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"A Web 2.0 e a BE 2.0": comentário

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Dois em Um : comentário de texto de leitura obrigatória e ebook.

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Page 1: "A Web 2.0 e a BE 2.0": comentário

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"Every person in today’s world needs to be an “information

literate” lifelong learner, able to use information to reason and to think

critically, to make decisions, to solve problems creatively, to use

information responsibly and ethically."

Dianne Oberg1

Ao ler o texto proposto para comentar, "A Web 2.0 e a BE 2.0", fomos sublinhando alguns

vocábulos, automaticamente, que sobressaíam como ideias chave em torno das quais o texto se

desenvolve e que convergem para duas vertentes essenciais: colaboração e partilha, com mente

aberta. Sim, esta ideia de receptividade e tolerância ao "outro" parece-nos essencial na

interactividade na(s) rede(s).

Colaboração e partilha, pró-activa, no âmbito de toda a comunidade educativa, onde cada

utilizador constrói, distribui, recebe e redistribui conhecimento, sempre em rede (s), em Web.

Essa Web (agora 2.0, mas em breve, naturalmente, 3.0 e por aí fora, sem limites…)

funciona como plataforma onde cada utilizador interage continuamente com outro (s),

acrescentando, supostamente, valor. E assinalamos "supostamente" porque, na verdade, a web

enquanto espaço livre está aberta a tudo e a todos. Sim, sabemos, podemos delimitar e controlar

o acesso da comunidade, mas deixamos de ter qualquer domínio sobre o que o utilizador fará, a

partir daí, com a informação que recebe e redistribui com o tal, suposto, valor acrescentado.

As referidas noções de colaboração e partilha pressupõem interacção, "conexão", entre os

utilizadores de comunidades com interesses comuns, que se propaga, tal como as ondas em

redor da pedra que é lançada, não no charco, mas num lago imenso… E, tal como acontece com

a pedra, o seu tamanho ou peso não parece ser o mais relevante, do mesmo modo que o valor do

que é acrescentado não é, no imediato, importante. Tal como referimos anteriormente, a propósito

do "suposto valor acrescentado", a avaliação da contribuição de cada utilizador será feita à

posteriori, em função das reacções que merecer, da forma como for "filtrada". Recorrendo

novamente às leis da natureza, tudo se transforma e é desencadeada uma selecção "natural"…

Ou, recorrendo à metáfora do "cérebro" citada no texto, "a rede de conexões cresce

organicamente, como resultado da actividade colectiva de todos os utilizadores da rede –

transformando a web numa espécie de cérebro global."

A partir dessa base comum que é a plataforma web, surge uma série de

funcionalidades/ferramentas que visam simplificar e tornar mais rápido o acesso à informação e,

por isso mesmo, "user friendly" (qual simplex…) e de acesso gratuito. Mas, também aqui, há que

reflectir, com alguma cautela, sobre esse pressuposto de gratuitidade dos acessos à net porque,

como sabemos, estes não são, de todo, gratuitos. Mesmo sem mencionar os custos associados

aos equipamentos propriamente ditos (computadores, tablets, ipads, iphones, etc), o acesso à

1 Dianne Oberg (2013), "Ignoring the Evidence: Another Decade of Decline for School Libraries, Education

Canada Magazine, Spring, Vol. 53, Issue 2, Acedido em 13/04/2013, Disponível em <http://www.cea-ace.ca/education-canada/article/ignoring-evidence-another-decade-decline-school-libraries#_ftn4>.

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rede continua a oferecer preços proibitivos para os bolsos da generalidade dos portugueses,

especialmente no contexto actual de crise económica.

Relativamente às ferramentas "user friendly", é frequente, quando acedemos à rede,

abrirem-se pop ups, a propósito de tudo e de nada, e sermos encadeados pelos "flashes" dos

"banners", que publicitam novas funcionalidades, novas barras de ferramentas, novas

especificações nos motores de busca. E, também aqui, há que regrar o uso dessas novidades,

com inteligência e bom senso. Quantas e quantas vezes temos o nosso desktop, os discos rígidos

dos nossos computadores repletos de software que já não utilizamos há meses? E, também aqui,

podemos estabelecer uma comparação com aquelas situações da vida quotidiana em que

aproveitamos e guardamos objectos lá em casa, que acabamos por não usar, ou porque nos

esquecemos, ou porque não nos apetece ou, simplesmente, porque, de facto, não precisamos

deles! Lembramo-nos, particularmente, daquelas situações (acontecerá mais com as senhoras?)

em que vamos comprando e guardando vestuário ou calçado, que acabamos por não usar, mas

que vai ocupando espaço, sem qualquer utilidade… Ou daqueles episódios menos felizes onde

tanto esmerámos e exagerámos no banquete que nos esquecemos do real e reduzido número de

convidados que, perdidos, não puderam usufruíram de tanta fartura… Como em tudo na vida, há

que ter bom senso e, claro, inteligência – inteligência colectiva.

Se acrescentar valor efectivo à rede, cada utilizador melhora o serviço, porquanto cria

conteúdos que disponibiliza a outro(s), enquanto, simultaneamente, avalia (educada e

democraticamente) aqueles que encontra, através do que em inglês se denomina como "rating". E

daqui aos "rankings" vai um passo, pois o utilizador passa a organizar os seus conteúdos favoritos

em função de critérios específicos, de acordo com as suas áreas de interesse.

Claro que os "avaliadores" por excelência destas novidades tecnológicas são os jovens

utilizadores. Os investigadores adultos darão o seu contributo no desenvolvimento dos aplicativos

e das redes, mas quem, efectivamente testa e potencia a sua utilização são os jovens, através

dos exemplos citados do hi5, facebook, twitter, etc, e são eles que trazem primeiro a Web 2.0 para

os computadores da escola, a nova Library 2.02. Jack Maness aponta as quatro características

essenciais que definem a Biblioteca 2.0.: i) Centrada no utilizador; ii) Disponibiliza uma

experiência multimédia; iii) Socialmente rica, ao permitir a interacção dos utilizadores de forma

síncrona ou assíncrona; iv) Inovadora ao serviço da comunidade3.

A biblioteca passa, deste modo, a desenvolver a sua página web como complemento

digital da biblioteca e a oferecer não só informação mas também a participação activa na partilha

de conteúdos e de avaliação desses mesmos conteúdos. É um rastilho, que conduz ao progresso

em termos de resultados dentro daquela comunidade educativa, mas que tem todas as

potencialidades para ser extrapolada para outras, qual onda do já referido "lago"…. Com efeito, e

2 Termo cunhado em 2005 por Michael Casey e desenvolvido no ano seguinte por Jack Maness, como

vimos no texto "A Web 2.0 e a BE 2.0". 3 Jack Maness (2006). Library 2.0 Theory: Web 2.0 and Its Implications for Libraries. Acedido em

14/04/2013. Disponível em < http://www.webology.ir/2006/v3n2/a25.html>.

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segundo Diane Oberg (2013), a investigação das últimas décadas tem comprovado que as

bibliotecas, quando bem equipadas, com recursos humanos competentes, com um bom acervo e

quando utilizadas correctamente (well-staffed, well-stocked, and well-used), têm relação directa

com o sucesso educativo dos alunos.

Nessas bibliotecas da modernidade devem existir: por um lado, professores bibliotecários

devidamente habilitados com competências em bibliotecas escolares, tecnologias digitais e em

pedagogia; e, por outro, acervos em diferentes formatos e acesso a recursos digitais através da

internet. Nessa medida, as bibliotecas só terão sucesso se forem bem utilizadas e estiverem

perfeitamente integradas na vida intelectual e cultural da escola e da comunidade. Para Brian

Kenney (2011)4, as bibliotecas escolares só têm sucesso quando:

São um espaço de acesso amplo ao conhecimento (o que constitui a sua missão central) e

não apenas de aprendizagem imediata, de literacia em informação;

Ajudam os professores a ultrapassar as suas limitações, a correr riscos e a inovar;

Moldam a cultura da escola, por exemplo, quando estimulam a colaboração, a interacção e

a partilha;

Oferecem um grande e diversificado leque de recursos sob diferentes formatos (por

exemplo, projectos de apoio à leitura diferenciados, quer em função do nível etário e

escolar dos alunos, quer em função das necessidades educativas especiais que possam

apresentar);

Oferecem acesso a tecnologia e a recursos digitais, assim como apoio à aprendizagem,

24/7;

Reúnem e unem a comunidade educativa, colega a colega, aluno a aluno.

Deste modo, e seguindo o entendimento de Diane Oberg, tanto os professores como os alunos

têm que reformular os seus processos de ensino-aprendizagem. Mais relevante do que "como

aprender" é "porquê aprender": compreender que qualquer aprendizagem é para o resto da vida e

não apenas para o cumprimento imediato dos objectivos de uma disciplina ou para atingir notas

elevadas neste ou naquele exame. E é aqui que a biblioteca escolar ganha particular importância:

The school library – or in its newer iterations, the “Learning Commons” or the “iCentre”

– plays a key role in this reconceptualization. It is a place for students to deepen

understanding, to go beyond the knowledge that can be delivered to them by others, to learn

who they are as learners, and to develop the skills of inquiry that will be critical for them all

their lives." (Oberg, 2013)

4 Brian Kenney (2011).“What Does Excellence Look Like? A New Study That Shows the Role of School

Libraries in Learning, School Library Journal 58, NO. 2. Acedido em 13/04/2013. Disponível em <http://www.schoollibraryjournal.com/slj/printissue/currentissue/891938-427/what_does_excellence_look_like.html.csp>