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De acordo com a OMS, 1,2 milhões de pessoas morrem a cada
ano nas ruas e estradas de todo o mundo. Entre 20 a 50 milhões
sofrem lesões não fatais. Mais de 90% das mortes ocorrem em
países de salários baixos e médios, embora apenas 48% da
frota mundial esteja nesses países. (WHO, 2009)
O Brasil está entre os recordistas mundiais de acidentes de
trânsito, não apenas em números absolutos, mas também nos
índices por pessoa ou por veículo. (IPEA; ANTP, 2003)
A pesquisa considera que os diferenciais das taxas de incidência
podem ser potencializados ou abrandados conforme contexto
socioeconômico e ambiental que envolve as vítimas e os
acidentes.
35281 35620
3089029569 28995
3052432753 33139
35105 35994 3636737407 38273 37594
40610*
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09
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10
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/Datasus)
* Divulgado no 18º. Congresso da ANTP
22,46 22,31
19,0918,04
17,0817,71
18,76 18,7419,60 19,54 19,47 19,76 20,18 19,63
21,29
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10
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/Datasus); IBGE.
246
271
216
183
159149
181
157
175
159
183
200208
195
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07
20
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20
09
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/Datasus)
27,07
29,32
23,05
19,26
16,4015,16
18,19
15,5917,18
15,21
17,2718,64
19,6818,32
19
96
19
97
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98
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99
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00
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01
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20
08
20
09
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/Datasus); IBGE.
Buscar maior compreensão sobre as conexões entre
vulnerabilidade social e a vitimização nos acidentes de
trânsito em ambiente urbano, fugindo do enfoque que
culpabiliza unicamente os indivíduos pelos acidentes.
Avaliar o perfil sociodemográfico das vítimas dos
acidentes ocorridos em 2006 nas vias municipais de
Campinas, identificando suas especificidades quando
comparadas à população residente.
Foram utilizados dados da EMDEC produzidos a partir dos Boletins de Ocorrência de acidentes de trânsito com vítimas fatais e não-fatais nas vias municipais de Campinas em 2006.
As informações sobre locais de residência foram obtidas a partir da transcrição de 4.171 cópias de Bos.
Os locais de residência foram usados como aproximação das condições socioeconômicas das vítimas e as áreas de concentração de vítimas residentes são interpretadas à luz das Zonas de Vulnerabilidade (ZV), definidas por Cunha (2009) a partir do Censo 2000.
Software TerraView Política Social e TerraView 3.5.0
Ferramenta: análise a partir da Densidade de Kernel.
Acidente de trânsito: acidentes de transportes que se originaram,
terminaram ou envolveram veículo pelo menos parcialmente situado
na via pública.
Vulnerabilidade : qualidade intrínseca dos sistemas de resistir ao
perigo (MARANDOLA JR.; HOGAN, 2004a). Ocorre “quando os
recursos dos domicílios são insuficientes para aproveitar
oportunidades de acesso ao bem-estar.” (KAZTMAN; FILGUEIRA,
2006, p.72)
Ativos: recursos mobilizados pelos domicílios para reduzir a
vulnerabilidade frente ao empobrecimento, ou mesmo para a
manutenção destes. (MOSER, 1998).
Taxa de vitimização por 100 mil hab. por acidentes de trânsito nas
vias públicas municipais – Campinas, 2006
Fonte: BERTHO (2010).
Fonte: BERTHO (2010)
Vítimas fatais de acidentes de trânsito e taxa de letalidade por 1.000 feridos,
por grupos etários e tipo de veículo que ocupavam - Campinas, 2006
*Vítimas fatais residentes em Campinas sobre as quais há informações sobre grupo de etário e tipo de veículo que ocupavam
Total de vítimas fatais residentes em Campinas
0 a 14 15 a 29 30 a 44 45 a 59 60 ou mais Total
Pedestres 1 2 5 5 7 20
Motociclistas 0 16 6 0 0 22
Ciclistas 1 1 0 0 0 2
Ocupantes dos demais veículos 0 12 0 2 1 15
Taxa de letalidade por 1.000 feridos residentes em Campinas
0 a 14 15 a 29 30 a 44 45 a 59 60 ou mais
Pedestres 5.6 11.1 44.2 49.5 59.8
Motociclistas 0.0 10.7 15.4 0.0 0.0
Ciclistas 29.4 14.1 0.0 0.0 0.0
Ocupantes dos demais veículos 0.0 18.4 0.0 10.6 10.5
*Total de viagens realizadas em cada zona da O/D por dia dividido pelo número de habitantes
Fonte: Emplasa – Pesquisa O/D 2003; EMDEC/Setransp (2009). Elaboração própria.
Fonte: BERTHO (2010)
Residência Ocorrência
Participação da pop. de 0 a 14
anos na pop. total do municípioZonas de Vulnerabilidade
Fonte: BERTHO (2010)
Residência Ocorrência
Zonas de VulnerabilidadeParticipação da pop. de 60 anos ou
mais na pop. total do município
*Total de viagens realizadas a pé em cada zona da O/D por dia dividido pelo número de habitantes
Fonte: Emplasa – Pesquisa O/D 2003; EMDEC/Setransp (2009). Elaboração própria.
Residência Ocorrência
Zonas de VulnerabilidadeParticipação da pop. de 15 a 24
anos na pop. total do município
Fonte: BERTHO (2010)
100
150
200
250
300
350
400
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
(%)
Ano
Frota total Motocicletas
Fonte: Ministério das Cidades, DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito, RENAVAM – Registro
Nacional de Veículos Automotores. Elaboração própria.
Reflexão:
Em 2009, das 37.594 vítimas fatais de acidentes de trânsito, apenas 177 eram ocupantes de ônibus.
Um ônibus convencional pode transportar até 75 pessoas. Um biarticulado pode transportar até 190.
Em Campinas, os motociclistas se destacam entre as vítimas
(fatais e não fatais), totalizando 44% , seguidos pelos
ocupantes dos demais veículos (33%), pedestres (16%) e
ciclistas (3%).
A taxa de letalidade por 1.000 feridos residentes em Campinas
mostra que o risco de falecer em decorrência de um
atropelamento aumenta com a idade: dos 0 aos 14 anos a taxa
foi de 5,6 óbitos; entre os idosos, chegou a 59,8 por mil.
Nos três grupos, observou-se concentração dos locais de
ocorrência dos acidentes na região central do município.
Nos atropelamentos de vítimas de 0 a 14 anos, a análise mostrou que há
indícios de que a vulnerabilidade social torna os indivíduos mais
vulneráveis também frente ao risco de sofrer acidentes. No caso das
vítimas de atropelamentos de 60 anos ou mais não há evidências de
relação entre a vulnerabilidade social e a vitimização em acidentes.
Entre os motociclistas de 15 a 24 anos, observou-se maior concentração
dos locais de residência na região sul - embora na região norte também
haja alta concentração de jovens desse grupo etário.
A vulnerabilidade social pode ser um agravante na vitimização por
acidentes de trânsito. Os mais pobres não são necessariamente os
mais atingidos, mas há uma situação intermediária em que a população
consegue escolher como fará o deslocamento e, ainda que vença outros
riscos graças à facilidade para fazer as viagens, acaba se expondo mais
aos riscos do trânsito (caso específico dos motociclistas).
Os acidentes de trânsito podem e devem serevitados. Tão importante quanto estudar oscomportamentos individuais é estudar ocontexto social, o que pode auxiliar naprevenção desse tipo de ocorrência.
AYRES, J. R. C. M. et al. Conceito de vulnerabilidade e as práticas de saúde: novas perspectivas e desafios.
In: CZERESNIA, D.; FREITAS, C. M. (Org.). Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de
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Dissertação (Mestrado em Demografia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual
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