Upload
internet
View
114
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
A criação de lendas e mitos faz parte do imaginário e da cultura humana. Estórias contadas pelos antepassados passam de geração para geração, sofrem acréscimos e acabam se tornando quase verdades. Muitos mitos têm a origem desconhecida ou surgiram por associações de fatos ou ainda, em tribos indígenas. Ao observar os fenômenos da natureza, o homem tentou buscar explicações para o que via e sentia e utilizando-se da sua capacidade imaginativa, construiu suas “verdades” sem fundamentar com o conhecimento científico. O Brasil é um país rico em superstições, lendas e mitos que, quando aceitos pelo indivíduo, interferem na formação das identidades das comunidades. Num mundo onde são ditados padrões de comportamento pela globalização e pelo neoliberalismo, as culturas menos difundidas são pressionadas pelo interesse econômico e mesmo assim resistem. Esta exposição pretende esclarecer alguns mitos, valorizando os fatos inventados como parte da cultura, mas colocando-os em contraponto com o conhecimento científico.
O joão-de-barroO joão-de-barroprende a fêmea no ninho?prende a fêmea no ninho?
Depois de abandonado, ele pode ser utilizado por
outras aves ou até mesmo por abelhas que podem
fechar a sua entrada. Este fato pode ter contribuído
para o surgimento da lenda, juntamente com
músicas que popularizaram a ideia. Por
falta de espaço, o casal pode construir um ninho
sobre o outro.
Existe uma lenda que diz que o joão-de-barro é fiel e que se percebe a traição da fêmea, prende-a na casinha para sempre. O ninho é construído pelo casal que utiliza barro, esterco e palha na confecção, sendo que a ave não utiliza a mesma casinha por duas estações seguidas.
Uma música popular, Uma música popular,
chamada "João-de-barro",
chamada "João-de-barro",
pode ter contribuído para
pode ter contribuído para
popularizar essa estória:
popularizar essa estória:
O João de Barro, pra ser feliz como
eu
Certo dia resolveu arranjar uma
companheira
No vai-e-vem, com o barro da
biquinha
Ele fez sua casinha, lá no galho da
paineira
Toda manhã, o pedreiro da floresta
Cantava fazendo festa, pra aquela
quem tanto amava
Mas quando ele ia buscar o
raminho
Pra construir seu ninho seu amor
lhe enganava
Mas como sempre o mal feito é
descoberto
João de Barro viu de perto sua
esperança perdida
Cego de dor, trancou a porta da
morada
Deixando lá a sua amada presa pro
resto da vida
Que semelhança entre o nosso
fadário
Só que eu fiz o contrário do que o
João de Barro fez
Nosso senhor, me deu força nessa
hora
A ingrata eu pus pra fora por onde
anda eu não sei
Os anfíbios Os anfíbios chamam chuvas?chamam chuvas? Os anfíbios têm a pele
muito sensível ao calor e à luz do sol e quando o ar está
mais úmido antes das chuvas, as condições
ambientais favorecem o aparecimento destes animais que estavam em locais mais adequados ao seu modo de
vida. Os sapos, por exemplo, percebem as pequenas
variações de pressão atmosférica que ocorrem
antes das chuvas densas e podem vocalizar para
atraírem as fêmeas para a reprodução.
Sapo-cururu. Rhinella icterica. Imagem: Germano Woehl Jr.
Ninho de joão-de-barro. Furnarius rufus.
É verdade que É verdade que as as cigarras cantam cigarras cantam até estourar?até estourar? As cigarras precisam mudar
de exoesqueleto(esqueleto externo) para
poderem crescer e é comum encontrar a “casquinha”
velha (exúvia) delas abandonada em árvores. O
fenômeno é comum nos artrópodes e se chama
ecdise.
Para fazer esta muda, a cigarra secreta uma cutícula (cobertura resistente, mas flexível) nova que é bastante mole e quando sai da pele antiga, precisa bombear água ou ar para o seu interior para preencher o espaço, pois a cutícula nova é maior. Quando a nova endurece, o espaço ocupado pela água ou pelo ar no seu corpo é substituído pelo crescimento real dos tecidos. Na verdade ela não estoura ao cantar, ela rompe a cutícula para poder sair do exoesqueleto antigo.
Exúvia de cigarras.
Imagem: Vânia Amarante.
Cigarra deixando o exoesqueleto antigo.Imagem: http://2.bp.blogspot.com/-2vEgjmr-KSA/TwD9txwcSJI/AAAAAAAAD3s/n2wqGBBRUNQ/s1600/DSC01626.JPG
Filhotes de aves são rejeitados Filhotes de aves são rejeitados pela mãe se alguém segurá-los?pela mãe se alguém segurá-los?
É um mito inventado para que crianças e adultos
evitem pegar os filhotes nas mãos. Contudo,é melhor deixar o filhote no local em que
foi encontrado, pois eles são muito delicados.Quando os filhotes estão fora do ninho é para
aprender a voar e como a maioria das aves não tem o olfato
bem desenvolvido, é difícil saber se um humano pegou o filhote nas mãos.
Filhote de ave.Imagem: Jonas Kilpp
Os urubus podem transmitir Os urubus podem transmitir doenças por se alimentarem doenças por se alimentarem de carniça?de carniça?Os urubus têm grande importância ecológica por agirem como saneadores ambientais se alimentando de restos orgânicos, como carniça, resíduos de alimentos e outros. Podem transmitir o carbúnculo hemático, uma doença infecto-contagiosa endêmica, que no Rio Grande do Sul só ocorre na região da Campanha e da Fronteira-oeste, devido a tipologia do solo. A doença pode ser transmitida através das fezes e do vômito, atingindo animais e humanos. Contudo, humanos só podem ser infectados por insetos até quatro horas após haverem se alimentado de animais contaminados. Na nossa região, eles não oferecem perigo algum.
Urubu-da-cabeça-preta. Corapys atratus.
Imagem: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5c/Cora
gyps-atratus-002.jpg
São chamadas de plantas carnívoras, mas se
alimentam de insetos. O correto seria chamá-las de
plantas insetívoras, pois sua alimentação constitui-
se basicamente destes invertebrados. Também realizam a fotossíntese como fonte de nutrição, mas como são típicas de
solos pobres em nutrientes, complementam
a dieta com a digestão destes invertebrados. A
digestão é feita com auxílio de enzimas digestivas que
também podem ter propriedades fungicidas e
bactericidas.
Do que se alimentam Do que se alimentam as plantas carnívoras?as plantas carnívoras?
Planta carnívora. Drosera brevifolia.Imagem: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5a/Drosera_brevifolia_1.jpg