A incomensurabilidade dos paradigmas

FILOSOFIA 11.º ano

FFILOSOFIA 11.º anoILOSOFIA 11.º ano Luís Rodrigues

A tese da incomensurabilidade

dos paradigmas

A incomensurabilidade dos paradigmas

MICHAEL PHELPS

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Thomas Kuhn e a evolução da ciência

Copyright: Mitch Gunn

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Dois desportistas famosos

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Cristiano Ronaldo

Bicampeão europeuTrês vezes o melhor do

mundoRecorde de golos numa

edição da Liga dos Campeões

Michael Phelps

O mais medalhado nadador até à data.22 medalhas em Jogos Olímpicos (18 de ouro).33 medalhas em Mundiais (26 de ouro).



Será que podemos dizer que Phelps é melhor do que Ronaldo ou que Ronaldo é melhor do que Phelps?

É difícil dizer que sim.

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Porquê?

Porque 1. Avaliamos o talento de Ronaldo usando critérios que pertencem ao

mundo do futebol (marca muitos golos, faz muitas assistências, etc.);2. Avaliamos o talento de Phelps usando critérios que pertencem ao

mundo da natação (domina todos os estilos de nado, nada mais rápido em diversas distâncias e estilos, etc.).

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Utilizando a linguagem de Kuhn, o futebolista Ronaldo e o nadador Phelps são realidades incomensuráveis.

Não há uma bitola ou medida comum, exterior aos mundos do futebol e da natação, que permita afirmar que um dos atletas é melhor do que o outro.

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Com os paradigmas no mundo da ciência acontece algo semelhante.Os paradigmas científicos são incomensuráveis.

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Isto quer dizer que não temos uma medida comum completamente objetiva e exterior a cada paradigma para afirmar que um paradigma é superior a outro.

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Por que razões são os paradigmas incomensuráveis?

1. Porque cada paradigma é uma visão do mundo incompatível com qualquer outra.

• Cada paradigma «fala» uma linguagem diferente, tal como o mundo do futebol usa uma linguagem diferente do mundo da natação.

• É um mapa completamente distinto de outro para explorar a natureza.

• É como se cada cientista, não podendo olhar para o mundo independentemente do paradigma que adota, vivesse num mundo diferente do de outro cientista apoiado num diferente paradigma.

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Por que razões são os paradigmas incomensuráveis?

2. Cada paradigma é avaliado pelos seus próprios critérios de avaliação.

• Um paradigma só pode ser avaliado a partir das bases que ele próprio dá para a sua avaliação, tal como um futebolista só pode ser avaliado a partir de critérios que pertencem ao mundo do futebol.

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Consequência fundamental da tese da incomensurabilidade dos paradigmas

• Esta perspetiva torna muito problemático falar da sucessão de paradigmas como progresso em direção à verdade.

• Não podemos, segundo Kuhn, dizer que um novo paradigma nos aproxima objetivamente mais da verdade do que o anterior. Podemos pensar que sim, mas não prová-lo de forma objetiva.

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Não temos um critério plenamente objetivo para dizer que um paradigma é mais verdadeiro do que outro ou que dá uma imagem mais fiel da realidade do que outro.

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A ideia de verdade objetiva é posta em causa porque só podemos avaliar um paradigma usando os meios que este fornece. Há tantas verdades quantos os paradigmas (quantas as formas que, ao longo da história da ciência, houve de ver o mundo).

A acusação de relativismo é uma das mais frequentes de que Kuhn é alvo.

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