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Vol.28,#1, (2017), 104-119
http://revistes.uab.es/redes http://dx.doi.org/10.5565/rev/redes.677
Revista Hispana para el Anlisis de Redes Sociales
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A Influncia da Dinmica Relacional na Gesto de uma
Loja Manica Daniel Pires Vieira*
Edgar Reyes Jr.
Joo Paulo Barbosa Fernandes
Universidade de Braslia
A Maonaria vem sendo estudada pela academia principalmente sob as perspectivas histrica e
filosfica. O presente trabalho aborda a Ordem Manica sob um prisma distinto, uma vez que analisa as relaes sociais desenvolvidas dentro da estrutura de uma Loja Manica a partir da aplicao da anlise de redes sociais. A pesquisa caracteriza-se como exploratria e descritiva e mapeia das relaes sociais estabelecidas entre os membros de uma Loja Manica do Distrito Federal. Os resultados alcanados permitiram caracterizar os padres de relacionamentos estabelecidos por subgrupos presentes na Loja estudada e evidenciaram a evoluo dos
relacionamentos entre seus membros estabelecidos a partir da entrada na Loja. Pode-se observar que, quando da entrada na Ordem, h uma predominncia dos contatos sociais em detrimento dos contatos institucionais, ainda que haja uma estrutura organizacional estabelecida e cargos responsveis por esse contato inicial. Conforme esperado, os membros da Gesto da Loja ocupam uma posio central na rede de relacionamentos, no entanto a frequncia dos membros em Loja uma varivel to ou mais importante do que o nvel de formao dos membros (representado pelo Grau Simblico) ou sua participao na administrao da organizao para explicar o grau de
centralidade dos atores.
Palabras clave: Redes Sociales Relacionamentos Maonaria.
Freemasonry has been studied mainly under historical and philosophical perspectives. The present work approaches the Masonic Order under a distinct prism. We aim to analyze the social relations
developed within the structure of a Masonic Lodge from the application of the analysis of social networks. The research is characterized as exploratory and descriptive and maps the social relations established among the members of a Masonic Lodge of the Brazilian Federal District. The results characterize the patterns of relationships established by subgroups present in the studied Lodge and evidenced the evolution of the relationships among its members. One may observe that, when entering the Freemasonry, there is a predominance of social contacts to the detriment of institutional
contacts, although there is an established organizational structure and positions responsible for this initial contact and instruction of new members. The members participating at the Lodges management occupy a central position in the network of relationships, but the frequency of the members resulted as the main explanatory variable of the centrality of the members.
Key words: Social Networks Relationships Freemasonry.
*Contacto con los autores: Daniel Pires ([email protected]), Edgar Reyes Jr. ([email protected]), Joo Paulo Barbosa ([email protected])
RESUMEN
ABSTRACT
http://revistes.uab.cat/redesmailto:[email protected]:[email protected]
Vieira, Reyes Junior & Fernandes, Vol.28, #1, 2017, 104-119
Revista Hispana para el Anlisis de Redes Sociales
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INTRODUO
A Maonaria vem sendo estudada sob diferentes
prismas tericos ao longo do tempo. Entre as principais vertentes que vem se interessando pelo tema destacam-se a filosfica, muito estudada principalmente por aqueles iniciados na Ordem e que buscam aprofundar seus ensinamentos, e a histrica que destacadamente estuda o papel desempenhado
por Maons ou pela Ordem em diversos acontecimentos histricos nacionais e internacionais. O presente trabalho pretende abordar a Maonaria de forma distinta das principais correntes de estudo. Pretende-se aqui analisar as relaes sociais desenvolvidas
dentro da estrutura de uma Loja Manica. Para tanto, pretende-se aplicar a anlise de redes
sociais para mapear os relacionamentos estabelecidos pelos membros de uma Loja Simblica.
Observa-se que a anlise de redes tem suas razes em vrias perspectivas tericas. Muito
embora os primeiros trabalhos sobre redes remontem ao incio do sculo XX, somente a partir da metade desse sculo, quando a academia passou a priorizar a busca por explicaes relacionais, contextuais e sistmicas em detrimento de explicaes atomistas e individualistas, que a anlise de redes ganhou
destaque (Mizruchi, 2006). A abordagem de redes, na medida em que considera como unidade de anlise as relaes entre indivduos e no de indivduos isolados, representa uma
alternativa tanto ao determinismo cultural como ao individualismo atomizado da abordagem
econmica neoclssica (Martes et al., 2006).
Pesquisas em redes so aplicadas por diferentes campos acadmicos e demonstram que as redes sociais podem ser aplicadas em diferentes nveis de anlise, perpassando desde famlias incluindo at naes, e possuem um grande poder explicativo sobre como os problemas so
resolvidos, como as organizaes so dirigidas e como indivduos podem obter sucesso em seus empreendimentos (Wasserman e Faust, 1994). Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho caracterizar as relaes intraorganizacionais desenvolvidas dentro da estrutura de uma Loja Manica. Para a
consecuo dos objetivos propostos, o presente
trabalho encontra-se dividido em, alm desta, outras 6 sees. Na seo seguinte apresentado o referencial terico sobre redes sociais que orientar as anlises a serem realizadas. Na terceira seo ser realizada
uma breve discusso sobre a gesto de uma Loja Manica. Na quarta seo apresentado o mtodo empregado. Na penltima seo so apresentados e discutidos os resultados. Por
fim, na ltima seo so apresentadas as
concluses da pesquisa.
REFERENCIAL TERICO
De uma forma bastante simples, uma rede pode ser definida como um conjunto de laos e ns (Martes et al., 2006; Santos, Rossoni e Machado-da-Silva, 2011). Os ns representam atores, sejam organizaes, empresas ou
indivduos, enquanto que os laos representam diferentes tipos de conexo entre os atores (Wasserman e Faust, 1994). De forma mais especfica, Iacobucci e Salter (2012) explicam a rede social como uma rede na qual os elos ou ligaes captam algum elemento de interao
social. Para Mizruchi (2006), embora diversos
aspectos venham sendo tratados a partir da anlise de redes sociais, trs reas que merecem ateno especial por causa de sua relevncia terica so (i) a natureza das relaes entre os atores; (ii) os efeitos da centralidade do agente sobre o seu
comportamento; e (iii) a identificao de subgrupos da rede.
Wasserman e Faust (1994) destacam que a natureza dos laos entre os atores de uma rede pode ser diversa, perpassando relaes de amizade, parentesco, crenas e interesses comuns, prestgio, trocas financeiras, entre
outros. Iacobucci e Salter (2012) destacam que os laos relacionais em redes sociais podem refletir, entre outros, amizade, frequncia de
contato, comunicao, confiana, fluxos financeiros ou de informao. Para Santos, Rossoni e Machado-da-Silva (2011) uma
relao pode ser instrumental, quando utilizada para se atingir a uma finalidade para o indivduo, ou social, quando derivada dos relacionamentos sociais pr-existentes, ainda que raramente ela ocorrera de forma pura.
Para Granovetter (1973) um lao ou relao entre dois autores tem fora e contedo. A
fora traz consigo a ideia que nem todos os laos possuem a mesma intensidade. J o contedo inclui informao, conselho ou amizade, interesses compartilhados e, tipicamente, algum nvel de confiana. A confiana entendida como a grande determinante dos relacionamentos (Reyes Jr. e
Borges, 2008). Zucker (1986) explica que a confiana uma relao de troca, em que os participantes aguardam que as outras pessoas deixem o auto interesse em segundo plano em favor de uma orientao ao outro ou coletividade. O conceito de confiana est
baseado na noo de um compartilhamento coletivo de significados e conhecimentos implcitos. Zucker (1986) distingue trs tipos de
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confiana que podem ser resumidos da seguinte
forma: (i) confiana baseada em caractersticas: forma de confiana que pressupe que caractersticas compartilhadas, como laos familiares, religio ou etnia, atravs de um processo de identificao com os indivduos em razo de um grupo; (ii) confiana baseada em processo: confiana que surge da
estabilidade das relaes no tempo; e (iii) confiana baseada em instituies: esta forma evidenciada quando a confiana depende da existncia de estruturas formais na sociedade (Zucker, 1986).
Observa-se que essas estruturas de ligao
entre os atores em rede servem como canais em que fluem informaes, conhecimentos, recursos, materiais, capitais, assim como seus
riscos associados (Kleindorfer e Wind, 2012). A diversidade de atores e os diferentes tipos de relacionamentos dentro de uma rede abrem espao para discusso sobre a influncia da
estrutura da rede. A estrutura da rede refere-se ao padro geral de relacionamentos estabelecidos (Gulati, Nohria e Zaheer, 2000).
Sob uma perspectiva estratgica, o posicionamento dentro da rede uma questo fundamental (Thorelli, 1986). Os trabalhos de Masquieto, Sacomano Neto e Giuliani (2011) e
de Hoffmann, Lopes e Medeiros (2014) corroboram essa perspectiva ao identificar que organizaes ocupantes de diferentes posies em redes percebem diferentes nveis de acesso aos recursos relacionais. Gnyawali, He e Madhavan (2006), ao analisarem redes de
empresas,