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A água à luz do Espiritismo 1 "A água, no mundo, não somente carreia os resíduos dos corpos mas também as expressões de nossa vida mental. Será nociva nas mãos perversas, útil nas mãos generosas e, quando em movimento, sua corrente não só espalhará bênçãos de vida, mas constituirá igualmente um veículo da Providência Divina, absorvendo amarguras, ódios e ansiedades dos homens, lavando-lhes a casa material e purificando-lhes a atmosfera íntima." André Luiz (do livro Nosso Lar - Psicografia de Chico Xavier) A água à luz do Espiritismo Água é vida. Uma verdade tão básica que é um lugar comum. Como pode um líquido incolor, sem cheiro ou sabor, ser essencial à vida no plano físico e importantíssimo também no plano espiritual? É o que buscaremos responder com o resultado de nossa singela pesquisa. Inicialmente, salientamos que os conhecimentos apresentados são a compilação dos trabalhos de alguns integrantes do nosso grupo de estudos, não cabendo ressaltar a autoria do resultado. Agradecemos à Zita, à Marta, à Zezé (desculpe pelo carinhoso apelido, mas é para não confundir com a outra Mª José) e à Rejane, pelos conhecimentos pesquisados e reunidos, que muito facilitaram e auxiliaram no estabelecimento do esboço e na configuração final da tarefa que nos foi confiada. Começamos o nosso estudo percorrendo as primeiras linhas do Antigo Testamento, com a descrição da criação do mundo narrada por Moisés, onde o profeta coloca seu entendimento a respeito do aparecimento das águas. Prosseguimos passando rapidamente pela Grécia pré-socrática, onde fomos buscar, com os primeiros filósofos, a importância da água em seus pensamentos. Não poderíamos deixar de considerar os preceitos da Codificação a respeito da gênese e das transformações de nosso planeta e, conseqüentemente, das águas nele espalhadas, razão pela qual incluímos, de forma sintetizada, o conteúdo dos 48 itens do capítulo VII – Esboço geológico da Terra - de A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo. Em seqüência, apresentamos a substância água, a sua utilização e a sua importância em nossas vidas, informações que serão úteis ao melhor entendimento do trecho que se caracteriza como tema de nosso trabalho. No tópico final, objeto do nosso estudo, ressaltamos aspectos e a importância da água, apreciados sob a ótica do Espiritismo, seguindo uma abordagem que estabelecemos em função dos

A gua luz do Espiritismo - cespjoaobatista.com.br agua.pdf · CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo – ... e da tarde

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  • CENTRO ESPRITA JOO BATISTA Grupo de estudos doutrinrios - A gua luz do Espiritismo fevereiro 2003

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    "A gua, no mundo, no somente carreia os resduos dos corpos mas tambm as expresses de nossa vida mental. Ser nociva nas mos perversas, til nas mos generosas e, quando em movimento, sua corrente no s espalhar bnos de vida, mas constituir igualmente um veculo da Providncia Divina, absorvendo amarguras, dios e ansiedades dos homens, lavando-lhes a casa material e purificando-lhes a atmosfera ntima." Andr Luiz (do livro Nosso Lar - Psicografia de Chico Xavier)

    A gua luz do Espiritismo

    gua vida. Uma verdade to bsica que um lugar comum. Como pode um lquido incolor,

    sem cheiro ou sabor, ser essencial vida no plano fsico e importantssimo tambm no plano

    espiritual? o que buscaremos responder com o resultado de nossa singela pesquisa.

    Inicialmente, salientamos que os conhecimentos apresentados so a compilao dos trabalhos

    de alguns integrantes do nosso grupo de estudos, no cabendo ressaltar a autoria do resultado.

    Agradecemos Zita, Marta, Zez (desculpe pelo carinhoso apelido, mas para no confundir

    com a outra M Jos) e Rejane, pelos conhecimentos pesquisados e reunidos, que muito

    facilitaram e auxiliaram no estabelecimento do esboo e na configurao final da tarefa que nos foi

    confiada.

    Comeamos o nosso estudo percorrendo as primeiras linhas do Antigo Testamento, com a

    descrio da criao do mundo narrada por Moiss, onde o profeta coloca seu entendimento a

    respeito do aparecimento das guas.

    Prosseguimos passando rapidamente pela Grcia pr-socrtica, onde fomos buscar, com os

    primeiros filsofos, a importncia da gua em seus pensamentos.

    No poderamos deixar de considerar os preceitos da Codificao a respeito da gnese e das

    transformaes de nosso planeta e, conseqentemente, das guas nele espalhadas, razo pela qual

    inclumos, de forma sintetizada, o contedo dos 48 itens do captulo VII Esboo geolgico da

    Terra - de A Gnese, os Milagres e as Predies segundo o Espiritismo.

    Em seqncia, apresentamos a substncia gua, a sua utilizao e a sua importncia em nossas

    vidas, informaes que sero teis ao melhor entendimento do trecho que se caracteriza como tema

    de nosso trabalho.

    No tpico final, objeto do nosso estudo, ressaltamos aspectos e a importncia da gua,

    apreciados sob a tica do Espiritismo, seguindo uma abordagem que estabelecemos em funo dos

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    conhecimentos consolidados nos demais trabalhos e do tempo disponvel para a concluso deste

    despretensioso estudo.

    No primeiro livro de Moiss, e tambm o primeiro da Bblia, conhecido por Gnesis,

    encontramos, nos versculos 1 a 10 do captulo 1:

    "No princpio criou Deus o cu e a terra. A terra, porm, estava vazia e nua; e as trevas cobriam a face do abismo; e o esprito de Deus era levado por cima das guas. Disse Deus: faa-se a luz; e fez-se a luz. E viu Deus que a luz era boa ; e dividiu a luz das trevas. E chamou luz dia; e s trevas noite; e da tarde e da manh se fez o dia primeiro. Disse tambm Deus: faa-se o firmamento no meio das guas, e separe umas guas das outras guas, que estavam por baixo do firmamento, das que estavam por cima do firmamento. E chamou Deus ao firmamento cu; e da tarde e da manh se fez o dia segundo. Disse tambm Deus: as guas que esto debaixo do cu, ajuntem-se num mesmo lugar; e o elemento rido aparea. E assim se fez. E chamou Deus ao elemento rido terra, e ao agregado das guas mares. E viu Deus que isto era bom."

    Conforme constatamos na narrao bblica da criao, em momento algum citado que Deus

    cria a gua. Tudo narrado como se ela j existisse. Nada se pode deduzir com relao ao como e

    ao quando tenha sido criada. O que verificamos, no trecho examinado, a criao do cu, por

    Deus, para separar umas guas das outras guas, ou seja, as guas superiores das guas inferiores.

    Para os que se apegam unicamente letra tudo confuso e contraditrio... No percebem que

    a Bblia no um compndio de Cincias, que ela fruto do conhecimento e da cultura da poca

    em que foi escrita.

    Segundo uma crena antiga, a gua era tida como o princpio primitivo, o elemento gerador,

    pelo que Moiss no fala da criao das guas.

    Pensavam os daquela poca ser o cu uma abbada real, cujos bordos inferiores repousavam

    na Terra e lhe marcavam os confins; vasta cpula cuja capacidade o ar enchia completamente.

    Imaginavam que essa abbada era constituda de matria slida. Da a denominao de

    firmamento que lhe foi dada e que sobreviveu crena, significando firme, resistente, e que

    supunham tivesse a funo de separar as guas, j que nada sabiam a respeito da formao das

    nuvens pela evaporao das guas da Terra. A ningum podia ocorrer a idia de que a chuva, que

    cai do cu, tivesse origem na Terra, de onde ningum a via subir. Desse primitivo entendimento

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    vinha a crena na existncia de guas superiores e de guas inferiores, de fontes celestes e de

    fontes terrestres, de reservatrios colocados nas altas regies, mais ou menos conforme os mares,

    convico que concordava perfeitamente com a idia de uma abbada slida, capaz de os

    sustentar. As guas superiores, escapando-se pelas frestas da abbada, caam em chuva e,

    conforme fossem mais ou menos largas as frestas, a chuva era branda, torrencial ou diluviana.

    Conforme nos lembra Allan Kardec, no captulo IV de A Gnese, "o homem foi incapaz de

    resolver o problema da criao at o momento em que a sua chave foi dada pela Cincia. Foi

    preciso que a Astronomia lhe abrisse as portas do espao infinito para que ele a mergulhasse as

    suas vistas... Que a Qumica lhe mostrasse as transformaes da matria e a Mineralogia os

    minerais que formam a superfcie do globo; que a Geologia o ensinasse a ler, nas camadas

    terrestres, a formao desse globo que ora habitamos".

    E conclui o Codificador: "j que impossvel conceber a Gnese sem os dados fornecidos

    pela Cincia, pode-se dizer com toda a verdade que a Cincia convocada a constituir a

    verdadeira Gnese, segundo as leis da Natureza".

    Grcia, sculos VII e VI antes de Cristo.

    Saber como a gua podia se transformar em peixes vivos, ou como a terra sem vida podia se

    transformar em rvores frondosas ou em flores multicoloridas instigava os pensadores gregos.

    Os primeiros filsofos gregos so freqentemente chamados de "filsofos da natureza",

    porque se interessavam sobretudo pela natureza e pelos processos naturais.

    Os filsofos viam com seus prprios olhos que havia constantes transformaes na natureza.

    Mas como eram elas possveis? Como uma substncia podia se transformar em algo

    completamente diferente, numa forma de vida, por exemplo?

    Os primeiros filsofos acreditavam que determinada substncia bsica estava por trs de

    todas essas transformaes da natureza, como uma causa oculta.

    Eles queriam entender os fenmenos naturais, sem que, para isto, tivessem que recorrer aos

    mitos. Interessava-lhes, sobretudo, tentar entender por si mesmos os processos naturais, por meio

    da observao da natureza. E isto era algo completamente diferente da tentativa de explicar raios

    e troves, inverno e primavera por referncia a acontecimentos no mundo dos deuses.

    A maior parte de tudo o que os filsofos da natureza disseram e escreveram ficou perdida. E a

    maior parte do pouco que sabemos est nos escritos de Aristteles, que viveu duzentos anos

    depois dos primeiros filsofos e apenas sintetiza os resultados a que tinham chegado os filsofos

    que viveram antes dele. Isto significa que nem sempre possvel sabermos como eles chegaram

    s suas concluses. O que sabemos, porm, suficiente para podermos afirmar que o projeto dos

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    primeiros filsofos gregos englobava questes relacionadas substncia bsica por detrs das

    transformaes ocorridas na natureza.

    O primeiro filsofo de que temos notcia Tales, da colnia grega de Mileto, na sia

    Menor.

    Assim como os demais filsofos da escola jnica, Tales intencionava

    descobrir o elemento fsico que fosse constante em todas as coisas; um

    princpio unificador de todos os seres e, nesta busca, o "pai da filosofia" no

    dizer de Aristteles, colocou a gua como princpio fundamental, do qual se

    originam todas as coisas. Pertence-lhe, segundo Herdoto, a previso do

    eclipse solar que se presume ter ocorrido em 28 de maio de 585 a.C, ano em

    que o Orculo de Delfos o proclamou como primeiro dos sete sbios da

    antiguidade. Certa vez, em viagem ao Egito, ele calculou a altura de uma pirmide medindo a

    sombra dela no exato momento em que sua prpria sombra tinha a mesma medida de sua altura.

    Tales de Mileto

    Tales considerava a gua a origem de todas as coisas. Segundo ele, a gua, ao se resfriar,

    torna-se densa e d origem terra; ao se aquecer transforma-se em vapor e ar, que retornam

    como chuva quando novamente esfriados. Desse ciclo de seu movimento (vapor, chuva, rio, mar,

    terra) nascem as diversas formas de vida, vegetal e animal.

    Anaximandro e Anaxmenes foram os outros dois filsofos de Mileto ao tempo de Tales,

    cujas concepes fogem ao escopo de nosso trabalho.

    O nascimento da filosofia na Grcia marcado pela passagem da cosmogonia para a

    cosmologia. A cosmogonia, tpica do pensamento mtico, descritiva e explica como do caos

    surge o cosmos, a partir da gerao dos deuses, identificados s foras da natureza. Na

    cosmologia, as explicaes rompem com a religiosidade: a arch (princpio) no se encontra

    mais na ordem do tempo mtico, mas significa princpio terico, enquanto fundamento de todas

    as coisas.

    E assim a filosofia se libertou da religio. Podemos dizer que os filsofos da natureza deram

    os primeiros passos na direo de uma forma cientfica de pensar. E, com isto, deram o pontap

    inicial para todas as cincias naturais, surgidas posteriormente.

    A Terra conserva em si os traos evidentes da sua formao; onde se notem os traos da gua,

    pode dizer-se que a gua ali esteve. A histria da formao da Terra est escrita nas suas

    camadas geolgicas, de maneira bem mais certa do que nos livros preconcebidos, porque a

    prpria Natureza que fala, que se pe a nu, e no a imaginao dos homens a criar sistemas. Com

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    a Geologia, cincia nascida no sculo XIX, pode o homem, diante dos fatos (e no de hipteses),

    desvendar a histria de sua habitao.

    Consoante com os perodos geolgicos descritos no Captulo VII de A Gnese, obra da

    codificao com 1 edio em 1868, apresentamos, a seguir, de forma substancialmente

    resumida, os aspectos gerais relativos ao aparecimento da gua e as mudanas a que esteve

    sujeita nos primrdios da evoluo de nosso planeta .

    "No globo terrestre, aps um estado primitivo inicial de massa incandescente e de

    progressivo resfriamento, os elementos formaram novas combinaes. O ar, enormemente

    dilatado, decerto se estendia a uma distncia imensa; toda a gua, forosamente transformada em

    vapor, se encontrava misturada com o ar.

    No perodo primrio, o efeito seguinte do resfriamento foi a

    liquefao de algumas matrias contidas no ar em estado de

    vapor, as quais se precipitaram na superfcie do solo. Vieram a

    seguir as guas que, caindo sobre um solo ardente, se

    vaporizavam de novo, recaam em chuvas torrenciais e assim,

    sucessivamente, at que a temperatura lhes facultou

    permanecerem no solo em estado lquido.

    Impossvel se torna assinalar a durao determinada a esse perodo, do mesmo modo que aos

    que se lhe seguiram. Mas, dado o tempo necessrio para que uma bala de determinado volume,

    aquecida at ao branco (com temperatura acima de 1250), se resfrie na superfcie, a ponto de

    permitir que uma gota d'gua possa sobre ela permanecer em estado lquido, calculou-se que, se

    essa bala tivesse o tamanho da Terra, necessrios seriam mais de um milho de anos.

    No perodo de transio, as guas, pouco profundas, cobriam quase toda a superfcie do

    globo, com exceo das partes soerguidas, que, formando terrenos baixos, acarretavam o

    alagamento destes.

    Os espessos vapores aquosos que se elevavam de todos os lados da imensa superfcie lquida,

    recaam em chuvas copiosas e quentes, que obscureciam o ar. Entretanto, os raios do Sol

    comeavam a aparecer, atravs dessa atmosfera brumosa.

    Por essa poca, entraram a formarem-se as camadas de terrenos de sedimento, depositadas

    pelas guas carregadas de limo e de matrias diversas, apropriadas vida orgnica. Surgem a os

    primeiros seres vivos do reino vegetal e do reino animal. Os animais desse perodo, que

    apareceram em seguida aos primeiros vegetais, eram exclusivamente marinhos. Em virtude das

    condies ambientais propcias, multiplicava-se a vegetao pujante, incluindo as plantas

    aquticas no seio dos pntanos. Em conseqncia do deslocamento das guas, muitas geraes de

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    vegetais foram aniquiladas e renovadas. O mesmo no se deu com os animais que, sendo todos

    aquticos, no estavam sujeitos a essas alteraes.

    O perodo secundrio se caracteriza, sob o aspecto mineral, por numerosas e fortes

    camadas que atestam uma formao lenta no seio das guas e marcam diferentes pocas bem

    caracterizadas.

    Ainda so aquticos os animais, ou, quando nada, anfbios; a vida vegetal progride pouco na

    terra seca. Desenvolve-se no seio dos mares uma prodigiosa quantidade de animais de conchas,

    devido formao de matrias calcreas. Nascem novos peixes, de organizao mais

    aperfeioada do que no perodo anterior. Aparecem os primeiros cetceos. A vida animal tomou

    enorme desenvolvimento no seio das guas. O mar se deslocou muitas vezes, mas sem abalos

    violentos.

    Com o perodo tercirio nova ordem de coisas comea para a Terra. O estado de sua

    superfcie muda completamente de aspecto. Tendo a crosta slida uma espessura que j no

    permitia o fcil extravasamento das matrias em fuso do interior do globo, foi ela violentamente

    quebrada num sem-nmero de pontos. A crosta slida, levantada e deprimida, formou os picos,

    as cadeias de montanhas e suas ramificaes.

    A superfcie do solo tornou-se ento muito desigual; as guas que, at aquele momento, a

    cobriam de maneira quase uniforme na maior parte de sua extenso, foram impelidas para os

    lugares mais baixos, deixando em seco vastos continentes, ou cumes isolados de montanhas,

    formando ilhas.

    Os levantamentos operados na massa slida necessariamente deslocaram as guas, sendo

    estas impelidas para as partes cncavas, que, ao mesmo tempo, se haviam tornado mais

    profundas pela elevao dos terrenos emergidos e pela depresso de outros. Mas, esses terrenos

    tornados baixos, levantados por sua vez ora num ponto, ora noutro, expulsaram as guas, que

    refluram para outros lugares e assim por diante, at que houvessem podido tomar um leito mais

    estvel.

    O perodo diluviano teve a assinal-lo um dos maiores cataclismas que revolveram o globo,

    cuja superfcie ele mudou mais uma vez de aspecto. As guas, violentamente arremessadas fora

    dos respectivos leitos, invadiram os continentes, arrastando consigo as terras e os rochedos,

    desnudando as montanhas, desarraigando as florestas seculares. Foi tambm por essa poca que

    os plos comearam a cobrir-se de gelo e formaram as geleiras das montanhas, o que indica

    notvel mudana da temperatura da Terra.

    Entremeando um pouco do captulo IX, tambm de "A Gnese", destacamos que o dilvio

    bblico, tambm conhecido pela denominao de "grande dilvio asitico", fato cuja realidade

    no se pode contestar. Deve t-lo ocasionado o levantamento de uma parte das montanhas

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    daquela regio. Corrobora esta opinio a existncia de um mar interior, que ia outrora do Mar

    Negro ao oceano Boreal, comprovada pelas observaes geolgicas. O mar de Azov, o mar

    Cspio, cujas guas so salgadas, embora nenhuma comunicao tenham com nenhum outro mar;

    o lago Aral e inmeros lagos espalhados pelas imensas plancies da Tartlia e as estepes da

    Rssia parecem restos daquele antigo mar.

    A suposio mais generalizada a respeito das causas que devam ter produzido esse fenmeno

    a de que uma brusca mudana sofreu a posio do eixo e dos plos da Terra; da uma projeo

    geral das guas sobre a superfcie.

    Supe-se que uma mudana brusca da posio do eixo da Terra tenha causado o dilvio.

    No perodo ps-diluviano, uma vez restabelecido o equilbrio na superfcie do planeta,

    prontamente a vida vegetal e animal retomou o seu curso. Consolidado, o solo assumiu uma

    colocao mais estvel; o ar, purificado, se tornara apropriado a rgos mais delicados. O Sol,

    brilhando em todo o seu esplendor atravs de uma atmosfera lmpida, difundia, coma luz, um

    calor menos sufocante e mais vivificador do que a fornalha interna. A Terra se povoava de

    animais menos ferozes e mais sociveis; mais suculentos, os vegetais proporcionavam

    alimentao menos grosseira; tudo, enfim, se achava preparado no planeta para o novo hspede

    que o viria habitar o homem - , ltimo ser da criao, aquele cuja inteligncia concorreria, dali

    em diante, para o progresso geral, progredindo ele prprio ".

    So duas as hipteses aceitas hoje para explicar a origem da gua na terra.

    A primeira hiptese se baseia no aprisionamento, pelo nosso planeta de um grande numero

    de cometas, que seriam formados principalmente por gelo.

    A segunda hiptese se baseia na prpria formao do nosso planeta. A terra teria se

    formado a partir de uma massa de poeira csmica que constitua uma espcie de anel em torno do

    Sol. Esses gros de que eram constitudas as poeiras csmicas eram formados de silicatos e

    outros minerais hidratados, nos quais a molcula de gua faz parte da forma qumica. Esses

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    corpos liberaram suas molculas de gua sob forma de vapor,xnaxsuperfciexdoxplaneta.

    Realmente, ela azul !

    (Yuri Gagarin 12 de abril de 1961)

    aaaObservando o nosso orbe do espao, somos levados a pensar a respeito do porqu lhe ter sido

    atribudo o nome "Planeta Terra" em vez de "Planeta gua". Ao fundo das alvas nuvens que

    sempre esto a envolv-lo, observamos um azul vivo que nos reporta, imediatamente, vastido

    das guas do astro em que vivemos. Vista do espao, a Terra azul pois bem mais do que a

    metade de sua superfcie coberta de gua, que espelha a luz do Sol refletida na atmosfera

    (constituda principalmente de nitrognio e oxignio), detectada na cor azul. Cham-la de Planeta

    gua no seria nenhuma aberrao; por certo, estaramos bem mais prximos de nossa realidade.

    Se toda a gua do mundo fosse dividida

    entre os habitantes da Terra, cada um teria

    direito ao equivalente a 80 piscinas olmpicas.

    Se fizssemos uma diviso igual da terra, cada

    habitante do planeta receberia pouco mais de 4

    campos de futebol.

    Os oceanos compem cerca de 70% da

    superfcie da Terra, e os continentes e as ilhas o

    restante. Quase 2/3 do planeta so cobertos de

    gua. Mas a maior parte desse monto de gua

    imprpria para consumo. Do total, 97% gua do mar, muito salgada para beber e para ser usada

    em processos industriais; 1,75% est congelada na Antrtica, na regio do plo Norte e em outras

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    geleiras; 1,243% fica escondido no interior da Terra. Sobram apenas 0,007% de gua boa para

    ser usada.

    Na substncia gua existem unidades que se repetem por toda a sua

    extenso. Tais unidades so chamadas de molculas e em cada uma delas

    so encontrados os elementos que se combinam para formar o composto que

    tanto utilizamos.

    A molcula de gua formada pelos elementos hidrognio e

    oxignio, na proporo atmica de 2:1 e representada pela frmula H2 O.

    Esses trs tomos se dispem de tal maneira no espao que a

    molcula de gua apresenta uma fraca carga positiva de uma lado e

    uma carga negativa correspondente na regio oposta. Assim,

    molculas de gua podem ser comparadas a pequenos ms, sendo

    dotadas de um plo positivo e um plo negativo. Eles so, portanto,

    molculas polares (ou polarizadas)

    A gua uma substncia quimicamente simples mas fisicamente

    complexa, constituindo-se em um dos lquidos mais difceis de

    compreender. De fato, possui algumas propriedades invulgares que o

    distinguem de um qualquer outro

    lquido , tal como apresentar maior

    densidade na fase lquida do que na slida. Por isso que o gelo

    flutua. Os icebergs, gigantescos blocos de gelo nos mares, so um

    perigo para a navegao.

    A molcula de gua polarizada: o tomo de oxignio (O) tem carga negativa parcial, simbolizada por (-), e os tomos de hidrognio tm carga positiva parcial, simbolizada por ((+).

    A gua apresenta uma singularidade bastante rara: sua

    dilatao irregular, apresentando um mnimo de volume quando a temperatura de 4 C.

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    Quando no estado slido, sob a forma de gelo, cada molcula fica estacionada, unida a

    molculas vizinhas, e a distncia mdia entre elas maior do que na gua em estado lquido. Por

    isso, o gelo menos denso que a gua lquida, na qual flutua.

    O gelo flutua porque menos denso do que a gua no estado

    lquido.

    Devido a este fato fsico, em pases onde o inverno muito rigoroso, as guas dos rios e lagos

    permanecem no estado lquido no fundo, embora a superfcie fique recoberta por uma camada de

    gelo, possibilitando condies de vida.

    A gua m condutora de calor e necessita de muitas calorias para ser aquecida. Tambm

    para ser fundida e para ser vaporizada retira grande quantidade de calor das fontes, fazendo com

    que seja niveladora trmica do meio fsico.

    Uma das propriedades mais caractersticas da gua a de dissolver numerosas substncias,

    formando solues, que possuem interesses inestimveis, no somente ao que concerne aos

    fenmenos vitais, mas tambm no que se refere aos processos industriais. A polaridade da gua

    que materializa sua versatilidade como solvente. Suas molculas podem se associar tanto a ons

    positivos, atravs de sua parte negativa, quanto a ons negativos, atravs de sua parte positiva.

    Muitas propriedades da gua decorrem da polaridade de suas molculas. Os hidrognios

    de uma molcula so atrados pelos oxignios das molculas

    vizinhas, estabelecendo-se entre elas um tipo de ligao

    qumica chamada de ponte de hidrognio.

    No estado lquido, as pontes de hidrognio mantm a

    coeso entre as molculas de gua, de modo que se forma um

    espcie de rede fluida em contnuo rearranjo, com pontes

    se formando e se rompendo a todo o momento.

    O prprio mar uma soluo aquosa que contm

    milhares de substncias dissolvidas, constituindo ons

    metlicos e no metlicos, alm de inmeros complexos

    minerais e de substncias orgnicas. Como modernamente

    As regies positivas de uma molcula de gua atraem a regio negativa das outras, formando ligaes denominadas pontes de hidrognio.

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    aceito pela Cincia, nessa soluo, h dois e meio bilhes de anos, desenvolveram-se os

    primeiros organismos vivos os seres unicelulares heterotrficos,

    que nela encontraram os ons de que necessitavam para o crescimento e a evoluo.

    Segundo John Burdon Sanderson Haldane (1892-1964), "os oceanos primitivos atingiram a consistncia de um caldo tpido diludo".

    O bero da vida em nosso planeta

    As primeiras formas de vida da Terra

    O ser vivo s conseguiu deixar o meio aquoso quando seu prprio organismo conseguiu

    formar solues aquosas sob a forma de tecido lquido, sangue, plasma e fluidos intercelulares,

    contendo os ons e as molculas necessrias.

    Grande parte do corpo humano constituda de gua, assim como em todos os outros

    seres vivos: a substncia em maior quantidade nas clulas, no sangue dos animais e na seiva

    dos vegetais. H seres que encerram at 95% de gua, como as guas-vivas. No ser humano

    adulto a gua corresponde de 60 a 70% de seu peso.

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    No mundo que habitamos, passamos na gua os nove primeiros meses de cada ligao a um novo corpo

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    A gua corresponde a quase 70% do peso do corpo humano adulto e importantssima para o bom desempenho de todas as suas funes.

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    http://www.180graus.com/agua/1.htmlhttp://www.180graus.com/agua/1.htmlhttp://www.180graus.com/agua/1.htmlhttp://www.180graus.com/agua/1.htmlhttp://www.180graus.com/agua/1.html

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    A fantstica propriedade da gua se transformar em 3 estados fsicos (slido, lquido e

    gasoso) que possibilita que ela circule por diferentes ambientes realizando o que se denomina

    de ciclo da gua.

    A gua dos oceanos, lagos, rios, geleiras e mesmo a embebida no solo sofre a evaporao

    pela ao do calor ambiental , e, juntamente com a da transpirao das plantas e animais, sobe

    para a atmosfera formando as nuvens. Nas camadas mais altas da atmosfera, o vapor d'gua

    sofre condensao e a gua volta crosta terrestre na forma de chuva. O ciclo das chuvas, como

    vimos no incio de nosso estudo, foi um dos responsveis pelo resfriamento relativamente rpido

    da crosta terrestre, nos primrdios de nosso planeta. Hoje, o ciclo das chuvas contribui para

    tornar o clima da Terra favorvel vida.

    A gua tambm absorvida pelos seres vivos, sendo posteriormente devolvida para o

    ambiente. Nos vegetais, a gua participa do processo de fotossntese, sendo devolvida

    atmosfera tambm pela transpirao. Os animais bebem gua e a ingerem por meio dos

    alimentos. Como na fotossntese, nos vegetais, a gua participa dos processos do metabolismo

    animal. Os animais esto sempre perdendo gua do corpo na transpirao ou pela excreo. Parte

    da gua que os vegetais e animais absorvem fica incorporada aos seus tecidos, sendo devolvida

    ao ambiente apenas pela ao dos decompositores.

    Por um raciocnio lgico, desde a formao do planeta, a quantidade de gua no muda. A

    gua est sempre se transformando, indo de um lado para outro, para cima e para baixo,

    infiltrando-se na terra e brotando em forma de nascentes de lagos e rios e desaguando nos

    mares... Alm disso, o vapor de H2O tem dificuldade em atravessar a "armadilha fria" na

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    atmosfera, a cerca de 12km de altitude, onde a temperatura de,

    aproximadamente, -60C. Entretanto, de acordo com o fsico americano

    Louis Frank, da Universidade de Iowa, todos os dias a Terra bombardeada

    por milhares de pequenos cometas gelados. Ao penetrar na atmosfera, o gelo

    desintegra-se, mistura-se s nuvens e chega ao solo em forma de chuva. A

    prpria origem da gua na Terra pode estar nessa chuva de gelo, afirma

    Frank. Essa tese ainda vista com desconfiana, mas, como que para

    refor-la, dois grandes blocos de gelo com dezenas de quilos despencaram

    recentemente do cu em Campinas (as pedras esto guardadas em um

    freezer, na Universidade de Campinas).

    O consumo humano de gua em coisas bsicas como saciar a

    sede, banhar-se, lavar a roupa e cozinhar pequeno. Nestas

    atividades, a maior quantidade gasta no banheiro, 58%, em mdia,

    do consumo de uma residncia. Uma pessoa precisa de um mnimo

    de 50 litros por dia. Com 200 litros, vive confortavelmente. pouco,

    comparado com os 1900 litros de gua necessrios para produzir 1 quilo de arroz ou 3500 litros

    para garantir 1 quilo de frango. E nada perto dos 100.000 que se gastam para produzir 1 quilo

    de carne de boi. "Uma dieta saudvel para uma nica pessoa exige 1,2

    milho de litros por ano", calcula Philip Ball, autor de "H2 O, A Biography

    of Water" (H2 O, Uma biografia da gua).

    O desperdcio domstico, vilo responsvel pela perda diria de

    aproximadamente 40% da gua tratada distribuda, poderia ser facilmente

    evitado para o bem de todos. Um banho demorado chega a gastar de 95 a 180 litros de gua

    limpa. Escovar os dentes com a torneira aberta gasta at 25 litros. Lavar as louas, as panelas e

    os talheres com a torneira aberta o tempo todo acaba desperdiando at 100 litro

    mangueira alimentada todo o tempo, consome-se, em mdia, 600 litros de gua na

    lavagem de um carro mdio. Uma torneira aberta gasta de 12 a 20 litros por

    minuto; pingando, desperdia 46 litros por dia.

    s. Com a

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    Mas ns, que somos pretendentes ao entendimento da Doutrina Esprita, no desperdiamos

    gua em nossas casas, no mesmo? claro que todos ns escovamos os dentes com as torneiras

    fechadas, no demoramos no banho, no lavamos a loua com a torneira aberta etc etc etc ...

    A gua pode constituir veculo de disseminao de doenas entre os seres vivos quando est contaminada por agentes microbianos ou poluda por agentes qumicos. Pode tambm

    ser excelente criadouro de mosquitos transmissores de molstias infecciosas. Agentes

    microbianos presentes na gua podem penetrar no organismo humano tanto por via oral como

    atravs da pele, causando diversas molstias.

    A gua o principal veculo de transmisso da clera, febre tifide e febre paratifide.

    Embora no exclusivamente, transmite por via oral desinteria bacilar e desinteria amebiana. Por

    essa mesma via ela tambm constitui veculo secundrio na disseminao da hepatite

    infecciosa, poliomielite e helmintose.

    A gua contaminada, em contato com a pele, pode transmitir esquistossomose e

    leptospirose.

    Entre as substncias qumicas que causam molstias quando presentes na gua, em

    quantidade maior ou menor do que o limite tolerado pelo organismo, destacam-se o chumbo, o

    mercrio, o cdmio, o cromo e o flor. Durante sculos, o homem utilizou os rios como receptores dos esgotos das cidades e dos efluentes das indstrias, que renem grande volume de

    produtos txicos e metais pesados, prtica que resultou no grave comprometimento de

    importantes cursos d'gua. Alm da poluio direta, por lanamento de esgotos, falta de sistemas

    de tratamento de efluentes e saneamento, h a poluio difusa, que ocorre com o arrastamento do

    lixo, resduos e diversos tipos de materiais slidos que so levados aos rios pelas enxurradas. Ao

    "lavar a atmosfera", a chuva tambm traz poeira e gases aos corpos d'gua. Nas zonas rurais, os

    maiores viles so os agrotxicos (adubos e pesticidas), utilizados nas lavouras.

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    H, ainda, dentre vrios outros tipos de acidentes, o rompimento de tubulaes de petrleo,

    que deixam cicatrizes difceis de serem apagadas na natureza e, particularmente, nos rios.

    Em algumas regies, as fossas negras e os "lixes" contaminam os lenis de gua

    subterrnea.

    Os rios da sia apresentam, em mdia, 20 vezes mais chumbo do que os rios dos pases

    industrializados, e, em mdia, 50 vezes mais bactrias originrias de fezes do que a quantidade permitida pelas normas da Organizao Mundial de Sade (OMS). Aproximadamente 500.000

    asiticos morrem por ano devido gua suja e ao saneamento inexistente ou inadequado.

    Ainda hoje, morrem 10 milhes de pessoas por ano (metade com menos de 18 anos, sendo 5

    milhes de crianas) por causa de doenas que no existiriam se a gua fosse tratada. Dados publicados pela Folha de So Paulo de 02 de julho de 1999 (Caderno especial "Ano 2000 gua,

    comida e energia" pgina 5) do conta de que a cada 8 segundos morre uma criana por doena

    relacionada gua, como desinteria e clera, e que 80% das enfermidades do mundo so

    contradas por causa da gua poluda.

    At o ano 2000, relatrios do Banco Mundial apontavam que seria

    necessrio investir US$ 23 bilhes por ano para minimizar as

    desigualdades sociais, incluindo o abastecimento de gua, e enfrentar a

    situao de falta de saneamento bsico, como uma importante

    ferramenta de sade pblica. Mas, infelizmente, s US$16 bilhes so

    investidos.

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    Antigamente o homem fazia a guerra

    para conquistar terras...

    Do jeito que a coisa vai, no demora muito e os homens vo guerrear por um

    pouquinho de gua...

    Um dos grandes desafios para este milnio que se inicia a gua. Este bem de vital

    importncia, e j to escasso, poder exercer um papel mais importante no sculo XXI do que foi

    o prprio petrleo para o sculo XX. Algumas previses como a realizada em 14 de agosto de

    2000 em Estocolmo (Sucia), durante a abertura do simpsio anual da gua indica que poder

    ocorrer instabilidade poltica e at guerra, principalmente em regies da frica, sia e Oriente

    Mdio, as quais j esto com suas reservas de gua prximas ao esgotamento. Desde 1950 a

    populao mundial triplicou, enquanto o consumo de gua aumentou seis vezes . O consumo

    global de gua dobra a cada vinte anos, mais do que o dobro da taxa de crescimento da populao

    humana. Enquanto a populao se multiplica, a quantidade de gua continua a mesma. O

    crescimento populacional aumenta a atividade agrcola, que responsvel por 73% do consumo

    de gua. A indstria utiliza 21% e o uso domstico consome 6%.

    Atividade agrcola A campe de consumo d'gua no planeta. De cada 100 litros que consumimos 73 so gastos na produo de alimentos.

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    A populosa China (1,2 bilho de habitantes) tambm j sofre com o problema. O grande

    crescimento populacional e a demanda agroindustrial esto esgotando o suprimento de gua.

    Mais de 80 milhes de chineses andam mais de um quilmetro e meio por dia para conseguir

    gua.

    Hoje, pases como o Canad exportam gua potvel, j tendo sido assinado um contrato

    com a China para um perodo de 25 anos. O Canad vende, tambm, bnus de gua para o

    Kuwait. O navio vem de l com petrleo e volta com gua. Outro pas exportador de gua

    potvel a Turquia, que chegou a construir uma plataforma (semelhante s de petrleo) para

    permitir que grandes navios atraquem e se abasteam. Um barril de gua chega a valer o

    equivalente a trs barris de petrleo no mercado internacional.

    Na crnica intitulada "Planeta gua" , publicada em vrios jornais em 22 de maro de

    1998, a propsito do "Dia mundial da gua", o jornalista Joelmir Beting relata uma conversa que

    teve com o prefeito de Bagd, Mohamed Dib, no Iraque, em abril de 1981. Estavam observando

    as guas sujas do rio Tigre, quando o prefeito disse: "- Com a poderosa tecnologia do petrleo, j

    realizamos dezenas de perfuraes aqui na rea de Bagd, em busca de guas

    profundas. Mas, infelizmente, s estamos achando mais petrleo. Para ns, um barril

    de petrleo vale US$35 e deixa um lucro de US$22... Mas estamos pagando US$110 a

    cada barril de gua mineral que estamos importando da Bulgria. Ou seja, estamos

    perfurando para encontrar um recurso que nos custa US$110, mas continuamos a

    encontrar um outro que representa US$22 para ns, na troca com a Bulgria. Ento, cada barril

    de gua est nos custando o equivalente a cinco barris de petrleo!"

    Atualmente, pelo menos 400 milhes de pessoas vivem em regies onde ocorre grande

    escassez de gua. Cerca de 250 milhes de pessoas, distribudas em 26 pases, j enfrentam

    escassez crnica de gua. Em 30 anos, o nmero saltar para 3 bilhes em 52 pases. Nesse

    perodo, a quantidade disponvel por pessoa em pases do Oriente Mdio e do norte da frica

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    estar reduzida em 80%. A projeo que se faz que, nesse perodo, 8,3 bilhes de pessoas (2

    bilhes no decorrer dos prximos 25 anos 95% nos pases em desenvolvimento) habitaro a

    Terra, em sua maioria concentradas nas grandes cidades. Da, ser necessrio produzir mais

    comida (irrigao) e mais energia (gua dos rios), aumentando o risco de guerras.

    Populao sem acesso a gua potvel de fonte confivel (dados de 1998)

    A idia de viver sem gua lembra filmes de fico cientfica que prevem um futuro

    terrvel: terra seca, fome, sede, conflitos para obter o recurso. No entanto, esse cenrio j uma

    realidade em diversas partes do mundo. O exemplo mais visvel das conseqncias do consumo

    desordenado da gua o Mar de Aral, localizado entre o Cazaquisto e o Uzbequisto.

    Ele era o quarto maior corpo de gua interno do mundo at que,

    nos anos 60, a antiga Unio Sovitica decidiu intensificar sua

    produo de algodo para tornar-se auto-suficiente e exportadora. A

    gua de alguns rios que abastecem o mar foi desviada para a irrigao,

    e o resultado foi desastroso. A massa d'gua perdeu um tero de seu

    volume e o porto de Muynak fica hoje a 50 quilmetros de sua

    localizao original.

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    Os barcos esto abandonados na areia, sendo corrodos pelo sal, e a seca trouxe tona uma

    poeira txica composta por herbicidas e

    pesticidas antigamente confinados no mar.

    Outros reservatrios de gua tm sofrido danos semelhantes. O rio Colorado, nos Estados

    Unidos, e o Yang Ts, na China, tiveram seu volume drasticamente reduzido devido drenagem

    excessiva pelo homem. O Nilo, que atravessa o Egito, uma fonte de conflito em potencial: 85%

    de seu volume so originrios da Etipia que, depois de sculos sem dar muito valor ao recurso,

    est preparando barragens para cont-lo. Enquanto isso, os egpcios, que consomem dois teros

    de seu fluxo, preparam novos projetos de irrigao que tendem a aumentar a demanda. No h

    nenhum acordo diplomtico envolvendo os dois pases; a bomba est pronta para explodir. As

    relaes entre Botsuana e Nambia ficaram estremecidas por causa dos planos da Nambia de

    construir um aquaduto para desviar guas do rio Okavango, comum aos dois pases. Quem pensa

    que o Brasil est livre de problemas como esse se engana. O represamento do rio Paran, que

    corre para a Argentina, vem gerando conflitos diplomticos. Na cidade de So Paulo, que

    "matou" sua principal fonte de gua, o rio Tiet, trs milhes de pessoas ficam sem gua nos

    perodos de estiagem. A cidade de Recife, conhecida como "a Veneza brasileira", submete

    bairros da periferia a rodzios de gua de at 48 horas.

    O nosso planeta foi denominado de Terra porque esse termo vem de Tellus, deusa do solo frtil no panteo romano, equivalente a Gaia, que para os gregos representava a

    "Me Terra". Gaia tambm chamada de Ga ou Ge, ligada ao elemento "terra".

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    H 60 milhes de anos a Terra assumiu a atual conformao e posio dos continentes. Atualmente, a frica e a Amrica do Sul se afastam 7 cm por ano,

    ampliando a rea ocupada pelo oceano Atlntico. O mar Vermelho est se

    alargando. A frica migra na direo da Europa. A regio nordeste da frica est se

    partindo.

    rea dos mares e oceanos: 360,63 milhes km (70,69% da superfcie da Terra) . Volume total das guas do planeta : 1,59 bilhes km

    O homem pode passar at 28 dias sem comer, mas apenas 3 sem gua.

    H 2.000 anos, a populao mundial correspondia a 3% da populao atual, enquanto que a disponibilidade de gua permanece a mesma.

    Se a quantidade de gua do mundo fosse comparada a um volume de 3,8 litros, o

    total de gua doce seria igual a 118 mililitros (0,118 litro) (3% de 3,8 litros), e o total

    de gua doce imediatamente acessvel chegaria a 2 gotas.

    Em mdia, uma pessoa bebe 60 mil litros de gua durante a vida.

    Para fazer 1 quilo de po, gastam-se, da plantao de trigo padaria, 1000 litros de gua.

    Para cada copo de gua ingerido, so necessrios outros dois para lav-lo.

    Para cada 1.000 litros de gua utilizada pelo homem resultam 10.000 litros

    de gua poluda. (ONU - 1993)

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    Cerca de 60% dos 227 maiores rios da Terra so fragmentados por represas e canais.

    O Brasil tem cerca de 17% das reservas de gua doce do mundo e o

    rio Amazonas o rio com maior volume de gua do planeta.

    Logo ao amanhecer, na Amaznia, corta-se o cip rico em gua e se distribui o lquido

    sagrado entre os membros da tribo, num ato de solidariedade. Certamente o lquido no contm

    somente gua e componentes da seiva da planta dissolvidos nela, existe um todo, explicvel ou

    no, que lhes garante a fora necessria para a continuao do mistrio de mais um dia de vida.

    Na pia batismal, os catlicos so batizados com gua ungida pela ao do Esprito Santo;

    a permisso para que um novo ser encontre a Luz.

    Da mesma forma em rios, lagos, cachoeiras e outras fontes de gua consideradas sagradas,

    pessoas de diferentes culturas e credos se banham ou ingerem destas guas, em rituais que em

    certos casos j repetem h milhares de anos. E no se trata de povos primitivos; o caso de

    japoneses xintostas, de orientais budistas, de hindus do Ganges, de bedunos do deserto, de

    judeus e de cristos no vale do Jordo.

    A ligao da gua ao sobrenatural provavelmente nasceu quando o homem reconheceu que

    dela dependia para sobreviver. Precisava de gua para saciar a sede, mas tambm para a

    manufatura de utenslios, que lhe passaram a ser essenciais, dando-lhe conforto e qualidade de

    vida. Por outro lado, deve ter sentido como era imprevisvel a ausncia ou a fora da gua e como

    lhe causavam grandes danos as secas ou as inundaes.

    Por envolver-se em mistrio, a gua passou a merecer respeito. A gua ocupou, assim, um

    lugar de destaque nas mitologias e lendas, inspirando, ao longo do tempo, filsofos, poetas,

    msicos e pintores. Em praticamente todas as religies, nos textos, smbolos ou rituais, a gua

    est sempre presente de uma forma muito clara , ora explicando o nascimento dos seres e a

    origem das coisas, ora sendo-lhe atribudos poderes purificadores e sagrados.

    Osris, deusa do Nilo; Afrodite, nascida da espuma do mar; Netuno, deus

    Netuno

    http://www.portalbrasil.eti.br/

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    romano dos oceanos; o batismo cristo; e os banhos no rio Ganges so apenas alguns exemplos.

    O mar Egeu, que banha a Grcia, era para os seus habitantes uma ddiva de guas sagradas de

    onde eles no s tiravam o seu sustento como tambm extraam conhecimento.

    A prosperidade do Egito nasce da ao conjunta do Nilo e do Sol, todos os dois elevados

    pelos habitantes categoria de deuses.

    Como afirmou Herdoto, "O Egito um dom do Nilo". Alm de ser um rio perene, durante as cheias o Nilo deposita nas margens um lodo rico em matria orgnica, que aduba a terra naturalmente, tornando-se um osis em meio a dois grandes desertos, como bem observado na foto de um trecho do Vale dos Reis, direita.

    Os hindus acreditam que podem lavar seus pecados no rio Ganges, reduzindo assim o

    nmero de reencarnaes . Para tanto, eles tm de se banhar na confluncia do Ganges com

    outros dois rios sagrados (um deles invisvel aos olhos dos encarnados), no abenoado tempo da

    Kumbh Mela, que ocorre a cada 12 anos. Segundo o hindusmo, quem tem a honra de ter suas

    cinzas jogadas no rio est livre de outras reencarnaes e atingiu a "libertao suprema".

    Estas fotos, tiradas a partir do espao, a 678 Km de altitude, pelo satlite Ikonos, mostram o contraste causado pela maior reunio de pessoas da Histria. A primeira imagem ( esquerda), feita em maio de 2000, revela a pouca habitada regio de Allahabad, na ndia. Oito meses

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    depois, mais de 70 milhes de pessoas ocupam a rea em torno do rio Ganges, para o ritual religioso hindu Mahab Kumbh Mela, que ocorre a cada 12 anos.

    Algumas das vrias pontes artificiais construdas sobre o rio Ganges para o ritual religioso Kumbh Mela, que aparecem nitidamente na ltima foto da pgina anterior, direita

    A gua rene sua volta uma imensido de smbolos. Ela simples e neutra (nem cida

    nem bsica); ela simboliza a pureza, a frescura; ela tem virtudes purificadoras. Talvez por isso

    esteja constantemente presente nas mais diversas manifestaes da nossa vida espiritual.

    Milagres ou fenmenos?

    Muitos prodgios e maravilhas so relatados no Velho e Novo Testamentos. Ante eles, o

    povo israelita costumava expressar sua admirao.

    Quando, por exemplo, Jesus curou o paraltico em Cafarnaum, as pessoas ao redor

    exclamaram: "Hoje vimos prodgios" (S.Lucas 5:26). Se falassem em latim, teriam dito:

    "miraculum", que vem de "mirare" e significa exatamente prodgio, maravilha, coisa admirvel.

    Passando para o portugus, "miraculum" resultou no vocbulo "milagre".

    A palavra milagre, veio, porm, a mudar de sentido, por influncia da teologia catlica,

    passando a significar uma derrogao das leis naturais, pela qual Deus estaria dando uma

    demonstrao de seu poder. Para ser considerado milagre, um fato teria de ser sobrenatural

    (fora das leis da natureza) e, como conseqncia, inexplicvel e inslito (fora do habitual, do

    comum).

    Antigamente a ignorncia humana era muito grande; por isso, numerosos fatos eram tidos

    como inexplicveis e, em conseqncia, considerados como sobrenaturais, milagrosos. O

    progresso do conhecimento humano vem contribuindo para esclarecer muitos desses pretensos

    milagres. A cincia revelou novas leis que explicam fenmenos e, assim, foi destruindo lendas,

    abolindo crendices e supersties. medida que aumenta o rol dos fenmenos e leis

    conhecidos, o crculo do maravilhoso vai ficando menor.

    Contudo, ainda resta muito de "maravilhoso" no que diz respeito ao dos espritos sobre

    a matria, porque campo pouco conhecido da cincia, por enquanto, mas o Espiritismo j nos

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    instrui e orienta sobre esses fenmenos. luz da Doutrina Esprita, sabemos que muitos dos

    feitos admirveis narrados na Bblia so possveis e verdadeiros e, ainda hoje, se podem dar,

    aqui e ali; por mais extraordinrios que nos paream, no so milagres, no sentido de

    derrogao das leis naturais; explicam-se pela ao dos espritos sobre os fluidos, com o seu

    pensamento e vontade e atravs do seu perisprito; so, portanto, fenmenos que obedecem a

    leis naturais, leis divinas e, como tal, sbias, perfeitas e imutveis (nelas nada muda nem

    precisa ser mudado, nunca).

    Quanto mais se vier a conhecer a vida universal, menos se falar em sobrenatural ou

    milagres. Em compensao, cada vez mais se confirmar a presena do elemento espiritual e os

    efeitos de sua ao em ns e ao nosso redor. Nesses fenmenos admirveis, cada vez mais

    reconheceremos a grandeza de Deus, que se revela majestosa na sabedoria com que rege o

    universo atravs de suas leis soberanas, a tudo prevendo e provendo, sem que nenhuma delas

    precise ser complementada, corrigida ou anulada.

    Acima de toda a nova compreenso que hoje temos, os "milagres" ainda nos encantam,

    particularmente aqueles ocorridos pela influncia do mestre Jesus. fascinante ler e estudar

    esses fenmenos, procurando descobrir suas causas, as leis que os regem. fascinante

    acompanhar o desenrolar dos milagres e procurar desvendar a beleza contida na inteno e nos

    sentimentos que originam cada um, prprios de um ser evolutivamente muito acima de ns.

    Dentre os 38 fenmenos relatados nos quatro evangelhos, ocorridos pela interveno direta

    ou indireta de Jesus, resolvemos comentar em nosso trabalho apenas quatro, dentre aqueles que

    ocorreram com o envolvimento mais direto da substncia gua - objeto de nosso estudo.

    Ressaltamos que qualquer narrativa a respeito de como eles foram produzidos tem uma

    importncia secundria, em face do que eles podem significar e ensinar sobre a natureza

    espiritual do homem. Precisamos "ver" o que cada fato extraordinrio est tentando nos dizer.

    Isso o que realmente importa.

    Apenas como curiosidade, talvez corroborando a sua importncia para os habitantes do

    nosso planeta em pocas remotas, a palavra gua ocorre 525 vezes no Antigo Testamento e 76

    no Novo Testamento.

    "E dali a trs dias se celebraram umas bodas em Can de Galilia: e achava-se l a

    me de Jesus. E foi tambm convidado Jesus com seus discpulos para as npcias. E faltando o

    vinho, a me de Jesus lhe disse: eles no tm vinho. E Jesus respondeu: mulher, que importa

    isso a vs? Ainda no chegada a minha hora. Disse a me de Jesus aos que

    serviam: fazei tudo o que ele vos disser.

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    Ora, estavam ali postas seis talhas de pedra, para servirem s purificaes de que

    usavam os judeus, levando cada uma dois ou trs almudes. Disse-lhes Jesus: enchei de gua

    essas talhas. E encheram-nas at acima. Ento lhes disse Jesus: tirai agora e levai ao

    arquitriclino. E eles lha levaram. E o que governava a mesa, tanto que provou a gua, que se

    fizera vinho, como no sabia donde lhe viera, ainda que o sabiam os serventes, porque eram os

    que tinham tirado a gua: chamou ao noivo o tal arquitriclino e disse-lhe: todo o homem pe

    primeiro o bom vinho: e quando j os convidados tm bebido bem, ento lhes apresenta o

    inferior. Tu ao contrrio tiveste o bom vinho guardado at agora.

    Por esse milagre deu Jesus princpio aos seus em Can de Galilia: e assim fez que se

    conhecesse a sua glria, e seus discpulos creram nele ". (S. Joo, 2:6-11)

    De "A Gnese", captulo XV, item 47, extramos: "Este milagre, referido unicamente

    no Evangelho de S. Joo, apresentado como o primeiro que Jesus operou e nessas condies,

    devera ter sido um dos mais notados.

    Entretanto, bem fraca impresso parece haver produzido, pois que nenhum outro

    evangelista dele trata. Fato no extraordinrio era para deixar espantados, no mais alto grau, os

    convivas e, sobretudo, o dono da casa, os quais, todavia, parece que no o perceberam.

    Considerado em si mesmo, pouca importncia tem o fato, em comparao com os

    que, verdadeiramente, atestam as qualidades espirituais de Jesus. Admitido que as coisas hajam

    ocorrido, conforme foram narradas, e de notar-se seja esse, de tal gnero, o nico fenmeno que

    se tenha produzido.

    Jesus era de natureza extremamente elevada, para se ater a efeitos puramente

    materiais, prprios apenas a aguar a curiosidade da multido que, ento, o teria nivelado a um

    mgico. Ele sabia que as coisas teis lhe conquistariam mais simpatias e lhe granjeariam mais

    adeptos, do que as que facilmente passariam por fruto de grande habilidade e destreza.

    Se bem que, a rigor, o fato se possa explicar, at certo ponto, por uma ao fludica

    que houvesse, como o magnetismo oferece muitos exemplos, mudando as propriedades da gua,

    dando-lhe o sabor do vinho, pouco provvel se tenha verificado semelhante hiptese, dado que,

    em tal caso, a gua, tendo do vinho unicamente o sabor, houvera conservado a sua colorao, o

    que no deixaria de ser notado. Mais racional se reconhea a uma daquelas parbolas to

    freqentes nos ensinos de Jesus, como a do filho prdigo, a do festim de bodas, do mau rico, da

    figueira que secou e tantas outras que, todavia, se apresentam com carter de fatos ocorridos.

    Provavelmente, durante o repasto, ter ele aludido ao vinho e gua, tirando de ambos um

    ensinamento.

    Justificam esta opinio as palavras que a respeito lhe dirige o mordomo: "Toda gente

    serve em primeiro lugar o vinho bom e, depois que todos o tm bebido muito, serve o menos

    fino; tu, porm, guardas at agora o bom vinho."

  • CENTRO ESPRITA JOO BATISTA Grupo de estudos doutrinrios - A gua luz do Espiritismo fevereiro 2003

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    Entre duas hipteses, deve-se preferir a mais racional e os espritas no so to

    crdulos que por toda parte vejam manifestaes, nem to absolutos em suas opinies, que

    pretendam explicar tudo por meio dos fluidos."

    "Na quarta viglia da noite foi Jesus ter com eles, andando sobre o

    mar. Os discpulos, vendo-o andar sobre o mar, perturbaram-se e

    exclamaram: um fantasma! E de medo gritaram. Mas Jesus

    imediatamente lhes falou: tende nimo, sou eu: no temais. Disse

    Pedro: se s tu, Senhor, ordena que eu v por cima das guas at onde

    ests. E ele disse: vem. E Pedro saindo da barca andou sobre as guas

    e foi para Jesus. Quando, porm, sentiu o vento teve medo e,

    comeando a submergir-se, gritou: salva-me, Senhor! No mesmo

    instante Jesus, estendendo sua mo, segurou-o e disse-lhe: por que

    duvidaste, homem de pouca f? E, entrando ambos na barca, adoraram-no dizendo:

    verdadeiramente s Filho de Deus". (S.Mateus, 14: 25 a 33) (S.Marcos, 6:45 a 52) (S.Joo,

    6:16 a 21)

    A vida de Jesus e seus feitos so verdadeiramente maravilhosos. O seu poder

    dominava todos os elementos; a sua sabedoria conhecia todos os mistrios; por isso a sua ao

    era prodigiosa. Mdium divino que resumiu todos os dons e conversava com todos os profetas do

    alm que o seguiam em sua misso e o auxiliavam, ele caminha por sobre o mar a ps enxutos,

    de acordo com a lei de levitao dos corpos que o Espiritismo ensina e explica atualmente.

    Seus discpulos, vendo-o caminhar sobre as guas, e como era noite, no o

    conheceram distintamente, julgando tratar da apario de algum Esprito, fato que, parece,

    tinham j observado vrias vezes, dado o temor que lhes sobreveio e sua exclamao: " um

    fantasma!"

    Depois de o Mestre se haver dado a conhecer, foram tomados de confiana e Pedro

    suplicou-lhe permisso para ir ao seu encontro "por cima das guas".

    Acedendo Jesus, Pedro sai da barca envolto nos fluidos de seu Mestre, e tambm

    auxiliado na levitao pelos Espritos que acompanhavam a Jesus, at que, vacilando, isto ,

    perdendo a f, perdeu o auxlio superior e se foi submergindo.

    Reconhecendo, cheio de temor, o desamparo divino, apela novamente para Jesus,

    sendo por este amparado; ao contacto com o Nazareno, volta-lhe a f, e foi transportado para a

    barca em companhia do Mestre.

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    Este fato maravilhou tanto aos que estavam na barca, que adoraram a Jesus, dizendo:

    "verdadeiramente s Filho de Deus!"

    Recorrendo novamente Codificao, encontramos as seguintes observaes no

    captulo XV, item 42 de "A Gnese": "exemplos anlogos provam que este fenmeno nada tem

    de impossvel, nem de miraculoso, pois que se produz sob a ao das leis da Natureza. Pode-se

    operar de duas maneiras.

    Jesus, embora estivesse vivo (encarnado), pde aparecer sobre a gua, com uma

    forma tangvel, estando alhures o seu corpo. a hiptese mais provvel. Fcil mesmo

    descobrir-se na narrativa alguns sinais das narraes tangveis (Cap. XIV, n 35 a 37 Aparies

    - Transfiguraes).

    Por outro lado, tambm pode ter sucedido que seu corpo fosse sustentado e

    neutralizada a gravidade pela mesma fora fludica que mantm no espao uma mesa, sem ponto

    de apoio. Idntico efeito se produz muitas vezes com os corpos humanos ". (fenmeno da

    levitao observao nossa)

    "Depois disso era dia duma festa dos judeus, e Jesus subiu

    a Jerusalm. Ora, em Jerusalm est piscina probtica

    (das ovelhas), que em hebreu se chama Betsaida, a qual

    tem cinco alpendres. Nestes jazia uma grande multido de

    enfermos, de cegos, de coxos , dos que tinham os

    membros ressecados, todos os quais esperavam que se

    movesse a gua. Porque um anjo do Senhor descia em

    certo tempo ao tanque: e movia-se a gua. E o primeiro

    que entrava no tanque depois de se mover a gua, ficava

    curado de qualquer doena que tivesse. Estava tambm ali um homem, que havia trinta e oito

    anos que se achava enfermo. Jesus, que o viu deitado, e que soube que tinha j muito tempo o

    enfermo, disse-lhe: queres ficar so? O enfermo lhe respondeu: Senhor, no tenho homem que

    me meta no tanque, quando a gua for movida: porque enquanto eu vou, outro entra, primeiro do

    que eu. Disse-lhe Jesus: levanta-te, toma a tua cama, e anda. E no mesmo instante ficou so

    aquele homem: e tomou a sua cama e comeou a andar.

    Jesus no tanque de Betesda

    E era aquele dia um dia de sbado. Pelo que diziam aos judeus ao que havia sido

    curado: hoje sbado, no te lcito levar a tua cama. Respondeu-lhes ele: aquele que me curou,

    esse mesmo me disse: toma a tua cama, e anda. Perguntaram-lhe ento: quem esse homem

    que te disse: toma a tua cama e anda? Porm o que havia sido curado, no sabia quem ele era:

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    porque Jesus se havia retirado do muito povo que estava naquele lugar. Depois o achou Jesus no

    Templo, e disse-lhe: olha que j ests so: no peques mais, para que te no suceda alguma coisa

    pior. Foi aquele homem declarar aos judeus que Jesus era o que o havia curado. Por esta causa

    perseguiam os judeus a Jesus, por ele fazer estas coisas em dia de sbado. Mas Jesus lhes

    respondeu: meu Pai at agora no cessa de obrar, e eu obro tambm incessantemente."(S.Joo, 5:

    1 a 17)

    A respeito desta passagem, encontramos algumas observaes nos itens 22 e 23 do

    captulo XV de "A Gnese", que transcrevemos a seguir.

    "Piscina" (da palavra latina piscis, peixe), entre os romanos, eram chamados os

    reservatrios ou viveiros onde se criavam peixes. Mais tarde, o termo se tornou extensivo aos

    tanques destinados a banhos em comum.

    A piscina de Betesda, em Jerusalm, era uma cisterna, prxima ao Templo,

    alimentada por uma fonte natural, cuja gua parece ter tido propriedades curativas. Era, sem

    dvida, uma fonte intermitente que, em certas pocas, jorrava com fora, agitando a gua.

    Segundo a crena vulgar, esse era o momento mais propcio s curas. Talvez que, na realidade,

    ao brotar da fonte a gua, mais ativas fossem as suas propriedades, ou que a agitao que o jorro

    produzia na gua fizesse vir tona a vasa salutar para algumas molstias. Tais efeitos so muito

    naturais e perfeitamente conhecidos hoje; mas, ento, as cincias estavam pouco adiantadas e

    maioria dos fenmenos incompreendidos se atribuam uma causa sobrenatural. Os judeus, pois,

    tinham a agitao da gua como devida presena de um anjo e tanto mais fundadas lhes

    pareciam essas crenas, quanto viam que, naquelas ocasies, mais curativa se mostrava a gua.

    Depois de haver curado aquele paraltico, disse-lhe Jesus: "Para o futuro no tornes a

    pecar, a fim de que no te acontea coisa pior". Por essas palavras, deu-lhe a entender que a sua

    doena era uma punio e que, se ele no se melhorasse, poderia vir a ser de novo punido e com

    mais rigor, doutrina essa inteiramente conforme do Espiritismo.

    Jesus como que fazia questo de operar suas curas em dia de sbado, para ter ensejo

    de protestar contra o rigorismo dos fariseus no tocante guarda desse dia. Queria mostrar-lhes

    que a verdadeira piedade no consiste na observncia das prticas exteriores e das formalidades;

    que a piedade est nos sentimentos do corao. Justificava-se, declarando: "Meu Pai no cessa de

    obrar at ao presente e eu tambm obro incessantemente". Quer dizer: Deus no interrompe suas

    obras, nem sua ao sobre as coisas da Natureza, em dia de sbado. Ele no deixa de fazer que se

    produza tudo quanto necessrio vossa alimentao e vossa sade; eu lhe sigo o exemplo."

    Uma pergunta que naturalmente nos fazemos ao relembrarmos esta passagem por

    que s um enfermo mereceu a graa da cura sem a agitao das guas, enquanto outros

    permaneceram esperando o momento azado para entrar no tanque?

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    que, sem dvida, todos os que ali estavam, como acontece ainda hoje com a maioria

    dos enfermos que buscam as curas espritas, buscavam unicamente a cura do corpo, a cura dos

    males fsicos, enquanto que o paraltico, provavelmente, pelo tempo de aprendizado com o

    sofrimento, desejava a liberdade do corpo como tambm do esprito. Pode ser ainda porque os

    demais, em grande atraso espiritual e moral, rejeitaram as exortaes do Mestre, pois no era

    costume ir Jesus curando cegamente sem anunciar aos enfermos a Palavra da Vida.

    E assim como a gua do poo de Jac no saciava e nunca saciou completamente a

    sede da mulher samaritana, a gua do tanque, a seu turno, no podia tambm curar

    completamente os enfermos; era uma cura aparente, exterior, que deixava os enfermos sujeitos a

    molstias ainda mais graves, em virtude do atraso moral.

    E assim at hoje. A Humanidade no pra a sua marcha; e quando parece deter-se

    por um instante, "as guas" (os cometimentos de nossas existncias) se agitam ao influxo dos

    anjos e os coxos (que somos todos ns!) continuam a caminhar em busca da perfeio!

    "E aconteceu isto num daqueles dias, que entrou ele e os seus

    discpulos em uma barca, e lhes disse: passemos outra ribeira

    do lago. E eles partiram. E enquanto eles iam navegando,

    dormiu Jesus, e levantou-se uma tempestade de vento sobre o

    lago, e se encheu de gua, e perigavam. E chegando-se a ele o

    despertaram, dizendo: Mestre, ns perecemos. E ele,

    levantando-se, increpou ao vento, e a tempestade da gua, e

    logo tudo cessou. E veio a bonana. Disse-lhes ento Jesus:

    onde est a vossa f? Eles, cheios de temor, se admiraram,

    dizendo uns para os outros: quem cuidas que este, que assim manda aos ventos e ao mar, e eles

    lhe obedecem?" (S.Lucas, 8:22 a 25) (S.Marcos 4:35 a 41) (S.Mateus 8:23 a 27)

    Jesus acalma a tempestade no Mar da Galilia

    Novamente, de "A Gnese", extramos o item 46 do captulo XV: "ainda no

    conhecemos bastante os segredos da Natureza para dizer se h ou no inteligncias ocultas

    presidindo ao dos elementos. Na hiptese de haver, o fenmeno em questo poderia ter

    resultado de um ato de autoridade sobre essas inteligncias e provaria um poder que a nenhum

    homem dado exercer.

    Como quer que seja, o fato de estar Jesus a dormir tranqilamente, durante a

    tempestade, atesta de sua parte uma segurana que se pode explicar pela circunstncia de que seu

    Esprito "via" no haver perigo nenhum e que a tempestade ia amainar ".

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    Ensina, tambm, esta passagem que, com f em Jesus, podemos, se lhe rogarmos,

    obter a calma necessria nas tempestades da vida.

    Na obra "Nosso Lar", no captulo 10 No bosque das

    guas -, Andr Luiz e Lsias relatam a visita a uma das mais

    belas regies da colnia espiritual Nosso Lar.

    Indicando um edifcio de enormes propores, Lsias

    esclarece ser ali o grande reservatrio da colnia. Explica que

    todo o volume do rio Azul, que tinham em vista, absorvido em

    caixas imensas de distribuio. As guas que servem a todas

    as atividades da colnia partem dali. Complementando as

    elucidaes, Lsias assinala que l a gua possui outra

    densidade. Muito mais tnue, pura, quase fludica.

    Aps esclarecer a Andr Luiz ser o servio de

    distribuio um dos raros servios materiais do Ministrio

    da Unio Divina, Lsias complementa: "na Terra, quase

    ningum cogita seriamente de conhecer a importncia da

    gua. Em Nosso Lar, contudo, outros so os conhecimentos. Nos crculos religiosos do

    planeta, ensinam que o Senhor criou as guas. Ora, lgico que todo servio criado precisa

    de energias e braos para ser convenientemente mantido. Nesta cidade espiritual, aprendemos

    a agradecer ao Pai e aos seus divinos colaboradores semelhante ddiva. Conhecendo-a mais

    intimamente, sabemos que a gua veculo dos mais poderosos para os fluidos de qualquer

    natureza. Aqui, ela empregada, sobretudo, como alimento e remdio. H reparties no

    Ministrio do Auxlio absolutamente consagradas manipulao de gua pura, com certos

    princpios suscetveis de serem captados na luz do Sol e no magnetismo espiritual. Na

    maioria das regies da extensa colnia, o sistema de alimentao tem a suas bases. Acontece,

    porm, que s os Ministros da Unio Divina so detentores do maior padro de

    Espiritualidade Superior, entre ns, cabendo-lhes a magnetizao geral das guas do rio Azul,

    a fim de que sirvam a todos os habitantes de Nosso Lar, com a pureza imprescindvel. Fazem

    eles o servio inicial de limpeza e os institutos realizam trabalhos especficos, no suprimento

    de substncias alimentares e curativas. Quando os fios da corrente se renem de novo, no

    ponto longnquo, oposto a este bosque, ausenta-se o rio de nossa zona, conduzindo em seu

    seio nossas qualidades espirituais."

    A colnia espiritual Nosso Lar

    O rio Azul

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    33

    Complementa Lsias, comentando relativamente nossa compreenso (de encarnados) a

    respeito das guas de nosso planeta: "o homem desatento, h muitos sculos; o mar

    equilibra-lhe a moradia planetria, o elemento aquoso fornece-lhe o corpo fsico, a chuva d-

    lhe o po, o rio organiza-lhe a cidade, a presena da gua oferece-lhe a bno do lar e do

    servio; entretanto, ele sempre se julga o absoluto dominador do mundo, esquecendo que

    filho do Altssimo, antes de qualquer considerao. Vir tempo, contudo, em que copiar

    nossos servios, encarecendo a importncia dessa ddiva do Senhor. Compreender, ento,

    que a gua, como fluido criador, absorve, em cada lar, as caractersticas mentais de seus

    moradores. A gua, no mundo, no somente carreia os resduos dos corpos, mas tambm as

    expresses de nossa vida mental. Ser nociva nas mos perversas, til nas mos generosas e,

    quando em movimento, sua corrente no s espalhar bno de vida, mas constituir

    igualmente um veculo da Providncia Divina, absorvendo amarguras, dios e ansiedades dos

    homens, lavando-lhes a casa material e purificando-lhes a atmosfera ntima."

    A respeito do assunto, questiona Vitor Ronaldo da Costa, no livro "O Visitador da

    Sade": "ser que distrbios e mal estares presentes em certos lares, muitas vezes, no

    denunciam a gua contaminada por maus fluidos? Eis verdadeiro alerta no sentido de se

    substituir padres vibratrios mentais inferiores por outros mais saudveis, capazes de

    impregnar o precioso lquido com um magnetismo salutar, reconfortante, harmnico e,

    sobretudo, estimulante da bioenergia."

    Ainda do livro "Nosso Lar", retiramos algumas informaes interessantes a respeito da

    importncia da gua na alimentao no plano espiritual.

    No captulo 3, aps ter sido socorrido nas zonas inferiores e chegar colnia Nosso Lar,

    Andr Luiz relata que lhe serviram caldo reconfortante, seguido de gua muito fresca, que lhe

    pareceu portadora de fluidos divinos. Aquela reduzida poro de lquido o havia reanimado

    inesperadamente.

    Mais adiante, no captulo 9, intitulado Problema de alimentao, encontramos o

    registro de que a alimentao, na colnia, consta de inalao de princpios vitais da

    atmosfera, atravs da respirao e gua misturada a elementos solares, eltricos e magnticos.

    L, s existe maior suprimento de substncias alimentcias que lembram a Terra nos

    Ministrios da Regenerao e do Auxlio, onde h sempre grande nmero de necessitados.

    Do captulo XII de "O grande enigma", extramos: "O mar, e assim a montanha,

    agem sobre a nossa vida psquica, os nossos sentimentos e pensamentos e, por essa comunho

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    ntima, a dualidade da matria e do esprito cessa um instante, para se fundir na grande unidade

    que tudo gerou (...)

    O mar um grande regenerador. Sem ele, a terra seria estril e infecunda; em seu seio

    se elaboram as chuvas benficas; todo o sistema de irrigao do globo a ele deve o seu

    nascimento. Sua efuso de vida sem limites. Esta grande fora salutar, embora spera e

    selvagem, atenua nossas fraquezas fsicas e morais (...) "

    O mar fonte de energia e vitalidade.

    Por enquanto, o homem no tem sabido valorizar, devidamente, os benefcios

    magnticos do oceano. Laboratrio de foras vitais, depositrio de gloriosas e velhas

    civilizaes, santurio de milhes de espcies vivas, um mundo inexplorado, a conquistar;

    muito h escapado observao dos pesquisadores no que concerne aos fluxos e refluxos das

    mars com o seu potencial de energia pura que tantos benefcios produzem na organizao fisio-

    psquica do animal e do homem.

    No livro "Maria de Nazar", no captulo intitulado Ingressando na carne, encontramos

    interessante passagem a respeito da importncia do mar. Descreve o autor espiritual: "quem

    estivesse prximo de onde se encontravam os Seareiros do Bem, observaria nitidamente os dois

    grandes rios, como braos abertos da natureza, a protegerem o

    imprio babilnico o Tigre e o Eufrates conduzindo,

    certamente para o Golfo Prsico, as imundcies psquicas que

    assimilavam ao passarem pela grande metrpole; ao se

    estenderem no mar arbico, diluam os fluidos pesados, pela

    ao qumica das guas salgadas."

    Do livro "Voltei" ditado pelo Esprito Irmo Jacob a Chico Xavier, recordamos

    interessantes trechos, nos quais rememoramos a influncia do ambiente marinho.

    Ao final do captulo 3, no curso do processo liberatrio, em face de alguma dificuldade

    no desligamento do esprito, com o lao ainda atado ao corpo com as vsceras em descontrole,

    decide Bezerra de Menezes conduzir Irmo Jacob praia, explicando que as viraes martimas

    so portadoras de grande bem ao reajustamento geral.

    No captulo 6, Irmo Jacob e mais quinze "convalescentes da morte", amparados por

    amigos espirituais e aps sentida orao, em grupos de dois, trs e quatro, unidos uns aos outros,

    partindo de uma praia, noite, comearam a flutuar, volitando, dando incio expedio para se

    ausentarem dos crculos terrenos. Passamos ao relato integral do trecho final deste captulo, a fim

    de evitarmos a omisso de algum ensinamento.

    ..."Em breves minutos, tnhamos as guas sob os ps, elevando-nos vagarosamente,

    maneira de peixes humanos no mar areo".

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    Observao estranha! Julguei que pudesse continuar vendo edifcios e arvoredo, rios e

    oceano, embora o vu noturno, como se contemplasse o solo planetrio da janela de um avio

    comum; todavia, a sombra em baixo se fazia assustadoramente mais espessa.

    Indaguei do Irmo Andrade sobre a origem do fenmeno, afirmando-me ele que a esfera

    carnal permanece cercada por vasta condensao das energias inferiores diariamente libertadas,

    pela maioria das inteligncias encarnadas, assim como a aranha vive enredada na prpria teia, e

    que, de mais alto, com a viso de que j dispunha, poderia ver o material escuro a rodear a

    moradia dos homens.

    Quando perguntei se aconteceria o mesmo, caso partssemos durante o dia, informou:

    - No. Qual acontece entre os homens, os animais e as rvores, h tambm "um movimento

    de transpirao para o mundo". Durante o dia, o hemisfrio iluminado absorve as energias

    positivas e fecundantes do Sol, que bombardeia pacificamente as criaes da Natureza e do

    homem, afeioando-as ao abenoado trabalho evolutivo, mas, noite, o hemisfrio sombrio,

    magnetizado pelo influxo absorvente da Lua, expele as vibraes psquicas retidas no trabalho

    diurno, envolvendo principalmente os crculos de manifestao da atividade humana. O quadro

    de emisso dessa substncia , portanto, diferente sobre a cidade, sobre o campo ou sobre o mar.

    Nos plos do planeta permanece o gelo, simbolizando a negao desse movimento. Mais tarde,

    observar voc que as mesmas leis que controlam o fluxo e o refluxo do oceano influenciam

    igualmente o psiquismo das criaturas." Interessante, no? Leiam o livro! Nele, o autor

    trabalhador de muitos anos nas lides da Doutrina Esprita nos relata, detalhadamente, como se

    opera a desencarnao e os acontecimentos subseqentes, alertando-nos para que no

    acreditemos que o fim das limitaes corporais traz inaltervel paz ao corao.

    Na obra "Entre a Terra e o Cu", no captulo V, intitulado Valiosos apontamentos,

    Clarncio e Andr Luiz, acompanhando Zulmira e Odlia, que se dirigem praia onde a vida do

    filhinho de Odlia, enteado de Zulmira, havia se extinguido. A estria fascinante, no ? Mas

    estamos, por ora, apenas interessados nas observaes de Andr Luiz e Clarncio, ao chegarem

    praia, antecedendo as duas. o que passamos a relatar.

    "Alcanramos a orla do mar, em plena noite.

    A movimentao da vida espiritual era a muito intensa.

    Desencarnados de vrias procedncias reencontravam amigos que se demoravam na Terra,

    momentaneamente desligados do corpo pela anestesia do sono. Dentre esses, porm, salientava-

    se grande nmero de enfermos.

    Ancios, mulheres e crianas, em muitos aspectos diferentes, compareciam ali, sustentados

    pelos braos de entidades numerosas que os assistiam.

    Conversaes edificantes e lamentos doloridos chegavam at ns.

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    Servios magnticos de socorro urgente eram improvisados aqui e alm... E o ar,

    efetivamente, confrontado ao que respirvamos na rea da cidade, era muito diverso.

    Brisas refrescantes sopravam de longe, carreando princpios regeneradores e insuflando em

    ns delicioso bem estar.

    - O oceano miraculoso reservatrio de foras elucidou Clarncio,de maneira expressiva -;

    at aqui, muitos companheiros de nosso plano trazem os irmos doentes, ainda ligados ao corpo

    da Terra, de modo a receberem refazimento e repouso. Enfermeiros e amigos desencarnados

    desvelam-se na reconstituio das energias de seus tutelados. Qual acontece na montanha

    arborizada, a atmosfera marinha permanece impregnada por infinitos recursos de vitalidade da

    Natureza. O oxignio sem mcula, casado s emanaes do planeta, converte-se em precioso

    alimento de nossa organizao espiritual, principalmente quando ainda nos achamos direta ou

    indiretamente associados aos fluidos da matria mais densa."

    No livro "Alm da morte", no relato do caso n 1 beira-mar encontramos a seguinte

    descrio, a respeito da importncia do mar no reerguimento das energias do perisprito:

    ..."Despertando-me das cogitaes, a irm Liebe convidou-me com ternura... falou-me da

    necessidade de contato mais amplo com os fluidos da natureza, a fim de favorecer a minha

    reabilitao. E como me encontrasse depauperada, o meu transporte at a praia prxima seria

    feito sob ao de sono magntico...Despertei beira-mar, num

    encantador recanto do litoral. As ondas prximas despedaavam-se

    em brancas espumas que se desfaziam nas areias alvas... Multides

    de desencarnados nas cidades prximas so aqui trazidas para

    necessrio e inadivel refazimento. Cuidadosos benfeitores da

    nossa esfera conduzem tutelados alquebrados e desfalecidos, para regies semelhantes a esta, em

    toda a costa marinha, a fim de que o ar puro restitua ao perisprito as funes temporariamente

    traumatizadas pelo transe desencarnatrio... H 14 dias, segundo informava a irm Liebe,

    ocorrera a minha desencarnao. Aps aquele repouso seria transportada Colnia Redeno,

    prxima crosta terrestre, para tratamento e recuperao de energias, ingressando, assim, na

    realidade do mundo espiritual, onde estava dando os primeiros passos, com vacilao."

    No livro "De volta ao passado", encontramos o relato de uma equipe de

    Espritos que atuou no continente europeu, durante os combates na Bsnia-

    Herzegovina, ajudando na retirada dos Espritos recm-desencarnados, para que

    no aumentassem as vibraes poderosas de dio e desejo de vingana que ali

    campeavam e para evitar que eles continuassem a lutar ao lado dos irmos

    gando-se ainda na carne, vivos. Eis um trecho da narrativa de

    Paulo, um dos Espritos integrantes da equipe: "... As cargas negativas eram

    encarnados, jul

    O Mar Adritico

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    to pesadas que as turmas que se revezavam no atendimento, a perodos regulares, procuravam a

    orla martima do Mar Adritico para se restabelecerem no ambiente puro e balsmico da

    natureza, limpo de miasmas mentais, e, com isso, terem condies de energizar os corpos

    espirituais combalidos".

    "E ouvi a toda a criatura que est no cu, e na terra, e debaixo da terra e que est no mar." (Apocalipse, 5:13)

    O livro "Aglon e os os Espritos do Mar" relata a existncia de espritos no fundo do

    mar, vivendo nele, sem saber que esto desencarnados. L, esto muitos Espritos que perderam a

    vida terrena no mar, alguns aprisionados, que ficam aguardando modificao e melhoria mental

    para subirem novamente. A evoluo se processa de forma inexorvel, estejam onde estiverem.

    Chega a hora em que os inferiores que se encontram sob a terra, no ar ou no fundo do mar,

    obrigatoriamente, reiniciam e sentem o anseio de evoluir e alcanar posies que detinham

    anteriormente e que, por invigilncia, perderam.

    No prdio da Administrao, Netuno, o homem-peixe administrador geral, informa que

    h prdios no fundo do mar. L, tambm, modelam o pensamento, e a idia, tanto aqui como l,

    fora e poder espirituais.

    So ainda governados pela justia dos Drages, mas j esto se libertando deles, porque

    no mar se afogam muitos filhos do Cordeiro. No comeo, os Espritos mais antigos mantinham o

    local como uma priso. Os seres atuais que habitam estas regies no so to ferozes quanto os

    que habitam a Terra, nem as criaturas que se afogam nas guas... Os que perdem o corpo fsico

    nos rios ou nos lagos obedecem as mesmas leis...

    Embora sejam "filhos dos Drages" e obedeam s suas leis que, na realidade vm do

    "mais alto", os Espritos que l habitam dizem no serem maus. Declaram apenas zelar pela

    tranqilidade dos mares.

    A gua tem vibraes curativas e que d a todos mais paz e serenidade. Os netunos

    formam uma raa unida e anseiam por progredir e melhorar. A maioria j est aceitando que "l

    em cima" h seres mais adiantados. O fundo do mar um estgio de quietude e de pouca

    possibilidade de evoluo.

    H tambm o relato a respeito da existncia, em uma certa regio martima, de seres

    transparentes aos olhos dos Espritos que habitam as profundezas dos mares. So os Espritos

    difanos, espritos muito purificados que vo se reabastecer de energias novas naquelas paragens.

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    Dizem que, na realidade, eles so da superfcie, a Terra. O mar emite energias de grande poder,

    que so absorvidas por essas criaturas, assim como pelos habitantes das profunduras ocenicas. O

    perisprito semimaterial e assimila energias originais de foras materiais. Vo do mar, das

    rvores, da terra, do ar, de toda a parte. Esses seres, conquanto paream infinitamente espirituais,

    ainda so materiais. A evoluo d novas formas de beleza ao esprito.

    Nos casos de desencarnao por afogamento, em geral, o corpo desce at uma certa

    profundidade e, horas mais tarde, s vezes dias, sobe e flutua na superfcie. quando aparecem

    os Netunos e os desligam dos corpos, conduzindo-os para o hospital Netuniano. L so prestados

    grandes servios humanidade terrestre, recebendo aqueles que perecem pelo naufrgio ou

    acidentes no mar.

    O mar imenso repositrio, desconhecido, de conhecimentos. No mar vivem seres que

    ainda no conquistaram o Amor, mas alcanaram a Justia. No conhecem Deus e, por isso, no

    amam. Sabem que existe e cumprem fielmente suas leis de justia e respeitam o seu Poder. Em

    quase todas as zonas inferiores do Universo, os Espritos que a habitam temem ou respeitam o

    poder de Deus. Esto em marcha para o amor que um dia alcanaro. A diferena apenas o

    meio ambiente. O resto igual na "terra", gua, ar e Terra, so coisas semelhantes. Tudo

    mundo mesmo! O esprito sempre esprito em qualquer lugar; o veculo fsico que se

    diferencia de acordo com as necessidades e o meio. rgo diferentes para meios diferentes, para

    que o esprito prossiga na jornada da evoluo espiritual.

    Do livro "Cidade no alm", captulo IV Localizao de Nosso Lar Esferas

    espirituais, verificamos que o trnsito entre as esferas se faz por maneiras diversas. Por "estradas

    de luz", referidas pelos Espritos como caminhos especiais, destinados a transporte mais

    importante. Atravs dos chamados "campos de sada", que so pontos nos quais as duas esferas

    prximas se tocam. Pelas guas, de se supor as guas que circundam os continentes.

    Tambm, em "Nosso Lar", no captulo 36 O sonho -, Andr Luiz nos relata a maneira

    pela qual, em sonho, passou para uma esfera superior, referindo-se a uma embarcao, com um

    timoneiro sustendo o leme, e com movimento em ascenso, indo sair frente de um porto, tudo

    indicando que a passagem se deu atravs das guas do oceano.

    Igualmente, no livro "Libertao", no captulo III Entendimento, h, na pgina 50 (21

    edio) uma referncia expresso "campos de sada", explicitada em nota de rodap (do autor

    espiritual) como "lugares-limites, entre as esferas inferiores e superiores.

    Ainda, no livro "Maria de Nazar", no captulo intitulado Ingressando na carne, temos a

    seguinte passagem, que embora no se refira diretamente ao termo supramencionado, nos permite

    uma paralelismo de idias: ..."O grande cerco magntico, tecido por fios de foras sutis da

    natureza, pairou nos ares de Jope e, de um momento para outro, desceu suavemente na praia, sob

    o controle de Hilel. O instrutor espiritual estendeu a mo em direo rede e esta, sob o influxo

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    magntico do seu gesto, abriu-se em quatro partes, libertando todos os irmos j renovados pela

    f e despertados para a luz. Assustados, no sabiam para onde deveriam ir. No mesmo momento,

    surge um grande barco, que poderia acomodar todos eles e foram carinhosamente convidados a

    embarcar, lembrados da fala afetuosa de Sophia. Alguns perguntaram acanhados:

    - Para onde vamos?

    Algum respondeu com docilidade:

    - No tenhais medo; podeis acomodar-vos como quiserdes, que ns vamos com Deus, em

    busca da nossa prpria paz!

    E partiram no seio do grande mar. "

    Iniciamos este subitem de nosso trabalho com a transcrio de uma mensagem ditada

    pelo Esprito Emmanuel e psicografada por Francisco Cndido Xavier, em sesso pblica da

    noite de 5 de junho de 1950, na cidade de Pedro Leopoldo, que, sozinha, seria suficiente

    como contedo do tpico que iniciamos. Esta mensagem foi publicada no livro "Segue-me".

    "E qualquer que tiver dado s que seja um copo d'gua fria, por ser meu discpulo, em verdade vos digo que, de modo algum, perder o seu galardo." Jesus (S.Mateus, 10:42)

    gua fluida

    " Meu amigo. Quando Jesus se referia bno do copo

    de gua fria, em seu nome, no apenas se reportava compaixo rotineira que sacia a sede comum. Detinha-se o Mestre no exame de valores espirituais mais profundos.

    A gua dos corpos mais simples e receptivos da T