Upload
vonguyet
View
217
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Ana Sofia Cardoso Alves
A MAGIA NAS MÃOS NO PRÉ-ESCOLAR
Curso de Mestrado em Educação Pré-escolar
Relatório Final da Prática de Ensino Supervisionada efetuado sob a orientação do
Professor Doutor Carlos Alberto dos Santos Almeida
Novembro de 2013
Toda a criança é um artista de qualquer tipo cujas capacidades especial mesmo que insignificantes, devem ser encorajadas como contributo para a riqueza infinita da vida em comum.
Herbert Read
ii
AGRADECIMENTOS
Após concluído este projeto, chega o momento de reconhecer e dar valor às pessoas que direta ou indiretamente contribuíram de forma positiva para a sua concretização. Assim sendo, agradeço a todos os intervenientes que me foram apoiando neste projeto, pois sem este apoio incondicional provavelmente este estudo não tinha tomado as percussões que tomou.
Ao Professor Doutor Carlos Almeida, por toda a disponibilidade prestada desde o início deste projeto até à sua conclusão. Os seus conselhos e a aprendizagem que me incutiu enriqueceram o meu trabalho e enriqueceu-me como pessoa.
A todos os docentes que participaram na minha licenciatura e mestrado por todos os conhecimentos e ensinamentos que me proporcionaram.
À Educadora Cooperante Ana Luísa que durante a minha prática de ensino supervisionada proporcionou-me momentos de magia com as crianças, dando-me total liberdade para me sentir uma “educadora” responsável pelas crianças. Um muito obrigado pela preocupação demonstrada para que os objetivos deste projeto fossem alcançados.
Às próprias crianças que mostraram empenhamento e dedicação nas atividades desenvolvidas para este estudo. Estas foram fundamentais e ensinaram-me a ser educadora.
À minha companheira e amiga Ana Francisca Costa, que juntamente comigo acreditou no sucesso deste projeto. Foi um pilar importante para segurar a estrutura deste projeto.
À minha amiga Cláudia Carvalhido pela união que estabeleceu entre nós. Após ter concluído o seu projeto ajudou-me e aconselhou-me imenso em pormenores que foram cruciais para melhorar o meu estudo. Juntamente com a Ana Francisca foi outro pilar importante para mim.
Aos meus pais e irmão, que foram incansáveis no apoio e paciência nos momentos de alta tensão. Nos momentos de “desespero” ajudaram-me a acreditar valorizando todo o meu percurso académico.
Ao Tiago Machado, que foi um companheiro que me seguiu nesta minha caminhada. Esta vitória é dedicada a ti.
À empresa EGOSPORT, pela disponibilidade em me emprestar o meio de transporte para transportar todos os materiais de grandes dimensões de Famalicão até Viana. Foram incansáveis na disponibilidade prestada.
Em suma, foram aqui mencionadas pessoas que devido a este contributo receberão de mim todo o meu respeito e dedicação por me terem ajudado nesta fase importante da minha vida.
iii
RESUMO
No âmbito do Mestrado de Educação Pré-Escolar, construiu-se este projeto final
que se insere na Prática Supervisionada. Esta prática envolve assim 22 crianças com
idades entre os 3 e 4 anos.
O conteúdo deste projeto está direcionado para a expressão plástica onde passou
pelo estudo do interesse das crianças na elaboração dos trabalhos plásticos, da
preservação e da boa apresentação dos mesmos, do nível de criatividade que este grupo
podia alcançar e o papel do adulto quanto à intervenção destes trabalhos.
Este projeto está organizado em 3 partes, onde a primeira refere a caracterização
do contexto educativo, as planificações, o envolvimento na comunidade e reflexões
realizadas durante a PES II. A segunda parte consiste numa fundamentação teórica onde
são evidenciados autores onde é abordado a expressão nas artes plásticas, o contributo
do adulto, a criatividade e a importância da expressão plástica na educação pré-escolar.
Aqui também é apresentada a metodologia que adotada bem como a análise e
interpretação dos dados recolhidos ao longo deste projeto.
A terceira e última parte diz respeito a uma reflexão final sobre toda a Prática de
Ensino Supervisionada onde apresento uma síntese de tudo aquilo que vivenciei e
aprendi nesta prática.
Este projeto incidiu sobre uma metodologia de natureza qualitativa, tendo-me
apoiado nos instrumentos de recolha de dados (notas de campo, registos audiovisuais,
entrevista e observação) a fim de obter uma análise e avaliação mais pormenorizada das
ações dos participantes. Estes resultados comprovam que as atividades desenvolvidas em
torno deste projeto foram significativas para o desenvolvimento das crianças e
promotoras das suas aprendizagens.
A Magia nas Mãos no Pré-Escolar foi um projeto que potenciou uma abordagem à
expressão plástica na educação pré-escolar, que gerou nas crianças um novo interesse
pelos seus trabalhos, um cuidado acrescido sobre a sua aparência, do ponto de vista
estético, tendo este chegado à restante comunidade educativa que por sua vez
evidenciou interesse e curiosidade em participar e observar as atividades promovidas.
Palavras-chave: Criatividade; Expressão Plástica; Pré-Escolar.
iv
ABSTRACT
This final Project was built under the Mestrado de Educação Pré-Escolar which is
included in the supervised practice. This practice envolves 22 children with ages between
three and four years old.
The content of this project is directed to plastic expression which consists of the
children’s interest in elaborating practical work, of its preservation and good presentation
and of the creativity level that the group can achieve and also the role of the adult
regarding the intervention of this work.
This project is organized in three parts. The first one refers to the characterization
of the educational context, the planning of the work, the involvement of the community
and the reflections made during PES II. The second part is a theoretical grounding in
which authors are evidenced and the expression of the plastic arts; the creativity and the
importance of plastic expression in pre-school education are approached. In this second
part is also presented the adopted methodology as well as the analysis and interpretation
of the data obtained.
This project focused on a methodology of a qualitative nature and relied on
instruments of data collection (field notes, audiovisual records, interviews and
observations) in order to obtain detailed analysis and evaluations of the participants
actions. These results prove that the activities developed round this project were
significant to the children’s development and promoted their learning.
The A Magia nas Mãos no Pré-Escolar is a project that potentiated an approach to
plastic expression in pre-school education, which generated in the children a new interest
in their work and an increase of care with its appearance in an esthetical point of view. All
this reached the educational community which in its turn evidenced interest and curiosity
in participating and observing the promoted activities.
Keywords: Creativity; Plastic Expression; Preschool.
v
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS..............................................................................................................................ii
RESUMO ............................................................................................................................................. iii
ABSTRACT ........................................................................................................................................... iv
PARTE I ............................................................................................................................................... 1
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 2
CAPÍTULO II - CARACTERIZAÇÃO DO CONTEXTO EDUCATIVO ........................................................... 4
2.1 Caracterização do meio ............................................................................................................ 4
2.2 Caracterização do Jardim-de-infância ...................................................................................... 5
2.3 Recursos humanos ................................................................................................................... 8
2.4 Caracterização da sala de atividades ....................................................................................... 8
2.5 Caracterização do grupo ........................................................................................................ 10
2.6 Implicações e limitações do contexto na aplicação do projeto ............................................. 14
PARTE II ............................................................................................................................................ 15
CAPITULO I - ENQUADRAMENTO DO ESTUDO ................................................................................. 16
1.1. Contextualização e pertinência do estudo ............................................................................ 16
1.2. Problemática do estudo ........................................................................................................ 17
1.3. Questão de investigação ....................................................................................................... 18
1.4. Objetivos de investigação ..................................................................................................... 18
1.5. Organização do estudo .......................................................................................................... 18
CAPÍTULO II - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 20
2.1. A expressão nas artes plásticas ............................................................................................. 20
2.2. O contributo do adulto .......................................................................................................... 23
2.3. Criatividade ........................................................................................................................... 24
2.4. A importância da expressão plástica na educação pré-escolar ............................................ 25
CAPÍTULO III - METODOLOGIA ADOTADA ........................................................................................ 28
3.1. Seleção da metodologia de investigação .............................................................................. 28
3.2. Investigação-ação .................................................................................................................. 29
vi
3.3. Participantes do estudo ........................................................................................................ 30
3.4. Instrumentos de recolha de dados ....................................................................................... 31
3.4.1. Notas de campo ............................................................................................................. 32
3.4.2. Registo audiovisuais ....................................................................................................... 33
3.4.3. Entrevista ....................................................................................................................... 34
3.4.4 Observação ...................................................................................................................... 35
3.5. Atividades .............................................................................................................................. 36
3.5.1 Leitura do livro –“O Ponto” ............................................................................................. 36
3.5.2 A plástica em movimento ................................................................................................ 38
3.5.3 Economizar com a Expressão Plástica ............................................................................. 40
3.5.4. A mão gigante ................................................................................................................ 41
3.6. Questões éticas ..................................................................................................................... 42
CAPÍTULO IV - ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS .......................................................................... 44
4.1. Atividade nº 1: livro “O Ponto” ............................................................................................. 44
4.2. Atividade nº 2: A plástica em movimento ............................................................................. 50
4.3. Atividade nº 3:Economizar com a Expressão Plástica ........................................................... 66
4.4. Atividade nº 4: A mão gigante............................................................................................... 70
CAPÍTULO V - CONCLUSÕES ............................................................................................................. 76
5.1. Conclusões do estudo ........................................................................................................... 76
5.2. Recomendações para futuras investigações ......................................................................... 81
PARTE III ........................................................................................................................................... 82
REFLEXÃO FINAL SOBRE A PES ......................................................................................................... 83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ........................................................................................................ 85
ANEXOS ............................................................................................................................................ 89
vii
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1: Fotografias da exposição final exibida no jardim-de-infância……………….…....……90
Anexo 2: CD (planificações/reflexões) …………………………………………………………………..….….93
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Sala de atividades: Sala 1 e Sala 2 .......................................................................... 5
Figura 2. Recreio. ................................................................................................................... 6
Figura 3. Sala de prolongamento. ......................................................................................... 7
Figura 4. Biblioteca. ............................................................................................................... 7
Figura 5. Sala de reuniões das educadoras. .......................................................................... 7
Figura 6. Polivalente. ............................................................................................................. 8
Figura 7. Cantina. ................................................................................................................... 8
Figura 8. Planta da sala de atividades 2. ............................................................................... 9
Figura 9. Cantinho da biblioteca ........................................................................................... 9
Figura 10. Jogos de chão ....................................................................................................... 9
Figura 11. Cantinho da casinha ............................................................................................. 9
Figura 12. Quadro magnético ................................................................................................ 9
Figura 13. Lavatório da sala 2 ................................................................................................ 9
Figura 14. Cineminha. .......................................................................................................... 45
Figura 15. Alguns trabalhos realizados pelas crianças. ....................................................... 50
Figura 16. Apresentação do cantinho móvel - A Magia nas Mãos. ..................................... 51
Figura 17. Móvel em diferentes perspetivas....................................................................... 52
Figura 18. Realização da 1ª tarefa - "A Natureza". ............................................................. 55
Figura 19. Realização da 2ª Tarefa - "O Recreio da minha escola". .................................... 58
Figura 20. Realização da 3ª Tarefa - "A nossa cantina". ..................................................... 60
Figura 21. Realização da 4ª Tarefa - "O retrato da minha família". .................................... 63
Figura 22. Desenvolvimento da atividade "Economizar com a Expressão Plástica". .......... 68
Figura 23. Desenvolvimento da atividade "Mão Gigante". ................................................. 72
ix
LISTA DE GRELHAS
Grelha 1.Grelha de observação da atividade nº1 referente ao conto do livro: "O Ponto". ............ 46
Grelha 2. Evidências do grupo face ao material didático…………………………………………………….……….53
Grelha 3. Resultados obtidos no decorrer da atividade 2 - 1ª tarefa……………………………………..…….56
Grelha 4. Resultados obtidos no decorrer da atividade 2 - 2ª tarefa. ............................................. 59
Grelha 5. Resultados obtidos no decorrer da atividade 2 - 3ª tarefa. ............................................. 61
Grelha 6. Resultados obtidos no decorrer da atividade 2 - 4ª tarefa. ............................................. 64
Grelha 7. Resultados obtidos na atividade nº 3 "Economizar com a Expressão Plástica". .............. 69
Grelha 8. Resultados obtidos na atividade nº 4 "Mão Gigante". ..................................................... 73
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Caracterização dos participantes do estudo. ...................................................... 31
Tabela 2. Respostas obtidas à questão: "O que vais desenhar?". ...................................... 48
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
M- Mãe
P- Pai
PES- Práticas de Ensino Supervisionada
OCEPE- Orientações Curriculares Ensino Pré-Escolar
PP- Par Pedagógico
2
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
No âmbito da unidade curricular Prática de Ensino Supervisionada, insere-se
este relatório final intitulado por “A Magia nas Mãos no Pré-Escolar”. O presente
trabalho consiste num estudo realizado num contexto educativo onde realizei a Prática
de Ensino Supervisionada (PES) que me permitiu observar, refletir e intervir no
desenvolvimento das crianças do ensino pré-escolar. O contexto educativo da PES é
um jardim-de-infância pertencente ao agrupamento Monte da Ola do concelho de
Viana do Castelo. Os participantes têm idades compreendidas entre os 3 e os 4 anos.
Através das observações realizadas no referido contexto, surgiu o problema de
investigação que está na base deste estudo - verificámos que algumas crianças, na
realização de tarefas de expressão plástica, revelam alguma indiferença no desenrolar
de alguns trabalhos desenvolvidos. Nestas observações tive a oportunidade de
verificar ainda comportamentos como a não conclusão de alguns desenhos, a falta de
cuidado na apresentação dos mesmos quando estes não são acompanhados por um
adulto, demonstrando uma dependência significativa no acompanhamento dos
trabalhos desta natureza – expressão plástica.
Neste contexto e partindo dos interesses e necessidades das crianças, pretendo
com este projeto dar resposta à referida necessidade encontrada, promovendo
atividades que permitam promover o gosto e a motivação nas crianças relativamente
aos trabalhos plásticos. Desta forma, definimos a seguinte questão de investigação a
que pretendemos dar resposta: “Como promover o gosto e a motivação nas crianças
relativamente aos trabalhos no âmbito da expressão plástica?”.
Os objetivos gerais da PES e simultaneamente deste projeto são: promovera
motivação nas crianças; perceber de que forma é que o educador deve intervir nos
trabalhos plásticos; promover o gosto nos trabalhos realizados; incentivar à
preservação dos materiais e dos trabalhos desenvolvidos; e perceber que com a
expressão plástica podemos construir materiais pedagógicos que poderão ser
rentabilizados noutros domínios e áreas, como a expressão musical, expressão motora
e a expressão dramática.
Seguidamente, apresentamos o enquadramento da PES II, onde focamos a
caracterização do contexto educativo em questão, bem como a caracterização do
3
grupo envolvido neste estudo. Neste capítulo serão também apresentadas as
características do espaço físico e o funcionamento da instituição e da sala de
atividades onde decorreu este projeto.
Na segunda parte deste trabalho, mencionamos a investigação efetuada onde
nos sustentamos na problemática/necessidade detetada, especificamos a origem
desta temática, traçamos os objetivos deste estudo e ainda a questão de investigação.
Assim, no enquadramento teórico, apoiamo-nos em diferentes autores para a
exploração dos seguintes subtemas:
A Expressão nas Artes Plásticas;
O contributo do adulto;
Criatividade;
A importância da expressão plástica na educação pré-escolar.
Posteriormente, descrevemos a metodologia utilizada e a análise e
interpretação dos dados adquiridos com este estudo. Neste sentido a metodologia
utilizada é a investigação-ação, pois todo este projeto é desenvolvido nas intervenções
e contém um acompanhamento ativo do investigador, onde pretende dar resposta à
questão de investigação e assim obter a compreensão dos factos e não à análise
estatística.
Os instrumentos de recolha de dados utilizados serão as notas de campo, os
registos audiovisuais, observação e entrevistas.
Já na terceira parte deste relatório são patenteadas as conclusões do
desenrolar de todo o trabalho e referidas as colaborações do mesmo face à minha
realização pessoal.
Por fim, é apresentada uma reflexão sobre a experiência realizada em PES I e
PES II, onde efetuamos uma análise de todos os acontecimentos vivenciados.
4
CAPÍTULO II - CARACTERIZAÇÃO DO CONTEXTO EDUCATIVO
Neste capítulo é apresentada a caracterização do contexto educativo onde
estive inserida durante o estágio desenvolvido na PES II. Aqui destacamos os recursos
humanos, as características estruturais, a caracterização da instituição, e da sala de
atividades onde decorreu este projeto.
Por fim, referimos a caracterização do grupo nas diferentes áreas e domínios.
2.1 Caracterização do Meio
A freguesia onde este contexto educativo se insere situa-se no concelho de
Viana do Castelo, mais propriamente na margem do rio Lima.
O ramo da agricultura é o que mais se destaca neste meio, pois apresenta uma
percentagem bastante considerável - cerca de 40 % da população dedica o seu tempo
ao cultivo de produtos hortícolas e na produção vinícola. Neste modo de vida é
recorrente e tem como objetivo ajudar no orçamento familiar. (Censos, 2011) Também
predomina o setor industrial e os serviços públicos.
Esta freguesia arrecada algum índice de emigração, no qual os destinos mais
comuns são Espanha e Andorra. A população pode orgulhar-se da existência de um
património natural e ecológico de que usufrui, o qual é devidamente valorizado e
reconhecido pelas freguesias vizinhas. (Censos, 2011)
Quanto ao nível cultural, reconhece-se uma aposta na instrução para um maior
enriquecimento dos habitantes.
Relativamente ao contexto da sala de atividades, interveniente neste projeto,
verificámos que poucos são os encarregados de educação que possuem a escolaridade
obrigatória.
Para finalizar, destacámos o artesanato como uma prática bastante respeitada
por toda esta população, onde dão ênfase à cestaria em vime - um dos potenciais
focos turísticos da freguesia, bem como o conhecido pão de milho com um sabor
particular.
5
2.2 Caracterização do Jardim-de-infância
O jardim-de-infância onde decorreu este projeto está inserido no agrupamento
de escolas do Monte da Ola, situado no Concelho de Viana do Castelo. Este contexto
escolar partilha o mesmo espaço que a Escola do 1º ciclo do Ensino Básico, é composto
por duas salas de atividades (figura 1) abarcando39 crianças.
Os horários de funcionamento do Jardim de Infância estão compreendidos
entre as 9h:00 e as 15h:30. Também possui, de um prolongamento de horário até às
18h:30frequentado por 50% das crianças.
O jardim-de-infância em questão é um edifício um pouco antigo, o qual foi
objeto de algumas intervenções que resultaram, entre outros aspetos, na ampliação
do espaço, melhorando condições de utilização para os diferentes intervenientes.
Desta forma, este goza de um ótimo espaço de recreio (figura 2) composto por vários
espaços verdes e jogos pintados no chão, o que potencia uma dinamização no espaço
exterior nos momentos de jogo livre.
Figura 1. Sala de atividades: sala 1 e sala 2
6
Este edifício é constituído por dois andares, onde no rés-do-chão existe uma
sala destinada ao prolongamento de horário (figura 3), uma biblioteca (figura 4), duas
salas de reuniões para as educadoras (figura 5), um polivalente (figura 6), uma cantina
(figura 7) e duas salas de atividades.
É de salientar que o polivalente, a biblioteca e a cantina são espaços de uso
comum para o pré-escolar e a escola do 1º ciclo, com capacidade para aglomerar toda
a população escolar.
Em relação ao piso superior do edifício, este destina-se ao ensino básico que
concilia quatro salas de aula, uma instalação sanitária e ainda uma sala de reuniões
para os docentes.
Figura 2. Recreio
8
2.3 Recursos Humanos
Este jardim-de-infância dispõe de três educadoras onde uma se encontra a
desempenhar funções administrativas, contém ainda quatro assistentes operacionais
onde duas delas estão presentes nas salas de atividades e ficam responsáveis pelas
crianças na parte da manhã. As outras duas assistentes operacionais ficam encarregues
das crianças na parte da tarde incluindo o horário do prolongamento.
Neste jardim-de-infância existem ainda duas cozinheiras diárias que
confecionam as refeições das crianças.
2.4 Caracterização da Sala de Atividades
As salas de atividades encontram-se organizadas de forma a potenciarem às
crianças o bem-estar necessário para se movimentarem e realizarem as mais diversas
tarefas. Relativamente à sala de atividades em questão, esta oferece boas condições
para uma melhor aprendizagem das crianças, sendo composta por vários materiais e
diferentes áreas.
Um dos aspetos mais favoráveis deste espaço é gozar da luz natural, o que
oferece um ambiente agradável às crianças. A mesa de trabalho está disposta em
forma de “T”, possibilitando uma boa visibilidade a todas as crianças, favorecendo
bons momentos de convívio. Esta mesa destina-se à concretização de trabalhos e
diálogos feitos em grande grupo, enquanto outra mesa de dimensões inferiores se
destina à realização dos jogos de mesa e de atividades de pintura (figura 8).
Figura 7. Cantina Figura 6. Polivalente
9
Junto a uma das partes laterais da sala de atividades, local onde existe luz
natural, encontram-se os três cantinhos - o cantinho da biblioteca (figura 9), o
cantinho dos jogos de chão (figura 10) e o cantinho da casinha (figura 11).
Dispõe também de um quadro magnético (figura 12), utilizado para atividades
de rotinas diárias. Nesta sala existe também um lavatório (figura 13) disponível para as
crianças lavarem as mãos sempre que realizarem alguma atividade que o exija.
Figura 4. Planta da Sala de Atividades 2.
Figura 10. Jogos de chão Figura 11. Cantinho da casinha Figura 9. Cantinho da biblioteca
Figura 12. Quadro Magnético Figura 13. Lavatório da sala 2
10
2.5 Caracterização do grupo
Este projeto desenvolveu-se num grupo de vinte e duas crianças em que 8 são
do género feminino e 14do género masculino, sendo todas elas naturais do concelho
de Viana do Castelo.
Para que o educador se oriente e explore todas as áreas e domínios úteis para o
desenvolvimento da criança, existem as Orientações Curriculares para a Educação Pré-
Escolar, estas encontram-se organizadas por três áreas - Área de Formação Pessoal e
Social, Área do Conhecimento do Mundo e Área da Expressão e Comunicação. No
entanto, esta última área referida é composta por seis domínios, o da linguagem oral e
abordagem à escrita, o da matemática, da expressão plástica, expressão musical,
expressão dramática e por último expressão motora.
Posto isto, passamos à caracterização do grupo de participantes deste estudo
quanto a estas áreas e domínios, tendo como objetivo situar o nível de
desenvolvimento destas crianças.
Na área de formação pessoal e social este grupo revela-se capaz de estabelecer
uma relação amigável entre eles e entre os adultos. É de salientar, o respeito e
empenhamento que o grupo tem tanto pelas regras estabelecidas pela educadora na
sala de atividades e pelas rotinas diárias.
Tendo como base este comportamento autónomo por parte das crianças, a
orientadora sente necessidade de propor algumas tarefas que suscitam a autonomia
de cada criança, pois “favorecer a autonomia da criança e do grupo assenta na
aquisição do saber-fazer indispensável à sua independência e necessária a uma maior
autonomia, enquanto oportunidade de escola e responsabilização.” (OCEPE, 1997,
p.53)
Ao nível da partilha, algumas crianças apresentam dificuldade nomeadamente
nos momentos de brincadeira livre, onde se criam conflitos, particularmente no sexo
masculino em partilhar os seus brinquedos.
Relativamente à área do conhecimento do mundo, denota-se uma curiosidade
e vontade por saber mais e descobrir coisas novas. Isto é fruto de uma estimulação
cuidadosa no ambiente familiar em que os encarregados de educação despertam esse
desejo no seu educando.
11
“A curiosidade natural das crianças e o seu desejo de saber é a manifestação da
busca de compreender e dar sentido ao mundo…” (OCEPE, 1997, p.79) Desta forma, e
segundo as orientações curriculares, todas as áreas de conteúdo constituem, de certo
modo, formas de conhecimento do mundo.
Este grupo é bastante participativo quando deparado com experiências
científicas, revelando uma participação pertinente, provando todos os conceitos
científicos a que estas crianças têm conhecimento e estão habituadas a lidar. Aqui,
realçamos novamente o excelente acompanhamento e incentivo que as crianças
trazem de casa.
Relativamente à preservação do ambiente, este grupo apresenta
frequentemente atitudes de preocupação ao separar o lixo, ou seja, quando sentem
alguma dificuldade na colocação dos resíduos na cor do saco do lixo correto,
procurando ajuda, não partindo de imediato para o comportamento de desinteresse
de colocar o lixo num lugar qualquer.
Quanto à higiene pessoal existem crianças mais rigorosas que outras, em que
mal terminam o seu trabalho vão por iniciativa própria lavar as mãos. A higiene oral é
um hábito de que este grupo não usufrui no jardim-de-infância, porém surgem alguns
comentários de algumas crianças que revelam que a seguir ao almoço querem ir lavar
os dentes. Este comportamento comprova a rotina de higiene que seguem fora do
contexto escolar.
Já a nível da área de expressão e comunicação, a criança pode mostrar o seu
desenvolvimento através de várias vertentes como motora, plástica, musical,
dramática, matemática e linguagem oral e abordagem à escrita.
“Ao entrar para a educação pré-escolar a criança já possui algumas aquisições
motoras básicas, tais como andar, transpor obstáculos, manipular objetos, manipular
objetos de forma mais ou menos precisa.” (0CEPE, 1997, p. 58) Este grupo não
apresenta qualquer dificuldade em exercer as aquisições mencionadas, mostrando-se
bastante desenvolvido ao desempenhar algumas delas como por exemplo, na
manipulação de objetos.
Neste domínio, este grupo apresenta um entusiasmo um pouco diferente de
quando se trata de outras áreas ou domínios. Este fator deve-se às crianças se
encontrarem num espaço que lhes suscita mais liberdade de expressão, o que acaba
12
por proporcionar uma excitação extra por parte do grupo em geral. No entanto, e
embora tenham conhecimento as regras de saber estar neste local (polivalente), estas
crianças mostram por vezes alguma inquietação, perturbando do mesmo modo as
sessões, porém quando voltam à normalidade executam corretamente os movimentos
corporais que lhes são pedidos e interiorizam facilmente a explicação de um jogo, mas
é sempre necessário executar uma simulação do jogo.
Quanto à motricidade fina, este grupo apresenta claramente dificuldades na
agilidade a pegar na tesoura condicionando o recorte e também a pouca agilidade a
pegar no lápis que dificulta a atividade de pintar entre linhas. Todavia, isto não se
reflete no grupo todo, apenas numa pequena percentagem onde as restantes crianças
são capazes de executar tudo isto dentro dos possíveis adequando à faixa etária do
mesmo.
No domínio da expressão dramática este grupo mostra preferência nas
representações do seu quotidiano oferecendo assim “…diferentes possibilidades “fazer
de conta”, permitindo às crianças recriar situações da sua vida quotidiana, situações
imaginárias…” (OCEPE, 1997, p.60)
Para este grupo de crianças a área de preferência é a área da casinha onde
recriam situações do seu próprio quotidiano, reconhecendo os membros da família
através de dramatizações como o papel de “mãe”, “pai”, de “tio” e entre outros.
No domínio da linguagem oral e abordagem à escrita, este grupo revela uma
boa capacidade de aquisição do vocabulário. Conseguem dialogar corretamente com
os colegas e com os adultos utilizando até expressões mais formais, para o nível de
escolaridade que se encontram.
Uma pequena percentagem de crianças (seis) sabem escrever o seu nome, no
entanto todo o restante grupo identifica a imagem do seu nome conseguindo assim
reconhecê-lo.
Existem três crianças que apresentam muita dificuldade na articulação das
palavras, sendo já aconselhado aos encarregados a intervenção de um terapeuta da
fala para solucionar este problema.
Estas crianças sabem explorar muito bem o carácter lúdico que esta expressão
apresenta, ou seja, demonstram prazer em lidar com as palavras, em inventar sons e
descobrir as relações entre elas, “ao fazer, este domínio, referência à abordagem à
13
escrita pretende-se acentuar a importância de tirar partido do que a criança já sabe,
permitindo-lhe contactar com as diferentes funções do código escrito.” (OCEPE, 1997,
p.65)
As OCEPE (1997) defendem que a expressão musical “…está intimamente
relacionada com a educação musical que se desenvolve, na educação pré-escolar, em
torno de cinco eixos fundamentais: escutar, cantar, dançar, tocar e criar.” (p.64) Neste
domínio o grupo é capaz de encontrar o silêncio para facilitar a tarefa de escutar uma
canção ou um som característico.
Relativamente ao canto, não apresentam qualquer dificuldade ao citar as
músicas que diariamente cantam nas rotinas e outras músicas inseridas em algum
contexto de implementação, articulando bem as palavras destas.
Quanto ao tocar e criar, este grupo teve oportunidade de construir
instrumentos musicais, nomeadamente “maracas”, e através de um exercício
mostraram competências para distinguir e separar bem os movimentos rápidos e
lentos assim como o som forte e fraco.
O domínio da matemática, é trabalhado diariamente nas rotinas diárias, pois
“as atividades inerentes à organização do grupo como saber quem está e quem falta,
preencher um quadro de presenças ou de atividades relacionam-se com a
matemática…” (OCEPE, 1997, p.75)
Demonstram ainda capacidades para dar continuidade a um padrão já iniciado
pelo adulto, percebendo rapidamente a sequência que ali está representada.
Identificam também as diferentes formas geométricas tratando-as pelos nomes
científicos corretos que encontram nos jogos de mesa, de chão, como os leggos, o
geoplano e os jogos lógicos.
Em suma, algumas crianças já efetuam corretamente a contagem numérica até
vinte, no entanto a maior percentagem do grupo só conta na perfeição até quinze.
Tendo em conta o domínio da expressão plástica, este é um grupo que revela
também muita preferência para a realização do desenho, onde qualquer tempo livre
que tenham optam muito pela atividade de desenho livre, no entanto, as orientações
curriculares defendem que “…o desenho é uma forma de expressão plástica que não
pode ser banalizada, servindo apenas para ocupar o tempo.” (OCEPE, 1997, p.61)
14
Neste caso são as próprias crianças que não permitem que os seus desenhos
não sejam valorizados e tomam como iniciativa descrever junto de um adulto o que
desenhou mostrando vontade em ver o seu trabalho exposto na sala de atividades.
Esta carência face aos trabalhos de expressão plástica realizados bem como o descuido
nos trabalhos desenvolvidos nomeadamente na conclusão e aparência dos mesmos
são fatores a superar neste grupo de participantes.
Quanto às outras técnicas que esta expressão nos oferece - colagem, pintura e
modelagem, este grupo revela muito entusiasmo no manuseamento dos materiais que
estas técnicas implicam e revelam bastante criatividade. As expressões das crianças ao
contactarem com trabalhos realizados através da técnica da colagem e modelagem
onde obtêm um objeto de três dimensões, são deveras evidências do prazer sentido.
No final das atividades, é um grupo que ajuda a preservar os materiais
colocando os pincéis num copo de água e limpando a mesa de trabalho com um pano
húmido, demonstrando preservação pelo material utilizado.
2.6 Implicações e limitações do contexto na aplicação do projeto
Relativamente às limitações do contexto educativo onde este projeto se
desenrolou, apenas temos a referir que quando as condições atmosféricas não
possibilitam às crianças gozarem do espaço exterior disponível no jardim-de-infância,
nos momentos de intervalo, estas têm que se deslocar para o polivalente. Desta forma,
embora este espaço potencie as condições necessárias para um número vasto de
crianças, estas sentem alguma dificuldade e impaciência em permanecer nesse local
durante um longo período de tempo.
16
CAPÍTULO I - ENQUADRAMENTO DO ESTUDO
Neste capítulo é apresentado o enquadramento do estudo bem como outros
aspetos relevantes sobre este estudo. É efetuada uma referência à contextualização e
pertinência do estudo; à problemática do estudo; à questão de investigação e aos
objetivos deste trabalho e à sua organização.
1.1. Contextualização e pertinência do estudo
O presente projeto “A Magia nas Mãos no Pré-Escolar” desenvolve-se no
âmbito da Prática de Ensino Supervisionada (PES), do Mestrado em Educação Pré-
Escolar.
Trata-se de um trabalho realizado num contexto de jardim-de-infância segundo
o qual se explora a expressão plástica. A origem deste projeto partiu de uma
observação e reflexão sobre as atitudes de um grupo de crianças onde verificámos a
importância de apelar a atividades deste domínio com crianças do pré-escolar, uma
vez que, algumas crianças revelam alguma despreocupação face aos resultados dos
seus trabalhos de expressão plástica, bem como por muitas vezes não se preocupam
coma conclusão dos mesmos.
A presença da educação artística no quotidiano de uma criança potencia quer a
sua componente sensorial como a cognitiva e coloca a criança mais perto do conceito
de arte, o contacto com a educação artística, desenvolve na criança a capacidade de se
expressar artisticamente. Segundo esta perspetiva, diferentes autores defendem que é
algo que se desenvolve e que deve ser estimulada desde cedo.
Segundo Oliveira (2007) a arte, enquanto objeto de estudo e através de
diversas observações realizadas torna-se um meio de desenvolvimento da
expressividade e até mesmo da construção artística por parte das crianças.
Neste sentido, e remetendo este assunto para a educação pré-escolar,
distinguimos a área das expressões como a mais privilegiada para as vivências criativas
das crianças porém, o educador ou investigador deve permitir uma abertura e
recetividade às criações das crianças pois estas de certa forma emergem o que a
17
própria criança é, o que ela sente, o que aprecia e sobretudo a sua perspetiva sobre
diversos pontos de vista.
As Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar defendem que não só
é importante proporcionar à criança momentos de exploração plástica como também
se deve fazê-lo através da “ interação das crianças durante as atividades de expressão
plástica e a realização de trabalhos por duas ou mais crianças são ainda meios de
diversificar as situações, pois implicam uma resolução conjunta de problemas ou um
planeamento perfeito em comum…” (OCEPE, 1997, p.62)
Optei por realizar um projeto que abrangesse o domínio da expressão plástica,
pois tal como Golton e Clero (1976) consideram, o jardim-de-infância é um espaço
facilitador de aprendizagens onde
“…a criança é criadora e gosta de inventar, se tudo deve ser posto em ação
para favorecer as suas possibilidades de criação, é simplesmente porque a capacidade criadora constitui uma necessidade biológica, cuja satisfação é absolutamente necessária para o desenvolvimento ótimo do ser humano em crescimento”. (p.42)
1.2. Problemática do estudo
Este estudo parte das observações e reflexões realizadas no decorrer da PES,
onde foi detetada uma necessidade de intervenção. Esta diz respeito ao facto de
alguns dos intervenientes, deste estudo, apresentarem alguma carência face aos
trabalhos de expressão plástica realizados onde em alguns casos evidenciam um certo
descuido nos trabalhos desenvolvidos, nomeadamente, na conclusão e aparência dos
mesmos.
Neste contexto, considerámos pertinente explorar a expressão plástica com
este grupo de crianças do pré-escolar de modo a superar as lacunas inicialmente
diagnosticadas. Para isso as atividades realizadas tiveram como ponto de partida o
cantinho móvel - A Magia nas Mãos.
18
1.3. Questão de Investigação
Com base na problemática anteriormente evidenciada, definimos a seguinte
questão de investigação deste estudo:
“Como promover o gosto e a motivação nas crianças relativamente aos
trabalhos no âmbito da expressão plástica?”
1.4. Objetivos de Investigação
De modo a dar resposta à questão de investigação formulada em prol deste
estudo e reconsiderando a importância da motivação das crianças para a realização
das atividades sugeridas no decorrer deste trabalho, definimos os seguintes objetivos
direcionados a crianças com idades compreendidas entre os 3 e os 4 anos de idade:
Promover a motivação nas crianças;
Perceber de que forma é que o educador deve intervir nos trabalhos plásticos;
Promover o gosto nos trabalhos realizados;
Incentivar à preservação dos materiais e dos trabalhos desenvolvidos;
Perceber que com a expressão plástica podemos construir materiais
pedagógicos para utilizar nos outros domínios e áreas, como a música,
motricidade e dramática.
1.5. Organização do estudo
Na segunda parte deste trabalho incidem cinco capítulos fulcrais para o estudo.
O primeiro diz respeito ao enquadramento do estudo onde se aborda a problemática
do estudo; as questões de investigação e a pertinência do estudo bem como a sua
organização.
No segundo capítulo faz-se referência ao enquadramento teórico onde são
apresentadas perspetivas de diversos autores relativamente à Expressão nas Artes
19
Plásticas; ao contributo do adulto; à criatividade e à importância da expressão plástica
na educação pré-escolar.
No terceiro capítulo apresentamos a metodologia adotada neste estudo, onde
abordamos o método de investigação-ação, os instrumentos de recolha de dados, o
plano de ação realizado, a descrição das atividades, a triangulação dos dados e as
questões éticas. Já no quarto capítulo contemplamos a análise e interpretação dos
resultados obtidos.
Por fim, no quinto capítulo deste projeto fazem parte as conclusões do estudo
com base na análise, discussão e tratamento dos dados.
20
CAPÍTULO II - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No presente capítulo referenciamos o enquadramento teórico deste estudo
onde foi realizada uma pesquisa face a diversos autores que defendessem o assunto
integrador deste estudo. Assim, uma vez diagnosticada a necessidade de desenvolver
atividades de cariz plástico e devido a se considerar fundamental esta abordagem com
crianças do ensino pré-escolar, aprofundamos os seguintes temas em que esta
fundamentação teórica se baseia.
2.1. A Expressão nas Artes Plásticas
Segundo Sousa (2003), quando um adulto observa e avalia um trabalho plástico
de uma criança não deve ter como objetivo avaliar a arte que está presente nesse
trabalho, o que infelizmente é um fator que está presente em muitos adultos e
acabam por desvalorizar estes trabalhos das crianças.
O adulto gosta de avaliar a obra em si que se encontra representada num
determinado trabalho, e não estabelece como objetivo avaliar o conteúdo emocional e
sentimental que esteve presente no ato daquela criança. Assim, o adulto devia ter
consciência que quando uma criança desenha por exemplo, não está em causa como
ela o faz, mas sim interessa que esta criança o fez e utilizou a expressão para exprimir
os seus sentimentos.
Um dos erros que os adultos cometem, é tentar incutir nas crianças desde
muito cedo a ideia da perfeição técnica, ou seja, que a criança desenhe bem ou que
faça pinturas bonitas. Contudo, não deveria ser assim o comportamento do adulto, ou
seja, este devia adotar o método de exploração livre por parte da criança para que esta
desenvolva a sua criatividade e imaginação.
“Através da expressão livre, a criança não só desenvolve a imaginação e a sensibilidade, como também aprende a conhecer-se e a conhecer os outros, aceitando e respeitando a autenticidade de cada um ou o modo pessoal como cada um se exprime de acordo com as suas ideias, sentimentos e aspirações.” (Sousa, 2003, p.169)
21
Quando falámos em Educação Artística nas escolas, devemos ter em conta que
esta deve permitir que a criança se exprima livremente, de forma a exteriorizar os seus
sentimentos, ideias e emoções.
É através das cores e das formas que as crianças utilizam que a expressão
plástica não se limita a comunicar apenas mensagens convencionais, mas também algo
que pode ser muito pessoal para a criança.
Segundo Rodrigues, 2002, a garatuja ou o prazer de riscar sobre grandes
superfícies é a primeira manifestação gráfica da criança que aproximadamente desde
os 18 meses até cerca dos 3 anos de idade faz traçados instintivos, movimenta o braço,
o antebraço e o corpo todo. De acordo com a capacidade psicomotora a garatuja
revela, desde logo, as potencialidades expressivas da personalidade infantil. Nesta
perspetiva, afirma-se que há garatujas violentas ou débeis, agressivas ou calmas,
expansivas ou retraídas, não se devendo esquecer que o tipo de material utilizado
influencia na expressão do grafismo.
Se os primeiros rabiscos são instintivos e, por vezes, descontrolados, numa fase
posterior a criança faz grafismos mais controlados, mais minuciosos e intencionais,
segundo uma ideia ou emoção puramente subjetiva, passando a movimentar também
os dedos das mãos.
É através da emoção, sensibilidade e imaginação criativa que as crianças
pintam, modelam. Quando falamos no mundo plástico da criança não podemos fazer
uma ponte de comparação com o mundo plástico do adulto pois o da criança tem
características próprias e, se existem afinidades, são mais aparentes que reais.
A criança revela uma linguagem gráfica e cromática com características
próprias da sua expressão pessoal através da sua expressão plástica. A criança desde
cedo consegue manifestar um prazer lúdico de brincar, cantar, pintar e entre outras
atividades plásticas, e é assim que consegue desenvolver algumas das suas
capacidades físicas e intelectuais.
Quando uma criança toma a iniciativa de pintar ou desenhar, não o faz com a
intenção de criar uma obra para ser avaliada ou contemplada pelos adultos, aqui o
objetivo da criança é transmitir para o papel o seu inconsciente mais profundo.
22
A criança quando realiza uma criação plástica consegue encontrar essa mesma
criação a oportunidade de expressar algumas das suas emergências psicológicas que
por outras vias seriam mais difíceis de exteriorizar.
Quando um desenho é observado, não interessa o que a criança desenhou,
nem como ela o fez, mas sim qual a intenção que a criança teve para fazer esse
desenho.(Sousa, 2003)
A criança quando opta por desenhar uma pessoa e depois uma casa, sendo a
pessoa maior que a casa, está a expressar que aquela pessoa pela dimensão que
apresenta possui para ela maior importância do que a casa. As dimensões de um
determinado objeto desenhado representam a importância que tem no conceito da
criança e não a quaisquer perspetivas visuais da realidade.
A criança pode utilizar o desenho para chamar a atenção do adulto, ou seja,
efetua um desenho horrível com cores e padrões escuros de modo a mostrar a sua
revolta.
Após a conclusão de trabalhos plásticos das crianças é importante que estes
façam parte da exposição da escola ou simplesmente afixados nas paredes das salas de
atividades, para que as crianças centrem a sua atenção no produto final e não só
quando estão a realizar esse produto.
Para proporcionar à criança a mais elevada possibilidade de expressão e de
criação deve-se colocar à disponibilidade da mesma materiais da melhor qualidade
para assim lhes proporcionar de igual modo um desenvolvimento equilibrado de
personalidade de um ser, neste caso, de uma criança.
Numa perspetiva de Eisner (1972), a arte é uma forma de ampliar a nossa
consciência e esta pode ainda contribuir para um redescobrir um mundo a nível visual.
Este autor defende também que a arte é uma oportunidade única de vivenciar
experiências e diferentes culturas, proporcionando à educação o que outros âmbitos
não proporcionam.
Dewey, citado por Canelhas (2009), refere que as experiências estéticas
favorecem a entrada a novos horizontes, facultando vivências de cariz artístico que,
num jardim-de-infância “poderão ser um meio de criar, fundamentar e desenvolver
um positivo crescimento humano.” (p.36) O mesmo autor salienta uma visão de
23
Dewey face à importância das interações e dos sentimentos, relacionando estes
fatores com experiências estéticas educativas.
2.2. O contributo do Adulto
Na perspetiva de Sousa (2003), quando as crianças recorrem aos adultos para
pedir alguma ajuda em determinado trabalho, é porque esta se encontra interessada
em chamar atenção do adulto. Porém, o adulto normalmente tem tendência a
cometer aqui um erro quando se dirige à criança e lhe solicita o pedido, porque
tomamos como exemplo, quando uma criança pede ao adulto ajuda num desenho de
uma flor, o adulto tem tendência a realizar o trabalho pela criança passando a
desenhar-lhe a flor.
Aqui o adulto está a ter uma solicitação relacional da criança, mas de um modo
que a irá inibir posteriormente, na sua experimentação plástica. Mesmo que esta ajuda
por parte do adulto seja mínima, acaba por transformar a obra estranha para a criança
que deveria ser a única autora do desenho.
Quando a criança tem oportunidade de fazer uma criação livre, normalmente
esta não necessita de qualquer ajuda, pois não tem qualquer dificuldade na execução
dos traçados pelos quais expressa os seus sentimentos e pensamentos.
Segundo Sousa (2003), para estes e muitos outros aspetos da expressão, o
professor tem um papel fundamental em despertar a sensibilidade do aluno. Os
adultos em geral e os professores em particular têm uma tendência muito forte em
efetuar julgamentos sob os trabalhos realizados pelas crianças, esquecendo-se que ao
investirem-se do papel de juízes despem-se do papel de educadores. O julgamento não
é um ato pedagógico, um juiz não é um educador e um tribunal é muito diferente de
uma escola.
Segundo Lewen citado por Sousa (2003), o papel do adulto é compreender que,
enquanto trabalha, a criança está a adquirir competências importantes para o seu
desenvolvimento. Este deve também apreciar o esforço da criança quando esta
consegue expressar a sua própria experiência.
O encorajamento do espírito de liberdade, que nasce da própria necessidade
da criança se expressar por si mesma, deve ser tida em conta pelo adulto.
24
2.3. Criatividade
Toda a criança tem um dom artístico que advém de qualquer capacidade
especial mesmo que insignificante, mas estas devem ser encorajadas como atributo
para a riqueza infinita da vida em comum.
Segundo Martins e Silva (2003), quantas mais experiências se proporcionar às
crianças mais hipóteses estas têm de ser ainda mais criativas. O importante é que se
proporcione à criança liberdade para que esta crie procurando não interferir
diretamente nos trabalhos plásticos que ela própria realiza.
“Deixe a criança conduzir o seu próprio trabalho com espaço para criar. Ou seja, para uma criança um sol pode ser quadrado, não ter raios e ser azul e essa escolha tem de ser respeitada. O nosso papel será o de colocar questões no sentido de fazer a criança refletir sobre o seu trabalho. Dessa reflexão resulta crescimento.” Martins e Silva (2003, p.15)
Sobre o mesmo contexto, Lowenfeld (1977) defende que
“O próprio ato de criar pode fornecer-lhe novos vislumbres, novas perspetivas e nova compreensão para a ação futura (...). Proporcionar-lhes a oportunidade de criar, constantemente, com os conhecimentos que possua nesse período é a melhor preparação para o futuro ato criador.” (p.16)
A criatividade é a principal fonte de inovação, que por sua vez é considerada o
principal motor de crescimento e riqueza, enquanto fator fundamental para melhorias
no domínio social e instrumento essencial para enfrentar desafio.
A criatividade, segundo Eça (2009), requer um espaço, raro nas escolas dirigidas
por objetivos, que dificilmente poderão deixar entrar o acidental nas descobertas não
esperadas.
“Criatividade poderá ser um processo mental pelo qual o sujeito produz informação que não possuía (Guilford, 1986); (…). Numa perspectiva que encara a criatividade como resolução de problemas, ela pode ser definida como a descoberta de novas e significativas conexões, o uso de vários pontos de vista e a selecção de alternativas (Isaksen Parnes, 1985) (…) Pensando na criatividade como apenas atribuível a produtos altamente inovadores, ela será (…); a capacidade de produzir ideias novas, insights, reestruturações, invenções ou objectos artísticos que são aceites por peritos como tendo valor científico, estético ou social (Vernon, 1989);(…)” (Morais, 2001, pp. 34-35).
25
Guilford citado por Ribeiro (2002), o pioneiro dos estudos sobre a criatividade,
identificou como aptidões cognitivas a fluidez (ou abundância de ideias), a
flexibilidade, a originalidade, a elaboração, a sensibilidade (para os problemas), a
redefinição do objeto, a aptidão para simplificar e a aptidão para lidar com a
complexidade. Entende ainda a criatividade, como uma característica comum de
pessoas comuns que pode ser desenvolvida com estratégias adequadas. Apesar das
ideias de Guilford terem impulsionado meio século de investigação sobre esta
temática, há ainda entre os profissionais da educação quem circunscreva a criatividade
ao domínio específico das artes e a pessoas especiais.
2.4. A importância da expressão plástica na educação pré-escolar
Segundo Formosinho (2004) “(…) a educação pré-escolar tem sido mais ou
menos consonante com a ideia da aprendizagem por meio da brincadeira e com a
valorização de experiências significativas.” (p.118). Só este tipo de experiências
proporcionará um bom desenvolvimento da criança, que influenciará todo o seu
percurso.
É de realçar que na Área da Expressão Plástica enquanto que
“amassam, mexem, enrolam, cortam, furam, torcem e dobram materiais, as
crianças em idade pré-escolar aprendem a criar e observar mudanças: encaixar coisas, separá-las, ordená-las, combiná-las e transformá-las (…) O seu principal interesse reside no processo de experimentação, mais do que nos resultados da experimentação” (Hohmann, Banet e Weikart, 1987).
Assim sendo, a educação pré-escolar cria condições para o sucesso da
aprendizagem de todas as crianças, na medida em que promove a sua auto estima e
autoconfiança e desenvolve competências que permitem que cada criança reconheça
as suas possibilidades e progressos. (OCEPE, 1997)
A expressão plástica implica um controle da motricidade fina que se relaciona
com a expressão motora, mas recorre a materiais e instrumentos específicos e a
códigos próprios que são mediadores desta forma de expressão. (OCEPE, 1997)
26
No domínio da expressão plástica encontramos os meios para a criança
exteriorizar o que pensa e comunicar o que pretende, através de uma forma particular,
aqui, apela-se à criatividade.
A iniciativa para a realização de atividades de expressão plástica deve partir da
própria criança e, são as situações educativas geradas pelo educador que motivam o
envolvimento dos mais pequeninos na exploração e realização de trabalhos propostos.
(OCEPE, 1997)
A expressão plástica enquanto meio de representação e comunicação pode ser
da iniciativa da criança ou proposta pelo educador, partindo das vivências individuais
ou de grupo. Recriar momentos de uma atividade, aspetos de um passeio ou de uma
história, são meios de documentar projetos que podem ser depois analisados,
permitindo uma retrospetiva do processo desenvolvido e da evolução das crianças e
do grupo, servindo também para transmitir aos pais e comunidades o trabalho
desenvolvido. (OCEPE, 1997)
A educação artística é um elemento indispensável no desenvolvimento social,
pessoal e cultural da criança. É uma forma de articulação entre imaginação, razão e
emoção. Assim, pode-se dizer que a vivência artística influência o modo como se
aprende, como se comunica e como se interpretam significados do quotidiano.
“A área da expressão e comunicação engloba as aprendizagens como
desenvolvimento psicomotor e simbólico que determinam a compreensão e o
progressivo domínio de diferentes formas de linguagem.” (OCEPE, 1997, p.56)
“A expressão plástica enquanto meio de representação e comunicação pode
ser da iniciativa da criança ou proposta pelo educador, partindo das vivências individuais ou de grupo. Recriar momentos de uma atividade, aspetos de um passeio ou de uma história, são meios de documentar projetos que podem ser depois analisados, permitindo uma retrospetiva do processo desenvolvido e da evolução das crianças e do grupo, servindo também para transmitir aos pais e comunidades o trabalho desenvolvido.” (OCEPE, 1997, p. 62)
Segundo Sousa (2003) a expressão plástica não é centrada na produção de
obras de arte, mas no desenvolvimento das capacidades e na satisfação das
necessidades das crianças. Esta deve ser uma atividade natural, livre e espontânea.
27
A criança através da expressão livre, desenvolve a imaginação e sensibilidade, e
aprende a conhecer-se e a conhecer os outros. (Gonçalves, 1991)
“O seu principal objetivo é a expressão das emoções e sentimentos através de materiais plásticos. Não se pretende a produção de obras de arte nem a formação de artistas, mas apenas a satisfação das necessidades de expressão e de criação da
criança.” (Sousa, 2003, p.160)
28
CAPÍTULO III - METODOLOGIA ADOTADA
Este capítulo diz respeito à justificação da metodologia em que este estudo se
baseia. Assim apresentámos a justificação desta escolha, a descrição e as
vantagens/desvantagens do método de investigação a utilizar.
Nesta parte são patenteados os instrumentos de recolha de dados utilizados no
decorrer deste projeto tal como o plano de ação e as questões éticas a ter em conta no
presente relatório.
Partindo dos interesses e necessidades do grupo de crianças em que este
estudo se desenvolveu foi evidenciada a importância de se dar resposta à
problemática nele identificada - algumas crianças apresentarem uma carência face aos
trabalhos de expressão plástica realizados onde em alguns casos evidenciam um certo
descuido nos trabalhos desenvolvidos nomeadamente na conclusão e aparência dos
mesmos.
É importante referir que, para assegurar os resultados obtidos em prol deste
estudo, as reflexões das atividades foram alvo de reflexão e discussão pela equipa de
investigação.
3.1. Seleção da Metodologia de Investigação
Podemos encontrar dois tipos de investigação, sendo esta a qualitativa e
quantitativa onde ambas oferecem perspetivas diferentes. Ambas as perspetivas
podem ser usadas juntamente em estudos mistos.
Na investigação qualitativa os seus resultados podem ser transitórios, ou seja, o
investigador não pode ser neutro, pois este tira proveito das suas experiências de vida
e das vivências enquanto ator social da qual dificilmente se liberta.
Para Ludke & André (1986) a pesquisa qualitativa pode assumir várias formas,
destacando-se, principalmente, a pesquisa etnográfica e o estudo de caso. Ambas têm
vindo a ganhar muita aceitação e credibilidade na área da educação, mais
precisamente para investigar questões relacionadas com a escola.
29
Segundo Bell (2008) os investigadores isolados adotam um método de estudo
de caso particular uma vez que este facilita o aprofundamento de um determinado
problema num curto espaço de tempo. Assim, posso considerar que optei por uma
investigação-ação e como metodologia um estudo qualitativo, pois este enquadra-se
no meu projeto visto que, todo este é desenvolvido nas intervenções e possuiu de um
acompanhamento do investigador, que tinha como objetivo dar resposta à questão de
investigação e assim obter a compreensão dos factos e não a análise estatística.
O tipo de investigação qualitativa envolve uma abordagem interpretativa e
naturalista pelo que pode ser benéfico neste caso.
A investigação qualitativa possui cinco características distintas: é uma fonte
direta de dados é o ambiente natural, constituindo o investigador o instrumento
principal; é descritiva; os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo processo
do que simplesmente pelos resultados dos produtos; estes tendem a analisar os seus
dados de forma indutiva e por último o significado é de importância vital na
abordagem qualitativa.
3.2. Investigação-ação
Neste estudo, foi seguido o modelo de estruturação de Elliot (1991) que
fundamenta três ciclos fulcrais: no primeiro foi formulado o problema, traçaram-se os
objetivos e preparou-se a apresentação do projeto, resultantes das reuniões com a
equipa de investigação. Uma vez aprovado o projeto em questão, segue-se o segundo
ciclo onde foram construídas as planificações a implementar tendo em conta a faixa
etária em questão, o nível de desenvolvimento das crianças, os materiais disponíveis
bem como a articulação e sequência das diferentes atividades a serem realizadas, bem
como a escolha dos instrumentos de recolha de dados a utilizar. No terceiro e último
ciclo foram analisados e interpretados os dados recolhidos tendo em vista a realização
de um relatório final tendo em conta a melhoria da qualidade de ação e alteração de
práticas como é defendido por Elliot (1991).
30
O autor supracitado considera que um educador possui a capacidade de refletir
sobre uma determinada ação e atuar em situações concretas, complexas e até mesmo
problemáticas.
Neste sentido evidencia uma condição necessária para o desenvolvimento da
investigação-ação - a necessidade de introduzir mudanças.
O desenho escolhido para se adotar no presente estudo traduz-se “na recolha
de informações sistemáticas com o objetivo de promover mudanças sociais” (Bogdan e
Biklen, 1994, p.292). Estes autores defendem que a investigação-ação deve ser
efetuada sob um teor de características essenciais que confiram validade, rigor e
sistematicidade, sendo que deste modo esta modalidade de pesquisa seja
compreensiva e rigorosa; sistemática; crítica e suscitável a uma análise reflexiva.
3.3. Participantes do estudo
Este projeto desenvolveu-se num grupo de crianças de uma sala de um jardim-
de-infância pertencente ao concelho de Viana do Castelo, mais propriamente ao
Agrupamento Monte da Ola.
Os participantes deste estudo são um grupo de 22 crianças com idades
compreendidas entre os 3 e os 4 anos de idade, sendo que 8 são do género feminino e
14 do género masculino.
Trata-se de um grupo heterogéneo e motivado que revelam vontade e prazer
em participar em novos desafios e conquistar novas descobertas.
Todas as crianças irão participar ativamente no desenrolar deste projeto, por
isso foram criados códigos de identificação de cada uma delas de modo a assegurar o
seu anonimato (tabela 1).
31
Tabela 1. Caracterização dos participantes do estudo.
Idade Género Códigos Nº crianças Total
3
Masculino TR; TM; GS; IF; AF; SP; SV; GV; DP; TV; SM. 11
17 Feminino AD; SM; MD; MF; LM; FL. 6
4
Masculino MR; TF; TP. 3
5 Feminino IM; LR. 2
Total 22 22
Por fim, devo ainda referir que este projeto teve a participação da equipa de
investigação, nomeadamente, a educadora cooperante, o meu par pedagógico, a
auxiliar de ação educativa, e o meu orientador.
3.4. Instrumentos de Recolha de Dados
De acordo com Esteves “a difusão dos métodos qualitativos na área das
ciências sociais e da educação e a crescente aceitação que a academia lhes tem
conferido é um fenómeno que perpassa também pela investigação-ação.” (2008, p.77)
Uma investigação de qualquer âmbito é uma “pesquisa qualitativa é uma
atividade que coloca o observador no mundo. Consiste num conjunto de práticas
interpretativas e materiais que tornam o mundo visível.” (Denzin & Lincoln, 2005, p.3)
Deste modo, uma pesquisa qualitativa implica uma abordagem naturalista e
interpretativa do mundo, onde se analisam indivíduos nos seus ambientes naturais,
com o intuito perceber fenómenos a partir dos significados que os sujeitos lhes
conferem. (Denzin & Lincoln, 2005)
Este estudo centra-se numa abordagem e a escolha por este método assenta
na necessidade de compreensão do “mundo dos alunos do ponto de vista dos próprios
alunos, já que são eles os seus principais informantes.” (Hubbard & Power, citados por
Esteves, 2008, p.77)
32
Tal como é defendido por Bogdan e Biklen (1994), pretende-se interpretar a
realidade partindo do ponto de vista e interesse dos participantes, colocando em
ênfase a descrição e análise indutiva de dados que se centram sobretudo no processo,
mais do que nos resultados. Neste contexto, enquanto professora-investigadora
desempenhei um “papel de participante completo, isto é, de investigador que estuda
um contexto no qual participa integral e quotidianamente pela natureza do seu
trabalho e não apenas para efetuar uma investigação.” (Esteves, 2008, p. 87)
Tendo optado por uma observação participante, preocupei-me em ter uma
postura reflexiva e minimizadora da influência de crenças e experiências de vida
prévias. (Sampieri, Collado e Lúcio, 2006) Desta forma, centrei-me na questão de
investigação formulada neste estudo e partindo dela decidi o que poderia ter interesse
para o estudo e para os participantes.
3.4.1. Notas de Campo
Este instrumento permite flexibilidade para estudar uma prática no seu
contexto sociocultural que são muito utilizadas na metodologia qualitativa. Através
delas, o professor/investigador vê, ouve, experiencia e medita sobre o que acontece à
sua volta. (Bogdan & Biklen, 1994) Assim sendo, os registos que realizámos após cada
sessão, ao longo do ano letivo, consistiram essencialmente em notas interpretativas,
interrogações, sentimentos, ideias, impressões que emergiram no decorrer da
observação e que não conseguem ficar retidas na memória.
Considerámos assim este instrumento como o diário deste estudo, pois foi um
instrumento usado para registar experiências, observações, hipóteses e explicações
vividas na prática. Spradley citado por Esteves (2008), defende que o diário diz
respeito ao lado mais pessoal do trabalho de campo, pois incide nos sentimentos,
emoções e reações do investigador face ao que está ao seu redor.
Estas notas podem ser a nível da descrição onde podem assumir as formas de
transcrições e observações detalhadas, também podem ser descrições de
acontecimentos, comportamentos e atividades ou ainda descrições da atividade e
comportamento do investigador.
33
Goetze e LeCompte (1984) referem que as notas de campo e os registos
escritos são menos completos que os produzidos de forma mecânica. Refletem os
interesses do investigador e representam dados pré-selecionados, consequentemente,
são menos recetivos à exatidão da codificação que permite um filme ou uma gravação.
No entanto, são mais discretos e provocam menos reações ou comportamentos
constrangedores tais como pode acontecer com a presença de uma câmara de filmar.
Zabalza (2004, p.28) “(...) no âmbito dos processos da ‘action-research’, a
consequência natural do ato de escrever e analisar os diários é que nós, professores,
nos encontremos em melhores condições para introduzir e experimentar aquelas
mudanças que...nos parecem oportunas.”
O diário representa ainda o lado mais pessoal do trabalho de campo, uma vez
que inclui os sentimentos, as emoções e as reações do investigador a tudo o que o
rodeia. (Spradley, citado por Esteves, 2008)
3.4.2. Registo audiovisuais
No presente estudo, existia o objetivo de compreender com detalhe a conduta
humana num contexto natural e específico. Quando falamos em gravação de um
vídeo, estamos a falar na possibilidade de pormenorizar movimentos e reações que o
grupo teve no realizar das atividades. Neste estudo, tornou-se crucial na medida em
que através deste instrumento conseguimos captar todas as falas e expressões que
através de um outro instrumento não seria tão viável tal especificidade, uma vez que
“Usar meios de registo mecânicos aumenta o tempo de análise pois os investigadores
podem observar repetidas vezes os eventos.” (Goetze & LeCompte, 1984, p.228-229)
Um dos intuitos do registo visual é permitir ao investigador visualizar ao
pormenor a execução de cada habilidade, podendo assim, revisitar os dados. Desta
forma, a avaliação das habilidades plásticas é mais credível, ou seja, mais próxima da
realidade. A análise de cada registo visual e o parecer das crianças fornecerá
dinamismo às sessões.
Mead citado por Flick (2009), argumenta que a utilização dos vídeos dispõe de
inúmeras vantagens na investigação social, uma vez que, permite registar factos
34
detalhadamente, bem como possibilita uma compreensão e apresentação mais precisa
dos estilos de vida e condições; capta fatos ou processos que são muito rápidos ou
muito complexos para a visão humana e é menos seletivo do que a observação direta.
Os registos audiovisuais revelam-se um instrumento precioso para qualquer
investigador, uma vez que, facilitam a superação de uma visão parcial de quem
observa. Este instrumento de recolha de dados torna a análise ampla e possibilita a
compreensão dos materiais, reduzindo a dependência de interpretações prévias do
investigador. (Erickson, citado por Cohen et al, 2000)
“o uso de dados gravados serve de controlo das limitações e falibilidade da intuição e recolecção; expõe perante o observador um largo conjunto de interacções e circunstâncias assim como providencia alguma garantia de que as considerações analíticas não são decorrentes da intuição idiossincrática, atenção ou recolecção selectivas, ou do desenho experimental.” (Heritage & Atkinson, citados por Heath & Hindmarsh, 2002, p.9)
3.4.3. Entrevista
“Em investigação qualitativa, as entrevistas podem ser utilizadas de duas formas. Podem constituir a estratégia dominante para a recolha de dados ou podem ser utilizadas em conjunto com a observação participante. Em todas estas situações, a entrevista é utilizada para recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspectos do mundo.” (Bogdan & Biklen, 1994, p. 134)
Este instrumento teve pertinência neste estudo na medida em que nos
permitiu a captação das falas das crianças ao longo deste estudo. Através deste
conseguiu-se um registo de todos os comentários que parecendo vulgares podiam dar
resposta a muitas questões levantadas no decorrer da avaliação. Salientamos ainda
que os únicos entrevistados neste projeto foram as crianças que neste caso foram os
autores das atividades implementadas.
Uma entrevista é um ato de conversação intencional e orientado. (Esteves,
2008) Esta varia consoante a interação pessoal existente entre o entrevistador e o
entrevistando, pelo que Bell (1997) desperta para o perigo de poder ser uma técnica
subjetiva e parcial que possibilita ao investigador obter dados cujo significado é
35
partilhado pelos participantes e pelo próprio.
De acordo com Ericksson e Simon (1980) “os dados verbais, extraídos com
cuidado e interpretados com total compreensão das circunstâncias em que foram
obtidos, são uma fonte de informação perfeitamente válida e fiável dos processos
cognitivos.”(p.247)
Neste estudo optei por efetuar uma entrevista semi estruturada devido à
flexibilidade que esta proporciona ao investigador-entrevistador. Deste modo, e
embora se siga um fio condutor consistente com os objetivos da investigação, a ordem
das questões alterava-se consoante as reações dos entrevistados, permitindo uma
abordagem mais natural e compreensiva. (Goetze & LeCompte, 1984)
3.4.4 Observação
Uma observação participante traduz-se a uma estratégia de campo que
simultaneamente combina análise de documentos, entrevistas de respondentes e
informantes, participação direta e observação, e uma introspeção perspicaz. (Denzin
citado por Flick, 2009)
Já Flick (2009) sustentado numa perspetiva de Jorgensen, argumenta que uma
observação participante rege um processo e lógica de investigação aberta, flexível, que
nos debruça numa constante redefinição do que é o problema.
O ato de observar faculta o conhecimento direto dos fenómenos tal como eles
acontecem num determinado contexto, aceder em primeira instância aos dados
“vividos” e experienciados em situações concretas, facilita a compreensão dos
contextos, das pessoas que nele se movimentam e as suas interações. (Cohen et al,
2000)
Segundo Flick (2009) este instrumento de recolha de dados remete-nos, por um
lado para explorar em profundidade no campo para aumentar a compreensão, e por
outro lado, manter a distância necessária à compreensão científica e verificável.
Contudo, o autor supracitado argumenta que numa observação participante, a
interação com o campo e o objeto de estudo pode fazer-se de forma consistente.
A observação de tipo naturalista, adotada neste estudo, teve patente a
descrição da ação, considerando-os como uma resposta dos intervenientes a um
36
conjunto complexo de estímulos. (Estrela, 1990). Numa visão do referido autor “a
inferência desempenha um papel importante, pois permite o estabelecimento de
hipóteses de articulação entre a situação e o comportamento. O trabalho do
observador desenvolve-se, pois, em dois planos: o da descrição objetiva da situação e
do comportamento; o da inferênciação das possíveis articulações entre estes dois
elementos.” (p. 51)
3.5. Atividades
De forma a dar resposta à questão de investigação deste estudo foram
propostas atividades que proporcionassem às crianças ultrapassar a carência
verificada.
Seguidamente, são descritas as tarefas desenvolvidas, os seus objetivos bem
como os recursos e materiais utilizados.
3.5.1 Leitura do livro –“O Ponto”
Objetivos:
- Realçar que todos os trabalhos de expressão plástica são valorizados;
- Estimular a iniciativa própria para a realização do desenho;
- Observar a motricidade fina nomeadamente na apreensão do lápis/marcador
no desenho.
Síntese:
Foi utilizado “o cineminha” para a leitura da história. Após a leitura, a estagiária
estabelecerá um diálogo com o pequeno grupo com o intuito de fazer uma pequena
síntese do que as crianças acabaram de assistir. Para um diálogo bem conseguido a
estagiária contará com algumas questões orientadoras.
Questões orientadoras:
- Porquê é que acham que este livro tem como título “O Ponto”?
37
- O que é que a Vera fez quando o amigo lhe disse que não sabia desenhar?
- Vocês também acham que não sabem desenhar?
De seguida a estagiária propõe ao grande grupo o mesmo desafio que foi falado
na história, ou seja ao longo do dia nos tempos livres terão de fazer um desenho à sua
escolha e apresentar o mesmo à estagiária.
Avaliação:
- Percebe que o seu trabalho de expressão plástica tem valor;
- A criança mostra interesse e realiza o desenho até ao final do dia;
- Pega corretamente no lápis/marcador e apresenta alguma coordenação no
movimento do mesmo.
Materiais:
- Livro – “O Ponto”;
- Cineminha.
Utilizei as notas de campo, onde fiz o registo no próprio desenho das crianças
sobre o que desenharam. Ao longo da realização deste desenho também questionei os
participantes sobre as escolhas dos temas escolhidos e dos procedimentos adotados
para a realização desta tarefa. Em suma, utilizei registos audiovisuais para a leitura da
história e para registar o momento em que as crianças efetuam o desenho.
38
3.5.2 “A Plástica em Movimento”
Objetivos:
- Despertar a motivação nas crianças para as atividades;
- Desenvolver a perceção visual das crianças perante o que observam;
- Despertar o interesse para o desenvolvimento de capacidades das crianças
aumentando o seu reportório gráfico.
Síntese:
Esta atividade conta com o recurso pedagógico “O Cantinho Móvel”, que
consiste num móvel que está acessível às crianças de modo a que estas o possam
deslocar e recorrer a ele sempre que acharem oportuno. Estará devidamente equipado
com materiais correspondentes à expressão plástica (lápis de cor, lápis de cera,
marcadores, cartolinas, folhas A3, folhas A4, pincéis e tintas).
Esta atividade estará dividida em 4 vertentes, possuindo cada uma um tema.
1ª Tarefa: “A Natureza”
Aqui a estagiária, tem como intuito conduzir as crianças ao exterior do jardim-
de-infância e colocá-las deparadas com o jardim que existe no exterior. O chefe do dia
tem de levar consigo o cantinho móvel, de modo a que nada falte para a realização da
atividade. Esta atividade consiste em fazerem um desenho sobre o que observam na
natureza e que cores nela existe.
Antes da deslocação ao exterior e ainda na sala de atividades, serão projetadas
algumas imagens alusivas às características da natureza e em diálogo com o grande
grupo, farão pequenos comentários relativos à cor e à forma das árvores, das flores, da
relva e entre outras.
2ª Tarefa: “O Recreio da Minha Escola”
Aqui a atividade terá o mesmo processo que a atividade anterior, apenas se
deslocarão para um outro espaço exterior, ou seja, para o recreio da escola onde se
encontram vários jogos desenhados no chão, coloridos com várias cores.
Assim, terão de realizar outro registo – um desenho sobre o recreio.
39
3ª Tarefa: “A Nossa Cantina”
Será adotado o mesmo método, noutro espaço, nomeadamente, na cantina da
escola. Aqui o intuito é que as crianças voltem a fazer o registo do que observam tendo
em atenção quantas mesas vêm, se são quadradas ou redondas e quantas cozinheiras
lá encontraram.
4ª Tarefa: “O Retrato da minha família”
Esta será a última etapa desta atividade, onde as crianças irão realizar na sala
de atividades um desenho sobre o retrato da sua família. Aqui terão de descrever as
características físicas do seu agregado familiar e quantos pertencem a esse grupo.
Após a realização destas 4 etapas, esta atividade terá como produto final uma
exposição que será organizada numa tabela de dupla entrada, onde serão expostos os
desenhos de cada criança relativos a cada tema.
Avaliação:
- Mostram motivação ao realizarem atividades fora da sala de atividades;
- Associam corretamente a cor e a forma dos determinados objetos desenhados;
- Realizam desenhos legíveis.
Materiais:
- Cantinho móvel;
- Placas de apoio para a folha de desenho;
- Folhas A4;
- Lápis de cor;
- Marcadores;
- Lápis de cera.
Aqui recorrerei à entrevista em simultâneo com a realização dos desenhos, o
registo fotográfico onde registarei o entusiasmo que as crianças demonstraram em se
deslocarem para diferentes sítios. Recorrerei ao registo de vídeo para registar algumas
reações das crianças enquanto observam e realizam as diferentes tarefas solicitadas.
40
3.5.3 Economizar com a Expressão Plástica
Objetivos:
- Transparecer a transversalidade que existe entre a expressão plástica e as
restantes áreas/domínio;
- Desenvolver a destreza manual;
- Aperfeiçoar a técnica da modelagem;
- Demonstrar que através de materiais inutilizáveis podemos construir recursos
úteis;
- Desenvolver a criatividade.
Síntese:
Aqui a estagiária começa por criar um pequeno diálogo com as crianças sobre o
tipo de materiais que costumamos utilizar quando falamos em música, quando
queremos fazer uma peça de teatro e quando queremos fazer exercício físico
(motricidade). Depois, a estagiária, para possuir um maior controlo do grande grupo,
divide este em 3 pequenos grupos. Assim cada grupo ficará com a responsabilidade de
construir alguns instrumentos musicais que foram falados no diálogo para a expressão
musical, expressão dramática e expressão motora.
Avaliação:
- Utilizam corretamente os diferentes materiais essenciais na modelagem (cola
de pincel, tesouras, cola de batom);
- Manuseiam corretamente materiais como tecidos, plástico, jornais para
efetuarem a modelagem;
- São criativos.
Materiais:
- Cola de pincel;
- Cola de batom;
41
- Jornais;
- Plástico;
- Arame moldável;
- Cartão;
- Meias;
- Eva;
- Cartolinas;
- Fita-cola de papel;
- Garrafas de água pequenas;
- Feijão;
- Papel autocolante.
Utilizarei o registo fotográfico para registar o resultado final de cada
instrumento, também recorrerei às notas de campo para registar os comentários das
crianças no decorrer desta atividade.
3.5.4. A Mão Gigante
Objetivos:
- Contactar e explorar materiais com possibilidades de serem trabalhos em duas
ou três dimensões;
- Desenvolver o sentido do tato e adquirir um progressivo controlo motor do
gesto;
- Expressar-se plasticamente mediante o domínio da forma.
Síntese:
Para a realização desta atividade a estagiária levará para a sala de atividades
uma mão gigante moldada em arame. Aqui as crianças terão de colar no arame tiras de
jornais juntamente com cola de madeira para a modelação/construção da mão. De
seguida, e após esta estar devidamente preenchida, as crianças passarão para a
pintura da mesma para lhe dar vida e cor.
42
Para a estagiária conseguir obter um maior controlo perante o grande grupo de
trabalho, fará esta atividade em simultâneo com o momento das áreas. Enquanto um
grupo de crianças se encontram a explorar o cantinho das áreas, outro grupo realizará
a atividade da mão gigante. Assim, a estagiária adota o processo rotativo para que
todas as crianças participem na elaboração e conclusão da mão gigante.
Avaliação:
- Manuseia materiais de duas e três dimensões;
- Possui o sentido do tato e controla os seus movimentos;
- É capaz de se expressar através de diferentes técnicas de expressão plástica.
Materiais:
- Estrutura de uma mão gigante em arame;
- Jornais;
- Cola de Madeira;
- Pincéis;
- Tintas.
Nesta atividade irei usar o registo fotográfico e vídeo, para conseguir obter um
registo pormenorizado relativo ao manuseamento dos materiais, e à forma como
encaram a técnica da modelagem.
3.6. Questões Éticas
De acordo com Máximo (2008), no decorrer deste projeto foram tidos em
conta vários procedimentos éticos e deontológicos para salvaguardar os direitos,
interesses e sensibilidades dos vários intervenientes deste processo. Deste modo neste
estudo o investigador orientou o seu estudo, tendo em conta aspetos fundamentais –
preservar a integridade física e psíquica dos seus participantes, confidenciar os
resultados alcançados e seguir os princípios deontológicos da investigação na área
científica em que o investigador se insere. (Tuckman, 2000)
43
Desta forma, os procedimentos adotados na recolha e interpretação dos dados
relativos ao presente estudo têm por base os interesses destas crianças. Para isto
recorremos à utilização de códigos para a identificação dos nomes próprios de cada
um destes participantes, sendo utilizadas as iniciais do nome próprio e do apelido de
cada um.
A fim de respeitar e preservar o anonimato destas crianças os dados obtidos
não serão publicados para outros fins senão ao que este estudo exige.
Recorri também a autorizações dos pais/encarregados de educação para a
realização de fotografias e vídeos onde os seus educandos estivessem expostos, ao
que todos corresponderam positivamente às solicitações realizadas.
De modo a alcançar uma perspetiva concreta dos resultados obtidos, estes
foram analisados de forma individual tendo por base os diferentes instrumentos de
recolha de dados. Assim, no final de cada tarefa era discutido o que correu bem e/ou
menos bem e as reações evidenciadas pelas crianças aquando a realização de cada
atividade. Desta forma e para evitar o enviesamento dos resultados, as reflexões finais
eram validadas pela equipa de investigação refletindo-se sobre o olhar dos
intervenientes obtendo-se “uma interpretação que tenha em conta tanto as variações
como as redundâncias.” (Coutinho, 2008, p. 9)
44
CAPÍTULO IV - ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Neste capítulo são explicitados vários aspetos do trabalho desenvolvido no
contexto pré-escolar: a intencionalidade educativa, a introdução da atividade, o
desenvolvimento da atividade e uma reflexão. Este tem o intuito de expor a análise e
interpretação dos dados obtidos nas atividades realizadas no âmbito do projeto “A
Magia nas Mãos no Pré-Escolar”, são aqui referidos os resultados de cada tarefa
desenvolvida e apresentada uma avaliação.
4.1. Atividade nº 1: Livro “O Ponto”
Intencionalidade educativa:
Esta atividade serviu de introdução ao assunto integrador de todo este trabalho
– a Expressão Plástica. A estratégia de dinamização de histórias utilizada nesta
atividade foi “o cineminha”, pois pretendíamos estimular as crianças para a
compreensão da história em questão bem como despertá-las para a construção de
diferentes desenhos que podem começar por um ponto.
Introdução da atividade:
Esta história foi partilhada com o grupo na implementação do dia 9 de abril de
2013 (anexo CD) onde após a leitura da mesma através do cineminha foram colocadas
ao grupo algumas questões pertinentes sobre a temática explorada, bem como
desafiar as crianças para um desenho livre.
Desenvolvimento da atividade:
Esta atividade surgiu como forma de introdução a este projeto assim, comecei
por apresentar ao grupo o cineminha (figura 14). Este material tem a forma de um
televisor e é composto por dois rolos e papel de cenário, onde as ilustrações estão
expostas. Com o desenrolar da sequência da história, as imagens foram surgindo
através do manuseamento dos rolos.
Seguidamente apresento algumas reações das crianças face ao material:
TF: “ Vais contar-nos uma história?”
45
LM: “Vamos ver um filme, a Sofia trouxe o cinema!” DP: “Gosto tanto de ouvir histórias pelo cineminha!”
Ao longo da história fui reparando que as crianças estavam atentas e
interessadas com o que estavam a ouvir, chegando mesmo a interromper dizendo:
SP: “A menina está triste!” IF:”A professora disse que a menina sabia fazer desenhos, porque é que ela está triste?”
Com o terminar da história foram colocadas algumas questões às crianças onde
através das respostas obtidas verifiquei que de uma forma geral o grupo havia
compreendido o conteúdo do conto. É ainda importante referir que, após a leitura
efetuada foi possibilitada às crianças a exploração livre do “cineminha”, o que se
revelou um momento de grande satisfação para elas.
Na grelha 1 apresento alguns aspetos avaliados nesta atividade:
Figura 14. Cineminha.
46
Grelha 1.Grelha de observação da atividade nº1 referente ao conto do livro: "O Ponto".
1ª Atividade O conto “O Ponto”
Princípios Orientadores (Capacidades, Aptidões, Atitudes)
CRIANÇAS
Reação do grupo face ao
material didático
Conhecimento do grupo sobre
a história
Interesse/ atenção na atividade
Reação do grupo face ao
desafio colocado
Realização da atividade por
vontade própria
AD 3 Não 3 3 Sim
SM 3 Não 3 3 Sim
MD 2 Não 2 2 Sim
MF 3 Não 3 3 Sim
LM 3 Não 3 3 Sim
FL 3 Não 3 3 Sim
TM 2 Não 2 3 Sim
TR 3 Não 3 3 Sim
SV 3 Não 3 3 Sim
GS 3 Não 3 2 Não
GF 2 Não 2 2 Não
IF 3 Não 3 3 Sim
DP 3 Não 3 3 Sim
AF 3 Não 3 3 Sim
TV 2 Não 2 3 Sim
SM 3 Não 3 3 Sim
SP 3 Não 3 3 Sim
IM 2 Não 2 3 Sim
LR 3 Não 3 3 Sim
MR 3 Não 3 3 Sim
TF 3 Não 3 3 Sim
TP 3 Não 3 3 Sim
1- Pouco; 2- Bem; 3- Muito Bem
Partindo da informação presente na grelha acima transcrita, evidenciamos que
a escolha da introdução ao assunto integrador deste projeto foi a adequada, uma vez
que, de uma forma geral todas as crianças revelaram vontade em explorar o material
lúdico e até de recontar a história. É de salientar que o conto explorado não era do
47
conhecimento das crianças e, sendo o seu conteúdo uma novidade para o grupo, este
demonstrou interesse e atenção no decorrer da leitura.
Ao analisar esta tarefa recordo que o facto de ter apostado num material lúdico
gerou alguma agitação no grupo pois as crianças evidenciaram por muitas vezes
vontade em serem elas próprias a manusear o material. De modo a solucionar esta
pequena divergência possibilitei a todas elas o manuseamento desejado.
Na grelha 1 podemos constatar que em 22 crianças 17 evidenciaram uma
reação muito satisfatória face ao material didático, 5 dessas 22 crianças mostraram
uma reação positiva. Relativamente ao interesse e atenção demonstrada pelo grupo
face a esta atividade temos um total de 17 crianças com bastante interesse revelado e
5 crianças com algum interesse e atenção sob a tarefa em questão.
Uma vez finalizada a primeira parte desta atividade que consistia no conto da já
referida história, foi colocado um desafio ao grupo que consistia no seguinte:
realizarem ao longo do dia um desenho livre, ao seu gosto, no qual poderiam partir da
história escutada.
Apresento através da tabela 1 algumas evidências das crianças face à seguinte
questão – “O que vais desenhar?”
48
Tabela 2. Respostas obtidas à questão: "O que vais desenhar?".
1ª Atividade
Livro “O Ponto”
Questão:
“O que vais desenhar?”
CRIANÇAS Respostas obtidas
AD “Vou desenhar um arco-íris, e a ti e a Francisca e a casa”
SM “Um cão com o SM”
MD “Uma borboleta”
MF “Eu desenho um homem aranha”
LM “Uma flor”
FL “Uma menina”
TM “Um menino com cores”
TR “Uma casa e flores”
SV “Eu desenho um homem aranha”
GS “O GS”
GF “Um carro”
IF “Um carro”
DP “Um carro”
AF “Não sei desenhar”
TV “Um homem aranha”
SM “Eu desenho uma relva, um sol, as nuvens e uma menina”
SP “Eu desenho um homem aranha”
IM “A mãe e o pai ”
LR “Uma flor”
MR “Eu desenho um homem aranha”
TF “Muitas cores como a Vera”
TP “Eu consigo desenhar um carro”
Analisando a informação presente na grelha 1 e fazendo ligação com a tabela
acima transcrita, podemos verificar que 19 das 22 crianças demonstraram muita
vontade em aderir ao desafio colocado e 3 das 22 crianças revelaram alguma vontade
em participar neste desafio. Quanto à realização da atividade por iniciativa própria dos
49
participantes obtemos um total de 20 crianças que aderiram desde o início nesta
tarefa e 2 que inicialmente não o desejavam fazer.
Reflexão da atividade
Realizando uma análise global de todo o decorrer desta atividade, verificámos
que existiu desde o início interesse por parte das crianças face a esta tarefa, mais
propriamente, ao cineminha das histórias. Assim se percebe que os materiais
“oferecem à criança a entrada e a abertura através das quais ela pode entrar no
mundo do conhecimento ordenado dos adultos.” (Lino, 1998, p.47)
A opção de utilizar um material deste cariz deve-se ao envolvimento que se
pretende na criança e tem por base a identificação que o educador fez das suas
competências, interesses e necessidades, tendo patente que “o envolvimento da
criança e o empenhamento do(a) educador(a) são duas dimensões da qualidade que
não se podem dissociar porque se influenciam mutuamente.” (Pascal & Bertram, 1999)
Por outras palavras, a vantagem da utilização dos materiais didáticos ajustados ao
nível de desenvolvimento das crianças tem a ver com o facto de estes conseguirem
captar até mesmo a atenção dos mais distraídos.
GF: “Sofia posso ser eu a contar agora a história?” GS: “Eu conto a história e tu rolas.”
Posteriormente, ao longo do dia foram várias as crianças que mostraram ter
respondido ao desafio colocado (figura 15) – desenhar livremente alguma coisa. Nos
trabalhos desenvolvidos pude verificar que a criança TF efetuou um desenho
relacionado com a história escutada, demonstrando que esteve atento à temática
abordada.
O restante grupo realizou diferentes trabalhos onde muitos deles traduziam as
suas preferências como foi o caso de alguns meninos desenharem personagens dos
desenhos animados preferidos – o homem aranha. Contudo, foi notório que muitos
dos participantes não eram capazes de associarem as cores corretas aos respetivos
elementos que pretendiam desenhar.
50
Em suma, considero que esta atividade foi bem conseguida na medida em que
o cineminha foi um elemento a destacar no envolvimento das crianças e que a maior
parte do grupo mostrou interesse em aderir ao desafio colocado.
4.2. Atividade nº 2: A Plástica em Movimento
Intencionalidade educativa: Esta atividade teve como ponto de partida a introdução
do cantinho móvel da expressão plástica – A Magia nas Mãos. Desta forma, é com a
incrementação deste novo material lúdico que surgirão as próximas atividades a
desenvolver no decorrer do trabalho na sala de atividades.
Numa fase inicial pretendia-se com este cantinho móvel elevar nas crianças o
gosto pela plástica e consequentemente pelos trabalhos deste âmbito que as crianças
constroem. Assim, o facto de este material ser móvel deve-se à capacidade que
Figura 15. Alguns trabalhos realizados pelas crianças
51
permite à criança de o deslocar para onde desejar e poder usufruir do material nele
contido – folhas brancas A4, lápis de cor, marcadores, tintas, pincéis, lápis de cera,
cartolinas e papel crepe.
Introdução à atividade: A introdução do cantinho móvel “A Magia nas Mãos” foi
implementada no dia 22 de abril (anexo CD), a justificação deste título deve-se a ter
considerado este um título apelativo e que por sua vez se relaciona com a expressão
plástica. Neste sentido foram entregues cartolas de mágicos a cada uma das crianças e
estas efetuaram um carimbo das suas mãos na sua cartola individual.
Esta atividade teve início com um diálogo em grande grupo onde apresentei o
novo material lúdico (figura 16) ao grupo e expliquei a sua funcionalidade bem como a
disposição dos materiais nele presente.
A reação do grupo foi imediata na medida em que prontamente se deslocaram
até ao cantinho móvel com o intuito de o explorar.
Figura 16. Apresentação do cantinho móvel - A Magia nas Mãos
52
Desenvolvimento da atividade: Inicialmente o novo material foi partilhado com o
grupo ainda com uma manta que o cobria para que as crianças se envolvessem e
despertassem a sua curiosidade face ao cantinho móvel. Assim que observaram este
material evidenciaram a sua curiosidade e enorme vontade em o explorar.
LR: “O que é isso Sofia? É grande” MF: “Isso é para nós?”
DP: “Tira Sofia, esse pano, queremos ver melhor.” FL: “Deve ser giro, estou a ver ali brilhantes.”
Passei assim a retirar o pano que cobria o material e expliquei a funcionalidade
que este iria ter na nossa sala de atividades e nos trabalhos realizados pelas crianças.
Assim, expliquei que na parte superior do móvel se encontravam copos com lápis de
cor, lápis de cera e marcadores. Já nas gavetas se encontravam as folhas A4, assim
como cartolinas e papel crepe e na última gaveta que apresentava umas dimensões
distintas, continha os frascos de tinta e recipientes para colocar as mesmas. Na figura
abaixo ilustrada podemos visualizar diferentes perspetivas do móvel (figura 17).
Figura 17. Móvel em diferentes perspetivas
53
Após terem conhecimento do novo material didático, é sempre importante
esclarecer alguns princípios a ter em conta – a responsabilidade; a partilha;
preservação e a socialização, pois este material introduzido na sala de atividades é de
todos. Aqui, enquanto investigadora fui tendo uma postura atenta face às explorações
das crianças de modo a assegurar que os princípios referidos haviam sido adquiridos
pelo grupo.
Na grelha 2 apresentamos algumas evidências das crianças face ao cantinho
móvel.
Grelha 2. Evidências do grupo face ao material didático
Grelha de Observação nº 2
Atividade nº 2 “Plástica em Movimento”
Princípios Orientadores (Capacidades, Aptidões, Atitudes)
CRIANÇAS
Reação do grupo face ao material didático
Interesse e vontade em explorar o cantinho
móvel
Usufrui sempre/ muitas vezes/ nunca do cantinho
móvel
AD 3 3 Sempre
SM 3 2 Sempre
MD 3 3 Sempre
MF 3 3 Sempre
LM 3 3 Sempre
FL 3 3 Sempre
TM 3 3 Sempre
TR 3 3 Sempre
SV 3 3 Sempre
GS 3 2 Sempre
GF 3 2 Sempre
IF 3 3 Sempre
DP 3 3 Sempre
AF 3 3 Sempre
TV 3 3 Sempre
SM 3 3 Sempre
SP 3 2 Sempre
IM 3 3 Sempre
LR 3 3 Sempre
MR 3 3 Sempre
TF 3 3 Sempre
TP 3 3 Sempre
1- Pouco; 2- Bem; 3- Muito Bem
54
Analisando a informação transcrita na grelha 2 podemos verificar que todas as
crianças utilizaram os materiais disponíveis no cantinho móvel sempre que realizavam
atividades de expressão plástica, até mesmo em momentos de exploração livre nas
áreas de atividades. Relativamente à reação do grupo face ao material didático é
evidente que todas as crianças reagiram muito bem ao cantinho móvel.
No que diz respeito ao interesse e vontade em explorar o cantinho os dados
comprovam que em 22 crianças apenas 4 demonstraram algum interesse em explorar
este material sendo que as restantes revelaram muita vontade em o fazer.
É de salientar que, o cantinho móvel serviu de base para as próximas atividades
a serem realizadas no âmbito da expressão plástica, sendo que, uma vez introduzido e
aproveitando o entusiasmo e interesse evidenciado pelas crianças face a este material,
aproveitei para colocar alguns desafios ao grupo, os quais passo a especificar:
1ª Tarefa: “A Natureza”
Inicialmente, e ainda na sala de atividades, apresentei algumas imagens sobre
os elementos constituintes da natureza. Aqui retratei e questionei a cor destes
elementos de modo a que as crianças pudessem associar a cor correta aos
componentes que iriam desenhar posteriormente. De seguida, o chefe do dia
deslocava o móvel para a parte exterior do edifício, seguindo-se o restante grupo para
a mesma direção de modo a realizarem este desenho perante a natureza para assim
terem uma imagem real do que iriam desenhar (figura 18).
55
No decorrer desta atividade, foi notório o envolvimento do grupo onde destaco
algumas afirmações das crianças perante o que observavam:
IV: “Só temos duas árvores na nossa Natureza.” LR: “Só temos terra, não temos erva.”
TV: “Temos tantas coisas verdes.”
De seguida, apresentamos a grelha 3 onde estão expostos os resultados
observados no decorrer desta atividade:
Figura 18. Realização da 1ª tarefa "A Natureza"
56
Grelha 3. Resultados obtidos no decorrer da atividade 2 – 1ª tarefa
Grelha de Observação
2ª Atividade - 1ª Tarefa – “ A Natureza”
Princípios Orientadores (Capacidades, Aptidões, Atitudes)
CRIANÇAS
Utiliza mais que uma cor
Conclui o seu desenho
Aparência do desenho
É capaz de corresponder a cor
correta a um determinado objeto
AD Sim Sim 3 Sim
SM Não Sim 2 Sim
MD Sim Sim 3 Sim
MF Sim Sim 3 Sim
LM Sim Sim 3 Sim
FL Sim Sim 3 Sim
TM Não Sim 2 Não
TR Sim Sim 2 Não
SV Sim Sim 3 Sim
GS Não Não 1 Não
GF Não Não 1 Não
IF Sim Sim 2 Sim
DP Sim Sim 3 Sim
AF Sim Sim 3 Sim
TV Sim Sim 3 Não
SM Sim Sim 3 Sim
SP Sim Sim 3 Sim
IM Não Sim 3 Não
LR Sim Sim 3 Sim
MR Sim Sim 3 Sim
TF Sim Sim 3 Sim
TP Sim Sim 3 Sim
1- Pouco; 2- Bem; 3- Muito Bem
Verificando a informação transcrita na grelha anterior, verificamos que em 22
crianças apenas 5 usam uma só cor no desenho, já as restantes recorreram a várias
57
cores para realizarem esta atividade. No que diz respeito à conclusão da mesma, só
duas crianças no sexo masculino é que não se mostraram interessadas em concluir o
desenho, devido ao facto de apresentarem alguma impaciência em se deslocarem para
as brincadeiras livres.
Relativamente à aparência do trabalho realizado podemos verificar que, apenas
2 das 22 crianças revelaram pouco cuidado com o aspeto do seu desenho,
contrariamente 16 das 22 crianças revelaram muito apreço na realização desta
atividade. Já cerca de 4 crianças apresentaram um certo cuidado na aparência do seu
trabalho.
Por fim e ainda nesta grelha podemos analisar que em 22 crianças apenas 6 não
foram capazes de atribuir a cor correta aos objetos desenhados.
2ª Tarefa: “O Recreio da minha escola”
Esta tarefa foi realizada em grande grupo, onde comecei por explicar às
crianças ainda na sala de atividades a tarefa que se seguia – desenharem o recreio da
nossa escola partindo do que mais lhes suscitava interesse. Após esclarecidas as
dúvidas do grupo, o chefe do dia descolava o cantinho móvel juntamente com o
restante grupo até ao lugar predefinido para a realização desta atividade.
No local encontravam-se duas mantas onde o grupo se deveria colocar na
posição mais confortável de modo a conseguirem desempenhar a tarefa pretendida
(figura 19).
Durante esta atividade algumas foram as intervenções das crianças
relativamente ao trabalho que estavam a realizar:
SR: “O nosso recreio é colorido.” AD: “E é bem bonito.”
GF: ”Posso desenhar a minhoca? E a borboleta?” SV:”Eu prefiro desenhar a escola. Está mesmo aqui ao lado.”
58
Com a finalidade desta atividade podemos retirar algumas evidências que,
estão patenteadas na grelha 4.
Figura 19. Realização da 2ª Tarefa - "O Recreio da minha escola"
59
Grelha 4. Resultados obtidos no decorrer da atividade 2 - 2ª tarefa.
Grelha de Observação 2ª Atividade - 2ª Tarefa – “ O recreio da minha escola”
Princípios Orientadores (Capacidades, Aptidões, Atitudes)
CRIANÇAS
Utiliza mais que uma cor
Conclui o seu desenho
Aparência do desenho
É capaz de corresponder a cor
correta a um determinado objeto
AD Sim Sim 3 Sim
SM Não Sim 2 Sim
MD Sim Sim 3 Sim
MF Sim Sim 3 Sim
LM Sim Sim 3 Sim
FL Sim Sim 3 Sim
TM Sim Sim 3 Sim
TR Sim Sim 2 Sim
SV Sim Sim 3 Sim
GS Não Não 2 Não
GF Não Não 2 Não
IF Sim Sim 2 Sim
DP Sim Sim 3 Sim
AF Sim Sim 3 Sim
TV Sim Sim 3 Sim
SM Sim Sim 3 Sim
SP Sim Sim 3 Sim
IM Sim Sim 3 Não
LR Sim Sim 3 Sim
MR Sim Sim 3 Sim
TF Sim Sim 3 Sim
TP Sim Sim 3 Sim
1- Pouco; 2- Bem; 3- Muito Bem
Analisando o teor presente na grelha acima transcrita verificámos que, 19 das
22 crianças utilizaram mais que uma cor para a resolução desta atividade, porém, as
60
restantes crianças do grupo não foram capazes de o fazer. Quanto à conclusão do
desenho, 20 crianças atingiram esse objetivo, contrariamente 2 crianças não o
conseguiram fazer.
Relativamente à aparência da conclusão dos desenhos 17 das 22 crianças
obtiveram uma cotação bastante positiva, já 5 dos participantes revelaram algum
cuidado na aparência dos seus desenhos. No que diz respeito à atribuição correta da
cor apenas 3 crianças não foram capazes de corresponder a este desafio.
De uma forma geral, já conseguimos denotar alguma evolução por parte dos
intervenientes deste estudo.
3ª Tarefa: “A nossa cantina”
Esta tarefa foi realizada em pequenos grupos. As crianças foram distribuídas
por grupos de 3 elementos. Aqui, o primeiro grupo deslocava-se até à cantina da
escola, levava consigo o móvel A Magia nas Mãos colocando-o num sítio estratégico
para ser utilizado por todos os grupos.
Já na cantina cada grupo sentava-se numa das mesas que constituía este
espaço, onde tinham uma visão privilegiada de todo o espaço. Assim neste desafio o
grupo deveria desenhar alguns dos detalhes e cores correspondentes a objetos
presentes neste espaço do jardim-de-infância (figura 20).
Figura 20- Realização da 3ª Tarefa - "A nossa cantina"
61
O entusiasmo das crianças estava presente no decorrer desta atividade, onde
podemos constatar que o facto das atividades serem realizadas em lugares distintos
funcionavam como fonte de motivação para as tarefas
SV: “As mesas são brancas e não dá o branco na folha porque a folha é branca.” LM: “As mesas têm pernas.”
FL: “Vou desenhar as duas senhoras e a toalha.” IM: “Quero pintar as senhoras de branco porque elas estão vestidas de branco.”
Na grelha que se segue apresentamos alguns resultados desta atividade: Grelha 5. Resultados obtidos no decorrer da atividade 2 - 3ª tarefa.
Grelha de Observação 2ª Atividade - 3ª Tarefa – “A nossa cantina”
Princípios Orientadores (Capacidades, Aptidões, Atitudes)
CRIANÇAS
Utiliza mais que uma cor
Conclui o seu desenho
Aparência do desenho
É capaz de corresponder a cor
correta a um determinado objeto
AD Sim Sim 3 Sim
SM Sim Sim 3 Sim
MD Sim Sim 3 Sim
MF Sim Sim 3 Sim
LM Sim Sim 3 Sim
FL Sim Sim 3 Sim
TM Sim Sim 3 Sim
TR Sim Sim 3 Sim
SV Sim Sim 3 Sim
GS Não Sim 2 Não
GF Sim Sim 2 Não
IF Sim Sim 3 Sim
DP Sim Sim 3 Sim
AF Sim Sim 3 Sim
TV Sim Sim 3 Sim
SM Sim Sim 3 Sim
SP Sim Sim 3 Sim
IM Sim Sim 3 Não
LR Sim Sim 3 Sim
MR Sim Sim 3 Sim
TF Sim Sim 3 Sim
TP Sim Sim 3 Sim
1- Pouco; 2- Bem; 3- Muito Bem
62
Analisando o conteúdo da grelha 5, constatamos que em 22 crianças apenas 1
não é capaz de utilizar mais que uma cor nos desenhos realizados, todavia, todas as
crianças já concluem os desenhos por eles iniciados. Relativamente à aparência dos
seus desenhos apenas 2 crianças revelam algum cuidado com este parâmetro onde as
restantes 20 crianças revelam muito cuidado com a aparência dos seus trabalhos.
Quanto à atribuição correta da cor, durante esta atividade verificamos que 19
crianças já são capazes de associar a cor adequada a um determinado objeto.
Com o finalizar desta atividade percebemos uma contínua evolução no
desenvolvimento dos participantes face ao âmbito do domínio da plástica.
4ª Tarefa: “O retrato da minha família”
Esta tarefa foi efetuada na semana em que celebramos o dia da família, assim
sendo, conseguimos fazer uma ligação entre esta atividade e o assunto integrador.
Nesta atividade, todo o grupo a realizou em simultâneo sendo que cada um desenhou
a imagem que tem dos membros constituintes da sua família na sua memória.
Desta forma, quando colocada a questão “O que vão desenhar?” várias foram
as respostas apresentadas pelas crianças:
AF: “O pai, a mãe e eu, mas vou desenhar a mãe mais pequena do que o pai. Eu sou mais pequenino de todos.”
MR: “O Matias tem barba. A avó vou desenhar de manga curta. Eles são mais grandes.” TF: “Vou desenhar muita gente porque tenho muitos irmãos. Olha o pescoço que a mãe tem. O
André é gordo; Sabes que o meu André é gordo? Mas se eu fizer o André gordo não cabe no desenho porque o avô também é gordo.”
Tratando-se desta atividade de um assunto que desperta o interesse dos
participantes deste estudo, foi notória a envolvência e dedicação do grupo na
realização desta tarefa (figura 21).
63
De modo a ser possível estabelecer uma comparação entre o desenvolvimento
inicial das crianças aquando da realização da primeira tarefa desta atividade,
realizamos uma nova grelha onde apresentámos os resultados das crianças
evidenciados nesta última tarefa.
Figura 21. Realização da 4ª Tarefa - "O retrato da minha família"
64
Grelha 6.Resultados obtidos no decorrer da atividade 2 - 4ª tarefa
Grelha de Observação 2ª Atividade - 4ª Tarefa – “O retrato da minha família”
Princípios Orientadores (Capacidades, Aptidões, Atitudes)
CRIANÇAS
Utiliza mais que uma cor
Conclui o seu desenho
Aparência do desenho
É capaz de corresponder a cor
correta a um determinado objeto
AD Sim Sim 3 Sim
SM Sim Sim 3 Sim
MD Sim Sim 3 Sim
MF Sim Sim 3 Sim
LM Sim Sim 3 Sim
FL Sim Sim 3 Sim
TM Sim Sim 3 Sim
TR Sim Sim 3 Sim
SV Sim Sim 3 Sim
GS Sim Sim 2 Não
GF Sim Sim 2 Não
IF Sim Sim 3 Sim
DP Sim Sim 3 Sim
AF Sim Sim 3 Sim
TV Sim Sim 3 Sim
SM Sim Sim 3 Sim
SP Sim Sim 3 Sim
IM Sim Sim 3 Sim
LR Sim Sim 3 Sim
MR Sim Sim 3 Sim
TF Sim Sim 3 Sim
TP Sim Sim 3 Sim
1- Pouco; 2- Bem; 3- Muito Bem
Com base na informação presente na grelha 6, verificamos que todas as
crianças utilizam mais que uma cor nos desenhos realizados e também que todas elas
são capazes de concluir esses mesmos trabalhos.
65
Quanto à aparência dos desenhos 20 crianças continuam a evidenciar muito
cuidado com os seus trabalhos realizados, enquanto 2 delas apenas apresentam algum
cuidado face a este parâmetro.
Podemos também verificar que 20 crianças em 22, já são capazes de
corresponder a cor correta a um determinado objeto.
Estabelecendo então uma comparação entre os primeiros trabalhos realizados
pelas crianças neste âmbito evidenciamos uma clara evolução no seu
desenvolvimento, visto que em todos os parâmetros denotamos a evolução desejada.
É ainda de salientar que todas estas tarefas tiveram por base o cantinho móvel
da expressão plástica – A Magia nas Mãos, e também que as crianças utilizaram as
cartolas de mágicos na resolução de cada uma destas tarefas.
Reflexão da atividade
Verificámos que no início desta atividade as crianças estavam bastante curiosas
e apreensivas face ao novo material didático, tendo realizado várias explorações do
mesmo a fim de o descobrir pormenorizadamente. Assim, e tal como já referi foram
várias as intervenções das crianças que tornam evidentes o interesse das mesmas para
este material.
Na sequência desta atividade foram propostas 4 tarefas distintas às quais o
grupo foi dando resposta, ao analisar os resultados obtidos em cada uma das tarefas
denotamos que foi existindo a evolução desejada.
Consideramos que, o facto de esta atividade ter sido realizada por muitas vezes
fora do espaço da sala de atividades, isso tenha despertado uma maior envolvência e
motivação nas crianças, pois estava presente o fator “novidade”.
SP: “Onde vamos?” SV: “Não é só guardar o lixo, é mudá-las para novas?”
LR: “Ai gosto mesmo disto. Posso conduzir?”
É importante referir que esta atividade conseguiu captar a atenção até das
crianças mais distraídas e desinteressadas, tendo em várias situações demonstrando
evidências de atenção e empenho pelas atividades em curso.
66
TP: “Cuidado com a minha folha, não posso estragar.” LM: “Os marcadores estão sem tampas Sofia.”
DP: “Sofia, eu estou a tratar bem o móvel mágico.”
Uma das dificuldades sentidas foi em conseguir que o grupo inicialmente se
abstraísse do cantinho móvel e passasse à realização das atividades pois devido às
dimensões e à decoração deste material, a atenção das crianças direcionou-se muito
para ele.
Por tudo isto, verificamos que a realização desta atividade proporcionou aos
participantes a aquisição de diversas aprendizagens onde o trabalho desenvolvido era
realizado com vontade das próprias crianças.
PP: “Eu acho que este tipo de atividades está a resultar porque eles estão com mais cuidado com os materiais e estão muito envolvidos.”
4.3. Economizar com a Expressão Plástica
Intencionalidade educativa: Esta atividade potenciou uma transversalidade com
outros domínios da expressão, nomeadamente a expressão musical, a expressão
dramática e expressão motora. Com esta tarefa pretendemos encorajar a criança e
predispô-la para uma compreensão eficaz da importância de se reutilizar os materiais.
Desta forma, assuntos como a política dos 3 R´s foram mencionados e
discutidos com o grupo.
Introdução da atividade: A atividade designada por “Economizar com a Expressão
Plástica”, ocorreu na sessão de estágio no dia 20 de maio (anexo CD). Esta tarefa surge
na sequência das atividades anteriores sendo o cantinho móvel da expressão plástica
utilizado para a construção dos materiais propostos.
Desenvolvimento da atividade: Inicialmente comecei por distribuir o grupo em 3
partes, de seguida questionei o grande grupo sobre a importância da reutilização
“Sabem o que é reutilizar?” ao que as crianças prontamente responderam:
TF: “Sofia já falaste do livro dos R´s.” LR: “É guardar o lixo.”
67
DP: “Não é só guardar o lixo, é mudar para coisas novas.” SP: “E depois ficamos com coisas novas, para fazer coisas novas.”
Após estas respostas das crianças considerei pertinente abordar um assunto já
anteriormente explorado – o da importância da reciclagem. Assim, todas as crianças
ficaram a perceber a importância da reutilização e a utilidade que esta prática
potencia.
Neste sentido, passei à distribuição de tarefas pelos diferentes grupos, onde
um deles explorou o domínio da expressão musical, outro explorou o domínio da
expressão dramática e outro explorou o domínio da motora – sendo que todos eles se
serviam da expressão plásticas para as suas construções – conseguindo assim atingir a
transversalidade desejada.
O principal intuito desta atividade foi o de fazer chegar às crianças que através
da expressão plástica podemos construir diferentes produtos para as diversas áreas e e
com diferentes técnicas. Consideramos que, a forma mais eficaz de fazer chegar este
pensamento às crianças é através da prática por isso foram desafiados a construir os
seguintes materiais: maracas (expressão musical), fantoches (expressão dramática) e
bolas (expressão motora).
Foi com entusiasmo que as crianças aderiram a estes desafios e já numa fase de
construção pude observar que as crianças revelaram-se preocupadas em conseguir dar
resposta à tarefa colocada, desempenhando-a com muito cuidado e apreço (figura 22).
68
O envolvimento das crianças denotava-se através de comentários e diálogos
entre elas onde em diferentes contextos como o recreio e o contexto familiar. Foi
possível perceber que os participantes comentavam o trabalho que estava a ser
desenvolvido.
TF: “Quando formos para a sala vou fazer um desenho muito bonito e colorido.” FL: ”Sofia e eu posso acabar o meu?”
A motivação das crianças com este projeto fez-se transparecer aos seus pais e
familiares que quando se deslocavam ao jardim-de-infância revelavam curiosidade
sobre o móvel mágico e sobre os trabalhos plásticos dos seus filhos.
M.TM: “Então onde estão as obras mágicas do TM?” P.TP: “Onde está o tal móvel? Posso ver?”
Na grelha que se segue, apresentamos alguns parâmetros de avaliação desta
atividade.
Figura 22. Desenvolvimento da atividade "Economizar com a Expressão Plástica"
69
Grelha 7. Resultados obtidos na atividade nº 3 "Economizar com a Expressão Plástica".
Grelha de Observação 3ª Atividade – “Economizar com a Expressão Plástica”
Princípios Orientadores (Capacidades, Aptidões, Atitudes)
CRIANÇAS
Utilizam corretamente os
diferentes materiais essenciais na modelagem
Manuseiam corretamente
materiais como tecidos, plástico e
jornais
Revelam criatividade
AD Sim Sim Sim
SM Sim Sim Sim
MD Sim Sim Sim
MF Não Sim Alguma
LM Sim Sim Sim
FL Sim Sim Sim
TM Sim Sim Sim
TR Não Sim Alguma
SV Sim Sim Sim
GS Não Não Não
GF Sim Sim Alguma
IF Sim Sim Sim
DP Sim Sim Sim
AF Sim Sim Sim
TV Sim Sim Sim
SR Sim Sim Sim
SP Sim Sim Sim
IM Não Sim Alguma
LR Sim Sim Sim
MR Sim Sim Sim
TF Sim Sim Sim
TP Sim Sim Sim
Tendo em conta a grelha anterior, verificamos que relativamente à utilização
correta dos diferentes materiais de modelagem, nomeadamente, cola de pincel,
tesouras e cola de batom, 18 das 22 crianças observadas são capazes de o fazer
corretamente. No que diz respeito ao manuseamento correto dos materiais como
tecido, plástico e jornais, os dados apresentados revelam que 21 crianças são capazes
de o fazer como o desejado.
Relativamente à criatividade, 17 crianças deste grupo apresentam criatividade
nos trabalhos desenvolvidos, 4 destes participantes revelam alguma criatividade nas
suas construções e apenas 1 criança não apresenta qualquer índice de criatividade.
70
Reflexão da atividade
Partindo do desenrolar de toda esta atividade e, tendo também por base a
análise realizada sob o conteúdo da grelha 5, constatamos uma entrega por parte dos
participantes face aos desafios colocados. O grupo conseguiu dar resposta às
solicitações feitas e conseguiu uma boa colaboração entre grupos onde aspetos como,
a entreajuda e a socialização estiveram presentes.
A responsabilidade atribuída a cada um dos grupos serviu-lhes de motivação
para um desempenho que superou em muito as expectativas geradas pois as crianças
demonstravam-se orgulhosas dos resultados das suas construções.
É de salientar que o cantinho móvel da expressão plástica esteve uma vez mais
em evidência pois só assim foi possível alcançar a transversalidade neste projeto.
Destaco também a compreensão do grupo no que diz respeito à prática da
reutilização onde as crianças perceberam e tiveram a possibilidade de constatar nas
suas construções que reutilizar é uma ação útil que pode alcançar resultados bastante
satisfatórios.
Todos os materiais construídos pelo grupo no decorrer desta atividade foram
utilizados em implementações futuras onde as crianças utilizaram as bolas numa
sessão de expressão motora, utilizaram os fantoches nas dramatizações livres que
realizavam na área da casinha e, manusearam os instrumentos musicais no
acompanhamento de uma música inserida numa temática abordada noutra
implementação. A utilidade dada a estes materiais torna visível aos olhares das
crianças a importância de se reaproveitar materiais já utilizados.
4.4. A Mão Gigante
Intencionalidade educativa: Esta atividade consistiu na construção de uma mão
gigante cujas medidas se compreendem entre 1.60m de largura e 1.90m de altura.
Com esta atividade pretendemos encorajar a criança para uma perceção de si mesma
no que diz respeito a revelar uma capacidade que lhes era desconhecida.
71
Introdução da atividade: A construção da mão gigante ocorreu na implementação no
dia 22 de maio de 2013 (anexo CD).
Tratando-se de uma construção em grandes dimensões (escala), é de referir
que a participação das mesmas na construção da mão gigante visou a colagem e
moldagem de folhas de jornal em apenas um dedo dessa mão.
Desenvolvimento da atividade: Inicialmente estabeleci com o grupo uma ligação entre
esta atividade e o título do cantinho móvel da expressão plástica – A Magia nas Mãos,
onde partindo do entusiamo e motivação das crianças face a tudo que este projeto
englobou considerei pertinente a construção de algo mais grandioso que contasse com
a participação destes intervenientes. Ao desafiá-los para a realização de mais um
desafio, o grupo reagiu com vontade e empenho.
AF: “O que é isso grande, Sofia?” SP: “O que vamos fazer aí?”
GS: “Ui, como vamos fazer uma mão maior que nós? Não chegámos lá cima.”
Uma vez esclarecidas todas as dúvidas das crianças, partilhei com elas o dedo
que juntos iriamos construir. Assim sendo, preparei uma pequena mesa de trabalho
onde disponibilizei os materiais necessários que se encontravam no cantinho móvel da
expressão plástica. Posto isto, colocámos aleatoriamente 2 crianças de cada vez a
forrar esse dedo de modo a preenche-lo na totalidade com a participação de todo o
grupo. Após a mão estar composta, esta foi deslocada para o exterior do jardim-de-
infância, onde as crianças em grupo de 4 efetuaram a pintura livre da mesma através
da técnica do salpico. (figura 23)
73
Na grelha 6 são apresentadas as avaliações às prestações das crianças no
desenrolar desta tarefa.
Grelha 8: Resultados obtidos na atividade nº 4 "Mão Gigante".
Grelha de Observação 4ª Atividade – “Mão Gigante”
Princípios Orientadores (Capacidades, Aptidões, Atitudes)
CRIANÇAS
Reagiu com
entusiamo à tarefa
Colaborou com entusiamo na
construção deste material
Manuseia corretamente
materiais de 2 ou 3 dimensões
AD Sim Sim Sim
SM Sim Sim Sim
MD Sim Sim Sim
MF Sim Sim Sim
LM Sim Sim Sim
FL Sim Sim Sim
TM Sim Sim Sim
TR Sim Sim Sim
SV Sim Sim Sim
GS Sim Sim Não
GF Sim Sim Sim
IF Sim Sim Sim
DP Sim Sim Sim
AF Sim Sim Sim
TV Sim Sim Sim
SR Sim Sim Sim
SP Sim Sim Sim
IM Sim Sim Sim
LR Sim Sim Sim
MR Sim Sim Sim
TF Sim Sim Sim
TP Sim Sim Sim
Com base nos resultados patenteados na grelha acima transcrita verificamos
que todas as crianças reagiram com entusiasmo à tarefa proposta, tendo todas elas
colaborado com igual entusiasmo na construção da mão gigante.
No que diz respeito ao manuseamento correto dos materiais de bi ou
tridimensional, verificamos que apenas uma das crianças não conseguiu manusear
corretamente os materiais desta atividade.
74
De uma forma geral, o grupo evidencia uma evolução no seu desenvolvimento
no domínio da expressão plástica, o que me leva a crer que este projeto contribuiu
para o aperfeiçoamento deste desenvolvimento.
Reflexão da atividade:Os resultados obtidos superaram em muito as espectativas
geradas em torno deste objeto, onde através das intervenções das crianças
verificámos o seu orgulho e apreciação face ao trabalho realizado pelo grupo.
TF: “Sofia, onde está o dedo que eu colei?” LR: “Esta é a nossa mão mágica?”
TP: “Fomos nós que fizemos isto assim tão grande?”
Perante afirmações como as acima transcritas retiro um feedback positivo face
a este trabalho pois além de terem sido capazes de satisfazer e corresponder ao
desafio colocado, estas crianças estavam orgulhosas do trabalho realizado por elas
mesmas.
É de salientar que, devido a esta atividade ser de caris prático, a atenção geral
do grupo de participantes foi maioritariamente absorvida, pelo que considero útil
servir-se deste género de trabalhos para explorar com as crianças assuntos, temáticas
e até mesmo a transversalidade.
Ao observar de perto o decorrer de toda esta atividade pude percecionar que
as crianças deste contexto educativo já revelavam mais cuidado e gosto pelos
trabalhos desempenhados, verificando-se que muitas delas se surpreendiam consigo
próprias.
De referir que o cantinho móvel da expressão plástica esteve presente na
realização desta atividade e é de salientar também que tudo o que esta última tarefa
englobou contribui para o enriquecimento pessoal dos participantes e para a sua
capacidade de criar e explorar diversas técnicas de expressão plástica.
Os pais/encarregados de educação, mostraram interesse e curiosidade em
visualizar o trabalho que os filhos realizaram. Existindo alguns que evidenciaram
vontade em participar na atividade em questão.
P.IF: “Quando é que eles fizeram isto? Gostava de ter participado.”
75
M.SP: “Como é que eles conseguiram fazer algo tão grande?” M.SP: “Se entretanto resolverem fazer a outra mão podem contar comigo.”
76
CAPÍTULO V - CONCLUSÕES
Neste capítulo são apresentadas as principais conclusões obtidas com este
estudo. Assim, apresentamos a resposta à questão de investigação existente. Esta
parte contempla as limitações encontradas no desenrolar deste trabalho bem como
algumas recomendações alusivas a futuras investigações.
5.1. Conclusões do estudo
Com base numa observação participante e consequentemente da proposta de
diferentes atividades integradoras surgidas na sequência do projeto A Magia nas Mãos
no Pré-Escolar, foi possível verificar que toda a dinâmica atingida em torno do domínio
da expressão plástica serviu para as crianças expressarem os seus sentimentos através
dos trabalhos realizados, onde demonstravam maior interesse e autonomia na
elaboração dos mesmos.
Destaco o facto de as tarefas realizadas terem permitido às crianças explorar a
expressão plástica sob diferentes contextos e espaços, o que os motivou e captou a
atenção geral do grupo tendo-se assim assegurado o alcance dos objetivos.
Neste contexto educativo faziam parte um grupo de crianças que revelavam
uma necessidade de estimarem os seus trabalhos plásticos, fator que se superou no
desenrolar deste projeto uma vez que através das análises efetuadas se verifica que
todas as crianças conseguiram explorar e finalizar as tarefas plásticas, revelando gosto,
apreço e cuidado com os materiais em questão. O cantinho móvel foi um utensílio
estimulante para o envolvimento e participação destas crianças pois mostravam-se
interessadas e motivadas para as atividades, solicitando sempre a utilização deste
instrumento.
Observando todo o trabalho envolvido nesta investigação realço o facto de se
tratar de um projeto direcionado a crianças do ensino pré-escolar, o que me levou a
englobar neste estudo uma abordagem a diferentes áreas/domínios pois tal como é
referido nas Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (1997) “(…)
abordagem das diferentes áreas de conteúdo e domínios inscritos em cada uma, de
77
modo a que se integrem num processo flexível de aprendizagem que correspondem às
suas intenções e objetivos educativos e que tenha sentido para a criança.” (p. 50)
Este projeto foca-se no domínio da expressão plástica, porém optei por
envolver uma transversalidade entre as diferentes áreas/domínios onde abordei a
expressão dramática, a expressão musical e a expressão motora, em atividades como a
construção de fantoches para a dramatização de contos, a elaboração de bolas de
farrapos para exercitar a motricidade global e ainda a construção de instrumentos
musicais – maracas, utilizadas para o acompanhamento da exploração de diferentes
músicas.
A transversalidade neste trabalho contribuiu para a integração e motivação dos
participantes através do recurso àexpressão plástica inserida nos diferentes domínios.
Este aspeto serviu também para demonstrar às crianças uma visão diversificada
que lhes permite em diferentes situações ajustar ou solucionar problemas do dia-a-dia
com base na criatividade. Devo ainda referir que, a articulação da expressão plástica
com outras áreas e domínios favoreceu o processo de aprendizagem deste grupo de
crianças, na medida em que foram criados espaços onde as crianças puderam fazer uso
da sua imaginação de forma livre e apresentarem os seus trabalhos de inovadores e
criativos sem estarem condicionados pelo adulto.
Deste modo, através dos desafios colocados ao longo de todo este trabalho as
crianças estiveram motivadas, envolvidas nas diferentes tarefas e aumentando as suas
conceções sobre as potencialidades relativas à expressão plástica. Este trabalho
conseguiu levar as crianças a um cuidado e respeito pelos recursos e materiais
disponíveis, uma vez que, aumentavam o seu apreço e estima pelo material existente
no cantinho móvel “A Magia nas Mãos” e por inerência o interesse por outras
atividades desenvolvidas na sala e no âmbito do jardim-de-infância. Este aspeto deve-
se ao facto de as crianças estarem consciencializadas que os pais estavam interessados
em ver os seus trabalhos o que fez com que as crianças preservassem para mostrar.
Na sequência das atividades realizadas observou-se uma interligação entre
todas elas, onde com base no diagnóstico feito inicialmente e o nível de
desenvolvimento da cada criança, as atividades foram elaboradas com o intuito de
solucionar essas necessidades, sendo que todas as atividades aqui desenvolvidas
78
partiram do cantinho móvel (instrumento que cativou bastante a atenção e o interesse
do grupo).
Ao longo deste trabalho verificámos uma evolução na interação das crianças e
até mesmo na postura de todas elas aquando a realização dos trabalhos propostos,
tendo sempre em atenção pelas necessidades educativas que cada uma das crianças
apresentava.
O envolvimento parental é um fator muito importante neste contexto
educativo que embora não tenham estado incididos diretamente neste projeto, foi
notável a sua preocupação em acompanhar ainda que de forma indireta o trabalho
realizado em torno deste projeto. Saliento o facto de muitas vezes os encarregados de
educação e familiares dos participantes revelarem a sua vontade em participar de
algum modo neste trabalho, demonstrando-se a par de todo o seu desenvolvimento
através das informações dos seus educandos face ao mesmo.
A partir deste projeto, verificou-se um maior envolvimento por parte dos
pais/encarregados de educação que, diariamente se preocupavam em entrar na sala
de atividades e visualizar os trabalhos realizados pelas crianças colocando questões
sobre os mesmos e demonstrando uma ligação mais forte às práticas educativas dos
filhos. As visitas tornaram-se habituais e em todas elas existia uma vontade de
participar e colaborar nos trabalhos em desenvolvimento, participando e facilitando o
progresso dos seus educandos. Este aspeto é digno de destaque pois revelou ser
bastante significativo para as crianças onde sentem o seu trabalho ser valorizado aos
olhos dos seus familiares e de toda a comunidade educativa fazendo com que as
aprendizagens não estejam confinadas ao espaço de sala de atividades, ou seja, as
interações promovidas pelos projetos desenvolvidos aumentam o reconhecimento e
significado da missão do jardim-de-infância na comunidade.
É também importante referir que neste envolvimento parental existe uma
entreajuda com o trabalho docente e o trabalho familiar pois, os pais ajudam a
consolidar e esclarecer conceitos que foram abordados no jardim-de-infância,
podendo explorar melhor as conceções dos seus educandos e, simultaneamente
motivá-los para novas aprendizagens. Assim sendo, segundo as OCEPE, a importância
da relação com a família traduz-se num objetivo: “Incentivar a participação das
79
famílias no processo educativo e estabelecer relações de efectiva colaboração com
comunidade.” (1997, p.22)
A Magia nas Mãos no Pré-Escolarfoi um projeto que se subentendeu em
diferentes atividades estando todas elas relacionadas, assim foi realizada uma
exposição (ver anexo) que serviu para um culminar de todo este projeto. Desta
exposição faziam parte 110 desenhos, as cartolas mágicas construídas pelas crianças, a
mão gigante que resultou de um trabalho que consistia na utilização da moldagem e
da técnica do salpico para a decoração da mesma e ainda também o cantinho móvel
que acompanhou todo o desenrolar destas atividades. Dado a complexidade da
construção da mão gigante foi necessário articular as atividades tendo em conta o
nível de desenvolvimento e de desempenho de cada criança, facto que permitiu o
sucesso desta atividade uma vez que no decorrer desta atividade as tarefas realizadas
pelas crianças eram sempre ajustadas ao seu nível de desenvolvimento tendo o
cuidado de não condicionar as suas ações.
A construção da mão gigante promoveu ainda um certo impacto na
comunidade educativa, elevando as expectativas e curiosidade em torno de todo o
processo de construção face ao produto final. O produto final serviu para dar a
conhecer todo o trabalho realizado pelas crianças, fator que satisfez todas elas pois
sentiam-se orgulhosas delas próprias e viam uma vez mais o seu trabalho ser
reconhecido, uma vez que a participação em todas as fases do processo promove
situações de aprendizagem significativas. Quem reconheceu este trabalho foram
também os pais/encarregados de educação que ao visualizarem esta exposição
abordavam algum desconhecimento de potencialidades que os seus educandos
adquirem.
P: “Foi o meu DP que desenhou isto? Ele em casa não faz isto?” P: “A minha LR foi buscar o pormenor do crucifixo da cantina.”
M: “ Ele desenhou assim o jardim sem ajuda?”
Este projeto emergiu na sequência da questão de investigação - “Como
promover o gosto e a motivação nas crianças relativamente aos trabalhos no âmbito
da expressão plástica?” - onde através de toda a análise realizada podemos concluir
que devemos recorrer à diversificação de atividades deste cariz em diferentes espaços
80
e contextos para que assim as crianças despertem o interesse e curiosidade pela
expressão plástica. O lado mágico, criado torno deste projeto desafiou as crianças a
assumir o papel principal que permitiu por sua vez aumentar os índices motivacionais
neste projeto.
O carácter lúdico associado a este projeto ligado à expressão plástica
proporcionou a abordagem direta e indiretamente a diferentes domínios e a identificar
e minimizar dificuldades diagnosticadas.
Em suma, atividades complexas podem ser trabalhadas nesta faixa etária desde
que bem articuladas, ajustadas e definidos os campos de ação das crianças nas
diferentes fases do processo.
81
5.2. Recomendações para futuras investigações
Partindo das conclusões que retiro acerca deste estudo e tendo por base que
uma investigação ação promove a mudança de ações com o objetivo de melhorar
práticas educativas, deste projeto surgem algumas recomendações que possam
facilitar a concretização de outros trabalhos de investigação neste domínio.
Enquanto investigadora e futura educadora de infância apelo a que trabalhos
similares a este projeto se executam de forma mais frequente nos contextos
educativos pois é gratificante para quem os orienta e para quem neles participa, privar
de projetos que incidem na vertente artística.
Considero também, fundamental realizarem-se estudos de projeto numa sala
de atividades ao longo de um determinado período de tempo cujas tarefas propostas
possibilitem medir o nível de desenvolvimento dos participantes a fim de se elevar o
mesmo.
Em suma, recomendo que sempre que possível se recorra à envolvência
parental direta e indireta neste género de trabalhos pois é um fator imprescindível
para o sucesso das aprendizagens das crianças.
83
REFLEXÃO FINAL SOBRE A PES
Neste capítulo apresentámos uma reflexão final sobre o trabalho desenvolvido
na unidade curricular Prática de Ensino Supervisionada, onde refiro o contributo desta
experiência para a minha formação profissional bem como realizo uma análise face ao
projeto desenvolvido no presente estudo.
No Mestrado de Educação Pré-Escolar, foi-nos possibilitada a vivência em
experiências facilitadoras num futuro na educação pré-escolar. Na Prática de Ensino
Supervisionada I tive a oportunidade de assistir a algumas sessões como observadora
participativa numa sala de atividades onde pude ter a perceção do funcionamento de
um determinado contexto e conhecer e contactar com um grupo de crianças onde
mais tarde viria a realizar o meu estágio. Considero que estas sessões tenham
facilitado uma adaptação essencial para a minha integração com este grupo de
crianças.
Estas observações mostraram-me um lado mais concreto de tudo o que
engloba a orientação de uma sala de atividades, nomeadamente as rotinas, a
distribuição do espaço, a gestão do tempo, a ocorrência de imprevistos, as ações das
crianças em diversos contextos e as tarefas realizadas.
Após uma fase de adaptação passamos ao momento de planificar e
implementar as sessões de estágio onde inicialmente sentia algum receio de falhar ou
de não ser capaz de executar um papel que anseio executar para o resto da vida.
Contudo, esse receio foi ultrapassado e dia após dia sentia uma evolução pessoal
sentindo-me segura do meu trabalho.
Já na Prática de Ensino Supervisionada II, o grau de exigência foi subindo,
passamos a implementar três vezes por semana, o que nos levou a um trabalho mais
rigoroso ao qual tivemos sempre em atenção corresponder às necessidades e
interesses das crianças. Aqui, usufrui de um maior envolvimento com o grupo onde
também foi possível realizar uma abordagem mais pormenorizada às áreas de
conteúdo.
Analisando todo o trabalho que a PES me proporcionou, considero que tudo o
que esta unidade curricular envolveu – observações, planificações, implementações e
84
reflexões – foram experiências significativas do meu ponto de vista pessoal. Este foi
um trabalho desenvolvido em equipa tendo potenciado uma troca de saberes e
conhecimentos enriquecedores para mim.
Destaco o facto de toda a teoria e a prática que este curso nos possibilitou foi
útil para o trabalho desempenhado no decorrer de cada sessão de estágio.
No que diz respeito ao presente projeto intitulado por A Magia nas Mãos no
Pré-Escolar, este foi um trabalho importante para mim ao qual mereceu toda a minha
dedicação onde foi conseguida uma evolução no desenvolvimento das crianças. Este
trabalho teve o apoio e o olhar crítico da educadora responsável pelo grupo de
participantes, do meu orientador de estágio bem como do meu par pedagógico.
Concluo que com este projeto e com toda a experiência vivênciada através da
PES, adquiri diversos conhecimentos nomeadamente na importância de uma reflexão
diária face às ações desenvolvidas, bem como a importância de ajudar as crianças em
superar as suas dificuldades.
A Prática de Ensino Supervisionada permitiu-me obter conhecimentos
indispensáveis para o meu futuro profissional, foi um contributo para o meu
crescimento enquanto pessoa e enquanto futura educadora. É de realçar todo o
conhecimento transmitido pelos docentes desta unidade curricular que facilitaram o
nosso desenvolvimento.
Por fim, destaco o trabalho de equipa de intervenção conquistado com o meu
par pedagógico e com a educadora cooperante pois juntas conseguimos aprender e a
ensinar. Faço ainda referência aos ensinamentos das crianças pois com toda a sua
vontade de crescer foram a motivação para todos os dias realizar novas pesquisas e
construir novos trabalhos para os cativar dia após dia.
85
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bell, J. (1997). Como realizar um projecto de investigação. Lisboa: Editora Gradiva
Bogdan, R. e Biklen, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação – Uma introdução
àteoria e aos métodos. Colecção Ciências da Educação. Porto: Porto Editora.
Canelhas, S. (2009). Experiência estética nos processos educativos. In Natércia Pacheco
eM.J. Araújo (orgs.), Expressões: Espaços e Tempos de Criatividade. Maia:
Ed.E: etc/LIPVSIC.
Censos (2011). Acedido em 15 junho, 2013, http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos2011_apresentacao.
Cohen, L., Manion, L. e Morrison, K. (2000). Research methods in education. London:
Routledge Falmer.
Coutinho, C. P. (2008). A qualidade da investigação educativa de natureza qualitativa:
questões relativas à fidelidade e validade. Educação Unisinos 12: Janeiro/
Abril, pp.5-15. Acedido em 12 de abril de 2013 em:
http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/7884/1/005a015_ART0
1_Coutinho%5Brev_OK%5D.pdf.
Denzin, N.S. e Lincoln, Y. (2005). The Handbook of Qualitative Research – 3th edition,
London: Sage Publications Ltd.
Eça, T. (2009). Boas vindas à criatividade e inovação nas escolas. Acedido em 29 de
Novembro de 2009, em: http://www.redvisual.net/pdf/9-10/art7.pdf.
Eisner, E.W. (1972). Educating artistic vision. New York: Macmillan. Educar la
visionartística, Ediciones Paidós Ibérica, Barcelona (1995).
86
Elliot, J. (1991). El cambio educativo desde la investigación-acción. (P.Manzano, Trad.).
4ªEd.Madrid: Ed. Morata (2005).
Erickson, F. (1984). What makes school ethnography ‘ethnographic?’.Anthropology
and Education Quarterly, vol.15, 51-66.
Erickson, K. e Simon, H. (1980).Verbal report as data. Psychological Review, vol.87-nº3:
215-251.
Esteves, L.M. (2008). Visões panorâmicas da Investigação-Acção. Porto: Porto Editora.
Estrela, A. (1990). Teoria e Prática de Observação de Classes. 3ªed. Lisboa: Instituto
Nacional de Investigação Científica.
Flick, U. (2009). An Introduction to Qualitative Research, 4ª Ed., London: Sage
Publications Ltd.
Formosinho , J. O., Andrade, F. F., & Formozinho, J. (2011). O Espaço e o Tempo na Pedagogia-em-Participação.Porto: Porto Editora.
Goetze, J. e LeCompte, M.D. (1984). Ethnography and Qualitative Design in Educational
Research.S. Diego Academic Press (1993).
Golton, R. e Clero, C. (1976). – A Criatividade Criadora na Criança. Lisboa Editorial:
Estampa.
Heath, C. e Hindmarsh, J. (2002). Analysing interaction: video, ethnography and situate
edconduct. Qualitative Research in Practice. Ed. T. May. London: Sage, pp. 99-
121. Acedido em 26 de Julho 2010
em:http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/summary?doi=10.1.1.111.5096.
87
Hohmann, M.;Banet, B.; Weikart, D. (1979).A criança em acção. 2ª ed. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian.
Lino, D. M. (1998). A transição Entre os dois primeiros níveis de educação básica
perspetivada através da utilização do espaço e dos materiais. Braga: Instituto
de Estudos da Criança da Universidade do Minho.
Lowenfel, V. (1977). – A Criança e a sua Arte. S. Paulo: Mestre Jou.
Ludke, M. e André, M. (1986). - Pesquisa em Educação: Abordagens qualitativas. – São
Paulo: Ed. Pedagógica e Universitária
Máximo, E. L. (2008). Visão panorâmica da investigação acção. Porto: Porto Editora.
Morais, M.F. (2001). Definição e Avaliação da Criatividade. Braga: Universidade do
Minho, I.E.P.
OCEPE. (1997). Orientações Curriculares para a EDucação Pré-Escolar. Lisboa: ME - DEB.
Oliveira, M. (2007). - A Expressão Plástica para a Compreensão da Cultura Visual. Saber
(e) Educar (12).
Pascal, C., & Bertram, T. (1999). Desenvolvendo a qualidade em parcerias. Porto: Porto
Editora.
Ribeiro, A. (2002). A Escola pode esperar. CRIAP – 37. Porto: Asa Editores.
Rodrigues, D. (2002). - A Infância da Arte, a Arte da Infância. Porto: Edições ASA.
Sousa, A. (2003). Educação pela Arte e Artes na Educação, vol. II. Lisboa: Instituto
Piaget.
88
Tuckman, B. W. (2000). Investigação Educacional. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian.
Zabalza, M. (2004). Diários de Aula – um instrumento de pesquisa e desenvolvimento
Professional. (trad. Ernani Rosa), Porto Alegre: Artmed.