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Adoção Oficial A conversão oficial e plena dos Armênios ao cristianismo ocorreu no ano de 301 d.C. A Armênia foi a primeira nação no mundo onde o rei, a dinastia real, os senhores feudais, o exército e o povo se converteram ao cristianismo, que foi declarada religião oficial de Estado. Enquanto o cristianismo era praticado em segredo por uma crescente parcela da população ao longo do Século I e II, foram São Gregório e o rei Dertad III (Tiridates III) que proclamaram a conversão. O líder e o novo apóstolo foi São Gregório Bartev (Gregório, o Parta), que é homenageado pelos armênios com a denominação de “Lussavoritch” (O Iluminador), pois foi ele quem iluminou a nação Armênia com a Luz do Evangelho. Deve-se considerar o rei Dertad III (Tiridates III) como o colaborador de São Gregório, isto é, um co-apóstolo e um co-iluminador. O rei Dertad III descendia da dinastia dos Arssácidas (Ardachessian) de origem Parta, da mesma forma que o pai de São Gregório, de modo que um laço de parentesco unia o pregador do cristianismo e o rei defensor dessa religião. Histórico Uma reviravolta política acabara de se produzir na Pérsia no ano 226 d.C., em conseqüência da qual os sassânidas haviam substituído os arssácidas. Todavia, o ramo armênio dos arssácidas ainda permanecia ativo. O novo poder na Pérsia precisava eliminar o ramo armênio dos arssácidas, para poder consolidar sua nova dinastia. Como parte de uma conspiração planejada o rei Persa Ardashir I, enviou seu amigo de confiança, Anak, a Armênia para assassinar o rei Khosrov, seu parente próximo. Cumpriu o prometido, mas ele próprio foi eliminado pelos sátrapas* armênios.

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Adoção Oficial

A conversão oficial e plena dos Armênios ao cristianismo ocorreu no ano de 301 d.C. A Armênia foi a primeira nação no mundo onde o rei, a dinastia real, os senhores feudais, o exército e o povo se converteram ao cristianismo, que foi declarada religião oficial de Estado.

Enquanto o cristianismo era praticado em segredo por uma crescente parcela da população ao longo do Século I e II, foram São Gregório e o rei Dertad III (Tiridates III) que proclamaram a conversão. O líder e o novo apóstolo foi São Gregório Bartev (Gregório, o Parta), que é homenageado pelos armênios com a denominação de “Lussavoritch” (O Iluminador), pois foi ele quem iluminou a nação Armênia com a Luz do Evangelho. Deve-se considerar o rei Dertad III (Tiridates III) como o colaborador de São Gregório, isto é, um co-apóstolo e um co-iluminador. O rei Dertad III descendia da dinastia dos Arssácidas (Ardachessian) de origem Parta, da mesma forma que o pai de São Gregório, de modo que um laço de parentesco unia o pregador do cristianismo e o rei defensor dessa religião.

Histórico Uma reviravolta política acabara de se produzir na Pérsia no ano 226 d.C., em conseqüência da qual os sassânidas haviam substituído os arssácidas. Todavia, o ramo armênio dos arssácidas ainda permanecia ativo. O novo poder na Pérsia precisava eliminar o ramo armênio dos arssácidas, para poder consolidar sua nova dinastia. Como parte de uma conspiração planejada o rei Persa Ardashir I, enviou seu amigo de confiança, Anak, a Armênia para assassinar o rei Khosrov, seu parente próximo. Cumpriu o prometido, mas ele próprio foi eliminado pelos sátrapas* armênios. O rei Khosrov em seu leito de morte deu ordens para exterminar a família de Anak. Apenas um integrante da família de Anak escapou do massacre e foi levado rapidamente por sua enfermeira para a cidade da Cesárea. Por outro lado, dois dos filhos do rei Khosrov foram salvos. Khosrovitukht, levada para um dos castelos inacessíveis do reino e Dertad, levado a Roma onde recebeu todo o treinamento Romano. São Gregório era filho de Anak, e Dertad de Khosrov, ambos eram menores no ano de 240 d.C., data em que ocorreu o duplo assassinato. São Gregório foi criado em Cesárea na Capadócia, onde por coincidência sua enfermeira era cristã convertida. Ela criou seu afilhado na religião cristã e lhe deu o nome grego de Gregório (Krikor). Quando Dertad se tornou um jovem maduro e capaz de governar um reino ele foi enviado por Roma para ocupar a Armênia, reconquistar o trono de seu pai e tornar-se um aliado de Roma. Com Dertad retornando Armênia, a maior parte dos leais senhores feudais, que estavam escondidos, acompanharam-no. São Gregório também decidiu acompanhá-lo. No entanto, ninguém fazia idéia de seu passado e tampouco de suas convicções religiosas. Dertad III descobriu que São Gregório era um jovem bem educado, de confiança e consciente. Ele o nomeou seu secretário.

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Após reconquistar a Armênia, 287 d.C. Dertad III deu ordens para que se realizasse uma grande e solene celebração organizada em Erisa (Erzingan). Durante a festividade, São Gregório foi ordenado a depositar coroas perante a estátua da Deusa Anahid, que era a divindade mais popular do país. São Gregório se recusou e confessou que era cristão. Um dos ministros do rei decidiu revelar sua origem e religião. O ministro contou ao rei Dertad III que São Gregório era filho de Anak, assassino de seu pai. Dertad III deu ordens para que São Gregório fosse torturado. Ao perceber que São Gregório permaneceu firme a sua crença, o rei ordenou que ele fosse colocado a morte jogando-o num poço (Khor Virab), na cidade de Ardashad, para uma lenta morte de fome. Por intervenção divina e com a ajuda de uma pessoa da corte, São Gregório sobreviveu a esta longa privação, permanecendo encarcerado durante treze anos. Acredita-se que a princesa Khosrovitukht havia encontrado uma forma de alimentá-lo. No mesmo ano o rei emitiu dois decretos: O primeiro para prender todos os cristãos na Armênia confiscando suas posses. A segunda ordenando a morte dos cristãos escondidos. Nessa época, chegou a Vagharshabad, capital da Armênia, um grupo de virgens cristãs, conduzido pela abadessa Santa Gayané, fugindo da perseguição que assolava as províncias do Império Romano. A beleza excepcional de uma destas virgens. Santa Hripsimé impressionou o rei, que quis possuí-la. Santa Hripsimé recusou e resistiu às tentativas do rei e posteriormente fugiu do palácio. Isto era demais para o rei Dertad III que sem misericórdia ordenou o massacre das virgens, num total de 32 pessoas. O massacre de mulheres inocentes e a frustração de ser rejeitado fizeram com que o rei sofresse de melancolia deixando-o insano e com acessos de licantropia.Sua irmã, Khosrovitukht fez de tudo para trazer seu irmão de volta a sanidade. Quando um dia em seu sonho ela teve uma visão de São Gregório saindo do poço e curando seu irmão. Ela contou seu sonho a corte e revelou que São Gregório estava vivo. Homens foram enviados para o poço para retirá-lo. Ao sair surgiu um homem com uma longa barba, roupas sujas e face escurecida. Mas seu rosto brilhava com uma estranha luz forte e brilhante. Ele imediatamente recolheu e enterrou os restos mortais das virgens-mártires e passou a pregar o Evangelho por um período de tempo e curou o rei. Através do seu fervor e entusiasmo pela nova fé, o rei proclamou o cristianismo como religião oficial de Estado. O rei Dertad III disse a São Gregório: “Seu Deus é meu Deus, sua religião é a minha religião”. A partir daquele momento permaneceram amigos fiéis e trabalharam juntos, cada um a sua maneira, para o estabelecimento do Reinado de Deus na Armênia. São Gregório era um simples laico, que não dispunha de missionários e nem um grupo de eclesiásticos colaboradores. Mas apesar disso, antes do término do ano de 301, o aspecto religioso da Armênia havia sido transformado totalmente. O culto dos deuses havia quase desaparecido e o cristianismo se expandiu de forma geral. A pregação do cristianismo prosseguiria no século IV, através do auxílio de pregadores gregos e assírios. Porém, a difusão do Evangelho esbarrava em empecilhos, pois os armênios ainda não possuíam alfabeto próprio. Para que este obstáculo fosse eliminado, São Mesrob Mashdots, um monge armênio, criou o alfabeto nacional no ano de 406 d.C., com o apoio do rei da Armênia, Vramshabuh e o Catholicós Sahag.Durante os trinta anos que se seguiram. a Bíblia foi traduzida para o armênio da original grega de Septuaginta (versão dos setenta: primeira tradução feita do Antigo Testamento em Alexandria, nos séculos III e II a.C.), bem como foram traduzidas as obras importantes dos

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patriarcas da Igreja, as quais podem se equiparar com sucesso às traduções latinas e gregas, pela sua clareza e riqueza lingüística, além da perfeição redatorial.