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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Escola de Música
Licenciatura em Música
JOFFISON DA SILVA
A utilização da composição musical como estratégia de
ensino no estágio.
Natal/RN
2019
JOFFISON DA SILVA
A utilização da composição musical como estratégia de
ensino no estágio.
Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura
em Música da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte – UFRN, como requisito parcial para
obtenção do título de Licenciado em Música.
Orientadora: Calígia Sousa Monteiro.
Natal/RN
2019
FICHA CATALÓGRÁFICA
JOFFISON DA SILVA
A utilização da composição musical como estratégia de
ensino no estágio.
Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura
em Música da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte – UFRN, como requisito parcial para
obtenção do título de Licenciado em Música.
Apresentada em _11_/_11 /_ 2019 _
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Especialista Calígia Sousa Monteiro
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(Orientadora)
________________________________
Prof. Ms. Edibergon Varela Bezerra
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
________________________________
Prof. Maurício Eslabão da Fonseca
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
________________________________
AGRADECIMENTOS
Entendendo que ninguém chega a qualquer lugar sozinho, principalmente a lugares
que antes não imaginava, em nenhum âmbito da vida. Assim, venho agradecer a muitos e
muitos seres que estão e que passaram por minha vida, inclusive a acadêmica.
Agradeço a Deus antes de tudo, por ter permitido saúde física e mental para cumprir
todo o processo que se faz necessário para concluir o curso de graduação em Licenciatura em
Música.
Agradeço a minha família que está comigo por toda vida e não foi diferente neste
processo, permanecendo ao meu lado com apoio e suporte me ajudando a está atento as
condições que a vida de docente nos apresenta.
Agradeço por demais a todos os meus professores de música com os quais tive a
oportunidade de aprender o conteúdo musical que trago em minha vivência. À professora
Anita Braz, que esteve a me orientar nas primeiras melodias de flauta doce e leitura de
partitura musical em minha vida, este inclusive foi primeiro contato com um instrumento
musical. À professora Anne Saraiva, pois sem os conhecimentos que ela me apresentou eu
não seria capaz de está onde estou. Muito obrigado!
Ao grande professor de música, instrumentista, orientador na vida e amigo, Ailson
Saraiva, que sempre enxergou muito além de como estava musicalmente, vislumbrando onde
eu poderia chegar como em um curso de ensino superior de música. Tanto percebeu isto em
mim, quanto em muito amigos que por este curso de licenciatura passaram. Sou eternamente
grato, muito obrigado!
Aos grandes amigos da comunidade santa cruz, que quando adolescente, ainda que de
maneira informal, me ensinavam os primeiros acordes no violão e as primeiras batidas
percussivas para acompanhar os encontros que participávamos.
Agradeço ainda de maneira muito especial a todos os professores e mestres da Escola
de Música da UFRN, em que com todos aprendi e aprenderei muito. Eles me fizeram enxergar
que ser professor de música vai muito além de ensinar um instrumento musical.
Por fim, agradeço por demais a minha orientadora, Calígia Monteiro, que se dispôs a me
conduzir e apoiar as ideias, além de lapidar e fazer entender o que era preciso, deixando de lado
seus afazeres e priorizou este trabalho por muitas vezes, para dedicar seu conhecimento em prol
de meu crescimento. Muito obrigado!
Agradeço a todos que de uma maneira direta ou indireta me conduziram e ainda me
apoiarão nessa caminhada.
Resumo
A prática de estágio nos cursos de licenciatura, necessária para melhor capacitação dos
graduandos, possibilita a vivência em sala de aula, bem como torna conhecida algumas
necessidades e tarefas a serem cumpridas por parte do futuro docente. Assim, o objetivo deste
trabalho é relatar a importância do estágio no processo de formação docente evidenciando o
processo de composição como estratégia de aprendizagem musical. Este trabalho trata-se de
um relato de experiência realizado durante a disciplina de Estágio Supervisionado IV da
EMUFRN, na Escola Municipal Verador José Sotero no bairro de Igapó na cidade de Natal –
RN. Diante disso, trago parte da trajetória prática vivida no estágio em que nas aulas, na
academia, é experimentado mais em seu sentido teórico. Assim, trazendo fragmentos da
vivência desta etapa da licenciatura, realizada na educação básica, construiu-se novos saberes
a partir das reflexões e ações conduzidas ao longo do trabalho, com a qual foi possível a
construção de uma composição como uma estratégia de qualificar o ensino e também como
meio de aproximação experiencial histórica e criativa musical dos alunos.
Palavras-chave: Estágio Supervisionado; Planejamento; Composição; Vivência musical.
ABSTRACT
The practice of internship in undergraduate courses, necessary for better training of
undergraduates, enables the experience in the classroom, as well as makes known some needs
and tasks to be fulfilled by the future teacher. Thus, the aim of this paper is to report the
importance of the internship in the process of teacher education, highlighting the composition
process as a strategy for musical learning. This work is an experience report conducted during
the course of Supervised Internship IV of EMUFRN, at Verador José Sotero Municipal
School in the Igapó neighborhood of Natal - RN. Given this, I bring part of the practical
trajectory lived at the stage where in classes, in the academy, is experienced more in its
theoretical sense. Thus, bringing fragments of the experience of this stage of the degree, held
in basic education, new knowledge was built from the reflections and actions conducted
throughout the work, with which it was possible to build a composition as a strategy to
qualify teaching. and also as a means of approaching students' historical and creative musical
experiences.
Keywords: Supervised Internship; Planning; Composition; Musical experience.
Sumário
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 7
2. IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO PARA O
LICENCIANDO..................................................................................................10
3. METODOLOGIA ..........................................................................................14
3.1 Caracterizações da escola ............................................................................14
4. CARACTERIZAÇÃO DA TURMA ............................................................16
4.1 As observações e regências ..........................................................................28
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................25
REFERÊNCIAS
APÊNDICES
7
1. Introdução
Desde criança havia música presente em minha rotina, mesmo enquanto bebê com as
canções de ninar que cantavam para mim, principalmente na hora de dormir. Quando comecei
a ir a escolinha, a música normalmente era associada a hora de recreação, do lanche, também
executada em cantigas de roda, mas confesso que de início não percebia que a música fazia
parte da aprendizagem, isso em meus primeiros anos da alfabetização até a adolescência, ao
menos não me recordo de ter a consciência de uma musicalidade, e assim como muitos
atualmente eu notava a música apenas como hobby ou momento de recreação, nem sequer
imaginava que havia um sentido para todas aquelas canções que cantávamos na rotina da
escola, apesar de já entender que haveria a fila para o lanche após cantar determinada música.
Quando um pouco maior, na idade da pré-adolescência, já havia um entendimento
musical mais claro devido a convivência com amigos que tocavam violão e também diante
das aulas de flauta que havia tido, assim passei a ver e fazer uso também em um momento de
distração, estando sozinho, até mesmo para refletir sobre os versos que ouvia, tendo também
como diversão quando estávamos os amigos e eu, juntos a conversar. Estes momentos eram
regados a novos conhecimentos que eu nem me dava conta, pois através das conversas sobre
canções e até mesmo sobre determinadas bandas, passávamos não só por um momento de
socialização, mas também por aprendizado de gêneros musicais, formação de bandas,
formação de acorde, ou seja, eram momentos informais de conhecimento musical além de
bem estar social.
Entrando na Licenciatura em Música, comecei a ter uma noção de como é o ensino
da música, mais precisamente a educação musical voltada para a educação básica, e em quais
níveis de ensino e maneiras formal, informal e não formal de ensinar esta área de
conhecimento o educador musical pode atuar, que pode ser desde uma ONG a escola básica
de ensino ou escolas especializadas de música. Aprendizagens que se dão com o saber
musical sendo passado por e entre pessoas, também em projetos de bandas marciais, coros,
percussão, aulas particulares e tantos outros lugares de atuação do educador musical.
Por outro lado, nesta graduação, também adquiri uma visão mais realista de como
que é ser professor de escola básica, especificamente de música, o qual trata o contexto deste
trabalho. Na prática deste estágio pude observar o quanto esta profissão de professor é árdua,
e perceber, nesta realidade, que por se tratar de música as aulas ainda são de certa forma
banalizadas, pois muitos alunos ainda veem a música na escola como momento recreativo e
não como uma linguagem artística sendo área de conhecimento. Quem sabe isso está ligado a
8
como a coordenação e direção e o corpo escolar entende o papel e importância do professor
de música na escola, como corrobora Koellreuter (1997, p. 109) “os pais desconhecem ainda o
inestimável valor educacional e socializante das disciplinas musicais”.
Contudo, além dos direcionamentos teóricos propiciados nas aulas da graduação o
curso de Licenciatura em Música da Escola de Música da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (EMUFRN) dispõe em sua estrutura curricular disciplinas que propiciam aos
graduandos a regência em sala de aula através das disciplinas de Estágio Supervisionado I, II,
III, IV, direcionados respectivamente a Educação Infantil, Escola Especializada em Música
Ensino Fundamental e Médio. Sendo esse uma das formas de possibilitar o licenciando
experienciar e melhor se capacitar em relação a profissão de docente frente a uma sala de aula
nos diversos níveis de ensino.
Assim, ao realizar as primeiras práticas de estágio, tive a oportunidade de sentir um
pequeno fragmento das teorias que aprendi por meio das disciplinas em relação à
funcionalidade desta área de conhecimento, e, por em prática conteúdos musicais, agora com
a consciência e o dever de tornar conhecido também aos alunos que o ensino de música não se
trata de recreação. Foi também a vivência no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência (Pibid) que me proporcionou um contato direto e de forma mais imediata com a
rotina de outra escola de ensino básico no ensino fundamental II, na disciplina de música.
Portanto, diante de algumas vivências passei a me questionar a cerca de como estaria
acontecendo minha prática docente, mesmo ainda estando em formação. Tendo em vista as
sequências das aulas e as regências nos Estágios Supervisionados serem de certa forma de
responsabilidade minha, no decorrer das atuações sempre tentava aproximar ao máximo a
teoria da prática, inserindo na realidade dos alunos o conteúdo de uma forma atrativa e lúdica.
Com isso cheguei por vezes questionar: como eu gostaria de ter aprendido sobre isso? Como
este aluno na sua realidade de vida e aprendizagem pode entender determinado assunto? Entre
tantos outros questionamentos, com o intuito de contribuir para a formação e/ou
transformação do ser que aprende, e também do que ensina.
Diante disso, compreendi a importância e necessidade da organização pedagógica
que deve ter o professor, o qual precisa de um bom planejamento e adequação da forma de
passar o conteúdo de acordo com a bagagem histórica e nível de assimilação de conteúdo dos
alunos. Para isso é interessante que aja um cuidado com o planejamento e seleção dos
conteúdos a serem ministrados e até estratégias de ensino para melhor atração e compreensão
do conteúdo, sobretudo para as aulas de música, a qual é o contexto de ensino deste trabalho.
9
Pensando nisso, o objetivo geral deste trabalho é relatar a importância do estágio no
processo de formação docente evidenciando o processo de composição como estratégia de
aprendizagem musical. E os objetivos específicos são: evidenciar a importância dos
planejamentos; pontuar a importância de lecionar unindo a prática e a teoria; apontar questões
sobre como é ser professor de música na escola básica.
Tal escolha foi feita pensando em melhor me orientar refletindo sobre minhas
práticas e contribuir para pessoas que também possam ter as mesmas questões. Nesta
perspectiva trago neste trabalho o relato da minha experiência que aconteceu na Escola
Municipal Vereador José Sotero, em que discorro parte da trajetória prática vivida na
disciplina de Estágio Supervisionado IV, expondo fragmentos da vivência de algumas etapas
da licenciatura, realizadas também na educação básica.
Desta forma, nos capítulos que seguem trago em evidência a importância do estágio
para o licenciando, abordando a relevância de aliar a teoria com a prática em sala de aula o
que reflete diretamente a uma discussão sobre a necessidade de atenção com os planejamentos
com o intuito de pensar conteúdos e atividades de acordo com o público alvo com qual se
trabalha. Por fim, aponto questões sobre o ser professor de música na escola básica, inclusive
relatando o processo de composição musical realizado durante a prática de estágio.
10
2. Importância do Estágio Supervisionado para o licenciando
Constrói-se saberes a partir da prática do estágio unida às reflexões e conteúdos
teóricos abordados também durante as aulas da graduação. Nas escolas de educação básica
pelas quais passei não foi tarefa fácil despertar a atenção, bem como o gosto pelas artes,
especificamente música. Talvez pelo fato de não ter uma regularidade de ensino nestas
escolas desta área de conhecimento. O que de certa forma pode também justificar a falta de
conhecimento de alguns gestores e até pais de alunos em relação a importância das aulas de
música na escola. Citando a minha realidade como exemplo: durante anos ao meu redor foi
instaurada uma percepção desde pais, amigos, irmãos mais velhos, sociedade que eu tomava
como base, de que a arte/música somente servia para a distração e momentos de lazer, mais
especialmente a Música, e acredito que este pensamento se reforçou pelo fato de no meu
ensino fundamental não ter como matéria que contemplasse conteúdos musicais e, sobretudo,
a disciplina de artes era banalizada como a disciplina do desenhar e pintar.
É diante da vivência nos estágios nas escolas de educação básica, enquanto
licenciando, que podemos refletir sobre os conteúdos teóricos apreendidos exercendo a prática
na medida em que entendemos melhor a realidade profissional do professor, a qual vai além
de relatos de vivência como este, em que podemos refletir um tanto mais e qualitativamente,
sobre o ensino da música tanto no ensino médio quanto também em outros níveis da educação
básica.
Levando em consideração, sobretudo a prática de estágio para o desenvolvimento das
aulas de música, algo que me desperta muito a curiosidade e questionamento é o fato de
termos inserida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional a informação de que
Música deve está presente nas aulas de artes da escola de educação básica: “6º As artes
visuais, a dança, a música e o teatro são as linguagens que constituirão o componente
curricular de que trata o § 2o deste artigo” (BRASIL, 2016b), porém não se faz realidade de
todas as escolas. E mesmo tendo sido aprovada em 2008 a Lei nº 11.769 a qual informava a
obrigatoriedade do conteúdo musical nas aulas, pelas escolas que passei pude notar a falta de
conhecimento de alguns profissionais da educação em relação a presença e a importância
desta área de conhecimento.
Entretanto, é extremamente satisfatório ver uma lei que trata do ensino de música em
escola básica. Apesar de o caminho ainda ser bastante conturbado, este apoio é por um
momento confortante. Pois é sabido que por meio de congressos, fóruns, debates e a presença
de professores especificamente de música em algumas escolas, inclusive concursados, é
11
possível perceber conquistas na área da educação em relação a presença do professor de
música como aponta Luciana Del-Ben:
Desde a aprovação da Lei nº. 11.769, em 18 de agosto de 2008 (Brasil,
2008), tem sido significativa a mobilização de formadores, pesquisadores e
professores da área de educação musical no sentido de garantir a presença da
música nas escolas e, mais que isso, a institucionalização do ensino de
música na educação básica. (DEL-BEN, 2012, p. 38).
Diante disso, o estágio em si possibilita ao licenciando vivenciar e analisar tanto
estes pontos políticos-pedagógicos quanto a própria formação docente, no que se refere a
metodologias, práticas reflexivas, o que de fato se constrói por meio da prática em sala de
aula em que une a teoria aprendida na academia e a troca de conhecimento entre os educandos
e demais profissionais do ambiente de trabalho.
Assim, enquanto profissionais da educação pensamos, vivemos e participamos da
construção de saberes da sociedade e por isso é primordial estar inteirado de sua realidade e
cultura, de sua maneira de ver o mundo. Para isso é preciso planejar e elaborar estratégias
para melhorias com o intuito de se adequar a realidade do público mencionado. Buscando
com isso maior qualidade na aprendizagem, utilizando-se inclusive de momentos lúdicos,
pois, acredito que nesses momentos também aprendemos.
O planejamento, que deve anteceder a aplicação da prática, vem como dever
pertinente ao ser professor, de buscar mostrar com qualidade e sabendo que não é algo
estático, e auxiliando a respaldar o professor ao conteúdo que pode sofrer mudanças. Uma das
maneiras de pensar o planejamento vem apresentada por Fernandez,
Planejar é uma das funções dos professores. Planejar a prática pedagógica
não consiste somente no exercício de uma técnica no sentido restrito. Se
assim fosse, poderíamos conduzir o texto descrevendo, em nosso caso,
fórmulas ou receitas para a elaboração do plano de aula. (FERNANDEZ, s.d.
p. 59).
Então, certamente não considero que é, ou que será, uma realização simples!
Principalmente nos momentos iniciais em que, além da responsabilidade de ensinar com
qualidade as atividades, há uma maior responsabilidade de apresentar este novo mundo
musical ao público alvo, onde tudo o que for vivenciado servirá para sempre de referência na
vida musical deste ser. Com isso, uma das necessidades que o professor deve estar sempre
atento ao apresentar conhecimentos, neste caso voltado ao conteúdo musical, é o
planejamento direcionado a especificidades da turma. Pois, possivelmente quase todos nós
12
temos um histórico musical inconsciente, desde as canções de ninar, as músicas em
propagandas, banda favorita, rádios entre outros estímulos musicais. Como corrobora Zibas:
Os professores têm, em geral, grande dificuldade de aproximar-se da cultura
adolescente. Esse distanciamento afunila a cultura da escola, empobrece as
trocas entre os sujeitos do mundo escolar e converte, muitas vezes, o
conteúdo das disciplinas em elemento aversivo aos alunos. (ZIBAS, 2005,
p.25).
Diante disso, é possível assinalar que se fazer necessário estar atento e refletir
sempre que possível sobre a necessidade e especificidades que a rotina em sala de aula nos
trás, tentando sempre compreender quais prováveis caminhos podemos seguir, para atuar de
maneira satisfatória ao aprendizado do aluno bem como o nosso enquanto docente.
Desta forma, o estágio supervisionado oferece ao licenciando essa percepção de
necessidade de adequação de conteúdo e estratégias para melhor desenvolver a habilidade
profissional e consequentemente melhor compreensão de conteúdo por parte dos alunos. O
fato que conclui durante o período desta vivência é que a prática em sala de aula auxilia ainda
mais na nossa formação, pois é em sala que aula que podemos unir a teoria e a prática e ainda
refletir sobre ela. É na vivência que percebemos como o ensino se dá diante das reações dos
alunos e também de como agimos para esclarecer ou resolver alguma questão que venha a
surgir, por exemplo conseguir a atenção da turma enquanto explana um assunto e, além disso,
tentando nos aproximar ao máximo da realidade de vida e escolar, nas observações e
aplicação de atividades nos estágios supervisionados. Molinari e Scalabrin (2013, p.4) falam
que;
O estágio curricular é compreendido como um processo de experiência
prática, que aproxima o acadêmico da realidade de sua área de formação e o
ajuda a compreender diversas teorias que conduzem ao exercício da sua
profissão. É um elemento curricular essencial para o desenvolvimento dos
alunos de graduação, sendo também, um lugar de aproximação verdadeira
entre a universidade e a sociedade, permitindo uma integração à realidade
social e assim também no processo de desenvolvimento do meio como um
todo, além de ter a possibilidade de verificar na prática toda a teoria
adquirida nos bancos escolares (MOLINARI, SCALABRIN, 2013, p.4).
Sendo assim, considerado importante durante a formação docente, por possibilitar
esta reflexão de evolução profissional a partir das experiências obtidas. Servindo inclusive
para fazer perceber que a formação docente não acaba ao findar o curso de graduação, mas
sim permanece em constante aprendizado diante das diferentes experiências com diversos
13
alunos para os quais iram lecionar os licenciandos. Fato, é que, apenas frequentando as aulas
na academia e lendo os textos não seria possível adquirir conhecimentos que somente a
prática nos possibilita, inclusive por meio de observações e análises dos perfis dos alunos e da
própria prática enquanto professor.
Então, é neste momento que podemos refletir diante de nossas ações sobre nossa
evolução acadêmica e pessoal. Desse modo se faz necessário a todos que vivem este processo
da docência, além de compreender o conteúdo, saber como colocar em suas aulas e
contextualizar cada conteúdo pensando em como pode afetar positivamente e tentar na
medida do possível evitar situações que atuem negativamente na vida de quem o recebe. Com
isso, proporcionando de fato mudança significativa para a vivência escolar e o aprendizado.
14
3. Metodologia
A partir da vivência do estágio na rede de ensino básico no município de Natal/RN,
realizado durante a disciplina de Estágio Supervisionado IV, componente obrigatório do
Curso de Licenciatura em Música da UFRN, o qual é direcionado para o ensino de música na
Educação básica em nível do Ensino Médio, decidi construir este trabalho monográfico com o
objetivo de relatar a importância do estágio no processo da formação docente evidenciando o
processo de composição como estratégia de aprendizagem musical.
Neste trabalho utilizei a abordagem qualitativa, pois por meio dela foi possível tecer
reflexões conduzidas através das observações e participações nas aulas do estágio em que
regi. O trabalho em si trata-se de um relato de experiência em que pude realizar na Escola
Municipal Vereador Jose Sotero. E por ser um relato, trago um pouco da experiência em sala
de aula e do debate com os colegas da universidade e professores sobre as observações e as
atuações com os alunos e também possíveis soluções sugeridas e obtidas com a turma do nono
ano “c”. Ressalto, que apesar de o estágio ser direcionado para o Ensino Médio minha atuação
foi em uma turma do último do Ensino Fundamental 2 diante da pouca presença de
professores de música no ensino médio. Assim, para que eu pudesse contemplar os requisitos
mínimos do estágio 4, foi aberta uma exceção para que houvesse a atuação no 9º ano, o qual
mais se aproxima da faixa etária dos alunos de Ensino Médio.
Diante disso, a seguir discorro sobre as ações conduzidas ao longo da prática do
estágio e informações da construção de uma composição musical como uma estratégia de
qualificar o ensino e também como meio de aproximação experiencial.
Assim, para análise e contextualização deste trabalho foram realizadas também
leituras bibliográficas na busca de fundamentar o trabalho e melhor explanar a importância
dos planejamentos de aula e do estágio supervisionado para o professor em formação Deste
modo, nos capítulos a seguir relato os passos e as aulas que regi, bem como a interação aluno-
professor à medida que a pesquisa ocorria.
3.1 Caracterizações da escola
A Escola Municipal Vereador José Sotero é localizada na Rua Aracajú nº 142, bairro
igapó na cidade do Natal/RN. Oferece ensino do fundamental II nos turnos matutino e
vespertino e funciona em um prédio de alvenaria de construção relativamente nova, seguindo
o modelo adotado de engenharia para as escolas do município.
15
É um prédio bem planejado, tendo uma estrutura relativamente organizada de salas,
com um bom aproveitamento dos espaços (sala de professores, de vídeo, de informática e de
artes, biblioteca, quadra, direção, coordenação, secretaria, refeitório, área verde e um ótimo
pátio), além de ser bem arejada e observa-se está em boa conservação.
O ambiente é amplo e parece ser agradável para os estudantes e comunidade que ali
frequentam. Os corredores de acesso às salas de aula são cobertos, protegendo os alunos em
dias de chuva. Existe uma biblioteca bem organizada e catalogada em que os alunos além de
acesso às pesquisas podem fazer empréstimos de livros para estudarem em casa. Na mesma
sala da biblioteca funciona uma sala de vídeo que deve ser agendada antecipadamente quando
precisa ser usada. Além disso, tem na escola aula de xadrez e ginastica rítmica ministradas por
professores de educação física, além de futsal e vôlei.
Há um espaço importante como a quadra de esporte coberta onde são realizadas as
aulas de educação física e diversas outras atividades como eventos festivos. Logo à entrada o
prédio da administração, fica uma sala para receber alunos e pessoas para conversa reservada,
a secretaria, a sala da diretora, uma sala para professores e os banheiros dos funcionários. Ao
lado deste prédio, tem um espaço coberto com algumas mesas de recreação, onde os alunos
ficam nos intervalos das aulas (algumas fotos estão nos apêndices para melhor compreensão).
A escola atende alunos da comunidade e de bairros vizinhos situados na zona norte
de Natal/RN. Está em um lugar que pode ser considerado de periferia, e como muitas enfrenta
problemas de desnivelamentos em relação ao ano e idade correspondente.
O corpo docente é formado por professores da rede municipal de educação, alguns já
estão na escola desde sua fundação, outros recém-chegados. E cumprindo uma carga horária
por hora relógio, ao invés de hora-aula como era antes do município de Natal adotar este
formato de hora. A professora a qual eu estava sendo supervisionado no estágio atua na escola
há 5 anos, tem formação em educação artística e uma experiência musical vasta como cantora,
e também faz parte de diversos corais na rede municipal e na UFRN.
A escola funciona oferecendo aulas apenas durante o dia, nos turnos matutino e
vespertino, mas a noite há treinos de futsal e durante um período do ano há também ensaio de
uma quadrilha junina e reuniões comunitárias. A escola oferece o programa Mais Educação,
programa do qual já fui monitor nas oficinas de música. Também oferecia o projeto Escola
Aberta que funcionava aos fins de semana buscando oportunizar maior vivência da
comunidade com a escola ofertando diversas oficinas, dentre elas a de violão.
16
4. Caracterização da turma
Levando em consideração a necessidade de buscar novas estratégias para atuar com
os alunos em sala de aula, percebido durante as observações da turma, através do Estágio
Supervisionado foi possível desenvolver uma composição musica coletiva, tendo a sua
criação e execução por parte dos alunos. Diante disso, a seguir descrevo a caracterização da
turma trabalhada, bem como as observações realizadas e a letra como resultado final da
composição.
A turma do 9º ano “c” do turno matutino, que tem uma variedade grande no quesito
faixa etária, aproximadamente noventa por cento da turma mora nas proximidades da escola, e
estuda no local desde o sexto ano. Assim conhecendo bem a rotina da instituição, por já ter
lecionado para alguns destes alunos no projeto mais educação, não é uma turma tão
silenciosa. Por muitas vezes os alunos conversam entre si, pegam os celulares, chegam
atrasados na sala devido a aula ser logo em seguida do intervalo, e com todos esses
transtornos atrapalhando por demais o desenvolvimento da aula. Durante minha atuação perdi
muito tempo pedindo e esperando o silêncio mínimo pra entenderem o que estava tentando
dizer.
Assim, durante as observações não imaginei o desafio que seria mesmo percebendo
que a turma era bem agitada e se dispersava bastante. Havia apenas pensado em como aplicar
os conteúdos, e não exatamente em ter que ter controle da turma. Existem muitos grupos de
amigos espalhados pela turma, cada qual buscando estar perto de quem mais se identificava.
Algumas meninas sempre se sentavam próximas mantendo assim uma rotina de conversa, mas
também apoiando a uma das companheiras de sala, uma colega adolescente que estava
grávida.
Outro grupo de amigos que sempre, em todas as aulas chegam juntos e atrasados.
Outros que costumavam jogar junto na equipe de futebol de salão da escola. Alguns bem
comportados que sempre buscavam estar atentos a aula, estes quase sempre estavam sentados
mais à frente da classe. Outros alunos, meninos e meninas, permaneciam quase sempre com o
celular ligado ao fone de ouvido.
Por fim, é uma turma bem sortida em pessoas, personalidades e comportamentos. Por
muitas vezes os alunos se envolviam nas atividades que eram propostas, porém tinham que ser
supervisionados e cobrados em quase todas as situações para poderem concluir uma atividade
relativamente simples. Isso por conta de mau comportamento, ou aparente desinteresse. Em
17
um recorte de minha visão externa de quem observa, este aparenta ser um comportamento
comum que se estende a outras turmas e escolas.
A professora, com a qual estava estagiando, é formada em arte com especialização
em música, além de praticar canto em paralelo a sua carga horária. Ela está a frente de um
projeto de canto coral na mesma escola que acontece duas vezes na semana, no contra turno
com os alunos que demostram interesse em aprender sobre o canto. Apesar de não ter tido
acesso aos planos de aula direcionados a turma, sempre conversava com a professora a qual
explicava e questionava os conteúdos que eu pretendia aplicar com a turma, sugerindo em que
data eu daria os assuntos propostos, me ajudando a entender ainda mais a importância de
planejar muito as aulas.
As aulas da turma do 9º ano “c” aconteciam por duas vezes por semana, uma na
terça-feira e a outra na sexta-feira. Durante o período do estágio foi dividida essa rotina de
aulas: na aula da terça-feira a professora estava desenvolvendo junto com a turma o tema
História em Quadrinhos (HQs), e na aula da sexta-feira ela fazia supervisão sobre minhas
aulas de música, enquanto eu assumia a regência das mesmas.
Neste período de regência do estágio, a professora estava apresentando e orientando
sobre as HQ. Um fator que busquei aplicar foi à maneira como a professora constantemente
empregava a linguagem próxima da que os alunos usavam, sem perder a formalidade escolar
que a função de professor exige. Tendo a linguagem familiar como uma estratégia de
aproximação da turma e assim de melhoria quanto ao entendimento dos assuntos.
Ao fazer as primeiras visitas e também ao estar em sala apenas para as observações
iniciais, sequer cheguei a imaginar que o maior desafio para minhas atuações seria a
“conquista” da turma para conseguir silêncio, chegar no horário, tirar os fones de ouvido, por
exemplo. Apenas imaginei que seria desafiador entender como a turma responderia de forma
positiva ou não as minhas propostas durante a execução das aulas. Muito provavelmente tais
fatos ocorrerão devido a uma ansiedade adquirida, na expectativa da regência.
Houveram momentos durante as aplicações das aulas em que pensei em desistir e
simplesmente sair, devido ao comportamento de alguns. Abaixo segue os detalhes e
informações sobre as observações e a prática docente.
18
4.1 As observações e regências
As observações serviram para entender um pouco da turma em relação a como se
comportavam em sala. Entretanto, ainda assim não me trouxeram a realidade de como atuar
com eles. Observei duas aulas entre os dias quinze e vinte e nove de março.
No primeiro dia houve apenas uma reunião feita pela direção junto com a
coordenação e todos os professores da escola. Uma parte dessa reunião foi feita para um
grande número de pessoas pais e alunos, na parte onde funciona o refeitório da escola, falando
sobre informações gerais, como fardamentos horários das aulas, apresentando professores
novatos, dando diretrizes de como seria o planejamento da escola para o decorrer do ano.
Num segundo momento, as turmas foram separadas e quem pertencia ao sétimo ano
se dirigia a sala do sétimo, quem era do oitavo, sexto e nono anos se direcionavam as salas
correspondentes. Cada professor, de acordo com o que fora previamente definido, estava
presente em sua sala para uma conversa com os pais e alunos também solucionar sobre
quaisquer dúvidas que os pais e responsáveis pudessem ter, e recolher assinaturas de uma ata
de presença naquele dia, tanto para os alunos quanto para os pais.
No segundo dia, que estava agendada a segunda observação, ocorreu uma
paralisação de toda a rede municipal. Por este motivo não houve o que seria para mim a
segunda observação. No terceiro dia de ida à escola, aí sim foi possível realizar a segunda
observação da turma e neste caso em sua rotina de aula. Ao iniciar a aula a professora fez a
saudação da turma e em seguida me chamou a frente para que os alunos me conhecessem e
compreendessem o que eu estava fazendo ali presente na sala de aula com eles. Explicou que
eu iria observar, e logo mais estaria conduzindo as aulas uma vez por semana, na sexta feira,
enquanto ela estaria trabalhando com eles nas terças. Explicou também que estaria me
supervisionando na prática de estágio, que faz parte do processo para a conclusão de uma
graduação, neste caso em licenciatura em Música. E contextualizou a oportunidade deles
experimentarem algo diferente do que o currículo da escola oferecia, já que eu trabalharia
conteúdos musicais.
Nesta segunda observação, acompanhei a turma também em outras aulas além da
aula de arte na busca de entender melhor seus comportamentos e até mesmo me fazer mais
presente na rotina de aulas da turma. Acompanhei a turma em uma aula de história e uma de
matemática.
Ao observar a turma em outras aulas que não apenas a aula onde estaria pondo em
prática as minhas observações e regências, percebi que alguns alunos mantinham o mesmo
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comportamento de brincadeiras e conversas paralelas e que isso não era exclusividade apenas
da aula de arte. Outros que também conversavam com frequências, em outras disciplinas
buscavam estar minimamente mais atentos ao conteúdo. Talvez por haver uma dificuldade
maior de assimilação do assunto ou pela postura mais fechada do professor da disciplina. Não
pude constatar mais detalhes sobre isto por não acompanhar outras aulas destes mesmos
professores. A aula de matemática era a que tinha maior atenção e com isso comparei com a
aula de artes e pensei que ele pudessem estar encarando a matéria de arte como algo mais
“fácil” e relacionado ao lazer, momento de recreação ou algo assim, e não como uma
linguagem tão importante quanto as outras do currículo escolar.
Estas observações me fizeram questionar o quanto eficaz deveria ser a associação da
temática de minhas regências. E na busca de estratégias pensei em organizar a trajetória das
aulas a partir da história da música, trazendo para os alunos um conhecimento prévio básico
de como foi a caminhada e evolução da música como a conhecemos na atualidade. Neste
momento já havia em mim o pensamento de trabalhar uma composição coletiva como
estratégia e ferramenta para uma vivência musical.
Na primeira aula, levei textos e vídeos, utilizando um computador e um projetor
conectados à internet que a escola oferece o acesso aos professores como uma forma de
conduzir melhor as suas aulas. Tanto o texto quando o vídeo trazia a temática da história da
música com pontuações e reflexões desde os princípios. Fizemos as leituras de forma coletiva,
onde cada um que se sentisse a vontade poderia ler uma parágrafo. Busquei que com essa
leitura os alunos pudessem estra atentos ao conteúdo e que interagissem com a aula, ainda que
de maneira simples.
Com a leitura do texto seguimos o primeiro momento da aula, em seguida questionei
quem havia compreendido e pedi pra que compartilhasse com a sala. Não tive muito sucesso
neste momento! Na sequência, intercalando a explanação e alguns vídeos sobre a história da
música, fiz questionamentos sobre o que acharam do vídeo e alguns disseram que acharam
bem legal e criativo a maneira como o vídeo foi feito; que devia ter dado trabalho desenhar
tudo. Um dos vídeos era em formato de desenho, o que chamou bastante a atenção e trouxe
um resumo do texto que havíamos lido.
Na segunda aula, levei para a turma um momento de apreciação de músicas diversas.
Entre elas, algumas músicas que eles costumavam escutar em rádio no estilo sertanejo
universitário, um estilo conhecido popularmente como “sofrência”. Dispus o áudio em meu
aparelho celular, também levei música clássica e música contemporânea, essas utilizando da
conexão com a internet da escola.
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Sempre em seguida a cada música tocada trazia alguns questionamentos sobre o que
escutaram, por exemplo: Que ritmo poderia ser? Que instrumentos perceberam? Era uma
música lenta ou mais rápida? Havia poesia, letra? De que parte do mundo essa música
poderia ser? O que acharam? Buscando gerar reflexão sobre o tema.
Na terceira aula, ainda voltando a falar de história da música e dando continuidade
aos vídeos, prossegui falando também sobre a história da música no Brasil. Levei então
músicas com estilos musicais voltados para o rock, pelo fato de ter sido em décadas anteriores
um estilo musical bastante presente no meio popular e de fácil consumo em rádios, além de
carregar uma fama que se associa a rebeldia e quebra de padrões, muitas vezes pertinente a
idade da adolescência que os alunos se encontram.
Depois da exibição do vídeo abrimos um debate sobre o que foi entendido e pedi
para que numa folha de caderno construíssem um resumo relatando o que entenderam e
destacassem para me entregar. As histórias1 e estilos musicais apresentados até o presente
momento foi buscando que os alunos pudessem entender minimente sobre uma diversidade de
estilos existentes no mundo, bem como no Brasil, agregando repertório ao que cada um pode
ter consigo adquirido em sua trajetória de vida.
Na quarta aula busquei tratar das dúvidas encontradas nos resumos e esclarecer
algumas mais que surgiram na sala. Alguns comentaram que já conheciam a banda Legião
Urbana por conta de seus pais que sempre escutavam em casa, que achavam bem legal as
letras, que tinha um sentido legal de protesto e amor. Outro questionou se eles copiavam as
músicas de artistas estrangeiros.
Pretendia também falar sobre paisagem sonora na composição de uma cena. Isso
pensando em contribuir com a construção que eles estavam tendo de uma história em
quadrinhos, nas aulas da terça-feira com a professora titular da turma, mas não aconteceu.
Mesmo tentando com muita paciência seguir a aula neste dia em especial, vivi algo
que nunca imaginei: pensei em sair da sala de aula devido todo barulho e a falta de
importância que eu parecia ter ali. A turma estava muito desordenada, perdi o controle sobre
eles sem a menor dúvida nesta aula. Não foi uma boa experiência! Contudo, o que mais me
ajudou foi compartilhar a situação aos meus colegas da disciplina de estágio IV, onde nos
momentos que compartilhávamos sobre como estavam acontecendo às regências também
relatavam as angústias deles e sugeriam possíveis estratégias. Foi o que me deixou menos
1 Os links dos conteúdos usados por meio da internet estão nas referências.
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conturbado com o ocorrido. Diante das sugestões busquei acatar a de trabalhar em grupos
separados de quatro ou cinco componentes nas aulas seguintes.
Na quinta aula falamos sobre o processo de composição coletiva, procurei entender o
que os alunos já conheciam sobre composição, se já tinha criado uma música, e o que
achavam de criarmos uma em conjunto. Diante disso, esclareci o processo segundo meu olhar.
Pensando na sugestão de trabalhar em grupos, ofertada pelos colegas da turma de
estágio, assim o fiz. Seguimos a aula separando os grupos e pedi que conversassem para ver
as possibilidades de como poderia ser o ritmo da canção, como seria a melodia, e buscamos
associar com músicas que eles já conheciam que fazem parte do cotidiano deles, não como
paródia, mas como referência.
Decidimos por sugestão deles o tema, e como seria cada verso além do título que
ficou decidido Mundo Perfeito. Continuamos em grupos de quatro alunos e fizemos uma
votação pra eleger o tema da criação que faríamos coletivamente, elegeram dentre os temas
sugeridos que falaríamos sobre Política e Respeito. Diante disso, escreveram alguns versos
para entregar no fim da aula.
Na sexta aula trabalhamos a questão da harmonia musical da canção. Eu levei uma
sugestão de harmonia após analisar os versos que os alunos propuseram como resultado da
aula anterior. Alguns dos versos já tinham uma rima definida e combinando em formato de
estrofes, enquanto outros não apresentavam coerência nas palavras e formato musical.
Analisei junto com a turma se havia uma proposta interessante de modificação, diante do que
decidimos criar, direcionando ao tema e mensagem que a letra da música estava
comunicando. Ao tocar a música enquanto um experimento ainda neste momento quis saber
que ritmo poderiam fazer, que velocidade de execução, se a maioria estaria de acordo.
Notando que não havia tanta métrica em algumas frases, fui pedindo sugestões para
o melhor encaixe das rimas. Os alunos foram sugerindo e seguimos o processo de tocar com a
nova palavra sugerida pra sentir como ela se encaixaria na canção. Desta maneira
modificamos algumas terminações de frase e palavras que não estavam confortáveis de cantar
diante da proposta da turma, na tentativa de melhoria da criação coletiva. Até que chegamos
no resultado final apresentado mais adiante neste capítulo.
O resultado foi muito satisfatório. Nas aulas sete e oito, a proposta era apenas ensaiar
a fim de apresentar o resultado para toda escola. Os alunos demostravam entre si sentimentos,
uma euforia, uma ansiedade, pelo fato da possibilidade de mostrar aos colegas de outras
turmas uma canção criada por eles próprios. Havia uma expressão de nervosismo em alguns
misturado com uma satisfação em ter participado da criação de uma composição. Isto para os
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que mais se aproximaram do processo de criação da letra, outros que já conheciam alguns
acordes de violão me pediram para cifrar a música para que pudessem ensaiar em casa. Foi
realmente bastante gratificante.
Contudo, a apresentação não pode ser realizada, pois na aula seguinte foram
realizadas as avaliações do bimestre e na subsequente os horários reduzidos não permitiram
que tivéssemos um bom aproveitamento. Dentro do possível ensaiamos e buscamos melhorar
alguns detalhes notados na hora de tocar e cantar a canção, já que eles executaram e eu apenas
segui com a harmonia no violão. Gostaria de ter finalizado com uma apresentação para outras
turmas e a captação deste momento por áudio e por vídeo também. Segue abaixo o resultado
da parte escrita:
Mundo perfeito
Já sabemos que não existe um mundo perfeito.
Porque tem que ser desse jeito?
Por que tem que ser desse jeito?
Se quando olho pro lado, logo vejo um suspeito.
Porque tem que ser desse jeito?
Por que tem que ser desse jeito?
A crise é um sintoma de desarranjo politico
Sem saúde e segurança como é que eu fico?
Tenho minhas preferências, você tem as suas também.
Mas, sem democracias todos viramos reféns.
Já sabemos que não existe um mundo perfeito.
Porque tem que ser desse jeito?
Por que tem que ser desse jeito?
Se quando olho pro lado, logo vejo um suspeito.
Porque tem que ser desse jeito?
Por que tem que ser desse jeito?
É preciso muito mais pro país desenvolver
E pra ter o meu respeito, respeitado eu quero ser.
Não importa de que lado o que vale é a intenção
Não adianta estar à frente e não fazer pela nação.
Já sabemos que não existe um mundo perfeito.
Porque tem que ser desse jeito?
Por que tem que ser desse jeito?
Se quando olho pro lado, logo vejo um suspeito.
Porque tem que ser desse jeito?
Por que tem que ser desse jeito?
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De forma geral as aulas foram pensadas num formato menos tradicional (aluno
sempre sentado ouvindo e escrevendo), sempre que possível busquei perguntar algo e que eles
estivessem com as cadeiras postas em círculo ou em grupos. Apesar de ter que seguir alguns
regimes pedagógicos e escolares não houve discordância em relação a esses quesitos.
As ferramentas utilizadas foram vídeos, textos históricos, discussões em sala
contrapondo e apoiando ideias e o processo criativo, além de servir também como forma
avaliativa, tentando seguir a sequência didática construída para a disciplina do Estágio
Supervisionado IV inicialmente, a qual está inserida nos apêndice.
Ressalto que nos primeiros momentos onde estive na regência das aulas tive maior
dificuldade em passar os conteúdos, ainda que tivesse preparado algo mais visual com o apoio
do recurso tecnológico do projetor e de músicas. O rendimento da turma não foi o esperado
até que eu entendesse como agir diante de todos. Porém, ao final das regências foi notável que
quando eles se empenhavam conseguiam entender e produzir mais e melhor.
Assim, reafirmo que utilizei a estratégia da construção de uma composição coletiva
por ser uma experiência nova a ser vivenciada por estes alunos, permitindo que eles criassem
de forma orientada a partir do tema política e respeito que foi decidido por eles durante o
processo de entendimento histórico e fazer musical. Desse modo, se faz necessário a todos
que vivem este processo da docência, além de compreender, saber como colocar em suas
aulas e contextualizar cada conteúdo pensando em como pode afetar positivamente e tentar na
medida do possível evitar situações que atuem negativamente na vida de quem recebe o
conteúdo.
Durante as observações acreditei que as aulas aconteceriam de uma maneira muito
tranquila, uma vez que eu já conhecia a realidade social que a escola vive, conhecia alguns
alunos e uns professores e os diretores, além da supervisora e também de ter estudado em meu
ensino fundamental II nesta escola. Na prática não foi bem assim, pois já numa das primeiras
regências me vi como relatei anteriormente numa situação bem delicada: um desejo tremendo
de abandonar aquela aula devido à falta de importância que sentiam em relação a mim no
momento.
Ainda que tenhamos logrado uma composição em conjunto não acredito que
despertei o melhor do lado musical de toda turma, apenas de alguns. Contudo, numa visão
geral foi bem positiva a participação da turma. Por conclusão me senti satisfeito com eles pelo
resultado do trabalho traduzido numa canção.
Gostei muito da experiência de aplicar um projeto voltado exclusivamente para a
música, e inclusive por ter sido na escola onde eu quando era criança estudei no ensino
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fundamental II. Mas não se trata somente do conteúdo musical, é também como alguém que
pode de uma pequena forma despertar o desejo por uma possibilidade de vida acadêmica para
eles também.
Diante disso, e de mais uma vez cumprir a disciplina de estágio, a certeza obtida é
que ainda tenho muito a pesquisar e refletir mais e mais para conhecer ferramentas que
favoreçam o ensino das informações de maneira mais clara possível, para assim contemplar
de maneiras mais prazerosas o aprendizado, meu, e dos alunos. E ainda preciso aprender a
enfrentar as adversidades que surgirão na carreira docente. Preciso aprimorar meus
conhecimentos e práticas pedagógicas.
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4. Considerações Finais
A vivência na rotina diária com os alunos do 9º ano “C” da Escola Municipal
Vereador José Sotero, possibilitou a percepção de minha parte de um pequeno fragmento da
realidade em que se encontra o ensino da música na escola tratada neste trabalho. O que não
necessariamente reflete a realidade de toda rede de ensino de música do município, ou de
outras escolas básicas que também oferecem a disciplina de música em sua estrutura
curricular. Mas, a partir das observações e regências pude entender melhor qual a importância
dessa prática no processo de formação docente.
É incrível como está claro a ligação do que se estuda na Universidade em teoria e
como se aplica, quase sempre com resultados positivos. Por outro lado quando não se faz essa
ligação o quanto se torna “palpável” essa dicotomia.
Diante dos momentos de reflexão sobre as vivências ao que pareceu, algumas vezes
cheguei a questionamentos como: o quanto a profissão de professor é colocada à margem e ou
como as pessoas, alunos e corpo escolar veem a música na escola? Como momento recreativo
ou de apresentações, e não como uma linguagem e área de conhecimento?
Busquei levar um conteúdo atraente, trazer as discussões para a realidade em que os
alunos estão inseridos tentando fazer uso de uma linguagem compreensiva, independente das
condições de acústica da sala ou do calor presente ou mesmo do envolvimento de alguns
alunos.
A experiência me serviu entre tantos pontos para entender que a música não é
colocada tão à margem assim, como eu mesmo cheguei a pensar. Que o ser professor, é uma
eterna busca por melhoria própria para poder oferecer sempre algo positivo. Que a música na
escola terá muito provavelmente sempre a ambiguidade de momento lúdico e linguagem da
aprendizagem, e cabe também ao profissional saber administrar estes pontos.
De forma geral, foi muito rica esta situação em que pude perceber detalhes que no
dia a dia nem sempre percebo, como a reação dos alunos diante da compreensão do conteúdo,
seu envolvimento, descontentamento, novas estratégias de acordo com cada turma que eu
venha a lecionar. Além de cada particularidade da parte dos alunos, desilusões de minha parte
também e procurar refletir sobre o ocorrido a fim de resolver quaisquer dificuldades. Poder
avaliar os resultados e reações dos alunos bem como a minha postura constantemente, é algo
que tenho que ter em mente e praticar sempre.
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Fui muito bem recebido quando apresentei a proposta tanto para o corpo pedagógico
da escola quanto aos alunos. Mas, na aplicação abrangi enigmas principalmente com a falta de
ferramentas que poderiam auxiliar e envolver ainda mais os alunos no contexto das aulas.
No que diz respeito aos momentos de construção da composição, notei que uma parte
dos alunos estava bem envolvida e empolgada com sua criação. Entretanto, eu estava
apreensivo com o resultado final, devido à outra parte da turma não querer se envolver com o
mesmo empenho. Esta frustração ocorreu em mim, pois queriam que fosse algo que eles se
orgulhassem, por mais simples que fosse. Penso que posso ter me deixado levar pela
insegurança e autocrítica em alguns momentos e isso pode ter transparecido.
A partir do desenvolvimento deste trabalho passei a pensar em algum momento num
futuro próximo dar continuidade a esta temática. Estudar mais sobre o processo de
composição e de diversas maneiras de aplicar com os alunos percebendo mais e melhor, como
esse processo pode influenciar em outras realidades e tipos de pessoas.
Por fim, reforço o grande momento de experiência que a disciplina de estágio (ponto
de partida para o desenvolvimento deste trabalho) oferta, como algo tão importante em sua
prática quanto a sua parte teórica, onde antes somente tinha a ideia agora existe um fragmento
de realidade vivenciada nos mais diversos campos de atuação da vida de professor.
Ressalto que o planejamento para execução da composição musical me fez perceber
a importância e necessidade de uma intimidade com as diversas ferramentas como, dedicar
um tempo mínimo a pensar como será a recepção dos alunos quando for feita a apresentação
da aula. Trazer sempre que possível nas aulas o uso da tecnologia, projetor, som, filmes, a
utilização de celulares direcionados sempre para a temática da aula. A criação de jogos e
brincadeiras que permitam o aprendizado do conteúdo de forma lúdica, inclusive utilizando
também as diversas maneiras de composição de trechos e mesmo de canções como mais uma
ferramenta pedagógica. Por mais que algumas destas ferramentas nos sejam apresentadas na
universidade, outras só adquirimos durante a prática, em alguns casos, inicialmente
cumprindo os estágios ainda no curso de Licenciatura em Música.
Aponto ainda que considero válida tal discussão, sobretudo envolvendo a área da
educação musical para que em um futuro próximo se tenha uma visão melhor acerca da
profissão de Professor de Música, principalmente com o foco no ensino básico, esse tema se
faz e sempre estará presente e continuará bastante pertinente devido às transformações que o
mundo apresenta. Desfazendo a dicotomia da teoria e prática, tentando cada vez mais
aproximar uma da outra demostrando que estas se completam. E ainda buscando se firmar
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como conteúdo essencial do desenvolvimento dos indivíduos, de quem atua enquanto
professor e de quem está na posição de aluno.
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REFERÊNCIAS
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<www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm> Acesso em 20 set 2019.
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<http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13278.htm> Acesso em: 23
set 2018.
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música em perspectiva. v.5 n.1, março 2012 p. 37-50.
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acesso em 12 de novembro 2019.
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acesso em 12 de novembro 2019.
JIM – DOZO (música contemporânea). Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v
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KOELLREUTTER, H.J. Sobre o valor e o desvalor da obra musical. In: Kater, Carlos (Org.)
Cadernos de estudo: educação musical. Belo Horizonte: Atravez/EMUFMG/FEA/FAPEMIG,
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MOLINARI, Adriana Maria Corder; SCALABRIN, Izabel Cristina. A importância da prática
do estágio supervisionado nas licenciaturas. In : Revista Unar, V.7, 2013.
ZIBAS, Dagmar M. L. A reforma do ensino médio nos anos de 1990: o parto da montanha e
as novas perspectivas. Revista Brasileira de Educação, n. 28, p. 24-25, Jan./Fev./Mar./Abr.
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1h de musicas clássicas lindas. Disponível em < https://www.youtube.com/watch?
v=DUGbROP9EU4> acesso em 12 de novembro de 2019.
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APÊNDICES
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
TÍTULO
Música como objeto de transformação através da composição coletiva.
PROFESSOR (A)
Joffison da Silva
TURMA E FAIXA ETÁRIA
Turmas 9º ano C da Escola Municipal Vereador Jóse Sotero, com alunos de faixa etária entre
14 e 17 anos.
TEMPO DE DURAÇÃO
8 semanas, sendo 1 aula por semana.
OBJETIVO GERAL
Vivenciar o processo da composição.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS (Questões problemas)
Utilizando parte do processo da composição para aumentar o repertório musical
Apreciar uma diversidade de estilos e sonoridades.
Permitir situação onde o aluno possa reconhecer-se como agente primordial de uma
produção coletiva.
CONTEÚDOS:
Aumente o repertorio musical.
Vivenciem nossos ritmos e estilos musicais.
Percebam o quão íntimos da música estão.
Compreendam como pode acontecer uma composição.
Sintam a música como algo que nos transforma.
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METODOLOGIA (dos encontros)
1º encontro
História da música, utilizando vídeos. Trazendo um pouco de como a música esta presente em
nossas vidas, desde muito tempo atrás. E até mesmo relacionando com períodos históricos que
já estudaram.
2º encontro
Apreciação de diversos estilos musical e composição. Roda de conversa sobre as percepções.
Que instrumentos ouviram? Que ritmos perceberam? Havia poesia? De que parte do mundo
poderia ser esta canção?
3º encontro
Apreciação de diversos estilos e composição. Roda de conversa sobre as percepções. Que
instrumentos ouviram? Que ritmos perceberam? Havia poesia? De que parte do mundo
poderia ser esta canção?
4º encontro
Entender um pouco sobre trilha sonora através de paisagens sonora. Já que paralelamente
estão criando uma historia em quadrinhos, e para que entendam e possam passar melhor a
mensagem de suas criações.
RECURSOS
Utilizando data show. Caixas de som. Papel e caneta. Trazendo um repertório de música
instrumental também. Utilizando músicas e ritmos da realidade atual.
AVALIAÇÃO
Como produto máximo, uma composição coletiva. Conversas diárias buscando
entender o nível de compreensão. Plano de curso (se for o caso). Cronograma das aulas
ministradas. Relato das Aulas (objetivos; conteúdos; metodologia; material didático;
avaliação). Incluir partituras e outros registros.
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Fotos da escola
Fonte: Fotos tiradas por Joffison da Silva no
dia 12 de abril de 2019.
Fonte: Fotos tiradas por Joffison da Silva no
dia 12 de abril de 2019.
Fonte: Fotos tiradas por Joffison da Silva no dia 12 de abril de 2019.
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Fonte: Fotos tiradas por Joffison da Silva no dia 12 de abril de 2019.