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159 Sitientibus, Feira de Santana, n.21, p.159-176, jul./dez. 1999 ABORDAGEM HOLÍSTICA NA EDUCAÇÃO Miguel Almir L. de Araújo Prof. Assistente do Dep. de Educação Mestre em Educação (UFBA) [email protected] RESUMO Neste texto explicitamos algumas reflexões acerca da cosmovisão holística e sua relação com a Educação. Fazemos referência ao paradigma cartesiano-newtoniano, realçando sua predominância em nossa cultura. Discorremos sobre a Holística como forma de compreensão do mundo a partir da coexistência dinâmica e interdependente dos seres e fenômenos que o compõem, em seu fluxo permanente de mudanças, fundando-se na dialogia entre Ciência, Arte, Filosofia e Tradição. Acentuamos as contribuições da Holística para a Educação no sentido de que aquela prima pela formação da inteireza de nosso ser, mediante a interação de nossos hemisférios direito e esquerdo no cultivo da sensibilidade crítico- criadora, de consciências alargadas, dos valores primordiais da ética, da solidariedade, da amorosidade, da beleza. PALAVRAS-CHAVE: Mudança de paradigmas; interdependência e complementaridade; transdisciplinaridade. ABSTRACT In this paper we offer some reflections concerning the Holistic view of the cosmos and its relation with Education. We refer to the Newtonian-Cartesian paradigm, emphasising its predominance in our culture. We discuss the Holistic as a form of comprehension of the world based on the interdependent and dynamic coexistence of the beings and phenomena that compose it, in permanent flux, being founded itself in the dialogic between Science, Art, Philosophy and Tradition. We give particular attention to the contributions of the Holistic to Education, where it should excel in the formation of the entirety of our being, through the interaction of our left and right hemispheres in the cultivation of critical-creative sensitivity, of widened consciousness, of the primordial values of ethics, solidarity, affection, beauty. KEY WORDS: Charge of paradigms; interdependence and complementarity; multidisciplinarity.

Abordagem Holistica Na Educacao

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    Sitientibus,Feira de Santana, n.21, p.159-176, jul./dez. 1999

    ABORDAGEM HOLSTICA NA EDUCAO

    Miguel Almir L. de ArajoProf. Assistente do Dep. de Educao

    Mestre em Educao (UFBA)[email protected]

    RESUMO Neste texto explicitamos algumas reflexes acerca da cosmovisoholstica e sua relao com a Educao. Fazemos referncia ao paradigmacartesiano-newtoniano, realando sua predominncia em nossa cultura.Discorremos sobre a Holstica como forma de compreenso do mundo apartir da coexistncia dinmica e interdependente dos seres e fenmenosque o compem, em seu fluxo permanente de mudanas, fundando-se nadialogia entre Cincia, Arte, Filosofia e Tradio. Acentuamos as contribuiesda Holstica para a Educao no sentido de que aquela prima pelaformao da inteireza de nosso ser, mediante a interao de nossoshemisfrios direito e esquerdo no cultivo da sensibilidade crtico-criadora, de conscincias alargadas, dos valores primordiais da tica,da solidariedade, da amorosidade, da beleza.

    PALAVRAS-CHAVE : Mudana de paradigmas; interdependncia ecomplementaridade; transdisciplinaridade.

    ABSTRACT In this paper we offer some reflections concerning theHolistic view of the cosmos and its relation with Education. We refer tothe Newtonian-Cartesian paradigm, emphasising its predominance inour culture. We discuss the Holistic as a form of comprehension of theworld based on the interdependent and dynamic coexistence of the beingsand phenomena that compose it, in permanent flux, being founded itselfin the dialogic between Science, Art, Philosophy and Tradition. We giveparticular attention to the contributions of the Holistic to Education,where it should excel in the formation of the entirety of our being, throughthe interaction of our left and right hemispheres in the cultivation ofcritical-creative sensitivity, of widened consciousness, of the primordialvalues of ethics, solidarity, affection, beauty.

    KEY WORDS: Charge of paradigms; interdependence and complementarity;mult idiscipl inarity.

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    Para ser grande, s inteironada teu exagera ou exclui.S todas as coisas.Pe quanto s no mnimo que fazes.Assim em cada lago a lua toda brilha.Porque alta vive.

    Fernando Pessoa

    INTRODUO

    O presente texto explicita, nos limites de suas fronteiras,algumas reflexes/meditaes acerca da cosmoviso holsticae sua relao com a Educao, apontando as contribuiesque aquela proporciona na dinmica do fazer educativo.

    No primeiro momento, expomos, de forma bastante sucinta,um quadro representativo do paradigma cartesiano-newtoniano,realando a predominncia desse paradigma em nossa cultura,pontuando suas caractersticas reducionistas, monolgicas efragmentantes.

    Em seguida, discorremos sobre a cosmoviso holstica quevai emergindo nas ltimas dcadas, de forma aberta e pluralista,a partir dos mananciais de tradies milenares da humanidadee das descobertas contemporneas em diversas reas doconhecimento, principalmente com a Fsica Quntica, expressandouma compreenso do mundo com base na coexistncia dinmicae interdependente de todos os seres e fenmenos que ocompem, em seu fluxo permanente de mudanas, fundamentando--se na dialogia entre Cincia, Arte, Filosofia e Tradio.

    E, por fim, no ltimo momento, acentuamos as contribuiesque a abordagem holstica traz para a Educao, na perspectivade que os processos educativos devem primar pela formaoda totalidade de nosso ser, mediante a articulao simbiticae fecunda entre nossos hemisfrios cerebrais direito e esquerdo,onde nossa sensibilidade vai se desenvolvendo/lapidando naintegrao da intuio/razo, do corpo/mente, da materialidade/espiritualidade, da interioridade/exterioridade, tornando-nosassim, seres mais criativos, solidrios, abertos, inventivos,

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    amorosos e belos no cultivo das qualidades primordiais dainteireza de nossa existncia.

    1 O PARADIGMA CARTESIANO-NEWTONIANO

    Nas ltimas dcadas, o mundo tem sido assolado porvexatrias crises que conduziram o planeta Terra a dilemas degravidade imensurvel. O paradigma predominante que lastreouas prticas socioculturais e poltico-econmicas no transcursode nossa histria privilegiou valores e posturas que desembocaramem relaes adoecidas dos seres humanos consigo mesmos ecom todo o ecossistema vivo. A depredao de nossos ambientespsquico, social, fsico e espiritual, atravs de tanta destrutividade,foi incidindo em desequilbrios inimaginados e agonizantes,desqualificadores de nossa vida e da de outros seres douniverso.

    Esse paradigma foi institudo em nossa cultura, de formamais efetiva, a partir da chamada Idade Moderna, com a consolidaodos referenciais terico-metodolgicos do modelo cartesiano-newtoniano. Esse modelo se fundamenta na categoria da razoanaltica que se vai caracterizando pela reduo de toda arealidade a sistemas de entendimento matemtico lgico-formaislineares. Dessa forma, o mundo, a natureza so analisados einterpretados apenas a partir das leis ordenadoras da lgicainstrumental e apresentados como mquinas que funcionammecanicamente em suas estruturas uniformemente determinadas.

    O filsofo Ren Descartes, no sculo XVII, elabora seusistema de pensamento racionalista, tendo como fundamentoo princpio de que a categoria da razo que propicia adescoberta da verdade clara e distinta sobre as coisas, sobreo mundo atravs do mtodo analtico no qual o objeto decompostoem suas partes bsicas e ordenado pelas operaes lgicasda razo, incorrendo assim no conhecimento verdadeiro econsistente.

    Para Descartes, a mente pensante, res cogitans, exercesupremacia diante do corpo, res extensa, sendo este meraextenso daquela. O corpo abordado como uma mquina queapenas veicula de forma mecnica o pensamento racional

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    portador da verdade. Dessa forma, Descartes instaura a relaodicotmica entre corpo e mente, sentir e pensar. A razo revestida de carter divino, deificando-se, tornando-se, isoladamente,criadora e iluminadora do universo, sendo representada noOcidente moderno pelo apogeu do conhecimento cientfico.

    Isaac Newton, no final do sculo XVII e incio do seguinte,inspira-se no racionalismo cartesiano e o aprimora na elaboraode sua concepo mecanicista da natureza, do universo atravsde suas investigaes no campo da Fsica, onde vai formulandouma teoria matemtica do mundo constituinte de leis gerais eexatas que governam os sistemas fsicos. Para Newton, tempoe espao so absolutos e funcionam mecanicamente com suasleis matemticas necessrias e imutveis. A natureza vistacomo uma mquina perfeita governada pela exatido dessasleis.

    As idias de Descartes e de Newton vo configurar oparadigma cartesiano-newtoniano, conformando a ordem dopensamento analtico mecanicista nos confins de nossa cultura,estruturando assim as nossas mentalidades ocidentais modernas.Essa perspectiva de entendimento do mundo traz desdobramentosmodulares em nossas mltiplas formas de vida e de relaessociais, tais como: a dicotomia entre nosso corpo e nossamente, nosso sentir e nosso pensar; o primado do ter emdetrimento do ser; o aguamento dos valores da competioentre os seres humanos; a ciso entre sujeito e objeto nosprocessos de investigao; a separao mutilante entre sereshumanos e natureza que se traduz na relao meramenteapropriativa e explorativa daqueles sobre esta; a exacerbaodo hemisfrio esquerdo, dos aspectos masculinos; a perda deviso dos limites do plo da razo; a negao da coexistnciadinmica entre parte e todo; o predomnio da lgica separatistae exclusivista; a subestimao do mito-potico com o desencantamentode nossa relao com o mundo que fica mediada exclusivamentepelas operaes utilitrias, imediatas e mecnicas conduzindo--nos a brutalizaes e barbries.

    Na esteira desse paradigma, o pensamento analtico-mecanicistae exclusivista se reveste de carter determinista e suas leisestabelecem a ordem do mundo, das coisas que podem, portanto,

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    ser por ele controladas e dominadas. Esse reducionismo concebecomo verdade apenas aquilo que estiver circunscrito nos domniosdesse modelo ordenador e monolgico, ficando excludo tudoo que dele for diverso. O conhecimento cientfico fica estabelecidocomo modelo uniforme, onisciente e onipotente, de descobertae entendimento da realidade, dos fenmenos do mundo, medianteo determinismo e a suposta infalibilidade de suas leis.

    Nos emblemas desse paradigma cartesiano-newtoniano,esto ilustrados os valores do progresso que proporcionadopela cincia e pela tcnica, como estandartes que conduziroa humanidade verdadeira felicidade, atravs da luminosidadefulgurante da supremacia da razo analtica. A arte, a religio,o mito etc. so considerados por esse paradigma como fontescausadoras de iluso e obscuridade, sendo, portanto, prescindveis.

    Nas ltimas dcadas, inmeros autores/pensadores comearama apresentar/revelar de forma mais profunda as fronteirasdessa mundiviso, realando que a sua postura exclusivista,unidimensionalizante e reducionista leva-a a ofuscar-se em sualuminosidade excessiva na cegueira da falta de percepo deseus prprios limites. No bojo das crises provocadas por esseparadigma, representadas pelos danosos desequilbrios sociais,fsicos, psquicos e espirituais que se expressam nos palcosmoventes da histria humana, vo despontando novos olhares,compreenses e posturas que primam por transformaes profundasem nossas mentalidades, valores e atitudes em que os conflitosso abordados de forma alargada como elementos fertilizadoresdos processos de mutao.

    2 A COSMOVISO HOLSTICA

    A parte algo diferente do todo; mas tambm o mesmo que o todo ; a substncia o todoe a parte.

    Herclito de feso

    Tradies culturais de existncia milenar da humanidade,tanto do Ocidente como do Oriente, apresentam-nos seusmananciais de sabedorias reveladores de cosmovises que

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    descortinam formas de compreender, olhar e se relacionar como mundo, diversas dos referenciais que se tornaram predominantescom o paradigma newtoniano-cartesiano. Essas tradies milenaresde povos indgenas de diversos continentes, de povos orientaise africanos, bem como de outras civilizaes antigas do Ocidente,concebem que os seres, as coisas que compem o universo noqual habitamos encontram-se interrelacionados de maneirainterdependente na dinmica das relaes do cosmos. Sereshumanos, rios, astros, rvores, animais, fogo, pedras, ventos,terra etc. so todos seres e elementos que mantm originariamenterelaes de complementaridade de uns para com os outros,sendo que a interrupo desses vnculos desencadeia desequilbriose destrutividade.

    Diversas investigaes e descobertas da Cincia, da Artee da Filosofia contemporneas vo estabelecendo dilogoscom essas tradies milenares, elaborando, a partir dessesncleos referenciais, o que est sendo chamado de paradigmaholstico, caracterizado por uma abordagem ampla e abertaque implica novos olhares e percepes em nossas relaescom o universo em sua unidiversidade e que vai possibilitandonossa religao com todos os seus elementos e seres.

    A cosmoviso holstica vai engendrando-se com maisimpetuosidade a partir das inquietaes dos movimentos socioculturaisdas ltimas dcadas, emanadas do mal-estar que acometeunossa civilizao diante do predomnio das estruturas socioculturaise poltico-econmicas ameadoras das vidas do planeta, notadamentena dcada de 60 com o movimento anti-nuclear, o surgimentoda conscincia feminista, (...) o renascimento das tradiesespirituais, a medicina alternativa, as lutas de libertao tnica,a conscincia ecolgica (TAVARES, 1993, p.62).

    O vocbulo holismo/holstico origina-se da expresso gregaholos que significa todo, inteiro (totalidade, inteireza). De acordocom os pesquisadores da temtica, foi o filsofo sul-africanoIan Christian Smuts pioneiro no uso da expresso holismo,apresentando-a como uma compreenso do universo constitudode seu processo evolutivo tecido a partir dos conjuntos dosseres e coisas que dele fazem parte de maneira interligada(WEIL, 1991). Alguns autores que tratam do tema tm optado

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    pelo uso da expresso holstica, considerando que o sufixoismo do termo holismo pode incorrer numa interpretao equivocada,com o acento demasiado no todo, levando a uma desqualificaoperceptiva da relao de integrao dinmica do mesmo comas suas partes, o que consideramos pertinente.

    A cosmoviso holstica, em seu processo de construo eafirmao, fundamenta-se na compreenso de que o mundo seconfigura como uma rede de relaes, onde tudo o que existese constitui de modo dinmico, compondo a diversidade deelementos, fenmenos e seres interdependentes e complementaresque se interrelacionam no fluxo do movimento rtmico e constante,mediante processos de transformaes incessantes. Cada umde ns, cada ser do universo um microcosmos dotado decaractersticas peculiares e que se intercambia com os demaisseres numa relao de interseco em que cada um, paraexistir, carece do outro em nveis diversos, em planos maisdensos e sutis, na complexidade da totalidade do macrocosmos.Somos fios entrelaados da imensa teia csmica.

    A Holstica como princpio de compreenso e relao vivencialde cada ser humano com o mundo, origina-se dos repertriosde sabedorias primordiais sedimentadas por diversas tradiese de investigaes/descobertas contemporneas de mltiplasreas de conhecimento nos territrios de nossa cultura, apontandopara a relao dialgica de coexistncia fecunda e criadoraentre a Cincia, a Arte, a Filosofia e as tradies espirituais.Nesse rumo, a cosmoviso holstica concebe que todas asformas e contedos de conhecimento humano, com seus matizespluridimensionais, devem ser entrecruzados nas encruzilhadasda cultura humana, de forma transdisciplinar em que as contribuiesde cada rea singular enriquecem, ampliam e aprimoram acompreenso do ser humano sobre a vida, as coisas, os fenmenosdo mundo na complexidade rtmica de sua totalidade.

    Essa compreenso e postura supem a superao dasupremacia do paradigma cartesiano-newtoniano de carterreducionista, separatista, monolgico e exclusivista. Nessemodelo, as diferenas so excludas, o dilogo entre as diversidadestorna-se intolervel e a sinuosidade, o movimento permanentedas coisas e dos seres comprimido e cristalizado em suas

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    estruturas monolticas. A qualidade reduzida quantidade,o todo ao fragmento das partes. O ser estilhaado pelopredomnio do ter.

    Entre os diversos ncleos referenciais e pensadoresque apresentam reflexes/meditaes instauradoras de novasmentalidades e novos paradigmas na articulao de nossasrelaes com o mundo, acentuando caractersticas que plasmama abordagem holstica, faremos referncia a alguns que consideramosmais ilustrativos no momento.

    Grandes tradies espirituais da humanidade como o Budismo,o Taosmo, o Hindusmo concebem que tudo no universo estinterrelacionado em sua existncia mais profunda no fluxocontnuo do devir csmico, na cadncia dinmica de seusciclos. Todas as coisas esto essencialmente interligadas eincludas nesse movimento permanente que se desdobra emmudanas qualitativas, na interdependncia primordial criadoraentre luz e sombra, yin e yang, entre nosso dentro e nosso fora,nosso corpo e nossa mente.

    Nos primrdios da nossa civilizao ocidental os pensadoreschamados de pr-socrticos apresentaram uma cosmovisoque afirma, atravs de sua idia de physis, a relao desintonia e escuta entre ser humano e natureza na qual esta concebida como imbuda de energia criadora e vivaz realandouma relao de simpatia entre eles na emanao do arch,princpio primordial donde tudo se origina. Essa postura dospr-socrticos implica uma relao entre seres humanos enatureza, nutrida de respeito, admirao e complementaridade.

    No sculo XVI, Giordano Bruno enuncia que o universo um todo dinmico onde a matria e o esprito coexistem deforma entrelaada. Para Bruno, a matria animada, eivadade energia.

    O filsofo Baruch Spinoza, em suas concepes filosficas,refere-se idia de que tudo est relacionado na ordem domundo: tudo um.

    H. L. BERGSON afirma que o universo um todo indivisvele interrelacionado no fluxo do surto de energia vital do vir-a--ser csmico. Para ele, a vida realidade em movimento, e a percepo intuitiva que nos possibilita a captao dessa

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    realidade viva ondulante, que nos conecta com a essncia dascoisas.

    Em suas meditaes filosficas, o pensador M. Heideggerproclama que o conhecimento ocidental descambou no esquecimentodo ser em sua expressividade mais profunda. Para ele, necessria a superao da ciso entre sujeito e objeto, instaladapelo pensar calculista, considerando que o ser humano existeimerso no mundo, sua morada, numa postura de abertura paraa totalidade do real. Existir, para Heidegger, significa coexistir:o ser humano, no mundo, entrelaa-se com os outros seres,sendo ele pastor que deve cuidar das relaes entre os diversosseres. O autor enfatiza tambm a conexo entre o pensar e opoetar como conjuno que nos permite uma compreenso erelao mais ampla e originria da mobilidade das coisas, domundo ( HEIDEGGER, 1987).

    As descobertas da Fsica Quntica tm ultrapassado osmodelos lineares da Fsica Clssica e apresentado uma compreensodo universo como um todo dinmico e curvo, impulsionado pelomovimento flutuante entre partculas e ondas. Para os fsicosqunticos, a relao entre sujeito e objeto interativa, nosendo possvel separao entre esses no processo de elaboraodo conhecimento. Ambos so interdependentes. O universo uma totalidade ininterrupta e indivisvel na qual todos os serese fenmenos esto interligados numa teia viva. F. CAPRA(1983) acentua que os fenmenos do universo, para o olharquntico, revelam-se de forma danante em suas ondulaescontnuas.

    O princpio de incerteza de W. Heisenberg ultrapassa asvises deterministas e reducionistas da cincia clssica, explicitandoa idia de que o universo composto de feixes de energia emteias de relaes dinmicas e ondulatrias, e que dele podemosapenas construir probabilidades, aproximar-nos de suas manifestaes,porm, no nos possvel conhec-lo absolutamente.

    David Bohm explicita suas idias qunticas afirmando queexiste uma ordem implicada entre as coisas e os seres douniverso, onde cada parte contm o todo nessa teia de relaesque perfaz o mundo. Para Bohm, o universo um conjuntoindivisvel em movimento fluente (Apud CREMA e BRANDO,1993, p.33).

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    Teilhard de Chardin desenha sua cosmoviso acerca dainterdependncia das coisas utilizando a metfora da redeonde todos os elementos do cosmos entretecem-se: impossvelseccionar essa rede para isolar uma poro sem que ela sedesfie e se esfiape nas pontas ( LEMKOW, 1992, p.138).

    O francs Edgar Morin afirma que o paradigma da cinciaclssica simplista, ao pretender reduzir toda a realidade aomodelo limitado da cincia, abordando-a de forma disjuntiva,separando o sujeito humano das coisas, dos objetos, da natureza.Evidencia seu carter mecanicista, ao conceber que as relaesexistentes entre as coisas, os fenmenos, a natureza sodeterminadas por leis mecnicas e causais. Morin prope oprincpio da complexidade e, atravs de uma viso sistmica,procura compreender as relaes de interdependncia entretudo o que existe, realando a presena do indeterminismo, dainstabilidade, da no-linearidade, da evoluo criativa quecaracteriza a dinmica social e todo o universo. Apresentatambm a idia da terra ptria, da tica da solidariedade pelaqual possamos ultrapassar as fronteiras forjadas pelo paradigmaclssico e tecer relaes de fraternizao e inclusividade entreos seres humanos e desses com a natureza e todas as coisas,entre as partes e o todo, mediante a compaixo do corao eo humanismo do esprito ( MORIN, 1994 e s.d.).

    Em um colquio realizado em Veneza, no ano de 1986,promovido pela UNESCO, onde se congregaram diversos pesquisadorese pensadores de projeo internacional, representando asmais variadas reas de conhecimento, foi elaborada uma declaraoem que esses, realaram a relevncia da mudana de paradigmaque est ocorrendo no mundo e reafirmaram a premncia deque novos valores, posturas e atitudes possam vir a ser assumidospelos seres humanos no planeta, impelindo a busca de relaesmais solidrias, dialgicas, abertas, ticas, ecolgicas e humanas,mediante a orientao transdisciplinar que pressupe a conexofecunda entre a Arte, a Cincia, a Filosofia e as Tradiesespirituais, para que possamos garantir a continuidade da vida,das vidas no planeta, buscando o aprimoramento de seusprocessos evolucionrios.

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    A abordagem holstica se apresenta como cosmovisoaberta e abrangente em seu processo dinmico de constituio,como forma pluralista, transversal e fundante de percebermos,compreendermos e de nos relacionar com o mundo. Algumasdas caractersticas principais de seus princpios fundantesso:

    1. busca da inteireza primando por uma compreensomais alargada possvel da relao interativa e simbitica entreparte-todo, todo-parte;

    2. diversidade o universo constitudo, em sua unidiversidade,de uma multiplicidade de seres em que cada um, com seustraos singulares e a magnitude de suas qualidades, tem suanobre tarefa de colaborar na composio da sinfonia csmica;

    3.interdependncia/complementaridade considerandoque todos os seres que perfazem o cosmos so interdependentes,carentes uns dos outros, de forma mais direta ou indireta,visvel ou invisvel, e complementam-se entre si mediante relaesinterativas de trocas mtuas;

    4. movimento tudo est em permanente movimento naordem/desordem do universo atravs de seus constantes ciclos,no entendimento de que tudo muda, e o que permanece oprprio movimento;

    5. espiritualidade existe uma dimenso sutil de conexoenergtica/sinergtica que interpenetra e move os seres humanoscom os outros seres, dando-lhes vigor e vitalidade nas relaescom o cosmos, e que os une na busca da fraternizao, dasolidariedade csmica.

    A percepo holstica prope a inclusividade nas relaesentre as diferenas que assim se encontram de forma abertae se enriquecem nas trocas complementares de saberes esabedorias, na superao do que P. Weil chama de iluso daseparatividade. O dilogo entre as diversidades alarga oshorizontes de nossa conscincia e nos impele tolerncia, aoesprito/sentimento de solidariedade e compreenso. As dimensesdo quantitativo e do ter (tcnica, tecnologia, artefatos) soapenas instrumentos que devem nos conduzir s buscas maisprofundas da qualificao de nosso ser no mundo.

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    Procurando transmutar a mentalidade patriarcal propagadapelos modelos que foram privilegiados em nossa cultura, aHolstica reafirma a relao coexistencial entre o yin e o yang,a nima e o nimus, o feminino e o masculino na trajetria dasbuscas incessantes de equilbrios que nos tornam mais humanos.Para a cosmoviso holstica o saber necessrio, porm asabedoria imprescindvel. O saber cientfico e tcnico configura--se em repertrio de grande relevncia para a vida humana,mas tambm carecedor da maestria da sabedoria tecida comnossa intuitividade, amorosidade e espiritualidade para quenossa vida, a vida dos diversos seres do cosmos seja melhorcompreendida, sentida, respeitada e celebrada.

    A compreenso holstica nos impulsiona a lanar pontesentre tantas fronteiras que nos segrega de ns mesmos, unsdos outros e dos outros seres do cosmos. Essa postura pressupea articulao de processos intensos de mudanas qualitativasem nossos valores e atitudes atravs de experincias/vivnciasreeducativas em possamos cuidar com mais ateno e sensibilidadeda complexidade e totalidade de nosso ser psquico, fsico,mental e espiritual. Essa atitude vai sendo bordada na proporoem que, com a abertura de nossas conscincias, vamos nosnutrindo nos mananciais dessas grandes sabedorias da humanidaderepresentadas pelos territrios da Arte, da Cincia, da Filosofiae das Tradies espirituais, travando uma relao dialgica ecriadora entre as mesmas. Dessa forma, podemos irrigar melhornossa sensibilidade intuitiva e crtica, nossa racionalidade eimaginao criadoras no cultivo dos valores primordiais domago de nosso ser.

    Clodoaldo M. Cardoso arremata: O paradigma holsticono traz certezas ou segurana, reafirma o mistrio da vida edo Ser, contudo reafirma tambm a potencialidade criativa dohomem em construir um novo caminho na medida em que secaminha por ele. Exigncia primeira: aprender a entoar a canoda inteireza pessoal (1995, p.89).

    Apresentamos a seguir um quadro sintico-demonstrativoaproximado das principais caractersticas do paradigma clssico(cartesiano-newtoniano) e do paradigma emergente (cosmovisoholstica).

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    3 ABORDAGEM HOLSTICA NA EDUCAO

    A rede da Educao tecida atravs de nossas prticaseducativas tem sido esfiapada com a prevalncia dos modelosdicotomizadores e reducionistas, erigidos na supremacia dohemisfrio esquerdo que representa a razo analtica, o pensamentocalculista com mtodos e contedos meramente instrutivos,mecnicos e instrumentais. Buscando ultrapassar essa paisagem

    PARADIGMA CLSSICO (cart.newt.) PARADIGMA EMERGENTE (cosm.holstica)

    w Cientificismo w Transdisciplinaridade

    w Analiticidade/Explicao w Hermenutica/Compreenso

    w Fragmentao/Mutilao w Inteireza/Religao

    w Exclusividade/ Separatividade w Inclusividade/Complementaridade

    w Lgica instrumental, disjuntiva, linear w Lgica dialgica, conjuntiva, transversal

    w Determinismo w Indeterminismo

    w Reducionismo/Unidimensionalidade w Complexidade/Multireferencialidade

    w Ciso sujeito/objeto w Interao sujeito/objeto

    w Causalidade/Mecanicismo w Acaso/Relao dinmica

    w Hemisfrio cerebral esquerdo w Dialogia hemisfrios esquerdo/direito

    w Quantidade/Mensurabilidade w Quantidade/Qualidade/Imensurabilidade

    w Preciso/Certeza w Probabilidade/Incerteza

    w Exterioridade w Exterioridade/Interioridade

    w nfase no ter w nfase no ser

    w Competio/Individualismo w Solidariedade/Compaixo

    w Razo/Saber iluminista w Razo-Intuio/Sabedoria

    w Corpo mquina pensante w Corpo senciente, pensante

    w Desencantamento do mundo w Reencantamento do mundo

    w Patriarcalismo w Masculino/Feminino

    w Apropriao/Explorao da natureza w Interdependncia/Ecologia

    w Rigidez/Monoliticidade w Flexibilidade/Holomovimento

    w Homogeneidade/Uniformidade cultural w Heterogeneidade/Diversidade cultural

    w Ordem w Ordem/Caos

    w Logos/Apolo w Logos-Eros/Apolo-Dionsio

    w Globalizao excludente w Globalizao includente

    w Prepotncia/Colonialismo w Humildade/Fraternizao

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    fragmentada, a cosmoviso holstica se prope incorporar-seprocessualmente na Educao, compreendendo-a como processode formao do ser humano, fundado na amplitude da complexidadede sua totalidade dinmica e mutante, em que os plos docognitivo e do intuitivo, do pensar e do sentir, da mente e docorpo, de Logos e Eros vo sendo abordados e cuidados deforma inclusiva e dialgica. Isso vai ocorrendo na proporo emque educadores e educandos vo se abrindo para a reeducaode seus valores e posturas, primando pela relao conjuntivae de abertura entre ambos, lastreados nos princpios da inteireza,da complementaridade, da interdependncia, do movimento,da diversidade, da espiritualidade.

    A Educao, nessa perspectiva, vai priorizando pela formaodo ser humano, na globalidade de sua inteireza e sedimentaoda experincia transdisciplinar que congrega os mais diversoscampos de saber, no fluxo da coexistncia vigorosa e criadoraentre suas diversidades, o que vai proporcionando o desenvolvimentoda compreenso e vivncia cada vez mais ampla da totalidadede nosso ser com o todo do universo/pluriverso. Nossos hemisfrioscerebrais esquerdo e direito religados vo nos tornando seresmais radiantes e equilibrados na relao de abertura terna eevolutiva com ns mesmos, com os outros seres.

    J. Krishnamurti compreende a educao como experinciaque deve nos levar a compreender o significado da vida comoum todo, ao desenvolvimento primoroso da inteligncia, sendoesta entendida como capacidade de perceber o essencial(KRISHNAMURTI, 1994, p.12). Para ele, a mais alta funo daeducao consiste em produzir um indivduo integrado, capazde entrar em relao com o todo ( TAVARES, 1993, p.128),para que assim possa descobrir e revelar a graciosidade de seuser no mundo.

    As prticas educativas fundamentadas na cosmoviso holsticavo convertendo o cotidiano da sala de aula em espaos ondeso realizados rituais de iniciao dos seus protagonistas,nos aprendizados coletivos proporcionados pelas diversas sabedoriasda humanidade, atravs do desenvolvimento da conscinciameditativa/reflexiva e da vivncia de sentimentos, crenas,valores que levam s descobertas dos sentidos mais profundos

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    e originrios da vida, atingindo os confins do potico, daespiritualidade. Na proporo em que as vivncias educativastornam-se momentos de celebrao da vida atravs das expressesda arte, da cultura vivida pelos educandos e educadores, elaspermitem a cada um o aprendizado dos significados mais expressivose relevantes para os processos de desenvolvimento da conscinciados valores humanos primordiais, na busca de nosso ser maisprecioso.

    A presena do ldico, da alquimia do jogo como manifestaomovente, desnuda e prazerosa das emoes e desejos estampadosnos suspiros da alegria que vivificam o todo de cada ser, naabertura do encontro convergente da alma e do corpo, revigorae colore a educao.

    O corpo, que concebido com o predomnio do paradigmacartesiano-newtoniano na educao apenas como mquinapensante, invlucro da razo, passa a ser entendido comomorada viva de nossa existncia onde pulsam desejos, sentimentos,emoes, valores e que, atravs de sua energia e movimentosrtmicos nos possibilitam celebraes, descobertas e encontrosviscerais com nosso ser senciente e pensante.

    Essa compreenso do fazer educativo pressupe tambma identidade e a pluralidade cultural mediante a afirmao daexpressividade das culturas locais em suas peculiaridades,promovendo a relao dialgica das mesmas com a diversidadede outros repertrios culturais bordando vnculos de trocasenriquecedoras, de tolerncia e solidariedade na conflunciaentre as pluralidades.

    O saber ruminado com o sabor da sabedoria, que agregapensamento e intuio, irriga nosso lan vital que se rebentaem processos criativos, inventivos e transformadores de formaprazerosa e vicejante. Dessa forma, atravs da articulao dopensamento simblico/metafrico, as potencialidades e faculdadesda imaginao criadora, a sensibilidade intuitiva e meditativa/reflexiva vo sendo cultivadas na vida de cada um, na formaode nosso ser em sua globalidade.

    Na Paidia grega, nos tempos homricos e pr-socrticosos processos educativos que emanavam da conscincia viva dacomunidade primavam pela formao do kalokagathos no qual

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    o bom e o belo se entrelaavam na busca da compreenso dainteireza da vida. W. Jaeger pontua que a no separao entrea esttica e a tica caracterstica do pensamento gregoprimitivo (1989, p.43). A presena do cultivo da poesia nocotidiano do fazer educativo como revelao do ethos vivo, dapercepo da sutileza da vida, propiciava a formao da intuitividadee da racionalidade dos indivduos com o propsito de plasmaras propores da beleza.

    A relao aberta, complementar e de parceria entre educadorese educandos na qual ambos em suas singularidades e diversidadesencontram-se em processos coletivos de aprendizados e trocas, uma postura fundamental nessa abordagem da educao.Clotilde Tavares afirma de maneira lapidar: s consegue ensinaralgo aquele que tambm est disposto a aprender (1993,p.126). Guimares Rosa burila com primor: Mestre no quemsempre ensina, mas quem de repente aprende ( BRANDO,1985, p.7). Quanto mais estamos abertos para aprender, incorporandoa mxima socrtica s sei que nada sei, mais ensinamos comluminosidade, imbudos de humildade, amorosidade e sabedoria.

    Transmutando as prticas educativas aliceradas no paradigmanewtoniano-cartesiano que, como vimos, exacerbam o ladoesquerdo do crebro, o plo do masculino centrado na exterioridade,na pragmtica do ter, a abordagem holstica instaura processoseducativos que primam pela formao da interioridade, doconhece-te a ti mesmo do autoconhecimento. Os recursostecnolgicos podem e devem ser instrumentos relevantes nacontribuio do aperfeioamento dos processos educativosque buscam as qualidades fundantes do saber ser, dos caminhosda sabedoria.

    Essa formao da sensibilidade crtica, criadora, intuitivae imaginativa vai desenvolvendo seres inventivos, de conscinciae percepo alargadas e afinadas com as ondulaes rtmicasda vida que no se adaptam aos modelos monolgicos edomesticadores da sociedade unidimensionalizante e que envidamexperincias transgressivas, audaciosas pelas aventuras dosriscos, pelas veredas dos desafios nas curvas dos conflitospartejadores de crescimentos marcados por novos caminhos,saberes e sentires.

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    A nfase est no processo, em cada passo e compasso datrajetria em que se vivenciam e se saboreiam os meandrosde cada aprendizado tecido na vibrao da carne e do esprito,muito mais que no produto final. Guimares Rosa tambm nosensina que o supremo das coisas no se encontra no incio nemno final, mas no meio da travessia.

    A educao lastreada nesses princpios fecunda a imaginaode cada um, a capacidade de sonhar para poder projetar,buscar, dispor-se nos desafios que garimpam a eterna novidadedo mundo, como nos poetiza Fernando Pessoa. Debulhandoum mote de Edgar Morin, consideramos que o saber, o conhecimentotingido dessas matizes ancoram-se em princpios que noapenas devem respeitar como tambm revelar o mistrio dascoisas. O conhecimento veiculado nas prticas educativasdeve conduzir educandos e educadores para a percepo dosimponderveis, dos paradoxos e enigmas da vida, da natureza,do universo para que cultivemos a espiritualidade, a dimensopotica do cosmos, estabelecendo assim, com este, uma relaode respeito, admirao, simpatia e coexistncia fraternizante,dinmica e criadora.

    A abordagem holstica na Educao revela-se no movimentode aprimoramento de nossas sensibilidades na busca originriada beleza, que s se revela, em sua misterialidade e ternura,nos momentos de vivncias mais plenas e inteiras em nossarelao com ns mesmos, com os outros, com o cosmos nosmomentos holsticos.

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