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TRABALHO REALIZADO NO ÂMBITO DO MESTRADO EM ENSINO DAS ARTES VISUAIS | FÍSICA E QUÍMICA NO 3º CICLO DO ENSINO BÁSICO E ENSINO SECUNDÁRIO OBSERVAÇÃO E ANÁLISE DE PRÁTICAS E CONTEXTOS EDUCATIVOS
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UNIVERSIDADE DE AVEIRO | 2010 MESTRADO EM ENSINO DAS ARTES VISUAIS | FÍSICA E QUÍMICA NO 3º CICLO DO ENSINO BÁSICO E ENSINO SECUNDÁRIO OBSERVAÇÃO E ANÁLISE DE PRÁTICAS E CONTEXTOS EDUCATIVOS
A Formulação de questões dos alunos no
clube de matemática (actividades de
enriquecimento curricular)
DOCENTE: PROFESSORA DOUTORA MARIA HELENA PEDROSA DE JESUS DISCENTES: JOSÉ CARLOS MARTINS, MARINA PRIOR E PAULO SANTOS
1
Índice
1. Introdução ................................................................................................................... 2
2. Questão – problema e objectivos ................................................................................ 3
2.1 Questão – problema ............................................................................................ 3
2.2 Objectivos ........................................................................................................... 3
3. Enquadramento teórico ............................................................................................... 3
3.1 O Questionamento .............................................................................................. 3
3.2 As perguntas dos professores .............................................................................. 4
3.3 Funções das perguntas dos alunos ...................................................................... 6
4. Metodologia ................................................................................................................ 7
4.1 Processo de observação ....................................................................................... 7
4.2 Processo global seguido ...................................................................................... 7
4.3 Recolha de dados e calendarização ..................................................................... 9
4.4 Observação directa .............................................................................................. 9
4.4.1 Observação naturalista .................................................................................... 9
4.4.2 Gravação áudio ............................................................................................. 10
4.4.3 Transcrição .................................................................................................... 10
4.5 Observação indirecta ......................................................................................... 11
4.5.1 Entrevista ...................................................................................................... 11
5. Participantes e contexto do estudo ............................................................................ 12
5.1 O Clube ............................................................................................................. 12
5.2 Os alunos ........................................................................................................... 12
5.3 A professora ...................................................................................................... 13
5.4 A escola ............................................................................................................. 13
6. Análise e discussão dos resultados ........................................................................... 13
6.1 Classificação das perguntas dos alunos (nível cognitivo) ................................. 14
6.2 Classificação das perguntas dos alunos quanto à sua função ........................... 15
6.3 Análise da entrevista ......................................................................................... 16
6.4 Análise movimentação da professora ............................................................... 17
7. Conclusões ................................................................................................................ 18
8. Reflexão Crítica ........................................................................................................ 19
9. Referências bibliográficas ......................................................................................... 20
10. Anexos .................................................................................................................. 22
Anexo 1 – Deslocação da professora (1ªaula) (2ªaula) (3ªaula)
Anexo 2 – Transcrição das aulas (2ªaula) (3ªaula)
Anexo 3 – Grelha de classificação das perguntas quanto ao nível cognitivo
Anexo 4 – Grelha de classificação das perguntas quanto à função das perguntas dos
alunos
Anexo 5 – Entrevista realizada à professora
Anexo 6 – Guião da entrevista
2
1. Introdução
Hoje em dia as actividades de enriquecimento curricular (na qual se incluem os Clubes)
continuam a servir de estudo a alguns investigadores (Barber et al., 2003), designadamente no
que concernem as suas consequências no desempenho académico. A Reorganização Curricular
no Ensino Básico prevê a realização de actividades de enriquecimento curricular. O artigo 9.º do
Decreto-Lei nº 6/2001, de 18 de Janeiro refere:
(…) as escolas, no desenvolvimento do Projecto Educativo, devem proporcionar aos alunos actividades de
enriquecimento do Currículo, de carácter facultativo e de natureza eminentemente lúdica e cultural, científico e
tecnológico, de ligação da escola com o meio, de solidariedade e voluntariado e da dimensão europeia da Educação.
As actividades de enriquecimento curricular conduzem a um aumento do interesse do
aluno, principalmente quando este é colocado numa situação de controlo pelas suas próprias
aprendizagens, formulando questões, que contribuem para o aumento da sua autonomia,
proporcionando-lhe maior motivação e auto-estima.
O sucesso extra-escolar podem demonstrar ao jovem que este tem talento e capacidades,
impedindo que se sinta um fracassado, com objectivos a atingir. É, contudo, essencial que se
saiba reintegrar estas competências no domínio académico, podendo o aluno verificar que o seu
desenvolvimento nesta área acarreta uma maior eficácia ao processo de ensino-aprendizagem.
(Marsh, 1992) refere que as actividades extracurriculares contribuem para uma maior
aproximação do aluno, relativamente à escola e aos valores da escola, exponenciando deste
modo, e ainda que indirectamente, o seu rendimento escolar.
Os Clubes, além de serem espaços onde os alunos podem aprender coisas diferentes de
uma forma divertida e agradável, servem para os alunos conviverem e conhecerem novos colegas
da escola de anos diferentes e, por vezes, professores que não os da turma. Os Clubes podem,
ainda, ajudar os alunos novos na sua integração na comunidade escolar. Freire (1980) refere que
para além do desenvolvimento cognitivo, as actividades extracurriculares têm como mais-valia a
oportunidade de oferecer aos jovens, novas experiências, compreender melhor as suas realidades,
melhorando assim o seu bem-estar fisco/mental e social, contribuindo para uma melhoria no
modo como se relacionam e valorizam.
É neste contexto que surge a pertinência deste trabalho, o qual pretende caracterizar a
formulação de perguntas por parte dos alunos, durante as aulas do “Clube de Matemática”
(doravante, também pelas siglas, CM), do 2º Ciclo do Ensino Básico, no âmbito das actividades
de enriquecimento curricular.
3
2. Questão – problema e objectivos
2.1 Questão – problema
De acordo com (Dillon, 1988) a pouca investigação existente, no que respeita a acção
questionativa por parte dos alunos, é justificada pela quase inexistência de um número suficiente
de questões por estes colocadas e não, propriamente, pela falta de interesse dos investigadores.
Por conseguinte, o problema em estudo na nossa investigação reside na observação das perguntas
que são formuladas pelos alunos nos Clubes Escolares, nomeadamente no CM – inserido nas
actividades de enriquecimento curricular, enquanto ambientes informais de aprendizagem –, e
compreender o papel deste (clube) enquanto fonte de interesse por parte dos alunos, nele
inscritos.
2.2 Objectivos
No sentido de compreendermos o questionamento dos alunos no CM, definiram-se os
seguintes objectivos de investigação para a consecução do nosso trabalho:
Caracterização da formulação de perguntas por parte dos alunos, quanto ao nível
cognitivo e suas funções;
Compreender a motivação dos alunos no âmbito do CM;
Descrever a movimentação da professora face às actividades desenvolvidas em
contexto de aula.1
3. Enquadramento teórico
3.1 O Questionamento
Por que é que os alunos não têm por hábito questionar e dirigir as suas perguntas ao
professor? Ao expor uma pergunta, esta exige um ambiente de confiança, onde os alunos possam
descrever claramente as suas dificuldades e conflitos. (Dillon, 1981: 136) refere que os alunos
não colocam questões uma vez que: “(…) they fear a negative reaction from the teacher and also
from their fellow students” .Graesser & Person (1994), citados por Souza & Moreira e Van der
Meij (1994), citado por Moreira (2006) referem que a aptidão ou habilidade verbal da pessoa
afecta significativamente a formulação das questões, ou seja é preciso encontrar as palavras
correctas de forma a estruturar a questão, veiculando, deste modo, a sua ideia. Apesar da noção
1 Por aula, entenda-se as actividades desenvolvidas no „Clube da Matemática‟.
4
que defendemos (do domínio das questões formuladas na sala de aula ser da responsabilidade do
professor, permitindo, ao longo dos tempos, mais hipóteses e alternativas de investigação), de
acordo com as novas abordagens educativas centradas no aluno, os investigadores tendem a
procurar uma maior autonomia e responsabilização destes através do seu questionamento.
Vários estudos têm sido realizados nos diferentes níveis de ensino e em diversos países,
os quais parecem indicar que a baixa frequência das perguntas dos alunos em sala de aula é um
fenómeno universal, assim “ (…) encouraging children to talk and share ideas is important for
social, linguistic and intellectual development.” (Dillon, 1988). Por vezes, tal é uma
consequência da falta de encorajamento por parte dos professores em relação aos alunos, ainda
em tenra idade. Também Alcock citado por Moreira (2006) refere que as poucas questões
formuladas pelos alunos se devem à pouca iniciativa destes, tornando-se ainda mais evidente
com o aumento da idade e avanço no seu percurso escolar. Por outro lado, Berlyne & Frommer
citados por Moreira (2006), descrevem que com o avançar da idade a sensibilidade para se
detectarem falhas na informação aumenta, sendo que as questões formuladas são mais precisas
diminuindo, deste modo, o número de questões formuladas. Por outras palavras, a idade é
considerada um aspecto preponderante no número e qualidade de questões colocadas.
Em relação ao número de questões formuladas pelos alunos, (Pedrosa de Jesus, 1996)
afirma que os alunos colocam, em média, uma pergunta oral por semana. No que concerne a sua
qualidade, estas são questões de escassa interpretação com baixo nível cognitivo, i.e., que não
obrigam a grandes inferências, raciocínios, pensamentos avaliativos ou aplicação de novas
ideias.
3.2 As perguntas dos professores
Graesser & Person, citados por Moreira (2006), referem que ao invés da frequência com
que acontecem as perguntas dos alunos, o número de perguntas dos professores é
substancialmente mais elevado, representando 96% do total de perguntas no âmbito de uma aula.
Um estudo conduzido por Pedrosa de Jesus (1987), revelou que os professores fazem em média 2
a 3 perguntas por minuto. A classificação das perguntas dos professores pode ser efectuada de
diversas formas. Pedrosa de Jesus (1991) refere que as perguntas podem ser organizadas em duas
grandes categorias: (i) perguntas “abertas” e (ii) perguntas “fechadas”. Assim, as perguntas
“fechadas” caracterizam-se por, geralmente, oferecerem respostas precisas, sendo normalmente
curtas e apresentando pouca variação. Relativamente às perguntas “abertas”, estas implicam uma
variedade de respostas que objectivam desenvolver o pensamento do aluno e que podem revelar
um maior nível de conhecimento relativamente à temática apresentada pelo professor. Numa aula
5
em que predomine o uso de perguntas “fechadas” estas terão como consequência um maior apelo
à memória, sendo uma aula “facilmente controlada” pelo professor. Contrariamente a esta
concepção as aulas baseadas em questões “abertas” o seu controlo poderá fugir ao domínio do
professor, contudo, os alunos expõe de uma maneira mais dinâmica os seus pensamentos e
conceitos sobre as temáticas abordadas. Assim, a promoção das formulação de perguntas
“abertas” permite ao aluno expressar-se através das suas próprias ideias e palavras, enquanto que
o uso exclusivo de perguntas “fechadas” cerca o aluno não lhe permitindo desenvolver o seu
pensamento.
Relativamente ao nível cognitivo das perguntas dos professores, (Pedrosa de Jesus, 1991)
estabeleceu as seguintes categorias:
. Conhecimento-memória, caracterizadas por serem fechadas e de baixo nível cognitivo,
que recorrem à memorização/relembrar de informação facilmente disponível, como por exemplo
– (sete vezes quatro?);
. Pensamento convergente, caracterizadas como fechadas de baixo nível cognitivo,
envolve a análise e integração da informação fornecida ou relembrada conduzindo a uma
resposta esperada e conhecida antecipadamente, como por exemplo – (Por que é que são rectas
perpendiculares?);
. Pensamento divergente, caracterizadas como perguntas “abertas” sendo de alto nível
cognitivo, permitindo formular hipóteses e fazer inferências permitindo ao aluno ter a sua
concepção sobre o assunto, como por exemplo – (Se a variação de entropia do universo é sempre
superior a zero, isto é, se o universo tende para a desordem, como se formam estruturas como os
planetas, sistemas planetários?”);
. Pensamento avaliativo são perguntas “abertas” de alto nível cognitivo requer que o
sujeito ao responder, exprima o seu julgamento, opinião justificando a sua escolha defendendo a
sua posição, como por exemplo – (Qual é a sua opinião sobre as principais contribuições das
tecnologias da informação e multimédia aplicadas à arte contemporânea?).
(Pedrosa de Jesus, 1991), considera ainda mais duas categorias: rotina e retórica. Sendo
que as perguntas de rotina fazem parte do tipo de questões que os professores utilizam na
condução de uma aula de forma a testarem a compreensão dos alunos, como por exemplo –
(querem fazer uma visita de estudo?). As perguntas consideradas de retórica são formuladas sem
que o professor tenha intenção de obter uma resposta, sendo usadas no intuito de se reforçar uma
determinada mensagem, como por exemplo – (Um ângulo recto tem 90º, certo?).
Apresentamos, de seguida, um quadro resumo, relativo à classificação das perguntas
quanto ao nível cognitivo:
6
Baixo nível cognitivo Alto nível cognitivo
Perguntas Fechadas Perguntas Abertas
Conhecimento/
memória
Pensamento
convergente
Pensamento
divergente
Pensamento
avaliativo
Quadro 1 – Classificação das perguntas quanto ao nível cognitivo
3.3 Funções das perguntas dos alunos
Conforme anteriormente referido, a maior parte das investigações conduzidas sobre
questionamento, baseavam-se nas questões colocadas pelos professores, ignorando as dos alunos.
Num estudo realizado em contexto português com alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico, Pedrosa
de Jesus (1991) constatou que as perguntas dos alunos apresentavam funções várias, tais como:
procura de concordância e/ou apoio; confirmação de “fracções” de informação; pedidos de
informação; pedidos de clarificação; procura de orientação na identificação ou resolução de
problemas; procura de orientação quando fazem inferências ou testam hipóteses; perguntas de
rotina/questões para gestão da aula.
A autora conclui que, neste estudo, as principais funções das perguntas dos alunos foram
pedidos de informação e clarificação (53%), para as perguntas de solicitação de concordância
e/ou apoio (17%) e as perguntas de rotina com uma percentagem significativa (13,7%). No que
respeita o nível cognitivo mais alto, apenas (6%) das perguntas revelaram um pouco mais de
raciocínio, sempre que os alunos procuravam orientação na identificação ou resolução de
problemas ou quando se faziam inferências ou, até mesmo, quando testavam hipóteses. Outra
categorização, já abordada nas perguntas dos professores, é a que abrange duas categorizações,
ou seja, as perguntas “abertas” e perguntas “fechadas”, pese embora existam outras hierarquias
de perguntas, de acordo com a investigação pretendida, tal como a autora refere nas perguntas
dos professores, a saber: conhecimento-memória; pensamento convergente; pensamento
divergente; pensamento avaliativo; rotina e retórica.
No estudo referido anteriormente a autora analisou as questões formuladas pelos alunos
quanto à sua função e quanto ao seu nível cognitivo determinando, assim, uma relação entre o
nível cognitivo e a função das perguntas, tal como o exposto no quadro seguinte:
7
Função Nível Cognitivo
Informação Conhecimento/memória
Explicação
Pensamento convergente Clarificação
Confirmação
Levantamento de problemas Pensamento divergente
Avaliação Pensamento avaliativo
Quadro 2 – Sistema de classificação para as perguntas dos alunos: função e nível cognitivo. (Pedrosa de
Jesus, 1991).
4. Metodologia
4.1 Processo de observação
Em pleno processo metodológico nenhum método de recolha de dados deve ser excluído,
as técnicas seleccionadas deverão ser aquelas que melhor se adeqúem a cada situação. Todos os
dados recolhidos são importantes para a elaboração de um trabalho, uma vez que é em ambiente
de sala de aula que o aluno coloca as suas questões e expõe as suas dúvidas, tendo em conta toda
uma atmosfera criada em torno do aluno, com uma abundância de estímulos e incentivos.
Neste pressuposto, objectivou o nosso trabalho empírico recorrer, numa primeira fase, a
uma “observação naturalista” visto se tratar de “uma forma de observação sistematizada,
realizada em meio natural e utilizada desde o século XIX na descrição e quantificação de
comportamentos do homem e de outros animais (…) e a sua função primeira é a de recolher
informações sobre o objecto tomado em consideração” (Estrela, 1994: 45). Com base neste tipo
de observação, pretendeu-se observar todos os acontecimentos, acções, comportamentos e
perguntas colocadas pelos alunos dentro da sala de aula. Relativamente ao posicionamento
assumido pelos observadores, este caracterizou-se por uma observação não participante,
distanciada do observado, não integrando a vida deste. Quanto à diferenciação do grau de
inferência, a observação realizada tendeu para um grau de inferência fraco, registando-se, apenas
o que se viu, e ouviu, sem se preocupar com o valor da sua representação.
4.2 Processo global seguido
O presente estudo foi organizado da seguinte forma: numa primeira etapa, procedeu-se a
uma recolha de informação sobre o funcionamento dos clubes e sua implementação na esfera
8
escolar, através de documentação existente e de legislação por parte do Ministério da Educação,
legitimando a sua existência.
«Ao acaso», dirigimo-nos à Escola Básica com 2º Ciclo de São Bernardo em Aveiro,
onde obtivemos a informação da existência de vários clubes, mas que, devido ao número
reduzido de alunos que compunham os mesmos (menos de 5 cada), optamos por observar o
“Clube de Matemática”, que continha um número superior (8 alunos).
De seguida, e devidamente autorizados pela Escola, procedemos à nossa primeira
observação naturalista, realizada a 23 de Março (14:35 – 16:05 horas). Assim, começámos por
registar a planta da sala de aula, a disposição dos alunos e da professora, a formulação de
perguntas colocadas, pelos alunos, bem como algumas deslocações da professora de acordo com
o desenvolvimento das actividades.
Face à dificuldade em encontrar Clubes com o número de alunos superior a 5, a nossa
investigação levou-nos a procurar outras escolas que conduzissem o nosso estudo a uma possível
comparação entre os mesmos. Dirigimo-nos, por isso, à Escola Secundária Mário Sacramento e a
sua direcção, informou-nos do funcionamento de um clube de Energias Renováveis no âmbito
das Ciências, que se desenvolvia à 2ª feira das 09:00 às 12:00 horas. Deste modo, foi-nos
permitido assistir à aula, contudo, deparámo-nos com uma aula a decorrer, nomeadamente de
Área de Projecto de 12.º Ano de Escolaridade, do curso de Economia, em que os alunos se
encontravam a desenvolver um trabalhos, já em fase de acabamento, com total autonomia não
tendo, talvez por esta razão, formulado qualquer tipo de questão. Quanto ao desempenho dos
professores, estes assumiram um papel de orientadores/gestores de aula face à tarefa executada
pelos alunos.
Visto termos constatado não existir qualquer tipo de relação entre o CM anteriormente
observado, nomeadamente o nível de formação dos alunos, claramente distinto, tal como a faixa
etária e dado que, afinal, não se tratava de um Clube mas da leccionação de uma área disciplinar
em pleno desenvolvimento de actividades (Área de Projecto), optámos por abandonar esta
observação, uma vez que (em nossa opinião) não fazia sentido estabelecer um elo de ligação
entre realidades distintas. Decidimo-nos, por isso, a estabelecer o enfoque do nosso trabalho de
investigação, apenas, no “Clube de Matemática”.
Após esta decisão voltamos mais duas vezes a observar as actividades do clube. Para as
segunda e terceira observações foi previamente definido que cada observador iria observar
situações distintas. Assim, o primeiro (observador) ficou encarregue de registar as questões
colocadas pelos alunos à professora. O segundo procedeu ao registo da deslocação da professora
9
dentro da aula (anexo 1) e o terceiro ficou incumbido de registar a movimentação dos alunos
durante as sessões do CM.
4.3 Recolha de dados e calendarização
Ao longo dos anos têm sido desenvolvidos e implementados diferentes métodos de
observação de aulas, sendo que aos observadores cabe o papel de escolha do tipo de registo a
utilizar, de acordo com os seus propósitos de investigação, nomeadamente através da
visualização de aulas. Assim, e no que ao presente trabalho concerne, optámos, numa primeira
fase, por recorrer a um tipo de metodologia de observação directa, através de meios de gravação
áudio, registos gráficos e transcrição da aula, tendo, para o efeito, observado três aulas,
respectivamente dia 23 de Março (a primeira), dia 20 de Abril (a segunda) e dia 27 de Abril (a
terceira), com um período de duração de 90 minutos das 14:35 às 16:05 horas.
Numa segunda fase, recorremos a um tipo de metodologia de observação indirecta, sendo
esta concretizada pelo recurso a uma entrevista, a qual foi produzida no dia 28 de Maio de 2010
pelas 12:00 horas com uma duração de 43 minutos. Não sendo possível o registo áudio da
entrevista, procedemos ao registo manuscrito da mesma.
4.4 Observação directa
4.4.1 Observação naturalista
De acordo com (Estrela, 1994) o observador tem, muitas vezes, que recorrer a técnicas de
observação que implicam o seu natural envolvimento, podendo, desta forma, caracterizar-se este
por “observador simples” – em que não participa nas actividades desenvolvidas no âmbito do seu
trabalho de investigação, ou por “observador activo” – que se envolve, de um modo dinâmico, no
estudo empírico, que se encontra a desenvolver.
No presente trabalho procedeu-se a uma “observação múltipla” (Estrela, 1994: 266-268),
mais visível nas segunda e terceira observações, tendo-se registado a planta da sala de aula (com
indicação da posição ocupada pelos alunos e da professora), o nome do estabelecimento de
ensino, a duração da aula (CM) e a identificação do professor responsável. Foi, ainda, atribuído a
cada aluno uma letra do alfabeto e à professora um signo em forma de círculo. Este
procedimento permitiu-nos uma observação mais ampla, em que recorremos a vários
instrumentos de registo, de modo a nos permitir uma melhor validação dos dados recolhidos.
Os observadores aplicaram técnicas de “observação naturalista” (Estrela, 1994: 36), de
forma a não interferirem em qualquer tipo de actividades que estivessem a ser desenvolvidas na
10
aula. O registo das situações ocorridas foi, sobretudo, efectuado durante o período de
observação, pese embora algumas vantagens e desvantagens desta técnica de recolha de dados,
nomeadamente
Vantagens: registo imediato e recente; boa gestão do tempo; o registo está disponível
imediatamente após a aula para discussão; o observador tem uma imagem geral do momento em
que se dá a observação.
Desvantagens: o observador tem de decidir imediatamente o que deve registar, pelo que
o registo pode ser subjectivo e inexacto; não permite rever as “cenas”; a presença do observador
pode influenciar o comportamento da turma.
4.4.2 Gravação áudio
Na observação directa, para além dos registos gráficos, foram utilizados meios de
gravação áudio com o intuito de num momento posterior de apreciação da aula (pós-observação)
aferir da existência da totalidade das perguntas colocadas pelos alunos. Contudo, e tal como no
processo anterior, também este evidencia algumas potencialidades, bem como constrangimentos,
senão vejamos:
Vantagens: bom registo sonoro que pode ser escutado várias vezes e servir como
confirmação para um registo escrito; pode utilizar-se um microfone para conseguir um registo de
qualidade do que é dito pelo professor e pelos alunos; os comentários do observador podem ser
registados numa outra cassete; permite a transcrição da aula.
Desvantagens: perda de informações relevantes, como expressões faciais, gestos,
linguagem corporal e movimentação na sala de aula; a qualidade do som pode ser imperfeita se
não for utilizado um microfone; dificuldade em identificar os autores das intervenções; o tempo
para análise é aumentado substancialmente.
4.4.3 Transcrição
Após ter-se escutado a aula em áudio, foi feita a sua transcrição, tendo este processo, no
seguimento do que anteriormente foi referido, de igual modo, apresentado algumas vantagens e
desvantagens, como por exemplo: (anexo 2)
Vantagens: permite uma análise muito detalhada em qualquer momento; possibilita uma
análise por parte de várias pessoas (fotocópias); o professor, em questão, pode trabalhar em
aspectos específicos da linguagem que utiliza, tais como a escolha de exemplos e analogias e a
adequação do vocabulário seleccionado.
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Desvantagens: perda de informações visuais e sonoras relevantes, como o tom de voz,
volume do ruído, ênfase; o processo de transcrição de aulas é dispendioso tanto em termos
financeiros como de tempo (uma só aula transcrita pode significar várias páginas); perante um
grande número de transcrições torna-se difícil escolher o que é mais pertinente para análise.
4.5 Observação indirecta
4.5.1 Entrevista
A entrevista é definida por (Haguette, 1997: 86) como um “processo de interacção social
entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objectivo a obtenção de
informações por parte do outro, o entrevistado”. A entrevista é a técnica mais utilizada no
processo de trabalho de campo. Através desta, os pesquisadores procuram obter informações,
consubstanciadas numa metodologia complementar de recolha de dados. A sua preparação
configura uma das etapas mais importantes no processo de pesquisa, requerendo tempo e
obrigando a alguns cuidados especiais, nomeadamente:
- O planeamento (ter, sempre, em vista o objectivo a ser alcançado);
- A escolha do entrevistado (deverá ser alguém com alguma familiaridade com o tema a
investigar);
- A oportunidade da entrevista (de acordo com disponibilidade do entrevistado e
entrevistador);
- Condições favoráveis, que possam garantir ao entrevistado a confidencialidade do seu
relato, bem como da sua identidade;
- A preparação específica do entrevistador, que consiste em organizar de forma correcta o
guião de entrevista, bem como a sua execução.
Quanto à formulação das questões, o pesquisador deve ter especial cuidado em não
elaborar perguntas arbitrárias, ambíguas, deslocadas ou tendenciosas, devendo, estas, serem
articuladas, tomando em linha de conta a sequência de respostas do entrevistado. Através de uma
conversa com objectivos, potencia-se uma verdadeira troca de significados, durante a qual os
entrevistados exprimem as suas percepções de um acontecimento ou de uma situação, as suas
interpretações ou as suas experiências.
No sentido de conhecer e compreender a opinião da professora relativamente à motivação
dos alunos no CM, as perguntas foram introduzidas na sequência da conversa e de acordo com a
sua pertinência, permitindo um todo contínuo que permitisse uma articulação entre as perguntas
e os elementos de ordem contextual, a fim de se evitar uma compartimentação dos temas
12
(Estrela, 1994). Assim, tanto quanto possível, deixou-se prosseguir o discurso, para que os
entrevistados falassem abertamente, com as palavras e a ordem que desejassem.
Existem vários tipos de entrevistas, que podem ser escolhidos mediante o tipo de
informação que se pretende. O tipo de entrevista por nós seleccionado, foi a entrevista semi-
estruturada. A razão de sua escolha deve-se ao facto de esta apresentar um maior grau de
flexibilidade ao entrevistador, nomeadamente na escolha e formulação de questões e de criar
oportunidades de adaptação ao entrevistado, possibilitando que este clarifique as suas posições,
corrigindo-as, se necessário.
5. Participantes e contexto do estudo
No sentido de melhor se caracterizar a situação observada, foram recolhidas e tratadas
informações referentes aos seguintes elementos estruturais: escola, sala, professor, grupo de
alunos e aulas observadas.
5.1 O Clube
De acordo com o Regulamento Interno do Agrupamento de Escolas de São Bernardo “Os
clubes formados e a funcionar no Agrupamento de Escolas regem-se por regulamentos próprios,
a aprovar em Conselho Pedagógico e dos quais conste:
a) os objectivos prosseguidos; b) as actividades a desenvolverem; c) a designação dos
responsáveis; d) as regras de funcionamento; e) os critérios de admissão; f) o local e horário de
funcionamento; g) avaliação das actividades.”
O CM, normalmente, decorre numa sala monobloco com material adequado e com jogos
de Matemática. Esta sala é composta por dez mesas de trabalho, vinte e uma cadeiras, uma
secretária para a professora, um armário de apoio onde se encontram os materiais a utilizar
dentro do clube e um quadro. Esta é uma sala com janelas, mas estas não se encontram ao nível
do olhar mas sim a um nível bastante superior o que impossibilita qualquer tipo de visibilidade
para o exterior.
5.2 Os alunos
O CM observado é composto por 8 alunos (3 raparigas e 5 rapazes), em que seis desses
alunos eram do 5.º Ano de Escolaridade e dois alunos do 6.º Ano de Escolaridade, com idades
13
compreendidas entre 10 e os 12 anos. A informação relativa aos alunos foi recolhida durante a
observação indirecta e através de entrevista à professora.
5.3 A professora
A professora responsável pelo Clube possui formação na área das Ciências, mais
precisamente, é licenciada em Matemática e já lecciona há vinte e um anos (estas informações
foram recolhidas através da entrevista realizada).
5.4 A escola
A Escola em que o CM decorre faz parte do Agrupamento de Escolas de São Bernardo.
Este Agrupamento está integrado na rede pública do Sistema Educativo Português e destina-se a
ministrar níveis de ensino que vão desde o Pré-Escolar ao 9º Ano de Escolaridade. Por isso, os
seus objectivos são os que estão definidos na Lei de Bases do Sistema Educativo,
nomeadamente: assegurar uma formação geral comum a todos os Portugueses que lhes garanta a
descoberta, o desenvolvimento dos seus interesses e aptidões, capacidade de raciocínio, memória
e espírito crítico, criatividade, sentido moral e sensibilidade estética, promovendo a realização
individual em harmonia com os valores da solidariedade social. O funcionamento da escola tem
incluído actividades lectivas e não lectivas, designadamente as Actividades de Enriquecimento
Curricular, cuja supervisão é da competência do respectivo Director, tendo por base o número de
turmas/grupos a acolher. As actividades lectivas desenvolvem-se em cinco dias semanais, de
segunda a sexta-feira.
6. Análise e discussão dos resultados
Foram observadas duas aulas no CM no contexto das actividades de enriquecimento
curricular. Na primeira aula foram abordados jogos lógicos e geométricos, sendo que na
segunda aula a abordagem aos jogos didácticos aportou para o contexto digital, nomeadamente
o jogo do Sudoku, realizado através da Internet.
Para uma melhor compreensão da complexidade das situações observadas, reservam-se
as secções seguintes que tivemos o cuidado de destinar ao seu desenvolvimento. Deste modo,
ao longo destas classificar-se-ão as perguntas quanto ao seu nível cognitivo (5.1.), função (5.2.),
bem como a respectiva análise dos resultados. De igual modo, proceder-se-á a um comentário à
14
entrevista realizada à professora (5.3.), bem como a uma apreciação sobre a sua movimentação
na sala de aula (5.4.).
6.1 Classificação das perguntas dos alunos (nível cognitivo)
Quanto ao número de questões colocadas pelos alunos durante as aulas de
enriquecimento curricular, estas foram em número, aproximadamente igual. Sendo que na
primeira aula foram registadas vinte e nove perguntas, por parte dos alunos, e na segunda aula
vinte e sete perguntas.2
Nível cognitivo 1ª Aula 2ª Aula Total Percentagem
(%)
Conhecimento /
memória 1 1 2 4
Pensamento
convergente 13 13 26 46
Pensamento
divergente 0 0 0 0
Rotina 14 11 25 45
Retórica 1 2 3 5
TOTAL 29 27 56 100
Quadro 3 – Nível cognitivo das perguntas dos alunos (anexo 3)
De acordo com esta classificação, verifica-se uma clara tendência por parte dos alunos
para formulação de perguntas do tipo “pensamento convergente” e “rotina”, relativamente às
perguntas de “conhecimento/memória”, estas foram pouco utilizadas, assim como as perguntas
de “retórica”, não tendo sido registadas perguntas do tipo “pensamento avaliativo” e
“pensamento divergente”.
Desta forma, podemos concluir que, em 56 perguntas, formuladas pelos alunos em duas
aulas, todas elas foram classificadas como perguntas “fechadas”, de baixo nível cognitivo, no
seguimento do estudo efectuado por Pedrosa de Jesus (1991), no qual é referido o baixo nível
cognitivo da maior parte das perguntas dos discentes. Este estudo aponta, também, para a
reflexão de Van der Meij (1994), descrevendo que estes, embora possam formular raciocínios de
2 Os quadros da análise do nível cognitivo dos alunos são apresentados no Quadro 1.
15
alto nível cognitivo. Na sua maioria, não possuem capacidades necessárias que lhes permitam
expressar/verbalizar/exteriorizar as suas perguntas, como se pode ver no gráfico1,
Gráfico 1 – Representação gráfica do nível cognitivo das perguntas colocadas pelos alunos
6.2 Classificação das perguntas dos alunos quanto à sua função
As perguntas dos alunos num total de cinquenta e seis, realizadas em duas aulas, formam,
também, classificadas quanto às suas funções apresentando-se os resultados no quadro seguinte:
Funções
Nºde
questões
(1ª aula)
Nº de
questões
(2ª aula)
Total Percentagem
(%)
Procura de concordância e/ou apoio 2 4 6 11
Confirmação de “fracções de informação 0 0 0 0
Pedidos de informação 3 1 4 7
Pedidos de clarificação 5 2 7 13
Procura de orientação na identificação ou
resolução de problemas 9 8 17 30
Procura de orientação quando fazem
inferências ou testam hipóteses 0 0 0 0
Perguntas de rotina/questões para gestão
da aula 10 12 22 39
Total 29 27 56 100
Quadro 4 – Função das perguntas dos alunos (anexo 4)
16
O quadro permite-nos verificar que as principais funções das perguntas dos alunos são
perguntas de rotina/questões para gestão de aula (39%), para as perguntas de procura de
orientação na identificação ou resolução de problemas (30%), as perguntas de pedido de
clarificação e informação (20%), para as perguntas de procura de concordância e/ou apoio
(11%). No que respeita as perguntas de procura de orientação, quando fazem inferências ou
testam hipóteses, não foram colocadas questões, assim como as perguntas de confirmação de
fracções de informação, onde os alunos não formularam, também, qualquer questão.
De acordo com a classificação das perguntas dos alunos, quanto à sua função e nível
cognitivo, mais uma vez apoiados no estudo de (Pedrosa de Jesus, 1991), verificámos que a
função das perguntas dos alunos está de acordo com os resultados obtidos quanto ao seu nível
cognitivo, tal como se observa no gráfico seguinte:
Gráfico 2 – representação gráfica da Função das perguntas colocadas pelos alunos
Conclui-se, assim, que nas aulas observadas no CM a média das perguntas formuladas
por cada aluno é de, aproximadamente, 3,5 por aula.
6.3 Análise da entrevista
Na análise aos dados recolhidos na entrevista realizada com a professora, (anexo 5 e 6),
estes não permitiram concluir qual a motivação dos alunos para a frequência do CM. Podemos,
contudo, e com base nos dados recolhidos, afirmar que estas actividades representam para o
aluno um acréscimo de motivação e vontade de aprender, de acordo com a opinião da professora,
17
tendo esta referido, como exemplo, um maior grau de liberdade nestas aulas, permitindo-lhes
trabalhar de forma colaborativa e social (em grupo).
Deste modo, citam-se de seguida expressões utilizadas pela professora, exemplificativas
de tais comportamentos, tais como: “no Clube de Matemática as coisas são mais práticas logo
exijo outra postura e não quero que os alunos se sintam obrigados a estarem ali, então deixo-os à
vontade. E na maioria, o trabalho é em grupo”; “(...) Liberdade que dou para escolherem os
lugares a ocupar.”; “Resta saber se o frequentam para completar a espera para a outra aula ou
não. Eles poderiam ocupar esse tempo de outro modo pois a Escola tem outras alternativas neste
horário; computadores e o Clube das Tintas. Também podem ser obrigados pelos pais. Mas como
têm “furo” até às 16:15 horas julgo que frequentam o Clube de Matemática por opção.” A
professora salientou, ainda, a importância do desenvolvimento destas actividades para o sucesso
do processo de ensino-aprendizagem, não só nos clubes escolares, mas, também, em outros
contextos educativos. Relativamente à colocação de perguntas por parte nos alunos, esta revelou
não percepcionar se os mesmos formulam ou não muitas perguntas, desconhecendo qual/quais
a(s) questão/ões que mais frequentemente colocam, referindo, ainda, que a colocação das
mesmas origina, por vezes, discussões, atropelos e agressões verbais entre os alunos, aquando do
início das actividades colectivas.
6.4 Análise movimentação da professora
Relativamente à movimentação da professora dentro da sala de aula, observou-se que
esta se movimenta com frequência acompanhando os alunos na realização das suas actividades,
com um „posicionamento de proximidade‟, ou seja, estar perto deles (mas sem os interromper
nas suas tarefas) transmitindo-lhes maior confiança na execução dos exercícios. Assim, ao longo
da aula, a professora aplicou vários modelos de controlo da turma („classroom management‟)
(Montgomery, 2002), nomeadamente o modelo 3Ms, (Management, Monitoring and
Maintenance), o qual compreende todo um conjunto de estratégias que a professora colocou em
prática na sala de aula, no sentido de ganhar e manter a atenção dos alunos, independentemente
dos conteúdos a trabalhar e das metodologias a empregar na sua abordagem.
Situações observadas durante as aulas do CM ilustram o exemplo que Montgomery
(2002) descreve. i.e., a professora pediu para os alunos executarem determinadas tarefas, o que a
maior parte deles fez. No entanto, alguns mantiveram-se na conversa (desafiando, deste modo, a
sua autoridade). Esta dirigiu-se-lhes «individualmente», convidando-os à realização do exercício
(regra geral este approach foi bem sucedido). Nas actividades de grupo verificou-se alguma
turbulência sendo que a movimentação da professora nestas situações foi fulcral, não só para
18
manter a ordem na sala de aula, bem como para acompanhar todos os grupos na realização das
suas actividades (começou, sempre, pelo grupo mais barulhento, no sentido de um melhor
controle na sala de aula, o que, grosso modo, foi conseguido).
Outro aspecto da movimentação da professora foi o acompanhamento in situ na
realização das actividades propostas. Ao longo destas a professora procedeu a alguns
comentários ao trabalho que os alunos se encontravam a realizar, no sentido de os incentivar.
Outro aspecto foi a abordagem cognitiva, por parte da professora PCI – Positive
Cognitive Intervention (Montgomery, 2002). A postura desenvolvida, nomeadamente em termos
da sua movimentação (constante), pela sala de aula, auxiliou os alunos na realização das suas
tarefas, através da proposição de comentários, propostas de ideias, sugerindo (outras) linhas de
orientação, em suma, contribuindo, de forma construtiva, para um aumento da qualidade do
trabalho dos alunos.
7. Conclusões
Através de uma recolha de dados por observação directa, realizada através de três sessões
de observação naturalista, com recurso a registo de notas, preenchimento de grelhas e tabelas e
de gravação áudio, bem como de uma sessão de observação indirecta através de uma entrevista
efectuada à professora de acordo com os objectivos propostos, conclui-se que a grande maioria
das perguntas, a esta colocadas pelos alunos, nomeadamente a nível cognitivo, são sobretudo de
rotina e pensamento convergente tendo estas como principal objectivo obter explicação,
clarificação e confirmação com vista à resolução das actividades propostas. Relativamente às
funções das perguntas colocadas pelos alunos verifica-se, uma maior relevância de questões de
rotina/gestão de aula, assim como de procura de orientação na identificação ou resolução de
problemas.
Em relação ao interesse e motivação dos alunos em frequentar o CM, conclui-se que a
escolha pode ter a ver com os seus interesses pessoais como argumenta Cooley (1995) quando
um jovem escolhe e se envolve numa actividade, está a desenvolver os seus interesses pessoais,
sendo que a assumpção de tal conduta pode contribuir para que nunca venham a surgir
comportamentos desviantes. Posição partilhada, também, pela professora do CM, que refere a
escolha deste clube em detrimento de outros clubes como o das “Tintas” e “Computadores”, os
quais funcionam ao mesmo tempo. Outra característica da frequência deste Clube é a posição
tomada pela professora em relação aos alunos, com uma postura mais livre deixando-os, por
exemplo, escolher o lugar onde se sentarem. Relativamente ao conceito de “Clube de
19
Matemática” a dinâmica da professora na realização de actividades de grupo, com jogos ligados
a esta área disciplinar, potencia o interesse dos alunos na disciplina, estimulando-os e criando
uma boa atmosfera ao seu desenvolvimento, o que contribui para um maior sentimento de
autonomia e motivação por parte destes.
Finalmente, no que concerne a movimentação da professora, verificou-se que face à
dinâmica da aula, esta foi uma constante, de acordo com as actividades em curso, sobretudo
quando estas exigiam a formação de grupos de trabalho, sendo que a sua movimentação serviu,
não só para manter a ordem na sala de aula, bem como para acompanhamento dos alunos na
realização dos exercícios propostos.
8. Reflexão Crítica
Este foi um tema que nos suscitou curiosidade desde o início, na medida em que, a
maioria dos estudos vigentes tratavam do questionamento por parte do professor e não dos
alunos.
No entanto no processo de investigação deparamo-nos com alguns constrangimentos e
limitações, sobretudo quando foi necessário partir para a observação directa. O facto de
laborarmos e residirmos a uma grande distância uns dos outros e da cidade de Aveiro fez-nos
colocar a possibilidade dessas observações serem feitas no local onde trabalhávamos, contudo,
concluímos que não seria o mais correcto, dada a proximidade existente no âmbito das relações
laborais diárias o que poderia condicionar a nossa investigação e resultados e até mesmo a
postura de quem iria ser observado. Optámos então por realizar o trabalho numa escola que
desconhecíamos.
A decisão de observar uma área diferente da nossa área de formação, neste caso a área
das ciências CM revelou-se uma mais-valia no modo como observámos. Se a observação fosse
feita dentro da nossa área poderia implicar possíveis tendências de juízos de valor ou
interferências.
Em último lugar, podemos igualmente referir que, na apresentação oral do nosso trabalho
surgiram alguns problemas técnicos, nomeadamente a incompatibilidade entre o computador e o
vídeo projector que não permitia a visualização do mesmo. Este problema implicou um atraso na
apresentação originando um maior nervosismo da nossa parte no que concerne a uma explicação
clara e explicita do processo de evolução do nosso trabalho. Outros aspectos que de igual modo
limitaram o trabalho de campo foram a escassez de tempo, a nossa inexperiência relativamente
ao modo como se processa uma investigação e a observação no contexto de sala de aula.
20
Sugerimos para futuras investigações, recolher a opinião dos alunos, através de realização
de uma observação indirecta, com uma entrevista, para assim se poder reunir dados suficientes
para confrontar com os restantes dados investigativos recolhidos.
Esta experiência vai ajudar-nos futuramente na docência, numa observação mais atenta
dos nossos alunos. É uma forma de auxílio para criar critérios e estratégias que melhorem as suas
aprendizagens e que vão ao encontro do que realmente necessitam. Também contribui para
percepcionarmos se o aluno se sente motivado e se está ou não a compreender o que é explicado.
Foi uma experiência única e inigualável, deixamos um apelo à continuação deste tipo de
investigações e de trabalho, na medida em que, ajudam à construção de um melhor professor e
fornecem experiência e aquisição de novos conhecimentos.
9. Referências bibliográficas
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21
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Van der Meij, H (1994). Student questioning: a componential analysis. Learning anda indivudaul
differences.
1
Aula de enriquecimento curricular, (clube de matemática) (1ª aula)
Professora - Já posso? Alunos - sim Professora - Olhem, para já vou fazer a chamada, e depois explico o que está a fazer estes senhores, está bem? Aluno - estão a avaliar? Professora - a avaliar quem? A mim? Só se for a vocês. Também, também vão avaliar o vosso comportamento, e levar alguns testemunhos para ver como vocês se comportam, por isso vamos lá ver… A Professora faz a chamada. E gera-se algum barulho na resposta à chamada… e com a troca de lugares Professora - em primeiro lugar vou explicar o que estes senhores estão aqui a fazer. Estes senhores estão aqui para assistir hoje não nosso clube, o que nos fazemos Aluno - Professora? Professora - Diz Gonçalo? Aluno - como os Professores se chamam? A Professora explica o que se desenvolve nas aulas… jogos didácticos, lógicos, geométricos Professora - Então é assim. Hoje dividíamos esta hora e meia da seguinte forma, metade do bloco vamos fazer esse jogo, depois vocês vão por o nome para eu corrigir em casa e na próxima semana entrego e corrijo com vocês. São coisa muito simples não tem nada de especial, nem tem nada a ver com as matérias das vossas aulas de matemática, são jogos lógicos e geométricos. Na outra parte vão utilizar os outros jogos, porque temos muitos jogos que estão nas caixas que alinda não explorarmos. Então cada um de vocês pega num lápis ou numa esferográfica. Alunos - não têm Professora - Quem é que tem para emprestar? Ninguém? Aluno - Ó João não tens? Aluno - escreves com a língua Risos gerais… A Professora distribui algumas esferográficas e lápis pela turma Professora - A quem é que falta material? Eu empresto! Eu não tenho assim tantos. Aluno - euuuuuuuuuuu Aluno - euuuuuuuuuuu Aluno - euuuuuuuuuuu Aluno - mas não era a lápis, stora? Eu prefiro lápis!
2
Professora - ai preferes? Então toma. Pronto agora não há esferográficas que cheguem, nem lápis. Aluno - ou lápis ou caneta… Professora - Pronto então vamos lá… Aluno - está toda a gente com caneta e eu não tenho caneta. (10.25) Professora - eu não tenho caneta, só tenho vermelha, só se emprestar a vermelha Aluno - toma… Professora - tem ali a do seu colega… Aluno – cinzenta Professora – Chiuuuuuu Professora - isto só são 3 jogos muito simples, vocês vão dar a resposta…. Já sabem que este tipo de actividade não tem qualquer avaliação em termos da disciplina de matemática. às vocês penam que isto tem a ver com a vossa avaliação. Não tem nada a ver…. Aluno - tem professora, tem… porque nós temos de saber contar… Professora - Não, não é isso… podes ter é de saber aplicar os conhecimentos de matemática, mas aqui não tem a ver com a avaliação da disciplina. Aluno - mas temos de saber contar… Professora - Ah sim. Têm de saber contar… Alunos - risos… Professora - Ó Gonçalo podes te calar só um bocadinho para ouvires?! Professora - Ora bem…o 1 exercício. Oiçam só um bocadinho… Ana… Aluno - desculpe Professora - atenção… quantos triângulos existem nesta figura… quero chamar atenção por um pormenor quando eu pergunto o número de triângulos podes ser constituído por um triangulo destes pequeninos, mas atenção, quatro destes triângulos pequeninos também formam um maior… não sei se estão a perceber o que eu estou a dizer… Alunos - simmmmmm Professora - Observem a pergunta, cuidado quando eu pergunto, quantos triângulos, é uma figura geométrica com 3 lados, pode não ser só estes pequeninos se juntar quatro já forma um triângulo maior. Forma ou não forma? Aluno - não sei… Professora - então olha aqui…isto não é um triangulo? E não tem quatro triângulos? Para se organizarem no vosso raciocínio eu sugeria o seguinte, e pode ser ai ao lado tem espaço, onde quiserem, com um só quantos tem? Isto é fácil, é só saber contar, até um Aluno do 1º ano consegue fazer isso, mas depois a seguir a um, quantos triângulos são precisos para formar um novo triângulo? Reparem, com dois triângulos não formam um triângulo pois não? Aluno - não
3
Professora - Nem com três Aluno - com quatro. Professora - Com quatro formam, então ponham ao lado, e com mais quatro também não conseguem fazer? Aluno - acho que sim, Aluno - acho que sim. Professora - É isso que tem de tentar fazer, tem de estruturar o pensamento para várias hipóteses, com um quantos obtenho? Com quatro quantos formam? E com mais de quatro? Depois no fim somam e dizem as hipóteses, entenderam? Alunos - simmm Professora - Alguns já estavam a dar a resposta com aquela forma que estava a pensar… além do quatro qual é o número que consigo formar um novo triângulo? Aluno - Eu já formei com oito Aluno - Também eu… Aluno - Eu fiz um com Nove Aluno - Nove? Professora - Mas isso é a tua resposta agora não vamos dizer Professora - Agora é assim fazem este e depois explico o próximo para não baralhar… Os Alunos fazem o jogo… e trocam impressões Professora - Olhem não tem interesse trocarem impressões, na próxima semana quando eu der a resposta definitiva e corrigir convosco eu digo qual é a resposta certa, agora eu só queria vocês fizessem… não vou fazer hoje a correcção para não ficar muito maçudo, mas na próxima semana eu levo para casa e vejo Professora - já está o primeiro? Aluno - professora pode ver se o meu está certo? Professora - Não vou dizer hoje… Aluno – Ohhhhhh Aluno - Cala-te Professora - Se eu disser, todos ficam a saber e não tem interesse, quero que todos pensem sozinhos. Isto não é para avaliação é só para raciocinarem um pouco, estruturarem o pensamento que é bastante importante e não se precipitem principalmente, porque normalmente a precipitação leva-vos logo a dizer quantos triângulos são só dos pequenos, já se lembraram de ver os grandes? Aluno - Professora, já podemos fazer este? Professora - Diz? Já todos reapoderam?
4
Aluno - 40 este aqui esta a baralhar os outros todos… Aluno - Cala-te Professora - Ó Gonçalo tens de estar caladinho Aluno - ele não sabe contar Aluno - Não é não, ele passou do 3 para o 40 Aluno - Heheheh Aluno - é. 1,2 ,3 4,5, 6 Aluno - Tu constas te os mesmos Professora - Pronto Hugo Aluno - Stora venha cá Professora não percebo uma coisa, este conta? Aluno - É falas, falas mas tu também não sabes! Aluno - Porque ainda não li… pimbaaaaaaaaaaaaaaaaa Aluno - Já leu uma, já leu duas, já leu três, quatro, cinco, seis… Aluno - Não eu sei contar. Aluno - Ah pois esqueci-me que não sabes contar Alunos. Ahahhahaha Aluno - Professora este aqui conta? Ou? Aluno - A Professora já vai explicar para todos Aluno - Não vai não Professora - Vou vou… Aluno - Pimba... Aluno - Podemos passar para o seguinte ou continuamos neste? Professora - Estava à espera de terminarem o primeiro para explicar o seguinte, também João? Aluno - Já fiz o primeiro. Professora - Já? Já posso explicar o segundo? Posso? Aluno - Pode Professora Professora - Como preencher o resto do quadrado com estes símbolos, de modo a que o mesmo símbolo não apareça por duas vezes, por tanto, não se pode repetir Aluno - Que fácil
5
Professora - Na mesma linha, por tanto estamos a falar de linhas na horizontal, na mesma coluna, na mesma diagonal. Atenção que neste quadrado encontram quantas diagonais? Isto é um quadrado! Quantas diagonais temos no quadrado? Aluno - 1,2,3,4,5,… Professora - No quadrado quantos diagonais tem? Aluno – 8 Aluno – 4 Professora - 4 Diagonais? Então quais são? O que é uma diagonal? Aluno – 5 Aluno é uma…. Aluno - É uma…. Aluno - É um x Aluno um x? Professora - Queres dizer intersectam se as diagonais?! Podem se intersectar ou não. Olhem é assim é vou dizer para quem não se lembra. Gonçalo posso? Aluno – Sim Professora - Então se não sabem ficam a saber ou lembram. Uma diagonal é um segmento de recta que une dois vértices não consecutivos, não seguidos, ou seja… Aluno, são paralelos? Professora - posso falar? Então deixa me acabar e depois perguntam, um quadrado tem 4 vértices certos? Eu disse que a diagonal é um segmento de recta que une dois vértices não consecutivos ou seja este vértice é seguido deste, isto não é uma diagonal pois não? Isto é o lado do quadrado, mas se eu unir este vértice com aquele, já é uma diagonal, tenho uma há mais alguma? Aluno - Há a de cima Professora - Então quantas diagonais tem o quadrado? Alunos. Duas Aluno – Duas Professora - Duas diagonais Aluno - Acertei Professora - Estava alguém a dizer que as diagonais se cruzavam não é?! As diagonais podem ou não cruzar-se porque é assim por exemplo. Hoje não tenho caneta…mas pronto. Se em vez de ser um quadrado for este hexágono a diagonal coma definição que dei, ora vejam, é um segmento de recta, que une dois vértices não consecutivos. Aqui estão os vértices do hexágono certo?! Tem seis vértices, isto não é a diagonal, mas se eu unir este vértice àquele já é uma? Diagonal! Se eu unir a este é outra, se eu unir a este é outra… estão a perceber o que eu estou a dizer?! Portanto temos aqui várias diagonais, mas que não se vão cruzar neste caso…isto para lembrar o que era a diagonal. Agora isto a propósito de quê? Porque no exercício dizia que vocês têm de colocar os símbolos de modo a não repetir duas vezes o
6
mesmo símbolo, nem em linha nem em coluna, nem em diagonal, isto para lembrar o que era a diagonal, portanto o símbolo não pode aparecer nem assim, nem assim. Aluno - Mas isso assim é confuso…devia ser só… Professora - Temos de pensar um bocadinho Aluno - Eu já vou a meio Professora - Se vais a meio pronto, enquanto eu faço a explicação o João vai andando… Aluno - Ó João já percebeste? Já? Eu não Professora - Portanto fazem o seguinte, como nem todos têm lápis, aconselho-vos a fazerem levezinho a esferográfica a simulação, depois se virem que é essa a posição correcta carregam mais um bocadinho Aluno - Eu não percebi. Aluno - Porque és totó Professora - Ó Ana… o que é que tu não percebeste Gonçalo? Alunos - Ruído Professora - Eu estou agora a falar com o Gonçalo, um de cada vez. Aluno - São estes símbolos que temos de por aqui? Professora - Claro tu tens aqui um… Aluno - então eu posso por aqui… Professora - Ó Gonçalo tu não percebes e não deixas explicar, nunca mais percebes, ouve. Tu tens cinco símbolos seguidos, certo? Um quadrado, um triângulo, um círculo, um losango e uma estrela. Eu quero que tu coloques estes mesmos símbolos em todo este quadrado mas com esta condição que te disse, não pode o mesmo símbolo aparecer duas vezes na mesma linha, na mesma coluna e na mesma diagonal. Por exemplo, vou dar um exemplo para ajudar. A linha não está completa a primeira, vamos por exemplo preencher a primeira coluna. O que é que eu sei? Se está aqui um quadrado, ouçam, se está um quadrado aqui no primeiro espaço, este quadrado vai poder aparecer em mais algum sítio nesta coluna? Aluno - Não Professora - Não se pode repetir. Vocês nunca fizeram sudoku? Aluno - não Aluno - não Aluno - eu já tentei mas é muito difícil Professora - Tudo bem… Aluno - Dá assim? Professora - Não estou a ver daqui… ó Gonçalo ouve, não vale a pena estares a fazer só assim e mostrares tens de preencher todo o quadrado com essas condições que te disse. É preciso pensar é…
7
Aluno - Isto é fácil demais para mim Alunos. Risos Professora - Tem de estar calados se não, não conseguem pensar… eu vou voltar a explicar para aqueles que têm duvidas. Todos estes símbolos, que são cinco diferentes, vão preencher o vosso quadrado, eu quero ver este quadrado cheio destes símbolos, só que não podem repetir o mesmo símbolo, na mesma coluna, ou na mesma linha. Reparem ali que ele está com os símbolos todos diferentes? Aluno - simmmmmmmm Professora - Reparem todos eles são diferentes porque é a condição. Não pode haver duas vezes os memos símbolos na mesma linha. Coluna ou na diagonal. Aluno - Professora eu acho me enganei! Aluno - apagas Aluno - apaga? Ta riscado com a caneta! Eheh Professora - Fazes o quadrado ao lado novamente e voltas a preencher Aluno - Professora mas pode vir aqui? Eu não posso fazer assim? Professora - Ó Gonçalo tu vais ter de preencher todos estes espaços com símbolos Aluno - ah… sim mas não é isso! Professora - Então? Aluno - mas tenho aqui este e não pode vir para aqui? Professora - Não pode! Então cabo de dizer que não pode aparecer o mesmo símbolo na diagonal, nem em linha nem coluna! Se tens aqui um quadrado e pões aqui outro quadrado não tens dois quadrados na diagonal? Aluno - tenho Professora - Então eu não estava a dizer que não pode estar dois símbolos na mesma coluna linha e diagonal? Aluno - Ó Professora não consigo fazer a coluna Aluno - Professora pode vir aqui? Pode estar aqui? Professora - pode só não pode é repetir o importante é ver esta algum símbolo a repetir-se? Aluno - não Professora - em coluna? Aluno – não Professora - em linha? Aluno – não Aluno - ele chamou-me macaquinha!
8
Professora - pronto deixem isso agora, vá… Aluno - passa ai o corrector Aluno - se faz favor também se pede Momentos sem intervenção da Professora, os Alunos dialogam Professora - Ó Ana e Gonçalo se continuam com este comportamento eu vou ter que me chatear Aluno - não professora… Aluno - pode vir aqui professora? Professora - posso Aluno - já não dá mais formas. Ah enganei-me Professora - não dá mais formas como? Aluno - esta bola já está aqui. Não posso por aqui outra? Professora - Não se não podes é porque já está errado. Aluno - então não dá. Professora - Se aqui já fica em linha se puseres aqui, fica em diagonal, nem podes aqui nem podes aqui. Conclusão, este círculo não está no sítio certo. Aluno - já acabei, pode vir aqui? Aluno - Professora eu preciso mesmo que venha aqui rapidinho? Porque só me falta um e não posso por não consigo? Professora - onde é que está a tua diagonal? Aluno - é porque está tudo mal Professora - Parece fácil mas não é! Aluno - qual é a ideia disto? Nova actividade Aluno - 7x4? Aluno - 28, não sabes fazer contas? Aluno - Professora descobri. Sete menos um seis, seis vezes quatro vinte e quatro Professora - Mas eu assim só vejo três números, tens que usar os quatro números. Aluno - então sete menos um seis, dois números, e depois ah eu não somei estes dois… Professora - ah é que tem de usar os quatro números Aluno - ganhei… somei tudo Professora - Quero ver do inicio
9
Aluno - Professora pode vir aqui? Eu acertei dois de uma vez Professora - sim senhora deixa mostrar para os outros Alunos verem… Aluno - o que é que eu tinha dito? Ehehhe toma Professora - ora muito bem agora apanhar todo o material que está no chão mas sem fazer barulho… eu disse sem fazer barulho… e vamos aguardar no lugar sentadinhos e esperar pelo toque de saída. Aluno - eu gostei desta aula e tu Gonçalo? Aluno - há coisas que são difíceis Aluno - hehe tu é que és… Alunos - ahahah Professora - vejam lá se querem ficar aqui no intervalo Alunos - não Professora TOCA
1
Aula de enriquecimento curricular, (clube de matemática) (2ªaula)
Professora - Pronto, vou fazer a chamada
Aluno - O Hugo não está cá
Professora - Quem?
Aluno - o Hugo
Professora - Eu sei
Aluno - Mas não é este, é o outro
Professora - Eu sei, Eu estive a ver o exercício que fizeram há 8 dias
Aluno - Não ligue
Aluno - Professora não ligue
Professora - Então primeiro vou ler aquele exercício de colocar um símbolo ou uma estrelinha
de maneira a fazer várias combinações, eu reparei que vocês tiveram várias dificuldades, logo
tiveram dificuldades em a fazer o raciocínio lógico, para ao colocar os símbolos não haver
repetição do mesmo símbolo
Aluno - Como?
Professora - em linhas, em colunas ou na diagonal,
Aluno - Claro
Professora - Então, como eu senti dificuldades da vossa parte, e acho que é importante este
raciocínio
Professora - Eu pensei em arranjar uma actividade e arranjei-o, e eu perguntei na altura se
conheciam o jogo, e vocês não conhecem o jogo que é o sudoku, que é um jogo banal
Aluno - eu gosto
Professora - E que vale esse tipo de raciocínio, podem pôr ou não podem no espaço em
branco
Alunos - Eu gosto,
Aluno - Não se pode pôr na mesma linha?
Professora - Eu não te perguntei nada, estou a falar, tem que esperar, pronto
Professora - E entretanto para eu, na internet arranjei um jogo, de sudoku, para não andar
com mais fotocopia e gastar papel
Aluno - Não há internet
Professora - Vamos chamar o funcionário, para grande azar meu, parece que não há internet
nesta sala, com estas trocas todas e com todo este trabalho parece que é inglório
2
Professora - Eu vou experimentar ainda ver se há ou não internet para ligar os computadores,
Se tivermos melhor para esta situação, vocês treinasse um pouco, só temos 6 computadores e
vocês hoje estão 8, 8 não é?
Aluno - somos 8
Professora - Diz?
Aluno - Temos de ficar dois a dois
Professora - Há dois computadores que podem ficar com dois alunos e os restantes podem
ficar um em cada, há uns que irão trabalhar sozinho, há outros que podem trabalhar a dois,
Pronto
Professora - Se tivermos internet é isto que vamos fazer, vamos fazer este jogo para já não é
difícil, e agora é assim, o João pediu-me no inicio da aula se eu permitia se hoje estudassem
um bocadinho de Ciências porque o teste é já a seguir à aula
Alunos - Pois é, pois é
Professora - É assim? É isso?
Aluno - Sim
Professora - Pronto
Professora - Todos precisam? quando é matemática vocês podem esclarecer dúvidas, tirar
dúvidas, claro que ciências não tem a ver com matemática, de qualquer maneira também não
vou negar nem vou deixar que vocês tirem uma horazita no final para aí quê? quarto de hora,
meia hora, quanto é que precisam? É isso?
Alunos - sim
Aluno - acho que não precisamos, essa matéria nós sabemos quase toda de cor,
Aluno - Pois é
Professora - de cor?
Aluno - mas é só ler também, Professora
Professora - só ler?
Aluno - É só dizer dois númeroszitos
Professora - Então pronto, lá para as 4 menos 20, 4 menos um quarto, podem estudar,
Alunos - Às 4 e cinco estudamos
Professora - Diz
Aluno - Às 4 e cinco quero ir lá fora
Alunos - Estudamos na rua
Professora - Não digas disparates
Professora - Ora bem deixa-me só pôr aqui as presenças
3
Aluno - está aqui
Professora - A Carolina está, o Cláudio também, O Diogo está, O Gonçalo também, a Ana
também
Professora - está a fazer o quê, por acaso a Ana?
Professora - O Hugo, ora ó Hugo, esclarece-me só tu és o Hugo?
Alunos - Hugo Veiga
Professora - o João está, o Hugo Veiga está
Professora - Ora pronto vem aí uma pessoa a dar-nos uma ajudinha,
Professora - Pronto, eu como vi aquilo que vos expliquei, não tinham bastante dificuldade em
fazerem o primeiro exercício que tinha a ver com quadrados
Alunos - eu não pus, era aquilo dos triângulos?
Alunos - Triângulo era o 2º
Professora - Tens razão, era o 2º e era outra palavra, não era? Pronto, o processo chega ao
fim, como achei que não tinham dificuldades achei que estavam com dificuldade de seguir o
raciocínio, ao colocar os símbolos, naquele caso eram símbolos, agora no sudoku eram
números, não importa vai dar ao mesmo tipo raciocínio
Professora - excluir hipótese não é? Não posso por aqui pôr exemplo o cinco, não posso pôr
aqui o nove, por aí fora
Professora - Perguntei assim por alto se ninguém sabia jogar o soduku
Aluno - eu sei
Professora - Então como é?
Aluno - Temos que por os algarismos de um a nove sem repetir
Professora - Exactamente em cada quadradinho tem que aparecer todos os números de 1 a 9
sem repetição nenhuma mas depois ao colocar os números nos quadradinhos mais pequenos
temos de ter em atenção que esses números não se podem repetir nem em coluna nem em
linha
Aluno - Há internet?
Aluno - Há Net
Professora - Calma, calma
Aluno - Já podemos?
Aluno - Apetece-me abanar o capacete
Aluno - Charap
Alunos - Sabemos fazer isto
Aluno - Já está,
4
Aluno - Há ou não internet?
Aluno - Há que ter calma
Aluno - Não dá para ir, ah a Direcção bloqueou os sites
Aluno - ó Professora não podemos ir aos computadores?
Aluno - Está bloqueado
Aluno - É a Direcção que bloqueia os jogos
Professora - Esperem um bocadinho que eu tenho que ir abaixo, eu venho já
Aluno - Ó Professora apetece-me sair
Aluno - É pá está quieto, eu sei fazer isto
Professora - Agora não, esperem um bocadinho que eu já venho
Aluno - Pá, põe-te quieto
Alunos - Risos
Professora - Prontos, desculpem lá esse bocadinho, havia alguns bloqueio realmente de
alguns sites com jogos, encontramos o sudoku e alguns jogo educativo, mas como não são só
jogos educativos, estavam bloqueados, , Tentamos arranjar aqui outro site
Aluno - Ponto com
Professora - Não, sudoku.pt, quando forem para os computadores vão passar, tá bem? vou
por no quadro, sudoku.mundo.pt.com
Aluno - Professora posso brincar com este?
Professora - Isto é o jogo do sudoku, Ora bem então é assim, isto é o jogo do sudoku e eu vou
explicar rapidamente, vão todos depois para os computadores abrir este site que está escrito
no quadro a vermelho
Professora - Para iniciarem e não começarem a desistirem rapidamente vão começar pelo
nível mais suave e depois de preencherem o mais suave vão avançar para o nível mais
avançado
Professora - Agora sim o objectivo, agora que vemos a imagem vou ver se consigo explicar
melhor, têm que colocar os algarismos de um a nove dentro destes quadrados, estão a ver?
sem os repetir e depois têm que ter o cuidado, vamos imaginar por exemplo que aqui
lembraria de por o 6, imaginemos, 6 não está neste quadrado, pois não?
Aluno - Está mal, porque está em baixo
Professora - Se eu tentasse colocar aqui o 6, o que é que acontece? Aparece-me o 6 nesta
coluna, por acaso nesta linha não aparecia?
Professora - Estou a falar, espera um bocadinho está bem? Cláudio
Professora - Aqui o 6 não apareci, não havia problemas, mas estão a ver que em coluna já
aparecia, não pode aparecer ao colocar os algarismos, claro agora que vamos fazer assim, é
5
melhor porque no papel se vocês enganarem tem que riscar outra vez, era uma confusão,
assim podemos sempre voltar atrás, perceberam?
Alunos - Sim
Aluno - Tem que se ver três coisas antes de se por os números,
Professora - Diz
Aluno - Tem que se ver três coisas
Professora - Então diz,
Aluno - Tem que se ver assim, depois assim e depois ao contrário
Professora - Volta a explicar as regras
Aluno - Também é preciso ver nas diagonais?
Professora - Não, aqui não,
Aluno - e ao pé do nove é o um?
Professora - Não, é ver os algarismos de um a nove e não repetirem nem em linha nem em
coluna, certo?
Aluno - e ao pé do nove é o oito?
Professora - Neste caso do site é colocar mesmo lá dentro o número que querem escrever,
certo?
Aluno - Apague e mete o nove
Aluno - Não, é o cinco porque o nove já está ao lado
Professora - ah, pois aqui não, sim se calhar aqui não,
Aluno - isto tem que depois no fim,
Professora - ver, verificar, não é?
Aluno - Não, verificando ali acima Professora, mais acima, mais acima onde diz verificar
Aluno - Isto é para verificar
Professora - É aqui,
Aluno - Então carregue
Professora - Queres que carregue já?
Professora - Parece que está errado, não é
Aluno - Pois isto não é assim
Aluno - É porque ali está laranja e no computador está vermelho
Professora - Desculpa, diz?
6
Professora - Pronto, vamos lá agora para a zona começam assim, tão a ver o suave? Vão do
suave até o difícil…
Aluno - Ó Professora, ponha no suave
Professora - Reparem que quanto menos espaço tiverem preenchido de início mais difícil se
torna, já tinham reparado?
Aluno - Então mais há um que…
Professora - o suave tem mais espaço preenchido no inicio do que este que estamos a ver
agora, Ora vejam
Aluno - A minha mãe joga assim
Aluno - Ó Professora, ó Professora
Professora - Diz?
Aluno - Ó Professora ponha ali o sete ao lado dos três
Professora - A onde?
Aluno - Ali
Professora - Queres o sete?
Aluno - Quero
Professora - Já está
Aluno - Agora verifique, carregue aqui para ver se está certo
Aluno - Está certo
Professora - Então pronto, agora vamos lá prós computadores, com juízo, sem barulho
Professora - Calma
Aluno - Posso passar?
Professora - Podes
Aluno - Coloca um quatro
Professora - O Gonçalo diz que é o quatro
Aluno - Pois
Professora - Joga um de cada vez
Aluno - Professora,
ALUNO - professora, professora
Professora - Então? Está ali no quadro
Aluno - Sudoku.mundo.pt
7
Aluno - Ó Professora como consigo sair dali?
Aluno - Já está
Aluno - Já me enganei
Aluno - Professora venha cá ver uma coisa
Professora - Quando acabarem de preencher vão me chamar para eu ver
Aluno - Professora eu já fiz
Professora - Eu vou já
Professora - Quem é que disse que já tinha preenchido
Aluno - Foi o Gonçalo
Aluno - Já fiz todos
Aluno - Isso não é assim
Aluno - Falta o cinco
Aluno - Falta nada
Aluno - Falta o oito
Professora - Pois não isto não é assim
Professora - O oito não pode ser
Professora - Também não pode ser este porque já puseste
Aluno - Professora pode vir aqui?
Professora - Posso
Professora - Vamos ver a coluna
Professora - Um, dois, três, quatro, sete oito e nove, veja os que lhe faltam
Professora - Já viu os que lhe faltam?
Aluno - É o Hugo
Professora - Talvez este seja melhor
Professora - Então está bem?
Aluno - Põe aqui o um
Aluno - Professora eu não consigo
Aluno - Professora eu vou fazer um difícil
Professora - ah sim
Professora - Oiçam uma coisa se carregarem logo e se o número estiver errado dá um sinal
vermelho
8
Alunos - Nós já clicamos
Professora - Entenderam o que eu disse?
Professora - Diogo vais aqui ao “verificando” e vês logo
Professora - Veja aqui o nove
Aluno - Se não for o nove é o dois
Aluno - Se não é o dois é o quatro ou o cinco
Aluno - Está bem se colocar aqui o quatro?
Aluno - está eu sei
Aluno - Eu vou colocar na diagonal
Aluno - Não pode por dois? Dois no mesmo quadrado?
Professora - Não pode é repetir no mesmo quadrado
Aluno - Se eu puser aqui o nove já fica mal?
Aluno - Não tens nove nenhum
Aluno - Tens, tens
Aluno - Coloca aqui um quatro, Olha ali
Aluno - Não estás a ver?
Professora - Já reparaste, estás a inventar
Aluno - Olha, olha
Professora - Estiveste a fazer isto tudo em vão
Aluno - Professora pode vir aqui?
Professora - Já vou aí ter contigo, espera um bocadinho
Aluno - Não vês que estás a fazer mal?
Aluno - Já fiz, eu sou muito inteligente
Professora - Então Gonçalo
Aluno - Que letra é esta?
Aluno - Eu fiz primeiro
Professora - Então Gonçalo?
Aluno - Estou a fazer
Professora - Eu já volto cá
Aluno - Ele foi ver às soluções
9
Alunos - Ele foi ver às soluções
Professora - Já fez um quadrado?
Aluno - Já fiz uma linha
Aluno - Professora, o Gonçalo está a fazer batota
Aluno - Professora espera mais um pouco
Professora - Eu espero
Aluno - A média é muito difícil
Professora - Quero que façam o exercício, lembras-te?
Aluno - Não podes ir às soluções
Aluno - Já fiz um quadrado
Aluno - Isto está mal, eu sei qual é o numero
Professora - Alguém me chamou
Aluno - Já pus o número e já avancei
Professora - Então Diogo?
Professora - Não te preocupes se não aparecia vermelho, não te preocupes
Aluno - Posso andar para frente?
Aluno – porquê que eu carrego aqui e não aparece?
Professora - Eu não quero nada disto
Aluno - Professora eu fiz este quadrado e fiz sozinho
Aluno - Professora eu já fiz
Professora - Vocês mudam logo de alternativa
Professora - Então João vocês não faz?
Aluno - Fui eu que fiz primeiro
Professora - Já carregaste e verificaste?
Professora - Eu quero que vocês tentem fazer aqui
Aluno - Professora eu não tenho culpa, isto é do computador
Professora - Eu não quero que joguem outro jogo
Aluno - Professora já está, Professora já acabamos
Aluno - Professora eu já não consigo fazer mais
Professora - Quem é que abriu esta janela aqui?
10
Aluno - Professora eu já tinha preenchido até aqui
Professora - Começa de novo
Aluno - Professora isto está encalhado
Aluno - Professora podemos jogar outro jogo?
Professora - Não
Aluno - Professora já coloquei oito
Professora - Ó miúdos, o que estão a fazer, Gonçalo e Diogo?
Aluno - Já está
Professora - Já está Diogo? Queres fechar?
Aluno - Professora quero jogar outro jogo
Professora - Calma
Professora - E agora, a aula de historia…
Professora - Hugo tu és muito teimoso
Professora - Olha quando pedirem outra vez para irem aos computadores assim não vou
deixar, algum de vocês conhece um jogo que é o semáforo?
Alunos - Não
Aluno - Mais ou menos
Professora - Mais alguém conhece?
Professora - Um tabuleiro, com quadradinhos, quadrados três a três, umas pecinhas verde,
vermelho e amarelo
Aluno - Semáforos?
Professora - Semáforos, chama-se assim
Professora - É do género também não podem pôr em linha e coluna nem diagonal as cores,
mas podem mudar as cores, amarelo para verde, verde para vermelho
Professora - Olha vamos lá começar a encerrar os computadores
Aluno - Professora vou desligar
Professora - Vamos fechar já
Professora - Desligam ou querem que eu desligue? Ó Hugo estou a mandar encerrar o
computador
Professora - Olha para a próxima aula em princípio vamos fazer o jogo do semáforo, temos
que arranjar o material e depois temos que arranjar tampas cilíndricas coloridas com vermelhas
amarela e verde, são oito amarelas, oito verde e oito vermelhas
Professora - João tens uma sugestão de onde colocar as tampas cilíndricas?
11
Professora - Alguém tem alguma ideia de esse tipo de materiais?
Aluno - Botões, Professora?
Professora - Difícil é encontrar oito botões de cada cor
Aluno – Rolhas Professora?
Professora - Rolhas de cortiça
TOCA
Nível cognitivo das perguntas dos alunos – 1ª aula
1 Estão a avaliar? ROTINA
2 Como os Professores se chamam? ROTINA
3 Ó João não tens? ROTINA
4 mas não era a lápis, stora? ROTINA
5 Porque o nove? PENSAMENTO CONVERGENTE
6 Professora pode ver se o meu está certo? ROTINA
7 Professora, já podemos fazer este? ROTINA
8 Stora venha cá, não percebo uma coisa, este conta?
PENSAMENTO CONVERGENTE
9 Podemos passar para o seguinte ou continuamos neste?
ROTINA
10 um x? PENSAMENTO CONVERGENTE
11 são paralelos? PENSAMENTO CONVERGENTE
12 Ó João já percebeste? Já? ROTINA
13 São estes símbolos que temos de por aqui? PENSAMENTO CONVERGENTE
14 então eu posso por aqui? PENSAMENTO CONVERGENTE
15 Dá assim? PENSAMENTO CONVERGENTE
16 Professora mas pode vir aqui? Rotina
17 Eu não posso fazer assim? PENSAMENTO CONVERGENTE
18 mas tenho aqui este e não pode vir para aqui? PENSAMENTO CONVERGENTE
19 Professora pode vir aqui? ROTINA
20 Pode estar aqui? PENSAMENTO CONVERGENTE
21 pode vir aqui professora? ROTINA
22 já não dá mais formas? PENSAMENTO CONVERGENTE
23 esta bola já está aqui. Não posso por aqui outra? PENSAMENTO CONVERGENTE
24 já acabei, pode vir aqui? ROTINA
25 qual é a ideia disto? PENSAMENTO CONVERGENTE
26 7x4? CONHECIMENTO / MEMÓRIA
27 28, não sabes fazer contas? Retórica
28 Professora pode vir aqui? ROTINA
29 eu gostei desta aula e tu Gonçalo? ROTINA
Nível cognitivo das perguntas dos alunos – 2ª aula
1 Como? Pensamento convergente
2 Não se pode pôr na mesma linha? Pensamento convergente
3 eu não pus, era aquilo dos triângulos? Pensamento convergente
4 Há internet? Rotina
5 Já podemos? Rotina
6 Há ou não internet? Rotina
7 Ó Professora não podemos ir aos computadores? Rotina
8 Professora posso brincar com este? Rotina
9 Também é preciso ver nas diagonais? Pensamento convergente
10 e ao pé do nove é o um? Pensamento convergente
11 e ao pé do nove é o oito? Pensamento convergente
12 Posso passar? Rotina
13 Ó Professora como consigo sair dali? Rotina
14 Professora pode vir aqui? Rotina
15 Está bem se colocar aqui o quatro? Pensamento convergente
16 Não pode por dois? Dois no mesmo quadrado? Pensamento convergente
17 Se eu puser aqui o nove já fica mal? Pensamento convergente
18 Não estás a ver? Retórica
19 Professora pode vir aqui? Rotina
20 Não vês que estás a fazer mal? Retórica
21 Que letra é esta? Conhecimento / memória
22 Posso andar para frente? Rotina
23 Porquê que eu carrego aqui e não aparece? Pensamento convergente
24 Professora podemos jogar outro jogo? Rotina
25 Semáforos? Pensamento convergente
26 Botões, Professora? Pensamento convergente
27 Rolhas, Professora? Pensamento convergente
Função das perguntas dos alunos – 1ª aula 1 Estão a avaliar? Pedido de informação
2 Como os Professores se chamam? Pedido de informação
3 Ó João não tens?
Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
4 mas não era a lápis, stora? Pedidos de clarificação
5 Porque o nove?
Procura de orientação na identificação ou resolução de problemas
6 Professora pode ver se o meu está certo? Pedidos de clarificação
7 Professora, já podemos fazer este?
Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
8 Stora venha cá, não percebo uma coisa, este conta?
Procura de orientação na identificação ou resolução de problemas
9 Podemos passar para o seguinte ou continuamos neste?
Procura de concordância e/ou apoio
10 um x? Pedidos de clarificação
11 são paralelos? Pedidos de clarificação
12 Ó João já percebeste? Já?
Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
13 São estes símbolos que temos de por aqui?
Procura de orientação na identificação ou resolução de problemas
14 então eu posso pôr aqui? Procura de concordância e/ou apoio
15 Dá assim?
Procura de orientação na identificação ou resolução de problemas
16 Professora mas pode vir aqui?
Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
17 Eu não posso fazer assim?
Procura de orientação na identificação ou resolução de problemas
18 mas tenho aqui este e não pode vir para aqui?
Procura de orientação na identificação ou resolução de problemas
19 Professora pode vir aqui?
Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
20 Pode estar aqui?
Procura de orientação na identificação ou resolução de problemas
21 pode vir aqui professora?
Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
22 já não dá mais formas?
Procura de orientação na identificação ou resolução de problemas
23 esta bola já está aqui. Não posso por aqui outra?
Procura de orientação na identificação ou resolução de problemas
24 já acabei, pode vir aqui?
Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
25 qual é a ideia disto? Pedidos de clarificação
26 7x4? Pedidos de informação
27 28, não sabes fazer contas?
Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
28 Professora pode vir aqui?
Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
29 eu gostei desta aula e tu Gonçalo?
Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
Função das perguntas dos alunos – 2.ª aula
1 Como? Pedidos de clarificação
2 Não se pode pôr na mesma linha? Procura de orientação na identificação ou resolução de problemas
3 eu não pus, era aquilo dos triângulos? Pedidos de clarificação
4 Há internet? Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
5 Já podemos? Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
6 Há ou não internet? Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
7 Ó Professora não podemos ir aos computadores? Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
8 Professora posso brincar com este? Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
9 Também é preciso ver nas diagonais? Procura de orientação na identificação ou resolução de problemas
10 e ao pé do nove é o um? Procura de orientação na identificação ou resolução de problemas
11 e ao pé do nove é o oito? Procura de orientação na identificação ou resolução de problemas
12 Posso passar? Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
13 Ó Professora como consigo sair dali? Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
14 Professora pode vir aqui? Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
15 Está bem se colocar aqui o quatro? Procura de orientação na identificação ou resolução de problemas
16 Não pode por dois? Dois no mesmo quadrado? Procura de orientação na identificação ou resolução de problemas
17 Se eu puser aqui o nove já fica mal? Procura de orientação na identificação ou resolução de problemas
18 Não estás a ver? Procura de concordância e/ou apoio
19 Professora pode vir aqui? Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
20 Não vês que estás a fazer mal? Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
21 Que letra é esta? Pedidos de informação
22 Posso andar para frente? Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
23 Porquê que eu carrego aqui e não aparece? Procura de orientação na identificação ou resolução de problemas
24 Professora podemos jogar outro jogo? Perguntas de rotina/questões para gestão da aula
25 Semáforos? Procura de concordância e/ou apoio
26 Botões, Professora? Procura de concordância e/ou apoio
27 Rolhas, Professora? Procura de concordância e/ou apoio
1
Entrevista à Professora Data: 27/05/2010
1. Qual a sua formação académica? R: Tenho formação na área das Ciências, Licenciatura em Matemática. 2. Quantos anos de serviço tem? R: Lecciono à 21 anos. 3. Descreva um dos momentos marcantes da sua carreira? R: Foi sem dúvida o meu estágio. Foi muito marcante porque foi a primeira experiência que tive com alunos. Não foi marcante pelo facto de serem aulas observadas mas por poder colocar em prática o que tinha aprendido no curso. 4. Há quanto tempo estes alunos frequentam o Clube? R: Os alunos só frequentam este ano o clube, mas não é durante o ano lectivo todo. Uma turma frequentou até Fevereiro depois de Fevereiro a Junho frequenta outra turma, neste caso trata-se desta, ou seja, não estão o ano todo, vão mudando para outros. 5. A que anos lectivos pertencem os alunos que constituem o Clube? R: A maioria é do 5º ano de escolaridade. Dois são do 6º ano e os restantes do 5º ano. 6. Qual a faixa etária dos alunos? R: Entre os 10 e os 12 anos de idade. 7. Considera que existe alguma relação entre faixas etárias e os níveis de aprendizagem? R: Em termos de Clube não se notam diferenças porque o tipo de actividades que desenvolvem tanto se adapta a uma como a outra e como têm idades próximas não se nota. 8. Como organiza os alunos em termos de disposição na sala de aula? R: Não ocupam o mesmo espaço devido à liberdade que dou para escolherem os lugares a ocupar. Na sala habitual por vezes tenho que fazer algumas alterações devido ao comportamento ou trabalho em grupo. 9. Como caracteriza a relação que tem com os alunos do Clube de Matemática comparativamente às unidades curriculares que lecciona? R: São de graus diferentes. Não lecciono com alunos destas idades. Tenho uma relação diferente devido à idade deles porque dou aulas a alunos mais velhos. Se fossem alunos mais velhos eu teria outra abordagem e outra postura. No Clube as coisas são mais práticas logo exijo outra postura e não quero que os alunos se sintam obrigados a estarem ali, então deixo-os à vontade. E na maioria o trabalho é em grupo.
2
10. Quais as razões que determinam os alunos a escolher o Clube de Matemática? R: Fica a dúvida. No horário que dou este clube, isto é, das 14:35 às 16:05 eles a seguir vão ter Ciências. Resta saber se o frequentam para completar a espera para a outra aula ou não. Eles poderiam ocupar esse tempo de outro modo pois a Escola tem outras alternativas neste horário; computadores e o clube das tintas. Também podem ser obrigados pelos pais. Mas como têm furo até às 16:15 julgo que frequentam o Clube de Matemática por opção. 11. Os alunos colocam-lhe muitas questões? R: Tenho noção que colocam, mas nunca pensei num número. Se me perguntassem: Qual o número de questões? Eu não sei porque nunca contabilizei. 12. Considera que a formulação de questões por parte dos alunos condiciona o plano de aula previamente definido? R: é um bocado diferente. Saio tão cansada das aulas com tanta pergunta que fazem. Como tenho tanta prática na aula não noto diferença. Também não há essa sobrecarga de questões devido à componente prática. R: Penso que neste contexto não, visto não se tratar de uma aula de carácter formal e como tal, não existe uma planificação muito detalhada e directa. Aqui há a preocupação de fazer com que os alunos sejam motivados pelas diferentes actividades práticas e de carácter lúdico. Se fosse uma aula de cariz formal aí sim, por vezes sinto que aquilo que tenho planeado para dar pode ter que sofrer algumas alterações, pois posso perder mais um pouco de tempo a esclarecer dúvidas e não ter tempo para dar a matéria toda que tinha planeado. 13. Qual/quais as questões colocadas com mais frequência pelos alunos? R: Não sei. Não tenho essa noção. Não se destaca assim nada. 14. As questões originadas pelos alunos costumam originar discussão dentro da sala de aula? R: Por vezes. Porque os outros também querem falar e às vezes agridem-se verbalmente uns aos outros. Principalmente quando se iniciam actividades colectivas. 15. Quando os alunos lhe colocam questões, estas na sua opinião contribuem para quê? R: Bem, eu julgo que é sempre bom fazerem perguntas. Assim eu também percebo se estão a acompanhar a minha explicação. Eles fazem perguntas quando não percebem qualquer coisa, logo são boas para aprender mais e esclarecer pequenas dúvidas.
Guião da Entrevista
Tema: A caracterização do questionamento no clube de matemática no contexto das actividades de enriquecimento curricular. Objectivo (s) Geral (ais): recolher dados que nos permitam conhecer a opinião do professor sobre a motivação para o questionamento dos alunos no clube de matemática inseridos nas actividades de enriquecimento curricular. Bloco Temático A - Legitimação da entrevista e motivação do entrevistado Bloco Temático B - Caracterização do professor Bloco Temático C - Caracterização dos alunos Bloco Temático D - O questionamento nas actividades de enriquecimento curricular Bloco Temático E - Finalização
Blocos Temáticos Objectivos Específicos Exemplo de questões a colocar Acções a desenvolver/Tópicos
A - Legitimação da entrevista e motivação do entrevistado
Legitimar a entrevista;
Motivar o entrevistado, de forma a incluí-lo nos propósitos do trabalho;
Assegurar a confidencialidade dos dados.
Informar o entrevistado sobre o que se pretende com esta entrevista;
Contextualizar a entrevista no âmbito do trabalho a desenvolver na disciplina de Observação;
Explicar a importância da entrevista para a realização do trabalho em questão;
Explicar as razões da escolha do entrevistado;
Assegurar o carácter confidencial da informação prestada;
Pedir permissão ao entrevistado para gravar em áudio.
B - Caracterização do professor
Caracterizar os aspectos mais importantes do percurso do professor;
Compreender a imagem profissional do professor;
Formação académica
Anos de serviço
Momentos marcantes da sua carreira
Pedir para fazer uma apresentação pessoal e profissional;
Pedir para descrever os momentos mais importantes da formação de um professor.
C - Caracterização dos alunos
Estabelecer um clima que facilite as relações;
Há quanto tempo estes alunos frequentam o clube?
A que anos lectivos pertencem os alunos que constituem o clube?
Qual a faixa etária dos alunos?
Considera que existe alguma relação entre faixas etárias e os níveis de aprendizagem?
Pedir à professora para fazer uma apresentação dos alunos que compõe o clube de matemática;
Obter informações sobre a turma.
Tem algum critério na organização e de disposição dos alunos na sala de aula?
Pedir à professora para relatar momentos de maior interesse em actividades realizadas no clube de matemática.
D - O questionamento nas actividades de enriquecimento curricular
Compreender o interesse dos alunos nas actividades de enriquecimento curricular (clube de matemática) através da formulação de questões.
Como caracteriza a relação que tem com os alunos do clube de matemática, comparativamente às disciplinas curriculares que lecciona?
Qual é a sua percepção, que determinam os alunos a escolher o clube de matemática?
Considera que os alunos colocam-lhe muitas questões?
Considera que a formulação de questões por parte dos alunos condiciona o plano de aula previamente definido?
Qual/quais as questões colocadas com mais frequência pelos alunos?
As questões colocadas pelos alunos costumam originar discussão dentro da sala de aula?
Pedir para descrever a importância do questionamento por parte dos alunos no desenvolvimento das actividades.
E - Finalização
Agradecer a disponibilidade e a participação;
Disponibilizar a gravação e a transcrição ao entrevistado.