36
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS PROCESSOS INTERNOS DE MUDANÇA Professora: Aleksandra Sliwowska Rio de Janeiro 2010

A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS

PROCESSOS INTERNOS DE MUDANÇA

Professora: Aleksandra Sliwowska

Rio de Janeiro

2010

Page 2: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

NATASHA NUNES FERNANDES

A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS

PROCESSOS INTERNOS DE MUDANÇA

Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para a

obtenção do Grau de Especialista em Gestão de Recursos

Humanos.

Page 3: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, à minha professora,

Aleksandra, pela sua orientação, à minha família e

aos meus colegas de turma por contribuírem para

mais uma etapa vencida em minha vida.

Page 4: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família que, com toda

paciência, acompanhou e contribuiu para que eu

chegasse à conclusão de minha pós-graduação e que

sempre torceu pelo meu sucesso.

Page 5: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

5

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................................06 I - CULTURA ORGANIZACIONAL, PROCESSOS INTERNOS DE MUDANÇA E

AUTORES COM MAIS DESTAQUE NOS ASSUNTOS.............................................10

II - CULTURA ORGANIZACIONAL...........................................................................18

2.1 CONCEITOS.............................................................................................................18

2.2 COMPONENTES......................................................................................................20

2.3 ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO........................................................................21

2.4 TIPOS........................................................................................................................23

2.5 NÌVEIS......................................................................................................................25

III – PROCESSOS INTERNOS ORGANIZACIONAIS................................................26

3.1 – DEFINIÇÃO...........................................................................................................26

IV – MUDANÇA ORGANIZACIONAL.......................................................................29

4.1 FERRAMENTAS QUE AJUDAM NA MUDANÇA DA CULTURA

ORGANIZACIONAL.....................................................................................................30

CONCLUSÃO.................................................................................................................34 BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................36

Page 6: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

6

INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo monográfico é abordar as medidas necessárias para se

alinhar a cultura organizacional com as ações necessárias à efetivação dos processos

internos de mudança. Para que se contemple o objetivo serão explanados os conceitos e

os tipos de cultura organizacional, bem como o procedimento em relação à equipe

funcional para adequação, em caso de mudança.

O trabalho é composto por quatro capítulos, onde no capítulo 1 são destacados

alguns autores que abordam com didática e procedência a cultura organizacional e os

processos internos de mudança. No capítulo 2, a cultura organizacional é abordada em

seus conceitos, componentes, elementos de transmissão, tipos e níveis. No capítulo 3, se

explana sobre os processos internos organizacionais, conhecendo sua definição e, para

finalizar o trabalho, o capítulo 4 descreve a mudança organizacional, citando as

ferramentas que colaboram no processo de mudança da cultura organizacional.

O início da cultura organizacional acontece quando os costumes, o jeito de

realizar as tarefas e as tradições apresentam resultados satisfatórios, ou seja, quando se

obtém sucesso. Em tal processo, a função dos fundadores é de extrema importância por

ser a fonte primária da cultura, e também por possuírem uma percepção geral do que a

empresa deve ser.

Geralmente, devido ao fato das empresas iniciarem com poucos colaboradores e

serem de pequeno porte, a importância dos fundadores na colocação de suas insígnias,

conforme suas percepções é um processo fácil sobre os colaboradores da pequena

empresa.

Nessa fase da empresa, a criação da cultura acontece da seguinte forma: os

fundadores contratam pessoas que pensam como eles; após isso, doutrinam e socializam

os colaboradores conforme seus pensamentos e por último, os fundadores possuem um

comportamento-modelo que estimula os colaboradores a se identificarem com eles, com

a introjeção de seus valores, de suas premissas e de suas convicções. Assim, a empresa

ao obter sucesso, passa a ter como parte integrante de sua cultura organizacional, a

personalidade de seus fundadores. Um exemplo ilustrativo dessa realidade é Bill Gates

da Microsoft, Olavo Setubal do Banco Itaú, Abílio Diniz do Supermercado Pão de

Açúcar, dentre outros.

Page 7: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

7

A cultura organizacional é uma forma institucionalizada de atingir a

convergência do pensamento e da ação dos colaboradores de uma empresa e tem como

ideias precípuas: a maneira pela qual, o tratamento dispensado ao cliente interno ou

colaboradores e clientes externos é negociado, a autonomia existente entre setores e a

fidelidade dos funcionários em relação à empresa em que trabalham.

O conjunto dos símbolos empresariais é revelado pela cultura organizacional,

que é construída ao longo do tempo, exprimindo a identidade da empresa, absorvendo

as práticas e compondo um complexo de representações mentais.

O conceito adotado atualmente, por pesquisadores é o de Schein (apud Freitas,

1991, p. 7):

Cultura organizacional é o modelo dos pressupostos básicos que um dado grupo inventou, descobriu ou desenvolveu no processo de aprendizagem, para lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna. Uma vez que estes pressupostos tenham funcionado bem o suficiente para serem considerados válidos, são ensinados como a maneira certa de se perceber, pensar, e sentir em relação aqueles problemas.

Os componentes da cultura organizacional se apresentam em três níveis:

artefatos, valores compartilhados e pressuposições básicas, e ela pode ser transmitida

aos funcionários de uma empresa, por intermédio de diferentes elementos que

conduzem à aprendizagem e que são as estórias, os rituais e cerimoniais, os símbolos

materiais e a linguagem.

A característica da cultura organizacional é a sua aceitação pelos colaboradores

da empresa, de forma subentendida.

As empresas, em relação aos tipos de cultura organizacional, podem adotar

evoluções de convivência com um mínimo plano de compromisso até o máximo de

compromisso possível, ou ainda, retroceder a um nível anterior de

compromisso. Didaticamente os tipos são: cultura da culpa, cultura multidirecional,

cultura vive e deixa viver, cultura que respeita a marca e cultura da liderança

enriquecida, ou mais sinteticamente: cultura adaptativa, cultura conservadora, cultura

forte e cultura fraca.

Page 8: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

8

Em relação aos níveis, a cultura organizacional possui três; essenciais e de

profundidade crescente, onde ela pode emergir em um grupo ou numa empresa. Os

níveis são: artificialidades observáveis, valores e concepções básicas.

Os processos internos organizacionais compreendem todas as atividades

interligadas com nexo e que utilizam os recursos empresariais para gerar os resultados

definidos, contemplando os seus objetivos.

A empresa se conhece cada vez melhor, através da constante reavaliação de seus

processos, onde detecta seus pontos fracos e fortes, o que facilita sua autocrítica e

competitividade.

Os processos internos de uma empresa podem ser analisados pela reengenharia

de processos que é uma abordagem que ignora as características atuais e se favorece do

conhecimento das finalidades essenciais dos processos, norteando a delineação de

outros novos e revolucionários projetos, que estarão alinhados conforme a necessidade

de cada organização, com o objetivo de solucionar os espaços inúteis, existentes na

empresa.

A cultura organizacional descreve as características da empresa percebidas pelos

seus colaboradores, não tendo ligação ao fato de gostarem ou não da empresa.

Porquanto, a participação dos colaboradores nos processos internos empresariais é

indispensável.

As características básicas e essenciais à cultura organizacional e que repercutem

nos processos internos são: inovação e assunção de riscos; atenção aos detalhes;

orientação para resultados; orientação para as pessoas; orientação para equipe;

agressividade e estabilidade.

Tais características variam de grau, desde baixo ao alto, e sua avaliação revela a

complexidade da cultura organizacional. No caso de a cultura resistir e solucionar os

problemas diários, inclusive em relação aos processos internos, fica caracterizado o que

é denominado de institucionalização cultural, ou seja, a empresa assume vida própria,

independentemente de seus fundadores e/ou de quaisquer de seus membros, adquirindo

a imortalidade.

Em uma empresa é imprescindível esclarecer aos colaboradores o objetivo

pretendido, ao se cogitar uma mudança organizacional que acontece diante do

mapeamento da situação atual com as respectivas causas.

Page 9: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

9

O planejamento prévio é o primeiro passo na elaboração de um plano de

mudança, onde devem ser destacadas as variáveis: prazos, custos, qualidade, riscos,

dentre outras.

Além disso, a implementação de uma mudança deve conduzir os líderes a

responder as seguintes perguntas: o que mudar; por que mudar; o que ocorrerá caso não

se realize a mudança; qual será o futuro da empresa após a mudança; que benefícios a

mudança agregará para os colaboradores; quais as resistências e os obstáculos que

podem surgir com a mudança e qual a estratégia de comunicação utilizada.

O líder deve estar atento para o fato de que toda equipe é composta por

colaboradores de diferentes competências, estilos e culturas, o que consequentemente,

contribui para a existência de diferentes percepções para lidar com problemas.

As empresas devem estar preparadas para atuar em ambiente de mudanças

constantes que são necessárias e almejadas, bem como, seus diretores e gestores devem

sempre, estar ao par da situação presente para que possam projetar um futuro promissor

e com qualidade, o que é um incentivo para os colaboradores no decorrer de um

processo de mudança.

As ferramentas indispensáveis à mudança da cultura organizacional são:

transparência na colocação dos objetivos, dos valores e dos princípios; imagem dos

produtos e/ou dos serviços, integração e comunicação; abertura a ideias novas;

desempenho profissional; aprendizado; seleção, recrutamento e promoção funcional.

Tais ferramentas devem ser implementadas para que ajam, efetivamente, no caso

de necessidade de mudança cultural corporativa, devendo ser adaptadas às diferentes

situações.

Todo processo de mudança de cultura se inicia na superior administração, sendo

executada pela diretoria, com a participação de todos os níveis hierárquicos que devem

atuar na comunicação aos seus colaboradores, incentivando as mudanças propostas, e

instruindo sua equipe no novo processo.

Uma empresa sobrevive, se desenvolve, se revitaliza e se inova somente com a

ocorrência de mudança na cultura organizacional.

Page 10: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

10

I - CULTURA ORGANIZACIONAL, PROCESSOS INTERNOS DE MUDANÇA

E AUTORES COM MAIS DESTAQUE NOS ASSUNTOS

Vários autores abordam o tema deste trabalho monográfico. Neste capítulo serão

destacados os autores que discorrem sobre o assunto, mais didaticamente. No

desenvolvimento dos demais capítulos, os autores serão devidamente citados.

Para Kissil (1998) uma empresa se desenvolve e sobrevive somente com

revitalização e inovação. Para tal, a cultura organizacional deve acompanhar a evolução,

e consequentemente, mudar, se necessário for.

Por isso, a cultura organizacional necessita de ser percebida como uma forma

institucionalizada de atingir a convergência do pensamento e da ação dos colaboradores

de uma empresa. Sua essência expressa o modo pelo qual negocia o tratamento

dispensado ao cliente interno ou colaboradores e clientes externos, a autonomia

existente em suas unidades e a lealdade à empresa, de seus colaboradores.

Kissil (1998) ressalta a importância da cultura organizacional, revelar as

percepções da superior administração e de seus colaboradores, exprimindo a

mentalidade organizacional predominante e representando as normas informais e não

escritas que norteiam o comportamento dos indivíduos de uma empresa no seu

cotidiano, e que necessita estar em consonância com outros aspectos dos processos

decisórios e de ações organizacionais como planejamento, organização, direção e

controle para melhor conhecimento da organização e também para contemplar os

objetivos organizacionais.

O que pode ser uma dificuldade, segundo Kissil (1998), mas que se chega a uma

convergência é o fato de que os indivíduos por pertencerem sempre, a algum sistema

cultural, tendem a perceber e a avaliar as culturas diferentes das suas, tendo como

referência, a sua própria cultura, o que gera o relativismo das crenças e dos

comportamentos que somente são compreendidos conforme o seu contexto cultural.

Kissil (1998) define a cultura organizacional como uma representação do

conjunto dos símbolos empresariais, além de ser uma referência, em relação aos padrões

de desempenho entre os colaboradores, exercendo influência no que tange à

pontualidade, à produtividade e à preocupação com a qualidade do serviço prestado ao

cliente.

Page 11: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

11

Por ser construída ao longo do tempo, a cultura organizacional expressa a

identidade da empresa, absorvendo as práticas e compondo um complexo de

representações mentais, através de um sistema baseado nos precedentes, que associa os

indivíduos de uma empresa em torno de objetivos e linhas de ação, igualitários.

É fato que a cultura organizacional é um elo entre o passado e o presente, o que

favorece a permanência e a coesão organizacionais, por representar as normas informais

e não escritas, mas que ainda assim, norteiam o comportamento funcional cotidiano,

com ações direcionadas ao atingimento dos objetivos empresariais, e ainda, define a

missão da empresa, por dar origem e estabelecer os objetivos.

É importante que a cultura esteja em consonância com os demais aspectos das

decisões e ações, para um conhecimento com maior qualidade da empresa, tais como:

planejamento, organização, direção e controle.

É fato que a cultura organizacional é um elo entre o passado e o presente, o que

favorece a permanência e a coesão organizacionais, por representar as normas informais

e não escritas, mas que ainda assim, norteiam o comportamento funcional cotidiano,

com ações direcionadas ao atingimento dos objetivos empresariais, e ainda, define a

missão da empresa, por dar origem e estabelecer os objetivos.

Kissil (1998) registra que a cultura organizacional se apresenta em três níveis

diferenciados: coisas concretas (vistas, ouvidas ou sentidas) que são os artefatos;

valores relevantes e que se tornam importantes para os indivíduos, são os denominados

valores compartilhados; e as crenças inconscientes, percepções, sentimentos e

pressuposições dominantes, em que os indivíduos crêem, compõem o terceiro nível

denominado de pressuposições básicas.

O autor acrescenta também que a transmissão da cultura organizacional pode

acontecer por diferentes elementos que conduzem à aprendizagem que são: as estórias,

os rituais e cerimoniais, os símbolos materiais e a linguagem. .

Para Kissil (1998) existem quatro tipos de cultura organizacional: cultura

adaptativa, cultura conservadora, cultura forte e cultura fraca.

A cultura adaptativa é caracterizada pela flexibilidade, criatividade, inovação e

mudanças; na conservadora as ideias, os valores, os costumes e a tradição são mantidos;

na cultura forte, os valores da empresa são compartilhados com veemência pela maioria

dos colaboradores, o que repercute positivamente, no seu comportamento e nas suas

Page 12: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

12

expectativas e a cultura fraca que é facilmente modificada, e mais comum em empresas

pequenas e novas.

Freitas (1991) ressalta como motivo para a preocupação com a cultura

organizacional, a preocupação, por parte dos administradores, do impacto da cultura no

desempenho funcional, bem como, a análise da função dos fundadores da empresa, para

a compreensão de como a cultura organizacional pode colaborar para o entendimento,

explicação e previsão do comportamento dos indivíduos na empresa.

Para o Freitas os elementos de transmissão são as estórias e mitos como

narrações e fatos sobre os mitos da empresa, por vezes, sem manutenção dos fatos e os

valores também podem ser considerados, como as definições que são postuladas para se

alcançar o sucesso, no que tange a valores resistentes ao tempo, como por exemplo,

qualidade e inovação.

Freitas (1991) é mais breve nas considerações em relação à cultura

organizacional e ressalta que os rituais e os cerimoniais são atividades planejadas

objetivando a visibilidade e a coesão da cultura organizacional, através dos processos de

integração e seletivos. Registra também, que existem as crenças e os pressupostos que

normalmente são utilizados, para expressar todos os conceitos avaliados como

verdadeiros na empresa e que acarretam em uma percepção do mundo, passando a ser

considerados como válidos.

Outros elementos que são destacados por Freitas (1991) são os tabus, ou seja, as

proibições dentro da empresa, que não constam em nenhum manual, como por exemplo,

a proibição de namoro entre funcionários; as normas que se remetem ao comportamento

almejado e aderido pelo grupo; o processo de comunicação que abrange a rede de

relacionamento, às funções informais e que tem como função a transmissão e a

administração da cultura; e ainda os heróis, que são os personagens criados ou já

existentes que sintetizam a força da empresa, e que podem ser: Bill Gates, Henry Ford,

dentre outros.

Para o mesmo autor, a união dos elementos supracitados atua como um cimento

e colabora para que a empresa se mantenha coesa, dentro de sua cultura organizacional.

Um conceito mais utilizado para definir Cultura Organizacional é o de Schein

(apud Freitas, 1991), a saber:

Page 13: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

13

Cultura organizacional é o modelo dos pressupostos básicos que um dado grupo inventou, descobriu ou desenvolveu no processo de aprendizagem, para lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna. Uma vez que estes pressupostos tenham funcionado bem o suficiente para serem considerados válidos, são ensinados como a maneira certa de se perceber, pensar, e sentir em relação aqueles problemas.

Schein (2001) ressalta que cada empresa possui uma vida própria, dotada de

formalidade nas regras, maneiras de comunicação, estilos gerenciais, modos de

tratamento dos colaboradores, benefícios, dentre outras características.

Schein (2001) cita com exemplo as instituições bancárias, que embora tenham o

mesmo objetivo possuem formas de atendimento e normas internas diferentes. Por isso,

ainda que um indivíduo venha de uma empresa para outra é fundamental que se tenha

uma estrutura para que o novo colaborador se adéque às novas regras, ou seja, aos

novos aspectos que compõem a cultura organizacional.

Shein (2001) divide a cultura organizacional em três níveis três níveis essenciais

e de profundidade crescente:

- Artificialidades observáveis: são constituídas pela disposição física, vestimenta, modo

de tratamento entre as pessoas, odor, ambiente do lugar, intensidade emocional, dentre

outros. São características palpáveis e de maior dificuldade de interpretação precisa.

- Valores: é um nível que pode ser averiguado por entrevistas, questionários ou

instrumentos de avaliação. São estudados os valores, as normas, as ideologias, os

licenciamentos e as filosofias adotadas e documentadas de uma cultura.

- Concepções básicas: são reconhecidas as concepções adotadas, somente através de

observações mais intensas, de indagações mais focalizadas e de envolvimento de

indivíduos motivados do grupo.

Para Nassar (2000), cultura organizacional é :

O conjunto de valores, crenças e tecnologias que mantém unidos os mais diferentes membros, de todos os escalões hierárquicos, perante as dificuldades, operações do cotidiano, metas e objetivos. Pode-se afirmar ainda que é a cultura organizacional que produz junto aos mais diferentes públicos, diante da sociedade e mercados o conjunto de percepções, ícones, índices e símbolos que chamamos de imagem corporativa.

Page 14: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

14

Para que se realize um trabalho organizacional com sucesso é importante que se

verifique os processos internos. Para Leite (2007), o maior desafio dos gestores é a

compreensão e o centro de sua empresa no cliente. Assim, o gestor deve elaborar as

estratégias com foco no cliente, para possibilitar a análise minuciosa da forma de

ocorrência das rotinas organizacionais. Trata-se dos processos internos que passam a

ser o diferencial por alavancarem a vantagem competitiva e permitirem o atingimento

dos objetivos determinados pela estratégia.

Leite (2007) ressalta que no redesenho de processos a empresa têm, a priori, a

definição de quais são as responsabilidades e as atribuições de cada cargo na empresa,

elucidando as funções de cada funcionário. Após tal ação é realizada a formalização dos

processos existentes, para que os profissionais se certifiquem do procedimento correto

para executar as tarefas. Posteriormente, se redesenha e se cria novos processos, que

estarão alinhados conforme a necessidade de cada organização, com o objetivo de

solucionar os espaços em vão, existentes na empresa.

A análise de Robin (2002) complementa à colocação supracitada de Leite

(2007), uma vez registrar a importância da participação dos colaboradores, nos

processos internos empresariais, tendo em vista que a cultura organizacional descreve as

características da empresa percebidas pelos seus colaboradores, não tendo ligação ao

fato de gostarem ou não da empresa. Porquanto, Robin (2002) assinala que as

características básicas e essenciais à cultura organizacional e que repercutem nos

processos internos são:

- inovação e assunção de riscos: a intensidade com que os colaboradores são

estimulados a serem inovadores;

- atenção aos detalhes: a intensidade em relação à expectativa da demonstração da

precisão, da análise e da atenção dos colaboradores;

- orientação para resultados: a intensidade em que os diretores focam mais os

resultados do que as técnicas e processos utilizados para alcançá-los;

- orientação para as pessoas: a intensidade com que as decisões dos diretores enfatizam

mais os resultados do que os colaboradores dentro da empresa;

- orientação para equipe: a intensidade com que as atividades de trabalho são

organizadas mais em termos de equipes do que indivíduos;

- agressividade: a intensidade com que os colaboradores são competitivos e agressivos,

em vez de submissos e acomodados;

Page 15: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

15

- estabilidade: a intensidade com que as atividades organizacionais enfatizam a

manutenção do estado atual em resistência ao crescimento.

Para Robin (2002), as características supracitadas variam de grau, desde baixo

ao alto, e sua avaliação revela a complexidade da cultura organizacional. Segundo o

mesmo autor, se a cultura resiste e soluciona os problemas diários, inclusive em relação

aos processos internos, está caracterizado o que é denominado de institucionalização

cultural, ou seja, a empresa assume vida própria, independentemente de seus fundadores

e/ou de quaisquer de seus membros, adquirindo a imortalidade. Porquanto, a empresa

passa a ter valor, por si mesma, independentemente, dos bens e serviços produzidos por

ela.

Outro fator importante para a implementação de uma mudança organizacional,

segundo Maximiniano (2009) é a necessidade de os líderes se preocupem com as

respostas às seguintes perguntas: o que mudar; qual a necessidade de se realizar tal

mudança; o que ocorrerá caso não se realize a mudança; qual será o futuro da empresa

após a mudança; que benefícios a mudança agregará para os colaboradores (clientes

internos) e para os clientes externos da empresa; quais as resistências e os obstáculos

que podem surgir com a mudança e qual a estratégia de comunicação utilizada, com os

itens de como, quando e para quem participar, primeiramente a mudança.

Para o mesmo autor, as respostas às perguntas supracitadas colaboram para que

os líderes fiquem preparados para uma estratégia eficaz na realização de quaisquer tipos

de mudança organizacional.

Porquanto, o planejamento prévio é o primeiro passo na elaboração de um plano

de mudança, onde devem ser destacadas outras variáveis como: prazos, custos,

qualidade, riscos, dentre outras.

Azevedo (2010) registra que as empresas devem estar preparadas para a atuação

em ambiente de mudanças constantes que são necessárias e almejadas, bem como, seus

diretores e gestores devem sempre, estar ao par da situação presente para que possam

projetar um futuro promissor e com qualidade, o que é um incentivo para os

colaboradores no decorrer de um processo de mudança.

Kissil (1998) ratifica o autor supracitado acrescentando que para haver

sobrevivência, desenvolvimento, revitalização e inovação em uma empresa é necessário

que ocorra a mudança na cultura organizacional e enumera algumas ferramentas que

Page 16: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

16

colaboram para a mudança na cultura organizacional, a saber: transparência na

colocação dos objetivos, dos valores e dos princípios que têm que ser definidos com

clareza e estabelecidos formalmente, por médio e longo prazo; imagem dos produtos

e/ou dos serviços que representa a qualidade dos produtos ou dos serviços para o

público interno e externo; integração e comunicação que é uma ferramenta eficaz, em

organizações que possuem fluência simples e aberta na comunicação interna, nos

diferentes níveis hierárquicos, com a colaboração e a parceria dos clientes internos

(colaboradores) e dos clientes externos, incluindo os fornecedores; abertura a ideias

novas onde a empresa valoriza e estimula as novas ideias dos colaboradores, através de

incentivos financeiros, devido à mudança em algum processo; desempenho profissional

onde a prática de ideias conduz o funcionário à sensação de valorização e crescimento,

devido a perceber o seu trabalho como estimulante e proporcionador de desafios

profissionais; aprendizado devido ao fato da empresa estimular e proporcionar

oportunidades de desenvolvimento profissional, através da promoção de cursos internos,

auxílio financeiro aos estudos de seus colaboradores, que podem ser: faculdade, línguas

estrangeiras, cursos profissionalizantes; e seleção, recrutamento e promoção funcional

que é uma ferramenta que apresenta resultado positivo num recrutamento, num processo

seletivo ou na promoção de colaboradores de uma empresa quando conduzida por

profissionais qualificados da área de Recursos Humanos, para selecionar profissionais

com o perfil desejado e que contemplem os objetivos organizacionais.

Para Kissil (1998) todo processo de mudança de cultura tem início na superior

administração, sendo executada pela diretoria, com a participação inquestionável dos

demais níveis hierárquicos, como: gestores, supervisores, chefes de departamento que

devem atuar na comunicação aos seus colaboradores, incentivando as mudanças

propostas, e instruindo sua equipe no novo processo, tendo em vista que, somente com a

integração de todo o corpo funcional há possibilidade de se realizar a mudança de

cultura em uma empresa.

Kissil (1998) assinala com muita procedência, que a realização de um

diagnóstico da cultura organizacional vigente é imprescindível, antes de se tomar

qualquer atitude, para se realizar um plano de ação que deve ser executado e controlado,

paulatinamente.

Page 17: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

17

Outros autores abordam o tema mais superficialmente, porém ao se fazer a

pesquisa, se conclui que para implementar uma mudança nos processos internos de uma

empresa é necessária uma abordagem minuciosa da cultura organizacional implantada, e

tendo como subsídio os autores citados na bibliografia e seus registros no decorrer dos

capítulos subsequentes, o trabalho ficará completo devido aos diferentes enfoques que

se complementam.

Page 18: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

18

II – CULTURA ORGANIZACIONAL

No exterior, o tema é pesquisado desde a década de cinqüenta. No Brasil, porém,

o tema recebeu atenção, a partir da década de oitenta, em detrimento das discussões

geradas pelo contato que passou a existir com diversas empresas japonesas e

americanas. (FREITAS, 1991)

Tal fato deu início à preocupação, por parte dos administradores, do impacto da

cultura no desempenho funcional, bem como, passaram a analisar a função dos

fundadores da empresa, para a compreensão de como a cultura organizacional pode

colaborar para o entendimento, explicação e previsão do comportamento dos indivíduos

na empresa. (FREITAS, 1991)

Assim, a cultura organizacional passou a ser percebida como uma forma

institucionalizada de atingir a convergência do pensamento e da ação dos colaboradores

de uma empresa. Sua essência expressa o modo pelo qual negocia o tratamento

dispensado ao cliente interno ou colaboradores e clientes externos, a autonomia

existente em suas unidades e a lealdade à empresa, de seus colaboradores. (KISSIL,

1998)

Porquanto, a cultura organizacional revela as percepções da superior

administração e de seus colaboradores, exprimindo a mentalidade organizacional

predominante e representando as normas informais e não escritas que norteiam o

comportamento dos indivíduos de uma empresa no seu cotidiano, e que necessita estar

em consonância com outros aspectos dos processos decisórios e de ações

organizacionais como planejamento, organização, direção e controle para melhor

conhecimento da organização e também para contemplar os objetivos organizacionais.

(KISSIL, 1998)

2.1 CONCEITOS

O vocábulo cultura, generalizadamente, possui duas interpretações: pode ser

conceituado como o conjunto de costumes e realizações de uma época ou de um povo,

ou ainda, pode ser interpretada como uma manifestação artística, erudita ou

enciclopédica, ou seja, expressões rebuscadas da sensibilidade e do conhecimento

humano, avaliadas como coletivas ou de consenso.

Page 19: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

19

Todavia, cultura organizacional não possui relação com conceitos etimológicos,

e denota, portanto, o modo de vida organizacional sob todas as suas circunstâncias, a

saber: as idéias, as crenças, os costumes, as regras, as técnicas, dentre outras.

Por pertencerem, sempre, a algum sistema cultural, os seres humanos tendem a

perceber e a avaliar as culturas diferentes das suas, tendo como referência, a sua própria

cultura, o que gera o relativismo das crenças e dos comportamentos que somente são

compreendidos conforme o seu contexto cultural. (KISSIL, 1998)

A cultura organizacional representa o conjunto dos símbolos empresariais, bem

como, oferece uma referência, em relação aos padrões de desempenho entre os

colaboradores, exercendo influência no que tange à pontualidade, à produtividade e à

preocupação com a qualidade do serviço prestado ao cliente.

Por ser construída ao longo do tempo, a cultura organizacional expressa a

identidade da empresa, absorvendo as práticas e compondo um complexo de

representações mentais, através de um sistema baseado nos precedentes, que associa os

indivíduos de uma empresa em torno de objetivos e linhas de ação, igualitários.

É fato que a cultura organizacional é um elo entre o passado e o presente, o que

favorece a permanência e a coesão organizacionais, por representar as normas informais

e não escritas, mas que ainda assim, norteiam o comportamento funcional cotidiano,

com ações direcionadas ao atingimento dos objetivos empresariais, e ainda, define a

missão da empresa, por dar origem e estabelecer os objetivos.

É importante que a cultura esteja em consonância com os demais aspectos das

decisões e ações, para um conhecimento com maior qualidade da empresa, tais como:

planejamento, organização, direção e controle. (KISSIL, 1998)

Atualmente, um conceito completo e adotado por pesquisadores contemporâneos

é o de Schein (apud Freitas, 1991, p. 7):

Cultura organizacional é o modelo dos pressupostos básicos que um dado grupo inventou, descobriu ou desenvolveu no processo de aprendizagem, para lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna. Uma vez que estes pressupostos tenham funcionado bem o suficiente para serem considerados válidos, são ensinados como a maneira certa de se perceber, pensar, e sentir em relação aqueles problemas.

Page 20: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

20

Cada empresa possui uma vida própria, dotada de formalidade nas regras,

maneiras de comunicação, estilos gerenciais, modos de tratamento dos colaboradores,

benefícios, dentre outras características.

Um exemplo são as instituições bancárias, que embora tenham o mesmo

objetivo possuem formas de atendimento e normas internas diferentes. Por isso, ainda

que um indivíduo venha de uma empresa para outra é fundamental que se tenha uma

estrutura para que o novo colaborador se adéque às novas regras, ou seja, aos novos

aspectos que compõem a cultura organizacional. (SCHEIN, 2001)

Outro conceito bastante adotado nas empresas é: (NASSAR, 2000)

Cultura organizacional é o conjunto de valores, crenças e tecnologias que mantém unidos os mais diferentes membros, de todos os escalões hierárquicos, perante as dificuldades, operações do cotidiano, metas e objetivos. Pode-se afirmar ainda que é a cultura organizacional que produz junto aos mais diferentes públicos, diante da sociedade e mercados o conjunto de percepções, ícones, índices e símbolos que chamamos de imagem corporativa.

2.2 COMPONENTES A cultura organizacional se apresenta em três níveis diferenciados, a saber:

(KISSIL, 1998)

- Artefatos: por serem coisas concretas que podem ser vistas, ouvidas ou sentidas,

compõem o primeiro nível da cultura, ou seja, o mais superficial, visível e perceptível

ao se apresentar diante de uma empresa. Os artefatos são compostos pelos produtos,

serviços e pelos padrões de comportamento dos membros de uma empresa. São

facilmente percebidos pela maneira como as pessoas se vestem, pelo teor da conversa,

pelo comportamento funcional e ainda, pelos símbolos, histórias, lemas, cerimônias

anuais, que são artefatos visuais ou auditivos que revelam como é a cultural

organizacional.

- Valores compartilhados: são compostos pelos valores relevantes e que passam a ser

importantes para os indivíduos, bem como definem os motivos das ações de tais

pessoas. Os valores compartilhados estabelecem o segundo nível da cultura e atuam

como justificativas endossadas por todas as pessoas. Em muitas culturas organizacionais

a criação dos valores tem origem pelos fundadores da empresa.

Page 21: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

21

- Pressuposições básicas: formam o nível mais intrínseco e oculto da cultura

organizacional, por serem constituídas pelas crenças inconscientes, percepções,

sentimentos e pressuposições dominantes, em que os indivíduos crêem. Por vezes, a

cultura determina a forma de executar as coisas adotadas na empresa, através de

pressuposições não escritas e nem faladas.

2.3 ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO

A cultura organizacional pode ser transmitida aos colaboradores de uma empresa

através de diferentes elementos que conduzem à aprendizagem. Tais recursos são: as

estórias, os rituais e cerimoniais, os símbolos materiais e a linguagem. (KISSIL, 1998)

Nas histórias, os erros e os acertos do passado, normalmente embasam o

presente, com explicações que legitimam as práticas adotadas na atualidade, através dos

contos e das transições do fundador da empresa, das lembranças, das dificuldades, dos

acontecimentos especiais, das regras de conduta, da redução e da recolocação de

colaboradores. (KISSIL, 1998)

Freitas (1991) concebe mais sinteticamente, as estórias e mitos como narrações e

fatos sobre os mitos da empresa, por vezes, sem manutenção dos fatos.

Os valores precípuos de uma empresa são manifestados e reforçados pelos

rituais e cerimoniais que são compostos por sequências repetitivas de atividades, como

as comemorações de final de ano e as de aniversário da empresa, que são ritos

tradicionais visando a reunião e a aproximação dos colaboradores de uma empresa, o

que contribui para a motivação funcional, atenua os conflitos e intensifica a cultura

organizacional. (KISSIL, 1998)

Os valores também podem ser considerados, como as definições que são

postuladas para se alcançar o sucesso, no que tange a valores resistentes ao tempo,

como por exemplo, qualidade e inovação. (FREITAS, 1991)

Em suma, os rituais e cerimoniais são atividades planejadas objetivando a

visibilidade e a coesão da cultura organizacional, através dos processos de integração e

seletivos. (FREITAS, 1991)

Os símbolos materiais refletem a comunicação não verbal que pode ser definida

pela arquitetura do prédio, pelas salas e mesas. Tais recursos conotam também o estilo

Page 22: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

22

de liderança adotado: se autoritarismo ou democrático; participativo ou individualismo;

conservador ou inovador, bem como, a hierarquia e o tipo de comportamento. (KISSIL,

1998)

Para Wagner (1999) os símbolos são os objetos e as ações dotados de

significados específicos que consentem trocas de ideias e mensagens entre os

colaboradores de uma empresa. Como exemplo, o autor cita logotipos das empresas,

marcas comerciais, automóveis de luxo, mobília do escritório, dentre outras.

A linguagem é utilizada em muitas empresas, e até mesmo, em suas filiais como

uma forma de identificar indivíduos de uma mesma cultura. Porquanto, o colaborador

ao aprender a linguagem, adota a cultura, preservando-a. As empresas incrementam

termos particulares, relativos à descrição de equipamentos, escritórios, funcionários,

fornecedores, clientes e produtos. (KISSIL, 1998)

Para Freitas (1991), existem as crenças e os pressupostos que normalmente são

utilizados, para expressar todos os conceitos avaliados como verdadeiros na empresa e

que acarretam em uma percepção do mundo, passando a ser considerados como válidos.

Outros elementos que são destacados por Freitas (1991) são os tabus, ou seja, as

proibições dentro da empresa, que não constam em nenhum manual, como por exemplo,

a proibição de namoro entre funcionários; as normas que se remetem ao comportamento

almejado e aderido pelo grupo; o processo de comunicação que abrange a rede de

relacionamento, às funções informais e que tem como função a transmissão e a

administração da cultura; e ainda os heróis, que são os personagens criados ou já

existentes que sintetizam a força da empresa, e que podem ser: Bill Gates, Henry Ford,

dentre outros.

A união dos elementos supracitados atua como um cimento e colabora para que

a empresa se mantenha coesa, dentro de sua cultura organizacional. (FREITAS, 1991)

A característica da cultura organizacional é a sua aceitação pelos colaboradores

da empresa, de forma subentendida. No entanto, outra forma de validar a cultura é

através dos processos seletivos implementados, que não selecionam indivíduos com

perfis discordantes aos padrões estipulados o que colabora com a preservação da cultura

organizacional implantada. (KISSIL, 1998)

Page 23: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

23

2.4 TIPOS

Em relação aos tipos, as empresas podem adotar evoluções de convivência com

um mínimo plano de compromisso até o máximo de compromisso possível, ou ainda,

retroceder a um nível anterior de compromisso.

Assim, Carmazzi (2010) considera que a cultura organizacional se divide em:

cultura da culpa, cultura multidirecional, cultura vive e deixa viver, cultura que respeita

a marca e cultura da liderança enriquecida.

Na cultura da culpa os indivíduos transferem a culpa, no caso de um resultado

desfavorável, para não ser punido individualmente. É uma cultura que desenvolve a

desconfiança e o medo, tendo em vista a inexistência de iniciativa própria em relação à

cultura de risco, pelo fato dos colaboradores não assumirem responsabilidades, por

terem receio de responder pelas próprias ações e terem consequências associadas.

Porquanto, o profissional é comprometido com a empresa, apenas, individualmente.

Na cultura multidirecional, a comunicação e a cooperação interdepartamental

são irrisórias, havendo sinceridade somente dentro de grupos ou departamentos

específicos, o que acarreta em críticas dentro da mesma empresa em tais segmentos. Tal

cultura resulta em boatos, onde a maioria dos colaboradores se encarrega de ter um

compromisso individual, ao passo que os outros assumem um comprometimento grupal.

Na cultura do tipo vive e deixa viver, o que predomina é a benevolência, a

paralisação mental, e consequentemente, a escassez de criatividade. Por isso, os

profissionais ficam com pouca visão de futuro e se desapaixonam do trabalho. A

comunicação e a cooperação são mínimas e os colaboradores dão conta de que pouco

tem a aprender, pois estabeleceram relações pessoais com os colegas que lhes

interessam, não se importando com os demais colegas. Neste caso, o comprometimento

oscila entre o individual e o grupal.

Na cultura que respeita a marca, os colaboradores crêem nos produtos e serviços

produzidos pela empresa, gostam da proposta empresarial, e por isso, colaboram

ativamente, antecipando problemas e pró-agindo para evitar contratempos. Pode haver

algum ou alguns profissionais, em dissonância, mas a maioria estabelece um

compromisso geral, em relação às ações presentes e futuras, com os seus gestores.

Porquanto, a grande maioria dos colaboradores assume um compromisso grupal.

Page 24: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

24

A cultura da liderança enriquecida é aquela em que os profissionais percebem e

sentem a empresa como uma extensão de si próprios, pelo fato de estarem satisfeitos

com o que realizam dentro da empresa e por ter uma cooperação ativa entre si.

Porquanto, existe uma convergência entre os objetivos individuais e os objetivos

empresariais, o que colabora para que os profissionais aproveitem o máximo possível do

seu trabalho em conjunto. Desta forma, os líderes não criam seguidores, e sim formam

novos líderes, o que fortalece o compromisso de Organização, de quase a totalidade dos

profissionais.

Kissil (1998) analisa a cultura organizacional, mais sinteticamente em quatro

tipos: cultura adaptativa, cultura conservadora, cultura forte e cultura fraca.

A cultura adaptativa é caracterizada pela flexibilidade, criatividade, inovação e

mudanças. Normalmente é adotada em empresas que realizam revisões e atualizações,

constantemente, em suas culturas adaptativas, onde preserva por um lado, a necessidade

de mudança e a adaptação, com o objetivo de garantir a atualização e a modernização, e

por outro lado, a necessidade de estabilidade e permanência, o que garante a identidade

organizacional. Um exemplo ilustrativo de tal tipo é o Japão, que perpetua tradições

milenares, e simultaneamente, cultua e incentiva, constantemente, a mudança e a

inovação.

Na cultura conservadora as ideias, os valores, os costumes e a tradição são

mantidos, por serem enraizados e não modificarem ao longo do tempo. Tal cultura é

encontrada em empresas conservadoras que não permitem mutações e que prosseguem

como se o mundo estivesse inalterado.

Na cultura forte, os valores da empresa são compartilhados com veemência pela

maioria dos colaboradores, o que repercute positivamente, no seu comportamento e nas

suas expectativas. Exemplos de cultura forte são: IBM, 3M, Merk, Sony, Honda, dentre

outras.

A cultura fraca é facilmente modificada. Ocorre, mais comumente, em empresas

pequenas e novas, que por estar iniciando, existe maior facilidade para que a

Administração adote os novos valores e comunique aos colaboradores.

Page 25: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

25

2.5 NÍVEIS A cultura organizacional possui três níveis essenciais e de profundidade

crescente, nos quais a mesma se aflora em um grupo ou numa empresa. São eles:

(SCHEIN, 2001):

- Artificialidades observáveis: são constituídas pela disposição física, vestimenta, modo

de tratamento entre as pessoas, odor, ambiente do lugar, intensidade emocional, dentre

outros. São características palpáveis e de maior dificuldade de interpretação precisa. É

possível de avaliar quando uma empresa é mais formal ou mais burocrática do que a

outra, o que não esclarece o motivo pelo qual é assim. Ao se investigar a cultura, a

utilização de instrumentos aferidores é questionada, devido ao fato dos mesmos

prejulgarem as dimensões que está sendo considerado, pelo fato de não haver meios de

se saber se as dimensões consideradas são relevantes ou salientes naquela cultura. É

necessário que se examine os níveis mais profundos de cultura.

- Valores: é um nível que pode ser averiguado por entrevistas, questionários ou

instrumentos de avaliação. São estudados os valores, as normas, as ideologias, os

licenciamentos e as filosofias adotadas e documentadas de uma cultura. Para tal, são

realizadas entrevistas, onde o entrevistado responde livremente, o que retrata com mais

fidedignidade o nível de como as pessoas se sentem e pensam.

- Concepções básicas: são reconhecidas as concepções adotadas, somente através de

observações mais intensas, de indagações mais focalizadas e de envolvimento de

indivíduos motivados do grupo. Tais concepções determinam a percepção dos processos

mentais, sentimentos e comportamento, e são apresentados de maneira inconsciente; o

que constitui o nível mais profundo de compreensão da cultura organizacional.

Page 26: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

26

III – PROCESSOS INTERNOS ORGANIZACIONAIS

Atualmente, o maior desafio dos gestores é a compreensão e o centro de sua

empresa no cliente. Assim, o gestor deve elaborar as estratégias com foco no cliente,

para possibilitar a análise minuciosa da forma de ocorrência das rotinas organizacionais.

Trata-se dos processos internos que passam a ser o diferencial por alavancarem a

vantagem competitiva e permitirem o atingimento dos objetivos determinados pela

estratégia. (LEITE, 2007)

3.1 – DEFINIÇÃO

Os processos internos organizacionais abrangem todas as atividades interligadas

com coerência e que utilizam os recursos empresariais para gerar os resultados

definidos, contemplando os seus objetivos.

A chave do sucesso organizacional é a compreensão dos processos e seu

aperfeiçoamento que deve ser de forma constante, tendo em vista que uma empresa é

tão efetiva quanto os seus processos, pelo fato destes, responderem pelo produto final.

É fundamental a constante reavaliação dos processos por permitir que a empresa

se conheça cada vez mais, o que facilita sua autocrítica e competitividade, na medida

em que constata seus pontos fracos e fortes.

O fato da empresa, estudar seus processos continuamente, colabora tanto para

sua inovação e mudança, quanto para a criação de novos modelos organizacionais, com

maior flexibilidade e adequação.

Os processos internos de uma empresa podem ser analisados de diversas formas,

com sugestões de novas configurações. A reengenharia de processos é que será

abordada neste trabalho, pois ignora as características atuais do processo e se favorece

do conhecimento das finalidades essenciais dos mesmos, o que norteia a delineação de

outros novos e revolucionários projetos.

Não é uma técnica muito utilizada no Brasil, por radicalizar e não ser de prática

implementação. No entanto, no caso da empresa apresentar problemas como: retrabalho,

desconhecimento por parte dos funcionários das suas funções, deficiência no fluxo de

Page 27: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

27

informações, tarefas mal executadas, não realizadas ou não concluídas em tempo hábil,

é urgente que se implemente um redesenho de processos.

No redesenho de processos a empresa têm, a priori, a definição de quais são as

responsabilidades e as atribuições de cada cargo na empresa, elucidando as funções de

cada funcionário. Após tal ação, é realizada a formalização dos processos existentes,

para que os profissionais se certifiquem do procedimento correto para executar as

tarefas. Posteriormente, se redesenha e se cria novos processos, que estarão alinhados

conforme a necessidade de cada organização, com o objetivo de solucionar os espaços

em vão, existentes na empresa.

Assim, os fluxos de informação são estabelecidos e os processos otimizados,

atenuando os desperdícios, devido ao fato de não haver retrabalho e ainda, com a

comunicação interna e externa aperfeiçoadas, graças ao redesenho de processos que é o

complemento para aumentar a produtividade e a qualidade na prestação de serviços.

(LEITE, 2007)

É importante que os processos internos empresariais se atentem para a

participação dos colaboradores, tendo em vista que a cultura organizacional descreve as

características da empresa percebidas pelos seus colaboradores, não tendo ligação ao

fato de gostarem ou não da empresa. Assim sendo, Robin (2002, p. 499) discorre sobre

características básicas e essenciais à cultura organizacional e que repercutem nos

processos internos, que são:

- inovação e assunção de riscos: a intensidade com que os colaboradores são

estimulados a serem inovadores;

- atenção aos detalhes: a intensidade em relação à expectativa da demonstração da

precisão, da análise e da atenção dos colaboradores;

- orientação para resultados: a intensidade em que os diretores focam mais os

resultados do que as técnicas e processos utilizados para alcançá-los;

- orientação para as pessoas: a intensidade com que as decisões dos diretores enfatizam

mais os resultados do que os colaboradores dentro da empresa;

- orientação para equipe: a intensidade com que as atividades de trabalho são

organizadas mais em termos de equipes do que indivíduos;

- agressividade: a intensidade com que os colaboradores são competitivos e agressivos,

em vez de submissos e acomodados;

Page 28: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

28

- estabilidade: a intensidade com que as atividades organizacionais enfatizam a

manutenção do estado atual em resistência ao crescimento.

Para Robin (2002), as características supracitadas variam de grau, desde baixo

ao alto, e sua avaliação revela a complexidade da cultura organizacional. Segundo o

mesmo autor, se a cultura resiste e soluciona os problemas diários, inclusive em relação

aos processos internos, está caracterizado o que é denominado de institucionalização

cultural, ou seja, a empresa assume vida própria, independentemente de seus fundadores

e/ou de quaisquer de seus membros, adquirindo a imortalidade. Porquanto, a empresa

passa a ter valor, por si mesma, independentemente, dos bens e serviços produzidos por

ela.

Page 29: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

29

IV – MUDANÇA ORGANIZACIONAL

É fundamental deixar claro para os colaboradores de uma empresa, o objetivo

que se pretende atingir, antes mesmo de se iniciar a mudança organizacional. Para tal é

necessário que a administração de uma mudança tenha um processo de comunicação

intenso e eficaz. Porquanto, a clareza e a atenuação do desentendimento devem ser

analisadas no processo. (MAXIMINIANO, 2009)

A mudança organizacional é diagnosticada após a situação presente e atual, ser

mapeada; os problemas e suas respectivas causas serem identificadas, as informações

serem analisadas e a situação almejada ser colocada em projeto. (AZEVEDO, 2010)

Para se implementar uma mudança organizacional é necessário que os líderes se

preocupem com as respostas às seguintes perguntas: o que mudar; qual a necessidade de

se realizar tal mudança; o que ocorrerá caso não se realize a mudança; qual será o futuro

da empresa após a mudança; que benefícios a mudança agregará para os colaboradores

(clientes internos) e para os clientes externos da empresa; quais as resistências e os

obstáculos que podem surgir com a mudança e qual a estratégia de comunicação

utilizada, com os itens de como, quando e para quem participar, primeiramente a

mudança. (MAXIMINIANO, 2009)

As respostas às perguntas supracitadas colaboram para que os líderes fiquem

preparados para uma estratégia eficaz na realização de quaisquer tipos de mudança

organizacional.

Porquanto, o planejamento prévio é o primeiro passo na elaboração de um plano

de mudança, onde devem ser destacadas outras variáveis como: prazos, custos,

qualidade, riscos, dentre outras.

É importante que após o planejamento prévio seja transmitido, de forma clara e

concisa pelos líderes, o objetivo da mudança, com foco no motivo que torna necessário

tal mudança, ou seja, a justificativa.

Faz-se mister, criar oportunidades junto aos colaboradores, para conferir o que

entenderam da mudança, antes de iniciá-la. Os líderes podem adotar esses pontos de

controle, através de reuniões onde devem averiguar se os objetivos da mudança

correspondem às expectativas do corpo funcional e como as mudanças serão tratadas ao

longo do tempo. (MAXIMINIANO, 2009)

Page 30: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

30

O líder deve estar atento para o fato de que toda equipe é composta por

colaboradores de diferentes competências, estilos e culturas. Quando os indivíduos de

uma equipe possuem a mesma especialidade e compartilham os mesmos traços básicos

de comportamento, a probabilidade de todos terem a mesma cultura profissional é

grande, o que implica numa percepção da realidade da mesma forma, ou seja, limitada.

Uma situação potencialmente melhor é a equipe com diversidade de culturas, onde

existem diferentes enfoques para lidar com problemas.

Por isso, a realidade da administração das equipes fornece o exemplo da

engenharia simultânea, para comprovar que a diversidade é melhor que a uniformidade.

Pessoas de diferentes áreas da empresa, trabalhando juntas em uma equipe

multidisciplinar, ao longo de todo o projeto, conseguem resultados melhores do que

uma sucessão de equipes mono-disciplinares, e as diferentes percepções se

complementam e colaboram para a mudança organizacional. (MAXIMINIANO, 2009)

Em suma, após o conhecimento dos motivos da mudança, o processo a ser

implementado deve ser gerenciado, com a definição de uma equipe responsável pelo

programa de mudança e com o envolvimento de todos os colaboradores da empresa; um

diagnóstico organizacional, realizado, através da liderança dos gestores, supervisores e

chefes de equipe; deve ser determinado um direcionamento e estabelecido um plano

estratégico para a mudança, com o monitoramento e a avaliação do processo.

As empresas devem estar preparadas para atuar em ambiente de mudanças

constantes que são necessárias e almejadas, bem como, seus diretores e gestores devem

sempre, estar a par da situação presente para que possam projetar um futuro promissor e

com qualidade, o que é um incentivo para os colaboradores no decorrer de um processo

de mudança. (AZEVEDO, 2010)

4.1 FERRAMENTAS INDISPENSÁVEIS À MUDANÇA DA CULTURA ORGANIZACIONAL

Kissil (1998) ressalta que para haver sobrevivência, desenvolvimento,

revitalização e inovação em uma empresa é necessário que ocorra a mudança na cultura

organizacional.

O empenho para o entendimento recíproco numa empresa é uma garantia na

estrutura coesa e na manutenção do ritmo de produtividade. O enfoque cultural e a

Page 31: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

31

escolha de indivíduos diferentes são fundamentais para a formação de equipes com um

perfil variado.

O respeito mútuo interno fortalece a empresa por produzir respostas eficazes.

Assim, se as multiplicidades se integrarem ao redor de um comprometimento comum e

único, a empresa sempre estará preparada para administrar a demanda necessária de

mudanças, o que somente é contemplado com uma cultura organizacional forte, onde

seus colaboradores possuem os valores e os princípios da empresa difundidos com

clareza, o que são fatores agregadores para que o corpo funcional se orgulhe de

pertencer à empresa, pela transparência e com foco no sucesso.

Existem alguns recursos ou ferramentas que colaboram para a mudança na

cultura organizacional. São eles: (KISSIL, 1998)

- transparência na colocação dos objetivos, dos valores e dos princípios: são todos

definidos com clareza, estabelecidos formalmente, por médio e longo prazo. É

fundamental que todos os funcionários da empresa possuam uma forma acessível de

conhecimento dos seus objetivos, dos valores e dos princípios que devem ser

rememorados com periodicidade, através de reuniões mensais ou trimestrais, o que

contribui para o processo de mudança, com retorno provável em médio prazo, devido à

divulgação e à aplicação eficazes.

- imagem dos produtos e/ou dos serviços: é a representação da qualidade dos produtos

ou dos serviços para o público interno e externo. A percepção do cliente externo é

importante, mas a do cliente interno (funcionário) é imprescindível, pois ele divulga os

projetos em execução, os detalhes sobre sua qualidade, o que o faz se orgulhar de seu

trabalho e da empresa a qual pertence. Deve ser realizado um trabalho constante em

relação à imagem, para manter os colaboradores atualizados. Em relação à mudança, o

resultado é constatado em longo prazo.

- integração e comunicação: é uma ferramenta eficaz, em organizações que possuem

fluência simples e aberta na comunicação interna, nos diferentes níveis hierárquicos,

com a colaboração e a parceria dos clientes internos (colaboradores) e dos clientes

externos, incluindo os fornecedores. A empresa com pouca abertura de comunicação

entre colaboradores e gestores, terá a comunicação flexível implementada num período

de longo prazo, ao passo que se os gestores estimularem a comunicação aberta e total,

Page 32: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

32

sua flexibilidade se dará num curto espaço de tempo, por se tornar comum na

organização.

- abertura a ideias novas: é o ambiente no qual a empresa valoriza e estimula as novas

ideias dos colaboradores, através de incentivos financeiros, devido à mudança em algum

processo. Para tal mudança, a empresa deve disponibilizar caixa de sugestões, realizar

reuniões intra-setoriais, periodicamente, criar um grupo de acompanhamento, dentro

outras iniciativas. Desta forma, a empresa denota seu grau de dinâmica, estando atenta

às mudanças, proporcionando oportunidades, estabelecendo objetivos valorosos e

intrépidos, o que a torna líder em tendências com um ambiente motivador.

- desempenho profissional: a prática de ideias conduz o funcionário à sensação de

valorização e crescimento, devido a perceber o seu trabalho como estimulante e

proporcionador de desafios profissionais. O colaborador passa de especialista funcional

para um multifuncional, devido à aquisição de conhecimentos de outras atividades, o

que funciona como coadjuvante no discernimento do processo como um todo e na

construção de um plano de carreira, o que é viabilizado a médio e longo prazo.

- aprendizado: a organização estimula e proporciona oportunidades de desenvolvimento

profissional, pois promove cursos internos, auxilia financeiramente os estudos de seus

colaboradores, que podem ser: faculdade, línguas estrangeiras, cursos

profissionalizantes, dentre outros. A implantação de tal ferramenta pode ser através da

divulgação de uma nova política de valorização dos colaboradores, com estímulo aos

recursos supracitados, o que gera resultado de curto prazo.

- seleção, recrutamento e promoção funcional: a aplicação de tal ferramenta apresenta

resultado positivo num recrutamento, num processo seletivo ou na promoção de

colaboradores de uma empresa quando conduzida por profissionais qualificados da área

de Recursos Humanos, para selecionar profissionais com o perfil desejado e que

contemplem os objetivos organizacionais. É fundamental que sejam pessoas que

concordem e que se comportem, conforme os valores da empresa. O retorno da

aplicação de tal ferramenta é de longo prazo.

As ferramentas mencionadas acima, devem ser implementadas e agem,

efetivamente, no caso de necessidade de mudança cultural corporativa. De acordo com o

porte e com a estrutura organizacionais, se utiliza as ferramentas necessárias, devendo

ser adaptadas às diferentes situações.

Page 33: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

33

Indubitavelmente, todo processo de mudança de cultura tem início na superior

administração, sendo executada pela diretoria, com a participação inquestionável dos

demais níveis hierárquicos, como: gestores, supervisores, chefes de departamento que

devem atuar na comunicação aos seus colaboradores, incentivando as mudanças

propostas, e instruindo sua equipe no novo processo, tendo em vista que, somente com a

integração de todo o corpo funcional há possibilidade de se realizar a mudança de

cultura em uma empresa. (KISSIL, 1998)

Kissil (1998) cita em seu livro, a frase de um autor desconhecido, que retrata

muito bem, a maneira pela qual se obtém eficácia na mudança de cultura: "só existem

duas maneiras de mudar a cultura de uma organização: mudando as pessoas ou

mudando de pessoas."

A realização de um diagnóstico da cultura organizacional vigente é

imprescindível, antes de se tomar qualquer atitude, para que se realize um plano de ação

que deve ser executado e controlado, paulatinamente.

Page 34: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

34

CONCLUSÃO

Os estudiosos sobre cultura organizacional, em sua maioria, assinalam que a

cultura repercute, positivamente, no desempenho da empresa, na medida em que exista

uma percepção estratégica de seus administradores, e simultaneamente, uma harmonia

com o meio ambiente.

É fundamental a avaliação da cultura organizacional de uma empresa, na qual o

indivíduo aventa trabalhar, por se obter informações que podem determinar a opção por

trabalhar ou não naquela empresa.

Para se atuar na mudança da cultura organizacional é fundamental que se analise

em que grau os colaboradores da empresa são estimulados a inovar, bem como, avaliar

se o maior foco dos gestores são os resultados ou as técnicas/processos para o

atingimento destes.

É importante ainda, averiguar os elementos da cultura organizacional como os

valores, as crenças, as estórias, os tabus, os heróis, as normas, os procedimentos, o

processo de comunicação e os símbolos, adotados pela empresa.

A cultura organizacional tem funções positivas como o senso de identidade, o

comprometimento, a estabilidade do contexto social, e também possui funções

negativas como barreiras à diversidade e à mudança.

O profissional de Recursos Humanos (RH) tem uma função crucial no

diagnóstico empresarial, por ficar a par das situações existentes e por ter condições de

preparar projetos, no caso de necessidade de intervenção.

Por isso, existem algumas providências que facilitam a sondagem desse

profissional, como: a busca de referências de ex-colaboradores, em associações

profissionais e em recrutadores de executivos que prestam serviço à empresa; o estudo

da empresa, através de seu site; a observação do ambiente físico, de fotos, do vestuário

dos funcionários, do mobiliário, do espaço entre os colaboradores; a análise do

tratamento entre as pessoas que o profissional de Recursos Humanos deve fazer através

de uma investigação de campo; a caracterização do estilo dos funcionários: jovial,

formal, sério, dentre outros; a existência de regras e regulamentos impressos em

manuais de política de pessoal, observar se são detalhadas; a averiguação, através de

perguntas iguais para diversas pessoas, se as respostas são similares ou não; o

conhecimento do histórico dos fundadores da empresa, bem como dos dirigentes atuais,

Page 35: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

35

se foram promovidos ou se vieram de fora; a existência de treinamento e

desenvolvimento: verificar se a empresa se preocupa em integrar os novos funcionários

e mantê-los atualizados, através de programas de treinamento; a verificação, com

diferentes gerentes, de como definem sucesso, em relação ao atendimento ao cliente,

cumprimento de prazos, dentre outras metas; e a análise pelo profissional de RH sobre

as abordagens realizadas em relação: à identificação de algum funcionário apto ao

sucesso; a algum funcionário inadaptado à empresa, a decisões não acertadas tomadas

por alguns gestores, à reação dos dirigentes, e ainda, ao aprendizado de tal profissional,

em sua experiência de trabalho de campo.

Em suma, para a realização de mudança nos processos internos de uma empresa

que envolva a cultura organizacional é imprescindível a atuação do segmento

responsável pelos Recursos Humanos que tem como funções estratégicas difundir,

promover, manter e implementar as mudanças culturais.

Porquanto, as atribuições do RH são: definir os perfis compatíveis com os

valores da empresa para serem utilizados em um processo seletivo; criar programas de

treinamento e desenvolvimento, com foco na história da organização; definir plano de

carreira e critérios de avaliação; preparar palestras com ênfase em funcionários com

comportamento exemplar, conotados como heróis; veicular estórias que fortaleçam

valores, e ainda, definir e interpretar mensagens adequadas através de matérias de

imprensa de veiculação interna ou ainda pela intranet.

Page 36: A CULTURA ORGANIZACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NOS … · 2 universidade candido mendes instituto a vez do mestre pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” natasha nunes fernandes a cultura organizacional

36

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Sandson. Relações Humanas nas Organizações. In: www.PensadorSA.org. Acesso em: 24/01/2011.

CARMAZZI, Arthur F. Fundador da metodologia de comunicação Directiva e Leadership Guru Top Global. In: http://www.recursosdeemprego.com/?p=767. Acesso em: 17/01/2011.

FLEURY, Maria Tereza Leme e FISCHER, Rosa Maria (coord.). Cultura e Poder nas Organizações. São Paulo: Atlas, 1989.

FREITAS, MARIA ESTER de. Cultura organizacional, grandes temas em debate. Revista de Administração de Empresas (RAE) da FGV, São Paulo, julho/setembro de 1991.

FREITAS, Maria Ester de. Cultura organizacional: formação, tipologias e impactos. São Paulo: Makron Books, 1991.

KISSIL, Marco. Gestão da Mudança Organizacional. Instituto para Desenvolvimento da Saúde / Universidade Federal de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública. Série Saúde e Cidadania, vol. 4, São Paulo, 1998. In: http://www.coladaweb.com/administracao/cultura-organizacional. Acesso em: 20/11/2010.

LEITE, Luciana. Consultora Máster e graduada em Ciências Econômicas. In: http://www.ucj.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=54. Acesso em: 19/01/2011. MAXIMINIANO, Antonio Cesar Amaru. Administração de projetos: como transformar ideias em resultados. 3ª ed., São Paulo: Atlas, 2009.

NASSAR, Paulo. História e cultura organizacional. In: Revista Comunicação Empresarial – Nº 36, 2000.

ROBIN, Stepzzen P. Comportamento Organizacional. São Paulo: Prendice-Hall, 2002.

SCHEIN, Edgar. Guia de sobrevivência da cultura corporativa. Rio de Janeiro: José Olympio Ed., 2001.

WAGNER III, John A. Comportamento organizacional. São Paulo: Saraiva, 1999.