62
FACULDADE IETEC Luis Americo Tancredi ANÁLISE CRÍTICA DA CULTURA ORGANIZACIONAL E DA MELHORIA CONTÍNUA DOS PROCESSOS NO AUMENTO DA PRODUTIVIDADE Belo Horizonte 2016

ANÁLISE CRÍTICA DA CULTURA ORGANIZACIONAL E DA … · Figura 8 - Loop de reforço ou de reinvestimento R2 atuando sobre os Recursos para Melhorar o Processo.....42 Figura 9 - Fechamento

Embed Size (px)

Citation preview

FACULDADE IETEC

Luis Americo Tancredi

ANÁLISE CRÍTICA DA CULTURA ORGANIZACIONAL E DA

MELHORIA CONTÍNUA DOS PROCESSOS NO AUMENTO DA

PRODUTIVIDADE

Belo Horizonte

2016

Luis Americo Tancredi

ANÁLISE CRÍTICA DA CULTURA ORGANIZACIONAL E DA

MELHORIA CONTÍNUA DOS PROCESSOS NO AUMENTO DA

PRODUTIVIDADE

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado da Faculdade Ietec, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia e Gestão de Processos e Sistemas.

Área de concentração: Engenharia e Gestão de Processos e Sistemas

Linha de pesquisa: Gestão de Processos, Sistemas e Projetos

Orientadora: Profa. Dra. Wanyr Romero

Ferreira Faculdade Ietec

Belo Horizonte

Faculdade Ietec

2016

Tancredi, Luis Americo.

T162a Análise crítica da cultura organizacional e da melhoria contínua dos processos no aumento da produtividade / Luis Americo Tancredi. - Belo Horizonte, 2016.

62 f., enc.

Orientadora: Wanyr Romero Ferreira.

Dissertação (mestrado) – Faculdade Ietec.

Bibliografia: f. 57-62

1. Cultura organizacional. 2. Dinâmica de sistemas. 3. Melhoria contínua. 4. Produtividade. I. Ferreira, Wanyr Romero. II. Faculdade Ietec. Mestrado em Engenharia e Gestão de Processos e Sistemas. III. Título.

CDU: 658.56:681.3.03

À Ivana, minha mulher, pelo carinho e sorriso de boas-vindas a

cada retorno dos finais de semana do mestrado e a Guiomar,

minha querida e saudosa mãe, pelo amor incondicional,

exemplos de vida, incentivo em buscar novos desafios e a

ampliar sempre os meus conhecimentos.

AGRADECIMENTOS

Ao Criador pelo amor infinito e pela luz que sempre iluminou os caminhos que

escolhi trilhar na jornada da minha vida. À minha orientadora, Professora Dra.

Wanyr Romero Ferreira, pelo apoio, disponibilidade, atenção nas revisões e ótimas

sugestões durante as orientações. À Sirlene Cassiano, responsável pela biblioteca

do Ietec, pela sua gentileza, atenção e disponibilidade em todas as ocasiões que

solicitei ajuda. À Ivana, minha mulher, pelo incentivo e paciência durante todo o

período do mestrado. À Cláudio Diniz, meu amigo e companheiro de viagem, pela

amizade e bons papos em nossas viagens a Belo Horizonte.

Uma mente que se abre para novas ideias jamais voltará ao seu estado inicial.

Albert Einstein

RESUMO

Este estudo avalia a utilização da melhoria contínua dos processos no aumento da

produtividade ressaltando a influência da mudança da cultura organizacional ou

mais especificamente das pessoas envolvidas tanto na gestão dos processos

quanto na operacionalização dos mesmos. O modelo proposto foi desenvolvido,

utilizando a dinâmica de sistemas, a partir do modelo desenvolvido por Repenning e

Sterman (2002) e denominado “Armadilhas da Capacidade”. Focou-se no diagrama

causal definido pelos autores como o de melhorias de segunda ordem que é

também denominado como trabalhar de maneira mais inteligente em vez do

diagrama causal de melhorias de primeira ordem denominado como trabalhar mais

arduamente. A dinâmica de sistemas possibilitou visualizar as inter-relações

existentes entre as várias variáveis envolvidas em processos de produção genéricos

e a influência da mudança da cultura organizacional em todo este processo. A

mudança cultural é o grande impulsionador de todo este sistema levando a uma

nova maneira de gerenciar a produção tirando o foco exclusivo em assegurar

volumes de produção pré-estabelecidos a qualquer custo e realocando-o em

trabalhar de maneira mais inteligente. Trabalhar mais inteligentemente significa

melhorar continuamente os processos reduzindo desperdícios e melhorando

continuamente a qualidade do que é produzido com o consequente aumento da

produtividade.

Palavras-chave: Cultura organizacional. Dinâmica de sistemas. Melhoria contínua.

Produtividade.

ABSTRACT

This study evaluates the use of continuous improvement of processes in productivity

increase emphasizing the influence of organizational culture change, or more

especifically, culture change of the people involved in the management of processes

and its implementation as well. The proposed model was developed, through

systems dynamics, from the model developed by Repenning and Sterman (2002)

and entitled "Capability Traps". It was focused on the causal diagram defined by the

authors as second order improvements also called working smarter instead of the

casual diagram for first order improvements termed as work harder. Systems

dynamic enabled to view existing interrelationships between the various variables

involved in generic production processes and the influence of organizational culture

change throughout this process. Cultural change is the major bolster of the whole

system leading to a new way to manage the production taking the exclusive focus on

ensuring pre-established production volumes at any cost, and relocating it to work

smarter. Working smarter means continuously improving processes by reducing

waste and continuously improving the quality of what is produced increasing

productivity as a consequence.

Keywords: Organizational culture. System dynamics. Continuous improvement.

Productivity.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Casa Sistema Toyota de Produção ..................................................... 22

Figura 2 - Tipos e níveis hierárquicos do planejamento estratégico .................... 31

Figura 3 - Desdobramento das diretrizes estratégicas da organização ................ 33

Figura 4 - Loop de Feedback ............................................................................... 35

Figura 5 - Identificadores de Loops de Feedback de reforço e de

balanceamento..................................................................................... 35

Figura 6 - Etapas do desenvolvimento ................................................................. 37

Figura 7 - Determinantes do Volume de Produção do Processo, Feedbacks de

Balanceamento Controlando o Volume de Produção e de Reforço

Direcionado a Trabalhar Mais Inteligentemente e Mais Arduamente ... 39

Figura 8 - Loop de reforço ou de reinvestimento R2 atuando sobre os Recursos

para Melhorar o Processo .................................................................... 42

Figura 9 - Fechamento do Loop de Balanceamento B ......................................... 43

Figura 10 - Determinantes do Volume de Produção do Processo, Feedbacks de

Balanceamento Controlando o Volume de Produção e de Reforço

Direcionado a Trabalhar Mais Inteligentemente................................... 44

Figura 11 - Diagrama expandido para incluir variáveis que afetam Recursos para

Melhorar o Processo, Treinamento e Processo de Experimentação e,

Volume de Produção Líquido ............................................................... 45

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Metodologias e filosofias utilizadas para a melhoria de processos ......... 14

Quadro 2 - Ferramentas e metodologias utilizadas no TPS...................................... 23

Quadro 3 - Balanced Scorecard ................................................................................ 33

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ASQC American Society for Quality Control

BSC Balanced Scorecard

JIT Just in Time

LSS Lean Six Sigma

MCT Manufacturing Cycle Time

MIT Massachusetts Institute of Technology

PDP Product Development Process

RBV Resources Based View

SD System Dynamics

TPM Total Productive Maintenance

TPS Toyota Production System

TQM Total Quality Management

VSM Value Stream Mapping

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13

2 OBJETIVO DO ESTUDO ............................................................................... 18

2.1 Objetivo geral .................................................................................................. 18

2.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 18

3 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................... 19

3.1 Produtividade .................................................................................................. 19

3.2 Sistema Toyota de Produção ......................................................................... 19

3.2.1 Respeito pelo ser humano .............................................................................. 20

3.2.2 Objetivo do TPS .............................................................................................. 22

3.2.3 Pilares do TPS ................................................................................................ 22

3.4 Comprometimento com as melhorias ............................................................. 25

3.5 A Mudança da cultura organizacional ............................................................. 26

3.6 Escopo, objetivos e metas da melhoria .......................................................... 29

3.7 Planejamento estratégico ............................................................................... 30

3.8 Hoshin Kanri ................................................................................................... 32

3.9 Dinâmica de sistemas ..................................................................................... 34

4 METODOLOGIA ............................................................................................. 37

4.1 O modelo base ............................................................................................... 38

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................... 42

5.1 O modelo proposto ......................................................................................... 42

5.2 Análise e detalhamento do modelo proposto ................................................. 43

6 CONCLUSÃO ................................................................................................. 54

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 56

13

1 INTRODUÇÃO

De acordo com Song (2009) as organizações, quer sejam elas grandes, pequenas,

dos setores privado, público ou mesmo de voluntariado, estão sujeitas às mudanças

inevitáveis que têm ocorrido nas últimas décadas e não parece haver sinal de

redução desta tendência. Destas mudanças fazem parte novas tendências,

necessidades dos clientes, tecnologias, materiais e competências, entre outras.

Aliás, o filósofo grego Heráclito (535 a.C. - 475 a.C.) afirmava que nada é

permanente exceto a mudança.

Assim sendo, a sobrevivência das empresas neste contexto de mudanças

contínuas, em um mundo altamente globalizado e extremamente competitivo só é

possível para aquelas que se destacarem da concorrência, ou seja, apresentarem

uma vantagem competitiva. Segundo Peteraf e Barney1, Powell

2 e Porter

3 (2003,

2001, 1985 apud BRITO; BRITO, 2012) a vantagem competitiva é um atributo de

empresas com desempenho superior, isto é, aquelas com capacidade de criação de

valor acima da média de seus concorrentes.

Barney (1991) afirma que a vantagem competitiva está lastreada no Resources

Based View (RBV) - Visão Baseada em Recursos e que a vantagem competitiva

sustentada ao longo do tempo é função dos recursos das empresas que devem ser

valiosos, raros, imperfeitamente imitáveis e não existirem substitutos estratégicos

equivalentes.

Os recursos da empresa incluem todos os ativos, capacidades, atributos,

informações, conhecimento, etc., controlados pela empresa que a habilitam a

conceber e implantar atividades que melhoram a sua eficácia e eficiência. Quanto

melhor for a utilização dos recursos da empresa melhor será o seu desempenho

operacional e maior será a sua competitividade.

1 PETERAF, M. A; BARNEY, J. B. Unraveling the resource-based tangle. Managerial and Decision

Economics, v. 24, n. 4, p. 309-323, 2003 2 PORTER, Michael E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro:

Campus, 1985. 3 POWELL, T. C. Competitive advantage: logical and philosophical considerations. Strategic Management

Journal, v. 22, n. 9, p. 875-888, 2001.

14

Segundo Cosmetatos e Eilon4 (1983 apud SALAHSHOOR; KORD; SHAHGHOLIAN,

2011) a produtividade é uma das maneiras mais comuns para medir a

competitividade de uma organização e é utilizada como um fator chave na avaliação

do desempenho das organizações.

Para Jorgenson e Griliches5 (1967 apud SALAHSHOOR; KORD; SHAHGHOLIAN,

2011) o conceito de produtividade é geralmente definido como a relação entre as

saídas e as entradas de um processo e ele tem sido aplicado há mais de duzentos

anos em diferentes circunstâncias, em vários níveis do sistema econômico.

Consequentemente pode-se dizer que maior produtividade significa produzir cada

vez mais com menos recursos, sejam eles humanos, materiais ou financeiros.

Portanto, a melhoria da produtividade possibilita aumentar a capacidade produtiva

sem necessariamente ter que investir em novas máquinas, equipamentos e mais

horas de trabalho, como por exemplo, horas extras.

A necessidade de aumentar a produtividade dos processos conduz a busca

constante pela melhoria contínua (SCHELLER; MIGUEL, 2014) e conforme Bhuiyan

e Baghel (2005), várias metodologias ou, porque não dizer, filosofias de gestão

foram criadas ao longo do tempo com o propósito de melhorar os processos e a sua

gestão tendo como consequência o aumento da produtividade como, por exemplo, o

Toyota Production System (TPS) - Sistema Toyota de Produção, o Lean

Manufacturing - Manufatura Enxuta, Total Quality Management (TQM) - Gestão da

Qualidade Total, e o Six Sigma - Seis Sigma. Scheller e Miguel (2014) esclarecem

que metodologias híbridas como o Lean Six Sigma (LSS) foram criadas procurando

tirar o melhor destas duas metodologias. McKone, Schroeder e Cuab (2001)

também citam o Total Productivity Maintenance (TPM) - Manutenção Produtiva

Total, como um forte contribuidor para a melhoria do desempenho dos processos.

As metodologias e ou filosofias utilizadas para a melhoria dos processos estão mais

bem detalhadas no Quadro 1.

Quadro 1 - Metodologias e filosofias utilizadas para a melhoria de processos

4 COSMETATOS, G. P.; EILON, S. Effects of productivity definition and measurement on performance

evaluation. European Journal of Operational Research, v. 14, n. 1, p. 31-35. sep. 1983.

5 JORGENSON, D. W.; GRILICHES, Z. The Explanation of productivity change. The Review of Economic

Studies, v. 34, n. 3, p. 249-283. jul. 1967.

15

Metodologias Filosofias

Descrição

Lean Manufacturing

O Lean Manufacturing está centrado em gerar o máximo valor com o menor esforço e custo possíveis. Ele estuda os fluxos de materiais, produtos e informações ao longo dos processos, sejam eles administrativos e ou produtivos buscando a eliminação de desperdícios e de atividades que não agregam valor. A participação das pessoas é estimulada e valorizada como no TPS.

Manutenção Produtiva Total

O foco do TPM é a melhoria do desempenho dos ativos de produção por meio da melhoria da competência das pessoas e da sua capacidade de resolução de problemas. Ele permite que as pessoas cruzem as fronteiras funcionais para identificar problemas, desenvolver soluções e executar planos.

Six Sigma O Six Sigma está centrado na redução da variação em todos os processos da organização e busca a minimização de defeitos a um nível de aceitação próximo de zero.

Lean Six Sigma

O Lean Six Sigma atua primeiro na eliminação dos desperdícios para então reduzir variações ao nível de 6σ com mais facilidade. O Lean Six Sigma procura aliar os benefícios das metodologias Six Sigma e Lean Manufacturing.

Gestão da Qualidade Total

A Gestão da Qualidade Total é um sistema de gestão da qualidade que busca a satisfação contínua dos clientes pela melhoria contínua dos processos organizacionais por meio do desenvolvimento das competências e habilidade das pessoas para a resolução de problemas.

Fonte: BHUIYAN; BAGHEL, 2005; CALARGE; LIMA, 2001; SILVA et al., 2011; RIVEIRA et al., 2010; SCHELLER; MIGUEL, 2014; TYER

6, 1991; TYER; HAUPTMAN

7, 1992 apud MCKONE;

SCHROEDER; CUAB, 2001.

De tudo isso pode-se concluir que a melhoria contínua dos processos é a

abordagem usualmente utilizada pelas empresas para melhorar a sua produtividade

e, consequentemente, aumentar a sua capacidade produtiva. No entanto para

McLean, Antony e Dahlgaard (2015) existe um grande problema que reside no fato

de que nem sempre a melhoria de processos acontece conforme esperado, ou seja,

falha em atingir o seu objetivo e quando acontece não se sustenta ao longo do

tempo retornando ao estado inicial mais rápido do que se imagina.

6 TYER, M. J. Managing innovation on the factory floor. Technology Review, v. 14, n.7, p. 59–65, oct. 1991.

7 TYER, M. J.; HAUPTMAN, O. Effectiveness of organizational responses to technological change in the

production process. Organizational Science, v. 3, n. 3, p. 301–320, 1992.

16

Keating et al. (1999) discorrem sobre o fato de que, apesar dos benefícios advindos

dos programas de melhoria, a maioria deles acaba falhando e isto foi definido pelos

autores como o Paradoxo da Melhoria. Ainda mais intrigante é o fato de que mesmo

programas de melhoria bem sucedidos às vezes pioraram o desempenho do

negócio, provocando demissões, moral baixo e o fim do comprometimento com a

melhoria contínua. Ainda segundo Keating et al. (1999), a incapacidade de gerir um

programa de melhoria como um processo dinâmico é o principal fator de fracasso do

programa. Morrison (2010) cita a alocação de recursos entre produzir e gerar

melhorias como um dos fatores que também podem explicar este paradoxo.

Repenning e Sterman (2002) criaram um modelo que estuda interações entre julgar

tendências e a estrutura física dos processos e neste estudo definem duas

iniciativas de melhoria de processos caracterizando-as como melhorias de primeira

ordem que são aquelas que procuram alcançar maior produção a partir da melhoria

de processos existentes e melhorias de segunda ordem que aumentam a

capacidade de processos básicos ou fundamentais. Para Repenning e Sterman

(2002) as iniciativas de primeira ordem podem ser conseguidas por meio de

trabalhar mais arduamente e pela execução de retrabalhos. Já as melhorias de

segunda ordem estão baseadas em trabalhar mais inteligentemente nos processos

básicos ou fundamentais.

Repenning e Sterman (2002) ainda citam o dilema a que os gestores dos processos

produtivos estão submetidos, tendo que, muitas vezes, escolher entre liberar as

pessoas para fazerem melhorias ou para cumprirem o programa de produção. A

experiência tem demonstrado que a pressão por cumprir metas e programas de

produção acaba por direcionar a criação de condições para os operadores

trabalharem mais arduamente por meio de horas extras, inventários mais altos para

compensar potenciais problemas de produção, entre outras.

Existem vários estudos sobre a utilização da melhoria contínua dos processos para

a obtenção de maior produtividade e sobre como ela tem falhado em inúmeras

situações quanto a atingir os objetivos pré-estabelecidos como, por exemplo,

estudos sobre armadilha de capacidade e paradoxo de melhoria (REPENNING;

STERMAN, 2002, 2001; KEATING et al., 1999; KEATING; OLIVA, 2000), teoria

dinâmica para melhoria de processos (MORRISON, 2007, 2010; SALGE, 2007) e

17

falhas nos processos de melhorias em ambientes de manufatura (MCLEAN;

ANTONY; DAHLGAARD, 2015).

Porém, faltam estudos que mostrem de maneira mais detalhada um processo para a

implantação da melhoria contínua dos processos voltado para a obtenção de maior

produtividade levando em consideração a influência da mudança da cultura

organizacional e, mais do isto, em como sustentar e perenizar a melhoria contínua

dos processos tornando-a parte da rotina da organização.

18

2 OBJETIVO DO ESTUDO

2.1 Objetivo geral

O objetivo deste trabalho é ampliar os estudos sobre a interação existente entre

produtividade, melhoria contínua de processos e mudança cultural das pessoas da

organização.

2.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos deste trabalho são:

a) Mostrar a importância da cultura organizacional e do comprometimento de

todas as pessoas da organização na busca contínua por maneiras mais

simples e eficazes para a execução, gestão e sustentabilidade de processos

ao longo do tempo;

b) Identificar variáveis que afetam a cultura organizacional e que têm influência

no envolvimento e o comprometimento das pessoas com processos de

mudanças tal como o requerido para a implantação de melhoria contínua de

processos;

c) Expandir parte do modelo de Repenning e Sterman (2002) mostrando as inter-

relações entre as variáveis envolvidas em processos de produção genéricos e

como elas podem ser influenciadas pela cultura organizacional.

19

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Produtividade

A produtividade é uma das maneiras mais usuais para avaliar-se os processos de

uma organização e de acordo com Hill8 (1993 apud GUNASEKARAN; CECILLE,

1998), a produtividade é definida como uma relação entre as saídas e as entradas

de um processo, ou seja, entre o que é produzido e o que é requerido para ser

produzido.

Para Herron e Braiden (2006) a seleção de ferramentas apropriadas para a melhoria

da produtividade, a sua implantação, incorporação e aceitação ainda é um grande

problema para muitas empresas. Santos Neto e Barros (2008), afirmam que o

Kaizen ou melhoria contínua permite identificar a relação de causa e efeito de

problemas possibilitando a eliminação de desperdícios e a melhoria da

produtividade dos processos.

Só a melhoria da tecnologia não é suficiente para melhorar a produtividade dos

processos, é preciso levar em consideração como as pessoas são inseridas nestas

novas demandas (SILVA et al., 2011).

Logo o desenvolvimento de competências para o trabalho em equipe, a adaptação

às mudanças contínuas no ambiente de negócios, a absorção de novas tecnologias

e a sustentação do processo de melhoria contínua dos processos de negócio

também precisam ser considerados (FLEURY; FLEURY9, 2003; UBEDA;

SANTOS10

, 2008 apud SILVA et al., 2011).

3.2 Sistema Toyota de Produção

Chiarini e Vagnoni (2014) esclarecem que “nas últimas décadas, muitas empresas

têm implantado sistemas de gestão para melhorar eficiência e produtividade,

8 HILL, T. Manufacturing strategy: the strategic management of the manufacturing function. 2. ed. London:

Open University/Macmillan, 1993. 9 FLEURY, M. T. L.; FLEURY, A. Estratégias competitivas e competências essenciais: perspectivas para a

internacionalização da indústria no Brasil. Gestão & Produção, v. 10, n. 2, p. 129-144, 2003. 10

UBEDA, C. L.; SANTOS, F. C. A. Os principais desafios da gestão de competências humanas em um instituto

público de pesquisa. Gestão & Produção, v. 15, n. 1, p. 188-199, 2008.

20

especialmente nos processos de produção”. A busca pela melhoria da produtividade

está diretamente ligada com a história da industrialização e mais especificamente

com a da indústria automotiva (GUNASEKARAN; CECILLE, 1998).

Segundo Liker (2004, p. 9) a história do Lean Manufacturing, e portanto do TPS, tem

as suas raízes no sistema de produção criado por Henry Ford. O método de gestão

criado por Ford melhorou muito a produtividade dos processos de manufatura de

veículos ao introduzir o conceito de linhas de produção e a movimentação dos

produtos até os postos de trabalho por meio de esteiras, mas estava focado em

grandes volumes de produção ou mais especificamente na produção em massa.

Ainda segundo Liker (2004, p. 3) a falta de dinheiro para ter altos inventários, falta

de espaço e a necessidades de atender a um mercado pequeno e que demandava

uma grande variedade de veículos obrigou Taiichi Ohno a inovar aperfeiçoando e

melhorando sensivelmente o modelo desenvolvido por Henry Ford. Taiichi Ohno

criou um método para a gestão da produção que ficou mundialmente conhecido

como TPS e que revolucionou os ganhos de produtividade. Ele manteve o fluxo

contínuo criado por Ford, mas procurou torná-lo mais flexível e capaz de produzir

pequenos lotes de diferentes tipos de produtos.

Ghinato (1995) esclarece que, apesar dos conceitos e da filosofia de gestão de

manufatura criada por Taiichi Ohno serem amplamente conhecidos, nem sempre os

resultados atingidos foram aqueles que eram esperados pelas mais distintas razões,

mas principalmente por não ter sido entendido que o TPS é muito mais do que uma

simples ferramenta de gestão de manufatura e sim uma filosofia de gestão onde as

pessoas são essenciais para o seu sucesso.

3.2.1 Respeito pelo ser humano

Sistemas de produção para serem eficazes e eficientes precisam de um forte

envolvimento e conscientização de todas as pessoas da organização sejam eles

21

trabalhadores ou gestores (YANG et al.11

, 2011; HASLE et al.12

, 2012 apud

CHIARINI; VAGNONI, 2014).

Conforme Sugimori et al. (1977), um dos aspectos mais importantes do TPS é o

respeito pelo ser humano que se materializa na autorização dada aos operadores

para exibir as suas capacidades na gestão e melhoria dos seus próprios locais de

trabalho.

Para Ghinato (1995) a delegação de autoridade para a paralisação de linhas de

produção é uma das maneiras de reconhecer que as pessoas que atuam no chão

de fábrica têm capacidade para identificar não conformidades e tomar decisões

sobre o que fazer para corrigi-las sendo isto o ponto primordial para as fábricas da

Toyota terem índices de qualidade e produtividade superiores aos das outras

montadoras. Isto sem sombra de dúvida é um fator motivacional e é um propulsor

da introdução de melhorias no processo, mas só será possível se a direção da

empresa e os níveis gerenciais e de supervisão adotarem a mesma linguagem.

Complementando Chiarini e Vagnoni (2014) asseguram que a autorização dada aos

operadores para pararem uma máquina e pesquisar a causa de problemas

desenvolveu fortemente a competência e a responsabilidade das pessoas.

O Toyota... (2010?, p. 8) afirma que a Toyota está convencida que os seus objetivos

podem ser alcançados por meio da participação de todos os empregados e baseado

nisto o TPS identifica 4 grandes áreas onde os membros da produção podem

participar ajudando a companhia atingir os seus objetivos: padronização

(estabelecer e manter padrões de trabalho), melhoramento (participar no processo

de melhoria contínua), resolução de problemas (resolver problemas de

desempenho) e trabalho em equipe (organizar a equipe de trabalho de forma

eficiente). As organizações onde o TPS está efetivamente implantado são aquelas

onde se está continuamente melhorando, aprendendo e, mais do que isto,

aprendendo a apreender (LANDER; LIKER 2007).

11

YANG M. G.M., HONG P., MODI S.B. Impact of lean manufacturing and environmental management on

business performance: an empirical study of manufacturing firms. International Journal of Production

Economics, v. 129, n. 2, p. 251-261, 2011. 12

HASLE P., BOJESEN A., JENSEN P.L., BRAMMING P. Lean and the working environment: a review of the

literature. International Journal of Operations & Production Management, v. 32, n. 7, p. 829-849, 2012.

22

3.2.2 Objetivo do TPS

Sugimori et al. (1977) esclarecem que o foco do TPS é a eliminação total de

desperdícios levando à redução de custos, a busca do estoque zero, o fluxo de uma

única peça, a utilização de toda a capacidade dos operadores e o balanceamento

da produção.

Portanto, pode-se dizer que a melhoria da produtividade implica em melhoria da

eficiência operacional, o que significa a redução dos custos operacionais, ou seja,

melhorar continuamente todos os processos operacionais de modo a eliminar ou

reduzir de maneira significante todos os desperdícios existentes. Isto só é possível

quando os processos são flexíveis e passíveis de serem melhorados continuamente

principalmente por aqueles que neles atuam, ou seja, os operadores.

3.2.3 Pilares do TPS

O TPS apoia-se basicamente em dois pilares, Just in Time (JIT) e Jidoka, e que

estes dois pilares, representados na Figura 1, são suportados por: Kaizen, Heijunka

e Trabalho Padronizado.

Figura 1 - Casa Sistema Toyota de Produção

Fonte: LEAN ENTERPRISE INSTITUTE, 2003. Nota: Adaptado pelo autor.

23

Yoshino13

(2008 apud FAVONI; GAMBI; CARETA, 2013) enfatiza a importância do

Kaizen no contexto do TPS como uma abordagem utilizada para eliminar

desperdícios, cujo princípio é melhorar o trabalho em toda a organização e que pela

sua importância está mais bem detalhado no item 3.3 - melhoria contínua.

As ferramentas e metodologias representadas na casa Sistema Toyota de Produção

desempenham papéis bem específicos no TPS e atuam coordenadamente. O papel

de cada uma delas é explicado no Quadro 2.

Quadro 2 - Ferramentas e metodologias utilizadas no TPS

Metodologias e Ferramentas

Descrição

Just in Time

Fluxo contínuo do processo produtivo assegurando que os materiais necessários só são movimentados para os locais onde são requeridos na quantidade requerida e no momento adequado.

Jidoka

Também conhecido como autonomação (automação com toque humano) é caracterizado por máquinas e equipamentos com capacidade de detectar problemas de qualidade e parar o processo não permitindo que produtos defeituosos passem para etapas posteriores. Outro componente da Jidoka é a separação do operador da máquina liberando-o para a execução de outras atividades com maior valor agregado como, por exemplo, melhorar o processo produtivo e pesquisar a causa de problemas que ocorrem no processo produtivo.

Heijunka Balanceamento da produção buscando um fluxo equilibrado entre os postos de trabalho de acordo com o requerido no pedido do cliente.

Trabalho Padronizado

Também conhecido como trabalho padrão é um sistema que garante que todos os processos e instruções de trabalho são documentados e seguidos por todos, ou seja, uma maneira de assegurar que todos trabalhem da mesma maneira. Ele é utilizado na formação e aprendizagem das pessoas e ajuda a obter o seu comprometimento com a melhoria contínua e com a sua manutenção.

Fonte: GHINATO, 1995; , 2011; RIVERA et al., 2010; SUGIMORI et al., 1977; LEAN ENTREPRISE INSTITUTE, 2003.

13

YOSHINO, R. T. Proposta de um sistema de produção enxuta para o segmento calçadista. 2008. 315 f. Tese

(Doutorado em Engenharia) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos,

2008.

24

Para Bhuiyan e Baghel (2005) e Imai14

(1988 apud DAL FORNO; SOUSA;

TRIERTWEILLER, 2014) Kaizen significa melhoria contínua feita de forma

sistemática e é definido como uma cultura de melhoria que visa a eliminação de

desperdícios em todos os sistemas e processos de uma organização por meio do

envolvimento de todas as pessoas.

Dennis15

(2008 apud DAL FORNO; SOUSA; TRIERTWEILLER, 2014) esclarece que

o efeito do Kaizen é de longo prazo com mudanças acontecendo de forma gradual e

contínua, precisa do envolvimento de toda a organização e necessita de baixo

investimento, mas grande força de vontade para mantê-lo.

Portanto o envolvimento de todas as pessoas significa trabalhar junto e com o

mesmo propósito que é o de fazer melhorias sem a necessidade de grandes

investimentos de capital uma vez que a melhoria contínua deve acontecer por meio

de um somatório de muitas melhorias incrementais. Para que isto seja factível a

melhoria contínua deve estar lastreada no compremetimento, no empoderamento e

na mudança cultural das pessoas envolvidas com os processos da organização.

Para Cheser16

(1994 apud , 2011) a satisfação das pessoas é crítica para

qualquer programa de melhoramento contínuo e o Kaizen desempenha um papel

fundamental, pois consegue integrar a gestão administrativa à de recursos humanos

por meio do reconhecimento, empoderamento, capacitação e desenvolvimento de

competências das pessoas.

De acordo com rošić (2011) a filosofia do Kaizen está fundamentada no fato de

que sempre será possível melhorar qualquer atividade executada deixando-a mais

simples. O Kaizen é utilizado tanto para melhorar processos quanto para

desenvolver as pessoas que participam dos processos humanizando o ambiente de

trabalho, eliminando trabalho duro, seja ele físico ou mental, ensinando as pessoas

a analisar problemas e a eliminar desperdícios nos processos. Ainda segundo

rošić (2011) com a implantação do Kaizen os gestores tem a tarefa de melhorar os

negócios por meio do desenvolvimento da qualidade, produtividade e da motivação

das pessoas.

14

IMAI, Masaaki. Kaizen: a estratégia para o sucesso competitivo. Trad. Cecília Fagnani Lucca. São Paulo:

IMAM, 1988. 15

DENNIS, P. Produção lean simplificada. Porto Alegre: Bookman, 2008. 16

CHESER, J. Kaizen is more than continuous improvement. Quality Progress, v. 27, n. 4, p. 23-26, apr. 1994.

25

Kempen (2009, p. 12) assegura que o Kaizen é uma atividade ininterrupta cujo

objetivo é focar em muito mais do que o aumento da eficiência operacional. Para

Selders17

(2006 apud KEMPEN, 2009, p. 13) o Kaizen desempenha um papel crucial

no empoderamento dos operadores.

Portanto o Kaizen é muito importante na mudança cultural das pessoas e em

assegurar o seu comprometimento pelo empoderamento e envolvimento direto na

mudança do status quo vigente até antes da sua introdução.

3.4 Comprometimento com as melhorias

Deming18

, Ishikawa19

e Juran20

(1986, 1985 e 1969 apud KEATING et al., 1999),

grandes estudiosos da melhoria da qualidade e produtividade dos processos,

afirmam que as pessoas que atuam em um determinado processo são os maiores

especialistas e os mais bem informados sobre aquele processo e, portanto, devem

ser responsáveis por identificar e implementar as melhorias e as mudanças

necessárias. Além disso, as pessoas se comprometem com a implementação de

mudanças quando elas desenvolvem as propostas de melhoria.

Deming21

(1986 apud KEATING et al., 1999) definiu o que chamou de “cadeia de

produtividade”, que nada mais é do que um ciclo virtuoso onde os ganhos de

produtividade devem ser reinvestidos na busca por mais melhorias, criando um

feedback de auto reforço e estimulando a melhoria contínua. Isto causa uma

diminuição da pressão por maiores volumes de produção uma vez que a melhoria

dos processos produtivo traduz-se em um aumento da produtividade, ou seja, do

volume de produção.

Shiba, Graham e Walden22

(1993 apud KEATING et al., 1999) fazem a distinção

entre duas fontes de compromisso com os programas de melhoramento

denominando-as como impulsionar e puxar, sendo elas respectivamente,

17

SELDERS, J. Empowerment und Commitment durch Kaizen. Saarbrücken: VDM - Verlag Dr. Müller,

2006. 18

DEMING, W.E. Out of the crisis. Cambridge, MA: MIT Press, 1986. 19

ISHIKAWA, K. What is total quality control?. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1985. 20

JURAN, J. Managerial breakthrough: a new concept of the manager's job. New York: McGraw Hill, 1969. 21

DEMING, W.E. Out of the crisis. Cambridge, MA: MIT Press, 1986.

26

responsabilidade da administração e dos operadores. Impulsionar refere-se aos

esforços para promover a melhoria e a participação obrigatória dos operadores. O

puxar surge quando os operadores entendem que os benefícios de melhoria voltam

para eles mesmos e comprometem-se com o esforço de melhoria

independentemente (e às vezes apesar) de atitudes e apoio da administração

(SCHAFFER; THOMSON23

, 1992 apud KEATING et al., 1999).

3.5 A Mudança da cultura organizacional

Definir cultura é complexo, mas de uma maneira bem simples Drennan24

(1992 apud

SONG, 2009) afirma que “a cultura é como as coisas são feitas por aqui”.

Parafraseando a definição anterior e aplicando-a às organizações pode-se dizer que

a cultura organizacional nada mais é do que como as coisas são feitas nas

organizações. Freitas (1991) conceitua cultura organizacional como tudo o que foi

desenvolvido ou criado pelos integrantes da organização ao lidar com problemas

internos e externos e que é repassado aos demais membros da organização por ser

considerado a melhor maneira de atuar.

De acordo com Schwartz e Davis25

(1981 apud SONG, 2009), independentemente

das mudanças em uma organização serem bem pensadas o seu resultado pode ser

significativamente alterado pela cultura organizacional. Kilmann et al.26

(1986 apud

ZAIRI, 1991, p. 182) afirmam que ignorar a cultura é assumir que manuais,

estratégias e sistemas de recompensa são suficientes para direcionar o

comportamento das pessoas em uma organização.

O sucesso de qualquer processo de mudança está relacionado com a atenção

dispensada às pessoas porque normalmente, num primeiro momento, elas sentem-

se ameaçadas e resistem à mudança (SONG, 2009). As mudanças organizacionais

22

SHIBA, S.; GRAHAM, A.; WALDEN, D. A new American TQM: four practical revolutions in management.

Cambridge, MA: Productivity Press and the Center for Quality Management, 1993. 23

SCHAFFER, R.; THOMSON, H. Successful change programs begin with results. Harvard Business Review,

v. 70, n. 1, p. 80-89, jan./feb. 1992. 24

DRENNAN, D. Transforming Company Culture. London: McGraw-Hill, 1992. 25

SCHWARTZ, H.; DAVIS, S. M. Matching corporate strategy and business strategy. Organizational

Dynamics, Summer, p. 30-48, 1981. 26

KILMANN, R. H.; SAXTON, M. J.; SERPA, R. Issues in understanding and changing culture. California

Management Review, v. 28, n. 2, Winter, pp 87-94, 1986.

27

levam a uma redistribuição de poder e recursos que causam medo com relação a

elas.

Do exposto podemos inferir que a cultura organizacional é fundamental em qualquer

processo de mudanças como aquele requerido pela implantação de melhorias nos

processos produtivos e o empoderamento das pessoas dos níveis mais baixos da

organização é um fator importante para que ela aconteça (PINEDO-CUENCA;

OLALLA; SETIJONO27

, 2012 apud MCLEAN; ANTONY; DAHLGAARD, 2015). A

mudança só acontece quando “todos fazem porque querem e porque sabem que é

bom para eles e para a organização” ( , 2011).

Repenning e Sterman (2002) afirmam que as vezes a cultura é utilizada como

desculpa para o insucesso dos programas de melhoria de processos. Uma

justificativa comum de se encontrar está ligada ao fato de que empresas ocidentais

têm dificuldade em conseguir implantar e manter abordagens ligadas à melhoria de

processos, visto que elas dependem fortemente de disciplina operacional, a qual,

por sua vez, está fortemente relacionada com a cultura de determinados países

como, por exemplo, o Japão e a Alemanha.

Repenning e Sterman (2002) citam no artigo Capability Traps a opinião do gerente

responsável pelo Product Development Process (PDP) - Processo de

Desenvolvimento de Produto, implantado numa empresa estudada por eles, que

tinha a finalidade de melhorar o processo de desenvolvimento de novos produtos,

sobre a razão da sua implementação ter falhado. Segundo o gerente a falha estava

ligada ao fato dos engenheiros ocidentais serem menos rigorosos e disciplinados do

que engenheiros japoneses e alemães em funções de padrões hereditários e

culturais. Ainda segundo Repenning e Sterman (2002), não houve menção alguma

sobre as características estruturais do sistema ou a pressão, sentida por toda a

organização, para a entrega, em tempo, de projetos considerados essenciais. Em

vez disso, o gerente culpava a falha ao caráter indisciplinado dos engenheiros

27

PINEDO-CUENCA. R.; OLALLA, P. G; SETIJONO, D. Linking six sigma’s critical success/hindering factors

and organizational change (development): a framework and a pilot study. International Journal of Lean Six

Sigma, v. 3, n. 4, p. 284–298, 2012.

28

"ocidentais". Para Imai28

(1986 apud ZAIRI, 1991, p. 213) as práticas de gestão

criadas e utilizadas no Japão tiveram sucesso porque eram boas práticas de gestão

e não tinham nada a ver com fatores culturais associados a um determinado país.

Na realidade o que as empresas não conseguem visualizar é que a mudança não

está relacionada com a cultura de um determinado país, mas sim com a cultura

organizacional e com práticas gerenciais equivocadas ainda muito presentes nas

organizações.

Song (2009) enfatiza a importância da liderança da organização para a gestão da

mudança e acrescenta que ela deve ser construída sobre duas dimensões (centrada

em pessoas e na produção). Complementando, McLean, Antony e Dahlgaard (2015)

esclarecem que a liderança da organização desempenha um papel fundamental em

qualquer mudança, mas também deve ser dada uma especial atenção às outras

pessoas da organização. Questões como a alocação de tempo, conflito de papéis e

níveis de participação são identificados como importantes para a obtenção do

envolvimento das pessoas nos esforços de mudança.

Ainda segundo McLean, Antony e Dahlgaard (2015) a falta de comprometimento da

alta administração implica na falta de comprometimento da força de trabalho e leva

ao fracasso da mudança organizacional. Um programa de mudança organizacional

requer um comprometimento intenso da liderança da organização e consumirá muito

tempo dos gestores da organização (POWELL29

, 1995 apud MCLEAN; ANTONY;

DAHLGAARD, 2015). A mudança cultural sofrerá se estiver confinada na direção de

uma única pessoa da organização independentemente da sua senioridade

(BREYFOGLE30

, 2005 apud MCLEAN; ANTONY; DAHLGAARD, 2015).

Repenning e Sterman (2001) explicam que apesar da disponibilidade de um grande

número de técnicas e ferramentas voltadas para a melhoria dos processos e de

informações quanto à como utilizá-las e implantá-las, as organizações ainda têm

uma dificuldade muito grande para incorporarem as atividades de melhoria nas suas

28

IMAI, Masaaki. KAIZEN - The key to Japan’s competitive success, New York: Random House Business

Division, 1986. 29

POWELL, T. C. Total quality management as competitive advantage: a review and empirical study. Strategic

Management Journal, v. 16, p. 15–37, 1995. 30

BREYFOGLE, F. W. III. 21 common problems (and what to do about them). ASQ Six Sigma Forum

Magazine, v. 4, n. 4, p. 35–37, 2005.

29

atividades rotineiras. Normalmente após uma explosão de entusiasmo e de um

grande volume de atividades ocorre um declínio contínuo até que a técnica

inicialmente escolhida seja substituída por outra mais nova.

Ainda segundo Repenning e Sterman (2001) a inabilidade de muitas organizações

em colher resultados dos programas de melhoria tem pouco a ver com a ferramenta

específica que foi escolhida para ser implementada na empresa. A raiz do problema

está na maneira como um novo programa de melhoria interage com a estrutura

física, econômica, social e psicológica de onde está sendo implementada, ou seja,

com a cultura organizacional.

As empresas usualmente implementam simultaneamente mais do que um programa

de melhoria. Esses programas compartilham recursos que podem criar sinergia ou

concorrência dependendo da maneira como são gerenciados (KEATING et al.,

1999). Portanto podemos dizer que a cultura organizacional é o resultado de como

as pessoas ou os recursos humanos interagem entre si e com os outros recursos

disponíveis em uma organização.

3.6 Escopo, objetivos e metas da melhoria

Rodrigues et al. (2009, p. 528), definem objetivo como o que se quer atingir e meta

como o resultado quantitativo do objetivo em um determinado prazo, ou seja, a meta

quantifica o que o objetivo almeja alcançar e o PMBOK (2014, p. 104-106), define

escopo como a descrição detalhada do projeto e do produto de um projeto, ou seja,

descreve de maneira clara a finalidade ou a razão de ser de um projeto.

Para Keating et al. (1999) a eficácia de qualquer esforço de melhoria depende do

escopo da melhoria e da adequação da metodologia de implantação desta melhoria.

Ainda segundo Keating et al. (1999), a definição de objetivos e metas exige uma

definição clara sobre eles em termos absolutos e quando serão alcançados. Eles

podem ser agressivos, mas realistas quanto à sua exequibilidade e ao tempo

necessário para serem atingidos.

30

Às vezes a melhoria pode gerar resultados rápidos, mas nem sempre sustentáveis

ao longo do tempo se os objetivos e metas não forem realistas. Para Mariotti31

(2005

apud MCLEAN; ANTONY; DAHLGAARD, 2015) o estabelecimento de metas

irrealistas pode levar as pessoas à decepção e ao fracasso se estas expectativas

não são cumpridas (HENDRICKS; SINGHAL32

, 2001; REED; LEMACK;

MONTGOMERY33

, 1996 apud MCLEAN; ANTONY; DAHLGAARD, 2015).

Kahneman e Lovallo (1993) esclarecem que geralmente os executivos das empresas

são muito otimistas e normalmente enxergam uma meta agressiva como um desafio

a ser superado, subestimando a dificuldade das atividades ligadas com o processo

de melhoria e esperam resultados muito mais rápidos do que é razoável.

3.7 Planejamento estratégico

Para McLean, Antony e Dahlgaard (2015) o ambiente no qual a organização

desenvolve as suas atividades deve ser levado em consideração quando da

implantação de qualquer programa de melhoria. Existem fatores sobre os quais a

organização não detém muito controle e que podem influenciar a implantação do

programa e portanto eles devem ser considerados e devidamente planejados.

Pesquisas realizadas por Gordon34 (1985 apud FREITAS, 1991) o levaram a concluir

sobre a existência de uma relação forte entre cultura e desempenho organizacional,

quando a cultura é definida a partir de uma visão estratégica em consonância com o

ambiente organizacional.

Conforme Barbosa e Brondai (2005) é de suma importância que as empresas

possuam uma estratégia que as oriente e possibilite alcançar seus objetivos e

metas. É a estratégia que dá a direção que possibilita as empresas a se

posicionarem corretamente frente as situações de incertezas e turbulências do

31

MARIOTTI, J. L. What’s missing in six sigma? ASQ Six Sigma Forum Magazine, v. 4, n. 4, p. 44, 2005. 32

HENDRICKS, K. B.; SINGHAL, V. R. The long run stock price performance of firms with effective TQM

programs. Management Science, v. 47, n. 3, p. 359–368, 2001. 33

REED, R.; LEMAK, D. J.; MONTGOMERY, J. C. Beyond process: TQM content and firm performance.

Academy of Management Review, v. 21, n. 1, p. 173–202, 1996. 34

GORDON, G. The Interrelationship of Corporate Culture to Industry Sector and Corporate Performance. In:

KILAMANN; SAXTON; SERPA (Ed.). Gaining Control of the Corporate Culture. San Francisco, CA:

Jossey Bass, 1985.

31

ambiente em que estão inseridas quer sejam eles nos âmbitos de atividades

internas e externas.

Para implantar a estratégia é preciso planejar o que e como fazer (BARBOSA;

BRONDAI, 2005) e o planejamento estratégico é uma das ferramentas mais

utilizadas nesse propósito. Matos e Chiavenato35

(1999 apud BARBOSA; BRONDAI,

2005) esclarecem que o planejamento estratégico apresenta algumas

características fundamentais, tais como a adaptação da organização a um ambiente

mutável, a orientação para o futuro visto que o seu horizonte de tempo é o longo

prazo, o envolvimento de toda a organização pela sinergia de todas as suas

capacidades e potencialidades e a realização de atividades por todas as pessoas da

organização em todos os seus níveis hierárquicos.

De acordo com Pinto, Ramos e Del Corso (2010) o planejamento estratégico

desenvolve-se nos três níveis hierárquicos organizacionais, ou seja, nos níveis

estratégico (presidente e diretores), tático ou funcional (gerentes e executivos) e

operacional (chefes e supervisores) conforme demonstrado na Figura 2.

Figura 2 - Tipos e níveis hierárquicos do planejamento estratégico

Fonte: PINTO; RAMOS; DEL CORSO, 2010. Nota: Adaptado pelo autor.

Para Pinto, Ramos e Del Corso (2010) os planos táticos e operacionais devem ser

elaborados a partir do planejamento estratégico de maneira integrada. No primeiro

nível é definido o planejamento estratégico da organização, ou seja, as estratégias a

serem aplicadas, as diretrizes estratégicas a serem seguidas e os objetivos

35

MATOS, F. G.; CHIAVENATO, I. Visão e ação estratégica. São Paulo: Makron Books, 1999.

32

estratégicos, no segundo nível é definido o planejamento tático, ou seja, a tática a

ser utilizada para implementação das estratégias delineadas no planejamento

estratégico e finalmente no terceiro nível é definido o planejamento operacional, ou

seja, as ações operacionais que possibilitarão alcançar os objetivos estratégicos.

Ainda segundo Pinto, Ramos e Del Corso (2010) comunicação é uma palavra chave

em todo esse processo, pois toda a organização precisa estar ciente sobre o que,

como e quais são os objetivos estratégicos da organização. As ações operacionais

precisam estar alinhadas e serem direcionadas pelas diretrizes e objetivos

estratégicos estabelecidos no primeiro nível hierárquico da organização.

3.8 Hoshin Kanri

Segundo Witcher e Chau (2007), Kondo (1998) e Akao (1991, p. 3-6) o Hoshin Kanri

é um método de gestão desenvolvido e muito utilizado no Japão, mas ainda pouco

utilizado nas organizações ocidentais. Ele é utilizado para desdobrar ou “cascatear”

diretrizes, objetivos e metas estratégicas da organização ao longo de todos os seus

níveis hierárquicos permitindo um alinhamento entre todos eles. As diretrizes,

objetivos e metas estratégicas de cada nível hierárquico são desenvolvidos tomando

como base as diretrizes, objetivos e metas estratégicas do nível hierárquico

imediatamente superior ao seu.

Para Marsden (1998) o Hoshin Kanri além de melhorar o desempenho da

organização permite alinhar as atividades de todas as pessoas da organização com

os objetivos e metas estratégicas. Complementando, Witcher e Chau (2007)

afirmam que o Hoshin Kanri assegura que todas as pessoas da organização saibam

como contribuir com os objetivos estratégicos da organização pela incorporação

desses objetivos aos seus próprios objetivos.

Kondo (1998) afirma que o Hoshin Kanri “mostrou-se extremamente eficaz na

promoção de planos de melhoria por toda a organização unindo os esforços de

todos os funcionários. [...] ele é também efetivo na motivação e comprometimento

dos empregados”.

33

Desta maneira pode-se afirmar que o Hoshin Kanri é um método de gestão

estratégico que torna mais clara a participação de cada pessoa da organização no

processo de melhoria contínua dos processos, na busca por produtividade e

também no envolvimento e comprometimento das pessoas.

A Figura 3 ilustra o desdobramento das diretrizes estratégicas por todos setores e

níveis hierárquicos da organização traduzindo a orientação da alta direção da

organização em diretrizes, objetivos e metas compatíveis com cada um destes

níveis de gestão, ou seja, mostra em como desdobrar as diretrizes estratégicos,

horizontal e verticalmente falando, por toda organização.

Figura 3 - Desdobramento das diretrizes estratégicas da organização

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Witcher e Chau (2007) explicam que é possível o uso integrado do Hoshin Kanri e

do Balanced Scorecard (BSC) em todo o processo de gestão estratégica. Para

Bhuiyan e Baghel (2005) o BSC, descrito no Quadro 3, também pode ser utilizado

para tornar mais clara a participação de cada pessoa na melhoria dos processos,

na busca por produtividade e, também no envolvimento e comprometimento das

pessoas. O BSC foi criado para facilitar o entendimento da estratégia por toda a

empresa (FILGUEIRAS; BARROS; GOMES, 2010).

Quadro 3 - Balanced Scorecard

34

Ferramenta Descrição

Balanced Scorecard

Traduz os objetivos da organização em medidas, metas e iniciativas de acordo com quatro diferentes perspectivas: financeira, satisfação do cliente, processos internos, e aprendizado e crescimento. Ele serve para comunicar, esclarecer e manter atualizada a estratégia de negócios, mostrar a sua ligação com os objetivos da organização e permite aos gestores acompanhar a evolução dos resultados ao longo do tempo.

Fonte: BHUIYAN; BAGHEL, 2005; FILGUEIRAS; BARROS; GOMES, 2010.

3.9 Dinâmica de sistemas

Conforme Rivera et al. (2010) muito do que acontece no nosso dia a dia nada mais

é do que a existência de sistemas cujas entradas interagem entre si, sob

determinadas regras, e, em consequência, vão gerar saídas que podem ser

resultados desejáveis ou não. Muitos esforços e recursos são investidos no

conhecimento e compreensão do comportamento destes sistemas e na previsão

dos resultados a serem atingidos.

Para Richmond (2001) uma organização é um organismo vivo, ou seja, ela não é

estática visto que sofre influência do ambiente no qual está inserida, de alterações

de processos e de mudanças nos métodos de gestão. Consequentemente

necessita-se de um modelo que permita simular estas variações. System Dinamics

(SD) - Dinâmica de Sistemas, que foi desenvolvido por Jay Forrester em 1956 no

Massachusetts Institute of Technology (MIT) permite criar modelos que capturem

estas mudanças e a complexidade envolvida (FORRESTER, 1990).

A Dinâmica de Sistemas permite modelar problemas que podem ser representados

por processos contínuos, como sistemas que demonstrem as relações entre os seus

elementos chave e as relações existentes entre os próprios sistemas criando ciclos

de feedback numa relação de causa e efeito por meio de um diagrama de loops

causais (MARTÍN, 2009, p. 25; RABELO; SPELLER JR., 2005; ZLATANOVIC, 2012;

SALEH et al., 2010). Muitos trabalhos foram e têm sido desenvolvidos utilizando a

técnica de simulação proporcionada pela dinâmica de sistemas (RIVERA et al.,

2010; KEATING et al., 1999; SALAHSHOOR; KORD; SHAHGHOLIAN, 2011;

MORRISON, 2007, 2010).

35

Forrester36

e Sterman37

(1971, 2000 apud RABELO; SPELLER JR., 2005) explicam

que a criação de um modelo de dinâmica de sistema formal requer a identificação

das relações causais que formam os loops de feedback do sistema.

Um diagrama de loop causal (FIGURA 4) é representado por variáveis ligadas por

setas que demonstram a relação de influência existente entre elas e que devem ser

consideradas na formulação da equação. As setas podem ter polaridade positiva “+”

ou negativa “-” indicando a direção de causalidade. sinal “+” significa que um

aumento na variável independente provoca um aumento da variável dependente e

que uma diminuição na variável dependente provoca uma diminuição da variável

dependente. Do mesmo modo, o sinal “-” indica que um aumento na variável

independente faz com que a variável dependente diminua (KEATING et al., 1999).

Figura 4 - Loop de Feedback

Fonte: MARTÍN, 2009, p. 26.

A polaridade do loop de reforço também denominado de reinvestimento por

Repenning e Sterman (2002), representado por R no identificador do loop, indica um

processo de feedback positivo ou de auto reforço. Já a polaridade do loop de

balanceamento (representada por B no identificador do loop) indica uma regulação

negativa do processo de feedback. A Figura 5 mostra a representação gráfica de

loops de reforço e de balanceamento.

Figura 5 - Identificadores de Loops de Feedback de reforço e de balanceamento

Fonte: KEATING et al., 1999.

36

FORRESTER, J. W. Principles of systems. Reprint. Orlando [Florida]: Pegasus Communications, 1971. 37

STERMAN, J. Business Dynamics. New York: McGraw-Hill, 2000.

36

Rabelo e Speller Jr. (2005) esclarecem que, após a criação dos modelos mentais a

partir dos diagramas de loops causais, pode ser iniciado o desenvolvimento da

estrutura de estoques e fluxos do sistema. Ainda segundo Rabelo e Speller Jr.

(2005) e Martín (2009, p. 49-50), os estoques (representados por retângulos) são

acumuladores e mostram o estado do sistema num determinado momento

caracterizando o seu estado e gerando a informação sobre quais decisões e ações

são tomadas. Eles criam atrasos, acumulam a diferença entre as entradas e saídas

de um processo, e só variam em função dos fluxos do sistema.

Já os fluxos (entradas e saídas que são representadas por setas duplas) são as

taxas que são adicionadas ou subtraídas de um estoque, ou seja, criam ou definem

uma variável do tipo constante. Elas são as decisões tomadas que tem impacto no

sistema e são definidos em função do tempo, como por exemplo, peças/dia. Os

fluxos de entrada e de saída começam e terminam respectivamente por nuvens que

representam fontes ou reservatórios (recipientes) de ações.

Existem ainda as variáveis auxiliares e constantes que são parâmetros que ajudam

a visualizar aspectos que têm influência sobre o comportamento dos fluxos, como

por exemplo, meia vida, etc. As variáveis podem ainda ser classificadas como

Shadow Variables ou Variáveis Sombra em português. Elas criam ou definem uma

variável já existente e ajudam a escrever modelos sem a necessidade da utilização

de setas cruzadas e aparecem entre os sinais < e > e na cor cinza, como por

exemplo, <Time>.

Finalmente têm-se os delays ou atrasos que simulam o tempo necessário para

transmissão de material ou informações. O atraso no intervalo de tempo é

representado por uma caixa de delay - atraso ou por duas barras cortando uma

seta. A descrição gráfica do sistema com base em estoques, fluxos e variáveis pode

ser mapeada de acordo com uma descrição matemática que pode ser simulada por

computador.

37

4 METODOLOGIA

Neste estudo foi efetuada uma análise qualitativa de um sistema produtivo genérico

por meio da modelagem de sistemas dinâmicos contínuos. O seu desenvolvimento

teve início com uma pesquisa bibliográfica para a identificação e análise de um

modelo base para a proposição de um novo modelo. Os resultados e discussões

oriundas do modelo proposto levaram a conclusões passíveis de serem comparadas

com a literatura existente.

Figura 6 - Etapas do desenvolvimento

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

A ferramenta mais adequada para entender como se comportam os sistemas,

simular possíveis cenários a partir de dados existentes e analisar potenciais

resultados, interações entre variáveis e definir métodos de controle que permitam a

tomada de ações preventivas o quanto antes possível é a dinâmica de sistemas.

Os modelos desenvolvidos a partir da Dinâmica de Sistemas possibilitam uma visão

holística dos processos com foco em múltiplos loops de feedback que permitem

avaliar relações de causa e efeito (RODRIGUES; BOWERS, 1996; SALAHSHOOR;

KORD; SHAHGHOLIAN, 2011). Os loops de feedback podem ser de reforço ou de

balanceamento, são representados pelas letras R e B, e indicam, respectivamente,

um processo de feedback positivo ou de auto reforço e de feedback negativo ou de

38

balanceamento do processo. Os loops são representados por setas e sinais (+ e -)

que indicam a direção e o tipo de influência nas variáveis do processo

(REPENNING; STERMAN, 2002; KEATING et al., 1999; SALAHSHOOR; KORD;

SHAHGHOLIAN, 2011).

Neste estudo quer-se avaliar o impacto do aspecto comportamental gerado pela

mudança cultural das pessoas que atuam em processos produtivos e a dinâmica de

sistemas foi a metodologia utilizada para a sua realização.

4.1 O modelo base

Repenning e Sterman (2002) desenvolveram um estudo e a partir dele um modelo

para demonstrar o que denominaram armadilha da capacidade, que segundo eles,

“surge a partir das interações entre julgar tendências e a estrutura física dos

processos de trabalho”. O estudo foi efetuado em dois projetos da divisão de

eletrônicos de uma grande montadora americana. Um deles era focado na redução

do Tempo de Ciclo de Manufatura, a iniciativa Manufacturing Cycle Time (MCT) e

apresentou excelentes resultados e o outro, focado na melhoria do Processo de

Desenvolvimento de Produto, a iniciativa Product Development Process (PDP), nem

tanto.

O modelo por eles definido está representado na Figura 7 e leva em consideração

trabalhar mais arduamente (loop B1), fazer mais retrabalho (loop B2), trabalhar mais

inteligentemente (loop B3) e focar no volume de produção do processo (loop B4).

O estudo do modelo de Repenning e Sterman (2002) mostra os loops B1, B2 e B4

reduzem o tempo disponível para implantar melhorias que leva a um aumento de

produção, mas com custos não visualizados e nem detectados num primeiro

momento passando a impressão temporária de melhoria dos processos.

Já o loop B3 possibilita o desenvolvimento de competência e a introdução de

melhorias, mas com resultados difíceis de serem identificados, num primeiro

momento, induzindo as pessoas a concluir que programas de melhoria não

funcionam e podem ser abandonados. Como os recursos e o tempo para a

produção são limitados surge uma dúvida onde alocá-los.

39

Figura 7 - Determinantes do Volume de Produção do Processo, Feedbacks de

Balanceamento Controlando o Volume de Produção e de Reforço

Direcionado a Trabalhar Mais Inteligentemente e Mais Arduamente

Fonte: REPENNING; STERMAN, 2002.

Muitos gestores consideram as saídas dos processos mais importantes do que

problemas que os afetam e que corrigir defeitos gera resultados muito mais rápidos

quando comparados com melhorar processos. Além disso, eles não conseguem, na

maioria das vezes, perceber que os investimentos em melhoria geram ganhos de

produtividade somente após um determinado tempo e que os investimentos

efetuados na produção de produtos defeituosos simplesmente geram custos

(CROSBY, 1979; DEMING, 1986; JURAN, 1995 apud REPENNING; STERMAN,

2002).

Recursos finitos, aliados aos preconceitos existentes com a implantação de

melhorias, levam a duas ligações negativas, onde o aumento do esforço do

trabalhador leva a uma redução do treinamento e do processo de experimentação.

40

Da mesma maneira, os recursos para melhorar processos diminuem quando os

recursos para corrigir defeitos aumentam.

Além disso, a implantação de melhorias geralmente leva a uma redução temporária

da produção, uma vez que as pessoas voltadas para a implantação de melhorias

são as mesmas que trabalham nos processos produtivos. Esta situação foi

capturada no modelo de Repenning e Sterman (2002) pela ligação negativa do

treinamento e do processo de experimentação com o volume de produção do

processo bruto.

Três ligações fecham três importantes loops de feedback sendo que a primeira

delas é o foco no loop de volume de produção (B4) onde o corte das atividades de

melhoria permite o aumento do volume de produção bruto e a redução na diferença

de volume de produção, mas com ganhos resultantes temporários. Menos

atividades de melhoria reduzem a correção de problemas levando a mais problemas

de processo, mais defeitos e a um menor volume de produção líquido do processo.

Os trabalhadores sofrerão mais pressão para se concentrarem no volume de

produção e para cortar ainda mais as atividades de melhoria, formando loops de

reinvestimento de auto reforço, R1a e R1b que reforçam e amplificam mudanças no

volume de produção.

Se eventualmente, os trabalhadores estiverem aquém de suas metas de volume de

produção, serão forçados a trabalharem mais arduamente distanciando das

melhorias e fazendo com que os loops de reforço ou de reinvestimento (R1a e R1b)

trabalhem como ciclos viciosos, que reduzem a capacidade produtiva, aumentam o

tempo trabalhado e diminuem o tempo disponível para melhorar e isto é a essência

da armadilha da capacidade

Segundo Repenning e Sterman (2002) os loops de reforço ou de reinvestimento

operam como ciclos virtuosos quando a taxa de correção de problemas excede a

taxa de geração de problemas, diminuindo o estoque de problemas do processo e

quando a redução de problemas leva a menos defeitos, aumentando o volume de

produção líquido do processo liberando mais tempo para melhorias. Ainda segundo

os autores aprender a “evitar a armadilha da capacidade é mais complicado devido

41

ao estoque, pela estrutura do fluxo relativa a melhoria, problemas do processo e

pela introdução de defeitos”.

42

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 O modelo proposto

Na montagem do modelo proposto foi considerado um novo loop de feedback de

reforço ou de reinvestimento (R2) que mostra relações causais, que impactam a

variável denominada como recursos para melhorar o processo. Além do loop de

feedback R2 foram adicionadas as variáveis trabalho padronizado e escalonamento

do programa de melhoria que têm impacto no volume de produção líquido e no

treinamento e processo de experimentação, respectivamente.

As variáveis recursos para melhorar o processo e, treinamento e processo de

experimentação, anteriormente citadas, fazem parte do diagrama causal definido por

Repenning e Sterman (2002) como de melhorias de segunda ordem ou de trabalhar

mais inteligentemente nos processos básicos ou fundamentais do sistema de

produção.

O modelo proposto permitiu avaliar o impacto do aspecto comportamental gerado

pela mudança cultural das pessoas que atuam em processos produtivos e para

tanto levou-se inicialmente em consideração o loop de reforço R2 representado pela

Figura 8.

Figura 8 - Loop de reforço ou de reinvestimento R2 atuando sobre os Recursos para Melhorar o Processo

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2016.

Foram também levadas em consideração as variáveis trabalho padronizado e

escalonamento do programa de melhorias sendo o trabalho padronizado utilizado

43

como um balizador do uso de todos os recursos utilizados para a melhoria dos

processos assegurando que os operadores trabalhem sempre da mesma maneira,

ou seja, de forma padronizada e o escalonamento do programa de melhorias será o

direcionador do plano de implantação do melhoramento contínuo dos processos que

será estruturado para acontecer escalonadamente conforme demonstrado na Figura

9.

Figura 9 - Fechamento do Loop de Balanceamento B

Fonte: Elaborado pelo Autor, 2016.

5.2 Análise e detalhamento do modelo proposto

O diagrama causal do modelo proposto foi desenvolvido a partir do diagrama do

loop causal da Figura 7 retirando-se a parte de trabalhar mais arduamente conforme

demonstrado na Figura 10.

44

Figura 10 - Determinantes do Volume de Produção do Processo, Feedbacks de

Balanceamento Controlando o Volume de Produção e de Reforço

Direcionado a Trabalhar Mais Inteligentemente

Fonte: REPENNING; STERMAN, 2002. Nota: Adaptado pelo autor.

O modelo apresentado na Figura 10 sofreu uma expansão (como mostra a Figura

11) no loop causal B3 denominado como melhorias de segunda ordem ou de

trabalhar mais inteligentemente (renomeado loop causal B) tendo sido introduzido

um loop de reforço ou de reinvestimento R2 com atividades ligadas a Planejamento

Estratégico, Desdobramento de Diretrizes (Hoshin Kanri), Empoderamento dos

Operadores, Comprometimento com a Melhoria de Processo e Esforço Alocado ao

Melhoramento Contínuo de Processo atuando nos Recursos para Melhorar o

Processo. Além disso, introduziu-se as variáveis Trabalho Padronizado e

Escalonamento do Programa de Melhoria atuando sobre Volume de Produção

Líquido e Treinamento e Processo de Experimentação, respectivamente.

45

Figura 11 - Diagrama expandido para incluir variáveis que afetam Recursos para

Melhorar o Processo, Treinamento e Processo de Experimentação e,

Volume de Produção Líquido

Fonte: REPENNING; STERMAN, 2002. Nota: Adaptado e expandido pelo autor.

De acordo com Song (2009) poucas pessoas podem duvidar de que a gestão de

pessoas é muito importante para o sucesso do gerenciamento de mudanças e a

falha em entender isso é um dos dez maiores erros cometidos em processos de

mudanças. As mudanças organizacionais levam a uma redistribuição de poder e

recursos que causam medo com relação ao resultado provocado por elas. Em

muitos casos, nem a alta administração da organização nem grupos de gestores,

treinadores e desenvolvedores que lideram o processo de mudança dão a suficiente

atenção aos problemas das pessoas. A literatura sobre gestão descreve muitos

exemplos de falhas gerenciais na formulação, desenvolvimento e implantação de

estratégia que envolve mudança organizacional significativa. Portanto a mudança da

cultura organizacional é uma atividade de cima para baixo, ou seja, ela tem início

46

com a alta direção da organização e só posteriormente se espalha por toda a

organização (HAMLIN; KEEP; ASH38, 2001 apud SONG, 2009).

O comprometimento dos operadores só acontecerá quando os operadores

entenderem o benefício da melhoria (SCHAFFER; THOMSON39

, 1992 apud

KEATING et al., 1999) e a construção do compromisso das pessoas inclui o

desenvolvimento de competências, demonstrações de apoio, defesa do valor do

programa implantado, oferta de incentivos e o esclarecimento da necessidade de

melhorar (KEATING et al., 1999).

O processo de mudança cultural tem início com o loop de reforço ou de

reinvestimento R2 conforme anteriormente demonstrado na Figura 8, onde o

planejamento estratégico é o primeiro passo para a consecução deste propósito.

Barbosa e Brondani (2005) afirmam que o planejamento estratégico é ferramenta

valiosa da alta administração porque define a estratégia que dará o “norte” ou onde

se quer chegar. Ele mostra de maneira clara onde a organização quer estar no

futuro próximo (usualmente num horizonte de cinco anos).

Para Mintzberg (1994) o problema ligado ao planejamento estratégico é que ele

normalmente representa um estilo de gestão de cálculo e não um estilo de gestão

de comprometimento. Gestores com um estilo de gestão de comprometimento

envolvem as pessoas na jornada de planejamento, ou seja, eles lideram de uma

maneira em que todos ajudam a configurar o curso do planejamento e como

resultado temos a construção do entusiasmo ao longo do processo de construção

do planejamento.

Isso significa que apesar do planejamento estratégico ser gerado a partir de uma

decisão estratégica da alta direção da organização, o seu delineamento deve ser

efetuado com a mais ampla participação possível, ou seja, na sua construção deve-

se ter a participação de representantes de todos os setores da organização.

Portanto a equipe que desenvolverá o planejamento estratégico deve ser constituída

por representantes de todos os setores da organização que possam contribuir com

38

HAMLIN, Bob; KEEP, Jane; ASH, Ken. Organizational Change and Development: a reflective guide for

managers, trainers and developers. Harlow: FT Prentice Hall, 2001.

47

informações e dados que sejam importantes para a estratégia que se quer delinear,

quer sejam eles internos ou externos à organização. Isto assegura que vários pontos

de vistas, informações e dados as vezes desprezados, desconsiderados e

desconhecidos sejam levados em consideração quando do delineamento da

estratégia organizacional.

Conforme Barbosa e Brondani (2005) após o estabelecimento da estratégia a ser

seguida é necessário definir claramente as responsabilidades pela execução de

ações, como e quando cada uma delas será implantada, qual será o cronograma a

ser seguido e qual será o custo das mesmas, ou seja, fazer um plano de ação.

Portanto o planejamento estratégico gera um plano estratégico que traduz o que,

onde e como fazer, tudo o que foi delineado no planejamento estratégico. Do plano

estratégico deve constar ações e objetivos estratégicos claros como, por exemplo, a

definição de qual programa de melhoria será implantado, o escalonamento da

implantação do programa de melhoria escolhido, o empoderamento dos operadores,

a utilização de trabalho padronizado, a replicação de resultados, entre outras.

Keating et al. (1999) explicam que normalmente as organizações não dependem de

um único esforço de melhoria e frequentemente mais do que um programa de

melhoria é implantado simultaneamente. Mesmo quando estes programas tratam de

questões distintas, eles estão inter-relacionados pelo compartilhamento de recursos

como, por exemplo, esforço humano, financiamento, informação e atenção da alta

administração. Essas interconexões podem tanto gerar sinergias substanciais,

quanto concorrência prejudicial entre eles.

O Kaizen ou melhoramento contínuo pode ser definido como o programa de

melhoria a ser implantado e a utilização de outros programas de melhoria serão

complementares, ou seja, só serão utilizados se forem estritamente necessários.

Isto evita a concorrência deletéria entre programas de melhoria utilizados para o

melhoramento dos processos e reduz a ocorrência de um grande volume de

atividades e a necessidade do compartilhamento de recursos que podem minar o

entusiasmo inicial e colocar pressão para abandonar o que foi decidido durante o

planejamento estratégico.

39

SCHAFFER, R.; THOMSON, H. Successful change programs begin with results. Harvard Business Review,

v. 70, n. 1, p. 80-89, jan./feb. 1992.

48

O programa de implantação de melhorias de processos deve ser executado

escalonadamente a partir de um processo piloto que se expandirá paulatinamente

para outros processos, como ondas geradas na superfície de um lago que foi

atingido por uma pedra. Isto ajuda a evitar retrocessos e a assegurar uma marcha

contínua rumo a consecução da estratégia delineada durante o planejamento

estratégico.

O planejamento estratégico reforçará o desdobramento de diretrizes que é a

próxima atividade do loop R2 porque ter uma estratégia clara e amplamente

comunicada por todos os níveis e setores da organização, ainda não é suficiente

para garantir o envolvimento e comprometimento de todos com esta estratégia.

Então o próximo passo é assegurar que todas as pessoas que fazem parte da

organização, independentemente de nível hierárquico, entendam o que se espera

delas e como podem contribuir para o atingimento da estratégia delineada no

planejamento estratégico.

É neste momento que se lança mão do Hoshin Kanri que, para Witcher e

Butterworth (2001), possibilita o desdobramento das estratégias organizacionais por

todos os setores da organização nos seus mais distintos níveis hierárquicos e

possibilita a união dos esforços de toda a organização com o propósito de alcançar

os seus objetivos estratégicos. Deste modo, pode-se dizer que o Hoshin Kanri

possibilita um desdobramento horizontal e vertical da estratégia organizacional

assegurando alinhamento de objetivos e metas facilitando o entendimento do que

fazer e do que se espera de cada integrante da organização independentemente de

setor e nível hierárquico.

O Hoshin Kanri alinha o foco e une os esforços de todos com o mesmo propósito,

uma vez que todos agora sabem o que se espera de cada um deles

independentemente de função e nível hierárquico, ou seja, como eles devem

contribuir para o cumprimento dos objetivos estratégicos da organização

(WITCHER; CHAU, 2007), criando as condições para um comprometimento inicial

que precisa ser continuamente fortalecido para não refluir. Mas tudo o que foi

anteriormente decidido precisará contar com o envolvimento de todas as pessoas

que participam do programa de melhorias e para isso será necessário garantir o seu

49

empoderamento, ou seja, o Hoshin Kanri impacta positivamente o empoderamento

das pessoas.

McLean, Antony e Dahlgaard (2015) afirmam que o empoderamento das pessoas

deve sempre ser considerado quando da introdução de técnicas de melhoria de

processo. Empoderar pessoas não significa dar autorização para que elas decidam

sobre qualquer assunto, mas sim naqueles que são compatíveis com o seu nível de

decisão como, por exemplo, permitir que um operador pare o processo produtivo

toda vez que identificar uma não conformidade e encontre meios para mitigá-la e

preveni-la. Gunasekaran e Cecille (1998) descrevem células de produção

autônomas onde operadores altamente motivados sentiam-se confortáveis para

expressar a sua opinião podendo identificar problemas e determinar soluções

apropriadas, liberando o gerenciamento médio da organização para se concentrar

em assuntos de longo prazo.

Para tal surge a necessidade de atualizar os processos produtivos, uma vez que

mudanças foram ou serão introduzidas, sendo o trabalho padronizado a ferramenta

ideal para fazer esta atualização. O trabalho padronizado é um documento centrado

em torno do movimento humano repetitivo que combina os elementos de um

trabalho em uma sequência eficaz podendo ser utilizado como ferramenta de

controle visual dos gestores da produção ajudando-os na identificação de problemas

na área de trabalho. Para o Toyota... (2010?, p.20) ele é utilizado como uma

ferramenta para a melhoria contínua dos processos e como instrução dos

operadores para trabalhos repetitivos.

Dennis40 (2008 apud DAL FORNO; SOUSA; TRIERTWEILLER, 2014) ressalta que

“o trabalho padronizado está relacionado diretamente com o Kaizen, gerando

envolvimento das pessoas, aprendizagem organizacional, estabilidade e

identificação dos processos e treinamento”.

Deste modo o trabalho padronizado conforme preconizado e estabelecido pelo TPS

deve ser utilizado para garantir que tudo que foi melhorado seja incorporado nas

atividades rotineiras dos processos melhorados e mantidos e, mais do que isto, seja

utilizado no processo de treinamento dos operadores assegurando que novos

40

DENNIS, P. Produção lean Simplificada. Porto Alegre: Bookman, 2008.

50

operadores sigam o que foi anteriormente definido como a melhor maneira de se

trabalhar.

Para Duggan41

(2012 apud CHIARINI; VAGNONI, 2014) as iniciativas de melhoria

levam a uma observância precisa e rigorosa do trabalho padronizado para evitar

desperdícios, tais como excesso de movimento, espera e de manipulação do

produto. A variável trabalho padronizado irá impactar os recursos para melhorar o

processo aumentando a sua necessidade visto que os processos modificados e

melhorados precisam ser atualizados.

As responsabilidades das pessoas do processo piloto precisam ser redefinidas

como, por exemplo, os gestores da produção passam a ter, entre outras funções, a

responsabilidade de assegurar que o trabalho padronizado seja sempre seguido. Os

gestores da produção podem ainda ser os desenvolvedores de competência dos

operadores e dos trabalhos padronizados e, os garantidores do empoderamento dos

operadores, ou seja, muda-se o seu foco de atuação que deixa de ser

exclusivamente voltado para atingir o volume de produção para também garantir a

melhoria dos processos.

O Kaizen pode ser utilizado como um direcionador do empoderamento dos

operadores pelo investimento no desenvolvimento das suas competências e

habilidades e, também pela redução de desperdícios nos processos produtivos. O

empoderamento dos operadores têm um impacto positivo no comprometimento com

a melhoria dos processos que por sua vez aumenta naturalmente o esforço alocado

ao melhoramento contínuo dos processos que reforça o que foi delineado no

planejamento estratégico fechando o loop de reforço ou de reinvestimento R2 e este

por sua vez aumenta os recursos para melhorar o processo conforme anteriormente

demonstrado na Figura 8.

Mais recursos para melhorar o processo demandam por mais treinamentos e

experimentação e a variável escalonamento do programa de melhoria entra em ação

a partir daqui reduzindo a necessidade de um alto volume de treinamento e

experimentação.

41

DUGGAN, K. J. Creating mixed model value streams: practical lean techniques for building to demand.

New York: CRC Press, 2012.

51

Para evitar que os responsáveis pela produção sintam-se tentados, por exemplo, a

boicotar o empoderamento dos operadores ou pressionados a decidir entre

melhorar o processo ou produzir para atingir volumes de produção pré-

estabelecidos, define-se um único programa de melhoria para evitar concorrência

deletéria entre programas implantados simultaneamente conforme já anteriormente

explicado e faz-se a implantação deste programa escalonadamente, ou seja, define-

se um processo piloto e, desenvolve-se as competências e o empoderamento das

pessoas que fazem parte dele.

O desenvolvimento de competências e habilidades dos operadores aliados ao

conhecimento dos processos que atuam vão maximizar a capacidade de reduzir

desperdícios e consequentemente reduzir a introdução de problemas no processo e

consequentemente a necessidade da sua correção, ou seja, ocorre naturalmente

uma melhoria na qualidade e na produtividade do que é produzido conforme já

anteriormente explicado pela “cadeia da produtividade” de Deming.

O impacto disto é um aumento no volume de produção bruto que acarretará um

aumento no volume líquido de produção com a consequente redução na diferença

entre o volume de produção requerido e o real. A redução na diferença de volume

de produção reduzirá a necessidade de mais recursos para melhorar o processo

piloto possibilitando o seu redirecionamento para novos processos a serem

melhorados de acordo com o escalonamento do programa de melhorias e ocorrerá

naturalmente um balanceamento de todo o processo que é representado pelo loop

B de trabalhar mais inteligentemente conforme anteriormente demonstrado pela

Figura 9.

Seppälä e Klemola42

(2004 apud CHIARINI; VAGNONI, 2014) afirmam que

empresas finlandesas que implantaram programas de melhoria mostraram uma

relação positiva entre o programa implantado e a satisfação no trabalho. Os

trabalhadores aumentaram as oportunidades de participação, controle e

aprendizagem, conseguiram ainda oportunidades de trabalho mais variadas e

desafiadoras e, curiosamente os operadores de um determinado setor, de maneira

42

SEPPÄLÄ, P.; KLEMOLA, S. How do employees perceive their organization and job when companies adopt

principles of lean production? Human Factors and Ergonomics in Manufacturing & Service Industries, v.

14, n. 2, p. 157-180, 2004.

52

geral não sofreram muita pressão de tempo e estresse, ao passo que os gestores

que estavam encarregados por coordenar as atividades de melhoria

experimentaram estresse.

Segundo Dean Jr. e Snell43

(1996 apud MCLEAN; ANTONY; DAHLGAARD, 2015),

percebe-se um impacto negativo que uma nova iniciativa pode ter no curto prazo e

Kuhnert44

(2014 apud MCLEAN; ANTONY; DAHLGAARD, 2015) esclarece que as

mudanças também podem ser vistas como uma ameaça e após a sua implantação

o desempenho pode inclusive declinar sendo a produção susceptível de ser afetada

(LI; RAJAGOPALAN45

, 2008 apud MCLEAN; ANTONY; DAHLGAARD, 2015).

Assim sendo, num primeiro momento, pode haver um choque cultural porque os

gestores responsáveis pela produção serão avaliados pelas melhorias introduzidas

no processo e não exclusivamente pelo atingimento do volume de produção, mas

como a mudança está sendo efetuada em um processo piloto e não em toda

organização, isto se torna mais palatável a eles.

Falta de comunicação, má comunicação ou comunicação fechada e vertical é

prejudicial para a implementação de projetos de melhoria (BEER46

, 2003;

JEYARAMAN; TEO47

, 2010 apud MCLEAN; ANTONY; DAHLGAARD, 2015).

Portanto os resultados obtidos no processo piloto devem ser amplamente

divulgados por toda a organização gerando curiosidade e vontade de tê-los

implantados nos outros processos da organização. Os gestores responsáveis pela

produção do processo piloto devem ser utilizados para fazer a divulgação do que

está acontecendo por toda a organização. Esta atitude ajuda a garantir o

comprometimento deles com as melhorias implementadas, com o empoderamento

dos operadores e assegura credibilidade do que está sendo divulgado junto aos

seus pares.

43

DEAN Jr, J. W.; SNELL, S. A. The strategic use of integrated manufacturing: an empirical examination.

Strategic Management Journal, v. 17, p. 459–480, 1996. 44

KUHNERT, J. E. Getting to ‘yes’. ASQ Six Sigma Forum Magazine, v. 14, n. 1, p. 10–14, 2014. 45

LI, G.; RAJAGOPALAN, S. Process improvement, learning, and real options. Production and Operations

Management, v. 17, n. 1, p. 61–74, 2008. 46

BEER, M. Why total quality management programs do not persist: the role of management quality and

implications for leading a TQM transformation. Decision Sciences, v. 34, n. 4, p. 623–642, 2003. 47

JEYARAMAN, K; TEO, L. K. A conceptual framework for critical success factors of lean six sigma.

International Journal of Lean Six Sigma, v. 1, n. 3, p. 191–215, 2010.

53

Todas essas ações geram comprometimento com as melhorias, aumento do esforço

alocado ao melhoramento contínuo dos processos e consequentemente dos

recursos para melhorar os processos. Os gestores da produção passam a liderar o

processo de melhoria quando veem que o volume de produção pode ser alcançado

por trabalhar mais inteligentemente e que melhorias obtidas em alguns processos

podem ser replicadas para outros processos aumentando os ganhos e reduzindo a

pressão por corrigir defeitos conforme explicado por Deming pela “cadeia da

produtividade”.

54

6 CONCLUSÃO

A melhoria contínua de processos leva a um aumento da capacidade produtiva, mas

isso só é possível de acontecer e se manter se houver mudança na cultura

organizacional. A consequência da mudança cultural é uma nova maneira de

gerenciar a produção tirando o foco exclusivo em assegurar volumes de produção

pré-estabelecidos a qualquer custo e realocando-o em trabalhar de maneira mais

inteligente, ou seja, melhorar processos para reduzir desperdícios melhorando a

qualidade do que é produzido com o consequente aumento da produtividade.

A principal contribuição deste estudo está em demonstrar a necessidade da

mudança da cultura organizacional para o aumento da produtividade por meio da

melhoria contínua de processos. Não basta o desejo da alta direção da organização

é preciso muito mais do que isto para melhorar os processos. É preciso uma

liderança forte da administração e a criação de condições para que a mudança

aconteça de forma natural, rotineira e em todos os processos da organização.

Sugere-se a utilização de um processo bem definido e detalhado que permite a

implantação e a sustentação da mudança da cultura organizacional ao longo do

tempo envolvendo e comprometendo todas as pessoas da organização. Este

processo está baseado no loop causal R2 e nas variáveis Trabalho Padronizado e

Escalonamento do Programa de Melhorias representadas no modelo estudado.

A expansão do modelo possibilitou mostrar as inter-relações entre todas as variáveis

envolvidas. Estas variáveis estão baseadas em conceitos teóricos amplamente

conhecidos com aplicação prática reconhecida. Limitou-se, aqui, a uma análise

qualitativa, considerando-se que as variáveis envolvidas são de difícil quantificação.

Estudos futuros podem ampliar o modelo e buscar, com um estudo de caso,

quantificá-las. Recomenda-se, também, análises que levem em consideração a

influência de outras variáveis como, por exemplo, tamanho da organização e a

volatilidade do segmento de atuação, isto é, segmentos com produtos sujeitos a

mudanças rápidas de mercado e ou de tecnologia.

A literatura revista coloca em evidência como aumentar a produtividade por meio do

melhoramento dos processos e por trabalhar focado exclusivamente em volume de

55

produção, os erros cometidos quando da implantação de programas de melhoria, a

importância da participação da liderança da organização em processos de mudança,

a adequação do programa de melhoria escolhido à necessidade da organização,

desculpas normalmente utilizadas para justificar insucesso de programas de

melhoria e mudança de foco, entre outros.

Já este estudo levou em consideração todos os aspectos anteriormente citados

complementando-os com um processo claro que propiciasse a melhoria contínua

dos processos com o envolvimento e comprometimento de todas as pessoas da

organização.

Procurou-se demonstrar de forma clara e precisa a relação existente entre cultura

organizacional e desempenho dos processos, relação esta que também foi citada

por Denison48, Gordon49 e Barney50

(1984, 1985, 1986 apud FREITAS, 1991) e

conforme explicitado por Song (2009) a importância da liderança da administração

da organização na gestão de mudanças como as preconizadas pela implantação de

melhorias contínuas de processos.

Finalizando pode-se concluir, a partir deste estudo, que a mudança da cultura

organizacional não é simples, demanda liderança forte da alta administração da

organização, necessita envolvimento e comprometimento de todas as pessoas da

organização em diferentes níveis hierárquicos e funções e que trabalhar de maneira

mais inteligente será a consequência do resultado das ações tomadas e

sustentadas ao longo do tempo pela alta administração da organização que

influenciarão positivamente a organização como um todo.

48

DENISON, D. Bringing Corporate Culture to the Bottom Line. Organizational Dynamics, 13, M, 1984. 49

GORDON, G. The Interrelationship of Corporate Culture to Industry Sector and Corporate Performance. In:

KILAMANN; SAXTON; SERPA (Ed.). Gaining Control of the Corporate Culture. San Francisco, CA:

Jossey Bass, 1985. 50

BARNEY, J. B. Organizational culture: can it be a source of sustained competitive advantage?. The Academy

of Management Review, v. 11, n. 3, p. 107-123, 1986.

56

REFERÊNCIAS

AKAO, Y. Policy deployment for a successful TQM. New York: Productivity Press, 1991. p. 3-6. BARBOSA, Emerson Rodrigues; BRONDANI, Gilberto. Planejamento estratégico

organizacional. Revista Eletrônica de Contabilidade Curso de Ciências

Contábeis UFSM, Santa Maria, RS, v. 1, n. 2, p. 107-123, dez. 2004/fev. 2005.

BARNEY, Jay. Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of

Management, v. 17, n. 1, p. 99-120, 1991. BHUIYAN, N.; BAGHEL A. An overview of continuous improvement: from the past to

the present. Management Decision, v. 43, n. 5, p. 761-771, 2005. BRITO, R. P. de; BRITO, L. A. L. Vantagem competitiva, criação de valor e seus

efeitos sobre o desempenho. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 52, n. 1, p. 70-84, 2012. CALARGE, Felipe Araújo; LIMA, Paulo Corrêa. Da abordagem do TQM (Total Quality Management) ao GQM (Global Quality Management): a inserção e utilização da metodologia do projeto axiomático no desenvolvimento de modelos de gestão

sistêmica da qualidade. Gestão & Produção, São Carlos, v. 8, n. 2, p. 196-213, ago. 2001. CHIARINI, Andrea; VAGNONI, Emidia. Lean production, job satisfaction and motivation in the Italian manufacturing industry. In: CONVEGNO ANNUALE DI SINERGIE REFERRED ELECTRONIC CONFERENCE, 26., 2014, Università di

Cassino e del Lazio Meridionale, Proceeding... 2014. Disponível em: <http://www.sinergiejournal.it/rivista/index.php/XXVI/article/view/963/738>. Acesso em: 21 abr. 2016. DAL FORNO, Ana Julia; SOUSA, Poliana Mesquita de; TRIERWEILLER, Andrea Cristina. Kaizen como melhoria da produtividade em uma indústria de máquinas pesadas. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE ENGENHARIA DE

PRODUÇÃO, 34., 2014, Curitiba. Anais... Curitiba: Associação Brasileira de Engenharia de Produção, 2014. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2014_TN_STO_195_101_24655.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2015.

57

FAVONI, Célio; GAMBI, Lillian do Nascimento; CARETA, Catarina Barbosa. Oportunidades de implementação de conceitos e ferramentas de produção enxuta visando melhoria da competitividade de empresas do APL calçadista de JAÚ/SP.

Revista Produção Online, , Florianópolis, v. 13, n. 3, p. 1118-1142, jul./set. 2013. FILGUEIRAS, A. A.; BARROS, L. P. S.; GOMES, J. S. O processo de implantação do balanced scorecard em uma empresa estatal brasileira: o caso Petrobras.

Revista de Gestão USP, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 45-57, 2010.

FORRESTER, Jay W. System dynamics as a foundation for pre-college

education. 1990. System Dynamics Groups. Working paper - Sloan School of Management, Massachusetts Institute of Technology. Cambridge, USA: MIT, 1990. p. 367-380. Disponível em: <http://www.systemdynamics.org/conferences/1990/proceed/pdfs/forre367.pdf>. Acesso em: 14 out. 2015. FREITAS, Maria Ester de. Cultura organizacional grandes temas em debate.

Revista de Administração de Empresas. São Paulo, v. 31, n. 3, p. 73-82, 1991. GHINATO, Paulo. Sistema Toyota de produção: mais do que simplesmente just in

time. Prod., São Paulo, v. 5, n. 2, p. 169-189, dec. 1995. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prod/v5n2/v5n2a04>. Acesso em: 20 jun. 2015. GUNASEKARAN, L.; CECILLE, P. Implementation of productivity improvement

strategies in a small company. Technovation, v. 18, n. 5, p. 311-320, 1998. HERRON, Colin; BRAIDEN, Paul M. A methodology for developing sustainable

quantifiable productivity improvement in manufacturing companies. International

Journal of Production Economics, v. 104, n. 1, p. 143-153, 2006. KAHNEMAN, D.; LOVALLO, D. Timid choices and bold forecasts: a cognitive

perspective on risk-taking. Management Science, v. 39, n. 1, p. 17-31, 1993. KEATING, Elizabeth K.; OLIVA, Rogelio. A dynamic theory for sustaining process

improvement teams in product development. Advances in Interdisciplinary

Studies of Work Teams, v. 5, p. 245-281. 2000. KEATING, Elizabeth K.; OLIVA, Rogelio; REPPENNING, Nelson P.; ROCKART,

Scott; STERMAN, John D. Overcoming the improvement paradox. European

Management Journal, v. 17, n. 2, p. 120-134, 1999.

58

KEMPEN, Malte. Complaint management and internal marketing: the role and importance of internal marketing in complaint management process. [S. l.]: Diplom.de, 2009. 173 p.

KONDO, Y. Hoshin kanri: a participative way of quality management in Japan. The

TQM Magazine, v. 10, n. 6, p. 425-431, 1998. LANDER, E.; LIKER, J. K. The Toyota Production System and art: making highly

customized and creative products the Toyota way. International Journal of

Production Research, v. 45, n. 16, p. 3681–3698, aug. 2007.

LEAN ENTERPRISE INSTITUTE. Lean lexicon: a graphical glossary for lean thinkers. Version 1.0. Brookline, Mass.: Lean Enterprise Institute, 2003.

LIKER, Jeffrey K. Becoming lean: inside stories of U.S. manufacturer. New York: Productivity Press, 2004. 545 p. MARSDEN, N. The use of Hoshin Kanri planning and deployment systems in the

service sector: an exploration. Total Quality Management, v. 9, n. 4, p. 167-171, 1998.

MARTÍN, García Juan. Theory and practical exercises of system dynamics. Barcelona: Juan García Martín, 2009. 294 p. MCKONE, Kathleen E.; SCHROEDER, Roger G.; CUAB, Kristy O. The impact of

total productive maintenance practices on manufacturing performance. Journal of

Operations Management, n. 19, p. 39–58, 2001. MCLEAN, R. S.; ANTONY, J.; DAHLGAARD, J. J. Failure of continuous improvement initiatives in manufacturing environments: a systematic review of the

evidence. Total Quality Management & Business Excellence Online, p. 1-19, 2015. Disponível em: <http://www.tandfonline.com/doi/figure/10.1080/14783363.2015.1063414?scroll=top&needAccess=true>. Acesso em: 3 abr. 2016.

MINTZBERG, Henry. The Fall and rise of strategic planning. Harvard Business

Review, reprint, p. 107-114, 1994.

59

MORRISON, J. Bradley. Insights from modeling the dynamics of process

improvement. 2007. Working paper - International Business School, Brandeis University, 2007. Disponível em: <http://systemdynamics.org/conferences/2007/proceed/papers/MORRI447.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2015. _____________________. Managing the dynamics of process improvement:

production, improvement, and learning. In: INTERNATIONAL CONFERENCE OF

THE SYSTEM DYNAMICS SOCIETY, 28., 2010. Proceedings… Seoul, Korea. jul. 2010. Disponível em: <http://www.systemdynamics.org/conferences/2010/proceed/papers/P1304.pdf>. Acesso em: 10 set. 2015. PINTO, Ricardo Aurélio Quinhões; RAMOS, Mário César de; DEL CORSO, Jansen Maia. Relação entre a estrutura, a estratégia e a arquitetura estratégica como fator

de sucesso: um estudo de caso. Revista Produção Online, v. 10, n. 1, p. 2-25, mar. 2010. , Slobodan. Kaizen management philosophy. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ENGINEERING MANAGEMENT AND COMPETITIVENESS, 1., 2011,

Zrenjanin, Serbia. Proceedings… Zrenjanin: Technical Faculty Mihajlo Pupin, 2011. p. 173-178. Disponível em: <http://www.tfzr.uns.ac.rs/emc/emc2011/Files/B%2008.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2015. RABELO, Luis; SPELLER JR, Thomas H. Sustaining growth in the modern

enterprise: a case study. Journal of Engineering and Technology Management, v. 22, n. 4, p. 274–290, 2005. REPENNING, Nelson P.; STERMAN, John D. Capability traps and self-confirming

attribution errors in the dynamics of process improvement. Administrative Science

Quarterly, v. 47, n. 2, p. 265-295, 2002. _______________________________________. Nobody ever gets credit for fixing problems that never happened: creating and sustaining process improvement.

California Management Review, v. 43, n. 4, p. 64-88, Summer, 2001. RICHMOND, Barry. A new language for leveraging scorecard: driven learning.

balanced scorecard report. Harvard Business School Publishing, v. 3, n. 1, p. 11-14, jan./ feb. 2001.

60

RIVERA, Leonardo; MANOTAS, Diego F.; DINAS, Johan A.; FRANCO, Paula. Applying systems thinking and active learning strategies to a lean manufacturing

program. In: POMS ANNUAL CONFERENCE, 21., 2010, Vancouver. Annals… Vancouver: Production and Operations Management Society, 2010. p. [1-27]. Disponível em: <http://www.pomsmeetings.org/confpapers/015/015-0615.pdf>. Acesso em: 3 maio 2015.

RODRIGUES, M. R. A.; TORRES M. C. S.; FILHO J. M.; LOBATO. D. M. Estratégia

de empresas. 9. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2009. 528 p. SALAHSHOOR, Hamid R.; KORD, Bagher; SHAHGHOLIAN, Keivan. Using system

dynamics in the development of a productivity model. European Journal of

Humanities and Social Sciences, Special Issue, v. 10, n. 1., p. 441-454, 2011. SALEH, Mohamed; OLIVA Rogelio; KAMPMANN, Christian E.; DAVIDSEN, Pål I. A comprehensive analytical approach for policy analysis of system dynamics models.

European Journal of Operational Research, v. 203, n. 3, p. 673–683, 2010. SALGE, Markus. Exploring patterns of process improvement with a generic model. In: INTERNATIONAL CONFERENCE, 24., 2006, Nijmegen, The Netherlands.

Proceedings... Nijmegen: The System Dynamics Society, 2006. p. 1-28. Disponível em: <http://www.systemdynamics.org/conferences/2006/proceed/papers/SALGE312.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2016. SANTOS NETO; J. A; BARROS, J. G. M. Parceria na aplicação do kaizen nas atividades de um provedor de serviços logísticos. In: ENCONTRO NACIONAL DE

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 28, 2008, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Engenharia de Produção, 2008. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2008_tn_sto_069_497_11137.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2016. SCHELLER, Alisson Christian; MIGUEL, Paulo A Cauchick. Adoção do Seis Sigma e

Lean Production em uma empresa de manufatura. Revista Produção Online, Florianópolis, SC, v. 14, n. 4, p. 1316-1347, out./dez. 2014. SILVA, Iris Bento da; MIYAKE, Dario Ikuo; BATOCCHIO, Antonio; AGOSTINHO, Oswaldo Luiz. Integrando a promoção das metodologias Lean Manufacturing e Six Sigma na busca de produtividade e qualidade numa empresa fabricante de

autopeças. Gestão & Produção, São Carlos, v. 18, n. 4, p. 687-704, 2011.

61

SONG, Xiongwei. Why do change management strategies fail?: illustrations with

case studies. Journal of Cambridge Studies, v. 4, n. 1, p. 6-15, mar. 2009. SUGIMORI, Y.; KUSUNOKI, K.; CHAO, F.; UCHIKAWA, S. Toyota production system and kanban system materialization of just-in-time and respect-for-human

system. International Journal of Production Research, v. 15, n. 6, p. 553-564, 1977.

TOYOTA production system: basic handbook. [S. l.]: Art of Lean. [2010?]. Disponível em: <http://www.artoflean.com/files/Basic_TPS_Handbook_v1.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2015. UM GUIA do conhecimento em gerenciamento de projetos: (GUIA PMBOK). 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 567 p.

ZAIRI, Mohamed. Total quality management for engineers. Cambridge: Woodhead Publishing Ltda, 1991. 254 p. ZLATANOVIC, Dejana. System dynamics models in management problems solving.

Economic Horizons, v. 14, n. 1, p. 25-38, jan./apr. 2012. WITCHER, B. J.; BUTTERWORTH, R. Hoshin Kanri: policy management in

japanese-owned UK subsidiaries. Journal of Management Studies, v. 38, n. 5, p. 651-674, 2001. WITCHER, B. J.; CHAU, V. S. Balanced scorecard and Hoshin Kanri: dynamic

capabilities for managing strategic fit. Management Decision, v. 45, n. 3, p. 518-538, 2007.