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SUMÁRIO

ATUALIDADE

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ALGARVE INFORMATIVO #18 PRODUZIDO POR DANIEL PINA ([email protected]);FOTO DE CAPA: DANIEL PINACONTATOS: [email protected] / 919 266 930AS NOTÍCIAS QUE MARCAM O ALGARVE EM ALGARVEINFORMATIVO.BLOGSPOT.PTTAMBÉM DISPONÍVEL ATRAVÉS DO ISSUU E DROPBOX

ASSOCIAÇÃOAPATRIS 21 8

RICARDO MELOGOUVEIA 36

AFONSO DIAS

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POR ESTA ALTURA MEIO PORTUGAL já deve estarinstalado ou de malas aviadas para o Algarve paragozar as suas merecidas férias, com mais ou menosdinheiro para gastar, sendo quase certo que,infelizmente, o segundo caso deve ser o maisfrequente. Ao mesmo tempo, andam por aí algumasfiguras importantes, antigos governantes, ex-administradores de grupos financeiros e empresáriosalegadamente menos honestos do que seria de supor,bastante irritados da vida porque lhes alteraram osplanos e já não podem, também eles, gozar as suasmerecidas férias no Algarve.

Uns estão presos em cadeias com mais ou menosluxos e regalias, outros estão presos nas suasresidências, com os luxos advindos de anos e décadas aencher as contas bancárias com o dinheiro dos outros –apesar de, curiosamente, agora se descobrir que nadatêm em seu nome, coitadinhos –, outros ainda nãoestão trancados em casa mas estão impossibilitados deviajar para os seus habituais paraísos de Verão. E, porisso, estão bastante irritados ao ver o cidadão comum,teso e sem perspetivas de vida, rumar ao Algarve paraviver alguns dias, uma semana com muita sorte, à custado cartão de crédito.

Desconfio que esses tais figurões, enquanto andavama enriquecer por vias, alegadamente, duvidosas, nãoficavam irritados pelos danos e prejuízos que estavam acausar aos seus concidadãos, nem tão pouco devemestar preocupados por muitos portugueses teremficado, de repente, sem as suas poupanças de vida.Mas, como estão impedidos, supostamente, de darentrevistas, usam os seus advogados como pomboscorreio do seu descontentamento. E alguns advogadosaproveitam o mediatismo inesperado e vestem acamisola de popstars, a mandar umas piadas depois devisitar os seus clientes, de cigarro na boca enquanto sedirigem para os carros de luxo, insultando os jornalistasque têm o desplante de fazer alguma pergunta mais

incómoda, com uma ligeireza tal que, por vezes, doupor mim a pensar se eles têm consciência da figura queestão a fazer. Se calhar têm, mas nem se preocupam, oimportante é o seu nome ficar na berra, como aquelesconcorrentes que vão fazer figuras tristes para os«Ídolos» em troca de cinco minutos de fama.

O que me causa mais espécie é mesmo a irritação dospolíticos e empresários, alegadamente corruptos, porestarem a ser julgados. É verdade que um ou outroainda se deu ao trabalho de arranjar o chamado «testade ferro» para o dinheiro circular por outras contasbancárias antes de aterrar nos seus bolsos, mas muitoscometeram, alegadamente, crimes graves e semgrandes preocupações em os encobrir, porque sejulgavam acima da lei, como foi verdade durante tantosanos em Portugal. Por isso, penso que a irritação é maispor estarem presos e a aguardar julgamento e nãotanto por terem sido descobertos.

Tudo isto me faz lembrar um pouco a antiga série datelevisão italiana «O Polvo», em que os mafiososestavam habituados a fazer tudo o que lhes apetecia,umas vezes de forma discreta, a maior parte das vezesà descarada, porque tinham os polícias e os juízes nasua lista de pagamento e sabiam que passavamimpunes a tudo e mais alguma coisa. Até que um diaapareceu um comissário de polícia com «eles» no sítioe uma juíza sem medo das consequências de estar adesempenhar o seu trabalho, ou seja, fazer cumprir asleis, e depois foi o que nos lembramos ao longo dosvários anos que durou a série. Em Portugal, nada dissoacontece porque não há mafiosos na verdadeira aceçãoda palavra, mas há muitos políticos e empresários quenão se preocupam em cometer esta ou aquelairregularidade, ou crime, para benefício próprio. Oproblema é que, pelos vistos, agora apareceu umsuperjuíz com «eles» no sítio e o resultado está à vista.Lá se foram as férias no Algarve para uns tantosquantos… e eles estão super irritados… .

OPINIÃO

ANDAM A ESTRAGAR AS FÉRIASÀ MALTA

(…) O que me causa mais espécie é mesmo a irritação dos políticos eempresários, alegadamente corruptos, por estarem a ser julgados. Éverdade que um ou outro ainda se deu ao trabalho de arranjar ochamado «testa de ferro» para o dinheiro circular por outras contasbancárias antes de aterrar nos seus bolsos, mas muitos cometeram,alegadamente, crimes graves e sem grandes preocupações em osencobrir, porque se julgavam acima da lei (…)DANIEL PINA

Jornalista

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QUEM NASCEU DIFERENTETAMBÉM TEM SENTIMENTOSE DEVE SER RESPEITADO

REPORTAGEM: DANIEL PINA

FOTOGRAFIA: PAULO LOPES

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REPORTAGEM

É NO PRIMEIRO ANDAR DA RUA ATORNASCIMENTO FERNANDES que se situa a sededa APATRIS 21 – Associação de Portadores deTrissomia 21 do Algarve, uma instituiçãoparticular de solidariedade social que surgiu,em 2004, por iniciativa de um grupo de pais eprofissionais de educação. O objetivo eradesenvolver um projeto inovador e diferentede apoio à Trissomia 21 e Défice Cognitivo,mas depressa a IPSS alargou o âmbito da suaatividade a qualquer tipo de perturbação dedesenvolvimento intelectual. Trissomia 21 queé uma alteração genética caracterizada pelapresença de um cromossoma supranumeráriono par 21 e cujas consequências sãomotricidade pouco desenvolvida, dificuldadesauditivas/visuais, dificuldades nalinguagem/fala, défice de memória auditiva decurto prazo, reduzida capacidade de atenção,dificuldade de retenção e consolidação deinformação, dificuldades de generalização eraciocínio abstrato, dificuldades desequenciação e estratégias de evitamento,entre outros sintomas.

À frente da direção está, há cerca de seisanos, Maria Augusta Pereira, ela própria mãede um jovem, hoje com 27 anos, que nasceucom carências especiais. “Houve um conjunto

de pais que se juntaram, em 2000, para queos seus filhos tivessem as terapias e osapoios necessários, mas a associação sócomeçou a laborar formalmente quatro anosdepois. Durante dois anos fizemos apenassessões de divulgação e esclarecimentocientífico para pais, profissionais eprofessores, porque não recebíamos ajudasfinanceiras de ninguém”, recorda a médica.

Apoios que, diga-se em abono da verdade,continuam a ser extremamente escassos,revela a presidente da APATRIS 21, que jáperdeu a conta às reuniões tidas com aSegurança Social para se tentar arranjarcontratos programas. “O nosso estatuto deIPSS foi-nos dado na área da Saúde e, comessa justificação, a Segurança Social entendeque não deve apoiar os nossos utentes.Tivemos um pequeno apoio do Ministério daSaúde, que não chegava a 1500 eurosmensais, entre 2007 e março de 2014, masdesde então estamos por nossa conta”,indica. “Ainda há poucas semanas oMinistério da Segurança Social nos voltou adizer que não temos valências sociais quejustifiquem um apoio da parte deles erecambiou-nos para o Ministério da Saúde.Este garante que tem técnicos dentro dos

FOTOGRAFIA: PAULO LOPES

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Centros de Saúde que podemrealizar esse serviço, mas estascrianças e jovens precisam dediversas terapias por semana,consoante os casos e as idades,e não acredito que o Ministérioda Saúde tenha capacidade deresposta para as solicitações.Aliás, nem tem nenhumprograma especial para utentescom perturbação dedesenvolvimento intelectual”,assegura Maria Augusta Pereira,visivelmente irritada por esteempurrar da bola de um ladopara o outro sem que nada seresolva.

Neste cenário, acabam por ser os própriospais a arcar com as despesas de tratamentodos filhos, ainda que os serviços prestados pelaAPATRIS 21 tenham um preçário social, comvalores bastante abaixo dos praticados noshospitais e clínicas privadas. “Sobrevivemosgraças às poupanças que fizemos ao longo dedois ou três anos em que tivemos projetosapoiados por entidades privadas. O «APATRIS21 vai à escola» foi subsidiado pela EDPSolidária, outro foi apoiado pela MissãoSorriso, mas já não tivemos patrocínios em2014 e a angariação de fundos gerada emalguns eventos que organizamos são umamigalha. A nossa situação financeira é débil,temos atualmente três estágios profissionaise sei que apenas poderemos ficar com um atempo inteiro, pois não há estabilidade parase fazer contrato com mais pessoas”, antevê,com pesar, consciente da necessidade queexiste de funcionários qualificados para lidarcom esta população carente de cuidadosespeciais.

E um desses tais eventos de solidariedadesocial aconteceu precisamente na noite desexta-feira, dia 24 de julho, um espetáculo destand-up comedy intitulado «Faro a Rir» edinamizado por uma equipa de comediantesprovenientes de Lisboa, entre eles, Guilhermedo blog «Por Falar Noutra Coisa». “Fora desteseventos, é bastante complicado pedirdinheiro a alguém, mesmo para uma causasolidária como esta. Não somos muitos no

Algarve e grande parte das empresas têmuma atividade sazonal, é difícil existirqualquer tipo de mecenato”.

NEM TODOS OS PAIS ENCARAMA SITUAÇÃO DE FRENTE

Os constrangimentos financeiros nãoimpedem, no entanto, a APATRIS 21 de fazero máximo que pode e consegue e, nestemomento, apoia mais de 30 jovens nasescolas, a que se somam 15 adultos e cercade duas dezenas em atividades de férias noVerão, Páscoa e Natal. “Este ano, em Olhão,não permitiram que fossemos às escolas,apesar de termos lá várias jovens comTrissomia 21 que estão a concluir o ensinosecundário. Também já prestamos apoio emVila Real de Santo António e Albufeira mas,neste momento, estamos apenas a funcionarcom Faro e Loulé”, indica Maria AugustaPereira.

Para tal, a APATRIS 21 desenvolveu umprojeto de apoio psicopedagógico emcontexto escolar cujos objetivos passam poridentificar, avaliar e acompanhar os alunosportadores de Trissomia 21, Défice CognitivoSem Diagnóstico, Hiperatividade e Défice deAtenção; adotar estratégias de ensino-aprendizagem específicas e adequadas aoperfil de desenvolvimento; e promover osucesso educativo e a inclusão escolar e

A presidente da APATRIS 21, Maria Augusta Pereira

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social. “Os casos são referenciados pelosprofessores e nós intervimos consoante asnecessidades, com duas psicólogas e umapsicomotricista e, no próximo ano letivo,vamos tentar incluir igualmente umaterapeuta da fala. Há mais de duas décadasque a lei contempla que estes jovens possamir para escolas com currículos alternativos efuncionais, de acordo com a progressão dassuas competências. Não posso dizer o queacontecia antigamente nas escolasmas, quando os pais se juntaram,em 2000, é porque não estavam areceber os apoios que deviamter”, salienta a médica.

Terapias que também podem serrealizadas no gabinete da clínica daAPATRIS 21, mas nem sempre éfácil contratar técnicosespecializados em deficiênciamental ligeira ou moderada e,depois, assegurar os seus justosvencimentos, pelo que MariaAugusta Pereira ainda não sabecomo vai decorrer o próximo anoletivo. “A nossa linha de ação éacompanhar os jovens o maiscedo possível mas, até aos seisanos, isso é da responsabilidade

dos hospitais e das equipas deintervenção precoce e não seise a cobertura é feita a 100por cento ou não”, afirma,confirmando que ainda hácasos escondidos, ocultos,pelas próprias famílias. “Hápais que encaram a situaçãode frente e investem no seufilho, porque são terapiasintensivas e prolongadas.Outros pais não interiorizamessa doença do filho e achamque ele está sempre a evoluir,apesar de isso não serverdade. A população emgeral não está muito motivadapara esta temática e eupergunto-lhe: ‘Vê pessoas comTrissomia 21 na rua?’. É certoque não existem muitos casos

em Portugal mas, os que há, são adultos enão sei onde andam”, questiona,preocupada.

Pequenas vitórias na procura da inclusão eautonomia que não aparecem com um estalardos dedos, são tratamentos que duram umavida inteira e, por exemplo, o filho de MariaAugusta Pereira, que tem 27 anos, vai todasas semanas ao psicólogo. “As competênciassociais são bastante difíceis de adquirir

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porque não são postos nacomunidade logo em pequenos.Eles têm sentimentos comoqualquer pessoa e, como sabemque não conseguem fazer isto ouaquilo, ficam com vergonha desair. Alguns pais acham que ele éassim e não sei se lutam muito ounão para inverter a situação”,desabafa, lamentando que ocidadão comum ainda olhe de ladopara estas crianças, jovens eadultos. “Fizemos uma ação desensibilização na Rua de SantoAntónio, em parceria com a ACTA,em que eles levavam um placar adizer «Somos todos iguais» ediversas pessoas desviavam a cara,sem compreender que nuncasabemos o que a sorte nos reserva. Estamostodos sujeitos a ter um acidente e ficarmoscom uma limitação”.

Sobre os utentes da APATRIS 21 que já estãoinseridos no mercado de trabalho, apenas umfez um contrato de emprego-inserção, osrestantes têm uma ocupação laboral mas semreceberem um salário, revela Maria AugustaPereira. “Eles têm consciência que nãorecebem, mas o facto de estarem ocupados jáé muito bom”, entende a presidente dadireção, aproveitando a oportunidade parafalar do projeto de expressão dramáticadesenvolvido com a ACTA – A Companhia deTeatro do Algarve. “Todos os anos temos, noúltimo sábado de junho, uma exibição dotrabalho feito ao longo do ano letivo, destafeita no Cine-Teatro Louletano, e é algobastante importante para a autoestima deles.Recentemente candidatamo-nos a umprojeto europeu e vamos avançar agora comalguns desses miúdos da inclusão pela arte”.

Outro projeto que pode ser extremamenteimportante para o futuro da APATRIS 21 é o«BPI Capacitar», que permitiria o aluguer deum espaço de 200 metros quadrados onde osmais velhos e os mais novos trabalhariam parao desenvolvimento das suas competências,quiçá, até, em conjunto com os familiares.“Não conheço nenhuma associação destegénero que não seja subsidiada a nível

estatal, somos os únicos. Temos miúdos noateliê de competências há três e quatro anose vemos a sua evolução: já não gritam, sabemcomportar-se no meio de um grandeaglomerado de pessoas, não andam numaexcitação excessiva e, se um dia fecharmos aporta, isso vai tudo por água abaixo. Os paisperdem um apoio fundamental e éimportante que se conheçam uns aos outros,que lidem com outros miúdos com Trissomia21, que percebam que há casos que não sãotão maus como aparentam”.

ATIVIDADES NÃO PÁRAMDURANTE O VERÃO

Com a chegada das férias de Verãoaumentam as atividades da APATRIS 21 noexterior e, desta feita, fomos encontrar umgrupo de utentes nas Piscinas Municipais deSão Brás de Alportel sob a orientação daDiretora Técnica Ana Faria, que já trabalhanesta instituição há cerca de oito anos. Comum olho nas piscinas e outro no entrevistador,a psicóloga confirma que lidam comperturbações de desenvolvimento intelectualde qualquer tipo, desde crianças com déficecognitivo de origem desconhecida a outrascom Trissomia 21, Autismo ou Hiperatividade.“São crianças, jovens e adultos, dos seis aos

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30 e poucos anos, porque temos igualmenteuma unidade de emprego apoiado para osintegrar profissionalmente. Nas escolas,damos apoio aos professores paradesenvolverem a autonomia e sucessoescolar. A nossa filosofia é trabalhar compacientes que tenham algum grau deautonomia e deficiência mental ligeira oumoderada que lhes permita ter algumascompetências. No fundo, o objetivo é inclui-los a todos os níveis, social, educacional eprofissionalmente, e não tê-los nainstituição”, frisa. “Na instituição só está aequipa técnica, a preparar as atividades e afazer candidaturas a financiamentos, e temostambém consultas de psicologiaclínica, psicologia educacional,terapia da fala e outras”.

Olhando para os utentes maisnovos que estão em idade escolar,Ana Faria salienta que háestabelecimentos de ensino ondese realiza um bom trabalho,dependente da formação dosprofissionais, da sensibilidade decada um para lidar com estapopulação e das suascompetências pessoais. “Noutras,as coisas não funcionam, ficamnuma sala de educação especialsem nenhuma atividade e os pais

queixam-se que, a partir dedeterminada idade, não senota grande evolução emtermos de aprendizagem.Quando se dá uma atençãoespecial à inclusão profissional,há algumas atividades emcertos serviços das escolas quesão desempenhadas por estesjovens e mesmo emrestaurantes na proximidade”,destaca.

Ana Faria explica que estesutentes precisam de umacompanhamento especial parapoderem estar numa sala deaula com os restantes alunos etudo varia dos recursos quecada estabelecimento de

ensino possui. No que diz respeito aos adultoscom perturbações de desenvolvimentointelectual, a Diretora Técnica confessa que ainserção no mercado de trabalho não é fácil ecarece de uma maior atenção da parte dasentidades competentes. “Temos situações emque eles têm um horário diário mas nãorecebem nada pelas atividades quedesenvolvem e, em termos legais, tambémexistem alguns obstáculos que estamos atentar esclarecer junto do Instituto doEmprego e Formação Profissional. Elespercebem que os outros são pagos e que elesnão têm qualquer tipo de recompensafinanceira”, relata, lamentando que a

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sociedade ainda não esteja devidamentesensibilizada para esta realidade. “É umtrabalho de equipa entre os técnicos, asfamílias e as escolas e, mais lá para a frente, aentidade patronal”.

A entrevistadaenfatiza novamenteque não basta terformação académicaespecífica para lidar deperto com estapopulação, há quepossuir certascompetências pessoaise vontade de vencer osobstáculos. “O que severifica em termosescolares é que chegauma fase em que elesestagnam naaprendizagem, mas háque continuar apromover a suaautonomia pessoal e asua integraçãoprofissional, que sejam capazes de iniciar eterminar uma tarefa sozinhos e isso tem quese treinar. Com o aumento da escolaridadeobrigatória, eles permanecem nas escolas atéaos 18 anos, mas há falta de técnicos na áreada psicologia, da terapia da fala e da terapiaocupacional nos estabelecimentos de ensino.Quando nos é possível, em termos definanciamento, a nossa equipa vai às escolasdar apoio aos alunos que tenham qualquertipo de perturbação de desenvolvimentointelectual”.

Um esforço da APATRIS 21 que, àsemelhança de Maria Augusta Pereira, AnaFaria não sabe até quando será possívelmanter, pois não é fácil conservar uma equipade profissionais no terreno quando nãoexistem apoios estatais. E ninguém duvide queas atividades no exterior são fundamentaispara estas crianças e jovens, não apenas parase entreterem, mas para promoverem as taiscompetências de autonomia noutrosambientes que não o escolar ou familiar. “Ascompetências de comunicação são essenciaispara a integração profissional, eles precisam

saber relacionar-se, dizer «bom dia» e «boatarde» e ter um mínimo de competênciassociais. Infelizmente, as instituições aqui noAlgarve não conseguem dar resposta à

população com deficiência e há que criarmais alternativas, pois este trabalho deve seriniciado o mais cedo possível. A família é umdos primeiros agentes educativos e tem quepartilhar desta perspetiva de promoção deautonomia, caso contrário, com o avançar daidade, eles já não conseguem adquirir estascompetências”.

E porque estávamos num espaço público eao ar livre, não se podia fugir à pergunta decomo a população dita normal lida com estaspessoas diferentes. “Temos atividades deVerão há alguns anos, acabamos porfrequentar várias vezes os mesmos sítios e aspessoas já nos conhecem, estão habituadas àpresença deles e percebem que também têmdireito a frequentar uma praia e uma piscinapara se divertirem. Claro que ainda há quemdesvie o olhar, quem evidencie algumincómodo, quem tente evitar que os própriosfilhos convivam com estas crianças e jovens,mas as mentalidades estão a mudar. Na horada verdade, qualquer um de nós pode ter umacidente e ficar com algum tipo deincapacidade” .

REPORTAGEM

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NUTRO PROFUNDA ADMIRAÇÃO POR POVOS quetêm na sua matriz identitária e código genético, orespeito, a defesa e a valorização da sua identidadecultural. Gente que aprendeu, desde o berço, o valordo imaterial em tudo aquilo que de material viria aconstituir a sua vida. Deixo aqui o exemplo de doispovos referenciais na opinião que aqui partilho: aEspanha e a Irlanda. Duas nações que, tal comoPortugal, têm atrás de si uma longa história deseparações, junções, anexações, colonizações eaculturações. O que hoje são deve-se à soma detodos estes e outros fatores, mas, sobretudo, aoimenso orgulho naquilo que as distingue enquantonações: a sua cultura. Nas visitas que lhes fiz marcou-me profundamente a forma ativa e interventivacomo afirmam, através de várias expressõesartísticas, as características diferenciadoras das suasvárias regiões. Assumem a sua grandiosidade pelapolivalência cultural, destacando-a e levando-a atodos os que as visitam. Usam-na como forma devalorizar as suas províncias e as suas gentes, e isso,diferenciando-as, dá-lhes a respeitabilidade eadmiração que só as grandes nações merecem.

Por cá, com uma herança cultural enorme(quantitativa e qualitativa), custa-me constatar aforma como se vilipendia, de berço, a transmissão deuma riqueza identitária que nos torna únicos entrepares. Com uma educação e instrução assentes emvalores e premissas anglo-saxónicas, habituámo-nosa ver os principais ideólogos, intervenientes eagentes no processo de aculturação a, deliberada ouignorantemente, a negligenciar, banalizar e atéostracizar o que é nosso. E quando falo do que énosso, refiro-me às tradições de uma região.

Tomemos como exemplo o Algarve… Não seria deesperar que sendo esta uma região que recebe todo

o ano gente de várias partes do globo, tivesse nosseus agentes culturais um dos ex-líbris da suamatriz regional? Sendo eles os principaisprodutores e realizadores de cultura feita na região,seria natural que estivessem na linha da frente paraserem um dos nossos cartões de visita, mas seatentarmos e refletirmos com atenção, reparamosque não é isso que acontece. Cada vez mais osprogramadores ligados às instituições públicas eprivadas que organizam todo o tipo de animaçãoturística, apostam quase exclusivamente numaprogramação artística assente numa centralidade«impingida» pelos vários meios de comunicação epublicidade. Sempre a gosto e de consumo rápido egarantido, mas de consequências nefastas eirreparáveis para as várias gerações que povoam oAlgarve. O lema é «Vem de fora, é bom!».

Ainda um destes dias, pesquisando para umtrabalho específico, dei-me conta da reduzidaquantidade de grupos musicais ligados à músicaétnica portuguesa em atividade no Algarve,constatando também, com alguma consternação eapreensão, o términus de alguns que foramreferências na divulgação do nosso património noque à música tradicional diz respeito. As razões sãomais do que evidentes, basta observar aquantidade de eventos por cá realizados onde amúsica regional algarvia (não) está presente. “Tocarpara aquecer? Não!... Deixar de tocar paraesquecer!”. E assim muitos de lá vão «cantando erindo» com tanta pobreza de espírito de alguns decá. E de quem é a culpa? De alguns políticos depacotilha que ainda se atrevem a defender aregionalização. A «sua» regionalização… .

PAULO CUNHA

(…) Ainda um destes dias, pesquisando para um trabalho específico,dei-me conta da reduzida quantidade de grupos musicais ligados àmúsica étnica portuguesa em atividade no Algarve, constatandotambém, com alguma consternação e apreensão, o términus de algunsque foram referências na divulgação do nosso património no que àmúsica tradicional diz respeito. As razões são mais do que evidentes,basta observar a quantidade de eventos por cá realizados onde a músicaregional algarvia (não) está presente. “Tocar para aquecer? Não!...Deixar de tocar para esquecer!” (…)

OPINIÃO

VEM DE FORA? É BOM! 

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TODOS OS ANOS, COM O INÍCIO DO ANO LETIVO, acompra dos manuais escolares torna-se um verdadeirotormento para as famílias. No Ensino Básico (do 1.ºano ao 9.º ano) a média vai dos 40 aos 250 euros pelosmanuais para cada um dos anos letivos, por sua vez oSecundário (10.º ano ao 12.º ano) a média vai dos 150aos 250 euros pelos manuais para casa um dosrespetivos anos letivos.

Pois bem, se a Constituição Portuguesa diz que aescolaridade é obrigatória e gratuita, o transporte,alimentação e os livros escolares não deviam tambémser gratuitos? A Constituição diz ainda que todos “têmdireito à Educação” e promove condições para queesta seja “realizada através da escola e de outrosmeios formativos, na qual contribui para a igualdadede oportunidades, a superação das desigualdadeseconómicas, sociais (…)”. Que “todos têm direito aoensino com garantia do direito à igualdade deoportunidades de acesso e êxito escolar”. E que incubeao Estado “assegurar o ensino básico universal,obrigatório e gratuito” e “estabelecerprogressivamente a gratuitidade de todos os graus deensino”. Ora, se um aluno é obrigado a ter livrosescolares e eles não são grátis, então o ensino não égratuito.

Felizmente existem autarquias como a de Loulé,que com grande assertividade implementa para opróximo ano letivo o acesso livre aos manuais do 1.ºciclo para todos os alunos das escolas públicas doconcelho. Embora seja apenas para os alunos do 1.ºciclo, creio que se está a dar, para já, um primeirogrande passo para que de futuro todo o ensinobásico obrigatório seja verdadeiramente gratuito.Por outro lado, com alguma tristeza vejo a autarquiatomar uma medida tão importante como esta,quando a meu ver essa responsabilidade devia sertoda do Ministério da Educação, ou seja, do nossogoverno. Assim, não seriam nesta primeira faseapenas os alunos do 1.º ciclo das escolas do concelhode Loulé a beneficiar de tão nobre medida, mastodos os alunos de todas as escolas do 1.º ciclo dopaís.

Quero acreditar muito nessa utopia, que um dia aescolaridade básica e obrigatória será toda elaverdadeiramente gratuita. Até lá continuaremosacreditar que nem tudo o que se escreve naConstituição da República Portuguesa é para levar asério! .

JOÃO ESPADAProfessor, Artista Plástico,Presidente da Casa da Culturade Loulé

(…) se a Constituição Portuguesa diz que a escolaridade é obrigatóriae gratuita, o transporte, alimentação e os livros escolares não deviamtambém ser gratuitos? A Constituição diz ainda que todos “têm direito àEducação” e promove condições para que esta seja “realizada atravésda escola e de outros meios formativos, na qual contribui para aigualdade de oportunidades, a superação das desigualdadeseconómicas, sociais (…)

OPINIÃO

MANUAIS GRATUITOS PARA OSALUNOS DO 1.º CICLO DO ENSINOBÁSICO EM LOULÉ (CONCELHO)

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ATUALIDADE

MUNICÍPIO DE ALCOUTIM ABRE CONCURSOPARA A ATRIBUIÇÃO DE BOLSAS DE ESTUDOPARA ENSINO SUPERIOR

PROSSEGUINDOUMA POLÍTICA DEAPOIO ao ingressono ensino superior,a Câmara Municipalde Alcoutimaprovou, emreunião doexecutivo de 23 dejulho, a abertura deconcurso públicopara ascandidaturas àsBolsas de Estudo«Dr. João Dias»referentes ao anoletivo 2015/2016. A autarquia deliberou aindaa atribuição de um máximo de 35 bolsas, como valor mensal de 100 euros, a atribuirdurante um período de dez meses, que serápago em duas prestações iguais, com efeitos apartir do mês de outubro de cada ano. Asbolsas destinam-se aos alunos residentes noConcelho que frequentam cursos do ensinosuperior, licenciatura ou mestrado, emestabelecimentos públicos ou privados.

As candidaturas estarão abertas entre 5 e 23de outubro próximo e para a formalização dasmesmas é exigido um requerimento, emimpresso próprio, fornecido pelos serviçosautárquicos bem como a restantedocumentação definida no respetivoRegulamento. A atribuição destas bolsas deestudo pretende não só estimular aprossecução dos estudos a nível superiorcomo também promover a igualdade nafrequência do ensino superior, contribuindoassim para a melhoria da qualificaçãoprofissional dos estudantes do Concelho.

Entretanto, e com o objetivo de reforçar aproximidade às empresas, o Município deAlcoutim, em parceria com o IAPMEI –Agência para a Competitividade e Inovação,IP, vai realizar na sede de concelho, nopróximo dia 27 de julho, entre as 10h e as17h, o Dia do Atendimento Descentralizado.Esta iniciativa, que decorrerá no edifício daCâmara Municipal, tem por objetivo prestarassistência técnica personalizada aosempreendedores e empresários do concelhode Alcoutim sobre os instrumentosdisponibilizados por este Instituto.

Nesse dia, uma equipa técnica do IAPMEIvai estar disponível para responder àsdúvidas dos empresários e empreendedoresda região sobre os vários instrumentos deapoio mais ajustados às necessidades dosseus negócios, nomeadamente sobre asmedidas de apoio disponíveis pela Agência,ao nível do Portugal 2020 .

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ATUALIDADE

CASTRO MARIM JÁ TEM UM SPA SALGADO

BANHOS DE SAL NUM VERDADEIROSPA NATURAL, a Salina da Barquinha,é a mais recente atração turística deCastro Marim. Com uma concentraçãode minerais altíssima, esta águaproporciona uma experiência única,próxima da que é possívelexperimentar no Mar Morto, emIsrael.

A Salina, localizada no coração daReserva Natural do Sapal de CastroMarim e Vila Real de St. António, temuma concentração de sal de cerca de260g/l, o que faz com que o corpoflutue involuntariamente, ao contráriodo que acontece no mar, em que aconcentração de mineiras cerca as35g/l. Esta experiência de leveza e bem-estar,tão prazerosa quanto benéfica para a saúde,têm tornado esta oferta na mais procuradaatração turística de Castro Marim, um Spasalgado, também com possibilidade de fazeraplicações de argila, massagens, esfoliaçõescom sal, yoga, meditação ou aindaexperimentar ser salineiro, vivendo naprimeira pessoa o processo de extração do sale flor de sal.

Entre a irresistível brancura da paisagemdas salinas, ladeadas pelos ícones da históriade Castro Marim, como o Forte de S.Sebastião, Castro Marim oferece agora estaexperiência salgada. “É um investimentoexemplar, alavancado nos recursosendógenos de Castro Marim, na valorizaçãodo nosso património, da nossa história, umcontributo ao crescimento edesenvolvimento turístico e económico doconcelho”, realçou o presidente da Câmara

Municipal de Castro Marim,Francisco Amaral.

A Salina da Barquinha foioficialmente inaugurada no dia 14 dejulho, no âmbito da adesão deCastro Marim à marca Natural.PT,desenvolvida pelo Instituto deConservação da Natureza e dasFlorestas (ICNF) e ligada à RedeNacional de Áreas Protegidas doSistema Nacional das ÁreasClassificadas. A iniciativa é daempresa «Água-Mãe», membro dacooperativa Terras de Sal .

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ATUALIDADE

REVELIM DE ST. ANTÓNIOLOTADO NA 3ª GALA DE DANÇA

UM PÚBLICO ENTUSIASMADO EORGULHOSO acolheu, no dia 20 de julho, a3ª Gala da Dança, que reúne três célebresescolas do território Baixo Guadiana –Arutla, de Altura, A Idade do Ouro e Splash,de Vila Real de St. António. Promovida pelaCâmara Municipal de Castro Marim, estainiciativa encheu o Revelim de SantoAntónio e ofereceu ao público umadmirável espetáculo de música, luz emovimento, com os mais variados estilosde dança em palco, desde dançastradicionais, passando pelo ballet, até àscontemporâneas.

Nesta 3ª Gala de Dança participaramcerca de 250 crianças e jovens, com idades compreendidas entre os cinco e os 30 anos. Esta iniciativatem por objetivo a valorização e reconhecimento do admirável trabalho que estas escolasdesenvolvem com os jovens do território, para além de promover o gosto pela expressão artística, aodemonstrar os benefícios, físicos e mentais, associados à prática .

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O MUNICÍPIO DE FARO VIU O TEATROLETHES ser distinguido com a sua integraçãonuma rede ibérica associada à Rota Europeiade Teatros Históricos, criada recentemente,em reunião preliminar realizada em Almagro,Espanha. Distinguido pela sua belezaarquitetónica, relevância histórica e o estadode preservação da sala de espetáculos, oTeatro Lethes (Faro) é o único representantedo Algarve e fará companhia ao Theatro Circo(Braga), ao Teatro Nacional de São Carlos(Lisboa) e ao Teatro Garcia Resende (Évora).Estes são os quatro representantesportugueses numa rede ibérica da qual fazemainda parte oito representantes espanhóis:Teatro Corral Comedias (Almagro), TeatroEspañol (Madrid), Teatro Rojas (Toledo),Teatro Arriaga (Bilbao), Teatro Principal(Burgos), Teatro Falla (Cádiz), Teatro Principal(Menorca) e Teatro Real Coliseo Carlos III(Madrid).

Para a Câmara Municipal de Faro, quetrabalhou esta candidatura em parceira com aACTA (a Companhia de Teatro do Algarve),esta é uma importante distinção para o nossoTeatro Lethes, para o Concelho e para a

cultura da Região. Nela seexpressa também o enorme saltode qualidade na programação ena dinâmica deste equipamentopúblico, proporcionado em trêsanos e meio de atividade da ACTAenquanto companhia residente.

A integração na rede de teatroshistóricos é uma excelente notíciapara o Lethes, justamente no anoem que completa 170 anos devida. “O Lethes assume assim umlugar de elite por direito próprioe reforça a cidade no seuargumentário enquanto cidadede cultura com um rico

património arquitetónico, cultural eturístico”, destacou o Presidente da Câmara,Rogério Bacalhau .

LETHES INTEGRADO NA ROTA EUROPEIADE TEATROS HISTÓRICOS

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DANDO CUMPRIMENTO AO PROTOCOLO decooperação e concessão financeira que aCâmara Municipal de Lagoa firmou com aAssociação Humanitária dos BombeirosVoluntários de Lagoa para o ano de 2015, novalor total de 247 mil e 500 euros, oPresidente Francisco Martins e a VereadoraAnabela Simão entregaram, no dia 16 de julho,no quartel dos Bombeiros, um Veículo deApoio Logístico Especial, na presença doPresidente da Associação Humanitária dosBombeiros Voluntários de Lagoa, Joaquim

Lima e do Comandante do Corpo deBombeiros, Vitor Rio.

No seguimento do seu objetivo deintervenção junto da sociedade civil e deatividade em prol das populações, a autarquialagoense comparticipou com 20 mil euros nacompra deste veículo, estando prevista aentrega de uma ambulância, ainda este ano,com a comparticipação camarária de 30 mileuros, depois de, em 2014, ter participado naaquisição de uma viatura de ataque a

incêndios, no valor de 212 mil e 371,80 euros.Os valores de comparticipação da viaturaagora entregue e da ambulância constam decontrato programa que, em 2014,cabimentou para a Proteção Civil 67 mil e 500euros e Bombeiros 204 mil euros e que, em2015 e até ao momento, já transferiu 158 mile 900 euros para os dois organismos.

O Veículo de Apoio Logístico Especial, agoraentregue aos Bombeiros de Lagoa, é umaviatura versátil que se destina a apoiar ocombate a incêndios, quer em espaços

naturais quer em espaçosestruturais, nas valênciasde urbano e industrial.Com a denominaçãooperacional de VALE02detém a capacidade detransporte de 17 mil litrosde água, 100 litros deespumífero utilizado emincêndios urbanos eindustriais e 25 Iitros deaditivo «Adblue» paraapoio a outros veículospesados. Está preparadopara colmatarnecessidades decombustíveis dosequipamentos usados nocombate aos incêndios,transportando 25 litros de

gasóleo, 25 litros de gasolina e 25 litros de«mistura». Possui também uma reserva de 10Aparelhos Respiratórios Isolantes de CircuitoAberto vulgarmente conhecidos por ARICAS,que são usados pelos operacionais paraproteção das suas vias áreas, permitindo otrabalho em atmosferas contaminadas. Porúltimo, conta também com dois kits dereparação de mangueiras e dois jogos dechaves storz multiusos .

AUTARQUIA DE LAGOA ENTREGOU VEÍCULOAOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE LAGOA

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O AGRUPAMENTO DE ESCOLAS JÚLIODANTAS é a entidade promotora do Centropara a Qualificação e Ensino Profissional (CQEP)e o Acordo de Parceria que o Município deLagos celebrou recentemente com estaentidade tem como objetivo essencial adivulgação e promoção das atividades do CQEPjunto dos trabalhadores municipais, com ointuito de os motivar a elevar os respetivosníveis de formação, qualificação e valorizaçãosocial e pessoal. Este Centro dirige-se a todosos que têm necessidade de aquisição e reforçode conhecimentos e competências, através doprocesso de Reconhecimento, Validação eCertificação de Competências (RVCC) escolarese cursos de Educação e Formação de Adultos(EFA – escolar e dupla certificação). Para quemestá interessado em aumentar o seu nível de

escolaridade está também disponível outrapossibilidade – os exames autopropostos(para conclusão dos 4.º e 6.º anos).

Foi exatamente esta situação que severificou no início do mês de julho, comquatro trabalhadores municipais, quereceberam os seus certificados, concluindoassim o segundo ciclo do ensino básico. “Éfundamental a participação neste projeto devalorização pessoal dos trabalhadores, quepode contribuir para a elevação daautoestima individual, orgulho por parte doscolegas e da própria organização”, entendemos responsáveis autárquicos .

CÂMARA DE LAGOS APOSTANA QUALIFICAÇÃO DOS SEUS TRABALHADORES

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NO ÚLTIMO SÁBADO DEAGOSTO, dia 29, o espíritodo branco regressa a Loulénaquela que é a festa oficialde despedida do escaldanteverão algarvio – a NoiteBranca de Loulé. Depois deum ano de interregno, esteevento que atrai milhares deveraneantes à cidade, voltaa ser uma das festas maisaguardadas do Algarve.

A Noite Branca de Loulé,pioneira em Portugal,pretende proporcionar aosvisitantes um programa

cultural e de animação único einesquecível mas, acima de tudo,momentos de puro prazer edescontração, repletos de glamour. Obranco é obrigatório e transversal àsvárias manifestações que aqui têm lugarreservado, da música à animação de rua,da moda à pintura, do novo circo àsartes plásticas.

As ruas, ruelas e pracetas da cidadeganham uma nova vida, vestidas debranco e com uma surpresa a cadaesquina, apresentando performancesem que, por vezes, os visitantes sãotambém protagonistas. Mais de umacentena de artistas de rua dão alma ecor à festa, entre malabaristas,cuspidores de fogo, homens-estátua,palhaços, mágicos, músicos, ginastas oubailarinos. A música Chill Out eeletrónica acompanha toda a filosofia doevento e por todos os cantos destecentro urbano vão ecoar os sons de DJse bandas .

NOITE BRANCA REGRESSANA DESPEDIDA DO VERÃO ALGARVIO

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ESTA SEMANA LI ALGUMAS COISAS SOBREEMPREENDEDORISMO e como as famíliasinfluenciavam a questão de ser ou nãoempreendedor. É certo que as famílias nosinfluenciam em quase tudo, para o bem e para o mal,contudo e voltando ao empreendedorismo, não seibem como me nasceu a veia de ser empreendedor,mas sei que o meu pai teve uma grande influência noque hoje sou, por tudo o que me ensinou e pela formaque deixou o seu rebento muito novo sair de casa e iràs suas aventuras, numa altura em que apenas ascartas colmatavam o vazio.

Obrigado pai por tudo, mas essencialmente por meteres dado sempre bons conselhos, por me teresdeixado pensar pela minha cabeça e por me teresensinado que o tempo cura tudo.

Obrigado pelos livros que hoje são um dos meusbens mais preciosos, pelo que me obrigavas a ler noverão, pelas cassetes de inglês e francês para eu seruma pessoa mais universal e preparada.

Obrigado pelos resumos quando eu estudava, pelosdesenhos, pelo campismo, por me teres mostradoPortugal pelos teus olhos.

Obrigado pela fantasia, pelo carinho e pelo amor.Obrigado pelas histórias e por seres sempre um tipo

cinco estrelas.Obrigado por seres meu pai, acima de tudo.Possivelmente estas questões atrás referidas

podem-me ter ajudado a ser empreendedor, julgoque sim.

Quem quer empreender, acima de tudo deve ter acapacidade de pensar fora da caixa, de se prepararbem, de estudar sempre, de ter a capacidade dedormir pouco mas bem, de ser resiliente e de ter acapacidade de mudar de caminho se isso forimportante.

Meus amigos, contudo, e como digo sempre, nãofiquem tristes se não forem empreendedores nalógica de negócio mas, por favor, sejamempreendedores perante a vida. Ou seja, podemosser empreendedores ao ajudar os outros, a estarativamente com a família, a participar em atividadescívicas. Por favor, participem, não deixem o futuro namão dos outros.

Voltando ao início da conversa, o que o artigo diziaera que o empreendedorismo nascia apenas emfamílias ricas, pois os loucos dos empreendedores nãopassam de putos ricos que gastam o dinheiro dos pais.Pura mentira, existem empreendedores em todas asclasses.

Nota da semana: As crianças de Atenas – Estasemana recebi duas informações interessantes sobreas crianças e o impacto da crise nas mesmas.

O abandono de crianças nos hospitais de Atenas:não sei os dados em Portugal mas fiquei bastantetriste com a realidade grega. Nem quero imaginar osofrimento dos pais que têm que abandonar os filhos.

Outro dado foi o efeito da fome no cérebro dascrianças, mais um dado terrível.

Que raio de mundo é este.

Figura da semana: Jorge Sampaio, possivelmente oúltimo estadista de Portugal que me lembre, desde asua saída ninguém surgiu com a mesma qualidade.

Ao receber o prémio Nelson Mandela emocionadodedicou o prémio aos portugueses, dizendo que "sãoum povo bravo, generoso, extrovertido e resiliente".

O prémio Nelson Mandela foi criado no ano passadopela Assembleia Geral da ONU para homenagearpersonalidades que se tenham dedicado a promoveros ideais das Nações Unidas .

OPINIÃO

ENFANT TERRIBLEAO MEU PAI(…) Quem quer empreender, acima de tudo deve ter a capacidade de

pensar fora da caixa, de se preparar bem, de estudar sempre, de ter acapacidade de dormir pouco mas bem, de ser resiliente e de ter acapacidade de mudar de caminho se isso for importante (…)

(…) Voltando ao início da conversa, o que o artigo dizia era que oempreendedorismo nascia apenas em famílias ricas, pois os loucos dosempreendedores não passam de putos ricos que gastam o dinheiro dospais. Pura mentira, existem empreendedores em todas as classes (…)

PAULO BERNARDOEmpresário

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A AFETIVIDADE É UMA MULTIPLICIDADE DE ESTADOStão diversos como as emoções, paixões, sentimentos,ansiedade, angustia, tristeza, alegria ou mesmo sensaçõesde prazer e de dor.

Para Théodule-Armand Ribot, (1839 – 1916) psicólogofrancês, a redução epifenomenista resulta do facto de sermuito difícil separar a consciência afetiva da conscienteintelectual, isto é, temos uma estruturação depensamentos que liga o Ser ao Conhecer, ou por outra visãoa que reconhece que a consciência afetiva também seexprime pelo Eu face à Razão. O mesmo autor tentouclassificar as formas de afetividade situando-asrelativamente aos fenómenos motores e representativossegundo a sua função de regulação ou de desregulação.Atualmente, a ciência reconhece que qualquer que seja oparadigma, as manifestações afetivas puras são desprovidasde conteúdo cognitivas e raras no Homem.

Na Afetividade estão inclusos os Estados Afetivos, queconsistem em experiências de natureza difusa eintemporais. São por outro lado claramente reconhecidasquando invadem a consciência do Indivíduo, contudo,segundo Shachter e Singer (1962), a sua associação a algunsdesencadeadores e circunstanciais sociais não são claros.Para Ribot (1897), todo o Indivíduo apreende os estadosafetivos pela introspeção e sempre que possível renomeiaas suas sensações ou imagens mediadoras.

Podemos afirmar que a Afetividade é a exteriorização dasensibilidade interna do Indivíduo na presença da satisfaçãoou da frustração das suas necessidades. A necessidade é aorigem da Afetividade. A necessidade é definidafenomenologicamente como a tendência natural queimpulsiona o Indivíduo a praticar o ato ou a procurar umacategoria determinada de afetos. Toda a ação do Indivíduoé determinada pela sua necessidade consciente einconsciente. As necessidades manifestam-se como desejosconscientes ou como tendências inconscientes. Asnecessidades primárias referem-se às motivações naturais,herdadas e incondicionais, são também biológicas quandocontextualizam as necessidades fisiológicas como, porexemplo, o abrigo, o sustento, o respirar e a satisfaçãosexual. As necessidades superiores ou secundáriascontextualizam a história social do Indivíduo, assimilada

pelas aprendizagens realizadas ao longo de todo o percursode vida pelas ações do trabalho, relação familiar e social.

Na Afetividade, os fenómenos afetivos primários são asemoções e os sentimentos. A Emoção é a resposta afetivaresultante da satisfação ou frustração das necessidadesprimárias. Por sua vez, os Sentimentos são vivênciasrelacionadas com a satisfação ou frustração dasnecessidades superiores. O Afeto, uma resposta daafetividade, é uma explosão incontida de emoções ousentimentos como o medo, a ira, a alegria, a angústia, apaixão, o desejo entre outros. Estas manifestaçõespsíquicas são normais desde que, quando experimentadas,a lucidez da consciência esteja mantida, o controle sobresua conduta esteja efetivado e desde que a intensidade e aduração da resposta afetiva estejam dentro da normalidadedefinida pelos Padrões Sociais vigentes.

Patologicamente, as alterações afetivas sobre o próprioou o exterior são a distimia uma alteração do estado dehumor no sentido da exaltação ou no sentido da inibição.Neste contexto existem vários graus; I) a distimiadepressiva ou hipotímica contextualizada pela melancoliapersistente, uma tristeza patológica e a distimia hipertímicacomo, por exemplo, a presença persistente de euforia, umaalegria patológica. II) disforia, isto é, a presença de umhumor amargo como a irritabilidade, o desgosto, ou aagressividade como comportamentos recorrentes parapromover o isolamento.

Finalizando, a Afetividade agrupa uma definição teóricacomplexa e multimodal por estar em conjugaçãopermanente entre o mundo físico e o subjetivo, o que fazcom que o Indivíduo senta e sinta-se de diferentes modos,adjetivos e predicados .

Perceba-se que a complexa interação entre estas duasdimensões é tamanha que a pessoa chega a pensarafetivamente, ou melhor, raciocinar decepcionadamente(cognição-afetiva). Ela pode ser tomada por um sentimentode rejeição que inunda expressivamente toda a sua alma,que se tornará assim vazia de carinhos e afetos. Osconceitos aqui expressos acerca da Afetividade são iniciais enão conclusivos. O futuro irá trazer novos elementos quedeverão ser acrescidos à Afetividade, esclarecendo melhora multiplicidade dos estados psíquicos .

HÉLDER RODRIGUES LOPES

(…) Perceba-se que a complexa interação entre estas duasdimensões é tamanha que a pessoa chega a pensar afetivamente, oumelhor, raciocinar decepcionadamente (cognição-afetiva). Ela podeser tomada por um sentimento de rejeição que inundaexpressivamente toda a sua alma, que se tornará assim vazia decarinhos e afetos (…)

OPINIÃO

A AFETIVIDADEUMA MULTIPLICIDADE DE ESTADOSPSÍQUICOS

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ENTREVISTA

RICARDO MELOGOUVEIA QUER

SER O NÚMERO 1DO MUNDO

TEXTO E FOTOGRAFIA: DANIEL PINA

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RICARDO MELO GOUVEIA quer ser, dentro dealguns anos, o número 1 do ranking mundial degolfe e, apesar de estar atualmente no 195.ºlugar (30 postos acima de Tiger Woods),parecem não restar dúvidas de que, salvo algumcontratempo de grande dimensão, possuiargumentos para andar pelo topo da natamundial. Isso mesmo atestam a vitóriano torneio do Challenge Tour realizado emGriesbach, na Alemanha, e o segundo lugaralcançado logo na semana seguinte, desta vezno torneio disputado na Eslováquia, a que sesoma outra vitória no Challenge Tour em finaisde 2014. Dois excelentes resultados quegarantem, quase que a 100 por cento, apresença no European Tour, a liga doscampeões do golfe do velho continente, napróxima temporada, mas o jovem de 23 anosque trocou Lisboa pelo Algarve com apenas trêsanos de idade, quer terminar a época do topodo Challenge Tour, posição que ocupa demomento.

Depois de um treino logo pela manhã noOceânico Laguna, com os amigos Ricardo Santos

e Pedro Figueiredo, aproveitámos um descansonas horas de maior calor para ficarmos aconhecer um pouco melhor Ricardo MeloGouveia, que estudou em Faro até ao 12.º ano,antes de rumar aos Estados Unidos da Américapara se formar em Gestão. Concluído o curso,regressou ao Algarve em meados de 2015 etornou-se profissional de golfe, logo comresultados positivos. “Fiz o meu percursoenquanto jovem no Clube de Golfe deVilamoura e, aos 11 anos, comecei a integraras seleções nacionais, mas foi nos EstadosUnidos que dei um maior salto enquantogolfista”, explica, reconhecendo que não eraum craque enquanto jovem. “Tinha ganho ocampeonato nacional de amadores em 2009mas as principais conquistas aconteceram emfinal de setembro, início de outubro, do anopassado, quando fiquei em segundo lugar naprimeira fase, em primeiro na segunda fase dasEscolas de Qualificação e ganhei um torneio doChallenge Tour”, indica.

Golfe que surgiu por influência do pai, quesempre tinha praticado desporto em Lisboa e,

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quando a família se mudou para oAlgarve, decidiu experimentaresta modalidade. Ricardo MeloGouveia ia atrás e via-o a baterbolas com grande entusiasmo,até que o pai lhe deu uns tacospara tentar a sua sorte, aos seisanos. Sobre o salto evolutivo quedeu na estadia em terras do TioSam, atribui à sua maiormaturidade como pessoa e não àexistência de melhores condiçõesde treino. “Aprendi a viver sozinho, adesenrascar-me por mim próprio e, na segundauniversidade onde estive, encontrei umtreinador bastante bom que me ensinou coisasa que, até à data, não dava a devidaimportância. São pormenores que ainda estoua aperfeiçoar e que me ajudaram imenso nomeu jogo”, enaltece.

Óbvio que nem todos os amadores, por muitotalento que tenham, conseguem fazer atransição com sucesso para o escalão dosprofissionais e Ricardo Melo Gouveia teve asorte de ter à sua volta uma equipa comfisioterapeuta, preparador físico, treinador,gerente de carreira. “Está tudo muito bemestruturado e isso permite que eu me foqueapenas no golfe e que consiga atingir osmelhores resultados. A passagem paraprofissional exige alguns sacrifícios financeirose o meu pai foi fundamental quando ainda nãotinha patrocinadores. Só graças a ele é queconsegui ir disputar torneios no estrangeiroantes de começar a ganhar dinheiro para pagareu próprio as viagens e alojamento”, salienta ojovem, acrescentando que os objetivos jáestavam definidos há bastante tempo e quenunca pensou em permanecer como amador poranos a fio. “Sempre quis fazer carreira do golfee o meu pai deu-me o empurrão financeiroinicial, mas felizmente que os resultadosapareceram logo em 2015. Hoje, apesar deainda viver em casa dos meus pais, soufinanceiramente independente”. Um apoioinicial que não esteve condicionado pelo sucessoescolar, esclarece Ricardo Melo Gouveia, aindaque os pais sejam apologistas de que educaçãonunca é demais, opinião essa partilhada peloentrevistado.

PASSAPORTE CARIMBADOPARA O EUROPEAN TOUR

Ricardo Melo Gouveia queria ser profissionalde golfe e sonha ser o número 1 do mundo, mastal exige mais do sacrifícios financeiros. Nada denoitadas com a namorada e os amigos, álcool etabaco são proibidos, uma alimentação saudávele equilibrada é regra de ouro, descansar osuficiente, proteger o corpo sempre que possívele, como é óbvio, estes cuidados não são para terapenas em semanas de torneios. “Quando sequer muito uma coisa, esses fatores não sãoum problema. O Algarve é conhecido pelaanimação noturna e pelas praias, distraçõesnão faltam, é uma realidade, mas eu sou umapessoa bastante focada e dedicada, seio o quequero para o meu futuro e não me custa nadaestar aqui o dia todo a treinar. O maiscomplicado é mesmo o calor intenso, mastreino logo de manhãzinha até às 10h, 10h30,11h, depois faço a preparação física no ginásioe descanso um pouco nas horas de maior calore, ao final do dia, regresso ao campo”,descreve.

Dedicação e cabecinha no sítio não faltam aRicardo Melo Gouveia, mas o próprio ficousurpreendido com a rapidez com que surgiramas primeiras vitórias em torneios importantes.“Tornei-me profissional em julho e ganhei logoum torneio do Challenge Tour, o que não éhabitual. Fui jogando cada vez melhor, tenho-me mantido sempre no topo e, este ano, osresultados já não causam tanta surpresa.Mostrei à concorrência que tenho jogo paravencer de forma consistente e estou confianteque vou atingir as metas definidas”, indica,

(...) “Senti bastante dificuldades em arranjar patrocíniosquando passei para profissional e fica-se com a sensação deque, em Portugal, há medo de correr riscos. Faltam pessoascom mais visão e vontade de arriscar para ajudar os jogadoresjovens e muitos não fazem a transição de amador paraprofissional por falta de suporte financeiro. Uma semana noChallenge Tour custa entre 1500 e dois mil euros e nem todasas famílias têm possibilidade de assumir essas despesas paraos seus filhos” (…)

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acrescentando que terminou 2015 em 47.º lugardo ranking do Challenge Tour porque jogouapenas nove torneios, ao passo que os outrosgolfistas disputaram mais de duas dezenas. “Esteano estou em primeiro do ranking e estou,virtualmente, no European Tour na próximatemporada”.

A subida à Liga dos Campeões do Golfe é,como se adivinha, a grande ambição de todos osprofissionais, mas tal não é fácil, asseguraRicardo Melo Gouveia, seja qual caminho se siga.“Se ficarmos nos 15 primeiros lugares doChallenge Tour, a segunda divisão, conseguimoso cartão do European Tour. A outra forma épassar pela Escola de Qualificação, compostapor três fases, e os primeiros 25 no finaltambém sobem. Eu já tenho 84 mil euros e, nosúltimos quatro anos, o 15.º classificado doChallenge Tour andava pelos 78 mil, portanto,em princípio, já estou garantido no European

Tour”, revela, orgulhoso, ao mesmo tempo queavisa que a competitividade é muito mais ferozno resto da Europa. “Em Portugal há diversosjogadores de qualidade mas, lá fora, aquantidade é bastante maior, o que torna maisdifícil o ganhar torneios e ter acesso aoEuropean Tour. É preciso todas as semanasjogar muito bem durante quatro dias para sevencer, as coisas felizmente têm-me corridobem e acredito que os meus colegasportugueses também têm qualidade para isso”.

Ricardo Melo Gouveia está consciente, porém,que o golfe é feito de boas e más fases e nadagarante que consiga manter este nívelexibicional para sempre, o que obriga a umtrabalho constante e a um aperfeiçoamentocontínuo. “O ideal é prolongar as boas fases omáximo de tempo possível e ultrapassarrapidamente as más fases”, afiança,aproveitando para sublinhar o apoio que aFederação Portuguesa de Golfe tem prestadopara o fomentar desta modalidade nas novasgerações e combater o rótulo de desportoelitista. “Há já alguns anos que a FPG vai àsescolas e centros comerciais realizar workshopspara divulgar o golfe e nós também temos quecontribuir nessa matéria, atingindo bonsresultados para que os mais jovens se sintammotivados para seguir as nossas pisadas”.

O SANGUE NOVO DA TEAM PORTUGAL

Já lá vai então o tempo em que um jovem tinhaque fazer a sua caminhada além-fronteiras parase tornar um golfista de elite, como foi o caso deFilipe Lima, mas Ricardo Melo Gouveia entendeque o meio empresarial tem que se chegar maisà frente e apoiar os atletas quando estes aindanão são estrelas. “Senti bastante dificuldadesem arranjar patrocínios quando passei paraprofissional e fica-se com a sensação de que,em Portugal, há medo de correr riscos. Faltampessoas com mais visão e vontade de arriscarpara ajudar os jogadores jovens e muitos nãofazem a transição de amador para profissionalpor falta de suporte financeiro. Uma semana noChallenge Tour custa entre 1500 e dois mileuros e nem todas as famílias têm possibilidadede assumir essas despesas para os seus filhos”,constata o número 1 do ranking.

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O problema é que, mesmo que os atletasconsigam pagar do seu bolso a participação emalguns torneios, ir a todos já é praticamenteimpossível, o que os coloca de imediato emdesvantagem perante a concorrência, pois têmmenos hipóteses para conquistar os pontosnecessários para escalarem no ranking. “O golfeé um desporto que vai crescer cada vez mais emPortugal e queremos ter mais jogadores notopo, ao contrário do que tem sucedido nopassado recente. Enquanto estávamos nasseleções nacionais, as despesas eram todas daresponsabilidade da FPG e, se assim não fosse,eu, o Pedro Figueiredo, o Ricardo Santos eoutros não teríamos tido oportunidade paraganhar experiência internacional e crescercomo atletas. Só que, quando acabava oamadorismo, não havia uma continuidadedesse apoio”.

E é precisamente para facilitar esta transiçãoque surgiu o TEAM PORTUGAL, um projeto daFederação Portuguesa de Golfe que ajuda osjogadores no plano financeiro e a arranjar-lhesconvites para participarem em torneiosinternacionais. “O João Carlota é um membro atempo inteiro, eu estou envolvido mais numavisão de promoção lá fora, mas são iniciativas

desta natureza que precisamos no nosso país.Se não houver apoios, o desporto em Portugalcontinuará a ser todo ofuscado pelo futebol”,desabafa Ricardo Melo Gouveia numa rarasemana livre de torneios, mas a agenda seráainda mais preenchida quando estiver acompetir no European Tour. “Os campos são, nogeral, mais difíceis e isso vai requerer, não quetrabalhe mais, mas que afine pormenores quesão essenciais para me conseguir manter nessepatamar. Estou no primeiro lugar do ranking doChallenge Tour e o intuito é terminar a épocano topo da classificação, porque as pessoas sóse vão lembrar de quem acabou em número 1 eisso também influencia a nível de confiança ede patrocínios”, justifica, concluindo: “O meuobjetivo é competir o máximo de tempopossível, ao mais alto nível, tenho o apoio totalda minha família, da minha equipa técnica e daminha namorada, que tem desempenhado umpapel fundamental na minha carreira e me temdado uma estabilidade emocional bastanteimportante. Estou no caminho certo, estou atrabalhar bem, sei o que preciso fazer paramelhorar o meu jogo e a meta é ser o melhordo mundo” .

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ENTREVISTA

AS INUTILIDADES DIVERTIDASE AS FADISTAS DE AVIÁRIO

NÃO ALEGRAM AFONSO DIAS

ENTREVISTA: DANIEL PINA

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ENTREVISTAFOTOGRAFIA: TELMA VERÍSSIMO

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ENTREVISTA

AFONSO DIAS SERÁ, PROVAVELMENTE,dos poucos artistas radicados no Algarvesem grandes motivos para se queixar dacrise, com uma agenda repleta de atuaçõesde um canto da região ao outro, e não só,seja a cantar, a declamar poesia, ainterpretar peças teatrais, a criar novospúblicos nas escolas ou a divertir públicosmais tradicionais em centros culturais,auditórios e teatros municipais. «O Mar aoFundo» é o seu mais recente álbum, com aparticipação especial de Tânia Silva, mas,entre discos de temas originais, outros com

a Trupe Barlaventina de Lagos e coletâneasde poesia, já ultrapassa as duas dezenas degravações desde que veio para o Algarve, emmeados da década de 80.

Prestes a completar 66 anos de idade, oalentejano de nascença é, por ventura, umdos mais antigos cantautores em atividade,começando a compor, tocar e cantar numaépoca em que não existiam rótulos paratudo e mais alguma coisa. “Eu venho dageração em que o Zeca Afonso foi figuracimeira, conheci-o em 1967, em Vila Francade Xira. Andávamos de viola às costas acantar contra o regime e pela liberdade, eu,o Zeca, o Manuel Freire, o FranciscoFanhais, o José Jorge Letria – que agora tem

uma carreira bonita e tal, na SociedadePortuguesa de Autores, porque cantar dápouco. Depois, havia outros cantoresimportantes na emigração, o SérgioGodinho, o José Mário Branco e o TinoFlores, a que se juntam mais uma série denomes, hoje pouco sonantes”, recorda, emconversa na Biblioteca Municipal de Faro.

Era, de facto, uma época pouco segurapara cantores ou poetas que não tinhammedo de expressar as suas opiniões,sobretudo se fossem contrárias ao regime deSalazar. “Levávamos umas bordoadas com

frequência e unsquantos iam dentrouns dias, ou unsmeses, conforme”,revela, uma realidadeque não os impedia dedizer o que tinhampara dizer, garante.“Nós queríamosparticipar, com ascantigas e os poemas,mais ou menosintensamente, nessemovimento global paraderrubar a ditadura.Hoje, fala-se muito docantautor, o chamadocantor de intervenção -uma expressão quenão gosto por aí além,

mas as coisas têm que valer a pena, deacordo com a nossa consciência. Eu nãocanto só porque cantar é bonito, nem façocertas músicas, que antes se designavamnacional cançonetismo e agora se apelidamde música pimba, graças ao Emanuel. Sãocoisas muitíssimo respeitáveis, mas que eunão faria a nenhum propósito, por muitoque isso me enriquecesse”, frisa, sem meiaspalavras, como bem o conhecemos.

Mais do que divertir as pessoas através dosseus poemas e cantigas, Afonso Dias querque elas pensem, mesmo que não sintamgrande vontade para tal, e é essa função quetem movido o alentejano radicado noAlgarve ao longo das décadas, desde as

FOTOGRAFIA: TELMA VERÍSSIMO

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ENTREVISTA

restrições da Ditadura às liberdadeseufóricas da Democracia. “A maré é semprefácil de seguir, mas o nosso conhecimentodo mundo faz-nos perceber que devemexistir outros caminhos. Antes do 25 deabril não existia liberdade e havia políciapolítica e a prioridade era mesmoconquistar a liberdade de dizer o quequeríamos dizer, de existir, de conviver, decantar o que nos apetecesse cantar,inclusive o pimba. Hoje, as prioridades sãooutras. Vivemos numa situação de absolutadesigualdade e iniquidade, o empregonunca foi tão precário, as diferençassalariais nunca foram tão acentuadas,muito por força desta nova Europa. Bastaolhar para este exemplo extremamentegrosseiro e obsceno que está a acontecercom a Grécia, só porque se atreveram a ser,como dizia o Zeca, a «formiga que vai emsentido contrário». Esta Europademocrática, afinal, não é democrática,temos todos que vestir de maneira igual eter ideias engravatadas como aquelessenhores têm”, dispara, irritado, deixandoum apelo a que os cidadãos em geral, e oscantores e poetas, em particular, assumamem pleno a sua cidadania.

O problema é que, de acordo com aexperiência de Afonso Dias, nem todos oscidadãos querem reconhecer os problemascom que se debatem no dia-a-dia, quantomais confrontá-los. “É a tal história dumasérie de meninos que estão a ajudar umavelhinha a atravessar a rua e ela, afinal, nãoqueria atravessar a rua. Não temos queforçar as pessoas a fazer nada, mas temos aobrigação de lhes dizer o que achamos sermais correto. Não tenho nada contra o TonyCarreira, mas aquilo que ele faz é umainutilidade divertida. Eu não faço isso, oZeca também não faria, nem o ManuelFreire ou o Francisco Fanhais. Assim como oPaco Ibáñez, o Sílvio Rodrigues, o PabloMilanés, o Chico Buarte também não sesubmetem àquilo que é o senso comum dequerer ser muito rico”.

O RISCO DE IR VIVERPARA A PAISAGEM

Fruto de ter sofrido na pele as dificuldadese injustiças do tempo da ditadura, AfonsoDias não consegue, pura e simplesmente,virar a cara ao que acontece de menos

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bonito no país e, verdade seja dita, não vaimuito à bola com aqueles que o fazem comtoda a naturalidade do mundo, comopercebemos pelo tom de voz mais forte comque aborda estes assuntos. “Se vires alguéma maltratar uma criança, tens que intervirimediatamente. Cidadania não é ficarindiferente sabendo como se vive ali naHorta da Areia, em Faro. A indiferença é omais reles dos sentimentos, o olhar para olado, o fingir que não vê, o não se interessarpelo que está mal”, desabafa, revoltado,acrescentando, porém, que as músicas quefaz não são necessariamente tristes.

Se antes do 25 de Abril se cantou pelaliberdade, depois da Revolução dos Cravos,

Afonso Dias e outros cantavam pelaconstrução da democracia, teve umaatividade política mais intensa e organizadae chegou a ser deputado na primeiraAssembleia Constituinte. “Fundei, com oTino Flores, o Fausto e o José Mário Branco,o Grupo de Ação Cultural, que durou até1978 e produziu quatro álbuns quecontinuam a ser uma referência musical. Sódepois disso é que gravei o primeiro disco asolo, «O que vale a pena», curiosamentecom duas canções cujos versos foramescritos pela Hélia Correia, que ganhouagora o Prémio Camões”, conta.

Em 1984, Afonso Dias ruma ao sul,reconhecendo que sair de Lisboa foi um risco

porque, após um raio de 20quilómetros da grandemetrópole, Portugal épaisagem, com exceção feita aoPorto. “O resto do país só énotícia quando há algumdesastre grave ou, no Verão,quando o pessoal de Lisboavem de férias para o Algarve.Se perguntar o que está aacontecer na Pampilhosa daSerra ou em Macedo deCavaleiros, ninguém sabe.Houve alguma informaçãosobre o Festival MED porqueestava lá o Edgar Canelas afazer programação para aAntena 1. E o Salir do Tempo?Os Dias Medievais de CastroMarim? E estou a falar deeventos já de algumadimensão”, questiona, semproblemas em afirmar quehouve períodos da sua vida emque teve que desempenharoutras tarefas que nada tinhamque ver com cultura, porquetinha filhos para criar. “Masnunca deixei de escrever, defazer música e de estardisponível para ir cantar oudizer poesia onde souconvocado, e têm sidomilhares as coisas que tenho

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feito dessas. Tambémtenho dois livros depoesias e outros decrónicas editados”.

Chegado ao Algarvequando a região estava a«explodir» para oturismo, Afonso Diasdepressa se apercebeuque a opção dosresponsáveis camaráriose dos promotores deeventos era apostarforte em festivaisdurante o Verão,normalmente à base deartistas de outros pontosdo país ou estrangeiros,e pouco acontecia noresto do ano. “No entanto, há cultura noAlgarve ao longo de todo o ano, e atividadedinamizada pelos municípios, uns mais emelhor, outros menos e menos bem, só quenão são notícia. Também não é justo dizerque o Algarve era um deserto cultural nadécada de 80 e depois foram sendo criadosdiversos equipamentos, entre centrosculturais, auditórios e teatros municipais,que possibilitaram a realização deespetáculos com artistas de fora da região.Eu não tenho nada contra aquilo que vemde Lisboa, lamento é que daqui não vá nadapara Lisboa. Quantas vezes é que ouvimosmúsica feita no Algarve nas rádiosnacionais? Ouviu-se há uns anos os «Entre-Aspas» com a Viviane e os Íris quandofizeram o «Ó mãe, aquele moço bateu-me»,e pouco mais”, aponta o entrevistado, nãose lembrando de muitos mais artistas queconseguiram dar o salto.

Uma realidade pouco colorida que asassociações tentam contrariar com os seuslimitados recursos, sabe Afonso Dias porexperiência própria, pois já desempenhoucargos diretivos na Associação MÚSICA XXI eagora faz parte da «Bons Ofícios». “AsDireções Regionais de Cultura e as CâmarasMunicipais não têm que fazer cultura, têm éque criar as condições para que os agentesculturais possam trabalhar e apresentar os

seus produtos culturais. Por isso, asassociações têm um papel muitoimportante na aproximação dos artistas unsdos outros”, reconhece o poeta e cantor,enaltecendo o esforço de algumasautarquias e juntas de freguesia em teremos seus próprios programas culturais, aindaque não concorde sempre com a escolha dosartistas. “Não me lembro, por exemplo, daViviane alguma vez ter atuado no Festivaldo Marisco, ou dos Íris, no palco principal,que são de Olhão. Aposta-se na prata dacasa onde? Eu não me queixo porque sou,talvez, dos que mais trabalho regular temcom as bibliotecas, as escolas e as câmarasmunicipais, mas não é isso que se passacom os meus colegas, seja de que expressãoartística for. Agora, deixou de haverdinheiro e só se contratam artistas para osfestivais que têm receitas presumidamentegarantidas. No resto dos eventos, osartistas não vêm receber cachets, ficamcom a bilheteira”, esclarece.

VAMPIRISMO MEDIÁTICOGERA DESLEIXO MENTAL

Já lá vai o tempo das vacas gordas, agorahá que apertar o cinto e gastar dinheiro deforma criteriosa e segura, mas isso não

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significa que haja uma maior articulação ecoordenação entre os programadoresculturais dos diversos concelhos algarvios,com eventos a acontecer nos mesmos diasem cidades vizinhas e a roubar clientes unsaos outros. “É a concorrência bairrista afazer com que todos queiram ter umfestival melhor que os outros e não achoque fosse complicado juntar essesprogramadores para haver entendimentosbenéficos para todos. Claro que, quando hánegociações, há cedências, mas podiamentender-se minimamente”, consideraAfonso Dias, que fica com um sorriso noslábios quando questionado sobre osconcursos televisivos e as estrelas quenascem de um dia para o outro. “Umagrande parte das estrelas que observamosno espaço à noite já morreramprovavelmente há milhões de anos,portanto, a luz que nos chega é de umcorpo que já não existe há muito tempo.Sobre os concursos televisivos, contamospelos dedos de uma mão, e ainda sobramdedos, quantos desses concorrentescontinuam ativos e a ter trabalho. É a Sara

Tavares e o João Pedro Pais e mais quem? Emuitos deles tinham imensa qualidade.Tudo isto é bastante efémero. Os artistassão fabricados pelas editoras, que cada vezinvestem menos em música portuguesa e sónaquilo que acham que vai resultar”.

Afonso Dias dá o exemplo concreto do quese passa, de há uns anos para cá, com asfadistas e nunca mais esqueceu umaexpressão que ouviu - «fadistas de aviário».“E há umas quantas em que isso é verdade.Aprenderam uns gargarejos da Amália e tal,a rádio promove, a FNAC poe-se a jeito parareceber espetáculos à borla e assim secriam artistas. As televisões já nem têmprodução interna, vivem de produtoresexteriores que trazem tudo feito e quemnão aparece nestes sítios, ou é esquecido,ou nem sequer chega a ser lembrado”,analisa. “É um vampirismo mediáticoperfeitamente inconsequente e maldoso.Aquelas pessoas, de facto, são só para usare deitar fora. E o que se ouve cantado emportuguês na televisão pública, paga com odinheiro dos contribuintes, e nas privadas, émúsica pimba. Nem sequer é música das

FOTOGRAFIA: TELMA VERÍSSIMO

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regiões onde realizam os programas”,acusa.

Tudo isto leva a um desleixo mentalpreocupante na ótica de Afonso Dias,alertando que um povo menos culto é maissuscetível de ser vandalizado e manipulado.“Há uma política oficial assumida, se calharnão diretamente pelo governo, para que asrádios, com alguma exceção da Antena 1,criem um ambiente de excessiva facilidade.Eu não quero que se ande a preocupar aspessoas, mas gostava que elas estivessem

um pouco mais conscientes dos seusdireitos e deveres, que podem refilar numafila se alguém lhes passar à frente. Onde hámais cidadania há mais progresso”, garante,aproveitando o facto da conversa se realizarnuma biblioteca para lembrar que, em maisde 60 por cento dos lares portugueses, nãoexiste um único livro.

Apesar disso, o entrevistado defende queos artistas não podem baixar os braços, poisé uma realidade universal que a maior partedas pessoas não estão preocupadas com osaspetos culturais. “Mas há consumidores deópera, de ballet, de música e teatro detodos os tipos, portanto, temos a obrigação

de criar um clima em que as pessoas, seestiverem interessadas, tenham produtospara consumir. E há sempre malta nova apôr-se em sentido contrário, a estudarmúsica, a tocar bastante bem, a explorarvárias áreas, a envolver-se com asassociações, além de que eu, pessoalmente,também tenho ainda muita coisa para fazer.Tenho mais discos para gravar, um livropara publicar no final do ano, não há idadede reforma para estas coisas da cultura”,afiança, não concordando com as críticas

que se fazem à nova geração por ser maisindependente e materialista e pouco dada acontribuir para a sociedade e para o bem-estar do vizinho do lado. “Esta malta novade agora é igual à malta nova de quando eutinha a idade deles. Os conflitos de geraçãoe as crises são transversais a todas asépocas e vão continuar a existir com outrosingredientes. Hoje, é a tecnologia, é tudodigital, mais facilitado por um lado, maisconfuso por outro, mas Portugal temevoluído bastante. Há malta nova a estudare a trabalhar bem e que a direção destepaís, infelizmente, não merece” .

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ATÉ DIA 28 DE AGOSTO, 32 jovens doPrograma Municipal «Tavira-Férias Ativas»estão responsáveis pela abertura de 15 igrejas.As igrejas Matriz de Santiago, do antigoConvento de Nossa Senhora da Ajuda (ou deSão Paulo), da Ordem Terceira de NossaSenhora do Carmo, Matriz de Santa Maria doCastelo, de Nossa Senhora do Livramento, daVenerável Ordem de São Francisco, de SãoJosé, da Misericórdia, do Antigo Convento deSanto António dos Capuchos, de São PedroGonçalves Telmo (Igreja de Nossa Senhora dasOndas), as ermidas de São Sebastião, Santa Anae as capelas de Nossa Senhora da Piedade, deNossa Senhora da Consolação poderão assimser visitadas, de segunda a sexta-feira, das

10h15 às 12h30 e das 14h30 às 18h, à exceçãoda Igreja Matriz de Santa Maria do Castelo,que encerra pelas 17h30.

São parceiras neste programa as seguintesentidades: Fábrica da Igreja Paroquial deSanta Maria do Castelo, Fábrica da IgrejaParoquial de Santiago, Ordem Terceira deNossa Senhora do Monte do Carmo, OrdemFranciscana Secular de Tavira e Santa Casa daMisericórdia de Tavira. O «Tavira-FériasAtivas», destinado a proporcionar oaproveitamento dos tempos livres dos jovensno período de pausa escolar do verão,proporciona a abertura das igrejas comoforma de valorização do património religiosodo concelho .

FÉRIAS ATIVAS EM TAVIRAPOSSIBILITAM ABERTURA DAS IGREJAS

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O «CENAS NA RUA» – FESTIVALINTERNACIONAL DE TEATRO E ARTES NA RUAsurgiu em 2005, apostando na diversidadeartística e inovação com a apresentação deespetáculos de teatro, novo circo, magia,poesia e música, intervenções gastronómicas,entre outros. Durante 11 noites, entre 3 e 13de julho, mais de 15 mil pessoas de todas asidades e nacionalidades assistiram a trabalhosde referência já apresentados em festivaiseuropeus, a algumas estreias nacionais, assimcomo a projetos não tão conhecidos.

A ampla adesão do público a este Festival foiconseguida, este ano, com a colaboração dosCie. Barolosolo (França); da Vaiven Circo(Espanha) com os seus espetáculos

performativos e de novo circo; da RIZOMALAB/Palato com a gastronomia na paisagem eno património; das divertidas apresentaçõesdo Teatro Regional da Serra de Montemuro edo «Ao Luar Teatro»; do Teatro do Mar com oseu imaginário marítimo e universo cénicomitológico; da magia dos Aliskim & Luna(Espanha); da música para os mais novos,trazida pela cantora Luísa Sobral; da«Armação do Artista» e «A Oficina deGuimarães» em performance teatral conjunta;da poesia portuguesa declamada por Vítor deSousa acompanhado pela guitarra de LuísaAmaro e, no encerramento, dos Marabuntade Guillem Albà & The All In Orchestra(Espanha) .

CENAS NA RUA LEVARAMMAIS DE 15 MIL PESSOAS A TAVIRA

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A PRAIA DA FÁBRICA, também conhecida porpraia de Cacela Velha, situada no concelho deVila Real de Santo António, foi considerada,pela versão espanhola da revista «Condé NastTraveler» como uma das 15 melhores domundo. Esta zona balnear, situada noSotavento do Algarve, foi distinguida ao lado depraias como Riviera Maia (México), Capri(Itália) ou Ilha da Páscoa(Chile).

Descrita pela revistacomo um dos locais ondese pode contemplar umdos melhoresentardeceres do mundo,são também feitos elogiosà gastronomia local ereferida a oportunidadede ali poderem serdegustadas as conquilhase ostras do Parque Naturalda Ria Formosa. No artigoda jornalista Sara Morillonão são poupados elogiosà vila de Cacela Velha, cuja

importância patrimonial e naturallevou a autarquia de VRSA acandidatá-la à Lista Indicativa doPatrimónio Mundial da Unesco. Arevista destaca ainda o «peculiar»acesso à praia, feito através de umapequena embarcação que conduz osvisitantes «até uma ilha deserta deareias brancas e margens infinitas».

Acessível apenas por uma curtaviagem de barco ou a pé, pelo sapal,na maré baixa, a praia da Fábricaestá situada na península de Cacelae marca o início da Ria Formosa.Caracteriza-se pela sua grandeextensão, pelas águas tépidas ecalmas durante o período estival e

pela beleza das suas paisagens. A suaqualidade e diversidade ambiental levaramrecentemente a associação Quercus aclassificá-la com «Qualidade de Ouro». Em2009, a praia de Cacela Velha foi tambémconsiderada pelo prestigiado jornal «TheGuardian» como uma das dez melhores praiasda Europa para a prática de caminhadas .

PRAIA DA FÁBRICA ELEITAUMA DAS MELHORES DO MUNDO

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O MUNICÍPIO DE VILAREAL DE SANTO ANTÓNIOestá a implementarsombreamentos aéreos nasruas pedonais do CentroHistórico, dinamizando asáreas comerciais e derestauração e trazendomaior conforto a residentese visitantes. Esta é mais umamedida inserida no projetoJessica, através do qual estáa ser desenvolvida a maioroperação de sempre derequalificação da zonahistórica de VRSA. No total,serão instalados 12 módulosde sombreamento, divididos entre as ruasTeófilo Braga e 5 de Outubro. “Este projetorepresenta mais um passo na modernizaçãodo Centro Histórico, adaptando-o àsnecessidades dos seus habitantes e visitantes,mas mantendo um sério compromisso com opatrimónio da cidade”, frisa Luís Gomes,presidente da Câmara Municipal de Vila Real deSanto António.

Para se integrarem com a arquiteturapombalina, as estruturas de sombreamentosão concebidas em cores neutras e seguem olayout do mobiliário urbano da cidade, cujasesplanadas, todos, papeleiras e sinalética jápossuem uma imagem uniformizada,valorizando o espaço público e a áreaclassificada como Centro Comercial a CéuAberto de VRSA. “Esta é mais uma ação depromoção e requalificação do Centro Históricoonde, nos últimos dois anos, investimos maisde um milhão e meio de euros, medida que jáfoi reconhecida pela Unesco, querecentemente convidou VRSA a candidatar-seà Lista Indicativa do Património Mundial”,destacou o autarca.

Por outro lado, o projeto de sombreamentointegra-se na estratégia de reestruturação da

dinâmica e da imagem da cidade,contribuindo para a promoção do comérciolocal e para o crescimento económico. Paraminimizar o impacto visual, cada módulo desombreamento possui um sistema de fixaçãode contacto limitado com os edifícios, o quepermite a remoção das telas durante operíodo de inverno. As intervençõesdesenvolvidas em VRSA ao abrigo da IniciativaComunitária Jessica – destinada a apoiar areabilitação e regeneração dos centrosurbanos em Portugal - estão em marchadesde abril de 2013 e deram origem à criaçãoda marca «VRSA a Céu Aberto», através daqual estão a ser levadas a cabo todas as açõesao nível económico, turístico, patrimonial ecultural.

Na sua globalidade, espera-se que esteconjunto de planos, gerido pela empresamunicipal SGU, potencie novos nichos demercado e crie um ambiente atrativo aoinvestimento imobiliário e turístico no centrohistórico de VRSA, já protegido por um Planode Salvaguarda e por uma Área deReabilitação Urbana .

CENTRO HISTÓRICO DE VRSA MAIS FRESCO

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O PESTANA HOTEL GROUP acabade alargar o seu portfólio deunidades na região do Algarve coma abertura do Pestana Alvor SouthBeach já no início do mês de Agosto.A nova unidade resulta de uminvestimento de oito milhões deeuros e localiza-se a menos de 100metros da linha de água, numaposição única e privilegiada emAlvor.

O Pestana Alvor South Beachpretende tornar-se numa referênciados hotéis da região, quer pela sualocalização, quer pelas novidadesnos seus equipamentos e serviços,tudo isto aliado à tradição hoteleira e aoprofissionalismo das equipas Pestana doAlgarve, reforçando a operação do Grupo naregião. “O Pestana Alvor South Beach resultade uma aposta do Grupo em trazer maiormodernidade e inovação à região. Oinvestimento nesta nova unidade traduz acapacidade contínua e o dinamismo doPestana Hotel Group em continuar a investirno nosso país e a reforçar a sua oferta”, frisaPedro Lopes, Corporate Regional Director noAlgarve.

A nova unidade é o resultado darequalificação de uma estrutura inacabada queremonta à já extinta Torralta, e aos anos 70. OPestana Hotel Group concretizou o desafio derecuperar o edifício, dando continuidade aoesforço de requalificar a zona e o resultado éuma unidade onde a contemporaneidade, odesign e o reduzido impacto visual sãocaracterísticas predominantes. Classificadocom 4 estrelas, o Pestana Alvor South Beachconta com 79 unidades de alojamento dasquais 57 são suites, com vista sobre a praia,três piscinas exteriores, um bar e um

restaurante. Projetado para usufruir aomáximo da sua localização e com acessodireto à praia, a nova unidade foi inspirada noespírito de praia típico de South Beach, emMiami, nos EUA, onde o grupo possui e gere oPestana South Beach, um art deco boutiquehotel.

Os hóspedes que optarem pelo PestanaAlvor South Beach podem ainda usufruir deum conjunto de atividades e serviços dasunidades Pestana circundantes: Golfe – comacessos privilegiados e descontos especiaisnos campos de golfe Pestana: Alto Golfe, Valeda Pinta, Gramacho, Silves e Vila Sol. Osclientes podem também usufruir no local deMini-Golfe, Ténis, Parque Aquático, DesportosNáuticos, Mergulho ou Snorkeling, que sãoalgumas das muitas atividades ao dispor naregião, garantia de estadias inesquecíveis paratodas as idades. Com a abertura deste novohotel são já seis as unidades do Pestana HotelGroup em Alvor, contabilizando um total de12 unidades no Algarve, o equivalente a maisde três mil camas na região .

PESTANA HOTEL GROUPABRE NOVO HOTEL NO ALGARVE

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