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RVCC/NS – CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE
NG 2 – COMPLEXIDADE E MUDANÇA
A COMPLEXIDADE DO MUNDO E OS DESAFIOS DO AMANHÃ
Desde o aparecimento do capitalismo industrial, as empresas definiram as suas estratégias de
crescimento numa dimensão exclusivamente baseada na quantidade, tendo como principais medidores
do seu sucesso os números de produtividade, lucro, custos, volume de vendas, entre outros. Esse
conceito foi sendo reforçado por estudos e pesquisas que procuraram sempre o aumento da eficiência.
Nos anos 80, com o início do processo de
globalização, foi adicionada à quantidade a
dimensão da qualidade. Já não bastava
apenas o volume e o preço para se
posicionar no mercado, era preciso também
que houvesse qualidade.
O papel do cliente como decisor-chave
dos processos de compras, o ambiente
como fundamental para a vida, a
importância das partes interessadas que
compõem o ecossistema de um empreendimento (stakeholders), as redes sociais e o acesso livre ao
conhecimento trouxeram mais complexidade ao nosso relacionamento com a sociedade e com o
mundo.
Somam-se a esse cenário as mudanças que vêm ocorrendo no campo da física quântica, da
tecnologia computacional, da nanotecnologia, nas ciências humanas que deram à luz diversas
proposições como a teoria do tudo, da incerteza, do caos, das cordas, onde os cientistas já admitem a
existência de multidimensões no nosso universo. Com tantas hipóteses já levantadas em diversos
campos do conhecimento, já não é possível ver o mundo com os mesmos olhos de alguns anos atrás.
O mundo está mais complexo, disso já sabemos, mas a pergunta chave é: as nossas mentes
também estão mais complexas para acompanhar o mundo à nossa volta? Ou estamos presos a
modelos mentais anacrónicos?
Hoje, com um grau relativo de liberdade, podemos verificar facilmente que as pessoas não pensam
do mesmo modo e, portanto, entendem os acontecimentos à sua volta de maneira diferente. Tanto a
formação como a sua ausência ocorrem de forma particular por combinação de temas vivenciados pelos
indivíduos, tais como: ambiente cultural, familiar, religioso, educacional, interativo (sociedade) e do
conhecimento.
A grande maioria das pessoas vê o mundo de um ponto de vista muito geral, não percebendo as
particularidades que diferenciam o resultado de uma determinada ação, que daria maior significado à
sua vida, de outra com pouco significado de mudança. Normalmente não veem a complexidade do
mundo a influenciar o seu dia a dia; entendem que as coisas são como são porque esse é o destino.
Um número menor de pessoas tem consciência dos significados e propósitos de vida e trabalham
diligentemente para mudar os rumos das suas histórias buscando melhorar a cada passo. Estas pessoas,
normalmente, mostram-se muito boas naquilo que fazem e demonstram uma capacidade incrível de
trabalho, sem contudo, perderem de vista seus objetivos pessoais que não são inteiramente
egocêntricos, pois podem incluir famílias e amigos. Elas percebem que o mundo muda e que também é
preciso mudar, porque vida é movimento e isto pode significar novas oportunidades.
No entanto, são pouquíssimas as pessoas que buscam incessantemente reorganizar as suas mentes
para compreender a complexidade do mundo. Estas pessoas, normalmente, têm uma visão muito
ampla e profunda dos acontecimentos e conseguem perceber as mudanças necessárias, não só para si
mesmas, mas também para grupos sobre os quais exercem alguma influência. São excelentes líderes
que inspiram os seus liderados a entenderem o mundo de uma forma qualitativamente superior. São
indivíduos com grande poder de transformar o ambiente e de trazer mudanças favoráveis para todos os
interessados num determinado empreendimento seja ele pessoal, profissional ou social.
Não será possível diminuir a complexidade do mundo, mas é possível com dedicação e consciência
trabalharmos para diminuir as diferenças de complexidade mental presentes entre nós.
Vicente Picarelli PicarelliIn, in https://www.picarelliconsulting.com/a-complexidade-do-mundo-e-o-desafio-do-
amanha/
A COMPLEXIDADE DA MUDANÇA
Estamos a enfrentar revoluções e revisão de antigos padrões numa velocidade incrível. Sabemos
que não podemos mais agir como agíamos antes, mas, por outro lado, não encontramos a certeza de
estabilidade que, em anos passados, nos sossegou. Criar e manter grupos familiares e de trabalho
estáveis é o que nos deu, durante muito tempo, a certeza de prosperidade e proteção contra o “mundo
lá fora”, qualquer que fosse ele. Entendíamos como ameaça qualquer variável que interrompesse a
harmonia e o “status quo” do nosso dia a dia. A tempestade ameaçava a colheita e, assim que ela
desaparecia, aprendíamos a voltar ao “normal” o mais rápido possível.
O facto é que vivemos tempos de tempestades constantes e a única coisa que parece certa é que
as interrupções e as mudanças (desejadas ou não) são o nosso novo “normal”. Mas a questão é que
parece haver um desajustamento temporal em muitas organizações entre entender o contexto e
adaptar-se a ele. Convencer-se a mudar e, num segundo momento, mover um grupo de pessoas em
direção ao novo não é simples. (...) A verdade é que, quando desejamos fazer uma mudança e não o conseguimos, acabamos por viver
uma dicotomia: conscientemente ficamos insatisfeitos por não conseguir mudar o comportamento
desejado enquanto no plano inconsciente experimentamos certa satisfação em repetir padrões de
comportamento já conhecidos. Como se estivéssemos em frente ao espelho, dizendo em silêncio para
nós mesmos: “Está vendo? Você não estava tão errado assim”. É possível quebrar essa dinâmica, mas é preciso começar reconhecendo esses padrões e entender a
lógica mental que construímos para reafirmarmos que o antigo é melhor que o novo. Desta forma, aos
poucos, o nosso velho sistema operacional, ou seja, a maneira como nos conhecemos e à nossa
realidade vai sendo desconstruído. Vencer essa certa “imunidade à mudança” é o desafio destes
tempos. Não é à toa que a novela inglesa a que o mundo inteiro tem assistido é uma manifestação explícita
desta tensão social. Num capítulo recente, os protagonistas, príncipe Harry e Meghan, escolheram se
desligar-se da realeza. De um lado, o tradicional, os protocolos e o conhecido. Do outro, a coragem de
romper e partir para o novo, com todas as perdas e ganhos que esse tipo de escolha pode trazer.
Termino por aqui com a frase de Meghan: “Não é suficiente apenas sobreviver a algo, esse não é o
objetivo da vida. Você tem que evoluir”. Eu concordo. Há que ter coragem de romper e partir para o
novo, com todas as perdas e ganhos que esse tipo de escolha pode trazer. Que venham as mudanças.
Cintia Gonçalves, In https://www.meioemensagem.com.br/home/opiniao/2020/03/09/a-complexidade-da-mudanca.html
DR1-Tema: APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA
Competência: Contextualizar situações e problemas da vida quotidiana e integrar as suas diferentes dimensões.
O DESAFIO DO SÉCULO XXI: A APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA
A Internet e as tecnologias digitais fizeram emergir um mundo onde o fluxo de informações é
intenso, em permanente mudança, e onde o conhecimento é um recurso flexível, fluido, sempre em
expansão. Um mundo onde não existem barreiras de tempo e de espaço que impedem as pessoas de
comunicarem. Uma nova era que oferece múltiplas possibilidades para o desenvolvimento contínuo da
pessoa e da sociedade para ideais de paz, liberdade e justiça social. Um novo paradigma de
aprendizagem – a aprendizagem ao longo de toda a vida – porque já não basta acumular no começo
da vida uma determinada quantidade de conhecimentos de que possamos abastecer-nos
indefinidamente. É, antes, necessário estar à altura de aproveitar e explorar, do começo ao fim da
vida, todas as ocasiões de aprender ou aprofundar conhecimentos, e de se adaptar a um mundo em
mudança.
Segundo O relatório da UNESCO, “Educação, um tesouro a descobrir” a aprendizagem deve
organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de
algum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento:
Aprender a Conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão. Atualmente, o mais
importante é aprender a aprender, e não tanto a quantidade de saberes. São valorizadas características
como compreender o mundo, a capacidade de trabalhar em profundidade alguns assuntos, exercitar a
atenção, a memória e o pensamento;
Aprender a Fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; Conhecer e fazer são indissociáveis. A
noção de competências, capaz de tornar as pessoas aptas a enfrentar numerosas situações e a trabalhar
em equipe, é fundamental;
Aprender a Viver Juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades
humanas. Devemos desenvolver a compreensão do outro e a percepção das interdependências, no
sentido de realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos;
Aprender a Ser, via essencial que integra as três precedentes. É o desenvolvimento total da pessoa,
isto é, espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal,
espiritualidade.
José Cordeiro, in https://open4sustainability.pt/desafio-do-seculo-xxi-aprendizagem-ao-longo-da-vida/
PROCESSO DE FORMAÇÃO E APRENDIZAGENS AO LONGO
O conceito de "aprendizagem ao longo da vida" permanece mal definido. Que nós aprendemos
durante toda a nossa vida, é evidente. Desde nossos primeiros passos e de nossas primeiras palavras
até a nossa idade mais avançada, fazemos experiências novas, adquirimos novos saberes e novas
competências. Contudo, temos quase tanta ausência consciência em relação ao ato de aprender como
temos ao de respirar. Certamente aprendemos na escola e também na universidade e nos
estabelecimentos de formação, mas mesmo nesses lugares instituídos de formação e de aprendizagem,
o que aprendemos de verdadeiramente importante, frequentemente, não tem nada a ver com os
programas oficiais. Experimentamos situações, adquirimos habilidades, testamos as nossas emoções e
nossos sentimentos na "escola" mais efetiva que há: a "universidade da vida". Portanto, aprendemos e
formamo-nos nas conversas com os amigos, assistindo à televisão, lendo livros, folheando catálogos
ou navegando na Internet, tanto quanto quando refletimos e quando fazemos projetos. Pouco
importa se essa maneira de nos formarmos é trivial ou requintada: não podemos alterar o facto de
que somos aprendentes "no longo curso" da vida.
Nos debates dos últimos
trinta anos sobre política da
formação, particularmente
na última década, o conceito
de aprendizagem ao longo da
vida tomou uma dimensão
estratégica e funcional. O
mais importante documento
europeu sobre a política de
formação, o Memorandum
sobre a educação e a
formação ao longo da vida, ratificado em março de 2000 em Lisboa, pela Comissão Europeia, define: "a
aprendizagem ao longo da vida não é apenas mais um dos aspetos da educação e da aprendizagem; ela
deve tornar-se o princípio diretor que garante a todos o acesso às ofertas de educação e de formação,
numa grande variedade dos contextos de aprendizagem" (Commission of the European Communities,
2000, p. 3).
Duas razões principais são evocadas para justificar essa afirmação:
1- A Europa tornou-se uma sociedade fundamentada no conhecimento e na economia. Mais do que
em tempos passados, o acesso à informação e aos conhecimentos mais recentes, assim como a
motivação e os saberes necessários à utilização inteligente, pessoal e coletiva desses recursos
tornaram-se a chave da competitividade europeia, além de serem igualmente benéficos à
empregabilidade e à adaptabilidade da força de trabalho;
2- Os europeus vivem, atualmente, num mundo social e político complexo. Os indivíduos, muito
mais do que antes, querem planear as suas vidas, esperam contribuir ativamente para a
sociedade e devem aprender a viver positivamente na sua diversidade cultural, étnica e
linguística. A educação, no seu sentido mais amplo, é a chave para aprender e compreender
como superar esses desafios. (Commission of the European Communities, 2000, p. 5)
Essa dupla motivação, ainda que restrinja o conceito apenas à dimensão funcional, permite contudo
precisar a sua definição. O Memorandum estipula claramente que a educação ao longo da vida diz
respeito a todas as atividades significativas de aprendizagem, tais como: processos de aprendizagem
formais que ocorrem nas instituições de formação clássicas e que são, geralmente, validados por
certificações socialmente reconhecidas; processos de aprendizagem não formais que se desenvolvem
habitualmente fora dos estabelecimentos de formação institucionalizados, nomeadamente nos locais
de trabalho, nos organismos e associações, no seio de atividades sociais, na busca por interesses
desportivos ou artísticos; processos de aprendizagem informais, que não são empreendidos
intencionalmente e que "acompanham" incidentalmente a vida quotidiana. (Commission of the
European Communities, 2000, p. 8).
O interesse dessa nova compreensão do conceito de educação reside no estabelecimento de
sinergias entre esses três diferentes modos de aprendizagem. A aprendizagem não deve ser somente, e
sistematicamente, ampliada para toda a duração da vida. Ela deve também generalizar-se para todos os
domínios da vida. Para isso, estabelecem-se, portanto, ambientes de aprendizagem nos quais os
diferentes modos de aprendizagem se encontram para complementarem-se organicamente: a
dimensão da educação abarcando todos os aspetos da vida enfatiza a complementaridade entre
aprendizagens formais, não formais e informais. (Commission of the European Communities, 2000, p.
9)
Entendida desse modo, a educação ao longo da vida parece responder no primeiro plano a uma
necessidade económica e social. Ela não diz respeito apenas a elites tradicionais, mas a todos os
membros da sociedade. O Livro branco da educação ao longo da vida, publicado pelo ministério da
educação inglês em 1998, afirma em sua proposta central: para fazer face à mudança rápida e ao
desafio da era da informação e da comunicação, devemos garantir que as pessoas possam voltar a
aprender ao longo de suas vidas. Nós não podemos contar com uma pequena elite apenas, qualquer
que seja seu grau de educação. Ao contrário, necessitamos de criatividade, de espírito empreendedor e
da instrução de todos. (Department for Education and Employement, 1998, p. 7).
A educação ao longo da vida tem pois uma dupla dimensão: "instrumentalização" e "emancipação".
Ou seja, o novo "conceito novo" de educação ao longo da vida remete-nos para a ideia de que a
aprendizagem se inscreve não só num quadro económico e político, como o que vivemos, cujos
objetivos são a competitividade, a empregabilidade e a adaptabilidade das "forças de trabalho”, mas
também no do desenvolvimento dos indivíduos, enquanto pessoas, na sua relação com os outros, de
modo a que possam aproveitar todas as suas possibilidades. Por isso, são valorizadas não somente as
aprendizagens formais, mas também as não formais e mesmo informais, não institucionalizados e
auto-organizados da aprendizagem que acontecem no quotidiano, a partir das experiências e ligadas
ao mundo da vida.
Peter Alheit; Bettina Dausien in http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022006000100011
O CONFLITO PSICOLÓGICO
Quando as pessoas têm de tomar decisões difíceis, dizemos que estão em conflito, o que lhes causa
sentimentos de ansiedade. Pensamos na dificuldade de decisão daqueles que não pretendiam ir à
guerra em África, mas que também não queriam fugir e ficar afastados da família e dos amigos ou ser
presos.
O que acontece se houver um conflito entre as nossas necessidades e os nossos objetivos, ou se
tivermos de escolher, por exemplo, entre dois cursos igualmente difíceis e atraentes?
Dizemos que existe um conflito quando enfrentamos uma situação em que duas motivações
diferentes, mas de igual intensidade, entram em concorrência e nos obrigam a escolher. (...)
As pessoas têm de enfrentar vários tipos de conflito na sua vida quotidiana. Nestas situações ficam
ansiosas e se o seu comportamento é afetado podem ter sintomas de desajustamento social. As reações
imediatas à frustração, como a cólera e a agressão, acrescentam novos problemas às relações sociais. O
isolamento ou a hipersensibilidade são outro tipo de repostas à frustração que afeta a autoestima e a
forma como os indivíduos vivem as suas relações com os outros.
In Rocha, Ana e Fidalgo, Zilda. Psicologia. Texto Editora
CONFLITO SOCIAIS E SUA SUPERAÇÃO
O conceito conflito representa uma tensão que envolve pessoas ou grupos de pessoas quando
existem tendências ou interesses incompatíveis.
Assim só existe conflito se existir uma relação próxima entre as partes de modo a justificar esse
mesmo conflito, como se mostram frequentes entre pais e filhos, patrões e trabalhadores. Uma
coordenada caracterizadora do conflito é o estado de insatisfação das partes, insatisfação essa que pode
ter múltiplas origens como por exemplo, a divergência de interesses, o desacordo de pontos de vista, a
partilha de recursos escassos, a competição pelo poder, etc.
No entanto, o conflito social é entendido como central na mudança e nas dinâmicas sociais,
tratando-se o conflito de uma manifestação das interações sociais. O agravamento tal como o
atenuamento do conflito vai depender das relações internas de cada grupo, pode aumentar ou diminuir
se se desenvolverem atitudes de provocação ou de conciliação.
Devemos aceitar os conflitos como realidades do nosso mundo social pois acabam por impedir a
estagnação e promovem novas ideias e novos ideais, podendo a sua consequência representar um
modo mais adequado e dinâmico de integrar em sociedade.
Para que haja uma superação dos conflitos não basta o simples contacto entre grupos hostis, implica
essencialmente um contacto que envolve cooperação, entreajuda e a interdependência de modo a
construir um maior sucesso na finalidade visada. É importante que por cooperação entendamos uma
ação conjunta e concentrada que envolve a colaboração dos envolvidos para se atingir um objetivo
comum.
Existem ainda outras formas de superação de conflitos que passo a fazer uma breve referência. A
submissão, que acontece quando um grupo sede às exigências do outro; a mediação, que pressupõe a
existência de um mediador (elemento neutro) que vai promover a comunicação entre as partes; a
dominação, verifica-se quando um dos grupos impõe unilateralmente a solução ao outro; a negociação,
visando impedir a confrontação direto – a negociação implica cedências e exigências mútuas, pois os
grupos constroem um acordo – e, por último a inação, em que os dois ou um dos grupos resolve não
agir e esperar que o tempo resolva o conflito.
Porém, nos dias de hoje são dominantes as soluções que assentam sobre a cooperação, a mediação e
a negociação. Assim, o confito pode resultar sempre, numa oportunidade de aprendizagem.
Gabriel Alves, in http://psicob.blogspot.com/2009/06/conflitos-e-sua-superacao.html
O CONFLITO: RISCOS E OPORTUNIDADES
O conflito surge quando há a necessidade de escolher entre situações difíceis de conciliar. Trata-se,
portanto, de um choque de motivos ou de informações díspares, de uma competição entre pessoas,
forças ou ideias. Esta oposição ocorre quando existem perspetivas, interesses ou objetivos diferentes
face a pessoas, objetos ou opiniões. No entanto, também podem existir conflitos gerados por interesses
iguais.
A estas situações podemos chamar de concorrência ou competição e são inúmeros os exemplos que
podemos apresentar: filas no supermercado, disputas por heranças, concorrência no trabalho, conflitos
em divórcios pela custódia dos filhos, disputa do melhor lugar para estacionar o automóvel. Daí a
necessidade de criar entidades reguladoras (tribunais por exemplo) para estes casos.
Podemos falar em conflito externo quando um sujeito entra em conflito com outro sujeito ou com
qualquer entidade externa. Por contraste, o conflito é interno ou psicológico quando um sujeito entra
em conflito consigo próprio; por exemplo quando está face a dilemas, dualidades da mente, dúvidas,
arrependimentos ou decisões difíceis.
Podemos classificar os conflitos consoante o tipo de entidade em causa: conflitos morais (entre
valores morais e correntes éticas antagónicas), conflitos transcendentais (com o destino ou entidade do
plano divino), conflitos sociais (com a sociedade), combates ideológicos (entre filosofias de vida, visões
do mundo), entre outros. O conflito pode ainda ser denominado, conforme a sua origem, como
intrapessoal, interpessoal e conflitos de trabalho quanto ao processo, à tarefa e aos papéis
(organizacionais).
Os conflitos intrapessoais ocorrem no próprio indivíduo (interior do indivíduo) e dizem respeito a
uma única pessoa; ocorre no caso de um conflito de ideias, pensamentos, emoções/frustrações. (...)
Os conflitos interpessoais ocorrem entre indivíduos, entre várias pessoas e uma organização e
podem ser originados por diferenças individuais (idade, sexo, valores, crenças, religião, atitudes e
experiências), limitações de recursos (poucos recursos) e diferenciação de papéis (não aceitar bem a
pessoa como chefe, decidir quem manda em quem, entre outros).
Por último, os conflitos organizacionais ocorrem no seio das organizações porque as diferentes
partes que constituem a organização têm interesses, necessidades e pontos de vista diferentes.
Portanto, na organização a fonte de conflito é a sua estrutura: existem posições diferentes; devido às
diferenças de poder, há uma falha na comunicação; os valores, interesses e objetivos não são comuns;
os trabalhadores encaram a empresa não só como um local de trabalho; a organização tenta impor,
implicitamente, regras aos seus subordinados; os trabalhadores têm vindo a manifestar uma tendência
crescente para a autonomia e têm vindo a desenvolver o seu espírito crítico, visto terem um desejo de
progredir na carreira. (...)
Tradicionalmente os conflitos eram vistos como um mal a evitar a todo e qualquer custo, daí que
sempre que surgia era eliminado com base no poder e na autoridade. Pressupunha-se que os conflitos
eram resultado de comportamentos de certos indivíduos indesejáveis. Esta era a visão tradicional e
bastante limitadora e redutora. Com a evolução dos estudos, chegou-se à conclusão que o conflito pode
ser prejudicial, mas pode também trazer benefícios, possibilitando o surgimento de ideias inovadoras. O
desacordo aberto pode levar a uma maior exploração de sentimentos, valores, atitudes e pontos de
vista. Atualmente entende-se que a existência de conflitos é útil para manter a vitalidade das
organizações e dos grupos e para as relações interpessoais. (...)
Assim, o conflito numa organização pode ser benéfico e construtivo originando criatividade e
mudança, ou prejudicial e destrutivo originando situações negativas. Estas vantagens ou desvantagens
dos conflitos variam consoante o conflito é bem ou mal gerido. Deste modo, um conflito bem gerido
acarreta consequências positivas e um conflito mal gerido acarreta consequências negativas. (...)
Portanto, o Conflito é construtivo ou positivo quando contribui para melhorar a qualidade das
decisões, quando estimula a criatividade e a inovação, encoraja o interesse e a curiosidade entre os
membros do grupo, fornece um meio para as tensões serem libertadas e cria um ambiente de auto-
avaliação e mudança. O que se tem verificado é que os trabalhadores tendem a dar o seu melhor
quando existe companheirismo e amizade (cooperação) no local de trabalho. (...)
Das vantagens e desvantagens dos conflitos pode-se concluir que toda a situação de conflito termina
com resultados que atingem quer a organização por um todo, quer as pessoas envolvidas no conflito.
Para a organização, o conflito pode ser positivo, contudo pode também ter consequências negativas,
pela utilização de táticas desleais. Desta forma, os conflitos quando existem nas organizações trazem
efeitos negativos se forem negados, não percecionados ou ignorados, pois voltarão a aparecer, mas
trazem efeitos positivos e produtivos se forem percecionados e solucionados pelas partes envolvidas
nesse conflito, fomentando a comunicação intergrupal, a compreensão mútua, a cooperação
intragrupal, a mudança, criar maior aceitação de decisões, incrementa os níveis de criatividade, entre
outros, contribuindo para um melhor desempenho dos colaboradores, dos grupos e da organização.
Conclui-se que os conflitos, na verdade, não são maus. O que é fundamental é orientar os conflitos
para conflitos construtivos em vez de negativos. As pessoas e particularmente as lideranças devem e
necessitam de gerir conflitos, de forma a produzir bons resultados em vez de um ambiente hostil e
improdutivo. Contudo, quer o nível elevado quer o fraco nível de conflitos podem ser prejudiciais às
pessoas e às organizações. O que se pretende é a moderação. O excesso de conflito cria o stress, o caos,
as dificuldades de cooperação e coordenação, um clima destrutivo; por sua vez o baixo nível de conflito
cria apatia, ausência de empenho e desincentivo, estagnação, incapacidade de enfrentar os desafios;
enquanto a moderação promove a inovação e criatividade, contribui para a melhoria da qualidade das
decisões e elevado desempenho. O conflito a curto prazo pode trazer efeitos negativos, mas a longo
prazo pode trazer benefícios e vice-versa.
Lara Joana Lopes de Figueiredo, Viseu, 2012, A gestão de conflitos numa organização e consequente satisfação dos
colaboradores. in https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/8865/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o.pdf
SUGESTÕES DE EXPLORAÇÃO DE SITUAÇÕES DE VIDA A INTEGRAR NO PORTEFÓLIO
Explorar situações de conflitualidade na vida privada, em diferentes dimensões do relacionamento
(por exemplo entre o casal, entre pais e filhos, entre familiares, entre vizinhos, entre utentes da
estrada, etc.) por força de posicionamentos diferentes (face a uma compra, à subscrição de um
serviço, de um empréstimo, etc., perante um negócio, perante o cumprimento de obrigações, no
que diz respeito à educação dos filhos, ao uso das tecnologias, à ocorrência de um acidente, etc.).
Aproveitar para refletir sobre o modo como esses conflitos foram ultrapassadas e de que modo se
traduziram em oportunidades de aprendizagem e de desenvolvimento pessoal e social.
Explorar situações de vida em que ocorreram mudanças que o(a) obrigaram a adaptações e
consequentemente a aprendizagens (por exemplo, em caso de casamento, separação, nascimento
de filhos, desemprego, etc.).
Referir formações/cursos realizados ao longo da vida tendo em vista o desenvolvimento pessoal,
refletindo sobre as aprendizagens realizadas.
DR2-Tema: PROCESSOS DE INOVAÇÃO
A TRANSFORMAÇÃO DO "TRABALHO" E A EVOLUÇÃO DO CONCEITO
DE SABER
O significado do trabalho produtivo foi profundamente modificado ao longo do século XX. A maior
parte das pessoas, certamente, passa menos tempo no trabalho do que os seus avós. Em 1906, um ano
médio de trabalho correspondia a aproximadamente 2900 horas; em 1946, já não passava de 2440
horas; e em 1988, de 1800 horas.
A "estrutura interna" do trabalho também mudou. A conversão em massa de empregos do setor
industrial para o setor de serviços não passa, nesse sentido, de um indicador superficial. Mais decisivo é
o facto de que o valor ligado à representação de "uma vida de trabalho", mesmo se tradicionalmente as
mulheres estavam dela excluídas, pertence definitivamente ao passado. Do ponto de vista estatístico, a
atividade profissional não remete mais para um único exercício profissional nem para um exercício de
um mesmo ofício por um período importante da vida, mas sim para a alternância das fases de trabalho e
de formação, de ruturas voluntárias ou involuntárias de trabalho, de estratégias de conduta de carreira
e até à alternância de fases de trabalho e de períodos consagrados à família.
Essa evolução não afetou apenas as representações tradicionais do curso da vida, ela tornou mais
arriscados os projetos individuais de vida e também trouxe novos problemas às instituições que são
"fornecedoras de estrutura do curso da vida": agências do sistema de emprego e do mercado de
trabalho, da segurança social e de aposentação e antes de mais nada, às instituições do sistema de
formação.
O lugar-comum, segundo o qual o saber, após as inovações tecnológicas da "sociedade de
informação" pós-industrial, tornou-se o principal recurso do futuro, dissimula o embaraço no qual nos
encontramos para definir a função e a natureza desse saber. O "saber" não é mais esse "capital cultural"
que assegura a sua perenidade por meio de processos indefinidamente repetidos da reprodução.
"Saber" é uma espécie de "capital cerebral", que produz economias novas e, ao mesmo tempo, virtuais.
O "saber" da sociedade de informação é um “fazer conhecimento”, uma maneira de "dar uma forma
à vida" que, bem além do domínio profissional, define as estruturas novas da sociedade e as dinamiza
em ciclos sempre mais rápidos. As características do "novo saber" exigem, agora, procedimentos
flexíveis de feedback, controlos complexos de autogovernança e um permanente gestão da qualidade.
Nesse quadro, a finalidade da formação e da aprendizagem transformou-se espetacularmente. Ela não
consiste mais em pôr à disposição nem em transmitir saberes, valores ou competências
preestabelecidos, porém em permitir, de algum modo, a "osmose dos saberes", sob a forma de trocas
permanentes da produção individual e da gestão organizada do saber. A ideia de "aprendizagem ao
longo da vida", especialmente, de "aprendizagem autogerida", parece ser particularmente adaptada
para acompanhar esse processo.
Peter Alheit; Bettina Dausien in http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022006000100011
APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA E ADAPTABILIDADE
O conceito de aprendizagem ao longo da vida é inerente ao processo de atualização e
desenvolvimento dos trabalhadores.
A globalização, a diluição de fronteiras, o desenvolvimento das novas tecnologias e a emergência de
uma sociedade baseada no conhecimento, impõem novas formas de entender o mundo e novos
desafios para nele se viver.
Neste âmbito, novas formas de pensar e fazer, inicialmente introduzidas pela revolução industrial,
sofrem agora alterações tão rápidas e radicais que fazem com que qualificações e competências
anteriormente valorizadas se desatualizem e fiquem obsoletas. De facto, os saberes estabilizados,
passados em legado de pais para filhos como arte, deixaram de ser condição suficiente para a
sobrevivência.
Ora, se novas oportunidades se identificam e emergem (nomeadamente novas formas de comunicar
e novas oportunidades de emprego), não se pode esquecer que também novas ameaças tomam forma.
Condições de desigualdade e exclusão social por incapacidade de acesso ou desatualização são, agora,
preocupações latentes dos Estados, das empresas e dos indivíduos.
Nos últimos anos, muito se tem ouvido sobre a importância da atualização e reconhecimento de
competências e de como este é um processo contínuo, sem limite ou definição temporal. Efetivamente,
a formação inicial não tem sido mais do que aquilo que o nome indica, uma "formação inicial" que tem
de ser desenvolvida e atualizada.
Assim, ao indivíduo são exigidas flexibilidade e rapidez de adaptação e nada do adquirido no modelo
de desenvolvimento tradicional é garantido como vitalício.
Neste contexto, o conceito de aprendizagem ao longo da vida - entendido como "toda a atividade de
aprendizagem em qualquer momento da vida, com o objetivo de melhorar os conhecimentos, as
aptidões e competências, no quadro de uma perspetiva pessoal, cívica, social e/ou relacionada com o
emprego" - impõe-se como inerente ao processo de atualização e desenvolvimento. (...)
As empresas, direta e indiretamente, são os catalisadores da necessidade de desenvolvimento ao
longo da vida. Ao atualizar os seus processos de produção e de organização do trabalho, selecionar
trabalhadores com perfis específicos e impor condições de ascensão na carreira ancoradas em
resultados e competências, as empresas estão a criar condições de exigência, dinamização e
modernização nunca anteriormente vistas.
Os trabalhadores para garantirem condições de adaptabilidade a este novo quadro de exigências são
obrigados a reagir e a procurar respostas que lhes permitam manter a empregabilidade e
competitividade num mercado cada mais crítico.
As empresas têm, cada vez mais, uma ação determinante na sensibilização e criação de condições
para os trabalhadores (menores ou adultos) completarem os seus estudos e formação, na forma como
integram e gerem tais trabalhadores e no reconhecimento e aproveitamento das novas qualificações
adquiridas.
Acresce que, para além da obrigatoriedade de dar formação aos seus trabalhadores, as empresas
podem criar aquilo que se designa por ambientes de aprendizagem com vista ao desenvolvimento da
"produtividade do conhecimento", ou seja, assumirem a informação e o conhecimento como um vetor
criador de valor e simultaneamente um agente de competitividade e diferenciação.
Em suma, pode-se afirmar que em termos económicos e sociais, a educação e a formação são
pilares para a manutenção da empregabilidade, redução do desemprego, combate à exclusão social e
promoção da igualdade de oportunidades. Em termos individuais, são base para a realização e
satisfação pessoal. Em termos organizacionais são condição para o sucesso e competitividade.
Esta tríade de interesses vem reforçar a importância da relação entre educação, formação e trabalho e
dar ênfase aos conceitos de educação permanente e formação contínua, como fatores de
desenvolvimento.
Alzira Duarte | Cláudia Mendes Torres, in https://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/detalhe/aprendizagem_ao_longo_da_vida_e_adaptabilidade
INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES
A globalização, a democratização das tecnologias, a melhoria nos processos de produção e
logística e a consequente forte competição entre as empresas fizeram com que estas
procurassem meios para diferenciarem os seus produtos/serviços e o seu modo de
apresentação. Essa concorrência torna o ciclo de vida dos produtos e serviços cada vez mais
curto o que faz com que as empresas invistam cada vez mais em inovação. Desse modo, a
inovação torna um mecanismo fundamental na adaptação, renovação e sustentabilidade das
organizações.
A inovação é algo bom para a sobrevivência de uma empresa, mas de difícil gestão. A
inovação é sempre uma atividade incerta e a certeza irá depender de quanto o ambiente
organizacional é propício. Independente de sua complexidade de gestão e incerteza, o tema
inovação organizacional mostra-se pertinente e relevante, uma vez que, as empresas
necessitam de inovar sob a pena de morrerem. Para que se desenvolvam e sobrevivam, a longo
prazo, as organizações têm de inovar constantemente a fim de modificar-se de modo a
melhorarem, para poderem destacar-se face às outras empresas e adaptarem-se às novas
exigências provenientes da competitividade. Ou seja, a inovação será a melhor forma de
promoção da adaptabilidade organizacional.
Podemos definir a inovação organizacional como a criação de um novo ou relevante
recurso, produto, processo ou método de marketing nas práticas de negócio de uma
organização. E tal somente será possível acontecer se os trabalhadores/colaboradores
estiverem comprometidos com a inovação organizacional.
Alyni Nomoto Nirazawa e outros. Inovação nas Organizações, in
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/311926/mod_resource/content/1/Material%20Didatico_Inova%C3%A7%C3%A3o.pdf
DESAFIOS ECONÓMICOS PARA A INOVAÇÃO
Um dos principais desafios a serem superados pelas políticas de desenvolvimento económico tem
sido a necessidade das Empresas se tornarem mais flexíveis e adaptáveis às características do ambiente
na qual estão inseridas, cujo principal aspeto é a mudança organizacional.
Este contexto de mudanças tem como implicação direta a necessidade das organizações
procurarem permanentemente a adaptação e a flexibilização para se adequarem a novas
contingências, obrigando as organizações a procurarem os mecanismos mais adequados para a
definição de estratégias empresariais assim como o estabelecimento de processos de trabalho e de
gestão mais eficientes e eficazes.
No caso Português onde predominam as Pequenas e Médias Empresas (PME’s ) esta situação fica
mais grave em função das suas próprias peculiaridades, relacionadas à centralização, formalização,
complexidade da estrutura administrativa, a qualidade
dos recursos humanos e as condições ou capacidade de
investimento. Surge então a necessidade deste segmento
empresarial conhecer e aplicar adequadamente o processo de
inovação tecnológica, a qual pode ser considerada uma ação
determinante para a geração de melhorias nas suas operações e
contribuindo efetivamente para o alcance dos objetivos
estabelecidos na estratégia adotada.
De facto, cada vez mais empresas estão a chegar à conclusão
que o sucesso sustentado baseia-se numa permanente dinâmica da
inovação, assente na renovação da oferta e das práticas de gestão.
Daqui resulta que o tema da inovação começa a assumir um caráter
estratégico em Portugal.
O atual ambiente de negócios e de gestão é caracterizado pela
frequência e velocidade de mudanças políticas, socioeconómicas, culturais e tecnológicas. A causa
principal deste contexto de mudança é decorrência do processo de globalização, o qual torna as
atividades empresariais cada vez mais complexas, exigindo das pessoas que a compõe novos
conhecimentos e competências para lidar com os problemas. Essa complexidade que assola as e
empresas nos dias de hoje foi provocada por uma série de fatores, a saber:
• Globalização dos Mercados: O mundo tornou-se um mercado único sem barreiras. Os países
estão a deixar de negociar apenas nas suas fronteiras para se projetarem no mercado internacional, com
isso aumenta a concorrência no mercado, tornando necessário e urgente o desenvolvimento de novos
produtos e serviços e, para isso, necessário é o investimento em pesquisas e desenvolvimento e em
novas tecnologias tanto de produto como de gestão;
• Avanço Tecnológico: Os novos processos e instrumentos introduzidos pela tecnologia nas
empresas causaram impactos na estrutura e no comportamento das organizações. A tecnologia
proporciona uma maior eficiência e eficácia para tarefas mais complexas;
• Concorrência: O surgimento de concorrentes em grandes números e diferentes segmentos da
economia;
Podemos definir inovação
organizacional como a
introdução de uma nova
forma de relação da
organização com o seu meio
ou de uma nova configuração
interna do s seus
subsistemas, adotada ou
criada com o propósito de
obter uma maior eficiência
e/ou eficácia, quer a nível
qualitativo quer quantitativo,
no seu posicionamento no
mercado.
• Clientes: As expectativas dos clientes têm aumentado visto que existe maior oferta, e os
mesmos têm expectativas maiores em relação ao valor, a qualidade e ao serviço;
• Força de trabalho: As modificações na constituição da força de trabalho, em relação ao sexo,
raça, nível educacional e distribuição etária estão a criar uma força de trabalho diferente do passado.
Umas das consequências diretas das influências do conjunto destes fatores têm sido o aumento da
incerteza e da insegurança dentro das
organizações, que para poderem
sobreviver, têm procurado,
permanentemente, adaptarem-se,
reestruturarem -se, flexibilizarem -se e
tentarem formas de inovação dentro das
novas configurações do ambiente. (...)
Verifica-se, no entanto, que muitas
organizações persistem em satisfazer
apenas as necessidades conhecidas dos
clientes ou a seguir as iniciativas da
concorrência, sem investir na inovação. Se
é certo que mantendo esta política
conseguem poupar custos de I&D (Investigação e Desenvolvimento) e continuar a oferecer produtos
não diferenciados a preços mais baratos, não é menos certo que o risco que correm é bastante elevado,
pois a estagnação da oferta pode levar os clientes a preferirem os novos produtos da concorrência.
Amorim, Ester. A Gestão da Inovação e Novas Tecnologias. In http://bdigital.ipg.pt/dspace/bitstream/10314/974/1/manual%2014%20-
%20Gest%C3%A3o%20da%20Inova%C3%A7%C3%A3o%20e%20Novas%20Tecnologias.pdf
NOVAS TECNOLOGIAS E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO EM PORTUGAL Comecemos por destacar alguns aspetos referentes às novas tecnologias:
· Embora tenham vindo a aumentar significativamente nas últimas décadas, ainda é
relativamente reduzida a percentagem de empresas que utilizam sistemas informáticos
associados apenas à produção direta (máquinas-ferramentas computorizadas, manipuladores
automáticos, robots, etc.);
· A maior utilização de novas tecnologias verifica-se nos serviços de produção e administrativos
(processamento de informação relativa a vendas e compras, salários, e ainda CAD - concepção
assistida por computador) e, principalmente, nos serviços administrativos.
Os objetivos que as empresas procuram atingir com a introdução de novas tecnologias por ordem de
importância são as seguintes:
· aumentar a produtividade
. aumentar ou manter a quota no mercado
Disponível na Internet: http://noticias.rumonet.pt/2014/05/empreendedorismo-das-tic-em-
portugal/
· melhorar a qualidade
· abrir novos mercados
. reduzir os ciclos de produção
A introdução de sistemas tecnológicos avançados, para além de uma maior produtividade,
precisão e qualidade permite igualmente a flexibilização da produção de acordo com as necessidades
do mercado, nomeadamente, devido a:
· modificação frequente de modelos
· maior diversificação dos produtos
· atendimento de exigências específicas dos clientes
· limitação em volume e em tempo de stocks
· redução de prazos de entrega
Acontece frequentemente, não apenas em
Portugal, mas também nos outros países, que as novas
potencialidades das tecnologias avançadas não são
exploradas, e os resultados obtidos não compensam o
elevado custo do investimento. A desilusão pode levar
à conclusão que produzir com tecnologias con-
vencionais é mais rentável. Quando os resultados ficam aquém do esperado, a interrogação a colocar é
a seguinte: as pessoas e a organização do trabalho foram preparadas para funcionar de modo
proveitoso com os novos equipamentos?
O exemplo de várias empresas (portuguesas e estrangeiras) que conseguem tirar proveito das
vantagens das tecnologias avançadas indica que, para a empresa ser competitiva, não chega adquirir
apenas novos equipamentos. É também preciso introduzir formas de organização do trabalho e
formação profissional adequadas às características das novas tecnologias. Por outras palavras, o cerne
da modernização das empresas é o desenvolvimento de uma organização de trabalho e de pessoas
capazes de explorar as novas potencialidades dos equipamentos flexíveis.
Nas empresas que introduziram novas tecnologias, existe uma certa tomada de consciência da
importância da organização do trabalho. De facto, a organização do trabalho é um dos factores
representativos das maiores dificuldades para as empresas.
O exemplo de empresas bem-sucedidas mostra que a flexibilidade operacional – tão crucial nas
atuais condições de concorrência – apenas e obtém com novos princípios de organização do trabalho,
com estruturas maleáveis e com um estilo de direção aberto à participação.
Os resultados de um inquérito realizado em Portugal junto das empresas industriais indicam,
relativamente à organização do trabalho, o seguinte:
. é muito reduzida a percentagem de empresas que utilizam novas formas de organização do trabalho
(N.F.O.T.), tais como: rotação de postos de trabalho, enriquecimento de tarefas, círculos de controlo
de qualidade ou equipas semiautónomas de produção;
. as novas formas de organização do trabalho preferenciadas em termos de implementação futura são:
os círculos de controlo de qualidade e o alargamento e enriquecimento de tarefas. As equipas
semiautónomas são as menos preferidas;
. as razões indicadas para a implementação de novas formas de organização do trabalho são em
ordem de importância as seguintes:
- motivação dos trabalhadores
- aumento da produtividade
- flexibilização da mão-de-obra
Disponível na Internet: http://www.entornointeligente.com/articulo/6134272/Mayoriacute;a-de-
- melhoria da qualidade
Pode-se notar aqui uma tomada de consciência de que a organização do trabalho existente,
frequentemente rígida, não é eficaz. A rigidez da organização do trabalho pode ser caracterizada em
função das seguintes situações:
. as funções de concepção, controlo e execução são rigidamente separadas
. as tarefas são definidas de modo rígido
. as tarefas são simplificadas com vista à eficácia
. atribui-se um posto de trabalho a um indivíduo
· as informações e decisões estão centralizadas
. mão-de-obra é pouco qualificada e especializada apenas para certas tarefas existe supervisão da
execução das tarefas
Este tipo de organização do trabalho leva normalmente a disfuncionamentos que implicam:
· paragens excessivas
· absentismo
· dificuldades de cooperação
. baixo nível de produtividade
· produção defeituosa
. inércia à mudança, isto é, falta de capacidade
de adaptação
. rigidez de funcionamento, isto é, incapacidade
de flexibilizar a produção
Por sua vez, a organização flexível do trabalho
tem as seguintes características:
. divisão maleável e integração de funções de
conceção, controlo e execução
. definição de tarefas de acordo com as
circunstâncias e necessidades
. integração de tarefas para criar um trabalho 'completo' identificável e com resultados visíveis
. iniciativa, independência e discrição para o indivíduo programar o seu trabalho e determinar os
procedimentos na sua execução
. realização de tarefas e funções em grupos de trabalho, mão-de-obra qualificada e polivalente
. informações claras sobre os resultados obtidos no trabalho e autocontrolo
As grandes vantagens deste tipo de organização são cruciais do ponto de vista da competitividade:
. aumento do nível de produtividade
. melhoria da qualidade
. flexibilidade de funcionamento
. adaptação rápida às mudanças
Por exemplo, a informação e formação adequadas dos trabalhadores na definição dos critérios de
qualidade e a integração do primeiro controlo de qualidade no nível operacional, ou seja, a possibilidade
de controlo sobre os fatores que influenciam a qualidade permite não apenas o aumento do interesse
dos trabalhadores pelo seu trabalho, mas igualmente a melhoria da qualidade através de um melhor
conhecimento dos critérios de qualidade e de uma capacidade de reacção rápida aos problemas que
possam estar na base de defeitos. (...)
Disponível na Internet: http://www.dinheirovivo.pt/Empresas/interior.aspx?content_id=3756580
Nas pequenas e médias empresas a organização do trabalho tem frequentemente um caráter
misto, isto é, em certos aspetos é rígida, enquanto noutros aspetos é flexível. E essa flexibilidade
constitui uma vantagem face às grandes empresas cuja organização do trabalho é mais rígida. Se as
novas tecnologias flexíveis acentuam mais a rigidez ou a flexibilidade da organização do trabalho nas
PME, depende da opção da própria empresa, uma vez que as novas tecnologias por si só não mudam a
organização do trabalho. A rigidificação ou taylorização da organização do trabalho significaria escolher
um caminho errado na procura da competitividade.
Se se optar pela maior flexibilização da organização do trabalho, a extensão de tarefas no nível
operacional exige uma formação profissional adequada, uma vez que são exigidas novas competências
bem diferentes das convencionais, de acordo com o quadro seguinte onde se comparam os dois
modelos de organização, o taylorista (ou tradicional), e o pós-taylorisla (ou flexível):
EXIGÊNCIAS DE QUALIFICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS
Modelo Taylorista Modelo PÓS- Taylorista · Capacidade de cumprir as tarefas prescritas · Capacidade de realizar as tarefas simples e
repetitivas · Disciplina e obediência às instruções · Trabalho individualizado, isolado (espírito de
competição) · Conhecimentos técnicos especializados e limitados
(...)
· Capacidade de iniciativa de tomar decisões e assumir responsabilidade
· Capacidade de realizar tarefas variadas e complexas · Capacidade de identificar e resolver problemas com base
numa compreensão global · Capacidade de trabalhar em grupo (em equipa) · Capacidade de adaptação às mudanças · Nível elevado de conhecimentos técnicos
EXIGÊNCIAS ESPECÍFICAS DE QUALIFICAÇÃO NO NÍVEL INTERMÉDIO (CHEFIAS)
Modelo Taylorista Modelo Pós-Taylorista
· Capacidade de comando hierárquico · Preparação, coordenação e controlo do trabalho dos
operadores Recolher e transmitir informações · Conhecimentos de administração burocrática da
oficina · Capacidade de servir de intermediário entre Direcção
e operadores
· Animação, coordenação de responsabilidades · Delegação de decisões · Conhecimentos técnicos mais amplos · Conhecimentos de Relações Humanas · Capacidade de gestão da oficina · Capacidade de desenvolver relações
interserviços
O desenvolvimento de novas formas de organização do trabalho requer uma certa prudência e
preparação, tal como aliás a introdução de novas tecnologias. A imposição de mudanças na
organização do trabalho, isto é, a sua introdução repentina sem preparação leva à resistência e
dificuldades de adaptação dos trabalhadores. Não se trata tanto da dificuldade de os trabalhadores
romperem com certas rotinas adquiridas, mas mais do receio de pessoas não informadas e não
consultadas, que se sentem ameaçadas no seu emprego, no seu trabalho e nas suas relações de
trabalho.
A preparação visa, por um lado, a formação de mudanças favoráveis à atitude pretendida da
organização do trabalho, e, por outro, a criação de capacidades de trabalharem novas formas de
organização do trabalho e com novos equipamentos. Assim, este Processo de Preparação pode incidir
sobre:
. informações em todos os níveis sobre a tecnologia e a organização pretendidas
. consulta a todos os grupos profissionais na empresa
. participação dos trabalhadores na decisão com vista a aproveitar sugestões
. formação com vista ao desempenho de novas tarefas e funções
Apenas de indivíduos informados e consultados se pode esperar que desempenhem no processo de
modernização das empresas, e quando virem garantidas a melhoria das condições de trabalho,
nomeadamente:
· melhoria no emprego
. aumento de qualificação
· aumentos salariais
· horário de trabalho mais adequado
Neste processo o papel da chefia directa é fundamental, mas, por vez, também tem de estar
preparada (informada, consultada e formada) para mudanças nas suas funções. Várias experiências para
introduzir novas formas de organização do trabalho falharam, precisamente por se ignorar o processo
de preparação da mudança.
Kovács, Ilona "Novas tecnologias e organização do trabalho", in Dirigir, n.º 14, Ago./Set./Out., 1990,
SUGESTÕES PARA A ANÁLISE DE UMA ORGANIZAÇÃO/EMPRESA
A. Descrição global da organização
1. O produto (de forma simplificada)
Convém partir de uma descrição rigorosa do produto. Este pode ser um produto industrial clássico,
mas também um serviço comercial ou não (gestão de valores comerciais tanto como o funcionamento
de um hospital, etc.). Descrever o circuito do produto (movimento, matérias, informação) dentro da
empresa e/ou fora da empresa se houver intermediários exteriores na cadeia de produção. Destacar
bem as operações valorizadas pelo meio ou pelos atores dentro da empresa.
2. Dados gerais.
Ramo, tamanho, situação jurídica, localização geográfica, dados económicos, etc..
História da empresa, a tradição, os acontecimentos recentes, a cultura, ou seja o sistema concreto
das relações, no setor do observador ou mais
amplamente se for possível. Fusão, absorção,
diversificações, etc.
As estratégias da empresa, as ameaças e
oportunidades que pesam sobre o setor. As potenciais
escolhas possíveis, as que deveriam ser adotadas, as
que são apoiadas por este ou aquele ator (um decisor,
o chefe, assalariados numa situação estratégica, etc.)
Assalariados: idade, sexo, antiguidade, origem,
qualificação, mudanças recentes.
Sindicalismo e relações profissionais. Descrever o
tipo de gestão do pessoal. Avaliar o clima social.
O mercado e a pressão da concorrência. Os
elementos de variação devidos ao mercado, às
Organigrama, ou organograma, é a representação esquemática da distribuição dos órgãos e das funções da empresa, bem como da forma como estes se interrelacionam. Num organigrama existem vários níveis, os quais se dominam níveis hierárquicos. Os organigramas podem assumir as mais variadas representações (circular ou pendente). Existem organigramas que identificam os responsáveis pela função (nominativo) e aqueles que apenas referem a função (simples). Órgão é o conjunto dos mios materiais e humanos ligados à realização de um determinado objectivo. Relações hierárquicas são as que se estabelecem entre órgãos e que vão dando consistência à empresa / organização.
tecnologias, à mudança de organização, etc..
B. Descrição da organização formal
1. Descobrir:
- o sistema de divisão do trabalho e de repartição das tarefas. Quem faz o quê?
- a definição dos estatutos e dos papeis a desempenhar, a definição das funções: a sua precisão ou
ausência de precisão.
- o sistema hierárquico.
- as comunicações.
- o sistema de contribuição-retribuição. Em particular o sistema de sanções ou a sua ausência. Tentar
saber em que medida ele funciona.
Para descobrir estes elementos, o mais simples é de partir do organigrama. Fazê-lo para a parte da
empresa observada pelo candidato ao processo de RVCC.
2. Analisar o circuito oficial dos procedimentos. Por exemplo, uma encomenda ou uma entrega, ou a
execução de uma peça.
Quem deve receber o pedido, deve ou não deve discuti-lo. A quem é transmitido (frequentemente
várias pessoas em causa)? Quem é responsável por quê? Há comunicações entre os diferentes
responsáveis pela execução? A quem é preciso
dar satisfação? etc.
Fazer esta análise dos estatutos dos
membros com quem interage com mais
frequência. Como é que as coisas acontecem
no caso de uma substituição, de uma
promoção ou de uma transferência? Quem
deve ser informado, quem deve decidir, quem
é consultado?
É sempre interessante analisar de perto o
sistema de avaliação do trabalho, o da
promoção e, eventualmente, a formação
dada, na altura de uma promoção. Com que
critérios, um superior é promovido? Há um
sistema de regras implícitas e/ou explícitas,
formas e/ou informais, permeáveis ou rígidas,
burocráticas ou não, etc.?
Há, de facto, empresas que escolhem não
ter organigrama. Se for o caso, perguntar-se
porquê? Por exemplo, numa empresa média, de tipo paternalista, o dirigente pode preferir ter o
organigrama na cabeça e não querer comunicá-lo.
C. Descrição do funcionamento informal.
Disponível na Internet: http://pt.dreamstime.com/fotos-de-stock-royalty-free-organograma-image32768508
Aqui, vamos tentar compreender como é que as coisas se passam realmente, e medir a distância
entre formal e informal.
1. Depois de ter visto os circuitos reais e conservando-os
bem em mente, analisar uma relação imprevista, por
exemplo, uma encomenda não habitual, ou uma avaria
excecional, etc. Ver, então, como as relações formais são
desfeitas ou não o são, o que se passa, como funcionam os
sistemas hierárquicos e de comunicação.
Analisar um acontecimento que deu origem a uma relação
conflitual. Por exemplo, ordens mal transmitidas levando a
uma má produção. Descrever como as coisas se passaram,
quem arbitrou e em que sentido.
Mostrar como, concretamente, o organigrama funciona. As
disposições formais são respeitadas? E, se não porquê? A
benefício de quem?
2. Um método de aproximação desse informal pode consistir em partir das relações afetivas entre os
indivíduos e principalmente entre os grupos. Tal grupo é indiferente, agressivo e hostil, simpático
relativamente a tal outro grupo? Os julgamentos de competência cobrem verdadeiras incompetências
ou o desejo de políticas diferentes? A hipótese subjacente a esta aproximação é que uma relação de
competição que não é reconhecida formalmente, origina uma tensão muito forte que se traduz por uma
grande agressividade: esta não é, então, utilizada como o indicador de uma afinidade natural mas como
o indicador de uma relação de poder.
D. Os trabalhadores e o sistema.
Afinal de contas, tratar-se-á de descrever a empresa ou o setor, em termos de sistema e de sistema
interdependente. O que, concretamente, significa descrever como, através de que ajustamentos,
através de que conjunto de regras formais e informais se resolvem os problemas quotidianos da
empresa.
1. No início, fazer uma lista dos atores. Mas os atores não são, forçosamente, pessoas físicas
individualizadas. Um ator pode ser um serviço ou uma equipa ou uma secção sindical ou um grupo de
pessoas. Se queremos analisar o conjunto, é preciso fazer
listagem exaustiva dos atores (mais uma vez, no setor
observado). Se queremos analisar uma ação (tal decisão ou
tal mudança), só devemos fazer a listagem dos atores que
nela participaram.
Tentar definir os seus objetivos e as suas apostas. Os
objetivos são os fins que eles se propuseram atingir e que
podem ser explicitados dentro da organização. A aposta é o
que o ator pode esperar ganhar ou perder com a ação que
desenvolve, e a importância desse lucro ou dessa perda para
ele. Por exemplo, o objetivo pode ser realizar uma determinada produção difícil, o objetivo pode ser
realizar uma determinada produção difícil, num tempo recorde e com uma qualidade superior,
Disponível na Internet: http://www.cncursosmt.com.br/
Disponível na Internet:
http://sintesecba.com.br/novo2/?p=92
enquanto a aposta pode ser a valorização do serviço, de um equipamento novo do qual se quer
comprovar a rentabilidade.
2. As relações entre os atores e as suas alianças constituem sistemas de ação concretos. Determiná-
las. Podemos, de novo, utilizar o organigrama, lá descrever as relações afetivas, a seguir as
comunicações concretas e, portanto, as relações. Trata-se, portanto, de mostrar o funcionamento real
da empresa, quer seja harmonioso, quer conflitual.
3. Os atores impõem-se numa estratégia de poder, quando controlam uma zona de incerteza, esta é
uma zona de decisão mal definida ou que ainda não estabilizou ou cujo funcionamento habitual é posto
em questão.
É necessário, portanto, defini-las. Pode tratar-se da introdução de uma inovação tecnológica, de uma
nova máquina, ou de pôr em causa as regras de funcionamento. Por exemplo, a introdução da utilização
da informática, ou de uma máquina com comando numérico; ou a criação de um novo setor, num
serviço, etc., que modifica os estatutos, os papéis e consequentemente, a repartição do poder.
In Bernoux, Fhilippe. A sociologia das organizações. (sd) Porto: Rés Editora, adaptado
SUGESTÕES DE EXPLORAÇÃO DE SITUAÇÕES DE VIDA A INTEGRAR NO PORTEFÓLIO
Explorar situações de utilização das TIC em contexto laboral (computador e seus periféricos e
software, telemóvel, telefone, fax, fotocopiadora, equipamentos diversos, de registo,
vigilância, etc.), refletindo sobre as vantagens e problemas associados à sua utilização,
designadamente ao nível do funcionamento da empresa/organização do trabalho,
comunicação interna e externa, relações de trabalho, natureza do trabalho, produtividade,
processos de controlo, etc.
Explorar situações de inovações no local de trabalho e refletir sobre o modo como reagiu ou
se adaptou a essas formas de inovação.
Explorar situações que ajudem a analisar o modelo de organização da sua empresa
posicionando-o face a outros modelos conhecidos. (Aproveitar o guião sugerido)
DR3-Tema: ASSOCIATIVISMO E MOVIMENTOS COLETIVOS
DIFERENTES TIPOS DE PESSOAS COLETIVAS
As pessoas coletivas são organismos sociais dotados de personalidade jurídica e constituídos para
realizar interesses comuns ou coletivos, que podem ser de direito público ou de direito privado.
As pessoas coletivas de direito público – como por exemplo a Comissão do Mercado de Valores
Mobiliários (CMVM) – são criadas pelo próprio Estado, para assegurar a prossecução de interesses
públicos e, por isso, são dotadas de prerrogativas de autoridade (ou seja, poderes e deveres públicos).
Para além destas existem, também, as pessoas coletivas de utilidade pública – como por exemplo, as
entidades municipais encarregues do fornecimento e distribuição de água –, que são pessoas coletivas
privadas sem fins lucrativos (associações, fundações ou certas cooperativas), as quais prosseguem fins
de interesse geral em cooperação com a Administração central ou local.
As restantes pessoas coletivas, que não se integram nas categorias anteriores, designam-se pessoas
coletivas de direito privado. O legislador ordenou-as em três tipos: associações, fundações e sociedades.
As associações visam fins não lucrativos e podem ser de índole cultural, social ou outras – veja-se, por
exemplo, as associações de defesa do consumidor ou as associações de moradores. As fundações são
pessoas coletivas que gerem um conjunto de bens afetos à prossecução de determinado fim duradouro
e socialmente relevante, seja religioso, moral, cultural ou de assistência – como por exemplo, a
Fundação Calouste Gulbenkian. As sociedades constituem um conjunto de pessoas físicas (ou seja,
indivíduos) que se unem para a prática de determinada atividade económica, com vista à obtenção e
repartição dos lucros daí resultantes. As sociedades podem ser civis ou comerciais (em nome coletivo,
por quotas, anónimas ou em comandita).
Por fim, cumpre ainda referir que a informação atualizada sobre as pessoas coletivas encontra-se
compilada no Ficheiro Central de Pessoas Coletivas, uma base de dados informatizados gerida pelo
Registo Nacional de Pessoas Coletivas.
As pessoas coletivas gozam de direitos e estão sujeitas aos deveres compatíveis com a sua
natureza e que sejam necessários ou convenientes ao cumprimento dos seus fins.
As associações podem ser constituídas livremente por qualquer cidadão, sem precisar de
autorização. Nunca podem promover a violência, os seus fins não devem contrariar a lei penal, e
ninguém pode ser obrigado a nelas participar ou aí permanecer contrariado.
As fundações são titulares de direitos e obrigações que diferem da pessoa que os instituiu. Nas
fundações é fundamental o elemento patrimonial representado pelo conjunto de bens que constitui a
sua dotação.
Quanto às sociedades, a sua capacidade inclui os direitos e obrigações necessários à prossecução
dos fins que se propõem, com exceção daqueles que se encontrem vedados por lei ou que, pela sua
natureza, apenas sejam inseparáveis da personalidade singular.
PERGUNTAS E RESPOSTAS PARA UMA CIDADANIA ACTIVA E RESPONSÁVEL, Fundação Francisco Manuel dos Santos. In
https://www.direitosedeveres.pt/q/vida-pessoal-e-familiar/pessoas-colectivas/que-tipos-de-pessoas-colectivas-existem
AS ASSOCIAÇÕES E A LEI
Nos últimos tempos a forma de funcionamento das associações tem sido amplamente debatida.
As associações têm um papel fundamental para estimular a participação da sociedade civil e podem
ter vários fins, designadamente de caráter desportivo, cultural, recreativo ou profissional. Face à sua
importância, o direito de associação encontra-se constitucionalmente consagrado.
O regime democrático ampliou o direito existente anteriormente, dando assim corpo a uma sociedade
mais livre. O Código Civil disciplina o regime legal básico a que as associações se encontram sujeitas e
distingue as mesmas das fundações e sociedades. As primeiras não podem ter como objetivo o lucro
para os seus associados ao contrário das sociedades.
Os estatutos associativos têm um papel fulcral na vida deste tipo de instituições, podendo cada uma
delas introduzir regras específicas, desde que não contrariem normas legais imperativas.
Nos mesmos são especificados os direitos e obrigações dos associados, condições da sua admissão,
saída e exclusão, termos da extinção da pessoa coletiva, composição dos órgãos sociais, definição de
quem representa a associação externamente, bem como as obrigações e responsabilidades dos titulares
dos órgãos da pessoa coletiva.
Há três órgãos essenciais para o funcionamento de uma associação, ou seja, uma direção, um
conselho fiscal e a assembleia-geral.
A direção é o órgão executivo da instituição, o conselho fiscal zela pela boa gestão e controlo do
orçamento aprovado e na assembleia-geral são tomadas as decisões mais importantes da vida da
instituição.
A direção e o conselho fiscal têm um número ímpar de membros, são convocados pelos respetivos
presidentes e só podem deliberar com a presença da maioria dos seus titulares.
Por regra, as deliberações destes órgãos são tomadas por maioria simples, tendo o presidente voto
de qualidade em caso de empate.
A assembleia-geral é o órgão mais importante da associação, pois nele têm assento todos os sócios.
O presidente da mesa da assembleia-geral tem de convocar este órgão pelo menos uma vez por ano
para aprovação do balanço do exercício. Nesse momento, a direção presta contas aos associados como
se encontra a gerir a instituição.
Para além da realização ordinária, os estatutos podem prever a marcação de assembleias-gerais para
determinados fins específicos ou a pedido de um determinado número de sócios.
São da competência exclusiva da assembleia-geral a destituição dos titulares dos órgãos da associação, a
aprovação do balanço, a alteração dos estatutos, a extinção da associação e a autorização para esta
demandar os administradores por factos praticados no exercício do cargo.
As assembleias-gerais têm de respeitar determinadas formalidades de convocatória, designadamente a
forma como são publicitadas, um determinado prazo mínimo até à sua realização, bem como o
estabelecimento de uma ordem de trabalhos.
Como regra, as deliberações são tomadas por maioria absoluta dos associados presentes (na prática
as abstenções valem como voto contra, pois é preciso que mais de metade dos sócios presentes votem
favoravelmente para aprovar uma proposta). No entanto, quando se trata de alterações estatutárias
exige-se o voto favorável de três quartos dos associados presentes.
Os estatutos concedem uma determinada identidade a uma instituição e por essa razão necessitam
de uma maioria qualificada para poderem ser alterados.
As deliberações da assembleia-geral só são válidas se não forem contrárias à Lei ou aos estatutos.
Por forma a melhor disciplinar os trabalhos durante a assembleia-geral, o que nem sempre se afigura
fácil, pode existir um regimento de funcionamento. O mesmo estabelece as regras de intervenção,
disciplina e condução de trabalhos, o que se afigura extremamente útil e introduz disciplina na discussão
e votação.
Por último, não obstante as alterações legislativas, de acordo com um parecer do Conselho
Consultivo da Procuradoria-Geral da República, o Ministério Público tem competência para fiscalizar os
atos de constituição e estatutos das associações, verificando a legalidade dos mesmos logo num
momento inicial.
António Ventinhas, in https://www.sabado.pt/opiniao/detalhe/as-associacoes-e-a-lei
ASSOCIAÇÕES E COMISSÕES QUE NÃO TENHAM POR FIM O LUCRO
ECONÓMICO
As Associações são pessoas coletivas, ou seja, sujeitos de direito não singulares, constituídas por uma
pluralidade organizada de pessoas individualizadas, que não tenham por fim a obtenção de lucros para
distribuir pelos sócios.
O Código Civil Português estabelece as normas jurídicas que regulam as associações sejam elas com
personalidade jurídica ou sem personalidade jurídica o mesmo acontecendo para as Comissões.
Associações com personalidade jurídica
Para existir uma associação com personalidade jurídica é necessária:
- Uma união de, no mínimo, três pessoas reunidas num espírito comum;
- Uma organização formal, correspondendo a toda a estrutura interna da associação, quer de âmbito
jurídico como os estatutos, assim como o referente ao funcionamento orgânico dos órgãos (Direção,
Assembleia Geral e Conselho Fiscal);
- Um objeto comum, que deve ser lícito, possível, determinado, designadamente quanto à sua
duração temporal;
- Um fim não lucrativo, pois uma associação pelo fim altruístico que desenvolve nunca terá em vista o
lucro. Não obstante, as Associações podem, a título secundário, exercer outras atividades ditas
comerciais, industriais e de serviços, facto que não altera o seu regime jurídico, pois não há distribuição
dos lucros entre os seus membros/sócios;
- A personalidade jurídica, condição indispensável para que a associação possa ser titular de direitos
e deveres e produzir efeitos perante terceiros, e para a qual o nosso ordenamento jurídico admite três
processos de aquisição:
1. Por via notarial, ou seja, por escritura pública - regime normal e geral;
2. Por via administrativa, ou seja, através de depósito dos estatutos aprovados em Assembleia Geral
constitutiva junto do Instituto Público ou Ministério competente; 3. E um processo especial, que corre
os seus trâmites nas Conservatórias. O regime normal e geral decorre nos termos do artigo 168.º do
Código Civil, e compreende as seguintes fases:
- Reunião de fundação e aprovação de Estatutos;
- Obtenção de certificado de admissibilidade; - Escritura Pública; - Publicações e registos definitivos;
- Eleição dos corpos gerentes;
- Outros atos e obrigações legais.
A formação de uma associação é a expressão da vontade de cada um dos fundadores formada e
expressa numa reunião inicial, constitutiva na qual são aprovados os instrumentos fundamentais.
Entre os quais se encontram os estatutos da associação, que devem conter obrigatoriamente:
- A denominação da associação;
- O seu objeto social;
- A sua sede;
- Os bens ou serviços com que os associados concorrem para o património social;
- O modo de constituição, competências, e funcionamento dos órgãos da associação
- Direção, Conselho Fiscal e Assembleia Geral; e ainda a fixação de normas estatutárias atinentes às
condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução da associação;
- A duração, que os estatutos devem determinar apenas e quando a associação não se constitua por
tempo indeterminado.
Logo após a deliberação do grupo de pessoas, de fundar uma determinada associação, o primeiro
passo legal a dar é o da obtenção do certificado de admissibilidade e cartão provisório que é efetuado
junto do Registo Nacional de Pessoa Coletiva.
E, após a aprovação/publicação dos estatutos - no Diário da República - e obtenção do referido
certificado, estão reunidos os requisitos legais para os fundadores da associação procederem à
marcação da escritura pública, a realizar num Cartório Notarial à sua escolha, e ser requerida a inscrição
no Ficheiro Central de Pessoas Coletivas e consequente emissão de cartão de identificação definitivo.
Só assim estão reunidas as condições para que os sócios fundadores possam então reunir-se em
Assembleia Geral para proceder à primeira eleição dos corpos gerentes.
Após a sua constituição, a associação está obrigada aos deveres legais das pessoas coletivas, entre os
quais os deveres fiscais (declaração de início de atividade, inscrição na Segurança Social, comunicação
da constituição da associação à administração e respetivo início de atividade à Autoridade das
Condições de Trabalho).
Com o regime especial de constituição imediata de associações – lei nº 40/2007, de 24 de Agosto,
regime simplificado também denominado “Associação na Hora” passa a ser facultativa a obtenção de
certificado de admissibilidade de denominação e deixa de ser necessário celebrar uma escritura pública,
bastando aos interessados dirigir-se a uma conservatória que trata de todos os procedimentos.
Este regime não é aplicável aos partidos políticos, às pessoas coletivas religiosas, às associações de
empregadores, às associações sindicais, às comissões de trabalhadores, às associações humanitárias e
bombeiros nem às associações cujos interessados na sua constituição concorram para o património
social com bens imóveis.
Associações sem personalidade jurídica e comissões especiais
Nos termos do Código Civil à organização interna e administração das associações sem
personalidade jurídica são aplicáveis as regras estabelecidas pelos associados e, na sua falta, as
disposições legais relativas às associações, excetuadas as que pressupõem a personalidade destas.
As contribuições dos associados e os bens com eles adquiridos constituem o fundo comum da
associação. Enquanto a associação subsistir, nenhum associado pode exigir a divisão do fundo comum e
nenhum credor dos associados tem o direito de o fazer executar.
As liberalidades em favor de associações sem personalidade jurídica consideram-se feitas aos
respetivos associados, nessa qualidade, salvo se o autor tiver condicionado a deixa ou doação à
aquisição da personalidade jurídica; neste caso, se tal aquisição se não verificar dentro do prazo de um
ano, fica a disposição sem efeito. Os bens deixados ou doados à associação sem personalidade jurídica
acrescem ao fundo comum, independentemente de outro ato de transmissão.
Pelas obrigações validamente assumidas em nome da associação responde o fundo comum e, na
falta ou insuficiência deste, o património daquele que as tiver contraído; sendo o ato praticado por mais
de uma pessoa, respondem todas solidariamente.
Na falta ou insuficiência do fundo comum e do património dos associados diretamente responsáveis,
têm os credores ação contra os restantes associados, que respondem proporcionalmente à sua entrada
para o fundo comum. A representação em juízo do fundo comum cabe àqueles que tiverem assumido a
obrigação.
As comissões constituídas para realizar qualquer plano de socorro ou beneficência, ou promover a
execução de obras públicas, monumentos, festivais, exposições, festejos e atos semelhantes, se não
pedirem o reconhecimento da personalidade da associação ou não a obtiverem, ficam sujeitas, na
falta de lei em contrário, às disposições subsequentes:
1. Os membros da comissão e os encarregados de administrar os seus fundos são pessoal e
solidariamente responsáveis pela conservação dos fundos recolhidos e pela sua afetação ao fim
anunciado.
2. Os membros da comissão respondem ainda, pessoal e solidariamente, pelas obrigações contraídas
em nome dela.
3. Os subscritores só podem exigir o valor que tiverem subscrito quando se não cumpra, por
qualquer motivo, o fim para que a comissão foi constituída. Se os fundos angariados forem insuficientes
para o fim anunciado, ou este se mostrar impossível, ou restar algum saldo depois de satisfeito o fim da
comissão, os bens terão a aplicação prevista no ato constitutivo da comissão ou no programa
anunciado. Se nenhuma aplicação tiver sido prevista e a comissão não quiser aplicar os bens a um fim
análogo, cabe à autoridade administrativa prover sobre o seu destino, respeitando na medida do
possível a intenção dos subscritores.
As associações e comissões especiais sem personalidade jurídica promovem a publicação da sua
constituição, da sua sede e do seu programa nos termos legalmente previstos para os atos das
sociedades comerciais.
Advogados network, adaptado, In http://www.associacaoamigosdagrandeidade.com/wp-content/uploads/filebase/consultoria/DIVERSOS%20Associa%C3%83%C2%A7%C3%83%C2%B5es%20privadas%20s
em%20fins%20lucrativos.pdf
ASSOCIAÇÕES E ASSOCIATIVISMO
Os cidadãos, segundo a Constituição da República Portuguesa, têm o direito de se associarem
livremente, sem que para o efeito dependam de qualquer autorização. Contudo, as associações não
podem promover a violência nem fins contrários àqueles que se encontram consagrados na lei penal.
O direito à livre associação constitui uma garantia básica de realização pessoal dos indivíduos na vida
em sociedade.
A todas as pessoas, no gozo dos seus direitos civis, é-lhes garantido o livre exercício do direito de se
associarem. Ninguém poderá, no entanto, ser obrigado ou coagido por qualquer meio a fazer parte de
uma associação.
O associativismo é uma forma de organização da sociedade civil, na qual os cidadãos se agrupam em
torno de interesses comuns com objetivos de entre ajuda e cooperação sem fins lucrativos. Esta união,
numa fase inicial, cingia-se apenas à família e a grupos informais evoluindo posteriormente para grupos
mais organizados, com objetivos mais idealistas, constituindo um vetor essencial de socialização
humana. Trata-se, portanto, de um importante meio para o exercício do pleno direito de cidadania que
a todos assiste.
A vida das associações corresponde a uma imensa teia de relações e factos sociais, sendo que, por
isso mesmo, o direito criou um conjunto de normas para as regulamentar de forma a salvaguardar o seu
funcionamento, que assenta na equidade entre os seus associados. Existe uma responsabilidade
partilhada dos membros na vida associativa e todos podem ocupar cargos diretivos.
Cristina Fernandes e Paula Castro. Câmara Municipal do Seixal. Guia Prático para Associações sem Fins Lucrativos. https://www.cm-seixal.pt/sites/default/files/documents/02_13_06_documentos_guiapratico.pdf
ELEMENTOS DINAMIZADORES DO DESENVOLVIMENTO LOCAL E
COMUNITÁRIO: O ASSOCIATIVISMO
O processo contemporâneo de construção e ação política caracteriza-se, cada vez mais, pelo
envolvimento de múltiplos agentes, e não se restringe, somente, às autoridades governamentais e seus
representantes, isto é, às organizações
governamentais. Surgem novos grupos
sociais, de cariz empresarial, ou ainda
organizações não-governamentais
(ONG). As ONG são organizações
publicamente envolvidas, na medida
em que promovem a integração de
indivíduos na vida local, e de grupos de
cidadãos simplesmente preocupados
com o estado da sociedade atual e
que, face ao seu distanciamento
relativamente ao poder local, se
servem destas instituições para fazer ouvir a sua voz. Isto é, estas organizações surgem como uma forma
de intervenção política por parte daqueles que se sentem desfasados do poder instaurado.
A formação de associações pode assumir-se como uma possibilidade efetiva de grupos de cidadãos
lutarem e afirmarem a sua identidade. As organizações de tipo associativo são o eixo nuclear de
qualquer política de desenvolvimento, na medida em que constituem um pilar decisivo na construção de
solidariedades, são a expressão de uma forma de vida em comunidade, que favorece o exercício da
democracia e da cidadania. As associações voluntárias, movidas por fins e metas que não se traduzem
na obtenção de lucro, geralmente englobam, na sua estrutura, a presença de voluntários, que se
mobilizam para concretizar fins sociais.
As coletividades assumem uma importância social, cultural, política e económica bastante
significativa. Por não aceitar a filosofia consumista e economicista dominante, como forma de regular a
atividade e a intervenção dos seus protagonistas no interior das sociedades, o movimento associativo
ainda não viu devidamente reconhecido o contributo essencial que fornece, nem vislumbra nos poderes
instituídos uma atitude que lhe permita aumentá-lo substancialmente não lhes reconhecendo as
funções sociais desempenhadas por este movimento.
Associativismo e participação social em Portugal
A participação dos portugueses nas atividades associativas é bastante reduzida. A maior parte dos
portugueses não pertence a nenhuma associação. O aumento da participação social, em Portugal,
ocorre após o 25 de Abril de 1974, em virtude do abrandamento da pressão social e política em que o
país se encontrava submergido. Este incremento participativo relaciona-se, portanto, mais com um
processo transitório democrático do que especificamente com questões mais direcionadas com a
mudança de valores, atitudes e comportamentos.
Portugal detém o mais baixo índice de associativismo por habitante de toda a Europa. Porém, apesar
das dificuldades que envolvem a ação dos dirigentes, todas as estatísticas disponíveis demonstram que
o número de coletividades tem vindo constantemente a aumentar (…), sempre mantendo um balanço
positivo entre aqueles que são criados e os que desaparecem.
Esta fraca expressão do associativismo em Portugal pode ser explicada por alguns fatores como a
tardia aquisição do direito de livre associação e as fragilidades da democratização do sistema político, e
constitui um elemento indicador da debilidade da sociedade portuguesa em termos de capital social,
entendido como um conjunto de normas – designadamente, a confiança social e reciprocidade
generalizada – e de relações sociais, que permitem aos participantes agir concertadamente para atingir,
com maior eficácia, objetivos comuns.
Os defensores de um processo de democratização plena da sociedade, assente na participação dos
cidadãos na resolução das crescentes dificuldades com que um grande número de pessoas se debate na
sua vida quotidiana (de ordem social, cultural, económica, etc.), afirmam e lutam para que se reconheça
a importância crescente do associativismo sob as suas diferentes formas.
Trata-se de uma atitude de rejeição de um mundo marcado, cada vez de forma mais vincada, pelo
individualismo, pela manutenção e consolidação de privilégios, pelas assimetrias do desenvolvimento,
pela descrença na atividade dos políticos e pela ausência de um mínimo razoável de solidariedade
impedida de se manifestar pela imposição implacável de critérios puramente economicistas.
Esta “crise do associativismo”, a manter-se, provocará o agravamento de muitos dos fenómenos
negativos que caracterizam a nossa sociedade. Em grande medida, a sua resolução depende, por um
lado, da liquidação da visão economicista hegemónica e, por outro, do apoio à intervenção sustentada a
muitos milhares de cidadãos desejosos de fornecerem um trabalho voluntário, economicamente
desinteressado e conscientemente assumido. Trabalho esse que deve ser entendido não como uma
substituição da ação do Estado, mas como um fator essencial do desenvolvimento que a complementa,
e que com ela estabelece uma relação dignificante para ambos, uma parceria dinâmica.
O associativismo cultural e social continua a persistir como disposição fundamental para a dinâmica
social do presente. O movimento associativo, através das suas diferentes estruturas, desempenha um
papel insubstituível no contexto social global, fornecendo um contributo essencial dirigido ao interesse
geral. A associação atua para além do setor do trabalho possibilitando o investimento do tempo liberto
em benefício de algo que, sendo pessoal, assume um caráter essencialmente coletivo, solidário e com
capacidade sustentada de intervenção social, política, cultural, económica, e de coesão do tecido
comunitário.
O associativismo contribui para a consolidação e dinamização do tecido social, e é um importante fator
de transformação e inovação social. Assume-se como um local de experimentação de novas soluções.
Reveste-se de uma forte contribuição económica, através do investimento humano voluntário,
estruturando o segmento específico da economia social, desenvolvendo uma ação que, de outra forma,
ficaria extremamente onerosa para a comunidade e, na prática, difícil de realizar.
O associativismo é particularmente favorável ao exercício da democracia, constituindo por isso um
importante fator de construção da nova cidadania e definição da identidade local, e para a integração
social e expressão cultural no exterior do sistema economicista dominante.
É essencial reconhecer a especificidade e a importância do associativismo, especialmente sob a sua
forma cultural e recreativa, na medida em que o seu funcionamento assenta numa lógica que não
pertence nem ao domínio mercantil, nem aos objetivos centrais da estratégia que o movimento
associativo deve elaborar. (...)
A democratização da cultura, do desporto, do recreio / lazer e do convívio passa em muito boa
medida pelas coletividades, clubes e outras associações. Poderemos adiantar que mais de 95% dos
músicos profissionais de sopro e precursão são oriundos das “nossas” bandas filarmónicas, que outro
tanto se pode dizer da atividade desportiva e quanto à defesa da cultura popular? Não temos dúvidas
em afirmar que os ranchos folclóricos e etnográficos são o seu garante.
Portanto, os componentes do Movimento Associativo Popular praticam ativamente a democracia em
dois sentidos, desde logo no seu interior e na comunidade onde estão inseridos, criando condições de
fácil acesso à cultura, ao desporto e ao lazer.
Por outro lado, também não ficará mal afirmar que o Movimento Associativo Popular é um forte
elemento da designada economia social, pois movimenta cerca de 400 milhões €, cria para cima de 30
mil postos de trabalho diretos, não se conseguem quantificar os muitos milhões de € movimentados na
indústria e comércio de equipamentos de vário tipo e se o trabalho voluntário fosse contabilizado
atingiria cerca de 400 milhões € por ano.
Com a globalização e com a política neoliberal que está a ser seguida cada vez mais acentuadamente
e que leva a “menos Estado, melhor Estado”, com o consequente abandono das áreas socioculturais, a
designada “sociedade civil”, da qual faz parte o associativismo, terá uma forte palavra a dizer.
Neste contexto, facilmente se compreende que ainda é nas associações que:
- Se pode exprimir a solidariedade;
- Se podem experimentar novas respostas, sendo importante fator de transformação e inovação
social;
- Se pode elaborar e concretizar um projeto comum, de caráter coletivo e de raiz social;
- O trabalho voluntário e benévolo é estruturante da economia social;
- Se assume o exercício da democracia, conduzindo a uma efetiva cidadania;
- Se exprime a definição de identidade local e expressão cultural.
As organizações de caráter associativo podem constituir uma parte fundamental em qualquer
política de desenvolvimento, na medida em que são uma base decisiva na construção de solidariedades
e na expressão de uma forma de vida em comunidade, que favorece a democracia e a cidadania do
nosso país.
As coletividades assumem uma importância social, cultural, economicista e política no nosso país.
A participação dos portugueses nas atividades associativas é bastante reduzida, já que a maior parte não
pertence a nenhuma associação.
Na nossa vida atual, cada vez menos a população vai colaborando neste tipo de atividades. Assim os
valores de cidadania vão-se perdendo e conviver em comunidade é uma realidade que vai ficando no
horizonte e daí não passa.
O que tem sido curioso, é que as associações juvenis têm tido um aumento significativo no nosso
país (de 20%) desde final de 2007. Contudo é uma forma positiva dos jovens portugueses terem uma
palavra a dizer na sociedade portuguesa, o que demonstra o interesse da juventude no
desenvolvimento comunitário, social, cultural e político do nosso país.
A vida associativa só tem sentido quando vivida com intencionalidade ética, como caminho para agir,
intervir e vivermos de forma plena a nossa cidadania.
O reconhecimento é a expressão do olhar da sociedade sobre o caminho que todos juntos vamos
percorrendo, de forma solidária.
Não existe idade mínima para o associativismo mas os menores com idade inferior a 14 anos só
poderão ser associados de associações com personalidade jurídica e mediante a autorização escrita de
quem detém o poder paternal.
Só a partir dos 14 anos de idade é que se pode pertencer aos órgãos sociais de uma associação,
sendo que a mesma deverá ter obrigatoriamente personalidade jurídica.
Como referência, indicam-se as seguintes:
1) Associações culturais, recreativas e de lazer: Consideram-se instituições culturais e recreativas as
que se dedicam predominantemente a atividades de produção, formação e divulgação cultural, bem
como a atividades de lazer e convívio. Como referência indicam-se as seguintes: a) Associações juvenis;
b) Grupos de dança; c) Grupos musicais; d) Grupos de teatro; e) Centros culturais; f) Sociedades
recreativas; g) Ranchos folclóricos; h) Associações de artesãos e artes; i) Grupos corais; j) Fanfarras; k)
Bandas e orquestras; l) Outras associações;
2) Associações e coletividades desportiva: Consideram-se instituições desportivas aquelas que se
dedicam predominantemente a atividades de promoção, formação e competição desportiva. Incluem-se
neste grupo instituições com secções desportivas. Como referência indicam-se as seguintes: a) Grupos e
clubes desportivos; b) Instituições com secções desportivas; c) Outras associações;
3) Associações de caráter social e humanitário: Consideram-se instituições de caráter social e
humanitário aquelas que estão especialmente orientadas para o apoio social a grupos sociais mais
vulneráveis e com especiais problemas de integração e desenvolvimento. Como referência indicam-se as
seguintes: a) De apoio à infância; b) De apoio à terceira idade; c) De apoio à deficiência; d) De apoio à
saúde; e) Associações humanitárias; f) Associações de reformados; g) Outras associações.
4) Associações de defesa do ambiente: Consideram instituições de defesa do ambiente as que se
dedicam predominantemente à defesa do ambiente e do património.
5) Associações de desenvolvimento local;
6) Associações de caráter económico;
7) Associações de proteção civil;
8) Associações de defesa de direitos dos cidadãos: Consideram-se instituições de defesa dos direitos
dos cidadãos as que se dedicam predominantemente à defesa dos direitos dos cidadãos e à dinamização
da intervenção cívica. Como referência indicam-se as seguintes: a) Associações de consumidores; b)
Associações de utentes; c) Associações de moradores; d) Associações de pais; e) Associações de
estudantes; f) Associações socioprofissionais e de classe, de cariz não económico(I); g) Outras
associações; i).
(I) O regime jurídico das associações sindicais e empresariais está definido no Código do Trabalho, Lei
n.º 7/2009 de doze de fevereiro de 2009, mais concretamente no artigo 440.º e seguintes.
“As associações sindicais e as associações de empregadores estão sujeitas ao regime geral do direito
de associação em tudo o que não contrarie o Código do Trabalho ou a natureza específica da respetiva
autonomia. Não são aplicáveis a associações sindicais e a associações de empregadores as normas do
regime geral do direito de associação suscetíveis de determinar restrições inadmissíveis à respetiva
liberdade de organização.” In Código do Trabalho
Margarida Gomes, adaptado, In http://efa-cidadaniaeprofissionalidade.blogspot.com/2011/06/o-associativismo.html
DECLÍNIO DA MILITÂNCIA POLÍTICA E DO SINDICALISMO
A sociedade contemporânea tem sido marcada por um afastamento cada vez maior dos cidadãos
face à política. São mú1tiplas as causas deste fenómeno. Há quem considere que não foram os cidadãos
que se afastaram da política, mas esta que se
distanciou dos cidadãos. A atenuação de diferenças
ideológicas entre partidos políticos tem contribuído
para uma falta de consciencialização ideológica e
política. A lógica eleitoralista, tendo em vista a
ocupação de cargos políticos, com pouco sentido de
Estado e de serviço à Nação, mas antes em nome de
interesses pessoais e económicos, tem levado a que
a opinião pública olhe com desconfiança para os
políticos e, em especial os mais jovens, revelem
Arménio Carlos, presidente da CGTP. Imagem disponível em:
http://www.diarioliberdade.org/portugal/laboral-economia/32175-marcha-contra-o-desemprego,-13-de-
desinteresse pela política.
O eleitorado tem cada vez mais dificuldade em estabelecer as diferenças entre a direita e a esquerda,
ou seja, sobre as opções políticas em presença, com base em princípios ideológicos e programáticos,
claros e distintos. A ausência de definição de ideologias sólidas e o apelo ao voto útil têm contribuído
para a crescente descredibilização dos partidos e das eleições. As crises económicas resultantes das
políticas neoliberais e da globalização da economia
provocaram desigualdades sociais e dificuldades
que os sistemas político-partidários nacionais têm
sido incapazes de resolver, por inoperância,
dificuldades internas ou pelo facto de que muitas
decisões são hoje, na era da globalização, condicio-
nadas por instituições supranacionais. O
incumprimento de promessas eleitorais, a
elaboração de programas vagos, os escândalos e a
corrupção que envolvem políticos, bem como a au-
sência de sentido de Estado contribuem também
para a alienação dos cidadãos face à vida política.
O sindicalismo conheceu um forte declínio, em grande medida devido às transformações laborais
decorrentes do neoliberalismo e da globalização. A terciarização da sociedade, a precariedade do
trabalho e os contratos temporários, a diminuição dos contratos coletivos de trabalho, a revisão da
legislação laboral e as regras da concertação social têm conduzido a uma perda de peso dos sindicatos e
a um decréscimo da sindicalização. Os trabalhadores vêem os sindicatos como instituições que não têm
eficácia na defesa dos seus interesses. De outro modo, os altos salários de determinados trabalhadores
leva-os a não se reverem na luta sindical como meio de melhoria das suas condições de trabalho e de
vida. Por tudo isto, tem-se assistido, no mundo ocidental, ao declínio da militância política e sindical.
Fortes, Alexandra e outros. Linhas da História 12.º ano. 2015. Porto: Areal Editores
SUGESTÕES DE EXPLORAÇÃO DE SITUAÇÕES DE VIDA A INTEGRAR NO PORTEFÓLIO
Explorar situações de utilização das TIC em contexto laboral (computador e seus periféricos e
software, telemóvel, telefone, fax, fotocopiadora, equipamentos diversos, de registo, vigilância,
etc.), refletindo sobre as vantagens e problemas associados à sua utilização, designadamente ao
nível do funcionamento da empresa/organização do trabalho, comunicação interna e externa,
relações de trabalho, natureza do trabalho, produtividade, processos de controlo, etc.
Explorar situações de inovações no local de trabalho e refletir sobre o modo como reagiu ou se
adaptou a essas formas de inovação.
Explorar situações que ajudem a analisar o modelo de organização da sua empresa posicionando-o
face a outros modelos conhecidos.
Carlos Silva, presidente da UGT. Imagem disponível em: http://rr.sapo.pt/noticia/36648/ugt_demarca_se_da_opiniao_d
o_seu_lider_sobre_governo_de_esquerda
DR4-Tema: GLOBALIZAÇÃO
O MUNDO ESTÁ TODO AQUI!
Pensando na experiência pessoal é capaz de identificar aspetos da globalização? Compreende as suas
vantagens? Reconhece-lhe alguns perigos? Ao nível das instituições também se verificou/verifica a
globalização? No mundo globalizado justifica-se a fome? Ou o desrespeito pelos Direitos Humanos?
Como entender a clivagem que existe entre ricos e pobres? Como entender, ainda (ou cada vez mais), a
xenofobia? É difícil entender como e porquê não atuam as Instituições Internacionais quando em nome
de tradições, religiões ou superstições se põe em risco a vida de crianças e de populações inteiras.
A globalização é facilmente constatável no nosso quotidiano. Com certeza já todos a experienciamos,
basta-nos ir a um supermercado e prestar atenção à grande variedade de produtos que estão à venda.
Nas prateleiras encontramos laranja de Espanha (também do Algarve, mas poucas), manga do Brasil,
banana do Equador, maçã da Argentina e da China, salsicha da Alemanha, bolachas da Dinamarca,
bombons da Suíça e da França, carne bovina do Brasil e da Argentina, têxteis da Índia, etc. No meio de
todos estes produtos também encontramos produtos portugueses ainda que a sua produção possa ter
sido levada a cabo por mão-de-obra estrangeira. Se preferirmos fazer as refeições fora de casa podemos
escolher, muitas vezes no mesmo espaço comercial, entre um restaurante chinês, japonês, mexicano,
italiano, brasileiro ou português. Podemos, desta forma, comprovar que a globalização é o
estreitamento e interdependência dos países (resultante da rede de transportes e das comunicações).
A globalização impulsionada pelo grande desenvolvimento que se verificou nos transportes e nas
comunicações teve o seu início com a mundialização da economia. Indo um pouco mais longe, podemos
encontrar a sua génese nas primeiras trocas comerciais entre países e continentes. As trocas comerciais
e a colonização deram origem a alterações pontuais nas culturas, na organização política e económica
dos países.
Contudo, a globalização intensificou-se, depois da segunda guerra mundial, com o desenvolvimento
tecnológico, a liberalização das trocas a nível mundial e a integração regional e mundial (tentativas de
acordo entre vários países do mundo – constituição de várias organizações, a nível regional, cujo
objetivo é a integração). A globalização dos mercados é consolidada pelo aparecimento de empresas
transnacionais e com elas os processos de deslocalização. A mobilidade de capital é também um fator
decisivo nesta globalização crescente. Não podemos esquecer os fatores que a facilitaram:
– As novas tecnologias de informação – que possibilitaram a ligação em tempo real dos
diferentes países e mercados (essencial para o mercado bolsista);
– A abertura das fronteiras e a eliminação de obstáculos concorrência (alteração de legislações
que regulavam o movimento de pessoas e mercadorias entre países);
– A liberalização do movimento de capitais.
Os fluxos migratórios, os fluxos turísticos, assim como as novas tecnologias de informação e
comunicação democratizaram a globalização. Agora podemos dizer com rigor que o mundo é uma aldeia
global com tudo aquilo que ela tem de bom e de mau.
A redução dos preços de alguns produtos, sobretudo tecnológicos, provoca o aumento exponencial
dos contactos, facilita o acesso à informação e à cultura, tornando os países cada vez mais
interdependentes. O consumidor beneficia pela grande diversidade de produtos que tem ao seu dispor
no seu próprio país. Torna-se real a possibilidade de contactar com pessoas e culturas diferentes sem ter
de viajar; de assistir a espetáculos vindos de todas as partes do mundo, de estar em tempo real com os
familiares que vivem nos antípodas.
Aparentemente a globalização provoca o esbatimento das desigualdades. A diferença entre países
menos desenvolvidos e países desenvolvidos deveria ser menor e dentro do mesmo país a desigualdade
entre grupos sociais também deveria diminuir. Mas será que é assim? A coexistência de estilos de vida
diferentes deveria tornar-nos mais tolerantes. É isso que se verifica? A globalização, tornou-nos mais
iguais, a democratização da moda uniformizou a estética da sociedade actual? E quais foram/são os
custos?
Podemos questionar os riscos para a saúde; para os valores ético-morais, para os valores estéticos,
para os valores religiosos, para o ambiente…
O mundo está a mudar hoje somos, diz-se frequentemente, cidadãos do mundo. Compete-nos estar
atentos a esse mundo global e perceber como atuar. Perceber como nos devemos relacionar com a
diferença (com o outro que é diferente de mim). Perceber como atuar perante tradições, que são um
atentado à dignidade humana, sem violar o direito à especificidade cultural de cada país. Temos de estar
atentos às Instituições Nacionais e Internacionais, ser críticos e exigir que atuem sem arrogância e
prepotência, mas com a determinação necessária.
Anabela Fernandes Lopes, in https://aflor.wordpress.com/category/complexidade-e-mudanca/
OS ATORES DA GLOBALIZAÇÃO
O processo de globalização é o produto de
interações complexas entre diversos intervenientes,
entre os quais se encontram: grandes empresas
transnacionais (ETN), investidores, Estados, cidades e
regiões poderosas.
O comércio internacional, baseado na transação
entre empresas nacionais, sediadas num território
nacional em que o Estado é soberano em questões
fundamentais - direitos aduaneiros, taxas de câmbio e Empresas Transnacionais
Disponível na Internet: http://pt.slideshare.net/abnerdepaula/globalizao-13758169
de juros, emissão de moeda, impostos, etc. -, deu lugar a um sistema de comércio caraterizado pela
integração entre economias nacionais e pelo papel cada vez mais influente das ETN, que conduzem as
suas estratégias sem terem em conta os interesses dos
países onde se localizam.
Estas empresas desenvolvem estratégias de
deslocalização e relocalização das atividades, podendo
implantar segmentos de um processo produtivo em di-
ferentes países, à procura das condições ótimas de
produção e dos mercados mais atrativos. Deste modo, o
fenómeno de transnacionalização está intimamente re-
lacionado com a crescente importância destas empresas
no funcionamento da economia mundial. As ETN são, por
isso, os principais motores da globalização da economia. Em
alguns casos, o poder destas empresas sobrepõe-se ao dos
Estados, que vão perdendo progressivamente o controlo sobre
a ação das ETN.
Num cenário de aceleração das trocas comerciais, facilitadas pela redução dos custos de transporte e
pela generalização das TIC, outros atores da globalização, como a Organização Mundial de Comércio
(OMC), têm contribuído para organizar e incentivar as práticas comerciais à escala planetária.
Enquanto a OMC arbitra o comércio mundial, trabalhando para que todas as formas de
protecionismo sejam eliminadas, instituições financeiras multilaterais como o Fundo Monetário
Internacional (FMI) e o Banco Mundial contribuem para garantir a regulação económica do sistema
mundial e viabilizam as transações financeiras internacionais.
Vários blocos económicos regionais, quase continentais, como a União Europeia (UE), o Acordo de
Comércio Livre da América do Norte (NAFTA), o Merca Comum do Sul (Mercosul) ou a Associação das
Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), constituem-se como elementos polarizadores das trocas
comerciais a nível mundial. Estas organizações são alianças económicas e políticas poderosas entre
países, que cooperam entre si com o objetivo de se tornarem mais fortes fé à competição económica
mundial.
A União Europeia é a organização que
apresenta um grau de integração mais
elevado, o que lhe permite competir com os
EUA, o Japão e os BRICS como Polo do
sistema-mundo.
Estas organizações económicas regionais
apoiam-se territorialmente numa rede de
grandes cidades, chamadas cidades globais.
Estas constituem os centros organizadores
do sistema de relações interestatais e dos
fluxos de bens, pessoas, capitais e
informação que se estabelecem entre os países que integram estas organizações.
O G20, embora não seja considerado uma organização formal, representa a cúpula do poder
mundial, agrupando as vinte maiores economias mundiais. Desde 2008, o G20 passou a assumir uma
Logo da Organização Mundial de Comércio Disponível na Internet: http://comex-
solutions.webnode.com/news/etapa-2-acordos-economicos-internacionais-e-seu-impacto-no-direito-brasileiro-/
função central na regulação da economia mundial, substituindo o papel até então desempenhado pelo
G8 - organização constituída pelos 7 países
mais industrializados do mundo e a Rússia.
Os países mais ricos têm procurado
concertar estratégias de ação comuns visando a
estabilidade financeira internacional e a
definição de uma agenda mundial em diversas
questões que os preocupam: liberalização do
comércio, políticas económicas, terrorismo,
ambiente, crime internacional, etc.
Tal como o G8, também o G20 tem
ultrapassado as instituições vocacionadas para
resolver certas questões globais, como, por
exemplo a Organização das Nações Unidas
(ONU), pondo em causa a sua legitimidade.
Todos estes atores, à medida que promovem a expansão do comércio internacional, introduzem
regras e fomentam práticas que apenas se destinam a salvaguardar os seus próprios interesses e a
perpetuar ou a consolidar o seu domínio. Por isso, os opositores a esta forma de globalização
multiplicam-se, quer nos países mais pobres quer nos países mais ricos, preocupados com o aprofundar
das desigualdades socioeconómicas.
Inúmeros movimentos transnacionais constituem-se com o objetivo de pressionar os outros atores
da globalização e alterarem as suas estratégias, demonstrando que existem percursos alternativos mais
sustentáveis e solidários. É a chamada globalização alternativa ou alterglobalização.
Entre estes movimentos encontram-se as organizações não-governamentais (ONG), que atuam com
grande eficácia, constituindo uma rede à escala mundial. Estas associações da sociedade civil trabalham
de forma independente relativamente aos governos,
agindo em domínios diversos, como por exemplo: o
desenvolvimento (OIKOS, CIDAC), os direitos humanos
(Human Rights Watch, Amnistia Internacional), a ajuda
humanitária (Médicos Sem Fronteiras), a saúde
(Partners in Health) e o ambiente (Greenpeace).
Graças ao avanço tecnológico, nomeadamente no
setor das telecomunicações e da informática, as
grandes empresas transnacionais, os novos atores da
globalização, organizam a produção e estabelecem
estratégias empresariais à escala mundial,
influenciando e conduzindo a implementação planetária de padrões de produção e de consumo
homogeneizados. Neste contexto, a dimensão nacional de uma visão do mundo tende a relativizar-se e
a subordinar-se a uma cultura global marcada por uma nova lógica capitalista de espacialização
transnacional e global, apoiada na crescente mobilidade do capital e na liberalização dos mercados. Esta
nova lógica organiza-se num sistema em rede, constituído por fluxos e por nós, que se adensa nos
Cartaz a anunciar o Forum Social Mundial de 2016, em, Porto Alegre, Brasil
Disponível na Internet: http://forumsocialportoalegre.org.br/2015/06/12/memoria-da-plenaria-do-comite-organizador-do-fstematico2016-forum-social-mundial-15-
anos/
As ETN são consideradas as grandes responsáveis pelas assimetrias do
desenvolvimento
espaços que prosperam e se globalizam e que se rarefaz nos territórios que continuam marginalizados
ou excluídos desta dinâmica.
As ETN são as grandes responsáveis pelas crescentes assimetrias de desenvolvimento entre as áreas
beneficiadas e as marginalizadas, pois estão na origem de uma perigosa concentração do investimento
em certas regiões em detrimento de outras. Sediadas
nas grandes metrópoles globais, a maioria das ETN
contribui para a concentração da riqueza nestas áreas.
Por sua vez, as cidades globais estabelecem entre si
relações preferenciais que reforçam o seu poder e a
sua capacidade de controlar os grandes fluxos
mundiais.
O que
antes
funcionav
a numa
lógica de rede hierarquizada de cidades e respetivas áreas de
influência parece ter sido substituído por um sistema de nós
(hubs) e de fluxos. As cidades globais constituem os nós de
um sistema hierarquizado que promove a exclusão de vastos
espaços, apenas atravessados pelos fluxos que ligam os polos
secundários às cidades principais.
A globalização, não só está a evidenciar as desigualdades
de acesso das regiões e dos indivíduos aos recursos, como
tem ajudado a aprofundar as assimetrias na distribuição da
riqueza. Deste modo, a globalização pode ser um fator de
uniformização ou de divisão, sinónimo de novas liberdades
para uns e de constrangimentos para outros, de integração
e inclusão para certos territórios, estratos sociais ou
indivíduos e de exclusão para outros.
A situação socioeconómica passou a ser um elemento
preponderante na divisão Norte-Sul.
Apenas um reduzido número de territórios e indivíduos
está a usufruir plenamente dos benefícios do
desenvolvimento proporcionado pela globalização. Entre eles
estão aqueles que possuem os recursos e dominam as
inovações tecnológicas. Os fluxos e os equipamentos de
telecomunicações estão concentrados nos países mais ricos,
os países do Norte. Por isso, embora possamos falar de um
“sistema de comunicações-mundo” e de acontecimentos
globais (Jogos Olímpicos, Live Aids, etc.), a expressão “aldeia
global” tem sido incorretamente utilizada.
O mito da aldeia global
A expressão "aldeia global"foi introduzida em
1968 por Marshall McLuhan e pelo seu colega
Quentin Fiore, quando o mundo assistia à
primeira guerra em direto pela televisão, a
guerra do Vietname, e reflete o resultado dos
extraordinários progressos das tecnologias de
comunicação. Na realidade, passou a ser
possível a circulação de informação (voz, texto
e imagem) em tempo real através de sistemas
de comunicação, utilizando tecnologia via
satélite (o caso da televisão) ou as redes te-
lefónicas (no caso do fax), mais tarde reunidas
em sistemas telemáticos (computador-
modem-telefone), permitindo que
supostamente todo o mundo estivesse ao
alcance de todos.
Contudo, as barreiras geográficas podem ter
caído para as comunicações, mas novas
barreiras quase impercetíveis estão a surgir.
No que diz respeito à Internet, estas são
evidentes. O seu utilizador típico é do sexo
masculino, tem menos de 35 anos, uma
formação universitária e rendimento médio a
elevado, vive numa área urbana e domina o
inglês - é membro de uma elite minoritária em
todo o mundo. Assim, a sociedade, ao
organizar-se em rede, está a criar dois
sistemas paralelos de comunicações:
- um para os que têm rendimentos, educação
e estão"ligados”, acedendo ou trocando abun-
dante informação com rapidez e a baixo
custo, não só através da Internet, mas
também por fax, por satélite ou por
telemóvel;
- outro para os que, devido a carências de
rendimento e educação, e às limitações de
mercado interno de telecomunicações, nos
seus países, não estão ligados".
Fonte: PNUD, Relatório do Desenvolvimento Humano.
2005
A globalização aprofundou as desigualdades entre o Norte rico e o Sul pobre
Disponível na Internet: http://resistir.info/patnaik/sul_global_20jul14.html
Poderosas redes logísticas multimodais ligam entre si territórios por vezes muito distantes. Mas esta
ligação é seletiva, pois depende da capacidade de cada país
adquirir e instalar infraestruturas modernas que exigem
capital e tecnologia.
O desenvolvimento das telecomunicações é dos
principais fatores impulsionadores da globalização
(telefone, fibra ótica de banda larga). Desde 2000, o
número de telefones móveis no mundo aumentou de 740
para 5300 milhões de aparelhos. Em cinco anos, o número
de utilizadores da Internet duplicou, representando 35% da
população mundial em 2011.
Apesar dos progressos, o fosso digital entre o Norte e o
Sul continua a ser uma realidade.
Os mercados financeiros tornaram-se globais com os
progressos tecnológicos e as políticas de desregulamentação dos Estados. Bancos, companhias de
seguros, fundos de pensões e os fundos especulativos vão deslocalizando os seus investimentos à
procura em encontrar o melhor rendimento nos mercados financeiros. Cinco bolsas concentram 52% da
capitalização de mercado do mundo.
A lógica financeira e especulativa domina a globalização. O stock de capital acumulado nos
mercados bolsistas representa 5 a 10 vezes o PIB mundial. A capitalização bolsista do mercado global
aumentou sete vezes em vinte anos. Os atores desta globalização financeira procuram tirar partido das
diferenças existentes entre territórios no que diz respeito às taxas de câmbio, taxas de juro, preços das
ações, etc.). Este sistema muito instável esteve na origem de vinte e quatro grandes crises, entre
1971 e 2008.
O sistema bancário global entrou em colapso durante a crise de 2008, especialmente nos principais
países desenvolvidos. A crise financeira tornou-se económica e social, levando os Estados e as
organizações internacionais (como o FMI) a intervirem. Foram efetuadas nacionalizações, concedidos
empréstimos e garantias financeiras, o que não impediu o contínuo aumento do endividamento
externo. O desenvolvimento dos principais países do Norte foi profundamente comprometido.
A MASSIFICAÇÃO
CULTURAL
Os habitantes do planeta são
considerados trabalhadores e
consumidores do vasto mercado
mundial, independentemente
das desigualdades de acesso à
“cultura global”, aos mercados
financeiros e a uma “visão
global” do mundo.
A globalização dos mercados
Nº Ano Filme Distribuidor Bilheteria (US$)
1 2009 Avatar 20th Century Fox 2 787 965 087
2 1997 Titanic Paramount Pictures/20th C. Fox 2 186 772 302
3 2012 Os Vingadores Walt Disney Pictures 1 518 594 910
4 2015 Velozes e Furiosos 7 Universal Pictures 1 511 527 910
5 2015 Vingadores: Era de Ultron Walt Disney Pictures 1 367 847 357
6 2011 Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2 Warner Bros 1 341 511 219
7 2013 Frozen - Uma Aventura Congelante Walt Disney Pictures 1 274 219 009
8 2013 Homem de Ferro 3 Walt Disney Pictures 1 215 439 994
9 2011 Transformers: O Lado Oculto da Lua Paramount Pictures 1 123 794 079
10 2003 O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei New Line Cinema 1 119 929 521
A crise de 2008 que teve o seu epicentro em Wall Street, desencadeou uma série de protestos contra
a especulação financeira
Disponível na Internet: http://www.escolakids.com/a-crise-financeira-de-2008.htm
Disponível na Internet:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_filmes_de_maior_bilheteria
de consumidores intensificou os fluxos de novos produtos de acordo com padrões de consumo cada
vez mais homogéneos. Deste modo, as ETN que atuam como gestores globais, sem quaisquer
responsabilidades sociais, veem as suas estratégias compensadas e os seus lucros a aumentar.
Mas a “cultura global” que se está a difundir corresponde ao modelo americano, O American way
oflife. Nos domínios do lazer, dos hábitos alimentares, do desporto e da música, os EUA estão a impor
o seu estilo de vida. Apoiados no domínio da língua inglesa e na revolução das telecomunicações, os
norte-americanos estão a transformar os hábitos e os costumes mundiais. Através do cabo e do
satélite, uma diversidade de canais temáticos globais de notícias, cinema ou música transmite 24 sobre
24 horas. As longas-metragens produzidas em Hollywood são estreadas mundialmente. Milhares de
restaurantes de grandes cadeias norte-americanas, como a McDonald's, a Burger King ou a Planet
Hollywood, estão presentes em todo o mundo com os seus menus baseados em hambúrgueres e em
bebidas universais como a Coca-Cola. O vestuário é influenciado pelas empresas norte-americanas do
setor, como a Nike ou a Levi's. A Microsoft monopoliza o mercado do software.
O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação possibilita, em qualquer parte
do mundo, observar as reportagens dos últimos
acontecimentos mundiais através das cadeias
televisivas CNN e BBC, assistir à última produção de
Hollywood, utilizar o mesmo cartão de crédito ou
adquirir produtos de marcas mundiais.
A aculturação surge como inevitável face às
estratégias de marketing e à publicidade. O crescimento
da cultura como um bem económico contribuiu para a
sua identificação como mercadoria que pode ser vendida
e negociada - artes, turismo, música, livros e filmes.
Verifica-se uma concorrência feroz para vender aos
consumidores, em todo o mundo, com publicidade cada vez mais agressiva, numa diversidade de
produtos que pretendem dar resposta às tendências e aspirações de um mercado mais massificado.
Embora a difusão de ideias e imagens enriqueça o mundo, há um risco de reduzir as questões
culturais às leis do mercado, negligenciando a comunidade, o costume e a tradição.
ALDEIA GLOBAL E ACULTURAÇÃO
O desenvolvimento dos meios de transporte e de comunicação possibilitou, não só o aumento
exponencial das deslocações (migrações globais, turismo e trocas comerciais), como também os
contactos e trocas de informações a nível mundial. Daí a explosão de trocas sociais entre pessoas de
culturas completamente diferentes.
Os meios de comunicação ligam as pessoas em tempo real às notícias, às imagens e às informações,
tornando os indivíduos, os grupos e as nações cada vez mais interdependentes e transformando o
mundo em que vivemos naquilo que muitos autores designam por “aldeia global”.
Este contacto entre povos diferentes, consequência do processo de globalização, leva a que estes se
conheçam melhor, modificando atitudes e representações sociais que Ihes foram transmitidas através
Disponível na Internet:
https://www.google.pt/search?q=cultura+globaliza.htm
do processo de socialização, criando outras. Estas transformações culturais correspondem ao processo
de aculturação.
Situações de aculturação sempre existiram ao longo da história. Contudo, recentemente, este
processo tem vindo a acentuar-se.
Será, então, que se está a caminhar para uma cultura global? Será que essa cultura é dominada
pelos produtos e valores da cultura ocidental?
Com efeito, a globalização está associada aos produtos materiais (Coca-Cola, McDonald's, etc.) e
culturais (filmes e séries americanas) ocidentais.
Mas, em muitos casos, as marcas globais foram obrigadas a introduzir nos seus produtos
elementos mais adequados aos hábitos de consumo das populações locais.
Deste modo, também se poderá pensar que as identidades e os modos de vida estão a transformar-
se e a dar lugar a novas formas de cultura compostas por elementos de diferentes origens culturais, ou
seja, em vez de uma cultura está a de desenvolver-se uma pluralidade de formas culturais.
A rápida difusão da informação também tem aspetos positivos, nomeadamente gerando campanhas
de solidariedade internacional, por exemplo, quando ocorrem catástrofes naturais. Estes factos levam a
que as pessoas tomem consciência da sua responsabilidade social além-fronteiras, desenvolvendo ações
que implicam, por exemplo, intervenções de ajuda humanitária e assistência técnica ou apelos a favor
da defesa dos direitos humanos. A noção de cidadania alarga-se, passando os indivíduos a ser cidadãos
do mundo.
GLOBALIZAÇÃO, PADRÕES DE CONSUMO E ESTILOS DE VIDA
A globalização está associada à aceleração das trocas comerciais, o que significa que podemos
encontrar, pelo menos nos países mais desenvolvidos, os mesmos produtos e das mesmas marcas.
Por outro lado, os meios de comunicação social e, em particular, as campanhas publicitárias das
grandes marcas internacionais têm levado a uma adesão ao consumo de alguns produtos, o que os
torna “produtos globais”.
Verifica-se, assim, uma tendência, pelo menos nas sociedades mais desenvolvidas e com maior poder
de compra, para os hábitos de consumo serem idênticos, isto é, para uma uniformização dos padrões de
consumo a nível mundial. Por exemplo, certos tipos de
consumo juvenil, ao nível do vestuário, dos gostos musicais,
da alimentação ou da prática desportiva, são praticamente
os mesmos em qualquer sociedade desenvolvida.
Contudo, a uniformização do consumo é relativa, pois
existem desigualdades no consumo entre:
- países desenvolvidos e países menos desenvolvidos,
nos quais grande parte da população não tem
possibilidades económicas de ter os padrões de consumo
dos países mais ricos;
- os diferentes grupos sociais dos países desenvolvidos.
Nos países desenvolvidos, persistem as desigualdades sociais, não podendo os grupos sociais mais
desfavorecidos ter hábitos de consumo idênticos aos dos grupos mais privilegiados.
Contraste da globalização
Disponível na Internet: https://taboodada.files.wordpress.com/2011/03/g20-protests2.jpg
Também encontramos nos países desenvolvidos grupos sociais com estilos de vida diferentes, ou
seja, com modos de vida e práticas de consumo diferentes. Por exemplo, atualmente, surgem novos
estilos de vida associados à vida saudável, à defesa do meio ambiente, etc.
AS NOVAS AMEAÇAS E RISCOS
Os cenários históricos, políticos e económicos alteraram-se radicalmente nos últimos trinta anos.
As grandes decisões dos Estados e a organização das nações fazem-se a partir de condicionantes
externas, quase sempre mais determinantes do que as nacionais. O processo está a marginalizar os
mais pobres, não só os países como as pessoas. As assimetrias sociais e a contestação estão, por isso a
progredir.
As ameaças ao desenvolvimento são muito diversas, podendo ocorrer a um nível mais local, onde as
desigualdades e as inseguranças se refletem, não só nos rendimentos, mas também na participação
política (nas instituições, nos parlamentos e nos governos locais) e nas condições sociais (educação,
habitação e emprego. Esses riscos podem ter, também, um caráter mundial, como resultado do
aumento do crime internacional (criminalidade financeira, tráfico de crianças, de mulheres de órgãos) e
das ações de grupos terroristas, da expansão dos vírus da SIDA e ébola, (e mais reecentemente dos
corona virus) da proliferação do tráfico de droga, da crescente internacionalização dos mercenários, da
expansão da venda clandestina de armamento perigoso (armas
químicas, biológicas e nucleares) ou das alterações sem
precedentes no equilíbrio bioclimático do planeta, em resultado da
ação humana.
Perante as novas ameaças e desafios que se nos colocam,
várias analistas defendem que é necessário construir um quadro
de referência, de valores comuns considerados universais, que seja
aceite por todos os Estados e que dê resposta a questões à escala
planetária - ambiente, direitos humanos, droga, SIDA, terrorismo,
etc. No entanto, para que esse cenário seja possível, é
indispensável atender às desigualdades de desenvolvimento que a
globalização evidenciou e construir um espaço democrático de
governação global.
No essencial, o texto foi retirado de: Domingos, Cristina; Lemos, Sílvia; Canavilhas, Telma (sd) Geografia C12. Lisboa: Plátano Editora
SUGESTÕES DE EXPLORAÇÃO DE SITUAÇÕES DE VIDA A INTEGRAR NO PORTEFÓLIO
Explorar situações demonstrativas de que a globalização é uma realidade atual, refletindo sobre os
seus factores, as suas vantagens e problemas.
Analisar e avaliar situações relacionadas com a participação de Portugal em organizações
supranacionais (União Europeia, Organização das Nações Unidas, Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico, Organização Internacional do Trabalho, etc.).
O reforço da democracia global como resposta
às novas ameaças resultantes da globalização
Disponível na Internet:
https://pixabay.com/pt/globaliza%C3%A7%C3%A3o-
democracia-450599/