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UNESP- UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE CIENTÍFICA ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE CIENTÍFICA ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE CIENTÍFICA ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE PÓS PÓS PÓS PÓS- - -GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA NO GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA NO GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA NO GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA NO ESTADO ESTADO ESTADO ESTADO DE SÃO PAULO (1970 DE SÃO PAULO (1970 DE SÃO PAULO (1970 DE SÃO PAULO (1970 - - -1998) 1998) 1998) 1998) FLAVIANA GASPAROTTI NUNES

A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA … · Ao Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Prof. Dr. Antonio Nivaldo Hespanhol pelas críticas e sugestões apresentadas

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Page 1: A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA … · Ao Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Prof. Dr. Antonio Nivaldo Hespanhol pelas críticas e sugestões apresentadas

UNESP- UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO

CIENTÍFICA ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE CIENTÍFICA ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE CIENTÍFICA ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE CIENTÍFICA ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE

PÓSPÓSPÓSPÓS----GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA NOGRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA NOGRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA NOGRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA NO ESTADO ESTADO ESTADO ESTADO

DE SÃO PAULO (1970 DE SÃO PAULO (1970 DE SÃO PAULO (1970 DE SÃO PAULO (1970 ----1998) 1998) 1998) 1998)

FLAVIANA GASPAROTTI NUNES

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FLAVIANA GASPAROTTI NUNES

A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO

CIENTÍFICA ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE CIENTÍFICA ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE CIENTÍFICA ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE CIENTÍFICA ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE

PÓSPÓSPÓSPÓS----GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA NO ESTADO GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA NO ESTADO GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA NO ESTADO GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA NO ESTADO

DE SÃO PAULO (1970 DE SÃO PAULO (1970 DE SÃO PAULO (1970 DE SÃO PAULO (1970 ----1998)1998)1998)1998)

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia/UNESP, Campus de Presidente Prudente, Área de Concentração em Desenvolvimento Regional e Planejamento Ambiental para obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Eliseu Savério Sposito

PRESIDENTE PRUDENTE (SP)

JANEIRO, 2000

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FLAVIANA GASPAROTTI NUNES

A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO

CIENTÍFICA ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE CIENTÍFICA ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE CIENTÍFICA ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE CIENTÍFICA ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE

PÓSPÓSPÓSPÓS----GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA NO ESTADO GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA NO ESTADO GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA NO ESTADO GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA NO ESTADO

DE SÃO PAULO (19DE SÃO PAULO (19DE SÃO PAULO (19DE SÃO PAULO (1970 70 70 70 ----1998)1998)1998)1998)

BANCA EXAMINADORA

DISSERTAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO TITULO DE MESTRE

Presidente e Orientador: Prof. Dr. Eliseu Savério Sposito

2º Examinador: Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira

3º Examinador: Prof. Dr. José Gilberto de Souza

Presidente Prudente, 24 de Fevereiro de 2000.

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FICHA CATALOGRÁFICA Orientador: Prof. Dr. Eliseu Savério Sposito

1. Geografia Econômica – produção científica. 2. Geografia

Econômica. I Título

Ficha Catalográfica elaborada pelo Serviço de Biblioteca e Documentação da

FCT/UNESP – Campus de Presidente Prudente.

913

N93g Nunes, Flaviana Gasparotti

A Geografia Econômica na produção científica acadêmica

dos programas de pós-graduação em Geografia no Estado de

São Paulo (1970-1998). - - Presidente Prudente: FCT, 2000.

151 p.

Dissertação (mestrado) - - UNESP - Faculdade de Ciências

e Tecnologia, 2000.

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DADOS CURRICULARES

FLAVIANA GASPAROTTI NUNES

NASCIMENTO 22 de Agosto de 1975 – Osasco/SP

FILIAÇÃO José Nunes

Antonia Augusta Gasparotti Nunes

1994/1997 Curso de Graduação – Licenciatura em Geografia

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Campus de Presidente Prudente

1998/2000 Curso de Pós-Graduação em Geografia – nível de Mestrado

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Campus de Presidente Prudente

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AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS

Para chegar até aqui contei com a colaboração de muitas pessoas que

de uma forma direta ou indireta contribuíram para que este trabalho se realizasse.

Gostaria de agradecer, em primeiro lugar, à FAPESP (Fundação de

Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) que durante dois anos concedeu auxílio

financeiro em forma de bolsa sem a qual este trabalho não teria sido possível.

Ao Magaldi pelo início de tudo: deste projeto ainda na iniciação

científica e por ter acreditado em mim. Enfim, por ter me iniciado na pesquisa

científica.

Ao Eliseu por levar em frente o projeto e ter contribuído como

orientador para que o trabalho se desenvolvesse com seriedade e qualidade.

Aos meus professores da graduação que considero como referenciais

em minha formação: Antonio Thomaz Júnior e Maria Encarnação Beltrão Sposito que

apesar de tão diferentes (podem pensar alguns...) mostraram com suas diferenças como

podemos fazer e pensar a Geografia.

Ao Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Prof. Dr. Antonio

Nivaldo Hespanhol pelas críticas e sugestões apresentadas em nosso Exame de

Qualificação.

Aos amigos da graduação que num trabalho de campo, numa cerveja

num boteco qualquer, no dia-a-dia enriqueceram e tornaram minha vida mais feliz por

nossa convivência, conversas etc: Marcelo, Terezinha, Fábio e especialmente Sílvia.

Além, é claro, de outros que não poderia deixar de lembrar: Marcelino, Mafer, Márcia e

Joelma.

Ao Cláudio pelos melhores momentos da minha vida.

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SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO

Introdução....................................................................Introdução....................................................................Introdução....................................................................Introdução............................................................................................................................................ 09090909

Capítulo 1 Capítulo 1 Capítulo 1 Capítulo 1 –––– Geografia Econômica: elementos para uma definição............ Geografia Econômica: elementos para uma definição............ Geografia Econômica: elementos para uma definição............ Geografia Econômica: elementos para uma definição............ 14141414

A Geografia Econômica no pensamento geográfico............................ 14

Pensando a partir das definições de Geografia Econômica................. 23

Buscando elementos para uma definição atualizada de Geografia

Econômica............................................................................................

28

Capítulo 2 Capítulo 2 Capítulo 2 Capítulo 2 –––– Elementos para a discussão: características da produção Elementos para a discussão: características da produção Elementos para a discussão: características da produção Elementos para a discussão: características da produção

científica acadêmica em Geografia Econômica no Estado de São Paulo .....científica acadêmica em Geografia Econômica no Estado de São Paulo .....científica acadêmica em Geografia Econômica no Estado de São Paulo .....científica acadêmica em Geografia Econômica no Estado de São Paulo .....

34343434

Análise das dissertações e teses........................................................ 36

Temáticas abordadas ......................................................................... 36

Estruturas dos trabalhos .................................................................... 50

Metodologias e referencial teórico.................................................... 62

Década de 1970: a abordagem analítico-descritiva............................. 69

Décadas de 1980 e 1990: a abordagem crítica ou dialética................. 78

As abordagens presentes no período (1970 a 1998)............................ 94

Capítulo 3 Capítulo 3 Capítulo 3 Capítulo 3 –––– Tendências da pesquisa em Geografia Econômica a partir da Tendências da pesquisa em Geografia Econômica a partir da Tendências da pesquisa em Geografia Econômica a partir da Tendências da pesquisa em Geografia Econômica a partir da

fonte fonte fonte fonte bibliográfica analisada....................................................................bibliográfica analisada....................................................................bibliográfica analisada....................................................................bibliográfica analisada....................................................................

95959595

O perfil da Geografia Econômica nos três cursos de pós-graduação

do Estado de São Paulo......................................................................

96

O que dizer da Geografia Econômica?.............................................. 98

O econômico na Geografia Econômica............................................. 106

Considerações Finais................................................................................Considerações Finais................................................................................Considerações Finais................................................................................Considerações Finais................................................................................ 109109109109

Bibliografia..............................................................................................Bibliografia..............................................................................................Bibliografia..............................................................................................Bibliografia.............................................................................................. 112112112112

Anexos...........Anexos...........Anexos...........Anexos............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 133133133133

Anexo I – Quadro das dissertações e teses analisadas ............................................... 133

Anexo II – Temáticas abordadas nas dissertações e teses em Geografia Econômica 145

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LISTA DE FIGURASLISTA DE FIGURASLISTA DE FIGURASLISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Gráfico das Temáticas Abordadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica – 1970 a 1998 ................................................................................

37

Figura 2 – Gráfico das Temáticas Abordadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica defendidas no IGCE/UNESP – 1980 a 1998 ................................

38

Figura 3 – Gráfico das Temáticas Abordadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica defendidas na FFLCH/USP – 1970 a 1998 ..................................

40

Figura 4 - Gráfico das Temáticas Abordadas nas Dissertações em Geografia Econômica defendidas na FCT/UNESP – 1989 a 1998 ..................................

42

Figura 5 – Gráfico das Temáticas Abordadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica – Década de 1970 ........................................................................

43

Figura 6 - Gráfico das Temáticas Abordadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica – Década de 1980 .........................................................................

44

Figura 7 – Gráfico das Temáticas Abordadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica – Década de 1990..........................................................................

46

Figura 8 – Gráfico das Estruturas Observadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica – 1970 a 1998 ..............................................................................

51

Figura 9 – Gráfico das Estruturas Observadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica – Década de 1970 .........................................................................

52

Figura 10 – Gráfico das Estruturas Observadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica – Década de 1980........................................................................

53

Figura 11 – Gráfico das Estruturas Observadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica – Década de 1990 .......................................................................

53

Figura 12 – Gráfico das Estruturas Observadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica defendidas na FFLCH/USP.........................................................

54

Figura 13 – Gráfico das Estruturas Observadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica defendidas no IGCE/UNESP.......................................................

54

Figura 14 – Gráfico das Estruturas Observadas nas Dissertações em Geografia Econômica defendidas na FCT/UNESP..........................................................

55

Figura 15 – Gráfico das Abordagens Teórico-Metodológicas identificadas nas Disserta- ções e Teses em Geografia Econômica (1970 – 1998)....................................

63

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Figura 16 – Gráfico das Abordagens Teórico-Metodológicas identificadas nas Disserta- cões e Teses em Geografia Econômica – Década de 1970.............................

64

Figura 17 - Gráfico das Abordagens Teórico-Metodológicas identificadas nas Disserta- ções e Teses em Geografia Econômica – Década de 1980.............................

64

Figura 18 - Gráfico das Abordagens Teórico-Metodológicas identificadas nas Disserta- ções e Teses em Geografia Econômica – Década de 1990.............................

65

Figura 19 - Gráfico das Abordagens Teórico-Metodológicas identificadas nas Disserta- ções e Teses em Geografia Econômica defendidas na FFLCH/USP..............

66

Figura 20 - Gráfico das Abordagens Teórico-Metodológicas identificadas nas Disserta- ções e Teses em Geografia Econômica defendidas no IGCE/UNESP............

66

Figura 21 - Gráfico das Abordagens Teórico-Metodológicas identificadas nas Disserta- ções em Geografia Econômica defendidas na FCT/UNESP..........................

67

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LISTA DE ABREVIATURASLISTA DE ABREVIATURASLISTA DE ABREVIATURASLISTA DE ABREVIATURAS

FCT – Faculdade de Ciências e Tecnologia

FFLCH – Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas

IGCE – Instituto de Geociências e Ciências Exatas

UNESP – Universidade Estadual Paulista

USP – Universidade de São Paulo

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RESUMORESUMORESUMORESUMO

Na perspectiva de contribuir para o campo de investigação relacionado

à epistemologia da Geografia, procuramos, neste trabalho fazer uma avaliação crítica de

uma de suas áreas, no caso, a Geografia Econômica a partir de sua produção científica

mais recente.

A metodologia utilizada baseou-se na análise de trabalhos acadêmicos

(dissertações e teses) defendidos nos três cursos de pós-graduação em Geografia do

Estado de São Paulo: USP (Universidade de São Paulo) e UNESP (Universidade

Estadual Paulista) – campi de Presidente Prudente e Rio Claro no período de 1970 a

1998. A partir desta análise procuramos reunir elementos que nos possibilitassem

refletir sobre esta parcela da produção científica em Geografia Econômica de forma a

iniciarmos neste trabalho uma discussão maior sobre o próprio sentido, validade,

alcances e limites da Geografia Econômica em geral.

Na análise dos trabalhos procuramos verificar as temáticas abordadas,

estruturas, metodologias, referenciais teóricos utilizados. Desta forma, realizamos um

mapeamento da produção em Geografia Econômica nos cursos de Pós-Graduação do

Estado de São Paulo mostrando os temas mais abordados em cada período e as

abordagens teórico-metodológicas presentes.

Neste sentido, pudemos identificar basicamente duas abordagens ou

tendências teórico-metodológicas nas pesquisas em Geografia Econômica: a abordagem

empírico-analítica ou analítico-descritiva e a abordagem crítica ou dialética. De um

modo geral, a primeira esteve mais presente nos trabalhos defendidos na década de 1970

sendo que seus traços permanecem de uma forma ou outra em alguns trabalhos das

décadas de 1980 e até 1990. A segunda abordagem pode ser identificada nos trabalhos

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da década de 1980 em diante permanecendo de forma menos clara nos trabalhos mais

atuais.

Com base no referencial teórico-metodológico também foi possível

refletirmos sobre como o econômico comparece na Geografia Econômica e portanto,

fazermos uma avaliação da Geografia Econômica nesses trabalhos.

Verificamos que o econômico passou de parte do trabalho geográfico

a um elemento explicativo dos fatos e situações que possuem uma natureza econômica e

podem ser abordadas com um enfoque geográfico. Nos trabalhos da década de 1970

podíamos identificar claramente a separação entre o geográfico e o econômico, com a

introdução do materialismo dialético como referencial teórico-metodológico, notamos a

utilização do econômico como elemento explicativo para os fatos geográficos.

Palavras-chave: Geografia Econômica; produção científica; epistemologia; teoria;

método; pensamento geográfico.

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ABSTRACTABSTRACTABSTRACTABSTRACT

With the purpose of contributing to the investigative field related to

the epistemology of Geography, we have tried, in this paper, to critically evaluate of one

of its areas, in this case, the Economic Geography starting from its more recent

scientific production.

The methodology used was based on the analysis of academic work

(dissertations and thesis) defended in the three postgraduate courses in Geography of the

State of São Paulo: USP (Universidade de São Paulo) and UNESP (Universidade

Estadual Paulista) – campuses of Presidente Prudente and Rio Claro, during the period

of 1970 to 1998. From this analysis we tried to gather elements that enabled us to

reflect about this portion of scientific production in Economic Geography to begin, in

this work, a broader discussion about the sense, validity, range and limits of Economic

Geography in general.

In the analysis of the papers we tried to verify the chosen themes,

structures, methodologies, and theoretical referentials used. In this way, we mapped the

production in Economic Geography in the postgraduate courses of the state of São

Paulo, underlining the most chosen themes in each period and the theoretic-

methodological approaches present.

We basically identify two theoretic-methodological approaches or

tendencies in the researches in Economic Geography: the empiric-analytic or analytic-

descriptive approach and the critical or dialectic approach. In general, the first was more

present in the papers defended in the 1970's and its traces remain in one way or another

in some papers of the 1980's and even 1990's. The second approach can be identified

from the 1980's on, and is less clear in current work.

Based on the theoretic-methodological referential, it was also possible

to reflect on how the economic appears in the Economic Geography and therefore, make

an evaluation of Economic Geography in these papers.

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We have verified that the economic has passed from part of

geographical work to an explicative element of the facts and situations that have an

economic nature and can be approached through a geographical focus. In the work

developed in 1970's we could clearly identify the separation between the geographical

and the economic, with the introduction of the dialectic materialism as a theoretic-

methodological referential, we noticed the use of the economic as an explanatory

element for the geographical facts.

Keywords: Economic geography; scientific production; epistemology; theory; method;

geographical thought.

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INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

Foi na perspectiva de contribuir para o campo de investigação

relacionado à epistemologia da Geografia que desenvolvemos este trabalho. O objetivo

central colocado, a princípio, era tentar fazer uma avaliação crítica de uma área da

Geografia, no caso, a Geografia Econômica a partir de sua produção científica mais

recente. Claro que é um campo de estudo bastante amplo, mas um passo inicial seria o

estudo de algumas fontes bibliográficas como trabalhos acadêmicos (dissertações e

teses) defendidos no Estado de São Paulo especificamente nos três cursos de pós-

graduação em Geografia: USP (Universidade de São Paulo) e UNESP (Universidade

Estadual Paulista) – campi de Rio Claro e Presidente Prudente. E isso foi o que

tentamos fazer e esperamos ter conseguido apresentar ao leitor.

Acreditamos que o fato de termos eleito o Estado de São Paulo como

“território” não significa de forma alguma uma limitação ou uma preocupação local.

Deve-se lembrar que até a meados da década de 1980 os cursos da FFLCH/USP e

IGCE/UNESP formavam grande parte dos geógrafos que atuavam nas universidades de

todo o Brasil, sendo, portanto, cursos de alcance nacional.

Cabe ainda esclarecer: por que Geografia Econômica? Tendo em vista

a grande importância exercida pelos processos econômicos em quase todas as situações

de nossa existência, percebemos que nos diferentes fatos que a Geografia estuda e pode

explicar, a dimensão econômica quase sempre está presente.

Além disso, tomando a Geografia como área do conhecimento que

permite entender os processos determinantes com que a sociedade produz, organiza e se

expressa espacialmente entendemos que ela possui um amplo instrumental para explicar

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as atuais transformações no sistema produtivo e seus reflexos na sociedade. Afinal,

essas transformações se expressam territorial e espacialmente; formas (no sentido de

entidades de caráter físico e visíveis) e conteúdos (no sentido das relações que se

estabelecem entre os agentes em determinado território) deste sistema produtivo trazem

reflexos diretos no espaço e no território. Daí a importância de se estudar e refletir sobre

a Geografia Econômica. Mesmo não estando explicitamente reunidas sob a

denominação de Geografia Econômica, percebemos que as questões que dizem respeito

às transformações no sistema produtivo e suas conseqüências espaciais são constituintes

da pauta do que poder-se-ia chamar Geografia Econômica atual pois permitem explicar

a dinâmica econômica e as novas territorialidades.

A metodologia utilizada para a realização do trabalho baseou-se no

levantamento e análise das dissertações e teses defendidas nos cursos de pós-graduação

da USP e da UNESP no período de 1970 a 1998. As dissertações e teses foram

selecionadas inicialmente a partir do tema/objeto que tratam. Pode-se dizer que se trata

de um nível inicial e geral da análise que visou a identificação de fenômenos e situações

de natureza econômica relacionados ao espaço. Posteriormente verificamos qual o

recorte utilizado pelo autor para tratar a temática. O recorte é a via pela qual o objeto foi

identificado e estudado pelo autor. Desta forma, os trabalhos foram selecionados e lidos

sendo que procuramos seguir alguns passos apontados por Gamboa (1987)1 tais como

identificação de técnicas e metodologias utilizadas e referencial teórico a partir de

perguntas específicas sobre o texto de cada pesquisa, especialmente nos capítulos tidos

como tradicionais e quase sempre intitulados como introdução, referencial teórico,

metodologia e conclusões. A partir disso, montamos uma espécie de “banco de dados”

1 Gamboa, Sílvio A.S. Epistemologia da pesquisa em educação – estruturas lógicas e tendências metodológicas. Campinas, UNICAMP, 1987. Tese de Doutorado. Como falaremos adiante, o trabalho de Gamboa nos trouxe uma série de esclarecimentos e sugestões a partir da metodologia por ele utilizada para a análise e discussão da produção discente dos cursos de pós-graduação em educação do Estado de São Paulo entre 1971 e 1984.

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reunindo as principais características dos trabalhos analisados para que então,

pudéssemos refletir sobre elas. Os trabalhos selecionados foram organizados por

instituição em que foram defendidos e em ordem cronológica. (vide Anexo I)

A partir destes procedimentos procuramos reunir elementos que nos

possibilitassem refletir sobre esta parcela da produção científica em Geografia

Econômica de forma a iniciarmos neste trabalho uma discussão maior sobre o próprio

sentido, validade, alcances e limites da Geografia Econômica em geral.

No primeiro capítulo fizemos algumas reflexões sobre a Geografia

Econômica no sentido de buscar elementos para sua definição. Neste sentido,

procuramos trazer alguns elementos para caracterizar a Geografia Econômica a partir de

suas diferentes definições, bem como situá-las dentro da evolução do pensamento

geográfico de forma a contextualizá-las e também procurando mostrar nossas

impressões e entendimento da Geografia Econômica no sentido de contribuir para uma

“atualização” a partir de uma reflexão sobre a validade de determinados elementos em

sua caracterização.

O segundo capítulo expressa nosso esforço de sistematização e análise

das dissertações e teses selecionadas no levantamento bibliográfico efetuado junto às

bibliotecas da FCT/UNESP em Presidente Prudente, IGCE/UNESP em Rio Claro e

FFLCH/USP em São Paulo. Este capítulo se constitui a base das reflexões sobre a

Geografia Econômica na medida em que nesta parte do trabalho procuramos evidenciar

os elementos encontrados na análise do material bibliográfico destacando os mais

relevantes para se pensar não só a produção existente no Estado de São Paulo em

particular e sim enquanto expressão da Geografia Econômica e da própria Geografia.

Este capítulo está dividido em dois momentos: o primeiro no qual discutimos as

temáticas e estrutura dos trabalhos e o segundo no qual discutimos as metodologias e

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referenciais teóricos sempre procurando apresentar exemplos a partir do que

encontramos nos próprios trabalhos.

O terceiro capítulo é uma tentativa mais ampla de reflexão sobre o

conjunto de elementos e características observadas nos trabalhos a fim de verificar qual

a Geografia Econômica presente neles, quais os avanços, permanências, influências,

enfim, o que podemos dizer da Geografia Econômica produzida no Estado de São Paulo

tendo em vista as diferentes orientações e mudanças que a própria Geografia sofreu

durante o período estudado.

Infelizmente a Geografia carece de reflexões internas sobre sua

produção; na Geografia Econômica são poucas as análises neste sentido. Por isso,

acreditamos que este trabalho pode ser um passo pequeno mas necessário para futuras

reflexões. Está evidente que falar em Geografia Econômica não é algo ultrapassado;

precisamos sim pensar e refletir sobre o sentido e significado dela. Os temas e questões

da conjuntura mundial atual em que vivemos são mais do que motivos e elementos para

isso.

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CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1

GEOGRAFIA ECONÔMICA: ELEMENTOS PARGEOGRAFIA ECONÔMICA: ELEMENTOS PARGEOGRAFIA ECONÔMICA: ELEMENTOS PARGEOGRAFIA ECONÔMICA: ELEMENTOS PARA UMA DEFINIÇÃOA UMA DEFINIÇÃOA UMA DEFINIÇÃOA UMA DEFINIÇÃO

Para iniciarmos a discussão sobre a produção científica em Geografia

Econômica precisamos primeiramente esclarecer o que estamos entendendo como

Geografia Econômica de forma que o leitor possa ter clareza sobre os critérios e

balizamentos que nortearam as reflexões e mesmo a seleção dos trabalhos e de

determinados elementos nestes.

Neste sentido, tentaremos neste primeiro capítulo trazer alguns

elementos para caracterizar a Geografia Econômica a partir de suas diferentes

definições, bem como situá-la dentro da evolução do pensamento geográfico de forma a

contextualizá-la. Além disso, procuraremos também esclarecer nossas impressões e

entendimento da Geografia Econômica no sentido de contribuir para uma “atualização”

a partir de uma reflexão sobre a validade de determinados elementos em sua

caracterização.

A Geografia Econômica no pensamento geográficoA Geografia Econômica no pensamento geográficoA Geografia Econômica no pensamento geográficoA Geografia Econômica no pensamento geográfico

Há poucas referências à Geografia Econômica e sua história

especificamente na história do pensamento geográfico. Em um ou outro momento

encontramos um dado ou uma citação referente a este campo da Geografia o que tornou

difícil, para nós, uma reconstituição mais detalhada desta história.

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Sobre a origem do termo Geografia Econômica, segundo Wooldridge

e East (1967) parece ter sido utilizado pela primeira vez pelo alemão Gotz (1882)2 para

distinguir seus trabalhos de Geografia Comercial. A Geografia Comercial servia como

uma espécie de material de consulta pois não passava de afirmações sobre fatos, com

dados históricos e estatísticos acerca da situação, magnitude e processos concernentes á

produção e troca de mercadorias.

Os autores afirmam que:

Na opinião de Gotz, a Geografia Econômica seria a Geografia Comercial tratada do ponto de vista das relações de causalidade. Seu objetivo seria o estudo científico das áreas do mundo, com respeito à influência direta que exercem sobre a produção de mercadorias. Nesse particular, definiu-se um longo caminho que muitos geógrafos especialistas em Geografia Econômica trilharam, buscando verificar, acima de tudo, a influência dos fatores de ordem física sobre as ocupações, os produtos e, de modo mais geral, a vida dos povos estabelecidos nas diferentes partes do globo. Trata-se, pois, de uma tarefa eminentemente geográfica e relacionada de maneira direta como o campo da Geografia Geral, possuindo bastante em comum com o mesmo. Procura estabelecer para o mundo, considerado como um todo, a natureza e o fundamento lógico de suas diferenciações regionais. (...) (Wooldridge e East, 1967, p. 109) Tomando-se por base os períodos e escolas constituintes da Geografia

moderna3, podemos dizer que a origem da Geografia Econômica está vinculada à Escola

Francesa que teve como principal expoente Paul Vidal de La Blache.

La Blache acentuou o propósito humano da Geografia vinculando

todos os estudos à Geografia Humana (Moraes, 1986, p.72) propiciando uma distinção

em relação à Escola Alemã de Humboldt, Ritter e Ratzel que de uma forma geral dava

maior importância aos elementos naturais. No caso de Ratzel isso se deve ao fato de

2 Os autores não mencionam o ano/época deste fato, mas Lutgens (1954, p.4) coloca esta data. 3 Não é nosso objetivo neste trabalho fazer uma trajetória detalhada da evolução do pensamento geográfico. Para uma visão mais ampla deste assunto com as características e principais idéias desses períodos e escolas ver Capel, Horácio. Filosofia y Ciencia en la Geografía Contemporánea. Barcelona: Barcanova, 1981.

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suas idéias se desenvolverem a partir da relação homem-meio pela perspectiva do meio

como elemento central para se pensar as condições humanas.

Na verdade, a proposta de La Blache foi uma espécie de “reação” às

idéias da Escola Alemã na medida em que colocava o homem como ser ativo que sofre

a influência do meio, porém atua sobre este transformando-o.

Podemos dizer que os fatos econômicos dentro da proposta de La

Blache eram uma conseqüência do humano. Desta forma, as atividades econômicas

como comércio e circulação são vistos como fatores do desenvolvimento humano. Na

obra Princípios de Geografia Humana (1954)4, após falar da distribuição do homem no

globo e das formas de civilização, La Blache destaca a circulação de forma a mostrar a

importância dos progressos dos meios de transporte para o desenvolvimento econômico.

Vejamos o que ele fala:

Quaisquer que tenham sido as modificações trazidas pelos caminhos-de-ferro, ligam-se mais ao passado do que o substituem. Importa ter em grande consideração o que previamente as estradas haviam levado a termo, as conseqüências a que tinham dado origem e que persistem através dos factos econômicos da idade atual. Por exemplo, a indústria moderna enxertou-se muito freqüentemente nas relações criadas pelas estradas. Se muitas das cidades industriais européias puderam conservar sua vitalidade, apesar das vicissitudes a que tiveram expostos os seus gêneros de trabalho, devem-no à posição de que desfrutavam em estradas freqüentadas desde remotos tempos pelo comércio. (...) (La Blache, 1954, p. 317-318)

A partir das idéias de La Blache, dentro da Geografia Francesa

desenvolveram-se os estudos regionais5 e a Geografia Regional tornou-se a mais usual

perspectiva de análise geográfica. Com a grande quantidade de estudos regionais

4 La Blache, Paul Vidal de. Princípios de Geografia Humana. Lisboa: Cosmos, 1954. 5 O conceito de região foi explicitado pela Escola Francesa como uma unidade de análise geográfica que exprimia a forma de os homens organizarem o espaço terrestre; seria uma escala de análise dotada de individualidade em relação à áreas limítrofes (Moraes,1986, p. 75)

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iniciaram-se as especializações que tentavam uma reunião de certos elementos

levantados em tais estudos, como o agrícola, urbano, etc.

Dentre estas especializações tem-se a Geografia Econômica que

inicialmente privilegiou como objeto de análise a vida econômica de uma região,

discutindo os fluxos, o trabalho, a produção, etc, articulando população, comércio,

indústria, transportes, entre outros elementos do quadro regional6.

Pode-se dizer que a Geografia Econômica contentava-se então com o

reconhecimento da “vida econômica regional” e suas formas correspondentes através de

fenômenos que se manifestavam em escalas maiores, sendo facilmente identificáveis

nas observações empíricas cujas lógicas internas eram explicadas pela interdependência

funcional dos elementos e fatores.

A partir dos pressupostos gerais de La Blache alguns autores

desenvolveram estudos específicos nos quais encontramos a preocupação com as

questões econômicas.

Neste caso, podemos citar A. Demangeon (1872-1940) que revelou a

problemática econômica enfatizando as instalações humanas em relação às atividades

produtivas e Camille Vallaux por entender que a Geografia deveria estudar o “quarto

estado da matéria”, aquele criado pelo trabalho humano, portanto resultante das

atividades produtivas.

Mesmo tendo exercido pouca influência na Geografia francesa oficial

e não seguir a proposta lablachiana, acreditamos que Elisée Reclus (1830-1905) é um

nome que deve ser lembrado quando se fala da discussão de questões econômicas na

Geografia. Segundo Lacoste7, Reclus já levantava em sua época o problema do

desenvolvimento industrial, da análise das estruturas econômicas, políticas e sociais nos

6 Para termos uma idéia de como isso ocorreu basta pegarmos, por exemplo, os índices dos trabalhos de Delgado de Carvalho e Aroldo de Azevedo. 7 Citado por Andrade (1991, p.26)

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estudos geográficos. Neste sentido, ao referir-se ao papel de Reclus na Geografia

francesa, Capel destaca que:

(...) Reclus pone de manifesto, una y outra vez, el papel de la organización social en la producción y en la organización del espacio geográfico, e incorpora decididamente temas que a vences tardarían en ser incluidos en la tradición geográfica: el problema de la defectuosa explotacíon de la tierra como resultado de la estructura social de la propriedad o de la explotacíon; el tema de la colonización y el imperialismo europeo; la incidencia del mercado mundial en la actividad y en la vida de los productores; la situación social de la población urbana y rural; la inadecuada distribución de los recursos terrestres, que él considera suficientes para alimentar la población mundial. (...) (1982, p. 305)

Outro momento em que podemos destacar a Geografia Econômica no

pensamento geográfico refere-se à decada de 1950. A partir da Segunda Guerra Mundial

o capitalismo sofre mudanças no que diz respeito à divisão social e territorial do

trabalho e isso se reflete nas ciências, principalmente nas ciências humanas tendo em

vista o progresso de seus suportes, as necessidades dos utilizadores e o próprio objeto. O

progresso na automação trouxe, então, a necessidade de buscar alternativas que

respondessem às novas exigências. (Santos, 1980)8.

A Geografia neste momento começa a assistir a essa busca de

alternativas em seu interior tendo como uma das principais expressões o surgimento da

chamada Nova Geografia dentro do movimento de renovação.

A Nova Geografia, como afirma Santos (1980) quer marcar distância

em relação à Geografia Clássica constituindo-se num novo paradigma, num novo

método, utilizando-se de uma nova linguagem na tentativa de sobrepor-se às chamadas

“escolas nacionais”.

8 Santos, Milton. Por uma Geografia Nova – da crítica da Geografia à uma Geografia crítica. São Paulo: Hucitec, 1980.

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Claro que, como é sabido, a New Geography provocou reações que iam

desde sua defesa incondicional até seu total repúdio. Esse repúdio e as críticas mais

veementes vinham em função do papel ideológico e pragmático que se revestia essa

Geografia. Como afirma Correa (1987)9 a Nova Geografia tinha função de justificar a

expansão capitalista e escamotear as transformações por meio de sua ação pragmática e

de planejamento do Estado capitalista.

A crítica de Santos (1980) vai no mesmo sentido, ou seja, do

comprometimento de sua manifestação quantitativa valorizando o empírico e o

ideológico.

Dentro deste contexto, a Geografia Econômica pautou-se

exclusivamente na utilização de modelos hipotéticos sem priorizar a compreensão ou

explicação da realidade.

Desta forma, os modelos propostos por Lösch, von Thünen e

Christaller foram incorporados e particularizados aos estudos geográficos temáticos

tomando-os como generalizadores de explicações que tentavam ajustá-los

indiscriminadamente à realidade. Dentro desta escola, a Geografia Econômica adotou os

modelos propostos demonstrando os mesmos problemas e limitações impostas por eles

em sua aplicação aos fenômenos dinâmicos do espaço10.

Ainda no contexto do movimento de renovação da Geografia, na

vertente conhecida como crítica, principalmente para a Geografia Econômica, destaca-

se o nome de Pierre George. A partir das transformações ocorridas na Geografia

Regional Francesa que se aproximava mais da História e da Economia, George

9 Correa, Roberto L. Região e Organização Espacial. São Paulo: Ática, 1987. 10 Como exemplo de trabalhos seguindo esta linha, especificamente no Brasil, podemos citar grande parte dos artigos de Speridião Faissol publicados durante a década de 1970 na Revista Brasileira de Geografia (IBGE).

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introduziu alguns conceitos de formação e/ou inspiração marxista na discussão

geográfica como relações de produção, relações de trabalho, capital e forças produtivas.

Inclusive deve-se ressaltar que sua obra “Geografia Econômica” foi

um marco importante para a época11 embora tenha sido posteriormente criticada.

Oliveira (1982) afirma que nesta obra, George fala da forma sem se

envolver com o conteúdo, abstraindo conceitos como modo de produção, classes sociais

e luta de classes que são fundamentais para se entender o econômico enquanto infra-

estrutura econômica da sociedade12.

Além disso, para a realização e discussão dos temas adota-se uma

postura aparentemente neutra.

Para Oliveira a chave para a compreensão da obra de George está no

fato de que o autor utiliza-se de conceitos do materialismo histórico articulando-os

segundo o método histórico da economia (um choque teórico-metodológico na sua

prática teórica).

Desta forma, seria uma orientação na qual a história segue uma

linearidade evolucionista, não havendo grandes rupturas sendo que todo funcionamento

das dinâmicas econômicas e sua relação com o espaço seguiria esta linearidade, não

permitindo que as contradições presentes nestas dinâmicas produzam grandes rupturas.

Isto não significa demérito para a obra de George, mas é importante destacar seus

limites no âmbito da Geografia e da Geografia Econômica.

Quanto à Geografia Econômica brasileira, em particular, segundo

Silva (1988, p. 32) esta “desenvolveu-se segundo quatro temas que foram

11 Uma análise preliminar desta obra pode ser encontrada em nosso trabalho de Iniciação Científica intitulado Geografia e Economia: fronteiras e convergências – um estudo da produção científica em Geografia Econômica concluído em Julho/1997 sob orientação do Prof. Sérgio Braz Magaldi e apoio financeiro do PIBIC/CNPq. 12 Para este entendimento toma-se por base, como instrumento de análise, como faz Oliveira, o materialismo histórico dialético tal como Marx.

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sucessivamente se impondo em vista das transformações ocorridas nos últimos trinta

anos”.

Segundo o autor esses temas seriam: 1) recursos naturais e

posteriormente recursos humanos que se desenvolveram a partir da década de 40

quando com o início da implantação da indústria de base no Brasil, os problemas da

agricultura e pecuária começaram a ganhar dimensões diferentes da perspectiva da

industrialização; 2) produção e circulação que foi introduzido na década de 50

levantando-se a questão da localização de atividades relacionadas ao sistema econômico

tendo em vista as variáveis geográficas; 3) desenvolvimento e subdesenvolvimento que

surgiu na década de 60 e início da década de 70 discutindo os problemas anteriores de

recursos e de produção e circulação sob o prisma desta questão e 4) problemas

referentes à organização do espaço que foi introduzido na década de 70 englobando os

anteriores, principalmente a teoria da localização que passa a ser vista como parte da

problemática regional.

Com relação ao momento mais recente, na seqüência procuraremos

mostrar as questões atuais da Geografia Econômica em termos de definição de objeto,

temáticas etc. O próprio desenrolar deste trabalho trará elementos para pensarmos o

momento atual e mais especificamente as duas últimas décadas.

No entanto, já devemos lembrar que a partir da década de 1980 a

Geografia brasileira viveu um momento de grandes mudanças e rupturas teórico-

metodológicas que poderão ser observadas na Geografia Econômica pelas temáticas

tratadas e forma de abordagens destas13.

Já nos fins da década de 1980 e início da década de 1990 com as

mudanças na economia global, nas estruturas das relações de poder e a chamada crise

13 No Capítulo seguinte estaremos discutindo detalhadamente esta questão.

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paradigmática do mundo moderno14a Geografia Econômica passa a se preocupar, então

com as questões que envolvem esse mundo em mutação. Dessa maneira, a partir do

novo paradigma técno-econômico baseado na informação surgem novos processos e

temas como a reestruturação industrial, acumulação flexível, flexibilização das relações

de trabalho, entre outros.

Quanto ao referencial teórico-metodológico adotado, assim como na

Geografia em geral notamos a permanência do materialismo histórico dialético mas já

apontando para novas tendências que ainda estão sendo delineadas.

Pensando a partir das definições de Geografia EconômicaPensando a partir das definições de Geografia EconômicaPensando a partir das definições de Geografia EconômicaPensando a partir das definições de Geografia Econômica

Tendo em vista os objetivos deste trabalho faz-se necessária uma

reflexão do significado da Geografia Econômica na medida em que precisamos deixar

claro “o que é” para depois pensarmos no “como é”.

Nesta reflexão nos baseamos majoritariamente nas definições de

Geografia Econômica encontradas na bibliografia existente, principalmente em Manuais

verificando que nos últimos anos (décadas de 1980 e 1990) muito pouco foi publicado

neste sentido, ou seja, definindo ou refletindo sobre a Geografia Econômica.

Sendo assim, segue-se uma tentativa de reflexão sobre a Geografia

Econômica a partir dos elementos contidos nas definições de diferentes autores.

Vejamos o que diz George (1983, p.1)15:

14 Para mais detalhes sobre esta questão ver: Moreira, Ruy.O círculo e a espiral – a crise paradigmática do mundo moderno. Rio de Janeiro: Obra Aberta, 1993. Nesta obra o autor discute essa questão destacando o papel do Estado, da técnica e da própria cultura técnico-científica baseada no paradigma cartesiano-newtoniano no interior da crise do capitalismo do final do século XX. 15 Aqui chamamos atenção para o fato de que a primeira edição desta obra em português é de 1961.

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A Geografia Econômica tem por objeto o estudo das formas de produção e o da localização16 do consumo dos diferentes produtos no âmbito mundial17. (1983, p.1)

Seguindo esta mesma orientação teórica de George, temos várias

outras bastante semelhantes:

(...) A finalidade desta disciplina será o estudo das formas de produção e localização do consumo dos diferentes artigos em conjunto mundial. (Torres e Saenz, 1972, p.13) (...) a preocupação especial do especialista em Geografia Econômica relaciona-se com a distribuição espacial das atividades produtivas; a tarefa dele consiste em estabelecer e analisar modelos de áreas desta distribuição e chegar, se possível, a explanações válidas das mesmas. (Estall e Buchanan, 1971, p.15)

Embora anteriores, as definições abaixo também mostram a

preocupação com os mesmos elementos:

La Geografía Económica estudia la producción y la distribuición de las mercancias (...) (Allix, 1950, p.528)

(...) é a parte da Geografia Humana que estuda a localização das riquezas naturais e dos bens materiais criados pelo homem na superfície terrestre, levando em conta as influências que exercem sobre esta e o meio físico e a atividade humana. (Repetto, 1959, p.173)

(...) A Geografia Econômica é o estudo da relação dos fatores

físicos do meio com as condições econômicas das ocupações produtivas e da distribuição que se produz. (Jones e

Darkenwald, 1955, p. 20)

O aspecto que destacamos nestas definições é a grande ênfase dada à

localização do consumo e das formas de produção em escala mundial. Nem tanto para

16Grifo nosso. 17Grifo nosso.

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as formas de produção (geralmente entendidas apenas no “como se produz” sem levar

em consideração elementos estruturantes do processo de produção) e mais para a

localização em escala mundial. Desta forma, pode-se dizer que a Geografia Econômica

preocupava-se com o “o que e onde” se produz identificando e localizando fatos de

natureza econômica.

Destaca-se que a definição de Repetto chama atenção para a questão

das influências. A de Estall e Buchanan (1971) aponta a análise de modelos18 .

Dentre as definições encontradas, a de Manners (1976) nos parece a

mais inovadora no sentido de que lança elementos novos como as diferencialidades; ele

fala em "caráter variável da vida econômica" e as próprias relações existentes entre os

diferentes espaços de produção, consumo, circulação, enfim, das atividades econômicas,

embora também utilize-se da descrição: “Os geógrafos econômicos procuram compreender,

pela escrição e análise, o caráter variável da vida econômica, sobre a face da terra e os

intercâmbios espaciais correlatos. (p.15)”

A questão da localização da produção e do consumo é sem dúvida, o

ponto central da Geografia Econômica segundo as definições apresentadas.

Qual seria, então, o papel da Geografia Econômica? Com base nestas

definições, a Geografia Econômica seria responsável pelo mapeamento das atividades

produtivas na superfície terrestre dando ênfase às “semelhanças e diferenças de região

para região, pequenas e grandes regiões e nas relações entre estas” (Thoman, 1968 apud

Megale). Desta forma, a Geografia Econômica encarregar-se-ia de localizar e descrever

as atividades econômicas/produtivas (produção, distribuição e consumo) sobre a

superfície terrestre de forma a caracterizá-las.

18 Aqui deve-se levar em consideração o momento por que passava a Geografia enfatizando as abordagens modelísticas e sistêmicas.

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Megale (1975, p.08) afirma que “(...) a Geografia Econômica é a

parte da ciência geográfica tendo seu aspecto espacial definido quanto à sua relação

com a economia”. Embora sua definição seja um pouco vaga ou não muito clara,

Megale chama atenção para a relação com a Economia dando um caráter menos

generalizante à Geografia Econômica.

Neste sentido, lembramos o que Milton Santos (1980) também aponta

quanto às relações e mesmo contribuições que a Geografia pode trazer á Economia:

A própria geografia pode contribuir para a evolução conceitual de outras disciplinas, a economia, por exemplo, e isso se tornou muito mais evidente depois que a economia neoclássica se impôs escolasticamente e também politicamente, como instrumento essencial à difusão capitalista. Como a economia neoclássica é por definição, uma abstração em relação ao homem e ao meio geográfico, os estudos geográficos ganharam assim novas condições para colaborar no aperfeiçoamento de muitos dos conceitos econômicos. (p.102)

É Rochefort (1998, p.44-45) quem faz uma clara relação entre espaço

e economia:

(...) A economia se inscreve no espaço por lugares onde se faz a produção, quer seja a produção primária (como para a borracha, as plantações de héveas), a produção industrial (isto é, a localização da fábrica onde se opera a transformação de matérias-primas em produtos acabados), a produção terciária (por exemplo, o local onde fisicamente está implantada a filial bancária que recebe o cliente). Esta é uma primeira relação entre economia e espaço. A segunda é a localização das direções desses três tipos de estabelecimentos. (...)

A relação apontada por Rochefort parece voltada ao entendimento de

Geografia Econômica predominante nas definições anteriormente destacadas na medida

em que enfatiza a questão da localização. Podemos, então, perceber uma restrição da

Geografia Econômica aos aspectos da distribuição dos fatos econômicos no território,

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ou seja, aos elementos visíveis e aparentes que se materializam em determinada porção

do território.

Os estudos de Geografia Econômica, portanto, consideravam as

paisagens econômicas numa perspectiva estática, sem buscar as relações e os

cruzamentos que as diferentes instâncias mantêm através dos agentes, instituições,

governos e mercados, em diferentes níveis e escalas.

Mas e a discussão do que está além dos aspectos visíveis? E os

processos e relações desencadeadoras dessa materialidade? Não caberia à Geografia

Econômica a discussão de tais questões deixando de fazer tão somente uma análise

empírica e descritiva ?

Na seqüência procuraremos pontuar algumas questões que julgamos

importantes para avançarmos numa definição de Geografia Econômica que procure

contemplar a preocupação acima colocada.

Buscando elementos para uma definição atualizada de Geografia Buscando elementos para uma definição atualizada de Geografia Buscando elementos para uma definição atualizada de Geografia Buscando elementos para uma definição atualizada de Geografia

EconômicaEconômicaEconômicaEconômica

A partir das definições apresentadas acima iremos agora esclarecer os

elementos que balizaram a análise da produção científica em Geografia Econômica

podendo delimitar com maior precisão a abrangência de suas preocupações. Isto não

significa que traremos uma nova definição de Geografia Econômica, mas sim

refletiremos sobre a validade de determinados elementos na caracterização da Geografia

Econômica como contribuição à sua atualização.

A Geografia Econômica sustenta-se primeiramente por apresentar uma

característica básica: a precedência do fato/evento econômico na determinação dos

processos e relações que produzem as diferentes formas espaciais.

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Sendo assim, devemos ter claro que a Geografia Econômica procura

fazer uma análise geográfica dos fatos econômicos que estão presentes nas diferentes

formas espaciais que são produto e condição para o desenvolvimento das forças

produtivas e de suas relações determinantes/conseqüentes.

De um modo geral, poderíamos dizer que o enfoque econômico no

trabalho geográfico relaciona-se à espacialidade dos fatos econômicos, visto que esses

fatos têm a capacidade de se expressar e materializar no espaço.

Neste sentido, deve-se ressaltar a importância do “geográfico” em

processos histórico-estruturais como os de aprofundamento e complexificação da

divisão do trabalho e da reprodução ampliada do capital, além do comparecimento não

neutro do território nos processos de (re)estruturação de mercados ou de reconfiguração

de objetos, métodos e processos associados à produção e às novas formas de

organização, controle e regulação do trabalho envolvendo agentes tais como firmas,

corporações, ramos e indústrias, sindicatos, entre outros. (Magaldi, 1996)

Benko (1996) fala em comportamento geográfico das atividades

econômicas e discutindo o que denomina de Geografia Econômica contemporânea

chama atenção justamente para as questões que não dizem respeito apenas ao sistema

produtivo em si, mas ao papel de alguns conceitos e questões como modo de regulação,

modelo de desenvolvimento, paradigma tecnológico, entre outros para a compreensão

da organização territorial da produção contemporânea. Em outras palavras, não basta

localizar a produção, a Geografia Econômica deve buscar explicar o movimento dessa

produção e o conjunto de elementos envolvidos que produzem as diferentes

configurações espaciais que principalmente neste final de século apresentam grandes

mudanças. Compreender essas mudanças em nível espacial seria, então, o papel da

Geografia Econômica.

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Fazendo um balanço da Geografia Econômica nas últimas décadas,

Martin (1996) afirma que até a década de 1980 a Geografia Econômica organizou-se em

torno de dois programas de pesquisa básicos: a dinâmica da localização industrial e o

processo de desenvolvimento regional desigual utilizando conceitos e teorias da

economia neoclássica, de Keynes e de Marx e que essa situação tem mudado nos

últimos anos principalmente porque as bases teóricas estão sendo contestadas. Segundo

Martin:

(...) Nenhuma das principais escolas de economia – neoclássica, keynesiana ou marxista – explica adequadamente os acontecimentos e mudanças das últimas duas décadas, e, à medida que esses principais paradigmas ficaram como que sitiados, houve um avanço nas revisões, reformulações e perspectivas alternativas propostas. (...) (1996, p. 33)

Além disso, a economia está em mutação havendo um novo

paradigma técno-econômico baseado na informação e com ele novos processos e temas

(reestruturação industrial, relações de trabalho, entre outros). Portanto, não vivemos

mais o paradigma da economia industrial, ele não é mais capaz de explicar a realidade, e

com isso, a Geografia Econômica precisa buscar outros referenciais. Neste sentido,

aponta a necessidade de se fazer uma Geografia Econômica de múltiplas dimensões

considerando quatro níveis: microeconomia de indivíduos e empresas, macroeconomia

do estado-nação, a economia do capital e as finanças transnacionais e a economia global

ou mundial (Martin, 1996, p.56).

De qualquer maneira, percebe-se que o espaço a ser considerado é

essencialmente o espaço para reprodução do capital, na medida em que a constituição

do espaço em sentido amplo tem como princípio básico a dinâmica do sistema

capitalista e suas diversas variáveis.

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Destacamos, então, a existência de uma base econômica fundamental

em fatos que se expressam espacialmente, ou seja, o econômico não é a única

determinação, mas é uma condição básica para os processos e fenômenos

espacializáveis.

Diante do exposto, percebemos que alguns elementos se revelam

importantes para o entendimento dos fatos econômicos na análise geográfica Dentre

esses podemos destacar: produção, circulação, consumo, relações capital/trabalho,

movimento/dinâmica, contradição, Estado e classes sociais.

Neste sentido, a busca de uma atualização da Geografia Econômica,

mesmo levando-se em consideração a nova estrutura econômico-produtiva mundial e as

temáticas e situações conseqüentes desta, ainda deve ter tais elementos como centrais

para suas análises e interpretações. Processos como produção, circulação e consumo,

por exemplo, embora possam apresentar novas configurações e dinâmicas ainda

continuam sendo importantes para se explicar as atuais realidades econômico-espaciais.

Assim, também, as relações capital-trabalho, o papel do Estado e as relações de classe,

sempre procurando considerá-los dentro de uma dinâmica que é contraditória (a

dinâmica do capital).

Por fim, apenas a título de esclarecimento, para que possamos

justificar no conjunto dos trabalhos analisados (dissertações e teses) a presença de

alguns que poderiam ser classificados como Geografia Rural ou Geografia Urbana,

deve-se lembrar que os fatos econômicos podem manifestar-se em diferentes lugares.

Desta forma, sabemos que os objetos da Geografia Econômica podem

estar relacionados ao rural (campo) ou ao urbano (cidade). É aceitável, portanto que em

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algumas situações iremos “esbarrar” na Geografia Rural ou Urbana19. Mas o que deve

ficar claro mais uma vez é o “recorte” estabelecido para o tratamento do objeto.

Entendemos que os estudos “rurais” e “urbanos” que manteriam

contato com a Geografia Econômica expressam preocupação com as formas espaciais

que guardam em seu conteúdo uma certa precedência de natureza econômica. Claro que

a esta se combinam as dinâmicas sociais e políticas produzindo diferentes formas

espaciais. Não queremos reduzir o espectro dos estudos rurais e urbanos em Geografia,

mas tão somente identificar aqueles que sublinham os processos econômicos em curso

naquelas fases de organização do espaço.

Deve-se destacar que tanto no urbano como no rural as atividades de

produção, circulação, consumo, intermediação financeira, além das relações de

produção e seus agentes estão presentes. Portanto, dependendo de como determinadas

questões de natureza econômica são tratadas na cidade ou no campo, pode-se estar

fazendo uma leitura geoeconômica da cidade ou do campo.

Os fatos específicos ligados à dinâmica externa e interna do campo ou

da cidade podem também “esbarrar” no econômico. No entanto, as preocupações em

termos de objetivos são diferentes. No caso deste trabalho, nossa hipótese é que o

econômico aparece como elemento explicativo de outros fatos ou processos específicos.

Assim, para a Geografia Econômica, o urbano ou o rural aparecem como formas

espaciais produzidas pela dinâmica econômica; daí buscarmos uma leitura geográfica

destes fatos.

Não queremos com isso adotar uma perspectiva limitadora, apenas

queremos deixar claro que para os fins deste trabalho haverá uma precedência e não

19 Beltrão Sposito (1999) fala da importância da valorização da análise econômica na pesquisa urbana desde que articulada a outras dimensões de análise afastando-se do enfoque “economicista” que toma o econômico como determinante do conjunto de transformações sociais, políticas e ideológicas.

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determinação do econômico para explicação dos fatos que assumem diferentes formas

quando materializados no espaço.

Portanto, salientamos que a inclusão de alguns trabalhos baseou-se no

enfoque dado pelo autor, no “peso” dado ao econômico dentro da obra para explicação

do fenômeno que se materializa na cidade ou no campo.

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CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 2

ELEMENTOS PARA A DISCUSSÃO: CARACTERÍSTICAS DA ELEMENTOS PARA A DISCUSSÃO: CARACTERÍSTICAS DA ELEMENTOS PARA A DISCUSSÃO: CARACTERÍSTICAS DA ELEMENTOS PARA A DISCUSSÃO: CARACTERÍSTICAS DA

PRODUÇÃO CIENTÍFICA ACADÊMICA PRODUÇÃO CIENTÍFICA ACADÊMICA PRODUÇÃO CIENTÍFICA ACADÊMICA PRODUÇÃO CIENTÍFICA ACADÊMICA EM GEOGRAFIA ECONÔMICA EM GEOGRAFIA ECONÔMICA EM GEOGRAFIA ECONÔMICA EM GEOGRAFIA ECONÔMICA

NO ESTADO DE SÃO PAULONO ESTADO DE SÃO PAULONO ESTADO DE SÃO PAULONO ESTADO DE SÃO PAULO

Após os esclarecimentos teóricos feitos no Capítulo 1, passamos agora

à apresentação e discussão da fonte bibliográfica estudada a fim de buscar elementos

para procedermos a uma avaliação da Geografia Econômica.

Como dissemos na introdução deste trabalho, a série temporal

analisada compreendeu os anos 1970-1998. Foram consultadas cerca de 500

dissertações e teses defendidas no cursos de Pós-graduação em Geografia da

FCT/UNESP/Presidente Prudente, Área de Concentração em Desenvolvimento

Regional e Planejamento Ambiental, do IGCE/UNESP/Rio Claro, Área de

Concentração em Organização do Espaço e da FFLCH/USP, Área de Concentração em

Geografia Humana. Destas 500 foram selecionadas 132 entre os 3 cursos de acordo com

os critérios estabelecidos e mencionados anteriormente. Os trabalhos selecionados

podem ser conhecidos pelo quadro apresentado no Anexo I.

A leitura de Gamboa (1987) nos trouxe alguns esclarecimentos e

sugestões a partir da metodologia por ele utilizada em seu trabalho20. Segundo Gamboa

a questão metodológica deve ser abordada levando-se em conta a relação entre o lógico

e o histórico. O lógico caracteriza-se pela reconstituição das estruturas internas das

abordagens explicitando as categorias técnico-metodológicas, teóricas, epistemológicas,

20 Trata-se de uma pesquisa sobre a produção discente dos cursos de pós-graduação em Educação do Estado de São Paulo (1971-1984) que tomou como universo de análise 502 teses e dissertações produzidas nesses cursos.

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gnosiológicas e ontológicas. Já o histórico seria o relacionamento entre as tendências e

o período estudado. Dentre os elementos lógicos destacam-se o nível técnico no qual

observou-se a utilização de técnicas de coleta, tratamento e análise de dados, ou seja,

qual o tipo de técnica utilizada pelo pesquisador; o nível teórico abordou o tipo de

referencial teórico utilizado e o epistemológico procurou identificar conceitos e inter-

relações que se mostraram centrais no conjunto dos trabalhos.

Utilizando-se desta relação Gamboa destaca as seguintes abordagens

na pesquisa em Educação: empírico-analíticas, fenomenológico-hermenêuticas e crítico-

dialéticas.

Assim como Gamboa, nosso objeto é a produção discente dos cursos

de Pós-Graduação (neste caso em Geografia) de modo que sua leitura trouxe ainda

elementos para pensar como proceder a uma análise de produção científica. Gamboa

utilizou um esquema paradigmático21 que continha vários tópicos e a partir da análise

destes é que avaliou o conjunto dos trabalhos.

Para leitura do material selecionado seguimos alguns passos

apontados por Gamboa (1987) tais como identificação de técnicas e metodologias

utilizadas e referencial teórico a partir de perguntas específicas sobre o texto de cada

pesquisa22, especialmente nos capítulos tidos como tradicionais e quase sempre

intitulados como introdução, referencial teórico, metodologia e conclusões. A partir

disso, montamos uma espécie de “banco de dados” reunindo as principais características

dos trabalhos analisados para que pudessem ser melhor refletidos posteriormente.

Tendo constituído este banco de dados, passamos à sua análise a fim

de caracterizar e refletir sobre a Geografia Econômica presente nesses trabalhos.

21 Esse esquema continha os seguintes tópicos: nível técnico, nível metodológico, nível teórico, nível epistemológico os quais já nos referimos anteriormente, pressupostos lógico-gnosiológicos (objetividade, subjetividade ou concreticidade) e pressupostos ontológicos (qual a visão de homem implícita). 22 Essas perguntas eram basicamente: Quais os objetivos do trabalho? Qual a metodologia utilizada? Qual o referencial teórico? Como estruturou o trabalho? O que aponta como conclusões?

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Análise das disAnálise das disAnálise das disAnálise das dissertações e tesessertações e tesessertações e tesessertações e teses

Na análise das dissertações e teses também estabelecemos dois níveis: um

primeiro mais inicial que procurou verificar as temáticas e assuntos abordados nos

trabalhos além das principais técnicas de pesquisa; no segundo nível procuramos refletir

sobre as metodologias e referencial teórico dos trabalhos.

Temáticas abordadas Temáticas abordadas Temáticas abordadas Temáticas abordadas

No quadro apresentado no Anexo II podemos verificar as temáticas

abordadas nas dissertações e teses em Geografia Econômica, o total de trabalhos nas

temáticas, sua freqüência por curso/instituição e ano de defesa.

Para que pudéssemos visualizar com mais facilidade as temáticas

abordadas nos trabalhos, elaboramos o gráfico abaixo:

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Figura 1

Legenda:

1- Agricultura (Modernização) 14- Comércio (Atacado) 2- Agricultura (Pequena produção) 15- Comércio (Franquias) 3- Agricultura (Relações de trabalho) 16- Comércio (Varejo) 4- Agricultura (Quadros agrários e agrícolas –atividades) 17- Comércio regional (Estudo de caso) 5- Agricultura e produção do espaço 18- Comércio (Supermercados e entrepostos) 6- Agricultura (Cooperativas) 19- Relações de Trabalho 7- Agricultura (Agroindústria) 20- Migrações 8- Indústria (Ramos) 21- Caracterização econômica de regiões 9- Indústria (Estudo de Caso – local) 22- Transportes 10- Indústria (Distritos) 23- Discussões teórico-metodológicas 11-Indústria (Tecnopólos) 24- Artesanato/garimpo 12- Comércio (Ambulante) 25- Renda da Terra urbana 13- Comércio (Shopping centers) Fonte: Levantamento bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

A partir dele notamos que a temática mais freqüente no conjunto dos

trabalhos e durante todo o período foi aquela relacionada à agricultura com ênfase na

caracterização de quadros agrários e agrícolas de determinadas regiões ou áreas. Em

seguida, a questão da pequena produção e dos estudos de caso sobre indústria se

destacaram. Também houve um número significativo de trabalhos sobre modernização

da agricultura, ramos da indústria e agroindústria, além de caracterização econômica de

regiões e relações de trabalho.

Temáticas Abordadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica - 1970 a 1998

0

5

10

15

20

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Temáticas

Número de Trabalhos

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Desta forma, notamos que houve uma grande preocupação com os

temas relacionados ao agrário ou agrícola. A indústria aparece em segundo plano como

preocupação tendo um número menor de trabalhos.

Para termos uma idéia de como isso ocorreu em cada curso/instituição

vejamos as figuras 2, 3 e 4:

Figura 2

Legenda:

1- Agricultura (Modernização) 14- Comércio (Atacado) 2- Agricultura (Pequena produção) 15- Comércio (Franquias) 3- Agricultura (Relações de trabalho) 16- Comércio (Varejo) 4- Agricultura (Quadros agrários e agrícolas –atividades) 17- Comércio regional (Estudo de caso) 5- Agricultura e produção do espaço 18- Comércio (Supermercados e entrepostos) 6- Agricultura (Cooperativas) 19- Relações de Trabalho 7- Agricultura (Agroindústria) 20- Migrações 8- Indústria (Ramos) 21- Caracterização econômica de regiões 9- Indústria (Estudo de Caso – local) 22- Transportes 10- Indústria (Distritos) 23- Discussões teórico-metodológicas 11-Indústria (Tecnopólos) 24- Artesanato/garimpo 12- Comércio (Ambulante) 25- Renda da Terra urbana 13- Comércio (Shopping centers) Fonte: Levantamento bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

O gráfico apresentado na Figura 2 nos mostra as temáticas abordadas

nos trabalhos defendidos no IGCE/UNESP em Rio Claro. Notamos claramente como o

número de trabalhos relacionados à agricultura é bastante superior aos outros temas de

forma que a questão mais discutida nos trabalhos de Geografia Econômica foi a

caracterização de quadros agrários e agrícolas destacando atividades de uma localidade

Tem áticas Abordadas nas D issertações e Teses em G eografia Econôm ica defendidas no IGCE/UNESP -

1980 a 1998

0

2

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

T emáticas

Número de trabalhos

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ou região. Na seqüência aparecem os trabalhos sobre modernização da agricultura e

pequena produção, respectivamente. A questão da indústria só aparece em quarto lugar

com um número bastante inferior de trabalhos. Mesmo se somarmos os trabalhos sobre

ramos da indústria e estudos de caso ainda é inferior ao número de trabalhos que

enfocam os quadros agrários e agrícolas. Temas como comércio, relações de trabalho e

renda da terra urbana também apresentam número reduzido de trabalhos.

Desta forma, notamos que nos trabalhos do IGCE/UNESP

relacionados à Geografia Econômica houve um predomínio das temáticas ligadas à

agricultura enquanto atividade econômica importante para a produção do espaço.

Já nos trabalhos de Geografia Econômica defendidos na FFLCH/USP

o quadro é um pouco diferente. A questão da indústria aparece com um número maior

de trabalhos, embora também seja expressivo o número de trabalhos que se dedicaram à

temáticas relacionadas à agricultura como observamos no gráfico abaixo:

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Figura 3

Legenda: 1- Agricultura (Modernização) 14- Comércio (Atacado) 2- Agricultura (Pequena produção) 15- Comércio (Franquias) 3- Agricultura (Relações de trabalho) 16- Comércio (Varejo) 4- Agricultura (Quadros agrários e agrícolas –atividades) 17- Comércio regional (Estudo de caso) 5- Agricultura e produção do espaço 18- Comércio (Supermercados e entrepostos) 6- Agricultura (Cooperativas) 19- Relações de Trabalho 7- Agricultura (Agroindústria) 20- Migrações 8- Indústria (Ramos) 21- Caracterização econômica de regiões 9- Indústria (Estudo de Caso – local) 22- Transportes 10- Indústria (Distritos) 23- Discussões teórico-metodológicas 11-Indústria (Tecnopólos) 24- Artesanato/garimpo 12- Comércio (Ambulante) 25- Renda da Terra urbana 13- Comércio (Shopping centers) Fonte: Levantamento bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

Claro que devemos levar em consideração o fato de que na USP há

um número maior de trabalhos, mesmo porque o curso é mais antigo em relação aos

demais analisados23, no entanto, há uma distribuição mais equitativa entre os trabalhos

sobre agricultura e indústria, além de haver um número significativo de trabalhos

discutindo temas como relações de trabalho, comércio, renda da terra urbana e

migrações. Ressalta-se, ainda a presença de trabalhos de cunho teórico-metodológico

como os de Oliveira (1978)24 e Ablas (1978)25.

23 Deve-se lembrar que a primeira defesa realizada no IGCE/UNESP ocorreu 1980 e na FCT/UNESP em 1991. 24 Oliveira, Ariovaldo U. de. Contribuição para o estudo da Geografia Agrária: crítica ao “estado isolado” de von Thünen. São Paulo, 1978. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

Temáticas Abordadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica defendidas na FFLCH/USP-

1970 a 1998

0

2

4

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Temáticas

Número de trabalhos

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Em relação aos trabalhos defendidos na FCT/UNESP primeiramente

deve-se ressaltar que há um número pequeno que aborda temas de Geografia

Econômica. Além disso, dos cursos de pós-graduação em Geografia do Estado de São

Paulo é o mais novo tendo, portanto, um número menor de defesas em relação aos

outros.

Na FCT/UNESP também notamos um número maior de trabalhos

enfocando a agricultura do que outros temas. Dos oito trabalhos selecionados, cinco

eram relativos à questões ligadas à agricultura e três à indústria. As demais temáticas

elencadas e encontradas na FFLCH/USP e IGCE/UNESP ainda não compareceram nos

trabalhos da FCT/UNESP como podemos notar pelo gráfico abaixo:

Figura 4

Legenda:

1- Agricultura (Modernização) 14- Comércio (Atacado) 2- Agricultura (Pequena produção) 15- Comércio (Franquias) 3- Agricultura (Relações de trabalho) 16- Comércio (Varejo) 4- Agricultura (Quadros agrários e agrícolas –atividades) 17- Comércio regional (Estudo de caso) 5- Agricultura e produção do espaço 18- Comércio (Supermercados e entrepostos) 6- Agricultura (Cooperativas) 19- Relações de Trabalho 7- Agricultura (Agroindústria) 20- Migrações 8- Indústria (Ramos) 21- Caracterização econômica de regiões 9- Indústria (Estudo de Caso – local) 22- Transportes 10- Indústria (Distritos) 23- Discussões teórico-metodológicas 11-Indústria (Tecnopólos) 24- Artesanato/garimpo 12- Comércio (Ambulante) 25- Renda da Terra urbana 13- Comércio (Shopping centers) Fonte: Levantamento bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

25 Ablas, Luiz A. de Q. Teoria do lugar central: bases teóricas e evidências empíricas. São Paulo, 1978. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

Temáticas Abordadas nas Dissertações em Geografia Econômica defendidas na FCT/UNESP - 1991 a 1998

0

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Temáticas

Número de trabalhos

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É importante destacar que esse predomínio das temáticas relacionadas

à agricultura é constante em todo o período estudado. Os gráficos das figuras 5, 6 e 7

mostram como isso aconteceu.

Figura 5

Legenda:

1- Agricultura (Modernização) 14- Comércio (Atacado) 2- Agricultura (Pequena produção) 15- Comércio (Franquias) 3- Agricultura (Relações de trabalho) 16- Comércio (Varejo) 4- Agricultura (Quadros agrários e agrícolas –atividades) 17- Comércio regional (Estudo de caso) 5- Agricultura e produção do espaço 18- Comércio (Supermercados e entrepostos) 6- Agricultura (Cooperativas) 19- Relações de Trabalho 7- Agricultura (Agroindústria) 20- Migrações 8- Indústria (Ramos) 21- Caracterização econômica de regiões 9- Indústria (Estudo de Caso – local) 22- Transportes 10- Indústria (Distritos) 23- Discussões teórico-metodológicas 11-Indústria (Tecnopólos) 24- Artesanato/garimpo 12- Comércio (Ambulante) 25- Renda da Terra urbana 13- Comércio (Shopping centers) Fonte: Levantamento bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

Pelo gráfico acima percebemos que durante a década de 1970 o tema

mais abordado nos trabalhos foi aquele relacionado à caracterização de quadros agrários

e agrícolas em determinadas áreas ou regiões seguido dos estudos de caso sobre

indústrias. No entanto, se somarmos os demais temas relacionados á agricultura

notamos que são mais que o dobro de trabalhos sobre indústria. Temas como

Temáticas Abordadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica - Década de 1970

0

2

4

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8

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Temáticas

Número de trabalhos

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caracterização econômica de regiões e discussões teórico-metodológicas também

comparecem, mas com um número bem menor de trabalhos.

Vejamos agora o que aconteceu na década de 1980:

Figura 6

Legenda: 1- Agricultura (Modernização) 14- Comércio (Atacado) 2- Agricultura (Pequena produção) 15- Comércio (Franquias) 3- Agricultura (Relações de trabalho) 16- Comércio (Varejo) 4- Agricultura (Quadros agrários e agrícolas –atividades) 17- Comércio regional (Estudo de caso) 5- Agricultura e produção do espaço 18- Comércio (Supermercados e entrepostos) 6- Agricultura (Cooperativas) 19- Relações de Trabalho 7- Agricultura (Agroindústria) 20- Migrações 8- Indústria (Ramos) 21- Caracterização econômica de regiões 9- Indústria (Estudo de Caso – local) 22- Transportes 10- Indústria (Distritos) 23- Discussões teórico-metodológicas 11-Indústria (Tecnopólos) 24- Artesanato/garimpo 12- Comércio (Ambulante) 25- Renda da Terra urbana 13- Comércio (Shopping centers)

Fonte: Levantamento bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

Pelo gráfico acima notamos que na década de 1980 foi ainda maior o

predomínio dos temas ligados à agricultura. Os temas mais enfocados foram as relações

de trabalho na agricultura e caracterização de quadros agrários e agrícolas em

determinadas áreas ou regiões seguidos da questão da modernização da agricultura e

pequena produção. Só depois destes aparece a indústria com estudos de caso locais.

Aparecem trabalhos discutindo as relações de trabalho e o comércio já apontando a

Temáticas Abordadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica - Década de 1980

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Temáticas

Número de trabalhos

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questão dos shopping centers, além da renda da terra urbana, fato que não ocorreu na

década anterior tendo em vista o próprio contexto econômico-social que o Brasil vivia.

Já na década de 1990, de acordo com o gráfico da Figura 7, notamos

que a temática mais enfocada nos trabalhos foi aquela relacionada aos ramos da

indústria seguida das discussões sobre pequena produção. Mas se novamente somarmos

todos os temas relacionados à agricultura, veremos que também houve um predomínio

destes em relação à indústria e outros. Aparece com um número significativo de

trabalhos a questão das relações de trabalho e renda da terra urbana. O comércio aparece

com o mesmo número de trabalhos da década anterior.

De uma forma geral, podemos dizer que a temática agricultura em

seus vários enfoques foi objeto de maiores atenções por parte dos autores que

realizaram trabalhos acadêmicos relacionados à Geografia Econômica. No entanto,

chamamos atenção ao fato de que na década de 1990 o interesse pelos temas industriais

é maior que nos períodos anteriores tendo em vista que o país já havia se consolido

industrialmente justificando as preocupações constantes em discutir essas questões

dentro da Geografia.

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Figura 7

Legenda: 1- Agricultura (Modernização) 14- Comércio (Atacado) 2- Agricultura (Pequena produção) 15- Comércio (Franquias) 3- Agricultura (Relações de trabalho) 16- Comércio (Varejo) 4- Agricultura (Quadros agrários e agrícolas –atividades) 17- Comércio regional (Estudo de caso) 5- Agricultura e produção do espaço 18- Comércio (Supermercados e entrepostos) 6- Agricultura (Cooperativas) 19- Relações de Trabalho 7- Agricultura (Agroindústria) 20- Migrações 8- Indústria (Ramos) 21- Caracterização econômica de regiões 9- Indústria (Estudo de Caso – local) 22- Transportes 10- Indústria (Distritos) 23- Discussões teórico-metodológicas 11-Indústria (Tecnopólos) 24- Artesanato/garimpo 12- Comércio (Ambulante) 25- Renda da Terra urbana 13- Comércio (Shopping centers)

Fonte: Levantamento bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

Ferreira (1998) em seu trabalho sobre a Geografia Agrária Brasileira

nas décadas de 30 a 90 nos fala sobre algumas características da produção que estamos

estudando (com enfoque mais econômico, ou seja, com recorte econômico) no período

de 1970 a 1998. Embora tenha utilizado como fonte bibliográfica os anais e periódicos,

notamos que basicamente as mesmas características e preocupações são encontradas nas

dissertações e teses nos diferentes momentos.

Desta forma, a autora afirma que:

A expansão do sistema capitalista no campo e as conseqüentes transformações econômicas e espaciais daí advindas e que aconteciam desde a década anterior, impregnaram os trabalhos dos geógrafos agrários na década de 80. A modernização da agricultura permaneceu como temática de destaque, entretanto, sua avaliação se fez em função das conseqüências que este

Temáticas Abordadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica - Década de 1990

0

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Temáticas

Número de trabalhos

Page 49: A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA … · Ao Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Prof. Dr. Antonio Nivaldo Hespanhol pelas críticas e sugestões apresentadas

processo trouxe para o agricultor brasileiro em vertentes que trataram das relações de trabalho, do camponês (até o momento pouco tratada pelo geógrafo agrário, mas bastante estudado pela sociologia rural), dos impactos ambientais causados pela adoção das novas técnicas de trabalho agrícola, do complexo agroindustrial e da questão da terra (fronteira agrícola e reforma agrária) (Ferreira, 1998, p. 24)

Como pudemos verificar pelos gráficos apresentados, na década de

1980 ocorre exatamente o que Ferreira destaca na passagem acima citada, ou seja, a

modernização da agricultura e suas conseqüências espaciais são enfocadas na maior

parte dos trabalhos, inclusive naqueles que deram um “peso” maior ao econômico,

como no caso que estamos estudando. Além disso, a questão da pequena produção, das

relações de trabalho e do complexo agroindustrial no contexto da expansão capitalista

no campo também foram bastante discutidas nos trabalhos de Geografia Econômica.

Claro que isso não ocorreu por acaso, ou seja a mudança de

preocupação no interior do tema agricultura, passando da caracterização do quadros

agrários e agrícolas na década de 70 e chegando à discussão da modernização e pequena

produção na década de 80 está em sintonia com as preocupações e discussões que se

colocavam para a sociedade brasileira naquele momento. Devemos lembrar que na

década de 1980 a modernização da agricultura foi o grande marco das transformações

no Brasil que passava de um país arcaico para um país “moderno” visto que se

urbanizava e industrializava rapidamente.

Já para década de 1990, Ferreira destaca que:

O espectro de análise e as tendências são bastante ricos para os anos 90, com um volume bastante considerável de trabalhos de conteúdo mais geral, como estudos de organização agrária, produção agrícola, força de trabalho, etc sob a forma de estudos de caso. (p. 25 )

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Como nos aponta Ferreira, da mesma forma, percebemos que nas

dissertações e teses produzidas durante a década de 1990 os temas relacionados às

relações de trabalho no campo e a questão da organização agrária e produção agrícola

em forma do que denominamos de quadros agrários e agrícolas são bastante discutidos

mostrando a grande preocupação dos geógrafos para com estas questões.

Desta forma, na década de 1990 a Geografia passa a estudar as

mudanças trazidas pela modernização da agricultura e suas conseqüências crescendo a

discussão sobre temas ligados à questão da terra com destaque às relações de trabalho.

Dada esta predominância de trabalhos relacionados ao agrário ou

agrícola dentro da Geografia Econômica, nos parece que para o caso da produção

científica em Geografia Econômica no Estado de São Paulo a afirmação de Martin

(1996) de que a Geografia Econômica tem se sustentado pelo estudo da indústria não

nos parece tão válida. Claro que Martin leva em consideração principalmente o contexto

europeu e norte-americano, mas abre a possibilidade de estabelecermos comparações

com outros locais tendo em vista suas especificidades sócio-econômicas.

Como pudemos verificar, somente na década de 1990 há um aumento

do número de trabalhos sobre temáticas relacionadas à indústria surgindo questões

como tecnopólos e distritos. A explicação para tal fato pode ser buscada no próprio

contexto sócio-econômico do país que com as conseqüências das mudanças no campo e

a “explosão” das cidades após a rápida urbanização sedimentadas na década de 1980, já

havia na década de 1990 se consolidado industrialmente. Desta forma, as atenções para

a questão da indústria passam a envolver o contexto local e global discutindo

tecnologia, competitividade, novas formas de produção, reestruturações no processo

produtivo etc.

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Poucos trabalhos discutem teorias, ou seja, procuram refletir sobre a

validade e limites de determinadas teorias que os geógrafos utilizam em seus trabalhos.

Com este tipo de discussão encontramos apenas os trabalhos de Ablas (1978)26 e de

Oliveira (1978)27 o primeiro discutindo a Teoria do Lugar Central de Chistaller e o

segundo o Estado Isolado de von Thünen.

Estruturas dos trabalhos Estruturas dos trabalhos Estruturas dos trabalhos Estruturas dos trabalhos

Quanto à estrutura, notamos que grande parte dos trabalhos

segue o modelo dos trabalhos de Geografia iniciando com uma discussão sobre o

referencial bibliográfico utilizado ou sobre as concepções do assunto em questão

seguido da caracterização da área ou da problemática de estudo. Geralmente após essa

caracterização são apresentados ou sistematizados os dados obtidos através de pesquisa

de campo na qual as entrevistas e aplicação de questionários aparecem como as técnicas

mais recorrentes. O trabalho encerra-se com breves considerações sobre o que foi

discutido, tentando trazer conclusões ou questionamentos.

Ainda podemos verificar uma variação desta estrutura que é

semelhante às conhecidas monografias regionais francesas. Nesses trabalhos geralmente

se estuda o lugar pela temática de forma que se faz uma apresentação das características

físicas e humanas do lugar para depois inserir o tema neste quadro. O econômico é,

então, um desdobramento do humano.

A partir dessa estrutura percebemos que os trabalhos mostram um

modelo consagrado no trabalho geográfico: o geográfico se justifica prioritariamente

pelo fato do fenômeno se expressar num determinado lugar. Desta forma, muitas vezes

o lugar serve como exemplo para a aplicação de uma determinada teoria. Podemos

26 Op. Cit. 27 Op. Cit.

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verificar isso nos trabalhos que tratam da questão da modernização da agricultura, dos

quadros agrários e agrícolas, da pequena produção ou mesmo da indústria cujos

objetivos apontam a necessidade de se discutir as mudanças ou transformações na

organização do espaço a partir das questões que enfocam o local via a aplicação de

teorias ou discussões aos “casos” que se expressam em cidades ou regiões que o autor

elegeu para o trabalho.

Deve-se ressaltar que não são todos os trabalhos analisados que

seguem as estruturas mencionadas acima. Grande parte dos trabalhos mais recentes (fins

da década de 1980 e década de 1990) procuraram não ficar restritos às orientações que

tentamos evidenciar estruturando seus trabalhos de maneira distinta, embora, em muitos

casos tenham discutido primeiro os aspectos teóricos e depois partido para o estudo

específico.

Para que possamos visualizar numericamente a presença das duas

estruturas acima citadas vejamos o gráfico abaixo:

Figura 8

Fonte: Levantamento Bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

Como vemos no gráfico acima, a presença da estrutura que

convencionamos chamar de semelhante às monografias regionais francesas (com as

Estruturas Observadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica - 1970 a 1998

0

20

40

60

80

100

Semelhante às Monografias RegionaisFrancesas

Outra

Tipo de Estrutura

Número de trabalhos

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variações citadas) é bastante superior ao outro tipo de estrutura identificada nos

trabalhos.

Com relação à incidência dessas estruturas por período percebemos

que nas décadas de 1970 e 1980 a primeira estrutura esteve bem mais presente nos

trabalhos, embora na década de 1980 tenha aumentado o número de trabalhos que

apresentam uma estrutura diferente das monografias regionais francesas conforme nos

mostram os gráficos das figuras abaixo:

Figura 9

Fonte: Levantamento Bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

Figura 10

Fonte: Levantamento Bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

Estruturas Observadas nas Dissertações e T eses em Geografia Econôm ica - Década de 1970

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Sem elhante às MonografiasRegionais F rancesas

Outra

T ipo de Estrutura

Número de trabalhos

Estruturas Observadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica - Década de 1980

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Semelhante às Monografias regionaisfrancesas

Outra

Tipo de Estrutura

Número de trabalhos

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Já na década de 1990, embora tenha aumentado o número de trabalhos

que apresentam outra estrutura, observamos ainda a presença bastante significativa da

estrutura semelhante às monografias francesas:

Figura 11

Fonte: Levantamento Bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

Se formos verificar a incidência das estruturas de acordo com a

instituição em que foram defendidos, teremos o seguinte:

Figura 12

Fonte: Levantamento Bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

Estruturas Observadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica - Década de 1990

0

5

10

1520

25

30

35

40

Semelhante às Monografias RegionaisFrancesas

Outra

Tipo de estrutura

Número de trabalhos

Estruturas Observadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica defendidas na FFLCH/USP

05

101520253035404550

Semelhante às MonografiasRegionais Francesas

Outra

Tipo de Estrutura

Número de trabalhos

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Figura 13

Fonte: Levantamento Bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

Figura 14

Fonte: Levantamento Bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

A partir dos gráficos acima percebemos que nos trabalhos dos três

cursos estudados há o predomínio da estrutura semelhante às monografias regionais

francesas durante todo o período. No entanto, deve-se ressaltar que comparativamente

aos outros cursos, no IGCE/UNESP o número de trabalhos que apresentam essa

estrutura é muito superior.

Estruturas Observadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econôm ica defendidas no IGCE /UNESP

0

10

20

30

40

50

Sem elhan te às Monografias Reg ionaisF rancesas

Outra

T ipo de Estrutura

Número de trabalhos

Estruturas Observadas nas Dissertações em Geografia Econômica defendidas na FCT/UNESP

0

10

20

30

40

50

Semelhante às MonografiasRegionais Francesas

Outra

Tipo de estrutura

Número de trabalhos

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Essa permanência provavelmente se deve ao fato de que a mudança na

orientação teórico-metodológica ocorrida a partir da década de 1980, a qual falaremos

mais adiante, que no IGCE/UNESP foi marcada pela corrente neopositivista não

significou grandes modificações em termos da estrutura dos trabalhos.

Para que possamos melhor exemplificar a estrutura que

convencionamos chamar de semelhante às monografias regionais francesas vejamos os

seguintes trabalhos e suas estruturas (seqüência de capítulos) :

- Lombardo (1978)28 estuda a economia de mercado e organização do

espaço agrário no município de Cordeirópolis fazendo um resgate histórico de todas as

atividades econômicas de base agrícola realizadas no município e depois, com base nos

dados por ela coletados em pesquisa de campo, faz uma atualização deste falando sobre

o sistema atual da organização agrária de Cordeirópolis.

- Cunha (1978)29 da mesma forma que Lombardo faz um histórico da

base econômica e social da área e depois fala do sistema agrário atual a fim de discutir a

expansão da agricultura em uma área de pecuária extensiva (o exemplo de Santa

Margarida – município de São Gabriel – RS)

- Zibordi (1982)30 fala das transformações agrárias ocorridas nos

municípios de Mogi Mirim e Mogi Guaçu fazendo: 1) a caracterização da área; 2)

Transformações na agricultura a partir da análise de dados censitários; 3) Análise dos

mapas elaborados a partir dos dados coletados; 4) Características da modernização da

agricultura na área.

28 Lombardo, Magda A. Economia de mercado e organização do espaço agrário: o exemplo de Cordeirópolis. São Paulo, 1978. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP. 29 Cunha, Maria G. S. A expansão da agricultura em uma área de pecuária extensiva: o exemplo de Santa Margarida (município de São Gabriel – RS). São Paulo, 1978. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP. 30 Zibordi, Antonio F. G. As transformações agrárias ocorridas nos municípios de Mogi Mirim e Mogi Guaçu. Rio Claro, 1982. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

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- Martins (1982)31 também fala das transformações ocorridas na

agricultura de Marium (SE) iniciando com uma caracterização da área; depois traça um

perfil da utilização da terra e produção agrícola; discute as variáveis que indicam a

modernização da área e conseqüemente a estrutura fundiária resultante.

- Queiroz (1982)32 aborda o desenvolvimento da agricultura em

Limeira e Rio Claro. Para isso, estrutura o trabalho em: Evolução da organização do

espaço rural das áreas; a modernização da agricultura nas áreas a partir de dados como

número de tratores, insumos, etc; relações de trabalho mostrando a diminuição do

emprego no campo.

- Tubaldini (1982)33 discute a organização da cafeicultura em São

Sebastião do Paraíso e seu trabalho assim se estrutura: bases teóricas sobre o assunto;

políticas cafeeiras; quadro natural e sócio-econômico da área; a cafeicultura na área

(estrutura de posse e exploração da terra, estrutura creditícia e tecnológica e trabalho).

- Piran (1982)34 discute a pequena produção em Erexim utilizando a

seguinte estrutura: aspectos geográficos e históricos gerais e evolução do setor agrário;

tamanho dos estabelecimentos; produção agropecuária; aspectos sociais e tecnológicos

da produção e caracterização de uma área de pequena produção; localização; condições

de produção; produção agropecuária e aspectos populacionais.

- Bezzi (1985)35 que trata das transformações no espaço agropecuário

a partir do processo de despecuarização em São Borja. Para isso, a autora assim

estrutura o trabalho: Características da ocupação do espaço rural do Rio Grande do Sul;

31 Martins, Cecília M. P. Transformações da agricultura em Marium: contribuição à Geografia Agrária do Estado de Sergipe. Rio Claro, 1982. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP. 32 Queiroz, Maria H. Desenvolvimento da agricultura em Limeira e Rio Claro: contribuição à questão agrária brasileira. Rio Claro, 1982. Dissertação de Mestrado`, IGCE/UNESP. 33 Tubaldini, Maria A. S. A organização da cafeicultura em São Sebastião do Paraíso. Rio Claro, 1982. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP. 34 Piran, Nédio. A pequena produção rural em Erexim: um estudo de caso. Rio Claro, 1982. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP. 35 Bezzi, Meri L. São Borja: transformações no espaço agropecuário: o processo de desoecuarização. Rio Claro, 1985. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

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Caracterização da área de estudo; Pecuária e agricultura da área; Modernização da

agricultura e estrutura fundiária (as mudanças); Perfil atual e despecuarização.

- Ferreira (1991)36 enfoca a produção familiar no Alto Paraopeba

destacando o caso de Crucilândia – MG a partir da seguinte estrutura: enfoques teóricos

sobre o camponês; histórico da propriedade familiar no Brasil e surgimento do CAI;

caracterização da área de estudos (estabelecimentos e mão-de-obra); aplicação da teoria

de Chayanov e sua validade para o caso.

- Zanelato (1992)37 fala sobre a organização agrária no município de

Rio Claro estruturando seu trabalho da seguinte forma: processo de ocupação de terras

de Rio Claro; distribuição das terras agrícolas e estrutura da produção agropecuária;

modernização da agricultura (número de tratores, relações de trabalho, insumos,

aumento da produtividade); papel do Estado.

Estes são apenas alguns exemplos de trabalhos, entre outros, em que o

geográfico se justifica prioritariamente pelo fato do fenômeno se expressar num lugar

que serve como exemplo para a aplicação de uma determinada teoria.

Observamos também a presença de uma estrutura ainda mais próxima

às monografias regionais francesas. Neste caso, se estuda o lugar pela temática com

uma apresentação das características físicas e humanas do lugar inserindo o tema

(econômico) neste quadro. Seguindo esta orientação podemos citar os seguintes

trabalhos: Faria (1971)38, Grabóis (1978)39, Silva (1977)40, Abe (1980)41, Megale

36 Ferreira, Maria J. M. Produção familiar no Alto Paraopeba: o caso de Crucilândia –MG. Rio Claro, 1991. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP. 37 Zanelato, Gislaine M. Organização agrária no município de Rio Claro-SP. Rio Claro, 1992. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP. 38 Faria, Wilson de. Contribuição ao estudo da pecuária em Barretos. São Paulo, 1971. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP 39 Grabóis, José. Os anéis da dependência: estudo geográfico da floricultura em Barbacena. São Paulo, 1978. Tese de Doutorado, FFLCH/USP. 40 Silva, Lenyra R. da. A cultura da batata no Estado de São Paulo e seus problemas. São Paulo, 1977. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

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(1975)42, Dantas (1972)43, Pontuschka (1972)44, Trovão (1994)45 e Nakagawara

(1972)46.

Para termos uma idéia de como isso é feito, vejamos a estrutura do

trabalho de Faria (1971) por exemplo, cujo objetivo é o estudo da pecuária em Barretos

para compreensão do espaço econômico municipal e da atividade pecuária de corte da

grande faixa do Centro-Norte, Noroeste e Oeste de São Paulo:

1) A pecuária em Barretos e os fatores de sua implantação (história,

posição geográfica e elementos fisiográficos); 2) A atividade pecuária na vida rural e na

economia de Barretos (tipos de atividades pecuárias de Barretos e sua escala de

importância); 3) Os tipos de atividades pecuárias em Barretos; 4) A atividade pecuária

e a vida urbana em Barretos.

No trabalho de Faria notamos que a tentativa do autor é fazer uma

ligação dos fatores físicos (veja o destaque à posição geográfica e elementos

fisiográficos) com os humanos e daí o econômico.

Além deste poderíamos, a título de exemplo, citar o trabalho de

Pontuschka (1979) sobre os impactos da industrialização no município de Suzano. Para

isso, a autora estrutura o trabalho da seguinte forma: 1) Bases históricas de Suzano; 2)

Atividade industrial em Suzano: localização, concentração e mão-de-obra; 3) Dinâmica

populacional e o desenvolvimento industrial de Suzano: composição etária,

crescimento, migrações; 4) Suzano: análise sócio-econômica (mão-de-obra na indústria,

41 Abe, Helena I. A cultura de cogumelos no estado de São Paulo (uma abordagem geográfica). São Paulo, 1980. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP. 42 Megale, Januário. A bananicultura no litoral paulista: um estudo de Geografia Econômica. São Paulo, 1975. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP. 43 Dantas, José. Sertãozinho: uma sociedade dependente da agro-indústria açucareira. São Paulo, 1972. Tese de Doutorado, FFLCH/USP. 44 Pontuschka, Nídia N. Suzano e o impacto da industrialização. São Paulo, 1979. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP. 45 Trovão, José R. Transformações sociais e econômicas no espaço rural da ilha do Maranhão. Rio Claro, 1994. Tese de Doutorado, IGCE/UNESP. 46 Nakagawara, Yoshiya. As funções regionais de Londrina e sua área de influência. São Paulo, 1972. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

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população inativa, habitação, etc); 5) Transformações sociais e a grande indústria

(grupos sociais e uso do solo urbano).

Em relação aos dois tipos de estruturas citadas, devemos levar em

consideração a época em que os trabalhos foram escritos. Por exemplo, grande parte dos

trabalhos que seguem o que chamamos de estrutura das monografias regionais francesas

data da década de 1970 e início da década de 1980, momento em que essas orientações

ainda estavam bastante presentes na Geografia brasileira. No entanto, percebemos que

ainda na década de 1990 há trabalhos que seguem essa mesma estrutura, havendo uma

certa permanência em meio às mudanças47.

Deve-se ressaltar que não são todos os trabalhos analisados que

seguem os dois tipos de estruturas mencionadas acima. Grande parte dos trabalhos mais

recentes (fins da década de 1980 e década de 1990) procuraram não ficar restritos às

orientações que tentamos evidenciar estruturando seus trabalhos de maneira distinta,

embora, em muitos casos tenham discutido primeiro os aspectos teóricos e depois

partido para o estudo específico. Neste sentido, para citar apenas alguns, temos os

trabalhos de Lencioni (1991)48, Thomaz Jr. (1988)49, Motta (1993)50, Souza (1995)51 e

Beltrão Sposito (1991)52.

Alguns desses trabalhos serão discutidos na seqüência, quando

falarmos sobre as metodologias e referencial teórico dos trabalhos.

47 Adiante, quando falarmos sobre os referenciais teórico-metodológicos dos trabalhos e suas mudanças durante o período como um reflexo da própria reformulação que passou a Geografia principalmente no início da década de 1980, essa questão ficará mais clara. 48 Lencioni, Sandra. Reestruturação urbano-industrial: centralização do capital e desconcentração da metrópole de São Paulo – a indústria têxtil. São Paulo, 1991. Tese de Doutorado, FFLCH/USP. 49 Thomaz Jr., Antonio. A territorialização do monopólio: as agroindústrias canavieiras em Jaboticabal. São Paulo, 1988. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP. 50Motta, Nara C. Geografia da vida: (re)produção do espaço e relações sociais de trabalho do Espírito Santo – Brasil. São Paulo, 1993. Tese de Doutorado, FFLCH/USP. 51 Souza, Adauto de O. Distrito industrial de Dourados-MS: intenções, resultados e perspectivas. Pres. Prudente, 1995. Dissertação de Mestrado, FCT/UNESP. 52 Beltão Sposito, Maria E. O chão arranha o céu: a lógica da (re)produção monopolista da cidade. São Paulo, 1991. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

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Metodologias e Referencial TeóricoMetodologias e Referencial TeóricoMetodologias e Referencial TeóricoMetodologias e Referencial Teórico

As metodologias utilizadas nos trabalhos são basicamente centradas

em dois momentos: um mais teórico quando é discutido o referencial bibliográfico ou as

concepções sobre o assunto e outro mais prático quando o pesquisador sistematiza os

dados coletados através de entrevistas, questionários ou mesmo fontes secundárias

(censos, documentos, artigos de jornais, dados fornecidos por empresas etc). A própria

estrutura desses trabalhos, como vimos anteriormente, denota isso.

Logicamente alguns trabalhos, pela própria natureza da temática que

enfocam ou pelo objetivo estabelecido pelo autor, não seguem necessariamente esses

passos como estão colocados como os trabalhos mais voltados á discussões de caráter

teórico-metodológico, por exemplo.

Quanto ao referencial teórico, notamos que as orientações presentes

expressam as preocupações e mudanças que a Geografia sofreu a partir da década de

1980 quando se contestou o método e as referências teóricas utilizadas até então

surgindo a “Geografia Crítica”34.

Desta forma, houve uma incorporação do materialismo histórico e

dialético a partir das obras de Marx, Engels, Lenin, Rosa Luxemburgo, entre outros

como referenciais para a maioria dos trabalhos.

Podemos observar, de certa forma, algumas orientações teórico-

metodológicas que são recorrentes em grande parte dos trabalhos em diferentes

períodos. Essas orientações podem ser descritas da seguinte maneira: trabalhos com

orientações ou preocupações mais analítico-descritiva e outros que procuraram em

34 Para mais detalhes sobre essas mudanças em nível mundial e seu contexto no âmbito das ciências sociais e da Geografia, ver Capel (Op. Cit.). Especificamente sobre o contexto nacional podemos citar o trabalho de Santos (1980), entre outros.

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maior ou menor grau romper com esta característica adotando uma postura menos

descritiva e mais voltada às problematizações que a questão discutida viesse suscitar.

Para termos uma idéia da incidência dessas abordagens no conjunto

dos trabalhos analisados vejamos o gráfico abaixo:

Figura 15

Fonte: Levantamento bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

Pelo gráfico percebemos que houve praticamente o mesmo número de

trabalhos utilizando cada uma das abordagens. A abordagem crítica ou dialética aparece

com dois trabalhos a mais do que a abordagem analítico-descritiva. No entanto,

devemos levar em consideração o fato de que ainda nos anos 90 ela está bastante

presente como vemos nos gráficos das figuras 16, 17 e 18 que mostram a presença das

abordagens em cada década.

Abordagens Teórico-Metodológicas identificadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica

1970-1998

0

10

20

30

40

50

60

70

Analítico-descritiva Crítica ou dialética

Tipo de Abordagem

Número de trabalhos

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Figura 16

Fonte: Levantamento Bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

Figura 17

Fonte: Levantamento Bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

Abordagens Teórico-Metodológicas identificadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica

Década de 1970

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Analítico-descritiva Crítica ou dialéticaTipo de Abordagem

Número de trabalhos

Abordagens T eórico -M etodológicas identificadas nas Dissertações e Teses em G eografia Econôm ica

Década de 1980

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Ana lític o-descritiva C rít ica ou d ia lé tica

T ipo de Abo rdagem

Número de trabalhos

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Figura 18

Fonte: Levantamento Bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

Nas décadas de 1980 e 1990 a abordagem crítica ou dialética aparece

num grande número de trabalhos sendo superior numericamente à abordagem analítico-

descritiva. Todavia, como ressaltado anteriormente, percebemos que a abordagem

analítico-descritiva continuou presente nos trabalhos da década de 1990.

Vejamos agora a incidência dessas abordagens de acordo com a

instituição em que os trabalhos foram defendidos:

Abordagens Teórico-Metodológicas identificadas nas Dissertações e Teses em Geografia Econômica

Década de 1990

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Analítico-descritiva Crítica ou dialética

Tipo de Abordagem

Número de Trabalhos

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Figura 19

Fonte: Levantamento Bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

Figura 20

Fonte: Levantamento Bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

Abordagens Teórico-Metodológicas identificadas nas Dissertações e Teses em

Geografia Econômica defendidas no IGCE/UNESP

0

10

20

30

40

50

Analítico-descritiva Crítica ou dialética

Tipo de Abordagem

Número de trabalhos

A b o rd a g e n s T e ó r ic o -M e to d o ló g ic a s id e n t if ic a d a s n a s D is s e r ta ç õ e s e T e s e s em G e o g r a f ia E c o n ô m ic a d e fe n d id a s n a F F L C H /U S P

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

A n a lít ic o -d e s c r it iv a C r ít ic a o u d ia lé t ic a

T ip o d e A b o rd a g em

Número de trabalhos

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Figura 21

Fonte: Levantamento Bibliográfico Org.: Flaviana G. Nunes

De acordo com os gráficos acima notamos que nos trabalhos

defendidos na FFLCH/USP e na FCT/UNESP a abordagem crítica ou dialética esteve

presente num número maior de trabalhos. Apenas nos trabalhos defendidos no

IGCE/UNESP ocorreu o inverso, ou seja, encontramos um número bastante superior de

trabalhos que apresentam uma abordagem analítico-descritiva em comparação com a

abordagem crítica.

Tal fato nos mostra que a abordagem crítica ou dialética bastante

difundida nos trabalhos principalmente defendidos na FFLCH/USP a partir da década

de 1980 não teve grande aceitação no IGCE/UNESP havendo uma permanência da

abordagem analítico-descritiva. Como já havíamos mencionado anteriormente quando

discutimos as estruturas dos trabalhos, o fato da corrente neopositivista ter influenciado

ativamente os trabalhos defendidos no IGCE/UNESP explica a permanência tanto das

estruturas como das abordagens teórico-metodológicas tradicionais.

Devemos deixar claro que quando nos referimos a estas abordagens

estamos baseados na interpretação da história da Geografia que procura considerar

Abordagens Teórico-Metodológicas identificadas nas Dissertações em Geografia Econômica

defendidas na FCT/UNESP

0

10

20

30

40

50

Analítico-descritiva Crítica ou dialética

Tipo de Abordagem

Número de trabalhos

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basicamente dois períodos: o da Geografia Tradicional e da Geografia Crítica ou

marxista. Embora essa interpretação apresente limites e atualmente existam novas

formas de leitura como a de Oliveira (1999)35, por exemplo, que ressalta que “esta

expressão não permite revelar a raiz historicista da geografia e não dá conta do

importante debate entre o materialismo e o idealismo nas ciências humanas,

particularmente no século passado”(p. 57) lembramos que para os objetivos e

referenciais materiais deste trabalho ela ainda é justificável cabendo a trabalhos futuros,

que visem um aprofundamento dessa questão a ampliação deste entendimento.

Feito esse mapeamento das abordagens teórico-metodológicas

identificadas nos trabalhos, tentaremos, na seqüência, mostrar como isso ocorreu

procurando refletir sobre qual o tipo de Geografia Econômica que os trabalhos

apresentam e sua inserção dentro do momento em que a Geografia em geral vivia.

A abordagem analíticoA abordagem analíticoA abordagem analíticoA abordagem analítico----descritivadescritivadescritivadescritiva

Grande parte dos trabalhos da década de 1970 são marcados por este

tipo de abordagem. Claro que não são todos os trabalhos no período porque como

iremos mostrar adiante, há algumas exceções. Além disso, esse tipo de abordagem

também pode ser percebida em trabalhos da década de 1980 em menor número. Sendo

assim, vamos aos exemplos.

O trabalho de Grabóis (1978)36 expressa com clareza a partir do seu

sumário a preocupação com um encadeamento lógico da pesquisa que lembra a

35 Oliveira, Ariovaldo U. de. Geografia e Ensino: os parâmetros curriculares nacionais em discussão. In: Oliveira, Ariovaldo U. de; Carlos, Ana F. A. (orgs.) As Reformas no Mundo da Educação – parâmetros curriculares nacionais e geografia. São Paulo: Contexto, 1999, pp. 43-67. 36 Op. Cit.

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estrutura das monografias regionais francesas e isso é importante para demonstrar como

o autor encaminhou o trabalho. O sumário de seu trabalho foi assim estruturado:

Capítulo 1 - A estruturação da área floricultora de Barbacena

1.1 Características gerais da área

1.2 Importância da área

1.3 Os limites da área floricultora, a distribuição dos rosais e os fundamentos

da floricultura em Barbacena

Capítulo 2 – A evolução da floricultura em Barbacena

2.1 Introdução

2.2 As origens e a difusão

2.3 A expansão dos rosais de campo

2.4 A expansão dos rosais de estufa

Capítulo 3 – O quadro agrário

3.1 Produção e produtores

3.2 A estrutura fundiária e as relações de trabalho

3.3 A paisagem agrária e o sistema agrícola

Capítulo 4 – A comercialização

4.1 Aspectos gerais

4.2 O mercado interno

4.3 O mercado externo

Conclusão

Por esta estrutura percebemos claramente que o autor preocupou-se

em localizar a área da produção falando de suas características gerais como população,

atividades econômicas, clima, relevo, etc. Depois fez um histórico do produto e da

produção na área mostrando sua distribuição territorial e as zonas produtoras, além dos

tipos de produção. O capítulo seguinte trata de uma descrição do quadro agrário

incluindo dados sobre a produção, produtores, estrutura fundiária e relações de trabalho.

A comercialização é tratada a partir de dados sobre o valor e volume dos produtos

comercializados no mercado interno e externo.

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Outro fato a ser destacado é a importância dada ao empírico na

medida em que grande parte do trabalho é dedicada à apresentação e discussão das

características gerais da área e dos dados (obtidos em trabalho de campo) sobre a

produção incluindo a estrutura fundiária e as relações de trabalho.

O trabalho de Grabóis nos lembrou muito o tipo de abordagem

consagrada nos Manuais de Geografia Econômica37 que têm justamente a mesma

preocupação, ou seja, descrever a atividade econômica a partir de sua localização

mostrando a evolução desta e os principais elementos que a compõe.

No trabalho de Gallo (1975)38 podemos perceber esse tipo de

abordagem analítico-descritiva a partir de algumas passagens do seu texto ressaltando

que o objetivo do trabalho era relacionar-se as diferentes nuances da atividade pesqueira

com o consumo de pescado na cidade de São Paulo em comparação com a carne bovina

e outros produtos. Vejamos como o autor se preocupa com a descrição das atividades de

comercialização:

Rede distribuidora: A atual rede distribuidora da cidade de São Paulo, representada pelos feirantes, peixarias, supermercados e ambulantes, não apresenta movimento satisfatório, ficando bastante aquém de sua capacidade, porque a grande maioria procura um açougue além das bancas de feirantes por uma questão de hábito alimentar. (Gallo, 1975, p.60) Atualmente, o sistema de distribuição e comercialização do pescado obedece a uma trama complexa. Essa trama denominada “canais de comercialização” (Guimarães, 1969) tem início na área de produção, passando por intermediários e chegando ao CEAGESP, daí ao consumidor através dos varejistas. Portanto, a tarefa de distribuição e comercialização é das mais complexas, visto que: feiras-livres, mercados, comércio ambulante e outros, constituem os meios pelos quais

37 Em nosso trabalho “Geografia e Economia: fronteiras e convergências – um estudo da produção científica na área de Geografia Econômica”, 1997 discutimos as principais características e limitações dessas obras a partir da análise de determinados elementos que as compõem como estrutura e organização das obras, temáticas abordadas, utilização de recursos gráficos, cartográficos e estatísticos, referencial bibliográfico e nível de aprofundamento dos conteúdos. 38 Gallo, Jacques. Participação dos entrepostos de pesca e pontos de desembarque no abastecimento da cidade de São Paulo. São Paulo, 1975. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

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esse produto altamente perecível que não pode esperar melhores preços de venda alcance o consumidor. (Gallo, 1975, p. 26)

O fato do autor fazer descrições não é um demérito para o trabalho. A

questão é que o trabalho se restringe a isso, ou seja, a fazer uma grande caracterização

do tema, da questão não buscando uma problematização sobre essa.

Uma outra característica que podemos destacar nos trabalhos de

Geografia Econômica do período é que possuem uma parte especificamente econômica

quando tratam da questão da comercialização ou distribuição de determinado produto. O

trabalho de Silva (1977)39 é um exemplo disso: primeiro a autora fala sobre a história do

produto e as características da produção, no caso, da batata para depois falar sobre a

comercialização e a distribuição das áreas produtoras, chegando assim à “parte

econômica do trabalho”. Além disso, essa “parte econômica” muitas vezes é constituída

da descrição dos processos ao mesmo tempo em que procura relacionar o geográfico ao

quadro natural. Vejamos:

Vemos, portanto, que o quadro natural é levado em alta consideração dentro de um contexto sócio-econômico. Dessa feita acreditamos que o econômico se relaciona diretamente com o geográfico, os problemas se amarram, o entrelaçamento é tão profundo que parece oferecer uma clara conotação geográfica. (Silva, 1977, p. 176)

Neste sentido, o trabalho de Faria (1971)40também é bastante

revelador:

A evolução pecuária em Barretos é exemplo típico de desenvolvimento capitalista espontâneo facilitado pelas condições naturais e pela evolução global dos mercados (...) (Faria, 1971, p. 26)

39 Op. Cit. 40 Op. Cit.

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Na passagem acima, destacamos além da questão da relação

estabelecida com as condições naturais, o modo como o autor se refere ao

desenvolvimento capitalista utilizando a palavra “espontâneo” mostrando seu

entendimento da economia pelo que se pode chamar de livre-concorrência ou livre

mercado. Também é interessante verificarmos o entendimento de Geografia Econômica

por parte do autor que ratifica o que já observamos:

Resta, nesta parte introdutória, apenas especificar o ângulo de abordagem do trabalho. Ao colocarmos o homem no centro de nossas preocupações, como produtor e consumidor, em suas relações com o meio, mostramos a preferência por uma abordagem do ponto de vista da Geografia Humana “latu sensu” e, especificamente de uma de suas subdivisões – a Geografia Econômica. (Faria, 1971, p.06)

Alguns trabalhos até apontam problemas através de algumas

constatações. A questão é que não há uma discussão mais abrangente sobre esses

problemas na medida em que a preocupação central dos trabalhos é fazer uma análise

mais descritiva. No trabalho de Pontuschka (1979)41 por exemplo, nas considerações

finais encontramos a seguinte afirmação:

Alguns dos grupos econômicos nacionais principalmente de São Paulo, que iniciaram suas atividades industriais em Suzano, conseguindo acumular capitais à custa da atividade industrial baseada no uso da mão-de-obra abundante e barata, tornaram-se também grandes proprietários de terras e atualmente obtêm fabulosos lucros através de loteamentos aprovados pela prefeitura local. A organização do espaço continua caótica, a população de baixa renda se endivida para ter a casa própria. (Pontuschka, 1979, p. 116)

Devemos levar em consideração que se comparado com o trabalho e

as concepções de Faria (1971) houve um salto na medida em que a autora não entende o

41 Op. Cit.

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desenvolvimento capitalista como espontâneo; veja que ela já fala em grupos

econômicos e mão-de-obra barata inserindo agentes sociais no processo.

O trabalho de Dantas (1972)42 também aponta problemas importantes

em meio a uma análise descritiva como quando se refere à questão do trabalhador rural

da agroindústria de Sertãozinho:

Assim, tudo indica que o problema básico não é a simples distribuição de terras, ele é muito mais profundo, envolve uma agricultura tradicional que muito pouco vem se modificando na América Latina. Dessa forma, a estrutura agrária monocultora tradicional, continua dispondo dessa mão-de-obra, mesmo que ela vivesse numa agricultura de subsistência. (Dantas, 1972, p. 236)

As características que procuramos evidenciar acima através de alguns

exemplos podem ser encontradas em muitos outros trabalhos do período. No entanto,

também devemos destacar que dentro desta década há trabalhos que se destacam por

não seguirem essa mesma orientação que procura basicamente localizar e descrever um

determinado fato de natureza econômica.

O trabalho de Seabra (1973)43 é um exemplo claro disso. Seabra

estuda as cooperativas do ponto de vista de sua atuação enquanto empresas cooperativas

no sistema capitalista. O sentido da Geografia Econômica de seu estudo está justamente

no fato de que os elementos econômicos da empresa e seu processo de inserção no

mercado são analisados destacando-se a territorialização das empresas e seu papel na

organização de uma porção do espaço brasileiro em determinado período. Desta forma,

estão presentes questões como fontes de capitais e sua aplicação e os setores de

atividades (vendas da produção, compra e distribuição, entre outros serviços oferecidos

pela cooperativa) e a estrutura político-administrativa desta.

42 Op. Cit. 43 Seabra, Manoel F. G. As cooperativas mistas do Estado de São Paulo – estudo de Geografia Econômica. São Paulo, 1973. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

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Embora Seabra não discuta questões de cunho mais teórico e não

demonstre uma preocupação explícita com o desvendamento de contradições, o

inovador no trabalho é exatamente a sua concepção de Geografia Econômica mais

dinâmica, procurando relacionar os fatos no contexto da economia no sistema capitalista

mesmo que não faça críticas a este, ou seja, Seabra insere a temática capitalista de

forma explícita e histórica como algo que permeia todo o trabalho.

Percebemos que há um rompimento com a concepção de Geografia

Econômica implícita nos trabalhos anteriormente mostrados que procurava caracterizar

um fato econômico em determinado lugar na medida em que não há uma “parte

econômica” no trabalho. O econômico permeia toda a discussão, pois percebemos uma

amarração dos fatos que em outros trabalhos são apenas descritos procurando mostrar a

lógica das empresas cooperativas que muitas vezes está fundamentada em fatores a-

espaciais, mas se espacializa. A passagem abaixo nos evidencia este entendimento:

As cooperativas atuam sobre o espaço econômico através de uma estrutura político-administrativa que faz com que seus serviços cheguem aos associados. Como em outras empresas, a estrutura político-administrativa é basicamente a-espacial e, mesmo alguns elementos fundamentais de organização espacial, como os depósitos regionais, os G.T.C.s, guardam uma unidade essencial em espaços de produção os mais variados. Mas em razão das características diferentes desses espaços, estes elementos básicos assumem aspectos diferenciados, o que implica em uma eficácia administrativa e econômica também variada. Nesse sentido reputamos conveniente analisar, antes dos serviços prestados pelas cooperativas e através dos quais participam da organização do espaço agrário e urbano, esta estrutura pela qual os serviços atingem a atividade econômica daqueles que se filiam a elas. (Seabra, 1973, p. 79)

Outro trabalho que deve ser lembrado por se destacar no período é o

de Oliveira (1978)44 principalmente por adotar uma perspectiva teórico-metodológica

“inovadora”: o materialismo histórico dialético. Ele pretende mostrar o caráter de classe

44 Op. Cit

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da obra de von Thünen e sua aplicação nos estudos de Geografia Agrária. Vejamos

como Oliveira mostra sua postura teórica:

O que significa dizer que, a produção das representações, das idéias e mesmo da consciência, está antes de mais nada ligada à atividade material, ou seja, condicionadas pelo modo de produção de sua vida material. Mas, estão também, no desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção, as contradições que liberarão elementos, para não só a transformação do pensamento e de seus produtos, mas da própria transformação dos modos de produção, e consequentemente da História. (Oliveira, 1978, p. 06)

A terceira consideração que reputamos importante é que não basta pensarmos o processo de reprodução das condições de produção apenas quanto à reprodução das forças produtivas, pois, é fundamental reproduzir também, as relações de produção existentes. Para tal, devemos dizer que é o econômico o determinante em toda sociedade e que, é o momento da produção imediata o momento privilegiado neste econômico determinante. (Oliveira, 1978, p. 22)

Pelas citações acima podemos perceber como Oliveira abordou a

teoria do “estado isolado” de von Thünen de forma a fazer uma defesa aberta do

instrumental do materialismo dialético para os estudos geográficos mostrando as

fragilidades, incoerências e o caráter de classe da corrente neopositivista45. Claro que é

um trabalho que não enfoca um produto ou um elemento econômico e sim a questão

teórico-metodológica de uma determinada estrutura teórica. No entanto, ele poderia ter

discutido a mesma teoria apenas analisando descritivamente seus principais elementos,

mas não foi o que ele fez.

De uma forma geral, podemos dizer que os trabalhos de Geografia

Econômica da década de 1970 são marcados por uma abordagem analítico-descritiva

que evidencia o empiricismo em sua maioria, mas que também podemos verificar o

45 Em seu trabalho, Oliveira nos mostra vários exemplos de como muitos trabalhos de geografia reproduziram as idéias de Thünen de forma a constituírem a concepção de Geografia defendida pela corrente neopositivista.

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surgimento de abordagens que procuraram ir além disso ao apontarem para leituras de

ordem materialista histórica dialética.

A abordagem crítica ou dialéticaA abordagem crítica ou dialéticaA abordagem crítica ou dialéticaA abordagem crítica ou dialética

Nos trabalhos defendidos na década de 1980 pudemos perceber

algumas mudanças na abordagem em comparação aos trabalhos da década anterior. A

principal mudança, ao nosso ver, é que grande parte dos trabalhos passam a ser

orientados por uma abordagem mais voltada às bases teórico-metodológicas do

materialismo dialético que começa a ser introduzido e utilizado por muitos geógrafos

que não mais se satisfaziam com as explicações do chamado positivismo da Geografia

Clássica46. Nos trabalhos de Geografia Econômica isso também teve grande importância

na medida em que o tom da crítica adotado pela Geografia a partir da década de 1980

esteve presente nesses trabalhos. Além disso, também, principalmente nos trabalhos

defendidos no IGCE/UNESP comparece a vertente chamada Teorética expressa nos

trabalhos que se utilizam exclusivamente de dados estatísticos e modelos quantitativos

para tratar os temas tais como os de Correa (1981)47, Miorin (1982)48 e na FFLCH/USP

o de Digiacomo (1991) 49 que embora seja do início da década de 1990 mostra como

ainda nesse período essa abordagem esteve presente.

46 Desde a metade da década de 1970 já havia textos apontando para uma revisão crítica da Geografia visando romper com o positivismo. Entre eles podemos citar: Capel (1982) Op. Cit; Harvey, David. Justiça Social e a Cidade. São Paulo: Hucitec, 1980.; Quaini, Massimo. Marxismo e Geografia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979; Lacoste, Yves. A Geografia: isso serve, em primeiro lugar para fazer a guerra. Campinas: Papirus, 1988. 47 Correa, Walquíria K. A atividade agrícola e a evolução da modernização da agricultura no Estado de Santa Catarina – 1950 a 1975. Rio Claro 1981. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP. 48 Miorin, Vera L. T. Características da modernização da agricultura no Centro Novo Oeste do Rio Grande do Sul. Rio Claro, 1982. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP. 49 Digiacomo, Milton. Estudo dos fluxos de transporte de cargas na área de influência de Campos Novos-SC. São Paulo, 1991. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

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O trabalho de Correa, por exemplo, discute a atividade agrícola e a

evolução da modernização da agricultura no Estado de Santa Catarina no período de

1950 a 1975. Para determinar o índice de modernização a autora utiliza-se do método

estatístico de Buttner (1976). Já o trabalho de Miorin utiliza a análise fatorial para

caracterizar a modernização da agricultura no centro novo oeste do Rio Grande do Sul.

No caso de Digiacomo, o estudo aborda o interrelacionamento entre as

atividades econômicas e as rodovias num conjunto de municípios de Santa Catarina

tomando por base a Teoria dos Grafos e uma bateria de programas de computador.

O que se percebe nesses trabalhos é uma mera aplicação do método

estatístico de acordo com os dados da área em estudo no sentido de mostrar a validade

destes. Desta forma, fazem uma Geografia “descomprometida” que visa apenas a

aplicação de métodos e modelos quantitativos.

O aparecimento de temáticas como relações capital-trabalho,

subordinação do trabalho pelo capital a partir do exemplo do pequeno produtor, da

entrada do capitalismo na agricultura via modernização e agroindústria mostram que a

preocupação com a crítica esteve presente, ou seja, o referencial teórico ligado ao

marxismo realmente trouxe modificações em relação a concepção de Geografia

Econômica que se expressava anteriormente.

Também nas questões mais específicas como modernização da

agricultura e pequena produção houve uma utilização recorrente de autores e obras não

especificamente geográficas mas que são consideradas clássicas para essas questões. Na

verdade, são poucas as obras especificamente geográficas citadas nos trabalhos.

É comum encontrarmos nos trabalhos desse período citações como

esta de Scarlato (1981)50 justificando a utilização do método dialético:

50 Scarlato, Francisco C. A indústria automobilística no capitalismo brasileiro e suas articulações com o crescimento espacial na metrópole paulistana. São Paulo, 1981. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

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Pela análise dialética, os dois níveis da realidade se interrelacionam na compreensão e explicação do tema. Os dados empíricos coletados são determinados e solicitados pela prática do investigador com a realidade que se enriquece pelo confronto dos dados empíricos tirados da observação, da qual e com a qual nasce a experiência “prática-teórica” e o conhecimento do investigador. (Scarlato, 1981, p. 05)

Asari (1984)51 também se utiliza do método dialético em seu trabalho

justificando que:

Tendo em vista estes pressupostos, o método dialético apresentou-se como o mais adequado para o encaminhamento do trabalho em referência, na medida em que trata-se de um método que possibilita a análise da mutabilidade da existência, além do que no instante em que se reconhece as múltiplas formas do mundo, a doutrina marxista não concebe o desenvolvimento de maneira mecânica. (Asari, 1984, p. 14)

Pelas duas citações acima percebemos como Asari e Sacarlato

defendem e justificam a utilização do método dialético em seus trabalhos mostrando

uma característica bastante marcante no período. São muitos os trabalhos que como

estes, logo na introdução deixam clara sua opção pelo método dialético mostrando sua

relevância para a Geografia.

Silva (1986)52 procurou mostrar essa importância:

Os nossos pressupostos teórico-metodológicos têm como base o materialismo histórico e dialético e as formas sociais mais importantes do mundo capitalista. Elas nos levam a compreender o espaço geográfico. Um espaço que se reproduz através do trabalho, a partir de um elemento da natureza a terra – que precisa ser abordado não só como meio de produção especial, porque é limitado, embora seja inesgotável, mas como renda fundiária capitalista, uma relação social de troca. (Silva, 1986, p. 04)

51 Asari, Alice Y. Produtores e processadores do Rami (o caso de Londrina – PR). São Paulo, 1984. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP. 52 Op. Cit.

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Desta forma, houve uma incorporação do materialismo histórico e

dialético a partir das obras de Marx, Engels, Lenin, Rosa Luxemburgo, entre outros

como referenciais para a maioria dos trabalhos como pudemos observar verificando a

bibliografia destes em comparação como período anterior.

Aparecem com freqüência termos como acumulação de capital, mais-

valia, reprodução do capital, reprodução das forças produtivas, subordinação do

trabalho ao capital, entre outros, provenientes da teoria marxista como observamos

nesta passagem de Lencioni (1985)53:

De um lado, a riqueza produzida no campo com os mesmos mecanismos da fase cafeeira continuava a ser captada pelo processo global de reprodução do capital; de outro, essa riqueza, já agora interessando diretamente a acumulação do capital industrial, deslocava-se dados os mecanismos concorrenciais e de localização das atividades industriais induzindo a um processo concentrador no território que privilegiava a capital do Estado e também alguns municípios do interior. (Lencioni, 1985, p. 80)

Gaeta (1988)54 ao falar sobre o processo de formação dos shopping

centers em São Paulo também foi buscar em Marx uma base teórica sobre o capital

comercial:

O capital comercial, limitado à sua verdadeira função de comprar para vender, segundo Marx, não cria valor nem mais-valia, mas propicia sua realização. Por isso, a mais-valia que lhe cabe, na forma de lucro médio, constitui parte da mais-valia produzida pela totalidade do capital produtivo. Desta maneira, com o capital comercial temos um capital que participa do lucro sem participar de sua produção. O comerciante, portanto, realiza, gera o lucro na circulação e por meio dela. Neste sentido se coloca a questão da redução dos custos da circulação. (Gaeta, 1988, p. 162-163)

Tendo em vista esse referencial teórico que possibilitou uma nova

abordagem aos temas da Geografia Econômica, notamos que na década de 1980 há um

53 Lencioni, Sandra. Agricultura e urbanização – a capitalização do campo e a transformação da cidade. Jardinópolis, o estudo de um lugar. São Paulo, 1985. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP. 54 Gaeta, Antonio C. Acumulação e transformações do espaço urbano – o processo geral de formação dos shopping centers em São Paulo. São Paulo, 1988. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

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número considerável de trabalhos voltados à questão da existência de relações não-

capitalistas no modo de produção capitalista a partir de vários exemplos (estudos de

caso). Com esta preocupação podemos citar, por exemplo os trabalhos de Garrido Filha

(1983)55 e Silva (1986)56. Esta última explicita claramente na introdução do trabalho

esse objetivo:

Faremos uma digressão teórica sobre as manifestações e realizações da renda da terra, partindo da análise marxista sobre a gênese da renda fundiária capitalista; e ao mesmo tempo, enfocaremos o trabalho subordinado ao modo de produção capitalista, relacionando-o à teoria do valor em Marx e, sempre que possível, remetendo-a a um referencial empírico. Dentro dessa visão, procuraremos extrair das relações capitalistas de produção os componentes que se enquadram, de uma forma muito encoberta, nas relações não capitalistas e apontamos como elas se dão na pequena produção mercantil. (Silva, 1986, p. 04)

Os trabalhos sobre indústria já mostram a preocupação em relacionar

seu desenvolvimento com a produção do espaço urbano como no trabalho de Rodrigues

(1980)57. Ao falar sobre o espaço urbano produzido em Betim a partir da

industrialização, a autora faz a seguinte reflexão:

Esta é a concretude onde o espaço, de produto da intervenção do próprio homem, converte-se em produto da intervenção do capital, dissimulado pela ação do Estado, e a própria vida social do indivíduo – a prática social – se atrofia e se comprime num espaço que não é mais seu: ambos, o seu espaço e a vida social se mercadorizam. O homem, rompidas as relações naturais de vizinhança, de amigos, de comunidade, se vê colocado numa vida social atomizada, mercadorizada e artificial, onde o próprio trabalho deixa de ser uma função natural para se transformar numa atividade extorquida. (Rodrigues, 1980, p. 137)

55 Garrido Filha, Irene. Garimpos de Cassiterita – pesquisa geográfica em Goiás. São Paulo, 1983. Tese de Doutorado, FFLCH/USP. 56 Op. Cit. 57 Rodrigues, Maria L. E. A expansão industrial e o processo de produção do espaço em Betim. São Paulo, 1980. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

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Esta sua compreensão do espaço urbano está totalmente em sintonia

com o seu entendimento de Geografia:

Tais problemas apontam para a nova dimensão da Geografia. Ela não é apenas uma ciência do espaço, humanizado ou não. Ela é a ciência do espaço social enquanto lugar de luta e objeto de posse. É o espaço transformado em mercadoria, comprado, vendido, alugado, doado. Sua verdadeira essencialidade se determina pela totalidade das relações que são produzidas nele, a partir das relações de produção, do modo de produção hegemônico. (Rodrigues, 1980, p. 17)

Essa concepção de Geografia fica implícita em outros trabalhos do

período que discutem a temática da produção do espaço urbano pela abordagem do

materialismo dialético. Neste caso, temos os trabalhos de Beltrão Sposito (1983)58,

Sposito (1990)59, Santos (1994)60e Beltrão Sposito (1991)61 para citar apenas alguns que

enfocam a questão da renda da terra urbana, temática presente nos trabalhos geográficos

da década de 80 e início da década de 90.

De um modo geral, esses trabalhos procuravam discutir os agentes

econômicos que produzem o espaço urbano e os processos que levam à apropriação, por

parte desses agentes, da renda da terra urbana.

Ao discutir as formas de comercialização e valorização do solo e sua

relação com a expansão territorial urbana em Presidente Prudente (SP) Beltrão Sposito

(1983) destaca que:

Desta forma, a cidade deve ser pensada como produtora, mas em contrapartida também como produto do movimento impetrado pelo desenvolvimento das relações de produção capitalistas. Neste sentido, os intensos processos de urbanização que se verificam através do aumento do número de cidades,

58 Op. Cit. 59 Sposito, Eliseu S. Produção e apropriação da renda fundiária urbana em Presidente Prudente. São Paulo, 1990. Tese de Doutorado, FFLCH/USP. 60 Santos, Regina C. B. dos. Rochdale e Alphaville: formas diferenciadas de apropriação e ocupação da terra na metrópole paulistana. São Paulo, 1994. Tese de Doutorado, FFLCH/USP. 61 Beltrão Sposito, Maria E. O chão arranha o céu: a lógica da (re)produção monopolista da cidade. São Paulo, 1991. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

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tanto quanto do adensamento populacional no interior de cada uma delas, são reflexos do processo de acumulação e concentração do capital. (P. 106)

Percebemos pela citação acima como a cidade ou o espaço urbano são

concebidos dentro de uma abordagem materialista dialética passando a entender as

relações de produção como elementos centrais do processo.

Nesta mesma concepção, Santos (1994) procura compreender, a partir

das articulações entre o poder público e o capital imobiliário, algumas tendências na

estruturação do espaço urbano mostrando como o capital imobiliário monopoliza o

acesso à terra urbana fazendo com que fiquem cada vez mais restritas a possibilidade de

acesso à propriedade fundiária urbana e à moradia utilizando os exemplos de Rochdale

e Alphaville na metrópole paulistana.

Sendo assim, a autora ressalta que:

No estudo de alguns fatores que interferiram na produção destes espaços urbanos destaca-se a atuação do capital imobiliário e do poder público, notadamente para a formação de um mercado de terras na cidade. O poder público, através da legislação e de financiamentos, pode favorecer alguns segmentos da sociedade em detrimento de outros. O capital imobiliário, para apropriar-se de terras para seus empreendimentos, mesmo através de mecanismos de compra-venda, beneficia-se de algumas situações, que lhe tornam estas transações mais favoráveis. (Santos, 1994, p. 248)

Ao discutir a produção e a apropriação da renda fundiária urbana,

Sposito (1990) procura mostrar seu caráter complexo e contraditório:

Aí, então, voltamos à nossa questão primeira. A apropriação da renda fundiária, pela dinâmica do mercado, pelo papel do solo como reserva de valor, é condicionada e condiciona a própria expansão do espaço urbano, numa relação contraditória e complexa com universos maiores (região, Estado, país). Assim, a apropriação da renda se dá em formas particulares (loteamentos, tributações, produção de infra-estrutura urbana, transferência de ramo de parte da mais-valia social); em momentos diferenciados (na escala individual, nos períodos de

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expansão da malha urbana e nos períodos de mudanças estruturais na economia capitalista) e na magnitude da diferença de preço entre a terra, quando se transforma de rural em urbana e na diferença de preço para compra e venda de lotes na cidade. (Sposito, 1990, p. 21)

A partir das citações acima, percebemos que a preocupação central

desses trabalhos era discutir a questão da expansão do espaço urbano tendo como

elemento central a renda da terra de forma a mostrar seus mecanismos, agentes e

conseqüências para a produção do espaço numa abordagem dialética.

Devemos notar, também que entramos na década de 1990 seguindo a

abordagem teórico-metodológica que vinha se desenvolvendo na década anterior, ou

seja, o materialismo dialético continuou como a referência mais importante para os

trabalhos. Mesmo assim, ainda percebemos algumas permanências da própria década de

1970 principalmente no que diz respeito à estrutura de alguns trabalhos que ainda

seguiam o estilo das monografias regionais adicionando um referencial marxista. O

trabalho de Gomes (1994)62 mostra bem isso: para discutir o capital como organizador

do espaço agrário através do exemplo da pecuária leiteira no Bolsão Sul-Matogrossense

a autora primeiro faz uma caracterização da área de estudo (quadro físico, atividades

econômicas) depois faz um histórico da atividade leiteira e da indústria de laticínios na

área para então chegar à caracterização da economia leiteira do Bolsão a partir dos

dados coletados em pesquisa de campo. Além disso, insere o papel do Estado na

economia leiteira.

É interessante notar que embora se utilize de uma estrutura “clássica”

a autora busca discutir os agentes envolvidos na questão extrapolando o nível da

localização e descrição em si. Vejamos como se refere aos agentes organizadores do

espaço e seu papel:

62 Gomes, Conceição A.Q. Economia leiteira do Bolsão Sul-Matogrossense. Presidente Prudente, 1994. Dissertação de Mestrado, FCT/UNESP.

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Os agentes organizadores do espaço, como capital e Estado, apresentam cada um, estratégias específicas, colaborando para a divisão social do trabalho. Desse modo temos uma produção voltada para a exigência do capital, ou seja, um espaço que produz e reproduz em função de suas leis, estrategicamente definidas e que, conseqüentemente gera um processo de apropriação que lhe é peculiar. (Gomes, 1994, p. 32-33)

A importância dos agentes produtores do espaço se torna uma

preocupação marcante durante a década de 1990. Nos trabalhos sobre indústria, por

exemplo, verificamos claramente tal preocupação. Souza (1995)63em seu trabalho sobre

o Distrito Industrial de Dourados ressalta a necessidade de se estudar a Geografia das

Indústrias analisando a produção do espaço a partir dos agentes produtivos e do papel

do Estado superando os pressupostos teórico-metodológicos da tradicional Geografia

das Indústrias. Essa tradicional Geografia das Indústrias pode ser identificada através

desta passagem do trabalho:

Embora a ênfase de minha análise esteja centrada na divisão territorial do trabalho em nível nacional, é importante salientar que sob esta ótica, o lugar ocupado pela atividade fabril no espaço geográfico significa muito mais que a simples pontuação das unidades no mapa64 ou a análise do parcelamento do solo e das plantas industriais (...) (Souza, 1995, p. 11)

Mourão (1994)65 também faz referência à questão falando que os

estudos geográficos sobre a atividade industrial até a década de 70-80 em sua maioria

não iam além da determinação de uma série de:

(...) fatores de localização, pouco contribuindo para o conhecimento da lógica do capital industrial. As transformações espaciais não eram relacionadas com o contexto social mais amplo, ou seja, com as relações sociais de produção, com o

63 Op Cit. 64 Grifo nosso. 65 Mourão, Paulo F. C. A industrialização do Oeste Paulista: o caso de Marília. Presidente Prudente, 1994. Dissertação de Mestrado, FCT/UNESP.

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desenvolvimento das forças produtivas e a ação dos trabalhadores.(p. 18)

Sua perspectiva teórica é assim definida:

Assim, o espaço, sendo um produto cuja organização é governada pelas atividades econômicas, não pode ser compreendido em sua totalidade sem o estudo dos modos de produção. Como coloca Lipietz (1988) é necessário estudar a estruturação do espaço pelos modos de produção, ou seja, a dimensão espacial da articulação dos modos de produção. Pretendemos adotar essa perspectiva de análise, ou seja, as relações entre a indústria e o espaço devem ser definidas a partir das relações de produção capitalistas. (p. 15)

A questão da indústria também foi tratada pela perspectiva de

comprovação de teorias como no caso do trabalho de Passetti (1996)66 que procurou

comprovar a tese de Rangel abordando a siderurgia pesada na industrialização

brasileira.

Na década de 1990 notamos o surgimento de novos temas

relacionados à questão da indústria. Os trabalhos de Lima (1994)67 e Pires (1995)68, por

exemplo mostram como isso ocorreu.

Lima (1994) procura analisar um dos aspectos do meio técnico

científico informacional69 através do exemplo dos núcleos de indústrias e serviços em

torno de ambientes de elevado nível técnico científico, os tecnopólos, a partir do

exemplo de São Carlos (SP). Trata-se de uma questão que ganhou bastante importância

nesta década trazendo uma nova discussão para a Geografia e em particular para a

Geografia Econômica. Vejamos como o autor se refere à configuração sócio-espacial

dos tecnopólos:

66 Passetti, Adilson. A siderurgia pesada na industrialização brasileira. São Paulo, 1996. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP. 67 Lima, Luiz C. Novo espaço da produção: os tecnopólos. São Paulo, 1994. Tese de Doutorado, FFLCH/USP. 68 Pires, Hindenburgo F. Reestruturação industrial e alta tecnologia no Brasil: as indústrias de informática em São Paulo. São Paulo, 1995. Tese de Doutorado, FFLCH/USP. 69 Aqui o autor toma por base o conceito desenvolvido por Milton Santos (1991)

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A configuração sócio-espacial resultante tem como invólucro uma atmosfera de partículas transnacionais condensada num lugar. Assim, tal condensação cria o lugar-mundo, isto é, lugar prenhe das qualidades, dos valores e das forças capazes de responder às necessidades da realidade do modo de produção atual. Ao mesmo tempo que o tecnopólo, enquanto lugar-mundo, nos conduz às dimensões do porvir, ele também entroniza aspectos do mito da cidade ideal, imaginada na Renascença: domínio do refinamento do saber científico e artístico; coexistência do paraíso das técnicas que possibilitam ao homem a felicidade de ter o monopólio da natureza; identificação dos círculos do conhecimento operativo; divisão dos homens pelo trabalho mecânico e intelectual e inversão do econômico e do social pela técnica. (Lima, 1994, p. 168)

Pela citação acima, percebemos o quanto a técnica passa a ser

importante para a compreensão do espaço neste período mais recente. As questões

tratadas pela Geografia Econômica, portanto, também passaram a incorporar essa

dimensão no que diz respeito principalmente à indústria de alta tecnologia constituindo

o que poderíamos chamar de tema da “Geografia Econômica atual”. No mesmo sentido,

o trabalho de Pires (1995) abordou a questão da reestruturação industrial e a alta

tecnologia a partir do exemplo das indústrias de informática em São Paulo. Como Lima

(1994), Pires também se refere às atuais mudanças no sistema produtivo e sua relação

com a produção do espaço:

No período atual da Globalização da produção, a lógica capitalista exige uma transformação permanente das formas de competir. Padrões tecnológicos novos tendem a se estruturar e consolidar sob a égide da produção flexível, um novo regime de acumulação flexível (KAPLINSKI, 1982:12; DIEESE, 1992) As estratégias locacionais e a composição territorial das formas do capital industrial, expressas nos chamados: “CIE”, “tecnopólos”, “clusters”, “enclaves industriais ou ilhas de modernidade”, etc, são resultantes, também, da transferência física de unidades industriais (mobilidade do capital), da tonicidade da circulação livre do capital no mercado, de demandas estatais, do desempenho global dos setores industriais, de conjunturas políticas específicas e da presença de fatores territoriais propícios, “motores de inovação tecnológicas”. (Pires, 1995, p. 217)

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O trabalho de Mendes (1997)70 é outro exemplo de como os trabalhos

de Geografia Econômica passaram as discutir as transformações conseqüentes da

flexibilização da economia em diversos setores. Mendes trata especificamente do pólo

têxtil de Americana procurando mostrar suas relações de produção e a crise numa

estrutura produtiva ultrapassada para o atual momento da economia.

Rossetti (1996)71 aborda uma outra questão também característica do

período em exame: a terceirização na indústria. Para isso, a autora faz uma análise das

transformações industriais desde o período fordista até a flexibilização verificando suas

implicações no que diz respeito à relações de trabalho, relações sociais, propriedade da

terra, sindicatos, legislação e Estado tomando o exemplo da cidade de Limeira (SP).

Devemos ressaltar que a abordagem teórico-metodológica utilizada

pelos autores para discutir essas questões mais “recentes” difere um pouco do que

vínhamos chamando anteriormente de uma abordagem dialética. Não que os autores não

utilizem a dialética ou o materialismo dialético, essa referência teórico-metodológica

continuou presente mas não de forma tão enfática como no início da década de 1980 e

até meados da década de 1990. Surgem novas discussões em torno das abordagens

teórico-metodológicas havendo reinterpretações e novas idéias para se pensar as

questões econômicas.

Da mesma forma que a indústria, o comércio também passou a ser

estudado enfocando novas questões. Os trabalhos de Araújo (1997)72, Cleps (1997)73 e

Ortigoza (1996)74 são exemplos disso.

70 Mendes, Auro Ap. Reestruturações locais como efeitos da globalização econômica: uma análise da estrutura produtiva mutante do pólo têxtil de Americana (SP). Rio Claro, 1997. Tese de Doutorado, IGCE/UNESP. 71 Rossetti, Eliane G. Flexibilização da produção: a terceirização na indústria de Limeira, SP. Rio Claro, 1996. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP. 72 Araújo, Kerli C. P. A via direta ao consumidor – estrutura e localização do comércio têxtil na cidade de Americana-SP. Rio Claro, 1997. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

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O trabalho de Ortigoza, por exemplo, aborda as franquias como novas

estratégias do comércio urbano no Brasil mostrando o caso específico dos fast foods

afirmando que o sistema de franquias faz reavaliar a dinâmica econômica e sua

materialização no espaço na medida em que traz uma série de mudanças em relação ao

comércio tradicional no sentido da manipulação dos hábitos e costumes.

Já o de Cleps aborda as estratégias territoriais empresariais adotadas

pelas maiores empresas atacadistas de Uberlândia mostrando as novas tecnologias que

promovem intensa mobilidade do capital.

O trabalho de Araújo, por sua vez discute as alterações ocorridas nas

estruturas produtivas e a conseqüente alteração no espaço urbano a partir do avanço

tecnológico que obrigou o setor têxtil nacional a adaptar-se aos novos padrões de

competitividade do mercado globalizado. Vejamos como se refere a essas mudanças e

suas conseqüências para a atividade comercial:

A reestruturação do sistema produtivo, iniciada por volta da década de 1970 trouxe novas experiências, que hoje estão mudando o processo produtivo fordista, transformando-o em alguns casos, e até substituindo-o por novos sistemas de produção denominados produção flexível ou especialização flexível (...) (Araújo, 1997, p. 25) O processo produtivo, que engloba produção-distribuição-circulação (troca)-consumo, se transforma e reestrutura o território alterando o mercado. O sistema de circulação transforma-se graças à informação e à comunicação e novas formas de produzir e de comercializar a produção vão se instalando (Araújo, 1997, p. 66)

Ao mesmo tempo em que verificamos essas mudanças em termos de

abordagem das temáticas, também notamos algumas permanências em relação ao

73 Cleps, Geisa D. G. O comércio atacadista de Uberlândia (MG): mudanças tecnológicas e estratégias territoriais. Rio Claro, 1997. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP. 74 Ortigoza, Sílvia Ap.G. As franquias e as novas estratégias do comércio urbano no Brasil. Rio Claro, 1996. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

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período anterior. O trabalho de Tsukamoto (1994)75embora defendido quase na metade

da década de 1990 ainda aborda a questão da subordinação dos produtores de chá aos

proprietários dos chazais e às empresas processadoras com o mesmo enfoque dos

trabalhos da década de 1980 que citamos anteriormente. Desta forma, em seu trabalho

encontramos afirmações como:

O capital financeiro e o capital industrial (este representado tanto pelas indústrias de fertilizantes quanto pelas indústrias de beneficiamento) são aqueles que vêm extraindo ao longo desses anos, parte da renda da terra dos produtores e principalmente, dos pequenos produtores de chá que têm como resultado do seu trabalho, única e exclusivamente sua sobrevivência. (Tsukamoto, 1994, p. 166)

A afirmação acima mostra claramente a abordagem teórico-

metodológica que a autora utiliza para estudar a questão da teiticultura no Brasil

enfocando a renda da terra e a subordinação formal do trabalho ao capital numa

perspectiva do materialismo dialético tal como nos trabalhos do início da década de

1980.

As abordagens presentes no As abordagens presentes no As abordagens presentes no As abordagens presentes no período (1970 a 1998) período (1970 a 1998) período (1970 a 1998) período (1970 a 1998)

Tendo em vista as reflexões realizadas até o momento que buscaram

identificar e exemplificar através dos trabalhos analisados as abordagens teórico-

metodológicas presentes nas dissertações e teses em Geografia Econômica, podemos

afirmar que estão presentes no período estudado (1970 a 1998) basicamente dois tipos

de abordagem: uma mais relacionada à chamada Geografia Clássica positivista ou

75 Tsukamoto, Ruth Y. A teiticultura no Brasil: subordinação e dependência. São Paulo, 1994. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

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Geografia Tradicional que preocupava-se apenas com a localização e descrição dos

fenômenos e outra em que os referenciais do materialismo histórico e dialético

estiveram bastante presentes dando uma nova “cara” aos trabalhos no sentido de

imprimir uma abordagem menos superficial e descritiva.

Nossa intenção neste capítulo foi mostrar como e onde estão presentes

essas abordagens e qual o tipo de Geografia Econômica que se produziu a partir da

utilização de uma ou outra. Também procuramos mostrar que durante o período não há

uma total substituição de uma abordagem pela outra; há permanências, por exemplo da

abordagem clássica nos trabalhos da década de 1990.

Além disso, no final da década de 1990 com as mudanças ocorridas na

esfera do sistema produtivo, surgem novas temáticas e novos paradigmas de

entendimento da realidade baseados no avanço da técnica e nos novos modos de

produzir. Isso, de certa forma, também muda a abordagem teórico-metodológica

utilizada nos trabalhos mais recentes.

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CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3

TENDÊNCIAS DA PESQUISA EM GEOGRAFIA ECONÔMICA A PARTIR TENDÊNCIAS DA PESQUISA EM GEOGRAFIA ECONÔMICA A PARTIR TENDÊNCIAS DA PESQUISA EM GEOGRAFIA ECONÔMICA A PARTIR TENDÊNCIAS DA PESQUISA EM GEOGRAFIA ECONÔMICA A PARTIR

DA FONTE BIBLIOGRÁFICA ANALISADADA FONTE BIBLIOGRÁFICA ANALISADADA FONTE BIBLIOGRÁFICA ANALISADADA FONTE BIBLIOGRÁFICA ANALISADA

Após termos realizado a identificação e discussão das abordagens

teórico-metodológicas das dissertações e teses em Geografia Econômica da

FFLCH/USP, IGCE/UNESP e FCT/UNESP, julgamos importante neste momento

ampliarmos a reflexão partindo de algumas questões que poderiam nos levar a uma

avaliação da Geografia Econômica a partir desses trabalhos, bem como a evolução desta

dentro da Geografia brasileira, em particular no Estado de São Paulo.

Neste sentido, nos propusemos a refletir sobre as seguintes questões: 1)

Como podemos relacionar a evolução da Geografia Econômica com a Geografia em

geral tendo em vista as abordagens teórico-metodológicas e a própria concepção de

objeto e método? 2) Como podemos caracterizar a produção em Geografia Econômica

nos três centros de pós-graduação analisados? 3) E ainda, que avaliação podemos fazer

da Geografia Econômica a partir desses trabalhos?

Essas questões serão balizadoras para as reflexões que faremos a

seguir.

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O perfil da produção em Geografia Econômica nos três cursos de O perfil da produção em Geografia Econômica nos três cursos de O perfil da produção em Geografia Econômica nos três cursos de O perfil da produção em Geografia Econômica nos três cursos de PósPósPósPós----

graduação do Estado de São Paulo graduação do Estado de São Paulo graduação do Estado de São Paulo graduação do Estado de São Paulo

De acordo com o que observamos nos trabalhos acadêmicos de

Geografia Econômica produzidos nos cursos de Pós-Graduação em Geografia do Estado

de São Paulo pudemos verificar algumas características presentes em cada um desses

cursos.

Iniciando pelo curso da FFLCH/USP, por ser o mais antigo de todos

foi onde pudemos encontrar trabalhos com todas as abordagens teórico-metodológicas

discutidas no capítulo anterior. Desta forma, encontramos desde trabalhos que

apresentam a chamada abordagem da Geografia Clássica lembrando as monografias

regionais francesas principalmente durante a década de 1970 passando pela abordagem

do materialismo dialético mais “puro” até as atuais abordagens que procuram explicar

as atuais mudanças na estrutura produtiva com base no materialismo dialético mas não

se restringindo apenas a ele.

Já nos trabalhos do IGCE/UNESP o que ficou bastante evidente foi o

grande número de trabalhos sobre a questão da agricultura, seja pelo viés da

modernização, da pequena produção ou mesmo através da caracterização de quadros

agrários e agrícolas de determinadas áreas ou regiões. A abordagem teórico-

metodológica utilizada para discutir essa questão variou desde um referencial

quantitativo que podemos encontrar num número significativo de trabalhos até o do

materialismo dialético a partir da metade da década de 1980. Além disso, nota-se a

influência da abordagem clássica principalmente na estrutura dos trabalhos da década de

1980 embora isso ainda esteja presente nos trabalhos da década de 1990. Da mesma

forma que na FFLCH/USP também encontramos alguns trabalhos que procuram novas

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formas de abordagem tendo em vista as atuais mudanças no capitalismo. Como

mostramos no capítulo anterior, são principalmente os trabalhos que tratam da questão

das atividades comerciais no espaço urbano53.

Quanto aos trabalhos da FCT/UNESP, por serem em número menor e

produzidos a partir da década de 1990 não encontramos com tanta clareza a presença

das abordagens encontradas nos trabalhos da FFLCH/USP, por exemplo. Claro que pelo

fato de serem trabalhos produzidos mais recentemente incorporaram as mudanças de

referencial teórico-metodológico sofridas pela Geografia e pela Geografia Econômica

durante a década de 1980. Desta forma, não encontramos nenhum trabalho que se utilize

de referencial ou abordagem quantitativa nem aquela chamada clássica. A maior parte

dos trabalhos utiliza a abordagem dialética embora, como pudemos observar, as

estruturas de alguns trabalhos lembrem as antigas monografias regionais francesas.

Deve-se ressaltar, no entanto, que isso ocorre com bem menos freqüência que nos

trabalhos do IGCE/UNESP, por exemplo.

De um modo geral, as características acima apontadas nos levariam a

discutir a questão 2 que mencionamos no início deste capítulo: Como podemos

caracterizar a produção em Geografia Econômica nos três centros estudados? Ou ainda:

Que avaliação podemos fazer da Geografia Econômica a partir desses trabalhos?

Para refletirmos sobre essas questões julgamos conveniente em

primeiro lugar tentar relacionar as mudanças observadas na Geografia Econômica a

partir das temáticas e referencial teórico-metodológico com as mudanças na Geografia

em termos de objeto e método ao longo do período que estudamos.

53 É importante ressaltar que o trabalho de Sposito (1983) possui um significado importante no contexto da produção do IGCE/UNESP na medida em que representou uma ruptura dentro da concepção teórica presente nos trabalhos até então.

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O que dizer da Geografia Econômica ?O que dizer da Geografia Econômica ?O que dizer da Geografia Econômica ?O que dizer da Geografia Econômica ?

Como demonstrado no Capítulo 2, verificamos basicamente duas

abordagens teórico-metodológicas nos trabalhos analisados: a analítico-descritiva e a

crítica ou dialética. Essas abordagens podem ser relacionadas com o que Gamboa

(1987) chama de tendências metodológicas empírico-analítica e crítico-dialética.

Neste sentido, os trabalhos com tendência empírico-analítica são

aqueles em que verificamos o predomínio de uma análise descritiva sobre a temática

havendo uma grande valorização do empírico. Os trabalhos, neste caso, possuem uma

estrutura semelhante àquela das monografias regionais francesas sendo voltados à uma

descrição minuciosa da área ou lugar onde se expressa o fato, ou às vezes o fato ou a

temática estudada é a própria área ou região. Os trabalhos com tais características são

principalmente aqueles defendidos durante a década de 1970 na FFLCH/USP e nos

trabalhos do início da década de 1980 no IGCE/UNESP , embora como já mostramos,

existem exceções e trabalhos que se destacam por apresentarem características

diferenciadas da maioria.

Os trabalhos com tendência crítico-dialética aparecem a partir da

década de 1980 estando presentes até os anos mais recentes da década de 1990 embora

já “mesclados” com outras tendências, não apresentando uma abordagem materialista

dialética strictu sensu. Essa tendência aparece nos trabalhos dos três cursos estudados.

Se formos analisar em termos de mudanças significativas nos trabalhos

durante o período analisado, poderíamos eleger como marcos importantes dentro da

produção científica acadêmica em Geografia Econômica alguns trabalhos que, ao nosso

ver, trouxeram ou iniciaram uma nova abordagem nessa área.

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Um deles é o trabalho de Seabra (1973)54 que como já dissemos no

capítulo anterior embora tenha sido defendido no início da década de 1970, não

apresenta as características da maioria dos trabalhos do período, discutindo questões que

vão além do lugar e da temática em si. Neste sentido, o autor imprime uma concepção

de Geografia Econômica mais dinâmica na medida em que não há uma “parte

econômica” específica, o viés econômico aparece permeando todo o trabalho, diferente

da maior parte dos trabalhos do período em que o econômico aparece como uma

“parte”, geralmente quando se fala da comercialização, da produção agrícola ou

industrial e assim por diante.

O trabalho de Oliveira (1978)55 merece destaque pelo fato de adotar o

materialismo dialético como opção teórico-metodológica, algo não ocorrido nos

trabalhos até então.

A partir disso, inaugura-se uma nova abordagem teórico-metodológica

nos trabalhos de Geografia Econômica e a maioria deles adota esse referencial

rompendo com os princípios da dita Geografia tradicional ou positivista e também da

neopositivista. Claro que isso não ocorreu de forma absoluta; vemos que mesmo na

década de 1980 e início da década de 1990 podem ser encontradas algumas

permanências.

Tendo em vista essa mudança de referencial teórico-metodológico,

como podemos caracterizar, então, a Geografia Econômica presente nos trabalhos? Que

avaliação podemos fazer dela?

Para refletirmos sobre essas questões é necessário que tenhamos em

mente o contexto e as mudanças ocorridas na Geografia em geral. Não é por acaso que

54 Op. Cit. 55 Op. Cit.

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identificamos como um dos “divisores de águas” dentro da Geografia Econômica o

trabalho de Oliveira (1978).

É justamente nesse período que a Geografia brasileira começa a viver

um momento de contestação e discussão de novas bases teórico-metodológicas, de um

novo paradigma já que o positivismo clássico mostrava-se insuficiente para apreender a

complexidade da realidade. Nos dizeres de Oliveira (1999, p. 59)56 “com o marxismo,

começa a batalha pelo desmascaramento do discurso pretensamente neutro e objetivo

presente no positivismo e no empirismo lógico, e mesmo no historicismo.”

A partir dos trabalhos analisados vemos que anteriormente tínhamos

uma Geografia Econômica descritiva e voltada ao estudo de produtos como por

exemplo culturas agrícolas, pecuária ou mesmo de fatos econômicos numa determinada

porção do território, havendo dentro dos trabalhos uma visível “parte econômica”.

Nesses trabalhos a preocupação era fazer um trabalho geográfico, portanto deveria

haver um exemplo localizado no território, e o econômico era uma parte dentro desse

trabalho geográfico em que se falava daquilo que poderia ser identificado com o

econômico: a comercialização, a produção agrícola ou industrial etc.

Neste sentido, o geográfico e o econômico estavam nitidamente

separados. A junção ocorreria quando fosse realizada a distribuição geográfica do fato:

a cultura de batata no Estado de São Paulo, a bananicultura no litoral, a pecuária em

Barretos, a floricultura em Barbacena, a agroindústria em Sertãozinho e assim por

diante.

Já nos trabalhos que procuraram adotar o referencial do materialismo

dialético, a Geografia Econômica aparece de forma diferente. O econômico passa a ser

visto como integrante da reflexão, como um elemento explicativo para se pensar uma

dada realidade, não mais como um elemento em si. O capital e as relações capitalistas 56 Op. Cit

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não são algo “espontâneo”, mais do que nunca há agentes concretos envolvidos nessas

questões. E se isso se expressa no espaço, ou seja, se essas relações se espacializam

através de atividades, fluxos e trocas, há uma natureza extremamente dinâmica

envolvida no processo.

Por isso, não basta apenas descrever e localizar, deve-se buscar

compreender os determinantes, conseqüências, agentes e relações envolvidas no fato. A

agricultura, a indústria, o comércio e serviços precisam ser entendidos a partir do

sistema em que estão inseridos e das relações de produção que os determinam.

Desta forma, deve-se ir além da descrição e valorização do empírico. O

mais importante passa a ser o método, o referencial teórico-metodológico é que

encaminhará a reflexão fazendo com que o econômico dentro da Geografia Econômica

não seja apenas uma “parte”.

Claro que muito da forma em termos de estrutrura dos trabalhos de

Geografia Econômica e de Geografia produzidos até hoje ainda carrega um forte traço

das monografias regionais francesas que foram durante muitos anos o maior referencial

para os trabalhos geográficos no Brasil. No entanto, o que deve ser ressaltado é o

encaminhamento dado aos trabalhos a partir da internalização do materialismo dialético.

Qual a concepção de objeto que passa a ser colocada a partir dessa

opção de método para a Geografia Econômica, então?

Pode-se dizer que da mesma forma que na Geografia Econômica, o

grande “divisor de águas” em termos de discussão do objeto e método da Geografia foi

o movimento de renovação principalmente ligado à Geografia Crítica na medida em que

propiciou um rompimento em termos de como analisar a realidade. Neste sentido, a

discussão do objeto da Geografia pode ser pensada a partir da ruptura acontecida quanto

ao método com o movimento de renovação. A unidade da ciência geográfica dada pelo

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fundamento empirista formulado pela “Escola Alemã” é colocado em cheque pela

disseminação do instrumental fornecido pelo materialismo histórico e dialético de Karl

Marx e Engels57.

Interpretando o que ocorria naquele momento Moraes (1983), afirma

que a Geografia não possuía uma necessidade de definição formal do objeto. A

discussão passava a centrar-se no método. No entanto, parece notório que a definição de

objeto que se tornou mais evidente e defendida pelos geógrafos é a do estudo do espaço,

independente das adjetivações que este tenha recebido. De uma forma geral, passa-se a

discutir o espaço e sua produção tendo como principal preocupação o contexto social

deste espaço. Para isso, então, categorias e conceitos como trabalho, mais-valia, capital,

relações capital-trabalho, entre outras tornam-se essenciais para o discurso geográfico.

É neste sentido que percebemos que o método decorre do que se

objetiva apreender pois como disse Moreira (1981, p.60):

(...) veste a roupa que lhe dá a teoria. Concebida como ciência do real-aparente (o concreto-visível), a geografia será empirista também no método (...)

Percebe-se aqui como se justificava a postura da Geografia até então.

Podemos fazer uma relação entre a definição do objeto e do método com o próprio

caráter oficial que possuía a Geografia Tradicional. Como verificamos na fala de

Moreira (1981, p.66):

O fato de ser descritiva é decorrência do seu caráter empirista. E o fato de ser empirista decorre do fato de ser um saber oficializado. Evidentemente que sua oficialização como ciência empirista decorre de sua peculiaridade: a de configuração “natural” do mundo circundante a partir de sua expressão físico-territorial. Sabemos que todo bem para que possa ter valor de troca deva ter algum valor de uso. O “valor de troca” da Geografia tem que se sustentar no seu valor de uso, na sua peculiaridade.

57 Sobre as contribuições deste instrumental para a Geografia ver Quaini, Massimo. Marxismo e Geografia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

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Assim, as definições de objeto servem para atender aos interesses

oficiais (de Estado) a fim de mascarar as verdadeiras relações existentes passando a

“naturalizar” o capital (Moreira, 1981).

Com a denúncia deste tipo de Geografia e do seu contexto através do

questionamento e crítica da realidade existente, o objeto também mudará. Mas isso a

partir do instrumental fornecido pelo método. Por isso virá a afirmação do espaço

enquanto expressão material visível da sociedade.

O espaço enquanto objeto é concebido como locus da reprodução das

relações sociais de produção (Corrêa, 1995). Neste sentido, lembramos que Moreira

(1981) já afirmava que a sociedade é o verdadeiro tema da Geografia.

Mesmo não havendo atualmente uma discussão específica sobre o

objeto, percebe-se que o espaço está bastante presente, entendido como materialização

da sociedade, como afirma Corrêa (1995, p.16):

(...) Como ciência social a geografia tem como objeto de estudo a sociedade que, no entanto, é objetivada via cinco conceitos-chave que guardam entre si um forte grau de parentesco, pois todos se referem á ação humana modelando a superfície terrestre: paisagem, região, espaço, lugar e território.

A afirmação acima, embora traga elementos para uma outra discussão

quanto aos conceitos-chave expressa bem a preocupação atual de grande parte dos

geógrafos: a sociedade a partir do espaço.

Se a sociedade passa a ser a preocupação de grande parte dos geógrafos

isso se expressa através do enfoque que passa a ser dado a determinados temas tratados

pela Geografia como a produção do espaço urbano ou mesmo as transformações no

chamado mundo rural, entre outros. Percebe-se que os objetivos modificaram-se: não

basta descrever o que se observa; deve-se explicar o invisível a partir do visível, o

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concreto pelo abstrato, ou seja pelas relações e não apenas pelo resultado delas. Mas

isso só foi possível a partir da mudança no modo de pensar e interpretar a realidade pois

se o método decorre do que se objetiva apreender, o questionamento e a busca de

explicações foram o primeiro passo para mudança do método e conseqüentemente do

objeto da Geografia.

Já no final da década de 1980 e início da década de 1990 passa-se a

analisar e refletir criticamente sobre a vertente crítica da Geografia58. Sob esse clima de

questionamento e busca de novos paradigmas, começam a ser introduzidas novas

abordagens teórico-metodológicas como a fenomenologia, por exemplo.

No caso da Geografia Econômica, percebemos que o materialismo

dialético persistiu na maior parte dos trabalhos, mas de forma menos incisiva que no

período anterior na medida em que a própria mudança no espaço econômico mundial a

partir do novo paradigma produtivo baseado na técnica e informação trouxeram a

necessidade de leituras desse espaço pautadas em outros referenciais teóricos que

possuíssem elementos para uma nova interpretação do capitalismo59.

Neste sentido, pode-se dizer que o momento atual é de busca de novas

abordagens que possam melhor explicar as transformações vividas neste final de século.

No entanto, deve-se ressaltar que o materialismo dialético não foi totalmente descartado

como abordagem teórico-metodológica para a leitura do espaço. Muitos de seus

58 Um exemplo importante dessa análise crítica é o texto de Ruy Moreira intitulado “Assim se passaram dez anos (A renovação da Geografia no Brasil - 1978-1988)” publicado no Caderno Prudentino de Geografia, no 14, 1992 pela AGB/Presidente Prudente no qual procura discutir os principais problemas e equívocos da Geografia Crítica. 59 Benko (1996) destaca a teoria da regulação como uma abordagem importante para o entendimento do novo quadro econômico mundial. O autor define a teoria da regulação do capitalismo como a da gênese, do desenvolvimento e do declínio das formas sociais, da transformação em que se movem as separações que o constituem. Seus elementos essenciais são: rejeição da problemática do equilíbrio geral; vontade de introduzir o tempo histórico e as mudanças nas formas sociais do capitalismo e suas modalidades de ajustamento dinâmico a curto e a médio prazo; união entre o trabalho teórico de elaboração de conceitos intermediários e a periodização das regulações.

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elementos ainda são válidos para a interpretação e entendimento da realidade estando

presentes na análise geográfica.

O econômico na Geografia Econômica O econômico na Geografia Econômica O econômico na Geografia Econômica O econômico na Geografia Econômica

Para refletirmos sobre como é visto o econômico na Geografia

Econômica precisamos necessariamente pensar e levar em consideração a própria

abordagem teórico-metodológica utilizada.

Sendo assim, podemos dizer que o econômico, nos trabalhos da década

de 1970, principalmente, era uma “parte” do trabalho geográfico. Os trabalhos, então,

estudavam uma temática econômica (porque envolvia produção agrícola, industrial ou

comércio) com uma nítida separação entre o econômico e o geográfico. O geográfico

poderia ser identificado ao momento em que se fazia a caracterização da área

destacando seus aspectos físicos e históricos, a população, etc. O econômico ficava

relacionado aos aspectos da produção em si (quando se falava em volume,

comercialização etc). A Geografia Econômica se fazia da junção entre o geográfico e o

econômico, geralmente quando aparecia a distribuição territorial da produção e da

circulação das mercadorias. Os trabalhos eram geográficos e econômicos.

Quando houve a mudança de abordagem teórico-metodológica na

Geografia com a internalização do marxismo, o econômico na Geografia Econômica

passou a ser entendido como elemento do discurso. Nos trabalhos de Geografia

Econômica o econômico aparece como um elemento explicativo para se pensar

geograficamente uma temática de natureza econômica.

Isso porque o materialismo dialético destacava a importância da infra-

estrutura entendida como a base econômica da sociedade para o entendimento desta.

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Sendo assim, o econômico deveria ser pensado como um componente essencial do

discurso. Daí os trabalhos de Geografia Econômica terem mudado seu entendimento de

econômico em relação ao período anterior.

Os trabalhos passaram, então, a abordar geograficamente questões de

natureza econômica tendo o econômico como componente da interpretação, que

permeava todo o trabalho e não como parte deste.

Desta forma, a abordagem teórico-metodológica utilizada pela

Geografia Econômica tem relação direta com o entendimento de econômico dentro dos

trabalhos. Os exemplos mostrados no capítulo 2 reforçam este entendimento na medida

em que como vimos, com a mudança do referencial teórico-metodológico os trabalhos

de Geografia Econômica não mais viram o econômico como uma parte do trabalho

geográfico, ele passou a fazer parte do próprio discurso.

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Considerações FinaisConsiderações FinaisConsiderações FinaisConsiderações Finais

Tendo em vista os objetivos estabelecidos para este trabalho que

visavam basicamente caracterizar e avaliar a produção científica acadêmica em

Geografia Econômica a partir da análise dos trabalhos defendidos nos três cursos de

Pós-Graduação em Geografia do Estado de São Paulo como forma de contribuir à

reflexão sobre o pensamento geográfico, pudemos identificar, discutir e refletir sobre as

principais tendências que ao nosso ver podem ser encontradas nesses trabalhos.

Nossa reflexão partiu da discussão sobre o entendimento de Geografia

Econômica presente no pensamento geográfico com base em suas várias definições nos

diferentes períodos chegando ao momento atual em que quase não se verifica mais a

utilização desse termo para caracterizar os trabalhos de Geografia que possuem um

enfoque voltado às temáticas ligadas às questões econômicas. Desta forma, também

pudemos expressar nosso entendimento de Geografia Econômica a fim de

esclarecermos quais os critérios utilizados para a seleção dos trabalhos que foram

analisados.

Em seguida apresentamos os trabalhos analisados a partir da discussão

das temáticas abordadas, estruturas, metodologias e referenciais teóricos utilizados.

Neste momento, realizamos um mapeamento da produção em Geografia Econômica nos

cursos de Pós-Graduação do Estado de São Paulo mostrando os temas mais abordados

em cada período e as abordagens teórico-metodológicas presentes.

Neste sentido, pudemos identificar basicamente duas abordagens ou

tendências teórico-metodológicas nas pesquisas em Geografia Econômica: a abordagem

empírico-analítica ou analítico-descritiva e a abordagem crítica ou dialética. De um

modo geral, a primeira esteve mais presente nos trabalhos defendidos na década de 1970

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sendo que seus traços permanecem de uma forma ou outra em alguns trabalhos das

décadas de 1980 e até 1990. A segunda abordagem pode ser identificada nos trabalhos

da década de 1980 em diante permanecendo de forma menos clara nos trabalhos mais

atuais na medida em que se delineiam novas abordagens.

Fazendo um paralelo com a própria evolução do pensamento

geográfico brasileiro, percebemos que os momentos em que as abordagens identificadas

estiveram mais presentes nos trabalhos de Geografia Econômica são aqueles em que as

mesmas eram referências importantes para a Geografia em geral.

Portanto, um grande “divisor de águas” dentro da Geografia

Econômica pode ser identificado com a introdução do referencial marxista a partir,

principalmente do trabalho de Oliveira (1978) como vimos no capítulo 2 e ressaltamos

no capítulo 3.

Com base no referencial teórico-metodológico é que foi possível

refletirmos sobre o econômico na Geografia Econômica e portanto, fazermos uma

avaliação da Geografia Econômica nesses trabalhos.

O econômico passou de parte do trabalho geográfico a um elemento

explicativo dos fatos e situações que possuem uma natureza econômica e podem ser

abordadas com um enfoque geográfico. Se nos trabalhos da década de 1970 podíamos

identificar claramente a separação entre o geográfico e o econômico, com a introdução

do materialismo histórico dialético como referencial teórico-metodológico, notamos a

utilização do econômico como um elemento determinante para a explicação dos fatos

geográficos.

Somente a partir do referencial teórico-metodológico foi que pudemos

pensar e tentar avaliar a Geografia Econômica presente nos trabalhos acadêmicos. Essa

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avaliação não deve ser feita de forma simplificada, pensando apenas no que foi “bom”

ou “ruim”, se determinado momento foi melhor ou pior que o outro.

Deve-se pensar na história da Geografia e assim da Geografia

Econômica como algo vinculado ao próprio contexto da sociedade e do debate científico

de forma ampla.

O que procuramos aqui fazer foi justamente mostrar o quanto a

discussão e renovação de referenciais teórico-metodológicos é importante para se pensar

e avaliar qualquer produção científica.

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HESPANHOL, Antonio N. O Binômio Soja-trigo na Modernização da Agricultura do

Paraná: o caso dos municípios de Ubiratã, Campina da Lagoa e Nova Cantu. Rio

Claro, 1990. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

HESPANHOL, Rosangela Ap. de M. O tomate a caminho da indústria: a influência da

CICA na Alta Sorocabana de Presidente Prudente. Rio Claro, 1994. Dissertação de

Mestrado, IGCE/UNESP.

JOIA, Paulo R. A Estruturação do Pólo Tecnológico de Campinas: contribuição ao

estudo dos espaços industriais de alta tecnologia. Rio Claro, 1992. Dissertação de

Mestrado, IGCE/UNESP.

JUNQUEIRA, Claudete B. A Reapropriação do Espaço a partir da Integração Agro-

Industrial. São Paulo, 1982. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

LEE, Mee Joung. Visão Panorâmica da Indústria de Computadores: uma análise

comparativa entre Brasil e Coréia do Sul. São Paulo, 1998, Dissertação de

Mestrado, FFLCH/USP.

LENCIONI, Sandra. Agricultura e Urbanização – a capitalização do campo e a

transformação da cidade. Jardinópolis, o estudo de um lugar. São Paulo, 1985.

Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

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___ .Reestruturação Urbano-Industrial: centralização do capital e desconcentração da

metrópole de São Paulo – a indústria têxtil. São Paulo, 1991. Tese de Doutorado,

FFLCH/USP.

LIMA, Luiz C. Novo Espaço da Produção: os tecnopólos. São Paulo, 1994. Tese de

Doutorado, FFLCH/USP.

LOMBARDO, Magda A. Economia de Mercado e Organização do Espaço Agrário: o

exemplo de Cordeirópolis. São Paulo, 1978. Dissertação de Mestrado,

FFLCH/USP.

LORENZO, Helena C. Eletrificação, Urbanização e Crescimento Industrial no Estado

de São Paulo, 1880-1940. Rio Claro, 1993. Dissertação de Mestrado,

IGCE/UNESP.

LOZANI, Márcia C. B. O POMO D’OIRO: a atividade citrícola no Rio de Janeiro e em

São Paulo – do final do século XIX ao final dos anos 30. Rio Claro, 1995.

Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

MADRUGA, Ana G. C. Mudança de Vento: redistribuição das funções no espaço de

uma comunidade pesqueira – Lucena/PB. São Paulo, 1985. Dissertação de

Mestrado, FFLCH/USP.

MAGALDI, Sérgio B. Ação do Estado e do Grande Capital na Reestruturação da

Atividade Econômica: o cultivo florestal e a cadeia madeira/celulose/papel. São

Paulo, 1991. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

MARRAFON, Glaucio J. Constituição do CAI e a Modernização da Agricultura: o caso

do município de Marau-RS. Rio Claro, 1988. Dissertação de Mestrado,

IGCE/UNESP.

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MARTINS, Cecília M. P. Transformações da Agricultura em Marium: contribuição à

Geografia Agrária do Estado de Sergipe. Rio Claro, 1982. Dissertação de Mestrado,

IGCE/UNESP.

MEDEIROS, Célia M. S. V. O tradicional e o Moderno na Pecuária de Corte:

produtores rurais pecuaristas residentes em Pres. Prudente. Pres. Prudente, 1997.

Dissertação de Mestrado, FCT/UNESP.

MEGALE, Januário F. A Bananicultura no Litoral Paulista: um estudo de Geografia

Econômica. São Paulo, 1975. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

MENDES, Auro A. A Implantação Industrial em Sumaré: origens, agentes e efeitos. Rio

Claro, 1991. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

___. Reestruturações Locais como Efeitos da Globalização Econômica: uma análise da

estrutura produtiva mutante do pólo têxtil de Americana. Rio Claro, 1997. Tese de

Doutorado, IGCE/UNESP.

MIORIN, Vera L. I. Características da Modernização da Agricultura no Centro Novo

Oeste do Rio Grande do Sul. Rio Claro, 1982. Dissertação de Mestrado,

IGCE/UNESP.

MIZUSAKI, Márcia Y. A Territorialização da Avicultura no Estado de Mato Grosso do

Sul: o Caso COOAGRI. Pres. Prudente, 1995. Dissertação de Mestrado,

FCT/UNESP.

MORO, Dalton A. Substituição de culturas, Modernização Agrícola e Organização do

Espaço Rural do Norte do Paraná. Rio Claro, 1991. Tese de Doutorado,

IGCE/UNESP.

MOTTA, Nara C. Geografia da Vida: (re)produção do espaço e relações sociais de

trabalho do Espírito Santo. São Paulo, 1993. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

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___ . As Conseqüências da Implantação do Projeto Aracruz Celulose sobre a Estrutura

Econômica de Região de Linhares-ES. Rio Claro, 1982. Dissertação de Mestrado,

IGCE/UNESP.

MOURÃO, Paulo F. C. A Industrialização do Oeste Paulista: o caso de Marília. Pres.

Prudente, 1994. Dissertação de Mestrado, FCT/UNESP.

NAKAGAWARA, Yoshiya. As Funções Regionais de Londrina e sua Área de

Influência. São Paulo, 1972. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

NOFFS, Paulo da S. Os Caiçaras de Ioque Ioque Pequeno: um estudo de mudança

espacial. São Paulo, 1988. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

NONATO, Maria J. D. Tubarão: um exemplo brasileiro de porto especializado. São

Paulo, 1975, Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

OLIVEIRA, Ariovaldo U. de. Contribuição para o Estudo da Geografia Agrária: crítica

ao “Estado isolado” de von Thünen. São Paulo, 1978. Tese de Doutorado,

FFLCH/USP.

OLIVEIRA, Darlene A. A Persistência da Unidade familiar de produção: a sericicultura

em Charqueada. Rio Claro, 1988. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

OLIVEIRA, João M. A Esperança Vem na Frente: contribuição ao estudo da pequena

produção em Mato Grosso, o caso de Sinop. São Paulo, 1982. Dissertação de

Mestrado, FFLCH/USP.

ORTIGOZA, Sílvia Ap. G. As Franquias e as Novas Estratégias do Comércio Urbano

no Brasil. Rio Claro, 1996. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

PASSETTI, Adilson. A Siderurgia Pesada na Industrialização Brasileira. São Paulo,

1996. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

Page 118: A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA … · Ao Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Prof. Dr. Antonio Nivaldo Hespanhol pelas críticas e sugestões apresentadas

PAULINO, Eliane T. O Limite das Cercas: desdobramentos da apropriação capitalista

da terra e as estratégias de exploração familiar em Pres. Prudente. Pres. Prudente,

1997. Dissertação de Mestrado, FCT/UNESP.

PESSOA, Vera L. S. Características da Modernização da Agricultura e do

Desenvolvimento Rural em Uberlândia. Rio Claro, 1982. Dissertação de Mestrado,

IGCE/UNESP.

PINHEIRO, Silvana S. Relações de Produção e de Trabalho: uma análise geográfica da

indústria do vestuário, calçados e artefatos de tecidos em Rio Claro/SP. Rio Claro,

1993. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

PINTAUDI, Silvana M. Contribuição ao Estudo da Transformação do Comércio

Varejista de Gêneros Alimentícios nas Grandes Metrópoles – os supermercados na

Grande São Paulo. São Paulo, 1981. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

___ . O Templo da Mercadoria: estudo sobre os shopping centers do Estado de São

Paulo. São Paulo, 1989. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

PIRAN, Nédio. A Pequena Produção Rural em Erexim: um estudo de caso. Rio Claro,

1982. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

PIRES, Hindemburgo F. Reestruturação Industrial e Alta Tecnologia no Brasil: as

indústrias de informática em São Paulo. São Paulo, 1995. Tese de Doutorado,

FFLCH/USP.

PIZZOLATTI, Roland L. Os Pequenos Produtores do Oeste Catarinense: integrados ou

entregados? São Paulo, 1996. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

PONTUSCHKA, Nídia N. Suzano e o Impacto da Industrialização. São Paulo, 1979.

Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

Page 119: A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA … · Ao Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Prof. Dr. Antonio Nivaldo Hespanhol pelas críticas e sugestões apresentadas

QUEIROZ, Maria H. Desenvolvimento da Agricultura em Limeira e Rio Claro:

contribuição á questão agrária brasileira. Rio Claro, 1982. Dissertação de Mestrado,

IGCE/UNESP.

RODRIGUES, Arlete M. Processo Migratório e Situação de Trabalho da População

Favelada de São Paulo. São Paulo, 1981. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

RODRIGUES, Maria L. E. A Expansão Industrial e o Processo de Produção do Espaço

em Betim. São Paulo, 1980. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

ROSSETTI, Eliane G. Flexibilização da Produção: a terceirização na indústria de

Limeira, SP. Rio Claro, 1996. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

RUAS, Davi G. G. O processo de Concentração das Unidades Industriais

Sucroacooleiras do Estado de São Paulo: 1970-1982. Rio Claro, 1996. Tese de

Doutorado, IGCE/UNESP.

RUCKERT, Aldomar A. A Produção Capitalista do Espaço: construção, destruição e

reconstrução do território do Planalto Rio-Grandense. Rio Claro, 1991. Dissertação

de Mestrado, IGCE/UNESP.

SAKAMOTO, Arnaldo Y. Contribuição ao Estudo do Espaço de Produção Capitalista

do Mato Grosso: meados do século XIX até a década de 1930 do século XX. São

Paulo, 1989. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

SALOMANI, Giancarla. Produção Familiar Integrada ao CAI brasileiro: a produção de

pêssego no município de Pelotas (RS). Rio Claro, 1992. Dissertação de Mestrado,

IGCE/UNESP.

SANTOS, Regina C. B. dos. Rochdale e Alphaville: formas diferenciadas de

apropriação e ocupação da terra na metrópole paulistana. São Paulo, 1994. Tese de

Doutorado, FFLCH/USP.

Page 120: A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA … · Ao Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Prof. Dr. Antonio Nivaldo Hespanhol pelas críticas e sugestões apresentadas

___ . Osasco: migrações, condições de vida e produção do espaço. São Paulo, 1983.

Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

SCARLATO, Francisco C. A Indústria Automobilística no Capitalismo Brasileiro e

suas Articulações com o Crescimento Espacial na Metrópole Paulistana. São Paulo,

1981. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

SEABRA, Manoel F. G. As Cooperativas Mistas do Estado de São Paulo: estudo de

Geografia Econômica. São Paulo, 1973. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

SILVA, Armando C. da. Litoral Norte do Estado de São Paulo: formação de região

periférica. São Paulo, 1975. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

SILVA, Lenyra R. da. A Cultura da Batata no Estado de São Paulo e seus Problemas.

São Paulo, 1977. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

___ . da. O Espaço da Pequena Produção em Maraxamguape- RN. São Paulo, 1986.

Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

SILVA, Marielza da. A Formação e as Transformações da Zona Canavieira do Rio

Grande do Norte. Rio Claro, 1985. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

SILVA, Mário C. da. Expansão do Complexo Agroindustrial e o Processo de Mudança

no Espaço de Dourados. São Paulo, 1992. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

SILVA, Marlene M. da. A Linha de Subordinação: trabalho da mulher e sobrevivência

da pequena produção agrícola no agreste pernambucano. São Paulo, 1994. Tese de

Doutorado, FFLCH/USP.

SILVA, Paulo C. da. De Novelo de Linha a Manchester Paulista – fábrica têxtil e

cotidiano no início do século XX em Sorocaba. São Paulo, 1995. Dissertação de

Mestrado, FFLCH/USP.

SILVA, Sebastião A. da. Cafeicultura no Planalto de Poços de Caldas/MG: origem e

evolução. Rio Claro, 1993. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

Page 121: A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA … · Ao Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Prof. Dr. Antonio Nivaldo Hespanhol pelas críticas e sugestões apresentadas

SILVEIRA, Fátima R. da. Poeira e Sumo nos Olhos dos que Produzem – um estudo

sobre o trabalhador rural residente urbano e suas condições de vida no município de

Bebedouro. São Paulo, 1982. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

SOARES, Maria L. A. Contribuição ao Estudo da Meação: o exemplo da cultura da

cebola em Piedade. São Paulo, 1980. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

SOUZA, Adauto de O. Distrito Industrial de Dourados-MS: intenções, resultados e

perspectivas. Pres. Prudente, 1995. Dissertação de Mestrado, FCT/UNESP.

SPOSITO, Eliseu S. Produção e Apropriação da Renda Fundiária Urbana em Pres.

Prudente – SP. São Paulo, 1990. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

SPOSITO, Maria E. B. O Chão em Presidente Prudente: a lógica da expansão territorial

urbana. Rio Claro, 1983. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

___ . O Chão Arranha o Céu: a lógica da (re)produção monopolista da cidade. São

Paulo, 1991. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

TARTAGLIA, José C. Agricultura e Urbanização em São Paulo – 1920-1980. Rio

Claro, 1993. Tese de Doutorado, IGCE/UNESP.

TAVARES, Nádia L. A Valorização do Espaço Agrícola no Município de Itapetininga

(SP). Rio Claro, 1993. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

TEIXEIRA, Márcio A. As Mudanças Agrícolas no Mato Grosso do Sul: o exemplo da

Grande Dourados. São Paulo, 1989. Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

THOMAZ JR. Antonio. A Territorialização do Monopólio: as agroindústrias

canavieiras em Jaboticabal. São Paulo, 1988. Dissertação de Mestrado,

FFLCH/USP.

TROVÃO, José R. Transformações Sociais e Econômicas no Espaço Rural da Ilha do

Maranhão. Rio Claro, 1994. Tese de Doutorado, IGCE/UNESP.

Page 122: A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA … · Ao Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Prof. Dr. Antonio Nivaldo Hespanhol pelas críticas e sugestões apresentadas

TSUKAMOTO, Ruth Y. Experiência Japonesa na Cultura e Industrialização do Chá em

Iapiraí – SP. São Paulo, 1981. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP.

___ . Teiticultura no Brasil: subordinação e dependência. São Paulo, 1994. Tese de

Doutorado, FFLCH/USP.

TUBALDINI, Maria A. S. A Organização da Cafeicultura em São Sebastião do Paraíso.

Rio Claro, 1982. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

VASIULIS, Helena S. A Sericicultura como Alternativa na Sobrevivência Camponesa.

Pres. Prudente, 1994. Dissertação de Mestrado, FCT/UNESP.

VICENTE, Maria C.M. Inserção da Força de Trabalho Feminina: as bóias-frias na

agricultura do sudoeste paulista. São Paulo, 1997. Tese de Doutorado,

FFLCH/USP.

VIEIRA, Miguel G. Processo de Desenvolvimento Econômico do Centro-Oeste

Paulista: a pequena e média empresa do setor metal-mecânico. São Paulo, 1994.

Tese de Doutorado, FFLCH/USP.

___ . Relações de Trabalho no Cinturão Verde da Cidade de São Paulo – área de

Cachoeira, na pré-serra da Cantareira. São Paulo, 1988. Dissertação de Mestrado,

FFLCH/USP.

VILLALOBOS, Jorge U. G. As Olarias no município de Rio Claro (SP) – uma

alternativa de sobrevivência aos pequenos proprietários rurais. Rio Claro, 1990.

Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

ZANELATTO, Gislaine M. Organização Agrária no Município de Rio Claro-SP. Rio

Claro, 1992. Dissertação de Mestrado, IGCE/UNESP.

ZIBORDI, Antonio F. G. As Transformações Agrárias Ocorridas nos Municípios de

Mogi Mirim e Mogi Guaçu. Rio Claro, 1982. Dissertação de Mestrado,

IGCE/UNESP.

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Anexo I – Quadro das Dissertações e Teses Analisadas

DISSERTAÇÕES ANALISADAS DEFENDIDAS NA FCT/UNESP/PRES. DISSERTAÇÕES ANALISADAS DEFENDIDAS NA FCT/UNESP/PRES. DISSERTAÇÕES ANALISADAS DEFENDIDAS NA FCT/UNESP/PRES. DISSERTAÇÕES ANALISADAS DEFENDIDAS NA FCT/UNESP/PRES.

PRUDENTEPRUDENTEPRUDENTEPRUDENTE

AUTOR TÍTULO DO TRABALHO ANO DA DEFESA

GOMES, Conceição A. Q. Economia Leiteira do Bolsão Sul-Matogrossense

1994

MOURÃO, Paulo F. C. A Industrialização do Oeste Paulista: o caso de Marília

1994

VASIULIS, Helena S. A Sericicultura como Alternativa na Sobrevivência Camponesa.

1994

SOUZA, Adauto de O. Distrito Industrial de Dourados-MS: intenções, resultados e perspectivas.

1995

MIZUSAKI, Márcia Y. A Territorialização da Avicultura no Estado de Mato Grosso do Sul: o Caso COOAGRI.

1995

PAULINO, Eliane T. O Limite das Cercas: desdobramentos da apropriação capitalista da terra e as estratégias de exploração familiar em Pres. Prudente.

1997

MEDEIROS, Célia M. S. V. O tradicional e o Moderno na Pecuária de Corte: produtores rurais pecuaristas residentes em Pres. Prudente.

1997

DUNDES, Ana Cláudia O Processo de (des)industrialização e o Discurso Desenvolvimentista em Presidente Prudente-SP

1998

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DISSERTAÇÕES E TESES ANALISADAS DEFENDIDAS NO IGCE/UNESP/RIO

CLARO

AUTOR TÍTULO DO TRABALHO GRAU ANO DA DEFESA

FONSECA, Vania Manaus: pólo de

desenvolvimento regional? Mestrado 1980

CORREA, Walquíria K.

A Atividade Agrícola e a Evolução da Modernização da Agricultura no Estado de Santa Catarina – 1950 a 1975

Mestrado 1981

PESSOA, Vera L. S. Características da Modernização da Agricultura e do Desenvolvimento Rural em Uberlândia

Mestrado 1982

MIORIN, Vera L. I. Características da Modernização da Agricultura no Centro Novo Oeste do Rio Grande do Sul

Mestrado 1982

MOTTA, Nara C. As Conseqüências da Implantação do Projeto Aracruz Celulose sobre a Estrutura Econômica de Região de Linhares-ES

Mestrado 1982

PIRAN, Nédio A Pequena Produção Rural em Erexim: um estudo de caso

Mestrado 1982

TUBALDINI, Maria A. S.

A Organização da Cafeicultura em São Sebastião do Paraíso

Mestrado 1982

MARTINS, Cecília M. P.

Transformações da Agricultura em Marium: contribuição à Geografia Agrária do Estado de Sergipe

Mestrado 1982

QUEIROZ, Maria H. Desenvolvimento da Agricultura em Limeira e Rio Claro: contribuição á questão agrária brasileira

Mestrado 1982

ZIBORDI, Antonio F. G.

As Transformações Agrárias Ocorridas nos Municípios de Mogi Mirim e Mogi Guaçu

Mestrado 1982

SPOSITO, Maria E. B.

O Chão em Presidente Prudente: a lógica da expansão territorial urbana

Mestrado 1983

CALAÇA, Manoel Características da Pequena Produção no Estado do Acre

Mestrado 1983

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AUTOR TÍTULO DO TRABALHO GRAU ANO DA DEFESA

HEIDRICH, Alvaro L.

Migrações Rurais e Transformação da Estrutura Agrária no Norte do RS: contribuição ao estudo das oportunidades econômicas na agricultura.

Mestrado 1984

FERREIRA, Maria do R.

Industrialização Dirigida e seus Impactos em Contexto regional Arcaico e Dependente: a experiência de Campina Grande (PB)

Mestrado 1984

BEZZI, Meri L. São Borja: transformações no espaço agropecuário: o processo de despecuarização

Mestrado 1985

SILVA, Marielza da A Formação e as Transformações da Zona Canavieira do Rio Grande do Norte

Mestrado 1985

MARRAFON, Glaucio J.

Constituição do CAI e a Modernização da Agricultura: o caso do município de Marau-RS

Mestrado 1988

OLIVEIRA, Darlene A.

A Persistência da Unidade familiar de produção: a sericicultura em Charqueada

Mestrado 1988

FIRKOWSKI, Olga L. C.

A Industrialização do Município de Limeira em face ao Contexto Industrial Paulista

Mestrado 1989

HESPANHOL, Antonio N.

O Binômio Soja-trigo na Modernização da Agricultura do Paraná: o caso dos municípios de Ubiratã, Campina da Lagoa e Nova Cantu

Mestrado 1990

VILLALOBOS, Jorge U. G.

As Olarias no município de Rio Claro (SP) – uma alternativa de sobrevivência aos pequenos proprietários rurais

Mestrado 1990

RUCKERT, Aldomar A.

A Produção Capitalista do Espaço: construção, destruição e reconstrução do território do Planalto Rio-Grandense

Mestrado 1991

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AUTOR TÍTULO DO TRABALHO GRAU ANO DA DEFESA

MENDES, Auro A. A Implantação Industrial em

Sumaré: origens, agentes e efeitos

Mestrado 1991

MORO, Dalton A Substituição de culturas, Modernização Agrícola e Organização do Espaço Rural do Norte do Paraná

Doutorado 1991

FERREIRA, Maria J. M.

Produção Familiar no Alto Paraopeba: o caso de Crucilândia – MG

Mestrado 1991

JOIA, Paulo R. A Estruturação do Pólo Tecnológico de Campinas: contribuição ao estudo dos espaços industriais de alta tecnologia

Mestrado 1992

SALOMANI, Giancarla

Produção Familiar Integrada ao CAI brasileiro: a produção de pêssego no município de Pelotas (RS)

Mestrado 1992

ZANELATTO, Gislaine M.

Organização Agrária no Município de Rio Claro –SP

Mestrado 1992

TARTAGLIA, José C.

Agricultura e Urbanização em São Paulo – 1920-1980

Doutorado 1993

LORENZO, Helena C.

Eletrificação, urbanização e crescimento industrial no Estado de São Paulo, 1880-1940

Doutorado 1993

TAVARES, Nádia L. A Valorização do Espaço Agrícola no Município de Itapetininga (SP)

Mestrado 1993

PINHEIRO, Silvana S.

Relações de Produção e de Trabalho: uma análise geográfica da indústria do vestuário, calçados e artefatos de tecidos em Rio Claro/SP

Mestrado 1993

SILVA, Sebastião A da

Cafeicultura no Planalto de Poços de Caldas/MG: origem e evolução

Mestrado 1994

HESPANHOL, Rosangela Ap. de M.

O tomate a caminho da indústria: a influência da CICA na Alta Sorocabana de Presidente Prudente

Mestrado 1994

AVELINO JR, Francisco J.

A Modernização da Agricultura e (re)organização do espaço agrário da Região de Governo de Lins. A Produção de cana-de-açúcar para combustível.

Mestrado 1994

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AUTOR TÍTULO DO TRABALHO GRAU ANO DA DEFESA

TROVÃO, José R. Transformações Sociais e

Econômicas no Espaço Rural da Ilha do Maranhão

Doutorado 1994

GODOY, Paulo R. T. A Expansão da Fronteira Agrícola na Alta Araraquarense: o caso do município de Santa Fé do Sul (1930-1960)

Mestrado 1995

LOZANI, Márcia C. B.

O POMO D’OIRO: a atividade citrícola no Rio de Janeiro e em São Paulo – do final do século XIX ao final dos anos 30

Mestrado 1995

DAVID, César de A estrutura da Produção Agrícola e as Transformações decorrentes da Modernização da Agricultura no Município de São Sepé – RS

Mestrado 1995

RUAS, Davi G. G. O processo de Concentração das Unidades Industriais Sucroacooleiras do Estado de São Paulo: 1970-1982

Doutorado 1996

ROSSETTI, Eliane G.

Flexibilização da Produção: a terceirização na indústria de Limeira, SP

Mestrado 1996

ORTIGOZA, Sílvia Ap. G.

As Franquias e as Novas Estratégias do Comércio Urbano no Brasil

Mestrado 1996

BORGES, Maria das Graças

Transformações Agrícolas no Rio Grande do Norte e o significado espacial da fruticultura.

Doutorado 1996

CORREA, Walquíria K.

Transformações Sócio-Espaciais no Município de Tijucas (SC): o papel do grupo USATI-PORTOBELLO

Doutorado 1996

CLEPS, Geisa D. G. O Comércio Atacadista de Uberlândia (MG): mudanças tecnológicas e estratégias territoriais

Mestrado 1997

ARAUJO, Kerli C. P. A Via Direta ao Consumidor– estrutura e localização do comércio têxtil na cidade de Americana - SP

Mestrado 1997

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AUTOR TÍTULO DO TRABALHO GRAU ANO DA DEFESA

MENDES, Auro Ap. Reestruturações Locais como

efeitos da globalização econômica: uma análise da estrutura produtiva mutante do pólo têxtil de Americana – SP

Doutorado 1997

CARVALHO, Izabel de

Tecnologias no Processamen- to da mandioca: farinheiras e fecularias no Estado de São Paulo

Doutorado 1998

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DISSERTAÇÕES E TESES ANALISADAS DEFENDIDAS NA FFLCH/USP

AUTOR TÍTULO DO TRABALHO GRAU ANO DA DEFESA

GOLDENSTEIN, Léa

Estudo de um Centro Industrial Satélite: Cubatão

Doutorado 1970

FARIA, Wilson de Contribuição ao Estudo da Pecuária em Barretos

Mestrado 1971

NAKAGAWARA, Yoshiya

As Funções Regionais de Londrina e sua Área de Influência

Doutorado 1972

DANTAS, José Sertãozinho: uma sociedade dependente da agro-indústria açucareira

Doutorado 1972

SEABRA, Manoel F. G.

As Cooperativas Mistas do Estado de São Paulo: estudo de Geografia Econômica

Doutorado 1973

SILVA, Armando C. da

Litoral Norte do Estado de São Paulo: formação de região periférica

Doutorado 1975

NONATO, Maria J. D.

Tubarão: um exemplo brasileiro de porto especializado

Mestrado 1975

GALLO, Jacques Participação dos Entrepostos de Pesca e Pontos de Desembarque no Abastecimento da Cidade de São Paulo

Mestrado 1975

MEGALE, Januário F.

A Bananicultura no Litoral Paulista: um estudo de Geografia Econômica

Mestrado 1975

SILVA, Lenyra R. da A Cultura da Batata no Estado de São Paulo e seus Problemas

Mestrado 1977

FRANCESCONI, Léa

A Mão-de-Obra ocupada na Atividade Industrial de São José dos Campos e Jacareí: movimentos migratórios e movimentos pendulares

Mestrado 1978

ABLAS, Luiz A de Q.

Teoria do Lugar Central: bases e evidências empíricas– Estudo de Caso

Doutorado 1978

OLIVEIRA, Ariovaldo U. de

Contribuição para o Estudo da Geografia Agrária: crítica ao “Estado isolado” de von Thünen

Doutorado 1978

BENITES, Miguel G. Os Frigoríficos da Grande São Paulo e Arredores: estudo geográfico

Mestrado 1978

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AUTOR TÍTULO DO TRABALHO GRAU ANO DA DEFESA

GRABÓIS, José Os Anéis da Dependência:

estudo geográfico da floricultura em Barbacena

Doutorado 1978

LOMBARDO, Magda A

Economia de Mercado e Organização do Espaço Agrário: o exemplo de Cordeirópolis

Mestrado 1978

CUNHA, Maria G. S. A Expansão da Agricultura em uma Área de Pecuária Extensiva: o exemplo de Santa Margarida (município de São Gabriel – RS)

Mestrado 1978

ANDRADE, Margarida M. de

Diadema – uma área de expansão da indústria na metrópole paulistana

Mestrado 1979

PONTUSCHKA, Nídia N.

Suzano e o Impacto da Industrialização

Mestrado 1979

RODRIGUES, Maria L. E.

A Expansão Industrial e o Processo de Produção do Espaço em Betim

Mestrado 1980

SOARES, Maria L. A

Contribuição ao Estudo da Meação: o exemplo da cultura da cebola em Piedade

Mestrado 1980

ABE, Helena I. A Cultura de Cogumelos no Estado de São Paulo (uma abordagem geográfica)

Mestrado 1980

RODRIGUES, Arlete M.

Processo Migratório e Situação de Trabalho da População Favelada de São Paulo

Mestrado 1981

PINTAUDI, Silvana M.

Contribuição ao Estudo da Transformação do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios nas Grandes Metrópoles – os supermercados na Grande São Paulo

Mestrado 1981

SCARLATO, Franciso C.

A Indústria Automobilística no Capitalismo Brasileiro e suas Articulações com o Crescimento Espacial na Metrópole Paulistana

Mestrado 1981

TSUKAMOTO, Ruth Y.

Experiência Japonesa na Cultura e Industrialização do Chá em Iapiraí – SP

Mestrado 1981

Page 131: A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA … · Ao Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Prof. Dr. Antonio Nivaldo Hespanhol pelas críticas e sugestões apresentadas

AUTOR TÍTULO DO TRABALHO GRAU ANO DA DEFESA

COSTA, Wanderley M. da

O Processo Contemporâneo de Industrialização (um estudo sobre a expansão industrial em território paulista)

Mestrado 1982

JUNQUEIRA, Claudete B.

A Reapropriação do Espaço a partir da Integração Agro-Industrial

Doutorado 1982

SILVEIRA, Fátima R. da

Poeira e Sumo nos Olhos dos que Produzem – um estudo sobre o trabalhador rural residente urbano e suas condições de vida no município de Bebedouro

Mestrado 1982

OLIVEIRA, João M. A Esperança Vem na Frente: contribuição ao estudo da pequena produção em Mato Grosso, o caso de Sinop

Mestrado 1982

GARRIDO FILHA, Irene

Garimpos de Cassiterita – pesquisa geográfica

Doutorado 1983

SANTOS, Regina C.B.

Osasco: migrações, condições de vida e produção do espaço

Mestrado 1983

ABRÃO, Vera L. A Pecuária em Corumbá (uma contribuição ao estudo da natureza das relações de produção e trabalho no Pantanal

Mestrado 1983

ASARI, Alice Y. Produtores e Processadores do Rami (o caso de Londrina PR)

Mestrado 1984

MADRUGA, Ana G. C.

Mudança de Vento: redistribuição das funções no espaço de uma comunidade pesqueira – Lucena/PB

Mestrado 1985

LENCIONI, Sandra Agricultura e Urbanização – a capitalização do campo e a transformação da cidade. Jardinópolis, o estudo de um lugar

Mestrado 1985

SILVA, Lenyra R. da O Espaço da Pequena Produção em Maraxanguape- RN

Doutorado 1986

ANDRIGHETTI, Yná

Mulher e Trabalho: a operária têxtil paulistana

Mestrado 1987

BARROS, Nilson C.C.

Pequeno Comércio no Interior do Nordeste do Brasil: estudo sobre o comércio ambulante na cidade de Campina Grande no Estado da Paraíba

Doutorado 1987

Page 132: A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA … · Ao Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Prof. Dr. Antonio Nivaldo Hespanhol pelas críticas e sugestões apresentadas

AUTOR TÍTULO DO TRABALHO GRAU ANO DA DEFESA

VIEIRA, Miguel G. Relações de Trabalho no

Cinturão Verde da Cidade de São Paulo – área de Cachoeira, na pré-serra da Cantareira

Mestrado 1988

GAETA, Antonio C. Acumulação e transformação do Espaço Urbano – o processo geral de formação dos shopping centers em São Paulo

Mestrado 1988

NOFFS, Paulo da S. Os Caiçaras de Ioque Ioque Pequeno: um estudo de mudança espacial

Mestrado 1988

AGUIAR, Carlos E. J.

Força de Trabalho e Relações de Produção na Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo: a Usina Junqueira

Mestrado 1988

THOMAZ JR, Antonio

A Territorialização do Monopólio: as agroindústrias canavieiras em Jaboticabal

Mestrado 1988

SAKAMOTO, Arnaldo Y.

Contribuição ao Estudo do Espaço de Produção Capitalista do Mato Grosso: meados do século XIX até a década de 1930 do século XX

Mestrado 1989

PINTAUDI, Silvana M.

O Templo da Mercadoria: estudo sobre os shopping centers do Estado de São Paulo

Doutorado 1989

TEIXEIRA, Márcio A

As Mudanças Agrícolas no Mato Grosso do Sul: o exemplo da Grande Dourados

Doutorado 1989

SPOSITO, Eliseu S Produção e Apropriação da Renda Fundiária Urbana em Pres. Prudente - SP

Doutorado 1990

DIGIACOMO, Milton

Estudo dos Fluxos de Transporte de Cargas na Área de Influência de Campos Novos - SC

Doutorado 1991

SPOSITO, Maria E. B.

O Chão Arranha o Céu: a lógica da (re)produção monopolista da cidade

Doutorado 1991

MAGALDI, Sérgio B.

Ação do Estado e do Grande Capital na Reestruturação da Atividade Econômica: o cultivo florestal e a cadeia madeira/celulose/papel

Mestrado 1991

Page 133: A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA … · Ao Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Prof. Dr. Antonio Nivaldo Hespanhol pelas críticas e sugestões apresentadas

AUTOR TÍTULO DO TRABALHO GRAU ANO DA DEFESA

LENCIONI, Sandra Reestruturação Urbano-

Industrial: centralização do capital e desconcentração da metrópole de São Paulo – a indústria têxtil

Doutorado 1991

CARVALHO, Márcia S. de

Pequena Produção de Café no Paraná

Doutorado 1991

SILVA, Mário C. da Expansão do Complexo Agroindustrial e o Processo de Mudança no Espaço de Dourados

Mestrado 1992

MOTTA, Nara C. Geografia da Vida: (re)produção do espaço e relações sociais de trabalho do Espírito Santo

Doutorado 1993

AZEVEDO, Alba R. O. de

O Pequeno Produtor Rural de Concórdia – SC: suas relações com a empresa SADIA

Mestrado 1993

SILVA, Marlene M. da

A Linha de Subordinação: trabalho da mulher e sobrevivência da pequena produção agrícola no agreste pernambucano.

Doutorado 1994

DOMINGUEZ, Camilo A

Formação Territorial da Amazônia Colombiana – construção pela destruição na economia do caucho

Doutorado 1994

SANTOS, Regina C. B. dos

Rochdale e Alphaville: formas diferenciadas de apropriação e ocupação da Terra na metrópole paulistana

Doutorado 1994

FONSECA, Maria Ap. P. da

As Relações de Troca no Capitalismo Monopolista de suas Implicações Espaciais: a reestruturação do comércio na região de Pres. Prudente

Mestrado 1994

LIMA, Luiz C. Novo Espaço da Produção: os tecnopólos

Doutorado 1994

VIEIRA, Miguel G. Processo de Desenvolvimento Econômico do Centro-Oeste Paulista: a pequena e média empresa do setor metal-mecânico

Doutorado 1994

FRANÇA, Antonio C.

Celulose e Reflorestamento no Processo de Modernização da Agricultura

Mestrado 1994

TSUKAMOTO, Ruth Y.

Teiticultura no Brasil: subordinação e dependência

Doutorado 1994

Page 134: A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA … · Ao Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Prof. Dr. Antonio Nivaldo Hespanhol pelas críticas e sugestões apresentadas

AUTOR TÍTULO DO TRABALHO GRAU ANO DA DEFESA

DANTAS, Eustógio W. C.

Comércio Ambulante no Centro de Fortaleza/CE (1975 a 1995)

Mestrado 1995

SILVA, Paulo C. da De Novelo de Linha a Manchester Paulista – fábrica têxtil e cotidiano no início do século XX em Sorocaba

Mestrado 1995

BENITES, Miguel G. Brasil Central Pecuário: interesses e conflitos

Doutorado 1995

PIRES, Hindemburgo F.

Reestruturação Industrial e Alta Tecnologia no Brasil: as indústrias de informática em São Paulo

Doutorado 1995

ARAÚJO, José L. L As transformações na produção artesanal de redes-de-dormir no nordeste brasileiro e suas relações com a produção do espaço.

Doutorado 1996

DIAS, Mário B. Industrialização e a Produção do Espaço em Icoaraci – Belém/PA

Mestrado 1996

PASSETTI, Adilson A Siderurgia Pesada na Industrialização Brasileira

Mestrado 1996

PIZZOLATTI, Roland L.

Os Pequenos Produtores do Oeste Catarinense: integrados ou entregados?

Doutorado 1996

ESPÍNDOLA, Carlos J.

As Agroindústrias do Oeste Catarinense: o caso Sadia

Mestrado 1996

VICENTE, Maria C.M.

Inserção da Força de Trabalho Feminina: as bóias-frias na agricultura do sudoeste paulista

Doutorado 1997

LEE, Mee Joung Visão Panorâmica da Indústria de Computadores: uma análise comparativa entre Brasil e Coréia do Sul

Mestrado 1998

BAPTISTELA, Celma da S. L.

Colhedores de Laranja na Indústria Paulista

Mestrado 1998

Page 135: A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA … · Ao Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Prof. Dr. Antonio Nivaldo Hespanhol pelas críticas e sugestões apresentadas

A Geografia Econômica na produção científica acadêm

ica dos programas de pós-graduação em Geografia no Estado de São Paulo ( 1970-1998 ) 145

Anex

o II

Tem

áticas

abor

dad

as nas

Dissertaç

ões e Teses em G

eogr

afia E

conô

mica

TEMÁTICA

TOTAL DE

DISSERTAÇÕES/TESES

NA TEMÁTICA

FREQÜÊNCIA POR

INSTITUIÇÃO

ANO DE DEFESA

Agricultura (Mod

ernização)

12

09 IGCE/UNESP/ R

io Claro

03 FFLCU/USP

1981

,1982(2),198

8,1990,199

1,199

4,19

95,1998

1989

,1992,199

4

Agricultura (pe

quena produ

ção)

14

06 IGCE/UNESP/Rio Claro

06F

FLC

H/USP

02 FCT/UNESP/ P.Prudente

1982

, 1983,198

8,1990,199

1,1992

1986

,1988,199

1,19

93,199

4,199

6 19

94,1997

Agricultura (relações de trabalho)

08

08 FFLCH/USP

1980

,1982(2),198

3,1984,198

5,

1988

,1998

Agricultura (Qua

dros agrários e agrícolas -atividades)

21

11 IGCE/UNESP/Rio Claro

08 FFLCH/USP

02 FCT/UNESP/P. Prudente

1982(3),198

4,198

5,1991,

1992

,1993, 1994,1995,199

6

1971

,1975,197

7,19

78(3),198

0,198

1 19

94,1997

Agricultura e produção do espaço

04

03 IGCE/UNESP/ R

io Claro

01 FFLCH/USP

1991,1993,199

5 1985

Agricultura (Coop

erativas)

01

FFLC

H/USP

1973

Agricultura (Agroindú

stria

) 10

06 FFLCH/USP

01 FCT/UNESP/P.Prude

nte

03 IGCE/UNESP/Rio Claro

1972

,1978

,1982,19

88,1995,199

6 1995

1988

,1996

(2)

Indú

stria (ram

os)

11

03 IGCE/UNESP/ R

io Claro

08 FFLCH/USP

1992

,1993,199

7 19

81,1991(2),199

4,1995(2),

1996

,1998

Indú

stria (Estudo de Caso – local)

13

05 IGCE/UNESP/ R

io Claro

06 FFLCH/USP

02 FCT/UNESP/ P.Prudente

1973,1984,198

9,1991,199

3

1970,1979(2),1980,1982,1996

1994

,1998

Page 136: A GEOGRAFIA ECONÔMICA NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA … · Ao Prof. Dr. Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Prof. Dr. Antonio Nivaldo Hespanhol pelas críticas e sugestões apresentadas

A Geografia Econômica na produção científica acadêm

ica dos programas de pós-graduação em Geografia no Estado de São Paulo ( 1970-1998 ) 146

Indú

stria (Distritos)

01

FCT/UNESP /P.Prudente

1995

Indú

stria (tecnopó

los)

01

FFLC

H/USP

1994

Comércio (am

bulante)

02

FFLC

H/USP

1987

,1995

Comércio (Shopp

ing centers)

02

FFLC

H/USP

1988

,1989

Comércio (atacado)

01

IGCE/UNESP/Rio Claro

1997

Comércio (franquias)

01

IGCE/UNESP/Rio Claro

1996

Comércio (varejo)

01

IGCE/UNESP/Rio Claro

1997

Comércio reg

ional (estudo de caso)

01

FFLC

H/USP

1994

Comércio (supermercado

s e entrepo

stos)

02

FFLC

H/USP

1975

,1981

Relações de Trabalho

06

01 IGCE/UNESP /R

io Claro

05 FFLCH/USP

1996

1987,1988,199

3,1994,199

7

Migrações

03

FFLC

H/USP

1978

, 1981,198

3

Caracterização econôm

ica de regiões

07

03 IGCE/UNESP /R

io Claro

04 FFLCH/USP

1980,1982,199

4 1972

,1975,198

9,19

94

Transportes

02

FFLC

H/USP

1975

,1991

Discussõe

s teórico-metodológicas

02

FFLC

H/USP

1978

(2)

Artesanato/garimpo

02

FFLC

H/USP

1983

,1996

Rend

a da

terra urban

a

04

01 IGCE/UNESP/ R

io Claro

03 FFLCH/USP

1983

1990,1991,199

4 Total

132

Fonte: Levantamento Bibliográfico

Org.: Flaviana G. N

unes