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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA A DEFICIENCIA VISUAL Juciane Maino Monografia apresentada como requisite it obtenyao de P6s Graduar;ao, pela Universidade Tuiuti do Parana, sob orienta gao da Professora Orcezi. Curitiba, Agosto de 2002.

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

A DEFICIENCIA VISUAL

Juciane Maino

Monografia apresentada comorequisite it obtenyao de P6sGraduar;ao, pela UniversidadeTuiuti do Parana, sob orienta gaoda Professora Orcezi.

Curitiba, Agosto de 2002.

JUCIANE MAINO

A DEFICIENCIA VISUAL

Monografia apresentada como requisito a obten,.ao de P6s-Graduayao

pela Universidade Tuiuti do Parana.

Professora Orientadora: Orcezi

Prof.. _

URI

Prof .. _

URI

iii

AGRADECIMENTO

A Deus razaa de existir!Aos meus pais, pelo apoio,compreensao, amizade!Aos meus amigos, pelocompanheirismo.

DEDICATORIA

A meu Pai Jose Maino, pelo apoio.A minha mae Geni, pela compreensao.A todos as educadores deste pais!

SUMARIO

INTRODU<;AO ..

1 - ORGAO DA VlsAo ..

.. 01

.. 03

2 - ASPECTOS HISTORICOS DA DEFICIENCIA VISUAL ..

3 - A DEFICIENCIA VISUAL ...

. 06

13

3.1 - Cegueira .. .................................. 15

... 16

. 19

3.2 - Vi sao subnormal.

4 - A EDUCA<;Ao DE CRIAN<;AS COM DISTURB lOS VISUAlS ..

5 - ESTIMULA<;Ao PRECOCE NA DEFICIENCIA VISUAL ..

5.1 - NOl'oes Basicas de Estimulal'ao Precoce ..

5.2 - Areas a serem estimuladas ...

CONCLUsAo ..

.... 26

.26

.. 28

. 30

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .. ..... 34

vii

iNTRODU<;AO

Conforme dados da Organiza,ao Mundiai da Saude (OMS), aceita-se

mundialmente a estimativa de que cerea de 10% das popula90es apresentam

alguma excepcionalidade, portanto, e necessario que as pessoas S8

conscientizem de que a questeo da excepcionalidade e mais extensa e complexa

do que S8 imagina.

Antes de abordar a deficiencia visual e seus efeitos em urn individuo faz-s8

necessaria distinguir incapacidade e deficiencia. Uma incapacidade e uma

condi98o flsica ou mental que pode ser descrita em termos medicos. Ja uma

deficiencia e 0 resultado dos obstaculos que a incapacidade interpoe entre 0

individuo e seu potencial maximo. Sendo assim a incapacidade naD enecessariamente acompanhada de uma deficiencia.

Urn exemplo da afirma980 anterior e a de que se uma pessoa cega vivesse

em urn contexto nao-visual, sua falta de visao poderia nao Ihe causar obsta cui os

e, portanto, nao resultar em deficiemcia. Mas as pessoas cegas vivern ern urn

mundo onde 0 sentido visual e predominante. Onde ver comanda varias

atividades essenciais. Sendo assim, urna pessoa com ausencia total da visao au

com urn deficit visual bastante acentuado luta com dificuldades. Sua incapacidade

a exclui de uma plena participagao no ambiente.

Mas a graduag80 dessa deficiencia, a intensidade dessa deficiencia, nao

resulta apenas da incapacidade organica. Ela podera ser maior au menor

mediante a atitude que for tom ada frente a ela. Quanto maiores as restric;oes

impostas a um individuo que apresente uma incapacidade maior sera sua

deficiencia.

A vi sao nao e pura e simplesmente 0 resultado de um aparato

neurofisiol6gico pronto a atuar. Nao e uma maquina estanque, que precisa estar

intacta, pais caso contrario, limitaria a vida. A visao, assim como qualquer

percepc;ao depende da aprendizagem. Precisa nao s6 de uma maturac;ao

biol6gica, mas tambem de estimula~ao ambiental para se desenvolver. A crian~a

cega ou portadora de visao subnormal precisa de atenc;ao especial desde muito

cedo. Pais como mencionado anteriormente 0 grau da deficiencia sera

inversamente proporcional ao trabalho desenvolvido com 0 individuo.

Neste sentido este trabalho tern por objetivo levantar algumas questoes

acerca da deficiencia visual. Faz urn apanhado geral sabre 0 assunto e tern par

pretensao despertar no leitor a consciencia das dificuldades desta deficiencia.

Nao s6 as dificuldades dos deficientes, em termos individuais, mas tambem os

obstaculos que a propria sociedade colocou frente a educaC;ao desses individuos

ao longo do tempo. E ah§m disso, principalmente informar aos leitores que a

eficiencia visual pode ser melhorada e que urn portador de disturbios visuais pode

ser atuante e auto-suficiente na sociedade, alertando ainda para a necessidade

de uma boa especializac;ao educacional do docente neste sentido.

1- 0 ORGAO DA vlsAo

o ser humano "normal" depende demasiadamente da visao para obter

informa96es aeerca do meio ambiente, ela e geralmente considerada 0 senti do

humano predominante. A visao guia os movimentos, capacita 0 evitar quedas au

colis6es. A capacidade de ver depende primeiramente da existemcia integra de

cslulas especializadas capazes de responder a andas luminosas

(DAVIDOFF,2001,p.159).

As andas luminosas consistem em uma entidade abstrata chamada de

campo eletromagnetico. E impassivel descreve-Io de forma concreta embora seja

possivel falar das propriedades das ondas luminosas. A amplitude refere-se a

altura da enda. A frequencia e 0 numero de ciclos concretos da enda par segundo

expresso em hertz. 0 comprimento de onda e a distancia que uma enda percorre

durante urn ciclo completo. A medida que a frequencia de onda aumenta diminui

o seu comprimento e vice-versa. Celulas receptoras localizadas nos olhos

respondem a ondas entrantes em apenas um pequeno segmento do espectro

eletromagnetico, denominado espectro visivel ou luz visivel (DAVIDOFF,2001). E

e assim que vemos.

o olho pode ser descrito como uma camara escura com uma abertura

frontal, a pupila, que permite a entrada da luz. A Iris, 0 disco colorido que

circunda a pupila, contrala 0 tamanho da abertura. Quando a ilumina9ao e muito

fraca, a pupila aumenta para permitir a entrada do maximo possivel de luz.

Quando a ilumina9ao S intensa, a pupila diminui da tamanho para limitar a

quantidade de luz entrante.

A regiao do mundo que vemos em qualquer ponto e chamada de campo

visual. Uma imagem clara no campo visual e projetada para a superficie interna

posterior do olho, a retina. A cornea uma camada transparente que reveste a

parte visivel do olho, tern dupla lun9ao de proteger 0 olho e ajudar a locar 0

campo visual. 0 cristalino localizado atras da pupila, tambem esta envolvido na

focaliza9ao de imagens visuais na retina. Como uma camera fotografica, os olhos

focam as ondas luminosa de tal modo que a imagem e revertida de cima para

baixo e da direita para a esquerda (GUYON e HALL,1997).

A retina e composta de varias camadas de celulas incluindo bastonetes

que qualificam a luz e cones,que sao os responsaveis pelas cores e os detalhes.

Ambos, cones e bastonetes sao os receptores que respondem a luz. Cada olho

humano contsm aproximadamente 120 milh6es de bastonetes e cerca de sete

milh6es de cones.

Em intensidade luminosa de media a intensa, cones e bastonetes tornam-

se ativos. Sendo que os cones serao as celulas responsaveis pelo registra de

informa9ao de cor e detalhes, milhares de cones1 concentram-se de forma

compactada na macula, ponto central da visao, uma pequena depressao

I Rcspons;jvcis pclas £Q!£liic dct:llhcs b.astollcICs.,CJllalltific.1~10de h17_A a~Jo conjul1liv" destas cclulas rcsullamboa qualidndc visual.

localizada medialmente na retina humana. A organizatyao e a densidade dos

cones nesta regiao possibilitam um alto grau de acuidade visual (GUYTON e

HALL,1997).

Os bastonetes e cones sensiveis a luz convertem ondas luminosas em

sinais eh§tricos que serao transmitidos aos nervos opticos. Esses nervos enviam

mensa gens do campo visual ao cerebra. Os nervos opticos cruzam em urn ponto

charnado quiasma optico. Os nervos 6pticos ramificam-se e transmitem

informatyoes visuais para diversas regioes do cerebra. Ha dois centros principais

de processamento desses dados: os lobos occiptais no cortex e 0 coliculo

superior.

Os olhos estao em constante movirnento e estes sao ehamados

movimentos sacadicos, rapidos pulsos como se estivessem sendo tiradas uma

serie de fotos instantaneas. Os olhos tambem executam minusculos movimentos

semelhantes a um tremor ehamadas nistagma. Todo a mavimento ocular e que

possibilita a macula examinar amplamente os objetos e cenas do ambiente

(GUYTON e HALL,1997).

o ser humano chega ao mundo podenda descabrir seu meio ambiente,

entretanto tern um lango caminho a trilhar. Devera aprender a usar seu aparato

neurofisiologico; estando este intacto ou nao. Nao e possivel decodificar uma

sensaC;ao visual, isto e, nao e possivel perceber atraves da visao na auseneia de

aprendizagem anterior e estimulay:ao. No nascimento a retina esta incompleta e

os circuitos da visao nao estao total mente organizados. A percepy:ao visual ira S8

desenvolver atraves da maturac;ao biologiea natural e principalmente pela

sucessiva apresenta~ao de estimutos a crian~a (DAVtDOFF,2000).

2- ASPECTOS HISTORICOS DA DEFICIENCIA VISUAL

A historia dos deficientes visuais esteve constantemente ligada a urn lado

obscuro ande a sobrenatural muitas vezes prevalecia sabre a mundo real. SaQ

escaSSDS as documentos que relatam algo de concreto sabre a realidade da

deficiEmcia visual antes do infcio do sEkula XIX.

A Biblia Sagrada nos tras vagas ideias, porem validas. Segundo 0

evangelho, Cristo teria devolvido a viseD a alguns cegos, sendo urn deles de

nascen98. Eles sempre eram encontrados nas ruas a mendigar e a implorar

piedade

Para Barraga (1976) "cegas slio as criam;as que tem somente a percepr;lio

da luz au que naD fern nenhuma viseD e e que precisam aprender, atraV(~s do

braile e de meios de comunicaqao que estejam relacionados com usa da viseon

(p.14).

Todavia, esse conhecimento e atual, antigamente:

(~~ !!1~~:..tOTECA~~,\ ~"'';'"':';''''~'''f.!I''''''' I'~, .~•..

': °rjat 6-"Os judeus consideravam que a deficiemcia era urn fruta do

pecado, dos pais au da propria pessoa. Era uma especie de

maldi98.o divina. Com a evolw;:ao das ciemcias, apareceram

explic8t;OeS naturais para 0 fenomeno, como para todos as

outros que sempre fcram explicados pelo conhecimento

milico (RODRIGUES,1987,p.43).

Mas as idsias religi0585 demonstram a cultura de cada epaca e de cada

pava. Portanto deficientes visuais da antiguidade viveram numa condi~ao de total

marginalidade, condi~ao esta que nao teria se alterado ate 0 final do seculo XIX.

Os deficientes eram considerados pessoas invalidas e incapazes. Nas

comunidades primitivas, as individuos cegas eram abandonados.

Ao longo do tempo a hist6ria de exclusao do deficiente visual estava

intimamente relacionada a sua incapacidade de atuar socialmente. Embora hoje

haja recursos tecnol6gicos capazes de encurtar a distancia entre quem ve e

quem nao ve, sao poucos os cegos que estao no mercado de trabalho. Isto se

deve, em parte, ao preconceito e a rejeic;ao que crianc;as cegas enfrentam desde

o diagnostico de sua condiC;ao especial.

A partir do inicio do seculo XIX, a situac;ao da deficiEmcia visual passou a

ser alvo de preocupac;ao da comunidade. Comec;ou pela Franc;a que, na epoca,

mantinha 0 poder intelectual. Voluntarios iniciaram obras de protec;ao aos cegos,

tentando criar ambiente para que estes se reunissem e, assim, partilhando a

mesma situac;ao, pudessem sentir-se melhor, visto que na individualidade viviam

excluidos do proprio ambiente familiar.

Foi assim que surgiram as primeiras tentativas de alfabetizac;ao dos cegos,

sebretudo, a de adaptar as letras em pequenas chapas. Entretanto esse sistema

era dificil demais, pois cada letra precisava ocupar aproximadamente trinta

centimetr~s.

o problema da educaC;ao dos ceges s6 ficou satisfatoriamente resolvido

com a invenc;ao e adoc;ao do sistema Braille - processo de leitura e escrita por

meio de pontos ern relevo, hoje empregado no mundo inteiro. E um modelo de

16gica, de simplicidade e polival€mcia, que tem sido adaptado a qualquer idioma e

tipo de grafia.

o alfabeto Braille foi inventado em pelo educador frances Louis Braille,

cego desde os tres anos de idade. No come90 do secul0 XIX, foram feitas varias

tentativas de criar metodos que permitissem ao cego ler e escrever. A primeira

ideia consistia em imprimir letras em relevo sobre um papel especial, 0 que dava

a possibilidade de identificar suas formas at raves do tatoo Esses caracteres eram

lidos com facilidade por aqueles que haviam perdido a vi sao ao longo de suas

vidas, mas nao tanto pelos cegos de nascenC;a.

Braille aproveitou a ideia de gravar os sinais em relevo sobre 0 papel -

desenvolvida anteriormente pelo capitiio de artilharia Carlos Barbier de la Serre

(interessado pelo processo da escrita rapida e secreta, idealizou urn processo

destinado a valer 0 segredo de mensagens rnilitares e diplomaticas). Braille

utilizou outro c6digo alfabetico, sem rela9ao alguma com as formas dos alfabetos

latina e grego.

Seu sistema compoe-se de 63 matrizes que nao s6 representam as letras,

mas tambem os numeros, os sinais de pontua9ao e acentua980 e algumas das

silabas e contra goes mais usadas nos idiomas ocidentais. Adaptado pela escola

de Paris em 1854, logo se dilundiu par tada a mundo.

Cada matriz do sistema e form ada par duas fileiras verticais paralelas, que

podem canter tres pontos cada um. Cada sinal de leitura, seja letra silaba au cilra

au silaba, tem em relevo uma das possiveis combinagoes dos seis pontos

existentes. Assim, a tipo indicado pelas diferentes posigoes em que aparecem as

pontos em relevo assinala uma letra, urn numero, urn sinal matematico.

A fileira de numeros da esquerda leva a numeragao 1-2-3, e a da direita 4-

5-6. As combinagoes de pontos em rei eva estao ordenadas em uma tabua de

sete linhas horizontals. As cinco primeiras contem 10 matrizes, e as duas

restantes, seis e sete, respectivamente. As matrizes das tres primeiras linhas

indicam letras, numeros, e cinco palavras monossilabas de usa freqOente. As tres

seguintes silabas e sinais gramaticais assim como urn indicador de que 0

caractere seguinte e numerico. Na ultima linha se incluem caracteres que

permitem empregar adequadamente os anteriores: contragoes, maiusculas etc.

Em 1965 loi leita uma adaptal'ao do Braille, que incluia as simbolos

utilizados nas formas superiores da matematica e nas disciplinas tecnicas, 0 que

tornou possivel aos cegos ter aces so aos estudos cientificos.

A esc rita se realiza at raves de pranchas metalicas. 0 papel e colocado

entre elas: a prancha superior possui pequenas cavidades perfuradas com seis

orificios onde a escritor marca 0 sinal que deseja estampar. Esse trabalho se faz

da dire ita para a esquerda, ja que a papel lurado, ao ser invertido posteriormente,

e lido no senti do contrario. Com a invengao desse metodo, Louis Braille abriu aos

!O

cegos as part as da cultura, tirando-os de urna cegueira mental, abrindo-lhes

novas horizontes na ordem social e moral.

Na atualidade a tecnologia representa urna grande contribui980 para as

deficientes visuais. 0 Braille eletr6nico e exemplo disso, urn livra em Braille

tradicional que ocupava 2.000 folhas em format a A4 pode ser compactado em

apenas urn disquete. No mundo an de a comunic898o e tao importante, as

pessoas cegas podem valer-se alem dos livros em Braille, da leitura leita em voz

alta com a ajuda de voluntarios et principalmente dos recursos da ciemcia

eletr6nica (NOWILL,19-).

Alem dos cegos, as crian98s com baixa viseD tambem coms9aram a ter

espa90 e respeito social e educacional.

Em 1981, a Organiza9ao Mundial de Saude (OMS) patrocinou em Genebra

o primeiro encontro sobre a "UtiliZ8921o da Viseo Residual" Naquela reuniao S8

estabeleceram criterios de atendimento aos pacientes com visao subnormal. A

partir dai, ocorreram uma serie de progressos: novos materiais para treinamento

foram desenvolvidos, houve urn aumento na produ<;ao de recursos 6pticos

especiais, diversos paises criaram centros de visao subnormal, as estatisticas

estao urn pouco mais precisas e existe uma maior tendencia dos profissionais em

aceitar uma classifica9ao comportarnental I funeional para a baixa visao, do que

uma puramente elinica.

Em 1991 loi sugerido durante 0 none encontro do grupo de consultoria dos

Programas da Preven9ao da Cegueira da OMS em Banzire na Republica da

Zambia, que as crian98s com baixa visao deveriam merecer uma aten9ao

especial, principalmente no que se relaciona a promo9ao do seu desenvolvimento

II

e acesso a educac;ao. Compreendeu-se que seria importante obter dados

fidedignos sobre suas necessidades e sabre a magnitude do problema no mundo,

alem da cri8C;8o de uma nova definic;ao de visao subnormal baseada em seu

conceito fundonal.

Respondenda a esta proposta , a OMS convidou profissionais experientes

em visao subnormal infantil para que realizassem uma consultoria sobre este

assunto. Portanto, em 1992, em Bangkok, na Taili3ndia, a ICEVH e a OMS

organizaram uma reuniao, a fim de conceituar melhor as diferentes deficiencias

visuais e pensar em possiveis formas de trata-Ias, ameniza-Ias ou impedir sua

progressao integrando assim 0 portador da deficiemcia na sociedade ou ajudando-

o a deixar seu cotidiano mais pratico.

CrianC;8s com baixa viseD possuem necessidades especiais relacionadas

aD usa de sua viseD residual. Ela restringe, por exemplo, a experiEmcia de vida da

crianc;a, a sua velocidade de trabalho, 0 desenvolvimento motor, a orientac;ao e

mobilidade e a capacidade de realizar atividades praticas. Pode tambem afetar

sua educaC;ao assim como 0 desenvolvimento social e emocional. Existe um

consenso de que muitas crianc;as tem condi90es de aprender e frequentar

escolas comuns alternando a obtenc;ao de informac;oes tanto de forma visual

como de forma tactil. Crianc;as com baixa viseo nao necessitam e nao deveriam

ser educadas como se fossem total mente cegas. Portanto, e grande a

necessidade de se incentivar a usa eficiente da baixa visao atraves de um

programa de estimula~ao da visao residual. Mais do que defini~6es conceituais,

precisamos real mente transpor as limites no campo educacional para s6 entaD

12

fazer valer a constituic;80 e garantir 0 direito a educac;ao a to des. Nesse sentido

muito S8 ja evoluiu, mas ainda resta muito a S8 fazer.

A crianc;a e 0 adolescente tern direito a educac;ao visando 0

pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparando-as para 0

exercicio da cidadania e qualificac;ao para a trabalho,

assegurando-Ihes: igualdade de condiyoes para 0 acesso e

permanemcia na eseela, direito de se respeitado par seus

educadores (Estatuto da Crianc;a, Lei n° 8.069, artigo 53,

capitulo 04).

3- A DEFICIENCIA VISUAL

A pessoa portadora de deficiencia e a que apresenta, em compara,ao com

a maioria das pessoas, significativas diferenC;8s fisieas, sensoriais ou intelectuais,

decorrentes de fatores inatos au adquiridos, de carater permanente, que

acarretam dificuldades em sua interac;ao com 0 meio ffsico e social (Organizac;ao

Mundial de Saude/OMS,1969)

o portador de deficiencia visual e aquele que apresenta um impedimenta

total ou parcial na capacidade de percep,ao de imagens, decorrentes de

imperfeic;6es nas estruturas que com poe 0 sentido da viseo. Estes sao

classificados em dais grupos: pessoas cegas e de viseD reduzida ou subnormal

(BAR RAGA, 1978)

Segundo Kerk e Gallanguer (2000), a defini9ao de deficiencia enfatizava a

eficiencia visual, em bora esse padrao continue sendo usado uma definic;ao

funcional vern tornando seu espac;o dentre os te6ricos da educac;ao especial.

Essa definic;ao funcional enfatiza os efeitos da limitaC;80 visual sobre a habilidade

crltica da leitura. Atualmente vem se reconhecendo que 0 modo como a pessoa

utiliza a viseo e mais importante que a sua atividade visual medida.

14

Como ja foi dilo, Barraga (cilada par KERK e GALLANGUER,2000) dislribui

as deficientes visuais em tres categorias, e as term as utilizados par ela saO

congruentes com a nova tend€mcia de uma definiry80 funcional para a area visual.

Segundo esta autera a crianc;a cega e aquela que tern somente a percepC;8o da

luz au que tern nenhuma visa 0; necessitando assim de metodos como 0 braile e

meies de comunicac;ao e interaC;:8o que nao estejam relacionados com a visao. Ja

crianyas com visea parcial sao aquelas que tern limitac;ao da vi sao de distancia,

mas que sao capazes de ver objetos e materiais quando colocados a poueos

centimetros des olhos. 0 terceiro grupo, considerado par Barraga, sao crianc;as

com viseD reduzida mas que podem ter sua condiC;8o corrigida. Do ponto de vista

educacional, sao crian<;as que conseguem ler impressos a tinta.

A maioria das crianQas com deficiencia visual possuem algum grau de

visao. Mais de 30% das que frequentam escolas especiais para cegos possuem

um residuo visual que poderia ser utilizado em atividades cotidianas. 0 que falta

a essas crianQas e encorajamento para utiliza-Io e educadores que nao ignorem 0

problema.

Crianc;:as com baixa visao precisam ser trabalhadas dentro de suas

possibilidades, ampliando assim sua experiencia, seu desenvolvimento motor,

sua orientac;:ao, mobilidade e contextualizac;:ao atraves do incentivo a estimulac;:ao

da visao residual.

15

3.1 - Cegueira

o sensa comum da cegueira e a "ausemcia total da visao" parta uma leitura

leiga, porem, nao e bern assim. Ja houveram e ainda existe muito conflito nessa

definigiio:

Nos Estados Unidos, a cegueira e geralmente definida como

acuidade visual para distancias 20/200 au menos no olho

melhor, apos correc;ao, com acuidade de mais de 20/200, S8

o diametro maior do campo visual 5ubentender urn angulo

que nao seja maior do que 20 graus. As crianc;as com visao

parcial sao definidas como aquelas com uma acuidade visual

maior do que 20/200, mas que nao seja maior do que 20/70

no olho melhor ap6s correc;so (KERK e GALLANGUER,

2000, pAl.

Segundo a defini,ao da Politica Nacional de Educa,ao Especial', 0 aluno

cega e aquele que apresenta perda de visao em ambos as olhos, de menos de

0,1 no olho melhor e ap6s corre9ao, au urn campo visual nao excedente de 20

graus, no maior meridiana do melhar alha, mesma com a usa de lentes para

carre<;aa.

Para Bateman (1976) crian,a cega e "aquela com visao parcial em termos

do metoda que utilizam para aprender a ler. Em termos educacionais, crianqas

cegas sao aque/as que empregam a braile" (p.258). Barraga concorda com ela e

ainda diz que "a crianqa cega tem somente a percepqao da luZ' (p.14).

2 LivroOl, p.17

16

Nesse sentido, 0 cega nao Ie material impressa, 56 com metodos

especiais, mas a exatidaa da cegueira S8 can segue mais pela desenvoltura da

aprendizagem do aluno em relag80 a seu meio do que pelos conceitos cientificos

impregnados.

3.2 - Visao subnormal

~Visao subnormal e uma perda severa de visao que nao pode ser corrigida

por tratamento cJinico au cirurgico nem com 6culos convencionais" (Carvalho et

al.,1994,p.13). Ainda nessa categoria enquadram-se qualquer enfraquecimento

visual que resulte em deficit na capacidade funcional da pessoa afetada. A visao

subnormal pode ser de causa congenita, ocorrendo assim no nascimento.

Doen98s como a corioretinite macular por toxoplasmose, catarata congenita,

glaucoma congenita, atrofia congenita de Leber etc., sao causas cong€mitas da

visao subnormal. Doengas adquiridas como 0 diabetes, descolamento de retina,

glaucoma, catarata, degeneragElo senil de macula, traumas oculares tambem

podem ser causadores do deficit visual.

Sao diversas as fungoes visuais afetadas no portador de visao subnormal.

Dependendo da estrutura ocular problematica resultara 0 sintoma especffico

apresentado. Dependendo da patologia a deficiente visual paden; apresentar

problemas de acuidade visual, campo visual, adaptagao a luz e ao escuro e

percepgao de cores.

A acuidade visual refere-se a distimcia a que um determinado objeto pode

ser visto. Esta e fungao da macula, ponto central da visao. Uma regiao da retina

17

rica em cones, que como citados anteriormente sao responsaveis pela visao de

detalhes e cores. Ja 0 campo visual e fun gao dos bastonetes e refere-s8 ao

espa,o aplacado pela visao em um delerminado momenta (CARVALHO et

al.,1994). 0 metoda mais usado para medir a acuidade visual e a escola

optometrica de Snellen au teste do "Eo (gancho).

Consiste, pois, em apresentar com cartaz com os ~Es" isolados, variando

as posigoes e ensinando 0 aluno a indicar com a mao para que lado a letra esta

voltada, numa distancia de 5 metros. 0 cartaz uEs" em varias posir;6es e varios

tamanhos, nurn total de 10 linhas, em escala de tamanho decrescente. E

considerada visao normal a leitura da ultima linha da tabela.

Sensibilidade a luz, dar de cabe,a, estrabismo, tremor dos olhos,

lacrimejamento, palpebras franzidas, desatenryao na classe e na locomoc;ao

tambem sao sintomas de problemas visuais. 0 docente deve estar 8tento a tudo

isso.

A func;:ao visual pode ser melhorada atrav9s da estimulac;:ao, do treino e do

uso de auxilios especiais, os cham ados auxilios opticos. Com a devida avaliac;:ao

e intervenc;:ao, uma pessoa com visao subnormal, pode desempenhar atividades

cotidianas como uma pessoa que nao apresente deficit visual algurn. Esses

auxllios opticos ajudam a rnelhorar a vi sao atrav9s da magnificac;:so da irnagern.

Os oculos sao urn tipa de auxilia optico, muitos deficientes recebem a

indic8C;:so de uso de lentes comuns para corrigir erros de refra98o. Existern ainda

oculos especiais com lentes de grande aumento que servem para a facilitac;:so da

viS80 de objetos proxirnos. Lupas tarnbam sao consideradas auxilios opticos,

podem ser manuais au de apoio, servern para ampliar material de leitura.

Telescopios especiais tambem sao utilizados para potencializar 0 residuo visual

Pod em ser adaptados a oculos, constituindo a telelupa, ou podem ser manuals.

Servem para leitura no quadro negro, para leitura de perto e escrita, entre tanto

sao um sistema que restringe em demasia ° campo visual (CARVALHO et

al.,1994).

Modificac;6es ambientais como controle da iluminac;ao, transmissao da luz,

contrale da reflexao, acessorios como: suporte para leitura, canetas de ponta

porosa preta, papel com pautas pretas seo auxilios neo opticos ao portador de

viseo subnormal. Assim como aumento do contraste atraves da utilizac;eo de

cores, como por exemplo tinta preta em papel branco. Ampliac;ao de livros, jog os,

baralhos, agendas, dial telef6nico e maquinas de escrever com tipos ampliados.

Bern como a CeTV, um circuito fechado de televiseo que proporciona um maior

aumento do que os 6culos podem oferecer (CARVALHO et aI., 1994).

A falta de entendimento sobre a natureza e as consequencias da baixa

visao das crianc;as deficientes visuais parece ser 0 ponto principal das

dificuldades encontradas na sua identificac;ao e avaliaC;ao. Em muitos paises

desenvolvidos, os profissionais da area de saude sao treinados para identificar

anomalias congenitas. Ha programas on de criam;:as sao submetidas a triagens

regula res de saude ocular e registros especiais para grupos de alto risco (p.e.

aqueles com historia familiar, ou portadores de sindromes que podem apresentar

alterac;6es oculares).

Na sala de aula, uma especializac;eo docente nesse sentido se faz urgente

a fim de que nenhuma crianc;a com deficiemcia visual seja excluida ou nao

trabalhada em todas as suas possibilidades.

4 - A EDUCACAo DE CRIANCAS COM DISTURBIOS VISUAlS

Como ja sabemos, visao subnormal refere-s9 a urna perda severa de visao

que nao pode ser carrig ida atraves de tratamento clinica, cirurgico ou 6culQ!;i

convencionais. Tambem diz raspeito ao enfraquecimento visual que causa

incapacidade funcional e diminui a visao.

As causas dessa perda podem ser congenitas (ocorridas no nascimento)

ou adquiridas (doeng8s que prejudicam a visao).

Urn individuo com visao subnormal pode aeabar comprometendo Qutras

func;oes, tais como:

a) Acuidade visual

b) Campo visual

c) Adapla9iio a luz e ao escuro

d) Percep9iio de cores.

Outro termo que necessita ser retomada e a visao parcial. Para Barraga

(1978) crianc;:as com visao parcial sao aquelas que "tern limitar;oes da visao da

disfancia, mas que sao capazes de ver objetos e materias a poucos centimetros

e, ou no maximo a meio metro de distilncia" (p.14).

JO

Ainda em Barraga, "a visao reduzida e a caracteristica teristiaca da crianq8

considerada com visao, se esta puder ser corrigida" (p.14).

Ja a baixa visao, segundo 0 CIO, refere-s8 a: "todo individuo com idade

abaixo de 16 anos com acuidade visual corrigida no melhor olho, inferior a 6118

(0,31), mas igual ou superior a 3160 (0,05)". Estas crianc;as precisam ter um bom

acompanhamento para que sua visao naD S8 deteriore ainda mais. A baixa visao

e mais urn estado funcional do que uma expressao numerica da acuidade visual,

pensando em visao subnormal. Existem autores que diferenciam a visao

subnormal da baixa visao enquanto Qutros as citam como sinonimos e Qutros

colocam-nas uma dentro da Dutra, como variantes de urn mesmo problema.

Seja qual for a deficiencia detectada, 0 educando merece ter seu direito aedUC89ao e a cidadania. Sendo assim, 0 principal passo nao e conceituar, mas

sim, desenvolver estrategias, metodologias e recurs os para educar e inserir

plena mente est a crianc;a em seu meio.

Partindo dos conceitos, anteriormente citados, a identificay80 de uma

crianya, com deficiencia visual acentuada, e facilmente realizada pela professora

regente. Se esta crianc;a for totalmente cega sera possivel observar uma falta de

expressao facial animada, uma dificuldade acentuada de orientayao espacial, 0

aspecto do globo ocular, etc. Essa natureza evidente da deficiemcia e muitas

vezes prejudicial ao convivio social e a adaptagao desta crianya. E comum que a

professora, quando nao especializada, enfatize a incapacidade deste aluno ao

inves de primar pelo desenvolvimento da sua potencialidade. E comum que a

presenya de urn aluno deficiente desperte urn sentimento de impotencia. Essa

atitude inicial de valorizar as dificuldades, nao s6 manifestada pela professora

mas tambem pelas outras pessoas que convivem com a crianya,

negativamente a capacidade de auto-realiza9ao da mesma.

Essa atitude de campaixao para com as cegos tem raizes profundas na

cultura ocidental. Ela nao foi de todo ruim, pais estimulou a cria9ao de programas

educacionais especializados aos deficlentes visuais. Entretanto esses primeiros

programas nao tinham a finalidade de transformar a portador de disturbios visuais

em uma pessoa auto-suficiente, e sim amenizar as dificuldades enfrentadas por

essas pessaas.

E de estrema importancia que a concep9ao de que a portador de

deficiemcia visual nao e apenas urn individuo cega, isto a, que apresenta a

ausencia de urn sentido, seja difundida nos meios sociais. Mesma privado de um

senti do, 0 cego e ainda capaz de vir a conquistar a auto suficiemcia economica, e

pessoal se Ihe for afertada uma educayao que aproveite ao maximo suas

capacidades. A medida que cres9a 0 numero de adultas, portadores de

deficiencia visual, auto-suficientes a cancepy80 de piedade para com esses

individuos tendera a desaparecer (JOHNSON et aI., 1982).

A primeira escala para crianyas cegas foi fundada em Paris, no ana de

1784, por Valentin Hauy. 0 que da um status recente a educag80 especial

voltada para deficientes visuais. CinqOenta anos mais tarde faram implantados

programas de educa98a para cegos nos Estados Unidos da America. Inicialmente

essas escalas eram em regime de internata, 0 mesmo modela foi adotado no

Brasil com 0 ad vento da implanta9ao de programas especlais para os deficientes

visuais.

22

Os internatos mudaram muito com 0 decorrer do tempo e a crescenta

implanta<;ao de escolas publicas que atendiam a mesma clientela. Uma critica

acentuada devido a institucionaliza<;ao dos cegos em regime interna passou a ser

difundida. Essas criticas afirmavam que a institucionaliza<;ao privava 0 portador

de deficiencia do convivio com seus familiares e Qutras crian<;as de visao normal.

Uma educa<;ao em comum entre videntes e deficientes visuais foi prevista

par varios pioneiros na educa<;ao de cegos. Inicialmente salas para crianCY8s

cegas fcram implantadas nas escolas regulares. Sendo assim as crian<;as cegas

continuavam segregadas e tinham apenas oportunidades acasionais de conviver

com as crian<;8s videntes; tad a seu dia escolar se passava na classe especial.

Sendo assim a unica vantagem dessas salas em relac;:ao aos internatos era a de

que as crianc;:as podiam retornar as suas casas apes as aulas. Existem

pouquissimas dessas salas atualmente, as program as educacionais tem evoluido

para uma perspectiva integrada e quase lodas as classes especiais oferecem

alguma participa,ao com as crian,as normais (JOHNSON et al.,1982).

Essas classes, que priorizam a integrac;:aa, sao organizadas em esquema

cooperativo e em sala de recuperac;ao. Dentro do regime cooperativo a crianc;:a ematriculada na classe especial, mas freqOenta aulas com crianc;:as normais

durante uma parte do dia escolar. No segundo plano a crianc;:a a matriculada na

classe regular e recorre a sala de recuperac;:ao para abter assistencia naquelas

disciplinas em que encontra maiores dificuldades.

Programas separados para criangas lotalmente cegas e para aquelas

porladoras de visao subnormal tam bam sao e foram comuns ao longo da histeria.

Os internatos costumavam admitir seus alunos baseados no grau da cegueira e

lJ

as metodos de ensina eram basicamente tateis. Esse procedimento acabava par

resultar em prejuizo para aquelas crian98s que possuiam urn pequeno residua

visual, mas que poderiam ser estimuladas a utilizar esse residua e ler textes

ampliados. Esses programas separatistas tambem eram desvantajosos em

relac;c3o a atitude do professor para com a portador de visao parcial. Essas

criany8s erarn consideradas par professores de cegos como sendo passiveis de

serem alfabetizadas pelo metoda tradicional, enquanto a Dutro professor as

julgava incapazes de lerem textas impressas (JOHNSON et aI., 1982).

Cada vez mais tern decrescido 0 numero de crianc;as com visao subnormal

educadas em classes especiais. Em virtude das novas tecnologias e do crescenta

estudo ace rca da visao subnormal essas crian<;as tern sido incluidas ao ensino

regular. Atraves de urn trabalho especifico de reabilita<;ao, em contra-turno, e de

adapta<;oes ambientais e curriculares nas classes comuns essas crianc;as podem

ser integradas. A estimulac;ao para 0 usa de seu residua visual, bem como a

potencializar de seus demais sentidos serao facilitadores da aprendizagem; seja

no ensino especial ou no regular.

Existem diversos fatores que alteram a integrayao do aluno com visao

subnormal nos programas educacionais. 0 ingresso na vida escolar pode

desencadear muito estresse nestas crianc;as, pais proporciona mudanc;as

significativas em sua vida, rotina diaria. Essas mudan9as provocam medo, urn

medo intense frente as novas situac;oes a serem enfrentadas, frente aos

obstaculos a serem superados. E importante que 0 professor atue como um

mediador facilitando a adaptayao da crianc;a a nova realidade, cabe a este

24

profissional instigar a auto-suficiencia do aluno, promovendo assim uma maior

auto-aceita<;ao. 0 que minimizara suas limita<;oes.

A aceita9ao e flexibilidade do professor em rela9ao a limita9ao do aluno eum dos principais fatores que afetam a sua integra9ao. Uma atitude positiva, de

toda a equipe pedagogica da escola, e de estrema importancia para a

permanencia do portador de visao subnormal no ensino comum. 0 professor deve

sempre valorizar os progressos do aluno, enfatizando seus aeertos atraves de

elogios verbais. A realidade individual do aluno deve ser conhecida pelo

professor, sendo importante 0 conhecimento do diagnostico, do auxiJio optico que

e utilizado etc.

o aluno portador de deficiemcia visual deve ser incentivado sempre a

participar das atividades escolares 0 que resultara em um melhor aproveitamento

do conteudo academico e melhor convivio com os colegas. 0 professor deve

respeitar 0 tempo do aluno, pois 0 mesmo pode demorar mais que as outras

crian<;as na realiza/yao de algumas atividades. 0 portador de necessidades

especiais nao deve ser super-protegido, isso significa que deve-se cobrar do

mesmo persistencia, disciplina e organiza<;ao.

A fadiga visual deve ser evitada. E importante que as atividades em

classes sejam alternadas com momentos de descanso. Pode-se alternar a leitura

e a escrita com perguntas orais, com trabalhos de arte, entre oulros. 0 uso

constante da visao nao prejudica sua condic;ao apenas causa desconforto e po de

resultar em desvio da aten9ao do conteudo que esta sendo trabalhado. Uma

alternativa valida e pedir que 0 aluno feche os olhos por alguns minutos, para em

seguida retomar as atividades. Quando 0 residua visual e muito pequeno a

25

crian9a necessitara de orienta9ao acerca do espa90 fisico da escola para facilitar

sua mobilidade e orienta9ao.

o aluno nao necessita de compreensao apenas na escola, mas tambem da

parte de familiares e amigos. A postura da familia e de todos as pessoas do

grupo social a qual ela pertence e um fator determinante no progresso desse

aluno, seja nas atividades academicas, nas atividades de vida diaria, bem como

no seu desenvolvimento pessoal (CARVALHO et al.,1994).

Modifica90es ambientais, para facilitar 0 desempenho do portador de visao

subnormal, foram citadas anteriormente como auxilios nao opticos capazes de

melhorar a condi9aO visual. Agora serao abordadas algumas adapta90es

ambientais em carater espedfico de sala de aula.

Para facilitar a leitura na lousa 0 aluno deve ocupar uma posi9ao

estrategica, deve se posicionar em frente a mesma, no centro da sala, com

exce9c30 se enxergar melhor com urn dos olhos. Se a aluno usar urn auxilio optico

como 0 telescopio devera posicionar-se a uma distancia fixa da lousa; conforme

especifical'ao do oftalmologista. Nao havendo uso de um auxilio optico 0

professor devera permitir a aproxima9aO do aluno a lousa sempre que

necessaria.

Devido as particularidades focais de cada aluno, de sua acuidade e do

auxilio optico utilizado uma aproxima9aO do material podera facilitar a leitura, ao

inves de prejudicar a visao como muitos creem. Quanto maior a magnifica9aO da

lente menor devera ser a distfmcia da leitura. Tambem sao validos as usos de

suportes que podem adequar satisfatoriamente a distfmcia do material

(CARVALHO et aI., 1994).

5 - ESTIMULACAO PRECOCE NA DEFICIENCIA VISUAL

5.1- No,oes Basicas de Estimula,iio Precoce

A crianC;:8que apresenta deficit visual merece especial aten<;ao no periodo

que vai do nascimento ate as tres anos de idade, a carencia de estimulos visuais

pode acarretar diferentes graus de retardo no seu desenvolvimento

neuropsicomotor (CASTRO, 1994). As atividades moteras como alcan,ar objetos,

engatinhar ou andar poderao S8 atrasar em varies meses em crianC;:8s deficientes

visuais, mesmo nao sendo porta dar de outras deficiencias.

A estimula9~iO atraves de uma educaC;:8o sistematica das crianc;;as

portadoras de deficiencia visual deve comec;ar 0 mais ceda passivel, pois nessa

faze inicial, "ocorrem mudam;as importantes no desenvolvimento do controle

fisi%gico dos movimentos dos o/hos, da acomodaqao, da convergencia e do

refinamento e clareza da acuidade visual para a percepr;ao visuaf' (BAR RAGA e

MORRIS, 1985); portanto uma estimulagiio adequada conduz a uma melhora

sensivel na qualidade do desempenho visual.

Muitas vezes em crianc;as menores com desenvolvimento motor normal,

uma deficiencia visual pode passar despercebida, pois ate essa faixa etaria, 0

mundo da crian,a e limilado a objetos grandes e proximos.

a tornar-S8 evidente a partir do momento que ere seem as exigencias e niveis de

complexidade.

E de grande importancia a ctetecyao da baixa acuidade visual logo nos

primeiros anos de vida. A avaliac;:ao podera ser feita a partir de pesquisas de

antecedentes pessoais, familiares e gestacionais. Poderao ser observados

sintomas caracteristicos de deficiencia visual; como a falta de atenc;:ao visual;

aproximac;:ao excessiva de objetos, desvios oculares ou perda da fixac;:ao visual.

A crianc;a portadora de deficiencia visual deve ser encaminhada a urn

programa de estimulaC;8o precoce, ende reeebera orientaC;:8o adequada e

especifica. Aprender como utilizar 0 residua visual, requer urn trabalho especifico

que podera ser cabal do desenvolvimento global e a melhor momenta para que

este trabalho seja iniciado e a primeira infancia.

Segundo Antunes (nao publicado), a estimula,ao precoce tambem econhecida como: estimulac;:ao essencial, intervenc;ao precoce, intervenc;ao

essencial, estimulac;ao pSicomotora precoce, estimulac;ao pSicomotora. A mesma

consiste em um treinamento que visa prevenir ou corrigir disturbios do

desenvolvimento infantil. E urn trabalho de treinamento para facilitac;:ao da

maturac;:ao das func;oes psicomotoras que ainda nao se estabeleceram e ja

deveriam ter se estabelecido em etapa anterior do desenvolvimento da crianc;a.

Ainda referindo-se a autora citada acima os objetivos da intervenc;:ao

precoce e estimular 0 desenvolvimento de estruturas do sistema nervoso que

responderao pelas atividades psicomotoras cada vez mais complexas. Bern como

exercitar a crianc;:a nas areas motora, cognitiva, linguagem, social, e pessoal.

28

Buscando que a crian~a torne-S8 apta a crescer em igualdade de condic;oes com

urna crianC;:8 normal.

5.2 - Areas a serern estimuladas

Antes de iniciar urn programa de estirnulaC;:8o precoce e necessario

CQnhecer as condic;:oes individuais da crianC;8 que sera trabalhada. 0 diagnostico

do oftalmologista e de extrema importimcia, entretanto 0 objet iva devera sempre

focar 0 que pode ser melhorado e nao 0 deficit apontado pelo especialista. 0

profissional a ser respons;3vel pelo trabalho de estimulaC;8o deve conhecer a

desenvolvimento normal para que possa avaliar 0 grau de retardo que seu cliente

apresenta. Com base em urna avaliaC;8o adequada urn programa efetivo podera

ser adaptado a realidade da crianC;8. Determinadas areas, ande 0 atraso e maior,

receberao urn tipo de atenc;ao, bern como areas que encontram-se perto do

padrao de normalidade serao tratadas de forma diferenciada. E como 0 cerebro

funciona como urn todo integrado, sempre que determinada area estiver sendo

trabalhada haven; uma total estimulagao da fungao cerebral (ANTUNES, nao

publicado).

o trabalho com a area motora envolve tanto as grandes movimentos

corporais como os movimentos de coordenac;ao motora fina. A motricidade geral

sera desenvolvida atraves de sensa90es tateis, cinestasicas, afetivas e

proprioceptivas.

29

Na area cognitiva 0 trabatho sera voltado para a coordenay8o 6culo-

matara, para alcanc;ar eoisas e solucionar problemas. Deve-s8 privilegiar 0

desenvolvimento do raciocfnio e 0 conhecimento at raves de atividades criativas

que instiguem a imagina980 e a fantasia

o trabalho com a linguagem envolve a reag80 da criang8 a express6es

faciais e corpora is, ge5t05 balbucios e fala. Atividades que levern a compreensao

e expressao da linguagem devem ser privilegiadas.

Na area social 0 trabalho basico sao os programas que desenvolvem as

atividades de vida diaria, que alem de propiciarem uma melhor integrag80 social,

contfibuem para a auto-suficiencia e auto-conceit a positiv~.

Como citado anteriormente 0 profissional respons;3vel pelo trabalho da

estimulagao deve conhecer bem ° estado atual do bebe, observando ° que ele

sabe livremente fazer. As atividades devem ser propostas sob a forma de

brincadeiras, visto que 0 brincar e indispensavel para 0 bom desenvolvimento e,

tambem, desperta 0 interesse da crian9a. Brincar ajuda no desenvolvimento

global da crian9a, tanto na aprendizagem, como na visao, audi9aO, linguagem,

mobilidade e comportamento. Brincando a crian9a faz um treino para a

sobrevivencia. Aprende sobre ela propria, sobre os outros e sobre 0 mundo onde

vive. A medida que etapas VaG sendo superadas 0 plano de trabalho tera que ser

adaptado a nova realidade para que a crian9a possa seguir em frente;

progredindo 0 maximo possivel (ANTUNES, nao publicado).

CONCLusAo

o que e urn portador de necessidades especiais? Frente a esta indagag80

pode-s8 citar inumeras concepr;6es. A mais comum e aqueta que ve a pessoa

especial como alguem que passui deficiemcias 8, portanto, e inca paz de

desenvolver-se como uma pessoa Unormal". Essa concepg8o pode ser denominada

como a concepg8o da falta, da incapacidade. Felizmente existe urn novo paradigma

que parte das possibilidades a serem desenvolvidas nestes individuos que

apresentam necessidades especiais. Esta e a concepg8o da potencialidade.

Ao privilegiar as potencialidades a serem desenvolvidas nao esta ocorrendo

uma nega~o da existencia de urn deficit real, e sim, nao enfatiza-se aquilo que nao

pode ser feito, pela existencia de uma limita9ao fisica, mental ou sensorial. Trabalhar

com 0 que pode ser realizado, melhorado, entre outros, implicara na compensac;:ao

daquilo que falta por uma forma alternativa de executar tarefas e viver como

qualquer ser humano. A natureza e sabia e dotou 0 organismo de uma infinita

capacidade de adaptac;ao e diferencia9ao comportamenta1.

Ao focar-se no deficiente visual, tanto aquele que possui urn residua visual,

quante aquele que possui ausemcia total da visao, e prudente que se deixe de lade

31

as suas impossibilidades e busque-se 0 desenvolvimento de suas potencialidades.

Os portadores de visao subnormal podem aprender a usar seu residua visual,

mesma que minima, podem S8 valer de recursos opticos 8, a que e de estrema

importancia, devem aprender a usar seus sentidos integros para atuarem

satisfatoriamente no meio academico e social.

Tanto a criany8 dita normal quanta aquela que passu; necessidades especiais

possuem urn aparato neurofisiologico que possibilita a execuc;ao de inumeras

tarefas. A matura9fio desse aparato fisiol6gico va; influenciar diretamente 0

desenvolvimento biopsicosocial da crianc;a. Entretanto a desenvolvimento global e

de habilidades especificas nao depende apenas da matura9ao biologica, para que

uma crianc;a S8 desenvolva ela precisa experienciar 0 mundo, ela precisa de treino e

estimula98o.

E ai que entra a estimulag80 precoce, sendo ela urn conjunto de tecnicas

aplicadas a crian9as de a a 3 anos que apresentem atraso em seu desenvolvimento

ou que sejam crianc;as de alto risco. Essas tecnicas compreendem uma gama de

atividades ludicas a serem mediad as par uma equipe multidisciplinar. As atividades

devern ser preparadas de acordo com as necessidades especificas da crianc;a.

Ao se tratar de um deficiente visual, 0 profissional responsavel pelo trabalho

procurara desenvolver ao maximo 0 sentido visual, que esta comprometido, bem

como os outros sentidos, que gra9as a plasticidade organica iraQ funcionar como

compensay20 ao deficit apresentado. Oentro de um programa de estimulayao,

sendo ela precoce ou nao e de estrema importancia 0 treinamento nas atividades de

vida diaria bern como 0 a orientayao aos pais para que contribuam ativamente para

o progresso de seu filho.

32

Essas atividades iraQ permitir que 0 deficiente visual caminhe rumo a

independencia. E isso vai muito alem do fazer sua propria higiene, vestir-se

adequadamente, portar-se de maneira satisfatoria a mesa e nas mais variadas

situac;6es cotidianas. Atraves da capacitac;8.o 0 sujeito liberta-se da ajuda e da

Prote98.0 excessiva, e motivado para 0 crescimento pessoal par meio de atitudes e

valares positiv~s, melhorando 0 auto-conceito e contribuindo para a real inclusao

social.

A crianr;a com baixa visao nao deve ser protegida em demasia; ela pode e

deve participar da majoria das experjencias comuns as erian98s de sua idade. Essas

crianc;as podem se desenvolver plenamente com muito amor, boa orientac;ao e

participayao e envolvimento de toda a familia no desenvolvimento de suas

potencialidades.

A crian9a que ve bern, aprende muito par imitac;:ao. A que enxerga pouco, nao

paden do imitar, precisa desenvolver a visao e as outros sentidos para aprender e

fazer as eoisas. Seu aprendizado podera ser demorado e ela demorar mais tempo

para identificar e entender um objeto. Portanto, deve manipular 0 objeto e despertar

sua curiosidade, a mediador nao deve forc;ar nada e sim ajuda-Ia a perceber 0 tOdo,

suas partes, detalhes, nome, funtyao. Deve-se usar brinquedos e variar as

brincadeiras para que a crian9a nao se canse. (brinquedos coloridos, sonoros e

iluminados). Os brinquedos sao bons recursos para incentivar 0 usa da viseD e dos

outros sentjdos. Brincando as crianc;as entram em contato com diferentes cores,

texturas, formas, tamanhos, sons.

33

A participar;80 da crianc;a na vida social e muito irnportante. Eta deve

relacionar-se com ami gas vizinhos, participar na comunidade da escala, igreja,

bairro, pais oferecem muitas oportunidades para a aprendizagem social.

Deve-s8 acreditar no potencial da crianc;:a e desenvolve-Io ao maximo, com

muita determinar;ao, cren~, amor e carinho; principal mente respeitando-8 como ser

humano.

o educador precisa e deve estar aberto a esse desafio ande S8 comprov8, em

crian~s com deficiencia visual ou cegueira que tiveram oportunidade de educar;ao

condizente as suas caracteristicas, que 0 conceito de unormal" esta lange de ser urn

conceito fachadc e imutaveL Os diferentes tambem podem percorrer e atingir seU$

abjetivos.

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