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Aluizio de Amorim Pacheco _D
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ESTUDO NUMRICO-EXPERIMENTAL DA INSTALAO DO TANQUE DE
FLUTUAO DE UM RISER AUTO-SUSTENTVEL UTILIZANDO A PLATAFORMA
P23
Aluizio de Amorim Pacheco
Tese de Doutorado apresentada ao Programa
de Ps-graduao em Engenharia Civil, COPPE,
da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
como parte dos requisitos necessrios
obteno do ttulo de Doutor em Engenharia
Civil.
Orientadores: Carlos Magluta
Ney Roitman
Rio de Janeiro
Maro de 2011
ESTUDO NUMRICO-EXPERIMENTAL DA INSTALAO DO TANQUE DE
FLUTUAO DE UM RISER AUTO-SUSTENTVEL UTILIZANDO A PLATAFORMA
P23
Aluizio de Amorim Pacheco
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ
COIMBRA DE PS-GRADUAO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE DOUTOR EM CINCIAS EM
ENGENHARIA CIVIL.
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Carlos Magluta, D.Sc.
________________________________________________ Prof. Ney Roitman, D.Sc.
________________________________________________ Prof. Breno Pinheiro Jacob, D.Sc.
________________________________________________ Prof. Gilberto Bruno Ellwanger, D.Sc.
________________________________________________ Prof. Paulo de Tarso Themistocles Esperana, D.Sc.
________________________________________________ Dr. Ricardo Franciss, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
MARO DE 2011
iii
Pacheco, Aluizio de Amorim
Estudo Numrico-Experimental da Instalao do
Tanque de Flutuao de um Riser Auto-Sustentvel
Utilizando a Plataforma P23/ Aluizio de Amorim Pacheco
- Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2011.
X, 167 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadores: Carlos Magluta
Ney Roitman
Tese (doutorado) UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Civil, 2011.
Referncias Bibliogrficas: p. 122-125.
1. Modelo Reduzido. 2. Anlise Acoplada. 3.
Estruturas Offshore. I. Magluta, Carlos et al. II.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,
Programa de Engenharia Civil. III. Titulo.
iv
Aos meus pais, minha irm e minha querida filha,
que me apoiaram durante o desenvolvimento
deste trabalho.
v
AGRADECIMENTOS
Ao Senhor meu Deus pelo carinho, paz, consolo, direcionamento, fora,
sabedoria, nimo e uno nos momentos mais difceis durante o desenvolvimento
deste trabalho.
Aos orientadores Carlos Magluta e Ney Roitman pelos debates tcnicos,
dedicao e preocupaes.
Ao amigo Fabrcio Nogueira Corra pelo incentivo na pesquisa e pelos longos
debates tcnicos de grande contribuio para o desenvolvimento do trabalho.
Ao corpo de trabalho do LAMCSO, em especial ao professor Breno, Bruno,
Fred e Alex.
PETROBRAS, Isaas Q. Masetti e Francisco Edward Roveri pelo incentivo na
pesquisa.
Ao corpo de trabalho do LabOceano, em especial ao Paulo de Tarso, Levi,
Joel, Marclio e Andr pelo acolhimento nas instalaes do laboratrio e pelos servios
tcnicos concedidos.
Agncia Nacional do Petrleo e aos meus pais pelo apoio financeiro na
pesquisa.
vi
Resumo da Tese apresentada COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessrios
para a obteno do grau de Doutor em Cincias (D.Sc.)
ESTUDO NUMRICO-EXPERIMENTAL DA INSTALAO DO TANQUE DE
FLUTUAO DE UM RISER AUTO-SUSTENTVEL UTILIZANDO A PLATAFORMA
P23
Aluizio de Amorim Pacheco
Maro/2011
Orientadores: Carlos Magluta
Ney Roitman
Programa: Engenharia Civil
Atualmente, alguns programas computacionais tm sido desenvolvidos para
simular o comportamento de estruturas flutuantes em condies extremas e
operacionais. No entanto, os modelos numricos desenvolvidos nestes programas
devem ser testados e calibrados para representar da melhor forma possvel o
comportamento estrutural deste tipo de sistema.
O principal objetivo deste trabalho prover um estudo numrico-experimental
para avaliar o comportamento de uma unidade flutuante utilizada para instalar um
tanque de flutuao. No escopo deste estudo, foram realizados experimentos em
tanque de provas e simulaes numricas, para avaliar o acoplamento entre a unidade
flutuante e o tanque de flutuao.
Neste trabalho, so apresentados os fundamentos sobre modelagem fsica de
estruturas offshore, a descrio do prottipo, o projeto e o ajuste do modelo reduzido
do sistema composto pelo casco da plataforma P23 e tanque de flutuao, a descrio
dos testes experimentais realizados em um tanque de ondas e a correlao obtida
entre os resultados numricos e experimentais.
A boa correlao obtida entre os resultados experimentais e numricos indica
que tanto a modelagem fsica, quanto numrica foram adequadas. Pode-se concluir
ainda que a metodologia apresentada considerada eficiente e suficientemente
acurada para representar o comportamento do sistema analisado, podendo, portanto
ser utilizada em projetos deste tipo de processo de lanamento.
vii
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)
NUMERICAL-EXPERIMENTAL STUDY OF A FREE STANDING HYBRID RISER
BUOYANCY CAN INSTALATION USING THE PLATFORM P23
Aluizio de Amorim Pacheco
March/2011
Advisors: Carlos Magluta
Ney Roitman
Department: Civil Engineering
Nowadays, some computational systems have been developed to simulate the
behavior of floating structures in extreme and operational conditions. However, the
numerical models developed in these systems should be tested and calibrated in order
to represent the structural behavior of such systems adequately.
The main point of this thesis is to provide a numerical-experimental study to
evaluate the behavior of a platform used to install a buoyancy can. In this context, tests
in a wave tank and numerical simulations to assess the coupling between the platform
and the buoyancy can were conducted.
In this work are presented the fundamentals about offshore structure modeling,
the prototype description, the design and the adjustment of the P23 platform and
buoyancy can scaled model, the description of the tests achieved in a wave tank and
the correlation reached between the numerical and experimental results.
The good results between numerical and experimental models show that the
numerical and physical modeling were suitable. It can be concluded that the
methodology presented is considered efficient and it is sufficiently accurate to
represent the behavior of the analyzed system, therefore, it can be used in design that
includes this type of installation.
viii
NDICE CAPTULO 1 - INTRODUO .............................................................................. 1
1.1 - Motivao .......................................................................................... 1
1.2 - Pesquisa Bibliogrfica ..................................................................... 5
1.3 - Escopo do Trabalho ......................................................................... 6
CAPTULO 2 - MODELAGEM FSICA E METODOLOGIAS DE ANLISE DE ESTRUTURAS OFFSHORE .................................................................................. 7
2.1 - Fundamentos sobre Modelagem Fsica ......................................... 7
2.1.1 - Nmeros Adimensionais e Escalas ................................. 8
2.2 - Metodologias de Anlise ................................................................. 14
2.2.1 - Anlise Desacoplada ........................................................ 14
2.2.2 - Anlise Acoplada .............................................................. 14
CAPTULO 3 - DESCRIO DO SITUA-PROSIM E DO PROTTIPO ............... 16
3.1 - Descrio do SITUA-PROSIM ......................................................... 16
3.1.1 - Formulao das Equaes de Movimento da Unidade Flutuante ....................................................................................... 17 3.1.2 - Modelos de Representao das Ondas .......................... 17
3.1.3 - Modelo Hbrido das Foras atuantes nas Unidades Flutuantes ..................................................................................... 18 3.2 - Descrio do Prottipo .................................................................... 18
3.2.1 - Operadores de Amplitude de Resposta (RAOs) ........................ 18
3.2.2 - Plataforma P23 .............................................................................. 19
3.2.3 - Riser Hbrido Auto-Sustentado (Free Standing Hybrid Riser - FSHR) ........................................................................................................
25
3.2.4 - Instalao do FSHR Utilizando a Plataforma P23 ...................... 26
3.2.5 - Modelo Numrico da Plataforma P23 com o Tanque de Flutuao ..................................................................................................
32
CAPTULO 4 - PROJETO E CONSTRUO DO MODELO REDUZIDO ............ 37
4.1 - Determinao da Escala Geomtrica ............................................. 37
4.2 - Projeto da Plataforma P23 ..... 38
4.2.1 - Ajuste da Ancoragem da Plataforma P23 ....................... 40
4.2.2 - Componentes da Plataforma P23 .................................... 44
4.3 - Projeto do FSHR (Free Standing Hybrid Riser) .... 45
ix
4.4 - Construo do Modelo Reduzido ................................................... 48
4.4.1 - Peas da Plataforma P23 .................................................. 48
4.4.2 - Peas do Tanque de Flutuao ........................................ 50
CAPTULO 5 - ENSAIOS ...................................................................................... 52
5.1 - Estimativa da Massa da Plataforma P23 ........................................ 52
5.2 - Estimativa do Centro de Gravidade da Plataforma P23 ............... 56
5.3 - Estimativa dos Raios de Girao da Plataforma P23 ................... 60
5.4 - Teste Hidrosttico ............................................................................ 62
5.5 - Estimativa da Massa do Tanque de Flutuao .............................. 63
5.6 - Estimativa do Centro de Gravidade do Tanque de Flutuao ..... 64
5.7 - Inclinao da Plataforma P23 ......................................................... 66
5.8 - Teste de Decaimento ....................................................................... 67
5.8.1 - Teste de Decaimento da Plataforma P23 sem Ancoragem .................................................................................... 68 5.8.2 - Teste de Decaimento da Plataforma P23 Ancorada ....... 70
5.9 - Ondas ................................................................................................ 74
5.9.1 - Calibrao do Sistema de Monitorao das Ondas ....... 74
5.9.2 - Ondas Regulares ............................................................... 75
5.9.3 - Ondas Irregulares .............................................................. 89
CAPTULO 6 - CORRELAO NUMRICO-EXPERIMENTAL ........................... 101
6.1 - Calado de Operao da Plataforma P23 ........................................ 101
6.2 - Inclinao da Plataforma P23 ......................................................... 102
6.3 - Teste de Decaimento ....................................................................... 103
6.4 - Ondas Regulares .............................................................................. 106
6.4.1 - Plataforma P23 sem o Tanque de Flutuao e com Incidncia de Onda a 0o ............................................................... 107 6.4.2 - Plataforma P23 sem o Tanque de Flutuao e com Incidncia de Onda a 45 ..................................................... 109 6.4.3 - Plataforma P23 com o Tanque de Flutuao e Incidncia de Onda a 0o ............................................................... 111 6.5 - Ondas Irregulares ............................................................................ 114
CAPTULO 7 - COMENTRIOS FINAIS ............................................................... 119
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .....................................................................
122
x
ANEXO A - Descrio do Prottipo do Tanque de Flutuao e do Riser Rgido na Vertical ................................................................................................. 126
ANEXO B - Projeto e Construo das Peas do Modelo Reduzido ................ 135
ANEXO C - Planilha de Clculo para Determinao do RAO em Surge ......... 161
1
CAPTULO 1 INTRODUO
1.1 - Motivao A crescente demanda internacional e nacional por petrleo tem contribudo
com grandes investimentos em projetos e pesquisas tecnolgicas inovadoras. Cada
vez mais novas metodologias numricas so desenvolvidas e aprimoradas, tornando
as simulaes do comportamento estrutural e hidrodinmico mais prximas do
comportamento real. Porm, estas metodologias devem ser testadas para que os
projetistas possam realizar suas anlises com a mxima confiabilidade, assim,
atingindo o objetivo final que a extrao de hidrocarboneto com segurana e
lucratividade.
Uma das formas de avaliar uma metodologia numrica aplicada a estruturas
offshore executar experimentos em tanques para modelos reduzidos e correlacionar
os resultados numricos aos experimentais. O presente trabalho tem como principal
objetivo realizar um estudo numrico-experimental para avaliar o comportamento de
uma unidade flutuante utilizada para instalar um tanque de flutuao. Neste estudo,
foram utilizados os dados do tanque de flutuao que compe o sistema do FSHR
(Free Standing Hybrid Riser) da plataforma P52. Atravs deste estudo, foi aferida a
eficincia das modelagens numricas normalmente utilizadas para representar o
acoplamento entre os movimentos de uma unidade flutuante e um tanque de
flutuao.
No atual trabalho, foi utilizado o sistema computacional PROSIM [1], que
possibilitou a modelagem numrica de parte do prottipo do FSHR e da plataforma
P23, e dos seus respectivos modelos reduzidos. Atualmente, existe um programa
computacional, SITUA, que responsvel pela interface de pr e ps-processamento
dos clculos estruturais e hidrodinmicos desenvolvidos no PROSIM [1], sendo assim,
a partir deste ponto o sistema ser tratado como SITUA-PROSIM.
Este sistema computacional destinado anlise de risers, linhas de
ancoragem, monobias e unidades flutuantes. A formulao deste programa baseia-se
na anlise acoplada dos movimentos da(s) unidade(s) flutuante(s) com os movimentos
dos demais sistemas presentes (linhas de ancoragem e/ou risers).
A anlise acoplada no SITUA-PROSIM permite que os efeitos no-lineares
presentes na interao entre a unidade flutuante, as linhas de ancoragem e os risers
sejam considerados simultaneamente. Os movimentos do casco da unidade flutuante
2
so considerados como movimentos de corpo rgido e a plataforma pode ser
modelada por elementos cilndricos ou elpticos, enquanto que as linhas de ancoragem
e os risers podem ser modelados por elementos finitos de trelia ou prtico espacial.
O SITUA-PROSIM tambm permite a realizao de anlises desacopladas. No
modelo desacoplado, os movimentos da unidade flutuante so aplicados diretamente
no topo das linhas de ancoragem ou risers, como movimentos prescritos [2], [3], [4], [5]
e [6].
Apesar de j haver um domnio de tecnologia na extrao de petrleo, os
desafios no param, pois ainda existem limitaes tcnicas e econmicas
relacionados ao aumento da lmina dgua. Um dos principais limitantes na obteno
de hidrocarbonetos em regies profundas e ultraprofundas o riser que conduz o
hidrocarboneto do reservatrio at a superfcie. Os risers tm sido motivo de muito
estudo, principalmente com relao ao seu comportamento dinmico e suas
configuraes.
O trabalho de PACHECO [7] apresenta um resumo das principais
configuraes de risers, reunindo tambm algumas vantagens e desvantagens
descritas por diversos autores. No atual trabalho, a configurao adotada a com
Riser Hbrido Auto-Sustentado, que utiliza o riser rgido junto com o flexvel. Alm
disso, apresenta um tanque de flutuao na extremidade superior do riser rgido que
mantm o sistema tracionado, conforme ilustrado na Figura 1.1. A configurao
adotada utilizada como riser de produo ou exportao de hidrocarbonetos.
No sistema riser hbrido auto-sustentado, os problemas associados presso
externa so minorados, pois na regio mais profunda, onde a presso maior,
prevalece a presena do riser rgido, que mais resistente presso externa. Alm
disso, a utilizao do FSHR facilita o arranjo fsico submarino e elimina o problema no
touchdown point (regio crtica de contato do riser com o solo marinho), porm, requer
um projeto mais detalhado. Com relao instalao, este sistema pode ser instalado
por rebocadores [9] ou atravs de uma plataforma de perfurao [10].
A primeira instalao de torres de risers (sistema semelhante ao FSHR) foi
executada em Angola, no Oeste da frica, no campo de Girassol em 2001[9]. Durante
a instalao das trs torres de risers foram utilizados rebocadores e embarcaes de
apoio, conforme mostra a Figura 1.2. O tanque de flutuao foi lastreado e
posicionado a uma profundidade de 50 m para reduzir as tenses devido ao
carregamento ambiental de onda (vide Figura 1.3). Quando todas as juntas de risers
encontravam-se na gua, iniciou-se o processo de verticalizao do riser (vide Figura
1.4).
3
Figura 1.1 - Sistema Riser Hbrido Auto-Sustentado [8].
Figura 1.2 - Instalao do FSHR no Campo de Girassol [9].
Riser Rgido
Riser Flexvel
Tanque de Flutuao
4
Figura 1.3 - Posicionamento do Tanque de Flutuao a 50 m da superfcie [9].
Figura 1.4 - Verticalizao do FSHR [9].
A principal motivao desta pesquisa estudar uma etapa da instalao de um
sistema de riser (FSHR da plataforma P52) pioneiro no Brasil. Atravs deste estudo,
poder ser aferida a eficincia das modelagens numricas normalmente utilizadas
para representar o acoplamento entre os movimentos de uma unidade flutuante e um
riser. E com o modelo numrico ajustado aos resultados experimentais, tambm ser
5
possvel simular situaes crticas do processo de instalao do FSHR, o que pode ser
extremamente vantajoso com relao preveno de acidentes que na maioria das
vezes provocam danos ao ambiente, prejuzos financeiros ou at mesmo perdas
humanas.
1.2 - Pesquisa Bibliogrfica Alguns modelos reduzidos de estruturas offshore tm sido desenvolvidos com o
objetivo de avaliar programas computacionais que se baseiam na anlise acoplada
dos movimentos da unidade flutuante com os movimentos de tendes, linhas de
ancoragem e/ou risers [11], [12], [13], [14] e [15]. Modelos reduzidos em escala do
FSHR tambm tm sido estudados, com objetivos de verificar o comportamento
hidrodinmico desta estrutura em condies normais e crticas de operao [16], e
analisar procedimentos de instalao [10].
O atual trabalho baseou-se no artigo de ROVERI e PESSOA [10], que teve
como foco o projeto do riser de exportao (FSHR) da plataforma P52 que foi
instalado no campo de Roncador em uma lmina dgua de 1.800 m. Este projeto
levantou a hiptese da instalao do FSHR utilizando a plataforma P23, que uma
semi-submersvel de propriedade da PETROBRAS, assim, favorecendo a reduo de
custos com aluguel de outra unidade flutuante.
Dentre outras tarefas, o trabalho de ROVERI e PESSOA [10] contou com a
realizao de um experimento no MARIN (Maritime Research Institute Netherlands),
onde o modelo fsico da plataforma P23 foi reduzido numa escala de 1:28,7 e o
modelo do FSHR foi truncado. Foram simuladas experimentalmente 4 situaes: 1)
Tanque de flutuao boiando livremente na superfcie; 2) Manobra de posicionamento
do tanque de flutuao abaixo da P23; 3) Tanque de flutuao na regio da moonpool,
suspenso por cabos de ao e 4) Tanque de flutuao na regio da moonpool,
suspenso pelos tracionadores da P23. A situao 3 foi simulada com alguns
equipamentos pr-instalados no tanque de flutuao. A situao 4 foi simulada
considerando todo o FSHR, porm, com o riser truncado.
A principal diferena entre o modelo reduzido do presente trabalho e o do artigo
de ROVERI e PESSOA [10] foi na escala de reduo, pois o experimento foi
executado no tanque de ondas da COPPE (LabOceano), que possibilitou adotar uma
escala de 1:100, favorecendo uma boa representao dos efeitos hidrodinmicos.
Alm disso, o atual trabalho inclui a elaborao e diversas anlises de um modelo
numrico que representa a etapa da instalao do tanque de flutuao, onde o tanque
se aproxima do deck da plataforma. A partir deste modelo, outras etapas da instalao
do FSHR podem ser simuladas. Tambm so apresentadas, como diferencial neste
6
trabalho, a calibrao e anlise numrica dos modelos da plataforma P23 sem o
tanque de flutuao simulados no programa computacional SITUA-PROSIM.
A pesquisa bibliogrfica referente modelagem fsica apresentada no
Captulo 2, no item 2.1; enquanto a referente ao FSHR apresentada no incio do
Captulo 3.
1.3 - Escopo do Trabalho O Captulo 2 descreve os princpios da teoria da semelhana, os nmeros
adimensionais envolvidos no problema, as escalas empregadas e as principais
metodologias de anlise de estruturas offshore.
O Captulo 3 mostra todas as informaes relevantes para o projeto do modelo
reduzido da plataforma P23 e do riser hbrido auto-sustentado (FSHR). Alm disso,
inclui os procedimentos de instalao do FSHR da plataforma P52 e os modelos
numricos do prottipo da estrutura analisada.
O Captulo 4 apresenta a escala geomtrica utilizada no projeto do modelo
reduzido, o projeto e o ajuste do modelo reduzido da plataforma P23 sem e com
ancoragem e do tanque de flutuao. So apresentados ainda o projeto das peas da
plataforma P23 e do tanque de flutuao, e a construo do modelo reduzido.
O Captulo 5 descreve os ensaios realizados. Desta forma, apresenta os
ensaios para estimar a massa e o centro de gravidade da plataforma e do tanque de
flutuao, ensaios para estimativa dos raios de girao da plataforma, os ensaios
hidrostticos, de inclinao da plataforma P23, os testes de decaimento e os ensaios
com ondas. Alm disso, mostra a instrumentao utilizada, o plano de ondas
empregado, o sistema de ancoragem, os procedimentos e os resultados dos ensaios
para a plataforma P23 com e sem o tanque de flutuao.
O Captulo 6 mostra a correlao numrico-experimental. Sendo assim,
apresenta as simulaes numricas de inclinao da plataforma P23, de decaimento
para estimativa dos perodos naturais e taxas de amortecimento, e de incidncia de
ondas regulares e irregulares, onde os resultados foram correlacionados atravs dos
operadores de amplitude de resposta (RAOs).
O Captulo 7 expe os comentrios finais do trabalho, discorrendo sobre a
comparao entre os resultados numricos e a correlao entre os resultados
numricos e experimentais. Alm disso, prope novos assuntos para trabalhos futuros.
Os anexos apresentam a descrio do prottipo do tanque de flutuao e do
riser rgido na vertical, o projeto e construo das peas do modelo reduzido e a
planilha de clculo para determinao do RAO em surge, a partir de dados das ondas
irregulares.
7
CAPTULO 2
MODELAGEM FSICA E METODOLOGIAS DE ANLISE DE ESTRUTURAS OFFSHORE
O comportamento estrutural de um prottipo pode ser avaliado atravs da
modelagem fsica e ou numrica. Neste captulo, apresentam-se alguns fundamentos
sobre a modelagem fsica e um resumo da metodologia numrica utilizada.
2.1 - Fundamentos sobre Modelagem Fsica Um dos principais objetivos de ensaiar modelos reduzidos de sistemas
petrolferos o de extrair dados experimentais que permitam avaliar a viabilidade
tcnica de um projeto e obter dados para serem utilizados nos projetos, ou, como no
caso deste trabalho, avaliar ferramentas de projeto e o comportamento da estrutura
sob condies controladas. Assim, antes que um prottipo inicie a sua fabricao, o
seu modelo reduzido pode ser ensaiado, possibilitando a anlise de vrios parmetros
do projeto. Por exemplo, pode ser analisado se o modelo reduzido ir apresentar um
comportamento dinmico, sob condies de instalao, compatvel com o
comportamento esperado para o prottipo, onde os clculos de projeto j foram
previamente realizados. Os resultados provenientes do experimento so convertidos
para as dimenses do prottipo por intermdio de escalas especficas para este fim,
que se originam da anlise dimensional. Vale ressaltar que um dos maiores benefcios
de um experimento em escala reduzida a possibilidade de simular geometrias
complexas e verificar as no linearidades do sistema CHAKRABARTI [17]. Alm disso,
os carregamentos ambientais podem ser estudados isoladamente permitindo, assim,
verificar a influncia de cada carregamento no comportamento da estrutura.
Na modelagem fsica, o que se busca determinar um conjunto de escalas que permitam construir um modelo reduzido que apresente um comportamento similar ao
prottipo. Para tanto necessrio o conhecimento especfico do conceito fsico
associado ao sistema proposto para anlise. As relaes entre as grandezas fsicas do
modelo e do prottipo so obtidas atravs do Teorema de Buckingham Pi (tambm
conhecido como Teorema de S ou Vaschy- Buckingham), onde as equaes que regem o problema fsico em questo no necessitam ser conhecidas, porm, precisa-
se conhecer as grandezas fsicas relacionadas ao problema. As obras de
CHAKRABARTI [17], CARNEIRO [18] e HUGHES [19] mostram em detalhes o
desenvolvimento deste mtodo e aplicaes em estruturas offshore. Outros trabalhos
8
que utilizaram esta tcnica e que podem ser destacados so o de ROITMAN [20],
MAGLUTA [21] e VIERO [22]. O objetivo da utilizao do Teorema de Buckingham Pi
determinar os nmeros adimensionais envolvidos no problema que deseja-se
analisar, pois posteriormente cada nmero deve ser igualado entre o modelo e o
prottipo, assim finalmente obtendo as escalas das grandezas analisadas. Por
exemplo, a escala que relaciona as grandezas geomtricas do modelo com as do
prottipo expressa por:
Lm = Lp/O (2.1)
Onde:
Lm Comprimento caracterstico no modelo; Lp Comprimento caracterstico no prottipo; O Fator de escala geomtrica.
2.1.1 - Nmeros Adimensionais e Escalas CARNEIRO [18], ROITMAN [20] e CARVALHO [23] mostram em seus
trabalhos as condies de semelhana fsica desenvolvidas para estruturas offshore
que se originam da anlise dimensional. De acordo com estes trabalhos, os principais
fenmenos fsicos que regem o comportamento deste tipo de estrutura so:
x Relao entre um perodo da onda e um perodo natural representativo da estrutura;
x Interao entre as foras de inrcia do lquido e da estrutura; x Ao de um lquido em movimento oscilatrio sobre um corpo; x Ocorrncia de foras devido ao amortecimento na estrutura, e devido
viscosidade no lquido.
A partir desses fenmenos fsicos, CARNEIRO [18], ROITMAN [20] e
CARVALHO [23] apresentam os seguintes nmeros adimensionais (nmeros S):
s
w
s
w 1 T
TELT U S s
. (2.2)
s
w2 U
U S (2.3)
9
X X PU S
.....
w
wswswws3 T
HLuLuL (nmero de Reynolds) (2.4)
s
w
s
ww4 L
HL
Tu S . (nmero de Keulegan-Carpenter) (2.5)
w2w
2s
5
uL21
F
U S
... (2.6)
ww6 H
gT . S (nmero de Froude) (2.7)
Algumas vezes, o nmero de Froude expresso da seguinte forma [17]:
g.Lu2
6 S (2.8)
[ S7 (2.9)
Onde:
L Dimenso representativa; E Mdulo de elasticidade; U Massa especfica; T Perodo; X Viscosidade cinemtica do fluido; Hw Altura de onda; g Acelerao da gravidade; F Fora; [ Taxa de amortecimento; u Velocidade; w e s Subscritos que representam as grandezas do fluido e da estrutura, respectivamente.
Aps a determinao dos nmeros adimensionais, pode-se obter as escalas
para a modelagem fsica. Estas escalas so determinadas a seguir:
10
A Equao 2.1 pode ser obtida a partir do nmero de Keulegan-Carpenter, S4, da seguinte maneira:
O S Sms
ps
mw
pw
ms
mw
ps
pwm4p4 (L
(L(H(H
(L(H
(L(H
))
))
))
))
)()(
Os subscritos p e m correspondem ao prottipo e ao modelo,
respectivamente, e sero utilizados em todas as escalas determinadas ao longo do
texto.
O nmero S2 mostra a relao entre as massas especficas do lquido e da estrutura, ento, a partir deste nmero pode-se obter a escala das massas
especficas, conforme a seguir:
m2p2 )()( S S (Uwp / Usp) = (Uwm / Usm) (Uwp / Uwm) = (Usp / Usm)
Usp = (Uwp / Uwm) . Usm (2.10)
Atravs do nmero adimensional S6 (nmero de Froude, Equao 2.8) pode-se obter a escala das velocidades da seguinte forma:
m6p6 )()( S S up2 / g.Lp = um2 / g.Lm (2.11)
Substituindo a Equao 2.1 na Equao 2.11 e considerando que o modelo e o
prottipo estejam submetidos mesma acelerao da gravidade, a escala de
velocidades pode ser expressa por:
up = um. O1/2 (2.12)
Onde:
up Velocidade no prottipo; um Velocidade no modelo.
A partir do nmero S5, que consiste na relao entre as foras externas e internas na estrutura, chega-se a:
11
Fp / (1/2).Lp2.up2.Up = Fm / (1/2).Lm2.um2.Um (2.13)
Fp / Fm = (Lp2 / Lm2) . (up2 / um2) . (Up / Um) = O2 . O . (Up / Um)
E substituindo-se as Equaes 2.1 e 2.12 na 2.13, chega-se a escala de foras
conforme mostrado a seguir:
Fp = (Up / Um). O3.Fm (2.14)
Como a fora pode ser determinada por F = M.g, e considerando a acelerao
da gravidade igual no modelo e no prottipo, ento a escala de massas (M) pode ser
determinada por:
Mp = (Up / Um) . O3 . Mm (2.15)
A escala dos perodos naturais tambm pode ser determinada pelo nmero de
Froude, nmero S6 (Equao 2.7), conforme mostrado a seguir:
Tp . (gp / Lp)1/2 = Tm . (gm / Lm)1/2 Tp / Tm = (gm / gp)1/2 . (Lp / Lm)1/2 = 1 . O1/2
Tp = O1/2. Tm (2.16)
A escala dos mdulos de elasticidade pode ser obtida pela substituio das
escalas dos perodos naturais (Equao 2.16), das massas especficas (Equao
2.10) e geomtrica (Equao 2.1) na igualdade (S1)p = (S1)m. Isto pode ser verificado a seguir:
2
sm
sp2
wm
wp
sm
sp
m
p
sm
m
sm
wm
sp
p
sp
wp
LL
TT
EEE
LTE
LT
UU U U
....
Ep = (Up / Um) . O . Em (2.17)
Analisando as escalas de massa especfica (Equao 2.10) e de mdulo de
elasticidade (Equao 2.17), verifica-se que na prtica, dificilmente consegue-se obter
um material para a construo do modelo que atenda a estas duas escalas
simultaneamente. Por este motivo, no projeto de um modelo reduzido busca-se a
12
soluo respeitando as escalas de rigidez flexo (E.I = Mdulo de elasticidade x
Momento de inrcia) e/ou rigidez axial (E.A = Mdulo de elasticidade x rea), fazendo-
se uma distoro geomtrica.
A estratgia alterar a geometria da estrutura; geralmente em tubos altera-se o
dimetro interno, assim, no atendendo as escalas dos mdulos de elasticidade,
momentos de inrcia e reas, porm, atendendo a escala de rigidez flexional e/ou
axial. Apesar desta estratgia solucionar o problema mencionado anteriormente, ainda
existe a dificuldade de obter comercialmente um tubo com as dimenses requeridas,
surgindo a necessidade de mais uma aproximao, que compreende agora na
obedincia da relao entre as escalas de rigidez flexional e de massa e entre as
escalas de rigidez axial e de massa [20].
A escala da rigidez a flexo, Equao 2.19, pode ser obtida em funo da
escala geomtrica da seguinte forma:
Ip / Im = [(S / 64) . (DEp4 DIp4)] / [(S / 64) . (DEm4 DIm4)]
Ip / Im = (DEp4 DIp4) / (DEm4 DIm4) Lp4 / Lm4
Ip = O4 . Im (2.18)
Onde:
DE Dimetro externo; DI Dimetro interno.
(Ep / Em). (Ip / Im) = (Up / Um) . O . O4
(EI)p = (Up / Um) . O5. (EI)m (2.19)
Caso a rigidez axial (EA) seja importante no prottipo, que o caso dos
sistemas com linhas de ancoragem e risers flexveis, ento a escala desta rigidez pode
ser determinada da seguinte maneira:
(Ep / Em). (Ap / Am) = (Up / Um) . O . O2
(EA)p = (Up / Um) . O3. (EA)m (2.20)
13
Agora, fazendo-se a razo entre as escalas de rigidez flexo (Equao 2.19)
e de massa (Equao 2.15), obtm-se a seguinte escala:
(EI)p / Mp = (Up / Um) . O5. (EI)m / [(Up / Um) . O3 . Mm]
(EI)p / Mp = O2. (EI)m / Mm (2.21)
De maneira semelhante, fazendo-se a razo entre as escalas de rigidez axial
(Equao 2.20) e de massa (Equao 2.15), obtm-se a seguinte escala:
(EA)p / Mp = (EA)m / Mm (2.22)
A escala das viscosidades cinemticas pode ser obtida a partir do nmero de
Reynolds (nmero S3, Equao 2.4), conforme mostrado a seguir:
21
m
p
m
p
m
p
m
mm
p
pp
uu
LLuLuL /..
.. OO XXX X
m23
p XO X ./ (2.23)
Analisando-se a Equao 2.23, verifica-se que dificilmente esta escala ser
atendida, pois na maioria dos casos a gua considerada no prottipo e no modelo.
Desta forma, observa-se a incompatibilidade entre os nmeros de Reynolds e Froude.
Existem algumas tcnicas desenvolvidas para minimizar a incompatibilidade
entre os nmeros de Reynolds e Froude, dentre elas podem ser mencionadas as
seguintes: de acordo com BMT Fluid Mechanics Ltd [24], alguns laboratrios tm
adicionado rugosidade em alguns elementos do modelo para que o valor do
coeficiente de arraste se aproxime do prottipo. Outros laboratrios ajustam o
dimetro de alguns componentes do modelo para corrigir os erros da fora de arraste.
Ainda existem aqueles que acreditam que a melhor tcnica aceitar a deficincia na
escala e avaliar as conseqncias, assumido que as imprecises no comprometero
os resultados extrapolados para o prottipo.
CHAKRABARTI [25] menciona que quando um modelo ensaiado sob a ao
de corrente junto com onda, o efeito em conjunto tende a melhorar a relao do
nmero de Reynolds entre o modelo e o prottipo. Porm, no existe resposta nica e
apesar de existirem anos de pesquisa ainda h muita controvrsia sobre este assunto.
14
O ltimo nmero adimensional, S7, exige que a taxa de amortecimento seja igual entre o prottipo e o modelo. ROITMAN [20] em seu trabalho menciona que este
nmero obedecido de forma aproximada, uma vez que as escalas de rigidez e de
massa sejam respeitadas.
2.2 - Metodologias de Anlise A anlise numrica de estruturas offshore pode ser realizada de duas formas,
uma que no considera o acoplamento de unidades flutuantes com as linhas de
ancoragem e risers, denominada como anlise desacoplada [26]; e outra que
considera este acoplamento, denominada como anlise acoplada [26]. A seguir, so
apresentadas estas duas metodologias.
2.2.1 - Anlise Desacoplada Neste tipo de anlise, os movimentos da unidade flutuante so tratados de
forma independente do comportamento estrutural hidrodinmico, no-linear, das linhas
de ancoragem e risers. Por este motivo, este tipo de anlise s recomendado para
lminas dguas rasas e intermedirias, e com um pequeno nmero de risers. O
procedimento da anlise desacoplada realizado em duas etapas:
1) Etapa 1 - Inicialmente, os movimentos da unidade flutuante so avaliados atravs de programas especficos, que consideram as linhas num modelo
simplificado representado por coeficientes escalares de massa, rigidez,
amortecimento e carregamento, que so introduzidos na equao de
movimento da unidade flutuante. Estes coeficientes so estimados ou obtidos
experimentalmente.
2) Etapa 2 - Nesta etapa, feita a anlise estrutural das linhas de ancoragem e/ou risers, onde os movimentos da unidade flutuante determinados na etapa 1
so aplicados no topo das linhas como movimentos prescritos. Este
procedimento feito em programas de anlise estrutural especficos.
2.2.2 - Anlise Acoplada Historicamente, no incio da anlise acoplada, a proposta consistia na
utilizao independente de dois programas computacionais, um para tratar os
movimentos da unidade flutuante e outro para tratar o modelo das linhas. O programa
computacional, SITUA-PROSIM, utilizado nesta tese funciona com cdigos e dados
trabalhando de forma nica, ou seja, o modelo hidrodinmico da unidade flutuante e o
modelo de elementos finitos das linhas so incorporados num nico programa.
15
A anlise acoplada pode ser dos tipos fracamente acoplada ou fortemente
acoplada. A anlise fortemente acoplada indicada em problemas onde as altas
freqncias de resposta das linhas influenciam efetivamente no comportamento da
unidade flutuante [26], porm, isto no ocorre na maioria dos problemas de estruturas
offshore. A seguir, os dois tipos de anlises so descritos:
1) Anlise fracamente acoplada - neste tipo de anlise, a cada instante de tempo de integrao das equaes de movimento da unidade flutuante feita uma
anlise hidrodinmica, no-linear, em elementos finitos das linhas. Neste processo, os
movimentos da unidade flutuante so aplicados no topo das linhas a cada intervalo de
integrao. Posteriormente, so obtidas as foras no topo das linhas, que so
inseridas no lado direito das equaes de movimento da unidade flutuante. Este tipo
de anlise apresenta boa eficincia computacional, visto que o modelo de elementos
finitos de cada linha pode ser considerado de forma independente.
2) Anlise fortemente acoplada - neste tipo de anlise, as matrizes de massa e rigidez, do modelo da unidade flutuante e das linhas, so agrupadas em uma nica
matriz global, demandando um maior esforo computacional. O modelo da unidade
flutuante passa a ser considerado como um ponto nodal da malha de elementos
finitos. Este ponto nodal situa-se no centro de gravidade da unidade flutuante.
Os resultados da anlise acoplada so mais precisos do que os de uma anlise
desacoplada; isto acontece porque na anlise acoplada todos os efeitos no lineares
da interao entre a unidade flutuante e as linhas so considerados. Alm disso, no
requer a estimativa ou dados experimentais para os coeficientes escalares para
incluso das linhas na anlise, conforme exigido na anlise desacoplada.
16
CAPTULO 3 DESCRIO DO SITUA-PROSIM E DO PROTTIPO
3.1 - Descrio do SITUA-PROSIM O programa computacional PROSIM [1] um programa que tem sido
desenvolvido atravs de uma colaborao entre pesquisadores da PETROBRAS e do
Laboratrio de Mtodos Computacionais em Sistemas Offshore (LAMCSO) da
COPPE/UFRJ. O programa destinado anlise de risers, linhas de ancoragem,
monobias e unidades flutuantes. Atualmente, existe um pr-processador e um ps-
processador que agem em conjunto com o PROSIM [1], para facilitar a interao com
o usurio, ou seja, auxilia o usurio a entrar com os dados pertinentes anlise que
se deseja realizar, assim como facilita a sada dos resultados da anlise. A interface
de entrada e sada de dados constitui-se no programa SITUA. Assim, o SITUA e o
PROSIM so dois programas computacionais que agem em conjunto, onde o SITUA
responsvel pela interao com o usurio e o PROSIM pelo processamento dos
dados. Atualmente, o SITUA, alm de facilitar a entrada e sada de dados, tambm
apresenta alguns mdulos de processamento de dados.
A formulao do PROSIM baseia-se na anlise acoplada dos movimentos de
unidade(s) flutuante(s) com os movimentos dos demais sistemas presentes (linhas de
ancoragem e/ou risers). Desta forma, o PROSIM apresenta um modelo para
representao hidrodinmica do casco do flutuante e outro modelo de elementos
finitos para anlise das linhas de ancoragem e risers. A anlise acoplada permite que
os efeitos no-lineares presentes na interao entre a unidade flutuante, as linhas de
ancoragem e os risers sejam considerados simultaneamente.
No PROSIM, os movimentos do casco da unidade flutuante so considerados
como movimentos de corpo rgido e a plataforma pode ser modelada por elementos
cilndricos ou elpticos, enquanto que as linhas de ancoragem e os risers podem ser
modelados por elementos finitos de trelia ou prtico espacial. Em cada instante de
tempo, do processo de integrao das equaes de movimento do casco do flutuante,
realizada uma anlise dinmica no-linear das linhas de ancoragem. Nesta anlise
so considerados os carregamentos das ondas, corrente, peso prprio e aqueles
devido aos deslocamentos do casco. Os resultados desta anlise so as reaes
atuantes nas extremidades superiores das linhas de ancoragem e/ou risers, que so
inseridas nas equaes de movimento da unidade flutuante, no mesmo lado dos
carregamentos ambientais que esto agindo na embarcao. Ao final da resoluo
17
das equaes de movimento da unidade flutuante, o programa capaz de apresentar
os movimentos do corpo flutuante gerado pela interao entre a embarcao, linhas
de ancoragem e/ou risers e carregamentos ambientais. O programa ainda apresenta
uma modelagem de fundo que considera a interao das linhas de ancoragem com o
solo marinho.
O PROSIM apresenta uma formulao especial para o clculo das foras da
onda que agem na unidade flutuante. Nesta formulao a equao de Morison, que
considera os efeitos viscosos, pode ser empregada em conjunto com dados obtidos de
um modelo baseado na Teoria de Difrao de onda.
3.1.1 - Formulao das Equaes de Movimento da Unidade Flutuante
Na anlise acoplada de unidades flutuantes, as equaes de movimento de
corpo rgido so integradas numericamente no domnio do tempo, considerando o
comportamento hidrodinmico das linhas de ancoragem e risers que so modelados
por elementos finitos. Nas equaes, so considerados os movimentos de grande
amplitude, conseqentemente incluindo os efeitos no-lineares geomtricos. Os
efeitos no-lineares provenientes do modelo hidrodinmico, termo quadrtico da
velocidade na equao de Morison, e da interao do flutuante com as linhas de
ancoragem e risers tambm so considerados.
3.1.2 - Modelos de Representao das Ondas O PROSIM baseia-se na Teoria Linear de Airy [27] para representao das
ondas. Sendo que, os parmetros da onda so obtidos na coordenada bidimensional
da onda e posteriormente convertidos para o sistema tridimensional global. A Teoria
Linear de Airy considera ondas regulares, no entanto, as condies reais de mar
correspondem a ondas irregulares.
Um mar irregular pode ser representado pela superposio de vrias ondas
regulares com diferentes amplitudes e perodos. A onda resultante, alm de ser
extremamente irregular, possui um perfil que no se repete. Utilizando este conceito
de superposio no clculo da energia total da onda resultante, pode-se dizer que a
soma das energias de cada onda regular ser a energia total da onda resultante.
O PROSIM representa um mar irregular atravs de modelos espectrais. Estes
modelos [28] podem ser de Pierson-Moskowitz e o de JONSWAP (Joint North Sea
Wave Project). Alm disso, o espectro pode ser fornecido ao programa atravs de
dados empricos.
18
3.1.3 - Modelo Hbrido das Foras atuantes nas Unidades Flutuantes As formulaes de Morison, Frode-Krylov e baseada na Teoria de Difrao,
empregadas no clculo das foras hidrodinmicas atuando em unidades flutuantes,
apresentam vantagens e desvantagens quando comparadas entre si. Por este motivo,
o PROSIM combina estas formulaes de modo que a vantagem de cada formulao
seja incorporada no clculo das foras. Alm das foras provenientes destas
formulaes, o PROSIM, tambm permite considerar as foras devido corrente
marinha e vento.
3.2 - Descrio do Prottipo O sistema proposto neste trabalho corresponde a uma etapa da instalao do
riser hbrido auto-sustentado (FSHR) da plataforma P52, de propriedade da
PETROBRAS. Como a PETROBRAS levantou a hiptese de utilizar a plataforma P23,
tambm de propriedade desta empresa, para realizar a instalao do FSHR, as partes
consideradas neste sistema foram a plataforma de perfurao P23 e o riser hbrido
auto-sustentado.
O FSHR foi instalado no campo de Roncador, na bacia de Campos, em uma
lmina dgua de 1.800 m. Este tipo de riser e sistemas semelhantes tm sido
estudado extensivamente [29], [30], [31], [32], [33], [34], [35] e [36], pois apresenta
vantagens tcnicas e econmicas com relao aos sistemas convencionais (riser
flexvel e riser de ao em catenria) [37], [38] e [39].
A maioria das anlises conduzidas neste trabalho se relaciona com os
operadores de amplitude de resposta (RAOs), sendo assim, a seguir apresentada a
definio dos RAOs.
3.2.1 - Operadores de Amplitude de Resposta (RAOs) comum na anlise de movimentos de unidades flutuantes, obter-se a curva
de resposta dinmica, tal que se relacione amplitude de resposta com a amplitude
da onda incidente. Esta curva denominada de funo de transferncia do sistema ou
RAO e inclui as propriedades fsicas e geomtricas do sistema na presena de
determinado escoamento, desta forma, o RAO informa como se comportar a resposta
em funo do perodo de excitao.
Para os movimentos lineares (surge, sway e heave) e angulares (roll, pitch e
yaw), a funo de transferncia pode ser obtida pela seguinte relao: amplitude de
resposta dividida pela amplitude da onda incidente, em funo do perodo. Desta
forma, o RAO pode ser adimensional (por exemplo, m/m), no caso dos movimentos
lineares, e dimensional (por exemplo, graus/m), no caso dos movimentos angulares.
19
Portanto, na curva de resposta dinmica, cada perodo corresponde a uma resposta
devido a uma amplitude de onda unitria.
3.2.2 - Plataforma P23 As Figuras 3.1 e 3.2 mostram, respectivamente, as vistas frontal e lateral da
plataforma P23, e a Figura 3.3 mostra o modelo numrico do casco desta plataforma
que foi elaborado no SITUA-PROSIM para o atual trabalho. Este modelo foi modificado
de um modelo elaborado pelo Laboratrio de Mtodos Computacionais em Sistemas
Offshore (LAMCSO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em conjunto
com a PETROBRAS. As modificaes feitas para o atual trabalho foram na geometria
de alguns elementos do caco da plataforma, na massa estrutural, no calado de
operao, no centro de gravidade, nos raios de girao e nos coeficientes
hidrodinmicos. Os dados do modelo modificado so apresentados nas Tabelas 3.1,
3.2 e 3.3. Os coeficientes de arraste foram obtidos a partir da referncia [17], a qual
estima estes parmetros em funo do nmero de Reynolds. Os nmeros de Reynolds
foram determinados com velocidade de corrente de 1,2 m/s [40] e os coeficientes de
massa dgua adicionada foram fixados com valor unitrio (cilindro). A maioria dos
elementos indicados nas Tabelas 3.2 e 3.3 podem ser localizados na Figura 3.3, com
exceo dos elementos 5, 6, 23 e 24, os quais so iguais aos elementos 3, 4, 21 e 22,
respectivamente.
20
Figura 3.1 - Plataforma de Perfurao P23, Vista Frontal.
Figura 3.2 - Plataforma de Perfurao P23, Vista Lateral.
21
Figura 3.3 - Modelo Numrico do Casco da Plataforma P23.
Tabela 3.1 - Dados Gerais da Plataforma P23.
Parmetro Valor
Deslocamento 29.196 toneladas
Calado de Projeto 20,5 m
Posio X do Centro de Gravidade 0 m
Posio Y do Centro de Gravidade 0 m
Posio Z do Centro de Gravidade 21,9 m
Raio de Girao em Relao ao CG (roll) 29,1 m
Raio de Girao em Relao ao CG (pitch) 28,8 m
Raio de Girao em Relao ao CG (yaw) 33,5 m
1
2 4
3
21
22
16
12
8 19 25
15
11
7
17
13
9
18
14
10 20
26
X
Y
Z
22
Tabela 3.2 - Dados da Geometria do Modelo do Casco da Plataforma P23. Estrutura com seo elptica Comprimento (m) Semi-Eixo (m) 1 e 2 68,4 20,11 x 7,55 3, 4, 5 e 6 6,08 12,37 x 7,55 Cilindro Comprimento (m) Dimetro (m) 7, 8, 9 e 10 8,88 12,84 11, 12, 13 e 14 9 15,32 15, 16, 17 e 18 15,62 12,93 19 e 20 41,79 2,06 21, 22, 23 e 24 3,05 7,24 25 e 26 60,80 4,55
Tabela 3.3 - Coeficientes Hidrodinmicos do Modelo do Casco da Plataforma P23.
Membro CDy CDz Cay Caz CDx1 CDx2 Cax1 Cax2
1 0,72 0,65 1 1 0 0 0 02 0,72 0,65 1 1 0 0 0 03 0,72 0,72 1 1 0,72 0,72 1 14 0,72 0,72 1 1 0,72 0,72 1 15 0,72 0,72 1 1 0,72 0,72 1 16 0,72 0,72 1 1 0,72 0,72 1 17 0,682 0,682 1 1 0,682 0,682 1 18 0,682 0,682 1 1 0,682 0,682 1 19 0,682 0,682 1 1 0,682 0,682 1 1
10 0,682 0,682 1 1 0,682 0,682 1 111 0,65 0,65 1 1 0,65 0,65 1 112 0,65 0,65 1 1 0,65 0,65 1 113 0,65 0,65 1 1 0,65 0,65 1 114 0,65 0,65 1 1 0,65 0,65 1 115 0,682 0,682 1 1 0,682 0,682 1 116 0,682 0,682 1 1 0,682 0,682 1 117 0,682 0,682 1 1 0,682 0,682 1 118 0,682 0,682 1 1 0,682 0,682 1 119 0,32 0,32 1 1 0,51 0,51 1 120 0,32 0,32 1 1 0,51 0,51 1 121 0,45 0,45 1 1 0,72 0,72 1 122 0,45 0,45 1 1 0,72 0,72 1 123 0,45 0,45 1 1 0,72 0,72 1 124 0,45 0,45 1 1 0,72 0,72 1 125 0,46 0,63 1 1 0,63 0,63 1 126 0,46 0,63 1 1 0,63 0,63 1 1
Legenda da Tabela 3.3:
CDx - Coeficiente de arraste na direo X;
CDy - Coeficiente de arraste na direo Y;
CDz - Coeficiente de arraste na direo Z;
23
Cax - Coeficiente de massa dgua adicionada na direo X;
Cay - Coeficiente de massa dgua adicionada na direo Y;
Caz - Coeficiente de massa dgua adicionada na direo Z.
Os ndices 1 e 2 dos coeficientes CDx1, CDx2, Cax1 e Cax2 correspondem aos ns
do elemento.
Vrias simulaes foram feitas no SITUA-PROSIM com o modelo mostrado na
Figura 3.3. Estas simulaes foram conduzidas com a plataforma P23 sem sistema de
amarrao, altura de onda de 2 m (onda regular) e perodos da onda variando de 4 a
30 s. A direo de ataque da onda e o aproamento da unidade flutuante foram
considerados a 0o com o eixo X global, conforme indicado na Figura 3.4. Os resultados
destas anlises encontram-se nas Figuras 3.5, 3.6 e 3.7, as quais apresentam os
RAOs em surge, heave e pitch, respectivamente. Os demais graus de liberdade
apresentaram resposta pouco significante devido direo da onda adotada em
relao ao posicionamento da unidade flutuante, e por esta razo no so mostrados.
Figura 3.4 - Anlise da P23 com Incidncia de Onda a 0o do Eixo X.
Direo de Incidncia da Onda
24
Figura 3.5 - Resposta da Plataforma P23 em Surge.
Figura 3.6 - Resposta da Plataforma P23 em Heave.
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
Perodo de Onda (s)
RA
O e
m S
urge
(m/m
)
0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
1,8
2,1
2,4
3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
Perodo de Onda (s)
RA
O e
m H
eave
(m/m
)
25
Figura 3.7 - Resposta da Plataforma P23 em Pitch.
3.2.3 - Riser Hbrido Auto-Sustentado (Free Standing Hybrid Riser - FSHR) O sistema do FSHR pode ser descrito, resumidamente, como sendo composto
por um riser flexvel, um riser rgido na vertical e por um tanque de flutuao que se
localiza no topo do riser rgido. O principal objetivo do FSHR evitar que os
movimentos da unidade flutuante, principalmente aqueles causados pelas ondas,
sejam transmitidos para o riser rgido na vertical. Desta forma, a unio entre o riser
rgido e a unidade flutuante feita atravs do riser flexvel, permitindo assim o
desacoplamento dos movimentos das duas estruturas. Outro aspecto importante do
FSHR que o riser rgido instalado com o topo do tanque de flutuao a uma
determinada distncia (entre 167 e 175 m) do nvel mdio da elevao do mar,
reduzindo assim a influncia da ao das ondas e mantendo o riser tracionado pelo
empuxo do tanque.
A Figura 3.8 ilustra o esquema do FSHR j instalado para exportao de leo
da plataforma P52. A descrio e as dimenses dos componentes do FSHR so
apresentados no Anexo A [10].
importante mencionar que a PETROBRAS, ao longo do desenvolvimento
deste trabalho, modificou o projeto do FSHR, porm, no estudo aqui proposto o projeto
original foi mantido. As principais modificaes foram a incluso de uma amarra
unindo o riser rgido ao tanque de flutuao e a instalao do Gooseneck no topo do
riser rgido.
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
Perodo de Onda (s)
RA
O e
m P
itch
(Gra
us/m
)
26
Figura 3.8 - Riser Hbrido Auto-Sustentado da P52 [10].
3.2.4 - Instalao do FSHR Utilizando a Plataforma P23
Um dos objetivos do presente trabalho analisar uma etapa da instalao do
FSHR da plataforma P52. Segundo ROVERI e PESSOA [10] esta instalao pode ser
executada utilizando-se a plataforma P23. A fim de dar uma idia do processo de
instalao do FSHR, este descrito a seguir:
O tanque de flutuao pr-montado com alguns equipamentos em seu
interior. Estes equipamentos correspondem poro do riser que ir situar-se prximo
ao fundo do mar (Conector Hidrulico, Offtake Spool, Lower Taper Joint e Lower
(Riser Flexvel)
Riser Rgido
na Vertical
27
Adptor Joint), conforme se observa na Figura 3.9. Estes componentes so fixados na
extremidade superior do tanque por intermdio de um colar.
Figura 3.9 - Pr-montagem do Tanque de Flutuao [10].
O tanque iado do ptio do estaleiro por um guincho e ento posicionado no
interior da unidade flutuante, que segue at o local da instalao. A transferncia do
tanque de flutuao para a gua feita nas proximidades da instalao, onde o tanque
deslizado para fora da unidade flutuante atravs de uma manobra controlada de
inundao do barco. Um cabo de ao conectado no topo do tanque e preso na
plataforma de perfurao P23, conforme ilustrado na Figura 3.10.
Figura 3.10 - Transferncia do Tanque de Flutuao para o Mar [10].
Depois do tanque estar na gua, alguns compartimentos comeam a ser
inundados para que este equipamento posicione-se na vertical, conforme indicado na
Figura 3.11. Quatro compartimentos so preenchidos com nitrognio e o peso do
tanque gradualmente transferido para a plataforma. Ao final desta operao, o
tanque estar abaixo do deck da plataforma de perfurao com o cabo de ao
sustentando o seu peso.
Offtake Spool
Extremidade
Superior do
Tanque
P23
28
Figura 3.11 - Posicionamento do Tanque de Flutuao na Vertical [10].
A prxima etapa corresponde ao levantamento do tanque at que a parte
superior deste atinja uma distncia em torno de 0,5 m do deck inferior, conforme
ilustrado na Figura 3.12. Em seguida, o peso do tanque transferido para o sistema
dos tracionadores da plataforma.
Figura 3.12 - Tanque de Flutuao Suspenso pelos Tracionadores da Plataforma [10].
Posteriormente, uma junta especial do riser, a Lower Cross Over Joint,
conectada aos equipamentos pr-instalados no topo do tanque de flutuao, de
acordo com o esquema da Figura 3.13. Aps esta conexo, o colar que fixa os
componentes pr-instalados no tanque retirado. Nesta seqncia, a Lower Cross
Over Joint e as primeiras juntas padres do riser so descidas pelo interior do tanque.
29
Figura 3.13 - Conexo da Lower Cross Over Joint aos Equipamentos Pr-instalados [10].
Na etapa seguinte, o tanque baixado para que as demais juntas padres
sejam instaladas, at que a sua parte superior esteja nivelada com a parte inferior da
plataforma (pontoon deck), conforme mostrado na Figura 3.14. Nesta operao, o
conjunto tanque mais juntas sustentado por um sistema composto por correntes e
tracionadores, sendo utilizados os dezesseis tracionadores da plataforma. Na parte
superior do tanque, so fixados cabos de ao para controlar os movimentos
horizontais, sendo uma extremidade de um cabo fixada ao tanque enquanto que a
outra passa por uma polia na parte inferior da plataforma (pontoon level) que segue
at uma manivela no deck. As juntas padres de risers so soldadas no deck da
plataforma e descidas pelo interior do tanque de flutuao. Durante esta etapa, o riser
permite que a gua do mar penetre em seu interior.
Figura 3.14 - Descida do Tanque de Flutuao com a Lower Cross Over Joint [10].
30
Aps a instalao das juntas padres dos risers, os ltimos componentes
(Upper Adapter Joint, Upper Adapter Extension Joint, Buoyancy Can Lower Taper
Joint, Buoyancy Can Adapter Joint e Buoyancy Can Upper Taper Joint) so instalados.
Estes componentes so conectados por flanges.
Em seguida, um conjunto de risers conectado no topo da Buoyancy Can
Upper Taper Joint por intermdio de um conector permitindo, assim, que os ltimos
componentes sejam descidos at o topo do tanque de flutuao (vide Figura 3.15).
Figura 3.15 - Conexo das Juntas por Flanges [10].
A prxima fase consiste na elevao do tanque com as linhas de risers at a
regio da moonpool, onde se d a instalao do Load Monitoring Spool e a fixao
entre o riser e o tanque de flutuao. Esta situao ilustrada na Figura 3.16.
Figura 3.16 - Elevao do Tanque de Flutuao para Instalao do Load Monitoring Spool [10].
31
Em seguida, as restries laterais com os cabos de ao so retiradas e o
tanque liberado do sistema dos tracionadores da plataforma de perfurao. Assim, o
riser e o tanque so descidos por intermdio de drill collars. Durante o processo de
descida, os quatro primeiros compartimentos do tanque so mantidos pressurizados
para que no sejam invadidos pela gua do mar. Antes da conexo aos equipamentos
da fundao, dois compartimentos so preenchidos com nitrognio para aliviar o peso
do sistema e permitir a utilizao do sistema de compensao de movimento (vide
Figura 3.17).
Finalmente, a conexo com os equipamentos da fundao estabelecida e o
FSHR tensionado pelo drill collar para testar o conector hidrulico e dar estabilidade
ao sistema, antes de iniciar o processo de liberao de gua do interior do tanque.
Assim, depois de estabelecida a conexo, o tanque gradualmente preenchido com
nitrognio, pelo ROV, e a trao aplicada na plataforma vai sendo aliviada, at que o
sistema flutue por si s. Nesta seqncia, o drill collar desconectado do tanque e
elevado para a plataforma.
Figura 3.17 - FSHR Prximo da Fundao [10].
A prxima fase consiste na instalao do Gooseneck por intermdio de uma
unidade flutuante de lanamento de linha. Deste modo, o Gooseneck anexado a
uma das extremidades do flexvel e descido at as proximidades do tanque de
32
flutuao. A partir da, um ROV estabelece a conexo entre o Gooseneck e o tanque
(vide Figura 3.18).
Figura 3.18 - Instalao do Gooseneck ao Tanque de Flutuao [10].
Por fim, a outra extremidade do riser flexvel instalada na plataforma P52 por
intermdio da unidade flutuante de lanamento de linha, conforme indicado na Figura
3.19.
Figura 3.19 - Instalao do Flexvel na Plataforma P52 [10].
3.2.5 - Modelo Numrico da Plataforma P23 com o Tanque de Flutuao
A etapa da instalao do FSHR escolhida para ser estudada foi aquela onde o
tanque de flutuao se aproxima do deck inferior, conforme mostrado na Figura 3.12.
Para analisar esta situao, foi elaborado um modelo numrico da plataforma P23 com
o tanque de flutuao. A Figura 3.20 mostra o modelo numrico da plataforma P23
com o tanque de flutuao elaborado no SITUA-PROSIM.
33
Figura 3.20 - Modelo Numrico da Plataforma P23 com o Tanque de Flutuao.
Durante a etapa da instalao, o peso do tanque transferido para o sistema
dos tracionadores da plataforma. Este sistema composto por 16 tracionadores com
rigidez de 3,18 kN/m para cada tracionador. No modelo numrico da plataforma P23
com o tanque de flutuao, o sistema dos tracionadores no foi representado. O
sistema de sustentao do tanque de flutuao foi representado por 4 cabos fixados
na plataforma, com rigidez diferente do sistema dos tracionadores. Neste modelo
foram obedecidas a posio do tanque em relao plataforma e as tenses iniciais.
Apesar do modelo numrico no representar o sistema dos tracionadores, no modelo
construdo este sistema foi representado. A ligao dos cabos ao tanque foi modelada
atravs de 4 barras com rigidez bastante elevada e massa desprezvel. A Figura 3.21
mostra o sistema de sustentao do tanque de flutuao com as principais
coordenadas, a partir da linha dgua.
Tanque de Flutuao
34
Figura 3.21 - Modelo Numrico do Tanque de Flutuao.
Os cabos fixados na plataforma foram discretizados com elementos finitos de
trelia espacial, enquanto que as barras com rigidez elevada e o tanque foram
discretizados com elementos finitos de prtico espacial. As caractersticas fsicas e
geomtricas dos cabos e das barras so mostradas na Tabela 3.4, e as do tanque de
flutuao encontram-se no Anexo A. Algumas caractersticas da discretizao em
elementos finitos so apresentadas na Tabela 3.5.
Tabela 3.4 - Caractersticas do Sistema de Sustentao do Tanque de Flutuao.
Componente Dimetro (m) Massa Especfica
(kg/m3)
Rigidez Axial (kN/m)
Rigidez Flexional (kN.m2)
Cabo 0,08 1,14 x 103 3,9 x 104 189 Barra 0,15 0,102 2,92 x 108 5,22 x 10
5
Cabo fixado
na plataforma
Barra super
rgida
(1,95;-2,61;24,4)
(0,76;-1,01;12,02)
Tanque de
Flutuao
35
Tabela 3.5 - Discretizao dos Elementos Finitos do Sistema de Sustentao do Tanque de Flutuao.
Componente
Comprimento do
Segmento (m)
Comprimento do
Elemento (m)
Nmero de
Elementos
8,57 0,5 17 11,59 0,5 23 1 Tanque de Flutuao
14,10 0,5 28 2 Cabo 12,09 0,8 15 3 Barra 1,27 0,5 3
A partir do modelo numrico elaborado, foram executadas simulaes com a
plataforma P23 sem sistema de amarrao, altura de onda de 2 m (onda regular) e
perodos variando de 4 a 30 s. A direo de ataque da onda e o aproamento da
unidade flutuante foram considerados a 0o com o eixo X global. Os resultados das
simulaes numricas em surge, heave e pitch so apresentados, respectivamente,
nas Figuras 3.22, 3.23 e 3.24, junto com os resultados obtidos anteriormente no
SITUA-PROSIM da plataforma P23 sem o tanque de flutuao. Analisando estes
resultados, observa-se que a presena do tanque de flutuao apresenta pouca
influncia nos movimentos da plataforma P23. Somente em heave, observa-se uma
amplificao do movimento prximo ao perodo de 21 s, provavelmente devido
proximidade com o perodo natural deste grau de liberdade.
Figura 3.22 - Resposta da Plataforma P23 com e sem o Tanque de Flutuao em Surge.
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
Perodo de Onda (s)
RA
O e
m S
urge
(m/m
)
RAO - Prottipo P23 RAO - Prottipo P23 com Tanque
36
Figura 3.23 - Resposta da Plataforma P23 com e sem o Tanque de Flutuao em Heave.
Figura 3.24 - Resposta da Plataforma P23 com e sem o Tanque de Flutuao em Pitch.
0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
1,8
2,1
2,4
2,7
3
3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
Perodo de Onda (s)
RA
O e
m H
eave
(m/m
)
RAO - Prottipo P23 RAO - Prottipo P23 com Tanque
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
Perodo de Onda (s)
RA
O e
m P
itch
(Gra
us/m
)
RAO - Prottipo P23 RAO - Prottipo P23 com Tanque
37
CAPTULO 4 PROJETO E CONSTRUO DO MODELO REDUZIDO
A primeira etapa para realizar o projeto de um modelo reduzido consiste na
determinao da escala geomtrica, pois conforme mostrado no Captulo 2, todos os
demais fatores de escala so obtidos em funo deste parmetro. A partir dos fatores
de escala possvel projetar o modelo ideal, o qual definido como aquele onde todas
as escalas so obedecidas, ou seja, ele apresenta caractersticas geomtricas e
fsicas semelhantes ao prottipo.
De uma forma geral, muito difcil satisfazer totalmente as condies de
semelhana impostas pelo modelo ideal. Isto se deve as restries prticas, como por
exemplo, encontrar comercialmente materiais com caractersticas fsicas e
geomtricas adequadas. Para resolver este problema, alguns ajustes e simplificaes
so feitos no projeto do modelo reduzido. Desta maneira, o modelo pode ser
construdo com materiais encontrados comercialmente, conseqentemente,
respeitando as condies de semelhana de forma aproximada.
Este captulo apresenta a determinao da escala geomtrica e os principais
ajustes e simplificaes considerados no projeto do modelo reduzido da plataforma
P23 e do tanque de flutuao. Alm disso, mostra os detalhes da construo do
modelo reduzido da plataforma P23 e do tanque de flutuao.
4.1 - Determinao da Escala Geomtrica A determinao da escala geomtrica deve ser coerente com as dimenses do
tanque de ondas utilizado para realizao do experimento. O perodo e a altura da
onda requeridas pelo modelo reduzido em escala tambm devem ser compatveis com
os valores destas grandezas disponveis no tanque de ondas.
Neste trabalho, foi utilizado o tanque ocenico da COPPE que apresenta as
seguintes caractersticas: comprimento de 40 m, largura de 30 m, profundidade de 15
m (possui um furo com mais 10 m de profundidade e 5 m de dimetro), capacidade de
gerar ondas com altura mxima de 0,5 m e faixa de perodo da onda de 0,3 a 5 s.
A dimenso no prottipo que poderia gerar restries com relao s
dimenses do tanque a lmina dgua, com um valor de 1.800 m. Considerando que
a profundidade do tanque ocenico da COPPE de 25 m, chega-se a uma escala
geomtrica de 72. Desta forma, adotou-se uma escala geomtrica com valor igual a
100 (O = 100).
38
Apesar do efeito da corrente marinha no ser desprezvel, neste trabalho foi
focado somente a ao das ondas. Desta forma, os parmetros da onda foram
considerados com os seguintes valores no prottipo: altura de onda com valor de 5 m,
e perodos de 11, 15 e 22 s.
Para verificar se estes parmetros eram compatveis com os disponveis no
tanque ocenico da COPPE, calculou-se a altura de onda no modelo (Hm) atravs da
aplicao direta da escala geomtrica, e os perodos (Tm) foram obtidos a partir da
Equao 2.16, chegando-se aos seguintes valores: Hm = 0,05 m (maior altura de onda)
e Tm variando de 1,1 a 2,2 s.
Comparando os valores calculados com os disponveis no tanque, verifica-se
que tanto a maior altura de onda como os perodos esto de acordo com as faixas
destas grandezas disponveis no tanque, ou seja, 0,05 m < 0,5 m; e 1,1 s > 0,3 e 2,2 s
< 5 s.
Aps a definio da escala geomtrica e dos parmetros da onda com relao
s restries do tanque de ondas, foram determinadas as demais grandezas
geomtricas e fsicas requeridas no modelo. Apresenta-se a seguir o projeto do
modelo reduzido da plataforma P23.
4.2 - Projeto da Plataforma P23 O modelo reduzido da plataforma P23 foi considerado como um corpo rgido,
desprezando-se as deformaes da estrutura. Sendo assim, somente a escala
geomtrica (Equao 2.1) e a de massa (Equao 2.15) foram obedecidas, incluindo a
distribuio de massa da plataforma. As principais informaes encontram-se
resumidas na Tabela 4.1, sendo que os dados geomtricos foram obtidos atravs da
reduo em escala dos dados do prottipo, com pequenas alteraes no dimetro das
colunas para ajuste do calado (este ajuste foi necessrio devido diferena da massa
especfica da gua entre o modelo e o prottipo). Os coeficientes hidrodinmicos
encontram-se na Tabela 4.2, sendo que a numerao dos membros descritos nesta
Tabela refere-se Figura 3.3. Os coeficientes de arraste foram estimados em funo
do nmero de Reynolds de [17], os quais foram calculados considerando a velocidade
da corrente igual a 0,12 m/s [40]. Os coeficientes de massa dgua adicionada foram
fixados com valor unitrio (cilindro).
39
Tabela 4.1 - Dados Gerais do Modelo Reduzido da Plataforma P23.
Parmetro Valor
Deslocamento 29,196 kg
Calado de Projeto 20,50 cm
Posio X do Centro de Gravidade 0 cm
Posio Y do Centro de Gravidade 0 cm
Posio Z do Centro de Gravidade 21,90 cm
Raio de Girao em Relao ao CG (roll) 29,10 cm
Raio de Girao em Relao ao CG (pitch) 28,80 cm
Raio de Girao em Relao ao CG (yaw) 33,50 cm
Tabela 4.2 - Coeficientes Hidrodinmicos do Modelo Reduzido da Plataforma P23.
Membro CDy CDz Cay Caz CDx1 CDx2 Cax1 Cax2
1 1,1 1,125 1 1 1,125 1,125 0 0 2 1,1 1,125 1 1 1,125 1,125 0 0 3 1,1 1,1 1 1 1,1 1,1 1 1 4 1,1 1,1 1 1 1,1 1,1 1 1 5 1,1 1,1 1 1 1,1 1,1 1 1 6 1,1 1,1 1 1 1,1 1,1 1 1 7 1,117 1,117 1 1 1,117 1,117 1 1 8 1,117 1,117 1 1 1,117 1,117 1 1 9 1,117 1,117 1 1 1,117 1,117 1 1
10 1,117 1,117 1 1 1,117 1,117 1 1 11 1,123 1,123 1 1 1,123 1,123 1 1 12 1,123 1,123 1 1 1,123 1,123 1 1 13 1,123 1,123 1 1 1,123 1,123 1 1 14 1,123 1,123 1 1 1,123 1,123 1 1 15 1,116 1,116 1 1 1,116 1,116 1 1 16 1,116 1,116 1 1 1,116 1,116 1 1 17 1,116 1,116 1 1 1,116 1,116 1 1 18 1,116 1,116 1 1 1,116 1,116 1 1 19 0,959 0,959 1 1 1,199 1,199 1 1 20 0,959 0,959 1 1 1,199 1,199 1 1 21 0,966 0,966 1 1 1,096 1,096 1 1 22 0,966 0,966 1 1 1,096 1,096 1 1 23 0,966 0,966 1 1 1,096 1,096 1 1 24 0,966 0,966 1 1 1,096 1,096 1 1 25 1,2 1,002 1 1 1,002 1,002 1 1 26 1,2 1,002 1 1 1,002 1,002 1 1
Legenda da Tabela 4.2:
CDx - Coeficiente de arraste na direo X;
CDy - Coeficiente de arraste na direo Y;
40
CDz - Coeficiente de arraste na direo Z;
Cax - Coeficiente de massa dgua adicionada na direo X;
Cay - Coeficiente de massa dgua adicionada na direo Y;
Caz - Coeficiente de massa dgua adicionada na direo Z.
Os ndices 1 e 2 dos coeficientes CDx1, CDx2, Cax1 e Cax2 correspondem aos ns
do elemento.
4.2.1 - Ajuste da Ancoragem da Plataforma P23 A plataforma de perfurao P23 uma unidade dotada de um sistema de
posicionamento dinmico que responsvel pela restituio dos movimentos da
unidade flutuante. No entanto, para o modelo reduzido da plataforma decidiu-se
projetar um sistema de ancoragem capaz de restituir os movimentos da unidade
flutuante.
O projeto da ancoragem foi conduzido atravs de duas etapas que
necessitaram de simulaes numricas, as quais foram realizadas utilizando-se o
programa computacional SITUA-PROSIM. O objetivo da etapa 1 foi ajustar a
ancoragem do modelo para uma nica situao de onda, enquanto que o objetivo da
etapa 2 foi obter os RAOs do casco da P23 para o modelo ajustado na etapa 1. As
duas etapas so descritas a seguir:
Etapa 1:
Para ajustar o sistema de ancoragem do modelo reduzido foram utilizados
como referncia os RAOs do prottipo do casco da P23 sem ancoragem, descritos no
Captulo 3. Foram realizadas anlises acopladas do modelo reduzido do casco da P23
ancorado com quatro fios de nylon, com as caractersticas descritas na Tabela 4.3.
Nestas anlises, foram feitos estudos paramtricos variando-se os comprimentos dos
fios de nylon e a posio vertical do final de cada linha de ancoragem. Para que a
comparao entre os RAOs do modelo reduzido e do prottipo fosse coerente, as
escalas geomtrica e de tempo foram utilizadas para converter os valores obtidos no
modelo reduzido para a escala do prottipo. O comprimento do fio de nylon que
melhor representou a resposta da anlise foi 24,8 m, e a posio vertical a partir da
lmina dgua com sentido para o fundo do tanque foi 2,9 cm. O esquema da
ancoragem do modelo reduzido do casco da P23 no tanque ocenico da COPPE pode
ser visto nas Figuras 4.1 e 4.2, e as principais informaes com relao ao estudo
encontram-se na Tabela 4.4.
41
Tabela 4.3 - Caractersticas da Ancoragem do Modelo Reduzido da Plataforma P23.
Dimetro (mm)
Material Massa Especfica (kg/m3)
Mdulo de Elasticidade (N/m2)
0,80 Nylon (poliamida) 1,14 x 103 940 x 106
Figura 4.1 - Vista Superior da Simulao do Modelo Reduzido do Casco da P23 no Tanque Ocenico da COPPE.
Figura 4.2 - Vista Lateral da Simulao do Modelo Reduzido do Casco da P23 no Tanque Ocenico da COPPE.
X
Y
Ger
ador
de
Ond
as d
o Ta
nque
Oce
nic
o da
CO
PP
E
Modelo Reduzido do Casco da P23 Direo de incidncia da Onda
Linha de Ancoragem 1 Linha de Ancoragem 4
Linha de Ancoragem 3
40 m30
m
Linha de Ancoragem 2
2,9 cm Modelo Reduzido do Casco da P23 Linha dgua
42
Tabela 4.4 - Principais Informaes da Anlise para Ajuste do Modelo Reduzido da P23.
Parmetro Valor Lmina d'gua (1800 m no prottipo) 18 m Tipo de onda Regular Altura da onda (2 m no prottipo) 0,02 m Perodo (9,32 s no prottipo) 0,93 s Direo de ataque da onda a partir do X global 0o
Aproamento da plataforma a partir do X global 0o
Nmero de elementos finitos de cada linha 50 Comprimento de cada elemento finito 0,5 m Comprimento de cada linha 24,8 m Etapa 2:
Uma vez ajustados o comprimento e a posio vertical de fixao da linha de
nylon foram realizadas simulaes onde os perodos das ondas foram variados de 0,4
a 3 s (equivalente variao de 4 a 30 s no prottipo), enquanto a altura de onda
regular foi mantida em 0,02 m (equivalente a 2 m no prottipo). Os resultados destas
anlises (surge, heave e pitch) foram extrapolados para as dimenses do prottipo e
apresentados em conjunto com os resultados dos RAOs do prottipo. Desta forma, os
trs grupos de anlises: 1) RAO do modelo reduzido da plataforma P23 sem
ancoragem, 2) RAO do modelo reduzido da plataforma P23 ancorada e 3) RAO do
prottipo da plataforma P23, podem ser vistos nas Figuras 4.3, 4.4 e 4.5.
Figura 4.3 - Resposta da Plataforma P23 em Surge.
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
Perodo de Onda(s)
RA
O e
m S
urge
(m/m
)
Anlise 3 Anlise 2 Anlise 1
43
Figura 4.4 - Resposta da Plataforma P23 em Heave.
Figura 4.5 - Resposta da Plataforma P23 em Pitch.
Conforme se observa nas Figuras 4.3 e 4.4, as respostas do modelo ancorado,
em surge e heave, mostraram resultados satisfatrios quando comparadas com as
respostas das outras duas situaes analisadas, apesar das divergncias observadas
entre os perodos de 21 a 24 s em surge e de 20 a 22 s em heave. Em heave, as
divergncias podem ter ocorrido por causa da proximidade do perodo natural. Em
pitch (Figura 4.5), as respostas do modelo ancorado apresentaram uma boa
consistncia com as outras situaes analisadas. Desta forma, pode-se considerar
que o sistema de ancoragem projetado representa adequadamente o prottipo.
0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
1,8
2,1
2,4
3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
Perodo de Onda(s)
RA
O e
m H
eave
(m/m
)
Anlise 3 Anlise 2 Anlise 1
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
Perodo de Onda(s)
RA
O e
m P
itch
(Gra
us/m
)
Anlise 3 Anlise 2 Anlise 1
44
4.2.2 - Componentes da Plataforma P23 As peas do modelo reduzido da plataforma P23 foram projetadas de maneira
que a plataforma pudesse ser montada e desmontada de forma prtica e segura.
Sendo assim, algumas partes extras precisaram ser includas no projeto. Os desenhos
destas peas com suas partes extras so mostrados no Anexo B.
O desenho do projeto completo do modelo reduzido da plataforma P23
ilustrado na Figura 4.6. Esta Figura mostra os 4 tracionadores projetados para o
modelo reduzido, os quais simulam os 16 tracionadores do prottipo da plataforma
P23. No prottipo cada tracionador possui uma rigidez de 3.185 N/m. Como o modelo
reduzido s possui 4 tracionadores, chega-se a uma rigidez individual de 12.740 N/m,
que convertida para o modelo, com o auxlio da Equao 2.20, representa uma rigidez
de 1,27 N/m.
Figura 4.6 - Desenho Completo do Projeto do Modelo Reduzido da Plataforma P23.
Para projetar o sistema dos tracionadores do modelo reduzido, foi necessrio
realizar ensaios de trao com uma linha elstica. Esta linha foi ensaiada com dois fios
(dobrada) e com comprimento de 0,48 m, pois este comprimento foi o que apresentou
valor de rigidez mais prximo de 1,27 N/m. O procedimento do ensaio foi fixar uma
extremidade da linha, e na outra extremidade aplicar pesos conhecidos. A Figura 4.7
apresenta o grfico de fora versus deslocamento e a equao da reta ajustada, a
partir da qual foi estimada a deformao devido sustentao do tanque de flutuao
Tracionador 1
Tracionador 3 Tracionador 4
Tracionador 2
45
(a determinao da massa do tanque mostrada no prximo item deste captulo).
Somando esta deformao (devido 1/4 da massa do tanque na gua) com o
comprimento da linha (0,48 m), obteve-se um comprimento total de aproximadamente
1,01 m. A partir deste comprimento, o arranjo fsico dos tracionadores no deck da
plataforma pde ser planejado.
Figura 4.7 - Resultado do Ensaio de Trao da Linha Elstica.
4.3 - Projeto do FSHR (Free Standing Hybrid Riser)
No projeto do modelo reduzido do FSHR, foi considerado apenas o tanque de
flutuao. Desta forma, para representar o tanque foi considerado a carcaa externa e
o tubo interno, desconsiderando os compartimentos internos do tanque.
O modelo reduzido do tanque de flutuao foi considerado como um corpo
rgido, desprezando-se as deformaes da estrutura. Sendo assim, somente as
escalas geomtrica (Equao 2.1) e de massa (Equao 2.15) foram respeitadas de
forma aproximada.
A escala geomtrica foi empregada, com maior rigor, nas partes externas do
tanque de flutuao, pois alteraes nas dimenses externas influenciam diretamente
na interao do fluido com a estrutura. Desta forma, o dimetro externo do tanque foi
determinado com valor de 5,5 cm.
Para determinao da massa do modelo reduzido do tanque de flutuao,
inicialmente, foi necessrio calcular esta massa no prottipo, que foi estimada por:
MTanqTub = Up . Ap . Cp = 249.361 kg
y = 1,188x + 0,157
0,19
0,29
0,39
0,49
0,59
0,69
0,79
0,89
0,99
1,09
0,04 0,14 0,24 0,34 0,44 0,54 0,64 0,74
Deslocamento (m)
For
a (N
)
46
Onde:
Up Massa especfica equivalente no prottipo, considerando tanque mais tubo interno (Up = 314,1 kg/m3); Ap rea da seo transversal equivalente no prottipo; Cp Altura total dos compartimentos que compem o tanque (34,26 m).
O projeto do prottipo do tanque [10] prev a inundao de 12 compartimentos
com gua do mar. O clculo da massa desta gua no interior do tanque foi estimado
da seguinte forma:
MguaTanq = UguaMar . AIntComp . H = 601.012 kg
Onde:
AIntComp rea interna de cada compartimento do tanque; H Altura correspondente a 12 compartimentos (25,69 m).
E a massa de gua deslocada pelo tanque dada por:
Ep = UguaMar . Ap . hsubTanq= 528.479 kg
Onde:
Ep Massa de gua deslocada no prottipo; UguaMar Massa especfica da gua do mar (1.025 kg/m3); hsubTanq Altura submersa do tanque (22,25 m).
Chegando-se a massa total do tanque no prottipo na gua:
MTanqNagua = MTanqTub + MguaTanq - Ep = 321.894 kg
Para determinar a massa do tanque na gua do modelo reduzido, utilizou-se a
Equao 2.15 chegando-se a:
MTanqNagua,m = MTanqNagua / O3 = 0,322 kg
Deve-se ressaltar que esta a massa do modelo ideal na gua, para calcular a
massa no ar deve-se somar a massa de gua deslocada.
47
Alm da determinao da massa do tanque, tambm foi necessrio determinar
o centro de gravidade da estrutura. Isto foi feito com o auxlio da Figura 4.8, que
mostra um esquema do tanque de flutuao, destacando as alturas Cp (altura do
tanque), H (altura do tanque desconsiderando 4 compartimentos) e hsubTanq (altura
submersa do tanque). Na Figura 4.8 tambm se observam os eixos de referncia X e
Y, e as alturas Y1 e Y2, sendo que Y1 corresponde a altura do centro de gravidade do
tanque e Y2 corresponde altura do centro de gravidade do volume de gua no
interior do tanque. Sendo assim, o valor determinado para o centro de gravidade no
prottipo do tanque foi de YCGp = 14,10 m, considerando os eixos da Figura 4.8. Para
determinar este valor no modelo reduzido, utilizou-se a Equao 2.1 e foi obtido YCGm
= 14,10 cm.
Figura 4.8 - Esquema do Tanque de Flutuao.
O desenho do projeto do modelo reduzido do tanque de flutuao, os detalhes
da montagem e as simplificaes construtivas encontram-se no Anexo B.
Compartimento 1
Compartimento 2
Compartimento 3
Compartimento 4
Y1
= 17
,13
m
Y2
= 12
,84
m
X1
X2
Y
X
Nvel do Mar
12,0
1 m
8,57
m
Cp
= 34
,26
H =
25,
69 m
h sub
Tanq
= 2
2,25
m
48
4.4 - Construo do Modelo Reduzido Os modelos reduzidos da plataforma P23 e do Tanque de Flutuao foram
construdos em sua grande maioria com fibra de vidro e resina de polister, pois a
combinao destes materiais resulta em peas com boa qualidade de acabamento e
so muito prticas de se moldar. Alm da resina e da fibra de vidro tambm foram
utilizados madeira (compensado de 4 mm de espessura), tubos de PVC (cloreto
polivinil) e outros materiais.
O processo de fabricao das peas de resina com fibra de vidro foi
desenvolvido atravs da laminao de moldes construdos em papel tipo cartolina ou
papel carto. Desta forma, a resina foi misturada com catalisador (MEK) e,
posteriormente, aplicada na superfcie dos moldes de papel. Aps aguardar alguns
minutos, a superfcie foi revestida com tecido de fibra de vidro. Este processo de
laminao foi repetido at atingir a espessura desejada, que variou entre 1,5 a 2 mm.
Para dar o acabamento, as peas foram lixadas e finalmente pintadas.
A utilizao da resina de polister e dos demais materiais empregados na
construo dos modelos reduzidos foi satisfatria, pois os modelos apresentaram boa
qualidade de acabamento, boa resistncia mecnica e permitiram a moldagem de
peas complexas. Alm disso, facilitaram o posicionamento das peas de chumbo
utilizadas para adicionar massa na estrutura.
4.4.1 - Peas da Plataforma P23 Conforme mencionado anteriormente, a grande maioria das peas do modelo
reduzido da plataforma P23 foi construda com resina de polister e fibra de vidro, com
exceo do Deck da plataforma que foi confeccionado quase que totalmente em
madeira, e outras peas que foram adaptadas com materiais encontrados
comercialmente. A Figura 4.9 mostra uma fase da construo das principais peas que
compem o modelo reduzido da plataforma P23 e a Figura 4.10 mostra o modelo da
plataforma P23 aps a montagem das peas.
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Figura 4.9 - Principais Peas que Compem o Modelo Reduzido da Plataforma P23.
Figura 4.10 - Modelo Reduzido da Plataforma P23.
Os detalhes construtivos das peas que compem o modelo reduzido da
plataforma P23 so descritos no Anexo B.
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4.4.2 - Peas do Tanque de Flutuao Na construo do tanque de flutuao, foi considerada a carcaa externa e o tubo interno ao tanque. Alm disso, para simplificar o modelo reduzido, os
compartimentos internos ao tanque no foram representados. Porm, para representar
a gua