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ACOLHIMENTO HUMANIZADO: OPORTUNIDADE PARA EDUCAÇÃO DA
COMUNIDADE*
MIRANDA, Daniella¹; CORTINES, Andréa Araujo de Oliveira²; FRANÇA, Ellia
Christinne de Lima3; CARNEIRO, Gabriela Marques4; BESSA, Kênia Maria de5
Palavras-chave: Educação em Saúde, Acolhimento, Odontopediatria, Equipe
interdisciplinar.
Introdução
A educação em saúde é o campo de prática, conhecimento e atuação do
setor da saúde que se preocupa em criar vínculos entre as ações de saúde, o
pensar e o fazer cotidiano da população, levando em consideração o senso comum
da população (ALVES et al, 2004).
A promoção da saúde por meio do desenvolvimento de ações de educação
em saúde é uma prática afirmada desde 1986, quando se introduziu um novo
conceito de saúde, passando a ser entendido como resultante das condições
objetivas de vida. Assim os serviços de saúde necessitam fornecer novas formas de
acolhimento, humanizando a assistência e melhorando a qualidade dos serviços de
saúde prestados a população (MS, 2006).
O acolhimento humanizado aos pacientes procura minimizar as dúvidas e
anseios e, dessa forma, conseguir uma parceria ativa na atenção em saúde tem sido
enfatizado nos programas e estratégias direcionadas à promoção de saúde (LENZ et
al., 2006).
Um espaço que pode promover esse momento de escuta e acolhimento são
grupos de sala de espera. Segundo Graça et al (2000), são objetivos desse tipo de
grupos, atender à demanda dos pacientes que esperam pela consulta, aumentar a
consciências do paciente em relação ao seu problema de saúde, detectar pacientes
que necessitam de atendimento individualizado, sensibilizar o paciente quanto as
dimensões psicológicas envolvidas no seu estado de saúde passando de uma
* Resumo revisado pela Coordenadora da Ação de Extensão NESO – Núcleo de Estudos em Sedação Odontológica, código FO-47. Nome da
Coordenadora: Luciane Ribeiro de Rezende Sucasas da Costa. 1Universidade Federal de Goiás- e-mail [email protected] 2Universidade Federal de Goiás- e-mail [email protected] 3Universidade Federal de Goiás- e-mail [email protected] 4Universidade Paulista- e-mail [email protected] 5Universidade Paulista- e-mail [email protected]
posição passiva e receptiva para uma posição ativa e participativa, e aumentar o
vínculo do paciente com a equipe.
A sala de espera, segundo Teixeira e Veloso (2006), pode ser considerada
um espaço dinâmico, onde ocorrem vários fenômenos psíquicos, culturais,
singulares e coletivos. Esse tempo de espera pode gerar ansiedade, angústia,
revolta, tensão, e comentários negativos entorno do atendimento dos serviços
públicos de saúde.
A ansiedade ao tratamento odontológico é um problema comum e tem
atingido pessoas de todas as faixas etárias, porém vem aparecendo principalmente
na infância e adolescência (PORRITT et al., 2012). Segundo esses autores, a
ansiedade de crianças ao tratamento odontológico não atinge apenas a criança mas
também a família, e está associado a hábitos pobres de saúde bucal.
De acordo com o exposto acima justifica-se o desenvolvimento de ações de
acolhimento e promoção da saúde na sala de espera do Núcleo de Estudos em
Sedação Odontopediátrica (NESO) aproveitando o momento para interagir com os
usuários utilizando a escuta ampliada, identificando suas necessidades de saúde,
oferecendo soluções possíveis, com segurança para o paciente, promovendo a
educação em saúde para pacientes e acompanhantes da clínica escola de
odontopediatria, de acordo com as necessidades e sugestões efetuadas.
O objetivo deste trabalho é descrever as atividades sócio-educativas, de
caráter preventivo e de promoção à saúde, direcionadas necessidades de crianças
com resistência ao atendimento odontológico e suas famílias, desenvolvidas no
NESO no primeiro semestre de 2012.
Metodologia
Os atendimentos são relizados pela equipe multiprofissional do NESO que é
um projeto de ensino, pesquisa e extensão, e objetiva a atenção odontológica a
crianças com ansiedade ou resistência não medrosa ao atendimento odontológico,
por meio da associação de técnicas comunicativas e farmacológicas (sedação).
Para o acolhimento dos familiares/acompanhantes e pacientes da
odontopediatria, no momento da sala de espera, foi utilizada uma linguagem
acessível, apresentação dos profissionais, coleta de informações básicas: idade,
motivo da consulta, se é o primeiro atendimento odontológico, se não, como foram
as experiências anteriores. Nesse momento os profissionais esclarecem dúvidas
tanto sobre o tratamento odontológico sob sedação, quanto outros assuntos que os
pais gostariam de discutir. Posteriormente, as crianças são atendidas pelos
profissionais em suas especialidades.
Após o trabalho na sala de espera, de acordo com as demandas emocionais
levantadas pela psicologia, são realizadados atendimentos psicológicos idividuais
também, considerando as particularidades de cada caso, bem como
encaminhamentos se necessários.
A odontologia leva as crianças junto de seus pais/responsáveis para o
escovódromo onde são realizadas a educação em saúde bucal quando se busca o
conhecimento prévio de cada um a respeito da saúde bucal e a escovação
supervisionada. Neste momento as atitudes positivas são reforçadas enquanto as
inadequadas para obtenção ou manutrenção da saúde bucal são trabalhadas de
modo a levar para cada um o conhecimento ideal. Para essa atividade são utilizados
álbum seriado, macromodelos, dedoches, histórias e são apresentados exemplares
de escovas e cremes dentais disponíveis no mercado de acordo com cada faixa
etária.
A fonoaudiologia colhe informações sobre desenvolvimento de linguagem,
fala, voz e audição, bem como realiza ações de educação para promoção da saúde
(incluindo ações de prevenção primária e secundária) por meio de orientações, em
sala de espera, aos pais sobre o desenvolvimento normal e cuidados gerais com as
crianças, com ênfase em questões ligadas à amamentação, à remoção de hábitos
deletérios, desenvolvimento e estimulação de linguagem e fala, voz e audição;
realiza ainda encaminhamentos, a outros especialistas, quando necessários.
Resultados e discussão
Constatamos, nas crianças atendidas, alta prevalência de cárie e de
alterações de linguagem e fala, comportamento alimentar inadequado, dificuldades
em manter hábitos de higiene oral, e ainda famílias e crianças ansiosas diante do
tratamento odontológico e da sedação. Identificamos também demandas
psicológicas específicas sendo realizados encaminhamentos para continuidade do
tratamento psicológico clínico.
Nas salas de espera constituídas, os usuários se mostraram participativos e
interessados, houve troca de experiências e informações e esclarecimento de
dúvidas. Tiveram duração de 30 a 40 minutos, tempo estabelecido conforme a
participação dos usuários e o desenvolvimento das atividades propostas.
De acordo com os resultados obtidos até abril de 2012, constata-se que a
proposta de trabalho contribuiu para tornar o tempo de espera mais prazeroso.
Percebe-se motivação e compromisso maior por parte dos pacientes e
responsáveis, a cerca dos benefícios da abordagem interdisciplinar, minimizando-se
os medos em relação ao tratamento odontológico e favorecendo o aumento de
cuidados em saúde bucal. A orientação à população quanto a esses aspectos traz
um maior conhecimento e, por conseguinte, uma maior qualidade de vida.
Conclusões
O NESO tem como propósito garantir um cuidado humanizado, efetivando a
aproximação cada vez maior entre a comunidade e os serviços de saúde.
Por meio de sua sala de espera são desenvolvidas atividades que vão além
do tratamento da doença, como a educação em saúde, auxiliando na prevenção de
doenças e na promoção da saúde; proporcionando também uma melhora na
qualidade do atendimento, garantindo maior acolhimento aos usuários, e
melhorando a inter-relação da equipe de saúde e a população. Desta forma contribui
para a efetivação dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde – SUS.
Referências bibliográficas
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