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“A situação do país em matéria de drogas e toxicodependência 2014” 7 Janeiro, 2015 Em 2013 o haxixe foi a droga com maior número de apreensões, a heroína atingiu o preço mais baixo desde 2002 e a potência da cannabis resina aumentou para os valores mais elevados desde 2005, revela hoje um relatório. Estes dados, que refletem o mercado de oferta de drogas em 2013, constam do relatório anual “A situação do país em matéria de drogas e toxicodependência 2014”, do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), hoje divulgado. Segundo o documento, em 2013 o haxixe foi a substância com o maior número de apreensões (3.087), e o número de apreensões de cocaína (1.108) foi superior ao de heroína (792), mantendo a tendência de anos anteriores. Seguiram-se as apreensões de cannabis herbácea (764) e de ecstasy (80). Foram ainda confiscadas outras substâncias em 2013, que o relatório destaca devido às quantidades apreendidas e à ausência ou raridade de registos de apreensões anteriores: estimulantes - como a efedrina, o metilfenidato e as metanfetaminas e opiáceas como a tebaína, a codeína, a morfina e o ópio. Comparativamente ao ano anterior, houve um decréscimo no número de apreensões de várias drogas, mas no caso do haxixe e da cannabis herbácea os valores mantêm-se ao nível dos últimos cinco anos, período com as apreensões mais elevados desde 2002. Em contrapartida, as apreensões de heroína e de cocaína têm vindo a diminuir nos últimos anos, registando-se em 2013 os valores mais baixos respetivamente desde 2002 e 2005. Quanto aos mercados de tráfico e de tráfico-consumo, os preços médios das drogas confiscadas em 2013 não apresentaram alterações relevantes face a 2012, com exceção da heroína que registou novamente uma descida, atingindo o valor mais baixo desde 2002.

A situação do país em matéria de drogas e toxicodependência 2011

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Page 1: A situação do país em matéria de drogas e toxicodependência 2011

“A situação do país em matéria de drogas e toxicodependência 2014”

7 Janeiro, 2015

Em 2013 o haxixe foi a droga com maior número de apreensões, a heroína

atingiu o preço mais baixo desde 2002 e a potência da cannabis resina

aumentou para os valores mais elevados desde 2005, revela hoje um

relatório.

Estes dados, que refletem o mercado de oferta de drogas em 2013, constam do relatório

anual “A situação do país em matéria de drogas e toxicodependência 2014”, do Serviço de

Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), hoje divulgado.

Segundo o documento, em 2013 o haxixe foi a substância com o maior número de

apreensões (3.087), e o número de apreensões de cocaína (1.108) foi superior ao de

heroína (792), mantendo a tendência de anos anteriores. Seguiram-se as apreensões de

cannabis herbácea (764) e de ecstasy (80).

Foram ainda confiscadas outras substâncias em 2013, que o relatório destaca devido às

quantidades apreendidas e à ausência ou raridade de registos de apreensões anteriores:

estimulantes - como a efedrina, o metilfenidato e as metanfetaminas – e opiáceas – como

a tebaína, a codeína, a morfina e o ópio.

Comparativamente ao ano anterior, houve um decréscimo no número de apreensões de

várias drogas, mas no caso do haxixe e da cannabis herbácea os valores mantêm-se ao

nível dos últimos cinco anos, período com as apreensões mais elevados desde 2002.

Em contrapartida, as apreensões de heroína e de cocaína têm vindo a diminuir nos últimos

anos, registando-se em 2013 os valores mais baixos respetivamente desde 2002 e 2005.

Quanto aos mercados de tráfico e de tráfico-consumo, os preços médios das drogas

confiscadas em 2013 não apresentaram alterações relevantes face a 2012, com exceção

da heroína que registou novamente uma descida, atingindo o valor mais baixo desde 2002.

Page 2: A situação do país em matéria de drogas e toxicodependência 2011

Quanto ao grau de pureza das drogas apreendidas, o relatório salienta que a potência

média da cannabis, e em particular da cannabis resina, tem vindo a aumentar nos últimos

anos, atingindo em 2013 os valores médios mais elevados desde 2005.

O presidente do SICAD, João Goulão, já tinha revelado, durante a apresentação do

relatório europeu sobre drogas, que estavam a aumentar os pedidos de ajuda nos centros

de tratamento de toxicodependência por consumo de cannabis, o que se devia ao

aumento da potência da resina importada.

O Flash Eurobarometer realizado em 2014 entre os jovens europeus de 15-24 anos

revelou que a cannabis continua a ser a droga percecionada como de maior

acessibilidade.

No entanto, entre os europeus, os portugueses eram os que tinham uma perceção de

menor facilidade de acesso a esta droga, mas de maior facilidade de acesso à heroína e

às novas substâncias psicoativas. A evolução das perceções dos jovens portugueses entre

2011 e 2014 evidencia que aumentou ligeiramente a facilidade percebida de acesso à

heroína, à cocaína e ao ecstasy.

De uma maneira geral, o predomínio crescente da cannabis foi consolidado, a cocaína

continua a ser a segunda droga com maior visibilidade e em 2013 constatou-se novamente

uma diminuição da visibilidade da heroína, reforçando a quebra registada em 2011, indica

o relatório.

Em 2013 houve 184 mortes ligadas ao consumo de drogas, 12% foram overdoses

Em 2013 morreram 184 pessoas com substâncias ilícitas no organismo, 12% das quais

por overdose, com presença principalmente de opiáceos, cocaína e metadona, mas

registando-se já um aumento da presença de drogas sintéticas, dados do mesmo relatório.

Salvaguardando não terem sido disponibilizados atempadamente os dados de 2013 do

Instituto Nacional de Estatística relativos à mortalidade relacionada com o consumo de

drogas, o documento lembra que em 2012 voltou a registar-se um aumento no número

destas mortes, depois de uma diminuição entre 2010 e 2011.

Citando os registos específicos do Instituto de Medicina Legal, o relatório indica que, em

2013, dos 184 óbitos com a presença de pelo menos uma substância ilícita e com

informação sobre a causa de morte, 22 (12%) foram considerados overdoses (menos 24%

em relação a 2012).

Entre as substâncias detetadas nestas overdoses, estavam presentes opiáceos em 46%

dos casos, seguindo-se-lhe a cocaína (36%) e a metadona (27%).

“É de notar, enquanto tendência emergente, embora ainda com valores residuais, a

ocorrência de overdose com a presença de drogas sintéticas”, sublinha o relatório.

Page 3: A situação do país em matéria de drogas e toxicodependência 2011

Em quase todas as overdoses (91%) foram detetadas mais do que uma substância, sendo

de destacar em associação com as drogas ilícitas, as overdoses com a presença de álcool

(36%) e benzodiazepinas (50%).

Relativamente às outras 162 causas de mortes com a presença de pelo menos uma

substância ilícita (ou seu metabolito) no organismo, estas foram sobretudo atribuídas a

acidentes (44%), seguindo-se-lhes a morte natural (33%), suicídio (12%) e homicídio (7%).

No que se refere à mortalidade relacionada com o VIH/Sida, de acordo com as

notificações de óbitos recebidas no Instituto Nacional de Saúde (INSA), foram notificados

101 óbitos em 2013 associados à toxicodependência, 69 dos quais já em fase de Sida.

A distribuição das mortes por infeção de VIH segundo o ano do óbito evidencia uma

tendência decrescente de mortes ocorridas a partir de 2002, mais acentuada nos casos

associados à toxicodependência.

No entanto, nos casos diagnosticados mais recentemente, a mortalidade observada

continua a ser superior nas categorias de transmissão associadas à toxicodependência

comparativamente aos restantes casos, o que poderá estar relacionado, entre outros, com

o diagnóstico mais tardio neste grupo de risco.

Relativamente aos utentes em tratamento em ambulatório, o relatório aponta para uma

“descida significativa” nas proporções de novas infeções pelo VIH em 2010 e 2011,

mantendo-se estáveis nos últimos três anos, tal como as novas infeções de hepatites B e

C, que não têm apresentado variações relevantes.

No contexto prisional, entre os reclusos em tratamento da toxicodependência, as

prevalências de doenças infeciosas enquadram-se no padrão do meio livre.

Nas notificações anuais da infeção VIH/SIDA, continua a registar-se um decréscimo,

tendência que se mantém mais acentuada nos casos associados à toxicodependência.

Cinco pessoas por dia iniciaram tratamento contra a toxicodependência em 2013

Mais de cinco pessoas por dia iniciaram tratamento contra a toxicodependência em 2013,

verificando-se uma tendência de aumento de pedidos de ajuda de pessoas cada vez mais

jovens e por causa da cannabis, segundo o relatório.

Nesse ano, estiveram em tratamento, em regime de ambulatório da rede pública, 28.133

utentes com problemas relacionados com o uso de drogas, revela o relatório anual “A

situação do país em matéria de drogas e toxicodependência 2014”, do Serviço de

Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).

Page 4: A situação do país em matéria de drogas e toxicodependência 2011

Dos que iniciaram tratamento em 2013, 2.154 eram readmitidos e 1.985 fizeram-no pela

primeira vez, constatando-se nos últimos quatro anos “uma tendência para o aumento de

novos utentes, cerca de metade dos quais tendo como droga principal a cannabis”.

Em 2013, as Unidades de Desabituação (unidades para internamentos de curta duração)

registaram 1.631 internamentos (1.535 em redes públicas e 96 em redes licenciadas), 55%

dos quais por problemas relacionados com o uso de drogas.

O número de internamentos em Comunidades Terapêuticas (instituições para

internamento prolongado) foi de 3.534 (127 em públicas e 3.407 em licenciadas), 71% por

problemas relacionados com o uso de drogas.

Quanto aos consumos, a heroína continua a ser a droga principal mais referida, exceto

entre os novos utentes em ambulatório, em que foi a cannabis (49%), e os utentes das

Comunidades Terapêuticas públicas, em que predominou a cocaína (61%).

O relatório destaca um aumento de utentes que referem a cannabis e a cocaína como

drogas principais, nos últimos três anos, face aos anos anteriores.

O documento aponta também para “evidentes” reduções de consumo recente de droga

injetada (prevalências entre 3% e 25% nos utentes das diferentes estruturas, em 2014) e

de partilha de material deste tipo de consumo, existindo no entanto, “bolsas de utentes”

ainda com prevalências elevadas destas práticas.

Por outro lado, e sobretudo nos quatro últimos anos, constata-se uma maior

heterogeneidade nas idades dos utentes que iniciaram tratamento no ambulatório, com um

grupo cada vez mais jovem de novos utentes e, outro, de utentes readmitidos, cada vez

mais envelhecidos.

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Fonte:

LUSA