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CAPÍTULO 1
Capítulo 1 – Introdução
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1. INTRODUÇÃO
Atualmente existem estudos, tanto em nível de pesquisa como estudos de caso,
envolvendo o aço rápido ou metal duro para o desenvolvimento de ferramentas de corte.
Outro campo de desenvolvimento são os recobrimentos para ferramentas com o objetivo de
aumentar a sua vida útil. Também se visa cada vez mais a usinagem sem o uso de fluido de
corte. A pesquisa também é intensificada no desenvolvimento de novos materiais para
ferramentas de corte e de baixo custo. Uma ferramenta de corte tem que possuir boas
características como a resistência ao desgaste, a altas temperaturas de corte. Analisando as
fases iniciais, pode se concluir que a ferramenta deve resistir a condições severas de
usinagem e possuir baixo custo.
A indústria competitiva é aquela que atende as condições do mercado, os seus
produtos são de alta qualidade e possui também grande produtividade. Mas, sempre de
visando a redução de custo. A engenharia de fabricação, para ser eficiente, busca o
desenvolvimento de processos com alta velocidade, sem refrigeração ou mínima
quantidade de meios refrigerantes e lubrificantes, novas geometrias, materiais e
revestimentos para ferramentas.
Os processos de corte a seco atualmente são um dos tópicos mais relevantes nas
indústrias, tanto pela necessidade de redução de custos como por problemas ambientais
associados com o uso de fluidos de corte. Os fabricantes procuram desenvolver
ferramentas que consistem em usar substratos de aços rápidos sinterizados ou metal-duro,
recobertos com camadas duras e autolubrificantes [RECH, 2001].
As ferramentas de aço rápido têm a capacidade de manter um nível de dureza
elevada, mesmo quando submetidas em processos de corte rápido de materiais. Os aços
rápidos são basicamente agrupados em aço rápido comum, aço rápido com cobalto, aço
rápido com revestimento e aço rápido sinterizado. Às vezes é a única solução para
substituir os demais materiais de corte tais com a cerâmica, metal-duro e outros mais
frágeis. Outra vantagem é o seu baixo custo, principalmente em relação ao metal-duro.
Os aços rápidos podem ser obtidos convencionalmente (por fundição, lingotamento
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e trabalho mecânico dos lingotes até a forma de barras) ou por metalurgia do pó, onde o pó
de determinada liga é compactado e sinterizado em formas muito próximas às do produto
final, obtendo inclusive uma maior isotropia de propriedades.
As ferramentas de aço rápido são de baixa velocidade de corte, normalmente entre
30 a 35 m/min. O aço rápido é utilizado principalmente na produção de brocas, cocinetes,
matrizes, serras, fresas, bits, em aplicações de torneamento de peças de diâmetro reduzido
e outros.
Na produção dos aços rápidos sinterizados, os processos que mais se destacam são:
ASP (Anti-Segregation Process), CPM (Crucible Particle Metallurgy Process), FULDENS
e MIM (Metal injection moulding).
O aço rápido sinterizado possibilita maior controle do tamanho dos grãos, a adição
controlada e bem distribuída de elementos de liga, proporcionando uma estrutura muito
uniforme e muito fina em toda a seção da ferramenta.
As ferramentas de corte participam também do custo produtivo em uma empresa. É
neste momento que se tem a necessidade de estudar uma ferramenta que tenha boa
produtividade e baixo custo, como as ferramentas de aço rápido.
Em estudos realizados por grupos de estudo na Universidade do Estado de Santa
Catarina, determinou-se que a melhor temperatura de sinterização do aço rápido AISI M2 é
entre 1270ºC a 1280ºC. O tratamento térmico de têmpera deve ser realizado entre as
temperaturas de 1190ºC a 1230ºC, seguido de um resfriamento em banho de sal, óleo e
água. As temperaturas de revenido para peças produzidas por metalurgia do pó são
similares aos outros processos. Dependendo das propriedades requeridas, as temperaturas
variam entre 540ºC a 595ºC. O resultado do tratamento térmico de tempera e de revenido é
uma matriz com frações de carbonetos não dissolvidos durante a austenitização com
fórmulas gerais MC, M6C, que são responsáveis pela resistência ao desgaste. Quando
temperado a 1200ºC e acompanhado de duplo revenido a 560ºC, o AISI M2 pode alcançar
durezas próximas à 800HV [FERNANDES, 2006; FERRARESI, 1982; HOYLE, 1988;
MAGNABOSCO, 2000; NOGUEIRA, 2004].
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Nos aços rápidos são encontrados os carbonetos M6C e MC (ambos de estrutura
cúbica de face centrada), contendo também o carboneto M23C6 (cúbica de face centrada) ou
M7C3 (hexagonal), dependendo da quantidade de carbono.
As ocorrências do desgaste das ferramentas de corte dependem das condições de
corte como: o material envolvido no processo de usinagem, as dimensões da ferramenta,
refrigeração da ferramenta, a velocidade de corte, a profundidade de corte, o avanço da
ferramenta. Os principais tipos de desgaste e avarias são: Desgaste Frontal; Desgaste de
Cratera; Deformação Plástica da Aresta de Corte; Lascamento ou Microlascas; Trincas e
Quebra.
A Abrasão Mecânica é a ação de arrancar finas partículas do material da ferramenta
através de partículas duras do material usinado ou da própria ferramenta, em conseqüência
do escorregamento sob alta pressão e temperatura entre a peça e a ferramenta e ocorre na
superfície de folga e de saída da ferramenta. A aderência é a formação de um substrato
metálico entre as superfícies metálicas postas em contato sob cargas moderadas, baixas
temperaturas e baixas velocidades de corte. Quando há a tentativa de separação entre as
superfícies, ocorre ruptura em um dos metais e não da superfície de contato. Alguns
autores denominam o mecanismo de adesão como attrition, ou seja, mecanismo de adesão
e arrastamento, o que significa que fragmentos microscópicos são arrancados da superfície
da ferramenta e arrastados junto ao fluxo de material adjacente à interface. Nas ferramentas
de aço rápido, o desgaste por difusão não tem significação. Geralmente, não utilizam altas
velocidades de corte. A oxidação pode ser gerada para a maioria dos metais em
conseqüência de altas temperaturas e a presença de ar e água (contida nos fluidos de corte).
As ferramentas de aço rápido só formam carepas em temperaturas bem superiores à de
amolecimento do material. Se formam principalmente nas extremidades do contato cavaco-
ferramenta devido ao acesso do ar nesta região.
Este trabalho tem por objetivo o estudo de insertos sinterizados de aços rápidos
AISI M2 para torneamento retilíneo e a avaliação de seu desgaste. As propriedades
mecânicas desejadas são a elevada dureza acompanhada de boa tenacidade e resistência ao
desgaste. O processo de produção dos insertos é através da metalurgia do pó convencional,
por compactação e sinterização. Os insertos sinterizados foram tratados termicamente com
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têmpera e duplo revenido. Após, passaram pelo processo de afiação. A análise de desgaste
foi executada no flanco da ferramenta, através de microscopia eletrônica de varredura
(MEV), tendo como critério de fim de vida o VBBmáx= 0,6mm, segundo a ISO 3685
[1993]. Os resultados são baseados no desgaste da ferramenta e na sua dureza. Utilizou-se
também um bits de aço rápido VWM2, com as mesmas características de corte, para
comparar com o inserto sinterizado AISI M2.
O Capítulo 2 é a revisão bibliográfica e tem o objetivo de estudar o que é aço
rápido, a metalurgia do pó, a produção de aços rápidos sinterizados, as propriedades e
estruturas dos aços rápidos, tratamentos térmicos este material e suas propriedades
mecânicas. O capítulo também estuda o que é uma ferramenta de corte para torneamento,
os principais tipos de avarias e de desgaste em ferramentas, o que é a aresta postiça, os
mecanismos causadores de desgaste, a medição de desgaste em ferramentas de corte, a
vida da ferramenta, as influências da geometria, da velocidade, do avanço e da
profundidade na vida da ferramenta. O Capítulo 3 demonstra a metodologia experimental
aplicada para os ensaios de usinagem, para a fabricação dos insertos de aço rápido AISI
M2 e do bits VWM2. Os resultados, análise e discussão se encontram no Capítulo 4. Este
capítulo tem o objetivo de analisar a eficiência dos tratamentos térmicos através dos
ensaios de dureza em HRC, os mecanismos de desgaste do bits na velocidade de corte de
50 m/min e dos insertos sinterizados nas velocidades de corte de 27, 45, 50 e 54 m/min. O
capítulo também compara os mecanismos de desgaste e o desempenho entre o inserto
sinterizado e o bits na velocidade de 50 m/min. Os Capítulos 5, 6 e 7 são as conclusões, as
sugestões para trabalhos futuros e as referências bibliográficas respectivamente. Todos os
capítulos citados serão explorados e detalhados neste trabalho.