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A chave do amanhecer - Pedro Terrón

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A chave do amanhecer - Pedro Terrón - Vol. 2 da Trilogia Kalixti.

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A CHAVE DO AMANHECER

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Tradução Lizandra Magon de Almeida

PEDRO TERRÓN

A CHAVE DO AMANHECER

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Quero agradecer a “eles”, onde quer que estejam.A Fernando Marañón, meu mestre de nanquim e o melhor polidor de estrelas desta parte do Universo.A Marta Gala, Laura Marigil e Óscar Serrano, cuja

fagulha ilumina certas páginas deste livro.E a Gema Torrijos por suas opiniões.

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SUMÁRIO

Prólogo, 9

Pele de Carvalho, 13

Orlando, Flórida (eua), 20

Venezuela, 53

A magia de Kalixti, 82

Maio de 1702, 90

De volta a 2003, 243

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Na literatura, assim como em Kalixti, nada acontece por acaso.Os escritores e sua produção são filhos de um tempo concreto, no

qual a informação, a cultura e o entretenimento se entrelaçam de uma maneira específica. Passaram-se dois séculos desde o surgimento das no-velas em série, um século desde a invenção do cinema e meio século desde a chegada da televisão. A indústria do entretenimento evoluiu a extremos jamais conhecidos. Qualquer produto cultural pode derivar em filme, videogame, parque temático ou nos três ao mesmo tempo.

Nesse contexto, escrever uma nova epopeia na qual a eterna luta do bem contra o mal recorre a toda uma saga crivada de persona-gens e cenários sem ser tachada de oportunista, cópia ou fenômeno de marketing, construída de maneira original sem exibir sequer um sobrenome anglo-saxão promissor, é algo que não está ao alcance de qualquer um. Pedro Terrón se lançou a essa arena e certamente lhe sobram ideias, fôlego e talento para alcançar seu objetivo.

Kalixti é uma história nova cheia de antigas histórias, uma com-binação explosiva e altamente recomendável, que reúne aventu-ra, mistério, magia, romance, amizade, ficção científica e infinitas outras coisas. Mas, sobretudo, é puro entretenimento, potente, para

PRÓLOGO

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leitores – iniciados ou não – de idades compreendidas entre os 15 e os 100 anos. O mérito de Kalixti reside precisamente em reunir os ingredientes que fizeram da literatura ficcional um dos gêneros mais queridos do público de todo o mundo e criar com eles um novo quebra-cabeças literário no qual tudo se encaixa, entrelaça e diverte.

Kalixti poderia ser uma história em quadrinhos para adultos, uma série de televisão viciante, um jogo em rede ou uma saga made in Hollywood. Kalixti tem algo de tudo isso porque Pedro quis assim. Para o bem ou para o mal, algum dia tinha que aparecer um escritor em língua espanhola que levasse em conta os fenômenos do entre-tenimento de massa da realidade em que vive, para filtrá-los com habilidade e fazer sua parte com a intenção sadia de divertir, mas também com estilo próprio, sem deixar nada ao acaso.

O primeiro volume da saga tem como narrador seu personagem central, Runy, o garoto de Ibiza, um rapaz de vinte e poucos anos, simpático e impulsivo, a quem se imagina com facilidade lendo his-tórias em quadrinhos e jogando videogame enquanto pula de um negócio para outro, se casa por impulso e mete seu amigo de toda a vida (o divertido Jorge) em todo tipo de empreendimentos absur-dos, procurando sem parar, procurando sempre sem saber bem o quê. Runy é um personagem violentamente atual, um Peter Pan da era da internet. Mas também é um clássico, ainda que não saiba. Um sujeito pouco dado à análise, que avança como um tornado disposto a abra-çar qualquer reviravolta de seu destino sem se descompor, um aman-te do risco. Definitivamente, um herói de sempre, dos que vivem a aventura como algo natural, porque assim é a natureza: aventureira.

O primeiro romance adota o atrevimento de seu protagonista: que ninguém espere algum alarde expressivo da boca do garoto de Ibiza. Sua maneira de contar é a de um apaixonado pelos filmes de ação, pelos qua-drinhos de super-heróis, por submarinos, pela velocidade. Uma aposta arriscada que, ao mesmo tempo, é seu grande achado. A saga de Kalixti é

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contada por diferentes vozes e cada uma delas tem seu timbre. Para sabo-rear outro estilo de narração mais comedido, mais reflexivo ou mais técni-co há outros personagens, no mesmo volume e nos outros livros da saga.

Para descobrir uma sensibilidade diferente, uma voz mais doce, há a protagonista deste novo título: Dámeris, a de olhos verdes, a jovem que partirá em busca da chave do amanhecer.

A história que está em suas mãos, leitor, começa como tantas ou-tras: com a descoberta de um mistério do passado que desencadeia ao mesmo tempo uma busca e uma perseguição. Nada de novo até aqui. O romance de aventuras tem seus códigos e é válido aproveitá-los. Mas A chave do amanhecer não é só um romance de aventuras. Não há nada nele que seja fruto do acaso.

Quando parecer acostumado a um relato linear com signos já conhecidos, uma virada surpreendente o conduzirá a Kalixti e tudo assumirá uma nova dimensão: começa uma viagem de iniciação para a protagonista e para o próprio leitor, uma experiência fasci-nante que parte em um cavalo alado, continua com uma cidade submarina única no mundo e culmina no coração da selva vene-zuelana, onde duas almas gêmeas de culturas opostas descobrem a verdadeira natureza do amor e da lealdade.

Então, quando a protagonista e o próprio leitor acreditarem que atingi-ram o auge de suas expectativas com a aventura do guardião do amanhe-cer – o melhor personagem do romance – a história volta mais uma vez a Kalixti, para a busca do verdadeiro tesouro, ao eixo da saga... e a Runy.

A aventura continua, os heróis voltam à carga, a memória flui como um antídoto, o mal espreita na sombra e a paixão – essa estre-la em torno da qual tudo gira – surge, oculta-se e espera.

Afinal, não é isso o que realmente importa? Você ainda acha que as coisas acontecem por acaso?

Marañón

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PELE DE CARVALHO

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As tábuas de madeira tentam descansar, pouco a pouco vão re-cuperando a calma. Já não têm de suportar o espanto de ranger

sob os temíveis canhões que cospem, seguidamente, fogo e morte. A batalha ficou para trás. Agora só servem de escolta a um velho galeão, um galeão que se sente orgulhoso por ter quase 40 metros de comprimento, pelas mil toneladas que é capaz de carregar e por seus enormes castelos de proa e popa.

Os anos se passaram para ele e curtiram sua pele de carvalho, mas não conseguiram mudar seu desejo de sentir a força do vento soprando nas velas, nem vencer seu intrépido espírito aventureiro. Como antigamente, continua considerando-se muito afortunado por cruzar o oceano desfrutando a bravura de suas águas.

Mas hoje não é um grande dia. Há algumas viagens sofreu os desastres de uma guerra. Não era seu propósito, mas se viu engajado em uma luta cruel de homens armados com bandeiras, ambições e pólvora. O valioso carregamento que leva em suas entranhas o transformou em peça ambicionada para o inimigo.

Os barcos não entendem de guerras nem de bandos. Ele é fe-liz transportando mercadorias e sendo testemunha muda de um ou

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outro romance entre seus passageiros. Como o que aconteceu na última travessia. Talvez por isso não compreenda porque as lutas pelo poder e a ânsia por riquezas sempre terminam mal, sempre acabam em combates mortificantes tão dolorosos como o que lhe coube vivenciar.

O galeão com alma de carvalho, sem se propor a isso, foi prota-gonista de destaque em uma famosa batalha da qual guardará uma péssima lembrança; seus castelos magníficos ficaram destruídos; um dos mastros acabou em fragmentos; a cobertura e parte de estibordo, queimados devido a vários incêndios e, a bombordo, vários orifícios de tamanho respeitável lembram o mau gênio de tantos outros ca-nhões de bronze empenhados em fazê-lo naufragar.

Mas, apesar desses males, tem força suficiente para continuar na-vegando; pode-se dar por contente, é um dos poucos sobreviventes da contenda. Dos quarenta navios que compunham a frota, apenas treze ficaram de pé — todos eles foram feitos prisioneiros —, o resto afundou sob as águas frias da costa norte espanhola.

Só restou ao velho galeão o consolo e privilégio de ser a nave na qual os vencedores guardaram a maior parte do butim conquistado. Suas despensas, cheias de transbordar, protegem um tesouro fabu-loso de valor incalculável.

Mercadorias valorizadas como índigo, madeiras nobres, bálsamos exóticos, peles ou tamarindos escondem uma verdadeira montanha de pérolas e pedras preciosas: ametistas, esmeraldas, âmbar cinza e até diamantes claros como a luz. Acompanhando essas joias viajam estranhos objetos e obras de arte de incomparável beleza e valor que pertencem, desde tempos imemoriais, a culturas milenares. Sob to-dos eles se esconde uma autêntica mina de metais preciosos: vinte toneladas de ouro, quase cem de prata e trezentos mil dobrões.

Na popa, um sino lustroso repica para anunciar que é meio-dia. Sobre a prancha queimada da cobertura, o capitão observa com o

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olhar perdido no horizonte e a mente pregada no cerco implacável, na batalha terrível, na vitória acachapante. Pouco sabe de seu próxi-mo destino. Um destino que pode se tornar muito mais perigoso do que a última contenda.

O galeão dolorido, carregado até o limite, aguenta estoicamente o avanço das ondas. Lastreado pelo carregamento volumoso e devas-tador, a quilha se vê obrigada a se deslocar vários metros sob o mar. Para sua desgraça, os marinheiros que o obrigam a tomar um rumo desconhecido não conhecem os fundos do mar da costa próxima, apenas sabem que é hora de maré baixa.

De repente, a manhã se congela com um rangido arrepiante. As garras afiadas de um arrecife inesperado destroçam parte da quilha e abrem um rombo tremendo no casco. Dessa vez a ferida é profun-da. Muito profunda.

O navio, ferido de morte, intui que lhe resta pouco tempo para desfrutar do ar que enche suas velas. Entretanto, seus novos inquili-nos desconhecem o alcance da tragédia.

— Quem é o inútil que está na plataforma mais alta? — o capi-tão berra olhando para o vigia.

— Estamos em uma região de arrecifes — grita um jovem mari-nheiro da extremidade mais alta do barco.

— Oficial! Troque imediatamente esse paspalho e coloque al-guém que saiba o que faz. E mande que seus homens averiguem o que aconteceu. Rápido!

O marinheiro sai rápido para cumprir as ordens.— Onde está o tenente Sheman? — volta a berrar o capitão.— Aqui, senhor.— Arriem as velas, joguem âncoras e reúna todos os chefes na

ponte. Vamos, mexa-se!O veterano capitão é um chefe disciplinado, ainda que duro e

autoritário. Tem mais de vinte anos na marinha e sua folha de servi-

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ços é impecável. Só de pensar que pode perder um navio tão valioso fica de estômago revirado. Sabe que tem sob sua responsabilidade o butim obtido na sangrenta campanha: um tesouro de valor incalcu-lável. Sua perda suporia uma vitória sem frutos, quase uma derrota, e não está disposto a jogar fora toda sua carreira.

Depois de um momento de incerteza todos os oficiais se reúnem para informar as últimas novidades.

— Senhor, várias tábuas da parte mais baixa a bombordo estão destroçadas, não conseguimos consertá-las por dentro porque estão debaixo da carga. Tentamos por fora e também não foi possível, o bu-raco está quase junto à quilha, a muita profundidade e é grande de-mais para que se faça um conserto de emergência em mar aberto.

— Temos tempo de voltar ao porto?— Temo que não. Além disso, continuamos com problemas de

estabilidade, porque a carga se espalhou perigosamente.A expressão no rosto do capitão mudara, sabe que o naufrágio

é inevitável. Um sentimento de raiva e impotência corrói suas en-tranhas. Está tão alterado que não sente nem o nó asfixiante que oprime a boca de seu estômago.

— Precisamos resgatar todo o butim. Insisto: todo o butim. Não vou permitir que uma onça de ouro sequer permaneça neste barco — disse, socando a mesa com amargura. Com os olhos injetados de sangue se dirige a todos os presentes mostrando um olhar próximo da loucura. — Que toda a tripulação se ponha a trabalhar agora mesmo. Tenente, envie sinais aos navios mais próximos para trasla-dar a carga a seus depósitos. Mexam-se!

Os cordames que sustentam as velas são afrouxados com maes-tria. O galeão reduz a marcha e começa a sentir o lastro salgado que entra em seu costado.

A certa distância e escoltando o faustoso tesouro, os vencedores dispuseram uma poderosa frota de barcos de guerra armados com

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centenas de canhões. Ainda altivos com o triunfo, ignoram o desas-tre que os espreita.

A bombordo e estibordo vários marinheiros fazem confusão com seus aparelhos para transmitir o alarme e a urgência do salvamento.

Os navios mais próximos se deram conta e tentam iniciar as ma-nobras necessárias para ir a seu socorro, mas não será fácil guardar neles a mercadoria preciosa; são barcos preparados para o combate e não dispõem de armazéns apropriados.

Pouco depois, o galeão todo se transforma em uma efervescência de homens atarefados em recuperar tudo o que for possível. Para dificultar ainda mais a tarefa, a chuva começa a cair.

Enquanto os goles de mar continuam entrando cada vez com mais força nas despensas, a tripulação vai acumulando sobre a co-bertura parte das riquezas: cacau, peças valiosas de couro, lã tingida, gengibre e faqueiros luxuosos.

O carregamento começa a sofrer as inclemências do tempo. A chu-va piora e as gotas vão empapando pouco a pouco os delicados tecidos e as madeiras nobres que se amontoam sem ordem nem controle.

Meia hora depois do acidente aumenta a confusão, os chefes se esforçam inutilmente para dar as ordens necessárias para resgatar tudo o que tinham previsto. Tarefa quase impossível; a água já cobre parte importante das enormes despensas.

Os intrépidos marinheiros lutam com coragem diante dos ele-mentos. Há tempo que têm as mãos e pés azulados e doloridos de-vido à fria temperatura da água. A maioria sofre de câimbra nos dedos, que já se movem com dificuldade; entretanto, a tensão do momento e as ordens dos superiores os obrigam a continuar sem protestos. Trabalhar com as roupas encharcadas é difícil, e os mais fracos começam a desfalecer.

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— Vamos, vamos! Esse cabrestante tem de girar mais rápido e com mais força — grita um dos oficiais.

Conforme passam os minutos, o cansaço e a confusão afetam os esforçados trabalhadores. Apesar de tudo, os navios que serviam de escolta começaram a guardar os primeiros volumes resgatados e garantem à tripulação um salvamento mais ou menos seguro.

— Capitão, já tiramos quase toda a mercadoria, mas as pedras preciosas, os dobrões, o ouro e a prata estão embaixo de tudo e a água está começando a cobrir toda essa parte.

— Ordeno que vocês recuperem tudo de qualquer maneira! Que trabalhem sem descanso. Façam o impossível! Resta muito pouco tempo para que o mar nos engula. Sabe o que significa isso?

Um olhar fora de razão insinua as cabeças que podem rolar. O capitão desesperado começa a avaliar a magnitude do desastre. Sabe que a parte mais pesada e valiosa não poderá ser resgatada. É im-possível para ele avaliar as perdas na hora, mas reconhece que serão consideráveis. Sua mente, enevoada pela situação, aventa a possibi-lidade de não abandonar a nave e naufragar com os restos do tesou-ro. Sentado em uma cadeira fica abatido, morto em vida.

Nas despensas, a situação é tão dramática que muitos dos mari-nheiros correm grande perigo. Vários deles arrancam os tesouros do mar em desespero, se mantêm aferrados à ideia de guardar tudo o que seja possível, mesmo que no meio das roupas. A ânsia por en-riquecer os transforma, não têm consciência de que estão jogando com a vida.

Os lingotes reluzentes vão sendo cobertos por água salgada. Sem que ninguém possa evitar, seguem seu caminho até o fundo escuro e silencioso.

A miscelânea de homens luta para sair-se com uma porção, por menor que seja, da riqueza fabulosa que se diverte com eles bri-lhando sob a espuma. Alguns carregam tanto peso que dificilmente

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conseguem nadar, mas os braços se negam a soltar lastro tão valioso, e deixar escapar a oportunidade de esconder um pedaço de metal que lhes faça ricos.

O capitão abandonou o barco e a alma. Deixou para trás o enor-me galeão. Moralmente tão naufragado quanto o barco, deixou para trás o enorme galeão quando a despensa central, a que esconde a carga mais valiosa, começou a ser engolida pelo oceano. Faltam apenas alguns segundos para que a luz abandone os amplos com-partimentos; enquanto isso, os últimos homens, os mais avarentos, tentam sair.

O barco está submergindo nas águas frias com uma dúzia de tri-pulantes que procura desesperadamente uma rota de fuga. Os que estavam mais perto da saída, depois de um esforço titânico, conse-guem fugir mergulhando até o limite de suas forças. Outros tiveram de lançar seus pequenos tesouros no último momento para poder nadar e se salvar. Os mais lentos têm menos sorte, fi cam presos sob as tábuas grossas. A luz desapareceu, o desespero os domina porque não são capazes de avançar com a velocidade necessária. Mesmo nadando com bravura, não encontram por onde sair. O oxigênio se extingue. Os pulmões pedem ar, mas só respiram água do mar.

Tarde demais para os oito navegantes que acompanham esse co-losso com pele de carvalho à tumba. Triste fi nal para alguém que morre com os bolsos cheios de um ouro do qual jamais desfrutará.