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PERFUMES CAMPEÕES: dona do portfólio de perfumaria mais premiado do multinível brasileiro, a companhia retoma os grandes lançamentos A TRADIÇÃO DA PERFUMARIA NO MULTINÍVEL Publicidade Antônio Mesquita, CEO da L’acqua di Fiori, fala sobre a excelente repercussão da entrada da marca no pujante mercado desse canal

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perfumes campeões: dona do portfólio de perfumaria mais premiado do multinível brasileiro, a companhia retoma os grandes lançamentos

a tradição da perfumaria

no multinível

Publ

icid

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antônio mesquita, ceO da L’acqua di fiori, fala sobre a excelente repercussão da entrada da marca no pujante mercado desse canal

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#159

ATC pelo brAsil indústria de beleza do Ceará se prepara para uma nova fase ao investir em produtos mais sofisticados

Ano: 26/2018 • R$ 40,00

VAREJOJá há muitastecnologiasmais acessíveis à disposiçãodo canal atualmente

VEndA diREtA multiníVEl

Com uma oferta de itens diferenciados, canal tem tudo para seguir firme e forte

pERspEctiVAs

o que o mercadopode esperar em 2018, na visão de quatro consultorias

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Untitled-2 1 16/04/2018 13:52:02

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3 # 159 | JAN/FEV 2018 ATUALIDADE COSMÉTICA

#159

12. MERCADOAQUISIÇÃO Vult é vendida ao Grupo Boticário, que reforça a estratégia da companhia de ter a Maquiagem como um pilar de crescimento e, agora, uma nova fortaleza.

14. MERCADO EXPECTATIVASAssociação Brasileira de Cosmetologia, IQVIA, Factor-Kline e Kantar Wordpanel trazem algumas perspectivas para o setor em 2018.

24. CATEGORIA EFEITO CINDERELAO uso contínuo de cosméticos do tipo “Instantly Age” podem trazer, sim, benefícios à pele a longo prazo.

28. CATEGORIA PRODUTOS CAPILARES PÓS-SOLIndústria de matérias-primas avança na variedade de opções específicas para manter os cabelos saudáveis após o período do verão.

40. CANAL MULTINÍVELCom a oferta de produtos diferenciados, o multinível tem tudo para seguir firme e forte no mercado.

46. TECNOLOGIA VAREJONovas tecnologias e soluções mostradas na NRF 2018 já estão bem mais acessíveis para os varejistas brasileiros.

55. ATC PELO BRASIL CEARÁA indústria de beleza do Ceará se prepara para investir em produtos mais sofisticados.

70. NEGÓCIOS INVESTIMENTOSReforçando a aposta no futuro da marca L’Occitane au Brésil, a L’Occitane escolheu o Brasil para receber a sua segunda unidade industrial em todo o mundo.

72. NEGÓCIOS ESTRATÉGIA Drogaria Iguatemi reinaugura sua loja conceito no Shopping Iguatemi São Paulo, com nova proposta e uma maior variedade de produtos.

76. P&D COSMÉTICOS E ALERGIAReações alérgicas a cosméticos de uso contínuo se tornam cada vez mais frequentes e precisam ser acompanhadas de perto.

editorial _____________ 4painel _______________ 6 express ______________ 34Clássicos da Perfumaria _ 82

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6ATUALIDADE COSMÉTICA # 115 | SET-OUT 2010

Em algum momento da vida, aprende-mos que tudo tem um preço. Todos os nossos passos dados, nossas ações, pa-lavras, atitudes e, principalmente, esco-lhas possuem um valor a ser pago em

algum momento. Pode ter certeza. Em determinadas situações, isso pode ser quase que um “você colhe o que planta”. Mas a questão aqui é de valor mesmo.

E a palavra “valor” tem pesos e significados dife-rentes de acordo com a maneira que for utilizada. O objetivo de cada indivíduo também tem forte influ-ência nesta questão. E você na sua vida certamente já teve de encarar dilemas na hora de tomar uma de-cisão da seguinte esfera: vai valer a pena financeira-mente? Ou estarei fazendo isso apenas por uma satis-fação particular?

Como dito, isso vai de acordo com o seu objeti-vo do momento. O segredo é, se possível, manter um equilíbrio entre as ações, para que lhe tragam as duas coisas. Se conseguir juntar ambos em uma atividade só, isso é fantástico! Mas sabemos que nem sempre esta é uma realidade.

Aqui em Atualidade Cosmética, nossa meta é se-guir fazendo o melhor jornalismo setorial de cosmé-

ticos do Brasil possível. E estamos comprometidos nesta empreitada há anos – 25, para ser mais preciso. Mas estamos plenamente conscientes de que não é nada fácil nos mantermos neste patamar. O que que-remos dizer é que sabemos o preço disso, ou seja, de sermos os responsáveis pelo melhor conteúdo de ne-gócio para o setor de beleza.

Quer saber o preço? Trabalho intenso, dia e noite – literalmente – e muita leitura e atenção com o que está acontecendo em nosso mercado. Tudo para esta-bilzarmos o nosso barco e para trazermos o melhor conteúdo possível em nossas páginas e ações.

Este preço citado não é nada barato. Pelo contrá-rio, é bastante intenso e nos consome de corpo e alma. Porém, a satisfação proporcionada aos nossos leitores e anunciantes paga este preço e é também a nossa sa-tisfação!

Fizemos a escolha de qual era a nossa meta e o prazer propocionado por fazermos tudo isso é mais do que suficiente para que nosso barco siga na traje-tória que escolhemos e que estamos guiando-o para o nosso objetivo.

Boa leitura!

EDITORIAL

Estabilizando o barco

FUNDADOR: JOSÉ LUIZ DE PAULA JR.

EDITOR E PUBLISHER: AÛANI CUSMA DE PAULA

EDITOR-ASSISTENTE: RAFAEL MENDONÇA ([email protected])

REPÓRTER: GABRIEL ODA([email protected])

GERENTE DA MARCA: JENIFER VIEIRA ([email protected])

EXECUTIVOS DE VENDAS: WANESSA DE SOUZA ([email protected])

EUFRAZIO LAUTON ([email protected])

DARYUS FELISBINO ([email protected])

IMPRESSÃO: SERZEGRAF

WWW.COSMETICANEWS.COM.BR

ADMINISTRAÇÃO E REDAÇÃORUA DOM DUARTE LEOPOLDO, 678 CAMBUCI CEP 01542-000 SP – BRASIL

PARA ANUNCIAR, LIGUE: (11) 3392-2584

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6ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

painel

A alemã Symrise vem se destacando no merca-do ao apostar em novas frentes, expandindo--se por novas fronteiras, caso da expansão do tradicional core de aromas e fragrâncias para aromas e nutrição de um lado, e de fragrâncias

e ingredientes cosméticos do outro. Mas a empresa tem fei-to algumas apostas que vão bem além desse core expandido. A divisão de aromas, por exemplo, incorporou recentemente a britânica Cobell, uma terceirista que desenvolve, produz e engarrafa sucos e outras bebidas para clientes no Reino Uni-do, posicionando-se também como um provedor de soluções completas para o mercado de bebidas.

Há poucas semanas, a empresa também cruzou bem a fron-teira dos seus negócios na área de fragrâncias. A companhia fez um investimento de US$ 6 milhões numa rodada de inves-timentos conduzida pela Phlur, uma startup norte-americana fabricante de perfumes de nicho. No total, a empresa norte--americana captou US$ 12 milhões. Como fruto do aporte, o executivo Achim Daub, presidente da Symrise Scent&Care, terá um assento no conselho da empresa. O investimento não garante à companhia alemã nenhum tipo de exclusividade de fornecimento para a empresa, que tem a Symrise como seu maior fornecedor de fragrâncias, mas não o único.

A Phlur foi criada por Eric Korman, ex-presidente mundial de e-commerce da Ralph Lauren, e desenvolve fragrâncias a partir de ingredientes não tóxicos, de origem sustentável, desprovidos de parabenos, ftalatos, BHT e outros conservan-

Para entender o consumidor digital

painel

tes. Além disso, para cada frasco de 50 ml vendido, a marca doa US$ 5 para a União Internacional para a Conservação da Natureza. De acordo com a Symrise, a marca norteamericana quintuplicou sua receita e adquiriu mais de 35 mil clientes no ano passado, juntamente com a introdução de uma linha de velas perfumadas premium.

Trata-se do primeiro investimento da Symrise (e de qual-quer casa de fragrância relevante do mercado) numa marca de produto final. Apesar do movimento, a Symrise não pretende se converter numa incubadora ou num fundo de venture ca-pital. Muito menos tem planos de avançar sobre o mercado de consumo. Para a empresa, o investimento faz sentido e se justifica por um motivo bastante simples: a capacidade de en-tender melhor como o ambiente digital e o e-commerce vão impactar o futuro da perfumaria.

Segundo Achim, quando Eric Korman compartilhou o conceito da empresa com eles há quase três anos, o executivo enxergou no empreendimento um disruptor de categoria num mercado que não viu nenhuma inovação real ao longo da úl-tima década. “A Phlur é um ótimo investimento, bem como uma incrível plataforma de aprendizado, e estamos entusias-mados com a oportunidade de ajudar a continuar o crescimen-to da marca”, avaliou Achim.

TRANSFORMAÇÃO VISÍVELVice-presidente global de Perfumaria Fina da Symrise, o bra-sileiro Ricardo Omori explica que o negócio de perfumaria

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7# 159 | JAN/FEV 2018 ATUALIDADE COSMÉTICA

está sendo muito impactado pela transformação que acontece nos canais de distribuição, especialmente nos Estados Unidos. Ricardo conta que, nos últimos 18 meses, mais de 700 lojas que vendiam perfumes foram fechadas. Em contrapartida, o mercado cresceu 5% no mesmo período. Este crescimento num momento de fechamento de pontos de venda não se ex-plica por um aumento na concentração de grandes vendedores tradicionais, como as lojas de departamento; mas pela maior presença do e-commerce como canal de compras pelo consu-midor estadounidense. “O consumidor americano faz uma mu-dança radical para e-commerce. E a Phlur é uma das primeiras empresas de perfumaria a ter todo o negócio por meio do e--commerce, sem nenhuma loja física, e com uma plataforma muito interessante de relacionamento”, pontua o executivo. Essa mudança de eixo, das lojas físicas para o e-commerce, tem impactos que vão além da escolha entre a comodidade ou a experiência de compra de um canal ou de outro. “Olfativa-mente, esse consumidor do e-commerce tem preferências dife-rentes do consumidor tradicional, que tem um sem número de opções quando vai numa loja física”, emenda o brasileiro. Para ele, essas mudanças do consumidor geram algumas certezas e muitas dúvidas. Para a Symrise, sentar no board da Phlur será uma oportunidade de aprender e entender melhor essas novas necessidades do consumidor.

Sobre o impacto de ter participação numa marca que, even-tualmente, pode competir com as marcas de nicho de alguns

dos seus maiores clientes globais, como L’Oréal, Estée Lauder e Puig, Ricardo não vê esse risco. “Conversamos com clientes sobre essa movimentação e a reação do mercado foi positiva. Eles estão enxergando isso como uma oportunidade de ter um fornecedor mais antenado e entendendo esse consumidor novo, do que um fornecedor que vai concorrer com eles”, acredita.

Ricardo crê ainda que existe, de um lado, a questão da re-compra de perfumes já conhecidos e que o consumidor tem migrado para o e-commerce. A outra, mais desafiadora para a indústria, é o nível de especialização que o mercado de nicho traz, com muito mais customização e especialização. E que tem no e-commerce um aliado forte para isso. “Consequen-temente, do ponto de vista olfativo, você consegue entregar coisas muito mais específicas”, diz.

Em que pese o foco maior dessa movimentação se dar nos Estados Unidos, a mudança de eixo para o digital se dá em todo o mundo. Na Europa, a diferença é o maior número de varejistas de nicho, que sofrem com o alto custo de se operar uma loja física no velho continente. Por isso, as marcas de nicho só se tornam verdadeiramente relevante quando passam para as mãos das grandes empresas. “Quando você olha para o mercado global, o nicho ainda é pequeno. Mas ele começa a aparecer como um competidor respeitável das grandes marcas. Modelos mais baratos, como o digital, podem tornar o merca-do mais competitivo em termos de oportunidade e de oferta”, conclui Ricardo.

ERIC KORMAN, DA PHLUR: marca é vista pela Symrise como um disruptor de categoria num mercado que não viu nenhuma inovação real ao longo da última década.

RICARDO OMORI, DA SYMRISE: com a Phlur, empresa terá mais facilidade para entender as transformações nos canais de distribuição e que estão impactando a Perfumaria.

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A fabricante brasilei-ra de embalagens de vidros Wheaton, acertou a compra da operação brasi-

leira da Verescense (antiga SGD). A incorporação vai garantir um incremento de cerca de 28% para a Wheaton no Brasil, que vai ver o seu faturamento ficar próximo da casa do R$ 1 bilhão. O negó-cio vai fazer da Wheaton uma das maiores operações globais de em-balagens de vidros para perfuma-ria e cosméticos do mundo.

De origem francesa, a Veres-cence é a maior fabricante de em-balagens de vidros para perfumes do mundo. Por aqui, a empresa ti-nha a Natura como maior cliente, além de posições fortes no Grupo Boticário e na Avon. A estra-tégia da empresa desde que chegou ao Brasil, no final dos anos 1990, ainda como Saint Gobain Desjonquers, sempre foi a de restringir seu atendimento a alguns poucos grandes clientes.

A venda da operação brasileira da Verescense era algo es-perado. O terreno no qual estava instalada a planta da empresa pertence ao grupo Saint Gobain, mas é ocupado, em sua maior parte, pela também fabricante de vidros Verália, antiga Santa Marina, que deve concluir a construção de uma nova fábrica em Jacutinga, no interior paulista, em 2019, deixando de ser locatário do terreno atual. Para completar a situação, o forno que abastecia as linhas de produção da empresa estava apre-sentando risco de vazamento. Por ser um investimento bastante elevado, da ordem de R$ 40 milhões, é bem provável que a em-presa teria dificuldades de convencer o fundo Oaktree, contro-lador da Verescence, a realizar esse investimento num terreno do qual teriam que sair em breve.

A aquisição reforçará a posição da Wheaton em três dos seus principais clientes e ampliará a sua liderança no mercado local, uma vez que a SGD era a vice-líder no mercado. Com a operação, os moldes e todo o maquinário, incluindo a linha de pintura de frascos e os moldes da Verescense será transferido para a planta da Wheaton em São Bernardo do Campo. Para o diretor Comercial da Wheaton, Renato Massara, o mais im-portante neste momento é garantir tranquilidade ao mercado e

que os clientes da Verescence não irão sofrer nenhuma ruptura. “Estamos nos preparando para receber as linhas da Verescence desde agosto. Reformamos um forno que estava parado há dez anos e ampliamos outro. Com isso, teremos quatro fornos à disposição do mercado”, afirma o executivo. O investimento realizado pela empresa apenas para receber as linhas da SGD foi de R$ 45 milhões. A empresa também tem planos de cons-truir um novo forno a curto prazo. Atualmente, a Wheaton ope-ra 24 linhas de produção dedicadas ao mercado de beleza. A Verescence operava seis linhas, mas vinha utilizando apenas três delas ultimamente, por conta do problema com o forno. “Queremos ganhar competitividade. Estamos numa condição muito boa de qualidade e operações e queremos reforçar ainda mais essa posição”, pontua o diretor Comercial.

Agora, além da Wheaton, a única empresa com produção de frascos de vidro para perfumes e cosméticos no Brasil é a também brasileira Vidraria Anchieta. A mexicana Vitro, que tem um terreno na Bahia para a construção de uma fábrica há pelo menos dois anos, ainda não iniciou a construção.

A Verescense foi criada a partir da cisão da área de perfu-maria e cosméticos da antiga SGD, que passou a se concentrar no mercado de embalagens para o setor farmacêutico. Apesar disso, aqui no Brasil a empresa continuava atendendo ao mer-cado farmacêutico, operação que também será incorporada pela Wheaton.

Ainda mais forte e cristalina

8ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

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10ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

EM NOVAS MÃOSD esde o início de fevereiro, a direção Ge-

ral da companhia peruana de venda dire-ta Belcorp está em novas mãos. Eduardo Belmont Anderson, fundador da empresa, deixou o posto e passou-o para as mãos

de Érika Herrero Bettarel. Belmont seguirá na presidência do conselho de administração da Belcorp, que está presente atualmente em 15 países da região por meio de suas marcas L’BEL, Ésika e Cyzone.

Herrero chegou à Belcorp em 2010 e ocupava o cargo de vice-presidente Comercial. Possui mais de 25 anos de expe-riência em empresas internacionais de consumo de massa. É também administradora da Universidade Metropolitana (Ca-racas, Venezuela). Começou na Belcorp como gerente Geral na Colômbia, depois liderou a vice-presidência de Vendas e, nos últimos cinco anos, dirigiu a vice-presidência comercial.

“Érika não é apenas uma pessoa competente e brilhante, mas também vive intensamente o propósito da Belcorp: pro-mover a beleza para alcançar a realização pessoal. Nascemos há 50 anos como uma empresa familiar e, hoje, somos uma

empresa multinacional com posição de liderança no merca-do, volume de negócios anual de mais de US$ 1 bilhão e damos oportunidades de desenvolvimento para 800 mil mu-lheres na região”, observa Belmont.

Em 2014, o peruano Eduardo Belmont foi homenagea-do durante a 21º edição do Prêmio Atualidade Cosmética e entrou para o seleto Hall da Fama da premiação, sendo o primeiro estrangeiro a integrar a relação. À frente da Yanbal, empresa criada em 1968 e atual Belcorp, Belmont encon-trou na venda direta um meio de superar um dos ambientes de negócios mais difíceis enfrentados no Peru à época. Seis anos depois, em 1974, a Yanbal lançou sua primeira linha de produtos com a sua marca e utilizou mulheres peruanas para realizar a distribuição dos itens. E esse período de aprendi-zado na venda direta fez com que ele estruturasse as bases que fizeram da atual Belcorp uma das maiores operações de cosméticos (e de venda direta) da América Latina e do mundo. A chegada à Colômbia em 1985 tornou a empresa uma multinacional e deu início à expansão internacional da companhia.

Na foto nº 5 da página 44 da edição 158, na matéria de cobertura da 25ª edição do Prêmio Atualidade Cosmética, informa-mos que a mulher que está ao lado de Luciano Rodrigues, gerente-geral da Bel Salvador, é Alynne Santo, gerente de Atendi-mento da rede de perfumarias baiana.

ERRATA

ÉRIKA HERRERO BETTAREL: 25 anos

de experiênciaem empresas

internacionais de consumo de massa.

EDUARDO BELMONT: seguirá na presidênciado conselho de administração.

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12ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

MERCADO Aquisições

EM NEGOCIAÇÃO QUE SURPREENDEU O MERCADO, VULT É VENDIDA AO GRUPO BOTICÁRIO, COROANDO A ESTRATÉGIA DO GRUPO DE TER A CATEGORIA COMO

UM PILAR DE CRESCIMENTO E, AGORA, UMA NOVA FORTALEZA >>> RAFAEL MENDONÇA

Compra de peso

Por uma série de moti-vos, o anúncio da com-pra da Vult por parte do Grupo Boticário fei-to no início de março surpreendeu o merca-do de beleza brasileiro

e gerou alguns questionamentos que só devem ser respondidos a médio e longo prazo. Do lado do comprador, o Grupo acredita que o negócio aumentará o seu alcance dentro do mercado. “A chega-da da Vult complementa o nosso por-tfólio e fortalece o nosso negócio, que

é multimarca e multicanal”, limitou-se a dizer, em nota, Artur Grynbaum, pre-sidente do Grupo Boticário. Em menos de um mês após o anúncio da negocia-ção, o CADE (Conselho Administra-tivo de Defesa Econômica) aprovou a compra, ao entender que o negócio não gera preocupações concorrenciais por-que a participação conjunta das duas empresas ficará abaixo de 20% do mer-cado brasileiro.

Trata-se da segunda aquisição rea-lizada pelo Grupo, que em 2013 com-prou 60% da distribuidora e impor-

tadora Frajo (por meio de um veículo de investimentos privado de Miguel Krigsner e Artur Grynbaum), adquirin-do a totalidade do controle em 2016, já pelo grupo, dando origem à estrutura atual da Multi B., unidade de distri-buição multimarcas para o varejo da companhia e que distribui a marca de maquiagem Revlon e, também as de quem disse, berenice?, em perfumarias, drogarias e lojas de departamento. A Cálamo Distribuidora de Produtos de Beleza SA, holding operacional que concentra a distribuição dos produtos

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13 # 159 | JAN/FEV 2018 ATUALIDADE COSMÉTICA

construir a categoria de Maquiagem no varejo brasileiro na última década. E isso já foi dito na Atualidade Cosméti-ca em diversas ocasiões. A evolução da categoria no varejo especializado e no canal Farma, principalmente nas redes médias e no canal independente, é gri-tante na comparação com o passado re-cente. E a maior parte dessa evolução se deve ao trabalho realizado pela empre-sa de Murilo e Daniela, que apostaram em evoluir a marca lado a lado ao de-senvolvimento do varejo, construindo o entendimento da dinâmica da categoria junto aos varejistas e estabelecendo um ambiente mais adequado à sua comer-cialização. A marca é uma “queridinha” dos lojistas também pelo bom relacio-namento que a empresa e suas equipes construíram com os seus clientes.

Mais do que uma aquisição estraté-gica, a compra da Vult pelo Grupo Boti-cário pode ser considerada uma “cereja do bolo” para o negócio da companhia, em sua trajetória na categoria de ma-quiagem, desde 2010, com o lançamento de Make B., quando O Boticário estabe-leceu a categoria como o seu novo dri-ver de crescimento. Alguns anos depois, o grupo lançou sua marca exclusiva de maquiagem: quem disse, berenice?, que hoje conta com cerca de 150 lojas fran-queadas. Com a Vult, o Grupo Boticário vai consolidar a sua presença na catego-ria com potencial claro para brigar pela sua liderança, hoje nas mãos da Avon.

do Grupo Boticário, fechou o ano de 2017 com receita líquida consolidada de R$ 4,3 bilhões, cerca de 16% a mais do que em 2016.

Com 14 anos de vida, a Vult já há algum tempo era um alvo cobiçada no mercado, por conta da liderança na ca-tegoria dentro do varejo multimarcas. Por diversas vezes, foram ventilados boatos de que a empresa estava sen-do comprada pela L’Oréal – algo ve-rossímil tendo em vista que a gigante francesa sempre teve dificuldades de deslanchar nessa categoria por aqui – mas que nunca se confirmou. “A nossa união a uma empresa referência e de sucesso como o Grupo Boticário forta-lece a marca. Seguiremos na empresa para alavancar nosso crescimento nos próximos anos”, afirmaram, também em nota, os fundadores da Vult Danie-la Cruz e Murilo Reggiani. Ele, por sua vez, declarou ainda que está bastante feliz com a parceria. “Pude ter o pri-vilégio de passar o bastão para uma empresa que admiro, genuinamente brasileira, que tem valores muito pró-ximos aos da Vult. É uma empresa que gosta de gente, como nós gostamos. Uma empresa que tem um grande ca-rinho pelos seus franqueados e pelos seus consumidores, como nós temos um carinho gigantesco pelos nossos distribuidores e pelos nossos varejis-tas. Então, há muita sinergia”, compa-rou o dirigente.

FUTURO DO NEGÓCIOEmbora os rumos que serão tomados com relação à Vult por parte do Grupo Boticário não tenham sido sinalizados, a ideia é que, ao menos inicialmente, os negócios sigam sendo tocados de maneira independente. A princípio, Murilo Reggiani e Daniela Cruz con-tinuarão à frente do negócio durante cinco anos, de acordo com contrato fir-mado. A Vult trabalha atualmente com diversos distribuidores exclusivos em todo o País, responsáveis pela maior parte do negócio.

Na visão de José Roberto Munhoz, diretor Comercial da Spasso Cosméti-cos, rede de perfumarias com sede em Campinas (SP), com quase 20 lojas pelo Interior do estado, caso o Grupo Boti-cário agregue todo o conhecimento que possui, com certeza a marca e o merca-do ganharão muito com isto. “Esta visi-bilidade poderá dar outro status para a marca Vult que já é um sucesso. Porém, caso não entendam as particularidades existentes no canal especializado, pode-rão pagar um preço muito alto por isto. Achei prudente e inteligente por parte do Grupo Boticário manter as operações como são e ir conhecendo as particula-ridades que existem em nosso canal”, rechaça ele.

QUERIDINHA DAS FARMÁCIAS E PERFUMARIASA Vult é a principal responsável por

DANIELA CRUZ E MURILO REGGIANI, FUNDADORES DA VULT, RECEBENDO O TROFÉU

DE EMPRESA DO ANO DO PAC EM 2016: dupla segue à frente do negócio visando alavancar o crescimento nos próximos anos.

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MERCADO Expectativas – IQVIA

14ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

OS PRINCIPAIS DRIVERS DO CANAL FARMA PARA 2018 E O DESEMPENHO DOS PRODUTOS DE BELEZA NAS FARMÁCIAS. HAVERÁ GRANDES MUDANÇAS EM RELAÇÃO AOS ÚLTIMOS ANOS? >>> RODRIGO AKIO KURATA

Cenário atual e perspectivas do canal farma

Apesar do cenário desafiador da eco-nomia brasileira nos últimos anos, o canal Farma tem demostrado resi-liência à crise eco-

nômica e continua em franca expansão, fechando o ano de 2017 com faturamento de R$ 106 bilhões a preço consumidor e evoluindo 11%, com incremento de R$ 10 bilhões frente a 2016.

A farmácia é hoje um canal de gran-de relevância para o varejo brasileiro, não só pelo seu desempenho superior a outros canais, mas pelo seu papel no cuidado da saúde e bem-estar da popu-lação, que se ampliou nos últimos anos e rompeu a barreira de ser um canal exclusivamente para dispensação de medicamentos. Em 2017, pode-se desta-car o avanço no processo de desenvol-vimento e profissionalização do varejo farmacêutico em diversas frentes im-portantes, tais como: estrutura de ofer-tas de produtos, gestão de categorias (GC), expansão do número de clínicas farmacêuticas e serviços especializados, abertura de novas lojas, entre outros.

Esta evolução do perfil das farmácia estimulou as mudanças de comporta-mento do shopper e até mesmo sua mis-são de compra no canal. Atualmente, a busca por produtos e serviços especiali-zados que atendam a diversas necessida-

des diferentes se intensificou, tornando a farmácia um local multifacetado onde a compra-destino não é apenas um pro-duto, mas saúde, bem-estar, inovação, sofisticação, atendimento personaliza-do, praticidade e conveniência. E, neste contexto, é possível entender a farmácia como um “local de conveniência da saú-de” essencial para o atendimento do dia a dia da população.

A evolução das farmácias brasilei-ras somada aos indicadores econômicos

positivos, que impactam diretamente na retomada do crescimento do consumo das famílias, faz com que a perspectiva do canal continue sendo destaque no universo varejista. Este cenário favorece o aumento gradativo do poder de com-pra do consumidor e, por consequência, melhores projeções de crescimento para o canal farma e, é claro, para o segmento de higiene e beleza.

Nos últimos anos, o canal tem con-quistado um espaço importante na ven-

UNIDADE DROGA RAIA DO CONJUNTO NACIONAL, EM SÃO PAULO: o cuidado com a loja move os drivers para um bom desempenho em 2018 no canal Farma.

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15 # 159 | JAN/FEV 2018 ATUALIDADE COSMÉTICA

MERCADO Expectativas – IQVIA

da de produtos de higiene e beleza, que hoje já representam 36,4% do faturamen-to do autosserviço farmacêutico. Depois de um ano desafiador para muitas cate-gorias de consumo, o segmento termi-nou o ano de 2017 com crescimento de 8,7% em valor a preço consumidor e 2,2% em volume, atingindo o faturamento de R$ 16 bilhões – incremento de R$ 1,3 bi-lhão frente ao faturamento de 2016.

PRINCIPAIS DRIVERS PARA 2018Para 2018, espera-se que o segmento de higiene e beleza continue crescendo e se consolide no canal farmácia como referência para compra de algumas ca-tegorias relacionadas a healthcare, como protetor solar, repelentes e dermocos-méticos, além da expectativa de cresci-mento dos produtos de consumo mas-sivos geradores de fluxo na loja, como cabelos, produtos de higiene pessoal e cuidados orais.

Pensando nos desafios do segmento de higiene e beleza do canal farma e nas mudanças de comportamento do sho-pper, que é multicanal e está cada vez mais informado, exigente, à procura de custo-benefício e alternativas para a com-posição de sua cesta de compras, os prin-cipais drivers para vencer em 2018 estão baseados nos pontos abaixo:

1. ATENÇÃO À INOVAÇÃODe todas as categorias do canal Far-

ma, o segmento de higiene e beleza é o mais dependente de inovação como ele-mento de crescimento. No último ano, mais de 40% de todo incremento de vendas gerado por produtos de beleza vieram de novos produtos, mostrando que o consumidor valoriza novidades e busca inovação em suas idas à farmácia.

2. ADEQUAR O MIX DE PRODUTOS COM PERFIL “HEALTHCARE”

A busca por mais longevidade e qua-lidade de vida é um driver importante para o canal farma. Apesar de já existi-rem diversas ofertas de produtos neste sentido, a distribuição ainda é bastan-te concentrada em grandes redes e em poucas lojas. Produtos com benefícios de anti-idade, tratamentos dermatoló-gicos avançados e específicos, proteção solar de alta performance, entre outros

já estão disponíveis, porém ainda pouco democratizados, especialmente no pe-queno e médio varejo.

3. MELHORAR A GESTÃO DE PREÇOS E ALAVANCAS PROMOCIONAIS

Segundo pesquisas realizadas pela IQVIA, o shopper, pressionado a equili-brar seu orçamento, está mais atento ao preço dos produtos antes de realizar a compra, além de ser bastante impactado por promoções. A percepção de que o preço está muito elevado é um dos prin-cipais motivos da desistência da com-pra. Ou seja, o shopper está disposto a realizar a troca por outras opções que caibam no seu bolso, seja substituindo o produto por uma opção mais barata, seja trocando de loja na busca de melhor custo-benefício. Além disso, é neces-sário entender quais são as alavancas promocionais mais adequadas em cada categoria. O promopack, por exemplo, é uma ferramenta poderosa que deve ser utilizada com o objetivo de recrutar no-vos consumidores e/ou aumentar o tí-cket médio da categoria (desenvolver a categoria) e não para “roubar” o market share do concorrente.

4. MELHORAR O NÍVEL DE SERVIÇOS E ATENDIMENTO

Diferentemente de outros canais de vendas, a maioria dos shoppers aumen-tou a frequência de visitas à farmácia. A essencialidade do canal e a busca pelo “primeiro atendimento” relacionado à saúde são alguns dos motivos pelos quais os shoppers aumentaram sua roti-na de idas à farmácia nos últimos anos. Portanto, a experiência de compra será cada vez mais importante no processo de compras.

5. ADEQUAR A AMPLITUDE E PROFUNDIDADE DAS CATEGORIAS DE HIGIENE E BELEZA

Nos últimos anos, após a RDC nº 44 (2009), o canal farma vem ampliando a oferta de produtos não-medicamentos. Este regulamento obrigou as farmácias a colocarem os MIP – maior segmento do autosserviço – atrás do balcão. E este fato criou um impacto muito grande, pois num curto espaço de tempo, os

MIP não estavam mais ao alcance do consumidor, abrindo-se uma grande área no autosserviço que foi ocupada principalmente pelos produtos de higie-ne e beleza. Apesar dos MIP já estarem de volta ao autosserviço, o segmento de higiene e beleza não perdeu seu espaço, se consolidando como um segmento es-sencial para a sustentabilidade das lojas. A percepção do shopper de que o canal apresenta preços mais baixos, maior variedade de itens e melhor organiza-ção de gôndola são fatores que impul-sionam a venda do segmento. Porém, ainda existem grandes oportunidades de melhorar a amplitude de categorias (e seus segmentos) e a profundidade de sortimento (mix mais adequado).

6. MITIGAR RUPTURACerca de 62% dos shoppers declaram

saber exatamente o que comprar antes de entrar na loja, sendo que a grande maioria se planeja para que a compra seja rápida e fácil (esperam ter bom “sho-ppability”). Um dos principais motivos que fazem o shopper desistir da compra, substituir o produto ou abandonar a loja é a ruptura (falta). No caso de produtos de higiene e beleza, mitigar ruptura e garantir que a missão de compra do sho-pper seja cumprida (ter o produto que ele procura disponível na loja) é ainda mais importante, pois a maioria das categorias podem ser encontradas em outros canais ou na internet.

7. OMNI-CHANNELO consumidor sempre foi multicanal

e consumiu diversas mídias e canais. Po-rém, hoje ele está mais experiente, bem informado e mais complexo, pois os seus pontos de contato com os produtos e marcas aumentaram e se tornaram ainda mais complexos (lojas físicas, ambien-te virtual, mídias tradicionais e muitos outros). O grande desafio das empresas, tanto da indústria quanto do varejo e das empresas de serviços e tecnologia. será o desenvolvimento de uma abordagem omni-channel, em que todos os canais se cruzam e se integram para tornar a expe-riência do consumidor inesquecível.

Por Rodrigo Akio Kurata, Associate Director – Marketing Consumer Health da IQVIA.

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16ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

MERCADO Expectativas – Factor-Kline

O MERCADO DINÂMICO DE INGREDIENTES ATIVOS EM CUIDADOS PESSOAIS IMPULSIONA O SETOR DE FUSÕES E AQUISIÇÕES >>> ELAINE GERCHON

Globalmente, o mer-cado de ingredien-tes ativos para cui-dados pessoais é um dos mais volta-dos para inovação, superado somente

pelo segmento farmacêutico. A procura crescente dos consumidores por produ-tos naturais com alta eficácia e associado aos resultados visíveis, impulsiona com força a indústria, num ambiente dinâ-mico de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Este mercado oferece diver-sas oportunidades de crescimento, que é caracterizado pela forte atração de inves-timentos, impulsionando fusões e aquisi-ções e parcerias inteligentes.

De acordo com a Kline & Co., o mer-cado de ingredientes ativos para cuida-dos pessoais atingiu a marca de US$ 1,1 bilhão, sendo Brasil, China, Europa e Estados Unidos os principais mercados consumidores. Este mercado cresceu sig-nificativamente na última década, com o qual se consolidou em destaque. Atual-mente, ele cresce com uma taxa anual de crescimento (CAGR) superior a 6% pre-vista até 2021.

As duas categorias de maior cresci-mento deste mercado são os ingredientes ativos botânicos e ativos biotecnológicos, ambos de origem natural e fortemente elegidos pela preferência dos consumi-dores. Outra categoria em destaque são

os ingredientes marinhos. Estas três ca-tegorias se relacionam diretamente com importantes operações de fusões e aqui-sições no setor de ingredientes ativos em cuidados pessoais.

Entre os objetivos de muitas ativi-dades de fusões e aquisições neste setor está a sustentabilidade do abastecimento e, portanto, o foco na biotecnologia e nos ingredientes naturais. Nos últimos anos, a indústria testemunhou alguns movi-mentos importantes.

Os principais fornecedores de in-gredientes, bem posicionados e que já se encontram estabelecidos no merca-do, continuam a buscar um crescimento através de aquisições, objetivando assim expandir o seu portfólio de produtos e também de tecnologia. Da mesma forma, fornecedores de aromas e fragrâncias, como IFF, Givaudan e Takasago também ampliaram a sua atuação no setor de cui-dados pessoais com as aquisições de for-necedores ativos como Lucas Meyer, In-duchem e Soliance, e a Center Ingredient Technology, respectivamente.

AS RECENTES FUSÕES E AQUISIÇÕES NO MERCADO DE INGREDIENTES ATIVOS:JANEIRO DE 2018A Croda anunciou a aquisição da Nauti-lus Biosciences Canada, uma empresa de biotecnologia marinha focada no uso da biodiversidade microbiana para a desco-

berta de novos ativos. A Croda já vinha trabalhando com a Nautilus ao longo dos últimos seis anos com o objetivo de desen-volver aplicações específicas para cuida-dos com a pele e o cabelo. Agora, a Croda pretende estabelecer a Nautilus como o Centro Croda de Inovação em Biotecnolo-gia Marinha. Esta recente aquisição prevê a vinda de novos ingredientes patentea-dos para o mercado. Como consequência, a Nautilus ampliará com maior ênfase a presença no mercado de ingredientes ati-vos biotecnológicos.

DEZEMBRO DE 2017A multinacional holandesa DSM e a empresa americana de biotecnologia Amyris Inc ampliaram a sua parce-ria através da aquisição da fábrica da Amyris no Brasil. Esta união estratégi-

Agitação e oportunidades

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17 # 159 | JAN/FEV 2018 ATUALIDADE COSMÉTICA

MERCADO Expectativas – Factor-Kline

ca entre a DSM e a Amyris iniciou em maio de 2017 com um investimento de 25 milhões de euros da DSM na Amyris, em troca de suporte tecnológico. Desde então, as duas empresas desenvolveram e lançaram em conjunto diversos produ-tos como vitaminas e complexos nutri-cionais. A instalação de produção de bio-tecnologia da Amyris no Brasil permitiu à DSM incorporar ao seu portfólio uma forte base biotecnológica com acesso ao abundante suprimento de matéria-pri-ma renovável proveniente da cana de açúcar, garantindo assim a capacidade de produção para o seu já rico portfólio de soluções sustentáveis e bio baseadas. OUTUBRO DE 2017A empresa suíça Givaudan, especialista em aromas, fragrâncias e beleza ativa,

anunciou a parceria estratégica com a americana Draco Natural Products, uma empresa fornecedora de ingredientes de extratos botânicos para suplementos nu-tricionais, alimentos funcionais, OTC e cuidados pessoais. Esta colaboração visa o desenvolvimento de uma nova linha de ingredientes ativos botânicos através do uso de princípios da medicina tradi-cional chinesa, como as funcionalidades de antienvelhecimento e hidratação para o cabelo e para a pele, entre outros.

OUTROS MOVIMENTOS DA GIVAUDAN EM 2017 DE DESTAQUE:

• Anunciou a aquisição da Divisão Nutricional da Centroflora em se-tembro de 2017 (Centroflora Nutra), o que permite fortalecer também a sua oferta global de extratos natu-

rais. A sua presença no Brasil oferece uma grande variedade de extratos de plantas, com foco especial na biodi-versidade brasileira;

• Concluiu a sua aquisição com a in-corporação da Vika B.V. em julho de 2017, fortalecendo o seu portfólio de soluções de produtos lácteos naturais;

• Adquiriu a Activ International em ja-neiro de 2017, empresa especializada em sabores naturais e orgânicos para soluções culinárias de carnes, frutos do mar e vegetais.

MARÇO DE 2017A alemã Evonik anunciou a aquisição da Dr Straetmans GmbH, especialista no de-senvolvimento de sistemas conservantes alternativos para a indústria de cosméti-cos. Esta união permitiu à Evonik ofere-

GLOBAL COMPETENCE CENTER HAIRCARE DA CLARIANT NO BRASIL: mercado de ingredientes e ativos seguirá oferecendo oportunidades para diferentes

tipos de aquisições e parcerias.

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18ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

MERCADO Expectativas – Factor-Kline

cer soluções completas de formulações para os seus clientes do segmento de cui-dados pessoais mais a complementação do seu portfólio de especialidades. No final de 2016, a Evonik adquiriu o ne-gócio de sílica da empresa norte america-na J.M. Huber Corporation, fortalecendo assim a sua posição como fornecedor global de sílica com o incremento do seu portfólio de produtos às aplicações na indústria de bens de consumo, incluindo cosméticos, entre outras.

JANEIRO DE 2017A Seppic, subsidiária da Air Liquide, concluiu a aquisição da divisão Serdex da Bayer, ampliando e fortalecendo a sua presença em ingredientes ativos naturais destinados à indústria de cosméticos. Esta aquisição ampliou o seu posiciona-mento no mercado de dermocosméticos, segmento no qual a Serdex sempre se manteve presente. Como consequência desta aquisição, a Seppic ganha uma fonte promissora de crescimento para os próximos anos.

A Seppic também havia adquirido a BiotechMarine em 2013, o que permitiu aumentar o seu portfólio de produtos com uma linha completa de ativos ino-vadores de origens sustentáveis, trazen-do assim uma variedade de ingredientes ativos oriundos das biotecnologias mari-nhas e culturas de células vegetais. Esta aquisição foi fundamental para a estraté-gia na divisão cosmética da Seppic.

NOVEMBRO DE 2016A Greentech, empresa francesa pionei-ra em biotecnologia vegetal, adquiriu a empresa brasileira Mapric, fornecedora de ingredientes ativos para cosméticos, indústrias farmacêuticas e nutracêuti-cas. Esta aquisição permitiu à Greentech desenvolver e produzir ingredientes ati-vos de alta tecnologia de origem vegetal, marinha e microbiana com acesso à rica biodiversidade brasileira. E a Mapric ga-nhou uma nova dimensão agora no cená-rio internacional.

A Solabia adquiriu a empresa francesa Algues & Mer para reforçar a sua oferta de produtos e soluções através da riqueza e a diversidade das algas. Esta aquisição trouxe à Solabia acesso à reserva de bios-fera do Mar de Iroise, na Ilha de Ouessant

(Bretanha, França), um lugar que abriga uma grande variedade de algas selvagens e cultivadas. Atualmente, a Solabia está desenvolvendo novas fontes de inspira-ção e inovação no desenvolvimento de novas moléculas, através do seu conheci-mento do mundo das algas.

MAIS ACORDOSOs fornecedores de ingredientes também buscam oportunidades com parcerias es-tratégicas, combinando experiência em pesquisa e presença global para expandir seu alcance geográfico. Em abril de 2016, a fabricante global de especialidades quí-micas Clariant adquiriu 17% da empresa sul coreana BioSpectrum, desenvolvedora e fornecedora de ingredientes ativos natu-rais, com atuação em diversos países.

A BioSpectrum é um fornecedor im-portante para o mercado coreano de be-leza natural, oferecendo uma gama de in-gredientes ativos derivados de produtos naturais e extratos de plantas exóticas da Ásia, principalmente as encontradas na Ilha Jeju, na Coréia do Sul. A parceria da BioSpectrum com a Clariant conta com a reconhecida experiência em pesquisa e desenvolvimento de matérias-primas naturais com aplicação em produtos para a pele e cabelo, o que permitiu à Clariant ampliar o portfólio e a sua rede global de vendas e inovação para a comercializa-ção dos ingredientes ativos da BioSpec-trum em todo o mundo.

A indústria de ingredientes para cui-dados pessoais também recebe novos en-trantes. A canadense Mirexus Inc. é um recente fornecedor de bio-materiais natu-rais com soluções únicas e naturais para as indústrias de cuidados pessoais e cos-méticos. A empresa desenvolveu o extrato botânico PhytoSpherix®, um bio-nano-in-grediente composto de nanopartículas na-turais à base de milho e de fito-glicogênio, que possui a vantagem de ser seguro, bio-degradável e não tóxico. Este extrato botâ-nico mostra uma variedade intrigante de propriedades únicas, diversas e valiosas. O PhytoSpherix® é um aditivo multifun-cional que pode ser usado para melhorar a hidratação da pele.

Já a fabricante alemã Birkenstock, que é famosa pelas suas sandálias de cor-tiça, entrou no mercado de cuidados da pele em 2017 com uma linha de produtos

cosméticos na qual o carvalho da cortiça que é usado nos sapatos da empresa, ofe-rece benefícios à pele. A empresa espera maximizar a sua imagem de uma marca “natural” para entrar no lucrativo merca-do de ingredientes cosméticos naturais.

O mercado de ingredientes e ativos para o segmento de cuidados pessoais continuará sendo um mercado interes-sante e atraente, que é constantemente impulsionado pelas expectativas dos consumidores em função de sua prefe-rência por produtos naturais e altamente eficazes e associados também às novas tecnologias de produto. O mercado con-tinuará oferecendo oportunidades para diferentes tipos de aquisições e parcerias, resultando no crescimento estratégico por meio de entrada no mercado em al-gum segmento específico e/ou aumento no número e na qualidade de ofertas de produtos e/ou maior alcance no merca-do. Embora o número de oportunidades deva diminuir e os múltiplos de EBITDA pagos devam permanecer, a concorrên-cia para expandir portfólios e/ou entrar em mercados, produtos e tecnologias no-vos/adjacentes continuará elevada.

A Kline oferece uma série de estudos de mercado detalhados como: Personal Care Ingredients: Global Market Analy-sis e Specialty Actives in Personal Care: Multi-regional Market Analysis and Op-portunities para um conhecimento mais abrangente sobre a dinâmica, as princi-pais tendências, tamanho do mercado por categoria de ingredientes e fornece-dores e as perspectivas do mercado nas diferentes regiões do mundo. Estes estu-dos fornecem uma análise detalhada so-bre o mercado de ingredientes utilizados em formulações de produtos de cuida-dos pessoais, seu consumo e suprimento, oportunidades e restrições que afetam o seu crescimento, incluindo a Europa e os Estados Unidos e o desenvolvimento dos mercados da China e do Brasil.

Para saber maiores informações sobre a

cobertura do mercado de ingredientes no Bra-sil e em outros países, entre em contato com a Factor-Kline, e agende uma conversa com um dos nossos especialistas.

Por Elaine Gerchon, gerente de Projetos da Factor-Kline.

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20ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

MERCADO Expectativas – Kantar Worldpanel

A BUSCA PELO NATURAL É UMA REALIDADE E VAI IMPACTAR O MERCADO DE BELEZA NO BRASIL EM 2018. MAS CUIDADO! ENTENDER O QUE O CONSUMIDOR BRASILEIRO “ENTENDE” QUANDO DIZ QUE PREFERE COSMÉTICOS NATURAIS EXIGE ATENÇÃO E UMA LEITURA ATENTA QUE VAI ALÉM DAS MANCHETES >>> ANA LUISA NOGUEIRA

Um estudo recente realizado pela Kan-tar Worldpanel, empresa de pesqui-sa líder mundial em painéis de consu-mo, mostra que a

busca pelo natural, no que diz respeito aos produtos de cuidados pessoais, é uma tendência concreta e não mais um nicho isolado de mercado. Um em cada dois compradores declaram ter prefe-rência por produtos naturais. De acordo com a pesquisa, os brasileiros são aque-les que mais declaram acreditar na maior eficiência dos produtos naturais ou que preferem produtos naturais. São 72% dos brasileiros, contra 52% dos americanos e 60% da Europa Ocidental.

Mas é preciso tomar cuidado ao in-

terpretar essas informações. Por duas razões principais: primeiro, o quanto a preferência/preocupação com o natural é de fato levada em conta no momento de compra e, segundo, o que os consumi-dores estão considerando como ‘natural’ no mundo de Higiene&Beleza. Simples-mente desenvolver e lançar produtos naturais sem analisar o mercado em que está inserido e a real preocupação dos seus consumidores pode representar um grande tiro no pé.

PREOCUPAÇÃO COM O NATURAL VERSUS COMPORTAMENTO DE COMPRAApesar do grande número de pessoas declararem preferir/escolher produtos naturais, a razão pela qual compram um produto geralmente não está relacionada

aos aspectos naturais (veja gráfico 1). Esse percentual varia de acordo com

o país e também a categoria que está sen-do comprada.

Em países como a França e a Polô-nia, o percentual de ocasiões em que as pessoas declaram estar comprando um produto de H&B por ter ingredientes na-turais ou é produzido de forma natural já sobe para 10%. No Brasil, esse percentual é de 7%, onde apesar da preferência por produtos naturais ser uma das mais al-tas, a preocupação com esse fator na hora da compra já não é tão relevante.

Algumas categorias de produtos de beleza são mais impactadas pela preocu-pação com o natural. Esse é o caso dos produtos de cuidados com a pele, que en-globa máscaras faciais, tonificantes, esfo-liantes e hidratantes. Do lado oposto, em

As várias faces do natural

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21 # 159 | JAN/FEV 2018 ATUALIDADE COSMÉTICA

MERCADO Expectativas – Kantar Worldpanel

que a tendência se faz menos “influente”, estão produtos capilares, fragrâncias, de-sodorantes, oral care e as maquiagens.

Apesar de serem pouco influencia-das, categorias tradicionalmente pouco “naturais” sentiram o impacto negativo dessa tendência. A penetração dos pro-dutos de coloração para os cabelos – uma categoria que é a um só tempo antinatu-ral por conta de suas formulações e, por, mascarar a cor original e natural dos ca-belos – por exemplo, caiu de 45,9% en-tre maio e agosto de 2014 para 42,7% no mesmo período de 2017. Tendência que é observada também em países como a França, Inglaterra e Espanha. As duas principais razões declaradas para as pes-soas não pintarem o cabelo são: a satisfa-ção com o próprio cabelo e a preferência por um look natural.

DEFINIÇÃO DE NATURAL E O MERCADO EM QUE ESTAMOS INSERIDOSAo coletar exemplos de marcas que lan-çaram produtos naturais nos mercados ao redor do mundo, a pesquisa eviden-ciou que o conceito de natural, quando o assunto é beleza, tem significados di-ferentes. Em sua definição mais tradicio-nal, o ‘natural’ em Higiene&Beleza está relacionado a produtos sem parabenos, sulfatos e feitos com ingredientes orgâni-cos. Mas, ao entender de uma forma mais abrangente, e por esse mundo estar mui-to ligado ao bem-estar pessoal e a auto--estima, o conceito de naturalidade em Higiene&Beleza se aproxima do conceito de ‘wellness’.

Assim, foram mapeados diferentes conceitos relacionados à ‘naturalidade’ no mundo de Higiene&Beleza (veja gráfico 2).

Um produto natural pode tanto estar

relacionado ao meio ambiente e à origem das matérias-primas, como também à saúde e à valorização da beleza natural de cada indivíduo, refletindo o empode-ramento de diferentes grupos da socie-dade, que ao invés de seguirem padrões de beleza pré-estabelecidos pela indús-tria ou pela mídia, passaram a valorizar e a realçar a sua própria beleza como ela é.

De forma geral, é possível identificar três principais necessidades do consumi-dor globalmente (veja gráfico 3).

1. Preocupados com o meio ambiente2. Ser natural é bom3. Ser meu “eu” natural

Mas, novamente, essas necessidades ganham significados diferentes depen-dendo da região e país que estamos fa-lando.

No Brasil, players como a Salon Line e a Avon têm dialogado com a necessi-

GRÁFICO 1

GRÁFICO 2

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22ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

MERCADO Expectativas – Kantar Worldpanel

dade do ‘Ser meu ‘eu’ natural’, falando em assumir (e não mais negar) a beleza natural de cada um. O melhor exemplo disso é o movimento das cacheadas, que no Brasil extrapolou a questão da beleza e representou a valorização e a autoafirmação das mulheres, em espe-cial das mulheres negras.

Enquanto isso, na Ásia, o mesmo conceito está relacionado a diferentes necessidades das mulheres locais. A marca de produtos de pele SK-II, por exemplo, fez uma campanha que abor-da o tabu denominado ‘leftover wo-men’ na China, que prejudica mulheres acima de 27 anos que não são casadas.

Em relação ao conceito de “Ser natu-ral é bom”, como vimos, a consideração de aspectos naturais na hora da compra é diferente entre os países e isso se refle-

taca o uso da Ayurveda na composição dos produtos, um ingrediente natural largamente conhecido pelas tradições locais e utiliza como porta-voz o Guru Baba Ramdev, famoso líder religioso da região. Dessa forma, os consumidores atribuem credibilidade à marca pela proximidade com as tradições locais.

O FUTURO DO NATURALÉ sabido que hoje, a tendência da na-turalidade em Personal Care já é uma realidade. Uma em cada duas pesso-as já prefere produtos naturais, o que quer que “Natural” signifique para ela. Gigantes da indústria, como Procter & Gamble, Johnson & Johnson, Unilever e L’Oréal adquiriram pequenas mar-cas que já estavam posicionadas como marcas naturais, caso da OGX (compra-da pelo Johnson & Johnson), Skinsei e Love Beauty and Planet (adquiridas pela Unilever).

Assim, pensando na máxima “Quanto maior for sua base de consu-midores, mais provável será fazer sua marca ser escolhida”, para atuar neste mercado ‘natural’ uma marca não pre-cisa obrigatoriamente ter nichos como alvo, é preciso pensar nos diferentes conceitos de naturalidade existentes que abrangem grande parte da socie-dade.

A Kantar Worldpanel prevê que os consumidores passarão de apenas es-tarem preocupados com aspectos na-turais para de fato mudarem seu com-portamento de compra por causa disso, graças ao maior acesso às informações.

A recomendação para a indústria é: sejam ágeis, mas adotem o conceito de “natural” de acordo com sua oferta e o posicionamento da sua marca. Por isso, é necessário responder a alguns questionamentos antes de tomar essa decisão. O mercado no qual você atua é importante para o “Natural”? Quão engajados com esse conceito é o mer-cado e como eles se engajam nessa cau-sa? Seus atuais clientes estão buscando cosméticos naturais, ou você focará em novos clientes? Uma oferta de produ-tos “naturais” condiz com sua marca?

te também em como as empresas estão agindo nos diferentes mercados.

Na França, a Nivea retirou o alumí-nio da composição de seus desodoran-tes dada à repercussão negativa sobre este componente no país. No Brasil, que apesar de os consumidores se mos-trarem preocupados com aspectos na-turais dos produtos, o produto ainda possui o alumínio em sua composição (veja imagem 4).

É preciso entender entre os con-sumidores, não só o quanto eles estão preocupados com aspectos naturais, mas também o quanto estão conscien-tes e dispostos a mudar seu compor-tamento de compra diante do que é natural. A ‘imagem do natural’ ainda é suficiente para alguns mercados, mas para outros, não. Isso pode estar rela-cionado ao desenvolvimento econômi-

co dos países e à priorização de necessidades frente a diferentes situações econô-micas.

Ainda relacionado ao conceito de ‘Ser natural é bom’, na Índia, o cresci-mento de um player local chamado Pantajali vem preocupando gigantes como a Unilever. A marca, que atua na plataforma de natural acessível, des-

Por Ana Luisa Nogueira, executiva de Atendimento e Negócios da Kantar Worldpanel.

GRÁFICO 3

IMAGEM 4

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MERCADO Expectativas – Associação Brasileira de Cosmetologia

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE COSMETOLOGIA TRAÇA OS PRINCIPAIS DESAFIOS REGULATÓRIOS QUE HAVERÁ PELA FRENTE DENTRO DO SETOR COSMÉTICO EM 2018 >>> JOÃO HANSEN

Atenção regulatória

O setor cosmético, pelo seu dinamis-mo no lançamento de novos produtos, pela velocidade com que as inova-ções são desenvol-

vidas e pelas novas tecnologias para determinar a segurança e eficácia dos produtos, requer uma constante e rá-pida atualização da legislação que rege o setor e uma rápida resposta por par-te da Agência reguladora, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sani-tária), na liberação dos produtos para sua comercialização pelas empresas.

A ANVISA já contempla em sua agenda regulatória vários temas que vão na direção da agilização que o setor ne-cessita, mas peca pela falta de agilidade para a implementação das mesmas. Não me refiro à parte técnica – neste aspecto estamos muito próximos às legislações internacionais de referência: Comunida-de Europeia e Estados Unidos, embora o processo de atualização não seja o ideal e fica dependente da harmonização no Mercosul – e sim aos procedimentos bu-rocráticos para a liberação dos produtos de grau de risco 2, sujeitos à registro: Anexo VIII da RDC # 7 de 10 de feverei-ro de 2015.

A vigilância de mercado é muito mais eficiente do que as análises prévias de papéis. Assim é como funciona na Co-

munidade Europeia e Estados Unidos. O setor aguarda com muita expectativa a revisão da RDC # 7 contemplando as rei-vindicações para a total eliminação do re-gistro, passando todos os produtos para isento de registro, podendo as empresas lançarem seus produtos tão logo eles se-jam comunicados à ANVISA. A implan-tação definitiva de 100% dos produtos cosméticos para o regime de vigilância de mercado eliminando a pré-aprovação é um dos desafios para 2018.

Outros dois temas que o setor aguar-da com muita expectativa:

• A publicação na regulamentação para o uso do Ácido Glioxílico. Várias reuniões foram feitas entre a ANVISA com o setor regulado. Esperamos que ainda no primeiro semestre de 2018 te-nhamos a publicação desta regulamen-tação;

• Revisão da RDC 48/13 para per-mitir a revalidação do prazo de valida-de das matérias-primas. Há dois anos, o setor regulado apresentou à ANVISA es-tudos mostrando que não há razão para não permitir a reanálise de matérias-pri-mas vencidas. Se as mesmas estiverem de acordo com as especificações, pode-riam ser revalidadas. Por incrível que possa parecer, é permitida a revalidação de matérias-primas para os medicamen-tos – RDC #17 de 2010. Ainda não temos uma posição da ANVISA com relação a esta reivindicação do setor.

PARA ESTE ANOCertamente o maior desafio que o setor cosmético terá em 2018 é a ade-quação à nova legislação relacionada ao Patrimônio Genético, ao Conheci-mento Tradicional Associado e à Re-partição de Benefícios. A “popular” lei da Biodiversidade – Lei 13.123 de 17 de novembro de 2015, regulamen-tada pelo decreto 8772 de 11 de maio de 2016. As empresas têm prazo de um ano, a partir de 6 de novembro de 2017, quando o SISGEM – sistema que todas as pessoas físicas ou jurídi-cas têm que acessar para informar se fez ou fará acesso ao patrimônio ge-nético brasileiro ou ao conhecimento tradicional associado. Vários eventos, reuniões, workshops e congresso irão tratar deste tema. As entidades que representam o setor estão fortemente envolvidas para divulgar e buscar es-clarecimentos das dúvidas que nosso setor tem sobre este tema. Não deixem de dar toda a atenção a este tema, pois as consequências podem ser muito graves.

A ABC – Associação Brasileira de Cosmetologia irá realizar uma série de eventos para abordar este tema. Os inte-ressados devem contatar a entidade para detalhes.

Por João Hansen, presidente do Conselho da Associação Brasileira de Cosmetologia.

REUNIÃO DA ANVISA EM SUA SEDE: entidade ainda peca muito pela falta de agilidade na implementação de sua agenda regulatória.

Associação Brasileira de Cosmetologia – Expectativas MERCADO

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24ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

CATEGORIA Efeito Cinderela

AO CONTRÁRIO DO QUE MUITOS POSSAM PENSAR, O USO CONTÍNUO DE COSMÉTICOS DO TIPO “EFEITO CINDERELA” PODEM TRAZER, SIM, BENEFÍCIOS À PELE A LONGO PRAZO >>>

TATIANA FERRADOR

Eles prometem aca-bar com as rugas em questão de segundos, quase de forma mági-ca. Ok, a duração dos produtos conhecidos como “age reverse”,

“instantly age” ou “ageless”, popu-larmente chamados como “Efeito Cin-derela”, são de apenas algumas horas. Mas, mesmo assim, atraem mulheres que procuram soluções para tardar os efeitos do tempo sobre a pele e mas-carar, o quanto for possível, rugas e marcas de expressão. Assim, este tipo de produto é muito visado por consu-midores que querem dar um up em sua

aparência para alguma ocasião impor-tante, como uma festa ou uma reunião, por exemplo.

De acordo com a médica derma-tologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Betina Stefanello, tais produtos são benéficos, sim, para a pele, uma vez que trazem alguns ati-vos que podem realmente modificar o DNA da pele e melhorar a aparência de algumas ruguinhas. “Penso neles como um botox profilático, que vai agindo de modo a evitar que o múscu-lo se contraia tanto”, explica.

Fato é que os cosméticos que pro-movem o tal “Efeito Cinderela” ga-nharam bastante destaque no merca-

do, pois a maior parte dos consumido-res busca efeitos imediatos. Ainda que não confiram em longo prazo, contri-buem para conquistar a confiança do consumidor quanto à eficácia do cos-mético. Dessa forma, faz com que seja estimulado o seu uso regular, a fim de se obter um benefício para a pele. “Neste caso, uma recomendação inte-ressante é sempre associar um ativo de ação imediata com outro ativo que irá proporcionar a recuperação da pele, por exemplo por meio do aumento da síntese de colágeno”, ressalta a coor-denadora de Tecnologia & Inovação da Cosmotec, Vanessa Silva.

Em sua linha, a fabricante de ativos

Pele de princesa

TRANSFORMAÇÃO DA CINDERELA À MEIA-NOITE: produtos conhecidos como

“instantly age” trazem efeitos imediatos à pele, mas por apenas algumas horas.

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são e rugas. Para tal, recomenda o uso de antioxidantes, de ativos que atuem sobre a mecanobiologia da pele e ati-vos com ação que apresentem em sua composição o carvão ativado para pro-teger a pele de agressores ambientais, como a poluição, que traz inúmeras consequências negativas, acelerando o seu envelhecimento e comprometendo a saúde e beleza da mesma.

SEGMENTADO NA INDÚSTRIAEnquanto isso, na indústria cosmética, a Hinode possui em sua linha com a proposta de efeito imediato, o Routine Age Reverse, um sérum de ação ins-tantânea que garante uma pele com aparência de até 15 anos mais jovem e com durabilidade de oito horas. Ele age contra os sinais de envelhecimento e ainda que não tenha efeito acumula-tivo, permite resultados visíveis desde a primeira aplicação, graças ao “Efeito Cinderela” suave. “Com o uso contí-nuo, ajuda a amenizar os sinais de en-velhecimento como linhas de expres-são, rugas, melhora o contorno facial, bolsa abaixo dos olhos e olheiras”, explica o VP de Marketing do Grupo Hinode, o Alessandro Rodrigues, que sugere a aplicação do produto em todo o rosto e pescoço.

De acordo com Rodrigues, um produto com tais características era um pedido recorrente dos consultores da Hinode. “Foram anos de pesquisa e estudo por parte da nossa área de desenvolvimento até encontrar a fór-mula perfeita, pois, além das caracte-rísticas já descritas, o Routine Age Re-verse também é hipoalergênico e tem nota máxima nos mais rigorosos testes de qualidade”, explica. O produto é vendido ao consultor Hinode em caixa com 21 sachês, que também pode re-vender o sachê individualmente, o que visa tornar o preço do produto mais competitivo.

A fórmula do Routine Age Reverse contém progeline, um peptídeo bio-mimético que contribui na melhora da aparência das rugas. Os peptídeos são formados pela união de uma longa cadeia de aminoácidos, indispensáveis para o bom funcionamento do orga-

Cosmotec apresenta para efeito ime-diato, o LIFTONIN®-XPRESS (Cosmo-tec/Rahn), um ativo que não é agres-sivo à pele e não apresenta efeitos no-civos devido ao uso diário. “Trata-se de um ingrediente ativo com origem em uma transferência revolucionária de tecnologia da indústria alimentícia, que desenvolveu um filme comestível, o qual se adapta idealmente aos requi-sitos de um ingrediente ativo firmador da pele, conferindo efeito tensor e lif-ting instantâneos com duração de até seis horas”, explica Vanessa.

A alta eficácia é obtida pela combi-nação de três polímeros: ficocolóides, presentes no liofilizado extraído da

microalga originária do mar verme-lho Porphyridium cruentum, polímeros derivados da celulose com diferentes tamanhos e biopolímero de maltotrio-se, obtido por biotecnologia. “Juntos, formam uma rede tridimensional de alta adesão e coesão, que não craquela após o uso de maquiagem, e minimiza vários tipos de rugas de forma visível e mensurável, suavizando as marcas na área ao redor dos olhos em até 74% em uma hora”, conclui a coordenado-ra da empresa.

A Galena Química e Farmacêutica, distribuidora de insumos farmacêuti-cos, explica que não trabalha com os produtos Age reverse, Instantly age e ageless, porém possui ativos farma-cêuticos que apresentam esse “Efei-to Cinderela” ou efeito imediato, os quais são adicionados nas formula-ções (cremes, géis, entre outras) feitas nas farmácias de manipulação.

Assim, como explica a farmacêu-tica especialista em ativos da Galena, Cláudia Coral, disponibilizam o ativo Tensine®, que promove o efeito por até seis horas, pois possui ação tensora, reduzindo a aparência das linhas de expressão e rugas buscando promover uma pele lisa, suave e radiante. “Pos-suímos também Miracle Complex, um ativo com efeito imediato a partir da sua ação anti-aging instantâneo que imediatamente reduz as linhas de ex-pressão e as rugas mais profundas”, diz Cláudia. A farmacêutica lembra que geralmente estes ativos não tra-zem benefícios crônicos, com aplica-ção contínua e duradoura para a pele, pois a vantagem é de efeito imediato para a redução das rugas e linhas de expressão. No entanto, tais produtos e ativos promovem a tensão da pele, reduzindo a aparência das rugas ape-nas por algumas horas, o que já atrai muitas consumidoras que buscam so-luções rápidas.

Para uma melhor aparência da pele, Cláudia recomenda a utilização de ativos que protejam a mesma e es-timulem as suas funções e atividades naturais, pois estas ações básicas aju-dam a reduzir a degradação de coláge-no e, consequentemente, o surgimento ou agravamento das linhas de expres-

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26ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

CATEGORIA Efeito Cinderela

nismo, quando são biomiméticos, eles atuam rapidamente na pele, auxilian-do na redução de rugas e linhas de ex-pressão sem desgastar a estrutura da pele. “O Routine Age Reverse é hipo-alergênico, dermatologicamente testa-do e não tem contraindicação de fre-quência de uso; já o Age Rever Booster Treatment tem indicação de uso diário e contínuo”, afirma Rodrigues.

A norte-americana Jeunes-se encontrou neste tipo de pro-duto praticamente uma porta de entrada para se estabelecer no Brasil. Com seis anos de vida, apresentou ao mercado o Instantly Ageless em 2015, trazendo-o ao País no começo do ano seguinte. O produto visa suavizar temporariamente sinais de envelhecimento e imperfeições da pele. Sua fórmula conta com uma concentração do peptídeo Argireline e um complexo de minerais, fazendo com que o Instantly Ageless penetre imediatamente na pele, reduzindo os sinais de envelhecimento, aparência de bolsas sob os olhos, linhas finas, rugas e poros do rosto. E os resultados podem ser percebidos após cerca de três minutos após a aplicação, sendo que o efeito dura de seis a nove horas, em média, dependendo das condições externas e do tipo de pele da pessoa. O Instantly Ageless é vendido em cai-xas com 50 sachês (0.3 ml cada) por R$ 477.

Já a Nupill trabalha nesse segmen-to com o lifting instantâneo Nupill Firmness Intensive, cuja durabilidade testada varia entre cinco e oito horas. Segundo o gerente Comercial da em-presa, Vinicius Alt Fausto, o produto conta com ativos inovadores que con-tinuam tratando a pele e atenuando as rugas mesmo após o efeito lifting instantâneo. O sachê de 0,3g pode ser comercializado individualmente ou em caixa com quatro unidades. “É um produto que traz benefícios de muito impacto para o consumidor, criando o desejo do público-alvo porque traz um resultado visível rapidamente”, explica.

Sobre a concorrência, Fausto ex-plica que como se trata de um pro-

duto mais segmentado, muitas vezes comercializado apenas em lojas de produtos importados, porta a porta ou por meio de marketing multinível, muitas vezes não chegam aos grandes magazines por não terem documenta-ção exigida e pesquisas chanceladas no Brasil que comprovem sua eficácia.

No caso da Nupill, o produto é na-cional, desenvolvido com tecnologia de ponta e matérias-primas importa-das. “Antigamente, poucas pessoas tinham acesso a esse tipo de cosmético por seu alto custo, mas conseguimos nacionalizar a produção e massificar esta venda sem abrir mão da quali-dade que o consumidor tanto preza”, finaliza.

GANHOS A CURTO E LONGO PRAZOPara Betina Stefanello, da SBD, produ-tos com efeito de redução imediata de rugas e linhas de expressão não cau-sam danos à pele quando utilizados de maneira contínua. Em sua opinião, o que ocorre é justamente o contrário, uma vez que alguns deles trazem de-terminados ativos que podem real-mente melhorar a aparência da pele, já que traz a impressão de “esticar” algumas ruguinhas, fazendo com que elas não fiquem tão evidentes. “Ao

longo do tempo elas ficarão mais su-perficiais, e ainda que não estejam atu-ando na causa raiz do problema que é reverter os danos dos efeitos causados pelo envelhecimento, não prejudicam a derme”, conclui. Ainda assim, Beti-na ressalta que o acompanhamento de um dermatologista que recomende as devidas associações, assim como o uso de um antioxidante usado em conso-nância com este tipo de cosmético.

Para a aplicação do produto, a re-comendação é para lavar bem o rosto com gel de limpeza indicado para cada tipo de pele e secá-lo completamente. Em seguida, após a abertura do sachê, o produto deve ser aplicado em uma pequena quantidade com a ponta do dedo indicador ou pincel fino, em di-ferentes locais. É preciso cuidado para não depositar muito produto em uma única região. Entre três e cinco minu-tos, ele secará na pele e agirá sobre ela, e assim o resultado aparecerá.

ITENS DA HINODE, JEUNESSE E NUPILL: mesmo que os efeitos

desses produtos sejam imediatos e dure

algumas horas, eles podem trazer benefícios

à pele a longo prazo.

ATENÇÕES COM O “EFEITO CINDERELA”

l reduz as marcas de expressão como rugas, rugas ao redor dos olhos e/ou linhas finas;

l não trata as camadas profundas da pele e seu efeito é superficial;

l em caso de pele lesionada, com ferida ou com qualquer tipo de alergia, o produto não deve ser utilizado.

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28ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

CATEGORIA Produtos Capilares Pós-Sol

HIDRATAR ANTES, DURANTE E DEPOIS DO VERÃO É O PRINCIPAL MEIO PARA MANTER OS CABELOS SAUDÁVEIS. E ISSO MEXE TAMBÉM COM A INDÚSTRIA DE MATÉRIAS-PRIMAS, QUE AVANÇA NA VARIEDADE DE OPÇÕES ESPECÍFICAS PARA A CATEGORIA >>> CAROL RODRIGUES

Fios sob o brilho do sol

O verão deixa todos mais radiantes. No entanto, de forma silenciosa, um perso-nagem sofre os danos da temporada de sol, mar, sal e cloro: o cabelo. Aos fios desprotegidos, a radiação solar gera o clareamento, perda de brilho, frizz e pontas duplas. Penteá-los torna-se mais

difícil. Em um cabelo embaraçado tem de se fazer mais for-ça para se tirar os nós e os fios podem quebrar. Além dis-so, com o intuito de deixá-los mais maleáveis, as lavagens são mais frequentes. Isso causa a remoção das cutículas e até parte do córtex da fibra capilar. É o que explica Marcia Eichstadt Nogueira de Paula, Global Product Director Hair Care da Symrise. “Com tudo isso, o cabelo perde parte da sua proteção natural, denominada hidrofobicidade.”

O principal cuidado durante e após o verão é o uso de produtos convencionais como shampoo e condicionador, e máscaras de tratamentos, leave-on ou cremes para melhorar a sensação de hidratação, que é o sensorial mais macio e a facilidade para pentear.

A divisão de ativos da Symrise possui o SymHair Resto-re, que repara as áreas da fibra capilar mais danificadas. Ele inclusive pode ser inserido em formulações convencionais como shampoo e condicionador para o tratamento diário. Repor a hidrofobicidade e também proteger é a missão do SymHair Rescue, à base de produtos da Amazônia – cupua-çu e cacau – que também pode ser utilizado durante o verão

para proteger o cabelo dos danos causados no dia a dia.A utilização de antioxidantes também é algo recomen-

dável por conta do processo de exposição da fibra capilar à radiação solar. Sendo assim, a companhia também possui

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o SymDecanox, que auxilia na proteção da fibra capilar, e o SymHair Shape, que melhora a modelagem e o frizz do cabelo.

As tecnologias disponíveis para tratamentos e recu-

peração dos cabelos evoluíram nos últimos anos. Uma demonstração é o fato de até pouco tempo as brasileiras de cabelos crespos e cacheados contarem apenas com ali-samentos e relaxamentos para facilitar a maleabilidade.

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30ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

CATEGORIA Produtos Capilares Pós-Sol

AC VEGAN KERAZYME® PROTECT Cosmotec/Active ConceptsAplicação: Shampoos, condicionadores e finalizadores capilares.Claim: Aumenta o brilho, melhora o sensorial, aumenta a força tensora e confere proteção da cor dos fios.Mecanismo de ação: Contém silício derivado do bamboo, que possui propriedades naturais para selar, proteger e condicionar cada fio do cabelo. As proteínas do trigo, soja e milho aumentam o brilho e con-ferem melhora do sensorial dos fios. E os componentes do cogumelo Trametes Versicolor fazem cross-link com a queratina da fibra capilar, conferindo aumento da força, além de proteção da cor dos cabelos.Diferenciais: Apresenta composição exclusiva, que confere proteção e recuperação dos fios, além de contribuir para retenção da cor mesmo após 14 ciclos de lavagens e 30 horas de exposição à radiação ultravioleta.Dosagem: De 1 a 10%INCI Name: Hydrolyzed Corn Protein & Hydrolyzed Wheat Protein & Hydrolyzed Soy Protein & Bambusa Arundinacea Leaf Extract & Trametes Versicolor ExtractMais informações: (11) 2027-1100 / www.cosmotec.com

Além das opções de ativos para cuidar dos fios antes, durante e depois do período mais quente do ano já apresentados na matéria, conheça mais uma:

“Hoje, temos no mercado mundial, e es-pecialmente no brasileiro, excelentes so-luções que não são químicas, tais como produtos que vão tratar, disciplinar os fios e reter os cachos”, destaca Marcia.

PRODUTOS PERSONALIZADOSO cloro na água da piscina, o vento e a água salgada do mar, juntamente com a secagem e a luz do Sol também podem resultar em ressecamento, perda da mas-sa proteica e lipídica dos fios, e acarretar na oxidação e até queda de cabelo.

Segundo Mônica Antunes Batistela, coordenadora de Marketing Cosméti-cos – Laboratório de Aplicações Téc-nicas da quantiQ, os fios loiros são os mais suscetíveis a mudanças de colora-ção, tanto pela modificação de pH da água (piscina ou mar) quanto pela ação da luz UV. “Esse tipo de fio não conta muitos grânulos de melanina em sua estrutura, e esta é associada à fotopro-teção”, observa.

Mas sempre é tempo de recuperar os fios. A quantiQ oferece uma série de soluções, como o Prodew 500, que pode estar presente nas formulações de sham-poos, condicionadores e máscaras capi-lares. O produto promove a hidratação dos fios e a reposição de aminoácidos, o que fortalece e concede brilho e maciez.

Mônica destaca que o mercado já conta, inclusive, com uma personali-zação dos produtos, seja para o tipo de cabelo, as estações do ano ou ainda para o dano causado. “Por exemplo, a perda de massa proteica durante o verão trou-

DE JANEIRO A JANEIROÀ medida em que o verão se aproxima do final, a preocupação com os cabelos se intensifica. Mas, conforme Vanessa Silva, coordenadora de Tecnologia & Inovação da Cosmotec, os fios necessitam de cui-dados durante todo o ano inteiro. Tam-bém é importante observar quais são os produtos adequados para cada estação e tipo de cabelo. “Após o verão, são ne-cessários cuidados adicionais para re-cuperar a hidratação e o brilho, além de conferir tratamento interno e externo à fi-bra capilar. Isso é ainda mais importante quando os fios passaram por algum tra-tamento químico prévio, como tintura, alisamento ou descoloração”, diz.

A Cosmotec também trabalha com

PORTFÓLIO CONTRA OS

DANOS DO SOL: linhas como a

Bendito Seja, da Haskell, e a Pantene

Summer Edition oferecerem ampla gama para auxiliar os fios versus os

agressores.

xe ao mercado as linhas de reposição de aminoácidos, com as denominações ‘Whey’ e ‘Bomba de Aminoácidos’. Estas ganharam o mercado com a linha de ma-rketing que aderiu aos nomes populares das academias, trazendo ao consumidor de forma irreverente a ideia de que os cuidados nutricionais também se apli-cam aos cabelos”, analisa.

Os produtos pós-verão estão à dis-posição. No entanto, vale lembrar os cuidados constantes com os fios. “É im-portante atentar-se ao uso de produtos com proteção solar, específicos para o cuidado do fios e não descuidar da hi-dratação, sendo recomendável manter o uso de máscaras capilares ao menos uma vez por semana”, recomenda Mônica.

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O PROTETOR NATURAL DA QUERATINA

PROTEGE DOS DANOS CAUSADOS PELA DESCOLORAÇÃO

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Proteção da Keratina: protege em 81% a fibra capilar de danos causados por descoloração e tintura.

Restauração da fibra e da massa capilar devido a alta penetração no córtex.

Alinhamento e proteção da cutícula.

Melhora a penteabilidade.

Cacau e Cupuaçu da Amazônia provenientes de fonte sustentável.

SymHair® Rescue:

SymHair® Rescue

SymHair® Rescue: a última inovação da Symrise em hair care, baseado no poder da natureza. Através da força do Cupuaçu e do Cacau, o SymHair® Rescue aumenta a resistência do cabelo, reparando e protegendo contra tratamentos agressivos, como descoloração e tintura. Eficácia comprovada.

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32ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

CATEGORIA Produtos Capilares Pós-Sol

VANESSA SILVA, DA COSMOTEC: os fios necessitam de cuidados durante todo

o ano inteiro e também é importante observar quais são os produtos adequados

para cada estação e tipo de cabelo.

KARINA TEIXEIRA, DA LUBRIZOL: no pós-sol, mar e piscina, os cabelos precisam

de uma limpeza eficiente, mas suave, devido ao fato de os fios ficarem expostos

a muitos fatores que os danificam.

MÔNICA ANTUNES BATISTELA, DA QUANTIQ: os fios loiros são os mais

suscetíveis a mudanças de coloração, tanto pela modificação de pH da água (piscina

ou mar) quanto pela ação da luz UV.

diversos ingredientes de alta perfor-mance para auxiliar nos cuidados dos cabelos após o verão. O VARISOFT® EQ 100 (Cosmotec/Evonik) é um agente condicionante líquido 100% ativo, que, segundo Vanessa, apresenta excelente performance mesmo em baixas concen-trações de uso. “Com aplicação universal em formulações capilares (shampoos, condicionadores, sprays e leave-in), o produto possui benefícios comprovados em vários tipos de cabelos, confere exce-lente desembaraço, melhora da penteabi-lidade e sensorial a úmido, além de auxi-liar na redução do volume e melhora do alinhamento dos fios, trazendo definição para cabelos lisos e cacheados”, explica.

O MEADOWQUAT® HG-70 (Cos-motec/Elementis) é um ingrediente que protege a cor, repara e blinda os cabelos contra danos térmicos, mecânicos e quí-micos, além de ajudar com a percepção da fragrância (efeito blooming) e promo-ver penteabilidade. “Já o SILSOFT*A+ (Cosmotec/Momentive) é um silicone copolímero AB(n) com ótimo balanço hidrofílico/hidrofóbico, que promove excelente condicionamento e é indicado para cabelos extremamente danificados. Ele promove alta hidratação e auxilia na redução da estática”, emenda.

AC Vegan Kerazyme® Protect (Cos-motec/Active Concepts) é um ingredien-te derivado do bamboo, soja, trigo, milho e do cogumelo Trametes Versicolor. “Ele atua internamente fazendo cross-link com a queratina da fibra capilar, confe-rindo aumento da força, além de prote-ção da cor dos cabelos. Externamente, promove selagem, condicionamento e alto brilho aos fios.”

SOB MEDIDASegundo Karina Teixeira, gerente de Ma-rketing da Lubrizol, no pós-sol, mar e pis-cina, os cabelos precisam de uma limpeza eficiente, mas suave, devido ao fato de os fios ficarem expostos a muitos fatores que os danificam. A Lubrizol possui algumas soluções para auxiliar os formuladores que trabalham com esses sistemas, como o CG 4500 POLYMER (Polímero CG4500 Agente antirredeposição) – polímero que detoxifica, protege, fortalece e melhora a cor e o brilho dos cabelos. “Considerado com ação detox – solução moderna e efe-tiva contra a poluição capilar e deposição de íons metálicos provenientes da água da piscina e do mar, é excelente quando usado em tratamentos desmineralizantes para remoção de sais metálicos do cabelo antes do tratamento de cor”, explica.

Segundo ela, o ingrediente proporcio-na aos cabelos tingidos uma melhor depo-sição da cor, cabelos saudáveis, melhora do brilho ao eliminar os minerais depositados na superfície, além de iluminar devido à sua capacidade de eliminar os íons metá-licos depositados na superfície dos cabelos.

Já o Acrylic acid/acrylamidomethyl propane sulfonic acid copolymer, em for-mato líquido pode ser formulado em altos níveis de pH. “Ele melhora a deposição da cor em tintas permanentes e o brilho nos sistemas de shampoo, evita a descoloração do cabelo depois de nadar, elimina os íons de metais pesados nos sistemas de desco-loração, melhorando assim a resistência à tração”, explica.

A Lubrizol também possui o Espessan-te Glucamate™ LT, um derivado do milho que ajuda a reduzir a irritabilidade dérmi-ca e ocular, promovendo afterfeel de emoli-ência. “Ele tem boa associação com cloreto de sódio, mas também pode ser empre-gado para sistemas de claim salt-free.” A empresa conta ainda com o Blend sulfate--free Surfactante Chemoryl™ SFB-10SK – para sistemas de alta transparência e o Polímero Merquat™ 2001, com proprieda-de desembaraçante, que proporciona con-dicionamento a úmido e seco e excelente hidratação.

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Express

LAVANDA MARCANTEA lavanda é um ingrediente muito comum na perfumaria mundial, principalmente pelo seu aroma muito característico e agradável. O Boticário, entretanto, buscou uma leitura diferente do uso da flor. O Floratta Amor Lavanda, assinado por Christelle Laprade e Fanny Grau, ambas da Symrise, combina um buquê de aromas para comple-mentar a feminilidade do ingre-diente. Ele possui um frasco trans-parente que revela o líquido lilás do perfume, além de ter também traços finos e delicados. Tramas florais em alto-relevo são em tom rosé, marca da linha Floratta. Além do próprio frasco com o perfume, a linha também contará com o Cre-me Hidratante Amor de Lavanda que oferece toque aveludado de rápida absorção pela pele e dura-ção de até 48 horas.

Distribuição: lojas próprias e e-commerce. Preços: R$ 39,90 (creme hidratante) e R$ 85,90 (perfume – no Nordeste) e R$ 95,90 (perfume no restante do País). SAC: 0800 729 9060. Site: www.boticario.com.br

MAIS MADEIRA Há 20 anos, a Calvin Klein lançava um perfume icônico para o mercado da per-fumaria. Com um design minimalista e agressivo, o produto apelara para a ju-ventude da época, capturando todo o in-dividualismo daquele momento cultural. Hoje, a marca busca fazer o mesmo com o CK All, uma nova fragrância assinado por dois perfumistas: Alberto Morillas e Har-ry Fremont. Sua embalagem é totalmente branca, com todos os logos e escritos sen-do destacados em seu frasco pelo contras-te das cores primárias. Mais amadeirado do que seu antecessor, o CK All mantém a assinatura original de chá-verde cítrico. Além de notas como a bergamota, ilus-trando o topo, e âmbar, servindo como parte da composição de fundo, ele possui o paradisone, nota exclusiva da casa de fragrâncias suíça Firmenich, servindo de base para o aroma.

Distribuição: seletiva (distribuído pela RR). Preços: R$ 249 (50ml), R$ 329 (100ml) e R$ 429 (200ml). SAC: 0800 772 5500. Site: www.calvinklein.com.br

A marca Gucci se expande cada vez mais para o mercado de perfumes. Ago-ra, pela primeira vez sob a supervisão criativa de Alessandro Michele – estilis-ta italiano de renome e responsável pe-las coleções e imagem global da marca –, é lançado o Gucci Gloom. O perfume foi assinado pelo perfumista Alberto Morillas, contando com notas de um verdadeiro jardim, casando – ao ver de Alessandro – com a personalidade da mulher jovem. O design da embalagem casa com toda a proposta de feminilida-de, com linhas finas em seu desenho e cores leves.

Distribuição: seletiva (distribuído pela RR). Preços: R$ 389 (30ml), R$ 499 (50ml) e R$ 659 (100ml). SAC: 0800 772 5500. Site: www.gucci.com

FEMINILIDADE JOVEM

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A Yamá Cosméticos já é conhecida principalmente pelo seu grande portfólio de linhas de cuidados e tratamentos, sen-do a Yamasterol sua principal marcas. Traz quatro novos produtos para sua linha Cachos, contando com os benefí-cios do óleo e o leite do coco. Os ingredientes proporcionam nutrientes como vitamina E, ácidos graxos, além de todos os produtos estarem de acordo com os padrões de No Poo e Low Poo, livres de sulfatos, corantes, silicones, parabenos, petrolatos e óleo mineral.

Distribuição: farmácias, perfumarias e e-commerce. A linha é composta por ativador de cachos, shampoo, condicionador e máscara. Preços: R$ 8,30 (ativador de cachos) a R$ 14,50 (máscara). SAC: (11) 4617-9850. Site: www.yama.com.br

De forte posicionamento a favor de produtos cujas matérias-primas provenham de fontes naturais, The Body Shop vem se estabelecendo e crescendo no mercado brasileiro. Um sucesso já em mercados exte-riores, como o britânico (origem da marca), o Serum Hidratante para Áreas Específicas é um bestseller que conhecerá as peles brasileiras pela primeira vez. Com uma versão desenvolvida em terras brasileiras e com o perfume de chá verde, o produto é recomendado para partes mais ressecadas do corpo, como cotovelos, joelhos e mãos. As outras versões do serum, Moringa e Lolita, também podem ser encontradas no Brasil.

ÁREAS ESPECÍFICAS

Distribuição: lojas próprias. Preço: R$ 85 (50ml). SAC: [email protected]. Site: www.thebodyshop.com.br

CACHOS NUTRIDOS

VESTINDO O CORPOA Natura resolveu expandir a proposta de “vestir seu corpo” da linha Todo Dia com uma nova família de produtos, a Todo Dia Flor de Lis. Com cores e texturas mais leves do que, por exemplo, a linha de Macadâmia, a Flor de Lis vem com um conceito muito mais pós-banho e continuação dos cuidados, principalmente já que possui um mousse para o banho entre os produtos lançados, inédito dentro da linha que, além do mousse, conta com sabonete em barra, hidratante de mãos, desodorante hidratante corporal e desodorante spray per-fumado. A embalagem segue ainda os mesmos padrões sustentáveis também, com um plástico 100% reutilizado e sendo possível o refill, estendendo muito mais a vida útil do frasco. O produto que já está dis-ponível no mercado brasileiro, irá para o restante da América Latina so-mente no ano que vem. “Temos grandes expectativas para essa família, comercialmente falando”, aposta Liliane Lima, gerente de Marketing da Natura. “É uma linha de grande rotação no mercado, temos uma demanda grande e esperamos muito desses novos produtos”, finaliza.

Distribuição: Lojas próprias, venda direta e e-commerce. Preços: de R$17,90 (sabonete em barra) a R$ 49,90 (desodorante

spray). SAC: 0800 115 566. Site: www.natura.com.br

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36ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

Express

HORIZONTES MASCULINOSCom quase 18 anos de estrada, a Haskell já demonstrou algumas vezes que sabe o que o mercado o oferece de oportunidades de crescimento a serem exploradas. Mantendo sua tradição de ativos de origem natural desde seu início, a marca explora agora o segmento crescente de produtos masculinos e, mais especificamente, para cabelos e barbas, em uma linha composta por shampoo para cabelo e barba, shampoo anticaspa, creme e pomada modeladora. Com os homens se cuidando cada vez mais e a beleza masculina deixando de ser um tabu para se tornar uma rotina tão natural quanto para mulheres, novas oportunidades surgem.

A rede de salões Jacques Janine foi chamada pela L’Occitane au Brésil para co-criarem uma linha de cuidados completa e, após dois anos de desen-volvimento e testes, surgiu a linha Patauá. O processo reuniu profissionais e clientes de diversos salões diferentes da marca, experimentando e tes-tando os produtos até chegarem ao resultado desejado. Os novos produ-tos estarão divididos em três sublinhas: Reparação Nutritiva, Hidratação Equilibrante e Tratamento Capilar, sendo que todas possuem o óleo de Patauá, ingrediente principal da linha que atende a todas as necessidades de todos os produtos. As sublinhas são compostas por shampoo, condicio-nador, creme finalizador, spray finalizador e máscara.

Distribuição: lojas próprias e e-commerce. Preços de R$ 55 (shampoo) a R$ 79 (más-cara). SAC: 0800 171 272. Site: br.loccitaneaubresil.com

A máscara de cílios está sempre presente bolsas afora. A Eudora, marca do Grupo Bo-ticário, já possui uma base no ramo de más-caras através do Soul Turbo 5.0, aclamado entre as consumidoras. Impulsionando ain-da mais a força da marca nesse mercado, foi lançado o Soul Turbo Curvíssima. O novo produto busca oferecer maior curvatura para os cílios sem a necessidade de um cur-vador, tudo através de suas cerdas desenha-das especificamente para esse feito, além de contar com uma fórmula mais resistente contra a água e efeito duradouro.

Distribuição: venda direta, lojas próprias, quiosques e e-commerce. Preço: R$ 34,99. SAC: 0800 727 4535. Site: www.eudora.com.br

CÍLIOS TURBINADOS

FORÇA DO PATAUÁ

Distribuição: farmácias, perfumarias e supermercados. Preço: de R$ 18,20 (shampoo Ca-belo & Barba) e R$ 31 (pomada). SAC: 0800 770 7745. Site: www.haskellcosmeticos.com.br

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L’acqua di fiori - a arte da perfumaria

Na construção da moder-na perfumaria brasilei-ra, existe uma empresa que ocupa um lugar especial na história e no

coração dos apaixonados por fragrân-cias: a L’acqua di Fiori.

Do alto dos seus 38 anos de mercado, a empresa da família Mesquita, com base em Belo Horizonte, se notabilizou, desde sempre, por desenvolver e oferecer aos consumidores brasileiros perfumes úni-cos e especiais, com a assinatura olfativa e a inovação que sempre marcaram as criações da empresa. A L’acqua nunca se preocupou em seguir os modismos do mercado, o “cheirinho” do momento. “As ondas passam rápido. A intenção da L’acqua sempre é a de apresentar produ-tos consistentes, que vão sustentar um bom volume de vendas no mercado por longos períodos”, explica Antônio Mes-quita, presidente da empresa.

Foi com esse espírito que a L’acqua di Fiori construiu grandes clássicos da perfumaria brasileira, vários deles ven-cedores das mais importantes premia-ções do mercado de beleza do País. São sete troféus conquistados no Prêmio Atualidade Cosmética, a mais impor-tante premiação do mercado de beleza na América Latina, além de premiações nacionais e internacionais de embala-gens. O fundador da L’acqua, Leopoldo

Apresentado por:

Mesquita, também é membro do Hall da Fama do Prêmio Atualidade Cosmética, ao lado de outros ícones da indústria brasileira de cosméticos. Coincidente-mente, muitos desses clássicos premia-dos figuram até hoje entre os perfumes de maior sucesso da marca.

Pioneirismo e inovaçãoA L’acqua foi a primeira das grandes marcas de perfumaria brasileira a bus-car os grandes designers internacionais para desenhar as embalagens de seus perfumes, caso do Atelier Dinand, um dos mais tradicionais e renomados escri-tórios de design da França que tem entre suas criações, frascos para perfumes de marcas como Giorgio Armani, Paco Rab-bane, Calvin Klein e Yves Saint Laureant e que desenhou para a L’acqua do Fiori frascos emblemáticos como os de Otote-mo, Inizzio, H2O4XY, Vòlgere e Evolu-tion. Com suas criações internacionais, a empresa ajudou a alçar a perfumaria brasileira a novos patamares de qualida-de e sofisticação visual e olfativa.

Dona de uma das maiores redes de franquias do mercado de beleza bra-sileiro, a L’acqua viu com a expansão para a venda direta multinível a possi-bilidade de levar a experiência gerada pelos seus perfumes para um número bem mais amplo de pessoas que, até en-tão, não tinham contato com a marca e

numa velocidade surpreendente. Por meio desse novo modelo, a

L’acqua di Fiori conquistou novos fãs. E graças ao empreendedorismo ine-rente ao multinível, um número cada vez maior de pessoas tem escolhido a L’acqua como uma grande oportunida-de, um caminho para mudar de vida ao oferecer os produtos premiados e de reconhecida qualidade da empresa. “Nós estudamos e analisamos por mui-to tempo o multinível. Nesse processo, enxergamos a oportunidade de levar um pouco do DNA da L’acqua para este canal, e não simplesmente incorporar o modelo multinível ao nosso negócio”, pontua Antônio Mesquita.

a grande viradaJá rodando sob um modelo com diferen-tes opções de canais para os seus con-sumidores, a L’acqua di Fiori deu início a um novo ciclo na sua história. E nada mais especial para marcar essa nova fase do que voltar a encantar o mercado com um novo grande perfume. A fra-grância masculina VET 312 é um novo ícone na vida da empresa. “Precisáva-mos de algum produto que marcasse essa nossa virada. Que significasse o ressurgimento como uma marca de lan-çamentos inovadores”, conta Mesquita. Foi um trabalho minucioso conduzido pela L’acqua em parceria com a IFF, uma

A L’AcquA di Fiori conquistA espAço junto Aos

empreendedores do cAnAL com o seu dnA oLFAtivo

soFisticAdo e único

a PerFUmaria mais Premiada do mUltinível brasileiro

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43srl.lacquadifiori.com.br

Produzido por Cusman Branded Content

das mais renomadas criado-ras globais de fragrância e que traz a assinatura de Ve-rônica Casanova, uma das mais renomadas do Brasil e criadora de grandes suces-sos da perfumaria.

E a inovação está pre-sente em VET312 desde a sua concepção olfativa. A perfumista conta que, pela primeira vez, cons-truiu uma fragrância do fundo para o topo. “O

ponto de partida e gran-de inspiração foi o Vetiver,

raiz de fragrância amadeirada masculina e sofisticada, uma matéria--prima extremamente nobre do labora-tório de ingredientes naturais da IFF, o Laboratoire Monique Remy, localizado em Grasse, no sul da França”, conta a perfumista. Brasileira e muito intuitiva, Verônica se colocou no lugar dos consu-midores para compor um perfume ide-al para o homem brasileiro. “Combinei notas cítricas e ingredientes frescos natu-rais, como Sálvia e Pimenta Preta, e esco-lhi flores que têm grande sinergia com o Vetiver: o Gerânio, um floral tipicamente masculino; e a Íris, raiz que traz força e elegância para a composição. O musk e as moléculas exclusivas da IFF ao fundo conferem potência e exclusividade à fra-grância”, reforça Verônica Casanova.

“O VET 312 é uma criação mara-vilhosa. A partir desse lançamento as coisas passaram a funcionar de manei-ra diferente”, comemora o presidente da empresa. Tão diferente que VET 312 marcou o retorno da L’acqua às premia-ções e já com vitória. Foi eleito o melhor perfume masculino de 2017 pelo Prê-mio Atualidade Cosmética.

Fazendo o FUtUro hojeApesar do portfólio repleto de grandes produtos, nessa nova fase, a L’acqua quer avançar rapidamente no merca-do com novos lançamentos exclusivos. No final de 2017, duas novas fragrân-

cias chegaram ao mercado, a feminina Fleur de Vie e a masculina Chiaro VIP. “Cada novo lançamento tem sido uma oportunidade para mostrar aos empre-endedores do multinível que estão se associando à empresa, um pouco mais sobre como trabalhamos, como funcio-na o nosso processo de criação e de-senvolvimento dos nossos produtos, a nossa parceria histórica com os grandes perfumistas do mercado”, diz Antônio Mesquita. Ele reforça que a receptivida-de da fragrância Fleur de Vie foi enor-me. ”Estamos explorando esse nosso DNA nas várias frentes de contato. Ex-plicando a qualidade, o diferencial dos nossos produtos em relação ao que o mercado oferece hoje”, reforça.

Tendo assinado várias criações para

a marca, Verônica corrobora a visão de Mesquita. “A L’acqua sempre valorizou a perfumaria de qualidade, investindo em fragrâncias robustas, mirando a pre-miunizacão e traduzindo para o Brasil os códigos da perfumaria internacional. Por isso podemos usar ingredientes na-turais, combinados com especialidades da IFF que entregam qualidade e sofisti-cação”, emenda a perfumista.

E mais novidades vêm por aí. Ain-da no primeiro trimestre, a L’acqua vai apresentar lançamentos numa categoria inédita para a empresa. E no segundo se-mestre, mais dois grandes lançamentos de perfumaria. No total, devem ser apre-sentados cerca de 40 novos itens, sempre pensando em trazer algo novo, diferente e inovador para o mercado brasileiro.

CLÁSSICOS DA PERFUMARIA BRASILEIRA

o premiado vet312 e os lançamentos Fleur de vie e chiaro vip: a L’acqua di Fiori retoma os grandes lançamentos de perfumaria que marcam a história da empresa.

antÔnio mesQuita, presidente: a L’acqua se preocupa em desenvolver produtos originais e consistentes, que vão sustentar bons níveis de venda por longos períodos de tempo.

O estilo único da perfumaria da L’acqua di Fiori faz com que as criações da empresa ocupem espaço especial na memória olfativa dos consumidores. Quem experimenta um perfume da L’acqua vira fã da marca. Isso explica o fato de que ela é uma das que conta com o maior número de clássicos (vários deles premiados) em seu portfólio. Fragrâncias que, com o decorrer dos anos, se consolidaram entre as mais vendidas da empresa e, apesar do tempo de mercado, se mantêm modernas e atuais.

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40ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

CANAL Multinível

HOJE, EMPRESAS DO MULTINÍVEL ESTÃO EM CONDIÇÕES NÃO SÓ DE CRESCER RAPIDAMENTE, MAS DE SE MANTEREM SUSTENTÁVEIS E SAUDÁVEIS NO LONGO PRAZO. E ISSO TEM MUITO A VER COM O FOCO DESSAS COMPANHIAS NO DESENVOLVIMENTO DOS PRODUTOS QUE OFERECEM À REDE E A SEUS CONSUMIDORES >>> AÛANI CUSMA DE PAULA

E GABRIEL ODA

Enfim sustentável

Quando a norte-america-na Amway, a maior em-presa de venda direta do mundo, chegou ao Bra-sil em meados dos anos

1980, a Avon já tinha introduzido o modelo de venda direta por aqui havia algumas décadas. Mas a Amway tra-zia um modelo diferente, o multinível, que entre as novidades, remunerava com bônus e prêmios os revendedores não só pela venda de produtos, mas por trazer pessoas para revenderem os itens da companhia. Essas pessoas se manteriam atreladas a quem os indi-cou por toda a sua vida na rede, assim como aqueles que essa pessoa indicou, e assim por diante. Para quem estives-se no topo dessa cadeia alimentar, os ganhos eram muitos e a vida glamou-rosa. Mas foi um fracasso retumban-

DEMONSTRAÇÃO DE PRODUTOS EM

CONVENÇÃO DA POLISHOP: promessas de

prêmios e remuneração não sustentam mais sozinhas o discurso do multinível.

É preciso ter produtos diferenciados para oferecer.

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41 # 159 | JAN/FEV 2018 ATUALIDADE COSMÉTICA

cosmético majoritariamente de mass market – nunca tivemos muito espa-ço para incorporar tais tecnologias. As empresas líderes nacionais, por exem-plo, são reféns da escala e de pesados investimentos em marketing. Isso faz com que qualquer real a mais no cus-to da formulação inviabilize o projeto. Por isso, essas empresas acabam tendo limitações para introduzir esses ati-vos ultra-sofisticados (naturalmente mais caros) em suas formulações. O multinível oferece mais espaço para o desenvolvimento com esses ativos e as empresas têm aproveitado isso para desbravar novas faixas de preço e pro-postas de valor.

NÃO PRECISA SER CARO, MAS TEM QUE SER DIFERENTEO bom momento do canal, puxado pelo fenômeno da Hinode, o rápido avanço das Jeunesse, somada à entra-

te. Ninguém queria vender produtos. Todo mundo queria montar uma rede e viver dos resultados de quem esti-vesse embaixo dela. Obviamente, não existe plano de negócios que se susten-te sem a venda de produtos.

A lição provida pela Amway – de que sem vender produtos, não tem negócio – demorou a ser compreendi-da pelas empresas que operam nesse modelo aqui no Brasil. Até porque, ela precisava ser tropicalizada. O proble-ma da Amway era que as pessoas que entraram no negócio naquele momen-to, não entenderam completamente o espírito do jogo e acharam que fica-riam milionárias só fazendo reuniões e aglutinando pessoas. Mas a empresa sempre teve bons produtos para ofer-tar. Já as empresas brasileiras, que aderiram ao multinível mais tarde, tinham foco principalmente nos pla-nos de negócios e nas possibilidades de ganhos rápidos apresentados para a rede. Produtos? Sim, um portfólio de contra-tipos e outros itens básicos de higiene e beleza, sem nenhum di-ferencial estético ou tecnológico e de baixo apelo para o consumidor final. Pior! Não raro, de qualidade mediana para baixo.

Com planos de negócios agressi-vos, muitas dessas empresas atraíam para si líderes ambiciosos, que coloca-vam as suas redes com dezenas, cente-nas, milhares de revendedores em prol daquele projeto. Depois de algum tem-po, como a empresa não evoluía com o seu portfólio e o que existia não fazia mais verão, muitos líderes e revende-dores migravam suas redes para uma nova empresa. Ou, resolviam apostar na criação das suas próprias linhas. Afinal, estabelecer um portfólio de produtos básicos e contra-tipos é fá-cil e rápido. Qualquer terceirista faz. E assim, o canal viu tantas histórias meteóricas de empresas que saíram do nada, alcançaram volumes de venda expressivos e, antes que a maioria das pessoas no mercado se dessem conta, sucumbiram.

Por isso, é importante dizer que, hoje, o multinível de cosméticos no Brasil pela primeira vez está em con-

dições de se sustentar a longo prazo. Isso por conta de um conjunto de em-presas locais e multinacionais, que es-colheram operar nesse modelo e que, antes de apresentarem planos de negó-cios agressivos, estão preocupadas em desenvolver produtos que vão além do discurso da qualidade. Eles estão se esforçando para oferecer itens dife-renciados, que permitam à marca en-cantar e fidelizar os consumidores e, consequentemente, a própria rede.

Nessa nova fase do multinível no Brasil é visível a evolução no mix de produtos das empresas do canal, in-cluindo a incorporação por um nú-mero maior de companhias e em mais categorias, de tecnologias cosméticas de ponta, inclusive aquelas mais rela-cionadas ao mercado de distribuição seletiva. Essa movimentação também é importante porque, pela dinâmica do mercado brasileiro – com um setor

CLÁUDIO ESCHECOLLA, DA ALOHA: o líder do multinível está mais exigente e a expectativa dele com relação às empresas aumentou.

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CANAL Multinível

da de players tradicionais da indús-tria como a L’acqua di Fiori e a Cless, além de novos players como a Aloha, do bilionário Carlos Wizard, só irá se sustentar se essas empresas, no seu conjunto, seguirem desenvolvendo e oferecendo produtos diferencia-dos aos seus clientes. E as lições do passado nos fazem crer que isso vai acontecer. “Quem não trouxer dife-renciação para o portfólio não vai so-breviver porque vai perder para o va-rejo, para a internet. A diferenciação é que vai garantir a sustentabilidade do negócio”, afirma Marcel Szajubok, presidente da operação brasileira da Jeunesse, jovem empresa norte-ame-ricana de venda direta multinível. Tanto que a companhia mantém uma gerente de inovação só para buscar coisas que ninguém tem.

O maior foco que o mercado tem dado sobre os produtos reflete em boa medida a necessidade do canal multi-nível, de forma geral e não apenas na venda de cosméticos, de se provar sé-rio após os escândalos das pirâmides, no momento em que elas se sobressa-íram no mercado, como a Telexfree. Esse negócio estava centrado em em-presas que tinham forte e agressivo marketing para a formação de rede, já que viviam da adesão de novos mem-bros e, em geral, vendiam serviços. “Isso obrigou as empresas sérias a se diferenciarem e fortalecerem os seus portfólios de produto”, conta Marce-lo Pinheiro, presidente da DirectBiz, consultoria especializada em canais de venda. “Antes era aceitável, no multi-nível, uma fragrância com 6%, 7% de concentração. Hoje não se fala em me-nos de 18%, se não o produto não se sustenta”, reforça Cláudio Eschecolla, experiente profissional da venda di-reta com passagens em companhias como Natura, Belcorp e agora atuando na Aloha. Para ele, as empresas sérias estão agregando mais tecnologia de ponta, não em todo o portfólio, mas em linhas específicas. Nesse movimento, também se reforçou a necessidade de a formação de rede ser feita com foco na educação para a venda dos produ-tos. O presidente da DirectBiz lembra

que a principal empresa a trabalhar com esse conceito era a Mary Kay (que oficialmente não se considera uma em-presa de venda direta multinível). “As outras empresas de marketing multi-nível não tinham esse foco”, lembra o consultor.

Em que pese o espaço para a incor-poração de tecnologias e cosméticos de ponta, o multinível não caminha necessariamente para uma oferta de produtos mais caros, embora muitos lançamentos do setor caminhem nessa direção por motivos óbvios: formu-lações melhores, com mais ativos de ponta, em quantidades que funcionam têm o seu preço. Agora, que o produto tem de oferecer diferenciais em relação ao que já existe no mercado em outros canais, independentemente do preço, isso é verdade. Ao agregar tecnolo-gias diferenciadas ao produto, a rede terá condições de justificar o seu preço superior em relação a outros produtos da mesma categoria. “Sempre pergun-tamos quais os diferenciais da empre-sa. Não entramos em especificações de produtos, mas temos de saber se quem nos procura tem um diferencial tecno-lógico, ou uma inovação que justifique o posicionamento de preço mais agres-sivo. Se vender commodities, você não vai conseguir ter um preço diferencia-

do”, pontua Marcelo, da DirectBiz. Um bom exemplo de como traba-

lhar a diferenciação é o da Polishop. A empresa que opera, além do multi-nível, em vários canais diferentes, in-cluindo varejo e TV, busca no mercado produtos que ninguém tenha no Bra-sil, ou que sejam muito diferenciados. Com isso, ela pode incorporar ao seu preço o valor dessa exclusividade e re-passar para a rede e aos consumidores. Quando os produtos que eles estão tra-balhando passam a ser fabricados por outras empresas, eles tiram de linha. “Você vai ver empresas de marketing de multinível com muito investimen-to em desenvolvimento e inovação, que querem trazer diferenciação e eu acredito muito nisso. Por que você vai pagar um pouco mais caro num ener-gético? Só porque é da Jeunesse? Não. É porque eu vou te provar que ele não tem calorias, não tem corante, que é feito com sucos de fruta. Aí talvez você pague um, dois reais a mais”, explica Marcel, da Jeunesse e que também co-manda o comitê de marketing multiní-vel da ABEVD (Associação Brasileira das Empresas de Venda Direta).

A companhia norteamericana tem em seu portfólio kits de tratamento para a pele que superam os R$ 2 mil, valor superior a marcas consagradas

MARCEL SZAJUBOK E PALOMA DORO, DA JEUNESSE: grandes empresas têm se preocupado em investir em produtos e treinamentos, e não apenas em trazer pessoas.

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do mercado de luxo. E eles têm ven-dido muito bem. Tanto que, em menos de dois anos de operação, a Jeunesse acumulou faturamento de cerca de R$ 1 bilhão e segue crescendo. “Você tem que ter um produto que as pesso-as gostem e que fidelize. Nós olhamos muito mais para os resultados que o produto proporciona de fato, do que para alguns outros elementos (mais atrelados ao setor de luxo). E vem dan-do tão certo que eu fico até com medo de mudar as embalagens”, fala Marcel.

Trabalhar com produtos mais co-muns, quase commodities, não é um bom caminho para quem quer se man-ter no multinível. Até porque, quem for por esse caminho, só terá o preço mais baixo como argumento futuro de vendas e, mesmo assim, por tem-po limitado. De quebra, ao baixar os preços você reduz a possibilidade de ganhos dos líderes e revendedores. “O consumidor está mais seletivo e o canal de vendas não consegue se man-ter ativo se o produto não se sustenta porque ele não tem o valor agregado significativo”, pontua Cláudio. Não é uma boa equação. “Eu preciso bus-car um diferencial para vendê-lo para o consumidor e, consequentemente, remunerar a rede. Por que quem vai levar esse diferencial? A rede. Quem vai explicar o produto? A rede”, re-força Marcelo Pinheiro. “Com esses produtos diferenciados eu motivo e alimento a minha rede para que ela alcance mais consumidores e alimente o negócio com mais adesões”, emen-da. A inovação e a diferenciação é que vão construir a relação sólida com o consumidor. Um bom exemplo dessa disposição é o Ageless, o primeiro pro-duto “Efeito Cinderela” do mercado. Marcelo lembra que a Jeunesse, fabri-cante do produto, reinou sozinho com essa inovação por um bom tempo e foi isso que atraiu muita gente para a rede deles. Até hoje, o produto é o cartão de visitas da marca. Se o consumidor não visualizar a diferença perceptível na qualidade do produto ou alguma ino-vação, dificilmente aquela relação de fidelidade com o produto, com aquele vendedor vai se manter.

A oferta de produtos mais diferen-ciados tem sido possível também por-que a indústria e toda a sua estrutura de abastecimento e fornecimento se adequaram a essa nova realidade do multinível e perceberam que também tinham que rever sua estrutura para possibilitar que essas empresas tives-sem acesso à matéria-prima de melhor qualidade, a uma atualização maior em relação às tendências internacionais. Assim, têm-se produtos mais bem ela-borados, com uma proposta de valor mais alto, mas que o consumidor per-cebe como justa, e o ciclo se fecha.

Esse olhar mais atento da cadeia de abastecimento não se deu por acaso. Com o avanço das empresas do canal, antes pouco relevantes para o merca-do, seus players se tornaram grandes clientes. E com uma característica interessante. Eles são mais abertos e

rápidos para absorver inovações que vêm dos seus fornecedores e de outras fontes do que empresas maiores e há mais tempo estabelecidas. “Falando da Jeunesse, a gente acabou virando um celeiro de oportunidades para cientis-tas e pesquisadores. Você acabou de descobrir um produto que faz nascer cabelo, o que você faria? Você podia desenvolver o produto e depois bater num Walmart, criar o seu site… Só que se você pensasse na Jeunesse, que está em 150 países, tem mais de um milhão de revendedores espalhados pelo mundo? Estamos incorporando inovação de cientistas, que nos cobram royalties muitas vezes. Isso poderia

acontecer com empresas brasileiras que têm um super canal de vendas. É assim que nascem vários produtos, de pessoas que desenvolvem essas inova-ções”, explica Marcel.

Mesmo em produtos mais comuns, como um perfume contra-tipo, é pre-ciso oferecer um diferencial, para que ele argumente com o cliente, numa abordagem na qual ele provavelmente vai mixar o argumento do preço mais baixo em relação à marca original, mas com a qualidade, os 20% de concen-tração, que supostamente vão garantir uma fixação tão boa quanto o original. A estratégia é efetiva, mas para ser sus-tentável e a venda não ser feita apenas uma vez, o produto tem que sustentar a fixação mesmo, ou ele perde o clien-te de vez. Por isso que as empresas do canal têm investido tanto na melhoria dos seus portfólios.

APROVEITANDO A FORÇA DE VENDASNa dinâmica do multinível, o esforço de vendas é muito proativo da parte da rede. Traduzindo, eles vão pra cima do consumidor para converter as ven-das, especialmente a primeira venda. É um modelo diferente do de outras empresas de venda direta, que se va-lem muito mais de pesados esforços de comunicação e publicidade gigan-tesco, que torna menor a necessidade de convencimento na venda. Para con-vencer um consumidor a comprar um produto diferente, talvez mais caro por conta justamente dos seus diferenciais, o revendedor precisa trabalhar melhor

A mesma capacidade que a rede tem de chegar aos consumidores e explicar uma tecnologia

cosmética inovadora e diferenciada, uma ferramenta poderosíssima, pode se converter num ponto de atenção, justamente por conta

de um dos aspectos mais importantes do negócio: a independência da rede somada ao

empreendedorismo dos líderes.

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CANAL Multinível

com os argumentos em cima da tecno-logia e dos diferenciais que o produto oferece. Isso favorece a incorporação de tecnologias numa empresa de mul-tinível, porque você vai ter gente que vai explicar essa tecnologia e trabalhar esses argumentos. Isso nos traz de vol-ta à base da venda direta, que é a ven-da por relação. “Para apresentar essa tecnologia, esse produto diferenciado, eu vou ter de sentar com as consumi-doras e promover as reuniões, fazer a experimentação, uma demonstração, até porque não tem outra mídia, não tem grandes investimentos na TV. A li-derança tem esse papel de promover a marca e o seu portfólio através das fer-ramentas que nós desenvolvemos há muito tempo atrás, e que foram aban-donadas por algumas empresas que já se consolidaram”, acredita Cláudio Eschecolla.

A força da indicação no Brasil e na América Latina é muito forte e isso faz com que as pessoas comprem produtos na venda direta multinível, que se esti-vesse na prateleira, talvez você jamais compraria. “A prateleira não fala. Ago-ra, na venda direta multinível você tem pessoas explicando, fazendo você ex-perimentar o produto e, com base nis-so, você é remunerado, convida outra pessoa para o negócio, e é remunerado também, que traz outro, e você se junta

um modelo que é muito inteligente”, acredita o presidente da Jeunesse.

Mesmo quando a rede não faz isso por limitações intelectuais, digamos, as empresas buscam apoiar essa força de vendas com materiais de apoio como vídeos e tutoriais que vão ao encontro dessa premissa de explicar muito bem os mecanismos de funcionamento des-ses produtos diferenciados e a tecnolo-gia que está por de trás deles. “O líder do multinível está mais exigente e a ex-pectativa dele com relação às empresas aumentou”, lembra Cláudio Eschecolla. É precisa ter um bom plano, um portfó-lio adequado, e também bons sistemas de capacitação e treinamento. O exe-cutivo também enxerga uma mudança interessante. Muitas empresas estão am-pliando o seu portfólio para que os seus líderes ou consultores consigam atender a mais necessidades do consumidor. “Ele quer entrar na casa do consumi-dor, falar da perfumaria, apresentar um creme para os pés com óleos essenciais que não tem no mercado e que tem uma proposta de valor com um preço acima da média, mas também entregar um energético de excelente qualidade com o preço justo”, diz. O equilíbrio entre inovação e eficiência tem dado a essas empresas uma energia e uma velocida-de para atender ao consumidor e sua família em várias categorias.

Mas Cláudio também chama aten-ção para a necessidade de dosar o número de lançamentos, sob pena de a capacidade de absorção das novi-dades e o treinamento da equipe fica-rem comprometidas. “Se eu lançar 40 produtos de uma vez, a liderança e a empresa podem perder uma oportuni-dade de capitalizar ao máximo a ino-vação tecnológica que ela está trazen-do. É melhor se planejar para ter três, quatro produtos extremamente concei-tuais e estratégicos”, acredita Cláudio.

A REDE NÃO PODE VENDER COMO QUERA mesma capacidade que a rede tem de chegar aos consumidores e explicar uma tecnologia cosmética inovadora e diferenciada, uma ferramenta podero-síssima, pode se converter num pon-to de atenção, justamente por conta de um dos aspectos mais importantes do negócio: a independência da rede somada ao empreendedorismo dos lí-deres.

Não ter de arcar com os custos de montagem de uma força de venda contratada, como, por exemplo, nas empresas de mononível, que precisam de um exército de gerentes regionais e promotoras, é um dos principais pon-tos positivos do modelo. Entretanto, você efetivamente não tem controle

PORTFÓLIO DO MULTINÍVEL: nessa nova fase do canal no Brasil é visível a evolução no mix

de produtos das empresas.

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E esses não são os únicos desafios que a independência da rede impõe às empresas. Existem outros de risco jurídico tão elevados quanto. Marcel, da Jeunesse, cita como exemplo o caso que envolve Botox, a mais conhecida marca de toxina botulínica do merca-do, utilizado em procedimentos esté-ticos para “esticar” a pele. “O Botox é uma marca de uma empresa. Eu não posso usar ela, mas tinha site de re-vendedores que usavam ‘Botox ins-tantâneo’. A dona do Botox me man-dou uma notificação. E eu acho justo, concordo com eles. Tivemos que, um a um, ir cessando. Temos uma área de compliance muito forte aqui e nos EUA. Estamos o tempo todo analisan-do as redes sociais, as apresentações que são feitas nos nossos eventos ofi-ciais. Não posso garantir que está tudo perfeito, mas são cuidados que temos constantes. É uma luta diária”, explica o presidente da Jeunesse, que conclui: ”O marketing de rede é famoso por só trazer pessoas e não se preocupar com a venda. Hoje, se eu não trouxer mais ninguém, eu quero continuar crescen-do minha venda. Por isso investimos tanto em produtos e treinamento. Isso que é um diferencial e digo não só da gente. Grandes empresas do multiní-vel se preocupam e é isso que fortale-ce o canal.”

sobre a sua rede. É uma característica do modelo e um dos maiores desafios para os gestores do canal. “As pessoas vão se tornando independentes e cada vez mais autônomas em relação ao que elas querem falar para a sua rede. Se eu tenho um produto de alta tecnolo-gia e muito inovador, a rede vai propa-gando e, aí, as empresas estão sujeitas àquele ditado: ‘quem conta um conto, aumenta um ponto’. Se o produto ofe-rece espaço, as pessoas vão aumentan-do o benefício de tal modo até o pro-duto te levar ao céu”, diz Marcelo, da DirectBiz.

Claro que como a rede é indepen-dente, a primeira reação das empresas é, justamente, apontar a independên-cia como justificativa para lavar as mãos e não se colocar como parte do problema, que envolve não só a comu-nicação de produtos, foco da discussão aqui, mas outras condutas inadequa-das como aliciamento de revendedo-res. Mas, de volta aos produtos, as empresas, quer elas queira ou não, não têm como negar o fato de que lí-deres e revendedores estão vendendo os seus produtos com base em claims não aprovados pelo regulador local. “Temos um sérum à base de células--tronco na linha e que, em muita gente, fez crescer cabelo. E não estou falan-do de gente que não conheço, mas de

pessoas que vêm aqui, crescia cabelo mesmo, a gente via. Mas, quando trou-xemos esse produto, nós não o regis-tramos na ANVISA com essa finalida-de. Portanto, naturalmente, nós somos proibidos de falar sobre isso”, conta Marcel, da Jeunesse, para quem essas situações representam um perigo cons-tante que pode prejudicar a empresa. “Não adianta eu falar aqui bonitinho que nós temos uma linha de complian-ce e deixar a rede falar o que ela qui-ser. Temos de provar tudo que a gente faz e mitigar esses riscos”, emenda. Responsável pela área de Marketing, a executiva Paloma Valle faz hangouts se-manais com a rede nos quais, além de explicar os produtos, ela diz o que não se pode falar e dá dicas de compliance.

A comunicação off-label – como é chamada a apresentação dos bene-fícios não oficiais (ou seja, não apro-vados junto à ANVISA), ainda que verdadeiros, de um produto – é um dos maiores problemas de compliance do mercado farmacêutico e, embora a indústria de cosméticos seja mui-to menos regulada e acompanhada pelo regulador do que os fabricantes de medicamentos, esse é um proble-ma para o qual as empresas que se querem sérias precisam estar atentas, para evitar problemas para elas e para o mercado como um todo.

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TECNOLOGIA Varejo

ANTES TIDAS COMO “FORA DO ALCANCE” POR GRANDE PARTE DOS VAREJISTAS BRASILEIROS, NOVAS TECNOLOGIAS E SOLUÇÕES MOSTRADAS NA NRF 2018 JÁ ESTÃO BEM MAIS ACESSÍVEIS E CAPAZES DE MELHORAR A EXPERIÊNCIA AO CONSUMIDOR E A EFICIÊNCIA DO NEGÓCIO >>> RAFAEL MENDONÇA

Tão distante assim?

O mundo segue firme em constante trans-formação, nos mais distintos sentidos. Basta um exercício muito simples de memória, que nos

leve ao começo do século, por exemplo. É só lembrarmos a realidade do varejo à época com tudo o que já está disponível hoje em termos de sistemas, logística, layout, digitalização e em muitas outras frentes da operação. Na verdade, essa evolução se deu quase pari passu com a digitalização do mundo, que tem revo-lucionado o ambiente do consumo e dos negócios de forma geral.

Essa rápida evolução – o novo sécu-lo não tem 20 anos ainda – foi cruel com muitos varejistas que não conseguiram entender esse novo mundo e aplicar as mudanças necessárias para que o negó-cio continuasse a fazer sentido com o passar do tempo.

Por outro lado, felizmente, essa re-volução também abriu um “oceano azul” de oportunidades para varejistas antenados e dispostos a ter novas tec-nologias disponíveis como aliadas fun-damentais para atenderem às novas de-mandas dos consumidores e se expandi-rem com base nessa nova realidade. Lo-jistas de mercados desenvolvidos como o norteamericano, o europeu, o japonês e, mais recentemente, o chinês, vêm ab-sorvendo essas novidades nos seus ne-gócios, fazendo do varejo uma ponta de lança da transformação no mundo dos negócios.

O varejo brasileiro nunca foi pionei-ro neste sentido. Tudo o que era novo por aqui, de alguma maneira, há um bom par de anos (ou décadas), já estava

em funcionamento ou havia sido tes-tado em países mais avançados. Mas, verdade seja dita, nós temos conseguido diminuir esse gap de tempo entre a apre-sentação dessas novas e revolucionárias tecnologias para o varejo e a sua aplica-ção em lojas tupiniquins.

Um elemento importante nesse pro-cesso de desenvolvimento tem sido a

maior participação de varejistas brasi-leiras nos últimos anos na NRF Retail’s Big Show, a grande feira de tecnologias para o varejo em todo o mundo orga-nizado pela associação do varejo norte--americano. O evento é grandioso. Re-alizado em Nova Iorque, neste ano ele chegou à 107º edição e recebeu mais de 36 mil líderes do varejo global duran-

ROBÔ BOSSA NOVA EM AÇÃO NO WALMART NOS EUA: ele tem a capacidade de realizar uma auditoria de estoque para olhar produtos e planograma, além de checar preço em gôndolas e estoque.

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sultoria especializada Varese Retailand More, e Eduardo Terra. O programa do grupo busca abranger o máximo possível de informações, tendências e insights do varejo mundial, conectando, de alguma maneira, todas essas novidades com o varejo de beleza. “Quando vemos esse monte de insights, temos de controlar a ansiedade porque não dá para fazer tudo

ao mesmo tempo. Mas acho que o im-portante é tentar começar algo, e rápido. Sem ter medo de experimentar, medo de errar e consertar de forma muito veloz. O gostoso desta edição da NRF é que vimos muita coisa que dá para aplicar na práti-

te os três dias de evento, que chegou a ter mais de 150 palestras acontecendo simultaneamente no local. Especialis-ta em varejo e sócio-fundador da BTR &Varese, Eduardo Terra resume o peso da feira para o varejo brasileiro da se-guinte maneira: “Nem tudo que é visto lá, vai chegar aqui. Mas tudo o que está aqui, passou por lá.”

A cada ano que passa, os varejistas brasileiros pegam ainda mais gosto pelo evento. Não à toa que, mais uma vez, o Brasil foi um dos países com o maior nú-mero de visitantes. Seja indo por conta própria ou por meio de caravanas or-ganizadas por diferentes entidades, os brasileiros têm se interessado mais pelo que existe de mais inovador, sofisticado e tecnológico em termos de novidades para o varejo. Mas, o melhor de tudo, é que cresce também a disposição em aplicar ao menos parte das novidades vistas por lá em seus negócios.

CONSCIÊNCIA E PÉS NO CHÃODe fato, o evento oferece um mar de in-formações e conteúdo. É difícil não ficar “perdido” ou tentado pelo que é visto por lá. E, por maior que seja o avanço, ainda existe uma lacuna abissal entre os negócios daqui e os de mercados de-senvolvidos (para onde ainda olhamos quando queremos referências), ou em franca ascensão, como os asiáticos. Essa diferença é reflexo direto das dificulda-des particulares em termos de cultura, logística, custo, regulação, tributação, segurança, entre outros pontos que afli-gem não só o varejo, mas o Brasil em to-das as suas áreas.

Ainda assim, especialmente para aqueles que frequentam a feira já há al-guns anos, existe uma maior conscienti-zação (o que é mais do que um simples desejo) sobre o que pode ser aplicado aqui. E hoje, podemos aplicar muito mais do que há dez anos.

No canal farma, as grandes redes têm aplicado de maneira cada vez mais sistêmica inovação em termos de tecno-logia e tendências em suas lojas ou siste-mas. Já o Varejo Alimentar, ainda o mais avançado em termos de gestão e ope-ração, tem feito pouco no Brasil diante de sua capacidade. Principalmente, se levarmos em conta a movimentação que

tem sido feita por players internacio-nais, especialmente nos Estados Unidos.

Uma das caravanas brasileiras pre-sentes à feira reúne, exclusivamente, atores do mercado de beleza. Foi o ter-ceiro ano seguido da Delegação Beauty Fair NRF em Nova Iorque. Neste ano, a comitiva reuniu um grupo de mais de 50 empresários do setor de beleza, entre

varejistas e representantes da indústria. A programação da delegação inclui, além da ida à feira e às palestras previamente selecionadas, visitas a lojas do varejo local com a curadoria dos especialistas em va-rejo Alberto Serrentino, fundador da con-

DELEGAÇÃO BEAUTY FAIR NRF: pelo terceiro ano seguido, comitiva esteve em Nova Iorque num grupo de mais de 50 empresários do setor de beleza, entre varejistas e representantes da indústria.

BELSHOP“Tem algumas coisas que vêm desde o ano passado, como fazer o

básico bem feito, que ficou marcado para mim. E acabei levando isso para nossa equipe, para tentar traduzir um pouquinho de como deve

ser a loja. Estamos tentando melhorar a loja desde nossa primeira ida à NRF para a visão do cliente, ou seja, torná-la mais bonita, mais elegante, com melhor iluminação, que são coisas que alguém que vai às lojas às vezes não perceba, mas para nós que estamos lá olhando todos os dias, percebemos as diferenças. Quem quer crescer e abrir

loja tem que levar esta visão, senão ele não consegue ter estrutura e criamos um castelo de areia, porque o seu time não está preparado

para crescer. Por isso, estamos fortalecendo muito a questão de treinamento, com muitas horas de treinamento durante o ano e parece que, quanto mais a gente treina, mais a gente vê que precisa, porque

a gente começa a ver que tem coisas a melhorar”, Renato Pereira, diretor.

O QUE AS PERFUMARIAS BRASILEIRAS ESTÃO APLICANDO?

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TECNOLOGIA Varejo

ca”, celebra Cesar Tsukuda, diretor-geral da Beauty Fair.

GLOBALIZAÇÃO MAIS AMPLAAcompanhar e absorver o grande nú-mero de informações durante os dias de NRF é tarefa árdua para quem vai a Nova Iorque. Ainda mais difícil é filtrar aquilo que é possível de se aplicar no dia a dia de seu negócio. Os especialistas Serrentino e Terra procuraram conden-sar os principais destaques deste ano e desmembraram o que viram, basica-mente, em oito insights principais, a fim de auxiliar os varejistas brasileiros no entendimento. Estes conceitos, de algu-ma maneira, possuem ligação entre si e resumem bem toda a transformação pela qual o varejo mundial tem passado.

O primeiro insight convida para uma leitura acerca do varejo global, que tem vivido sob uma nova perspectiva. A ex-pansão internacional não deixa de ser algo estratégico para players que pos-suem atuação mundial, porém há uma frente que cresce e que tem tudo para impactar o canal nesta questão. Existe a perspectiva mais tradicional de um va-rejo global, em que os varejistas marcam presença em distintos países por meio da abertura de lojas físicas, como é o caso da

Sephora no setor de beleza. Mas o que tem agitado esta questão e que tem gera-do uma nova perspectiva é o surgimen-to do conceito chamado varejo “Cross--Border”, sustentado principalmente

pelo avanço do e-commerce, sobretudo da Ásia e, mais precisamente, o da Chi-na. Basicamente, estamos falando de um varejo que vende para outros países sem necessariamente estar neles. “Existe um varejo global ‘invisível’ acontecendo e que a gente não percebe. E ele é um pa-vor para as marcas que estão no Brasil, porque gera uma bagunça pelo preço. É um cara que está em algum lugar no mundo ou na China, com um site em

português, vendendo um produto que muitas vezes o lojista brasileiro oferece na sua loja, por um preço que você fala ‘como assim?’”, alerta Eduardo Terra.

Atualmente, o melhor exemplo

desse novo conceito é o Alibaba. O gi-gante grupo varejista chinês possui três plataformas no comércio eletrônico: o Taobao, que realiza vendas internas, de chinês para chinês; o AliExpress, que oferece produtos chineses para o mun-do (inclusive no atacado); e o Tmall, no qual o mundo vende seus produtos para os consumidores chineses. Para o especialista da BTR Educação e Con-sultoria, o mercado não deve olhar este conceito como uma ameaça, mas como uma oportunidade, inclusive para mar-cas brasileiras que almejam avançar no processo de internacionalização. “Hoje o mundo está vendendo para o mun-do sem sair de seus países de origem. Quando discutirem a globalização do varejo global, não pensem mais na ideia de que grupo tal vai ter loja no Brasil?’. Não, o processo está um pouco diferente hoje”, resume ele. De acordo com Terra, 70% das marcas que estão fazendo va-rejo “Cross-Border” disseram estar ga-nhando dinheiro com isso.

O peso que esse varejo “Cross-Border” já exerce no Brasil, apesar de ainda pouco disseminado, é comprovado por dados. Em 2016, o comércio eletrônico brasileiro movimentou R$ 44,4 bilhões. Já um estudo feito pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior junto aos Correios e à Receita Federal, apontou que as compras feitas em sites estrangeiros, como o AliExpress, geraram outros R$ 24 bilhões no mesmo ano por aqui.

EDUARDO TERRA, DA BTR EDUCAÇÃO E CONSULTORIA:

quem tem até três lojas não imagina a quantidade de

tecnologia disponível, que irá trazer produtividade para as lojas e experiência para o consumidor.

IKESAKI“A ideia do Click and Collect, que vimos lá na NRF, não é a ideia em

si que é legal, mas sim a forma como foi implementada. Já faz alguns anos que trouxemos um pessoal de cultura digital, que já tem essa cultura da velocidade, da startup. E o Click and Collect foi assim, quando acabamos de ver lá fora o pessoal chegou e falou ‘vamos botar isso em pé’ e em 30 ou 40 dias colocaram. E aquela cultura lá do ‘faça rápido, erre e ajuste mais rápido ainda’ foi legal pelo

engajamento que gerou na equipe, que é através de pequenos grupos e pequenos desafios de implementação, você consegue mudar toda uma cultura. Então não é o fato do Click and Collect, isso é só um

símbolo do que pode ser feito em pouco tempo com alguns insights”, Ricardo Ikesaki, diretor.

O QUE AS PERFUMARIAS BRASILEIRAS ESTÃO APLICANDO?

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HORIZONTES DA AMAZONO varejo “Cross-Border” é um conceito também bastante avançado na Amazon, a empresa para o qual todos olham hoje, para tentar entender como será o futuro do varejo em seu contexto mais amplo, especialmente em relação às inovações em operações e logística. Hoje, mais da metade dos produtos que a gigante do e-commerce vende na Europa, no mo-mento em que a compra é feita, o produ-to a ser entregue ainda está na China. Ele só seguirá para o Velho Continente após a conclusão da compra.

Apesar das raízes digitais, a Amazon valoriza muito o varejo físico, tanto que comprou redes de varejo com loja física, assim como o seu concorrente Alibaba. O objetivo? Integrar cada vez mais sua rede, eliminando as barreiras entre o on e o offline.

A varejista norteamericana tem um valor de mercado para lá de expressivo, e tem feito barulho. Ainda mais após a aquisição da Whole Foods, que marcou o ingresso de vez no varejo físico e ajudou no desenvolvimento do Amazon Go, um supermercado “sem atrito” (sem a neces-sidade de contato humano para cumprir todo o processo de compras), com diver-sas tecnologias e inovações embarcadas, que passou a funcionar para valer no fim do ano passado após um período como

piloto. O modelo tem tudo para ser repli-cado em larga escala futuramente.

Para Alberto Serrentino, a aquisição da Whole Foods permitiu que compa-

nhia pudesse decolar no seu modelo de negócio com a “última milha”, que re-presenta justamente a aproximação do cliente com a base operacional, a logísti-ca e, por fim, a capilaridade de uma rede

de lojas bem distribuídas no território americano. “Isso faz toda a diferença. O varejo alimentar é o que menos tem penetração no digital em todo o mundo, por uma série de razões, uma delas eco-nômica”, completa. Além desta ação, a Amazon conta com várias iniciativas em andamento, que são feitas com base em sua essência: processo sem atrito, paga-mento invisível, cultura digital perene e a prática de muitas iniciativas para ver o que funciona. E o que virá pela frente por parte deste varejista deve seguir surpre-endendo. Como bem definiu o guru de varejo Doug Stephens, “a Amazon não é uma empresa de varejo, é uma empresa de dados e tecnologia que eventualmen-te vende coisas”.

O mercado de beleza do Brasil deve analisar com parcimônia a atuação da Amazon. Afinal, são ações e inovações com muita tecnologia embarcada que não devem chegar ao País tão cedo. Mas se existe uma certeza é a de que não se pode desprezar o trabalho deste player. Até porque, cerca de 8% do varejo glo-bal de beleza já é feito via e-commerce. E

estima-se que 1/3 desse total seja comer-cializado pela Amazon e seus parceiros no marketplace. Ou seja, 3% de todos os cosméticos do mundo são vendidos por meio da Amazon.

PÁGINA DA TMALL, DO GRUPO ALIBABA: nela, o mundo pode vender seus produtos para os consumidores chineses sem necessariamente estar presente no país.

SHOPPING DOS COSMÉTICOS“Há três anos, quando participei pela primeira vez do evento de pós-NRF, isso nos deu o alerta de que a gente precisa melhorar o layout

das lojas. E temos um trabalho razoável nas redes sociais, mas a gente tem uma deficiência muito grande que quando um cliente chega na loja procurando uma oferta que foi falada nas redes sociais, muitas das meninas que estão nas lojas não estão sabendo e aí entramos

naquele conflito. E quando fomos para esta NRF, falamos que teríamos de melhorar nossa cultura digital. Temos pensado em colocar o wi-fi gratuito em todas as lojas, pois muitas vezes os nossos funcionários

não têm acesso à internet. Então, este é um dos passos que vamos dar neste ano, para que possamos ter essa linguagem universal dentro da loja para evitar esse tipo de problema. E usar isso para que possamos

desenvolver outras ações internas e essa cultura digital é algo que vamos conquistar com o passar do tempo”,

Robson Machado, diretor.

O QUE AS PERFUMARIAS BRASILEIRAS ESTÃO APLICANDO?

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TECNOLOGIA Varejo

TECNOLOGIA SEMPRE A FAVORSe há algo que sempre alimentou a NRF, este algo é a tecnologia. E o gran-de ponto em torno disto é a acessibili-dade. Afinal, implementar tecnologia exige investimentos, que, em muitos casos, são bastante altos. Entretanto, nos últimos anos, o que tem se visto é um acesso cada vez mais fácil a algu-mas tecnologias e que podem trazer retornos grandiosos. “A tecnologia, até dez anos atrás, dava a sensação de que exigia muito investimento. E isso mu-dou muito. Tudo está numa nuvem, não precisa mais de mega investimentos em servidores. Você contrata tecnologia como serviço, não precisa mais contra-tar grandes empresas. E isso passou a ser acessível para muita gente. Quem tem até três lojas não imagina a quanti-dade de tecnologia disponível, que irá trazer produtividade para as lojas e ex-periência para o consumidor, e que às vezes desprezam porque acham que é muito caro”, destaca Eduardo Terra.

A nuvem é apenas um exemplo de uma tecnologia simples que traz um retorno enorme. Há vários outros que

estão aí à disposição dos varejistas e já não são mais tão novidades assim, mas que estão mais acessíveis, como RFID, Big Data, Analytics e o QR Code – que está voltando com tudo e sendo utili-zado em muitas frentes. Robôs também começam a ganhar força, como o “Bos-sa Nova”, criado por uma startup, que

vem sendo testado pelo Walmart e tem a capacidade de realizar uma audito-ria de estoque para olhar produtos e planograma, além de checar preço em gôndolas e estoque, evitando assim um dos maiores pesadelos do varejista: a ruptura.

Para que o varejista brasileiro, inde-

pendentemente de qual for o seu seg-mento de atuação, possa avaliar qual a tecnologia adequada para o negócio dele, ele deve pensar sempre em duas coisas: se é para melhorar a experiên-cia do cliente ou se serve para melhorar a eficiência do seu negócio. “Se eu for investir em alguma coisa e isso não for

trazer mais experiência ou eficiência, está errado”, crava o sócio do grupo BTR & Varese. Grasiela Tesser, diretora Comercial da NL Informática, acredita que o desafio é o de simplificar o varejo com a sofisticação da tecnologia. “Tec-nologia não pode dar medo. Ela tem que ser algo que nos ajude a melhorar nossos negócios, para ter excelência. A tecnologia está mais sofisticada, mas não quer dizer cara, e sim que ela está na nossa mão”, compara.

DINHEIRO “INVISÍVEL”Uma das tecnologias que mais tem atendido aos requisitos de gerar ex-periência ao cliente e eficiência ao negócio é a que envolve plataformas de pagamento móvel, outro insight da NRF deste ano. Diversas experiências já em uso em vários lugares do pla-neta nos levam a imaginar que um mundo sem dinheiro físico já não é mais um cenário tão distante assim. O salto dado pelas criptomoedas recen-temente é um bom indício, mas não é algo que os varejistas de beleza não precisam se preocupar tanto, ao me-nos neste momento.

A questão do pagamento móvel é algo recorrente e que precisa estar na agenda de compromissos de todos os varejistas já neste ano. Eduardo Terra lembra o quão chato é o processo tra-dicional de pagamento no varejo. “Ele

ALBERTO SERRENTINO, DA VARESE RETAILAND MORE: se for investir em alguma coisa e isso não for trazer mais experiência ou eficiência, está errado.

LEO COSMÉTICOS “Nos anos anteriores, quem foi (à NRF) foi meu irmão Fábio (Kai,

proprietário). Colocamos em prática engajamento e estrutura de loja. A lição que ele teve há dois anos foi o engajamento. Hoje eu acredito muito que temos uma perfumaria, mas temos produtos, como toda

a rede ou franquia têm. E o principal de tudo isso são pessoas, então a gente focou na gestão de pessoas. Fizemos convenções, demos oportunidades para elas e treinamento. A gente trabalhou forte a gestão de pessoas sim e vamos colocar em prática todas essas

tecnologias que vimos em 2018”, Flávio Kai, diretor de Marketing e Vendas.

O QUE AS PERFUMARIAS BRASILEIRAS ESTÃO APLICANDO?

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envolve risco, de não receber, assalto, furtos, etc; custo, como taxas de car-tão; e a pior parte, que é a experiência do cliente, com filas e troco. Este é um ponto que todos deveriam repensar, que é a maneira como cada um recebe os seus clientes”, pontua.

Em algumas poucas experiências, os caixas (checkouts) já começaram a deixar as lojas físicas de alguns players. O Boticário, por exemplo, inaugurou no final de novembro, no Rio de Janei-ro, um novo formato de loja com uma série de inovações, sendo que uma delas é que as próprias atendentes são responsáveis por fechar a venda e rea-lizar o recebimento do pagamento. Na China, o QR Code tem sido muito uti-lizado para este fim. Como ilustração do avanço desta tecnologia, nas ruas de Shangai já há mendigos pedindo esmolas utilizando seus próprios QR Codes, que estão ligados às suas contas bancárias.

Com a evolução do pagamento móvel, a tendência é haver uma redu-ção das taxas de pagamento, do custo de operação da loja e, principalmente, uma melhor experiência para o cliente. “O mundo vai estar cada vez mais den-tro do celular. Hoje, 6% de tudo o que se vende no varejo do mundo é pelo celular”, ilustra Terra, que faz um con-vite aos varejistas. “Comecem a cobrar as empresas responsáveis pelos siste-mas, que não são muitas, para saber o que podem oferecer para tirar o caixa de suas lojas. E o que eles podem fazer para te ajudar”, sugere ele.

VAREJO CERTEIROAcredite! A segmentação no varejo é coi-sa do passado. Hoje a experiência pre-cisa ser percebida como individualizada e personalizada, que é a premissa do insight “Bespoke retail”, ou “varejo sob medida”. No “Bespoke retail”, o clien-te compra como quiser, seja pelo celu-lar, internet, venda direta ou loja. Tudo com uma integração da tecnologia, para ter sortimento de produtos, serviços e ofertas personalizados, e a entrega da maneira que ele preferir. É, em alguma medida, uma mistura dos conceitos de consumer centric (que coloca o consumi-dor no centro da operação da loja) com o omnichannel, que faz com que o pro-duto esteja à disposição do consumidor, quando e onde ele quiser.

O Uber é apontado como exem-plo nesse caso, ao fazer uma alquimia de soluções de tecnologia que já exis-tiam para resolver um problema. Este insight também está ligado a outro conceito, que é o “Clienteling versus storyteling”. De acordo com Grasiela, da NL Informática, hoje o consumidor vai comprar de quem ouvir a história dele. “Ele está dizendo quem ele é, o que ele quer, cada vez mais. E cada vez

mais ele deixa rastro, deixa informação, ele acha que está sendo ‘hackeado’. Ele pesquisa, diz o que quer”, sinaliza ela.

Os outros três insights trazidos pelos especialistas também cercam as mudan-ças pelas quais o varejo vem passando. A “transformação digital e de ecossis-temas” mostra que esta transformação é algo recorrente e não representa mais

um ambiente de competição entre va-rejistas de um determinado canal. Esta competição tem acontecido entre gran-des ecossistemas, que, segundo Alber-to Serrentino, é um modelo de negócio cada vez mais comum no qual empresas do mundo digital rompem fronteiras e começam a integrar comércio, comércio eletrônico, plataforma e serviços e ven-das de serviços e marketplace. Outro insight diz respeito à importância da “li-derança digital”. Ou seja, não haverá ne-nhuma “transformação digital” se quem comanda o negócio não estiver disposto a isso e não tiver “cultura” para isso. “Trata-se de um desafio brutal, porque as empresas terão de ter novos perfis de gente, novas habilidades, novas compe-tências e alguém vai ter de conseguir or-questrar tudo isso”, salienta Serrentino, da Varese.

Por fim, o último insight diz respei-to à loja física e seu significado e repre-sentatividade. Questionamentos sobre onde começa e termina uma compra online ou offline não devem existir. “Uma loja é um ponto de venda, mas é também um ponto de compra, um pon-to de entrega, um ponto de logística, de serviços, de soluções. É um espaço onde as pessoas vão aprender, vão se inspirar, experimentar, conviver com outras pes-soas, vivenciar experiências. Ela pode ser uma, algumas ou todas as opções ao mesmo tempo, desde que as operações, as lojas e aquilo que se concebe como es-paço de relacionamento da marca com o cliente tenha pouco atrito e muita expe-riência”, finaliza Alberto Serrentino.

SOLUÇÃO COSMÉTICOS“Voltei com a ideia de montar o

nosso e-commerce e já começamos a trabalhar na plataforma que

pretende unificar a operação das lojas físicas com as lojas virtuais.

Vamos oferecer a opção de compra pela internet e retirada dos produtos

na loja física”, Caio César Vieira de Freitas, sócio.

THALIA PERFUMARIA“Voltei com uma necessidade quase incontrolável de inovar.

Nosso objetivo agora é começar o e-commerce. Para isso, estamos trabalhando na informatização das

operações”, Gabriel de Brito Pinho, diretor.

SUMIRÊ“Nos últimos quatro ou cinco

anos, temos nos dedicado a cuidar das pessoas, para construir um

propósito muito sólido, uma casa de valores muito bem definida. A tecnologia não está fora do radar,

ela é importante, mas o calor humano é fundamental”, Minoru Kamachi, proprietário.

O QUE AS PERFUMARIAS BRASILEIRAS ESTÃO APLICANDO?

O QUE AS PERFUMARIAS BRASILEIRAS ESTÃO APLICANDO?

O QUE AS PERFUMARIAS BRASILEIRAS ESTÃO APLICANDO?

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TECNOLOGIA Varejo – Exemplos

52ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

CONHEÇA ALGUNS EXEMPLOS DE AÇÕES DENTRO SETOR DE BELEZA DE PLAYERS QUE PROCURAM UTILIZAR A TECNOLOGIA PARA TRAZER AINDA MAIS EXPERIÊNCIA AO CONSUMIDOR E TAMBÉM EFICIÊNCIA PARA O NEGÓCIO >>> RAFAEL MENDONÇA

Na base da tecnologia

ELIZABETH ARDEN Um dos exemplos destacados pelos espe-cialistas é o da Elizabeth Arden, que mon-tou um conceito novo de loja no final do ano passado, um piloto em Nova Iorque chamado “Red Door”. Segundo Alberto Serrentino, os grandes componentes que distinguem esta loja são: serviços e muita experimentação. “Esta loja tem salão de beleza, tem explicação de produto, custo-mização de maquiagem e tem muita inte-ração com o produto”, observa.

INTELA multinacional norteamericana criou um espelho inteligente que permite, a partir de realidade aumentada, fazer uma simu-lação de maquiagem de forma simples. É possível criar um look aplicando batom, trocar as cores, analisar a cor e a sutileza

das tonalidades pelo espelho. Pode-se também testar outros cosméticos, como blush, sombras, etc. Trata-se de uma pra-teleira infinita de opções, em que é pos-sível realizar testes. O próximo passo é, além de oferecer a experimentação de forma prática, usar a inteligência artificial para dizer que, com determinadas rou-pas, as makes “x” são as mais escolhidas ou para o batom “y”, costuma-se usar o blush “z”. Em resumo, com a Inteligência Artificial, o objetivo é fazer um upselling.

NYX As lojas da NYX, marca de maquiagem adquirida pela L’Oréal em 2014, na visão de Alberto Serrentino, oferecem uma experiência de varejo completamente sintonizada com aquilo que as novas ge-rações digitais (millennials e geração Z) buscam numa loja, que é um ambiente no qual as pessoas têm vontade de estar. “Não é um lugar para se comprar coisas, é um lugar para se vivenciar experiên-cias, para construir uma consistência. É uma loja vibrante, que tem música, que tem experimentação e um ambiente digital e que tem tecnologia. Uma loja onde o público-alvo da marca certa-mente gosta de estar e vai ter vontade de voltar, e vai ter vontade de comprar. E é isso que vai fazer se manter as lojas relevantes”, descreve.

Apesar de o varejo brasileiro ainda estar alguns passos atrás no sentido de ofere-cer novas e modernas opções em termos de tecnologia em suas lojas, há sempre players que buscam, de alguma manei-ra, aplicar uma tecnologia mais avan-çada em seus negócios. Esta aplicação,

como bem analisou os especialistas em varejo Alberto Ser-rentino, fundador da consultoria especializada Varese Retai-land More, e Eduardo Terra, sócio-diretor da BTR Educação e Consultoria, devem ser capazes de corresponder ao menos

a uma dessas duas situações: gerar experiência ao cliente e eficiência ao negócio.

E esses gratos exemplos de ‘players tecnológicos’ também estão dentro do mercado de beleza. Geralmente, quem tem conseguido ser eficaz na parte de gerar experiência ao consu-midor são varejistas que estão envolvidos com a categoria de maquiagem, em que a experimentação é forte aliado e há bons meios de se fazer isso, claro, gerando experiência também. Abaixo, alguns exemplos de ações que vêm sendo realizadas no setor e que, de alguma maneira, estão ligadas com insights e tendências vistas durante a NRF deste ano.

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53 # 159 | JAN/FEV 2018 ATUALIDADE COSMÉTICA

REVIEVEUma startup finlandesa desenvolveu um aplicativo e, por meio de um tablet, o con-sumidor responde a algumas questões, tira uma selfie e o algoritmo da tecnolo-gia faz uma análise do rosto da pessoa; verifica se há brilho na pele, presença de espinhas, cravos, pés de galinha, entre outros detalhes estéticos e, a partir disso, sugere produtos para o tratamento dessa pele. Serve tanto para um atendente de loja, como uma opção de aplicativo para se usar em casa.

SEPHORA A Sephora iniciou pela Europa, no ano passado, o roll-out de uma loja com novo conceito, baseado em proporcionar muita experiência ao consumidor. Conta com um espaço chamado “Beauty Hub”, que possui aplicativos digitais para testar pro-dutos, terminais conectados para realizar compras, uma mesa com tutoriais de be-leza, entre outros serviços. “Sem dúvida, a Sephora reinventou aquilo que é a ex-periência de loja, de marca e as formas de integrar o ambiente físico e o ambiente digital para entregar mais valor para o cliente final”, avalia Serrentino.

O Boticário é uma das empresas dentro do setor de beleza que mais ten-ta aplicar tecnologia em seu negócio. Agora, a maior rede de franquias do mundo realizou uma parceria com a empresa de software de gerenciamento SAP para desenvolver as “Prateleiras Inteligentes”. Trata-se de um protótipo de uma solução que soma tecnologias de Aprendizado de Máquina (machine learning) com Inteligência Artificial e monitora em tempo real o estoque, que pode acionar a produção. Isso permiti-rá que, assim que o consumidor reali-zar a compra e o item sair da prateleira, a reposição será acionada instantanea-mente. “Pelo lado na indústria, quanto mais a gente conhece o que está aconte-cendo no varejo, mais a gente consegue controlar o que está acontecendo na nossa cadeia e mais a gente consegue entregar uma experiência para o con-sumidor. Então, eu garanto que não tenha ruptura na minha prateleira”, avalia Estela Cunha (foto), Co-founder do BotiLabs, o laboratório de inovação de TI do Grupo Boticário.

A prateleira inteligente conta com uma câmera e o procedimento consis-te em “ensinar” ao mecanismo quais são os produtos, para quando algum deles for retirado, tanto a loja quanto a indústria saiba em tempo real, para fazer a reposição correta, na prateleira e no estoque.

No momento, O Boticário está buscando o melhor meio de viabi-

lizar esta tecnologia para a rede, se este método será utilizado em todos os modelos de suas mais de 4.000 lo-jas, entre outros pontos. “Hoje a gente fala da tecnologia, mas temos de es-tudar o modelo de negócios porque existe o interesse da indústria, mode-lo do franqueado, da gerente de loja. E a gente quer que todos estejam ca-sados”, conta Estela, que lembra que esta tecnologia não está sendo desen-volvida apenas para O Boticário. Sen-do assim, será possível que ela possa ser utilizada em outros modelos de negócio do grupo, como a The Beauty Box e quem disse, berenice?

Embora ainda esteja na fase de se buscar uma ou mais lojas para realizar testes desta tecnologia, é importante observar o potencial que ela possui dentro de um negócio como de O Bo-ticário. É possível pensar além dessas ações que a prateleira inteligente per-mite, afinal, a partir de um controle maior de entrada e saída de produtos, isso possibilita até num melhor tra-balho com previsão de demanda, por exemplo. Com a tecnologia pode-se olhar também quantas vezes os testers foram tirados das prateleiras e quan-tas vezes isso resultou numa venda, trazendo assim a taxa de conversão deste artifício. Para o futuro, quando tudo estiver funcionando da maneira que Estela gostaria, isso trará ganhos significativos em termos de eficiência para o negócio.

O BOTICÁRIO E SUAS PRATELEIRAS INTELIGENTES

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Como a tecnologiaaplicada estátransformandoa indústria.A competitividade a partir de uma novarealidade em gestão de negócios,processos e inovação.

1112Set.2018

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Atualidade Cosmética põe os pés na estrada para trazer as histórias e particularidades de quem

constrói o mercado de beleza País a dentro

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56AtuAlidAde COSMÉtiCA # 159 | jAn/fev 2018

especial ceará

O mercado cearense de cosméticos não é nem o maior, nem o que tem o maior número de indústrias. De acor-do com a ANVISA, 67

empresas locais estão aptas a operar no mercado de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. Dessas, 19 são filiadas ao Sindquímica, que representa as indústrias cosméticas no estado. O faturamento esti-mado das indústrias locais gira entre R$ 120 milhões e R$ 150 milhões.

Mas basta conversar com os empre-sários cearenses da indústria e do vare-jo de beleza para se assegurar de uma

TRADICIONAL, A INDÚSTRIA DE BELEZA DO CEARÁ NÃO SAI CORRENDO PARA SEGUIR QUALQUER ONDA QUE APAREÇA. O QUE NÃO QUER DIZER QUE SUAS EMPRESAS NÃO ESTEJAM ATENTAS AO QUE SE PASSA NO MERCADO >>> aûani cusma de paula

Não tão ágeis, mas sempre pra frente

coisa: eis um povo que não tem medo de “cara feia” e que não reclama à toa. É verdade que os governos locais, desde o primeiro mandato do ex-governador Tasso Jereissati, no início dos anos 1990, têm dado grandes incentivos às indús-trias que produzem localmente. Isso ajudou a tornar o estado competitivo e permitiu o avanço de grandes grupos empresariais como Edson Queiroz, M Dias Branco, J Macedo e até mesmo va-rejistas como a Pague Menos por todo o Brasil; embora isso reflita uma guerra fiscal que também pune as indústrias lo-cais em certos estados, inclusive a Bahia.

Isso ajudou a criar uma cultura no es-

tado que se reflete numa indústria de be-leza que dentro das suas limitações, tem sido dinâmica para se modernizar e evo-luir com sua oferta de produtos, de olho em categorias de maior valor agregado e, também, em modernizar sua oferta para atender aos gostos e anseios de novos consumidores. “A indústria do Ceará é dinâmica. Temos muitas empresas pe-quenas aqui que tem visão, vão buscar o que está acontecendo lá fora e estão crescendo”, acredita Paulo Gurgel, fun-dador e presidente da fabricante local Ci-gel. Mas, tudo isso é feito sem abrir mão das suas características, que envolve ser muito tradicional. A indústria cearense

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57 # 159 | jAn/fev 2018 AtuAlidAde COSMÉtiCA

ORLA DE FORTALEZA: o mercado cearense é dinâmico e eclético.

não é novidadeira, daquelas que vão sair correndo para seguir as invencionices que volta e meio “bombam” no merca-do de beleza. Suas empresas costumam concentrar suas vendas nas regiões Nor-te e Nordeste, com forte destaque para o próprio Ceará, que responde pela maior mercado para as empresas locais.

Diferentemente do que acontece em outros mercados do Nordeste, a atuação das indústrias locais é mais diversificada em termos de categorias, com destaque para sabonetes antissépticos e íntimo, ba-nho de lua e água oxigenada e repelentes.

Os produtos para os cabelos não rei-nam absolutos por lá, embora natural-mente tenham seu espaço no portfólio das indústrias locais. Eles foram o ponto de partida na história da Cigel, fundada em 1986 e que começou fabricando sham-poos. Com dificuldade para introduzir os produtos nos distribuidores e grandes varejistas, ela foi encontrar seu espaço nas periferias, vendendo diretamente para o pequeno varejo e salões de beleza. Ao se destacar nas prateleiras dos “mercadi-nhos”, a marca chamou a atenção primei-ro dos atacadistas e, logo na sequência, dos maiores distribuidores do estado. A partir daí, a Cigel começou a galgar es-paço nas principais redes de varejo com a

sua marca Alyne e alcançou a liderança no estado e no Norte do País nas categorias de água oxigenada cremosa e acetona.

Em shampoos e condicionadores, a marca figura entre as mais vendidas no Ceará, dividindo prateleiras com gigantes como Unilever e L’Oréal. A estratégia da empresa não tem muito segredo, oferecer um produto de qualidade por um preço cerca de 25%, 30% mais baixo do que as marcas líderes tradicionais. E, nessa bati-da, a marca vem crescendo ano após ano, na base de um dígito alto, superando os dois dígitos em alguns casos. Já a compa-nhia como um todo vem sustentando um crescimento na casa dos dois dígitos nos últimos anos. “Somos tradicionais, mas não conservadores. Estamos sempre re-novando as nossas linhas e introduzindo novidades”, conta o fundador da com-panhia, que além de Alyne, produz as marcas Aseplyne, de sabonetes antissép-ticos; Delicardem, de sabonete íntimo e corporal; e o repelente Repele Mais. Com vendas estimadas entre R$ 35 milhões e R$ 40 milhões ao ano e mais de 200 fun-cionários, a Cigel é hoje a maior empresa de cosméticos do Ceará e uma das cinco maiores do Nordeste. A companhia tem foco de atuação nas regiões Norte e Nor-deste e atua, principalmente, via distribui-dores especializados, os DEC´s e outros atacadistas e distribuidores.

O atendimento ao varejo especiali-zado e aos varejistas nacionais, como o Cencosud, dono de bandeiras como G. Barbosa e Perini, e a rede de drogarias ce-arense Pague Menos, é feito diretamente pela Cigel. Aliás, o canal farma é um foco de expansão para a empresa, que busca se aproximar de distribuidores de medica-mentos no Nordeste.

Como é a tônica entre os empresá-rios de beleza do Ceará, Paulo não corre para seguir (e nem para lançar) a última moda do mercado. O fato de não seguir “ondas”, entretanto, não quer dizer que a Cigel não olhe para novas oportunida-des de mercado. A estratégia da empresa para saber se a oportunidade vale a pena é traçar uma linha-piso nas vendas de pro-dutos que são o hit do momento no setor. “Aquele produto vai ter o ‘boom’ e de-pois, naturalmente, vai ter uma queda. Se as vendas caírem até o nível que a gente traçou e a partir daí seguirem numa linha

reta, a gente entra”, conta. Paulo diz que muita gente reclama que a Cigel demora para lançar seus produtos. Mas, como diz o empresário, ele entra na estabilidade. “Se eu lanço o produto rapidamente para pegar o ‘boom’ de vendas, o que é que vai acontecer? A gente vende muito, estoca o distribuidor e o lojista e aí, de repente, aquilo deixa de vender. É um tal de clien-te ligando, querendo devolução e, se você não aceita a devolução, você gera atrito com o cliente. É um stress muito grande”, lembra Paulo, que viveu uma situação as-sim com o álcool gel durante o surto de H1N1. “Por isso que a gente não entra nesses movimentos bruscos”, emenda.

A Cigel reformulou a linha capilar, com novas fórmulas, fragrâncias e visual. E nela traz opções para cabelos matizados e cacheados, dois segmentos que explo-diram, mas se provaram sustentáveis. O empresário vê como uma tendência natu-ral da empresa entrar cada vez mais em categorias de maior valor agregado e – apesar de ser uma companhia que opera em mercados de grandes volumes – apro-veitar oportunidades que existem para desenvolver nichos ainda pouco explora-dos dentro do universo de clientes da em-presa. Outro foco de atenção é o início de uma expansão para a região centro-oeste.

O consumidor da Alyne é, majorita-riamente, de classe C/D, de 20 a 35 anos. E é um público de tradição, que tem vín-culo histórico com os produtos. “Mas é claro que tem o consumidor de marcas tradicionais que, num mês mais apertado, migra para a Alyne e acaba gostando e fi-cando, porque o produto é mais barato e tão bom quanto. É uma compra racional”, compara Paulo.

Para conseguir entregar um produto de qualidade, por preço baixo e, ainda ser economicamente saudável, a Cigel gere seus custos com mão de ferro. E investe constantemente em busca de mais eficiên-cia. Em 2015, a empresa realizou grandes investimentos na automatização da pro-dução, para compensar o espaço reduzido da planta (15 mil m2) para o padrão atual da empresa. Tanto que ela mantém um departamento de engenharia responsável por garantir o aproveitamento máximo da estrutura da empresa, que já roda 24 ho-ras por dia, sete dias por semana. A Cigel também sopra suas próprias embalagens,

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especial ceará

em equipamentos que chegam a produzir 10 mil frascos/hora. Mesmo com toda a inteligência demercado disponível, existe um limite para avançar sobre as leis da física. Paulo conta que está em busca de uma área, com pelo menos 80 mil m2, para erguer uma nova planta já pensando em suportar o crescimento futuro da empre-sa. “Se eu construisse uma fábrica com o dobro do tamanho atual, seria o suficiente apenas para organizarmos melhor e com um pouco mais de conforto as linhas e equipamentos que temos hoje. A capaci-dade de produção seria, basicamente, a mesma”, diz o empresário. O investimen-to no novo espaço deve ser realizado nos próximos anos e consumir, ao menos, R$ 12 milhões, fora investimentos em novas linhas e equipamentos.

Pronta Para crescerSe a Cigel planeja para os próximos anos a construção de uma nova planta, a Biomá-tika já está com a sua nova fábrica rodan-do. Construída com investimentos de R$

5 milhões, a planta é, de acordo com o seu presidente José Dias, a unida-de produtiva modelo para a Anvisa em todo o Ceará.

Quando decidiu criar sua em-presa, o empresário tinha em mente exportar produtos desenvolvidos com base em ingredientes dos seis biomas brasileiros (por isso o nome Biomátika). A companhia até ven-deu alguns produtos para Portugal e Espanha, mas, durante uma fei-ra na Bahia, chamou a atenção de uma grande rede de São Paulo, que gostou do portfólio e convenceu José a desenvolver os produtos de marca própria para a varejista. Na sequência, a Pague Menos também enxergou potencial e começou a demandar desenvolvimentos para suas marcas próprias. Embora pa-ralelamente a empresa continuasse desenvolvendo os seus próprios produtos, na prática a Biomátika acabou se convertendo numa gran-de terceirizadora, desenvolvendo

itens para grandes redes varejistas do ca-nal farma, distribuidoras e, até para uma empresa de venda direta chilena, cujo os cosméticos de apelo natural desenvolvi-dos pela cearense são vendidos em países da América do Sul e da Europa.

Hoje, o negócio para terceiros repre-senta 80% da receita da Biomátika. E o mesmo percentual dos produtos que saem de sua fábrica em Caucaia acaba sendo vendido no canal farma, no qual atuam os maiores clientes da empresa.

Farmácias e drogaria também são o canal mais importante para a venda dos produtos da marca Biomátika, que ao longo dos anos desenvolveu uma linha de itens mais básicos de higiene pessoal para o canal, como sabonetes para mãos, sabonete íntímo, álcool gel e, mais recen-temente, repelentes. Todos eles posiciona-dos numa faixa de 1º preço. Das cerca de 3.600 farmácias no estado, incluindo lojas de redes como Pague Menos, Extrafama e Farmácia do Trabalhador Brasileiro, José Dias acredita estar em praticamente

todas. Sendo assim, por estar nas redes, a marca tem presença em todo o Brasil. E, atualmente, a companhia negocia cerca de oito grandes projetos de desenvolvimento para terceiros, incluindo dois laboratórios farmacêuticos, para a fabricação de der-mocosméticos.

Mesmo com toda essa movimentação, a Biomátika está decidida a fortalecer o seu portfólio próprio. Nos próximos anos, a empresa espera conseguir elevar para 50% a participação das vendas das suas marcas no resultado total da companhia. “Como passamos muito focados na ter-ceirização, acabamos deixando as nossas marcas um pouco de lado. Mas, agora, vamos retomar”, pontua José Dias. Para isso, está apostando no desenvolvimen-to de produtos de maior valor agregado, especialmente nas linhas de tratamento cosméticos. Conta com um departamento de inteligência comercial, que identifica quais categorias e produtos oferecem es-paço para essa nova fase da empresa. “O portfólio de itens mais básicos foi impor-tante para acessarmos às farmácias. Mas agora vamos crescer com produtos mais sofisticados”, acredita ele.

A Biomátika tem olhado muito para itens como shampoos antiqueda e anti-caspa, além de itens de tratamento fa-cial. O primeiro marco dessa nova pro-posta foi o lançamento da Água Micelar Biomátika, com dez benefícios e preço de R$ 25, cerca de 15% abaixo da marca de referência no mercado de mass ma-rket. As vendas têm sido um sucesso, de acordo com o empresário.

A empresa tem se estruturado para essa nova fase do negócio. Primeiro com a entrada de um sócio, a Dupar Partici-pações, que adquiriu uma fatia da com-panhia. Os recursos foram usados majo-ritariamente na construção de sua atual unidade fabril. Com 50 funcionários e vendas anuais estimadas em R$ 11 mi-lhões, a Biomátika investiu R$ 5 milhões na nova estrutura produtiva. É isso que tem permitido avançar com projetos de private label para redes de médio e grande porte, ao mesmo tempo em que acelera o desenvolvimento das suas marcas.

Também renovou toda a equipe de vendas, para atuar de forma mais estra-tégica e está investindo mais em opera-ções nos pontos de venda e, obviamente,

pAuLO guRgEL, DA cigEL: líder no estado, a empresa deve investir mais de R$ 10 milhões numa nova planta capaz de suportar o crescimento da companhia.

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em ferramentas de construção de marca e comunicação. “Passamos a pensar e a desenvolver matérias de merchandising adequados a cada canal e a trabalhar mais fortemente a nossa presença digi-tal. Não vamos mais só vender produto, estamos correndo para construir o nosso nome”, explica Renan Dias, filho de José e hoje responsável pela modernização do marketing e da comunicação da compa-nhia. Ele reforça que a tendência é de atu-ar de forma mais nichada e com novas marcas inclusive, mantendo a Biomátika como marca institucional.

tradição de berço Antes de iniciar a Biomátika, José Dias trabalhou na empresa da família, o Labo-ratório Madrevita, um dos mais antigos e tradicionais fabricantes do estado. Funda-do em 1955 pelo casal José e Suzete Dias Vasconcelos, o laboratório atuava princi-palmente no mercado de medicamentos e correlatos, fabricando itens como dipi-rona, antimicóticos e soro. Na década se-guinte, expandiu os negócios e adquiriu o sabonete líquido antisséptico Aseptol, entrando na área de cosméticos. Ainda hoje o carro-chefe da empresa, Aseptol é um produto icônico da indústria cosméti-ca cearense e um campeão de vendas. Foi criado pelo médico Menton de Alencar como uma declaração de amor à sua mu-lher. O blend exclusivo de ingredientes se-gue inalterado até hoje. Atualmente, além da fragrância original, a linha conta com mais duas versões de fragrâncias e dife-rentes formatos de embalagens. A com-panhia também atua em outras categorias como sabonete íntimo, como a marca Der-manyx; gel de massagem, repelente, an-tisséptico bucal, shampoos, entre outros. Com 75 funcionários e vendas estimadas em R$ 15 milhões ao ano, a Madrevita tem a maior parte dos seus negócios no pró-prio estado do Ceará. Os distribuidores e o atacarejo representam os canais mais importantes para a companhia, que tam-bém tem presença forte em redes do va-rejo farma e do canal especializado, cuja expansão tem sido acompanhada de per-to pela empresa.

Diretora responsável pela área de Negócios e Planejamento da compa-nhia, Suzanne Vasconcelos diz que a tem trabalhado com mais afinco para

retomar uma maior presença em outros estados do Norte e do Nordeste. “São praças nas quais nossos produtos estão presentes, mas que precisamos fazer um trabalho mais próximo e expressivo”, conta a empresária.

Mesmo no Ceará, a Madrevita tem realizado investimentos para estar mais próxima do mercado. Em 2017, realizou mais investimentos em Marketing e Pu-blicidade com foco no posicionamento e na fixação da marca. “Essa movimentação refletiu bastante no mercado. Se você não está presente, não é lembrado. Agora, os próprios clientes têm nos procurado mais para participarmos de ações conjuntas”, comemora Suzanne, para quem esses in-vestimentos ajudaram à empresa a cres-cer, ainda que ligeiramente, mesmo em meio ao cenário difícil dos últimos dois anos. O produto tem um preço bastan-te competitivo no mercado. O frasco de um litro, formato mais vendido, custa em média R$ 25. Já a versão de 200 ml é en-contrada por cerca de R$ 8 no varejo local (mas chega a R$ 9,50 pelo site da Pague Menos acessado de São Paulo).

Para quem tem como carro-chefe uma marca centenária, as mudanças são sem-pre mais desafiadoras. “O Aseptol é um produto tradicional, antigo, mas não ul-trapassado”, afirma Suzanne. Para ela, a qualidade e a credibilidade da marca aca-bam respaldando junto aos consumidores os outros produtos do fabricante. Isso não

quer dizer que a empresa não tenha a no-ção de que é preciso modernizar o por-tfólio da companhia e, particularmente, a imagem do Aseptol. “Nos deparamos com esse desafio. Precisamos dar um up-grade na embalagem para que o produto possa se posicionar melhor. O público é tão fiel que qualquer coisa que você muda as pessoas ligam para cá”, explica a dire-tora da Madrevita. Embora tenha as clas-ses C/D como consumidores principais da Madrevita, particularmente o Aseptol é o tipo de produto que ‘o avô usava, o pai usava, e agora eu uso’. Suzanne ava-lia a criação de novas versões do produ-to, visando um público mais jovem e que permita um sopro de ar fresco à imagem da marca.

Além da modernização da marca Aseptol, Suzanne, que comanda a empre-sa ao lado de dois irmãos e da mãe, Su-zete, que aos 89 anos ainda dá expediente todos os dias na sede da empresa, avaliam investimentos na melhoria do maquinário ainda para este ano. “Precisamos nos or-ganizar para dar vazão ao crescimento. Hoje rodamos apertados”, reconhece a empresária. Isso deve se refletir em um maior processo de automação das linhas e na adoção de reatores maiores, que per-mitam ampliar os lotes de Aseptol. Hoje, a empresa produz cerca de sete mil litros do produto de segunda a sexta e, eventual-mente, aos sábados. A fabricante também está olhando com mais atenção para o de-

suZETE E suZAnnE vAscOncELOs, DA mADREviTA: a fabricante do Aseptol busca o equilíbrio entre a necessidade de se modernizar sem abrir mão da tradição de uma marca centenária.

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especial ceará

senvolvimento de novos produtos para ampliar os negócios da com-panhia, especialmente na catego-ria de tratamento de pele, uma linha com a qual a Madrevita tem familiaridade e que ainda oferece espaço para crescimento.

Pequenos em busca de esPaçoO produto mais característico da indústria local é o Banho de Lua, um processo mais completo de clareamento dos pelos do corpo, que o aproxima de um ritual de spa. Trata-se de um item básico para as pequenas e médias em-presas locais, como as também tradicionais Laborene e Corpo Dourado, que vendem os kits não só no varejo do estado, mas por todo o Brasil.

Embora emblemático e com espaço garantido no mercado, o Banho de Lua não representa uma armadilha como o umidificador de cabelos representou para muitas indústrias baianas, que de tão dependentes do produto, não viram que ele acabou batendo de frente com as tendências de beleza natural e valori-zação dos cachos. Ao que tudo indica, o espaço reservado ao Banho de Lua não deve ser ocupado por nenhum outro pro-cedimento. Mas ele também não é capaz de gerar uma grande diferenciação para as empresas locais que querem alçar um lugar de destaque no competitivo cenário da beleza local e, porque não, nacional.

Algumas companhias jovens estão em linha com a característica empreen-dedora do cearense, buscando desbravar espaços ainda não ocupados no merca-do, especialmente em outros canais que não o varejo tradicional, apostando em diferenciação e buscando um posiciona-mento de mercado em faixas de preços mais atrativas.

É o caso da Sônia Mesquita, uma rede de salões especializados em trata-mentos capilares, com destaque para os tratamentos de queda dos cabelos e que desenvolveu uma linha de cosméticos utilizadas e vendidas nos seus salões. A história da marca remonta ao início dos anos 1980, quando Sônia e suas irmãs controlavam um salão de beleza e a ca-

beleireira fez um curso de maquiagem corretiva. E, à medida em que aplicava a maquiagem nas sobrancelhas das clien-tes, ela percebeu que os pelos voltavam a crescer. “Ela ficou intrigada com aquilo e começou a pesquisar para entender e a fa-zer experiências e testes no couro cabelu-do. E aquilo foi dando certo”, lembra Ieda Mesquita, irmã e sócia de Sônia. A partir daí, ela direcionou o salão para os trata-metos de crescimento dos cabelos e contra a queda e desenvolveu algumas loções de tratamento para este fim.

O produto não tinha marca, era a “Lo-ção da Sônia”. No começo, elas eram fa-bricados numa farmácia de manipulação, pela farmacêutica Laura Moraes. Foi ela quem deu suporte técnico à criatividade e às inovações propostas pela cabeleireira. “A Sônia tem um cohecimento empíri-co. Ela foi a fundo e estudou muito para entender o potencial de cada ativo e de como eles poderiam ser combinados para atingir os resultados que ela esperava”, conta a farmacêutica. Só que o sucesso em Fortaleza foi tão grande que a farmácia de manipulação não poderia continuar pro-duzindo as loções.

Nessa época, as irmãs chegaram a procurar por terceiristas para fabricar os

produtos em escala industrial, mas além dos volumes pequenos, existia muito receio da parte delas, espe-cialmente em relação à confiden-cialidade da fórmula. Foi quando Ieda aventou a ideia delas mesmas montarem uma fábrica para ter o controle sobre o processo de pro-dução e avançar com a marca no mercado. “Quando contei a ideia, a Sônia achou que era loucura, mas re-almente acreditava que era o melhor caminho”, lembra Ieda.

Esse foi o embrião da Fibravite, a indústria criada pelas irmãs e os ou-tros sócios do salão Sônia Mesquita. Ideia aceita e, em 2012, começou o projeto e o planejamento para a em-preitada. A primeira produção, entre-tanto, só saiu em setembro de 2015.

Ao mesmo tempo em que foi criada pensando em desenvolver os

produtos da Sônia Mesquita – que além dos itens utilizados pelos profissionais nas três unidades da rede, comercializa os kits de manutenção na faixa dos R$ 400; e outras marcas da própria empresa –, a Fibravite viu um nicho de mercado sem ninguém para atender e tratou de fisgá--los: o da terceirização de volumes me-nores de produtos. “Olhamos muito para empresas que vão fazer produções de 200 kg. Um terceirista maior não vai colocar uma produção dessa num reator de uma tonelada”, diz Josino Medeiros, sócio-di-retor da Fibravite.

A demanda tem sido surpreendente e a jovem empresa já se prepara para in-vestir numa nova linha de produção, tam-bém para atender a pequenos volumes e dar vazão à demanda que a empresa tem recebido. O investimento para isso deve girar ao redor dos R$ 200 mil.

Com dez funcionários, as circunstâ-nicas levaram a Fibravite a focar mais na terceirização neste momento. Mas, a em-presa não perde de vista a missão para qual foi criada e segue desenvolvendo suas próprias marcas, tanto para o vare-jo quanto para o segmento profissional. Mesmo companhias maiores e com uni-dades industriais próprias têm recorrido à terceirista para a produção de itens mais especializados e de menor volume.

O fato de estar atrelada a uma rede de salões oferece uma vantagem competitiva

jOsé E REnAn DiAs, DA biOmáTikA: investimentos de R$ 5 milhões na infraestrutura

dão segurança à expansão da empresa.

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e tanto para a companhia das irmãs Mes-quita. “Ali nós conseguimos antecipar tendências e olhar para os problemas e tratamentos que têm sido mais recorren-tes”, aponta Ieda.

multicanal mesmoCriada por um engenheiro químico co-lombiano apaixonado por perfumes, a WU Cosmetic Care acabou ganhando re-levo graças ao lançamento, 21 anos atrás, de um reparador de pontas comercializa-do no varejo. O produto alçou a empre-sa a uma posição de destaque no varejo cearense e, mais tarde, por toda a região Norte/Nordeste. Para reforçar sua pre-sença nos clientes, a WU seguiu lançando alguns itens de grande apelo para o ca-nal na região, como água oxigenada e os próprios kits Banho de Lua. Ainda hoje o varejo responde por mais da metade das vendas da companhia, que opera princi-palmente via grandes distribuidores. Os produtos da marca também podem ser encontrados em todo o Brasil nas farmá-cias da Pague Menos.

Mas o sonho da perfumaria não foi esquecido. E ele não combinava com o varejo. Por isso, a empresa acabou en-trando na venda direta por catálogo, modelo por meio do qual pode passar a oferecer uma linha de perfumaria fina para os consumidores, além de outros

produtos de beleza, como itens de tra-tamento corporal e capilar. E justamente os produtos para os cabelos chamaram a atenção dos consumidores. “As pessoas começaram a pedir que lançacemos mais produtos para os cabelos da marca WU, porque elas haviam achado o produto muito bom”, conta Vicente Sanford, fi-lho do fundador Pablo Neira e diretor da WU. Com base nesse feedback, a em-presa resolveu fazer uma aposta ousada. Já que as pessoas acharam o produto tão bom, por que não investir e desenvolver uma linha para que é realmente a refe-rência em cabelos: o profissional?

Dito e feito. A WU, que já operava no varejo e na venda direta, abriu mais uma frente de distribuição com o lançamento de uma linha vendida exlcusivamente para os salões de beleza. Obviamente a empresa tinha boas expectativas em re-lação ao projeto. Mas os resultados acon-teceram de forma mais rápida do que os dirigentes esperavam. Hoje, são 150 dis-tribuidores que atendem aos cabeleireiros do Norte e Nordeste e oferecem um por-tfólio que se situa numa faixa de preço in-termediária, próximo de marcas como as mineiras Mutari e Maxiline. Para susten-tar o equilíbrio, o diretor da WU explica que chega a comprimir um pouco as mar-gens da linha profissional para conseguir manter o preço, oferecendo um produto

de melhor qualidade. E a presença nos sa-lões tem servido para alavancar também a própria venda do portfólio de venda dire-ta nesses pontos de venda. “Temos alguns produtos na linha profissional que são de manutenção e que os salões vendem para os seus clientes, e eles têm aproveitado e incorporado os perfumes e outros itens do catálogo de venda direta para ampliar essa oferta”, comemora Vicente. Somadas, as vendas dos dois canais estão quase no mesmo nível das vendas realizados no va-rejo, embora do portfólio de mais de 150 SKUs da companhia, menos de 10% deles são distribuídos no varejo.

Embora nos três canais todos os pro-dutos estejam sob o guarda-chuva da marca WU, sem distinção, Vicente diz que os produtos destinados a cada canal têm características muito próprias, o que na visão do empresário, evita confusões entre os consumidores dos canais. Nesse momento, uma completa repaginação no visual da marca está sendo empreendida, redesenhando todas as linhas da empre-sa, em todos os canais. Vicente ambicio-na fazer da WU a marca regional com a maior presença digital entre os profissio-nais de beleza.

Como se não bastasse a atuação em três canais de distribuição distintos, a WU está apostando em uma nova frente de negó-cios: a terceirização. A companhia não está

vicEnTE sAnFORD, DA wu; E iEDA mEsquiTA, DA FibRAviTE: atuação em mercados menos explorados pela indústria local e de maior valor agregado.

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especial ceará

encarando a entrada nesse novo segmento como uma forma para simplesmente ocu-par uma eventual ociosidade da marca, mas sim como algo realmente estratégico e que não vai interferir no avanço da pro-dução dos seus produtos. Vicente diz que se as expectativas para a área se concretiza-rem, a empresa pode estudar o investimen-to numa nova unidade industrial, apenas para atender aos seus parceiros, que hoje incluem grandes varejistas do Ceará.

Por enquanto, o único investimento previsto é a chegada de dois novos rea-tores na planta da empresa. Mais recen-temente, a unidade recebeu melhorias, como a construção de dois novos labora-tórios. A empresa também qualificou sua operação com a certificação ISO9001. Para este ano, a expectativa da WU é de avan-çar 18% em relação a 2017.

Perfumando os ambientesA história da Perfumaria Moreira no mercado de Perfumaria e Cosméticos soma mais de meio século. A tradicional loja da marca no centro de Fortaleza fun-ciona como um atacarejo de fragrâncias, embalagens e outros itens para pessoas físicas e pequenos empreendedores que querem criar seus próprios produtos, num modelo bastante conhecido e pre-sente em todo o Brasil. O negócio segue forte até hoje. Mas, em 2010, observando o avanço de um mercado que de alguma maneira os controladores da Perfumaria Moreira sabiam que exisistia, migraram para a perfumação de ambiente. E esse

espaço não era ocu-pado por ninguem no mercado cearen-se. “As pessoas aqui gostam de sentir um bom cheiro ao entrar em casa, elas associam o bom cheiro à limpeza, à qualidade. Se o cheiro é gostoso, o produto é bom”, diz

Ricardo Moreira, sócio da Perfumaria Moreira. A empresa já atuava nesse ne-gócio dentro da própria loja de atacado, mas era algo muito mais ligado ao arte-senato da perfumaria, que não permitia seguir uma trilha de crescimento.

Ao se decidirem por entrar de verdade na categoria, os Moreira não encontraram ninguém para produzir os produtos, e resolveram sair de trás do balcão e mon-tarem eles mesmos uma fábrica para fa-bricar esses produtos. Com a inauguração da fábrica do grupo, a Perfumaria Moreira passou a atender a diversos clientes que começaram a oferecer dentro de suas lojas, difusores de aroma e águas perfumadas produzidos com suas respectivas marcas. Em pouco tempo, a companhia passou a atender clientes de diferentes segmento do varejo de moda, cama, mesa e banho.

Crescer com o negócio de terceirização é um dos focos de crescimento do grupo atualmente. Ricardo lembra que os clientes têm se mantido fiéis e que dos que desen-volveram projetos com a empresa, apenas um deixou de comprar, até porque ele fe-chou a sua loja, segundo o empresário.

Com uma fábrica para suportar o desenvolvimento, o grupo também apro-veitou para criar a sua própria marca de perfumação. Em 2013, nasce a Debora Moreira, que oferece diversas opções de fragrâncias e emblagens em produtos de perfumação de ambiente, sabonetes e produtos de banho, hidratantes, deo-colô-nias e até Eau de Parfums, comercializa-dos exclusivamente na loja da marca, no

bairro da Aldeota, região nobre de Forta-leza; e numa store-in-store dentro da loja da Perfumarias Moreira no centro. Além do público final, o ponto de venda atende muito ao segmento corporativo, que en-contra na loja diferentes opções de mimos para presentar clientes especiais.

Para a empresária Debora Moreira, que dá nome à marca e é irmã de Ricar-do, o desafio atual do negócio é torná-lo mais conhecido e gerar mais tráfego para a loja e experimentação. “Quando a pes-soa vem e compra uma vez, ela não deixa mais de comprar”, conta. Na loja, é pos-sível encontrar produtos de alto padrão por pouco mais de R$ 20 até Kits Elabo-rados e com embalagens exclusivas por menos de R$ 150. Isso torna a marca uma boa opção para presentear.

O viés de presente ajuda a explicar também o balanço mais favorável do mix para o segmento de perfumação de am-bientes. As fragrâncias de casa tendem a ser mais fáceis de escolher, mais acessíveis do ponto de vilsta olfativo, como a lavan-da inglesa, um campeão de vendas da marca e que oferece baixíssima rejeição. A empresária afirma que vê muita gente trocando o perfume de uso pessoal por um perfume de ambiente na hora de pre-sentear por não saber se a fragrância da deo-colônia ou do Eau de Parfum será do gosto do presenteado.

Por enquanto, os planos de expansão da Debora Moreira vislumbram a abertu-ra de mais lojas próprias da marca. Ir ao varejo multimarca não está nos planos da empresa, ao menos nesse momento.

Apesar do apego ao “cheiro”, a perfu-mação de ambiente ainda é um fenômeno novo no Ceará e, tal qual como na maior parte do Brasil, os consumidores ainda estão aprendendo a valorizar esses itens. “De dois anos para cá que vimos as pes-soas despertando para os difusores, muita gente ainda não sabe como usar os produ-tos. Mas, a gente percebe o crescimento pelo resultado da loja. Mais pessoas que-rem entrar em casa e sentir um bom per-fume. Abrir o armário e sentir as roupoas perfumadas. Tudo isso está crescendo”, comemora Debora. E, para um povo que adora se perfumar até para dormir, é de se esperar que mais cearenses queiram que o seu lar exale um cheirinho tão gostoso quanto o do povo local.

DEbORA E RicARDO mOREiRA, DA pERFumARiA mOREiRA: desenvolvendo uma categoria nova e que conversa muito com o gosto do consumidor local.

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Quem visita a capital do Ceará pode ter certeza de uma coisa: não vão faltar boas opções para comprar os seus produtos de beleza

no varejo. Fortaleza é a praça do Nordeste com o maior número de redes bem estru-turadas de varejistas especializadas dispu-tando o gosto da consumidora local. IAP! (16 lojas na capital), Cosbel (17 lojas), Hel-ga (24 lojas na Grande Fortaleza), Exalla (seis lojas) e Bel Salvador (duas lojas), para ficar nas mais conhecidas, estão também entre as mais importantes redes de todo o País. Não é só. Na ponta mais seletiva do mercado, a centenária Casa Parente ofere-ce o seu universo de sonhos com perfumes e lingerie em dez unidades da capital, o que faz dela uma das principais redes de perfumaria seletiva do País também.

Ah! Claro, Fortaleza é a base da Pa-gue Menos, a maior rede de drogarias do Brasil em número de lojas e terceira em vendas, que opera 100 lojas na sua cida-de. Apesar da sua onipresença na terra de Iracema, ela não está sozinha. A paraense Extrafarma também está bem fincada no município, com 70 lojas. Outra “estran-geira” que tem colocado as mangas de fora é a paulista Drogasil, que já conta com oito unidades em pontos nobres da cidade. “Em Fortaleza, para encontrar uma padaria você tem que andar muito. Agora, farmácia e salão de beleza, você ‘tromba’ em toda esquina”, brinca Debo-ra Moreira, da Perfumaria Moreira.

E também temos o varejo alimentar. Redes locais como Mercadinho São Luiz, Frangolândia e Cometa se destacam no mercado, oferecendo diferentes opções aos fortalezenses. Mas, especificamente quando o assunto é a área de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos desses mercados, é bem provável que a decisão

Poucos, mas muito bonsINDEPENDENTEMENTE DO CANAL, A vENDA DE PRODUTOS DE BELEZA NO vAREJO

CEARENSE PASSA NA QUASE TOTALIDADE PELAS MÃOS DE UM PEQUENO GRUPO DE

fAMíLIAS LOCAIS QUE, POR DIfERENTES CIRCUNSTâNCIAS, ACABARAM DOMINANDO

O MERCADO. SORTE PARA CLIENTES E INDÚSTRIAS QUE ELES SÃO MUITO COMPETENTES

sobre o que vai ou não ser vendido nas gôndolas dessas redes seja tomada pela mesma empresa, o DAG, distribuidor especializado em produtos de Higiene e Beleza com vendas anuais estimadas em R$ 750 milhões. Isso acontece porque o DAG (assim como outros DEC´s, uma es-pécie de associação de grandes distribui-dores especializados em beleza) trabalha com clientes fidelizados. Nesse modelo, ele assume o controle de toda a gestão da área de Higiene Pessoal e Perfuma-ria do supermercado. Com expertise em gestão de categoria e a possibilidade de trabalhar com ofertas e preços mais com-petitivos, as vendas do setor crescem e o varejista pode dar atenção a outros áreas.

O inusitado de tudo isso é que, mes-mo num cenário de competição acirra-díssimo por uma fatia maior da cesta de beleza da consumidora, a maior parte dessas vendas passa por negócios contro-lados por três sobrenomes: Sleiman, Pa-rente e Queirós. Claro que se trata de uma ironia do autor, mas que está baseada em fatos. A família Sleiman controla o DAG e a Exalla. E, como já foi dito, dificilmente uma empresa terá destaque nas principais redes do canal alimentar local sem passar pelas suas mãos. A importância da Pague Menos, controlada por Deusmar Queirós e que hoje tem os seus filhos no comando do negócio dispensa apresentações.

Já a família Parente é dona da IAP!, da Cosbel e da Casa Parente, embora hoje, cada um desses negócios seja controlado de forma independente por três núcleos dife-rentes. Fundada em 1914 por Inácio Paren-te, a Casa Parente é parte da história da ci-dade e, por muito tempo, funcionou como uma loja de departamentos, oferecendo de tudo um pouco. Com o passar das décadas e a derrocada no modelo no Brasil, a em-presa foi eliminando categorias até chegar

ao seu modelo atual, de perfumes e linge-ries. A reorganização do grupo familiar se deu há mais ou menos dez anos, quando as três irmãs, netas de Inácio, optaram por separar as operações do grupo (as três ope-rações atuais já existiam) ficando cada uma com o negócio com o qual tinham mais afi-nidade. A partir daí, cada grupo foi impri-mindo sua visão aos negócios.

No caso da Casa Parente, o negócio é tocado por Lívio Parente (bisneto de Iná-cio) e suas irmãs, que se propõe a permitir que mais pessoas tenham acesso ao univer-so de luxo e sonhos representado pela per-fumaria. Por isso, independentemente de estarem em shoppings mais sofisticados, ou mais populares, a loja é pensada ao má-ximo para transmitir os códigos de sofisti-cação da empresa. E isso é bem diferente de transformar as lojas num cofre, inaces-sível para a maior parte dos consumidores. “Temos sempre a preocupação de mostrar aos clientes – nos diferentes pontos de con-tato que temos com eles – que a loja oferece muitos produtos em diferentes faixas de preço”, reforça Lívio. Isso pode ser perce-bido na oferta muito maior de perfumes populares e de semi-prestígio (inclusive de marcas nacionais) do que seus concorren-tes, o que se reflete numa maior geração de tráfego para as lojas. Na varejista também é possível encontrar linhas mais específicas de produtos para os cabelos e maquiagem.

Lívio conta que as lojas para o público A/B vendem muito bem os produtos de valor mais baixo. Localizados em shoppin-gs com poucas opções nesse segmento, a Casa Parente acaba virando destino para esse público na hora de presentear. Já nos shoppings de perfil mais popular, são os perfumes mais caros os campeões de ven-da. Principalmente os que ostentam marcas conhecidas e presença na mídia, compras mais certeiras sob a ótica desse consumidor.

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em busca de esPaçoA história da Exalla Cosméticos remonta a 20 anos, quando os diretores do DAG en-tenderam que seria importante estabele-cer uma frente de contato com o consumi-dor final, para poderem entender melhor o que eles buscavam, a movimentação deles na loja, desenvolver categorias e re-verter esse conhecimento para os clientes. A loja foi inaugurada onde hoje funciona um dos atacados do DAG. Só que o cres-cimento vertiginoso da distribuidora aca-bou fazendo com que a Exalla ficasse em segundo plano por um bom par de anos.

A situação só veio mudar há sete anos, quando Renata Sleiman, filha de um dos sócios do DAG, assumiu o negócio. “Me jogaram no meio da fogueira. E não podia ter acontecido nada melhor para mim. No mesmo dia eu me apaixonei pelo negócio. Adorei ter contato com o consumidor, coisa que eu não tinha”, lembra ela, que estava na empresa havia quatro anos e acumulava passagens em diferentes áreas como Logística, Marketing e Financeiro.

Como a loja ficara de lado, não foi desenvolvida uma estrutura para Rena-ta, nem mesmo um trabalho organizado com o próprio DAG. Desde então, ela se empenhou em dar forma e cara para a varejista do grupo. Atualmente, toda a estrutura de negócios é independente, inclusive Compras e Logística. Apenas Contabilidade, TI e Financeiro são com-partilhados com o grupo.

Apesar de indepentente, a Exalla com-pra boa parte do seu portfólio de higiene pessoal, especialmente o das grandes

marcas, do DAG; com sua equipe dedi-cando mais atenção às marcas de beleza. Em contrapartida, a Exalla também abriu um universo de novas possibilidades em termos de categorias para o DAG, que não tinha tanta abertura para as marcas de cosméticos e beleza propriamente ditas.

Com a estrutura montada e uma lo-gística preparada para o atendimento das lojas, o processo de expansão da Exalla deve se acelerar. Até o ano passado, foi aberta uma loja por ano. Para este e o próximo, o objetivo é abrir duas a cada ano, fechando 2019 com dez unidades, todas em Fortaleza. Com essa muscula-tura, Renata acredita que a Exalla pode-rá ter pretensões de ser um concorrente mais agressivo no mercado.

Num cenário já tão competitivo e com tantas opções, a Exalla tem como proposta de valor o respeito ao consumidor. Para a empresária, esse conceito engloba alguns aspectos. “O consumidor merece ser aten-dido com todas as opções que ele tem di-reito, por isso nosso mix é muito amplo – são cerca de 14 mil itens – e consistente, a gente não costuma ter muita ruptura. O segundo ponto importante disso é o aten-dimento. Investimos absurdamente em treinamento e qualificação da nossa equi-pe para que elas tratem o cliente como ele merece ser tratado e, principalmente, para que nós possamos entendê-lo e fazer a re-comendação de produto mais correta pos-sível para esse consumidor. Por fim, é pre-ciso oferecer preços competitivos. Fazemos pesquisas diárias para termos a certeza de que ao menos o nosso mix de alto giro está

com preços mais baixos ou, pelo menos, alinhadíssimos ao mercado. Até porque, para acompanhar um concorrente que tem 40 lojas, eu tenho de ter preço agressivo e temos de fazer o consumidor perceber esse preço. Esses são os nossos três pilares”, ex-plica a diretora da Exalla.

cuidando do quintalA Pague Menos pretende abrir neste ano outras 200 unidades por todo o Brasil. Parte dessas novas portas serão erguidas no Ceará, inclusive na capital. “Notamos que Fortaleza, de cinco anos para cá, é ou-tra cidade. Obviamente a gente tem muito o que melhorar”, afirma Aline Alves, dire-tora de Vendas da varejista farmacêutica.

O grande marco para a companhia neste ano será a inauguração da loja 1.000, que ficou reservada para a cidade. (Atu-almente a Pague Menos já tem mais de 1.050 lojas). Trata-se de uma loja especial, diferente de tudo o que já foi feito pela em-presa. O novo ponto de venda está sendo erguido no Meireles, bairro nobre de For-taleza, e será uma flagship store, com três andares e ampla oferta de serviços à popu-lação. “Estamos fazendo a nossa melhor unidade, com tudo o que a gente gostaria de entregar numa loja e que o espaço des-sa unidade nos permite. Vai ser um marco, um presente para a sociedade cearense”, comemora a executiva. O espaço vai con-tar com salão de beleza para ensinar as clientes, Clinic Farma (a clínica de atenção farmacêutica da rede) com duas salas, clí-nicas de dermatologia, cafeteria, além de um mix de produto completíssimo.

LíviO pAREnTE, DA cAsA pAREnTE: investimentos para suportar a digitalização do negócio são o foco da empresa neste ano.

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No último ano, a bandeira abriu lojas tanto na capital quanto em outras grandes cidades do estado, que ainda é um dos cin-co maiores mercados para a Pague Menos. A presença da rede no Interior é uma for-ma, inclusive, de cumprir com a missão da empresa de oferecer acesso à saúde e à be-leza. Principalmente no Interior, as pessoas têm acesso à informação, mas não aos pro-dutos sobre os quais estão sendo informa-das ou impactadas pelas mídias. “Quan-do a gente chega, somos tratados como o shopping da cidade, as pessoas vão lá para se inteirar. Elas sabem que vão encontrar as novidades que estão vendo na televi-são”, corrobora Socorro Neves, gerente de Vendas da Pague Menos. Por essa mesma visão de acesso, o mix de produtos da ban-deira nas cidades do Interior em relação ao que é oferecida na capital não muda tanto. A empresa tem trabalhado com a platafor-ma de inteligência Simphony, justamente para granular e poder ser mais assertiva na montagem do mix e das promoções para cada cliente, em cada praça. “A gente sabe o que vende e onde vende. Mas, se quere-mos dar acesso, também não podemos dei-xar tanto produto de fora, principalmente os itens de beleza”, pontua Aline.

Embora ainda veja espaços para se-rem ocupados em Fortaleza, Renata, da Exalla, também tem recebido demandas de clientes para abrir lojas em outras cida-des do estado, que oferecem um grande potencial, mas que ainda assim não é todo mundo que vai querer atender. “É uma coisa que vai acontecer e não vai demorar muito. Como o modelo funciona bem, ele

pode ser replicado facilmente. E a gente pode contar com o apoio do DAG e ter o suporte logístico deles num primeiro mo-mento, o que é bem mais fácil do que se ti-vesse sozinho”, diz a empresária. Ela acre-dita que nas cidades menores, o varejo de beleza ainda gira em torno de pequenas lojas. E isso reflete também a crise recente, que foi puxada no Ceará, e mais ainda no interior do estado, que sofreu com mais um período de estiagem.

Na Casa Parente, os planos de ex-pansão, antes de chegarem a Juazeiro do Norte ou Sobral, as duas maiores cida-des do Interior, devem alcançar primei-ro outras capitais do Nordeste. O maior investimento da Casa Parente este ano é num sistema mais robusto para suportar a nova plataforma digital da empresa. De acordo com Lívio, a implementação do sistema consumiu o equivalente aos valo-res para abertura de uma loja nova. Com o novo sistema, a varejista vai iniciar as vendas pela internet, provavelmente por meio de marketplaces num primeiro mo-mento. Após essa implementação é que a empresa deve dar foco na estruturação de uma logística capaz de atender à expan-são da empresas em outros estados. Ape-sar disso, Lívio conta que, mesmo fora dos planos originais, a companhia estuda a abertura de mais uma loja em Fortaleza este ano, por conta de uma oportunidade.

A Exalla também tem o e-commerce no radar, mas com ressalvas. A varejis-ta deve começar primeiro com um canal exclusivo para atendimento aos profissio-nais de salão, algo mais controlado e que

vai permitir a empresa aprender e se es-truturar a partir de um mercado bem mais restrito, para só depois caminhar para o atendimento ao consumidor final.

adaPtando-se ao novoUm desafio para os varejistas de beleza do Ceará é lidar e trazer para as lojas o públi-co mais jovem, fortemente influenciado pela mídias digitais. Isso tem os levado a apostar em mais parcerias com as influen-ciadoras digitais locais. Na Casa Parente, o trabalho não é novo e foi importante para trazer uma nova faixa etária para as lojas. Lívio lembra que quem entrasse numa Casa Parente dez anos atrás, só iria encon-trar um público com mais de 50 anos. “Foi feito todo um trabalho de reposicionamen-to da marca, envolvendo nova arquitetura de loja, marca, forma de exibir os produtos, mix e comunicação. Quando o pessoal ain-da estava tentando entender o papel das blogueiras, a gente já tinha embaixadoras digitais”, conta o diretor da Parente. Com isso, a empresa trouxe uma nova geração de clientes para as lojas. Na verdade, agora a Casa Parente atende a três gerações dife-rentes. “A gente tem adolescentes nas lojas hoje, o que nos dá muito orgulho porque foi um grande desafio que vencemos”, co-memora o empresário. Com isso, aumen-tou também a necessidade de segmentar os esforços de Comunicação e Marketing. “Da nossa verba de marketing, um terço está destinado a falar com o público jovem e investimos quase todo esse recurso nas redes sociais e nas influenciadoras”, conta.

Renata, da Exalla, é uma das que de-

REnATA sLEimAn, DA ExALLA: varejista deve fechar 2019 com 10 lojas na capital cearense.

ALinE ALvEs, DA pAguE mEnOs: mesmo onipresente, a rede vê espaço para abrir mais lojas no seu estado natal.

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morou para assimilar o fenômeno. Ela tinha não um, mas dois pés atrás com as blogueiras. Mas se rendeu a ponto de, nes-te ano, a empresa ter patrocinado a Casa Exalla de Beleza, um projeto no qual a companhia vai suprir as necessidades de cuidados e beleza de um grupo de influen-ciadoras digitais em férias nos Estados Unidos, por dez dias. “É incrível como elas conseguem expressar”, conta a diretora da perfumaria. O trabalho da rede vai além de patrocinar posts e envolve treinamento e ações especiais com as meninas, para que elas possam se engajar e explicar melhor os produtos para suas seguidoras. A empresa também reforçou o trabalho em platafor-mas como Instagram e Facebook. Isso tem se refletido no aumento da interação e no fluxo de um público jovem para as lojas .

Portas abertasA concentração em poucos e poderosos nomes poderia ser um problema para a indústria local se desenvolver. Mas as indústrias locais têm, via de regra, portas abertas em boa parte desses grandes vare-jistas. Claro que isso, por si só, não garante nada. ”É preciso aproveitar essas oportu-nidades direito e trabalhar muito e de for-ma séria para construir uma relação sus-tentável e de longo prazo”, pontua Paulo Gurgel, presidente da Cigel. Isso passa muito por questões como investimentos em construção de marca e geração de trá-fego para os pontos de venda, além de um suporte ao próprio PDV, mesmo quando o cliente não é atendido diretamente pela empresa. Para apoiar o sellout das marcas nos varejistas indiretos principalmente, a Cigel conta, entre ourras coisas, com uma equipe de Merchandising com cerca de 50 pessoas, 30 delas apenas para atender ao varejo cearense, a partir do mapa de ven-das passado pelos distribuidores.

O cearense é um povo orgulhoso da sua origem. Isso ajuda a explicar em parte essa abertura e o incentivo. “A gente tem um relacionamento muito forte mesmo com as empresas menores locais. Temos algumas frentes que a gente abre para marcas regionais sérias e consolidadas em várias regiões. E as portas estão abertas”, conta a diretora de Vendas da Pague Me-nos. A varejista recebe diversas propostas e tem por hábito avaliá-las, daí a importân-cia de que as indústrias locais que preten-dam ocupar um espaço nas gôndolas da

rede consigam enxergar o mix da varejista, identificar espaços e propostas de valor ainda pouco (ou mesmo não) ocupadas e que estejam alinhadas ao perfil de consu-mo da empresa, para apresentar um pro-duto que agregue à categoria, ao invés de ser apenas mais um item para dividir as vendas. Socorro lembra de um fornecedor local que procurou a empresa para vender elástico, fivelas e outros acessórios para os cabelos. “Tínhamos um mix acanhado e quando introduzimos (no caso, por meio de uma marca da Pague Menos), foi um sucesso de vendas em todo o Brasil”, conta.

A Exalla também dá espaço para as empresas locais de menor porte. Renata Sleiman destaca o trabalho de pequenas empresas locais como a Corpo Dourado, que segundo ela tem uma capacidade de adaptação absurda dentro do mercado do Ceará e consegue criar produtos que ven-dem muito bem numa loja especializada. O problema para ela é outro, quando apa-recem alguns produtos que “explodem” no mercado, e que são produzidos por pe-quenas fábricas locais sem muita estrutura. “Aí nós temos de ajudá-los e cobrar deles que melhorem. Trabalhamos muito em conjunto e existe uma comunicação bacana entre a gente”, diz a diretora da perfuma-ria, que elenca questões como política de preços, capacidade de produção e atendi-mento, além de regularidade fiscal como pontos críticos para estabelecer o relacio-namento com as pequenas indústrias.

Além da abertura para trabalhar com produtos de empresas locais, a frente de parcerias mais visível entre o varejo e a

indústria cearense de beleza se dá na pro-dução de produtos de marca própria. A Pague Menos produz boa parte dos pro-dutos de suas marcas Amorável, Dauf e Pague Menos no Ceará. A estratégia da empresa tem muito a ver com a proposta de acesso. “Nós temos de ter na loja uma variedade de opções para expor à consu-midora. Se ela está em busca de algum tratamento de cabelos, posso oferecer um produto de uma marca internacional e, porque não, uma proposta de preço aces-sível, que vai dar o resultado que ele espe-ra também”, diz Aline, da Pague Menos.

A Exalla também deu início ao seu projeto de marca própria, com a oferta de itens básicos de cuidados tanto para o pro-fissional quanto para o consumidor. A es-tratégia hoje, é reforçar a marca. “Não são os produtos mais baratos, mas têm preço muito atrativo, até para gerar a experi-mentação do cliente”, diz Renata. Todos os produtos são fabricados com parceiros no Ceará e a Exalla fechou parceria com o DAG, que está vendendo os produtos com a marca para os seus clientes.

A proximidade com a cadeia é im-portante para a escolha dos fornecedores locais, embora, em alguns casos mais es-pecíficos, a produção seja deslocada para outras praças bem mais distantes. Parte re-levante dos itens mais sofisticados de pele com as marcas da Pague Menos são fabri-cadas no Rio Grande do Sul. Já na IAP!, que mantém a linha exclusiva L’ Ange, de produtos de tratamento capilar e colora-ção, recorre a terceiristas especializados em produtos profissionais de São Paulo.

Problema crônico A violência impetrada por facções criminosas no Ceará no início deste ano ganhou as manchetes dos jornais brasileiros no início deste ano, e é um grande problema para qualquer empresa fortalezense. Mas para quem opera no varejo de rua, especialmente em bairros não tão centrais, a situação é muito mais crítica e afeta di-retamente o dia a dia da operação. “Ontem (a entrevista foi feita no final de fevereiro), meu funcionário foi no Barroso, bairro mais afastado que está no meio de uma guerra de facções. O logo da Exalla é vermelho e o uniforme dele também. Resumindo, ele não pode entrar no bairro para fazer uma entrega, porque ele estava de camiseta vermelha. A sorte é que eles viram que era uma camiseta de uma loja e avisaram: ‘não entra aqui, porque pode ser que você não saia’. Esse é o nível de segurança hoje”, lamenta Renata.

“Outro exemplo bizarro que é de assustar. Na loja da Franscisco Sá, o mesmo processo das duas facções. Eu vi cliente que sempre pintou o cabelo de vermelho, indo à loja trocar a tinta do cabelo. Ela sempre pintou o cabelo de vermelho, mas avisaram no bairro que quem tivsesse cabelo vermelho teria perigo extra de andar na rua. Eu vi clientes dentro da loja aos prantos de ter de trocar a cor do cabelo que ela usou por 20 anos e era uma marca da pessoa. Estamos tendo de nos adaptar, inclusive colocando segurança dentro de loja”, emenda.

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“Não existe um Brasil, mas sim, vários Brasis”. O chavão repetido em inú-meras apresentações é

tão batido quanto verdadeiro. Mas dentro desses Brasis, nas diferentes regiões do País, também existem diferenças gritan-tes. É o caso do Nordeste brasileiro. Mui-tas empresas encaram a região como um grande bloco, que ascendeu para o merca-do de consumo primeiramente com o Pla-no Real, em meados dos anos 1990, e, de forma mais acentuada, a partir da segun-da metade dos anos 2000, quando puxou o crescimento do País até a crise estourar, o que também gerou mais estragos na re-gião do que em outros lugares do Brasil.

Quando pensam em hábitos e consu-mo, as empresas tendem a enxergar um cenário que reflete muito mais a Bahia, Pernambuco quando muito. Mas o qua-dro do Ceará é diferente em muitos as-pectos, inclusive de etnicidade, fisiologia e hábitos de consumo e de beleza.

Povo cheirosoO cearense é um povo cheiroso, que gosta de se perfumar e de que as outras pessoas sintam que ele está perfumado. “Se eu vou pagar caro num perfume, é para todo mundo sentir”, brinca Lívio Parente, diretor da Casa Parente.

Estar asseado e cheiroso é algo cultu-ral no estado, e isso independe de classe social. “Se você for observar o pessoal saindo de uma obra, às cinco da tarde, vão estar todos limpos, de cabelo pente-ado e perfumados”, conta Debora Morei-ra, da Perfumaria Moreira.

Embora a indústria cearense não seja

uma grande fabricante de perfumes, o con-sumo por lá – como em outras praças do nordeste – é grande. As fragrâncias de La-vanda têm vendas bastante substanciais no canal farma e figuram entre os itens mais vendidos em farmácias da região, inclusive em linhas infantis, como Johnson´s Baby.

exigente refinadoEmbora seja o terceiro mercado do Nordes-te, a cidade de Fortaleza tem o maior PIB entre as capitais nordestinas. O consumi-dor cearense é refinado e sofisticado, com gosto apurado. Ele não compra qualquer coisa, e também não vai pagar mais só pela marca. Ele quer enxergar o benefício real, especialmente em categorias que envol-vam tratamento. “Nosso consumidor bus-ca um produto com excelência. Quando ele vê produto para os cabelos com valor agregado maior e ele entende a proposta, ele está disposto a pagar mais para receber mais benefícios”, acredita Aline Alves, di-retora de Vendas da Pague Menos.

A consumidora local, especialmente as mais jovens, também tem estado atenta às novidades. E cobrado as empresas por isso. “É um público aberto, bom de traba-lhar numa loja especializada”, diz Renata Sleiman, da Exalla. Ela lembra que se nos supermercados, o consumidor costuma ter as suas marcas preferidas de produtos de higiene pessoal; no canal especializado ela pode mudar de ideia a cada gôndola. “É muito bacana você ter um consumidor que te dê abertura para isso”, reforça.

A exigência do consumidor cearense não recai apenas sobre a qualidade dos produtos, mas também abarca o atendi-mento que lhe é oferecido. Se ele pedir

e você não tiver capacidade de entender o que ele quer e, a partir daí, fazer a in-dicação correta, a coisa fica “feia”. “As nossas atendentes são cada vez mais consultoras para indicar o produto certo. Se erramos, estamos lascados, porque ele reclama”, afirma Renata.

de olho, ou não, nas modinhasTer consumidoras antenadas nos dias de hoje, quando a informação é non stop, tam-bém representa um baita desafio para as empresas. Um produto pode explodir da noite para o dia por conta de um comen-tário de uma blogueira e, de repente, todos estão nas lojas em busca daquele produto. Para Hadila Barroso, gerente da loja BEL Salvador no Shopping RioMar, como a va-rejista é rápida para responder a esses mo-vimentos bruscos típicos das redes sociais, isso favorece o atendimento desse público mais “novidadeiro”. Já para a Pague Me-nos, com mais de 1.000 lojas pelo Brasil, nem sempre dá, ou mesmo, nem sempre vale a pena reagir a esses fenômenos. “Não acreditamos em seguir as modinhas, por-que elas passam muito rápido. Acredita-mos na parceria com as empresas que têm tecnologia e consistência. Queremos ser a fortaleza das boas marcas, que vieram para ficar”, afirma Aline Alves, reiterando que a Pague Menos, entre as grandes varejistas do Nordeste, é a que mais tem novidades. “Nós damos a resposta mais rápida na par-te do cadastro. No Ceará, o produto che-gou ao centro de distribuição num dia, no outro já está nas lojas”, garante a diretora da varejista farmacêutica.

exuberante nos cheiros, mais discreta nas coresSe o gosto olfativo dos cearenses é mar-cante, quando o assunto é maquiagem, no geral, as mulheres do estado costumam ser menos chamativas. Aliás, as cearenses são, em geral, discretas e clássicas nos seus gostos. Os vestidos e roupas coloridas em exibição no mercado central e nas ruas do centro da cidade são, antes de tudo, coi-sa para turista. No Ceará, contrariando o senso comum de muito gente no centro--sul do País, o nude ‘bomba’. Essa discrição também tem a ver com o fato de que, por muito tempo, a indústria também não foi pródiga em oferecer muitas opções para

Batida diferenteCOM fORMAÇÃO éTNICA E ECONôMICA DIfERENTE DOS vISTOS EM OUTROS ESTADOS NO NORDESTE, OS CEARENSES ESTABELECERAM hÁBITOS E COSTUMES PRóPRIOS EM RELAÇÃO A BELEZA >>> aûani cusma de paula

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68AtuAlidAde COSMÉtiCA # 159 | jAn/fev 2018

especial ceará

as mulheres. Se a união desses dois fatores contribui para uma menor exuberância na paleta de cores das cearenses, outros dois estão ajudando a mudar as regras do jogo.

Primeiro, a indústria hoje tem ofere-cido opções mais ousadas nos seus por-tfólios e investido mais em comunicação, tanto em mídias tradicionais, como nos pontos de venda e, principalmente, nas mídias sociais. E as consumidoras jovens são extremamente influenciadas pelas pa-lavras das influenciadoras. A combinação desses dois fatores tem refletido no modo como as jovens cearenses se maquiam e em como o varejo se molda a essa nova realidade para atendê-las. “É impressio-nante como a maquiagem fez diferença dentro da nossa loja”, pontua Renata Sleiman, da Exalla. A empresária lembra que até bem pouco tempo, as principais categorias na loja eram Cabelo, Cutelaria e Equipamentos para salão. “Eu sempre dizia: precisamos ter maquiagem, pre-cisamos ter maquiagem, precisamos ter maquiagem... Hoje, ela é a nossa segunda categoria e não foi feita nenhuma grande movimentação. Foi orgânico, entenden-do a categoria e aprendendo a trabalhar com ela, buscando novidades, expondo o mix completo das marcas”, lembra. De

quebra, a categoria contribui para trazer públicos que a loja não atendia.

A baiana BEL Salvador chegou a Fortaleza em 2015, tendo a maquiagem como um dos seus pilares. “A variedade de opções de maquiagem é um atrati-vo para o público jovem nos procurar”, acredita Hadila Barroso.

O bom momento da maquiagem não encontra tanto respaldo na indústria local, ao menos nesse momento. De acordo com Luiz Pugliessa, diretor da Plasmedix, fa-bricante de embalagens especializadas no segmento de maquiagem, ainda são pou-cos clientes no Estado e com baixo volu-me. Mas, o diretor da empresa vê sim um movimento por maior agregação de valor e personalização nas embalagens. “Temos percebido uma busca pela personalização de embalagens, que procurem valorizar o produto e a marca, ao invés de servir apenas como invólucro para produtos baratos”, explica. A maior demanda ainda é por embalagens de batons, tanto líqui-dos como bala, justamente os produtos da categoria de giro mais fácil. Outro sinal positivo já percebido pela companhia é uma maior assertividade nos desenvolvi-mentos e no planejamento das empresas do estado, que ainda gera menos vendas para a Plasmedix do que Bahia e Pernam-buco. “A distância entre o primeiro e o segundo pedido, que antes levava de três até quatro meses, agora, tem sido realiza-do em intervalos entre um e dois meses.”

Poucos negros, menos cachosUma das grandes diferenças do Ceará frente aos outros dois grandes estados do Nordeste, é que ele tem proporcional-mente mais brancos e menos negros que a média nordestina. Em 2008, a distribuição da população cearense por cor autodecla-rada era de um terço de brancos e dois ter-ços de pardos, basicamente. Assumiam-se como negros apenas 3% da população. Por questões climáticas e econômicas, a escravidão não teve no Ceará a mesma intensidade do restante do País à época. Dessa forma, a população negra cearense sempre foi relativamente pequena. Predo-minam os mestiços, descendentes, em sua maior parte, de cruzamentos de brancos e índios, mulatos e caboclos.

O estado é eclético. Mas as pessoas ten-dem a ter mais o cabelo liso. E, quem não

tem, costuma alisar. Só agora, a onda das cacheadas tem ganhado aderência, muito influenciada pelos investimentos da in-dústria nesse segmento. “Temos visto aqui dentro da empresa, pessoas que usavam o cabelo liso e estão assumindo os cachos”, conta Socorro Neves, gerente de Vendas da Pague Menos. Hadila, da BEL Salva-dor, ainda não vê tantas cacheadas indo à loja, mas tem percebido uma aumento na procura de pessoas querendo produtos para fazer o processo de transição capilar, deixando de alisar os cabelos para assumir a beleza natural das madeixas.

Como na capital o clima é extrema-mente úmido, fazendo com que os bad hair day sejam muitos ao longo do ano, isso estimula as cearenses a cuidar mais dos seus cabelos, e, como diz Aline Al-ves, também da varejista farmcêutica, é muito difícil encontrar uma casa sem uma chapinha.

debaixo do sol, nem tanto na PraiaApesar do mar, a cultura de praia do ce-arense – especialmente na capital – é di-ferente da do carioca, por exemplo. Se no Rio, a praia é o ponto de encontro de toda a cidade, em Fortaleza, as pessoas vão às praias para comer e beber nas barracas e restaurantes nelas situados. “Quando morei no Rio, as pessoas ficavam obce-cadas para aproveitar um dia de Sol na praia. Aqui não é assim”, pontua Debo-ra Moreira. Mas o calor se faz presente e as pessoas naturalmente expõem mais o corpo, o que ajuda a explicar o sucesso de produtos como o Banho de Lua. E o Sol costuma ser de rachar por ali.

As indústrias que atuam na categoria de proteção solar, especialmente no mer-cado de massa, demoraram a entender que em certas regiões do Brasil, é verão o ano inteiro. E isso faz com que os produ-tos sejam bem trabalhados no decorrer do ano, e não apenas durante a alta tem-porada. “Pode-se dizer que, proporcio-nalmente, vendemos mais proteção solar nessas praças de Sol o ano inteiro do que nas outras”, diz Aline, o que é um alívio. Ela explica que principalmente as lojas mais próximas à orla de Fortaleza têm movimento de compras acima da média, por conta da grande presença de turistas que não trazem o protetor solar e sentem o sol queimar, literalmente, a pele.

hADiLA bARROsO, DA bEL sALvADOR: perfil “novidadeiro” e mix amplo de maquiagem, ajudam a rede a atrair as jovens consumidoras para suas lojas.

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Uma das missões da Cusman é a de contribuir com o desenvolvimento dos mercados nos quais atuamos. Em Atualidade Cosmética, o nosso jeito de fazer isso é mantendo o compromisso com nosso leitor de praticar o bom jornalismo de verdade.

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Gastamos muita sola de sapato para entender o que está acontecendo no mercado além de uma leitura superficial, conseguir interpretar corretamente os dados e fazer com que eles tenham sentido para o leitor. Somos formadores de opinião. Profissionais vão levar em conta o conteúdo que publicamos para formar a sua opinião sobre um determinado assunto, ou ajudar a embasar suas posições e tomadas de decisões.

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70ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

NEGÓCIOS Investimentos

A L’OCCITANE ESCOLHEU O BRASIL PARA RECEBER A SUA SEGUNDA UNIDADE INDUSTRIAL EM TODO O MUNDO, REFORÇANDO A APOSTA NO FUTURO DA

MARCA L’OCCITANE AU BRÉSIL >>> AÛANI CUSMA DE PAULA

Sonho brasileiro

“O sonho da casa própria” é algo que ainda povoa o imaginário de milhões e mi-lhões de brasilei-

ros. E esse sonho está prestes a se tornar realidade para uma empresa francesa.

O Brasil é um mercado importante para as operações globais do Grupo L’Occitane. Para os nove meses encer-rados em dezembro de 2017 (o ano fis-cal da L’Occitane começa em abril), a operação brasileira respondeu por 5% das vendas líquidas do grupo no perío-do, o que equivale a 50 milhões de eu-ros (algo próximo dos R$ 190 milhões pelo câmbio do período). Sexto maior mercado da companhia, o País tam-

bém respondeu pelo segundo maior crescimento do grupo em moeda local. Entre abril e dezembro do último ano, o avanço foi de 12,5%, ficando apenas atrás da China. O crescimento forte foi puxado, principalmente, pela expansão da rede de lojas. Considerando apenas as vendas nas mesmas lojas, o aumento foi 4,6%, exatamente a metade do cres-cimento obtido segundo o mesmo indi-cador em 2016.

A L’Occitane au Brésil já conta com mais de 180 pontos de venda, incluin-do cerca de 70 lojas próprias e o res-tante operadas por franqueados. Já a L´Occitane en Provence conta com 87 lojas próprias e 18 franquias.

Embora venha em ritmo de ex-pansão acelerado, a fábrica não é uma

necessidade imediata para o avanço da marca local L’Occitane au Brésil, lançada em 2013. O investimento que está sendo realizado em Itupeva, no interior de São Paulo, olha cinco, dez anos para frente, como diz Eric Marue, o atual presidente da operação brasilei-ra da L’Occitane. Apesar de ter feito o investimento num momento de merca-do retraído, favorecendo a empresa nas negociações, o dirigente diz que isso não foi levado em conta para investir. Segundo ele, o único fator que foi con-siderado foi o time do desenvolvimen-to próprio da marca, dentro do merca-do brasileiro. “Apostamos muito nesse mercado e esse é um bom momento para realizar o investimento, reforçar-mos nosso compromisso com o Brasil

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71 # 159 | JAN/FEV 2018 ATUALIDADE COSMÉTICA

Cura. A expectativa é a de que a fábrica comece a operar no primeiro semestre de 2019.

MAIS ESPAÇO PARA DESENVOLVIMENTOSAlém da fábrica, o novo complexo tam-bém vai contar com um centro de Pes-quisa e Desenvolvimento. Atualmente, a L´Occitane mantém um laboratório de desenvolvimento no Brasil dentro de um dos seus terceirirstas, a francesa Fareva. Quando estiver pronto, a em-presa contará com um centro bem maior e mais estruturado. Para João, isso dará aos times da companhia ganhos signifi-cativos de velocidade. “Nós vamos ter uma melhor infraestrutura do próprio laboratório que desenvolve os nossos produtos hoje. Então, vejo um ganho de qualidade nessas inovações e, também, na rapidez com que poderemos execu-tar essas inovações”, acredita.

Com tudo isso, a L’Occitane au Bré-sil deve seguir forte na briga por mais espaço no mercado brasileiro. Apesar de ter uma ambição de se internacionalizar, algo que acompanha a marca desde o seu início, o foco realmente é se estabe-lecer firme por aqui. “Temos de mostrar que podemos ser muito mais rápido e muito mais forte aqui no Brasil, que já é um mercado imenso. Então, neste mo-mento, vamos nos concentrar em con-quistar o mercado brasileiro”, conclui Eric Maure.

e demonstrar nossa ambição com esse mercado”, reitera Eric.

MAIS AGILIDADE E CONTROLEO futuro complexo industrial da em-presa no Brasil será a segunda operação industrial da L’Occitane em todo o mun-do. Até hoje, a única fábrica da empresa, que tem mais de 40 anos, é a localizada na cidade de Marosque, na Provence, berço da marca francesa.

Até aqui, a empresa seguiu traba-lhando bem com os seus terceiristas e não deve abrir mão deles totalmente, mesmo com a fábrica já rodando. O diretor industrial da L’Occitane, João Del Cura, diz que a empresa construiu uma operação que suporta a gestão de terceiros e que ela tem boas parcerias rodando hoje. Mas a construção da fá-brica representa uma mudança na es-tratégia da operação. “A fábrica própria vai representar uma melhoria do nosso nível de serviço de uma maneira expres-siva”, acredita João. “A fábrica é nossa e, além de muito mais controle, a gen-te vai poder estabelecer a programação de acordo com as nossas prioridades no momento”, reforça.

A unidade própria vai concentrar a fabricação dos itens de maior venda e volume da L’Occitane au Brésil, como os cremes e loções para o corpo, que representam algo em torno de 60% do volume de vendas da companhia. De acordo com Maria Victoria Gallo, geren-

te de Produtos da L’Occitane au Brésil, os perfumes, aerossóis e sabonetes em barra seguirão sendo terceirizados.

À medida em que os volumes cres-cem, a produção própria pode gerar uma melhoria no custo dos produtos vendidos a longo prazo. Hoje, a produ-ção terceirizada não pesa na estrutura que oferece nível de custo e margem saudáveis, segundo o diretor industrial. “Agora, como o volume está crescendo, segundo nossos estudos, faz sentido ter a nossa fábrica. Enxergamos que, no longo prazo, ela nos dará um diferencial muito grande”, pontua João Del Cura.

Para montar a fábrica de Itupeva, a L’Occitane brasileira buscou muito da tecnologia empregada na fábrica provençal da L’Occitane. Apesar de ter todo um storytelling por de trás, a fábri-ca da empresa se especializou muito ao longo dos últimos dez anos. “Ousaria dizer que é uma das melhores fábricas de cosméticos do mundo hoje, tanto em termos de organização como de tecnolo-gia”, acredita João. O executivo preten-de trazer muito dessa expertise para o Brasil, ao mesmo tempo em que preci-sará se adequar à dinâmica do mercado local. “A gente pretende trazer linha de tecnologia de ponta dentro da produção de cosméticos. Ao mesmo tempo, va-mos buscar contar com o máximo de fle-xibilidade, uma necessidade importan-te para o momento de crescimento da L’Occitane no Brasil”, pontua João Del

Crédito: Marina Guimarães - Investe SP

NOVA FÁBRICA EM ITUPEVA E ERIC MAURE, PRESIDENTE DA L’OCCITANE AU BRÉSIL: é hora de mostrar que a marca pode ser muito mais rápida e muito

mais forte aqui no Brasil que, segundo ele, já é um mercado imenso.

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72ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

NEGÓCIOS Estratégia

DROGARIA IGUATEMI REINAUGURA SUA LOJA CONCEITO NO SHOPPING IGUATEMI SÃO PAULO, COM NOVA PROPOSTA, UMA MAIOR VARIEDADE

DE PRODUTOS E MARCAS E BUSCANDO PROPORCIONAR AINDA MAIS EXPERIÊNCIA DE COMPRA >>> AÛANI CUSMA DE PAULA E RAFAEL MENDONÇA

Bem mais que uma loja bonita

Ao longo das últimas décadas, a Drogaria Iguatemi se estabe-leceu como a gran-de referência em beleza dentro do varejo farmacêutico

brasileiro. Num período em que o canal pouco dava bola para a venda de cosmé-ticos (o departamento de perfumaria das

lojas oferecia pouco além do mix básico de higiene pessoal), a loja da família Di-niz Jorge se esmerava em oferecer produ-tos de marcas pouco conhecidas no mer-cado, incluindo os de novas empresas e, também, muitos itens importados.

A Drogaria Iguatemi foi percussora de uma série de inovações que acabaram se convertendo na base sobre o qual o canal farma desenvolveu o seu trabalho

com a categoria de beleza. Foram os pri-meiros a apostar nos dermocosméticos, no autosserviço para toda a área de bele-za, em otimizar a exposição dos medica-mentos para ampliar a área de exposição dos produtos de venda livre, a estabele-cer corners de maquiagem com testers, apostar em novas categorias como os nu-tricosméticos e na oferta de conteúdo es-pecializado para os seus clientes. Em me-

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73 # 159 | JAN/FEV 2018 ATUALIDADE COSMÉTICA

marcas estavam na ânsia de serem mais relevantes. E fizemos bater com a siner-gia que o nosso negócio que já é bem tes-tado no mercado. É pôr em prática aqui-lo que a gente faz de melhor”, pontua o empresário.

De acordo com Leonardo, para esta reinauguração, a DI gastou um valor 40 vezes maior do que se gastaria em uma drogaria considerada “normal” de uma rede de farmácias, por exemplo. Ou ain-da, um valor superior ao dobro de uma loja padrão da própria DI. “É que na Dro-garia Iguatemi tudo é mais caro, desde o ponto até a contratação de mercadoria”, justifica.

A nova loja do Shopping Iguatemi São Paulo é considerada única, fazendo valer o termo “loja conceito”. Mas isso, por enquanto. A ideia é analisar seu de-sempenho para avaliar se vale a pena realizar o roll-out deste formato para as futuras unidades e, até mesmo, para as demais lojas. A tendência, segundo Leo-nardo, é que isto aconteça, até porque os resultados dos primeiros meses de atua-ção têm sido “super positivos”.

ados dos anos 2000, quando as grandes redes do canal, acordaram de verdade para o potencial do mercado, a Drogaria Iguatemi já tinha feito tudo isso.

Mas, o varejo é dinâmico e, natural-mente, gigantes do setor como Raia, Pan-vel e Drogaria São Paulo, aprenderam e evoluíram rapidamente no negócio. Hoje, valendo-se de toda a sua força eco-nômica e capacidade de execução, essas redes assumiram uma posição de lide-rança no mercado.

Apesar disso, pergunte a qualquer player que atue no mercado – seja no va-rejo ou na indústria – e muito provavel-mente ele ainda terá a Drogaria Iguatemi como uma referência de pioneirismo e inovação em relação ao mercado de bele-za no canal farma.

Para se manter acima da régua do setor, que subiu demais e rapidamen-te, a Drogaria Iguatemi precisou seguir oferecendo novidades regularmente ao seu público de consumidores exigentes. As oito lojas do grupo estão em alguns dos shoppings mais sofisticados de São Paulo e no Pátio Batel, em Curitiba; além de mais uma unidade com a bandeira Discover, criada para o Rio de Janeiro, no Village Mall.

E, nada mais emblemático para a rede, do que estabelecer um novo padrão justamente a partir da sua loja original e, ainda, a mais icônica, a do Shopping Iguatemi São Paulo.

No final de 2017, após um curto período de reformas, a drogaria foi rea-berta ao público, completamente repa-ginada e ampliada, um antigo desejo dos controladores da rede. A nova loja--conceito da Drogaria Iguatemi saltou de 130 m² para 200 m², trazendo muitas novidades em termos de marcas e pro-dutos. A varejista procurou inovar nes-te projeto arquitetônico, ao desenvol-ver um ambiente mais aconchegante e sofisticado com corners para marcas âncora, uma melhor divisão de catego-ria de produtos, enfatizando sempre bem-estar e cosméticos, e uma grande programação visual por meio de vídeo wall. As prateleiras laterais altas, que sempre foram uma característica fun-damental para dar conta de expor o ex-tenso mix da loja, continuam lá. O novo

projeto também apresenta prateleiras mais estreitas, seguindo uma tendência que permite um melhor aproveitamen-to do espaço e já adotada por bandeiras como a Raia.

Para aprimorar a experiência na loja, a empresa investiu em tecnologia para conectar o consumidor à loja (física e virtual). O uso do Cloud Wifi possibilita ao consumidor conectado ao wifi da loja, fazer pesquisa e receber indicação no seu celular em tempo real de produtos, lan-çamentos, promoções, dicas, etc.

DIRECIONANDO O PERFILO presidente da Drogaria Iguatemi, Leo-nardo Diniz, acredita que além dos mui-tos anos realizando pesquisas, inovações e ajustes no modelo de negócios da em-presa, o lançamento deste projeto se deu em um momento estratégico do mercado também. “É um mix de acertar o proje-to e o timming de se fazer isso, para não pegar a crise no meio e também para não pegar uma época do ano ruim (A loja foi lançada no final de outubro de 2017). Inauguramos num momento em que as

LEONARDO DINIZ, PRESIDENTE DA DI: como os resultados têm sido positivos nos primeiros meses, tendência é que este novo formato da loja conceito seja replicado nas outras ou novas

unidades em algum momento.

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74ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

NEGÓCIOS Estratégia

REFINANDO O MIXPara levar o mix da nova loja a pata-mares mais elevados dentro da pró-pria rede, nesta nova versão de loja a bandeira introduziu 1.500 novos itens. A loja conta com um corner exclusivo para a “degustação” de lançamentos de cosméticos e dá destaque para a cate-goria de home device, abrindo espaço para itens como barbeadores, secadores e aparelhos estéticos, que podem ser testados em loja.

Mas, talvez a maior conquista da nova loja para a rede, seja a introdução de marcas de cosméticos de luxo. Outro desejo antigo dos sócios da empresa, que chegaram a “travar” negociações com a divisão de dermocosméticos da L’Oréal (que historicamente tem na Dro-garia Iguatemi um dos seus principais clientes), para tentar “forçar” a divisão de Luxo da multinacional francesa a tra-balhar com a marca Lancôme na rede. Agora, é possível encontrar não só um corner com o portfólio completo da tra-dicional marca de luxo francesa, como também outros com produtos de Clini-que, Shiseido e Clarins.

Para Leonardo, a nova disposição da loja foi fundamental para finalmen-te trazer as marcas para o portfólio da varejista. “Esta foi uma conquista base-ada na consciência e no entendimento das necessidades por parte dos dois

lados. No mundo inteiro, drogarias como a nossa, diferenciada, são pontos relevantes para as marcas de luxo esta-rem”, lembra o presidente da Drogaria Iguatemi, que reconhece que até o lan-çamento desse novo projeto, a loja não contava com um espaço físico adequa-

do para expor todas essas marcas.Trabalhar a categoria de skinca-

re destas marcas tem sido um desafio para as perfumarias seletivas, que his-toricamente centram seus esforços nas vendas de fragrância. Por isso, Leonar-do tem a consciência da importância do trabalho que ele e sua equipe têm pela

frente. Mas, até o momento, a aposta tem valido a pena. “Colocamos um de-sodorante de R$ 200 que eu tinha certe-za que não ia vender e já vendeu. Ób-vio que não é barato, mas é a força da ‘marca’. Tem a atividade com a marca e ela vende, pela maturidade do produ-

to, pelo espaço que a gente tem, pela localização. Temos clientes que nos dis-seram: ‘nossa, até que enfim que vocês colocaram Shiseido’”, conta.

Mas não são somente as marcas de luxo que terão destaque neste novo modelo de loja da Drogaria Iguatemi. Visando ampliar sua capacidade em atender públicos diferentes, a drogaria também trouxe nomes como Vult, quem disse, berenice?, Bourjois, entre outras, que podem ser encontradas nesta uni-dade. Com estes produtos, inclusive, a drogaria consegue dar ainda mais aten-ção ao público jovem, que já recebia uma atenção especial nas lojas. Segundo Leonardo, este público está tendo cada vez mais acesso a este tipo de produto e a ideia é quebrar as barreiras entre essa consumidora e esses itens. “Marcas como a Vult e quem disse, berenice? des-cobriram uma área que nos interessava, que é essa de uma maquiagem mais fashion. Pois, se você pensar a Maquia-gem hoje, tem que se lançar um produ-to, depois se lançar outro, assim como as novas cores. É um movimento contínuo e cada vez mais rápido”, conclui Leo-nardo Diniz.

MIX DE LUXO: loja repaginada passa a contar com corners de tradicionais marcas como Lancôme, Clinique, Shiseido e Clarins.

No final de 2017, após um curto período de reformas, a drogaria foi reaberta ao público, completamente repaginada e ampliada, um

antigo desejo dos controladores da rede. A nova loja-conceito da Drogaria Iguatemi saltou de

130 m² para 200 m², trazendo muitas novidades em termos de marcas e produtos.

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76ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

P&D Cosméticos e Alergia

REAÇÕES ALÉRGICAS A COSMÉTICOS DE USO CONTÍNUO SE TORNAM CADA VEZ MAIS FREQUENTES E PRECISAM SER ACOMPANHADAS DE PERTO POR UM PROFISSIONAL PARA SE EVITAR COMPLICAÇÕES >>> TATIANA FERRADOR

Sensibilidade à flor da pele

Os casos de reações alérgicas a cosmé-ticos são cada vez mais recorrentes. Desde tinturas de cabelo, perfu-mes, esmaltes e

maquiagens em geral, alguns compo-nentes das formulações causam trans-tornos aos usuários e exigem cuidados preventivos que movimentam a indús-tria da beleza.

De acordo com a Associação Brasilei-ra de Alergia e Imunologia (ASBAI), al-gumas substâncias presentes nos perfu-mes, cremes e cosméticos causam as cha-madas dermatites, que podem ser dividi-das em dois tipos. A primeira, conhecida como dermatite de contato irritativa, tem entre seus sintomas mais comuns a co-ceira, queimação e sensação de fagulhas na pele, sempre logo após a aplicação de um produto. Já a segunda, a dermatite de contato por hipersensibilidade, aparece em decorrência do uso contínuo de de-terminado produto e não por uma apli-cação pontual. Tem entre suas caracterís-tica a vermelhidão na pele, a formação de

bolhas, o inchaço e a coceira.Como explica a dermatologista Lí-

via Pino, outro motivo para o apare-cimento da dermatite de contato por hipersensibilidade se deve ao fato de o estado imunológico do paciente estar aquém do esperado, favorecendo o sur-gimento de alergias. “Uma vez sensibi-lizado o paciente, a tendência alérgica costuma se manter àquela substância e toda vez que ele se expôr pode apre-sentar alergia de novo, mas isso não é regra”, ressalta.

A profissional explica, ainda, que a forma de armazenamento também influencia a composição do cosmético, podendo levar até mesmo à deterio-ração completa do produto. “Por isso, fundamental atentar-se para não deixar os cosméticos sob exposição do sol, por exemplo, ou em lugar muito úmido, porque pode transformar as proprieda-des químicas, aumentando as chances de causar alergia”, afirma.

Outro fator de atenção especial é quanto à validade dos produtos, lem-brando que nunca seja utilizado um cosmético fora do prazo indicado pelo

fabricante, uma vez que algum com-ponente pode estar em processo de deterioração. “Assim, antes de jogar a embalagem de um produto fora, é indi-cado anotar a validade no próprio cos-mético com caneta marcadoras, para nunca perder essa informação”, reco-menda a profissional.

Entre as áreas do corpo mais comu-mente afetadas por alergias estão o rosto,

TIPO DE DERMATITE ATÓPICA: além de reação ao uso de cosméticos, processos alérgicos também são associados à exposição a alérgenos no meio ambiente, como a poluição.

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recomendados por um profissional de saúde. Por isso, sempre repito, procure um dermatologista”, enfatiza.

Nas últimas décadas, o número de casos de pacientes com dermatites atópicas aumentou muito, e isso está diretamente relacionado ao fato de estarmos muito mais expostos a alér-genos no meio ambiente, sendo que a poluição é o principal deles.

em primeiro lugar, que sofre mais com as alergias devido à quantidade de ma-quiagens e cremes usados diariamente, em especial nas pálpebras, lábios, que podem escamar e rachar, estendendo ao pescoço, braços, antebraços e mãos.

QUANTO MAIS, MELHOR? NEM SEMPREA dermatologista chama a atenção para

um fato cada vez mais comum: a sensa-ção de um volume muito maior de casos de alergias nos últimos anos. “Isso se dá por conta de as pessoas estarem usan-do muito mais produtos atualmente”, explica Lívia. “Além disso, a facilidade de acesso a informações – muitas vezes erradas – obtidas na internet, faz com que a população acabe se autodiagnosti-cando e aplicando produtos que não são

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P&D Cosméticos e Alergia

Porém, a maior parte dos efeitos alérgicos são leves, como coceira, ardên-cia e ressecamento, acontecendo em cer-ca de 10% dos pacientes. Os casos mais sérios não são frequentes, mas podem acontecer. “As peles mais finas têm mais chances de apresentarem alergia, sobre-tudo as de bebês e dos idosos”, lembra a dermatologista.

Há, ainda, os casos de síndrome da intolerância cosmética, que ocorrem quando as pessoas utilizam vários pro-dutos e relatam ardor ou coceira, porém sem manifestação cutânea importante; ou seja, não apresentam vermelhidão, descamação ou bolhas, a não ser a sen-sação incômoda. “Nesses casos, o cuida-do com a prescrição de produtos deve ser redobrado para evitar complicações ainda maiores”, diz Lívia.

A indústria tem se esforçado para apresentar cada vez mais opções de produtos hipoalergênicos. No entanto, não há produtos totalmente isentos de reações alérgicas, ainda que sejam feitos com menos ativos alergênicos e testados dermato e oftalmologicamente para dar menos alergia.

Outro ponto importante que deve ser considerado é o simples ressecamento da pele, que cria pequenas portas de entra-da que facilitam a presença de alergias. “O estresse e o estado emocional do pa-ciente como um todo também contribui para o surgimento de alergias, e por isso é fundamental manter a pele sempre hidratada e cuidar da saúde como um todo”, conclui a dermatologista.

IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMASerá que é possível o consumidor pre-venir ou identificar uma alergia antes de os efeitos colaterais se manifestarem com força total? Na visão dos dermato-logistas, sim. Por meio da prova de to-que, muitos danos podem ser evitados.

O teste consiste em aplicar uma pe-quena quantidade do produto e esperar a reação que ele causará pelos próximos 20 minutos. Passado esse tempo sem nenhuma intercorrência, a chance de ele causar algum desconforto é muito pequena. No entanto, como já citado, é preciso uma observação mais minuciosa

ao longo dos dias e das aplicações, pois alguns produtos apenas apresentam re-ações após seu uso continuado.

A hipersensibilidade a cosméticos e se deve ao fato do contato da pele com diferentes ativos (substâncias) nas for-mulações. Por essa razão, usar produtos hipoalergênicos e aplicadores descar-táveis ajudam na prevenção da reação alérgica.

TRATAMENTOS DISPONÍVEISIdentificados os processos alérgicos, é preciso tratá-los. Em alguns casos, a simples interrupção no uso dos pro-dutos já é suficiente para interromper o processo inflamatório. Porém, há outros que demandam um tratamen-to mais específico, com o uso de anti--inflamatórios, anti-histamínicos, corti-

costeroides e imunomoduladores quí-micos ou biológicos.

Vale ressaltar que todo e qualquer tratamento é personalizado e não deve ser feito por conta própria, sem a re-comendação de um dermatologista. “Apenas o profissional tem capacida-de técnica para analisar um quadro e identificá-lo como de alergia ou não”, lembra Lívia.

Há, contudo, algumas alergias que

são potencializadas quando expostas ao sol, cujos cuidados devem ser redo-brados. “A proteção solar mecânica, ou seja, uso de chapéu ou luva ou até roupa com proteção, evita alguns tipos de aler-gias”, complementa a dermatologista.

Para o biólogo especialista em cos-metologia e diretor da Biozenthi Labo-ratórios Cosméticos, Márcio Accordi, conservantes, substâncias tóxicas e al-guns metais pesados, presentes em cos-méticos, podem estar relacionados com uma série de problemas de pele, desde alergias até queda de cabelo e inchaço nos olhos, e merecem uma atenção es-pecial quanto ao tratamento. “Os prin-cipais causadores de alergia estão nas fragrâncias presentes nestes produtos e também nos conservantes responsáveis pela validade de um produto. Quanto

maior o cheiro no produto, maior o po-tencial de alergia que este produto pode causar”, explica.

Além dos alergênicos das fragrân-cias, existem outros ingredientes como alguns conservantes, em que estão os parabenos, que concorrem com o es-trogênio, hormônio feminino. “Estudos indicam que o uso habitual destes con-servantes potencializam o desenvolvi-mento de câncer”, alerta.

A indústria tem se esforçado para apresentar cada vez mais opções de produtos

hipoalergênicos. No entanto, não há produtos totalmente isentos de reações alérgicas, ainda que sejam feitos com menos ativos alergênicos e testados dermato e oftalmologicamente para

dar menos alergia.

• Utilizar apenas produtos de qualidade reconhecida e que sejam certificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa);

• Guardar os cosméticos em lugar fresco e protegido da luz solar;• Respeitar os prazos de validades dos produtos e descartá-los quando a data limite for atingida;• Maquiagem é item pessoal e não deve ser compartilhada com outras pessoas; • Quando for à praia ou quando ficar exposto ao sol não utilizar perfumes.

RECOMENDAÇÕES A FIM DE NÃO POTENCIALIZAR UMA POSSÍVEL ALERGIA

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23ª edição

EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE TECNOLOGIAPARA A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

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ABRIL - MARKETING PERCEPTIVO E ANALÍTICO.

(ÍCONES PERFUMES E RUPTURAS)

CONTEÚDO: Este módulo trata das questões que nortearam o curso em seus aspectos

técnicos filosóficos e mercadológicos

PROFESSOR: JOSÉ LUIZ DE PAULA JUNIOR - CENTRO DE DIFUSÃO DO CONHECIMENTO

DO PERFUME (CDCP)

FAMILÍAS OLFATIVAS - (FOUGERE E AROMÁTICOS)

CONTEÚDO: Uma viagem olfativa e análise dos componentes aromáticos que participam

da construção criativa das principais marcas.

PROFESSOR PERFUMISTA: OLIVIER PAGET - DROM

MAIO - CONSTRUÇÕES OLFATIVAS

CONTEÚDO: Neste módulo inicia-se o processo de combinações

e harmonização olfativa gerando um produto, criado pelos alunos

PROFESSOR PERFUMISTA: RAFAEL PATACA - VYA FRANGRANCE

JUNHO - FAMILÍAS OLFATIVAS - (FRUTAS, ESPECIADOS E AMBARES)

CONTEÚDO: A união dos componentes aromáticos, proporcionando a percepção criativa,

e gerando o resultado mercadológico

PROFESSOR PERFUMISTA: RAFAEL PATACA - VYA FRANGRANCE

JULHO - AVALIAÇÕES E ANÁLISES SOBRE OS TEMAS JÁ APRESENTADOS

AGOSTO - FAMILÍAS OLFATIVAS (FLORAIS, CÍTRICOS, MADEIRAS E COUROS)

CONTEÚDO: Como as fragrâncias florais que, representam uma grande parcela das

marcas de perfumes de sucesso poderão ser analisadas à partir dos seus componentes e

óleos essenciais

PROFESSOR PERFUMISTA: JEAN LUC MORINEAU - L`ATELIER

SETEMBRO - SIGNOS, SIMBOLOS E OUTRAS COISAS

(O ADESTRAMENTO DO OLHAR)

CONTEÚDO: Uma análise das interferências psicológicas e históricas nos processos da

construção da marca, onde demonstramos a ascensão, a queda e os motivos;Teoria

prática e orientação como o individua deve observar as imagens e estímulos visuais,

desenvolvendo uma percepção critica e analítica sobre fatos e coisas.

OBJETIVO: Oferecer condições para que o aluno possa criar e desenvolver a embalagem

do Perfume criado no modulo anterior

PROFESSOR: JOSÉ LUIZ DE PAULA JUNIOR

OUTUBRO - COMUNICAÇÃO ESTRATEGIAS E PERCEPÇÃO DE MERCADO

(PERFUME DE NICHO E PERFUME NO ORIENTE)

CONTEÚDO: Teoria e prática do processo criativo da comunicação oferecendo ao aluno

conhecimento capaz de gerar instrumentos para viabilizar o lançamento do produto

criado nos 2 módulos anteriores. Propor novos caminhos à partir das possibilidades da

criação de perfumarias de nicho, e novos caminhos perfumísticos inspirados no oriente

PROFESSORA: VALÉRIA GROSSMANN - CENTDEGRES

PROFESSORA: JULIA DE BIASE – AL ZAHRA

NOVEMBRO - ASPECTOS FUNDAMENTAIS PARA LANÇAR UM BOM PERFUME.

CONTEÚDO: Neste modulo será tratado a intersecção entre embalagens insumos

tecnológicos e estratégias de marketing e comunicação.

PROFESSOR CONVIDADO: CONVIDADO ESPECIAL

DEZEMBRO - A ARTE DE VENDER E ENCANTAR.

CONTEÚDO: Demonstração de técnicas, métodos de vendas e abordagens, gerando

resultados através da maneira correta de apresentar produtos

PROFESSOR: MOHAMED GORAYEB

DEZEMBRO - DISTRIBUIÇÃO, CANAIS E ALTERNATIVAS

CONTEÚDO: Criação, desenvolvimento e planejamento de maneiras de distribuir o

produto criado nos módulos anteriores apoiados na estrutura de comunicação e

intenção do empreendedor.

PROFESSORA: MARLETY GUBEL

OBS: As criações dos alunos ficarão expostas nos meses de 15 de janeiro á 15 de

Fevereiro na área de exposição do CDCP, para ser apresentada a empresários, lojistas

e empreendedores que buscam ideais e novos produtos, para suas empresas.

DURAÇÃO: 40 Horas

HORÁRIO: 09h30min ás 14h00min sendo o primeiro Sábado de cada mês

CODERNAÇÃO TECNICA E ACADÊMICA: Cynthia Rodrigues

O CDCP, PROMOVERÁ EM 2018 O CURSO DE INTRODUÇÃO E CONHECIMENTO DA ESTRUTURA, PERCEPÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE PERFUMESO CURSO TERÁ UMA FASE TEÓRICA E EM SEGUIDA ANALISE E AVALIAÇÕES PRÁTICAS COM OS PERFUMISTAS DO MERCADO.

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por Gabriel Oda

CLASSE DECLARADA

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HÁ 20 ANOS, A FRANCESA CARTIER LANÇAVA UM PERFUME QUE EXPLORAVA TODAS AS NUANCES DA CLASSE E DOS NOVOS PADRÕES MASCULINOS QUE O SÉCULO XXI TRARIA PARA A SOCIEDADE MODERNA

ATUALIDADE COSMÉTICA # 159 | JAN/FEV 2018

Antes dos anos 1990, os padrões para um perfume masculino ainda eram limitados a tons mais amadeirados e fortes. Com a aproximação da virada do milênio, a cul-tura ocidental passou a apresentar mu-

danças e tons de delicadeza começaram a ser aceitos dentro da visão do que é masculino, do que é ser homem. Passou a ser considerado co-mum e aceitável o dito metrossexual, que demonstra um espectro maior de emo-ções e tem cuidados maiores com sua própria aparência, saúde, etc. Claro que isso se estendeu para a perfumaria, uma vez que o aroma é o seu cartão de visitas.

Em 1998, a Maison Cartier – marca francesa tradicional por seus relógios e joias – buscou trazer para o mercado um perfume que mantivesse toda a mascu-linidade tradicional, com sua robustez amadeirada, mas também explorando toda essa possibilidade nova de tons mais exóticos para os homens, algo já muito comum em fragrâncias femininas. No Déclaration Eau de Toilette, a empre-sa inovou. Ela trouxe a clássica composi-ção masculina, a madeira de cedro é um exemplo, mas também uma contraposi-ção ousada até então, com notas picantes e especiadas, como o cardamomo. Essa mistura conferiu um toque refrescan-te à fragrância, resgatando os fougéres, muito populares no passado e que re-tornaram posteriormente. “Ao criar este perfume, foram escolhidos ingredientes clássicos da perfumaria, todos de extre-ma qualidade. No entanto, era preciso inovar combinando o já conhecido com o nunca utilizado”, analisa a marca.

Jean-Claude Ellena, na época na Givaudan

e que tornou-se perfumista exclusivo da casa de luxo francesa Hermès em 2004, assinou o perfume e buscou seguir totalmente a proposta de inovação e resgate do perfume refrescante, porém robusto, mas sem sair

da característica oriental que própria Cartier ha-via estabelecido para os seus produtos olfativos.

Também em 2004, a Cartier passou a contar com uma perfumista própria: Mathilde Laurent.

CONVERSANDO COM ELEO frasco é uma parte importante da ex-periência de um perfume, mesmo que de forma mais sútil, mas, ainda assim, essencial que esteja, pelo menos, ali-nhado com a proposta. A Cartier é uma empresa que além de produtos de qua-lidade, são de elevado valor agregado e de luxo, oferecendo aos seus clientes relógios e joias, não somente perfumes finos. A empresa procurou manter tal pa-drão para o Déclaration. A embalagem da fragrância foi inspirada em um dos relógios da marca, trazendo mais toques ainda de classe e refinamento para o ho-mem que irá usá-lo.

“O perfume precisava conversar di-retamente com este novo modelo de ho-mem surgido a partir da década de 1990 que se mostrava mais romântico, vai-doso e sensível às suas emoções e sen-timentos. O frasco evoca justamente es-tas características representado por um coração lapidado no vidro”, completa a Cartier. Esse coração lapidado no vidro também segue a proposta do produto de ilustrar o “novo homem”, aquele que continua sendo corajoso e robusto, po-

rém sem medo de mostrar sentimentos.

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