREGION BICO DO PAPAGAIO
ABSTRACT
The National Plan for the Promotion of socio-biodiversity Chain Products (PNPSB) aims to
promote and strengthen the bonds of the products of Brazilian biodiversity, with value added
and consolidation of sustainable markets. This study evaluated the implementation process
PNPSB, investigating its effectiveness in strengthening the productive chain of babassu,
within the middle region of the Parrot's Beak. For this, the Delphi technique was used in the
Policy application of questionnaires to stakeholders (Social Movements, Communities and
Public Sector). The research revealed the complexities that exist within that policy, observing
the various discussions in the process of implementing and evaluating public policy so that
people recognize the bottlenecks is crucial to the implementation desired by the social actors
involved.
KEYWORDS: Politics, Extraction, Communities, Development
DOCUMENTO 2
ARRANJOS PRODUTIVOS DO COCO DE BABAU E QUALIDADE DE
VIDA NA REGIO DO BICO DO PAPAGAIO - TO
Parte da dissertao apresentada ao Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Tocantins como requisito parcial para obteno do ttulo de mestre em Desenvolvimento Regional. Orientador: Dr. Waldecy Rodrigues.
PALMAS - TO
2012
RESUMO
A extrao vegetal a atividade mais tradicional na regio do Bico do Papagaio/TO,
especialmente a explorao de madeiras e de leo do babau. A ocorrncia da palmeira
Attalea spp., sinonmia Orbignya spp., conhecida como babau, oferece ocupao e
complemento de renda para centenas de famlias por meio do seu extrativismo. Neste estudo,
utilizou-se questionrios e entrevistas para mensurar o ndice de condies de vida ICV das
quebradeiras, dos catadores e dos artesos que trabalham na atividade do coco de babau na
referida regio, com objetivo de identificar os modelos extrativistas de babau existentes,
comparando-os, entre si, de forma a analisar e a identificar qual(is) deste(s) modelo(s) podem
trazer uma melhor qualidade de vida para as comunidades envolvidas. Nos resultados e
discusses deste estudo, constatou-se que dentre os modelos de aproveitamento de babau
analisados e comparados, o modelo do projeto Arte Norte, dispe de melhor qualidade de vida
para os artesos envolvidos.
Palavras chave: Economia ecolgica, Extrativismo vegetal, Polticas Pblicas, Qualidade de
vida.
ABSTRACT
The extraction plant is the most traditional activity in the Bico do Papagaio/ TO, especially
the exploitation of timber and babassu oil. The occurrence of palm Attalea spp., Synonymy
Orbignya spp., Known as babassu, occupation and provides additional income for hundreds of
families through its extraction. In this study, we used questionnaires and interviews to
measure the index of living conditions - ICV of breakers, the collectors and artisans working
in the babassu coconut activity in that region, aiming to identify models extractive babassu
existing comparing them with each other, in order to analyze and identify which one (s)
thereof (s) model (s) can bring a better quality of life for the communities involved. In the
results and discussion of this study, it was found that among the models use babassu analyzed
and compared, the project model Arts North, offers better quality of life for the artisans
involved.
Key words: Ecological Economics, Extraction plant, Public Policy, Quality of Life.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AGERP-MA: Agncia Estadual de Pesquisa Agropecuria e de Extenso Rural do
Maranho.
APA-TO: Alternativas para a Pequena Agricultura no Tocantins
ASMUBIP: Associao Regional Mulheres Trabalhadoras Rurais
CENTRU-MA: Centro de Educao e Cultura do Trabalhador Rural
COAPIMA: Coordenao das Organizaes e Articulaes dos Povos Indgenas no Maranho
EMBRAPA COCAIS-MA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
ICMBio: Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade
MDA: Ministrio do Desenvolvimento Agrrio
MMA: Ministrio do Meio Ambiente
MIQCB: Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babau
SEAGRO-TO: Secretaria da Agricultura, da Pecuria e do Desenvolvimento Agrrio
SEPLAN: Secretaria do Planejamento do Tocantins
SETAS-TO: Secretaria de Trabalho e Assistncia Social
UFT: Universidade Federal do Tocantins
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INTRODUO
A Amaznia Legal Brasileira formada por nove Estados Acre, Amap, Amazonas, Mato
Grosso, Par, Rondnia, Roraima, Tocantins, e parte do Maranho (a oeste do meridiano de 44).
Tem uma rea total de 5.217,423 km, cerca de 60% do territrio brasileiro. Tem uma populao
total de 25,1 milhes de habitantes, sendo 68,2% urbana e 31,8% rural. Tem uma densidade
demogrfica de 6,02 habitantes por km (IBGE, 2012).
A Amaznia Legal um mosaico de fitogenias e diversidade biolgica, com seus 18 bilhes
de rvores, adiciona-se a isto um mosaico de povos, culturas e etnias. Nela esto localizados os
cocais ou babauais, com maior ocorrncia nos estados do Maranho, Tocantins, Mato Grosso e
Par.
As pessoas que moram nas reas rurais, formadas em sua maioria por povos, comunidades
tradicionais e agricultores familiares, que, dos recursos naturais, dependem a sua sustentao. Porm,
suas condies de vida, muitas vezes precria, e o analfabetismo distanciam estas pessoas do
processo de incluso social e de oportunidades dignas para melhorar a sua qualidade de vida.
A Mesorregio do Bico do Papagaio compreende 66 municpios (25 no Par, 16 no Maranho
e 25 no Tocantins) distribudos em oito microrregies, com rea total de 140.109,5 km2 e com
populao de 1.436.788 habitantes (IBGE, 2012).
A partir da dcada de 1960, com a construo de Braslia e a abertura da rodovia Belm
Braslia, esta Mesorregio passou a sofrer grandes modificaes em sua base produtiva. Os
programas governamentais implantados nos anos 1970, como o Polamaznia e o Polocentro,
promoveram o aumento da fronteira econmica, acelerando o processo de modernizao agrcola
com a introduo de novas tecnologias. No entanto, a despeito dessas iniciativas, esse modelo de
desenvolvimento produziu algumas sequelas significativas, como a concentrao fundiria, disputas
de terras e expulso de pequenos produtores para os centros urbanos (BRASIL, 2010).
A extrao vegetal a atividade mais tradicional na regio, especialmente a explorao de
madeiras e de leo do babau. A ocorrncia da palmeira Attalea spp., sinonmia Orbignya spp.,
conhecida como babau, oferece ocupao e complemento de renda para centenas de famlias por
meio do seu extrativismo.
As reas de babau estimadas no pas esto localizadas nos seguintes estados: Maranho
69,1%, Piau 6,9%, Mato Grosso 8,6%, Tocantins/Gois 4,0%, Minas Gerais 5,7% e outros estados
4,0%. Os babauais esto presentes principalmente nos estados do Maranho, Piau, Tocantins e
Cear, somando uma rea de 18,5 milhes de hectares com potencial de gerao de renda para
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muitas famlias (MDA, 2011). Estes dados demonstram o quanto expressiva a funo das florestas
de babau na conservao das espcies animais e vegetais, pois a presena da palmeira do coco de
babau apresenta alta relevncia nos aspectos sociais, econmicos e ambientais. Pois o extrativismo
do babau tem sua representatividade na cultura local alm de gerar ocupao e complemento de
renda para as famlias localizadas nas referidas reas de ocorrncia.
O manejo do babau ocorre nas entressafras de outras culturas agrcolas da regio,
aproveitando a mo-de-obra local e reduzindo o xodo rural.
Este contexto, tambm favoreceu a implantao de vrias indstrias de processamento de
coco de babau, nas reas de principal ocorrncia desse fruto, como nos estados do Maranho, Piau
e antigo norte de Gois, hoje Tocantins.
O nmero de indstrias de babau instaladas no Maranho, entre as dcadas de 50 e 60, era
de aproximadamente 50 empresas de mdio e grande porte. Atualmente, existem menos 10 indstrias
em atividade, localizadas nos estados do Tocantins (Tobasa Bioindustrial de Babau S/A) e no
Maranho (Oleama, FC Oliveira, Saponleo, Iovesa e Sabo Princesa), onde a presente realidade
demonstra claramente os efeitos que a reduo da produo de babau causou para o setor.
Atualmente so estimadas 200 mil famlias envolvidas com a atividade de babau, seja na
quebra, na cata do coco. Vendendo para as indstrias ou atravessadores, organizadas ou no em
cooperativas. Estas comunidades cumprem papel relevante de conservar as florestas de babau,
apesar da convivncia com os conflitos fundirios, do no cumprimento da Lei N 1.959, de 14 de
agosto de 2008 conhecida como Lei do Babau Livre, das queimadas descontroladas, dos
desmatamentos e em funo da pecuria extensiva e da implantao de grandes empreendimentos
para produo de soja, cana de acar, eucalipto e ainda as usinas hidroeltricas, termoeltricas, entre
outros.
May (1990) concluiu que no reconhecer a utilidade de espcies naturais, como a palmeira de
babau, assim como a funo do extrativista, significa ignorar o potencial desses recursos no
processo de desenvolvimento. necessrio ressaltar tambm que o babau uma palmeira cujo porte
possibilita o aproveitamento de espao para o desenvolvimento de outras culturas alimentares,
aumentando as possibilidades de reas produtivas.
Portanto, as comunidades que trabalham com a cata e quebra do coco de babau, atravs de
associaes, cooperativas, organizaes no governamentais (entre outras), demandam
acompanhamento e orientao que possam promover e fortalecer essa cadeia produtiva, o uso
racional do coco e a conservao da palmeira, pois a baixa escolaridade ainda um fator presente nas
comunidades extrativistas que interfere na compreenso dos extratores quanto aos procedimentos
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burocrticos que acompanham a implementao de polticas ou projetos para benefcio da cadeia
produtiva do babau.
O coco de babau possibilita vrias alternativas de aproveitamento, que so fundamentais
para o surgimento de investimentos atravs de instituies pblicas e privadas, nacionais e
internacionais, comprometidas com a sustentabilidade da mesorregio do Bico do Papagaio e que,
ainda favorea o desenvolvimento dessa regio com a implementao de polticas pblicas
considerando os aspectos culturais, sociais, econmicos e ambientais da Amaznia Legal.
Este trabalho tem como principal objetivo identificar os modelos extrativistas de babau
existentes, comparando-os, entre si, de forma a analisar e a identificar qual(is) deste(s) modelo(s)
podem trazer uma melhor qualidade de vida para as comunidades agroextrativistas.
Neste contexto, por meio dos objetivos especficos, pretende-se: i) Comparar na relao com
a indstria as vantagens e desvantagens em ser catadores de coco ou quebradeiras de coco; e ii)
Investigar a produo de amndoas e algumas fraes derivadas do coco de babau por associaes
e/ou cooperativas.
No Brasil, o aproveitamento integral do coco de babau ainda restrito s indstrias, que o
consideram vivel economicamente e ambientalmente. Neste sentido, fundamental para as
comunidades extrativistas, identificar dentro dos modelos de aproveitamento do coco de babau,
praticados atualmente, qual destes pode proporcionar melhor qualidade de vida e, consequentemente,
possibilitar a ampliao da conservao das florestas naturais de babau.
Para diagnosticar a cadeia produtiva do babau, foram utilizadas pesquisa bibliogrfica,
pesquisa documental, observao participante e entrevistas estruturadas e semiestruturadas. Neste
sentido, para mensurar o ndice de condies de vida (ICV) dos extrativistas de babau residentes no
Bico do Papagaio (tocantinense), foram aplicados questionrios conforme as dimenses: ambiental,
renda mensal, habitao, sade, escolaridade e capital social.
O trabalho tem a seguinte estrutura. Em primeiro lugar feita uma reviso bibliogrfica dos
principais elementos tericos a serem utilizados ao longo do trabalho. Parte-se do pressuposto que a
partir do dilogo estabelecido entre autores seminais da Economia Ecolgica Martinez Alier,
Georgescu-Roegen , do Ecodesenvolvimento Ignacy Sachs - com autores ligados a concepes
humanistas de desenvolvimento, tais como Armatya Sen e Karl Polanyi, possvel compreender
como experincias e perspectivas de desenvolvimento a partir dos atores, seus olhares e
experincias.
Posteriormente, trata-se do conceito de desenvolvimento comunitrio, enquanto um elemento
especfico do processo mais ampliado de desenvolvimento, e sua relao com o capital social,
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considerando a realidade especfica do agroextrativismo. A seguir apresentado o Plano Nacional
da Sociobiodiversidade, onde atividade econmica do babau um elemento constitutivo.
Posteriormente apresentado um diagnstico da cadeia produtiva do babau no Brasil, em particular
no Estado do Tocantins.
Nos resultados e discusses, em primeiro lugar apresentado um diagnstico da cadeia
produtiva do babau, em segundo lugar, partiu-se deste diagnstico para as anlises socioambientais
dos arranjos produtivos do coco de babau, separados em grupos de, i) catadores de quebradeiras de
coco de babau que comercializam com a indstria Tobasa, ii) agroextrativistas da Comunidade Sete
Barracas, e iii) artesos do Projeto Arte Norte. E, em terceiro lugar, confrontar as principais
dimenses dos arranjos produtivos pesquisados.
Assim a pesquisa foi desenvolvida nas seguintes etapas: i) Caracterizao socioeconmica da
cadeia produtiva do babau, ii) Diagnstico socioambiental dos arranjos produtivos pesquisados, iii)
Clculo do ICV dos arranjos produtivos pesquisados, iv) Comparao das principais dimenses dos
arranjos produtivos pesquisados.
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2 REVISO DE LITERATURA
2.1 Economia Ecolgica e Modelos de Desenvolvimento
Nas dcadas de 60 e 70, a questo ambiental e o desenvolvimento sustentvel foram inseridos
na agenda econmica mundial, originando as discusses acerca da Economia Ecolgica, que Alier
(2007, p.45), denomina como, [...] um campo de estudos transdisciplinar estabelecido em data
recente, em que observa a economia como um subsistema de um ecossistema fsico global e finito.
Neste sentido, questionamentos sobre a sustentabilidade da economia, so levantados em funo dos
impactos ambientais causados pela disputa por energia, recursos naturais e crescimento demogrfico.
De fato, para Alier (1998, p.268) uma economia ecolgica, [...] usa os recursos renovveis
(gua, pesca...) com um ritmo que no exceda sua taxa de renovao, que usa os recursos esgotveis
(petrleo...) com um ritmo no superior ao de sua substituio por recursos renovveis (energia
fotovoltaica...). Compreende-se a economia ecolgica como um experimento fora da economia
clssica, que considera da mesma forma aspectos biofsicos e ticos, bem como valores que a
sociedade possui para conservar-se o grande meio de sobrevivncia que a Terra. Dentre os
princpios da economia ecolgica, a conservao da diversidade, biolgica, silvestre e agrcola so
prioridade, e, ainda, a preocupao com a quantidade de resduos que o ecossistema pode reciclar.
Segundo Alier (1998) a economia ecolgica se relaciona com vrias questes, vale ressaltar
que dentre as referidas questes algumas tem relao direta com esta pesquisa e outras de forma
indireta, as quais destacam-se:
Equidade com sustentabilidade riqueza e pobreza destroem os recursos naturais, conflitos
distributivos so empecilhos para o alcance da economia ecolgica.
Os movimentos ecolgicos tm funo relevante na luta em prol do bem estar da populao
[...] atravs de protestos cvicos.
Os instrumentos da economia ecolgica inicialmente, mudar a estrutura de consumo e as
tecnologias, estabelecer objetivos para minimizar as emisses contaminantes e uso dos
recursos, por meio de discusses cientfico-polticas democrticas e acessveis. Tais objetivos
podem ser atingidos com a interveno de: a) proibies legais e multas ou outras sanes; b)
incentivos e penalidades econmicas (o caso da poluio com garrafas de plstico), mercados
de licena de contaminao, assim como, a implantao de imposto sobre a extrao em
pedreiras. Os referidos instrumentos norteariam a economia rumo economia ecolgica.
Politica ambiental estabelecida por acordo a administrao pblica, em seus vrios
segmentos, poderia priorizar grupos de consumidores que so abertos s mudanas no modo
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de vida ou j o fizeram (adeptos ao ciclismo, energia solar, consumidores de produtos
ecolgicos e restaurao de moradias, etc.).
Na dcada de 70, o economista romeno Nicholas Georgescu-Roegen, em sua obra The
Entropy Law and the Economic, fez uma abordagem sobre a termodinmica e a economia,
criticando a prpria economia como mecanicista, e que nesse processo esta no considera os limites
dos recursos oferecidos pela natureza. Sob essa tica, a escassez dos recursos naturais so
limitadores do desenvolvimento econmico, e a humanidade precisa redefinir suas estratgias de
utilizao dos recursos naturais para que o planeta no entre em desequilbrio por completo.
Portanto, para a conservao dos babauais da regio do Bico do Papagaio tambm deve ser
estabelecido um plano levando em considerao o limite desse recurso natural e o quanto o
extrativismo do babau representa economicamente, ainda que a renda adquirida nesta atividade no
supra na totalidade as necessidades das famlias.
Embora Georgescu-Roengen no utilizasse o termo economia ecolgica, o alerta em relao
natureza como um limitante do processo de desenvolvimento econmico, condiz com os princpios
da economia ecolgica, enquanto um campo que se preocupa com as relaes econmicas, sociais e
ambientais.
O desenvolvimento pode ser visto como um processo de expanso das liberdades reais que as
pessoas desfrutam, bem como ressalta Sen (2000), mas o acesso a essas liberdades, que so
essenciais ao processo de desenvolvimento, ainda restrito a muitos da sociedade, e quase inacessvel
boa parte das comunidades, povos tradicionais e agricultores familiares, principalmente aquelas
que esto numa localizao geograficamente remota, como no caso das comunidades
agroextrativistas localizadas na mesorregio do Bico do Papagaio.
Neste sentido, pode-se questionar, se os servios de habitao, sade e educao e a insero
aos mercados de trabalho esto disponveis a todas as classes sociais, assim como o direito de
participar de debates, discusses e avaliaes de polticas pblicas, ou seja, a participao nas
questes sociais. E desse modo, [...] o mundo atual nega liberdades elementares a um grande
numero de pessoas talvez at mesmo maioria. SEN (2000, p. 18).
Historicamente, [...], a ideia de desenvolvimento tem sido dissociada das estruturas sociais,
ignorando as aspiraes dos grupos constitutivos da sociedade, e por essa razo tem tido um carter
economicista (CECHIN, 2010, p. 175). No entanto, fundamental que o processo de
desenvolvimento considere a relao do homem com o meio (recursos naturais), na busca de
fortalecer seus potenciais para satisfazer necessidades e ampliar perspectivas.
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Martinez Alier (1998, p.101) ressalta, [...] que com grande xito introduziram a expresso
Sustainable Development na poltica internacional, [...] e, depois, a Comisso de Brundtland das
Naes Unidas, queriam combinar conscientemente essas duas ideias: desenvolvimento econmico e
capacidade de sustento. No campo terico, combinar as ideias de desenvolvimento econmico e
capacidade de sustento algo exequvel, mas encontrar experincias prticas que relacionem essas
ideias um desafio global. No contexto atual, buscar alternativas prticas e adequadas realidade
local, torna-se substancial, no livro O ecologismo dos pobres, que Martinez Alier, indica algumas
alternativas:
Em relao s guas, optar pela colheita de chuva atravs de pequenas represas; a utilizao
de mtodos tradicionais de irrigao baseados em tanques;
Em relao s florestas, questiona-se sobre o controle das matas, pois entreg-las s
comunidades locais seria uma alternativa mais justa e sustentvel;
E, ainda, o estimulo positivo agroecologia nos pases industrializados.
Atualmente, a palavra sustentabilidade possui vrios significados que, dentre eles, fortaleceu
o conceito que nos remete sustentabilidade como alternativa para combater a degradao ambiental
- discusso que associa a conservao dos recursos naturais para as geraes futuras e perspectivas
de desenvolvimento.
Ao longo da histria, a humanidade imaginou ter domnio sobre os recursos naturais, mas a
ao antrpica persiste e distancia o homem da compreenso sobre as leis da natureza. Para Dale e
Carter (1955 p. 155 apud Shumacher, 1997, p. 197): O homem, civilizado ou selvagem, um filho
da natureza no o senhor dela. Tem de ajustar suas aes a certas leis naturais se quiser manter
seu domnio sobre o ambiente. O homem no percebe que ultrapassar os limites sinalizados pela
natureza tem impacto direto na sua permanncia no planeta. E, assim, utiliza o solo e a vegetao,
causando a desertificao e o desaparecimento de espcies animais, e isto se traduz como o processo
de civilizao, todavia, gerou mais conflitos do que qualidade de vida para a populao mundial.
Entretanto, para intervir na questo ambiental, dever-se-ia, primeiramente, sensibilizar as
pessoas quanto ao conceito de sustentabilidade, levando-as reflexo no que se refere sua relao
com a natureza, a qual tambm faz parte. Para tanto, imprescindvel compreender os pilares nos
quais o desenvolvimento sustentvel est estruturado e as mudanas necessrias em prol do
desenvolvimento e da conservao dos recursos naturais.
Segundo Sachs (2008) os cinco pilares do desenvolvimento sustentvel so: 1 - Social,
fundamental por motivos tanto intrnsecos quanto instrumentais, por causa da perspectiva de
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disrupo (ruptura) social que paira de forma ameaadora sobre muitos lugares problemticos do
nosso planeta; 2 Ambiental, com as suas duas dimenses (os sistemas de sustentao da vida como
provedores de recursos e como recipientes para a disposio de resduos); 3 - Territorial,
relacionado distribuio espacial dos recursos, das populaes e das atividades; 4 - Econmico,
sendo a viabilidade econmica a condition sine qua non para que as coisas aconteam; 5 - Poltico, a
governana democrtica um valor fundador e um instrumento necessrio para fazer as coisas
acontecerem; a liberdade faz toda a diferena.
Os referidos pilares esto intrinsecamente ligados e interferem, de modo simultneo, nas
condies de vida humana, mas, deve-se oferecer ao pilar ambiental uma ateno diferenciada, em
funo dos recursos naturais disponibilizarem tantos meios para se viver, e ao mesmo tempo ter o
papel de receptor dos resduos. Do mesmo modo, os princpios de igualdade, equidade e
solidariedade devem estar impregnados no conceito de sustentabilidade, pois so indispensveis e,
em mdio ou longo prazo, podem impactar no pensamento econmico.
Por consequncia, desponta a necessidade de incorporar estratgias que impulsionem a
sustentabilidade. De acordo com Sachs (2008), [...] teremos que desenvolver e utilizar tecnologias
sustentveis; estabilizar a populao global, visando o equilbrio econmico e a sustentabilidade
ambiental; e, ainda, ajudar os pases mais pobres a sair dessa condio. Estas so metas
consideradas bsicas e condicionantes para o alcance da sustentabilidade, a trajetria global, na qual
a humanidade est inserida, demandando mudanas essenciais s prticas de sustentabilidade, assim
como, ao bom desempenho ambiental, social e econmico.
Porm, a prioridade seria voltar os esforos para cooperar com as regies mais pobres do
planeta, as retirando da situao de misria. E, por conseguinte, atacar o problema da
superpopulao, por meio do uso de tecnologias sustentveis, que busquem agregar todas as cincias,
com vistas continuidade da existncia das espcies do planeta.
Nos dias atuais, essa dinmica permanece e ganha impulso devido s demandas construdas
pela prpria sociedade. O uso do solo e das pessoas est sob o domnio de grandes grupos
econmicos, investidores de empreendimentos (joint ventures) em diversos segmentos do mercado.
Contudo, indispensvel modificar a forma de utilizao do solo e do processo de industrializao,
atravs de tecnologias sustentveis adequadas realidade local e que busquem a permanncia do
homem no planeta, visando compensar ou mitigar a ao antrpica na natureza.
Para Sachs (2008) necessitamos de um comprometimento global comparvel para custear a P
& D em tecnologias sustentveis, tais como energia limpa, variedades de sementes resistentes seca,
criao de peixe ambientalmente segura, vacinas para doenas tropicais, aperfeioamento do
monitoramento remoto e da conservao da biodiversidade e muito mais.
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Neste sentido, promover e socializar pesquisas e tecnologias que ofeream segurana
alimentar e sade para as populaes, e, que ainda conserve a biodiversidade, ser uma medida,
sobretudo inclusiva para as comunidades extrativistas de babau (entre outras tradicionais) da
mesorregio do Bico do Papagaio, pois estas mantm uma relao estreita com sua regio, com o
meio em que vivem e com o seu ambiente.
Todavia, os sistemas de produo integrada carecem de adaptaes conforme sua realidade,
em vrias escalas, iniciando pela agricultura familiar at chegar aos grandes empreendimentos, e,
dessa forma, conglomerar todos na estratgia de sustentabilidade.
Nas palavras de Sachs (2008, p. 51), todos deveriam empenhar-se em busca do [...]
aproveitamento racional e ecologicamente sustentvel da natureza em benefcio das populaes
locais, levando-as a incorporar a preocupao com a conservao da biodiversidade aos seus prprios
interesses [...]. Pela complexidade socioambiental e geogrfica das comunidades extrativistas da
mesorregio do Bico do Papagaio, so substanciais os mecanismos que proporcionem
desenvolvimento e conservao ambiental, adequados para sua realidade e no adotar modelos
aplicados em outras regies.
Na obra A Grande Transformao, Karl Polany estudou e descreveu as sociedades
primitivas compreendendo o homem como um ser social, que articula suas aes em busca de
atender as necessidades coletivas e no somente individuais. Em suas pesquisas relacionadas s
primeiras civilizaes, concluiu que nos sistemas econmicos o homem operava atravs de
motivaes sociais e no econmicas, e que o lucro no era o objetivo principal destas sociedades.
Por isso, Polany distingue quatro princpios de comportamento econmico associados aos
modelos institucionais, que so:
Quadro 1 - Classificao das formas de organizao da economia
TIPOS DE
ORGANIZAO
ECONMICA
DESCRIO
DOMESTICIDADE - Consiste na produo para uso prprio ou em grupo (em grego OECONOMIA)
RECIPROCIDADE - Corresponde a relao estabelecida entre muitas pessoas por uma sequncia
duradoura de dons.
- Obtm-se em respeito, em estima ou em reconhecimento diante dos outros
membros.
REDISTRIBUIO - O produto da atividade de cada um partilhado com as outras pessoas que vivem
com ele.
- Inmeros exemplos mostram que a redistribuio tambm tende a enredar o
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sistema econmico propriamente dito em relaes sociais.
MERCADO - O mercado o local de encontro para a finalidade da permuta o da compra e
venda.
Fonte: Livro: A Grande Transformao adaptado pelo autor.
O quadro acima pode ser conferido na obra A Grande Transformao, o mesmo esclarece o
modo de vida das sociedades no mercantis e o quanto a implantao de uma economia de mercado,
bem como o processo de industrializao impactou no desenvolvimento econmico e social da
sociedade. Assim compreende-se que os princpios dessas sociedades no eram associados
meramente economia, o bem estar em comum, por exemplo, era a meta maior.
Com o advento da indstria no sculo XVIII, a adoo de tecnologias sustentveis tornou-se
um impasse diante da fora do mercado, visto que [...] a produo das mquinas numa sociedade
comercial envolve uma transformao que a da substncia natural e humana da sociedade em
mercadorias (POLANY, 2000, p. 61).
Polany apresenta os trs estgios que no sculo XVIII, configurou-se a sociedade industrial: i)
comercializao do solo, ii) elevao da produo de alimentos para atender nacionalmente uma
produo industrial crescente e iii) ampliao do sistema de produo excedente aos demais
territrios.
O mecanismo autorregulador do mercado levou o homem e a natureza a se ajustarem lei da
oferta e da procura, tornando-os mercadorias ou produtos para comercializao. Do mesmo modo, a
fora de trabalho foi negociada por meio de um salrio, assim como a terra poderia ser usada
mediante o pagamento de um aluguel.
2.2 Desenvolvimento Comunitrio, Capital Social no Agroextrativismo
O desenvolvimento comunitrio intercorre, sobretudo, quando os membros de determinada
comunidade internalizam e praticam alguns princpios inerentes ao capital social, (participao,
confiana, cooperao, solidariedade, organizao e iniciativa). Conforme Bourdieu (1999, p. 65) o
conceito de capital social est baseado, no: [...] o conjunto de recursos atuais ou potenciais que esto
ligados posse de uma rede durvel de relaes mais ou menos institucionalizadas de
interconhecimento e de inter-reconhecimento ou, [...] vinculao a um grupo, como conjunto de
agentes que no somente so dotados de propriedades comuns [...], mas tambm so unidos por
ligaes permanentes e teis.
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Desse modo, atravs de um processo de conscientizao das potencialidades e recursos de
uma comunidade que se institui o capital social, o qual deve ser cultivado a partir de objetivos que
visem benefcios coletivos e relevantes para o seu desenvolvimento comunitrio. Para tanto, [...] o
volume do capital social que um agente individual possui depende ento da extenso da rede de
relaes que ele pode efetivamente mobilizar e do volume do capital (econmico, cultural ou
simblico) que posse exclusiva de cada um daqueles a quem est ligado (BOURDIEU, 1999 p. 66).
Coleman (1998) tambm ressalta, [...] O conceito de capital social como um recurso para a
ao, uma forma de introduzir a estrutura social no paradigma da ao racional. As formas de
organizao social so examinadas: obrigaes e expectativas, os canais de informao, e as normas
sociais [...]. Partindo deste princpio, o capital social entendido como fator preponderante ao
desenvolvimento das comunidades agroextrativistas, as quais encontram obstculos para a
sustentabilidade de suas atividades, possivelmente em razo da ausncia de capital social.
Para Franco (1999) No pode haver nenhuma espcie de desenvolvimento sem
desenvolvimento social, isto , sem a gerao, ampliao ou reproduo, alterao da composio,
em termos de qualidade e/ou de quantidade, daquilo que se chama Capital Social. A busca por
benefcios coletivos est intrnseca aos objetivos sincronizados, o desenvolvimento comunitrio,
configurado distinto das estratgias governamentais e acontece mediante a transformao de uma
comunidade. Desse modo possvel antecipar o cenrio futuro conforme a gesto social, o esprito
participativo e a reciprocidade entre seus membros tornando os atores sociais protagonistas da
histria do seu desenvolvimento.
O agroextrativismo ocorre quando atividades como a agricultura, cultivo de rvores frutferas,
pesca etc., combinam-se com atividades extrativistas gerando o que se chama de conjunto de
sistemas complexos de produo agroextrativista (WWF1 2012). O referido sistema bastante
praticado na regio do Bico do Papagaio, em funo do perodo de entre safra do babau, o qual os
membros das comunidades aproveitam para cultivar e comercializar outras culturas, como o feijo,
arroz, milho, frutas e hortalias, como alternativa e nica forma de garantir a renda para o sustento de
suas famlias.
Neste sentido, necessrio que estas comunidades agroextrativistas, compreendam a relao
entre sustentabilidade e desenvolvimento, e alcance o efeito das suas aes frente sustentabilidade
das florestas de babau do Brasil. Assim, concernente reconhecer o sistema agroextrativista
associado ao extrativismo do babau, como alternativa para o desenvolvimento dos povos e as
comunidades tradicionais da mesorregio do Bico do Papagaio, como tambm, reconhecer a
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relevncia do servio ambiental prestado por estas comunidades (comunidade Sete Barracas e demais
comunidades de Quebradeiras de coco de babau distribudas no Bico do Papagaio), promovendo a
ecologizao do meio rural.
Na condio em que essas comunidades encontram-se, o apoio e investimento do setor
empresarial cumprindo e praticando a responsabilidade social perante as comunidades
agroextrativistas onde esto inseridas as empresas, e ainda, com a interveno do setor pblico por
meio de polticas pblicas, voltadas para a sustentabilidade com base na realidade local, sero estes,
os mecanismos primordiais para alcanar implementaes que contribuam efetivamente com o seu
desenvolvimento sustentvel, visando projetos que impulsionem o agroextrativismo. Tambm
importante considerar o aproveitamento integral do coco de babau, no o considerando apenas
como uma oleaginosa, mas, tambm, como uma biomassa energtica e geradora de produtos
tecnolgicos e de alto valor agregado, capaz de contribuir com o desenvolvimento local, de elevar a
qualidade de vida das referidas comunidades e de ainda manter conservadas as florestas de babau da
regio.
No s o babau, mas todos os produtos florestais carecem de atendimento s suas demandas
bsicas, como crdito, acesso aos mercados, capacitaes gerencial, comercial e tcnica, assim como
o acesso s tecnologias sustentveis que promovam agregao de valor aos produtos e melhoria de
qualidade de vida para as comunidades agroextrativistas.
2.3 O Plano Nacional da Sociobiodiversidade
O Governo federal participou da Conveno de Diversidade Biolgica no ano de 2002 e
aprovou a Poltica Nacional de Biodiversidade pelo Decreto 4.339 de 22/08/2002. E, posteriormente
alguns eventos de consultas realizados pelos ministrios que coordenam esta poltica (MDA, MMA e
MDS) e Sociedade Civil Organizada, apresentaram propostas que deram origem primeira verso do
Plano Nacional de Promoo das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB). No decorrer
do, Seminrio Nacional de Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade: Agregao de Valor e
Consolidao de Mercados Sustentveis, em julho de 2008, a verso final deste Plano foi discutida e
tornou-se vlida.
O PNPSB possibilita observar a inter-relao de iniciativas oriundas dos Governos Federais,
Estaduais e Municipais, tambm de ONGs, Organizaes sociais, Setor empresarial e Instituies
acadmicas, em busca de desenvolver projetos para a promoo das cadeias produtivas dos produtos
1 O conceito do termo agroextrativismo utilizado pela ONG WWF, encontra-se Disponvel em:
http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/agricultura/agr_acoes_resultados/agro/ - ltimo acesso
em 23.03.2012.
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extrativistas encontrados nos biomas brasileiros. Os atores sociais envolvidos enfatizam que o
fortalecimento deste mercado imprescindvel para o desenvolvimento sustentvel, de modo que
possam atravs do extrativismo sustentvel viabilizar projetos de gerao ou complemento de renda,
ocupao e conservao da biodiversidade.
O Plano Nacional para Promoo das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade uma
poltica pblica, que tem como gestores os Ministrios do Meio Ambiente (MMA), do
Desenvolvimento Agrrio (MDA) e do Desenvolvimento Social e Combate Fome (MDS) e
CONAB, entre outros parceiros do governo e Organizaes Sociais. Segundo o documento oficial do
PNPSB, [...] O Plano tem como principal objetivo desenvolver aes integradas para a promoo e
fortalecimento das cadeias de produtos da sociobiodiversidade, com agregao de valor e
consolidao de mercados sustentveis [...], e ainda promover [...] produtos e servios da
sociobiodiversidade oriundos de territrios ocupados por povos indgenas, quilombolas,
comunidades tradicionais e agricultores familiares [...].
Para tanto, a articulao com outras polticas pblicas fundamental, dentre elas esto: i)
PAA Programa de Aquisio de Alimentos da Agricultura Familiar, ii) PCTAFs Poltica
Nacional de Desenvolvimento Sustentvel dos Povos e Comunidades Tradicionais e iii) PRONAF
Programa Nacional de Fortalecimento da agricultura Familiar. Dessa forma, pretendem viabilizar a
integrao de aes que complementam e atendam as reais necessidades dos seus beneficirios. Os
objetivos especficos colocados no Plano abrangem aspectos como:
Promover a conservao, o manejo e o uso sustentvel dos produtos da sociobiodiversidade.
Fortalecer cadeias produtivas em cada um dos biomas agregando valor aos produtos da
sociobiodiversidade.
Fortalecer a organizao social e produtiva dos povos indgenas, quilombolas, comunidades
tradicionais e agricultores familiares.
Ampliar, fortalecer e articular instrumentos econmicos necessrios estruturao das
cadeias produtivas.
Fortalecer redes de conhecimento integrado s aes de pesquisa, assistncia tcnica e
capacitao.
Fortalecer a articulao intra e interinstitucional e inter-setorial.
Adequar o marco legal de maneira a atender as especificidades dos produtos da
sociobiodiversidade.
Os eixos dessas aes esto estabelecidos num conjunto de linha de operaes, que
contemplam suas prioridades conforme a descrio apresentada no Plano, bem como atividades
complementares para a valorao dos servios da sociobiodiversidade, as quais seguem abaixo:
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Promoo e apoio produo e ao extrativismo sustentvel;
Estruturao e fortalecimento dos processos industriais;
Estruturao e fortalecimento de mercados para os produtos da sociobiodiversidade;
Fortalecimento da organizao social e produtiva;
Aes complementares para a valorao dos servios da sociobiodiversidade.
As estratgias de implementao do PNPSB trazem elementos que do seu ponto de vista,
contribuem para a eficcia e o desenvolvimento adequado de uma poltica pblica, dentre esses, trs
elementos citados no Plano chamam ateno para:
Evitar a duplicao de estruturas e iniciativas, valorizando e reforando o que j existe.
Articular e fortalecer os espaos, polticas e programas j existentes em torno dos produtos da
sociobiodiversidade, buscando a complementariedade entre as aes.
Buscar a gesto participativa e compartilhada, articulando os setores governamental, privado
e as organizaes sociais, nas escalas federal, regional, estadual, municipal, local. Ou seja, o
Plano no de responsabilidade exclusiva do Governo Federal, mas de todos os segmentos
interessados no fortalecimento das cadeias produtivas de produtos da sociobiodiversidade.
O PNPSB composto de diretrizes estratgicas que esto de acordo com as polticas pblicas,
com o marco regulatrio nacional e os acordos internacionais, os quais o Brasil signatrio, estando
ajustadas s demandas sociais apresentadas em Seminrios de consulta realizadas nos biomas,
Amaznia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlntica, Pantanal e Pampa. Eis as diretrizes mencionadas neste
Plano:
i) Promover a conservao e o uso sustentvel da biodiversidade;
ii) Promover o reconhecimento dos direitos dos povos indgenas, quilombolas, comunidades
tradicionais e agricultores familiares ao acesso aos recursos da biodiversidade e repartio justa
e equitativa de benefcios;
iii) Promover a valorizao e respeito da diversidade cultural e conhecimento tradicional;
iv) Promover a segurana alimentar e nutricional a partir da alimentao diversificada;
v) Buscar a agregao de valor socioambiental, com gerao de emprego, renda e incluso
social;
vi) Construir e consolidar mercados regidos por valores de cooperao, solidariedade e tica;
vii) Adotar a abordagem de cadeias e arranjos produtivos, o enfoque participativo, territorial e
sistmico como elementos de concepo e implementao do Plano;
viii) Promover o empoderamento e controle social;
ix) Promover a articulao intra e institucional, e inter-setorial;
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x) Implementar uma estrutura de gesto com base no compartilhamento de responsabilidades
entre os setores pblico, privado e a sociedade civil organizada. (MDA, 2011)
Para Neves, Rodrigues e Silva2 (2011), a avaliao do processo de implementao do PNPSB
na mesorregio do Bico do Papagaio indica alguns gargalos que devem ser dirimidos em curto prazo,
para concretizar o objetivo maior do Plano, que o fortalecimento da cadeia produtiva do babau na
referida mesorregio.
Por consequncia, da perspectiva da atividade agroextrativista, o PNPSB apresenta estratgias
para compreenso de que princpios mais abrangentes possam direcionar as aes de governo,
evitando, assim, a repetio de aes por vezes ineficazes e potencializando todas as iniciativas
desenvolvidas pelas comunidades agroextrativistas de babau. Esta pesquisa revela que o Plano
representa uma oportunidade para as organizaes sociais colocarem suas demandas e abranger
segmentos econmicos que antes no seriam contemplados.
Todavia, observa-se que a maior parte dos atores envolvidos nesta pesquisa concorda com as
diretrizes e estratgias de implementao utilizadas pelo referido Plano, e ainda est aberta a dilogos
que possam acelerar a implementao desta poltica pblica e das aes voltadas para atingir seus
objetivos e metas propostos, contribuindo, de fato com o fortalecimento da cadeia produtiva do
babau.
Diante do contexto, atender as recomendaes apresentadas pelas comunidades
agroextrativistas ser de fundamental importncia para prover e estimular os implementos essenciais
ao desenvolvimento Plano do Nacional da Sociobiodiversidade.
Eis as principais recomendaes apresentadas (NEVES, RODRIGUES E SILVA, 2011):
Realizar o planejamento de comunicao que utilize vrios veculos (Rdio Comunitria,
Carro de som, Impressos, TV e outros).
A diminuio da burocracia (autorizao da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria -
ANVISA para fabricao de produtos; licena de operao - LOP junto ao Instituto Natureza
do Tocantins - NATURATINS; ausncia de registro para emisso de Nota Fiscal).
Organizar a estrutura logstica e ampliar o investimento em rodovias e sistemas de
transportes.
Estimular a organizao social e produtiva entre os extrativistas.
Ampliar e viabilizar o acesso s politicas pblicas.
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Divulgar para a populao (consumidores potenciais) os benefcios nutricionais do coco de
babau.
Reconhecer e promover a valorizao do extrativismo do babau como forma de conservao
ambiental.
Definir, como ao prioritria do Governo Federal, o combate s elevadas taxas de
analfabetismo que atingem muitas comunidades extrativistas.
3 METODOLOGIA
Partindo dos pressupostos da Economia Ecolgica, e no dilogo com o Ecodesenvolvimento,
e com vises humanistas do processo de desenvolvimento, foram desenvolvidos os procedimentos e
instrumentos desta pesquisa.
Foram diagnosticados os principais arranjos produtivos da extrao do coco babau na regio
do Bico do Papagaio TO. Neste sentido, para realizar a pesquisa, o trabalho foi dividido em trs
etapas, a primeira consistiu em selecionar as reas rurais de 11 municpios (Aguiarnpolis,
Tocantinpolis, Nazar, Luzinpolis, Riachinho, Carrasco Bonito, Buriti, So Miguel do Tocantins,
Araguatins e Anans), onde esto localizadas as comunidades que praticam o extrativismo do babau
e desenvolvem atividades significativas, com grande expresso ambiental, social e econmica para
regio do Bico do Papagaio.
Estabelecida diviso de reas, na segunda etapa selecionou-se o pblico alvo da pesquisa,
conforme cada arranjo, com a seguinte distribuio:
Projeto Arte Norte artess residentes nas cidades, Aguiarnpolis, Tocantinpolis, Nazar e
Araguatins/TO;
Assentamento Sete Barracas comunidade agroextrativista localizada na zona rural de So
Miguel/TO;
Tobasa catador homens e mulheres catadores de coco de babau que comercializam o coco
inteiro com a indstria Tobasa, residentes da zona rural de Nazar, Anans, Luzinpolis/TO;
Tobasa quebradeira mulheres quebradeiras de coco de babau que comercializam sua
produo de amndoa e cascas com a indstria Tobasa, residentes na zona rural de Buriti e
Carrasco Bonito/TO.
Assim a pesquisa foi desenvolvida nas seguintes etapas:
2 Neves, Rodrigues e Silva. Avaliao do Processo de Implementao do Plano Nacional da Sociobiodiversidade na Mesorregio do Bico do Papagaio. IX Encontro Nacional da ECOECO Braslia/DF, 2011.
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I. Caracterizao socioeconmica da cadeia produtiva do babau.
II. Diagnstico socioambiental dos arranjos produtivos pesquisados.
III. Clculo do ICV dos arranjos produtivos pesquisados.
IV. Comparao das principais dimenses dos arranjos produtivos pesquisados.
3.1. Caracterizao socioeconmica da cadeia produtiva do babau.
Foram levantados dados secundrios da extrao do coco babau no Brasil, em fontes
especializadas, e depois os dados foram colocados em uma dimenso temporal e espacial. Os dados
posteriormente foram trabalhados estatisticamente para verificar a evoluo da atividade no pas, nas
mesorregies e nas unidades da federao.
Atravs de pesquisa documental foram levantadas informaes qualitativas sobre a estrutura e
as perspectivas de produo e tecnolgica no beneficiamento do coco babau. Tambm, foi
pesquisado um acervo fotogrfico para demonstrar as rotas tecnolgicas do coco babau.
3.2 Diagnstico socioambiental dos arranjos produtivos pesquisados
Atravs de pesquisa documental e entrevistas semiestruturadas foi realizado o histrico de
cada uma das tipologias definidas: Catadores e quebradeiras de coco com relao comercial com a
indstria; artess do Projeto Arte Norte e agricultores familiares do Assentamento Sete Barracas.
Foi realizado o contato com os representantes da Tobasa Bioindustrial, do Projeto Arte
Norte/Sebrae e do Clube Agrcola Sete Barracas, para apresentar a pesquisa em questo, assim como,
seus objetivos e dessa forma obter a autorizao e apoio para o desenvolvimento dos trabalhos. E,
assim, verificar vrios modelos de aproveitamento do coco de babau praticados pelas as
comunidades extrativistas da referida regio, como informado anteriormente, os produtos advindos
desse aproveitamento proporcionam a comercializao do coco inteiro, amndoas, leo, mesocarpo,
carvo e artesanato com alta qualidade.
Para obter informaes relacionadas s atividades da Tobasa Bioindustrial de Babau S/A.,
um questionrio estruturado e um roteiro de perguntas, foi aplicado aos seus representantes, aos
fornecedores de matria prima - negociam a compra dos produtos comercializados com os
extrativistas e aos membros das comunidades que realizam as atividades de:
Coleta do coco de babau;
Produo de carvo;
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leo;
Amndoas.
As perguntas-chave buscaram responder as questes relacionadas comercializao,
produo, fornecimento, relao com a indstria, relao com fornecedores e renda mensal,
conforme abaixo descritas:
i) Quem so os componentes da cadeia produtiva do babau?
ii) Onde esto localizados ou residem?
iii) O que produzem por meio da extrao do coco de babau?
iv) O quanto fornecem de matria-prima ou produtos para indstrias qumicas,
siderrgicas, cermicas (entre outros)?
v) Como a relao dos fornecedores com a indstria ou outros segmentos de empresas
que comercializam?
vi) Como acontece a relao entre fornecedores e extrativistas?
vii) Qual a renda mensal advinda do extrativismo do babau?
Foram aplicados 155 questionrios e realizadas 03 entrevistas estruturadas e semiestruturadas
distribudas territorialmente na zona rural de 10 municpios (Aguiarnpolis, Tocantinpolis, Nazar,
Luzinpolis, Riachinho, Carrasco Bonito, Buriti, So Miguel do Tocantins e Anans), junto aos
membros das comunidades extrativistas e representantes de indstrias da mesorregio do Bico do
Papagaio, para levantar as condies de vida dessa populao, assim como a situao atual da cadeia
produtiva do babau na regio.
Quadro 02. Por tipologia, os questionrios e entrevistas tiveram a seguinte distribuio.
Tipologia Quantidade de
questionrios
Quantidade de
entrevistas
Locais
(Municpios) de
Aplicao dos
Instrumentos de
Pesquisa
Tamanho da
Populao
Catadores de coco
com relao
comercial indireta
49 02 Nazar, Anans e
Luzinpolis/TO
1.500
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com a Indstria
Quebradeiras de
coco com relao
comercial indireta
com a Indstria
48 03 Buriti e Carrasco
Bonito/TO
500
Artess do Projeto
Arte Norte
34 03 Aguiarnpolis,
Tocantinpolis,
Nazar e
Araguatins/TO
80
Agricultores
familiares do
Assentamento Sete
Barracas
27 02 So Miguel/TO 50
Posteriormente os dados foram tabulados utilizando o pacote estatstico SPSS (Statistical
Package for Social) verso 15.0 e os dados por tipologia estudada foram agrupados nas seguintes
dimenses, com seus respectivos indicadores como demonstrado no quadro abaixo.
Quadro 03. Dimenses e indicadores do ICV
Dimenses Indicadores
Fatores que favorecem o
desenvolvimento
(intitulamentos).
Relacionamento com os proprietrios de fazendas por parte dos extratores
Condies educacionais das famlias dos extratores de babau
Avaliao das condies educacionais por parte dos extratores
Acesso a bens por parte dos extratores de babau
Avaliao das condies de moradia
Indicadores das condies de moradia
Polticas Pblicas
Avaliao das condies gerais de comercializao
Participao em programas do Governo Federal
Avaliao dos extratores em relao as regras de participao em programas
do Governo
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Avaliao dos extratores em relao Assistncia Tcnica
Avaliao dos extratores a atuao das instituies na regio
Caractersticas do
Desenvolvimento (elementos de
converso)
Avaliao da quantidade de pessoas da famlia trabalhando com babau
Avaliao dos pesquisados sobre as fontes da renda familiar
Avaliao das condies gerais de trabalho por parte dos extratores
Avaliao dos extratores em relao a sua renda
Avaliao dos entrevistados em relao as suas condies gerais de
produo
Ambiental
Avaliao da distncia at aos babauais
Avaliao do acesso aos babauais
Percepo da variao das distncias nos ltimos 5 anos
Avaliao das fontes de gua por parte dos extratores
Avaliao da conservao da floresta por parte dos extratores
Efeitos do Desenvolvimento
(capacitaes e
funcionamentos)
Avaliao dos extratores em relao s condies gerais de alimentao e
nutrio
Avaliao dos extratores sobre danos da atividade com o babau sobre a
sade
Avaliao dos extratores sobre as condies gerais de sade
Percepo dos extratores sobre a evoluo de sua situao econmica nos
ltimos 5 anos
Percepo dos extratores sobre a evoluo da situao ambiental vivenciada
nos ltimos 5 anos
Capital Social Avaliao dos extratores sobre sua participao em organizaes
associativas e comunitrias
Avaliao dos extratores sobre sua participao poltica
Avaliao dos extratores sobre sua participao em atividades culturais
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Indicadores de capital social
Percepo dos extratores aspectos de sua participao comunitria
Motivao dos extratores em continuarem filiados em organizaes
associativas e comunitrias
Motivao dos extratores para se tornarem filiados em organizaes
associativas e comunitrias
O interesse conhecer a fundo as diversas experincias que as comunidades agroextrativistas
tm com o babau, e avaliar as melhores formas de se conviver de forma sustentvel com a
biodiversidade existente.
3.3 Clculo do ICV dos arranjos produtivos pesquisados.
Para verificar qual modelo de aproveitamento do coco de babau considerado sustentvel
do ponto de vista socioambiental, econmico, e que ainda contribua com a melhoria das condies de
vida das comunidades extrativistas, foram aplicados questionrios para estimar o ndice de
Condies de Vida - ICV inicialmente [...] Desenvolvido pela Fundao Joo Pinheiro, [...], para
estudar a situao de municpios mineiros, que foi logo depois adequado, em consrcio com o IPEA,
o IBGE e o PNUD, para a anlise de todos os municpios brasileiros (IPEA/IBGE/FJP/PNUD, 1998).
Para MINAYO, HARTZ, BUSS3 (2000) o ICV um composto de 20 indicadores em cinco
dimenses: 1) renda (familiar per capita, grau de desigualdade, percentagem de pessoas com renda
insuficiente, insuficincia mdia de renda e grau de desigualdade na populao de renda
insuficiente); 2) educao (taxa de analfabetismo, nmero mdio de anos de estudo [...]; 3) infncia
(percentagem de crianas que trabalham; [...] crianas que no frequentam escola [...]; 4) habitao
(percentagem da populao em domiclios com densidade mdia acima de duas pessoas por
dormitrio; [...] populao que vive em domiclios durveis e [...] que vive em domiclios com
instalaes adequadas de esgoto) e 5) longevidade (esperana de vida ao nascer e taxa de mortalidade
infantil). O ICV sintetizado por meio de vrios artifcios metodolgicos [...] resultado da
colaborao entre FJP/IPEA/IBGE/PNUD (1998).
3 MINAYO, Maria Ceclia S., HARTZ, Zulmira Maria de Arajo; BUSS, Paulo Marchiori. Qualidade
de vida e sade: um debate necessrio. Disponvel em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
81232000000100002&lng=pt&nrm=iso >. Acesso em: 09 de mar. 2012.
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Entretanto, para mensurar as condies de vida das artess, quebradeiras e dos catadores de
coco de babau no Bico do Papagaio tocantinense, foi elaborado, um questionrio com base no
ndice de Condies de Vida - ICV do Programa Territrios Rural da Secretaria de Desenvolvimento
Territorial (SDT/MDA). O questionrio trabalhou os aspectos subjetivos e foi aplicado conforme a
realidade local, dessa forma, possibilitou saber quais so as suas as expectativas para o futuro, o
modo como esto se organizando e se existem instrumentos que favoream a sustentabilidade social,
ambiental e econmica dessas comunidades.
O ICV um indicador que tem como propsito reproduzir as mudanas demonstradas pelas
condies de vida, trata-se de um instrumento de acompanhamento e anlise dessas condies nos
territrios rurais (Documento, Sistema de Gesto Estratgica ndice de Condies de Vida, da
Secretaria de Desenvolvimento Territorial SDT/MDA/2011). Para realizar a pesquisa e
compreender as especificidades que envolvem a realidade das artess e dos extrativistas do coco de
babau localizados no Bico do Papagaio tocantinense, o ICV foi adaptado e reconstitudo em 06
(seis) instncias, cada uma associa os seus respectivos indicadores, conforme abaixo:
Quadro 04 Instncias e Indicadores de Desenvolvimento e das Condies de Vida das
Comunidades Extrativistas de Babau
Fatores que favorecem o
desenvolvimento
(intitulamentos).
1. Mo de obra familiar em atividade dentro ou fora da unidade
2. rea da unidade de produo familiar
3. Escolaridade
4. Condies da moradia
5. Acesso a mercados
Polticas
6. Acesso a polticas pblicas (Pronaf, Bolsa-famlia, etc.)
7. Acesso a crdito e assistncia tcnica
8. Presena de instituies que favorecem o desenvolvimento rural
Caractersticas do
Desenvolvimento (elementos de
converso)
9. Renda familiar
10. Produtividade do trabalho
11. Produtividade da terra
12. Diversificao da produo agrcola
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13. Pluriatividade, diversificao nas fontes de renda familiar
Ambiental
14. Uso e preservao dos recursos naturais: gua
15. Uso e preservao dos recursos naturais: solo
16. Uso e preservao dos recursos naturais: vegetao nativa
Efeitos do Desenvolvimento
(capacitaes e
funcionamentos)
17. Estar bem alimentado / nutrido
18. Ter boa sade
19. Permanncia dos membros da famlia da unidade de produo
20. Percepo sobre as mudanas na situao econmica da famlia
21. Percepo sobre as mudanas na situao ambiental da unidade
Capital Social (disposio para
cooperar)
22. Participao social (cooperativas e associaes)
23. Participao poltica (eleies, conselhos e assembleias)
24. Participao cultural (grupos de expresso cultural, outras
atividades).
Os indicadores mencionados basearam a elaborao do questionrio que foi utilizado para o
calculo do ICV das artess e dos extrativistas de babau.
Para tanto, o ICV foi calculado conforme a orientao do documento de referencia, Sistema
de Gesto Estratgica ndice de Condies de Vida, da Secretaria de Desenvolvimento Territorial
SDT/MDA/2011, o qual determina que os referidos indicadores sejam avaliados numa escala de 05
(cinco) pontos, iniciando por 01 (hum) = pssimo at 05 (cinco) = timo, assim obtm-se a mdia
aritmtica dos indicadores de cada instncia.
O referido documento recomenda que, para se alcanar o ICV de um Territrio, deve-se
seguir trs etapas, nas quais so utilizadas as informaes dos questionrios aplicados na pesquisa.
Primeira etapa calcular a mdia aritmtica de cada indicador (mj), em cada instncia:
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A quantidade de questionrios aplicados com respostas vlidas do indicador i.
Segunda etapa calcular a mdia aritmtica dos indicadores de cada instncia (di).
Terceira etapa mdia harmnica das instncia (ICV).
Os nveis de ICV, esto classificados em, i) baixo, ii) mdio baixo, iii) mdio, iv) mdio
alto, e v) alto ndice, de acordo a tabela abaixo:
Tabela 1. Classificao do ICV
ICV
ALTO MDIO ALTO MDIO MDIO BAIXO BAIXO
5 5-4 4-3 3-2 1-2
3.4 Comparao das principais dimenses dos arranjos produtivos pesquisados.
Qual a forma de trabalho com o coco babau que trs maior qualidade de vida para as
comunidades envolvidas? Visando responder esta pergunta central para o trabalho sero feitas as
seguintes comparaes entre os casos estudados.
Em primeiro lugar sero comparados os ICVs de cada caso Quebradeiras, Catadores,
Agroextrativistas e Artess.
Depois separadamente sero comparadas as dimenses, i) Fatores que favorecem o
desenvolvimento, ii) Polticas Pblicas iii) Caractersticas do Desenvolvimento, iv) Ambiental, v)
Efeitos do Desenvolvimento, e vi) Capital Social, do ICV nos casos analisados.
Por fim, alguns indicadores chaves sero comparados, com o intuito de destacar as
especificidades na situao de cada arranjo produtivo, so eles:
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Escolaridade;
Renda;
Alimentao/nutrio;
Sade;
Capital social.
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4 RESULTADOS E DISCUSSES
4.1 Catadores e Quebradeiras de Coco com relao comercial com a Tobasa Bioindustrial de
Babau
4.1.1. Histrico da Tobasa Bioindustrial de Babau
A Tobasa foi fundada em 1969 pela famlia Baruque, um grupo empresarial de Minas Gerais
que na poca dirigia uma fbrica de sabo de coco, instalada em Belo-Horizonte, cuja marca
denominava-se sabo libans. Pelas dificuldades de abastecer esta empresa com o leo de coco de
babau, matria-prima principal na fabricao do sabo de coco, o lder do grupo, engenheiro
Edmond Baruque, ento empresrio e professor da Escola de Engenharia da antiga Universidade do
Brasil no Rio de Janeiro, saiu em busca de estabelecer parcerias para o fornecimento com os
principais produtores de leo de babau, que se localizavam nos estados do Piau, Maranho e
Tocantins (na poca, extremo norte de Gois). Foi, ento, neste giro comercial pelo Norte e Nordeste
que o empresrio se impressionou com os milhes de hectares de florestas nativas de palmeiras de
babau, promovendo, a partir deste cenrio, a fundao da indstria Tobasa com o apoio da Sudam,
no municpio de Tocantinpolis, uma vez que a regio do Bico do Papagaio j era,
reconhecidamente, a terceira maior regio produtora de amndoas do Brasil.
Neste contexto, em seus primeiros 20 anos de atividade, a empresa processava apenas a
amndoa produzida, via gume do machado, pelas mulheres quebradeiras de coco, a partir do
extrativismo tradicional existente nos trs maiores estados produtores do pas, referidos
anteriormente, produzindo, desta forma, em sua fbrica, apenas o leo e a torta de babau. Todavia,
com o passar dos anos, a Tobasa visualizou que a maior parte do fruto era desperdiada, pois as
amndoas representam apenas 7% do peso do coco, o que levou a empresa a investir nas tecnologias
de processamento integral do coco de babau, as quais pudessem permitir o aproveitamento dos 93%
do restante da riqueza do coco para a gerao de novos produtos industriais, como as biomassas
energticas, as farinhas amilceas, o lcool e o carvo ativado, a partir das trs fraes remanescentes
do coco (epicarpo, mesocarpo e endocarpo).
De modo, o empreendimento Tobasa passou a tornar-se referncia no Brasil como projeto
empresarial nico e pioneiro, a partir da consolidao de suas tecnologias inovadoras para o
aproveitamento integral do coco de babau, gerando em consequncia, patente, teses de mestrado e
doutorado, em parcerias com universidades e instituies de pesquisa, com trabalhos publicados no
Brasil e no exterior.
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Atualmente, a Tobasa Bioindustrial dispe de um complexo industrial implantado desde
1969, estando instalada e operando h 42 anos desde o antigo Gois e hoje estado do Tocantins, na
cidade de Tocantinpolis, microrregio do Bico do Papagaio, gerando 160 empregos diretos no
complexo industrial e em torno de 1.500 empregos indiretos (extrativistas) na rea florestal.
Alm de todos os benefcios sociais estabelecidos por lei, a Tobasa fornece moradia gratuita
maioria de seus funcionrios em sua vila residencial. Estimula o esporte entre colaboradores atravs
do time, Tobasa Futebol Clube, campeo da Copa do Trabalhador Sesi/Senai em 2008, municipal,
estadual e regional, participando, inclusive, de competies nacionais at 2011.
No campo da educao, participa do comit gestor da Escola de Informtica e Cidadania de
Tocantinpolis, que tem como objetivo desenvolver cursos de informtica e de formao psicossocial
em cidadania s comunidades carentes da cidade. Tambm apoia as associaes de bairros e artesos
de Tocantinpolis por meio do Projeto Arte Norte (atravs do fornecimento de babau fatiado e
carvo granulado da casca do babau para confeco das peas de artesanato) em parceira com o
SEBRAE como membro mantenedor no desenvolvimento do artesanato na regio norte do
Tocantins.
Vista Area do Complexo Industrial:
Fonte: Tobasa Bioindustrial S/A 2012
Na sua estrutura industrial, possui uma logstica de processamento integrado para o
aproveitamento completo do coco de babau, desde silos armazenadores de coco, mquinas e
equipamentos mecnicos de descorticagem e de processamento de corte transversal do fruto, at a
distribuio mecanizada em suas fbricas de leo, sabo, lcool, carvo ecolgico e carvo ativado,
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com uma capacidade de produo projetada para apresentar um crescimento sustentado, com um
nvel de tecnologia industrial que permite garantir qualidade fsico-qumica compatvel, ou at
mesmo superior, aos melhores carves ativados disponveis nos mercados nacional e internacional
conforme reforou o representante da empresa entrevistado nesta pesquisa.
Sob o ponto de vista de instalaes inovadoras, pioneiras e patenteadas, destaca-se o processo
de extrao mecnica das amndoas do coco por via seca (mquina de corte transversal do coco),
considerado revolucionrio por descortinar um universo tcnico e socioeconmico totalmente
inovador para a economia babaueira no Brasil, pois rompe com o processo tradicional do
extrativismo do babau via gume de machado, neste caso invivel para a indstria. Os
representantes da Tobasa ressaltaram o respeito e a considerao pelo trabalho das centenas de
quebradeiras de coco da regio e ainda informaram que no realizam coleta de coco nas reas onde
desenvolvem suas atividades.
A empresa tambm detentora da primeira destilaria de lcool de babau em escala
industrial, onde os processos biotecnolgicos de desenvolvimento contaram, parcialmente, com a
assistncia tcnica do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e com a parceria cientfica da
COPPE/UFRJ, gerando inclusive tese de doutorado em engenharia qumica (Baruque Filho, 2000),
sendo a concepo do projeto bsico de engenharia, bem como de sua execuo e montagem,
coordenada pela equipe tcnica da prpria empresa.
Relaes institucionais e parcerias com os setores pblico e privado:
Embrapa Cocais e Plancies Inundveis (com sede em So Lus/MA)
A Tobasa, por assumir a responsabilidade por projetos de P&D da cadeia produtiva do
babau, apoia e investe, como lder, num projeto de desenvolvimento de mudas de palmeiras de
babau no Stio Cocal, de sua propriedade, localizado em Tocantinpolis. Trata-se de um estudo
piloto de avaliao da capacidade de sequestro de carbono da atmosfera, com vistas a identificar a
contribuio da floresta de babau na reduo do efeito estufa, em parceria com a Embrapa Cocais e
o Instituto RIA. Os principais beneficiados com a implantao deste projeto sero as comunidades
extrativistas envolvidas na cadeia produtiva do coco de babau, populao em geral e o bioma
amaznico.
A parceria com instituies de pesquisa e desenvolvimento se estende a projetos acadmicos,
como o Projeto Rede Babau, que tem, como objetivo principal, implantar uma rede nacional de
pesquisa sobre o babau, de modo que se estabeleam aes de cooperao entre a Embrapa
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Cocais/MA, TOBASA/TO, GCT Bio/MG e UFT/Programa de Desenvolvimento Regional, sobre a
sustentabilidade quanto ao aproveitamento extrativista do coco de babau sob o ponto de vista
econmico, social e ambiental.
Recentemente, Embrapa Cocais, Tobasa e UFT reforaram sua parceria com o
desenvolvimento de um novo e longo projeto intitulado Melhoramento Gentico do
Babau/Embrapa Cocais, focado no melhoramento gentico do coco, que ter a durao de,
aproximadamente, 20 anos, o qual envolver vrias unidades da Embrapa. As etapas do Projeto
sero: i) identificao e seleo das reas e das populaes naturais, ii) avaliao e seleo dos
indivduos/palmeiras nas populaes, iii) formao de mudas e aquisio de 03 reas de 20 hectares
para experimento e iv) avaliao do experimento de prognies de meio-irmos.
Ministrio do Desenvolvimento Agrrio/MDA
Dentre os programas e polticas pblicas que o MDA desenvolve na mesorregio do Bico do
Papagaio, a Tobasa participa e apoia, em suas aes, o Plano Nacional da Sociobiodiversidade, cujo
objetivo promover e fortalecer as cadeias dos produtos da sociobiodiversidade brasileira, com
agregao de valor e consolidao de mercados sustentveis. A participao da empresa em
workshops, em reunies do Grupo de Trabalho (GT) do babau, que foi implantado no estado do
Tocantins pela Secretaria Estadual de Agricultura, bem como em reunies na Secretaria de
Agricultura Familiar/SAF-MDA em Braslia, visa buscar a sua contribuio para os estudos e as leis
que visem sustentabilidade ambiental, social e econmica do babau.
Este apoio reforado Secretaria de Agricultura Familiar/SAF-MDA atravs do Programa
Talentos do Brasil4, que [...] promove e estimula a troca de conhecimentos, valorizando a identidade
cultural, proporcionando a gerao de emprego e renda, assim como agregando valor produo de
grupos de artesos rurais. oportuno lembrar que a estruturao desses grupos produtivos focada
na gesto participativa; deste modo, a Cooperativa Nacional Marca nica (Coopeunica) foi criada
justamente para viabilizar a emancipao financeira e a comercializao da produo artesanal com
maior regularidade.
Na regio do Bico do Papagaio Tocantinense, a Coopbabau integra a Coopeunica atravs do
Projeto Arte Norte (inserido no Programa Talentos do Brasil), que envolveu inicialmente,
aproximadamente oitenta artesos dos municpios de Aguiarnpolis, Tocantinpolis, So Bento,
Luzinpolis, Nazar e Araguatins, tendo como gestor o SEBRAE/TO. Neste contexto, a Tobasa
4 Fonte: http://www.mda.gov.br/portal/saf/programas/talentosdobrasil/2297450 - ltimo acesso 15 de set. 2012.
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apoia o projeto Arte Norte, fornecendo (i) fatiados do coco de babau (fatia de coco obtida pelo
corte do fruto no sentido transversal) e (ii) carvo granulado para a confeco de artesanatos como
biojias e peas de decorao, lembrando que a Coopbabau tem, entre seus clientes, o Grupo Po de
Acar e Lojas Tok Stok, e ainda, esto vislumbrando um possvel apoio da empresa TAM Linhas
Areas no desenvolvimento de um projeto para aquisio e implementao das mquinas utilizadas
na confeco das peas.
Federao das Indstrias do Estado do Tocantins/FIETO
A Tobasa uma empresa filiada FIETO, enquanto indstria que se encontra instalada e em
operao no estado Tocantins; alm de sua frequncia nas atividades da Federao, participa,
constantemente, de editais do SENAI-TO, os quais promovem prmios e apoios financeiros s
empresas que apresentem projetos inovadores de desenvolvimento tecnolgico industrial, com vistas
contribuio na inovao da indstria brasileira. Assim, a Tobasa, disputando com centenas de
empresas espalhadas por todo o Brasil, ganhou por duas oportunidades o apoio financeiro para seus
dois projetos industriais, quais sejam, (i) Cogerao de Energia Trmica no Processo de Carbo-
ativao do Endocarpo do Coco de Babau, em 2009 e (ii) Fabricao de Carvo Ativado de Alta
Performance, por processo termodinmico inovador, a partir do endocarpo do coco de babau, em
2011.
A Tobasa foi a primeira e nica empresa do estado do Tocantins a aprovar e ganhar, em
disputa nacional de 2009, um projeto em parceria com o Senai, garantindo ao Tocantins, pela
primeira vez e de forma indita, marcar a sua presena no cenrio brasileiro de inovao industrial.
Neste contexto tecnolgico, alm de a empresa promover o avano da tecnologia industrial para o
estado, com gerao de patente e modernizao industrial, h, tambm, os benefcios econmicos,
sociais e ambientais, uma vez que a planta industrial modernizada possibilitar a empresa aumentar
sua escala de produo, gerando, em consequncia, mais empregos diretos e indiretos, maior
circulao de riqueza nas reas florestais, bem como ampliao do raio de conservao florestal das
palmeiras de babau. No que tange ao mercado consumidor de seus produtos industriais, mormente o
carvo ativado, existe um benefcio colateral ao pas, uma vez que a Tobasa, com a execuo de seu
segundo projeto inovador, produzir carvo ativado de alta performance, permitindo a substituio
de carves ativados importados para diversos segmentos deste mercado consumidor.
Universidade Federal do Tocantins/UFT
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A Tobasa, por sua tradio de investimento em P&D, vem intensificando suas parcerias
acadmicas com a UFT, podendo-se enumerar os seguintes projetos em andamento:
i) Curso de Zootecnia, campus de Araguana, onde diversos projetos cientficos de insero das
farinhas amilceas do mesocarpo de babau, em substituio aos tradicionais cereais
utilizados, como milho e sorgo, na alimentao de bovinos, com excelentes resultados
comprovados por testes de campo na universidade e nas fazendas da regio, resultando em
teses de mestrado e publicaes cientficas especializadas no tema;
ii) Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional - instituiu a Rede Babau aprovada
pelo CNPq em 2010 (parceria com a Embrapa/Cocais, a Tobasa e a GCT/Bio), tem o
objetivo de interligar pesquisas relacionadas cadeia produtiva do babau, de modo que
estabelea aes de cooperao entre a Embrapa Cocais, Universidade Federal do Tocantins
e empresas sobre sua sustentabilidade econmica, social e ambiental. As referidas pesquisas
esto possibilitando levantar dados e parmetros que esto contidos e analisados em artigos e
dissertaes de mestrado;
iii) Curso de graduao de engenharia de alimentos, relativo ao Projeto EcoNutrio, em parceria
com a Embrapa/Agroindstria de Alimentos, cujo objetivo ser estudar e identificar as
propriedades do mesocarpo do coco de babau, visando fortalecer a cadeia de alimentos da
sociobiodiversidade por meio de sua valorizao sustentvel.
Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ:
A Tobasa tambm est presente em trabalhos cientficos desenvolvidos no Rio de Janeiro, os
principais em desenvolvimento, so, (i) com o Grupo de Biocatlise, do Instituto de Qumica e da
COPPE/UFRJ, que objetiva a produo de enzimas proteolticas a partir da torta do coco de babau
(subproduto da prensagem da amndoa na produo do leo de babau) para o tratamento biolgico
de guas e efluentes residuais com alto teor de protena e (ii) com a Faculdade de Farmcia, cuja
pesquisa cientfica objetivar a produo de um fitoterpico, a partir do leo do coco de babau, para
o auxlio no tratamento de reduo do volume aumentado da prstata (tumor benigno), encontrando-
se em fase inicial.
Relao com fornecedores de coco de babau Estrutura
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A matria-prima recebida pela Tobasa atravs da emisso de nota fiscal de entrada. A
seguir, apresenta-se a descriminao da coleta de coco de babau, com as definies de modelos de
fornecedores com os seus respectivos porcentuais relativos coleta do ano de 2011:
i) Fornecedores Fazendeiros - proprietrios de terras que, com seus prprios empregados, coletam o
coco inteiro e o fornecem, depositando diretamente nos containers da Tobasa, com a periodicidade,
anual ou bienal (representa 5,33% do fornecimento) ;
ii) Fornecedores Fazendeiros - proprietrios de terras que contratam empregados especificamente
para a coleta do coco inteiro e o fornecem depositando diretamente nos containers da Tobasa, com
a periodicidade, anual ou bienal (representa 3,55% do fornecimento);
iii) Fornecedores Chacareiros - proprietrios ou arrendatrios de terras (pequenos), onde, com seus
prprios familiares, coletam o coco inteiro e o fornecem depositando diretamente nos containers da
Tobasa, ou, com seu prprio transporte, o entregam na indstria: periodicidade anual ou bienal
(representa 0,59% do fornecimento);
iv) Fornecedores de Coco (A) - pessoa fsica com turmas de catadores que, com caminho, vo de
regio em regio comprando o coco inteiro, j retirado dos cocais, transportando-os at os
containers da Tobasa, com a periodicidade de julho a fevereiro (representa 14,42% do
fornecimento);
v) Fornecedores do Coco (B) - pessoa fsica com turmas de catadores que, com caminho, vo de
regio em regio comprando das fazendas ou propriedades o coco inteiro, retirando-o dos cocais e
transportando-o at os containers da Tobasa, com a periodicidade de julho a fevereiro (representa
38,38% do fornecimento);
vi) Fornecedores Independentes do Coco - pessoas fsicas que vo, de regio em regio, trabalhando
em fazendas e propriedades para limpar o coco inteiro, retirando-o dos cocais e transportando-o at
os containers da Tobasa, ou vendendo-o aos fornecedores do coco, periodicidade de julho a
fevereiro (representa 20,64% do fornecimento); e
vii) Compradores Independentes do Coco - pessoas fsicas que vo, de regio em regio, comprando
das fazendas e propriedades o coco inteiro, retirando-o dos cocais e transportando-o at os
containers da Tobasa, ou vendendo-o aos fornecedores do coco, com a periodicidade de julho a
fevereiro (representa 17,09% do fornecimento).
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A matria-prima tambm recebida pela Tobasa atravs da emisso de nota fiscal de entrada.
A descriminao da coleta e da compra da amndoa do coco de babau advm da prpria
quebradeira de coco tradicional, como, tambm, dos mercados de secos e molhados localizados
nos assentamentos, nas cidades e nas comunidades de produo.
A rea de abrangncia da Tobasa compe as comunidades extrativistas de quebradeiras e
catadores de coco de babau, circundantes e situadas na regio do Bico do Papagaio, estado do
Tocantins, incluindo, neste caso, as comunidades indgenas e ribeirinhas da Amaznia Legal, estando
situadas nos seguintes municpios: Aguiarnpolis, Luzinpolis, Nazar, Santa Terezinha,
Cachoeirinha, Araguatins, So Miguel, Axix, Buriti, Esperantina, Stio Novo, Itaguatins, Anans,
Riachinho, So Bento, Maurilndia, Sampaio, Carrasco Bonito, So Sebastio, Praia Norte, Angico e
Augustinpolis.
As quebradeiras e catadores de babau, alm da venda do coco e da amndoa, em algumas
comunidades extraem, artesanalmente, azeite in natura e mesocarpo, como, tambm, produzem
carvo para consumo prprio, e ainda confeccionam artesanato. Alm de fornecerem 20.000
toneladas de coco inteiro e 600 toneladas de amndoa anualmente para a Tobasa, algumas
associaes fornecem outros produtos como azeite in natura, mesocarpo, artesanato e carvo em
feiras e exposies, sendo que, pontualmente, vendem diretamente, para algumas indstrias de
babau, o leo de babau.
Por meio de uma relao comercial, porm, cooperativa conforme as consideraes do
engenheiro Marco Antnio Leime, gestor da rea florestal da empresa, a relao comercial baseada
na compra e venda, onde os fornecedores utilizam veculos para transportar a produo e vend-la
para a indstria e/ou cooperativas.
Tabela 03. Comparao de ganhos das atividades extrativas relacionadas com o babau
Fornecedores da Tobasa - Tocantins 2012.
Atividade Produtividade
diria mdia
Preo mdio
praticado
Ganho
mdio
dirio
Ganho mdio
mensal
Ganho mdio
anual *
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Catador 2 m / dia R$ 25,00 / m R$ 50,00 R$ 1.000,00 R$ 7.000,00
Quebradeira 10 kg / dia R$ 1,60 kg R$ 16,00 R$ 384,00 R$ 2.688,00
Fonte: Tobasa Bioindustrial de Babau S/A.
(*) A atividade em regra se desenvolve em 7 meses por ano.
Segundo informaes da Tobasa Bioindustrial, um catador ganha, mantendo sua atividade em
mdia sete meses por ano com uma regularidade na cata de 2 m/dia (dois metro cbicos por dia) e 5
dias por semana, com preo de venda do coco de R$ 25,00/m = R$ 50,00/dia, equivalendo a R$
250,00 (duzentos e cinquenta reais) por semana, uma mdia de R$ 1.000/ms (hum mil reais por
ms). Uma quebradeira ganha por ms, mantendo em mdia uma regularidade de quebra e
fornecimento de 10 Kg/dia, 6 dias por semana, preo de venda R$ 1,60 = R$ 16,00/dia, equivalendo
a R$ 96,00 por semana, uma mdia de R$ 384/ms.
A partir de suas duas matrias-primas, a amndoa e o coco inteiro de babau, a Tobasa gera
os seguintes produtos industriais:
leo e torta (derivados do processo de prensagem das amndoas produzidas por quebradeiras
e pela mquina de cortar coco inteiro pelado) o leo comercialmente destinado s indstrias
de fabricao de sabo e sabonetes, a torta utilizada como rao de bovinos e sunos;
Farinhas amilceas (derivadas do mesocarpo) as farinhas amilceas podem ser aplicadas no
setor de rao de bovinos, em alimentao humana, nas indstrias qumicas e na fabricao
de lcool e de bebidas finas;
Fibra (derivada do epicarpo) utilizada como biocombustvel slido de caldeiras e
equipamentos de secagem, substituindo lenha de cerrado e derivados de petrleo;
Farinhas orgnicas (derivadas do corte do coco pelado) as farinhas orgnicas podem ser
comercializadas nos segmentos de rao de bovinos;
Carvo ativado (derivado do processo de carbo-ativao do endocarpo) um insumo
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nobre largamente utilizado nos mais diversos segmentos industriais, inclusive em aplicaes clnicas,
destacando-se a empresa como fornecedor lder, pela alta qualidade de seu carvo ativado, no
mercado de filtros e purificadores residenciais de gua para consumo humano.
Figura 3. rea de abrangncia da Tobasa Bioindustrial Tocantinpolis/Tocantins
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Fonte: Tobasa Bioindustrial S/A - 2012
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Tabela 4. Anlise Swot da Tobasa Bioindustrial
Pontos Fortes Pontos Fracos
- Experincia de mais de 40 anos na
industrializao do coco de babau;
- know-how da rede de fornecimento de
amndoa e de coco de babau (relaes
pessoais e institucionais, tecnologia de
coleta, respeitabilidade junto s
comunidades extrativistas);
- Domnio da tecnologia industrial de
aproveitamento integral do coco de
babau, pioneira no Brasil e no mundo;
- Domnio dos processos industriais
inovadores de produo de lcool e de
carbo-ativao;
- Marca forte nos mercados em que
atua, principalmente nos de leo e de
carvo ativado, sendo classificada,
pelos respectivos segmentos;
- um dos trs mais tradicionais
fornecedores de leo de babau do pas;
- Considerada a marca lder do Brasil
em qualidade dos carves ativados
especiais comercializados no setor de
filtros e purificadores de gua
residencial.
- Matria-prima da Tobasa totalmente
proveniente das terras de terceiros (pequenos,
mdios e grandes fazendeiros) e do trabalho dos
extrativistas, levando a empresa a ser
relativamente dependente destes dois segmentos
populacionais;
Oportunidades Vulnerabilidades
- uma empresa que industrializa
produto da Sociobiodiversidade (coco
de babau) e pelas necessidades que
nosso pas e o mundo inteiro
necessitam de conservar as suas
florestas naturais e de fomentar e
- A concorrncia predatria e ilcita das
siderrgicas na compra do coco de babau para
fins de substituio do carvo vegetal;
- A concorrncia do leo de palmiste importado da
Malsia (PKO) que derruba as co