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AFRICA 1
À chegada a Luanda, regressados de Uíge, tivemos uma. saborosa. surpresa: a visita do Delfim. Delfim foi do Lar do Ex-Pupilo e um dos das primeiras levas que Pai Américo empregou em Angolii-. É operário da BRICON e anda de terra em terra, por onde a Brigada traz obras. Agora trabalha em Salazar, na. construção de residências para. funcionários.
Pois Delfim chegou a Luanda. nà 4.11 feira em que saímos para o Congo e ali esperou a pé firme para nos ver. Foram quatro dias sem trabalho e com despesa acrescida pela. deslocação ... Mas ele vinha para o que vinha e não arredou sem cumprir seu objectivo. Encontrámo-lo à porta do Hotel Globo, à tarclinha do nosso segundo sábado de Angola. Não o conhecíamos. Ele tampouco a nós. Mas calculou e perguntou se sim... Éramos.
Delfim tem trinta anos, o seu pecú)io, ~ sua noiva... Pensa casar no fim deste ano. Vive contente. Tive sinais da sua generosidade. Eis uma virtude que, em toda a parte - e em Ãfrilia, nomeadamrente - pode tornar-se um perig·o, se não há prudente orientação.
A vida é exigente e sôfrega de compensações. Sempre se levanta muito forte a tenta_ção do imediato. Esperar - que não fosse acto de uma virtude sobrenatural -;- já humanamente é uma operação düícil, por vezes, mesmo heroica. E, para esperar, é preciso ter por que esperar. Ter um ideal bem definido e tão firme adesão a ele, que todo o sacrifício intermédio é º' pequeno preço da sua obtenção. · Ora em África, onde mesmo para o operário é um boeadi'-nho maior a fartura do dinheiro, pode ela converter-se. em atraso em vez de ·progresso na realização do anseio de quase todo o rapaz de vinte anos pelo seu Lar.
Por isso Pai Américo, que além da experiência dos anos, tinha a da vida africana em pequenos meios, desejava que os seus rapazes foss0Ill! casados, ou proximamente casadoiros, para preencher o vazio - ainda maior lá do que cá -que o Delfim sente, agora aos trinta anos, em desejos de estabilizar a sua vida.
Em Uíge fomos abordados por dois pedreiros, pai e filho, que aos poucos e das suas economias corajosamente granjeadas, construiram nos arredores uma casinha com suas lareiras. Mas faltam-lhes as mulheres. São eles que de manhã cozinham ·qualquer coisa para todo o dia e asseiam a casa quanto sabem e.podem. Mas não basta. Não há lar sem mulher.
«Oh Senhor Padre, eu tenho estado a pontos de desanimar e deixar tudo e voltar à terra!. .. São seis anos! ... Vejái lá ~e· me consegue que a mulher venha depressa ... »
Eu acho que era melhor irem menos uns colonos e dar prioridade às coan'Panheiras destes que já lá estão, sujeitos a tltntos perigos, de que, infelizmente, muitos se não libertam, na tra~~ão, mesmo na destruição dos seus lares.
É tão humano este grito de um português que deu as suas provas no Ultramar! Provas de trabalhador e provas de dignidade e de fidelidade aos grandes valores sociais ! Quem me dera poder responder eficazmente, e já, aio seu pedido: «Veja lá se me consegue que a mulher venha depressa ... »!
Por isso que Pai Américo bem sabia como é dissipante em África a vida de um rapaz sozinho; por isso que também nós o sabemo~ - é que queríamos que fossem já casados ou a casar proximamente, quantos dos nossos forem partindo para lá.
E ao Delfim, de quem guardamos uma recordacão de mui· ta simpatia, nós desejamos e queremos que em brev~ nos dê a alegre notícia de mais um lar fundado em Cristo, a tornar mais portuguesa a nossa Angola.
SEMENTES Há muito que devia ter sido escri·
ta esta palavra de agradecimento. A nossa horta está sempre l'.echeada de mimos que nos fornecem alimento precioso. Raras são as sementeiras compradas por que «A Sementeira», do Porto, no-las tem dado. São ·muitos escudos poupados por esta
forma. Quase teríamos vergonha de lá entrar se não fossem as palavras que acompanham sempre as numerosas remessas: «Temos mui· to gosto em as oferecer». Estas palavras dão· ·nos confiança e dizem-nos que não há razão para temermos o cansaço de nos verem por ali tantas vezes.
Padre Manuel António
Fundador: PADRE AMÉRICO ANO XVI - N.0 434 Preço ISOO
OBRA DE: RAPAZ~S. PARA RAPAZ E~. PELOS RAPAZES
Redacção e Administração Casa do Gaiato - Paço de Sousa Propriedade da Obra da Rua
ARECE que cli!sta ve ... é certo : a coisa vai! ·
Eu já me queixei aqui das consumi
ções que têm sido com esta oficina: Não podemos lá pôr mais rapazes porque não há teares; não ternos posto mais teares porque não há rapazes.
t fái.cil! Os dois teares mecâni· cos que lá temos, (um automático) só escassamente nos ocupam dois rapazes: o oficial e o apren· diz. Ora vem a tropa, ou qualquer outro precalço imprevisto - e aí ficamos nós sem oficial. E como o aprendiz não dá conta sàzinlw, começam as avarias as vindas roda vez mais f reque~tes de afinador de fora, o desânimo a crescer ... e aí temos o encerramento temporário (bem longo, às vezes) da oficina.
T 1.m sido assi'in! Tem si.do, mas agora temos fundadas esperanças de qu,J não. t que Zequita, o oficial pró · momento, foi à inspecção e não o quiseram. Fizeram muito bem porque ele é volumoso e tem pro· sá pias, mas não passa de um fraquito! Xico de Guimarães lá está sempnd sorridente ao seu tear.
O nosso apelo de há meses foi ouvido e temos mais dois teares, estes manuais, que um Amigo muito simpático, nos vem montar e verificar nos seus domingos e horas <Jr, ócio.
Manuel f orge supervisiona os dois primeiros. Vamos meter mai.s doi,s apr~ndizes : o Zé Luis «Morcão» e outro, que ainda não sei.
De modo que os senlwres estão a ver oonw a lwra é deressurreição!
Uma coisa, porém é necessária: encomendas, muitas enco· mendas, que nós não podemos estar a trabalhar sem destino.
Ao pano dl~ lençol e sarja com 70 cm. de wrgo que temos fabrirodo, vem juntar-se agora a possibilidade de executarmos tecidos decorativos, de linho, ou esta pa, de seda ou algodão.
Façam as senhoras o favor de dar balanço ao seu bragal e de mandar seus recados. Nós só queremos trabalho para formar de pequeninos, grandes tecelões. Por isso vejam bem e mandem s -1us recados - não vá a oficina ter de oncerrar mais uma vez, com teares prontos e tecelões adestrados, por falta de consumo da nossa pr1Jdução.
Director e Editor :
P A D R E CARLOS
O homem que tenho diante de mim é solteiro. Vive só com o pai octogenário. Conheço-o de quando trabalhou em nossa Casa como carpinteiro. Hoje apresenta-se carregado de inquietação, que os olhos marejados de lágrimas bem nos dizem:
« - Tenho meu pai sem vista nem fala. Depois do trabalho sou eu quem lhe faz o caldo e lho dou. Mas suja-se todo. Se me arranjasse sacos de cimento para lhe deitar debaixo, era tão bom!.»
Os Pobres são tão pouco exigentes! Contentam-se com tão pouca coisa! Bastam-lhe papéis! Eu sinto arrepios com este pedido. Fico mudo. Tão reclamantes de bem estar que nós somos! Tão exagerados em nossa.s comodidades! Nunca achamos demasiado o bem que possuímos! E os Pobres tão modestos em seu viver! Nem quando doentes conhecem acepipes: «Sou eu quem lhe faz o caldo»! Mesmo na invalidez não suspeitam a dignidade que os coloca... ao nível dos irmãos, que são todos os demais homens. Não vislumbram quem são!
- Olhe lá: E se ele viesse para o Calvário?
- Mas pode ser? - perguntam
«É realmente imperdoável que ainda lhe não tenhamos escrito falando do nosso Rogério.
Rogério: Recebe saudades, beijinhos e abraços do Renato, Laranjinha, todos os companheiros e a
benção da Obra.
Composto e Impresso Nas Escolas Gráficas
CASA DO GAIA.TO
aque'es olhos arregalados. - Pode sim. Eu vou lá buscá-lo. As ramadas enfeitam todas as
habitações por estes lados, desde as mais nobres aos pardieiros. Nisto não há distinção. Aqui, a chuva acumulada nas folhas secas das vides cai sobre nós em pingos mansos, antes de entrarmos nesta morada de pedras escurecidas pelos anos e salpicadas de musgo. Dentro quase o vazio. Sómente a um canto enxerga sem lençóis, coberta de trapos que escondem o doente. Tal como o filho descrevera. Os Pobres não enganam, quando os amamos. Se o fazem , talvez sejamos nós os culpados de não colhermos a v e r d._a de. Os pobres querem ser amados sem máscara nem enfeites. Ora, quantas vezes não mentimos, quando afirmamos amá-los! E os Pobres têm a Intuição da verdade. Pois, aqui, tudo como o filho dissera I Ele não cabe em si de contente. Não diz nada, nem é preciso que diga. Eu gosto da eloquência do silêncio, nestes casos. As palavras, que o mundo profere, não passam muitas vezes de sons, tanto mais sonoros quanto mais oco é quem as emite!
E, pelo caminho de regresso, acompanhou-nos mais um doente, que a inquietação e o amor de filho trouxeram ao Calvário para morrer em leito digno.
Depois do que tenho visto, suspeito sempre das circunstâncias em que vivem os Pobres. E sabendo de algum que chama, perco o sono. O Senhor faz-nos ver um irmão em cada homem. E nós sentimos a Sua paternidade universal, o Seu amor por todos os homens. Comungamos díàriamente o Corpo que imolou e o sangue que derramou por todos eles! Por isso, não podemos deixar de amar aqueles que constituem objecto de tanto amor e preço de tal sangue! Cristo rejeita-nos, se não sentimos e pulsamos em uníssono com Ele! E que os Pobres guardem a constância do muito que lhes queremos.
PADRE BAPTJSTA
Boas Notícias
A verdade é que andamos durante um mês por fora e agora o tempo tem passado tão depressa que nem damos por isso.
O Rogério está famoso como aliás era de esperar. Já está com cerca de 20 quilos e cresceu 3 centímetros. Continua com o tratamento recom endado pelo médico pois durante muito tempo andava sempre com temperatura. Quer de manhã, quer à noite, aparecia constantemente com 37,2 ou 37,1 o que conforme opinião mé dica era resultante de qualquer afecção antiga de que ainda conservava sintomas. O tratamento contudo está a fazer-lhe bem apesar de que Of! gânglios continuam teimosamente a permanecer.
Anda num Jardim-Escola onde aprende a brincar e a conviver com as outras crianças. Vai contudo só da parte da manhã pois que após o almoço faz-lhe bem dormir um pouco e descansar.
Junto algumas fotografias das quais fará o favor de ent1egar uma ao Renato, outra à Senhora D. Sofia. Aliás ele continua sempre a falax no Carlitos Quim Carpinteiro, La· ranjinha, Cozinheiro, Jorgito, Cabe-
Continua no página D O 1 ~
- -- - - ------·
o Património prõpriament.J dito nem por isso... Mas os pio. {U) fim pelos cuiáados- do Pc.quenos Auxílios grassam em saudável epidemia nos Pastor. Tal como em Sobreposta, ai redares de Braga. impressionou-ncs o conhecimen-
N ~m admira! O Minho é província super-povoa- to que ele tem de cada uma das
d d · d" "d"d suas ovelhas, a quem chama pe-a, e terras muito wi i as ... D há · · · · d lo seu no~. Mas, graças a eus, um movimento incipiente e ressur-
1 Teição. Fa::JJn-nos tão bem estes en-
fá 1TW não recordo de quem foram os primeiros ajudados. Sei contras!
que esses passaram palavra, que ela ecoou por lá e têm sido muitos a 1· Mais um.a breve n1usa1em escuU..-la e a aceitar o estímul.o que ela repr~senta, apesalr da soma r- o
por Maximinos, onde Gonhece-le responsabilidades que também importa.
1
--- mos desde o nascer o cresci-Eu lembro-me sempro) da his-
t, · J caldo de pedra. Pro· Este até Gualtar. A maior parte menta d• um p..quenino povo, wi• • 0 d d . , l s V. f ºto d l "d . dad t
t _ • li a. põem-se peque- o w gastàmo- o em . ictor. ei a so i ane e en re os me e s• • .e i ' A' l' · ud d P · ' P b d C _·Jad d al nas e sensatas condições quanto à . i. a so z.cit e o nor e pro- o res e a ana e e g1ins
lid d d str11.rão _ e porcwnal ( grQ.fGS a Deus por menos pobres que para aí f.oi qua a e a con -~ l ) ' b d , . r· canalizada por iniciativa dos uma família, sãmente inconfor- e e ª po .raza a paroquia. i -
. s!J~ c;n lan· vemos muito que c.orrer. Umas vicentinos de Braga. E /.amos m ista com a sua re wen .,.,. - . . M h d E t- séria co- sol~oes mais felizes, outras p <J.rnoitar em arin as e spo-ça-se nesta empresa ao . t r te sende, onde na manhã seguinte mo . é a constr~ão da sua casa. menos, masad stadempre, m endig~n- -
d TTIJvVite ap as as co u•oes se realizava a entrega da primei-Claro que esta empresa pe e d d d -~ •
l d t possíveis e ro ea as o pnnci- ra casa do Património. um aval. Sem e e, nem ~n ro da paróquia nem fora dela con-seguirá credenciais. É o pároco. Ora se este c.ntra no alcance profundo da Obra ~ se dá d~ alma e coração a estimular auxilias a coordenar esforços, a pedir, a ser bem sucedido a esta porta e a ouvir naquela o que, ninguém gosta - se faz tudo isto por amor de Deus e tal como se o beneficiário da empresa fosse el11 próprio, então a Obra vai porqiie Deus quer e fe~unda o querer d ... • um homem, vinctus in Domino, vencido pelo Amor.
Pois fomos, desta vez, quim Tipógrafo mais eu. Começamos pelas Taipas. Saltámo~ a S. Lourenço de Sande, Do:ii'.71', S. Sa~vador e Santa Leocadw de Bnteiro§ e terminámos o dia em Sobreposta, onde são muitos os lares em constr~ão.
Nem sempre as vistas foram consoladoras. Encontrámos casas muito boas, onde à ressurreição em pedra e cal s"<: seguizi ª outra a mais importante, a de um teor d e vida mais civilizado. Mas também 0 reverso nos surgiu. Casas menos más de constr~ão mas desarrumadas, sujas. E:n uma delas, toda a família aliás numerosa, vivia em urr: qZLarto e uma sala. A m_a~r parte da casa servia de oficina de bicicletas. Ora isto não está l.h m e diz eloquentemente da falta de uma cabeça responsá~ vel, a assistir, não só por uma vez, mas continuadamente, num es/orço de educação.
Dia seguinte, após a Missa no Bom-Jesus, deixámos para trás Espinho que é a /regziesia do Sam.eira, e Pedralva, visitad11s dias antes, on<P.· são também muito numerosas as casas cons· truidas ou melhoradas e fomos por S . Pedro e S. Mamede de
Em Novembro de 1926 volta com outra longa carta, recheada de doutrina e de desejo de entregar ao Amigo a mensagem que o ajudaria a remover o estorvo à unanimidade para que tende a amizade autêntica: "Eu quero que ( ... ) V. se torne semelhante a mim tanto quanto possível. Este é o fim das minhas cartas».
Leiamos atentos durante várias quinzenas. E no fim voltemos a ler a carta por inteiro, que ela é um de muitos documentos onde se revela o sobrenaturalismo do seu pensamento, assim como depois a sua vida sacerdotal, em moldes tão simples e de tanta bondade. havia de testemunhar a sobrenaturalidade "exclusiva" da sua acção.
* Efectivamente eu preparo-me pa
ra as suas cartas o melhor que sei e posso, tanto na matéria como na forma, mas, note bem, não é para merecer os seus elogios que assim procedo. Eu quero que, por amor das minhas ideias aqui expressas, Você se torne semelhante a mim tanto quanto possível. Este é o fim das nunhas cartas.
Sabe certamente que a vida religiosa de todo o cristão gravita à volta destas três verdades filosóficas: existência de Deus; imortalidade da alma e divindade de Jesus e essa vida será tanto mais intensa quanto maior for a nossa adesão a elas. Tem suas dificuldades, confesso, o conceito da vida cristã com os seus dogmas, mas a verdade é que também o da vida dos materialistas as tem, com a agravante dos absurdos, como por exemplo, a matéria gerar a vida, que é um dos seus dogmas.
A vida de todo o homem tem por consequência 2 planos; o natural e
----------------.. o sobrenatural. No !.•há homens de CONTINUAÇÃO DA PAGINA UM
çudo, Cebolinha e Mãe Batista. Oportunamente enviaremos umas
fotografias em grande conforme prometemos. É só arranjar tempo e disposição para ir ao fotógrafo.
Saudades a todos do Rogério. Cumprimentos nossos e desejos de Felicidade»·
:·~ : ~'.'·'S:~~·'
· ®S.~~. .. ' • "' I ' J'
carácter íntegro, honestos, justos, exemplares. Eu conheço muitos. Estes tais desagradam a Deus? De maneira nenhuma. As suas obras merecem diante de Deus? De maneira nenhuma, porque as não praticam por Seu amor. Praticam-nas por razões de ordem natural: solicitações de uma consciência recta ; conveniências sociais ; amor de uma sã reputação, etc. Exemplo: Um dos seus empregados é exemplar, não por amor ou consideração sua, mas por r azões de ordem diferente. Suponhamos, por hipótese, que Você lia no íntimo de toda a gente e por ísso sabia os movimentos inter-
nos do empregado. Este caía no seu desagrado? Por maneira nenhuma, visto como cumpria o seu dever. Merecia aos seu olhos? Não o título de empregado dilecto, mas sómente o d e empregado bom.
Ao contrário, no plano sobrenatural, tudo se faz por amor de Deus. Jesus disse: - «Um copo de água que deres em meu nome, não ficará sem recompensa». - Vamos então atrás da recompensa? Somos porventura interesseiros? Não. Amamos. Eu já lhe disse que a essência da vida cristã é o Amor. É este o primeiro mandamento da Lei Divina. Exemplo : Alberto, estudante aqui, não toma parte numa serenata porque a música o não interessa. Obrou naturalmente e por isso mereceu-lhe quando muito o titulo de rapaz pacato. Mas Alberto não toma parte na ser enata porque sabe que- com isso ia desgostar seu pai. Por sua vontade iria. Era essa a sua natural inclinação. A noite estava bela; os companheiros solicitavam-no. Não importa. O rapaz luta; vence-se ; e, por amor de seu pai, não sai de casa. Você, que na hipótese lia no íntimo de toda a gente e por conseguinte no do seu filho, diria : como meu filho me ama! E cobria-o de bençãos. Na vida sobrenatural, tanto maior é o amor que manifestamos, quanto mais alto f ôr o sacrifício que fazemos. Veja, S. . A nossa fé tem que ser objectiva, sentida, vivida e principalmente activa. Fé com obras.
Eu procuro pôr-lhe tudo nos olhos da razão supondo que os da fé ainda não estão bem abertos. Como vê, pois, aos olhos da razão o plano que mais nos convém é sem dúvida o da vida sobrenatural. Este é muito mais elevado; implica uma vida mais forte e superior, porque o seu Ideal é infinito e por isso os rasgos heróicos nesta vida são considerados loucura na natural. É lógico. Exemplo: O Prior de Santa Cruz, aquela igreja que visitámos há tempos, apanhou dum homem que saia do café Monumental, duas grandes bofetadas. Caiu, levantou-se e seguiu o carrlinho. Pediram-lhe que se queixasse às autoridades locais. Não quis. Ora observemos o caso sob os dois aspectos. No primeiro, o homem é um covarde. No segundo, um valente. É louco no 1. •; sábio no 2.0
• O ideal do primeiro é vencer o inimigo e vingar-se. No 2.0 caso é perdoar e esquecer. --« ... e ao que te der uma bofetada, vira-lhe a outra face» - disse Jesus.
AMERICO
Continua
No segundo domingo de Outubro, como de_ costume, já é a quinta vez, estiveram junto de nós «Os Bairristas do Palácio». Vieram em romagem, trazidos por um mo· tivo de piedade. A finalidade desta peregrinação é Unicamente visitar os lugares onde se sente a presença de Pai Américo de uma maneira mais sensível.
Gente simples mas boa, de coração à flor da pele, pronto a abrir-se em generosidade para com os irmãoi mais necessitados. Dava-me vontade de transcrever u palavras que disseram junto da Campa de Pai Américo. Elas di..:em do espírito que os animou e que presidia àquela romagem. Tudo muito certo. Amor de Deus ae• Amor do próximo é uma mentira. Pai Américo est:i.n. ali como testemunha da unidade do Amor. Uma d0t.ção total, sem reservas, a.o próximo, supõe uma entrega D.8. mesma linha a Deus. Este foi o tema. E não se ficaram em palavras apenas ... Com toda a simplicidade nOI entregaram 1.477$20 para a construção de uma Casa. d• Pa.trimónio.
Come>? Ora vejam: 2$50 de um sócio, 11$00 doutro, dez tostões, quinze tostões de outros mais. Eis o encanto dos 1.477$20. Quantos deles desejariam uma casa a que pudessem chamar sua. Mas esquecem·se de si para que outr<>s mais necessitados a possuam.
Esta foi a lição que nos vieram trazer. E «até a.o ano se Deus quiser».
XXX
Aquele domingo encheu-nos a alma. Tudo muito simples. E não há dúvida que é na simplicidade que descobrimos Deus com toda a clareza.
Foi o caso de uma jovem professora primária, com um ano de serviço, que veio trazer-nos todo o seu ordenado do primeiro mês de trabalho.
Ningilém deu por isso. Só nós fomos testemunh&s da alegria com que o fez. Os pais estavam presentea • participaram dessa mesma felicidade.
Quando o mundo busca no dinheiro toda a razão da sua felicidade, esta jovem encontra-a na renúncia a esse
mesmo dinheiro. Padre Manuel António
o que llOS
dão· llO Por falta de noticias nesta secção
muitos se têm esquecido de nós. No Montepio de Lisboa, donde mensalmente retirávamos embrulhos de roupas que fazem mimosos os nossos rapazes, têm aparecido menos. Com muita pena minha pois trago alguns descalços e outros sem roupa capaz para o domingo. O dinheiro também é menos. Será antes uma impressão minha porque têm aumentado as necessidades da casa? ... Nós somos aqui quase cento e dez. As nossas oficinas continuan1 com sacrifício. Temos lutado muito para apetrechá-las com o imprescindível. A Tipografia agora concentra todas as atenções. A falta da máquina que esperamos, tem-nos trazido dissabores : são clientes que rejeitam o trabalho, outros rejeitamo-lo nós por incapacidade para o imprimir; outro vai mal apresentado e não nos recomenda para outra vez. A despesa com a máquina nova é de tal ordem que ultrapassa urn terço da despesa anual da Casa. Vai custar muito a pagar se os nossos amigos não puserem mãos a ajudar-nos generosamente. Tenho esperado pacientemente subir aos púlpitos das igrejas da Cidade a levar o pregão da Caridade Evangélica : «dai e dar-se-vos-à; amai-vos uns aos outros como eu vos amei». Pois por duas vezes dei volta pelas igrejas onde pedimos há mais tempo e só trago promessas. Ainda nada de concreto. Quer isto dizer que até final do ano o barco vai custar muito a governar. Mas tenho confiança em Deus. Ele nunca nos desamparou. Tenho confiança
<'Cojal nos nossos amigos: eles nU111.•• deixaram de o ser. Alguns têm perguntado pelos vendedores quando é que aparecemos em tal ou tal igreja. Não esperem por isso.
Últimamente, algumas pessoas aqui têm aparecido com peque ninas ajudas. Outros, alguns · parecem novidade, enviam vales do correio. Temos tido os amigos certos como os empregados da Mobil que não cansam na sua amizade fervorosa. As senhoras do Sábado e da Quinta não esmorecem. A senhora da Quarta agora passou a vir mais vezes, Deus sabe com que sacrifício. Os frequentadores do Montepio devem andar descontentes comigo porque há muito não vêm mencionados os seus donativos. Reparo que de há muito desapareceu da lista o Casal de S. Jorge de Arroios. A todos eu agradeço com a alma em prece, o carinho e solicitude com que ali depositam as suas ajudas.
O senhor da Padaria da Rua de Buenos Aires, também tem sido persistente. Quando roer.os esperamos, ai vêm uns sacos de pão que fazem a delicia da malta ao café. A propósito de café. Antigamente havia quem no-lo desse do bom, de vez em quando~ e agora não. Eu sei que muitos amigos, não têm dado porque também nós não aparecemos. Eu sou novato. Esta Casa tem muita lida e por isso desculpem-me esses amig os.
Há muito que não tem sido repartido pelos Pobres aquilo que nos dão. A gente às vezes teme visitá-los porque vem de lá desconfortado. Apetece gritar ao mundo que
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pão que ao café.
·garnente bom, de o. Eu sei
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o reparque nos me visi
esconforundo que
Vai tal ·qual nos chegou às mãos: «Segue um vale postal no valor de 300$00. É o abono referente aos dois primeiros meses de minha filhinha nascida em Maio pa:!Sado, acompanhado de um mês de abono de um seu irmão mais velhinho. Que o bom Deus aceite de bom grado esta pequena oferta que em boas mãos entregamos e conceda aos nossos dois queridos filhos e a essa i;rande Obra muitas graças. Um casal vosso Amigo». Não fazemos comentários. Deixamos à vossa meditação a simplicidade e sinceridade destas linhas. E estoutra logo a seguir, saída da pena de uma criança de dez anos que nos manda os 50$00 que seu Pai lhe dá todos os meses para rebuçados. Não sei ~e ele o sabe, mas quão feliz se deve sentir pela descoberta dum tesoiro precioso no coração de sua filha: a Caridade que lhe foi infundida no dia do feu Bap-11ismo.
Seguem, de mistura, vindas de todos os cantos do nosso Portugal de àquem e além mar, as mais variadas provas de carinho.
De Gaia 150$00 para aquela Mãe solteira de 4 filhos que quer regenerar-se. Graças a Deus tudo vai bem encaminhado. Mais 1008 não sei donde. O assinante 29.693 manda·nos uma generosa oferta por C. F. Pelos bons êxitos no exame de sua filha a Mãe manda 500$00 em Acção de Graças. É do Porto.
Da Calçada da Glória, em Lisboa, veio igual quantia, com palavras de entusiasmo por tudo o que diz respeito ao que a Obra da Rua tem realizado. 300$ da Figueira da Foz com promessa de voltar. Outros 500$ de Alcobaça para distribuir por várias intenções.
E agora uma longa série delas de 10$00, 20$, 50$ dei «dois amargurados», 100$ de um aumento de ordenado, 105$ da Faculdade de Engenharia do Porto, · lOOS de um médico, 150$ de alguns motoristas de Táxi do Alto Maé Lourenço Marques. -Vários dias de trabalho da nos~a província de Moçambique 1
e 250$ de Quelimane e roupas usadas da Ilha de Moçambique.
Mais uma pausa nesta longa caminhada: «Deposito nas suas mãos o meu primeiro ordenado. São 500$». Aquele numeral primeiro diz-nos muito. São . as primícias oferecidás ao Pai do
se debruce; que pare um pouco na loucura do prazer e do dinheiro. que olhe para estes irr.:ãos caídos e tenha pena. Mais pena trago ainda dentro de mim porque o que oiço d ebruçado sobre o seu leito havia de proclamá-lo em cima do telhado. O que oiço em segredo no escuro da barraca havia de dizê-lo à luz do dia. Para que o pão e o agasll1ho que ali folta não fosse mais uma ferida a abrir-se quando volto a visitá-lo~ . Não vos esqueçais querid os leitores d os nossos Pobres.
Padre ] o3é Maria
Céu. Deixem-se estar parados em silêncio e meditem: «aí vai a minha primeira féria - 40$80 1
- conforme tinha prometido pela saúde do meus paizinhos». Tem 11 anos. Não fazemos comentários pois poderíamos com- 1
plicar o que é tão simples e claro como a luz do sol.
E continuemos a marcha: 740$ do grupo excursionista «Amigos 1
da Casa do Gaiato», roupas usadas, ainda em bom estado, que
branças de <mma humilde operária do Porto», 20S do Porto e promessa de mais, o mesmo de Ilhavo, 180$ de Vale de Cambra, 185$ de uma excursão de Aveiro, os 41$00 do costume de Lisboa, 20$ de «uma esposa preocupada», 350$ do Sport Club das Andorinhas, 100$ em sufrágio de um filho adoptivo, 2.000$ de um anónimo por intermédio de um sacerdote, 2.100$ da co~-
pra de uma pulseira de oiro, 50$ de· c:uma amargurada». 208 para «consolar uma velhinha», roupas usadas de uma beirense, 500$ da Praia da Granja, 356$ de Lisboa correspondente a umas horas extraordinárias de trabalho, 200$ de Montepuez e outro tanto da R. José Carlos dos Santos de Lisboa; 2.000S de Areias de S. Vicente, Barcelos e um embrulho de roupas da J. O. C. F. da Ilha de Moçambique.
última paragem. Esta meditação é sobre a renúncia ao apego aos bens da terra como condição da felicidade verdadeira: «em cumprimento de uma promefsa feita por meus pais e, secundado por mim com todo o carinho, envio a quantia de 2.500$, referentes ao meu primeiro ordenado, depois de formado». Veio de Castelo Branco. E uma anónima acr~cenla: «ofe-
reço estes 50$ para sufragar a alma duma pessoa de família, em vez das flores que é uso dar--se nestas circunstâncias~.
Cremos que não Ee-rá deslocado, e que estará de acordo com o título desta coluna falar de uma dádiva de 500$ destinados a ajudar a compra de um aparelho de televisão para os nofsos rapazes, tão oportuno neste tempo de inverno; e também à compra de patins para os mesmos. Aqui fica a lembrança.
Padre Manuel António
Ser cristão--eis um te.ma
eram um estorvo na casa, 100$ •------------------------------•
inesgotável Profundo e extenso como Cristo e a sua lir&ja. Rico em justiça e amor como
«para ajudar a mãe a alimentar o seu filho», outro tanto para a «viúva da Nota da Quinzena»; 50 de um estudante de Lisboa a favor dos que não puderam ter a mefma felicidade que ele.
Três vezes 500$ - uma de Lisboa sufragando a alma de c:meu pai»; outra do Porto -c:mais um aumento de ordenado que tive e que, como os anteriores, ele aqui vai para que o bom Deus traga saúde ao meu patrão»; e outra do Dundo-Diamang c:duma pessoa que quer fique só conhecida de Deus». Passa uma noiva a sufragar a alma de seu noivo. Volta Lourenço Marques com 50$. Coimbra com 100$ «para que todas as Mães, como eu, se preocupem com fazer dos filhos homens dignos». Sever do Vouga com 220S.
ITá tantas caras que nos são conhecidas: - os empregados da Mobil Oil com os seus 53$50 duas vezes da Rua da l\Iadalena os 2os' do costume, da Avó de Moscavide idem, «de um amigo do Porto por intermédio de uma amiga de Lisboa», 250$ de Aveiro, 20$ de E. D. M., 100$ de A. F. F., 15$ da Beira da Zezinha e da Avó.
Mais uma paragem. Meditemos: «Sou assinante de «0 Gaiato». Envio esta pequena quantia que foi do meu primeiro ordenado do emprego de um consultório na minha terra que abriu no mês passado. Deus queira que este médico tenha sorte na sua medicina porque é merecedor da ajuda de Deus Mas a Sua vontade seja feita» . Que lindo! Veio de Avintes.
O Senhor Manuel Teb:eira da R. da Corticeira não se cansa : «20$ do costume, mais 20$ por este mês ler mais trabalho». Foi grande a nossa alegria quando, noutra ocasião, tivemos o prazer de o abraçar.
Mais doutrina, mais meditação: «Envio 200S pelo nascimento do meu segundo filho. Um it1•ipeiro». Quando muitos lares não os deixam ver a luz do dia, por egoísmo, este tripeirio dá graças a Deus. De Favaios 20$ cdo primeiro ganho do meu filho». 500$ de «uma mãe agradecida» pedindo que o seu filho seja um homem de bem.
Ponhamo-nos novamente a caminho: 50 de' Serpa, 50 de Algures, idem, de Valença, de Angola, de Nampula, da «Juventude do Telheiro F. C.», lem-
Campanha de Assinaturas
ATENÇÃO: Estávamos dispostos a mandar no primeiro jornal de Janeiro a célebre circuiar para caçar assinantes. Mas a nossa impaciência precipita os acontecimentos. E vai daí, em vez de ser num Famoso de Janeiro será num de Novembro. O::i senhores preparem-se. E preparem o ambiente. Vão botando o olho à volta e marcando os que podem ser caçados' ou se disponham já a aceitar o Famoso, pregoeÍl'o da Verdade que,, po1• is)>o mesmo, não lhe tem faltado quem deseje ei opere no sen tido de lhe fechar a boca!
XXX
ULTRAMAR: As boas notícias continuam ! E isto alegra-nos. Pois que independentemente do objectivo principal que nos levou a palmilhar aquelas distâncias sem fim - visitar os nossos rapazes e conseguir futuro para mais e mais - nós l e· vámos, como é natural, a chama viva dos mais sofredores dos nossos frmãos - os Pobres, imagem de Cristo. Por isso mesmo, a nossa viagem foi, essencialmente, missionária. I;evámos e avivámos a inquietação que Jesus provoca na alma dos sedentos do mais e melhor. Para o quê, :façam favor de ler esta carita de um grande amigo de Luso (Angola):
«Envio-lhe mais um papel com a indicação de 6 novos ass,nantes.
Li o seu artigo relativo à viagem a Africa, e satisfeito pelo Luso ter cumprido à vossa chamada ma.s, ao mesmo tempo triste por saber que os grandes centros onde era de esperar grande entusiasmo e concorrência tivessem falhado.
É a sociedade que está doente. A mocidade que devia coi-. laborar com a vossa Obra porque de Deus, prefere divertimentos fúteis. Não se lembram de auxiliar os irmãos Pobres. Não se lembram de auxiliar a vossa Obra, que auxiliando-a auxiliam os nossos irmãos Pobres. O que pretendem hoje é o cinema e mil futilidades.
Com resignação e paciência temos que sofrer... Já enviei para aí 2 listas de novos assinantes. Deus permita que não se, esqueçam de pag·ar a assinatura».
Do T.iuso, um salto a Silva Porto e a temperatura não ari.Te:fece. Senhor Padre Reis é um enamorado que não descansa e,, por isso, ai está com mais onze assinantes! Para remate de An._ gola, temos presenGas de Benguela e Luanda.
Na outra costa, em Moçambique, o fogo crepita intensamente. Lourenço Marques leva, até, a camisola amarela: recebemos 4 de um quase da família, com dinheirinho à frente; mais 3 na mesma, de uma assinante; e mais 15, também desobrigados, de outra assinante! Finalmente, comparece Nampula.
XXX
METRÓPOLE : Para que este cantinho se não estenda demasiado aí vão, sinteticamente, as presenças recebidas durante a quinzena: Alcobaça, Maia, Viseu, Barcelos, Estoril, Ba1Tozelas, Paredes, Porto, Fafe, Campo Maior (quando surge a Campanha Campo Maior não falta!), Maceira-Liz ~ Carcavelos. Um mapa de Portugal!
Júlio Mendes
o coração de Deus ! Quanto mais eu sou da I gre
ja e de Cristo pela pobreza da minha doação tanto mais vou descobrindo a riqueza infinita de Cristo nos cristãos e maior proveito vou tirando dela. Quer nos momentos de júbilo por vermos o nosso irmão amado, quer nas horas de abatimento por o vermos espesinhado, o cristão está sempre presente. Está-o com a sua justiça e o seu amor, que recebe do Coração de Cristo, a aprovar e a alegrar-se ou a sofrer e a chorar coin quem se alegra ou chora. Alegria
1 ou angústia de cristãos são se~timentps vivos de Cristo
1 Vivo, comunicados e Tividos entre nós pel' «0 Gaiato». Ele é uma ligação por Cristo entre cristãos. É feito da alegria ou dor dos filhos de Deus. Temperado com o sal da contradição, deixando perceber o gosto, por vezes acre neste mundo, da Verdade. Não é feito de mais nada. Nunca o foi. Espera em Deus continuar a não ser, senão o que tem sido e é. «0 Gaiato» é comunhão familiar dos filhos ge Deus. Simples, como deve ser tudo entre os cristãos. Na simplicidade de um viver cristão encontramos o arrojo que o destingue dos compromissos dos outro11 modos de viver.
Quantas cartas não representam para nós um degrau subido na doação aos outros! Quantos exemplos escondidos, simples mas plenos de justiça e amor, são estímulo forte de melhor e mais além! Quantos cristãos são refúgio em dias turvos e amparo no fracasso aparente daquilo que fazemos ou dizemos !
Foi no domingo passado, à tardinha. Um casal novo veio trazer a segunda prestação para uma casa do Património : «Um casal agradecido ao Senhor». Juntou-s~ a família toda: - pais e dois filhinhos pequenos. Dão às prestações. É um amor forte e duradoiro. Enquanto tantos outros põem já a render para os seus filhos, ou seu único fi-
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29 DE OUTUBRO DE 1960 * aO GAIATO• 'f. AVENÇA
Visado pela Censura
LAR DO PORTO
CONFER1!:NCIA: Relato algumas das visitas feitas aos nossos amigos e irmãos necessitados.
Por este motivo os . vicentinos da Conferência deste Lar, que tanto amamos, dirigimo-nos e penetramos nas ruas íngremes e insalubres dos barredos.
Depois de ter visitado vários necessitados e até mesmo uma família à qual chamamos «os Pobres envergonhados:<> que em i:oral são os que mais carecem da ajuda, tanto material como espiritual, cheguei à Sé, a Senhora Andorinha, aquela alma radiosa, pobre, mas feliz (porque não miserável), que necessita mas que no entanto não se esquece dos seus irmãos mais pobres.
Já a tenho visto sair dum certo restaurante com bocados de pão e logo . a caminho da casa faz sua a fome dos outros e quantas vezes dá o 1pão fresco e como ela, que já tem 60 e tal anos, o seco. Sim, porque já muitos de nós confrades temos participado r.om êla para lhe fazer companhia, e aleçá.la. Temos comido e; r~u callio e do seu p;ío.
De vc": cm quando lú vem efa · «0lbe, vá ver aquela família, coitadinha, que precisa tanto. Veja se r. pode \'isitan.
É uma vicentina que trabalha no seu m~io por 110'5a conta, sim, porque tudo o que faz não tem coragem de guardar para si, tanto as alegrias com.o as tristezas. Quem diz que os Pobres não são verdadeiros mestres? Quem?
Sempre que podemos, a seu pedido, lemos.lhe o nosso jornal que e1a
SETúBAL
tanto gosta e aprecia e, pelos vistos, parece que pratica a sua doutrina.
Após esta, entrei na casa, se é quo se pode chamar, da entravadinha, qu'e mora na mesma rua, a qual me lembrou um carrinho de paralíticos para se poder mover, que já há tempos pedi, mas que por falta de espaço no Famoso não chegou ao conhecimento dos amigos leitores.
Mantas não me pediu, mas reparei que estava a tremer, pois não tem acção alguma, e só tinha uma coberta na cama.
Portanto, bons irmãos, se tendes roupa nas vossas casas, mesmo com um pouco de sacrifício atendei por amor de Deus à necessidade destes irmãos Pobres.
Fui com mais vontade, talvez porque há quase quinze dias, confesso, que não ia ruas abaixo, desta sempre nobre e invicta cidade que se tem ten· tado (e muito já se tem feito) sanear.
A visita aos Pobres como estes acima referidos, <;omeçou após o Santo Sacrifício da Missa, o que aliás sempre que po~ível assim procedo.
Com o pensamento no Criador, que é o único Rei e Senhoir lia terra, e na Vítima do altar dirigi.me com Ele e apenas por Ele. 11ão sei porquê e levado não sei po1que força, a visitar, como de costume, os nossos c t ··mpre vossos ir· mãos que esperam co:n ansiedade a nossa e vossa ajuda.
Fui pois apenas por Ele. E com Ele é que qualquer confrade
deve deixar o seu descanso ou cilvertimentos e penetrar nas velhas .: por vezes inabitáveis moradias.
Se muitos de nós gaiatos e vi. centinos não tivéssemos passado e visto com os nossos próprios olhos também não acredit:ir:amos nem permitiríamos que nos di~sessem, haver quem passe necessidades de tal forma.
A visita a um Pobre e a narrai;ão da vida <leste, nunca é para mal da Humanidade. A visita feita por um confrade a um desprotegido, quantos e quantos nossos irmãos não sofredores terá salvo das prisões ou dos hospitais e quantos bons cidadãos tem dado a este nosso querido Portugal.
Uma pessoa que visite um Pobre por amor de Deus não fala por simples prazer, mas sim o que lhe dita o coração dorido pelos membros do «Corpo Místico> de Cristo.
A nossa Conferência não é com certeza das que movimenta mai!I capital, pois elas foram instituidas nas nossas Casas para a melhor educação dos filhos desta Obra.
A Senhora do Lourenço Marques,
*
A palavra de abertura, dou-a à asssinante 2164 que eu tão bem conheço sem saber quem é - e não quero saber para não banalizar!
«Também eu mando um grande abraço de boas-vindas e junto a décima-sétima pedra da «Casa da Minha Mãe».
Enquanto o Senhor Padre Carlos e o Júlio andaram por nossas terras de Arrica, andamos nós a tentar acompanhá-los através das noticias do Gaiato e a pedir ao Senhor para que em tudo fossem bem sucedidos.
Agora que chegaram e graç;i.s a Deus, bem, corno teria sido bom assistir à alegria da hora da chegada que o D~niel tão bem conta. Nós que também fazemos parte da farnilia, por isso nos sentimos contentes pelo regresso depois duma ausência de tantos dias por terras onde a paz entre os homens anda tão alterada.
Que o Senhor vos guarde sempre dos perigos deste mundo e nos ilumine a todos para que O saibamos Amar e Servir».
Vejam que simpatia! Esta é a nossa força: A comunhão de tantos que reclamam a sua parte na Obra. «Nós também fazemos parte da familia».
Esta assinante tem sempre urna palavra que custa não transcrever. Como na 17.•, assim foi na 14. •, 15.• e 16.•. Tantas foram as que se juntaram para esta saída da procissão.
Aberta ela por alguém que nunca falta, vamos prosseguir com este grupo.
É a 4. • prestação de 1.900$00 para a «Casa de Nossa Senhora das Dores» e a Maria Luisa que pensa perfazer com estes 300$ a quantia de 4.800$00.Jü!io viu o conta corrente e diz que está certo.
De um grande amigo do Banco de Angola 1.000$00 para nova prestação de urna casa. 01,1tra 1. • prestação, esta de 500$00 e este documento de urna Mãe :
«Tinha também desejo de fazer urna para nós, mas como tenho 4 filhos que é preciso educar vejo que é impossível as duas coisas, portanto resolvi pedir ao Pai Américo para que interceda junto a Deus pelos exames dos meus filhos, e dar 250$00 por cada em que os meus filhos fiquem bem. Como este ano fizeram exame com bom resultado ai vai a primeira pedra. Um foi 2.º do Liceu e outro admissão ao Liceu. Vai levar bastantes anos a construir a casa, mas como são bastantes se Deus permitir que sempre fiquem bem, e me der vida, hei-de ter o gosto de a ver pronta. Gostaria que se chamasse «Casa de S. Luls». Se lhe parecer que outras mães quererão fazer o mesmo e se fossem tantas que chegasse para muitas, poderia ser, a Casa dos Estudantes.
Sempre que po ,so mando dinheiro para a Obra da Rua, e peço nas minhas orações para que Ela seja cada vez mais amada por todos.
O que fez a admissão quer ir para o Seminário e eu peço para que V. Rev.• nas suas orações rogue a Deus que ele seja um Padre da Rua, cheio de amor e caridade».
Helena manda a 3. •para a «Casa de S. Francisco» e a «contribuição mensal para o meu Pobre>>. O assi-
Continuaçã:o da página três
lho, e abrem conta em seu nome nos bancos, este casal tem necessidade de agradecer. .AJ3 necessidades presentes e futuras (pois estão em princí· pio de vida) não os preocupa; domina-os a sede de justiça pela situação. indevida dos seus irmãos e o amor por aqueles que não i;ão amados e
1 sentem necessidade de dar graças a Deus, dando e dan<lo-se. que assim quer que u citemos e nos 1-----~-------
Eu ergo as mãos ao Céu ao lembrar-me delell. Só pelo bem que isto me faz valia a pena o sacrifício, mas pela Glória que dá a Deus valer-· Thes-á participação da glória eterna. Não precisamoli1 saber de quem se trata, mas temos necessidade de conhecer as grandezas para não nos deixarmos dominar pelo pessimismo. São cristãos.
À despedida eles beijaram as minhas mãos sac&rdotais .. . A mim, confundido, apetecia· ·me beijar-lha~ também!
Padre Acílio
manda uma mala de roupas, que te-remos de levantar em Guimarães, pergunta se levamos a mal por virem dois amigos visitar o seu Pobre. Levar a mal? De quê, minha boa Se. nhora? Até queremos que assim acon· teça, porque temos quase a certeza de que são mais duas almas que verão e sentirão, quanto mais não seja por algum tempo, o ·problema dos necessitados.
Respondemos, ainda, minha santa senhora, que há tempos recebemos as ditas importâncias para o i;eu Pobre.
O frio chega, mas graças a Deus, já temos recebido umas roupazinhas para os Pobres, mas não tem sido muita so olharmos à necessidades.
Quem quer começar a limpar o:; seus guarda vestidos? .
Nós por amor de Deus o dos Po·
bres desde já muito agradecemos. Bendito seja Deus por três camas
e os respectivos colchões que dois benfeitores nos mandaram. e ainda por um berço que veio mesmo a ca· lhar e por uma roupinha de crianças.
Uma Pobre da Rua Fonte Taurina pede.nos um chaile. Quem a satisfaz? Em nome desta velhinha que tem 60 e tal anos desde já agradecemos. F. V., da anónima 7 de Maio, e de uma anónima, cá recebemos as respectivas importâncias. De uma operá. ria da Fábrica de T. Raione do salão 1 também deu 83SOO de horas extraordinárias para os nossos Pobres.
. Agradecemos também a todos os nossos subscritores que com as suas uú-galhas nos ajudaram a pagar mercea· ria do respeitante mês.
Fernando Dias
* *
nante 6790 mandou a 53. • e de urna só vez mais 5 «para a prometida Casa do Património. Confio em que Deus Nosso Senhor me ajudar á a chegar ao fim». Pois a mim me parece que com urna tal devoção o fim jamais chegará enquanto a vida não tiver fim.
Três vezes mil para a «Casa Nascimento». É o terceiro mistério do Rosário a terminar... Só faltam duas Avé-Marias. Quarenta para a «Casa de S. Carlos». 200$00 atrazados e 220$00 mais recentes para a «Casa Fé em Deus», de urna Mãe que tem a graça de sentir a presença d•Ele na nossa vida quo tidiana. «Para o primeiro aniversário da «Casa do Ti Jaquim» aqui junto o que consegui reunir das economias domésticas apóo; Maio, altura em que fiz a última remessa>>. .
Alto ! Agora é /úrica que passa. Graças a Deus aquele Continente agora tão discutido, tem hoje farta representação nesta assembleia de Amor e de Justiça, onde os homens responsáveis por outras assembleias podiam vir estudar o processo de estruturar a Paz.
«Estimo que tenha feito boa viagem.
Foi pena ter embarcado 3 dias antes de· eu receber, pois tinha planeado conversar consigo àcerca deste assunto.
O assunto é o seguinte : - desejava, que empregasse estes 300$, numa casa para pobres, que deverá ter o nome de «Casa de Santa Filomena».
Estes 300$00 serão para começar. Faça de conta que são os primeiros tijolos que recebe para essa casa.
Acha viável est? ideia? Ou será leviandade começar a construir urna casa, só dispondo de 300$00 para iniciar?»
Se a Obra do Património, como todas as que sairam da mão inspirada de Pai Américo, fossem urna obra exclusivamente humana, essencialmenre assistencial, seria leviandade, sim.
Mas como é urna Obra sobrenatural, o pôr em acção d e urna Cruzada que Deus quer, não só é viável como muito eficaz a sua ideia. Cá ficam pois os 300$00 iniciais à espera dos 100$00 e dos 50$00 que mensalmente se lhes virão juntar.
E já que começamos, continuemos com /úrica. Mil - 3. • prestação de «Dois Amigos-Luanda». Duas -a 5. • e a 6. • prestação-de 500$, para o «Lar da Graça», de Porto Alexandre e ainda por cima «um muito obrigada pela grande alegria que sinto quando mando as presções».
A Ana Maria, do Luabo, iniciou com 500$00 a Casa que prometeu erguer com esta pedrada mensal quando por lá passamos e demos a conhecer um luzeirinho de tanta beleza que as nossas mãos pecadoras recebem para oferecer neste altar de Deus que é a Obra da Rua.
Igual quantia da Maria Edith, de Lourenço Marques, para a «Casa de S. Francisco Xavier» que fica em 2.700$00.
Outro filho inquieto por honrar seus Pais com actos de caridade.
«Há exactamen e um ano escrevia-lhe uma carta é'.companhando a· l.• prestaçi;.o de 2.000$00 para a Casa Ser.:uina e Biágio que me propunha oferecer para comemorar as bodas de oiro matrimoniais de meus Pé\is em 1966.
Tal satisfação não poderá ser já totalmente realizada, pois quis Deus chamar à Sua Divina Presença minha querida e saudosa Mãe. Isso não impedirá, porém, o meu sonho que tex_n agora a ampará-lo a revelação a Minha Mãe dum segredo que queria manter até a casa estar «pronta a ser habitada» e sinto a necessidade imperiosa de concluir mais ràpidamente esta minha ideia, agora com o seu au.rili.o.
Assim no dia de hoje, no quadragésimo quarto aniversário do casamento de meus pais e primeiro da separação temporária do Casal, que não podia admitir outra, eu quero que a metade da minha Mãe fique já completada e por isso lhe envio em vale de correio a quantia de 4.000$00 que com os 2.000$00 en-
*
viados há um ano perfaz metade do valor da casa.
Oxalá eu consiga dentro dum ano completar a casa que será apenas a «Casa Serafina e Biágio».
ó piedade filial! ó amor conjugal, que só a morte separa! Tanta beleza!
Mais duas prestações para a «Casa do António e do Fernando». Mais três do Alberto do «Plano Decenal>>. Outra vez duas (22. • e 23.ª) do casal assinante n.º 28562. O assinante 1.087 começa a sua com um aumento de ordenado 1.023$00 e promete continuar com 300$00 cada trimestre. E, «como estamos no mês do Rosário, gostava que a casa que há-de ser construida com a graça de Deus e o meu esforço tivesse o nome de Nossa Senhora do Rosário ; e como o Rosário tem muitas contas, a mesma seja habitada ·por urna familia numerosa, o local não interessa, será onde for maior a necessidade».
Não é preciso ir aos aútores eruditos aprender teologia. Deus revela aos pequeninos e humildes segredos que os sábios desconhecem. Eis aqui um mestre: « . .. a casa que há-de ser construida com a graça de Deus e o meu esforço ... » Elementos essenciais à construção, ordem e disposição deles - tudo perfeito.Quem duvidará ainda de que o Património não é obra meramente natural? !
Outro depoimento :
«Sou há muitos anos urna assídua e entusiasta leitora do «Gaiato».
A sua doutrina faz despertar as nossas consciências e a ter um desejo enorme de fazer bem. Mas esse desejo nem sempre se concretiza, e noutros casos, só muito tarde.
Foi o que me aconteceu agora. Há tanto tempo que me comovo com a rubrica «Património dos Pobres» sem nunca ter dado um passo para fazer qualquer coisa.
Agora resolvi construir · urna casa com as migalhinhas que fosse economizando. E tenho fé em Deus que hei-de conseguir e Ele na sua Divina Bondade me há-de ajudar.
Envio os primeiros 100$00 e sempre que possa vou enviando outras quantias.
A casa g ostaria que se chamasse Santa F· omena, pela grande devoção que tenho a essa santa.
Nem quero pensar na «loucura» que é, ir também construir uma casa, sem ter o dinheiro necessário. Mas vou alinhar na procissão e Nosso Sen·.or fará o resto.»
Mais teologia ! A hora da Graça é aquela que Deus sabe e quando Ele quer.
Com 5.060$00 é principiada a «Casa João Pedro». Mais urna prestação para a 2. • Casa de Nossa Senhora da Especiação.
«Casa Avó Ema fica na 31.• pedra: 7.432$00 para a «Casa do João»: «é oferecida em acção de graças por urna anónima que voltará a aparecer até per.azar os 12 contos.
Que feliz seria o mundo, que suficiente, se todos os homens tivessem e alimentassem desejos assim!
Aquele outro casal, tão meu conhecido, embora sem o conhecer, da «Casa à Minha Noiva» e da « Casa à Minha Filha», está quase na meta da sua terceira casa : «total em divida - 1.000$00».
Eu não sei se os senhores advertem na profundidade de consciência dos deveres sociais, que aqui se revela : «Total em dívida». - Dívida que o Amor faz assumir, voluntàriamente !
Vem agora o grupo das casas de construção colectiva: 200$00 para a dos Josés e metade para a da «Rainha das Virgens».
E os 500$00 com que os «Amigos do Gaiato» da Beira, completaram a sua casa. A nossa simpatia e votos de continuar a vê-los por aqui.
E logo surge outro : o dos trabalhadores que aparecem mensalmente : Pessoal da HICA e do Grémio de Panificação ; aquela empregada do <<Pequeno Louvre». Mais 100$00 de Portuzelo, outro tanto de «urna amiga dos Pobres», 70$00 da Alda.