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Administração de Materiais e
Logística
Com abordagem a Supply Chain Scorecard
Prof. Me Clesio L. Landini Jr.
- 2012 -
Dedicatória
Aos meus alunos, a mola propulsora para a realização desta obra;
Aos meus pais, pelas bases sólidas;
Aos meus filhos, por todas as noites pedirem para ajeitá-los na
cama e contar a história do calanginho;
A minha esposa, pela compreensão do esforço que essa obra exigiu de
nós;
E não podia de deixar de agradecer meu irmão pela frase
“vão-se os tênis, ficam os discos”.
Prefácio
Atualmente a competição empresarial ocorre entre cadeias de
suprimentos, aquela que for mais eficiente e eficaz, consegue atender melhor as
necessidades dos consumidores e beneficiar todos os membros da cadeia.
Toda operação produtiva depende da coexistência de determinados
componentes indispensáveis tratados como recursos empresariais. Este livro
trata da integração do fluxo dos recursos materiais ao longo de cadeia de
suprimentos e a contribuição do balanced scorecard neste processo de
integração.
A elaboração de um livro-texto constitui um enorme desafio “braçal” e
“intelectual” em seu processo de levantamento bibliográfico, releitura de
conceitos, busca por artigos científicos alinhados ao mundo globalizado dos
negócios, bem como, sua organização e síntese e por fim sua materialização.
Tal esforço foi encarado como uma oportunidade ainda que modesta de
levar a você de forma gradual os assuntos aqui desenvolvidos.
Bons Estudos!
Prof. Me Clesio L. Landini Jr
Estrutura do livro
A Figura 1 seguir esquematiza as principais áreas dentro da
administração de materiais que foram agrupadas em quatro partes: Capítulo 1-
Recursos materiais, Capítulo 2 - Estoques, Capítulo 3 - Compras e Capítulo 4 -
Logística.
O Capítulo 1 apresenta a empresa como um sistema que proporciona o
fluxo de diversos tipos materiais em ciclo sinergético com o propósito de
satisfazer as necessidades dos clientes
O Capítulo 2 trata dos estoques e seu papel na empresa, onde são
apresentados aspectos sobre dimensionamento, previsão, análise, planejamento,
programação e controle.
O Capítulo 3 expõe a função compras, o processo decisório entre comprar
e terceirizar, o método do lote econômico de compra, INCOTERMS e a ética em
compras.
O Capítulo 4 explora aspectos logísticos que vão desde o recebimento de
materiais até a distribuição de produtos pelos canais de distribuição de uma
cadeia de suprimentos, apresenta também a metodologia do balanced scorecard
na supply chain.
Por se tratar de um livro didático, utilizou-se uma linguagem clara e
acessível, não prescindindo, no entanto, do rigor científico no tratamento e
discussão dos assuntos apresentados.
O livro oferece em sua estrutura pedagógica:
• Exercícios-exemplos resolvidos
• Estudos de casos com questões para reflexão
• Leitura complementar recomendada
• Estudos dirigidos
FIGURA 1 - ÁREAS PRINCIPAIS DENTRO DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
Recursos Materiais
Estoques
Material
auxiliar
Matéria
prima
Produto
em
processo
Produto
acabado
Compras
Fornecedores
Logística
interna
Logística
externa
Clientes
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3 Capítulo 4
Sumario
Prefácio ......................................................................................................... i
Estrutura do livro .......................................................................................... v
Capítulo 1 - As empresas e seus recursos .................................................... 1
• Empresas como sistemas ................................................................ 1
• Fluxo de materiais .......................................................................... 4
• Classificação de materiais ............................................................... 5
• Administração de materiais ............................................................ 6
• Estudo de caso ................................................................................ 8
• Leitura complementar recomendada ............................................. 9
Capítulo 2 - Estoques e seu papel nas empresas ....................................... 10
• Custo dos estoques ....................................................................... 11
• Dimensionamento e previsão de estoques .................................. 12
• Análise de estoques ...................................................................... 14
• Planejamento e Programação de estoques – MRP, ERP e JIT. ..... 17
• Controle de estoques - Análise ABC ............................................. 27
• Estudo de caso - Papel dos estoques na empresa ....................... 30
• Leitura complementar recomendada ........................................... 32
Capítulo 3 – Compras ................................................................................. 33
• Comprar versus terceirizar ........................................................... 36
• Lote econômico de compra .......................................................... 39
• Obrigações entre as partes - INCOTERMS .................................... 42
• Ética em compras ......................................................................... 44
• Estudo de caso - SEGREDO de exportação da China - trabalho na
prisão ............................................................................................ 46
• Leitura complementar recomendada ........................................... 48
Capítulo 4 - Logística .................................................................................. 49
8 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E LOGÍSTICA LANDINI
• Transporte interno........................................................................ 51
• Transporte externo ....................................................................... 53
• Armazenagem de materiais .......................................................... 54
• Arranjo físico (Layout) .................................................................. 55
• Distribuição física .......................................................................... 57
• Medidas de desempenho ............................................................. 59
• Cadeia de suprimentos (Supply Chain) ......................................... 59
• Balanced Scorecard (BSC) na Supply Chain................................... 63
• Estudo de caso - A logística na petroquímica ............................... 66
• Leitura complementar recomendada ........................................... 68
Bibliografia ................................................................................................. 69
• Estudo dirigido – Capítulo 1 – Parte 1/3 ....................................... 72
• Estudo dirigido – Capítulo 1 – Parte 2/3 ....................................... 74
• Estudo dirigido – Capítulo 1 – Parte 3/3 ....................................... 76
• Estudo dirigido – Capítulo 2 – Parte 1/3 ....................................... 78
• Estudo dirigido – Capítulo 2 – Parte 2/3 ....................................... 82
• Estudo dirigido – Capítulo 2 – Parte 3/3 ....................................... 84
• Estudo dirigido – Capítulo 3 – Parte 1/3 ....................................... 88
• Estudo dirigido – Capítulo 3 – Parte 2/3 ....................................... 90
• Estudo dirigido – Capítulo 3 – Parte 3/3 ....................................... 92
• Estudo dirigido – Capítulo 4 – Parte 1/3 ....................................... 94
• Estudo dirigido – Capítulo 4 – Parte 2/3 ....................................... 96
• Estudo dirigido – Capítulo 4 – Parte 3/3 ....................................... 98
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E LOGÍSTICA LANDINI 1
Capítulo 1 - As empresas e seus recursos
Em uma visão mais tradicional as operações produtivas 1 dependem de
três fatores: natureza, capital e trabalho, que devem ser integrados
sistematicamente através das empresas.
Cada um dos três fatores tem uma função específica, a natureza está
ligada ao fornecimento de recursos aos processos produtivos de produtos e
serviços, o capital representa o meio para pagar os recursos e o trabalho
representa a atividade humana que atua nos processos produtivos. A empresa
tem por objetivo aglutinar esses fatores em um conjunto harmonioso que deve
resultar no atendimento satisfatório do homem moderno e a obtenção do lucro.
Em uma visão moderna, os fatores evoluíram para recursos pelos quais as
empresas realizam suas operações. (CHIAVENATO, 2005, p. 4) Os principais
recursos empresariais são representados pela Figura 2.
FIGURA 2 - RECURSOS EMPRESARIAIS
Empresas como sistemas
Empresas funcionam como sistemas2 e dependendo do ponto de vista um
sistema pode ser composto por diversos subsistemas conforme Figura 3.
1 Operações produtivas - A gestão produtiva deixou de preocupar-se apenas com bens e
passou a incorporar serviços, dando origem ao termo operações produtivas. (CORRÊA e CORRÊA, 2009)
Recursos EmpresariaisMateriais
Financeiros
Humanos
Tecnológicos
Patrimoniais
2 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E LOGÍSTICA LANDINI
FIGURA 3 - EMPRESA E SEUS SUBSISTEMAS
Estes sistemas obtêm recursos do ambiente externo para seu
funcionamento, processando-os em seu ambiente interno por meio dos seus
subsistemas e entregando ao ambiente externo seus resultados na forma de
produtos e serviços conforme Figura 4.
FIGURA 4 - COMPONENTES DE UM SISTEMA
As entradas ou inputs são insumos que o sistema obtém do meio
ambiente como, por exemplo: energia, informação e matérias-primas. O
processamento ou troughtput são as transformações que o sistema realiza sobre
as entradas como, por exemplo: o processamento dos dados em um banco, a
montagem de uma televisão e o atendimento em um drive thru. As saídas ou
outputs são os resultados do sistema, como por exemplo: produtos acabados,
2 Sistemas são conjuntos de partes inter-relacionadas que existem para atingir um
determinado objetivo. (CHIAVENATO, 2005)
Empresa = Sistema
Subsistema = Departamento A
Susbsistema = Setor A1
Subsistema = Setor A2
Subsistemas = Departamento B
Subsistema = Setor B1
Entradas Processamento Saídas
Ambiente interno
Retroalimentação
Ambiente externo
Recursos Produtos
Serviços
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E LOGÍSTICA LANDINI 3
serviços prestados, lucro aos acionistas e impostos pagos ao governo. A
retroalimentação ou feedback é um mecanismo de equilíbrio do sistema e pode
ser positivo, por exemplo se as vendas aumentarem os recursos devem aumentar
para suprir a demanda e pode ser negativo se por exemplo as vendas diminuírem
os recursos devem diminuir para evitar a elevação dos níveis de estoque de
recursos.
Em todo sistema, as saídas de cada subsistema constituem as entradas de
outros subsistemas criando uma inter-relação entre entradas e saídas dando
origem a uma complexa rede de comunicação entre os subsistemas onde a
relação entre entradas e saídas fornece a indicação da eficiência do sistema, desta
forma quanto maior for o volume de saídas em relação ao volume de entrada,
tanto mais eficiente será o sistema e quanto mais próximas a saídas estiverem dos
objetivos determinados para o sistema atingir maior será a eficácia do sistema.
Note que existe uma enorme diferença entre eficiência e eficácia,
Chiavenato (2005, p. 10) diz que eficiência significa a utilização correta dos
recursos empresariais, enquanto eficácia significa o alcance dos objetivos
propostos pela empresa e que ambos são aspectos que devem balizar
conjuntamente o trabalho da Administração de Materiais. Um exemplo pode ser a
eficiência de um time de futebol jogar bem e a eficácia do time vencer o jogo.
As empresas como sistemas trabalham para produzir determinado
produto ou prestar determinado serviço ao mercado.
Produto é algo visível e tangível, que pode ser tocado, visto, ouvido ou
degustado produzido por empresas primárias ou extrativas que obtém o material
por meio da ação direta sobre a natureza, que realiza um processamento e depois
oferece ao mercado como geralmente como matéria-prima para empresas
secundárias. Empresas secundárias ou de transformação processam a matéria-
prima e transforma em produto acabado destinado ao mercado de consumo ou
mercado industrial conforme Figura 5.
4 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E LOGÍSTICA LANDINI
FIGURA 5 - EMPRESAS PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS
Serviço é algo invisível e intangível, realizado por empresas terciárias, pois
estão na última etapa do processo produtivo e podem assumir uma enorme
variedade de características e especializações, como a propaganda, advocacia,
consultorias, hospitais, bancos, escolas, clubes, transportes, segurança, energia
elétrica, etc. (CHIAVENATO, 2005, p. 30)
Fluxo de materiais
Para que a produção de produtos/serviços ocorra, sempre existe a
necessidade de processar matérias primas que serão transformadas em produtos
acabados ou serviços prestados. Os materiais não devem ficar parados nas
empresas, devem seguir em um movimento incessante que inicia no recebimento
dos materiais do fornecedor, continua pelas diversas etapas do processo
produtivo até chegarem aos depósitos de produtos acabados. A essa
movimentação contínua dá-se o nome de fluxo de materiais.
Natureza
Extração e processamento
Matéria prima
Produto acabado
Mercado de consumo
Processamento
Empresa primária
Empresa secundária
Mercado industrial
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E LOGÍSTICA LANDINI 5
Cada empresa tem seu próprio fluxo de materiais dependendo do seu
sistema de processamento, em algumas é simples e rápido em outras é demorado
e complicado. A Figura 6 representa um exemplo do fluxo simplificado de
materiais que ocorre em uma empresa fabricante de réguas escolares.
FIGURA 6 - FLUXO DE MATERIAIS
Classificação de materiais
À medida que os materiais fluem pelo processo produtivo, passam a
receber diferentes classificações que podem variar de empresa para empresa,
mas a classificação mais comum é:
• Material auxiliar
• Matéria-prima
Estoque de matérias primas
(plástico, tinta, caixa de papelão)
Preparação
Injeção das réguas
Setor de injeção
Setor de impressão
Produtos acabados
(Réguas gravadas e embaladas)
Setor de embalagem
Depósito
Preparação
Impressão das réguas
Preparação
Embalagem das réguas
6 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E LOGÍSTICA LANDINI
• Produto em processo
• Produto final
Matéria-prima constitui o material básico que ingressam no processo
produtivo adquirido de fornecedores externos. Material auxiliar corresponde aos
itens necessários para os processamentos das matérias primas, mas que não são
incorporados aos produtos. Produto em processo constitui de partes ou
subconjuntos que serão integrados até formarem o produto final. Produto final
corresponde ao produto concluído que já passou por todas as etapas do processo
produtivo. A Tabela 1 representa alguns exemplos associados à classificação de
materiais conforme o fluxo de produção.
TABELA 1 – EXEMPLO DE CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS CONFORME O FLUXO PRODUTIVO
Indústria Matérias-primas
Materiais auxiliares
Processo produtivo
Produto em processo
Produto final
Produção Gráfica
Papel Tinta Capa Cola
Estopa Fita adesiva Régua para guilhotina
Corte Impressão Acabamento Embalagem
Folhas impressas aguardando corte Capa cortada aguardando acabamento
Livro
Produção de Tintas
Produtos petroquímicos Pigmentos Cargas Latas
Panos para limpeza
Fabricação de resina base Agregação de pigmento Envase
Resina base Tinta
Administração de materiais
Administrar materiais é uma atividade que remonta aos primórdios da
administração e ganhou força a partir do momento em que a logística3 se
estendeu muito além das fronteiras das empresas. (GONÇALVES, 2007, p. 2)
3 Logística é um termo utilizado para descrever a gestão do fluxo de materiais
numa organização, desde a matéria-prima até aos produtos acabados.
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E LOGÍSTICA LANDINI 7
A administração de materiais pode ser visualizada (Figura 7) como um
ciclo que engloba uma sequência de operações que inicia na identificação do
fornecedor, na compra dos suprimentos (materiais auxiliares e matérias primas),
no recebimento e armazenagem do material, na movimentação interna, e na
armazenagem, expedição e transporte de produtos até o cliente. (MARTINS e ALT,
2009, p. 10)
FIGURA 7 - CICLO DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
Seleção do fornecedor
Compra de suprimentos
Recebimento e armazenagem
Movimentação interna
Armazenagem, e expediçao
Transporte até o cliente