48

Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Livro publicado pela Editora Rubio em 2010 e destinado à área de Nutrição

Citation preview

Page 1: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Alimentos Funcionais.indd 1Alimentos Funcionais.indd 1 21/5/2010 17:54:4121/5/2010 17:54:41

Page 2: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos
Page 3: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos
Page 4: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Editoras

Neuza Maria Brunoro Costa

Professora-Associada da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

Nutricionista, Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.

Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela University of Reading, Inglaterra.

Pós-Doutorado em Biodisponibilidade de Minerais pela Purdue University e Colorado University, EUA.

Professora-Associada da UFV, MG (1992 a 2009).

Carla de oliveira Barbosa rosa

Professora Titular do Centro Universitário Newton Paiva, MG.

Nutricionista, Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG

Doutora em Bioquímica Agrícola pela UFV, MG.

Professora-Assistente e Coordenadora do Curso de Pós-Graduação do Centro Educacional São Camilo (CEDAS), SP (1998 a 2009).

Nutricionista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) (1995 a 2000).

Page 5: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Copyright © 2010 Editora Rubio Ltda.

ISBN 978-85-7771-066-9

Todos os direitos reservados.É expressamente proibida a reproduçãodesta obra, no todo ou em partes,sem a autorização por escrito da Editora.

Produção e CapaEquipe Rubio

Editoração EletrônicaRedb Style Produções Gráficas e Editorial Ltda.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Alimentos funcionais – componentes bioativos e efeitos fisiológicos / Neuza Maria Brunoro Costa, Carla de Oliveira Barbosa Rosa, editoras. – Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2010.

Inclui bibliografia ISBN 978-85-7771-066-9

1. Alimentos funcionais. 2. Dietoterapia. I. Costa, Neuza Maria Brunoro. II. Rosa, Carla de Oliveira Barbosa.

CDD 613-2

Editora Rubio Ltda.Av. Churchill, 97 sala 203 – Castelo20020-050 – Rio de Janeiro – RJTelefax: 55 (21) 2262-3779 • 2262-1783E-mail: [email protected]

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

Page 6: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Ao amor incondicional dos meus filhos, José Paulo e Lia.Ao carinho do esposo Eduardo e de minha mãe Irene.

Neuza Maria Brunoro Costa

Aos amores da minha vida:Minhas filhas, Mariana e Ana Carolina.

Meus pais, Geraldo e Francisca.Meu esposo, José Francisco.

Carla de Oliveira Barbosa Rosa

Dedicatória

Page 7: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

ADELSON LUIS ArAújO TINOCO

Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).Mestre em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).Doutor em Ciência Animal pela UFMG.Professor Visitante da University of Kentucky (UK), EUA.Professor-Associado da Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.

ALDA jUSCELINE LEONEL

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Alimentos e Nutrição pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), SP.Doutoranda em Bioquímica e Imunologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

ALINE COSTA E SILvA

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFV, MG.

ALISA MOrI

Professora do Department of Foods and Nutrition da Purdue University, EUA.

ANA CArOLINA PINhEIrO vOLP

Nutricionista pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).Especialista em Terapia Nutricional pela UFPR.Especialista em Administração em Marketing pela Fundação de Estudos Sociais do Paraná

(FESP).Mestre em Ciência da Nutrição pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFV, MG.

Colaboradores

Page 8: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

ANA CrISTINA rOChA ESPESChIT

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Ciência da Nutrição pela UFV, MG.

ANDré GUSTAvO vASCONCELOS COSTA

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Ciência da Nutrição pela UFV, MG.Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFV, MG.

ANGéLICA ThOMAz vIEIrA

Graduada em Ciências Biológicas pelas Faculdades Metodistas Integradas Isabela Hendrix, MG.

Mestre em Bioquímica e Imunologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).Doutoranda em Imunologia pela UFMG.

ANTôNIA MArIA DE AqUINO

Gerente de Produtos Especiais – GPESP, Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa.

CéLIA LúCIA DE LUCES FOrTES FErrEIrA

Graduada em Ciências Domésticas pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Ciência de Alimentos pela University of Wisconsin, EUA.Doutora em Ciência de Alimentos pela Oklahoma State University, EUA. Professora da UFV, MG.

ChrIS MELBy

PhD Loma Linda University, Department of Food Science and Human Nutrition, Nutrition and Metabolic Fitness Laboratory, Colorado State University, Fort Collins, CO, USA.

CrISTIANE GONçALvES DE OLIvEIrA FIALhO

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Ciência da Nutrição pela UFV, MG.Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFV, MG.

DAMIANA DINIz rOSA

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Ciência da Nutrição pela UFV, MG.Doutoranda em Ciência da Nutrição pela UFV, MG.

Page 9: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

DIrCE OLIvEIrA rIBEIrO

Nutricionista pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), MG.Mestre em Ciência dos Alimentos pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), MG.Doutora em Ciências (Bioquímica) pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora Adjunta do Curso de Nutrição da UFMG.

ELIANE LOPES rOSADO

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFV, MG.Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFV, MG.Professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

FABIANA CArvALhO rODrIGUES

Tecnóloga em Laticínios pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Agroquímica pela UFV, MG.Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFV, MG.

hELEN hErMANA MIrANDA hErMSDOrFF

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Ciência da Nutrição pela UFV, MG.Mestre em Nutrição e Metabolismo e Doutoranda em Fisiologia, Alimentação e Saúde pela

Universidad de Navarra (UNAV), Espanha.

ITzIAr ABETE

Nutricionista pela Universidad de Navarra, Espanha.Tecnóloga de Alimentos pela Universidade do País Vasco, Espanha. Doutora em Fisiologia e Nutrição pela Universidad de Navarra, Espanha. Colaboradora em Investigação (Categoria Doutor) do Departamento de Ciências da

Alimentação, Fisiologia e Toxicologia da Universidad de Navarra, Espanha.

jACqUELINE PONTES MONTEIrO

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Ciências da Nutrição pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), SP.Doutora em Patologia Clínica pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), MG.

jACqUELINE ISAUrA ALvArEz LEITE

Médica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).Especialista em Nutrição pela Universidade de São Paulo (USP).Doutora em Bioquímica e Imunologia pela UFMG.Pós-Doutorado em Bioquímica da Nutrição pela UFMG.Professora do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.

Page 10: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

jOrGE MANCINI-FILhO

Mestre em Ciência dos Alimentos pela Universidade de São Paulo (USP).Doutor em Ciência dos Alimentos pela USP.Professor Titular da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP.

jOSé ALFrEDO MArTíNEz

Farmacêutico pela Universidad de Navarra, Espanha. Doutor em Fisiologia e Nutrição pela Universidad de Navarra, Espanha. Pós-Doutorado pelo Departamento de Bioquímica e Nutrição Aplicada da Universidade de

Nottingham, Inglaterra. Professor Catedrático em Nutrição e Bromatologia e Diretor-Geral do Programa de Mestrado

Europeu em Nutrição e Metabolismo do Departamento de Ciências da Alimentação, Fisiologia e Toxicologia da Universidad de Navarra, Espanha.

jOSé hUMBErTO DE qUEIrOz

Engenheiro de Alimentos pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Engenharia de Alimentos pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), SP.Doutor em Microbiologia/Biotecnologia pelo Institut National Des Sciences Appliquees de

Toulouse, França.Professor-Associado do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da UFV, MG.

jOSé MArCOS DE BOUrBON GONTIjO MANDArINO

Farmacêutico-Bioquímico pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Pesquisador B da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Soja.

jOSEFINA BrESSAN

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Microbiologia Agrícola pela UFV, MG.Doutora em Fisiologia e Nutrição pela Universidad de Navarra, Espanha.Professora-Associada do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da UFV, MG.

jULIANA LAUAr GONçALvES

Nutricionista pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), MG.Mestre em Ciências de Alimentos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).Doutoranda em Bioquímica e Imunologia pela UFMG.

júNIA MArIA GErALDO

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Ciência da Nutrição pela UFV, MG.

Page 11: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

LUCíA DE LOS ÁNGELES rAMírEz CÁrDENAS

Farmacêutica Bioquímica pela Universidad Central del Ecuador (UCE).Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFV, MG.Professora da Universidad San Francisco de Quito (USFQ), Equador.

LUCIANA MArqUES CArDOSO

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Bioquímica Agrícola pela UFV, MG.Doutoranda em Bioquímica Agrícola pela UFV, MG.

MAríA ÁNGELES zULET

Farmacêutica e Doutora em Fisiologia e Nutrição pela Universidad de Navarra, Espanha. Pós-Doutorado pelo Departamento de Pediatria da Universidade Kinderklinik de Ulm,

Alemanha. Professora Titular e Coordenadora do Programa de Mestrado Europeu em Nutrição e

Metabolismo do Departamento de Ciências da Alimentação, Fisiologia e Toxicologia da Universidad de Navarra, Espanha.

MArIA DO CArMO GOUvEIA PELUzIO

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Agroquímica pela UFV, MG.Doutora em Bioquímica e Imunologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).Professora-Adjunta do Departamento de Nutrição e Saúde da UFV, MG.

MATThEw h. hICkEy

PhD Ball State University, Department of Food Science and Human Nutrition, Nutrition and Metabolic Fitness Laboratory, Colorado State University, Fort Collins, CO, USA.

MIrIAM APArECIDA PINTO vILELA

Farmacêutica-Bioquímica pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), MG.Mestre em Ciência e Tecnologia de Laticínios pela Universidad Austral de Chile.Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Professora-Associada da Faculdade de Farmácia e Bioquímica da UFJF, MG

MONISE vIANA ABrANChES

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Ciência da Nutrição pela UFV, MG.Doutoranda em Biologia Celular pela UFV, MG.

Page 12: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

PATríCIA AFONSO DE ALMEIDA BITTENCOUrT

Nutricionista pela União Social Camiliana (USC), SP.Especialista em Nutrição Clínica Funcional pela Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL),

SP.Professora da Faculdade União de Goyazes (FUG), GO.

PAULA AzAMBUjA rIBEIrO

Nutricionista pela Universidade de Marília, SP.Especialista em Administração e Marketing pelo Centro Universitário Moura Lacerda –

Ribeirão Preto, SP.Diretora da Personal Health Nutrição Personalizada – Ribeirão Preto, SP.

PAULO CéSAr STrINGhETA

Agrônomo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFV, MG.Doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP), SP.Professor Titular da UFV, MG.

rALF GrEINEr

Pesquisador do Department of Food Technology and Bioprocess Engineering, Max Rubner-Institute, Federal Research Institute for Nutrition and Food, Haid-und-Neu-Strasse Karlsruhe, Alemanha.

rEGIANE LOPES DE SALES

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Ciência da Nutrição pela UFV, MG.Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFV, MG.

rENATA NASCIMENTO DE FrEITAS

Nutricionista pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), MG.Mestre em Bioquímica e Imunologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).Doutora em Bioquímica e Biologia Molecular pela UFMG.Professora da UFOP, MG.

rIChArD D. MATTES

Graduado em Biologia, Licenciado em Nutrição, pela University of Michigan, EUA.Mestre em Nutrição e Saúde Pública pela Michigan School of Public Health, EUA.PhD em Nutrição Humana pela Cornell University, EUA.Professor do Department of Foods and Nutrition da Purdue University, EUA.

Page 13: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

rITA DE CÁSSIA GONçALvES ALFENAS

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Microbiologia Agrícola pela UFV, MG.Doutora em Nutrição pela Purdue University, EUA.Professora da UFV, MG.

rOzEANE MArTINS DA CrUz

Nutricionista pelo Centro Universitário UNA, MG.

SôNIA MAChADO rOChA rIBEIrO

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Especialista em Nutrição Clínica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) –

Instituto de Nutrição Josué de Castro.Mestre em Ciências Biológicas (Bioquímica) pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).Doutora em Bioquímica Agrícola pela UFV, MG.Professora da UFV, MG.

STACy SChMIDT

PhD Colorado State University, Department of Food Science and Human Nutrition, Nutrition and Metabolic Fitness Laboratory, Colorado State University, Fort Collins, CO, USA.

TALITA MAyrA r. FErrEIrA

Nutricionista pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), MG.Especialista em Nutrição Clínica pela GANEP – Nutrição Humana.Mestre em Ciências de Alimentos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutoranda em Medicina (Gastrenterologia) pela UFMG.

TâNIA TOLEDO DE OLIvEIrA

Graduada em Química pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Agroquímica pela UFV, MG.Doutora em Ciências pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).Professora da UFV, MG.

TANUS jOrGE NAGEM

Farmacêutico pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).Especialista em Controle Químico de Medicamentos e Análise de Alimentos pela UFMG.Doutor em Química pela UFMG.Professor Adjunto da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), MG.

Page 14: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

vANESSA PATrOCíNIO DE OLIvEIrA

Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG.Mestre em Ciência da Nutrição pela UFV.

wIM vAN DOkkUM

TNO – Nutrition and Food Research Institute, Holanda.

Professor Visitante da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Page 15: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Nos últimos anos, os alimentos funcionais têm sido discutidos em eventos científicos de âmbitos nacional e internacional nas áreas de Nutrição, Alimentos e Saúde. A diversi-dade de compostos bioativos presentes nos alimentos e a ampla aplicação terapêutica destes justificam a inesgotável busca por conhecimentos relativos às propriedades fisio-lógicas ou funcionais.

O consumidor está preocupado não somente em satisfazer às suas necessidades bá-sicas, como também tem optado por práticas alimentares mais sustentáveis e saudáveis e que possam, entre outros benefícios, diminuir o risco de doenças crônicas não trans-missíveis, como obesidade, câncer, osteoporose, dislipidemias e as condições associadas à síndrome metabólica.

O profissional de Nutrição e demais áreas da Saúde busca continuamente formas de traduzir os conhecimentos científicos em práticas terapêuticas aplicáveis à prescri-ção alimentar e nutricional de seus pacientes, ao passo que a comunidade científica investiga continuamente os efeitos e os possíveis mecanismos de ação dos compostos bioativos dos alimentos.

A explanação dos conhecimentos científicos em uma linguagem acessível e compreen- sível aos profissionais é o objetivo desta obra, em que autores renomados expõem, de maneira sintética e, ao mesmo tempo, abrangente e atualizada, suas próprias experiên-cias, bem como dados fundamentados cientificamente acerca dos efeitos dos alimentos funcionais.

Os diversos aspectos relacionados com esses alimentos encontram-se em permanen-te discussão e pesquisa, mas, sem dúvida, o leitor encontrará aqui informações úteis e cientificamente fundamentadas nos capítulos que tratam dos efeitos fisiológicos das fibras alimentares, das vitaminas antioxidantes, dos probióticos e prebióticos, dos fla-vonoides, do butirato, dos corantes naturais, da soja, do feijão, do yacon, do quefir, das oleaginosas, entre outros. As implicações dos alimentos funcionais na osteoporose,

Apresentação

Page 16: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

na obesidade, no controle do apetite, no câncer, nas dislipidemias e na síndrome me-tabólica são também abordadas com propriedade, assim como a regulamentação dos alimentos funcionais no Brasil.

Desejamos aos estudantes e profissionais da área que este livro possa contribuir, di-reta e indiretamente, para incentivar e aprimorar as práticas em Nutrição e Saúde e para promover o bem-estar e a melhor qualidade de vida da população em geral.

Neuza Maria Brunoro CostaCarla de Oliveira Barbosa Rosa

Page 17: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

O aumento da expectativa de vida aliado à incidência cada vez maior de doenças crôni-cas, como obesidade, aterosclerose, hipertensão, osteoporose, diabetes e câncer, levou à maior preocupação por parte da população e dos órgãos públicos de saúde com ênfase na promoção de práticas alimentares mais saudáveis. O papel da alimentação equilibrada em prol da saúde vem despertando o interesse da comunidade científica, que tem produzido inúmeros estudos com o intuito de comprovar a influência de de-terminados alimentos na redução do risco de doenças crônicas não transmissíveis. Na década de 1980, no Japão, foram desenvolvidos estudos sobre alimentos que, além de satisfazerem às necessidades nutricionais básicas, desempenhavam efeitos fisiológicos benéficos. Após longo período de trabalho, em 1991, essa categoria de alimentos foi re-gulamentada, recebendo a denominação de “Foods for Specified Health Use” (FOSHU), cujo equivalente em português é “Alimentos Funcionais”.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) define propriedade fun-cional e propriedade de saúde e estabelece as diretrizes, bem como as condições para utilização e registro de alimentos com alegação de propriedade funcional e/ou de saúde.

O advento desses novos produtos que trazem um “algo mais”, além dos nutrien-tes já conhecidos, influenciou muitos pesquisadores que direcionaram suas pesquisas no sentido de encontrar soluções para os altos custos do tratamento de determinadas doenças, de avançar nos conhecimentos da relação entre a alimentação e o binômio saúde/doença e de atender aos interesses econômicos da indústria de alimentos. Tendo em vista esses objetivos, esta obra apresenta informações conceituais sobre os alimentos funcionais, assim como suas interfaces de aplicações no câncer, na obesidade, na osteo- porose, na síndrome metabólica e em doenças cardiovasculares. Aqui enfatiza-se a im-portância científica dos fatores antinutricionais, das vitaminas antioxidantes, das fibras alimentares, dos probióticos, prebióticos e simbióticos, dos flavonoides e fitoestrógenos e de outros compostos bioativos presentes nos alimentos, como feijão, linhaça, yacon e oleaginosas, para a saúde humana.

Prefácio

Page 18: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

O estudo dos alimentos funcionais tem sido o foco de atenção de muitos pesquisa-dores em evidência, nacional e internacionalmente. Os renomados colaboradores que prestigiaram esta obra são profissionais ligados à Nutrição, com publicações de vasta abrangência em conferências e revistas internacionais. Este livro representa, sem dúvida, um incentivo ao desenvolvimento de novos grupos de pesquisa e à atualização de pro-fissionais que trabalham com a saúde humana.

Josefina Bressan

Professora-Associada III do Departamento de Nutrição e Saúde daUniversidade Federal de Viçosa (UFV), MG.

Professora Visitante da Universidad de Navarra (UNAV), Espanha.

Page 19: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Parte I alImentos e comPostos bIoatIvos com ProPrIedades funcIonaIs

1 Alimentos Funcionais: histórico, Conceitos e Atributos .................... 3Introdução ...............................................................................................................3Alimentos funcionais no Brasil .................................................................................4Considerações finais ................................................................................................7Referências ..............................................................................................................7

2 Legislação Brasileira sobre Alimentos “Funcionais” ....................... 9Introdução ...............................................................................................................9Legislação brasileira ..............................................................................................11Registro .................................................................................................................12Novos alimentos ....................................................................................................12Substâncias bioativas e probióticos isolados .........................................................12Alimentos com alegações de propriedades funcionais e/ou de saúde ...................13Critérios para avaliação da base científica das alegações .......................................15Políticas gerais: alimentos e promoção da saúde ..................................................15Considerações finais ..............................................................................................23Referências ............................................................................................................32

3 vitaminas AntioxidantesIntrodução .............................................................................................................37Vitamina A ..............................................................................................................39Vitamina E ..............................................................................................................44Vitamina C – ácido ascórbico .................................................................................48Vitamina B9 – ácido fólico ......................................................................................52Referências ............................................................................................................55

Sumário

Page 20: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

4 Ação Antioxidante dos Flavonoides ...........................................59Referências ............................................................................................................73

5 Efeitos Pró- e Antioxidantes Dependentes da Dose de Compostos Bioativos ..............................................................79Introdução .............................................................................................................79Estudos envolvendo seres humanos, ingestão de antioxidantes e prevenção de doenças .......................................................................................81Atividade biológica pró-oxidante de compostos bioativos .....................................86Referências ............................................................................................................91

6 Probióticos e Prebióticos na Saúde da Criança .............................97Introdução .............................................................................................................97Probióticos .............................................................................................................98Prebióticos .............................................................................................................99Bactérias bífidas e benefícios para a saúde .........................................................100Probióticos e prebióticos na área clínica ..............................................................101Evidências do papel da microbiota intestinal na proteção do hospedeiro ............102Segurança de micro-organismos probióticos ......................................................106Considerações finais ............................................................................................107Referências ..........................................................................................................108

7 quefir como Alimento Funcional ............................................ 111Histórico ..............................................................................................................111 Quefir ...................................................................................................................112Quefir: alimento funcional ....................................................................................115Considerações finais ............................................................................................120Referências ..........................................................................................................120

8 Propriedades Funcionais das Fibras Alimentares, do Amido resistente e dos Oligossacarídeos Não Digeríveis ...................... 123Introdução ...........................................................................................................123Fibras alimentares ................................................................................................124Amido resistente ..................................................................................................126Oligossacarídeos não digeríveis (OND) ................................................................129Importância relativa dos fatores nutricionais para a saúde humana .....................131Considerações finais ............................................................................................135Referências ..........................................................................................................136

Page 21: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

9 Efeitos do Butirato na Função Colônica .................................... 139Butirato e sua formação no cólon .......................................................................139Estudos realizados ...............................................................................................140Butirato e carcinogênese ......................................................................................142Butirato nas doenças inflamatórias intestinais .....................................................144Considerações finais ............................................................................................152Referências ..........................................................................................................152

10 Propriedades Funcionais do Feijão ......................................... 157Introdução ..........................................................................................................157Propriedades dos componentes do feijão ............................................................159Considerações finais ............................................................................................171Referências ..........................................................................................................172

11 Compostos Antinutricionais da Soja: Caracterização e Propriedades Funcionais ..................................................... 177Introdução ...........................................................................................................177 Inibidores de proteases ........................................................................................178Lectinas ...............................................................................................................181Saponinas ............................................................................................................182Compostos polifenólicos ......................................................................................183Fitatos .................................................................................................................187Oligossacarídeos .................................................................................................188Referências ..........................................................................................................189

12 Linhaça: Nutrientes, Compostos Bioativos e Efeitos Fisiológicos ..... 193Composição química ............................................................................................193Efeitos fisiológicos do consumo de linhaça .........................................................196Considerações finais ............................................................................................203Referências ..........................................................................................................203

13 Propriedades Funcionais das Oleaginosas: Papel no risco de Doenças Crônicas ............................................................. 209Introdução ...........................................................................................................209 Qualidade da dieta ................................................................................................211Balanço energético e perda de peso .....................................................................211Macronutrientes ...................................................................................................213Micronutrientes e fitoquímicos ............................................................................215

Page 22: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Efeitos fisiológicos do consumo de oleaginosas ..................................................220Considerações finais ............................................................................................222Referências ..........................................................................................................223

14 yacon: Aspectos Nutricionais, Tecnológicos e Funcionais .............. 229Introdução ...........................................................................................................229Composição química ............................................................................................230Viabilidade, conservação e manutenção do valor nutricional ...............................232Utilização do yacon na indústria de alimentos ....................................................234Efeitos fisiológicos do yacon ................................................................................235Considerações finais ............................................................................................239Referências ..........................................................................................................239

15 Corantes Naturais: Usos e Aplicações como Compostos Bioativos .... 243Introdução ...........................................................................................................243Carotenoides ........................................................................................................244Licopeno ..............................................................................................................248Luteína e zeaxantina .............................................................................................250Antocianinas ........................................................................................................252Bixina e norbixina .................................................................................................257Cúrcuma e curcumina ..........................................................................................257Carmim ................................................................................................................259Betalaínas .............................................................................................................259Clorofilas ..............................................................................................................260Monascus purpureus ...........................................................................................260Considerações finais ............................................................................................261Referências ..........................................................................................................261

16 Propriedades Funcionais dos Fitatos ....................................... 265Introdução ...........................................................................................................265Fitato como antinutriente .....................................................................................266Benefícios potenciais de dietas ricas em fitato .....................................................268Considerações finais ............................................................................................273Referências ..........................................................................................................276

17 Efeitos do Cogumelo-do-Sol e seus Extratos na Competência Imunológica ................................................... 281Introdução ...........................................................................................................281Caracterização .....................................................................................................282

Page 23: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Funções biológicas .............................................................................................285Funções do ABM demonstrada em estudos clínicos ............................................289Efeitos adversos ...................................................................................................290Considerações finais ............................................................................................290Referências ..........................................................................................................291

Parte II alImentos funcIonaIs nas doenças crônIcas não transmIssíveIs

18 Alimentos Funcionais nas Doenças Cardiovasculares ................... 297Introdução ...........................................................................................................297Os lipídios e as doenças cardiovasculares ...........................................................298Compostos antioxidantes .....................................................................................299Considerações finais ............................................................................................304Referências .........................................................................................................304

19 Alimentos Funcionais e Dislipidemias ..................................... 307Introdução ...........................................................................................................307Alimentos ricos em ácidos graxos monoinsaturados (AGMI) ..............................308Alimentos ricos em ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) .................................308Alimentos ricos em fibras ....................................................................................310Alimentos ricos em proteínas .............................................................................311Alimentos ricos em fitosteróis .............................................................................312Alimentos ricos em antioxidantes ........................................................................313Alimentos ricos em flavonoides ...........................................................................314Outros alimentos ..................................................................................................316Referências ..........................................................................................................317

20 Ação dos Flavonoides nas Doenças Cardiovasculares ................... 323Introdução ...........................................................................................................323Estrutura dos flavonoides ....................................................................................324Ação nas doenças cardiovasculares .....................................................................325Propriedades antioxidantes ..................................................................................326Referências ..........................................................................................................334

21 Curcumina e Doenças Cardiovasculares ................................... 341Introdução ...........................................................................................................341Ações da curcumina nas doenças cardiovasculares ............................................342Referências ..........................................................................................................351

Page 24: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

22 Obesidade e Alimentos Funcionais ......................................... 353Introdução ...........................................................................................................353Alimentos funcionais e obesidade ........................................................................355Considerações finais ............................................................................................367Referências ..........................................................................................................367

23 Alimentos Funcionais na Composição Corporal e no Controle do Apetite ............................................................ 373Introdução ...........................................................................................................373Alimentos de ação potencial na modulação da composição corporal e no controle do apetite ...................................................................................376Componentes alimentares de ação potencial na modulação da composição corporal e controle do apetite ......................................................380Considerações finais ............................................................................................385Referências .........................................................................................................385

24 Alimentos Funcionais, resistência à Insulina e Diabetes Melito ...... 389Introdução ...........................................................................................................389Impedimento da sinalização e da secreção de insulina no diabetes tipo 2 ...........391Alimentos funcionais e diabetes ...........................................................................394Redução da absorção intestinal de glicose ..........................................................401Considerações finais ............................................................................................403Referências ..........................................................................................................403

25 Efeito Funcional do índice Glicêmico na Inflamação Subclínica ....... 407Introdução ...........................................................................................................407Índice glicêmico e inflamação: evidências dos ensaios clínicos e estudos epidemiológicos .................................................................................410Considerações finais ............................................................................................418Referências .........................................................................................................418

26 Alimentos Funcionais e Síndrome Metabólica ............................ 423Introdução ...........................................................................................................423Frutas e hortaliças ................................................................................................431Leguminosas .......................................................................................................432Produtos lácteos ..................................................................................................433Óleo de peixe .......................................................................................................435

Page 25: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Azeite de oliva ......................................................................................................437Castanhas ............................................................................................................439Considerações finais ............................................................................................440Referências ..........................................................................................................441

27 Alimentos Funcionais e Câncer .............................................. 445Introdução ...........................................................................................................445Fitoquímicos alimentares na prevenção do câncer ...............................................447Mecanismos moleculares envolvidos na quimioprevenção ..................................451Efeitos mutagênicos e carcinogênicos dos quimiopreventivos: o outro lado da moeda .................................................................................................455Considerações finais ............................................................................................456Referências ..........................................................................................................457

28 Nutrigenômica, Proteômica e Metabolômica: Novas Fronteiras no Estudo da Nutrição e quimioprevenção ................................ 463Introdução ...........................................................................................................463Nutrigenômica .....................................................................................................466Proteômica ...........................................................................................................475Metabolômica ......................................................................................................477Considerações finais ............................................................................................480Referências ..........................................................................................................481

29 Ação Anticarcinogênica dos Flavonoides .................................. 485Introdução ...........................................................................................................485Mecanismos de ação dos flavonoides no câncer .................................................488Efeitos dos flavonoides sobre os hormônios .......................................................490Referências ..........................................................................................................492

30 Ação dos Flavonoides na Osteoporose ..................................... 497Introdução ...........................................................................................................497Osteoporose .........................................................................................................498Flavonoides ..........................................................................................................499Considerações finais ............................................................................................507Referências ..........................................................................................................508

Page 26: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

31 Aplicabilidade dos Alimentos Funcionais na Prática Clínica ........... 511Introdução: aspectos gerais da saúde ..................................................................511Conceitos e legislação sobre alimentos funcionais ..............................................512Classificação e conceitos dos alimentos funcionais e compostos bioativos ........513Alguns alimentos utilizados na prática clínica e seus efeitos na saúde ...............515Considerações finais ............................................................................................530Referências ..........................................................................................................531

Page 27: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

AA ácido araquidônicoAACR aminoácidos de cadeia ramificadaABM Agaricus blazei MurrilABTS captura do radical 2,2’-azinobis-3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônicoACAT acil coenzima A colesterol aciltransferaseACE enzima conversora de angiotensinaAcil-CoA acil coezima A ADA American Dietetic AssociationAF alimentos funcionaisAG ácidos graxosAGCC ácidos graxos de cadeia curtaAGCL ácidos graxos de cadeia longaAGCM ácidos graxos de cadeia médiaAGL ácidos graxos livresAGMI ácidos graxos monoinsaturadosAGPI ácidos graxos poli-insaturadosAGS ácidos graxos saturadosAI ingestão adequada AICR American Institute of Cancer ResearchAIDS síndrome da imunodeficiência adquiridaAKT serina/treonina-dirigido cinasesALA ácido alfalinolênicoALT alanina aminotransferaseAMP adenosina monofosfatoAMPc adenosina monofosfato cíclicaAnvisa Agência Nacional de Vigilância SanitáriaAP-1 proteína ativadora 1aPKC proteína cinase C atípicaAPO 1 apolipoproteína 1APO B apolipoproteína BAPO E apolipoproteína EAR amido resistenteARA-C citarabinaAST aspartato aminotransferaseATP trifosfato de adenosinaB6 vitamina B6

B12 vitamina B12

BAA bactérias do ácido acéticoBAL bactérias do ácido láctico BBS bebidas à base de sojaBcl-2 células B e linfoma 2BHA butil hidroxianisolBHT butil hidroxitolueno

Abreviaturas

Page 28: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

BID proteína pró-apoptóticaBLH bancos de leite humanoBMP proteínas morfogênicasBSE encefalopatia espongiforme bovinaCCK colecistocininac-DNA DNA complementarCG carga glicêmicaCHO carboidratoCLA ácido linoleico conjugadoCLAE cromatografia líquida de alta eficiênciaCoA coenzima ACOX-2 ciclo-oxigenase 2CT colesterol total

CTCAF Comissão Técnico-Científica de Assessoramento em Alimentos Funcionais e Novos Alimentos

CU cúrcumaCUR curcuminaCXCR3 receptor ligado à proteína G2D-PAGE eletroforese bidimensional em gel de poliacrilamidaDA doença de AlzheimerDAC doença arterial coronarianaDAF fator de aceleração da deterioração DASH The Dietary Approaches to Stop HypertensionDBCP estudo duplo-cego controlado com placeboDC doença de CrohnDCNT doenças crônicas não transmissíveisDCV doenças cardiovascularesDDMP 2,3-diidro-2,5,diidroxi-6-metil-4H-pirano-4-onaDDT diclorofenil tricloroetanoDG diglicerídiosDHA ácido docosa-hexaenoicoDHF diidrofolatoDHFR diidrofolato redutaseDIGE eletroforese em gel diferencialDII doenças inflamatórias intestinaisDM diabetes melitoDMBA dimetilbenzo (alfa) antracenoDMO densidade mineral ósseaDMRI degeneração macular relacionada com a idadeDNA ácido desoxirribonucleicoDND doenças neurodegenerativasDNMT DNA metiltransferaseDPA ácido docosapentaenoicoDPOC doença pulmonar obstrutiva crônicaDRI ver IDRdTMP monofosfato de desoxitimidinaDTN defeitos do tubo neuraldUMP monofosfato de desoxiuridinaEC epicatequinasEDHF fator hiperpolarizante derivado do endotélioEGC epigalocatequinaEGCG epigalocatequina galatoEGF fator de crescimento epidérmico

Page 29: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

EGFR inibidores de fatores de crescimento epidérmicoEGIR European Group for the Study of Insulin ResistanceEM espectrometria de massaEN enterocolite necrosanteeNOS óxido nítrico sintase endotelial EPA ácido eicosapentaenoicoEPIC European Prospective Investigation of Cancer and NutritionERN espécies reativas de nitrogênioERO espécies reativas de oxigênioESI ionização por electrosprayEtOH etanolEUROFEDA European Research on the Functional Effects of Dietary Antioxidants

EUROLIVE The Effect of Olive Oil Consumption on Oxidative Damage in European Populations

FAO Organização das Nações Unidas para Agricultura e AlimentaçãoFDA Food and Drug AdministrationFGF-2 fator de crescimento de fibroblastos 2FH enzima frutano-hidrolaseFIGLU ácido forminoglutâmicoFOS fruto-oligossacarídeosFOSHU alimentos para uso específico na saúde FUFOSE Functional Food Science in Europe GAMA GT gamaglutamil transpeptidaseGET gasto energético totalGIP polipeptídios insulinotrópicos dependentes de glicoseGLP-1 peptídio semelhante ao glucagon 1GLUT transportador de glicose GMP glicomacropeptídioGPDH gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase

GPROP Gerência de Monitoração e Fiscalização da Propaganda, de Publicidade, de Promoção e de Informação de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária

GSPE pró-antocianidina derivada do extrato de sementes de uvaGRAS reconhecido como seguro para o consumo humanoGSH glutationaGSH-Px glutationa peroxidase GSK3 glicogênio sintase cinase 3GST glutationa S transferaseGWAS Genome-Wide Association StudiesH2O2 peróxido de hidrogênioHAS hipertensão arterial sistêmica

HCF dieta com alto teor de carboidratos e fibras – High Carbohydrate – High Fiber

HCT-116 adenocarcinoma de cólon humanoHDL lipoproteínas de alta densidade H&E hematoxilina-eosinaHEI índice de qualidade da dieta – Healthy Eating Index HesA hesperidina naturalHesB alfaglicosil hesperidina HGP Projeto Genoma Humano – Human Genome ProjectHIV vírus da imunodeficiência humanaHMGA ácido hidroximetilglutáricoHMGCoA 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A HOMA-IR Homeostasis Model Assessment of Insulin Resistance

Page 30: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

HPFS Health Professionals Follow-up StudyIARC International Agency for Research on CancerIAUC aumento na área abaixo da curvaIC índice de confiançaICAM-1 molécula de adesão intracelular 1IDL lipoproteínas de densidade intermediáriaIDF International Diabetes FoundationIDR ingestão dietética de referênciaIFG índice de filtração glomerularIG índice glicêmicoIgA imunoglobulina AIgE imunoglobulina EIGF fator de crescimento similar à insulinaIGT glicotolerância diminuídaIL-1 beta interleucina 1 betaIL-6 interleucina 6IMC índice de massa corporalINCA Instituto Nacional de CâncerINF interferonINF-gama interferon gamaiNOS óxido nítrico sintase induzidaIRS-1 substrato 1 do receptor de insulina JNK c-Jun NH2 cinase terminalLA ácido linoleicoLDH desidrogenase lácticaLDL lipoproteínas de baixa densidadeLH leite humanoLp(a) lipoproteína (a) MALDI ionização/dessorção por laser assistida por uma matrizMAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e AbastecimentoMAPK proteinocinases ativadas por mitógenosMCSF fator estimulador da colônia de macrófagosMCP-1 proteína quimiotática de monócitos 1MCT transportadores de monocarboxilatoMCT-1 isoforma 1 do transportador de monocarboxilatoMDA malondialdeídoMEKK1 MAP cinase cinase 1MMP-2 matriz metaloproteinase 2MnSOD superóxido dismutase dependente de manganêsMPSS sequenciamento massivo de assinaturas paralelasMS metionina sintaseMTHFR metilenotetra-hidrofolato redutaseMTP proteína microssômica transportadoraMUFA ver AGMINADH nicotinamida adenina dinucleotídio fosfatoNCEP ATP III National Cholesterol Education Programme Adult Treatment Panel III NCI National Cancer InstituteNEFA ácidos graxos não esterificados NF-κB fator nuclear kappa BNHANES National Health and Nutrition Examination SurveyNHS Nurses’ Health StudyNK células exterminadoras naturais nNOS óxido nítrico sintase neuronal

Page 31: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

NO óxido nítricoNOAEL nível sem efeito adverso observado NOS óxido nítrico sintaseNRF fator de transcrição nuclearOMS Organização Mundial da SaúdeOND oligossacarídeos não digeríveisORAC capacidade de absorbância do radical oxigênio OVX ovariectomizadop110 subunidade catalíticap85 subunidade regulatóriaPAP fosfo-hidrolase fosfatídeo

PASSCLAIM Processo para Avaliação da Base Científica para Alegações em Alimentos – Process for the Assessment of Scientific Support for Claims on Foods

PCR reação em cadeia da polimerase PC-R proteína C-reativaPDCAAS escore químico corrigido pela digestibilidade proteica PDGFR receptores de fatores de crescimento derivado de plaquetasPDK1 proteinocinase 1 dependente de fosfoinositídio 3 PER coeficiente de eficácia proteica PGE2 prostaglandina E2pH potencial hidrogeniônicoPI-3-cinase fosfatidilinositol-3 cinase PKC proteinocinase CPI3K 3-fosfatidilinositolcinase PMF flavonas polimetoxiladasPNAN Política Nacional de Alimentação e NutriçãoPNPS Política Nacional de Promoção da SaúdePNS Política Nacional de SaúdePPAR receptor ativado por proliferadores de peroxissoma PPRE elementos responsivos a proliferadores de peroxissomos PTK proteína tirosinocinasePTS proteína texturizada de sojaPYY peptídio YYPUFA ver AGPIPVT proteína vegetal texturizadaQCT quercetinaQFCA questionário de frequência de consumo alimentarRAE equivalente de atividade de retinol RANK ativadores do receptor kappa BRCQ relação cintura-quadrilRDA ingestão diária recomendada RDC resolução de diretoria colegiadaREE gasto energético de repouso RM ressonância magnéticaRNA ácido ribonucleicoRNAm ácido ribonucleico mensageiroRR risco relativoRT-PCR reação em cadeia reversa da polimeraseRXR receptor X de retinoidesS473 serina 473SAA sulfato de ácido ascórbico; proteína amiloide sérica ASAGE análise serial da expressão de genes SAH S-adenosil-homocisteína

Page 32: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

SAM S-adenosil-metioninaSAN segurança alimentar e nutricionalSBA fito-hemaglutinina da soja SCFA ver AGCCSDG secoisolariciresinol diglicosídeoSFA ver AGSSLGT transportadores intestinais de sódio e glicoseSM síndrome metabólicaSMCT1 transportador de monocarboxilato acoplado ao sódioSMP polimorfismos de base única SOD superóxido dismutaseSREBP proteínas ligantes dos elementos regulatórios dos esteróisSUN Seguimiento Universidad de NavarraT3 triiodotironinaT308 treonina 308TAM tecido adiposo marromTBHQ terc-butil-hidroquinonaTCL triglicerídios de cadeia longaTCM triglicerídios de cadeia médiaTEF termogênese pós-prandialTG triglicerídiosTGI trato gastrintestinalTGO transaminase glutâmico-oxalacéticaTGP transaminase glutamicopirúvicaTHF tetra-hidrofolatoTNF fator de necrose tumoralTNF-alfa fator de necrose tumoral alfaTNFR1 fator de necrose tumoral receptor 1TOGA análise da expressão total de genesTPA tetradecanoilforbol-13-acetatotPA fator ativador do plasminogênio tecidual tPA-1 fator ativador do plasminogênio tecidual 1TRAP fosfatase ácida resistente ao tartaratoTRH terapia de reposição hormonalTRL receptores do tipo Toll 4TS timidina sintaseTSA tricostatina ATXA2 tromboxano A2 UC colite ulcerativaUCP proteína desacopladora UI unidade internacionalUL ingestão máxima toleradauPA plasminogênio tipo urocinaseUTI unidade de tratamento intensivoUV ultravioletaVCAM-1 molécula de adesão de célula vascular 1VEGF fator de crescimento endotelial vascular VLDL lipoproteínas de muito baixa densidadeVSMC células musculares lisas vascularesWHS Women’s Health Study

Page 33: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Alimentos Funcionais: Histórico, Conceitos

e Atributos

Carla de Oliveira Barbosa RosaNeuza Maria Brunoro Costa

Capítulo 1

Introdução

O conceito de alimentos funcionais (AF) foi proposto inicialmente no Japão, em meados da década de 1980, e nos anos 90, recebeu a designação em inglês de FOSHU (foods for specified health use, alimentos para uso específico de saúde), referindo-se aos alimentos usados como parte de uma dieta normal que demonstram benefícios fisiológicos e/ou reduzem o risco de doenças crônicas, além de suas funções básicas nutricionais. O princí-pio foi rapidamente adotado em outras partes do mundo. Entretanto, as denominações das alegações (claims), bem como os critérios para sua aprovação variam de acordo com a regulamentação local ou regional (Stringheta et al., 2007).

A American Dietetic Association (ADA) considera que os alimentos fortificados e modificados são alimentos funcionais, alegando seus efeitos potencialmente benéficos sobre a saúde, quando consumidos como parte de uma dieta variada, em níveis efe-tivos (ADA Reports, 1999). Ainda segundo o mesmo órgão, a propriedade funcional atribuída a esses alimentos é “aquela relativa à ação metabólica ou fisiológica que a substância (podendo ser nutriente ou não) presente no alimento tem no crescimento, no desenvolvimento, na manutenção e em outras funções normais do organismo hu-mano”.

Várias jurisdições, inclusive o Canadá, os EUA, a União Europeia e a Austrália, começa-ram a identificar e definir os alimentos funcionais como ingredientes naturais que atuam

Page 34: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos FisiológicosParte I – Alimentos e compostos bioativos com propriedades funcionais

4

para melhorar determinadas vias metabólicas (Jones & Varady, 2008). Definições especí-ficas de vários países são mostradas na Tabela 1.1.

Alimentos funcionais no Brasil

No Brasil, de acordo com dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), desde o início da década de 1990 já existiam na Secretaria de Vigilância Sanitária pedidos de análise para fins de registro de diversos produtos até então não reconhecidos como alimentos, pelo conceito tradicional. Com o passar dos anos, além do aumento do número de solicitações, também se ampliaram a sua variedade, bem como os apelos e a divulgação desses produtos nos meios de comunicação. A Anvisa, sempre adotando o princípio da precaução, posicio-nou-se de maneira contrária à aprovação e utilização desses produtos como alimentos.

Tabela 1.1 Definições de alimentos funcionais em vários países

Países Definição*

Canadá (Health Canada) Componentes alimentares que, além das suas funções nutritivas

básicas, fornecem benefícios fisiológicos comprovados ou

reduzem o risco de doença crônica. Um alimento funcional é

semelhante a um alimento convencional, e seus componentes

ativos ocorrem naturalmente

EUA (Institute of Food Technologists) Alimentos e componentes alimentares que, além da nutrição

básica, trazem benefícios à saúde de uma determinada

população. Existem nessas substâncias nutrientes essenciais

muitas vezes além das quantidades necessárias para

manutenção, crescimento e desenvolvimento normais, e/ou

outros componentes biologicamente ativos que beneficiam a

saúde com efeitos fisiológicos esperados

Japão (Japanese Department of Health) Com base no conhecimento acerca da relação entre o alimento

ou seus componentes e a saúde, são substâncias que propiciam

benefícios à saúde e recebem selo de certificação com

essa garantia

União Europeia (European Commission,

Health and Consumer Protection)

Alimento que, além do seu valor nutritivo, beneficia

comprovadamente uma ou várias funções do organismo, de

modo que melhore o estado de saúde, promova o bem-estar e/ou

reduza os riscos de doença

Austrália (National Center of Excellence

in Functional Foods)

Alimentos que correspondem às demandas dos consumidores

em relação à saúde e ao bem-estar gerais e que previnem ou

revertem condições que comprometem a saúde

*Somente no Japão a expressão “alimento funcional” é definida por lei.Fonte: Jones & Varady (2008).

Page 35: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Efeitos Pró- e Antioxidantes Dependentes da Dose de

Compostos Bioativos

Sônia Machado Rocha RibeiroMonise Viana Abranches

Damiana Diniz RosaAna Cristina Rocha Espeschit

Maria do Carmo Gouveia PeluzioJosé Humberto de Queiroz

Capítulo 5

Introdução

As espécies reativas de oxigênio (ERO) e de nitrogênio (ERN) são continuamente produ-zidas no organismo humano e, em concentrações fisiológicas, desempenham funções essenciais relacionadas com a sinalização do ciclo celular, a defesa imunológica (Ribeiro et al., 2005) e a biologia reprodutiva (Sanocka & Kurpisz, 2004). Entretanto, em concen-trações suprafisiológicas, as ERO e as ERN são deletérias ao organismo, por causarem oxidações de moléculas biológicas e consequente risco de processos patológicos.

Os radicais livres estão envolvidos em mais de 100 doenças humanas, principalmente aquelas associadas ao envelhecimento, como diabetes, cardiomiopatias, câncer, doença de Alzheimer e catarata (Ogita & Liao, 2004; Butterfield, 2002; Halliwell, 2001; Halliwell, 1994; Allen & Tresini, 2000; Eurofeda, 2003). O aumento das ERO e das ERN predispõe ao rompimento da homeostase do tecido. Por conseguinte, instala-se o processo da doença, e os mecanismos patológicos, tais como lesões teciduais, traumatismo, toxinas, isquemia/reperfusão, podem levar a aumento da formação de espécies reativas oxidan-tes no meio biológico, intensificando as lesões celulares (Toyokuni et al., 1995).

Os oxidantes biológicos têm sua síntese controlada por mecanismos endógenos e exógenos. Todavia, superprodução, exposição a fatores externos ou falhas no mecanis-mo de defesa do organismo resultam em danos oxidativos do ácido desoxirribonucleico (DNA), dos lipídios e das proteínas (Bianchi & Antunes, 1999).

Page 36: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos FisiológicosParte I – Alimentos e compostos bioativos com propriedades funcionais

80

As fontes exógenas de radicais livres incluem: tabaco, radiação ionizante, poluentes, solventes orgânicos, anestésicos, pesticidas e alguns fármacos. Muitas dessas substân-cias convertem-se em intermediários de radicais livres durante a metabolização e causam estresse oxidativo nos tecidos (Halliwell & Guteridge, 1989).

A produção contínua de compostos oxidantes durante os processos metabólicos le-vou ao desenvolvimento de muitos mecanismos de defesa antioxidante para limitar os níveis intracelulares e impedir a indução de danos (Sies, 1993). A supressão da formação de radicais livres pela quelação com metais e a eliminação desses radicais pelos deno-minados scavengers (varredores) formam produtos menos reativos, o que evita danos e favorece o reparo molecular (Bourne & Rice-Evans, 1999; Eurofeda, 2003).

Além do sistema de proteção endógeno, o consumo de compostos bioativos pela dieta é um fator protetor adicional para se manter o equilíbrio do estado redox da célula. Este complexo sistema de proteção antioxidante, endógeno e exógeno, interage entre si e atua sinergicamente para neutralizar os radicais livres (Kaliora et al., 2006). Segundo Schneider (2005), várias classes de substâncias encontradas naturalmente nos alimentos (nutrientes e não nutrientes) atuam como antioxidantes no meio biológico, em ambos os compartimentos: hidrofílico e lipofílico. Entre esses compostos bioativos citam-se: carotenoides, ácido ascórbico, tocoferóis, compostos fenólicos (fenóis simples, ácidos fenólicos, flavonoides e outros polifenólicos). Considerados em conjunto, esses compos-tos são denominados “antioxidantes da dieta”. Além destes, os minerais cobre, zinco, selênio, ferro e manganês são também considerados antioxidantes por participarem de estruturas enzimáticas que catalisam reações de oxirredução (Valko et al., 2004).

Neste contexto, uma ampla definição de antioxidante é “qualquer substância que, presente em baixas concentrações quando comparada à concentração do substrato oxi-dável, atrasa ou inibe a oxidação desse substrato de maneira eficaz” (Halliwell & Gutte-ridge, 1995).

Evidências epidemiológicas mostram associação inversa entre o consumo frequente de frutas e hortaliças e o risco de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como as doenças cardiovasculares e os diversos tipos de câncer, o que pode ser explicado pelo efeito protetor dos antioxidantes contidos em tais alimentos (Kim et al., 2001; Estruch et al., 2004).

Assim, observa-se interesse crescente da população e dos profissionais e pesquisado-res da área de saúde pela busca de estratégias alimentares preventivas e conhecimentos sobre os efeitos funcionais dos antioxidantes. Na Europa, vem sendo desenvolvido o projeto European Research on the Functional Effects of Dietary Antioxidants (Eurofeda), cujo objetivo é aprofundar os conhecimentos científicos a respeito da modulação celular por antioxidantes da dieta (Eurofeda, 2003).

Ainda são escassos na literatura científica estudos que versem sobre o melhor nível de ingestão alimentar dos diferentes antioxidantes para se alcançarem os efeitos funcionais desejáveis. As ingestões dietéticas de referência (IDR) estabeleceram as recomendações

Page 37: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Capítulo 6Probióticos e Prebióticos na Saúde da Criança

99

Prebióticos

Os prebióticos são definidos como alimentos não digeríveis pelo hospedeiro e que têm a propriedade de ser fermentados de maneira seletiva no cólon, favorecendo o seu bem-estar. São, portanto, substâncias direcionadas para alterar alguns gêneros microbianos e não sofrem as dificuldades de sobrevivência que os micro-organismos probióticos preci-sam enfrentar, quando administrados, até atingir o local de ação nos intestinos. Devem-se observar algumas características quando se seleciona um prebiótico:

Não deve ser hidrolisado nem absorvido na parte superior do trato digestório. ■Deve ser seletivo para uma quantidade limitada de micro-organismos habitantes do ■cólon.Deve alterar essa microbiota, tornando-a mais saudável para o hospedeiro. Determi- ■nados carboidratos, oligo- e polissacarídeos, ocorrem naturalmente e têm caracterís-ticas prebióticas. Entre os oligossacarídeos, os mais utilizados são os fruto-oligossa-carídeos (FOS) e as inulinas.

A funcionalidade dos ingredientes prebióticos está relacionada com uma atuação direta e indireta. A ação direta está ligada a:

Aumento do tempo de esvaziamento do estômago. ■Modulação do trânsito no trato digestório. ■Diminuição de colesterol via adsorção de ácidos biliares. ■

Tabela 6.1 Micro-organismos utilizados em alimentos probióticos

Para uso humano

L. acidophilus ■L. casei ■ var. shirota

L. casei ■ ssp. casei

L. reuteri ■L. rhamnosus/ L. GG ■

B. bifidum ■B. breve ■B. infantis ■B. longum ■Enterococcus faecium ■

Tabela 6.2 Micro-organismos de efeito probiótico*

L. delbrueckii, ■ ssp. bulgaricus

Lactococcus lacis, ■ ssp. lactis (L. lactis)

Lac. lactis cremoris ■L. lactis diacetylactis ■Propionibacterium shermanii ■Bacillus ■ sp.

Aspergillus ■ sp.

Sacharomyces ■ boulardii**6

*Não são de origem humana; **utilizado como fármaco (nutracêutico).

Page 38: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos FisiológicosParte I – Alimentos e compostos bioativos com propriedades funcionais

114

grãos são multiplicados em diferentes substratos. Esses micro-organismos produzem diversas enzimas responsáveis pela funcionalidade do produto, como proteases, pep-tidases, além da beta-D-galactosidase. A atuação dessas enzimas resulta em acúmulode diversos peptídios, e estudos mostraram grande quantidade de peptídios bioati-vos no quefir, os quais, em sua maioria, têm pesos moleculares em torno de 5.000Kda (Golowczyc et al., 2007).

Figura 7.2 Superfície dos grãos de quefi r. Microscopia de varredura

Tabela 7.2 Bactérias associadas aos grãos de quefir

Acetobacter aceti ■ a,b,c

Acetobacter ■ rasensa,c

Enterococcus durans ■ a,d

Lactobacillus acidophilus ■ e,f,g,h

Lactobacillus brevis ■ e,f,g,i

Lactobacillus casei ■subsp. rhamnosus • a,c,e

subsp. pseudoplantarum • i,l

subsp. tolerans • c

Lactobacillus delbrueckii ■subsp. bulgaricus • a,c,f,i

subsp. lactis • a,e,j

Lactobacillus helveticus ■subsp. jugurti • c,e,f

subsp. lactis • a

Lactobacillus kefir ■ a,d,f,h,m,n

Lactobacillus kefiranofaciens ■Lactobacillus kefirgranum ■Lactobacillus parakefir ■ n,o

Lactobacillus plantarum ■ f

Lactococcus lactis ■subsp. cremoris • a,c,e,f

subsp. lactis • c,d,l,m,n

subsp. lactis biov. diacetylactis • a,e,f,n

Leuconostoc mesenteriodes ■subsp. cremoris • a,e

subsp. dextranicum • c,e,f

subsp. mesenteriodes • a,f,j

Streptococcus thermophilus ■ a,e,f,i

(a) Marshall (1993); (b) Kurmann et al. (1992); (c) Koroleva (1988); (d) Yuksekdag et al., (2004); (e) Libu-dzisz e Piatkiewicz (1990); (f) Kwak et al., (1996); (g) Marshall (1987); (h) Santos et al, (2003); (i) Simova et al., (2002); (j) Witthuhn et al., (2004); (l) Angulo et al., (1993); (m) Pintado et al., (1996); (n) Garrote (2001); (o) Takizawa et al., (1994).

Page 39: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Capítulo 8Propriedades Funcionais das Fibras Alimentares, do Amido Resistente e dos Oligossacarídeos Não Digeríveis

133

o temor (do consumidor) por encefalopatia espongiforme bovina (BSE), hormônios em carnes e aditivos alimentares. A contaminação microbiana (inclusive por salmonela) causa, nos países baixos, muito mais mortes do que os outros fatores (alimentares) indicados.

Em relação aos fatores que afetam a absorção de ferro, a Figura 8.3 pode ser aplicável. Nesse caso, a presença de ferro heme e de vitamina C nos alimentos é de maior impor-tância para a absorção de ferro do que os efeitos da frutose e da cisteína, enquanto os polifenóis têm forte efeito negativo nessa absorção. A Figura 8.4 apresenta a importân-cia relativa de alguns fatores nos níveis séricos de colesterol. Caso se tente traduzir esse conceito de “visão guarda-chuva” para avaliar a importância de vários aspectos relativos a fibras alimentares, AR e OND na saúde, a Figura 8.5 pode ser aplicável e apresenta a im-portância relativa de alguns fatores na absorção e no estado nutricional de cálcio. Parece que outros fatores são mais importantes do que os efeitos dos AGCC no cólon.

NUTRICIONISTA

Encefalopatiaespongiforme

bovina oudoença davaca louca

Hormônios Salmonela Aditivosalimentares

Fumo

Riscos

Figura 8.2 Riscos relativos: comparação dos fatores negativos dos alimentos com o hábito de fumar

Page 40: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Capítulo 9Efeitos do Butirato na Função Colônica

147

NF-κB, e, em consequência, de todas as substâncias a ele responsivas (Yin et al., 2001; Kien et al., 2008).

Além da modulação gênica, o butirato pode atuar também inibindo o mesmo pro-cesso de desacetilação em determinados fatores de transcrição acetilados. Dessa ma-

Figura 9.4 (A e B) Histologia de cólon de camundongos corados por H&E. Animais com UC não tratados (A). Animais com UC tratados com butirato (B). As setas identifi cam a camada mucosa do órgão. Imagem em aumento de 100×. (Adaptada de Vieira, 2008.)

Page 41: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Capítulo 13Propriedades Funcionais das Oleaginosas: Papel no Risco de Doenças Crônicas

219

56g de amendoim por dia, o que atende ou excede às recomendações da USDA. Altas doses de vitamina E foram associadas à redução do risco de doenças cardiovasculares graças à sua ação antioxidante, que diminui a oxidação das LDL (Rimm & Stampfer, 1997). Vinte e oito gramas de oleaginosas contêm 18% da ingestão recomendada de cobre (Kris-Etherton et al., 1999). A deficiência de cobre está associada também a uma série de problemas de saúde, inclusive hipertensão, intolerância à glicose e aumento do colesterol. As oleaginosas contêm quantidade substancial de magnésio, vitamina E e cobre por grama, e o aumento no consumo pode ser um fator alimentar prudente para reduzir o risco de desenvolver condições associadas à deficiência de magnésio e cobre e uma maneira de alcançar os guias de consumo de vitamina E.

O estado nutricional adequado relativo ao folato está associado à redução no risco de aterosclerose e doenças cardiovasculares devido à redução na concentração plas-mática de homocisteína. O folato desempenha papel importante na síntese de purinas nucleotídeas e na metilação/expressão gênica (Segura et al., 2006). O amendoim con-tém alta concentração de folato (240µg/100g), mas somente indivíduos com hiper-homocisteinemia podem responder a uma dieta enriquecida com folato via aumento da ingestão de oleaginosas (Ros et al., 2004; Jenkins et al., 2002, Pintó et al., 2005). Outros fatores de risco podem ser reduzidos sem alteração na concentração de ho-mocisteína, tais como melhora da função endotelial e redução na concentração de colesterol. Estudos clínicos de longo prazo e randomizados são necessários para se confirmarem os efeitos do aumento no consumo de oleaginosas na concentração de homocisteína e no risco de DCV.

Figura 13.3 Capacidade de absorbância de radical de oxigênio por grama de oleaginosas (adaptado de Chen & Blumberg et al., 2008)

Page 42: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos FisiológicosParte I – Alimentos e compostos bioativos com propriedades funcionais

230

México, chícama ou arboloco; nos EUA, yacon strawberry; na Alemanha, erdbirne; e, na França, poire de terre. O nome yacon foi adotado no Peru, na Argentina, em alguns países europeus, no Japão, na Nova Zelândia e no Brasil (Oliveira & Nishimoto, 2004).

O yacon e plantas relacionadas foram originalmente classificados no gênero Polymnia (Asteraceae, Heliantheae, Melampodinae), mas, em 1933, foi proposto o gênero Smallan-thus (Asteraceae, Heliantheae), redescoberto por Robinson (1978), junto com outras 21 espécies. A nova classificação, Smallanthus sonchifolius (Poepp. & Endl.), é atualmente preferida à antiga denominação Polymnia sonchifolia (Poepp. & Endl.) que é sinônimo.

As mais antigas representações textual e em cerâmica do yacon foram encontradas no sítio arqueológico de Nazca (500 a 1200 a.C.), no sul do Peru (Grau & Rea, 1997). Apesar de ser antigo e conhecido como erva medicinal, somente no final da década de 1980 é que o yacon foi difundido para a Europa, a América do Norte e o Brasil (Guedes, 2004).

Composição química

A composição química do yacon é muito variável em razão de sua rápida capacidade de perder água e decomposição dos FOS, que variam de acordo com o período em que é retirado do solo, com a sazonalidade, o clima, a altitude, o tipo de solo e o tratamento pós-colheita (Graefe et al., 2004).

Na Tabela 14.1 encontra-se a composição química do yacon in natura, de acordo com diferentes autores.

Embora seja um tubérculo, o yacon apresenta grande quantidade de inulina e teor muito baixo de amido. Contém ainda 1-cestose e outros oligossacarídeos do tipo fru-tanos (Ventura, 2004). Os FOS pertencem à classe dos açúcares constituídos por uma a três unidades de frutose ligada a uma molécula de sacarose na posição beta (2→1). Os principais componentes são: cestose, nistose e 1-frutosilnistose (Yun, 1996).

Figura 14.1 (A e B) Folhas e fl ores (A) e tubérculos de yacon (B)

Page 43: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos FisiológicosParte I – Alimentos e compostos bioativos com propriedades funcionais

282

o ABM traga esses benefícios, faltam na literatura estudos conclusivos que reforcem ou refutem seus efeitos na maioria das doenças mencionadas.

No Brasil, segundo Informe Técnico no 6, de 31 de janeiro de 2003, da Agência Nacio-nal de Vigilância Sanitária (Anvisa, 2008), as formas dessecadas, inteiras ou fragmentadas, e em conserva de cogumelos, inclusive o A. blazei Murril, são consideradas alimentos (Re-solução da CNNPA 12/78 e Resolução CNNPA 13/77) e estão dispensadas da obrigatorie-dade de registro. Oficialmente, no Brasil, o registro do A. blazei Murril não tem atribuição de propriedade funcional. Para que um alimento passe a ter alegação de funcionalidade devem ser conduzidos estudos e suas propriedades têm de ser comprovadas para que se dê início ao processo de registro desse alimento como alimento funcional. O número de estudos com a ABM ainda não é substancial. Pouco se sabe sobre os mecanismos de ação desse cogumelo nos sistemas biológicos, maneiras eficazes de administração e suas possíveis aplicações. Foram realizados estudos para verificar os efeitos atribuídos ao ABM ou a suas frações e avaliar a capacidade do ABM de estimular o sistema imunológico (So-rimachi, 2001; Takimoto, 2008; Yuminamochi, 2007), sua capacidade antitumoral (Ebina, 1998; Ahn, 2004; Fujimiya, 1998), seus efeitos na alergia (Choi, 2006), na colesterolemia e na glicemia (Kim, 2005) e sua capacidade antioxidante (Watanabe, 2008).

Caracterização

A composição nutricional do ABM, assim como de outros alimentos, sofre influência de vários fatores, tais como técnicas de cultivo, a porção consumida e o tamanho do cogumelo (Shibata, 2003).

Figura 17.1 Cogumelo Agaricus blazei Murril

Page 44: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos FisiológicosParte I – Alimentos e compostos bioativos com propriedades funcionais

284

lectinas dos diversos cogumelos apresentam atividade antitumoral, imunoestimuladora, hipotensiva, como também atividades de inibição da transcriptase reversa do vírus da imunodeficiência humana (HIV) (Liu, 2004). A Tabela 17.1 traz uma síntese dos compos-tos bioativos do Agaricus blazei Murril.

Os extratos derivados do ABM são comercialmente disponíveis, mas a sua composi-ção não é bem definida, o que limita as funções a ele atribuídas.

Tabela 17.1 Compostos bioativos do ABM descritos na literatura até 2010

Composto Possível atividade Referência

Beta-D-glucana Antitumoral e imunoestimuladora Kawagishi, 1989; Itoh, 1994

Agaratina Antimutagênica Liu, 2008

Ergosterol Antiangiogênica Takaku, 2001

Lectina Antitumoral Kawagishi, 1988

Proteoglucanas Imunoestimuladora Kim, 2005

Figura 17.2 Estrutura química da betaglucana. Estrutura central beta (1-6) e as ramifi cações beta (1-3) (adaptado de Dong, 2002.)

Page 45: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Capítulo 20Ação dos Flavonoides nas Doenças Cardiovasculares

331

Há duas hipóteses acerca de como os flavonoides glicosídeos são absorvidos no in-testino delgado:

O glicosídeo é hidrolisado pela enzima lactase florizina hidrolase, e a aglicona livre ■difunde-se passivamente pelas células epiteliais por difusão facilitada.O glicosídeo seria transportado para o enterócito via transportador de açúcar como ■SGLT-1 (transportadores intestinais de sódio e glicose) e logo seria desglicolisado pela enzima betaglicosidase presente nas células intestinais.

Ambos os caminhos de absorção dão origem a agliconas intracelulares, que ficam conjugadas a glicoronídeos ou sulfato. A Figura 20.1 indica os possíveis caminhos de absorção de hesperidina e hesperetina-7-glicosídeo.

Lee et al. (1999) relatam os efeitos dos flavonoides hesperetina e hesperidina sobre as enzimas HMG-CoA redutase e acilcoenzima colesterol aciltransferase em ratos hiper-lipidêmicos. Ratos tratados com hesperetina tiveram redução nos níveis de colesterol no plasma, e a atividade das enzimas HMG-CoA redutase e ACAT no fígado foi reduzida

Figura 20.1 Possível via da absorção de hesperidina e hesperidina-7-glicosídeo, mostrando a mudança proposta no local de absorção da hesperidina do cólon ao intestino delgado

Page 46: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

392 Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos FisiológicosParte II – Alimentos funcionais nas doenças crônicas não transmissíveis

indivíduos com resistência à insulina e DM2 pode ser resultante de defeitos significativos na via de sinalização da insulina (proteína e fosforilação da IRS-1, proteína e atividade da PI-3-cinase), que podem contribuir para redução na translocação do GLUT4 e transporte da glicose. Para mais detalhes sobre a etiologia da resistência à insulina, os autores suge-rem a revisão publicada recentemente por Petersen & Shulman (2006).17

Lipotoxicidade e sinalização da insulina

Uma provável causa do impedimento da sinalização da insulina envolve o acúmulo excessivo de lipídios no músculo esquelético e no fígado, que, por sua vez, impede a transdução do sinal da insulina. É muito bem reconhecido que altos níveis circulantes de ácidos graxos não esterificados (NEFA, do inglês nonesterified fatty acids), induzi-

Figura 24.1 O transporte de glicose estimulado pela insulina inicia-se pela ligação da insulina ao seu receptor, que ativa o receptor de tirosinocinase, resultando em autofosforilação dos resíduos de tirosina no receptor de insulina e, depois, no substrato 1 do receptor de insulina (IRS-1). Este último receptor serve como ancoradouro para a subunidade regulatória da PI-3-cinase, resultando em ativação da PI3K. A PI3K ativada fosforila fosfoinositóis específi cos ligados à membrana, que recrutam Akt (PKB) para a membrana celular, iniciando sua ativação via fosforilação da serina e da treonina e resultando em translocação do GLUT4 para a membrana plasmática. O GLUT4 promove o transporte da glicose. A resistência à insulina está ligada basicamente a defeito na fosforilação e na ativação do IRS-1 e da PI-3-cinase. Esses defeitos precoces na transdução de sinais podem comprometer eventos posteriores, inclusive a translocação de GLUT4 e o transporte de glicose (Fonte: RC Ho, comunicação pessoal.)

Page 47: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Capítulo 27Alimentos Funcionais e Câncer

453

(iNOS),50 modula a atividade da lipo-oxigenase e da ciclo-oxigenase10 e bloqueia a ativi-dade da PKC,5 da PI3K e da proteína AKT51 (Figura 27.3).

O resveratrol, um polifenol antioxidante presente na uva (Vitis vinifera) e no vinho tin-to, induz a expressão de enzimas de fase 2, inibe a expressão da enzima ciclo-oxigenase

Figura 27.3 Vias de ativação de NF-κB e AP1. Proteína da família das cinases ativadas por mitógenos (MAPK), a MAP cinase cinase 1 (MEKK1) provavelmente regula a cinase indutora do fator de trancrição nuclear kappa B (NF-κB), ativando o complexo multiproteico Iκβ cinase (IKK), que leva a fosforilação, ubiquitinação e subsequente degradação de Iκβ pelo proteassomo 26S, liberando NF-κB, que se transloca para o núcleo e se liga à região promotora específi ca de vários genes. Outras MAP cinases, como MEK1/2, ERK1/2 e p38, também estão envolvidas nessa via de sinalização. A enzima 3-fosfatidilinositol cinase (PI3K) ativa a proteinocinase AKT via fosforilação pela proteinocinase 1 dependente de fosfoinositídio 3 (PDK1). A família das MAPK também regula a expressão de AP1 – um conjunto heterogêneo de proteínas diméricas compostas por membros das famílias c-JUN, c-FOS a ATF. Nessa via, ERK1/2 ativada fosforila o fator de transcrição ELK1; a cinase c-JUN NH2 terminal (JNK) fosforila c-JUN e p38 fosforila ELK1 e ATF2. Isto leva à ativação transcricional dos genes-alvo. Estímulos externos ativam isoformas específi cas de proteinocinase C (PKC) que, por sua vez, leva à ativação da cascata de sinalização p21 RAS-ERK via RAF e MEK1/2. A ativação de p38 e JNK é mediada pela MAPK cinase 4 (MKK4) (adaptada de Surh, 2003)5

Page 48: Alimentos Funcionais – Componentes Bioativos e Efeitos Fisiológicos

Capítulo 27Alimentos Funcionais e Câncer

457

cial no que diz respeito às doses diárias recomendadas de agentes específicos isolados, que só devem ser determinadas após experimentos e estudos que considerem com o mesmo rigor tanto os efeitos anticarcinogênicos quanto os efeitos carcinogênicos desses agentes. Assim, enquanto novos estudos mais complexos são realizados, o mais pru-dente é manter a ingestão adequada de nutracêuticos mediante consumo de uma dieta rica e variada, contendo frutas e legumes em abundância. Essa recomendação tem sido estabelecida como uma prioridade global para a prevenção de câncer e outros distúr-bios crônicos por diferentes organizações, como Organização Mundial da Saúde (OMS), American Cancer Society, American Institute of Cancer Research (AICR) e National Cancer Institute (NCI). Com base nas observações obtidas até o momento, essas organizações têm estabelecido guias dietéticos para auxiliar as pessoas a reduzirem o risco de câncer recomendando a ingestão de pelo menos cinco porções de vegetais e frutas por dia (http://www.aicr.org/exreport.html; http://www.5aday.gov).

Referências

1. The World Cancer Report – the major findings. Cent Eur J Public Health 2003; 11:177-9.

2. Key TJ, Allen NE, Spencer EA, Travis RC. The effect of diet on risk of cancer. Lancet 2002; 360:861-8

3. Doll R, Peto R. The causes of cancer: quantitative estimates of avoidable risks of cancer in the United States today. J Natl Cancer Inst 1981; 1981; 66:1191-308.

4. Donaldson MS. Nutrition and cancer: a review of the evidence for an anti-cancer diet. Nutr J 2004; 3:19.

5. Surh YJ. Cancer chemoprevention with dietary phytochemicals. Nat Rev Cancer 2003; 3:768-80

6. Bloch A, Thomson C. Position of the American Dietetic Association: phytochemicals and func-tional foods. J Am Diet Assoc 1995; 95:493-6.

7. Bingham SA, Welch AA, McTaggart A, Mulligan AA, Runswick SA, Luben R, et al. Nutritional methods in the European Prospective Investigation of Cancer in Norfolk. Public Health Nutr 2001;4:847-58.

8. Brignall MS. Prevention and treatment of cancer with indole-3-carbinol. Altern Med Rev 2001; 6:580-9.

9. Huynh HT, Teel RW. Effects of plant-derived phenols on rat liver cytochrome P450 2B1 activity. Anticancer Res 2002; 22:1699-703.

10. Stoner GD, Mukhtar H. Polyphenols as cancer chemopreventive agents. J Cell Biochem Suppl 1995;22:169-80.

11. Hirose M, Takahashi S, Ogawa K, Futakuchi M, Shirai T. Phenolics: blocking agents for hete-rocyclic amine-induced carcinogenesis. Food Chem Toxicol 1999; 37:985-92.

12. Kanazawa K, Yamashita T, Ashida H, Danno G. Antimutagenicity of flavones and flavonols to heterocyclic amines by specific and strong inhibition of the cytochrome P450 1A family. Biosci Biotechnol Biochem 1998; 62:970-7.