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Leia mais » Mais textos sobre Cultura Theodor Adorno (1903-1969) Educação História por Voltaire Schilling Cultura e Pensamento Capa de História Brasil Mundo Antiga e medieval Política Cultura e Pensamento Século XX Atualidade Capa de Educação Biblioteca Cursos Disciplinas Enem / Fies / Provão Vestibular Viver no Exterior Boletim Receba as novidades no seu e-mail! Fale conosco . Envie releases . Mande críticas, dúvidas e sugestões EducaRede Entre no portal da escola pública História - Cultura e Pensamento CULTURA E PENSAMENTO Adorno e a cultura de massa Theodor Adorno, filósofo e sociólogo alemão, projetou-se como um dos críticos mais ácidos dos modernos meios de comunicação de massa. Ao exilar-se nos Estados Unidos, entre 1938 e 1946, percebeu que a mídia não se voltava apenas para suprir as horas de lazer ou dar informações aos seus ouvintes ou espectadores, mas fazia parte do que ele chamou de industria cultural. Um imenso maquinismo composto por milhares de aparelhos de transmissão e difusão que visava produzir e reproduzir um clima conformista e dócil na multidão passiva. Indo para a América "A civilização atual a tudo confere um ar de semelhança" M.Horkheimer e T.Adorno – a Indústria Cultural , 1947 Theodor Adorno – cujo centenário de nascimento celebra-se neste 11 de setembro – nascido em Frankfurt, na Alemanha, em 1903, foi daqueles tantos intelectuais, cientistas, artistas, compositores e escritores alemães, que, na década de 1930, por serem de descendência judaica ou por inclinarem- se pelo socialismo, ou ambas as coisas, foram obrigados a emigrar para os Estados Unidos, naquilo que foi, talvez, a maior evasão de cérebros registrada na história contemporânea. Ele pertencia a um grupo de pensadores extremamente sofisticado que fazia parte da famosa Escola de Frankfurt, fundada em 1923, e que fora constrangido a sair do país nos anos seguintes da ascensão do nacional-socialismo ao poder. É de se imaginar o contentamento dele quando, ainda na Suíça, no outono de 1938, recebeu um inesperado telefonema de Londres do seu particular amigo e parceiro, Max Horkheimer. Era um convite para que ele fosse à América para assumir uma pesquisa a serviço da Universidade de Princeton, a mesma que, em 1933, convidara Albert Einstein para integrar o seu corpo docente. Tratava-se de um projeto e tanto, pois a Radio Research Projet queria saber tudo sobre os ouvintes norte-americanos. Nova Iorque provocou-lhe uma estranha reação. Chocou-o a convivência dos “palácios colossais...dos grandes cartéis internacionais”, com sombrios edifícios erguidos para os pequenos negócios, formando, no geral, um ar de cidade desolada. Nem mesmo o plano municipal de levar gente a morar nos subúrbios mais afastados, dando as residências um ar de individualidade, o consolou. A estandartização americana Para ele, um europeu refinado que passara boa parte da sua vida cultivando a música modernista de Alban Berg e, depois, a de Schönberg e sua atonalidade incidental, a América pareceu-lhe toda igual. Contraditoriamente, o país que mais celebrava e enaltecia a singularidade, a cada um procurar ser algo bem diferente dos demais, não parava de produzir e imprimir tudo idêntico, tudo estandartizado. A imensa rede de atividades que cobria toda a cidade era regida apenas pela ideologia do negócio. Numa sociedade onde as pessoas somente sorriam se ganhavam uma gorjeta, nada escapava das motivações do lucro e do interesse. Aprofundando-se no estudo da mídia norte-americana, entendeu que por detrás daquele aparente caos, onde rádios, filmes, revistas e jornais, atuavam de maneira livre e independente, havia uma espécie de monopólio ideológico cujo objetivo era a domesticação das massas. Quando o cidadão saía do seu serviço e chegava em casa , a mídia não o deixava em paz, bombardeando-o, a ele e à família, com programas de baixo nível, intercalados com anúncios carregados de clichês conformistas, comprometendo-o com a produção e o consumo. Não se tratava, para ele, de que aqueles sem fim de novelas e shows de auditórios refletissem a vontade das massas, algo autêntico e espontâneo, vindo do meio do povo. Um anseio que os profissionais da mídia apenas procuravam dar corpo, transformando-os diversão e entretenimento. Ao contrário, demonstrava, isso sim, a existência de uma poderosa e influente indústria cultural que, de forma planejada, impingia aos seus consumidores doses cavalares de lugares comuns e banalidades, cujo objetivo era ajudar a

Adorno e a Cultura de Massa

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    Theodor Adorno (1903-1969)

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    Adorno e a cultura de massa

    Theodor Adorno, filsofo e socilogoalemo, projetou-se como um doscrticos mais cidos dos modernosmeios de comunicao de massa. Aoexilar-se nos Estados Unidos, entre 1938 e 1946, percebeu que a mdia nose voltava apenas para suprir as horas de lazer ou dar informaes aos seusouvintes ou espectadores, mas fazia parte do que ele chamou de industriacultural. Um imenso maquinismo composto por milhares de aparelhos detransmisso e difuso que visava produzir e reproduzir um clima conformistae dcil na multido passiva.

    Indo para a Amrica

    "A civilizao atual a tudo confere um ar desemelhana"M.Horkheimer e T.Adorno a IndstriaCultural, 1947

    Theodor Adorno cujo centenrio denascimento celebra-se neste 11 desetembro nascido em Frankfurt, naAlemanha, em 1903, foi daqueles tantosintelectuais, cientistas, artistas,compositores e escritores alemes, que,na dcada de 1930, por serem dedescendncia judaica ou por inclinarem-se pelo socialismo, ou ambas as coisas,foram obrigados a emigrar para os Estados Unidos, naquilo que foi, talvez, amaior evaso de crebros registrada na histria contempornea. Ele pertenciaa um grupo de pensadores extremamente sofisticado que fazia parte dafamosa Escola de Frankfurt, fundada em 1923, e que fora constrangido a sairdo pas nos anos seguintes da ascenso do nacional-socialismo ao poder.

    de se imaginar o contentamento dele quando, ainda na Sua, no outonode 1938, recebeu um inesperado telefonema de Londres do seu particularamigo e parceiro, Max Horkheimer. Era um convite para que ele fosse Amrica para assumir uma pesquisa a servio da Universidade de Princeton,a mesma que, em 1933, convidara Albert Einstein para integrar o seu corpodocente.

    Tratava-se de um projeto e tanto, pois a Radio Research Projet queria sabertudo sobre os ouvintes norte-americanos. Nova Iorque provocou-lhe umaestranha reao. Chocou-o a convivncia dos palcios colossais...dosgrandes cartis internacionais, com sombrios edifcios erguidos para ospequenos negcios, formando, no geral, um ar de cidade desolada. Nemmesmo o plano municipal de levar gente a morar nos subrbios maisafastados, dando as residncias um ar de individualidade, o consolou.

    A estandartizao americana

    Para ele, um europeu refinado que passara boa parte da sua vida cultivandoa msica modernista de Alban Berg e, depois, a de Schnberg e suaatonalidade incidental, a Amrica pareceu-lhe toda igual. Contraditoriamente,o pas que mais celebrava e enaltecia a singularidade, a cada um procurarser algo bem diferente dos demais, no parava de produzir e imprimir tudoidntico, tudo estandartizado. A imensa rede de atividades que cobria toda acidade era regida apenas pela ideologia do negcio. Numa sociedade ondeas pessoas somente sorriam se ganhavam uma gorjeta, nada escapava dasmotivaes do lucro e do interesse. Aprofundando-se no estudo da mdianorte-americana, entendeu que por detrs daquele aparente caos, onderdios, filmes, revistas e jornais, atuavam de maneira livre e independente,havia uma espcie de monoplio ideolgico cujo objetivo era a domesticaodas massas. Quando o cidado saa do seu servio e chegava em casa , amdia no o deixava em paz, bombardeando-o, a ele e famlia, comprogramas de baixo nvel, intercalados com anncios carregados de clichsconformistas, comprometendo-o com a produo e o consumo.

    No se tratava, para ele, de que aqueles sem fim de novelas e shows deauditrios refletissem a vontade das massas, algo autntico e espontneo,vindo do meio do povo. Um anseio que os profissionais da mdia apenasprocuravam dar corpo, transformando-os diverso e entretenimento. Aocontrrio, demonstrava, isso sim, a existncia de uma poderosa e influenteindstria cultural que, de forma planejada, impingia aos seus consumidoresdoses cavalares de lugares comuns e banalidades, cujo objetivo era ajudar a

  • reproduzir o modelo do gigantesco mecanismo econmico que pressionavasem parar a sociedade como um todo.

    L, na Amrica, no havia espao neutro. No ocorria uma ciso entre aproduo e o lazer. Tudo era a mesma coisa, tudo girava em funo dogrande sistema. Dessa forma, qualquer coisa que causasse reflexo, umainquietao mais profunda, era imediatamente expelida pela industriacultural como indigesta ou impertinente. Adorno, terminada a SegundaGuerra, voltou para a Europa, para Frankfurt, atarefado em reabria a suaescola de sociologia. Morreu em 1969, arrasado com a humilhao queestudantes ultra-esquerdistas o submeteram, em plena sala de aula, durantea revolta de 1968/9.

    Obras principais de Adorno

    1933 - Kierkegaard. Konstruktion des sthetischen (Kierkegaard, a construoda esttica)1947 - Dialektik der Aufklrung. Philosophische Fragmente (A dialtica doesclarecimento. Filosofia em fragmento), com Max Horkheimer) 1949 - Philosophie der neuen Musik (A filosofia da nova msica)1950 - The Authoritarian Personality (A personalidade autoritria) juntamentecom E. Frenkel-Brunswik, D. J. Levinson e R. N. Sanford)1951 - Minima Moralia. (Mnima morlia)1956 - Zur Metakritik der Erkenntnistheorie. (Sobre a metacrtica da teoria doconhecimento) 1967 - Negative Dialektik (Dialtica negativa)1970 - sthetische Theorie (Teoria esttica)1971 - Soziologische Schriften (Escritos sociolgicos)

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