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GERÊNCIA EDITORIAL
E DE PRODUÇÃO
Gilmar Chaves
COORDENAÇÃO
EDITORIAL
Patrícia Nunan
COORDENAÇÃO
DE DESIGN
Marcos Henrique Barboza
PESQUISA,
ESTRUTURAÇÃO E
COPIDESQUE
Friedrich Gustav Schmid Jr.
Patrícia Nunan
REVISÃO FINAL
Patrícia Calhau Ribeiro
DIAGRAMAÇÃO
Sanderson Santos
IMPRESSÃO
E ACABAMENTO
Esdeva
Copyright 2012 por Editora Central Gospel
Dados Internacionais de Catalogação
na Publicação (CIP)
MALAFAIA, Silas
A receita de Neemias para uma vida vitoriosa
Rio de Janeiro: 2012
64 páginas
ISBN: 978-85-7689-269-4
1. Bíblia - Vida cristã I. Título II.
1a edição: julho/2012
As citações bíblicas utilizadas neste livro foram extraídas da
Versão Almeida Revista e Corrigida (ARC), salvo indicação
específica, e visam incentivar a leitura das Sagradas
Escrituras.
É proibida a reprodução total ou parcial do texto deste livro
por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos, xerográficos,
fotográficos etc.), a não ser em citações breves, com
indicação da fonte bibliográfica.
Este livro está de acordo com as mudanças propostas pelo
novo Acordo Ortográfico, que entrou em vigor em janeiro de
2009.
Editora Central Gospel Ltda
Estrada do Guerenguê, 1851 - Taquara
Cep: 22.713-001
Rio de Janeiro - RJ
TEL: (21)2187-7000
www.editoracentralgospel.com
DIGITALIZADO POR
SEMEADORES DA PALAVRA
S I L A S M A L A F A I A
A receita de Neemias para
uma vida vitoriosa
CENTRAL GOSPEL
Sumário
Apresentação ................................................................. 7
Capítulo 1 — A importância de reconhecer o problema e
desejar a solução .............................................................. 9
Tomando conhecimento do problema ..................................... 11
Vivenciando as emoções ........................................................ 13
tomando uma atitude para resolver o problema ..................... 16
Capítulo 2 — Pedindo orientação a Deus pela oração ........ 19
A adoração ao Senhor ............................................................ 20
A confissão a Deus de nossos pecados ................................... ‘21
A Palavra dc Deus como fundamento das nossas orações
e petições .............................................................................. 22
Petições objetivas .................................................................. 25
Capítulo 3 — Usando o nosso potencial para atingir nossos
objetivos .............................................................................. 28
Cultivando o bom ânimo........................................................ 28
Respeitando o protocolo ........................................................ 31
Usando bem as palavras ....................................................... 32
Agindo com cautela para aproveitar as oportunidades .......... 34
Capítulo 4 — Ações práticas para a concretização de nossos
projetos.............................................................................. 37
Inspirar confiança e ter integridade ............................................ 37
Planejar uma ação estratégica .................... ............................... 39
Descansar e partir para a ação ................................................... 41
Tomar pé da situação ................................................................. 43
Manter sigilo sobre o propósito ................................................... 44
Compartilhar a visão e somar esforços para levar a cabo o
projeto ....................................................................................... 46
Enfrentar críticas e oposição do modo certo ................................ 46
Capítulo 5 — A graça de Deus e o nosso potencial interagem
para o milagre ........................................................................... 50
Cooperando com Deus e abençoando outros ............................... 51
Usufruindo da bênção de Deus ................................................... 53
Ajudando os necessitados ........................................................... 54
Rendendo graças a Deus ............................................................ 56
Alegrando-se no Senhor .............................................................. 60
Apresentação
Em toda narrativa bíblica, podemos encontrar
"receitas" para aprimorar a nossa vida e o nosso
caráter. Assim, muitas vezes consultamos as Escrituras
em busca de mais do que exemplos para melhorarmos
como pessoas; procuramos por algo que nos ajude a
consertar o que está imperfeito em nós e a restaurar
aquilo que foi destruído ao longo dos anos pelo nosso
descaso ou pela ação do Inimigo.
Diante da necessidade que temos de aviva-
mento e restauração, vamos destacar alguns princípios
que Neemias considerou para restaurar os muros de
Jerusalém e restabelecer a paz, a lei e a ordem na
cidade. Essa "receita" poderá levar-nos a discernir
alguns "ingredientes" essenciais na recuperação
daquilo que Deus tem para nós.
Veremos quem foi Neemias e como ele superou a
tristeza pela destruição de Jerusalém e obteve a
autorização de Artaxerxes para ir até lá e reconstruir a
cidade. Falaremos sobre a importância de orar e
buscar a direção de Deus, bem como usar o nosso
potencial para lutar por nossos sonhos
e projetos. Enfatizaremos algumas características de
Neemias que lhe permitiram aproveitar bem as portas
que lhe foram abertas pelo Senhor e ressaltaremos o
valor do planejamento de nossas ações e metas, bem
como a relevância de superarmos críticas e oposições,
a fim de concluirmos nossos empreendimentos e
projetos.
Que a leitura deste livro o ajude a discernir o seu
potencial e a usá-lo de modo que seus dons, talentos
e projetos redundem em vitórias para você e todos os
que o redeiam! Que você aprenda a usar
o seu potencial humano e a contar também com o
elemento espiritual, a graça de Deus que lhe assegura
bênçãos e o socorro na hora certa! Que você usufrua
de suas conquistas com gratidão e alegria!
Deus o abençoe!
Capítulo I
A importância de reconhecer o problema e
desejar a solução
É muito difícil encontrar alguém que tenha uma
existência tranquila e sem problemas de alguma
ordem;alguém que não precise de restauração em
certas áreas de sua vida.
Na Bíblia, vemos inúmeros relatos sobre a vida
de pessoas que se depararam com problemas graves,
mas que, por sua fé incondicional em Deus, não
entregaram os pontos; antes, buscaram ao Senhor e
descobriram nele a solução para cada uma das
dificuldades com que se defrontaram. Esse foi
o caso de Neemias.
Esse homem reconhecido pelo seu temor a
Deus, sua compaixão e sua perseverança foi um
poderoso instrumento do Senhor usado por Ele para
reconstruir Jerusalém e restaurar a vida dos
remanescentes judeus ali no pós-exílio babilônico.
A R EC E I T A D E NEEMIAS P A R A U M A V I DA V I T O R I OS A
Os projetos de Neemias em relação a seu povo
foram concluídos, em grande parte, devido ao fato de
ele ser um homem corajoso, persistente, coerente e
capaz de reunir tantas pessoas em torno daquela
empreitada. Isso possibilitou ao povo judeu obter a
autorização do rei Artaxerxes para retomar a
reconstrução de Jerusalém, restabelecer os limites que
separavam essa cidade das outras circunvizinhas,
controladas pelos samaritanos, restaurar a paz e a
ordem na capital judaica e reconquistar o respeito dos
povos vizinhos.
Isso porque, depois de reconstruir os muros de
Jerusalém, Neemias foi mais longe em sua missão, ao
restabelecer a Lei de Deus como o padrão ético e
moral do povo. Ele leu a Torá diante dos israelitas,
chamou-os ao arrependimento e a uma mudança de
vida. Eles entenderam que foi sua conduta pecaminosa
que os afastara do Senhor, levando-os à opressão e ao
cativeiro inimigo.
Tendo em vista o posicionamento de Neemias
diante do problema que seus contemporâneos
israelitas viviam em Jerusalém, concluímos que
o primeiro ingrediente na "receita" dele para re-
construir a sua vida foi ver-se como alguém que era
imagem e semelhança de Deus e alvo da graça divina,
sendo, portanto, capaz de resolver os problemas que
afligiam a ele e a seus irmãos. Mas, é
S I L A S M A L A F A Í A
claro, para isso, ele teve de reconhecer que havia um
problema a ser solucionado e tomar as devidas
providências para solucioná-lo.
Tomando conhecimento do problema
Atentemos para os relatos sobre quando Neemias
é informado da terrível situação dos que viviam em
Jerusalém e sobre o que ele fez a seguir:
As palavras de Neemias, filho de Hacalias. E
sucedeu no mês de quisleu, no ano vigésimo, estando eu
em Susã, fortaleza, que veio Hanani, um de meus
irmãos, ele e alguns de Judá: e perguntei-lhes pelos
judeus que escaparam e que restaram do cativeiro e
acerca de Jerusalém. E disseram-me: Os restantes, que
não foram levados para o cativeiro, lá na província estão
em grande miséria e desprezo, e o muro de Jerusalém,
fendido, e as suas portas, queimadas a fogo. E sucedeu
que, ouvindo eu essas palavras, assentei-me, e chorei, e
lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando
perante o Deus dos céus.
Neemias 1.1 -4
Sucedeu, pois, no mês de nisã, no ano vigésimo do
rei Artaxerxes, que estava posto vinho diante dele, e eu
tomei o vinho e o dei ao rei; porém nunca, antes, estivera
triste diante dele. E o rei me disse: Por que está triste o teu
rosto, pois não estás doente? Não é isso senão tristeza de
coração. Então, temi muito em grande maneira e disse ao
rei: Viva o rei para sempre! Como não estaria triste o meu
rosto, estando a cidade, o lugar dos sepulcros de meus
pais, assolada, e tendo sido consumidas as suas portas a
fogo?
E o rei me disse: Que me pedes agora? Então, orei ao Deus
dos céus e disse ao rei: Se é do agrado do rei, e se o teu
servo é aceito em tua presença, peço-te que me envies a
Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a
edifique. Então, o rei me disse, estando a rainha assentada
junto a ele: Quanto durará a tua viagem, e quando
voltarás? E aprouve ao rei enviar-me, apontando-lhe eu
um certo tempo. Disse mais ao rei: Se ao rei parece bem,
dêem-se-me cartas para os governadores dalém do rio,
para que me dêem passagem até que chegue a Judá:
como também uma carta para Asafe, guarda do jardim do
rei, para que me dê madeira para cobrir as portas do paço
da casa, e para o muro da cidade, e para a casa em que eu
houver de entrar. E o rei mas deu, segundo a boa mão de
Deus sobre mim.
Neemias 2.1 -8
Note que, quando Neemias acabou de ouvir o
relato sobre a situação em que se encontravam os
habitantes de Jerusalém, sua reação foi assentar-se e
chorar, lamentar-se, jejuar e orar perante o Senhor
(Neemias 1.4). Primeiro, ele ficou triste e chorou.
Pareceu-lhe, talvez, naquele momento, que mais
nada poderia mudar a situação tão infeliz de seu povo.
O que ele, um exilado, um mero copeiro que servia na
fortaleza de Susã, capital do Império Persa, poderia
fazer por seus irmãos judeus além de condoer-se e
orar para que Deus interviesse no sentido de
demonstrar compaixão por Seu povo?
Em Jerusalém, os remanescentes judeus passa-
vam fome e frio. Com muros derrubados e portões
queimados, Jerusalém estava à mercê de todos os
invasores. Isso se refletia no estado de espírito do
povo e na economia local. Ao saber da miséria em que
os judeus estavam vivendo, a reação de Neemias foi
chorar. Ele teve uma reação tremendamente humana,
pois aquela notícia terrível mexeu com as suas
emoções. Então, ao chorar e lamentar-se pela sorte de
seu povo, Neemias deu vazão aos seus sentimentos e
os expôs diante daquele que poderia trazer a solução:
Deus.
Vivenciando as emoções
Nos momentos de estresse, como esse, faz parte
do processo de solução identificar e extravasar nossos
sentimentos em relação ao que nos aflige. Não adianta
ficar tentando negar o problema ou dar uma de
"supercrente". É necessário chorar, desabafar, orar e
clamar Aquele que tem todo o poder para mudar a
nossa sorte.
A R E C E I I A D E N E E M I A S P A R A U M A V I D A V I T O R I O S A
Existem pessoas em nosso meio que, diante dos
problemas, querem manter a pose de "supercrentes".
Algumas tentam manter a aparência de "espirituais"
falando em línguas estranhas, dando rodopios,
anunciando "visagens" e "profetadas", para parecer que
elas não enfrentam lutas e dificuldades como as
outras. Acham, talvez, que não precisam vivenciar suas
emoções nem carecem de restauração em área alguma
de sua vida. Mas isso é um erro que pode levá-las a
sérios transtornos psicoemocionais e a doenças
psicossomáticas. As pessoas que sempre negam e
reprimem suas emoções acabam aprisionando esses
sentimentos ruins dentro de si e envenenando-se.
Normalmente os homens são os mais reprimidos,
especialmente aqueles ensinados pelos pais a
"engolirem o choro", porque "homem que é homem
não chora". Esses pais não sabem o mal que estão
fazendo aos filhos ao "programá-los" para passar por
cima do que sentem. Lá na frente, essas emoções
"enlatadas" virão à tona em forma de sintomas
neuróticos e desordens afetivas, e eles vão ter de
vivenciar o que sentem, mas de forma negativa.
Não é saudável negarmos nossas emoções e
fingirmos que não temos problemas. É importante
reconhecer e vivenciar o que sentimos. Até para
resolver os problemas, precisamos primeiro identificá-
los e reconhecer a nossa dependência de
S I L AS M A LA F A I A
Deus. Mas, quando falo de vivenciar as emoções não
estou dizendo para ninguém viver acorrentado ao
passado, preso a coisas ruins que aconteceram há
muito tempo.
Tem gente que, ao sofrer algum infortúnio ou
perda, fica prostrada, chorando sem parar por algo
que já passou. Ela não consegue levantar-se e dar a
volta por cima.
Imagine uma mulher de 29 anos que se veste de
preto todo dia e vive enlutada, chorando e
lamentando-se, porque o marido dela morreu nove
anos atrás. Esse comportamento seria normal se ele
tivesse morrido há um ano. Mas há nove... Tem alguma
coisa errada! Parece que quem morreu foi ela, e não o
marido.
Com certeza, quando alguém morre, devemos
chorar sim, mas não para sempre. E fundamental a
pessoa que sofre uma perda vivenciar o luto, para ficar
saudável emocionalmente e processar a dor, mas ela
deve ir aos poucos retomando seus afazeres e
reorganizando sua vida. Se não o fizer, perderá a
saúde, o tempo e as oportunidades de ser feliz
novamente.
Vivenciar uma emoção indefinidamente deixa-
nos "travados", obcecados, e faz com que a nossa vida
não progrida. É inútil chorar por coisas que já
aconteceram e que não podem ser corrigidas. Então,
se você caiu ou sofreu um revés, precisa levantar-se e
seguir em frente, porque, como Deus disse a Elias, mui
comprido te será o caminho (1 Reis 19.7b).
Tomando uma atitude para resolver o problema
Se prestarmos atenção ao texto bíblico, veremos
que Neemias chorou e lamentou-se por alguns dias
(1.4). Sabe o que ele fez a seguir? Esteve jeju- ando e
orando perante o Deus dos céus. Neemias orou e se
recompôs. Então voltou a servir ao rei. Foi então que o
Senhor fez com que Artaxerxes percebesse que seu
copeiro estava triste, indagasse por que e se inclinasse
a atender à petição de seu servo.
Sucedeu, pois, no mês de nisã, no ano vigésimo do
rei Artaxerxes, que estava posto vinho diante dele, e eu
tomei o vinho e o dei ao rei; porém nunca, antes, estivera
triste diante dele. E o rei me disse: Por que está triste o teu
rosto, pois não estás doente? Não é isso senão tristeza de
coração. Então, temi muito em grande maneira e disse ao
rei: Viva o rei para sempre! Como não estaria triste o meu
rosto, estando a cidade, o lugar dos sepulcros de meus
pais, assolada, e tendo sido consumidas as suas portas a
fogo? E o rei me disse: Que me pedes agora?Então orei ao
Deus dos céus...
Neemias 2.1-4
Sabe o que Neemias fez novamente, diante dessa
oportunidade de falar ao rei? Ele não pediu nada para
si. De modo humilde e respeitoso, Neemias lembrou ao
rei o quanto Jerusalém estava assolada e, ante a
proposta do rei — Que me pedes agora? —, Neemias
primeiro resolveu orara Deus, para ver o que e como
pediria ao monarca.
Neemias, cujo nome significa o Senhor consolou,
era um judeu, filho de Hacalis, exilado na Babilônia que
serviu como copeiro do grande Artaxerxes Longimanus,
que reinou na Pérsia de 464 a.C a 423 a. C.
Ser um copeiro naquela época era algo muito do
que um mordomo ou uma governanta hoje. Quem
desempenhava essa função tinha privilégios devido à sua
responsabilidade de servir diretamente vinho e alimentos
ao monarca, fitando incumbido de, antes, provar tudo o
que seria servido ao rei, para evitar a morte deste por
envenenamento. E a proximidade do rei muitas vezes
propiciava ao copeiro ouvir confidências daquele e
influenciar suas decisões tanto para o bem como para o
mal.
Mas Neemias não se fiou em sua proximidade
do rei nem em méritos pessoais para falar àquele;
confiou inteiramente em Deus para achar graça í aos
olhos do monarca e cooperar para o bem-estar
A R EC E I T A D E N E EM I A S P AR A U M A V I D A V I T O R I OS A
daqueles que estavam passando maus bocados em
Jerusalém.
Embora já soubesse o estado em que a cidade de
seus antepassados estava — em ruínas desde a
invasão babilônica em 586 a.C. (2 Reis 25.1-21)—,
Neemias sofria por saber que os judeus que regres-
saram a Jerusalém ainda não haviam concluído a obra
de restauração do templo e da cidade devido à
oposição que sofriam por parte dos gentios que se
instalaram ali e subjugavam o povo (Esdras 1—6),
levando-o a viver na miséria.
Neemias sabia que tudo isso acontecera porque
eles pecaram afastando-se de Deus e infringindo de
modo contumaz Sua Lei. Assim, o Senhor os julgara.
No entanto, Ele prometeu que perdoaria Israel e traria
restauração após o pecado ter sido expiado (leia
Jeremias 29—31). E Neemias, fiado nas promessas do
Altíssimo, roga pela restauração da cidade e da Lei
divina. E o Senhor atende ao clamor de Seu servo, e
permite que este volte a Jerusalém para ajudar os
irmãos a reconstruir os muros e restabelecer um
governante temente a Ele, que conduziria o povo a
obedecer-lhe daí para a frente.
A oração de Neemias foi algo crucial para que a
restauração acontecesse. Por isso, no capítulo a seguir,
veremos mais detalhadamente esse segundo
"ingrediente" da "receita" dele para você usar e ver sua
vida restaurada pelo Senhor.
18
Capítulo 2 Pedindo orientação a Deus pela oração
O que podemos fazer quando damos de cara
com um problema que julgamos insolúvel, Uma
dificuldade que abateu as nossas emoções? Com
certeza jamais resolveremos esse problema se
ficarmos chorando indefinidamente. O primeiro passo
para solucioná-lo é orar, pedindo direcionamento a
Deus. E foi exatamente isso que Neemias
fez. Ele orou:
Ah! SENHOR, Deus dos céus, Deus grande e terrível,
que guardas o concerto e a benignidade para com aqueles
que te amam e guardam os teus mandamentos! Estejam,
pois, atentos os teus ouvidos, e os teus olhos, abertos,
para ouvires a oração do teu servo, que eu hoje faço
perante ti, de dia e de noite, pelos filhos de Israel, teus
servos; e faço confissão pelos pecados dos filhos de
Israel, que pecamos contra ti; também eu e a casa
de meu pai pecamos. De todo nos corrompemos contra ti
e não guardamos os mandamentos, nem os estatutos,
nem os juízos que ordenaste a Moisés, teu servo.
Lembra-te, pois, da palavra que ordenaste a Moisés, teu
servo, dizendo: Vós transgredireis, e eu vos espalharei
entre os povos. £ vós vos convertereis a mim, e
guardareis os meus mandamentos, e os fareis; então,
ainda que os vossos rejeitados estejam no cabo do céu,
de lá os ajuntarei e os trarei ao lugar que tenho escolhido
para ali fazer habitar o meu nome. Estes ainda são teus
servos e o teu povo que resgataste com a tua grande
força e com a tua forte mão. Ah! Senhor, estejam, pois,
atentos os teus ouvidos à oração do teu servo e à oração
dos teus servos que desejam temer o teu nome; e faze
prosperar hoje o teu servo e dá-lhe graça perante este
homem. Então, era eu copeiro do rei. Neemias 1.5-11
Essa oração pode ser subdividida em quatro
etapas — adoração, confissão de pecados, menção da
Palavra de Deus, petições objetivas —, o que a torna
um modelo inspiradíssimo a seguirmos. Vejamos,
pois, cada etapa da oração de Neemias.
A adoração ao Senhor
A primeira etapa da oração de Neemias foi a
adoração. Ele reconheceu a grandeza, a soberania,
Ü benignidade e a fidelidade do Altíssimo. Neemias não
foi à presença de Deus reclamando, murmurando e
lamentando-se. Ele o adorou dizendo: Ah! SENHOR, Deus
dos céus, Deus grande e terrível, que guardas o concerto e a
benignidade para com àqueles que te amam e guardam os
teus mandamentos! (Neemias 1.5).
A adoração é algo importantíssimo na oração. É
uma declaração de que nós conhecemos os atributos de
Deus, bem como nossa dependência dele.
No Pai-Nosso, a oração modelo que Jesus ensinou
a Seus discípulos, vemos que, antes de pedir qualquer
coisa, devemos adorar o Senhor: Pai nosso, que estás nos
céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita
a tua vontade, tanto na terra como no céu (Mateus 6.9b, 10).
A confissão a Deus de nossos pecados
Nos versículos 6 e 7, Neemias faz uma declaração
importantíssima. Ele confessa os pecados de sua nação:
Lembra-te, pois, da palavra que ordenaste a Moisés,
teu servo, dizendo: Vós transgredireis, e eu vos espalharei
entre os povos. E vós vos convertereis a mim, e guardareis
os meus mandamentos, e os fareis; então,
A R E C E I T A D E N E EM I A S P A R A U M A V I D A V I T O R I O SA
ainda que os vossos rejeitados estejam no cabo do céu,
de lá os ajuntarei e os trarei ao lugar que tenho escolhido
para ali fazer habitar o meu nome. Neemias 1.6,7
Deus quer ouvir a nossa confissão. Não podemos
permanecer na superficialidade, orando ao Senhor de
uma maneira evasiva, falando coisas do tipo: "Pai, tu
sabes o que eu tenho feito; então me perdoa".
Precisamos abrir nosso coração, falar a verdade, contar
o que fizemos de errado ou em que nos omitimos,
confessar nossas culpas e nossos medos. Isso
demonstra que temos consciência das nossas faltas,
misérias e carências de perdão, purificação e
restauração.
Confessar nossos pecados é fundamental para
experimentarmos a misericórdia e a graça divina em
forma de perdão, libertação e cura.
A Palavra de Deus como fundamento das nossas
orações e petições
Em sua oração, Neemias citou uma promessa de
Deus a Moisés e enalteceu a fidelidade divina.
Lembra-te, pois, da palavra que ordenaste a Moisés, teu
servo, dizendo: Vós transgredir eis, e eu vos
SI L AS M A L A F A I A
f espalharei entre os povos. E vós vos convertereis a mim, e
guardareis os meus mandamentos, e os fareis; então,
ainda que os vossos rejeitados estejam no cabo do céu,
de lá os ajuntarei e os trarei ao lugar que tenho escolhido
para ali fazer habitar o meu nome. Estes ainda são teus
servos e o teu povo que resgataste com a tua grande força
e com a tua forte mão.
Neemias 1.8-10
Qual foi a terceira etapa da oração de Neemias?
Ele orou usando a própria Palavra de Deus Como
fundamento para o que pediu. Ele disse: Lembra-te,
pois, da palavra que ordenaste... A razão de Neemias orar
citando a Palavra do Senhor foi ele saber que o
Altíssimo vela em fazer cumprida (Jeremias 1.12).
Orar usando a Palavra de Deus e citando Suas
promessas é um meio poderoso de entrar em contato
com Ele e demonstrar que o conhecemos e que nossa
fé está apoiada não naquilo que imaginamos que Ele
possa fazer, mas no que Ele prometeu fazer e que
sabemos ser poderoso para cumprir. Esse é um modo
de tocar o coração de Deus e ter a nossa petição
atendida por Ele.
Em Hebreus 4.12, o autor nos diz que a palavra de
Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer
espada de dois gumes, e penetra
até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas,
e é apta para discernir os pensamentos e intenções do
coração.
Para as nossas orações se tornarem mais efi-
cazes, elevemos orar de acordo com as promessas
divinas nas Escrituras. Assim, entramos em
concordância com Deus, de modo a revestir-nos com
o poder de Sua Palavra, que dissipa nossas dúvidas e
nos faz discernir os pensamentos e intenções do coração.
Ela verdadeiramente é lâmpada para os nossos pés e
luz para o nosso caminho (Salmo 119.105).
Orar em conformidade com a Palavra que
o Senhor ordenou nos ajuda a potencializar nossa
oração, além de ser uma oportunidade para
aprendermos o que Deus realmente diz sobre certas
coisas e situações e termos os nossos fardos aliviados
por Ele.
Eu, particularmente, gosto de orar com a Bíblia
aberta. Gosto de recitar as promessas de Deus quando
estou pedindo-lhe o que preciso ou invocando Sua
intervenção em algo que eu estou empreendendo. Por
exemplo, se tenho me compadecido dos pobres, creio
que a Sua promessa em Provérbios 19.17 — Ao
SENHOR empresta o que se compadece do pobre, e ele lhe
pagará o seu benefício — irá cumprir-se em minha vida.
Se semeio
muito, sei que muito também colherei, porque está
escrito isso em Sua Palavra (2 Coríntios 9.6), e Ele vela
em cumpri-la.
Devemos sempre orar com base no que foi dito
por Deus, porque Ele sempre honra a Sua Palavra. Isso
nos dá tranqüilidade para lidar com as coisas que nos
afligem e nos leva a níveis mais elevados de fé, e então
vencemos porque o Senhor se agrada disso. Ele quer
que confiemos plenamente nele e em Sua Palavra, de
modo a viver de acordo com ela e agir como se aquilo
já fosse realidade em nossa vida.
Petições objetivas
Além de adorar ao Senhor, confessar-lhe nossos
pecados, orar com base no que Ele promete em Sua
Palavra, outra coisa que devemos observar em nossas
orações é a objetividade. Devemos ser diretos e claros
quanto àquilo que desejamos de Deus. Essa foi a
tônica da oração de Neemias. Ele não fez rodeios; foi
direto ao ponto. Queria obter d graça diante do rei, e
foi exatamente isso que ele rogou ao Senhor.
Ah! Senhor, estejam, pois, atentos os teus ouvidos à
oração do teu servo e à oração dos teus servos que
desejam temer o teu nome; e faze prosperar hoje o teu
A R EC E I T A D E N E E M IA S P A R A U MA V I D A V I T O R I O S A
servo e dá-lhe graça perante este homem. Então, era eu
copeiro do rei. Neemias 1.11
Neemias provavelmente já pensava em pedir a
autorização de Artaxerxes para ir a Jerusalém ajudar
seus irmãos. Mas, sabendo que o monarca poderia
simplesmente não lhe conceder sua petição e poderia
até mandar executá-lo, Neemias rogou a Deus que lhe
concedesse graça — favor — diante do rei. Só então
Neemias assumiu o risco de pedir algo àquele
monarca.
Devemos sempre contar a Deus o que está
acontecendo conosco, falar francamente sobre aquilo
que nos perturba, indo direto ao ponto e orando com
objetividade.
A Palavra de Deus nos orienta:
Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as
vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de
Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças. E a paz
de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os
vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.
Filipenses 4.6,7
Aqui está uma "receita" para obtermos paz,
alcançarmos nossos objetivos e a vitória que o
26
S I L A S M A L AF AI A
Senhor tem para nós: orar apresentando todas as nossas
petições a Deus com orações, súplicas e ação de graças.
Neemias usou essa arma espiritual, e foi bem-
sucedido em seu projeto de reconstruir Jerusalém. Ele fez
a sua parte, e Deus fez a dele. Será que você está fazendo
a parte que lhe cabe para obter a restauração que está
pedindo a Deus? Você tem orado e obedecido a Ele e à
Sua Palavra, seguindo todas as orientações que o Senhor
lhe dá? Tem usado o seu potencial, os dons e talentos
que o Criador lhe concedeu em prol dos objetivos e
propósitos que Ele colocou em seu coração? Se tem feito
isso, terá êxito!
No capítulo a seguir, vamos falar de mais um
elemento necessário a quem deseja ser mais que
vencedor: o bom ânimo, o agente motivador do ser.
Capítulo 3 Usando o nosso potencial para
atingir nossos objetivos
S e você ler com calma toda a história no livro
de Neemias, constatará que ele creu em Deus |
e buscou Sua direção, mas, em momento algum,
esse israelita deixou de usar seu potencial. Pelo
contrário, ele fez a sua parte, certíssimo de que o l
Senhor também faria a dele.
Neemias teve bom ânimo, respeitou os pro-
tocolos, soube identificar as oportunidades e usou
bem o poder da comunicação.
Você sabia que o Senhor também quer usar
o seu potencial para levá-lo a alcançar o Seu propósito
para sua vida? Você pode espelhar-se em Neemias e
colocar em prática esses elementos que ele usou para
obter sua vitória.
Cultivando o bom ânimo
Nosso estado de espírito determina nossa capacidade
de lutar e vencer, daí Deus ter exortado
Josué (1.6): Esforça-te e tem bom ânimo, porque tu farás a
este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria.
No caso de Neemias, vemos que primeiro ele
ficou abatido com as más notícias sobre a situação de
seus irmãos de Jerusalém; assim, chorou e lamentou-
se. Mas, o bom ânimo lhe assegurou forças para orar a
Deus e voltar às suas atividades como copeiro, certo
de que Ele lhe responderia de modo favorável. E o
Senhor honrou a atitude de Seu servo, permitindo que
o rei percebesse o abatimento de Neemias e inquirisse
o que este precisava.
E o rei me disse: Por que está triste o teu rosto,
pois não estás doente? Não é isso senão tristeza de
coração. Então, temi muito em grande maneira e disse ao
rei: Viva o rei para sempre! Como não estaria triste o meu
rosto, estando a cidade, o lugar dos sepulcros de meus
pais, assolada, e tendo sido consumidas as suas portas a
fogo? E o rei me disse: Que me pedes agora? Então orei ao
Deus dos céus e disse ao rei: Se é do agrado do rei, e se o
teu servo é aceito em tua presença, peço-te que me
envies a Judá, á cidade dos sepulcros de meus pais, para
que eu a edifique. Neemias 2.1-5
Artaxerxes percebeu algo diferente em Neemias
assim que o viu. Não é preciso ser psicólogo,
psicanalista ou psiquiatra, para perceber quando
A R EC EI T A D E NEEMI AS P A R A U M A V I DA VITORIOSA
uma pessoa está abatida ou infeliz. O rei notou que
alguma coisa estava acontecendo com Neemias porque
seu servo não era uma pessoa que agia assim no dia a
dia. Neemias normalmente servia ao rei com alegria,
prazer e felicidade.
Se todo dia um empregado chega ao escritório
emburrado ou mal-humorado, e alguém diz ao chefe
que ele está com algum problema, este responderá
que não é nada, que ele é assim mesmo, que
o sujeito sempre está com a mesma cara amarrada.
Mas se é um empregado animado e produtivo que um
dia chega calado, o chefe logo percebe que algo muito
ruim aconteceu para abatê-lo.
Devemos trabalhar com alegria e felicidade, de
modo que até os nossos colegas de trabalho notem
que temos bom ânimo e que isso se reflete no alto
padrão de qualidade no nosso trabalho e no nosso
comportamento profissional e pessoal. Assim, quando
o dia mau vier e o desemprego bater à porta, teremos
mais condições do que os outros de permanecer na
empresa, porque seremos vistos como pessoas
produtivas e indispensáveis.
Além disso, o Senhor pode usar uma situação
aflitiva para comover o coração de quem exerce au-
toridade sobre nós, para nos abençoar. Foi isso que
aconteceu com Neemias. Quando o rei percebeu que o
copeiro estava triste, mostrou-se solícito
S I L AS M A LA F A I A
para ajudá-lo; então a porta para a restauração de Jerusalém começou a ser aberta por Deus.
Sabe o que Neemias fez? Ele entrou por essa porta,
mas não fez isso de qualquer jeito; ele o fez do modo
certo, respeitando a autoridade do rei e todos os
protocolos. Respeitando o protocolo
Neemias podia estar passando por um grande
problema, mas, quando se dirigiu ao rei, desejou ao
soberano vida longa e próspera, como mandava o
protocolo: Viva o rei para sempre! (Neemias 2.3a).
Existem protocolos que devem ser seguidos. Se
estivermos com raiva de algo na nossa vida, do nosso
fracasso, da nossa incompetência, seja porque
jogamos fora uma oportunidade de restauração
espiritual ou simplesmente porque está acontecendo
algo de ruim com a nossa família, isso não nos dá o
direito de violar princípios e protocolos.
Muitos cristãos misturam as coisas, e acabam
fracassando. Mas o exemplo de Neemias pode orientá-
los a não errarem mais. Afinal, a despeito do pesar de
Neemias pela desgraça de seu povo, ele desejou em
primeiro lugar vida longa ao rei, reconhecendo a
autoridade deste, e olha que Neemias não estava ali
servindo no palácio porque assim o desejou; ele era
um cativo exilado. Em outras palavras, era um escravo.
Mas servia de
bom grado. E isso foi valorizado e recompensado pelo
rei.
Neemias agiu em conformidade com a Palavra de
Deus, que nos exorta: Honrai a todos. Amai a
fraternidade. Temei a Deus. Honrai o rei. Vós, servos,
sujeitai-vos com todo o temor ao senhor, não somente ao
bom e humano, mas também ao mau.
Outra coisa muito interessante é que Neemias só
disse ao rei o que estava se passando depois de o
monarca lhe perguntar por que estava tão triste.
Deveremos sempre evitar a intromissão quando
estivermos em um meio do qual não fazemos parte,
especialmente se ocuparmos uma posição subalterna.
Quando não nos perguntarem algo, será melhor
ficarmos calados. E não devemos jamais nos intro-
meter na conversa de pessoas mais instruídas do que
nós, especialmente quando não temos nada a dizer.
Depois de seguir o protocolo dirigindo-se ao rei
da forma devida e só falando quando foi interpelado,
Neemias finalmente contou seu problema: Como não
estaria triste o meu rosto, estando a cidade, o lugar dos
sepulcros de meus pais, assolada, e tendo sido consumidas
as suas portas a fogo? (Neemias 2.3.)
Usando bem as palavras
O que essa resposta de Neemias nos ensina?
Outra lição muito simples, mas profundamente
significativa: aquele que realmente precisa de algo
vem por baixo, ou seja, comporta-se de maneira
humilde, mantendo-se na posição adequada diante de
seu superior, e respeitando os direitos de todos os
envolvidos na situação.
Neemias soube usar o poder da comunicação. Ele
falou com sabedoria ao rei, de modo que este se
compadeceu de Jerusalém, a cidade dos sepulcros dos
pais de Neemais, que fora consumida pelo fogo.
Imagine se Neemias respondesse ao rei com ar
de arrogância e superioridade: "O rei, como seu servo
não estaria triste? A formosa, magnífica e fenomenal
Jerusalém, cidade fundada pelo poderosíssimo rei
Davi, está fendida, encontra-se destruída...". Diante de
tanta empáfia, o rei replicaria da seguinte maneira: "E
assim continuará, se depender de mim..."
Mas Neemias não recaiu no pecado da soberba.
Usar palavras fortes que descreveram o quadro de
desolação em que se encontrava sua cidade natal foi
uma atitude muito inteligente da parte de Neemias, o
que comoveu o coração de Artaxerxes e convenceu-o
de que a intenção de seu servo era realmente ajudar
seus compatriotas e voltar a servi-lo.
O rei com certeza conseguiu visualizar, na
descrição feita por Neemias, a imagem de pessoas
mortas, de cemitérios profanados, descrevendo em
detalhes a destruição de que Neemias lhe falou. E o
soberano com certeza ficou sensibilizado. O copeiro se
comportou assim porque, como dissemos há pouco,
"quem precisa vem por baixo".
A R E C E I T A D E N E E M I A S P AR A U M A V I D A V I T O R I O SA
Agindo com cautela para aproveitar as
oportunidades
Quando precisamos de alguma coisa, devemos
agir com cautela e sem arrogância. Ao pedir algo a
alguém, não devemos mostrar-nos orgulhosos e
andar com o nariz empinado. A prudência é uma
virtude. E isso vale para todas as relações de poder
— inclusive na relação patrão-empregado. Para
conseguir o que almejamos, é preciso saber como nos
aproximar ou mesmo ter acesso a um ambiente em
que sabemos que o nosso superior esteja.
Não devemos forçar a barra para pedir algo a um
superior, falando-lhe de modo impertinente e
constrangendo-o a atender-nos. Senão, desperdiça-
remos nossa oportunidade logo de cara. Neemias não
agiu assim. Ele foi cauteloso quando o rei lhe
perguntou o que queria. Diz o texto bíblico que
Neemias orou ao Senhor novamente (2.4), queria ser
guiado por Deus para continuar falando com
sabedoria, para obter o favor do rei.
Não é porque uma porta se abriu que devemos
abrir mão dos protocolos e do respeito à autoridade,
abusando da boa vontade dela. Na verdade, quando
nos dão uma oportunidade para falar e agir, estamos
sendo testados. Então, precisamos saber como
aproveitar essa chance de acordo com as nossas
possibilidades. Não podemos sair "metendo o pé",
porque a mesma porta que se abriu
para nós pode fechar-se em seguida diante de nós e
nunca mais termos outra oportunidade. Então, não
devemos, de maneira nenhuma, desperdiçar as portas
que Deus abre para nós.
No caso de Neemias, ele soube como aproveitar a
oferta do rei. Ele havia chegado a um impasse: ou
avançava ou retrocedia a partir dali. Então, orou ao
Deus dos céus (Neemias 2.4).
Podemos tomar decisões triviais com base na
nossa própria inteligência. Contudo, se nos apoiarmos
apenas naquilo que sabemos ou achamos ao tomar
decisões cruciais da nossa vida, estaremos fadados ao
fracasso (leia Provérbios 3.5-7; Jeremias 1 7.5).
Diante de oportunidades de ouro, precisamos
pedir orientação a Deus: "Senhor, de que maneira devo
entrar por essa porta que se abriu para mim? Meu
Deus, oriente-me, dirija-me, revele-me o caminho,
para que eu não jogue fora essa oportunidade de
maneira nenhuma!"
O problema é que muitos oram para que a porta
se abra, e quando isso acontece eles se lançam lá
dentro, e passam vergonha, porque não se prepararam
para receber a bênção completa.
Não é assim que devemos comportar-nos. O
momento é de orar, pedindo a Deus instruções sobre
como aproveitar a oportunidade quando ela nos é
oferecida, e assim poder atravessar aquela porta
aberta.
A R EC E I T A D E N E EM I A S P A R A EM A V I D A V I T O R I O S A
Neemias seguiu todos os protocolos e não se
precipitou ao fazer sua petição ao rei; antes,
submeteu-se à vontade deste: Se é do agrado do rei, e se
o teu servo é aceito em tua presença, peço-te que me
envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para
que eu a edifique (Neemias 2.5).
Ele entendia perfeitamente que quem tem o poder de
autoridade não gosta de ser desafiado, muito menos
de sentir-se obrigado a fazer algo.
Desafiar alguém que tem o "poder da caneta" é
uma péssima ideia. Neemias sabia disso e, então, usou
o seu potencial humano para falar do modo correto
diante de alguém poderoso e obteve o i
favor que pleiteava: licença para ir até Jerusalém,
reconstruir a cidade e ajudar o povo local.
Ninguém com autoridade admite que uma faca
seja colocada em seu pescoço. Essa pessoa
imediatamente manifestará a autoridade contra quem
quer que a tenha ameaçado. E o tom da conversa
conta muito nesses momentos. Se for um tom de
ameaça, porta nenhuma se abrirá diante de nós. Í
Quando somos arrogantes, as portas se fecham.
Uma coisa é fazer uma pergunta com arrogância,
cobrando de seu superior uma solução para um
problema seu; outra coisa é pedir o mesmo de maneira
cordial, demonstrando um comportamento pacífico.
Isso muda tudo em qualquer conversa.
Capítulo 4 Ações práticas para a concretização
de nossos projetos
A lém de ter bom ânimo, respeitar os protoco-
los, identificar as oportunidades e usar bem
o poder da comunicação, Neemias agiu com in-
tegridade e respeito às autoridades e traçou uma
estratégia de trabalho, compartilhou sua visão e
seus esforços com as pessoas certas, que o ajudaram a
alcançar seu objetivo de reedificar Jerusalém.
Deus abençoou as iniciativas de Seu servo, e todos
os moradores daquela cidade foram beneficiados
e alegraram-se, tributando a Ele a honra e a glória
devidas pela restauração da vida deles.
Inspirar confiança e ter integridade
Como podemos discernir que Neemias era um
homem íntegro? Pelo fato de o rei — que naquela épo-
ca tinha o poder absoluto em seus domínios, inclusive
poder de vida e de morte sobre seus súditos —, após
A R EC E I T A D E N E EM I A S P A R A U M A V I T O R I O SA
ter perguntado a Neemias Quanto durará a tua viagem, e
quando voltarás? (Neemias 2.6 a), ter liberado este para
ir a Jerusalém, certo de que ele retornaria no tempo
estabelecido.
O rei o considerava seu servo indispensável, por
isso perguntou com tanta veemência quando ele
estimava sua volta. Quando Neemias estipulou uma
data, o rei o dispensou: E aprouve ao rei enviar-me,
apontando-lhe eu um certo tempo (Neemias 2.6b).
Sabe por que Artaxerxes permitiu que Neemias
se ausentasse? Porque este era um homem íntegro,
que sempre falava a verdade. Não dava golpes nos
seus superiores nem tentava passá-los para trás. Ele
não tinha inventado uma desculpa para tirar umas
"férias" extras. Quem age sempre assim não tem
credibilidade. Inventa tanta desculpa que ninguém
mais acredita nele.
Como cristãos, é nossa obrigação sermos ín-
tegros e demonstrarmos integridade e retidão em tudo
o que fizermos. De outro modo, como ter
credibilidade? Impossível!
Neemias era um homem íntegro e da confiança
do rei, por isso tinha crédito com o monarca, e teve
seu pedido atendido por ele não apenas quanto à
dispensa por um tempo do trabalho na corte, mas
também quanto a tudo de que precisava para sua
viagem e seu projeto de reedificar os muros de
Jerusalém.
S I L A S M A L A F A Í A
Planejar uma ação estratégica
Disse mais ao rei: Se ao rei parece bem, dêem-se-me
cartas para os governadores dalém do rio, para que me
dêem passagem até que chegue a Judá; como também
uma carta para Asafe, guarda do jardim do rei, para que
me dê madeira para cobrir as portas do paço da casa, e
para o muro da cidade, e para a casa em que eu houver de
entrar. E o rei mas deu, segundo a boa mão de Deus sobre
mim. Então, vim aos governadores dalém do rio e dei-lhes
as cartas do rei; e o rei tinha enviado comigo chefes do
exército e cavaleiros. Neemias 2.7-9
Nesse texto, vemos outra lição tremenda que
Neemias nos ensina sobre a importância de pensar
antes de falar e ir obtendo gradualmente aquilo que
precisamos. Ele foi sábio e estratégico. Primeiro, pediu
para ir a Jerusalém. Tendo o rei se mostrado favorável,
Neemias pediu outras coisas fundamentais para a
conclusão de seu projeto: cartas de salvo-conduto
para ele poder transitar livremente pelas terras do
império, "guarda-costas" para assegurar sua
integridade física, e madeiras para ele poder
reconstruir os muros fendidos.
Devemos planejar a conquista do que queremos
por etapas. Em primeiro lugar, devemos definir aquilo
de que necessitamos. Em segundo
A R EC E I T A D E N E EM I A S P A R A U M A V I D A V I T OR I OS A
lugar, precisamos estabelecer os recursos e metas
para chegarmos ao nosso objetivo.
Para conquistarmos nossos objetivos, precisamos
ter calma, porque todo processo deve ser realizado
por etapas segundo um planejamento. A restauração
também é um processo, que pode ser mais lento ou
mais rápido de acordo com o indivíduo e com o grau
de destruição na vida dele. Sendo assim, deve ser
empreendida passo a passo, galgada degrau por
degrau. Se resolvermos subir muito rápido, queimando
etapas importantes, poderemos levar um tombo, cair e
voltar à estaca zero.
Não devemos ir com muita sede ao pote.
Devemos fazer um planejamento estratégico e ir
conquistando cada meta até chegar à conclusão de
nosso sonho. Tudo tem seu tempo, sua hora.
Prossigamos etapa por etapa até chegar ao lugar da
vitória!
Neemias sabia que seria necessário organizar um
roteiro da viagem e estabelecer um plano de
restauração de Jerusalém, porque ninguém atinge a
sua meta sem planejamento. Basicamente, o que ele
fez foi definir seu objetivo e, em seguida, identificar os
primeiros passos para torná-lo realidade. E ele
continuou sendo estratégico e flexível para fazer os
ajustes necessários ao seu projeto. Afirmamos isso
porque, ao chegar a Jerusalém, Neemias descansou
da viagem, para recobrar as forças, e, sem dizer uma
palavra a ninguém, percorreu a cidade para ver por si
mesmo a extensão do problema e, certamente, traçar
um plano de trabalho.
E cheguei a Jerusalém e estive ali três dias. E, de
noite, me levantei, eu e poucos homens comigo, e não
declarei a ninguém o que o meu Deus me pôs no coração
para fazer em Jerusalém; e não havia comigo animal
algum, senão aquele em que estava montado. E, de noite,
saí pela Porta do Vale, para a banda da Fonte do Dragão e
para a Porta do Monturo e contemplei os muros de
Jerusalém, que estavam fendidos, e as suas portas, que
tinham sido consumidas pelo fogo. E passei à Porta da
Fonte e ao viveiro do rei; e não havia lugar por onde
pudesse passar a cavalgadura que estava debaixo de mim.
Então, de noite, subi pelo ribeiro e contemplei o muro; e
voltei, e entrei pela Porta do Vale, e assim voltei. E não
souberam os magistrados aonde eu fui nem o que eu
fazia; porque ainda até então nem aos judeus, nem aos
nobres, nem aos magistrados, nem aos mais que faziam a
obra tinha declarado coisa alguma.
Neemias 2.11 -1 6
Descansar e partir para a ação
Leiamos novamente o versículo 11 de Neemias 2:
E cheguei a Jerusalém e estive ali três dias (Neemias 2.11).
Depois de andar mais de dois
A R E CE IT A D E N E E M IA S P AR A UM A V ID A V ÍT OR IO SA
mil quilômetros, com a pesada carga na comitiva,
Neemias finalmente chegou a Jerusalém. E o que ele
fez? Descansou durante três dias. Descansar é uma
precondição para a saúde e a eficiência.
Deus é o maior exemplo de criatividade, poder e
eficiência que conhecemos. E o próprio Deus também
descansou após uma obra colossal. Ele não descansou
porque estava fatigado. Não sabes, não ouviste que o
eterno Deus, o Senhor, o Criador dos confins da terra, nem
se cansa, nem se fatiga? Não há esquadrinhação do seu
entendimento (Isaías 40.28). O Criador descansou no
sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito (Gênesis 2.2)
como um artista faz: de modo contemplativo, Ele
avaliou o que criara e deu-se por satisfeito.
Neemias também descansou, porque precisava
de paz de espírito e recobrar as forças para o
empreendimento que estava por ser realizado em
Jerusalém. Da mesma maneira, nós também pre-
cisamos descansar. Se vivermos trabalhando sem
parar, como máquinas, sem tempo para nada que não
seja o trabalho, poderemos ser forçados a descansar
num hospital ou numa clínica psiquiátrica. E, se
tivermos família, talvez tenhamos de mandar nosso
cônjuge e/ou nossos filhos ao psicólogo para que eles
possam receber um pouco de atenção, equilibrar suas
emoções e compensar a falta que sentem da gente.
Sabia que existem obreiros que trabalham em
excesso como alucinados, esquecendo-se da mulher e
dos filhos, porque acham que têm de trabalhar o
tempo inteiro, senão Deus ou o pastor presidente vão
ficar zangados? Eles se esquecem do que Jesus disse
em Marcos 2.27: O sábado foi feito por causa do homem,
e não o homem, por causa do sábado. Deus instituiu um
dia de descanso semanal porque sabe que precisamos
dar uma paradinha para recobrar as forças e
reprogramar nossa mente para o que está diante de
nós. Além do descanso semanal, anualmente devemos
tirar férias, pelo menos de 15 dias. Isso é fundamental
para nossa saúde física, emocional, psicológica e
espiritual!
Neemias tinha conhecimento da Lei do Senhor e
agia com base nela. Assim descansou de sua viagem, o
que foi imprescindível para ele reunir forças e partir
para ação. Então ele andou pela cidade, e viu o que
precisava ser feito.
Tomar pé da situação
O que Neemias fez foi inicialmente tomar pé de
toda a situação, uma vez que o seu objetivo era
reconstruir o muro e a cidade. Então, ele inspecionou o
terreno a cavalo e, quando chegou a um riacho, seguiu
caminhando. O objetivo dele era analisar tudo o que
tinha a ver com o seu propósito.
Como é possível conquistar a vitória sem pes-
quisar, aprender, buscar informações, observar e
estudar? A conquista da vitória depende de tudo isso.
Para termos sucesso e conquistarmos a vitória,
precisamos conhecer a realidade, as dificuldades e
todos os detalhes envolvidos no propósito de Deus
para a nossa vida, de modo a estarmos aptos a
elaborar uma estratégia eficaz.
Por exemplo, para construirmos uma casa, é
preciso que nos informemos sobre tudo o que está
envolvido na construção dela, antes de chamarmos
alguém para edificá-la. Quanto gastaremos? De que
licenças precisaremos? Devemos fazer um apanhado,
em detalhes, dos materiais e profissionais que serão
necessários para tornar o nosso projeto uma realidade.
Foi exatamente assim que Neemias agiu. Ele
observou tudo, mapeou os locais em que havia os
piores problemas e os defeitos mais graves, colocou
tudo em uma escala de prioridades dentro de uma
análise geral que contemplava seus propósitos.
Manter sigilo sobre o propósito
E não souberam os magistrados aonde eu fui nem
o que eu fazia; porque ainda até então nem aos judeus,
nem aos nobres, nem aos magistrados, nem aos mais que
faziam a obra tinha declarado coisa alguma.
Neemias 2.16
E tudo isso deve ser feito sempre em sigilo,
porque ele é muito mais importante do que
imaginamos. Neemias sabia que, se falasse do que iria
ser feito, logo surgiriam resistência e problemas.
Existe um tempo certo para anunciarmos o nosso
propósito. Quando o fazemos na hora errada,
corremos o risco de estragar tudo. Assim, Neemias
não disse nada a ninguém, porque não havia ainda
chegado a hora. Mas ele mesmo sabia que o momento
certo estava próximo.
Só depois de constatar o grau de destruição de
Jerusalém e a miséria em que vivia seu povo (Neemias
1.2-4), Neemias discerniu o que fazer para reverter
aquela situação. Ele reuniu os líderes israelitas,
compartilhou sua visão e seu desejo com eles.
Então, lhes disse [aos magistrados]: Bem vedes vós
a miséria em que estamos, que Jerusalém está assolada e
que as suas portas têm sido queimadas; vinde, pois, e
reedifiquemos o muro de Jerusalém e não estejamos mais
em opróbrio. Então, lhes declarei como a mão do meu
Deus me fora favorável, como também as palavras do rei,
que ele me tinha dito. Então, disseram: Levantemo-nos e
edifiquemos. E esforçaram as suas mãos para o bem.
Neemias 2.17,18
A R EC E I T A D E N E EM I A S P AR A Ü M A V I D A V I T O R I OS A
Compartilhar a visão e somar esforços para levar s
cabo o projeto
Há sempre a hora certa para compartilharmos
nossos sonhos e ideias. Por quê? Porque, sozinhos,
não vamos a lugar algum. E quando Neemias ma-
nifestou sua visão e seu propósito, ele conseguiu
envolver outras pessoas no seu projeto, e elas
passaram a sentir-se parte daquilo e trabalharam em
prol dos mesmos objetivos: a reconstrução dos muros
da cidade em que viviam e que desejavam ver
novamente restaurada.
Quando definimos metas e objetivos e com-
partilhamos propósitos comuns com as pessoas
certas, elas se sentem prestigiadas e envolvem-se
nesses empreendimentos; então, começam a trabalhar
em sinergia de modo que cada uma faz a parte que
pode e lhe cabe, dispondo de seu tempo e de seus
recursos para levar a cabo o projeto.
No momento em que Neemias conclamou as
pessoas a levantarem-se para reedificar a cidade de
Jerusalém, ele as reuniu em torno de um mesmo
propósito, então aquilo que Deus havia prometido a
Seu povo aconteceu.
Enfrentar críticas e oposição do modo certo
Se você pensa que, depois disso, tudo transcorreu na
mais perfeita paz, e ninguém se opôs à obra,
S I L A S M A L AF AI A
está errado! Atente para o que é dito em Neemias
2.19: O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o
servo amonita, e Gesém, o arábio, zombaram de nós, e
desprezaram-nos, e disseram: Que é isso que fazeis?
Quereis rebelar-vos contra o rei?
Como podemos notar nesse texto, sempre
encontraremos empecilhos e inimigos no caminho até
a vitória. Sendo assim, precisamos estar preparados
para ter uma ação eficaz e ter nosso projeto concluído.
Mas, como diz Mike Murdock, "nossos amigos
nos fazem bem; nossos inimigos nos promovem".
Nossos inimigos costumam ser usados por Deus para
nos corrigir e aperfeiçoar, além de dar um sabor
especial à nossa vitória.
A crítica e a oposição podem até ser uma evi-
dência de que estamos no caminho certo rumo à
conquista que almejamos. Falo isso porque há pessoas
que não fazem nada para nos ajudar. Elas nos veem
caídos, e nada fazem para nos reerguer. Mas basta
darmos sinais de melhora e nos levantarmos para que
"caiam de pau" em cima da gente. Então demonstram
que, no fundo, não eram apenas indiferentes ao nosso
problema; torciam contra nós, vibravam com a nossa
derrota e destruição e, agora, estão incomodadas com
a nossa restauração.
Sambalate, Tobias e Gesém eram assim. Isso já
havia sido denunciado em Neemias 2.10: O que
ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita,
lhes desagradou com grande desagrado que alguém viesse
a procurar o bem dos filhos de Israel. Eles tinham se
aproveitado da calamidade em Jerusalém para
subjugar os judeus. Quando Neemias chega tentando
reverter a situação, aqueles homens passam a caluniá-
lo e a fazer uma oposição acirrada contra ele. Então
Neemias dá uma resposta tremenda, que os expõe
como inimigos diante de todos e já lhes anuncia a
derrota: O Deus dos céus é o que nos fará prosperar; e nós,
seus servos, nos levantaremos e edificaremos; mas vós não
tendes parte, nem justiça, nem memória em Jerusalém.
Com isso, aprendemos que não devemos permitir
que quem zomba de nós participe do nosso propósito.
Precisamos evitar aqueles que não acreditam em nós e
nos sonhos de Deus para a nossa vida, que debocham
da gente e que trabalham contra nós.
Faça como Neemias. Diga o seguinte àqueles que
se levantaram contra o seu povo e que batalharem
contra o seu propósito: "Sinto muito, mas vocês não
têm parte nisso!" Deixe os adversários de fora! Não
queira ser mais justo que Deus.
Por que andar lado a lado com aquele que se
omite nos momentos ruins, mas que, na hora da
bênção, aproxima-se de você para tirar proveito ou
desviá-lo do foco? Diga-lhe: "Estou fazendo
uma grande obra. Não posso parar para conversar
com você!"
Lembre-se de que existem vários fatores in-
teragindo para sua vitória, mas também haverá
inimigos e obstáculos suscitados pelo diabo para
tentar impedi-la. Então, você não deve deixar que
nada tire o seu foco ou o desvie daquilo que Deus lhe
designou. Prossiga até o fim naquilo que estiver
fazendo, certo de que Ele é com você! Foi isso que
Neemias fez, e ele foi muito bem-sucedido ao agir
assim!
A seguir, veremos outras atitudes desse líder
judeu que asseguraram a restauração duradoura de
Jerusalém.
Capítulo 5 A graça de Deus e o nosso potencial
interagem para o milagre
Ao longo deste livro, vimos que Neemias soube
lidar com sua responsabilidade, mostrou iniciativa e foi
proativo. Ele estabeleceu um objetivo
— restaurar os muros de Jerusalém; teve sabedoria
para pedir permissão e recursos ao rei; agiu de modo
estratégico, apurando os fatos e cercando- -se das
pessoas certas para implementar e concluir seu
projeto e, como ele mesmo disse, prosperou porque a
boa mão de Deus estava sobre ele. Seu propósito
estava completamente de acordo com a vontade do
Senhor de restaurar Seu povo.
É importante observarmos os princípios que
Neemias considerou, para traçar um plano de ação e
atingir as nossas metas usando os critérios utilizados
por ele. Mas tão importante quanto reconhecer os
ingredientes da "receita" que esse líder usou é
entender que essa conquista não foi fruto somente da
determinação e do planejamento dele.
A restauração de Jerusalém implicou a restauração da
Lei, da ordem e da identidade dos judeus como povo
santo e escolhido pelo Senhor como luz para as nações
— identidade que havia ficado comprometida quando
os israelitas pecaram de modo sistemático e
contumaz, afastando-se de Deus e de Seus propósitos,
o que culminou na invasão e no exílio babilônicos.
É importante entendermos o papel de dois po-
derosos elementos que o Altíssimo usou para trazer
vitória a Israel: o potencial humano e a Sua graça.
O Senhor usou os dons e habilidades de Neemias e
dos moradores de Jerusalém para levar a cabo aquela
obra de edificação, e Ele próprio agiu no sentido de
quebrantar o coração do rei Artaxerxes para prover os
recursos necessários à reedificação da cidade e de unir
o povo judeu em torno desse objetivo.
Vemos uma alusão a esses dois elementos, o
humano e o divino, nesta declaração de Neemias
(2.20): O Deus dos céus é quem nos dará bom êxito; nós,
seus servos, nos disporemos e reedificaremos.
Quem assegurou o bom êxito ao projeto? O Deus
dos céus. Quem trabalhou em prol da conclusão dele?
Seus servos.
Cooperando com Deus e abençoando outros
Somos cooperadores de Deus (1 Coríntios 3.9);
devemos, portanto, agir em sintonia e sinergia
com Ele, a fim de vermos Sua mão poderosa se
manifestando para nos favorecer.
O Senhor nos ajudará sempre que fizermos a
nossa parte. Não podemos pedir a ajuda dele e não
fazer nada! Deus não moverá uma palha se formos
acomodados, até porque Ele acredita no potencial que
colocou em nós a fim de ser usado.
Se formos fiéis ao Senhor e à Sua Palavra, se nos
esforçarmos e trabalharmos, usando as estratégias
certas, Ele sempre nos fará prosperar, como promete
em Deuteronômio 29.9: Guardai, pois, as palavras deste
concerto e cumpri-as para que prospereis em tudo quanto
fizerdes.
Deus nos ama e tem interesse em ver nossa vida
espiritual, emocional e material restaurada. Ele deseja
o nosso bem mais do que qualquer outro e quer
orientar-nos, a fim de que sejamos pessoas saudáveis,
realizadas e felizes. Cabe a mim e a você aceitarmos
essa orientação e segui-la à risca.
Levantemo-nos, pois, e reedifiquemos a nossa
vida, restaurando-a em conformidade com os prin-
cípios da Palavra de Deus. Assim, Ele concederá a
vitória a nós e a nossa família. Abrirá a porta da
oportunidade e trará os recursos de que precisamos
para cumprir Seus propósitos. Ele envergonhará os
nossos adversários e nos conduzirá em triunfo.
À medida que nossos projetos forem sendo
concluídos, mais uma vez deveremos fazer como
Neemias: tributar a Deus a honra e a glória e ser
canal de bênção para outros, repartindo aquilo que
recebemos do Senhor.
Em meio a lutas, dificuldades e oposição, à re-
paração dos muros foi completada, aos vinte e cinco de
elul, em cinqüenta e dois dias (Neemias 6.15). No sétimo
mês, já tendo a vida voltado ao ritmo normal, Neemias,
Esdras e outros líderes israelitas reuniram o povo na
praça pública, a Lei foi lida, e os judeus adoraram a
Deus e reafirmaram sua aliança com Ele.
Era um dia de celebração e ação de graças. O
povo ficou emocionado pela restauração que o Senhor
lhe havia concedido, e começou a chorar ao ouvir a Lei,
então Esdras e Neemias disseram:
Este dia é consagrado ao SENHOR, vosso Deus, pelo
que não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo
chorava, ouvindo as palavras da Lei. Disse-lhes mais: Ide,
e comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai
porções aos que não têm nada preparado para si:
porque esse dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto,
não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa
força.
Neemias 8.9b,10
Usufruindo da bênção de Deus
A primeira lição que podemos tirar desse texto é que
devemos aprender a usufruir da nossa vitória
— Ide, e comei as gorduras, e bebei as doçuras.
A R EC EI T A D E N E EM I A S P A R A U M A V I D A V I T O R I OS A
Há um tempo para chorar e um tempo para rir.
Devemos aprender a vivenciar cada um deles. Se não
soubermos como usufruir de algo concedido por Deus,
alguém usufruirá disso em nosso lugar, e ficaremos
frustrados, pois sentiremos que nosso trabalho foi em
vão, quando na verdade fomos nós que nos privamos
do fruto desse trabalho.
E sabia que tem gente que trabalha de sol a sol e
não usufrui de nada? Depois morre, e vem outro e toma
posse de tudo. Não aja assim. Atente para o que o
sábio diz em Eclesiastes 3.12,13: Já tenho conhecido que
não há coisa melhor para eles do que se alegrarem e fazerem
bem na sua vida; e também que todo homem coma e beba e
goze do bem de todo o seu trabalho. Isso é um dom de
Deus.
Não seja mesquinho consigo mesmo. Quando
Deus lhe conceder mais recursos, desfrute de coisas
melhores que estiverem ao seu alcance. Coma melhor,
ande num carro mais confortável, tire um dia para
passear com sua família. Alegre-se no Senhor! Isso é
um dom dele!
Ajudando os necessitados
A segunda lição nesse texto é que devemos
compartilhar o que recebemos de Deus com outras
pessoas, especialmente as necessitadas —enviai porções
aos que não têm nada preparado para si.
S I L A S M A L A F A I A
Por maior que seja o nosso problema, tem
sempre alguém numa situação pior que a nossa. Por
exemplo, você sabia que um bilhão de pessoas ainda
não comeu nada hoje? A fome é com certeza um
problema terrível e de difícil solução não porque não
há alimento suficiente para todos, mas por causa do
egoísmo do ser humano, que leva uns a não
compartilharem nada do que têm com outros que nada
possuem.
Sabe qual é o remédio de Deus para o egoísmo?
O altruísmo, sentimento que demonstramos, de fato,
ter quando sentimos compaixão pelo sofrimento
alheio, movendo-nos para ajudar os outros e
compartilhando com os necessitados algo que
possuímos para socorrê-los. Fé sem obra é morta!
Por mais que tenhamos dificuldades e lutas, Deus
sempre nos concede graça para ajudarmos outros.
Somos os cooperadores e instrumentos que Ele usa
para conceder a vitória a muitas pessoas que estão
passando por problemas realmente sérios.
Neemias, por exemplo, deixou de lado seus
afazeres na corte e foi para Jerusalém trabalhar muito
e enfrentar lutas tremendas para ajudar seu povo, que
estava na miséria.
Muitas vezes, precisaremos deixar de lado os
nossos interesses pessoais para socorrer outros,
agindo em conformidade com o que é recomendado
por Paulo em Gálatas 6.2 — Levai as cargas uns dos
outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo
— e em 1 Coríntios 10.24: Ninguém busque o seu
próprio interesse, e sim o de outrem.
Em Efésios 6.8, Paulo diz que devemos estar
certos de que cada um, se fizer alguma coisa boa,
receberá isso outra vez do Senhor, quer seja servo,
quer livre.
Nossa atitude será honrada e recompensada por
Deus! Essa é a lei da semeadura, que funciona em
todas as áreas da nossa vida.
Então, se queremos que o Senhor nos ajude a
solucionar nossas questões, devemos ajudar outras
pessoas a resolverem seus problemas; então, Ele
mesmo sanará a situação que nos aflige ou levantará
alguém para nos ajudar a resolvê-la.
Quem planta semente de manga colhe manga.
Quem planta semente de abacate colhe abacate. Você
já viu alguém plantar manga e colher abacate? Eu não!
Quem semeia indiferença colhe indiferença; quem é
egoísta colhe egoísmo. Já quem é amoroso colhe
amor; quem é atencioso recebe atenção; quem é
sincero colhe sinceridade. É assim que funciona:
colhemos o que plantamos. Então, se queremos colher
o melhor, plantemos coisas boas, e confiemos no
Senhor para fazer nossas boas sementes frutificarem!
Rendendo graça Deus
A terceira lição que tiramos do texto em Neemias
8.9,10 é que devemos tributar nossa vitória
integralmente a Deus, rendendo-lhe honra e glória por
tudo o que somos e temos. Devemos consagrar nosso
ser e nossa vida exclusivamente Aquele que nos criou,
salvou e restaurou a nossa sorte.
Foi isso que Neemias e o povo judeu fizeram após
completarem a reedificação dos muros. Eles adoraram
ao Senhor e separaram um dia para louvá-lo, bendizê-
lo e renovar seu compromisso com Ele.
Será que você tem consagrado tudo que é e tem
ao Senhor? Ele pode contar com seus dons, talentos,
seu tempo e seus recursos para abençoar Sua obra e
edificar vidas? O que tem dedicado a Deus daquilo que
conquistou?
Hoje nas igrejas evangélicas há pessoas milioná-
rias. No entanto, as ofertas que esses servos dão são
menores que as dos irmãos com menos recursos. E
não é só isso. As vezes quem socorre os necessitados
são exatamente estes, e não aqueles que têm dinheiro
sobrando. Para quem diz servir a Deus e age assim,
deixo o ensino do apóstolo Paulo a Timóteo:
É claro que a [verdadeira] religião é uma fonte de
muita riqueza, mas só para a pessoa que se contenta com
oque tem. O que foi que trouxemos para o mundo? Nada!
E o que é que vamos levar do mundo? Nada! Portanto, se
temos comida e roupas, fiquemos contentes com isso.
Porém os que querem ficar ricos caem em pecado, ao
serem
A R EC E I T A D E N E EM I A S P A R A U M A V I D A V Í T O R Í OS A
tentados, e ficam presos na armadilha de muitos desejos
tolos, que fazem mal e levam as pessoas a se afundarem
na desgraça e na destruição. Pois o amor ao dinheiro é
uma fonte de todos os tipos de males. E algumas
pessoas, por quererem tanto ter dinheiro, se desviaram
da fé e encheram a sua vida de sofrimentos. Mas você,
homem de Deus, fuja de tudo isso. Viva uma vida correta,
de dedicação a Deus, de fé, de amor, de perseverança e
de respeito pelos outros.
1 Timóteo 6.6-11 NTLH
Há cristãos que se tornaram milionários e
acabaram amando o dinheiro e usando as pessoas,
quando deveria ser o contrário. Eles esquecem que
tudo o que conquistarem de material permanecerá
aqui, nesta terra, quando morrerem, e não valerá nada
na eternidade.
Essas pessoas pensam que, quando estiverem
diante de Deus, poderão dar desculpas esfarrapadas e
impunes pelo egoísmo e pela frivolidade em que
viveram.
Jesus foi taxativo:
Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque
ou há de aborrecer a um e amar ao outro ou se há de
chegar a um e desprezar ao outro. Não podeis servir a
Deus e a Mamom.
Lucas 16.13
S I L AS M A LA F A I A
Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a
ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e
roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça
nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não
minam, nem roubam. Porque onde estiver o vosso
tesouro, aí estará também o vosso coração.
Mateus 6.19-21
Quem se diz um seguidor de Jesus e não lhe
obedece está enganando a si mesmo, porque não
pratica aquilo em que afirma crer, e quanto a isso
Tiago foi bem claro em sua epístola:
Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que
tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-
lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de
mantimento cotidiano, e algum de vós lhes disser:
Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derdes
as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?
Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si
mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as
obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te
mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Tu crês que há
um só Deus? Fazes bem; também os demônios o crêem e
estremecem. Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé
sem as obras é morta?
Tiago 2.14-19
Como disse o apóstolo João: Meus filhinhos, não
amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em
verdade (1 João 3.18)! Precisamos aprender a usar o
dinheiro e amar as pessoas, demonstrando isso de
modo concreto. Assim, o Senhor terá prazer em
abençoar-nos e mudar a nossa sorte!
Alegrando-se no Senhor
Por fim, a última lição em Neemias 8.10 é: Não
vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa
força. Os judeus contemporâneos de Neemias acataram
esse conselho: Então, todo o povo se foi a comer, e a
beber, e a enviar porções, e a fazer grandes festas, porque
entenderam as palavras que lhes fizeram saber (v. 12).
Sabe o que aprendemos aqui? Que Deus se alegra
com a nossa alegria e que Ele tem prazer em
abençoar-nos. O Criador não é um sádico universal ou
um estraga-prazeres como pensam algumas pessoas
que têm um conhecimento parcial e uma visão dis-
torcida sobre Ele. Deus é magnânimo, generoso. Não
derrama Suas bênçãos com conta-gotas. Sua medida é
transbordante,recalcada e sacudida (Lucas 6.38). Ele
sempre faz muito mais abundantemente além daquilo que
pedimos ou pensamos (Efésios 3.20).
É a esse Deus maravilhoso, que nos criou, amou e
salvou, que nos dá vida plena, que devemos amar e
adorar, servindo-o de todo o nosso
coração. É nele que você deve alegrar-se e confiar,
porque Ele quer conceder a você Sua vitória. Entregue
seu caminho ao Senhor. Deixe-se guiar por Ele, e verá
que tudo mudará para melhor.
Deixo aqui uma palavra de restauração, que está
em Jeremias:
Porque assim diz o SENHOR: Certamente que, pas-
sados setenta anos na Babilônia, vos visitarei e cumprirei
sobre vós a minha boa palavra, tornando-vos a trazer a
este lugar. Porque eu bem sei os pensamentos que penso
de vós, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal,
para vos dar o fim que esperais. Então, me invocareis, e
ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis e
me achareis quando me buscardes de todo o vosso cora-
ção. E serei achado de vós, diz o SENHOR, e farei voltar os
vossos cativos, e congregar-vos-ei de todas as nações e
de todos os lugares para onde vos lancei, diz o SENHOR, e
tornarei a trazer-vos ao lugar de onde vos transportei.
Jeremias 29.10-14
Não temas, pois, tu, meu servo Jacó, diz o SENHOR,
nem te espantes, ó Israel; porque eis que te livrarei das
terras de longe, e a tua descendência, da terra do seu
cativeiro; e Jacó tomará, e descansará, e ficará em
sossego, e não haverá quem o atemorize. Porque eu sou
contigo, diz o SENHOR, para te salvar...
Jeremias 30.10,11 a