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77a SEMANA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM
40a SEMANA RIOGRANDINA DE ENFERMAGEM
11 e 12 de maio de 2016
APOIO PET ENFERMAGEM
ABEn 90 anos e a construo Histrica e Poltica da
Enfermagem.
Coordenao: Prof. Dr. Vera Lcia de Oliveira Gomes
Prof. Dr. Edison Luis Devos Barlen
Prof. Dr. Giovana Calcagno Gomes
Prof. Dr. Rosemary Silva da Silveira
Rio Grande
2016
77a SEMANA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM
40a SEMANA RIOGRANDINA DE ENFERMAGEM
APOIO PET ENFERMAGEM
ABEn 90 anos e a construo Histrica e Poltica da Enfermagem.
Coordenao: Prof. Dr. Vera Lcia de
Oliveira Gomes, Prof. Dr. Edison Luis Devos
Barlen, Prof. Dr. Giovana Calcagno Gomes,
Prof. Dr. Rosemary Silva da Silveira.
Rio Grande
2016
Ficha catalogrfica
S471a Semana Brasileira de Enfermagem (77. : 2016 : Rio Grande/RS).
ABEn 90 anos e a construo histrica e poltica da Enfermagem : anais da 77 Semana Brasileira de Enfermagem e 40 Semana Riograndina de
Enfermagem, 11 e 12 de maio de 2016 / Organizadores: Vera Lcia de Oliveira Gomes, Edison Luis Devos Barlen, Giovana Calcagno Gomes, Rosemary Silva da Silveira Rio Grande : Editora da FURG, 2016.
407 p.
Modo de acesso: http://www.eenf.furg.br
ISSN: 978-85-7566-407-0
1. Enfermagem 2. Histria da Enfermagem 3. Poltica de Enfermagem
4. Semana Riograndina de Enfermagem 5. Cuidado de Enfermagem
II. Ttulo.
CDU 616-083
Catalogao na Fonte: Bibliotecrio Me. Joo Paulo Borges da Silveira CRB 10/2130
COMISSO ORGANIZADORA
Coordenadores: Prof. Dr Vera Lcia de Oliveira Gomes
Prof. Dr. Edison Luis Devos Barlen
Prof. Dr. Giovana Calcagno Gomes
Prof. Dr. Rosemary silva da Silveira
COMISSO CIENTFICA:
Presidente: Prof. Dr. Daniela Ferreira Acosta
Mestrandas
Milene Costa dos Santos
Amanda Guimares Ferreira
Joselle Pereira Sedrez
Deciane Pintanela de Carvalho
Liana Longo Teixeira
Camila Magroski Goulart Nobre
Eduarda Ramis Pontes
Ana Suzete Baessa Moniz
Liane Silveira da Rosa
Ndia Farias Fernandes Martins
Moara Avila de Jesus
Mara Regina Thurow Bergmann
Maria Luzia Machado
Maria de Livramento de Pima Spencer Silva
Saul Ferraz de Paula
Doutorandas
Juliane Scarton
Tatiele Roehrs
Andreia Martins do Couto
Deisa Cabral Semedo
Juliana Marques Weykamp
Aline Belletti Figueira
Jeferson Ventura
Letcia Amico Marques
Daniel Pinho Mendes
Aline Marcelino Ramos
Simoni Saraiva Bordignon
Vnia Dias Cruz
Daniela Ins Thier Roloff
Fabiane Waiss Pereira
Tnia Cristina Vasques
Pamela Kath Oliveira Nonberg
Carolina Domingues Hirsch
Cesar Francisco Silva da Costa
Cleci de Ftima Enderli
Mestre
Carmenm Carballo Domingues
Doutores
Diessica Roggia Piexak
Adriana Dora da Fonseca
Giovana Calcagno Gomes
Liziani Iturriet Avila
Marlene Teda Pekzer
COMISSO DE APOIO
Ac. Aline Rodrigues Costa
Ac. Brbara da Silva Gama
Ac. Cntia Camila Costa
Ac. Eduarda de Quadros Morrudo
Ac. Eliel de Oliveira Bandeira
Ac. Francine Carpes Ramos
Ac. Jssica Gama da Silva
Ac. Juliana Piveta de Lima
Ac. Larissa Merino de Mattos
Ac. Manoela Cunha Nicoletti
Ac. Rochele Maria Zugno
Ac. Vanessa da Silva Tarouco
APOIO PET ENFERMAGEM
MINICURSOS
08:30 11:30 h AVALIAO INICIAL E IMOBILIZAO DO POLITRAUMATIZADO. Enf
Mestrando Leonardo Gourlart, Acadmico Sisney Vaz e Tcnico de Enf. Jorge Marcelo.
Vagas: 20 vagas destinadas a estudantes a partir da 4 srie da graduao, do curso tcnico e profissionais
de enfermagem. Local: Anfiteatro.
08:30 11:30 h : EXAME FSICO. Enf Dra. Marlise Capaverde de Almeida.
Vagas: 20 vagas destinadas a estudantes da 1, 2 e 3 srie da graduao, do curso tcnico e profissionais
de enfermagem. Local: Laboratrio de prticas Enf.
08:30 11:30 h: ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM AO CLIENTE EM VENTILAO
MECNICA.
Enfs. Mestrandas Catharine Silva de Souza e Jessica Fonseca.
Vagas: 25 vagas destinadas a profissionais de sade, acadmicos da graduao e estudantes do curso
tcnico de enfermagem. Local: Videoteca.
09:15 12:00 h: CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRTICO.
Enf Doutoranda Pmela Kath de Oliveira Nrnberg.
Vagas: 40 vagas destinadas a estudantes a partir da 3 srie da graduao, do curso tcnico e profissionais
de enfermagem. Local: Sala 207.
08:30 11:30 h: CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO CLIENTE PORTADOR DE ESTOMIAS. Prof Dr Giovana Calcagno Gomes.
Vagas: 30 vagas destinadas a profissionais de sade, acadmicos da graduao e estudantes do curso
tcnico de enfermagem. Local: Sala 407.
08:30 11:30 h: PRODUO CIENTFICA: DO PLANEJAMENTO REDAO DE ARTIGOS. Enf Doutoranda Carolina Hirsch.
Vagas: 50 vagas destinadas a profissionais de sade, acadmicos da graduao e estudantes do curso
tcnico de enfermagem. Local: Sala 406.
14:00 17:00 h: IMPLICAES TICAS DO CUIDADO DE ENFERMAGEM.
Prof. Dr. Edison Luiz Devos Barlem.
Vagas: 30 vagas destinadas a profissionais de sade, acadmicos da graduao e estudantes do curso
tcnico de enfermagem. Local: sala 209.
14:00 17:00 h: CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PR E PS OPERATRIO DE CIRURGIA
CARDACA.
Enf Jssica da Silva Reis e Fabiane Pinho Furtado.
Vagas: 20 vagas destinadas a estudantes a partir da 5 srie da graduao, do curso tcnico e profissionais
de enfermagem. Local: Laboratrio de prticas de enf.
PROGRAMAO: 11/05/2016
javascript:abre_link_servico('../professores/professores.php?siape=2776228','Professores')14:00 17:00 h: HISTRIA E APLICAO DO REIKI. Prof Marilene Gomes.
Vagas: 20 vagas destinadas a profissionais de sade, acadmicos da graduao e estudantes do curso
tcnico de enfermagem. Local: Videoteca.
14:00 17:00 h: PLANTAS MEDICINAIS: DO CULTIVO AO CONSUMO. Prof Dr. Mrcio Paim Mariot. Vagas: 40 vagas destinadas a profissionais de sade, acadmicos da graduao, estudantes do curso tcnico
de enfermagem e comunidade em geral.
Local: Anfiteatro.
19:00 h - SOLENIDADE DE ABERTURA. PALESTRA CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM AMBIENTE PRISIONAL Enf. Dra. Maria da
Penha da Rosa Silveira Nunes e Enf. MSc. Maria da Graa Insaurriaga Jundi.
Local: Anfiteatro do Campus da Sade.
20:30 h COQUETEL
8:00 12:00 h e das 13:30 17:30 h Apresentao de Trabalhos- modalidade oral e banner digital.
Local: rea acadmica do Campus Sade.
PROGRAMAO: 12/05/2016
RESUMO
GOMES, Vera Lcia de Oliveira et al. ABEn 90 anos e a construo Histrica e Poltica da
Enfermagem. In: 77 Semana Brasileira de Enfermagem e 40 Semana Riograndina de
Enfermagem. Rio Grande. Edigraf FURG, 2016.
Florence Nightingale, em nvel mundial e Ana Nri, em nvel nacional representam
personagens histricas no campo da Enfermagem. Florence nasceu em 12 de maio de 1820 e
considerada a precursora da Enfermagem Moderna. Ana Nery, primeira enfermeira brasileira
a se alistar e atuar voluntariamente na Guerra do Paraguai morreu em 20 de Maio de 1880.
Para homenagear essas grandiosas personagens, as datas do nascimento de Florence e da
morte de Ana Nery foram escolhidas para comemorar a Semana da Enfermagem no Brasil.
Assim, em todo o pas, sob coordenao da Associao Brasileira de Enfermagem (ABEn),
atividades cientficas e culturais so desenvolvidas durante essa semana. Tais atividades
visam proporcionar comunidade de Enfermagem, incluindo-se Enfermeiros, estudantes de
enfermagem, tcnicos de enfermagem, estudantes do curso tcnico e auxiliares de
enfermagem, a discusso e reflexo sobre a importncia de uma enfermagem mais cientfica e
solidria. Alm disso, procura integrar profissionais que estudam, debatem, pesquisam e
prestam cuidado de enfermagem em diferentes instituies. No municpio do Rio Grande o
evento faz parte do calendrio acadmico da Escola de Enfermagem, conta com o apoio do
Grupo PET/Enfermagem e realizado em parceria com a ABEn, que define anualmente a
temtica a ser enfocada. No ano de 2016, em todo o pas ser discutido o tema ABEn 90
anos e a construo Histrica e Poltica da Enfermagem.
Palavras-chave: Enfermagem. Histria da Enfermagem. Construo Poltica de Enfermagem.
Semana Riograndina de Enfermagem. Cuidado de Enfermagem.
SUMRIO
1 ESCOLA DE ENFERMAGEM DA FURG: HISTRIA E CONQUISTAS .......... 12
2 DIRETRIO ACADMICO DE ENFERMAGEM DA FURG: DESDE SEMPRE ........................................................................................................................ 17
3 A TRAJETORIA HISTORICA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM AO LONGO DE SEUS 90 ANOS DE EXISTNCIA ................. 22
4 SADE DO TRABALHADOR ................................................................................... 29
4.1 A SADE DO TRABALHADOR DO SAMU - 192: OCORRNCIA DE ACIDENTES OCUPACIONAIS ............................................................................... 29
4.2 OFICINA DE ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM SADE MUSCULAR DE TRABALHADORES: RELATO DE EXPERINCIA ............................................. 33
4.3 PERCEPO DOS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM ACERCA DOS CUIDADOS PALIATIVOS ...................................................................................... 36
4.4 SISTEMAS DE INFORMAES: ESTATSTICAS SOBRE ACIDENTES DE TRABALHO .............................................................................................................. 39
5 SADE DO IDOSO ...................................................................................................... 51 5.1 A REDUO DE DANOS SOB A TICA DA COMPLEXIDADE ...................... 51 5.2 AES DESENVOLVIDAS EM UMA INSTITUIO DE LONGA
PERMANNCIA PARA IDOSOS NO SUL DO ESTADO DO RIO GRANDE
DO SUL PARA A ESTIMULAO DA AUTOESTIMA E AUTOIMAGEM:
RELATO DE EXPERINCIA .................................................................................. 54 5.3 ATIVIDADES DE ENFERMAGEM REALIZADAS EM INSTITUIO DE
LONGA PERMANNCIA: RELATO DE EXPERINCIA .................................... 57 5.4 AVALIAO DO RISCO DE QUEDAS EM PESSOAS IDOSAS
RESIDENTES EM UMA INSTITUIO DE LONGA PERMANNCIA PARA
IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL ...................................................................... 60 5.5 FATORES DE RISCO AMBIENTAIS PARA QUEDAS EM IDOSOS: UMA
REVISO INTEGRATIVA ...................................................................................... 63
5.6 O ESTADO COGNITIVO DE PESSOAS IDOSAS: RELATO DE EXPERIENCIA EM UMA ILPI DO MUNICPIO DE RIO GRANDE ................... 66
5.7 QUALIDADE DE VIDA NA VELHICE .................................................................. 69 6 SADE DO ADULTO .................................................................................................. 85 6.1 A PRODUO CIENTFICA NA TEMTICA DA SADE PRISIONAL ........... 85
6.2 ADESO MEDICAMENTOSA ENTRE PESSOAS COM DIABETES
MELLITUS TIPO II ASSISTIDAS EM UM HOSPITAL UNIVERSITRIO ........ 89
6.3 APLICABILIDADE TERICA DO PROCESSO DE ENFERMAGEM AO PACIENTE PS-TRANSPLANTE RENAL ............................................................ 93
6.4 APOIO FAMILIAR S PESSOAS COM TUBERCULOSE: DOS CUIDADOS REJEIO ................................................................................................................. 107
6.5 ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE POLITRAUMATIZADO: RELATO DE EXPERINCIA .................................................................................. 119
6.6 CONHECIMENTO DE MULHERES ARTESS SOBRE A HIPERTENSO ARTERIAL SISTMICA .......................................................................................... 134
6.7 CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE EM TRATAMENTO DE
INSUFICINCIA RENAL - UM ESTUDO DE CASO ............................................ 138 6.8 NORMATIVAS ACERCA DOS TRANSPLANTES DE RGOS E TECIDOS
NO BRASIL ............................................................................................................... 141 6.9 O VIVER COM DIABETES MELLITUS ................................................................ 151 7 SADE DA MULHER ................................................................................................. 154
7.1 A VIOLNCIA DE GNERO SOB A TICA ECOSOCIOCULTURAL .............. 154 7.2 AO EDUCATIVA SOBRE O PLANEJAMENTO FAMILIAR EM UM
HOSPITAL UNIVERSITRIO NO SUL DO BRASIL: RELATO
EXPERINCIA ......................................................................................................... 168 7.3 MULHERES QUE USAM DROGAS: REFLEXO SOB A TICA DAS
RELAES DE GNERO ....................................................................................... 171 7.4 RELATO DE EXPERINCIA: GRUPO DE GESTANTES, UMA ESTRATGIA
DE PROMOO E PREVENO DA SADE MATERNO-INFANTIL ............. 183 7.5 VIOLNCIA DOMSTICA CONTRA A MULHER NA PERCEPO DE
ENFERMEIRAS ........................................................................................................ 186 8 SADE DA CRIANA ................................................................................................ 189
8.1 A CRIANA COM ENCEFALOPATIA E O CUIDADO FAMILIAR: A IMPORTNCIA DA REDE DE SUPORTE SOCIAL. ............................................ 189
8.2 RECEBENDO O DIAGNSTICO DE DEPENDNCIA DE TECNOLOGIA:
ENFRENTAMENTOS DO FAMILIAR CUIDADOR ............................................. 192 8.3 A ENFERMAGEM E A ADVOCACIA EM SADE CRIANAS COM
ANOMALIAS CONGNITAS: REVISO DE LITERATURA ............................. 196 8.4 A HUMANIZAO E O CUIDADO DE ENFERMAGEM S CRIANAS
DEPENDENTES DE TECNOLOGIAS .................................................................... 199 8.5 A AMBINCIA COMO FERRAMENTA DE HUMANIZAO DA UNIDADE
DE PEDIATRIA: CONTRIBUIES DA ENFERMAGEM .................................. 203 8.6 ASMA GRAVE E SUAS COMPLICAES: UM ESTUDO DE CASO ............... 206 8.7 CONTRIBUIES DA ENFERMAGEM PARA OS CUIDADOS FAMILIARES
CRIANA COM PARALISIA CEREBRAL ........................................................ 210
8.8 IMPLICAES QUE A DIABETES MELLITUS ACARRETA NA VIDA DAS FAMILIAS DE CRIANAS/ADOLESCENTES COM A DOENA. ..................... 213
8.9 O EXERCCIO DA ADVOCACIA DO PACIENTE PELO ENFERMEIRO DE UNIDADE DE INTERNAO PEDITRICA SOB A PERSPECTIVA DOS
ACOMPANHANTES ................................................................................................ 216
8.10 O PAPEL DA ENFERMAGEM NO EMPODERAMENTO DE GESTANTES E
FAMILIARES ACERCA DO CUIDADO SI E DO RECM NASCIDO ................ 231
8.11 O PREPARO PARA ALTA DE UM RECM-NASCIDO PREMATURO ............. 234 8.12 PROBLEMAS ENFRENTADOS PELA CRIANA FRENTE AO
RECEBIMENTO DO DIAGNSTICO DE HIV/AIDS ........................................... 237 8.13 REVISO INTEGRATIVA SOBRE OS EFEITOS DO CRACK EM CRIANAS
EXPOSTAS A SUBSTNCIA DURANTE O PR-NATAL .................................. 240 9 EDUCAO ................................................................................................................. 251 9.1 A IMPLANTAO DO NCLEO DE SEGURANA DO PACIENTE COMO
UM DESAFIO ........................................................................................................... 251
9.2 ATIVIDADE EDUCATIVA SOBRE INFECES SEXUALMENTE
TRANSMISSVEIS: UM MOMENTO DE APRENDIZADO ................................. 254 9.3 CONSTRUO MORAL DOS ESTUDANTES DE ENFERMAGEM COMO
INSTRUMENTO PARA A HUMANIZAO DO CUIDADO. ............................. 257 9.4 ESTRATGIAS DE REALIZAO DA SIMULAO REALSTICA EM
SADE: UMA REVISO INTEGRATIVA ............................................................ 260
9.5 ESTUDO DE CASO EM PESQUISAS DE ABORDAGEM MISTAS: REVISO INTEGRATIVA ......................................................................................................... 263
9.6 EVASO E REPETNCIA NO CURSO DE GRADUAO EM
ENFERMAGEM DA FURG ..................................................................................... 274 9.7 PERCEPES ACERCA DA EDUCAO EM SADE REALIZADA POR
ENFERMEIRAS EM UMA PERSPECTIVA SCIO-ECO-CULTURAL .............. 286 9.8 TELESSADE: ESPAO PARA EDUCAO PERMANENTE EM SADE ..... 297
9.9 PRTICA EDUCATIVA NO CENTRO DE MATERIAIS E ESTERILIZAO .. 300 10 OUTROS ........................................................................................................................ 304
10.1 A ENFERMAGEM E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL NAS ORGANIZAES HOSPITALARES ...................................................................... 304
10.2 ADVOCACIA DO PACIENTE NA ENFERMAGEM: REVISO INTEGRATIVA ......................................................................................................... 307
10.3 DA SUSTENTABILIDADE SUSTENTABILIDADE HOSPITALAR: UMA
REVISO DE LITERATURA .................................................................................. 324 10.4 DIFERENAS E SEMELHANAS CONCEITUAIS ACERCA DO NAMORO
PELA TICA DE MOAS E RAPAZES ................................................................. 328 10.5 ERROS DE MEDICAMENTOS CONHECIDOS E VIVENCIADOS POR
TRABALHADORES DE ENFERMAGEM E AS PROVIDNCIAS TOMADAS
FRENTE AOS MESMOS .......................................................................................... 332
10.6 EXAMES LABORATORIAIS E A PRTICA CLNICA DO ENFERMEIRO: BREVE REFLEXO. ................................................................................................ 335
10.7 EXPECTATIVAS E PROJETOS DE VIDA DE ADOLESCENTES USURIOS DE DROGAS ............................................................................................................. 338
10.8 HIGIENIZAO DAS MOS: O USO DA CAIXA DA VERDADE .................... 341 10.9 O MTODO DO ESTUDO DE CASO: UTILIZAO NA PESQUISA EM
ENFERMAGEM ........................................................................................................ 344 10.10 O USO DO CRACK RETRATADO PELA MDIA: UMA REVISO DE
LITERATURA. .......................................................................................................... 360
10.11 OCORRNCIA DE ESTRESSE UNIVERSITRIO NOS GRADUANDOS DE
ENFERMAGEM ........................................................................................................ 371
10.12 PREDITORES DA SATISFAO ACADMICA COM O CURSO DE GRADUAO EM ENFERMAGEM ...................................................................... 374
10.13 SATISFAO ACADMICA COM O CURSO DE GRADUAO EM ENFERMAGEM ........................................................................................................ 388
10.14 SOFRIMENTO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO DA ENFERMAGEM LUZ DA RACIONALIDADE AMBIENTAL .......................... 392
10.15 UM RELATO DE EXPERINCIA COM CALOUROS DE ENFERMAGEM. ...... 402
10.16 VISITA DOMICILIAR: EVIDENCIANDO ACEITAO DAS
INTERVENES DE ENFERMAGEM - RELATO DE EXPERINCIA.............. 405
12
1 ESCOLA DE ENFERMAGEM DA FURG: HISTRIA E CONQUISTAS
Adriana Dora da Fonseca
Vera Lcia de Oliveira Gomes
Helena Heidtmann Vaguetti
Maringela de Magalhes
O Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Rio Grande FURG, teve sua
criao autorizada em 20 de agosto de 1975, sendo implantado no primeiro semestre letivo de
1976 e reconhecido pelo Decreto 1.223/79, publicado no DOU de 18 de dezembro de 1979
com a denominao de Curso de Enfermagem e Obstetrcia. Desde sua criao at fevereiro
de 1997, os docentes enfermeiros e as disciplinas do curso eram lotados em quatro
departamentos distintos: Departamento de Medicina Interna; Departamento Materno-Infantil;
Departamento de Cirurgia e Departamento de Cincias Econmicas, Administrativas e
Contbeis.
Inicialmente, o Curso de Enfermagem e Obstetrcia foi instalado na Associao de
Caridade Santa Casa do Rio Grande, que realizou adequaes na rea fsica para atender s
exigncias do Ministrio da Educao e Cultura e criar o Hospital de Ensino. As disciplinas
tericas, a biblioteca, o laboratrio de procedimentos de enfermagem e a Coordenao do
Curso funcionavam no at ento denominado anel externo. As atividades prticas eram
desenvolvidas nas unidades de internao: Maternidade, Pediatria, Centro Cirrgico, So
Lucas I e II.
Atualmente a Santa Casa recebe acadmicos da Escola de Enfermagem nas unidades
de Clnica Mdica e Cirrgica; Maternidade; Pediatria; Centro de queimados; Centro material
e esterilizao; Bloco cirrgico; Cardiologia; Emergncia em cardiologia; UTI de cardiologia;
UTI geral; UTI ps-operatria e Oncologia. A insero do curso na Rede Bsica de Sade se
deu com a disciplina Criana Sadia que tinha suas atividades prticas desenvolvidas no
Posto Dra. Rita Lobato. A partir da a parceria com a Secretaria Municipal da Sade foi se
intensificando de forma que, atualmente, atividades prticas e estgios curriculares so
desenvolvidos nas Unidades Bsicas de Sade e nas Unidades de Sade da Famlia. Alm
disso, programas como PET Enfermagem, Sade e Preveno nas Escolas (SPE), Viver
Mulher e de Educao Permanente so realizados de forma conjunta.
13
Em sete de dezembro de mil novecentos e oitenta e oito (1988) foi criado o Hospital
Universitrio Prof. Miguel Riet Corra Jnior, um espao sonhado, idealizado e cuja
realizao se deve, em grande parte, ao esforo de docentes enfermeiros da FURG. A primeira
diretoria do Hospital de Ensino contou com docentes enfermeiros nos cargos de
Administrador, Diretor de Enfermagem e Diretor de Apoio. Com esse espao prprio, foi
possvel qualificar o ensino de graduao em enfermagem e, consequentemente, contribuir
para a melhoria da sade da populao.
A Nova Lei do Exerccio Profissional de Enfermagem sancionada em 1986,
determinava que a Enfermagem somente poderia ser exercida por Enfermeiros, Tcnicos de
Enfermagem, Auxiliares de Enfermagem e Parteiras. Frente a essa determinao do Conselho
Federal de Enfermagem (COFEN), os docentes do curso se mobilizaram elaborando um
projeto para implantao do Curso Supletivo de Qualificao Profissional para Auxiliar de
Enfermagem. Naquela ocasio, foram parceiros da FURG, a Santa Casa do Rio Grande e a
Secretaria Municipal da Sade do Rio Grande. O curso funcionou de 1990 a 1997, formando
sete turmas. Com a proibio de formao de novos auxiliares de enfermagem, emitida pelo
Conselho Regional de Enfermagem do Estado do Rio Grande do Sul (COREN/RS), houve
incentivo e necessidade da criao de cursos de Tcnicos de Enfermagem. Frente quase
inexistncia desses profissionais em nosso municpio, docentes do curso de Enfermagem
elaboraram uma proposta para criao do Curso de Tcnico em Enfermagem, na FURG em
parceria com o Colgio Tcnico Industrial CTI/FURG. Esse curso funciona desde o ano de
2000 junto ao Instituto Federal de Educao, Cincias e Tecnologia do Rio Grande do Sul
Campus Rio Grande.
Em 1993, foi criada a Rede de Ps-Graduao em Enfermagem da Regio Sul
(REPENSUL), que congregou a Universidade Federal de Santa Catarina, com a Fundao
Universidade Federal do Rio Grande, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a
Universidade Federal de Pelotas, a Universidade Federal de Santa Maria e a Universidade
Federal do Paran, com vistas a acelerar o processo de qualificao de docentes enfermeiros
dessas IFES. A participao no mestrado interinstitucional, proposto pela REPENSUL, alm
da titulao dos docentes tornou-se um excelente laboratrio para o aperfeioamento de
competncias no ensino e na pesquisa, constituindo-se no embrio do Programa de Ps-
14
Graduao em Enfermagem da FURG e despertando o desejo de criao de uma Unidade
Acadmica para a enfermagem.
Em 1994 foi criado o Ncleo de Estudos e Pesquisas em Trabalho e Enfermagem
(NEPETE) que, a partir de 1997, passou a integrar o Diretrio de Grupos de Pesquisa do
CNPq com a denominao de Ncleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Sade
(NEPES). Esse ncleo teve uma importncia fundamental na trajetria da Enfermagem, na
FURG, pois consolidou a interface entre graduao e ps-graduao, em termos de pesquisa.
A partir do primeiro semestre de 1996 foi desenvolvido o Curso de Especializao em
Projetos Assistenciais de Enfermagem - ESPENSUL, destinado especializao de
Enfermeiros no prprio local de trabalho. Com metodologia pautada no ensino semipresencial
e na flexibilidade do currculo o ESPENSUL fortaleceu a integrao entre o Curso de
Enfermagem e a rede de servios de sade do municpio.
Em fevereiro de 1997, aps reconhecimento do potencial, da identidade profissional e
especificidade do curso foi criado o Departamento de Enfermagem, que reuniu e possibilitou
a concreta integrao dos docentes, at ento lotados em diferentes departamentos. Com a
lotao dos docentes enfermeiros em uma nica unidade, ficou garantida a autonomia nos
processos decisrios que definiriam os rumos da Enfermagem, na FURG. A qualificao do
corpo docente, em curto espao de tempo, possibilitou, alm do fortalecimento da identidade
profissional, maior visibilidade da Enfermagem nos mbitos local, regional, nacional e
internacional, com significativas repercusses na produo de conhecimentos.
Em outubro de 2001, ocorreu a aprovao e recomendao pela CAPES, do Curso de
Mestrado em Enfermagem, sendo criado o Programa de Ps-Graduao em Enfermagem, o
primeiro na rea da Sade na FURG. As atividades acadmicas do Mestrado em Enfermagem
tiveram incio no primeiro semestre de 2002. O programa tinha e ainda tem como objetivo
formar pesquisadores capazes de promover o avano do conhecimento e a produo de novas
tecnologias na Enfermagem/Sade, nas dimenses gerenciais, educativas e cuidativas,
considerando o ecossistema e as demandas de desenvolvimento da sociedade.
Quanto ao suporte administrativo, foi criada em 2002 a Secretaria Geral das unidades
educacionais, com ela, os tcnico-administrativos em educao, reunidos em nica rea fsica
15
passaram a atuar de forma contnua e mais articulada com as chefias, docentes e discentes,
situao que persiste at os dias de hoje.
Em 15 de agosto de 2008, integrando a proposta de mudana organizacional, foi
aprovada a criao da Escola de Enfermagem, como uma das treze Unidades Acadmicas da
FURG.
Passados sete anos de funcionamento ininterrupto do Curso de Mestrado em
Enfermagem da FURG, em 19 de dezembro de 2008 a Escola de Enfermagem obteve a
aprovao, pelo Conselho de Ensino, Pesquisa, Extenso e Administrao, da criao do
Curso de Doutorado em Enfermagem, o qual foi recomendado pela CAPES, constituindo-se
em mais uma importante conquista. As atividades acadmicas do Doutorado em Enfermagem
da FURG iniciaram em abril de 2009, atualmente encontra-se em curso a oitava turma.
No mesmo ano foi criado o Programa de Educao Tutorial de Enfermagem (PET
Enfermagem) que desde sua implantao tem como objetivo causar um impacto positivo no
curso de graduao, alm de realizar, com os demais acadmicos, atividades direcionadas
comunidade.
No primeiro semestre de 2010, com a criao do Programa de Residncia
Multiprofissional em Sade da Famlia, oferecido pela Escola de Enfermagem (EEnf) e
construdo em parceria com o Instituto de Educao (IE), Instituto de Cincias Humanas e da
Informao (ICHI), Instituto de Cincias Biolgicas (ICB) da Universidade Federal do Rio
Grande-FURG e Secretaria Municipal de Sade (SMS) do Rio Grande, mais uma meta foi
atingida. O programa tem como horizonte a formao de um profissional, cidado, crtico,
capaz de buscar solues para os problemas de usurios e trabalhadores da sade,
contribuindo para a promoo e a educao em sade. Visa especializar profissionais
Enfermeiros, Educadores Fsicos e Psiclogos por meio do processo de educao permanente
e da insero no trabalho. O residente deve atuar em equipe interdisciplinar no nvel de
ateno bsica do Sistema nico de Sade (SUS), realizando prticas, desenvolvendo
pesquisas e construindo propostas que contribuam para a concretizao dos princpios e
diretrizes do SUS.
Com a finalidade de prestar ateno integral sade cardiometablica do adulto, a
partir da aquisio de conhecimento, inovao em cincia e tecnologia, educao permanente
16
em servio e utilizando os princpios e diretrizes do SUS, foi criado em 2010, o Programa de
Residncia Integrada Multiprofissional Hospitalar com nfase na Ateno Sade Cardio-
Metablica do Adulto (RIMHAS). O referido curso fruto da parceria entre Instituto de
Educao (IE), Instituto de Cincias Humanas e da Informao (ICHI), Instituto de Cincias
Biolgicas (ICB), Hospital Universitrio e Secretaria Municipal de Sade (SMS) do Rio
Grande, sob coordenao da Escola de Enfermagem (EEnf).
A RIMHAS, por meio do trabalho em equipe, tem como objetivo propiciar uma
formao acadmica multiprofissional e interdisciplinar. Assim, a trajetria histrica da
Enfermagem da FURG, comprova o grande potencial desse grupo tanto para a superao de
dificuldades acadmicas e burocrticas, quanto para a busca da conscincia profissional
voltada ao cuidado com a vida.
Para tanto, continuamos procura dos melhores ventos e direes para alcance da
excelncia no ensino, na pesquisa e na extenso universitrias.
motivo de grande orgulho para todos que fizeram e ainda fazem parte dessa histria
ter contribudo para que, um conjunto de sonhos e emoes, gradativamente se transformasse
em objetivos e prticas construdas e operacionalizadas em situaes reais e concretas da vida
acadmica. Tais prticas, alm de contriburem para a melhoria da qualidade de vida da
populao riograndina, sem dvida enalteceram e ainda enaltecem nossa universidade no
cenrio nacional e internacional.
17
2 DIRETRIO ACADMICO DE ENFERMAGEM DA FURG: DESDE SEMPRE
Cesar Francisco Silva da Costa1
Adriana Dora da Fonseca2
Ricardo Cunha dos Santos3
Com a chegada da famlia real portuguesa ao Brasil foram criados, em 1808, os
primeiros cursos superiores do pas: as escolas de Cirurgia e Anatomia em Salvador (hoje
Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia), a de Anatomia e Cirurgia, no Rio
de Janeiro (atual Faculdade de Medicina da UFRJ) e a Academia da Guarda Marinha, tambm
no Rio de Janeiro. Na poca eram restritos a uma pequena parcela da populao e se
desenvolveram lentamente, sendo que at o final do sculo XIX existiam apenas 24
estabelecimentos de ensino superior no Brasil, com cerca de aproximadamente 10.000
estudantes1,2,3.
No sculo XX uma das principais mudanas no ensino superior brasileiro foi o fato de
destinarem-se no s classe de elite, mas tambm ao atendimento de uma parcela maior da
populao1. Ainda houve um aumento significativo do nmero de escolas e uma maior
organizao coletiva dos jovens2.
Em 1901 foi criada a Federao dos Estudantes Brasileiros, primeiro movimento
estudantil no pas. Em 1910 foi realizado o I Congresso Nacional de Estudantes, em So
Paulo. Em 1937 com o desejo de formar uma entidade nica, representativa, forte e legtima
foi criada a Unio Nacional dos Estudantes (UNE)4. Desde ento, a UNE passou a se
organizar em congressos anuais e a buscar articulao com outras foras progressistas da
sociedade. O primeiro presidente oficial da entidade foi o gacho Valdir Borges, eleito em
19392.
A UNE organiza-se, basicamente, em trs instncias deliberativas: o Conselho
Nacional de Entidades de Base (Coneb), que rene os diretrios acadmicos (DAs) e Centros
1 Ex-aluno do Curso de Enfermagem da FURG e ex-presidente do Diretrio Acadmico de Enfermagem (1979-
1981). Mestre em Enfermagem. Professor Adjunto da Escola de Enfermagem da FURG. 2 Ex-aluna do Curso de Enfermagem da FURG e ex-presidente do Diretrio Acadmico de Enfermagem (1984-
1985). Doutora em Enfermagem. Professora Associada da Escola de Enfermagem da FURG. 3 Aluno do Curso de Enfermagem da FURG e presidente do Diretrio Acadmico de Enfermagem (2015-2016)
18
Acadmicos (CAs) do Brasil; o Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg), que agrega
os diretrios centrais de estudantes (DCEs) e executivas nacionais de cursos; e o Congresso
da UNE (Conune), que acontece a cada dois anos, formado por todas as entidades e tambm
por todos os estudantes que quiserem, de maneira livre, participar, a maior instncia do
movimento estudantil brasileiro. Durante o congresso, elege-se a nova diretoria da UNE e so
tomadas decises sobre os rumos da entidade2.
Os primeiros anos da UNE acompanharam o incio da Segunda Guerra Mundial
(1939-1945). Em 1942 o presidente Getlio Vargas, pelo decreto-lei n.4080, oficializou a
UNE como entidade representativa de todos os universitrios brasileiros. Aps a guerra, a
UNE se fortaleceu como movimento social brasileiro. Em 1962, a UNE, ao lado de outras
instituies e intelectuais brasileiros, formou a Frente de Mobilizao Popular, cujo objetivo
era o de lutar por transformaes sociais, entre elas o maior acesso da sociedade educao
superior2.
Em 1964, a primeira ao da ditadura militar brasileira foi metralhar e incendiar a sede
da UNE, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro. Muitos estudantes foram presos,
perseguidos e at torturados. As universidades eram vigiadas, intelectuais e artistas eram
reprimidos. Ainda, o regime militar retirou legalmente a representatividade da UNE, mas a
entidade, apesar da represso, continuou a existir nas sombras da ditadura.
Ao final dos anos 70, com os primeiros sinais de enfraquecimento do regime militar o
movimento estudantil voltou s ruas e a UNE comeou a se reestruturar. Em 1979, foi
realizado em Salvador o Congresso de Reconstruo da UNE, o relatrio final do evento
reivindicava mais recursos para as universidades, defesa do ensino pblico e gratuito, bem
como a libertao de estudantes presos. Em 1984, a UNE participou ativamente da campanha
das Diretas J.
Em 1985, foi aprovado pelo Congresso Nacional o projeto que legalizou novamente a
entidade.
No transcorrer dos acontecimentos, no ano de 1979 inicia-se no Curso de Enfermagem
e Obstetrcia da FURG um movimento com vistas a criao do Diretrio Acadmico de
Enfermagem. Importante destacar que na dcada de 70, os Diretrios Acadmicos, como
forma de integrao entre os estudantes, ainda eram vistos com restries por parte das
19
administraes universitrias, o que tinha muito a ver com o momento poltico em nosso Pas
na poca.
Na Fundao Universidade do Rio Grande, embora j existindo extra oficialmente
desde 1979, com eleies realizadas e diretoria atuando, o Diretrio Acadmico de
Enfermagem foi reconhecido oficialmente pela administrao da universidade em abril de
1980, por mobilizao dos estudantes do curso um ms antes da semana da enfermagem
daquele ano.
Das lembranas e experincias do primeiro presidente do DA Enf. O ento acadmico
Cesar Francisco Silva da Costa, no perodo de 1979 a 1981, foi, acreditem, uma Greve de
Estudantes que durou aproximadamente 45 dias. Naquele perodo, comparecamos na
universidade para as assemblias que eram dirias, mas no entravamos nas salas para assistir
as aulas.
A referida greve no foi somente do Curso Enfermagem, pois outros cursos de nossa
Universidade tambm participaram do movimento, cada um com suas reivindicaes. As
nossas eram: a melhoria dos campos de estgio, a criao do Departamento de Enfermagem
(nossos professores estavam distribudos nos departamentos de Medicina Interna, de Cirurgia,
Materno Infantil e o de Cincias Econmicas Administrativas e Contbeis), o reconhecimento
do Diretrio Acadmico da Enfermagem, a criao de um restaurante universitrio (no havia
na poca tal como temos hoje), e o abono das faltas durante o perodo da greve.
Como representantes estudantis, participvamos tambm de seminrios congressos e
encontros, nesse particular minha recordao mais marcante foi a do Encontro Nacional de
Estudante de Enfermagem realizado na cidade de Goinia/GO, em 1980.
Naquele encontro estava previsto uma mesa redonda em que vrios presidentes de DA
iriam participar. Em determinado momento surgiu uma comisso de avaliao que iria
realizar uma reviso no contedo que os presidentes de diretrios iriam abordar durante os
debates. Fomos orientados a escrever o texto e esperar o parecer da comisso. Alguns textos
foram censurados.
Sobre as lembranas que compartilho em participar do Diretrio Acadmico da
Enfermagem naquele momento histrico que vivamos no Pas, posso dizer que como
experincia foi de grande valia para minha formao profissional no sentido em que me foi
20
possvel entender que Todas as Polticas, sejam elas educacionais, de sade ou partidrias,
esto conectadas e so indissociveis. Atualmente isso pode parecer muito obvio, no entanto
para os jovens daquela poca, ou para mim, nem tanto.
Portanto acredito que a participao em movimentos estudantis tenha sido o marco
para o meu interesse na docncia, onde tenho a oportunidade de aprender e compartilhar
sempre.
Na gesto 1984-1985 o DA de Enfermagem foi presidido pela ento acadmica
Adriana Dora da Fonseca, e tinha como principais atribuies: organizar a Semana
Acadmica de Enfermagem, incentivar a participao de estudantes em cursos de atualizao,
promover festas dos estudantes, realizar reunies dos integrantes do DA com os demais
acadmicos a fim de elencar prioridades para a melhoria no ensino de Enfermagem. Essas
eram colocadas em pauta nas reunies da Comisso de Curso de Enfermagem (ComCur Enf).
Ainda, os presidentes de todos os Diretrios Acadmicos da Universidade Federal do
Rio Grande (FURG), participavam, com direito a voz e voto, das reunies do Diretrio
Central de Estudantes, cuja sede era na Rua General Vitorino esquina Benjamin Constant.
Essas se caracterizavam por intensa participao poltica, com reunies acaloradas e muitas
vezes vigiadas, por membros da administrao superior da universidade5.
Uma das principais lembranas era o esforo em organizar a Semana Acadmica de
Enfermagem, que para a comisso eram encontros ricos, nos quais escolhamos os temas a
serem abordados, os palestrantes que iramos convidar, os quais algumas vezes vinham de
outras cidades. No entanto, a participao estudantil, pblico alvo, era inferior a que
espervamos, saamos desestimulados, mas sabamos que estvamos fazendo a nossa parte
e por isso que durante estes 40 anos a Semana Acadmica de Enfermagem sempre
aconteceu.
O Diretrio Acadmico de Enfermagem atualmente conhecido como Diretrio
Acadmico de Enfermagem Eunice Xavier de Lima, em homenagem a uma docente
enfermeira que atuou nas primeiras turmas de acadmicos de enfermagem da FURG.
presidido pelo acadmico Ricardo Cunha dos Santos que atua como membro do diretrio
desde 2014, tendo assumido inicialmente como tesoureiro geral e no ano seguinte como
presidente.
21
Esta entidade representa todos os acadmicos do curso de graduao em Enfermagem
da FURG em todas as instancias da universidade assim como: representaes junto ao
Diretrio Central dos Estudantes - DCE, tendo voz ativa e direito a voto em suas assemblias;
possui representatividade com direito a voto no conselho da Escola de Enfermagem; organiza
a Semana da Acolhida, junto coordenao do curso de Enfermagem e a Pr Reitoria de
Assuntos Estudantis PRAE; bem como, organiza o Intersries que um evento de interao
acadmica entre todas as sries do curso, oportunizando trocas de experincias entre
acadmicos e professores.
Sem dvidas a experincia de presidir um diretrio acadmico e de representar um
pblico to significativo, sentindo-se responsvel por todas as condutas tomadas com estes e
tentando resolver e amenizar seus problemas segundo o atual presidente do Diretrio
Acadmico, uma satisfao impar e indescritvel.
Uma das experincias que mais me sensibiliza a realizao da Semana da Acolhida
aos Calouros, aonde percebemos o entusiasmo e a vontade de comearem algo novo, muitas
vezes sem saber o que os espera, e nesse contexto os acadmicos buscam no DA o apoio
necessrio para dar o ponta p inicial na sua vida como estudantes na Universidade Federal
do Rio Grande.
REFERNCIAS:
1 Martins A. C. P. Ensino superior no Brasil: da descoberta aos dias atuais. Acta Cir. Brs. 2002; 17(3): 4-6.
2 UNE. Unio Nacional dos Estudantes [cited 3 maio 2016]; 200?. Available from: http://www.une.org.br/a-une/.
3 Teixeira A. O ensino superior no Brasil: anlise e interpretao de sua evoluo at 1969. Rio de Janeiro: Fundao Getlio Vargas; 1969.
4 UNE. A UNE: memria [cited 3 maio 2016]. Available from: http://www.une.org.br/memoria/.
5 DCE. Diretrio Central dos Estudantes/FURG [cited 3 maio 2016]; 200?. Available from: http://dcefurg.blogspot.com.br/ .
http://www.une.org.br/a-une/http://www.une.org.br/memoria/http://dcefurg.blogspot.com.br/22
3 A TRAJETORIA HISTORICA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE
ENFERMAGEM AO LONGO DE SEUS 90 ANOS DE EXISTNCIA
Maria Itayra Padilha
A Associao Brasileira de Enfermagem (ABEn) completa em 12 de agosto de 2016,
90 anos. Criada para ser Associao de Ex-alunas da recm criada Escola de Enfermeiras do
Departamento Nacional de Sade Pblica, atual Escola de Enfermagem Anna Nery,
rapidamente foi alada a uma funo maior, a de ser a primeira entidade organizativa da
Enfermagem, a Associao Nacional de Enfermeiras Diplomadas (ANED). Nela se
integraram as duas enfermeiras brasileiras formadas fora do Brasil, Edith de Magalhes
Fraenckel e Rachel Haddock Lobo. Como tal, abraava a causa das lutas polticas, legais e
educacionais da Enfermagem Brasileira, comandada pelas poucas, mas guerreiras Enfermeiras
brasileiras e americanas. Ao integrar-se ao Conselho Internacional de Enfermeiras em 1929,
consolida-se como porta-voz legtima da profisso no Brasil, nos debates e deliberaes
globais no interesse da categoria. Buscando o desenvolvimento cientfico da Enfermagem,
criou a primeira Revista de Enfermagem no Brasil, denominada em 1932 de Annaes de
Enfermagem, e posteriormente, Revista Brasileira de Enfermagem que persiste at os dias de
hoje divulgando e promovendo o conhecimento na rea de Enfermagem e sade.
Seguindo os passos do Modelo Nightingaleano de Enfermagem, as novas enfermeiras
alm de atuarem no Departamento Nacional de Sade Pblica, contribuindo para o controle e
combate as endemias e epidemias que grassavam a capital do Brasil, Rio de Janeiro, tambm
iniciaram a criao de novas escolas nestes modelos, Brasil afora. Com isso, a Enfermagem
Moderna se expande chegando hoje a mais de 1000 Escolas de Enfermagem distribuidas em
todo o Brasil.
A ABEn como a conhecemos atualmente foi assim nominada em 21 de agosto de
1954, desde sua criao at os dias de hoje, participou de todos os movimentos polticos
essenciais que contriburam para o desenvolvimento do ensino, pesquisa e prtica profissional
da Enfermagem brasileira. Dentre eles, vamos ressaltar apenas alguns: a primeira legislao
que tratava do ensino da Enfermagem criada em 1931 (Decreto 20.109/1931), e que colocava
23
a Escola de Enfermagem Anna Nery como Escola oficial padro, visava poca estabelecer
um modelo de qualidade a ser seguido pelas demais escolas. Em relao educao de
Enfermagem, a ABEn esteve presente em todos os demais movimentos que culminaram em
todas as regulamentaes acerca da conduo da formao de enfermagem ao longo do
tempo, incluindo a garantia de carga horria mnima para os cursos de graduao, de 4.000
horas, ao invs das 2.500 propostas nacionalmente para uma sria de outros cursos. A ABEn
teve grande influncia e importncia na ampliao das escolas de enfermagem ao longo do
tempo, por meio de suas diretorias de Educao. Na atualidade, a ABEn luta para que essa
expanso seja ordenada, para que as Diretrizes Nacionais Curriculares sejam reformuladas e
para que o ensino seja de qualidade, vedando-se o ensino distncia como modalidade de
curso para formao na graduao e de profissionais de nvel tcnico.
De modo a tornar essa atuao mais objetiva e concreta, foi criado em 1994 o
SENADEN - Seminrios Nacionais de Educao em Enfermagem, chegando em 2016 a sua
15a edio, nos quais participam educadores, coordenadores e pesquisadores da educao em
nossa rea, com o objetivo de revisar, analisar e propor novos modos de qualificar a educao
em enfermagem no Brasil. O SENADEn surgiu como forma de discusso para implementao
e acompanhamento do currculo mnimo dos Cursos de Graduao em Enfermagem. O
currculo que provocou tal iniciativa da ABEn se originou do Parecer 194/94 do Conselho
Federal de Educao (CFE/MEC), mas logo se mostrou necessrio tornar esse seminrio
regular, para discutir as constantes mudanas e os desafios da educao em enfermagem
(Mancia, Padilha, Ramos, 2015: p. 448).
A ABEn, mantendo sua poltica de expanso e para agregar novos scios que se
vinculassem as causas da ABEn, comea a partir da dcada de 1940 comea a criar as Sees
regionais por todo o pas. Este foi um processo lento, tendo em vista que muitos estados
tinham poucas enfermeiras, no tinham escolas de enfermagem, dentre outros. Embora a
realidade histrica mostre que muitas Sees foram criadas antes das Escolas de nvel
superior, e com isso no apenas contriburam para sua efetivao, como tambm fizeram parte
desse movimento. Atualmente a ABEn encontra-se representada na quase totalidade dos
estados da federao, o que demonstra mais uma vez a sua importncia e valor.
24
At a dcada de 1970, a ABEn se responsabilizava pelo desenvolvimento da
enfermagem nos aspectos ticos, culturais, educacionais, polticos e legais da profisso.
Posteriormente, baseada em ampla discusso, defendeu-se que era importante que fosse criado
um Conselho de Enfermagem que se responsabilizasse exclusivamente pelos aspectos
relativos ao Exerccio da Enfermagem, incluindo fiscalizao, controle e aspectos ticos da
profisso. Assim, em 1973 fundado o Conselho Federal de Enfermagem, e a partir de 1975,
os Conselhos Regionais de Enfermagem em todo o pas. Atualmente a ABEn luta pela
democratizao da autarquia, defendendo eleies diretas para o Conselho Federal de
Enfermagem, e pela ao conjunta em prol do desenvolvimento da profisso.
Entre 1979 e 1989, a Associao Brasileira de Enfermagem, principal e mais antiga
entidade representativa da profisso, viveu um momento de intensa discusso sobre a sua
organizao. Este foi denominado Movimento Participao que se concretiza na eleio de
1984, com o intuito de criar uma nova viso sobre a profisso de Enfermagem. Uma profisso
que se comprometesse com o desenvolvimento de uma prtica criativa, com o exerccio
constante de avaliao crtica; que compreendesse a sua atividade como uma prtica social
constituda e, tambm, constituinte de um contexto histrico-social. Uma profisso formada
por trabalhadores especializados em um campo do saber tcnico-cientfico, com competncia
para cuidar de indivduos e grupos no seu processo de viver. Uma profisso que defendesse
um conjunto de valores morais para todos os seres humanos, sem qualquer discriminao,
destacando-se o direito sade, liberdade e a uma vida digna (Pires, Lorenzetti, Spricigo,
2015, p. 460 apud Albuquerque, Pires, 2001; Oliveira, 1990).
Com relao ao exerccio profissional de enfermagem, a ABEn tambm teve ampla
atuao em todas as legislaes que nos regem no cotidiano de nossa prtica profissional,
desde a primeira em 1955 e a nossa atual, de 1986. Articuladas as preocupaes com a prtica
profissional, a ABEn, juntamente com as demais entidades organizativas da Enfermagem
continua lutando politicamente e arduamente pelos direitos da Enfermagem, como o
movimento pelas 30 horas de enfermagem em substituio atual jornada de 40 ou 46 horas
semanais. Tambm levantou a bandeira contra o Ato Mdico, que subordina as profisses de
sade medicina, dentre tantas outras. A Enfermagem brasileira sob a liderana da ABEn
participou do Movimento pelas Diretas J, das Conferncias Nacionais de Sade que
25
culminaram na nossa Constituio Federal de 1988, dos movimentos pela Reforma Sanitria e
pela defesa do SUS em todas as suas instncias.
A Associao Brasileira de Enfermagem, ainda em seu incio, entendeu que era
importante congregar profissionais de enfermagem, mesmo poucos em seu incio, em prol de
pensar, discutir, refletir e socializar o que a enfermagem brasileira estava pensando e fazendo.
Neste sentido, criou em 1947 o primeiro Congresso Nacional de Enfermagem, que depois se
concretizaria como o Congresso Brasileiro de Enfermagem, o qual completa este ano a sua
68a edio, realizado anualmente, articulando as discusses ao momento poltico profissional
vivido em cada poca histrica. Os congressos se constituem em espaos privilegiados, pois
renem profissionais de todo o pas, que discutem o tema do evento, sempre relacionado a
questes emergentes do contexto profissional. Possibilitam, assim, um intercmbio tcnico,
poltico e cultural entre os profissionais, o que dificilmente seria vivel em outro cenrio,
alm de concretizar suas recomendaes em numerosas realizaes da enfermagem brasileira
(Mancia, Padilha, Ramos, 2015 p, 427). Este evento para alm de socializar conhecimentos,
se torna um espao de debates sobre a prtica profissional e a educao em enfermagem,
articulando com o que h de mais inovador e emergente na profisso.
A ABEn tambm sensvel e articulada aos movimentos profissionais de enfermagem e
atenta ao crescimento e desenvolvimentos da Ps-Graduao Stricto Sensu em Enfermagem
no Brasil, cujo primeiro mestrado inicia em 1972 na Escola de Enfermagem Anna Nery,
seguida de muitas outras em todo o pas, incluindo-se os Cursos de Doutorado e
posteriormente os de Mestrados Profissionais, chegando hoje a cerca de 90 programas em
todo o Brasil. O Seminrio Nacional de Pesquisa em Enfermagem (SENPE), se originou de
um projeto maior da ABEn que foi a criao do Centro de Estudos e Pesquisa em
Enfermagem (CEPEn), tendo seu incio no ano de 1971, quando Hayde Guanais Dourado,
em assembleia de delegados da ABEn, na cidade de Manaus, sugeriu sua criao, que foi
aceita pela sesso plenria (MANCIA et al., 2006; SILVA, 1994; BARREIRA, BAPTISTA,
2002). No entanto, a concretizao da proposta somente ocorreu com a incorporao desta ao
novo estatuto da ABEn, implementado a partir de 1976, na gesto de Ieda Barreira e Castro,
presidente da ABEn de 1976 a 1980 (Mancia, Padilha, Ramos, 2015). O CEPEn, alm de
organizar o SENPE, mantm na sede da ABEn, em Braslia, o maior conjunto de teses e
26
dissertaes de Enfermagem da Amrica Latina. Esse acervo est catalogado na biblioteca do
prprio centro, disponvel para consultas.
Nos espaos dos CBEns e dos SENPEs, a ABEn ao longo de sua trajetria poltica
mantm o dilogo e participao ativa nas deliberaes essenciais da Enfermagem no campo
dos Programas de PsGraduao em Enfermagem, articulando-se com as representaes de
Enfermagem junto a CAPES e CNPq.
Cada evento promovido pela ABEn busca dar uma resposta a categoria e tambm s
demandas da sociedade no seu tempo.
Tendo em vista a padronizao das linguagens de enfermagem para descrever os focos
de sua prtica e delinear melhor o escopo da profisso, organiza desde ano de 1991 o
SINADEn (Simpsio Nacional de Diagnsticos de Enfermagem), liderou a realizao da
pesquisa nacional CIPE-SC Classificao das Prticas de Enfermagem em Sade Coletiva,
desenvolveu o SI-ABEn (Sistema de Apoio Sistematizao da Assistncia de Enfermagem.
O 1 Colquio Latino-Americano de Histria da Enfermagem (CLAHEn), promovido
pela Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(EEAN/UFRJ), por iniciativa de seu Ncleo de Pesquisa de Histria da Enfermagem
Brasileira (Nuphebras), sob a liderana das doutoras Ieda de Alencar Barreira e Suely de
Souza Baptista, realizou-se na cidade do Rio de Janeiro no ano 2000, com o apoio do CNPq.
O tema geral Para uma nova viso da Histria da Enfermagem, desdobrou-se em dois temas
oficiais, a saber: O ensino da Histria da Enfermagem na Amrica Latina e A pesquisa e a
documentao em Histria da Enfermagem.
Dada a conjuntura da ateno primria no pas, a ABEn organizou um espao de
discusso e estabelecimento de diretrizes para a prtica profissional de enfermagem nessa rea
e criou o Seminrio Nacional de Diretrizes de Enfermagem na Ateno Bsica em Sade
(SENABS). E, entendendo que o trabalho de enfermagem se d em meio determinantes
econmicos, polticos e ideolgicos, criou, em 2003, o SITEn (Seminrio Internacional do
Trabalho de Enfermagem) como oportunidade para a categoria refletir e compreender melhor
esse jogo de foras que culmina com a precarizao do trabalho, jornadas desproporcionais ao
desgaste fsico e emocional, e remunerao que no garante dignidade ao profissional e sua
famlia.
27
A partir de 2010 percebendo a formao de grupos de interesse entre seus associados e
a ABEn regulamenta a criao de Departamentos Cientficos de Enfermagem sendo eles:
Departamento Cientfico de Enfermagem Gerontologica e incorpora, aos eventos da ABEn, a
Jornada Brasileira Enfermagem Gerontolgica a partir de sua 9a. edio; O Departamento
Cientfico de Histria de Enfermagem; o Departamento Cientfico de Enfermagem em Sade
Mental; Departamento Cientfico de Ateno Primria Sade.
"A ABEn constitui-se em patrimnio da enfermagem brasileira, considerando que
todas as conquistas da categoria emergiram de movimentos por ela organizados. Trabalha
com rgos como o Ministrio da Sade (MS), a Organizao Pan-Americana de Sade
(Opas), a United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Unesco), o
Conselho Nacional de Sade (CNS), o Frum de Entidades Nacionais de Trabalhadores da
rea da Sade (Fentas), o Ministrio da Educao (ME), a Coordenao de Aperfeioamento
de Pessoal de Nvel Superior (Capes), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e
Tecnolgico (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), entre outros" (Mancia;
Padilha; Ramos, 2015 p. 422).
Em sntese, quase impossvel descrever a grandeza da Associao Brasileira de
Enfermagem, que desde a sua criao, por meio de todas as diretorias que por al passaram,
chamados "abenistas" de corao, mulheres e homens vem se comprometendo com a
Enfermagem brasileira em todas as suas reas, visando sempre viabilizar novas conquistas
para a profisso e ampliar os seus espaos polticos de deciso. importante que as
organizaes de enfermagem se engagem em um projeto coletivo poltico profissional de
novas geraes que possa traar o futuro, a partir do olhar de tudo o que j foi construdo no
passado e no presente da nossa querida entidade praticamente secular, a Associao Brasileira
de Enfermagem.
REFERNCIAS
ALBUQUERQUE, G. L.; PIRES, D, E. P. O Movimento Participao (MP): uma
contribuio histria da enfermagem brasileira. Revista Brasileira de Enfermagem, ABEn,
Braslia, v. 53, n. 4, p. 174-184, 2001.
28
BARREIRA, I. A.; BAPTISTA, S. S. Hayde Guanais Dourado: carisma e personalidade a
servio de um ideal. Revista Brasileira de Enfermagem, ABEn, Braslia, v. 55, n.3, p. 275-
292, maio/jun. 2002.
MANCIA, J. R. et al. La creacin del Centro de Estudios e Investigaciones en Enfermera de
la Associao Brasileira de Enfermagem. Revista Panamericana de Enfermera, Mxico, v. 4,
n. 1, p. 24-29, ene./jun. 2006.
Mancia, Joel; Padilha, Maria Itayra; Ramos, Flavia Regina Souza. Cap. X. Parte 1. A
Associao Brasileira de Enfermagem. In: Enfermagem: HIstria de uma profisso. Org.
Padilha, Maria Itayra; Borenstein, Miriam Susskind; Santos, Iraci. 2. ed. So Caetano do
Sul/SP, 2015.
OLIVEIRA, F. V. S. Associao Brasileira de Enfermagem: mudanas e continuidades A
propsito do Movimento Participao (1979-1989). 203 fl. Dissertao (Mestrado em
Cincias Sociais) Centro de Cincias Humanas, Letras e Artes, da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, Natal, 1990.
PIRES, Denise; LORENZETTI, Jorge; ALBUQUERQUE, Gelson Luiz de. Cap X. Parte 2. O
movimento participao da Associao Brasileira de Enfermagem: Histria e desafios na
representao profissional. In: Enfermagem: HIstria de uma profisso. Org. Padilha, Maria
Itayra; Borenstein, Miriam Susskind; Santos, Iraci. 2. ed. So Caetano do Sul/SP, 2015.
SILVA, E. M. Produo, divulgao e utilizao da pesquisa em enfermagem: a contribuio
do Centro de Estudos e Pesquisas em Enfermagem (Cepen) da ABEn. In: SEMINRIO
NACIONAL DE PESQUISA EM ENFERMAGEM, 7, 1994, Fortaleza. Anais... Fortaleza:
ABEn,1994.
29
4 SADE DO TRABALHADOR
4.1 A SADE DO TRABALHADOR DO SAMU - 192: OCORRNCIA DE ACIDENTES
OCUPACIONAIS
Leonardo Salomo Goulart 1; Deciane Pintanela de Carvalho2; Jennifer Specht Dias 3; Rogrio
Barbosa Silveira4; Laurelize Pereira Rocha5
Introduo: o Servio de Atendimento Mvel de Urgncia SAMU 192 um importante
elemento que compe a Rede de Ateno s Urgncias e Emergncias do Sistema nico de
Sade. Composto por equipes de atendimento mvel, regulado e coordenado por Centrais
Reguladoras visa garantir a equidade e universalidade da assistncia nas diferentes regies do
territrio brasileiro1. Para prestar assistncia adequada, os trabalhadores deste servio,
adaptam-se s estruturas fsicas e ambientais dispostas em cada situao permanecendo
constantemente em risco de acidentes e agravos prpria sade, como risco de agresso
fsica, estresse, jornadas de trabalho prolongadas e acidentes com perfuro cortantes. Objetivo:
identificar a ocorrncia de acidentes ocupacionais sofridos pelos trabalhadores do Servio de
Atendimento Mvel de Urgncia (SAMU 192). Metodologia: Trata-se de um estudo
quantitativo, exploratrio e descritivo, realizado com os trabalhadores do Servio de
Atendimento Mvel de Urgncia SAMU 192 de um municpio do sul do Rio Grande do Sul.
Para o estudo foram selecionados trabalhadores que atuam na assistncia direta a sade,
abarcando mdicos, enfermeiros, tcnicos/auxiliares de enfermagem, condutores de veculos
de emergncia tanto de ambulncia quanto de motolncia, totalizando 34 trabalhadores. Como
critrios de incluso, trabalhadores que atuam nas unidades de atendimento mvel e que
prestam assistncia direta aos pacientes em situao de urgncia/emergncia. Foram excludos
os trabalhadores que desenvolvem apenas atividades administrativas. Os dados foram
coletados por meio de um questionrio eletrnico estruturado em duas partes: a primeira com
questes mistas para caracterizar o perfil scio demogrfico dos trabalhadores. A segunda,
com questes relacionadas identificao da ocorrncia de acidentes de trabalho e utilizao
de equipamentos de proteo individual (EPI). O questionrio foi estruturado com base nas
Normas Regulamentadoras: NR-62, NR-323 e no Protocolos de Interveno para o SAMU
1924-5. Foi utilizada exclusivamente uma verso digital do questionrio desenvolvido atravs
da tecnologia digital livre e gratuita do Google Forms. da Google Company Inc., na qual os
1 Mestrando do Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande - FURG.
Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil. 2 Mestranda em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande FURG. Bolsista CAPES. E-mail: [email protected] 3 Mestranda em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande FURG. Bolsista CAPES. E-mail:
[email protected] 4 Graduando em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande FURG. Bolsista PIBIC/CNPQ. E-mail: [email protected] 5 Doutora em Enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande FURG. Orientadora do trabalho. E-mail: [email protected]
mailto:[email protected]30
questionrios foram enviados por e-mail aos participantes da pesquisa. Obteve-se a
autorizao do coordenador local do servio aps anlise a aprovao do Ncleo Municipal de
Educao em Sade Coletiva (NUMESC). O estudo foi aprovado pelo Comit de tica em
Pesquisa na rea da Sade da Universidade Federal do Rio Grande (CEPAS FURG) sob o
parecer n 118/2015. Os dados foram analisados de forma descritiva utilizando o software
Statistical Package for the Social Sciences v. 20.0. Resultados e discusses: a caracterizao
dos participantes deste estudo apresentou uma predominncia do sexo masculino entre os
trabalhadores (59%), igualmente descrita em estudo que abrangeu 228 profissionais do
SAMU 192 em quatro cidades do estado de Minas Gerais, valor correspondente 144
(63,2%) dos participantes sendo evidenciado pelo maior nmero de condutores de veculos de
emergncia, responsveis por 69 (30,2%) dos pesquisados6. Ainda, com relao idade do
trabalhador, a pesquisa demostra um padro semelhante ao do estudo realizado com
trabalhadores do SAMU 192 de Natal / RN onde dos 162 profissionais pesquisados, 70
(43,2%) deles se apresentam dentro da faixa etria inferior a 40 anos de idade7. Apresentou-se
uma diferena de carga horria de acordo com a categoria profissional onde trabalhadores
mdicos, a mdia de horas mensais de 65 horas e entre os condutores de motolncia, este
valor sobe para 165 horas mensais. Considerando os trabalhadores que apresentam outro
vnculo empregatcio, verifica-se a predominncia dos trabalhadores mdicos com a mdia
total de 120 horas mensais trabalhadas somando-se a outros postos de trabalho. Outro estudo
evidencia uma semelhana nesta caracterstica e demonstra que dos 21 mdicos avaliados, 16
(76,2%) tambm possuem outro vnculo empregatcio simultneo ao desenvolvimento de suas
atividades no SAMU 192 predominando um acmulo total de 120 horas desenvolvidas em
outro emprego7. O relato de ocorrncia de acidentes de trabalho entre os trabalhadores
corresponde a mais da metade da amostra em que, 20 (59%) trabalhadores sofreram algum
tipo de acidente em atividade laboral. Os acidentes relatos foram: agresso verbal, relatada
por 16 (40%) trabalhadores, acidente com perfuro cortantes presente na resposta de oito
(20%) trabalhadores, agresso fsica relatada por cinco (12%) trabalhadores, a ocorrncia de
quedas e a ocorrncia de acidentes de trnsito no deslocamento foram citadas por quatro
(10%) trabalhadores, e mordida de animais nomeada por trs (8%) trabalhadores. Entre os 20
(40%) trabalhadores que relataram ter sofrido algum tipo de acidente, apenas um (3%)
necessitou de afastamento das atividades laborais dirias. Caracterstica semelhante foi
encontrada em um estudo em que 18,8% afirmaram ter sofrido acidentes durante o APH
contra 81,2% referindo no ter sofrido qualquer tipo de acidente durante suas atividades
laborais8. Entretanto, outro estudo verificou a incidncia global de acidentes com material
biolgico entre 41,2% dos trabalhadores, em que aponta os ferimentos com material
previamente inserido em acesso vascular, 15 (20,5%), ferimento profundo com material
contaminado com sangue 13 (17,9%). Como principais causas apontadas, se destacam o
descarte inadequado do material contaminado encontrado em 16 (22%) das respostas, o no
uso dos EPIs por 14 (19,2%) e a atuao com a viatura em movimento descrita por 14
(19,2%) dos participantes9. O uso dos EPIs, previstos na NR-32 so indispensveis para o
exerccio do trabalho, especialmente na rea da sade, em que a exposio aos riscos
constante e pode ser minimizada se o trabalhador seguir as devidas medidas de autoproteo e
precauo padro3. O Servio de Atendimento Mvel de Urgncia SAMU 192 traz em seu
Protocolo Nacional a relao dos EPIs, que o trabalhador deste servio necessita para exercer
suas atividades laborais de forma mais segura4-5. Considerando os 34 trabalhadores
31
participantes do estudo, e ainda, que existe uma indicao padro e comum a todas as
unidades acerca do uso dos EPIs, 59% deles fazem uso de culos de proteo, 44% uso de
mscara de procedimentos, 24% usam a mscara N95, 85% utilizam botina adequada, 91%
fazem uso de capa de chuva, 65 % usam bon e 97% utilizam casaco ou jaqueta. Concluses:
foi possvel identificar a complexidade do tipo de assistncia prestada pelos trabalhadores do
SAMU 192 e a diversidade de situaes e riscos ocupacionais presente no processo e
ambiente de trabalho. Ficou evidenciado que durante todo o processo de trabalho, esses
trabalhadores permanecem expostos a riscos inerentes ao tipo de atividade exercida,
independentemente da categoria profissional como acidentes de trnsito, agresso fsica,
estresse laboral, exposio a material biolgico e queixas de presena de dor
musculoesqueltica. Embora muitos tenham identificado os riscos ocupacionais aos quais
esto expostos e em cada varivel analisada, o uso dos EPIs negligenciado por parte destes
trabalhadores, ainda que estes sejam integralmente fornecidos pela instituio. Implicaes
para Enfermagem: sugere-se desenvolver aes que visem ampliar o acesso informao, a
discusso e a orientao aos trabalhadores com relao aos riscos aos quais esto expostos no
exerccio de sua profisso, estimulando o cuidado integral sua sade e o uso adequado dos
EPIs. Desempenhando o papel de responsvel tcnico e coordenador da equipe dentro de
cada unidade mvel, necessrio que o Enfermeiro se aproprie de conhecimento capaz de
modificar o cenrio exposto no estudo, atravs de capacitaes sobre medidas de preveno
de acidentes e minimizao da exposio aos riscos ocupacionais aos quais os diferentes
profissionais do servio encontram-se expostos.
Descritores: Acidentes de trabalho. Sade do trabalhador. Assistncia pr-hospitalar.
Enfermagem
REFERNCIAS
1 Brasil. Portaria MS No 2048, de 5 novembro 2002. Aprova o regulamento tcnico dos
sistemas estaduais de urgncia e emergncia. Braslia, 2002.
2 Brasil. NR MTE No 6 Equipamento de proteo individual EPI, Braslia, 2010.
3 Brasil. NR MTE No 32 - Segurana e sade no trabalho em servios de sade. Braslia,
2011.
4 Brasil. MS. Secretaria de Ateno Sade. Protocolos de Interveno para o SAMU 192
(SBV) Servio de Atendimento Mvel de Urgncia. Braslia, 2014.
5 Brasil. MS. Secretaria de Ateno Sade. Protocolos de Interveno para o SAMU 192
(SAV) Servio de Atendimento Mvel de Urgncia. Braslia, 2014.
6 Oliveira AC, Diaz MEP, Toledo AD. Acidentes de trabalho com materiais perfuro
cortantes entre a equipe multiprofissional de uma unidade de emergncia. Cienc Cuid
Saude. Abr/Jun; 2010. 9(2):341-349.
32
7 Costa IKF, Liberato SMD, Costa IKF, Melo MDM, Simpson CA, de Farias GM. Riscos
ocupacionais em um servio de atendimento mvel de urgncia. Rev. pesq. cuid. Fundam.
2014; 6(3): 938-947.
8 Oliveira FS, Moreira JG, Andrade PSM. Riscos ocupacionais a que a equipe de
enfermagem do servio de atendimento mvel de urgncia est exposta durante o
atendimento pr-hospitalar. Revista Multidisciplinar das Faculdades Integradas Pitgoras
de Montes Claros. 2014 Mai; 12(19).
9 Tipple AFV, Silva EAC, Teles AS, Mendona KM, Souza ACS, Melo DS. Acidente com
material biolgico no atendimento pr-hospitalar mvel. Rev Bras Enferm. Mai-Jun, 2013;
66(3): 378-84.
33
4.2 OFICINA DE ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM SADE MUSCULAR DE
TRABALHADORES: RELATO DE EXPERINCIA
Had Lima1; Marta Regina Cezar-Vaz2; Marlise Capa Verde Almeida de Mello3; Andreia
Martins do Couto4; Tatiele Roerhs5; Cintia Gautrio Soares6.
Introduo: Considera-se que a sade muscular seja influenciada por riscos ergonmicos a
que os trabalhadores estejam expostos1. Neste contexto, a assistncia em enfermagem ao
trabalhador destinada a garantir a sua segurana fsica e promover seu autocuidado2.
Visualiza-se o exame fsico e a eletromiografia (EMG) como tecnologias de cuidado para o
trabalho do enfermeiro. Estudo3 apresenta a avaliao dos nveis de fadiga e alteraes na
mecnica corporal associados com a realizao de ressuscitao cardiopulmonar por
socorristas atravs da EMG; j em outro estudo4, mediram a tenso muscular nos ombros,
pescoo e o esforo percebido atravs da contrao voluntria mxima, em enfermeiros em
situaes de cuidados. Alm de enfermeiros, estudo de profissionais fisioterapeutas e
educadores fsicos5 verificou, a partir da eletromiografia de superfcie e de um protocolo de
fadiga muscular, a recuperao de pacientes com e sem dor lombar. Desta forma, a EMG tem
sido realizada por inmeras profisses, como educadores fsicos, fisioterapeutas, odontlogos
e mdicos, para recuperao ou na avaliao da sade muscular. Assim, a enfermagem deve
buscar desenvolver estudos e pesquisas baseados no cuidado e promoo da sade dos
trabalhadores, visando agregar novas formas de avaliao da sade muscular em diversos
ambientes. Torna-se indispensvel o conhecimento eletrofisiolgico de msculos e estruturas
articulares, os quais corroboram para a avaliao clnica da sade muscular dos trabalhadores.
A apropriao e o domnio do conhecimento por parte dos enfermeiros para a realizao da
assistncia adequada a todos os indivduos que demandam do cuidado da sade
osteomuscular. Objetivo: Realizar uma interveno educativa sobre a eletromiografia
enquanto tecnologia de avaliao da sade muscular. Metodologia: trata-se de interveno
educativa em sade, realizada com oito estudantes da quinta srie do curso de
Enfermagem/FURG, em dezembro de 2015. A interveno envolveu a realizao de medidas
antropomtricas como peso, altura, medidas de bioimpedncia (taxa de gordura, de gua
corporal, de massa muscular, massa ssea e calorias gastas diariamente) e ndice de massa
1 Had Wellington Lima de Lima Universidade Federal do Rio Grande FURG, Acadmico de enfermagem, 6 semestre. e-mail: [email protected]. 2 Marta Regina Cezar-Vaz Universidade Federal do Rio Grande Furg, Professor Associada IV, e-mail: [email protected]. 3 Marlise Capa Verde Almeida de Mello Universidade Federal do Rio Grande Furg, Enfermeira Tcnica, e-mail: [email protected]. 4 Andria Martins do Couto Universidade Federal do Rio Grande Furg, Doutoranda do programa de ps-graduao em enfermagem/sade, e-mail: [email protected]. 5 Tatiele Roehrs Gelati Universidade Federal do Rio Grande Furg, Doutoranda no programa de ps-graduao em enfermagem/sade, e-mail: [email protected] 6 Cintia Gautrio Soares Universidade Federal do Rio Grande FURG, Acadmico de enfermagem, 9 semestre. e-mail: [email protected].
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]34
corporal. Verificaram-se tambm medidas de amplitude dos movimentos de cabea e pescoo,
membros superiores e a dinamometria. Aps a realizao destas medidas, os acadmicos
responderam a um questionrio que continha uma questo sobre movimentos articulares,
cujas imagens correspondentes aos movimentos deveriam ser identificadas pelos acadmicos;
e quatro questes sobre a eletrofisiologia da musculatura humana, as quais eram objetivas,
cada uma com quatro possibilidades de resposta. Aps o preenchimento do questionrio, foi
realizada exposio audiovisual sobre a assistncia de enfermagem sade do trabalhador,
abordando conceitos e conhecimentos questionados no pr-teste, e tambm demonstrao
dinmica da aplicao eletromiogrfica para identificao de reaes eletrofisiolgicas de
fasciculao, fibrilao e formao de ondas positivas no msculo trapzio. Posteriormente,
os acadmicos realizaram o ps-teste, composto pelas mesmas questes do pr, a fim de
verificar o conhecimento adquirido. Resultados: Nas respostas atribudas aos pr-testes,
identifica-se que os acadmicos apresentavam o conhecimento prvio da avaliao muscular
do corpo humano, bem como conhecimentos eletrofisiolgicos dos msculos. No entanto,
para todas as questes foram identificados mais erros que acertos, especialmente na questo
acerca dos movimentos articulares para o exame fsico, como os de dorsiflexo, abduo,
aduo e everso os quais no apresentaram acertos. J com relao s questes sobre a
eletrofisiologia muscular, a referente ao potencial de ao foi de maior nmero de
respondentes corretos (n=04; 50%). Aps a interveno, visualizou-se que apenas quatro
questes (%) duas sobre os movimentos articulares e duas sobre a eletrofisiologia muscular
no representaram mudana no conhecimento, tendo em vista a manuteno do nmero de
acertos. A questo sobre o movimento articular de extenso (%) apresentou diminuio da
apreenso terica; e as demais aumentaram o nmero de acertos, sendo que o questionamento
sobre fadiga muscular e sobre o movimento de circunduo passaram a ser de conhecimento
da totalidade dos acadmicos. Com relao realizao da EMG, os acadmicos souberam
delimitar o msculo em estudo (trapzio), bem como manusear eletrodos e o programa de
efetivao das testagens, mostrando-se de fcil manejo e apresentando boa aceitao pelos
acadmicos. Discusso: O conhecimento do acadmico de enfermagem sobre a sade
muscular do adulto deve ser enfatizado, uma vez que cada vez mais os indivduos esto
expostos aos riscos ergonmicos que produzem alteraes osteomusculares, principalmente
considerando que grande parte da massa magra corporal em humanos constituda de massa
msculo-esqueltica, ou simplesmente, massa muscular (MM)4. O estudo de novas
tecnologias ou o estudo baseado na avaliao simples, tem como grande papel mostrar aos
acadmicos as possibilidades que o enfermeiro dispe para implantar novos cuidados, bem
como o conhecimento acerca da fisiologia muscular e da fisiopatologia de doenas fortalecem
a atuao da enfermagem e proporcionam a qualidade da avaliao muscular. A interveno
mostrou-se eficiente para a apreenso do contedo em questo, bem como remeteu aos
acadmicos a retomada de conhecimentos das disciplinas bsicas do curso de enfermagem,
como fisiologia humana, biofsica e bioqumica, e sua aplicabilidade no cuidado em
enfermagem. J a demonstrao do uso da EMG enquanto tecnologia para a prtica
profissional foi bem aceita pelos acadmicos, aceitao esta percebida pela fcil replicao da
tcnica e adequado manuseio de eletrodos e do programa de realizao dos testes. Como
limitao da interveno, visualizou-se que, mesmo frente explanao terico-prtica, ainda
apresentaram-se conceitos que no foram aprendidos, o que pode ser justificado pela
dificuldade de identificao do conhecimento apresentado, bem como pela forma como foi
35
disposto no instrumento de pr e ps teste, que pode ser melhorado, talvez, por indicao de
figuras humanas. Concluso: A interveno permitiu retomar conhecimentos sobre sade
muscular e fortalecer a avaliao fsica e eletrofisiolgica que os acadmicos j haviam tido
contato em outras disciplinas acadmicas. Foi possvel identificar ainda alguns conceitos
pouco apreendidos, os quais podem estar relacionados baixa compreenso de significado ou
pouca aplicao nos campos de prtica. Portanto, a interveno foi efetiva e despertou nos
acadmicos, maior aprofundamento terico para uma prtica melhor sucedida. Ainda
apresentou a EMG como instrumento profissional para a enfermagem, mostrando-se de fcil
administrao para a avaliao eletrofisiolgica representada. Implicaes para a
enfermagem: fortalecer a avaliao fsica que os enfermeiros devem realizar no indivduo
adulto e apresentar a EMG como mais uma ferramenta de avaliao disponvel ao enfermeiro,
que tem por objetivo auxiliar no processo de avaliao e promoo de sade muscular.
Principalmente por tratar-se de uma tecnologia precisa, que permite subsidiar criar formas de
manejo e cuidado para alteraes musculares.
Descritores: Eletromiografia. Enfermagem. Ensino.
REFERNCIAS
1 Moares MVG. Sistematizao da Assistncia de Enfermagem Em Sade do Trabalhador. 2008. 224p.
2 Wiskia MB; Souzab MC. Clinical and Functional Profile of Duchenne Muscular Dystrophy: Practice of Nursing in Treatment and Early Diagnosis. 81Ensaios Cienc.,
Cienc. Biol. Agrar. Sade. 2015; 19(2): 81-8.
3 Trowbridge C, Parekh JN, Ricard MD, Potts J, Patrickson WC, Cason CL. A randomized cross-over study of the quality of cardiopulmonary resuscitation among females
performing 30:2 and hands-only cardiopulmonary resuscitation. BMC Nursing. 2009; 8:6.
4 Nuikka ML, Paunonen M, Hanninen O, Lansimies E. The nurse's workload in care situations. J Adv Nurs. 2001 Feb; 33(3): 406-15.
5 Candotti CT, La Torre M, Carabajal D, Melo MO, Noll M. Recovery during a protocol of muscular fatigue in subjects with and without low back pain. Arq. Cinc. Sade. 2015 abr-
jun; 22(2): 53-8.
6 Gobbo LA, Dourado DAQS, Almeida MF, Duarte YAO, Lebro ML, Marucci MFN. Skeletal-muscle mass of So Paulo city elderly SABE. Survey: Health, Well-being and
Aging. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2012; 14(1): 1-10.
36
4.3 PERCEPO DOS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM ACERCA DOS
CUIDADOS PALIATIVOS
Tania Cristina Schfer Vasques1; Valria Lerch Lunardi2; Rosemary Silva da Silveira3;
Liziani Iturriet Avila4; Fabiani Weiss Pereira5; Pmela Kath de Oliveira Nrnberg 6.
INTRODUO: Frente ao prognstico de uma doena incurvel que ameaa a vida comumente difcil para os trabalhadores de enfermagem o entendimento de que se pode
proporcionar no somente a cura, mas uma melhora na qualidade de vida, no fim da vida.
Cuidar do paciente amenizando sintomas de dor e outros agravantes de ordem fsica,
psicolgica e espiritual. Corroborando com esse pensamento, uma infinidade de recursos
tecnolgicos e cientficos, ofertados nos hospitais em geral, favorece a iluso de que a cura
pode ser conseguida a qualquer custo, podendo moldar os profissionais que atuam com estes
pacientes1. No entanto, nem sempre se poder curar, e o cuidado precisa predominar,
surgindo, ento, uma nova filosofia de cuidar no processo de uma doena irreversvel: os
cuidados paliativos , que tem o propsito de melhorar a qualidade de vida de pacientes que
recebem um diagnstico de doena incurvel que ameace a continuidade da vida,
proporcionando-lhes um processo de terminalidade digno e com alvio do sofrimento. Este
estudo teve como OBJETIVO: conhecer a percepo dos trabalhadores de enfermagem que atendem pacientes em situao de impossibilidade de cura e com risco de vida acerca dos
cuidados paliativos e de sua implementao no cotidiano do trabalho em sade. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo qualitativo, desenvolvido na Unidade de Clinica Mdica de uma instituio do Sul do pas, no primeiro e segundo semestres de 2011, por meio
da tcnica de entrevista semiestruturada. Participaram da pesquisa vinte e trs trabalhadores
de enfermagem. O estudo foi submetido ao Comit de tica em Pesquisa na rea da Sade
(CEPAS/FURG) sob o parecer de nmero 43/2011. Para a anlise dos dados, utilizou-se a
Anlise Textual Discursiva2, que mediante uma leitura rigorosa e aprofundada dos dados
coletados, ocorreu sua desconstruo, destacando-se as unidades de anlise. Em seguida,
1 Universidade Federal do Rio Grande. Enfermeira. Doutoranda do Curso de Ps-Graduao em
Enfermagem/FURG. Membro do Ncleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Sade (NEPES/FURG).
Email: [email protected] 2 Universidade Federal do Rio Grande. Enfermeira. Doutora em enfermagem. Docente da Escola de
Enfermagem. Pesquisadora do Ncleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Sade (NEPES /FURG).
Email: [email protected] 3 Universidade Federal do Rio Grande. Enfermeira. Doutora em enfermagem. Docente da Escola de
Enfermagem. Pesquisadora do Ncleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Sade (NEPES/FURG).
Email: [email protected] 4 Universidade Federal do Rio Grande. Enfermeira. Doutora em enfermagem. Docente da Escola de
Enfermagem. Pesquisadora do Ncleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Sade (NEPES/ FURG).
Email: [email protected] 5 Universidade Federal do Rio Grande. Enfermeira. Doutoranda do Curso de Ps-Graduao em
Enfermagem/FURG. Membro do Ncleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Sade (NEPES /FURG).
Email: [email protected] 6 Universidade Federal do Rio Grande. Enfermeira. Doutoranda do Curso de Ps-Graduao em
Enfermagem/FURG. Membro do Grupo de Pesquisa GEPESCA/FURG. Email: [email protected]
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]37
estabeleceram-se relaes por similaridade entre essas unidades, formando-se duas categorias.
Como ltima etapa da anlise, ocorreu a descrio e interpretao dos significados obtidos a
partir do texto, por meio dos significados construdos2. RESULTADOS: construram-se duas categorias: A primeira- Percepo dos trabalhadores de enfermagem acerca dos cuidados paliativos, enfocando o (des) conhecimento dos trabalhadores de enfermagem sobre cuidados paliativos, a futilidade teraputica e os sentimentos mobilizados pelos trabalhadores no
cuidado aos pacientes fora da possibilidade de cura e com risco de vida, demonstrando a
necessidade de qualificao e melhor preparao sobre a temtica desses cuidados. Na
segunda categoria- Percepo dos trabalhadores de enfermagem acerca da
implementao dos cuidados paliativos, discorreu-se acerca de quem a incumbncia de
implementar os cuidados paliativos, evidenciando-se a importncia das tomadas de decises,
acerca do cuidado aos pacientes fora da possibilidade de cura e com risco de vida, serem
partilhada com a equipe de enfermagem, bem como com os pacientes e seus familiares, a fim
de que tal deciso no seja exclusiva de uma s categoria. Ainda, verificou-se os desafios
dessa implementao dos cuidados paliativos no cotidiano de trabalho dos trabalhadores de
enfermagem. DISCUSSO: Por meio da anlise, constatou-se que a maioria dos
trabalhadores de enfermagem do estudo no conhecia a filosofia dos cuidados paliativos e
nem haviam ouvido falar sobre esse tipo de cuidado. Porm, dentre os que demonstraram
algum conhecimento, essa busca de conhecimento ocorreu individualmente, por iniciativa
prpria. Portanto, confirma-se que a abordagem sobre o tema morte ainda insuficiente, nas
escolas de enfermagem e cursos tcnicos, assim como nos ambientes de trabalho, requerendo
reflexo e discusso mais abrangentes, o que dificulta a prtica desses profissionais, no seu
cotidiano de trabalho e, consequentemente, o entendimento sobre essa filosofia de cuidado3.A
possvel falta de conhecimento e de capacitao de trabalhadores de enfermagem sobre
cuidados paliativos,assim como sua descrena na eficcia dessa filosofia, devido a
referenciais pessoais4, como evidenciado nesse estudo, constituem-se em fatores que podem
dificultar seu processo de implementao e consolidao nas unidades que atendem pacientes
fora de possibilidade de cura e com risco de vida. Destaca-se ainda, a sobrecarga, tanto fsica
quanto emocional, salientando aspectos quantitativos do trabalho, como carga horria,
excesso de pacientes sob sua responsabilidade e o estado de sade de cada paciente, associada
ao contato direto com sofrimento e morte, como contribuintes para a exausto e m atuao
profissional4. Ainda, a percepo de inadequao e de falta de efetividade na assistncia
prestada aos pacientes pode provocar sentimentos de insatisfao, frustrao, e sofrimento aos
trabalhadores, com possvel comprometimento de sua sade mental5, o que poderia ser
diferente se fossem adequadamente preparados para esse cuidado. Assim, possvel que a
ausncia de compreenso sobre esse cuidado, a falta de instrumentalizao para realizar a
assistncia e outros fatores internos os quais mobilizam esses sentimentos nos trabalhadores
de enfermagem, provoca, geralmente, sofrimento diante do cuidado a esses pacientes.
CONCLUSO: Nesse sentido, a educao permanente direcionada aos trabalhadores de enfermagem que cuidam de paciente fora da possibilidade de cura e com risco de vida em
relao aos cuidados Paliativos pode proporcionar uma assistncia paliativa eficaz, atentando
para a qualidade de vida do paciente cuidado, bem como para a qualidade de vida no trabalho
da equipe de enfermagem. Tambm, aes de cuidado embasadas nos princpios paliativos
contribuem para proporcionar um fim digno a esses pacientes. Assim, destaca-se a
necessidade de comprometimento com a temtica da terminalidade e dos cuidados paliativos,
38
tanto na formao dos profissionais, quanto da gesto institucional com a capacitao de seus
trabalhadores, qualificando o cuidado prestado aos pacientes no final da vida, e aos seus
familiares, auxiliando-os no ente