Upload
jordi-canadas-lopez
View
15
Download
1
Embed Size (px)
Citation preview
Análise do Jogo em Andebol
Estudo do processo defensivo da equipa da
Espanha no Campeonato do Mundo de 2005
Dissertação apresentada com vista à
obtenção do grau de mestre em
Ciências do Desporto, área de
especialização de Treino de Alto
Rendimento, conforme o decreto-lei n.º
216/92 de 13 de Outubro.
Orientador: Professor Doutor Júlio Garganta.
Co-orientador: Dr. José António Silva.
Luciano José Mellado de Lima
Porto, Janeiro de 2008
Lima L. J. M. (2007). Análise do Jogo em Andebol: Estudo do processo
defensivo da equipa da Espanha no Campeonato do Mundo de 2005. Porto:
Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto. Palavras-chave: ANÁLISE DE JOGO, ANÁLISE
SEQUENCIAL, ANDEBOL, PROCESSO DEFENSIVO, ESPANHA.
Aos meus pais…
A verdadeira razão pela concretização de toda uma vida e não só deste estudo…
I
Agradecimentos
Acredito que um trabalho académico acaba por ser um esforço que
exige a acção de mais de um indivíduo, directa ou indirectamente, e por esta
razão escrevo estes agradecimentos.
Sem dúvida serei injusto com muitos que ajudaram na elaboração deste
trabalho ou na minha estadia em Portugal, tais como os amigos que aqui fiz,
mas peço desculpas e sei que em meu coração agradeço a todos.
À instituição FADE-UP à contar desde os funcionários da limpeza,
segurança ao Conselho directivo.
Ao Gabinete de Andebol pela recepção e auxílio durante todo o
percurso, em especial ao Professor António Alberto Dias Cunha, que mesmo
sem conhecer minha pessoa, indicou-me ao Futebol clube do Porto e suas
categorias de base do Andebol, que foi a melhor experiência de trabalho.
Ao Professor Doutor Júlio Garganta por toda a atenção, dedicação e
tempo dispensados para a realização deste estudo.
Ao Dr. José António Silva pela forma como conduziu este estudo, este
estudante, e liderou com rigor académico toda elaboração desta dissertação.
Agradeço ao Professor Paulo Jorge pela indispensável ajuda e pelos
jogos que conseguiu, os quais foram fonte dos dados deste trabalho.
À EEFE – USP pelo conhecimento e a vivência que proporcionaram.
Ao Professor Dr. Antonio Carlos Simões, fonte de inspiração e
conhecimento para este profissional.
Ao Estúdio Multimeios do CCE – USP pela transcodificação dos vídeos.
Aos Amigos Túlio Banja, Rafael Dias, António Lima, João Alves,
Catarina Esteves, Andreyson “Berimbau” e muitos outros, que ajudaram com a
convivência, conselhos, ombros e a força para conclusão desta fase da vida.
Aos grandes irmãos Eusebio Ignacio Falomir, Paulo “Russo” Carrara,
Carlos Esteves, sem esquecer da grande amiga Daniela Coelho, pela ajuda,
amizade e contributo decisivo ao trabalho.
À minha família pelo “ser e estar”, pela vida... Por exactamente Tudo.
ÍNDICE
III
Índice
Agradecimentos ..................................... ........................................................... I
Índice............................................. ................................................................... III
Índice de Figuras.................................. ..........................................................VII
Índice de Quadros .................................. ......................................................... IX
Resumo ............................................. ...............................................................XI
Abstract........................................... ...............................................................XIII
Résumé ............................................. ............................................................. XV
Lista de abreviaturas .............................. .................................................... XVII
1 Introdução....................................... ............................................................... 3
1.1 Âmbito e Pertinência do Estudo................................................................ 4
1.2 Objectivos ................................................................................................. 6
1.3 Estrutura do trabalho ................................................................................ 7
2 Revisão da Literatura............................ ...................................................... 11
2.1 A importância do Processo Defensivo no jogo de Andebol .................... 11
2.2 Processo defensivo no Andebol ............................................................. 14 2.2.1 Princípios do processo defensivo..................................................... 15 2.2.2 Fases do processo defensivo........................................................... 16
2.2.3 Caracterização dos Sistemas defensivos ............................................ 17 2.2.3.1 Sistema defensivo Individual ......................................................... 18 2.2.3.2 Sistemas defensivos Zonais.......................................................... 18 2.2.3.3 Sistemas defensivos Mistos .......................................................... 20 2.2.3.4 “Sistema + pressing” ..................................................................... 20
2.3 O processo defensivo da Selecção Nacional de Espanha...................... 21
2.4 A importância da Análise do Jogo nos Jogos Desportivos Colectivos (JDC) ............................................................................................................ 27
2.4.1 Observação e Análise do jogo ......................................................... 29 2.4.1.1 Características do processo de observação.............................. 32 2.4.1.2 Etapas da observação ............................................................... 36
2.4.2 Análise e interpretação dos dados ................................................... 39 2.4.2.1 Análise Sequencial........................................................................ 39
2.5 Estudos realizados no âmbito do Andebol.............................................. 41
ÍNDICE
IV
2.5.1 Estudos com recurso a Análise Sequencial no Andebol .................. 49
3 Hipóteses ........................................ ............................................................. 57
4 Material e Métodos ............................... ....................................................... 61
4.1 Caracterização da amostra..................................................................... 61
4.2 Metodologia ............................................................................................ 62
4.3 Etapas da observação ............................................................................ 63
4.4 Registo dos dados .................................................................................. 64
4.5 Características do processo de observação ........................................... 64
4.6 Elaboração do instrumento de Observação............................................ 65
4.7 Definição dos indicadores de estudo ...................................................... 66 4.7.1 Sequência defensiva (SD)................................................................ 66 4.7.2 Variável 1 – Resultado parcial no marcador..................................... 67 4.7.3 Variável 2 – Relação numérica absoluta .......................................... 67 4.7.4 Categoria 1 – Início da sequência defensiva.................................... 68 4.7.5 Categoria 2 – Ataque adversário...................................................... 69 4.7.6 Categoria 3 – Fases da defesa e sistemas defensivos .................... 70
4.7.6.1 Sistemas defensivos.................................................................. 70 4.7.7 Categoria 4 – Meios tácticos defensivos .......................................... 71 4.7.8 Categoria 5 – Erros defensivos ........................................................ 73 4.7.9 Categoria 6 – Finalização do ataque adversário .............................. 74 4.7.10 Categoria 7 – Acções de finalização da sequência defensiva........ 75 4.7.11 Categoria 8 – Zona de recuperação da posse de bola................... 76
4.8 Análise dos dados .................................................................................. 76
4.9 Fiabilidade da observação e procedimentos estatísticos........................ 77
4.10 Comunicação do seleccionador nacional da equipa da Espanha......... 78
4.11 Limitações do estudo............................................................................ 79
5 Apresentação e discussão dos resultados.......... ..................................... 83
5.1 Análise Descritiva ................................................................................... 83 5.1.1 Análise Descritiva Geral ................................................................... 83
5.1.1.1 Categoria Início da sequência defensiva ................................... 84 5.1.1.2 Categoria Fase do ataque adversário........................................ 85 5.1.1.3 Categoria Sistema Defensivo .................................................... 86 5.1.1.4 Categoria Erro defensivo ........................................................... 87 5.1.1.5 Categoria Finalização do ataque adversário ............................. 88 5.1.1.6 Categoria Acções de finalização da sequência defensiva ......... 89 5.1.1.7 Categoria Zona de Recuperação............................................... 90
5.1.2 Análise descritiva em função das variáveis...................................... 92 5.1.2.1 Variável Relação Numérica Absoluta ........................................ 92
5.1.2.1.1 Categoria Início da sequência defensiva ............................ 92 5.1.2.1.2 Categoria Fase do ataque adversário ................................. 94
ÍNDICE
V
5.1.2.1.3 Categoria Sistema defensivo .............................................. 95 5.1.2.1.4 Categoria Erro defensivo .................................................... 96 5.1.2.1.5 Categoria Finalização do ataque adversário ....................... 98 5.1.2.1.6 Categoria Acções de finalização da sequência defensiva 100 5.1.2.1.7 Categoria Zona de Recuperação ...................................... 101
5.1.2.2 Variável Resultado Parcial....................................................... 103 5.1.2.2.1 Categoria Início da sequência defensiva .......................... 103 5.1.2.2.2 Categoria Fases do ataque............................................... 105 5.1.2.2.3 Categoria Sistemas defensivos......................................... 106 5.1.2.2.4 Categoria Erro defensivo .................................................. 107 5.1.2.2.5 Categoria Finalização do ataque adversário ..................... 109 5.1.2.2.6 Categoria Acções de finalização da sequência defensiva 111 5.1.2.2.7 Categoria Zona de Recuperação da posse de bola .......... 112
5.2 Análise Sequencial ............................................................................... 114 5.2.1 Análise sequencial em função da variável Relação numérica absoluta................................................................................................................ 115
5.2.1.1 Análise prospectiva considerando como conduta critério os eventos da categoria “Início da sequência defensiva” ......................... 115 5.2.1.2 Análise prospectiva considerando como conduta critério os eventos da categoria “Sistema defensivos” ......................................... 120 5.2.1.3 Análise prospectiva e retrospectiva considerando como conduta critério os eventos da categoria “Erros defensivos” ............................. 124 5.2.1.4 Análise retrospectiva considerando como conduta critério os eventos da categoria “Acções de finalização da sequência defensiva”127
5.2.2 Análise sequencial em função da variável Resultado parcial......... 131 5.2.2.1 Análise prospectiva considerando como conduta critério os eventos da categoria “Início da sequência defensiva” ......................... 131 5.2.2.2 Análise prospectiva considerando como conduta critério os eventos da categoria “Sistema defensivos” ......................................... 134 5.2.2.3 Análise prospectiva e retrospectiva considerando como conduta critério os eventos da categoria “Erros defensivos” ............................. 141 5.2.2.4 Análise retrospectiva considerando como conduta critério os eventos da categoria “Acções de finalização da sequência defensiva”147
5.3 Síntese dos resultados obtidos............................................................. 153 5.3.1 Variável Relação Numérica............................................................ 153 5.3.2 Variável Resultado Parcial ............................................................. 154
6 Conclusões ....................................... ......................................................... 157
6.1. Propostas para futuros estudos ........................................................... 159
7 Referências Bibliográficas ....................... ................................................ 163
8 - Anexos ......................................... ............................................................ 179
8.1 Transcrição da palestra do seleccionador nacional de Espanha Juan Carlos Pastor Goméz ................................................................................. 179
8.2 Ficha de observação dos dados ........................................................... 207
ÍNDICE DE FIGURAS
VII
Índice de Figuras
Figura 1 – Zona de finalização ......................................................................... 75
Figura 2 – Zona de recuperação da posse de bola .......................................... 76
Figura 3 – Formas de início da sequência defensiva ....................................... 84
Figura 4 – Fases do ataque adversário............................................................ 85
Figura 5 – Sistemas defensivos ....................................................................... 86
Figura 6 – Erros defensivos.............................................................................. 87
Figura 7 – Finalizações do ataque adversário.................................................. 88
Figura 8 – Acções de finalização da sequência defensiva ............................... 89
Figura 9 – Zonas de Recuperação ................................................................... 90
Figura 10 – Formas de início da sequência defensiva – 10a) Igualdade
numérica IG – 10b) Superioridade numérica SN – 10c) Inferioridade numérica
IN...................................................................................................................... 93
Figura 11– Fases do ataque adversário – 11a) Igualdade numérica IG – 11b)
Superioridade numérica SN – 11c) Inferioridade numérica IN ......................... 94
Figura 12 – Sistemas defensivos – 12a) Igualdade numérica IG – 12b)
Superioridade numérica SN – 12c) Inferioridade numérica IN ......................... 95
Figura 13 – Erros defensivos – 13a) Igualdade numérica IG – 13b)
Superioridade numérica SN – 13c) Inferioridade numérica IN ......................... 97
Figura 14 – Finalizações do ataque adversário – 14a) Igualdade numérica IG –
14b) Superioridade numérica SN – 14c) Inferioridade numérica IN ................. 98
Figura 15 – Acções de finalização da sequência defensiva – 15a) Igualdade
numérica IG – 15b) Superioridade numérica SN – 15c) Inferioridade numérica
IN.................................................................................................................... 100
Figura 16 – Zonas de Recuperação – 16a) Igualdade numérica IG – 16b)
Superioridade numérica SN – 16c) Inferioridade numérica IN ....................... 101
Figura 17– Formas de início da sequência defensiva – 17a) Parcial equilibrado
PE – 17b) Parcial normal PN – 17c) Parcial desequilibrado PD..................... 103
Figura 18 – fases do ataque adversário – 18a) Parcial equilibrado PE – 18b)
Parcial normal PN – 18c) Parcial desequilibrado PD ..................................... 105
ÍNDICE DE FIGURAS
VIII
Figura 19 – Sistemas defensivos – 19a) Parcial equilibrado PE – 19b) Parcial
normal PN – 19c) Parcial desequilibrado PD ................................................. 106
Figura 20 – Erros defensivos – 20a) Parcial equilibrado PE – 20b) Parcial
normal PN – 20c) Parcial desequilibrado PD ................................................. 108
Figura 21– Finalizações do ataque adversário – 21a) Parcial equilibrado PE –
21b) Parcial normal PN – 21c) Parcial desequilibrado PD ............................. 109
Figura 22 – Acções de finalização da sequência defensiva – 22a) Parcial
equilibrado PE – 22b) Parcial normal PN – 22c) Parcial desequilibrado PD .. 111
Figura 23 – Zonas de recuperação – 23a) Parcial equilibrado PE – 23b) Parcial
normal PN – 23c) Parcial desequilibrado PD ................................................. 112
ÍNDICE DE QUADROS
IX
Índice de Quadros
Quadro 1 – Análise prospectiva à conduta Golo marcado (GLA)................... 116
Quadro 2 – Análise prospectiva à conduta Falha técnica de Espanha (FAE) 119
Quadro 3 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo 6:0 (DS6) ...... 121
Quadro 4 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo 5:1 (DS5) ...... 122
Quadro 5 – Análise prospectiva e retrospectiva à conduta Erro de troca de
marcação (ETM)............................................................................................. 125
Quadro 6 – Análise retrospectiva à conduta Ressalto (RS) ........................... 127
Quadro 7 – Análise retrospectiva à conduta Golo sofrido (GO) ..................... 129
Quadro 8 – Análise prospectiva à conduta Golo marcado (GLA)................... 132
Quadro 9 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo misto (DSM).. 135
Quadro 10 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo em inferioridade
(DSI)............................................................................................................... 137
Quadro 11 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo 6:0 (DS6) .... 139
Quadro 12 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Erro de
deslizamento (EDZ)........................................................................................ 142
Quadro 13 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Erro de troca de
marcação (ETM)............................................................................................. 144
Quadro 14 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Falha de finalização
ofensiva (FO).................................................................................................. 147
Quadro 15 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Golo sofrido (GO)
....................................................................................................................... 149
Quadro 16 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Ressalto (RS) ... 151
Quadro 17 – Comportamento táctico-técnico da selecção de Espanha na
variável Relação numérica. ............................................................................ 153
Quadro 18 – Comportamento táctico-técnico da selecção de Espanha na
variável Resultado Parcial. ............................................................................. 154
RESUMO
XI
Resumo
Este estudo tem como principais objectivos analisar as sequências
defensivas, detectar padrões de conduta e compreender os mecanismos da
estrutura do jogo defensivo no Andebol de alto nível.
O estudo do processo defensivo baseia-se na importância da defesa
para o sucesso de uma equipa no Andebol, com o intuito de entender os
aspectos tácticos, auxiliar a adaptar estes aos treinos de acordo com os
padrões de comportamento específicos dos atletas desta modalidade.
Para o presente estudo foi necessário elaborar um sistema de categorias
que possibilitasse analisar o processo defensivo, desta forma foi consultada a
literatura e foram realizadas as devidas adequações a este sistema, bem como
a criação de um instrumento de observação.
A amostra deste trabalho integra as sequências defensivas observadas
nos dez jogos realizados pela selecção nacional da Espanha no XIX
Campeonato do Mundo de Andebol sénior masculino realizado na Tunísia em
2005. A partir destes jogos foram analisadas 910 sequências defensivas. Foi
utilizada a Metodologia Observacional com recurso à Análise Sequencial, a
partir da Técnica de Transições, para determinar os padrões de condutas em
função das categorias de eventos definidas neste estudo.
Das principais conclusões pode-se realçar que a) foi possível
estabelecer padrões diferenciados para um mesmo sistema defensivo nos
diferentes resultados parciais estabelecidos; b) os erros defensivos exibem
uma maior variação táctica da equipa da Espanha nas diferentes relações
numéricas observadas; c) a relação numérica influencia os processos de jogo
das equipas em confronto, mas não de igual forma em todas as categorias
estabelecidas neste estudo; d) o processo defensivo da equipa da Espanha é
influenciado pelo resultado parcial do jogo.
Palavras-chave: ANÁLISE DE JOGO, ANÁLISE SEQUENCIAL, ANDEBOL,
PROCESSO DEFENSIVO, ESPANHA.
ABSTRACT
XIII
Abstract
This study focuses in analyzing defense sequences, detect behavioral
patterns and understand the defensive-structure mechanisms of on high-level
team handball squad.
The analysis of the defensive process is based upon the importance of
the defense for the success of a team handball squad, with the objective of
understanding the tactical aspects of the game and support coaches in adapting
their training sessions according to the specific behavioral patterns of the
athletes of this sport.
A series of books and articles were analyzed and included in this study.
From this literature, a categorical system was created that would allow the
interpretation of the defensive process through an observational method.
A sample of this work integrates the defensive sequences used by the
Spanish national team during the XIX World Handball Championship
(Tunisia’2005). The 910 sequences implemented by the Spanish defense
during these matches were analyzed by an Observational Method with a
Sequence Analysis (through Transition Techniques) to determine the behavioral
patterns in regard to the category of events defined in this study.
Out of the main conclusions, we can highlight that a) it was possible to
observe different patterns for a single type of defensive system in the different
partial results; b) The defensive errors show a broader tactical variation of the
Spanish team in the different situations during the game; c) The number of
players participating in the play influence the game process of both teams, but
not in the same way for all the categories established for this study; d) The
defensive process of the Spanish team varies according to the score at a
certain moment of the match.
Keywords: GAME ANALYSIS, SEQUENTIAL ANALYSIS, HANDBALL,
DEFENSIVE PROCESS, SPAIN.
RÉSUMÉ
XV
Résumé
Cette étude a l’objectif d’analyser les séquences défensives, détecter un
pattern d’attitude de la défense et comprendre l’approche du jeu défensif dans
une équipe de handball de haut niveau.
L’étude du processus défensif est basée dans l’importance de la défense
pour la réussite d’une équipe de handball, avec l’intérêt de comprendre les
aspects tactiques du sport, et aider aux entraîneurs à adapter les
entraînements selon l’habitude des athlètes de cette modalité sportive.
Pour cette étude il y a eu besoin créer quelques systèmes de catégories
pour l’analyse du procès défensif. Ces systèmes de catégories sont basés en
adaptations de la littérature consultée et d’un instrument d’observation crée
pour l’étude.
Une partie de ce travail utilise comme base les séquences défensives
vues dans les dix matches joués pour l’équipe nationale espagnole au XIX
Championnat Mondial Senior Messieurs de Handball en Tunisie 2005. Pour les
910 séquences défensives de cette équipe dans le championnat, une
Méthodologie d’observation avec Analyse Séquentielle étais utilisés pour
l’évaluation. Cette analyse, que démarrais dans les Techniques des Transitions,
étais capable de déterminer la réaction de l’équipe selon les catégories
d’événements définis dans cette étude.
Dans les principaux conclusions trouvées dans ces études, on peut
souligner que : a) Il était possible d’établir séquences différentes pour le même
système défensif dans les différents scores partielles établi; b) Les erreurs
défensives montre plus de variation tactique de l’équipe espagnole dans les
différentes conditions trouvée dans les matchs; c) La relation du nombre de
joueurs dans chaque équipe sur le terrain de jeu influencé le processus de jeu
de chaque équipe, mais jamais pareil en toutes les catégories établi en cette
étude; d) le procès défensif de l’équipe espagnole est influencé pour le score
partielle du match.
Mots-clefs: ANALYSE DU JEU, ANALYSE SÉQUENTIELLE,
HANDBALL, PROCÉS DÉFENSIF, ESPAGNE.
LISTA DE ABREVIATURAS
XVII
Lista de abreviaturas
SD – Sequencia Defensiva
Parcial – Variável Resultado parcial do marcador
PE – Resultado parcial equilibrado
PN – Resultado parcial normal
PD – Resultado parcial Desequilibrado
R. Num – Variável Relação numérica
IG – Igualdade numérica
SN – Superioridade numérica
IN – Inferioridade numérica
Início – Categoria Formas de início da Sequência
ATI – Ataque inicial
DGR – Defesa do guarda-redes adversário
FAE – Falha técnica do ataque espanhol
FFO – Falha de finalização ofensiva
GLA – Golo
AA – Acções de intervenção do adversário – Intercepção e ressalto
L9m – Livre de nove metros
RSO – Ressalto ofensivo
Ataq. – Categoria Fase do ataque adversário
CA – Contra-ataque
CG – Contra-golo
AR – Ataque rápido
AO – Ataque Posicional
LISTA DE ABREVIATURAS
XVIII
Sist. – Categoria Fase defensiva e Sistema defensivo
RDP – Recuperação defensiva de pressão
DZT – Defesa de Zona temporária
DS6 – Defesa em Sistema 6:0
DS5 – Defesa em Sistema 5:1
DS3 – Defesa em Sistema 3:2:1
DSM – Defesa em Sistema misto 4+2, 5+1 e individual
DSI – Defesa em Sistema em inferioridade 5:0 e 4:0
M.Tac. – Categoria Meio táctico utilizado
IN – Interceptação de passe
CD – Controlo defensivo
BL - Bloco
AJ – Ajuda na marcação
TM – Troca de marcação
DZ – Deslizamento
SM – Sem meio táctico
Erro – Categoria Erro defensivo
DRD – Deficiente recuperação defensiva
EAJ – erro de ajuda
EBL – Erro de Bloco
ECD – erro de controlo defensivo
EDZ – Erro de deslizamento
ETM – Erro de troca de marcação
ESA – Erro de saída ao portador da bola
SED – Sem erro defensivo
LISTA DE ABREVIATURAS
XIX
Z. Fin. – Categoria Zona de finalização
F9 – Falta de nove metros
FT – Falha técnica – Falha técnica ou da finalização ofensiva + erro de regra
JP – Jogo Passivo
RB – Roubo de bola
SFN – Sem finalização
RC – Remate de primeira linha ofensiva na zona central
RE – Remate de segunda linha ofensiva dos extremos
RI – Remate de segunda linha ofensiva na zona central
AFSD – Categoria Acções de finalização da sequencia defensiva
FO – Falha de finalização ofensiva
GO – Golo
DG – defesa do Guarda-redes
RS – Ressalto
Z. Rec. – Categoria Zona de recuperação da posse de bola
SRC – Sem recuperação
Z1 – Recuperação pelo guarda-redes
Z2 – Primeira linha defensiva - Extremos
Z3 – Primeira linha defensiva – zona Central
Z4 – Segunda linha defensiva – Zona central
Z5 – Recuperação da posse de bola após golo
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
3
1 Introdução
O Andebol é caracterizado por um permanente confronto entre as
equipas que actuam no jogo, sendo este, um processo que opõe objectivos,
motivações e interesses, condicionado pelo regulamento do jogo.
Segundo Antón Garcia (1998) toda actividade durante o Andebol é
realizada num sistema de cooperação/interacção com os companheiros de jogo
e em oposição aos adversários. Este sistema de inter-relações conduz à
necessidade de utilizar as acções de forma inteligente, relacionadas com as
modificações espaço temporais dos distintos componentes.
A necessidade de resolver os problemas que surgem constantemente a
partir deste sistema de cooperação/oposição exige dos jogadores a utilização
de processos racionais de forma a eleger e a operacionalizar as acções de
jogo mais adequadas a cada fase e a todo momento (Latiskevits, 1991).
Para Antón Garcia (1998) esta operacionalização das acções de jogo
nasce dos objectivos estabelecidos pelos princípios gerais e específicos do
jogo. Por sua vez, estes determinam a conduta do jogador e delimitam as suas
intenções tácticas. A interacção destas intenções tácticas promove a
emergência dos meios tácticos, no respeito pelos princípios do Andebol e
estabelece que a manifestação táctica dos processos de ataque e defesa pode
ser considerada como um dos factores que mais parecem condicionar a
performance dos atletas.
Segundo Garganta (2001) os investigadores têm procurado a análise de
jogo para possíveis esclarecimentos sobre a performance dos jogadores e das
equipas. Neste sentido a análise de jogo tem sido a metodologia utilizada para
mapear o conhecimento de jogo com a finalidade de contribuir para a extensa
tarefa de esclarecimento conceptual e operativo da performance (Janeira,
1998).
De acordo com Mortágua (1999) é imperativo fazer do jogo um objecto
de estudo e, assim sendo torna-se essencial responder à necessidade de
INTRODUÇÃO
4
desenvolver formas de análise, encontrar processos e instrumentos para a
exploração deste objecto.
O estudo dos processos do jogo pode resultar em modelos para o treino
uma vez que a competição é o expoente máximo da performance do atleta.
Para Moutinho (1993) e Pinto e Garganta (1996) a análise do jogo assume um
papel essencial na construção destes modelos de jogo e para perceber a
inteligibilidade dos mesmos.
Neste sentido, a partir da análise de jogo se consegue construir os
modelos de jogo, que segundo Garganta (1997) são o conjunto de ideias e
princípios sobre o modo de jogar das equipas. Por sua vez, estes modelos
servem como referência na construção do treino, portanto a partir destas
informações é possível auxiliar a direccionar e a desenvolver não só o treino,
mas também a modalidade como um todo.
1.1 Âmbito e Pertinência do Estudo
Os processos de jogo no Andebol apresentam uma evolução constante
onde é possível destacar o crescente aumento da velocidade do jogo. Esta
evolução é amplamente fundamentada e esclarecida na literatura,
principalmente com os estudo sobre o desenvolvimento do processo ofensivo.
Encontram-se diversos estudos que esclarecem este desenvolvimento
através da evolução dos métodos de contra-ataque e ataque rápido, que
levam a um aumento no número total de ataques durante um jogo e, em
consequência, no número total de golos numa partida (Oliver Coronado, 2003;
Román Seco, 1998, 1999, 2006; Sevim & Taborsky, 2004).
Com isso pode-se entender ou esperar que o processo defensivo tenha
acompanhado esta evolução, isto é, que a técnica e a táctica tanto individual
quanto colectiva também tenham experimentado algum desenvolvimento.
Existe um menor número de estudos que estabelecem um
desenvolvimento do processo defensivo, nomeadamente sobre a
INTRODUÇÃO
5
ofensividade, técnica e táctica, dos defensores actuais (Czerwinsky, 2000;
Oliver Coronado, 2003; Souza, 2000). Estes estudos, de âmbito defensivo e
ofensivo, são a base para os treinadores desenvolverem seus treinos a partir
da evolução dos processos de jogo.
Segundo Antón Garcia (2000), a maior parte dos treinadores tem uma
certa experiência como observador e analista, que se constituem como uma
das facetas do trabalho de treinador. Neste sentido McGarry e Franks (1996)
afirmam que a análise do jogo permite aos treinadores separar as opiniões dos
factos e assim aumentar a eficiência da sua interpretação.
Esta análise do jogo utiliza a Metodologia Observacional descrita por
Anguera Argilaga, Blanco Villaseñor, Losada López, e Hernández Mendo
(2000) para tentar responder às questões relativas ao comportamento dos
atletas a partir de uma perspectiva qualitativa, auxiliando na diferenciação do
conceito do treinador quanto observador para o analista do jogo.
Com esta metodologia realiza-se a detecção de padrões de condutas no
jogo, a partir das acções de jogo mais representativas ou críticas, com a
finalidade de conhecer quais factores que induzem perturbação ou
desequilíbrio no balanço ataque-defesa (Garganta, 2001).
Como exemplo de estudos no âmbito do Andebol e da análise do jogo
com recurso a Análise Sequencial, podemos citar o trabalho de Prudente,
Garganta e Anguera Arguilaga (2004) que teve como objectivo a validação de
um sistema de observação para o Andebol.
Os autores consideram que os dados estatísticos não são suficientes
para determinar ou avaliar o comportamento táctico no desporto e por isto
requerem uma perspectiva dinâmica dos comportamentos apresentados na
partida para uma melhor percepção dos procedimentos tácticos no Andebol.
A compreensão destes processos tácticos defensivos e uma ampla
referência à importância do processo ofensivo na literatura podem esclarecer a
pertinência e os motivos que levaram ao desenvolvimento deste estudo, que
serão explicados a seguir.
INTRODUÇÃO
6
No presente estudo foram observados os aspectos do processo
defensivo, pela importância com que este é referenciado na literatura, uma vez
que existem autores que confirmam que a defesa é o ponto fulcral para o
sucesso de uma equipa no Andebol (Antón Garcia, 2000; Constantini, 1995;
Czerwinski, 1994; Garcia Herrero, 2003c).
A motivação de estudar a equipa campeã mundial de 2005 explica-se
pelo facto de se tratar de um estudo que objectiva o alto rendimento desportivo
e neste sentido, fica claro que a selecção espanhola preenche os parâmetros
necessários para o trabalho.
O facto dos aspectos tácticos do Andebol ser objecto de cuidado por
parte dos treinadores e pesquisadores da modalidade influenciou na eleição do
tema deste estudo. Para alcançar este objectivo utilizou-se a análise de jogo
que é empregada para a compreensão táctica do desporto.
Detectar padrões de conduta no Andebol e relacioná-los com os
aspectos tácticos do jogo parece uma excelente forma de poder auxiliar
treinadores a adaptar os treinos aos padrões de comportamento específicos do
Andebol e auxiliar no desenvolvimento da modalidade.
A paixão pelo desporto e pela investigação táctica levam a realização
deste estudo voltado para o comportamento táctico defensivo específico do
Andebol com auxílio da Metodologia Observacional com recurso à Análise
Sequencial.
1.2 Objectivos
A compreensão das estratégias ou das acções defensivas, a detecção
de padrões de conduta e a sua lógica (objectivos, princípios, regras e intenções
tácticas) são o nosso ponto de partida, tendo por base alguns estudos que
realçam a necessidade de entender esta lógica para facilitar o desenvolvimento
das acções utilizadas no jogo.
Com o exposto acima, podemos definir alguns objectivos para o
presente estudo. Neste sentido, procurou-se:
INTRODUÇÃO
7
� Detectar padrões de conduta nas sequências a partir da utilização dos
sistemas defensivos no jogo, bem como avaliar a sua relação com o
sucesso das acções defensivas subsequentes;
� Detectar os padrões de conduta presente na activação dos erros defensivos
e a partir destes erros;
� Avaliar se a relação numérica absoluta tem influência nos padrões de jogo
apresentados pela equipa observada tanto em igualdade numérica como
em situações de superioridade e inferioridade numérica absoluta;
� Avaliar se os momentos de diferentes resultados parciais influenciam nos
padrões de jogo apresentados pela equipa observada.
1.3 Estrutura do trabalho
O presente estudo encontra-se estruturado e dividido em oito Capítulos
e estes são:
i. A Introdução onde mostramos a pertinência do estudo, bem como os
objectivos para este trabalho;
ii. A Revisão da Literatura que trata de contextualizar o presente estudo de
acordo com o estado do conhecimento na área de análise do jogo, da
Metodologia Observacional e particularidades do processo defensivo;
iii. Hipóteses que sistematiza as hipóteses formuladas neste estudo.
iv. Material e Métodos que caracteriza a amostra e definimos as categorias de
estudo bem como o material, os procedimentos estatísticos e a metodologia
utilizados para tratar os dados e obter os resultados;
v. Apresentação e discussão dos Resultados, refere-se à discussão dos
mesmos em duas fases fundamentais, a análise descritiva e a análise
sequencial;
INTRODUÇÃO
8
vi. Conclusão que descreve o que se obteve a partir dos dados e como estes
resultados são ou não pertinentes ao estudo e numa parte final
apresentamos algumas sugestões para futuros estudos;
vii. Revisão Bibliográfica com toda a bibliografia utilizada para este estudo;
viii. Neste último Capítulo apresentamos os Anexos necessários para o
presente estudo.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
REVISÃO DA LITERATURA
11
2 Revisão da Literatura
2.1 A importância do Processo Defensivo no jogo de Andebol
O Andebol é classificado como um jogo desportivo colectivo (JDC) e
decorre num contexto de elevada imprevisibilidade e aleatoriedade no qual as
equipas em confronto disputam objectivos comuns, lutam para gerir o tempo e
o espaço em proveito próprio e realizam acções reversíveis de sinal contrário
(ataque/defesa) alicerçados em relações de cooperação/oposição (Garganta,
1997).
Mauny (1988) define o Andebol como um confronto colectivo que opõe
duas equipas sobre um campo de jogo, cujo objectivo é atingir um alvo
protegido, simultaneamente, por um guarda-redes e uma área de baliza. A bola
constitui o objecto de jogo e os contactos físicos são permitidos e
contemplados no regulamento de jogo.
No Andebol recorre-se à colaboração entre os indivíduos de uma
mesma equipa com o intuito de vencer a oposição da equipa adversária, isto é,
criar um sistema de inter-relações durante o jogo que conduz à necessidade de
utilizar as acções de forma inteligente (Antón Garcia, 1998; Moreno, 1994).
Para Tavares (1996) os JDC exigem dos atletas comportamentos
perspicazes numa tentativa de orientar as acções no campo de jogo. Assim o
objectivo de cada jogador e da equipa é produzir acções com o intuito de
transformar, momentânea ou definitivamente, a relação de oposição (ataque-
defesa) de forma vantajosa.
Segundo Antón Garcia (2002) o conceito de que os termos “ataque” e
“defesa” são tão contrários quanto equivalentes e proporcionam uma
transferência ampla em ambas as direcções.
REVISÃO DA LITERATURA
12
O autor estabelece que é possível melhorar a eficácia do ataque através
de um bom jogo defensivo, assim como é possível atenuar dificuldades
defensivas por meio de um bom processo ofensivo.
A velocidade e a dinâmica do jogo encontram-se continuamente a
evoluir como afirmam Oliver Coronado (2003), Román Seco (1999) e Sevim e
Taborsky (2004), que em seus estudos estabeleceram que o tempo de ataque
vem a diminuir, o que faz com que o número de posses de bola aumente.
Os autores encontraram os seguintes valores:
� O tempo de posse de bola que foi de 30.62 segundos em 2000, diminuiu
para 27.67 segundos em 2003 e mantiveram-se abaixo de 27 segundos em
2005;
� Verificou-se um aumento do número de ataques por jogo sendo 47,9
ataques em 1993, 52,6 em 1995 e 54,3 em 1999;
Este aumento pode resultar num maior número de situações de
finalização (por consequência também um maior número de golos) o que faz
com que todo o conceito defensivo seja examinado para encontrar a forma
mais adequada de acompanhar esta evolução do processo ofensivo (Oliver
Coronado, 2003).
Esta evolução leva as equipas a contar com defensores especialistas,
como afirma Oliver Coronado (2003), que verificou a utilização da substituição
de pelo menos dois jogadores no processo ataque-defesa. O mesmo autor
afirma que para que estas substituições durante a transição ataque/defesa
tenham efeito é necessário que os jogadores envolvidos compreendam as
intenções tácticas dos atacantes e saibam dar prioridade ao perigo de cada um
deles.
O comportamento táctico, segundo Enríquez Fernandez e Meléndez-
Falkowski (1988) é a soma dos elementos básicos de unidade física e táctica
empregados e dirigidos contra uma forma específica de ordem ofensiva ou
defensiva da equipa adversária.
REVISÃO DA LITERATURA
13
A importância do comportamento táctico é destacada por Riera (1995) e
posteriormente Garganta (2001), que afirmam ser o elemento central dos
desportos de cooperação/oposição.
Segundo Buceta (1998) o primeiro passo do treino deste comportamento
táctico, seria ajudar o atleta a tomar decisões correctas com base no plano de
desempenho previamente estabelecido e nos estímulos antecedentes de cada
situação concreta (por exemplo o comportamentos dos adversários, a própria
posição no terreno de jogo).
Garganta (1997), Greco e Chagas (1992) e Riera (1995) concordam ao
afirmar que os padrões de jogo repetitivos e amplamente quantificáveis podem
influenciar no resultado da partida mas apontam para os comportamentos
tácticos variados e pouco frequentes como factores de elevada importância e
intervenção no resultado final do jogo.
Para Greco e Chagas (1992) existe a necessidade de treinar estes
comportamentos tácticos enquanto que Garganta (1997) e Riera (1995)
destacam a importância de treiná-los e também analisá-los.
É possível concluir, a partir do conjunto das afirmações destes autores
que parece promissor analisar os comportamentos e verificar quais deles são
produtores de resultados para que se possam elaborar treinos específicos,
baseados nestas condutas.
É comum, nos JDC, o elogio prestado à obtenção do golo ou ponto e
das acções ofensivas em geral, mas o mesmo não acontece com a valorização
de uma actuação defensiva, por mais brilhante que esta tenha sido.
Mesmo com este louvor das actuações ofensivas, encontram-se autores
que consideram a preocupação com os aspectos defensivos de vital
importância para o jogo (Antón Garcia, 2000; Constantini, 1995; Czerwinski,
1994; Garcia Herrero, 2003c).
O seleccionador nacional de Espanha durante o Campeonato do Mundo
de Andebol de 2005 na Tunísia, Juan Carlos Pastor Goméz afirma a
REVISÃO DA LITERATURA
14
importância do processo defensivo ao dizer que os jogadores devem gostar de
defender mais do que gostam de atacar.
O treinador refere-se à importância do processo defensivo no Andebol
quando afirma em resposta a pergunta sobre qual a chave da vitória no futuro:
“a defesa, a defesa sempre, porque me dá segurança e a oportunidade de
realizar golos fáceis, porque faz com que o adversário recue, nós dá
agressividade e tranquilidade no jogo”.
Devido a esta importância da defesa, é necessário que os aspectos do
processo defensivos e o desenvolvimento do mesmo sejam estudados para
que este possa acompanhar a evolução do processo ofensivo no Andebol.
2.2 Processo defensivo no Andebol
A evolução do processo defensivo ficou marcada pela mudança da
estrutura da defesa que permanecia a espera do ataque decisivo do
adversário; para uma estrutura de acção/reacção em relação ao oponente e
finalmente para a estrutura que iniciou o modelo defensivo moderno, onde a
equipa antecipa suas actuações e não aguarda as acções do ataque (Antón
Garcia, 2002; Cruz, 1990; Garcia Herrero, 2003c; Román Seco, 2006).
Esta evolução trouxe uma estrutura de muita criatividade e
“agressividade” para a defesa, sempre buscando a recuperação da posse de
bola e impedir a progressão do adversário e da bola. Esta criatividade é
descrita por Garcia Herrero (2003b) que mostra formas diferentes de utilização
de um mesmo sistema defensivo em uma partida e afirma que esta forma de
utilização permite alcançar um maior rendimento para o processo defensivo.
O processo defensivo envolve todas as fases da defesa e deve
obedecer aos princípios que norteiam as acções no Andebol. Na revisão da
literatura quanto aos princípios e às fases da defesa, estes aparecem definidos
com pouca diferenciação entre os autores e por este motivo será apresentado
REVISÃO DA LITERATURA
15
um conjunto resumido destas ideias (Antón Garcia 2002; Cruz, 1990; Ribeiro,
1999; Simões, 2002; Enríquez Fernandez e Meléndez-Falkowski, 1988).
A seguir serão apresentados os princípios da defesa e posteriormente
as fases do processo defensivo.
2.2.1 Princípios do processo defensivo
São as regras gerais básicas a partir das quais os jogadores devem
dirigir e coordenar suas acções ao longo de todo o processo defensivo.
Na literatura encontram-se como princípios básicos a recuperação de
posse de bola, impedir ou dificultar a progressão dos jogadores adversários e
da bola em direcção à baliza (Antón Garcia, 1997, 2002; Ribeiro, 1999).
De acordo com Simões (2002) os jogadores devem estar acostumados a
pensar, analisar e desenvolver suas acções de acordo com as condições que o
jogo ofensivo adversário apresenta, serem capazes de defender de forma
unitária e regidos por princípios defensivos.
Estes princípios defensivos passam por (i) Defender a Baliza - cumprir
determinados pressupostos de organização num sistema defensivo, cumprir de
forma rigorosa as tarefas por posto específico e a colaboração muito próxima
entre todos os defensores; (ii) Conquistar a posse de Bola – manter uma
constante “agressividade” (pressão), não só sobre o portador da bola mas
também sobre os possíveis receptores com o intuito de induzir os atacantes à
cometerem erros; (iii) Antecipação das Acções do Adversário - Os jogadores
com base numa atenta leitura do jogo, deverão ser capazes de conhecer
previamente algumas das acções técnico-tácticas do adversário. Deste modo é
possível usar a técnica mais eficaz para anular ou dificultar as acções
ofensivas adversárias (Antón Garcia, 1997, 2002; Ribeiro, 1999; Simões 2002).
Antón García (2002) afirma que é importante ter os princípios como as
leis que regem o comportamento defensivo e que os defensores devem segui-
los sem que importe o sistema, o adversário ou qualquer circunstância.
REVISÃO DA LITERATURA
16
2.2.2 Fases do processo defensivo
As fases do processo defensivo compreendem as diferentes etapas do
jogo desde a perda da posse de bola até à recuperação. Autores como Antón
Garcia (2002) e Ribeiro (1999) apresentam o processo defensivo dividido em
quatro fases a considerar (i) a recuperação defensiva, (ii) a defesa de cobertura
ou zona temporária, (iii) a estruturação defensiva e (iv) a defesa em sistema.
A seguir serão descritas estas fases do processo defensivo.
� Recuperação Defensiva – constitui a primeira fase defensiva e tem início
no momento em que se perde a posse da bola. É necessário procurar
manter o equilíbrio defensivo e/ou tentar a superioridade numérica
defensiva frente a equipa adversária para recuperar a posse de bola o
mais rápido possível.
� Defesa de cobertura (zona temporária) – após a interrupção da tentativa
de contra-ataque surge uma zona temporária onde os defensores, por
vezes, ocupam espaços diferentes dos previamente designados.
Durante esta fase deve-se estabilizar a defesa e impedir que a saída
rápida de ataque do adversário seja eficaz, sempre a tentar recuperar a
posse de bola.
� Estruturação Defensiva – é a fase em que o ataque está a organizar-se
e a defesa deve se preparar para utilizar o sistema defensivo eleito para
o determinado momento do jogo. Para isto deve-se corrigir o
posicionamento dos defensores na primeira interrupção do jogo ou
quando o ataque não oferecer perigo imediato.
� Defesa em sistema – é a fase onde o sistema defensivo eleito para
determinado momento do jogo está estruturado, cada defensor ocupa
um posto específico e a equipa passa a utilizar a táctica colectiva de
defesa.
REVISÃO DA LITERATURA
17
Segundo Antón Garcia (2002) e Enríquez Fernandez e Meléndez-
Falkowski (1988), o tempo que decorre entre cada fase não pode ser
convencionado, pois está relacionado com as fases do ataque, portanto as
fases do processo defensivo podem se apresentar sem ordem específica ou
dependência entre elas.
Isto revela a importância de observar a fase do processo defensivo no
momento da recuperação da posse de bola e perceber a influência de cada
fase no processo do jogo.
A última fase do processo defensivo é a Defesa em sistema, que leva ao
tema dos sistemas de jogo defensivo. Estes sistemas defensivos serão
caracterizados no ponto a seguir devido a importância dos sistemas de jogo no
Andebol e a extensão que acarretaria ao ponto das fases do processo
defensivo.
2.2.3 Caracterização dos Sistemas defensivos
Os sistemas de jogo traduzem a forma geral de organização de uma
equipa e a estrutura das acções na defesa (e no ataque) a partir das quais se
estabelecem obrigações em torno de uma organização previamente
estabelecida. Os sistemas defensivos são as estruturas de comportamento
colectivo de actuação estritas e sistematizadas (Garcia Herrero, 2003c).
Na literatura estes sistemas aparecem divididos em (i) individual, (ii)
zonal, (iii) mistos ou combinados e o (iv) sistema defensivo+Pressing.
As classificações de sistemas defensivos podem agrupar mais que uma
forma de actuação e a seguir será apresentada uma relação destes sistemas
(Antón Garcia, 2000, 2002; Bayer, 1987; Garcia Herrero, 2003a; Simões, 2002;
Enríquez Fernandez e Meléndez-Falkowski, 1988).
REVISÃO DA LITERATURA
18
2.2.3.1 Sistema defensivo Individual
� Sistema individual
Sistema de jogo caracterizado pela individualização da responsabilidade na
defesa, onde cada atleta é responsável por um determinado atacante. As
acções defensivas acontecem em todo terreno de jogo, uma vez que as
relações entre os diferentes defensores se produzem em função da variação
das trajectórias e amplitude dos deslocamentos realizados pelos atacantes no
campo de jogo (Antón García, 2002).
2.2.3.2 Sistemas defensivos Zonais
Esta classificação é caracterizada pelo número de linhas defensivas e o
número de atletas em cada linha do sistema defensivo. Os defensores são
responsáveis por uma zona defensiva, que ocupam (posto específico) e pelo
adversário que está directamente à frente ou a ocupar esta zona defensiva
(Antón García, 2002).
Actualmente os sistemas defensivos zonais são interpretados em
sistemas abertos ou fechados, definidos não pelo número de linhas defensivas
ou de jogadores por linha defensiva, mas pela actuação dos defensores quanto
a ocupação espacial (“flutuação” e profundidade defensiva) no campo de jogo
(Antón Garcia, 2000, 2002; Garcia Herrero, 2003a; Simões, 2002). Estes
sistemas apresentam-se da seguinte forma:
� Sistema 6:0
Este sistema utiliza uma única linha defensiva, com os jogadores a ocupar a
área próxima à baliza em toda sua largura, isto é, a amplitude lateral do terreno
de jogo (Antón Garcia, citado por Chirosa L.J; Chirosa I.J., 1999).
REVISÃO DA LITERATURA
19
Este sistema pode ser utilizado de forma muito profunda, com um jogo de
flutuação e grande agressividade com o objectivo de antecipação ao jogo
táctico adversário e a intervir de forma a dissuadir os padrões de jogo
estabelecidos pela equipa rival (Román Seco, 2006).
� Sistema 5:1
Sistema defensivo formado por duas linhas, onde na primeira linha defensiva
apresenta cinco jogadores e na segunda linha defensiva encontra-se um
defensor avançado, que se coloca perto da linha de nove metros a ocupar a
área central da defesa. O objectivo fundamental é fortalecer os espaços
centrais da defesa, dificultar a atitude do armador central do ataque e conter
possíveis remates de longa distância desta área central (Garcia Herrero,
2003c; Román Seco, 2006; Simões, 2002).
� Sistema 4:2
Sistema defensivo formado em duas linhas com dois jogadores na segunda
linha e com quatro jogadores na primeira linha defensiva. Muitas vezes
utilizado em situações específicas do jogo como a transformação do sistema
ofensivo ou a mudança de um sistemas 3:3 para 4:2 (Simões, 2002). Román
Seco (2006) apresenta o sistema 4:2 utilizado como alternativa para pressionar
atacantes a partir do sistema 6:0.
� Sistema 3:2:1
Este sistema defensivo é formado por três linhas, onde três jogadores ocupam
a primeira linha, dois jogadores mais avançados (entre as linhas de seis metros
e nove metros) na segunda linha a defender os atacantes laterais e um jogador
ainda mais avançado (acima da linha de nove metros) na parte central da
defesa (Ribeiro, 2000; Silva, 2000b; Simões, 2002).
É um sistema muito profundo e agressivo e que divide a responsabilidade de
forma mais individualizada para todos os jogadores das linhas ofensivas,
dificulta a circulação da bola e diminui a velocidade do ataque organizado
(Simões, 2002). Outra característica descrita por Ribeiro (2000), é a facilidade
REVISÃO DA LITERATURA
20
que este sistema tem em desdobrar-se em outros sistemas defensivos zonais
ou sistemas mistos.
� Sistema 3:3
Formado por duas linhas defensivas com três jogadores em cada linha
defensiva. É considerado um sistema defensivo muito profundo e que dificulta a
circulação da bola pelos atacantes em contrapartida concede espaços amplos
na lateralidade e para a circulação de jogadores entre as linhas ofensivas
(Simões, 2002; Enríquez Fernandez e Meléndez-Falkowski, 1988).
Estes sistemas zonais são os mais apresentados na literatura do
Andebol, existem diversas “escolas de Andebol” como a escola Jugoslava,
Russa, Alemã, Sueca entre outras e cada uma delas apresenta
particularidades a respeito dos sistemas defensivos e do Andebol (Román
Seco, 2002).
2.2.3.3 Sistemas defensivos Mistos
Conjugam um sistema zonal com um ou mais jogadores a defender de
forma individual. Como por exemplo um sistema 5+1 onde cinco jogadores
defendem na primeira linha defensiva a obedecer os conceitos defensivos de
um sistema zonal (zonas de responsabilidades) e um defensor a marcar
individualmente um determinado atacante. Outro exemplo é o sistema
defensivo 4+2 onde quatro jogadores formam o sistema zonal e dois
avançados em marcações individuais (Antón García, 2002).
2.2.3.4 “Sistema + pressing”
Esta classificação está aliada ao conceito da defesa exercer pressão
sobre o adversário, isto é, uma defesa agressiva e profunda no campo de jogo.
Portanto é um sistema defensivo zonal com uma situação de “pressão” sobre
REVISÃO DA LITERATURA
21
um ou mais jogadores da equipa adversária (Antón Garcia, 2000; Simões,
2002).
Esta transição ao momento de pressão pode ser predeterminada, por
exemplo a modificação de um sistema defensivo 5:1 para um
“sistema+pressing” sobre o jogador extremo ou ponta com a finalidade de
formar uma situação de dois defensores contra um atacante e induzir este
atacante ao erro para recuperar a posse de bola (Bayer, 1987; Simões, 2002).
Com a utilização desta marcação por pressão sobre determinado
atacante, como um “elemento surpresa”, é possível obter um auxílio no
processo de recuperação da posse de bola com a intercepção de passes e
assim facilitar os contra-ataques pela proximidade entre atacantes e
defensores (Simões, 2002).
Segundo Pastor Goméz (2006) os sistemas defensivos que uma equipa
utiliza para o treino e competição não devem ser fixos e imutáveis e sim
flexíveis e adaptáveis a qualquer troca de sistema ofensivo e/ou combinação
ofensiva.
2.3 O processo defensivo da Selecção Nacional de Es panha
O seleccionador nacional de Espanha, Juan Carlos Pastor Goméz,
realizou uma palestra no “I Congresso Internacional do Balonmán” em Julho de
2006.
A partir do conteúdo desta palestra foi possível perceber os objectivos
do processo defensivo (que adiante também denominaremos de Defesa), os
conceitos fundamentais, os benefícios colhidos com o uso destes conceitos e
quais os sistemas defensivos utilizados durante a campanha no Campeonato
do Mundo de Andebol de 2005.
REVISÃO DA LITERATURA
22
O seleccionador afirma que é importante definir as ideias e princípios no
início do trabalho defensivo e de suas concepções acerca da Defesa é possível
destacar:
� Defesa Agressiva
É necessário que a defesa tenha um comportamento “agressivo”, isto é,
não esperar a iniciativa do ataque para reagir e sim “atacar” com uma atitude
defensiva activa, tendo como objectivo que o adversário não tenha
oportunidade de organização e adaptação à Defesa, criando dúvidas e
incertezas no ataque adversário.
Deve-se pressionar o ataque com uma atitude agressiva e estar sempre
activo na defesa são as premissas de “atacar a defender”, como também é
necessário conhecer previamente o adversário para saber porque pressionar,
para que pressionar e quando pressionar e assim recuperar a posse de bola
com o menor risco para a baliza.
� Dissuadir
A Defesa evita o jogo corporal para não sofrer exclusões e como forma
de compensação utilizam a dissuasão, que significa criar dúvidas constantes
ao adversário com uma atitude activa a defender, sempre a cortar linhas de
passe que vão ao atacante directo, ao atacante indirecto e cortar as linhas de
passe ao pivot.
O objectivo geral é possibilitar os passes na largura (na lateralidade do
terreno de jogo), negar os passes em profundidade (em direcção à baliza) e
sempre que possível tentar cortar os passes que foram induzidos pela
dissuasão das linhas de passe.
� Conhecer e entender o “ciclo de passos”
Conhecer o ciclo de passos não é só uma necessidade para o atacante
com a finalidade de saber variar entre cair em duplo apoio e sair para os dois
lados, utilizar o drible para realizar mais um ciclo de passos (3 passos), fintas e
remates em cada passo. Para o defensor é igualmente necessário dominar o
ciclo de passos para poder conhecer melhor as opções de que dispõem o
REVISÃO DA LITERATURA
23
atacante e poder, a partir da dissuasão, impedir que este utilize abertamente o
ciclo de passos, criando desta forma mais dúvidas ao ataque e facilitando o
trabalho defensivo.
� Saber como defender os meios básicos de ataque
O treinador afirma que para defender os meios básicos é necessário
conhecer e entender a fundo estes meios tácticos. Estudar quais são utilizados
com maior frequência e propriedade pelo adversário, para desta forma preparar
os defensores para possíveis trocas de marcação, ajudas, contra-bloqueios,
deslizamentos, bloco e intercepção de passe.
Desta forma apresenta os meios tácticos e afirma não existir uma
“fórmula” definida para defendê-los e não é possível aceitar uma maneira
exclusiva de defender determinado meio táctico.
É importante defender e respeitar individual e colectivamente o
adversário, isto é, conhecer o adversário na totalidade, para poder estar à
frente do adversário.
� Remates em zonas de densidade defensiva
Outro aspecto do trabalho defensivo é tentar levar o ataque adversário a
rematar onde a defesa estiver preparada para o remate, isto é, se o ataque
chegar finalizar que seja nas zonas de alta densidade defensiva.
Desta forma pode-se induzir o ataque adversário a finalizar onde está o
maior número de defensores, onde estejam os melhores defensores e/ou nas
posições onde os guarda-redes tenham maior efectividade.
� Defesa activa para provocar jogo passivo
É importante estar em igualdade ou tentar estar sempre com um jogador
a mais do lado do portador da bola. O intuito é provocar o jogo passivo, isto é,
levar o ataque a perder ofensividade e não criar oportunidade clara de golo
para ser punido com jogo passivo ou realizar uma finalização imprudente pela
sinalização de jogo passivo. Para que isto ocorra é importante conhecer a regra
do jogo passivo e assim conseguir recuperar a posse de bola.
REVISÃO DA LITERATURA
24
� Realizar somente faltas necessárias
Existem algumas situações críticas onde é necessário realizar faltas, por
exemplo para cortar a continuidade do ataque uma vez que este está a ganhar
vantagem sobre a defesa e dependendo do momento do jogo, isto é, se nos
minutos finais do jogo for necessário cometer uma falta para impedir um golo,
que esta seja realizada e assim assegure o resultado final do jogo.
É igualmente importante conhecer o regulamento e não cometer faltas
que possam levar a uma punição mais severa, com o objectivo de sofrer menos
exclusões.
� Sofrer o menor número de exclusões
Relaciona todo trabalho defensivo com uma forma de Defesa mais
“inteligente” (pressões, dissuasão, não realizar faltas desnecessárias) do que
física (sempre à procura do contacto e de faltas). O objectivo com isso é
diminuir o número de faltas e consequentemente o número de exclusões para
que se possa jogar menos minutos em inferioridade e mais minutos em
superioridade.
A seguir o treinador estabelece os benefícios de utilizar estas ideias e
princípios defensivos e afirma que a jogar desta forma deve-se conseguir (i)
realizar golos fáceis, (ii) adquirir mais “ritmo” de jogo, (iii) jogar mais minutos
em superioridade e (iv) favorecer o público do Andebol com o espectáculo.
� Marcar golos com maior facilidade
Afirma ser prioritário criar muitas dificuldades ao ataque adversário,
desta forma recuperar a posse de bola e ter a oportunidade de jogar mais
vezes em função do contra-ataque e do ataque rápido. Com isto é possível
alcançar a vantagem de estar a frente no marcador ou conseguir controlar o
resultado do jogo.
REVISÃO DA LITERATURA
25
� Ganhar ritmo de jogo
Ao realizar um jogo de defesa activo e mantendo uma velocidade em
seu ataque, é possível ganhar mais ritmo de jogo e com isto jogar no mais
elevado nível por mais tempo numa partida e também durante toda a
competição.
Para a manutenção deste ritmo elevado de jogo o seleccionador afirma
ser importante realizar substituições de jogadores na transição ataque/defesa
com o intuito de que os jogadores especialistas (ataque e defesa) estejam mais
descansados e possam realizar suas funções no mais alto nível.
Estas substituições devem ser realizadas quando o jogo estiver parado
ou se o ataque adversário não oferece risco directo à baliza. Desta forma pode-
se cadenciar e administrar melhor o ritmo de uma partida e pode-se jogar no
mais elevado ritmo de jogo por mais tempo.
� Jogar mais minutos em superioridade
Presume que se a Defesa está a realizar só faltas necessárias, tem-se
como resultados possíveis um menor número de exclusões, a possibilidade de
jogar em superioridade numérica e uma maior segurança no jogo.
� Proporcionar um melhor espectáculo
É possível realizar uma partida com um menor número de faltas e
interrupções no jogo, assim apresenta-se um Andebol de menor violência e de
muito mais espectáculo para os adeptos.
O treinador estabelece que este é um tema fundamental para a
modalidade, já que é importante que os pavilhões estejam cheios.
Após apresentar as ideias e os benefícios que podem ser colhidos,
expõe os sistemas defensivos utilizados nos treinos e competições.
Para situações de igualdade numérica a selecção nacional de Espanha
está preparada para utilizar os sistemas 6:0, 5:1 e 3:2:1 e que,
independentemente do sistema zonal adoptado, este irá se ajustar de acordo
REVISÃO DA LITERATURA
26
com as virtudes presentes na equipa, para que seja sempre aberto, flexível e
possa adaptar-se a todas características individuais e colectivas dos
adversários.
Nas situações de superioridade numérica a equipa deve sempre
“avançar na defesa”, isto é, utilizar um sistema mais agressivo ou em caso de
existir um ou mais jogadores que desequilibram na equipa adversária, utiliza-se
os sistemas defensivos mistos 5+1 e 4+2, com o intuito de pressionar em todo
campo de jogo e tentar provocar erros do ataque adversário.
Em situações de inferioridade numérica a equipa utiliza um sistema em
uma linha defensiva, com o objectivo de tentar manter uma igualdade numérica
relativa do lado da bola, deixando do lado contrário da bola com um jogador a
menos.
Em suas conclusões o seleccionador ressalta a confiança no trabalho
defensivo e aposta numa defesa inteligente, pois acredita que o Andebol é um
jogo de inteligência, onde é necessário conhecer e entender todas as
capacidades do adversário tanto individualmente como em todas as acções
colectivas.
O treinador deixa claro que é primordial que toda equipa tenha pelo
menos dois sistemas defensivos treinados para execução nos jogos e diz que
uma equipa com um sistema defensivo está, mais cedo ou mais tarde,
destinada ao fracasso.
Ainda afirma acreditar no sistema defensivo eleito, mas ao ter problemas
com este sistema deve-se utilizar primeiramente as substituições entre
defensores e se mesmo assim o problema não for resolvido, aplica-se outro
sistema defensivo treinado. Afirma ser necessário que esta troca de sistema
deve ser realizada antes que a equipa venha a sofrer muitos golos, isto é, ao
perceber que está a perder o controlo da partida.
Relativamente às transições ataque/defesa o treinador afirma contar
com pelo menos duas substituições de jogadores (defensores especialistas)
para que possa manter o ritmo de jogo sempre elevado e controlado, como
REVISÃO DA LITERATURA
27
citado anteriormente com a finalidade destes defensores estarem mais
descansados.
Estabelece que está a tentar que suas equipas utilizem uma única
substituição para ter menos problemas com o retorno defensivo e facilitar as
saídas ao ataque e contra-ataque.
Para as situações de desigualdade numérica afirma ser necessário
treinar e utilizar mais de um sistema defensivo, não só para que se prepare os
sistemas a utilizar contra o adversário, mas para que se pratique os possíveis
sistemas de ataque e defesa que os adversários utilizam normalmente.
Afirma, de forma frequente, a importância de se conhecer aos
adversários tanto quanto a própria equipa e por isso é necessário analisar o
comportamento técnico-táctico individual e colectivo dentro da própria equipa e
dos adversários. Com isto o seleccionador ressalta a importância da
observação e análise de jogo.
2.4 A importância da Análise do Jogo nos Jogos Desp ortivos
Colectivos (JDC)
É notória e comum a importância de analisar o jogo com o intuito de
observar as acções individuais e colectivas dos atletas em competição, onde
deveriam estar a aplicar o máximo rendimento na busca pelo resultado.
Garganta (1997) estabelece que a análise do jogo permite configurar os
modelos das actividades dos jogadores e das equipas no campo de jogo. Ainda
afirma que é possível construir métodos de treinos mais eficazes, estratégias
de trabalho mais profícuas e indicar tendências evolutivas dos comportamentos
de jogo.
Segundo Moreno Contreras e Pino Ortega (2000) tenta-se optimizar o
comportamento dos jogadores e equipas em competição a partir das
informações acerca do jogo. Neste sentido, a análise de jogo a partir da
REVISÃO DA LITERATURA
28
observação das acções dos jogadores, constitui um importante meio de acesso
ao conhecimento do desporto.
Os autores estabelecem que as análises do comportamento de uma
equipa e dos jogadores através da identificação das acções regulares e das
variações nas actividades de jogo deveriam ser consideradas claramente mais
produtivas do que a exaustividade de elementos quantitativos (estatísticos)
relativos as acções individuais não contextualizadas nos processos ataque e
defesa do jogo.
As informações recolhidas com a análise de jogo são subsídios para a
avaliação do desempenho de atletas e equipas e para o desenvolvimento dos
aspectos a serem treinados como preparação para as competições (Garganta,
2001). Neste âmbito, os analistas têm procurado recolher e confrontar dados
relativos aos comportamentos técnico-tácticos expressos no jogo, no sentido
de caracterizarem as condutas que se associam à eficiência e eficácia dos
jogadores e das equipas.
Garganta (2001) aponta três vias preferenciais:
(i) Visa caracterizar blocos quantitativos de dados;
(ii) Centrada na dimensão qualitativa dos comportamentos na qual o
aspecto quantitativo funciona como suporte à caracterização das
acções, de acordo com a efectividade destas no jogo;
(iii) Investiga a modelação do jogo a partir da observação de variáveis
técnicas e tácticas e da análise da covariação.
Para o mesmo autor a análise de jogo pode ser dirigida para mais de
uma finalidade como (i) identificar padrões de comportamento de jogadores; (ii)
relacionar estes padrões de conduta com os resultados da equipa; (iii) fornecer
dados para a reformulação do treino de forma mais eficientes para aprimorar as
etapas de formação e também o alto rendimento; e (iv) indicar as
transformações sofridas pelas modalidade desportivas ao longo da história o
que, em última análise, pode servir para prever possíveis tendências evolutivas
REVISÃO DA LITERATURA
29
e manter os métodos de treino sempre actualizados e direccionados para o que
é compreendido como táctica eficaz ou táctica vencedora (“winning tactic”).
De acordo com Garganta (1997) parte destes comportamentos tácticos
não são passíveis de observação directa, porém é possível observar e avaliar o
desempenho de jogadores a partir daquilo que é exteriorizado, ou melhor, a
partir de condutas publicamente observáveis.
Uma das formas de análise dedica-se à detecção de padrões de jogo a
partir dos comportamentos técnico-tácticos mais representativas ou críticas,
com o intuito de perceber os factores que induzem perturbação ou desequilíbrio
no balanço ataque/defesa.
Neste sentido os analistas procuram detectar e interpretar a
permanência e/ou ausência de traços comportamentais na variabilidade das
condutas de jogo (McGarry e Franks, 1996).
Decorrente da revisão da literatura efectuada fica claro que a visão de
um treinador como observador e analista é um começo, mas não é a solução
total para que durante os jogos se possa retirar toda a informação necessária
para a correcção dos erros praticados pela equipa, ou para salientar ainda mais
aquilo que a equipa realiza muito bem.
Isto demonstra a importância da análise de jogo como complemento
para atender às demandas de informações do jogo e do treino.
2.4.1 Observação e Análise do jogo
O objecto deste tipo de investigação é o indivíduo inserido no âmbito de
actuação e convém registar a riqueza do comportamento, isto é, modelar a
espontaneidade da conduta de forma que este indivíduo ou mesmo uma equipa
desempenhe suas actividades em contextos naturais (Anguera Argilaga et al.,
2000; Hernández Mendo, González Villena, Ortega García, Ortega Orozco, e
Rondán Roldán, 2000; Moreno Contreras e Pino Ortega, 2000).
REVISÃO DA LITERATURA
30
Para Anguera Argilaga et al. (2000) a Metodologia Observacional
combina flexibilidade e rigor, como as duas caras de uma moeda.
A observação e a análise de dados apresenta uma vasta margem de
investigação, nomeadamente no que diz respeito a compreensão das
circunstâncias que convergem para o sucesso no desporto (Anguera Argilaga,
Blanco Villaseñor, Losada López, e Sánchez-Algarra, 1999).
Os mesmos autores afirmam ser importante passar de uma observação
passiva, sem problema definido com baixo controlo externo e carente de
sistematização, para uma observação activa, isto é, sistematizada por um
problema e a obedecer um controlo externo.
A Metodologia Observacional requer o cumprimento de certos requisitos
básicos, que são estipulados por Anguera Argilaga et al. (2000), Moreno
Contreras e Pino Ortega (2000), e são:
� A espontaneidade do comportamento , que implica na ausência da
manipulação da situação. Se o comportamento de um indivíduo é o objecto
de investigação isto implica que a realização destes comportamentos
obedeça a uma produção não delimitada por graus de liberdade impostos
pelo pesquisador.
� A produção das condutas deve acontecer em contextos naturais para
garantir a ausência de alterações provocadas de forma invasiva. A
realidade do contexto natural implica que as condutas objecto de estudo
façam parte do repertório do indivíduo estudado e estejam envolvidas numa
situação de treino, de competição, de ensino-aprendizagem e na tomada de
decisão.
� Que o estudo apresente-se prioritariamente ideográfico . Este problema
apoia-se na dificuldade interpretativa apresentada pelas interacções
estabelecidas entre os indivíduos no processo de jogo. Por isto é
necessário uma representação das ideias por meio de sinais que
reproduzem comportamentos concretos. A meta deste estudo é
REVISÃO DA LITERATURA
31
compreender o comportamento e não quantificar, classificar ou seccionar as
condutas.
� A elaboração de instrumentos de observação passa por construir
sistemas de categorias que respondam a um ajuste com o marco teórico e
com a realidade. Uma categoria existe sempre que produções de diferentes
condutas atribuam e justifiquem uma equivalência teórica. Este instrumento,
dedicado a abranger todas as categorias deverá ajustar-se às exigências do
estudo.
� É necessário uma continuidade temporária de forma que a sucessiva
mudança produzida seja adequadamente estudada ao incorporar o critério
diacrónico na recolha de informação. Esta continuidade temporária oferece
a base que influenciará os critérios de estabelecimento das sucessivas
sessões de observação.
Com isso é possível entender que o autor afirma ser importante que o
estudo seja realizado sem interferência do observador, portanto que os
comportamentos sejam avaliados em seu terreno de actuação, com uma
representação gráfica apropriada para compreender as condutas observadas,
devidamente estruturadas pelo sistema de observação criado para tal e a
respeitar a continuidade temporal própria do jogo.
Garganta (2001) aponta três grandes pilares de estudo na análise de
jogo e são eles:
1. Análise centrada no jogador – usada para definir perfis, decorrente de
estudos de caso, com intuito de comparar jogadores com
características semelhantes ou distintas;
2. Análise centrada nas acções ofensivas – incide sobretudo no quadro
das acções que conduzem a obtenção do golo;
3. Análise centrada no jogo – possibilita estudar os designados padrões
de jogo a partir de regularidades comportamentais evidenciadas pelos
jogadores, no quadro das acções colectivas.
REVISÃO DA LITERATURA
32
Para o autor é importante ter em consideração que a análise da
prestação dos jogadores e das equipas por vezes é fundamentada na intuição
dos treinadores, a demonstrar uma elevada subjectividade no valor científico.
O mesmo autor afirma que o conhecimento acerca da competência com
que os jogadores e as equipas realizam as diferentes tarefas é fundamental
para aferir a coerência da prestação em relação aos modelos de jogo e de
treino prescritos.
Na análise do jogo existe um sentido evolutivo que aponta claramente a
direcção dos modelos de jogo, o que pressupõe uma observação integrada,
isto é, que estuda os elementos e as suas interrelações (Moutinho, 1993).
Segundo Garganta (2001) a intenção final é identificar os elementos
críticos do sucesso na prestação desportiva, para que seja possível traduzir os
“dados” em informação útil.
Assim é possível aproximar o treino aos objectivos de competição e
auxiliar os treinadores a elevarem a performance dos atletas e
consequentemente da própria equipa, a partir das prestações individuais e
colectivas observadas e analisadas.
Este processo de observação e análise do jogo apresenta
características próprias e que apresentam-se no ponto seguinte devido a
importâncias destas características do processo observacional.
2.4.1.1 Características do processo de observação
Garganta (2001) afirma que o processo de observação tem sofrido uma
constante evolução através do desenvolvimento de métodos mais precisos
para suprir suas necessidades e substituir meios menos eficazes. O autor
estabelece que com o aparecimento dos meios informáticos, os investigadores
verificaram um aumento progressivo das possibilidades instrumentais
colocadas à disposição.
REVISÃO DA LITERATURA
33
O mesmo autor determina que nos anos mais recentes foi verificado
uma aposta clara na utilização de metodologias com recurso a instrumentos
cada vez mais sofisticados e que estes tendem a assumir um importante papel
como equipamento para o treinador e para o investigador.
A partir da introdução de novas tecnologias os analistas poderiam
começar a se concentrar cada vez mais na continuidade do processo de
desenvolvimento das mesmas e acabar por se afastar da finalidade de
compreender o jogo em si (Cillo, 2003).
É importante que toda a responsabilidade da análise dos dados não seja
atribuída à tecnologia, uma vez que Garganta (2001) levanta a hipótese de que
tal risco é possível, na medida em que falte um referencial teórico que permita
analisar os comportamentos de jogo de uma forma coerente.
Este referencial teórico é apresentado nos estudos de Anguera
Arguilaga (2003), Anguera Arguilaga et al. (2000), Hernández Mendo et al.
(2000), Moreno Contreras e Pino Ortega (2000) e o processo de observação
deve obedecer a quatro critérios que sistematizam a Metodologia
Observacional e estes critérios são:
1- Grau de cientificidade
De acordo com este critério, se deve distinguir a observação passiva e a
observação activa (Anguera Arguilaga et al., 2000).
� A observação passiva, realiza-se em período suficientemente prolongado e
é caracterizada por não ter o problema definido, ter um baixo controlo
externo e carece duma formulação antecipada de hipóteses.
� A observação activa, inicia-se uma vez finalizada a fase de observação
passiva, já com o problema demarcado, com um elevado controlo externo e
com hipótese definida.
REVISÃO DA LITERATURA
34
2- Grau de participação do observador
No processo observação é criada uma dualidade entre o observador e o
observado e a relação que os vincula é o nível de participação. Estes níveis de
participação são descritos por Anguera Arguilaga (2003) e são:
� Observação não-participante – o observador actua de forma claramente
neutra, sem que venha a conhecer ao sujeito ou equipa observada a não
ser em casos extremos.
� Observação participante – dá-se um tipo especial de interrelação entre
observador e observado. Referente ao observador cabe distinguir entre a
figura do pesquisador que inspira e planifica o estudo, e o mero observador
que efectua o registo das sessões de observação, ainda que seja
verdadeiro que em algumas ocasiões uma mesma pessoa possa incorporar
os dois papéis.
� Participação-observação – resulta de uma intensificação da observação
participante, quando um membro de um grupo adquire a qualidade de
observador de outro(s) pertencente(s) a um grupo natural de sujeitos, como
a díade treinador-jogador.
� Auto-observação – implica o grau mais elevado de participação na
observação onde o observador é ao mesmo tempo sujeito e objecto.
3- Grau de perceptividade
Cabe ao observador distinguir e escolher entre observação directa e
indirecta, uma vez que ambas podem ser pertinentes para o estudo (Anguera
Arguilaga et al., 2000), por isto seguem descritas as duas formas de
observação.
REVISÃO DA LITERATURA
35
� A observação directa implica em cumprir o objectivo de descrever a
situação e o contexto, no momento. O critério que aqui, provavelmente,
tenha maior transcendência será a total perceptibilidade da conduta.
� A observação indirecta não constitui um bloco compacto, isto é, inclui
também o registo de condutas encobertas que são susceptíveis a uma
carga interpretativa, por exemplo as análises de indicadores levada a cabo
a partir de textos documentais (auto-informes, diários, conversas treinador-
atleta).
4- Níveis de resposta
São os diversos sectores do comportamento perceptível e são
correspondentes ao conteúdo da conduta a observar (Anguera Arguilaga, 2003;
Anguera Arguilaga, et al, 2000), como por exemplo:
� A conduta não verbal refere-se às expressões motoras que são originadas
em diferentes partes do organismo.
� A conduta espacial apresenta duas vertentes, uma de carácter estático
onde é referida a eleição de um determinado lugar no espaço a ser utilizado
bem como o estabelecimento de distâncias interpessoais relativas; a outra
vertente compreende o conjunto dos deslocamentos de um indivíduo,
realização de trajectórias, ocupação do espaço.
� A conduta vocal estuda os diversos aspectos de interesse na vocalização,
sem que interesse em absoluto o conteúdo da mensagem, isto é, qualquer
som produzido pode ser estudado sem a necessidade de ter uma
mensagem clara envolvida.
� A conduta verbal refere-se ao conteúdo da mensagem e pode ser
apresentada a partir de uma gravação ou transcrita em forma de texto.
REVISÃO DA LITERATURA
36
A seguir será apresentada uma identificação das etapas que constituem
o processo de observação e análise do jogo para melhor compreensão da
metodologia que foi utilizada neste estudo.
2.4.1.2 Etapas da observação
As etapas do processo de observação estão divididas na literatura em
três fases (Anguera Arguilaga, 2003; Hernández Mendo et al., 2000; Moreno
Contreras e Pino Ortega, 2000), a seguir descrevemos estas fases nas quais o
estudo foi fundamentado:
Delimitação das condutas e situação de observação.
A nota do objecto de estudo e uma delimitação precisa de seu conteúdo
determinam em grande parte o sucesso do estudo e facilitam a tomada de
decisões. é necessário delimitar cuidadosamente a actividade, o período de
tempo que interessa, os indivíduos a observar e o contexto situacional
(Anguera Arguilaga, 2003).
Recolha e optimização de dados.
O fluxo de conduta em qualquer situação de observação é bem mais rico
do que parece inicialmente, uma vez delimitado o objectivo será necessário
proceder à codificação das condutas que interessam, ter fixado quais são as
unidades de conduta e ter construído um instrumento de observação (Anguera
Arguilaga et al., 2000).
Elaboração de um instrumento
A diversidade de situações susceptíveis de serem observadas no âmbito
da análise do jogo obriga a dedicar o tempo necessário para preparar um
REVISÃO DA LITERATURA
37
instrumento de observação em cada um dos estudos (Anguera Arguilaga e
Blanco Villaseñor, 2003).
Os autores estabelecem como instrumentos da Metodologia
Observacional, o Sistema de categorias e o Formato de campo. Para Anguera
Arguilaga (2003), o Sistema de categorias é de maior utilização pelo
imprescindível suporte teórico, mas os instrumentos de Formato de campo
constituem um meio mais flexível, especialmente adequado em situações
empíricas de elevada complexidade.
A autora apresenta estes instrumentos da Metodologia Observacional da
seguinte forma:
� Sistema de categorias. Trata-se de uma construção do observador que
dispõe de modelos elaborados a partir de um componente empírico e de um
marco teórico, ao qual se atribuirá as condutas registadas. É necessário
estudar a individualidade de cada categoria e a estrutura global, que é
fundamental para dar forma ao sistema como um todo. Este sistema
consiste em propor um conjunto de critérios que permitem associar, por
afinidade, as condutas.
� Formato de campo. É fundamentado na classificação de todos os
comportamentos a serem observados, do contexto e das condições nas
quais acontecem. É preciso estabelecer critérios e agrupar os elementos
mínimos de observação, chamados unidades criteriais, as quais serão
atribuídos códigos que as identificam e através deste código serão descritas
sempre que sejam observadas. O formato de campo é um instrumento de
registo e os meios audiovisuais são necessários para se realizar este tipo
de estudo. Por esta razão é considerado útil na avaliação das acções no
desporto.
De acordo com Anguera Arguilaga et al. (2000) é recomendado associar
os sistemas de categorias com os critérios de formatos de campo de maneira
que a relação de condutas/situações que correspondem a estes critérios sejam
as categorias que formam o sistema de observação.
REVISÃO DA LITERATURA
38
Com isso se consegue manter a maior flexibilidade dos formatos de
campo, uma vez que sempre que o objecto estudado e/ou a situação
recomendam incorporam-se umas categorias rígidas e mutuamente
excludentes como desenvolvimento do critério que a necessite, por exemplo,
correspondente a condutas simultâneas (Anguera Arguilaga, 2003).
Registo e codificação
Segundo Anguera Arguilaga (2003) a transcrição dos comportamentos
acontece mediante um registo descritivo que irá decompor em unidades de
conduta para dar lugar a um registo semi-sistematizado. Alcança-se mediante a
sistematização completa, um sistema de códigos (ícones, literais, numéricos,
mistos, cromáticos) que podem adoptar uma estrutura de cadeia, modular ou
em cascata.
É possível realizar uma codificação binária de um único tipo de elemento
ou em outros casos convêm uma codificação simultânea de vários aspectos
concorrentes, onde é possível elaborar una sintaxe complexa de qualquer
situação de observação que alcance um grau máximo de sistematização sem a
necessidade de um termo descritivo (Anguera Arguilaga, 2003).
Para a autora são praticamente incontáveis as modalidades de registo
existentes (ou que é possível criar) e, para uma eleição, será relevante
considerar os objectivos e os contextos em que o estudo é fundamentado.
A mesma autora estabelece que a sistematização do registo e a
construção do instrumento são duas fases sem dependência entre elas, isto é,
em que é possível primeiro elaborar o instrumento e depois sistematizar o
registo ou o inverso.
REVISÃO DA LITERATURA
39
2.4.2 Análise e interpretação dos dados
É necessário realizar uma análise de dados estruturada num
determinado desenho de observação, a ser elaborado em função do estudo
que interessa. O que se obtém é o resultado do processo, que em muitas
ocasiões será o ponto de partida (ou base) para uma intervenção ou adoptar
uma série de decisões (Anguera Arguilaga, 2003).
Ao estabelecer o referencial teórico é possível partir para a análise do
jogo com recurso a Análise Sequencial, que está apresentada no ponto
seguinte.
2.4.2.1 Análise Sequencial
A Análise Sequencial de retardos ou transições é um das formas de
utilização da Metodologia Observacional e tem como objectivo a detecção de
padrões sequenciais de conduta, o qual é realizado mediante a busca de
eventualidades sequenciais entre as categorias de conduta (Anguera
Arguilaga, 2004).
A autora afirma que os padrões de conduta são sequências de
categorias que ocorrem com uma certa frequência significativa. Estabelece
ainda que a configuração das condutas equivale a um extracto condensado da
informação recolhida e o ponto de partida é a hipótese de que não existe
dependência entre os eventos sequenciais, portanto as diferentes condutas
não se sucedem com maior coesão do que implica o mero acaso.
Para Hernández Mendo et al. (2002) as condutas analisadas dividem-se
em dois tipos, uma determinada conduta considerada como iniciadora ou
desencadeadora (Conduta Critério – CC) e as que se seguem ou precedem
(conduta objecto – CO). É possível detectar a ocorrência de padrões de
comportamento entre os diferentes tipos de condutas desenhadas e
representar o fluxo das condutas no jogo.
REVISÃO DA LITERATURA
40
Assim uma análise da probabilidade condicional irá explorar a ocorrência
de uma CC em função de uma CO, onde a CC é a categoria a partir da qual se
contabilizam as transições das condutas, já a CO é a categoria que a
ocorrência completa a contabilização da transições até a manifestação de uma
nova CC. Este sistema pode ser realizado de forma prospectiva (a contar as
condutas observadas a partir da conduta critério) ou retrospectiva (a contar as
condutas que antecedem e induzem à conduta critério)
Segundo Castellano Paulis, Hernández Mendo, Morales-Sánchez e
Anguera Arguilaga (2006) existem duas possibilidades distintas de métodos de
determinação da relação entre um evento estabelecido e o evento antecedente
ou subsequente, e estes métodos são:
� Cadeias de Markov – procura relações entre cada transição de condutas
onde cada CO que mantém uma relação com a CC que a antecede passa a
ser a CC de forma a reconhecer se as categorias mantêm relação entre
transições contínuas.
� Técnica de transições – verifica a relação, inibitória e/ou excitatória, de uma
dada CC e as CO que estão à distância de uma, duas ou mais transições e
não só a cada transição contínua.
O Andebol utiliza esta metodologia para o desenvolvimento de estudos
da modalidade e encontram-se trabalhos académicos a utilizá-la em sua
estrutura. Esta estrutura de análise de comportamento necessita da construção
de um instrumento de observação que será apresentada a seguir.
REVISÃO DA LITERATURA
41
2.5 Estudos realizados no âmbito do Andebol
Segundo Garganta (2001) os estudos em análise do jogo sofreram uma
evolução notável ao longo do tempo. Esta evolução também é evidente nos
estudos da modalidade.
Com este aperfeiçoamento foram desenvolvidos trabalhos de análise
técnica como a análise biomecânica do remate em Andebol e no âmbito
técnico-táctico como a análise da participação de uma equipa em um
campeonato.
Esta evolução é extensiva ao âmbito das actividades académicas,
atestada pelo número de teses de mestrado e de doutoramento, surgidas
sobretudo a partir de 1993, nas quais os respectivos autores recorreram à
análise do jogo enquanto instrumento fundamental de pesquisa (Garganta,
2001).
A seguir serão apresentados alguns dos estudos científicos relativos ao
Andebol e a análise de jogo no âmbito técnico-táctico, tais como os estudos de:
Mortágua (1999) que recolheu 570 sequências ofensivas realizadas no
Campeonato da Primeira Divisão Nacional sénior masculina da época
desportiva de 1998/1999 e recorreu a análise das variáveis técnico-tácticas
para estabelecer a organização ofensiva no Andebol. Concluiu que o ataque
posicional foi o método que mais contribuiu para desenvolvimento do processo
ofensivo; foi escassa a utilização de contra-ataque, ataques rápidos; as fintas e
remates espontâneos são as acções tácticas mais utilizadas como meios
básicos individuais e as desmarcações/assistências e progressões sucessivas
como meios tácticos de grupo.
O Campeonato do Mundo de Andebol sénior masculino de 1999 foi
analisado por Román Seco (1999) que realizou uma comparação com as
competições mundiais anteriores e averiguou a eficácia da defesa frente aos
remates de diferentes distâncias e concluiu que:
REVISÃO DA LITERATURA
42
� A eficácia do guarda-redes manteve-se estável entre as competições;
� Um grande número de variações de sistemas defensivos ocorreu em função
do resultado parcial, durante um mesmo jogo;
� Existiu uma maior riqueza de movimentos defensivos com o aparecimento
do defensor especialista para situações especiais como superioridade e
inferioridade numérica defensiva;
� Uma tendência, com certas excepções, para uma diminuição do número de
troca de jogadores no processo ataque-defesa.
Percebe-se neste estudo uma evolução do processo defensivo onde
cresceu a variabilidade de sistemas defensivos, maior activação defensiva em
função do defensor especialista e pode-se entender uma maior preocupação
em relação ao resultado parcial do jogo.
Em seu estudo Silva (1999) relacionou os indicadores de rendimento e a
classificação final das equipas que disputaram o Campeonato da Europa sénior
masculino de 1998, verificou que quatro indicadores, (i) eficácia de remates da
linha de nove metros, (ii) eficácia do ataque em superioridade numérica, (iii)
número de blocos realizados e (iv) a eficácia do guarda-redes tinham uma forte
correlação com a classificação final e que o sucesso de uma equipa é
determinado por um número elevado de factores e não é necessário que uma
equipa tenha os melhores valores em todos os indicadores para ser melhor
sucedida.
O autor concluiu que um bom trabalho defensivo é uma condição
essencial para alcançar o sucesso no jogo. Isto deixa claro a importância dos
aspectos defensivos na busca pela vitória no Andebol e ressalta o posto
específico do guarda-redes dentro do esquema defensivo no Andebol.
Czerwinski (2000) ao realizar a análise do Campeonato da Europa de
sénior masculino de 2000 verificou (i) a utilização de um sistema 6:0 de muita
“agressividade” por parte da equipa nacional da Suécia e uma excelente
colaboração do guarda-redes com a defesa, (ii) que com o aumento da
“agressividade” defensiva verificou-se um respectivo aumento no número de
REVISÃO DA LITERATURA
43
tentativas de intercepção, (iii) que o sistema 5:1 da equipa da França conta
com um excelente trabalho defensivo do defesa avançado e (iv) a ocorrência
de situações de substituição de até três jogadores no mesmo momento, de
forma regular no desenvolvimento do referido campeonato.
A partir deste estudo verifica-se a preocupação das equipas em procurar
uma maior combatividade da defesa frente ao adversário na procura do ataque
da defesa e que o adversário não tenha a possibilidade de organização
ofensiva.
O estudo sobre a desigualdade numérica de Prudente (2000) procurou
analisar a concretização do ataque em superioridade numérica (6x5) no
Andebol português de alto nível, com uma amostra de 255 sequências
ofensivas (126 sequências relativas a selecção portuguesa) de jogos do
Campeonato da Europa de Andebol e Campeonato do Mundo de Andebol
realizados entre 1996 e 1999.
O autor concluiu que os atletas portugueses não tiraram vantagem das
situações de superioridade numérica uma vez que a eficácia nas duas
situações (igualdade e superioridade numérica) não apresentou diferenças
significativas; verificou que a eficácia do remate é mais elevada quando ocorre
um maior número de passes, isto é, quando a preparação para o remate é mais
demorada e trabalhada; encontrou uma correlação entre a eficácia do ataque
em superioridade numérica e o resultado final do jogo.
Silva (2000a) procurou identificar o menor lote de indicadores do jogo
que discriminam as equipas vitoriosas das derrotadas, para isso deixou de fora
todos os jogos que terminaram com o resultado de empate entre as equipas.
Também procurou identificar o menor lote de indicadores do jogo que
distinguiam as equipas em jogos normais (diferença no marcador entre três e
cinco golos), equilibrados (diferença no marcador inferior ou igual a dois golos)
e desequilibrados (diferença no marcador superior ou igual a seis golos). Para
isto analisou 287 jogos realizados no Campeonato Nacional de Andebol sénior
masculino da primeira divisão da Federação Portuguesa de Andebol, nas
épocas desportivas de 1995/1996 e 1996/1997.
REVISÃO DA LITERATURA
44
O autor concluiu que o menor lote de indicadores do jogo que melhor
discrimina as equipas vitoriosas das derrotadas aponta uma relação nítida
entre a eficácia do guarda-redes e da defesa; a existência de uma evidente
importância dos aspectos defensivos nos jogos equilibrados, em contraste com
um equilíbrio entre os domínios defensivos (eficácia do guarda-redes a remates
da primeira linha) e ofensivos (eficácia de remates da primeira e segunda
linhas) nos jogos normais e desequilibrados; a presença de um indicador
comum as três categorias, a eficácia do guarda-redes, determina a importância
deste posto específico.
Neste estudo Silva (2000a) destaca a importância dos aspectos
defensivos em relação ao resultado parcial para um jogo equilibrado. Uma vez
que com a evolução do jogo temos as equipas cada vez mais equilibradas
entre seus sistemas e capacidades de seus jogadores, pode-se entender que a
preocupação com a defesa é um factor determinante no sucesso da equipa.
Em seu estudo Sousa (2000) procurou modelar do processo defensivo
no Andebol com uma amostra que contém 389 sequências defensivas das
selecções nacionais da Suécia, Rússia, Espanha, França e Portugal que
participaram do IV Campeonato da Europa de Andebol sénior masculino de
2000, considerou as “Top 4” (as quatro primeiras classificadas no campeonato)
mais Portugal com a finalidade de comparar os desempenho das quatro
melhores selecções do mundo com a selecção de Portugal, e as conclusões
foram:
� A frequência de recuperação da posse de bola é superior para as equipas
do “Top 4” do que de Portugal;
� As equipas do Top4 utilizam preferencialmente os sistemas defensivos 6:0
e 5:1, enquanto Portugal utiliza o sistema defensivo 3:3;
� Os meios tácticos defensivos de grupo mais comuns utilizados por Portugal
são a troca de marcação, o controlo defensivo, a ajuda e o deslizamento
enquanto para o “Top 4” são a troca de marcação, o “pressing” defensivo, o
controlo defensivo e a ajuda;
REVISÃO DA LITERATURA
45
� A maioria das sequências defensivas tem duração aproximada de vinte
segundos e ocorrem durante a fase de defesa em sistema;
� As principais acções de recuperação da posse de bola são a defesa do
guarda-redes, o ressalto defensivo, a falha técnica e a intercepção da bola.
Neste estudo de Souza (2000) verifica-se que, a partir da modelação do
processo defensivo das equipas melhores classificadas, existe uma grande
preocupação com a utilização de sistemas defensivos menos profundos mas
de muita agressividade; substituição de até 2 jogadores especialistas em
defender e uma maior utilização da fase de defesa em sistema. Por fim o autor
estabelece que os comportamentos defensivos realizados com mérito
favorecem o ataque em grandes espaços, podendo proporcionar uma maior
segurança para o processo ofensivo da equipa.
Vilaça (2001) registou e observou 413 sequências ofensivas dos jogos
do Campeonato Nacional da Primeira Divisão da Federação Portuguesa de
Andebol, na época desportiva de 1999/2000, utilizou-as para descrever a
organização e prestação do ataque em desigualdade numérica.
O autor afirma que a equipa melhor classificada é a que apresentava o
menor número de exclusões nos jogos observados. Em superioridade numérica
as equipas não obtêm sucesso em pelo menos metade das situações e em
inferioridade numérica as equipas cometem mais erros e sofrem mais faltas
que em superioridade numérica.
Ao realizar uma análise e avaliação do Campeonato Europeu de
Andebol sénior masculino de 2002, Mocsai (2002) apresenta algumas
tendências observadas durante a competição. O autor separa estas mudanças
em quatro fases do jogo, e são elas (i) a defesa, (ii) ataque contra defesa
desorganizada (contra-ataque), (iii) ataque contra defesa em sistema, (iv) fase
de reorganização defensiva. Para este trabalho destaca-se as conclusões a
respeito da defesa.
O autor estabelece o uso mais frequente e mais eficaz do sistema
defensivo 3:2:1, e no desenvolvimento adicional do sistema 6:0. Também foi
observada uma maior agressividade do sistema 6:0 com os defensores centrais
REVISÃO DA LITERATURA
46
a avançar até os dez ou doze metros e recuar para fechar novamente a defesa.
A modificação na posição básica dos defensores pode influenciar no aumento
das faltas, a efectuar com sucesso, a combinação da formação apropriada para
o jogo defensivo.
O mesmo autor afirma que quanto a reorganização defensiva, em
relação ao forte contra-ataque e ataque rápido executados na competição, três
formas típicas de reorganização defensiva podem ser observados:
� Reorganização defensiva imediata onde encontrou-se que se quatro
jogadores chegarem ao último terço defensivo, 80-85% dos ataques rápidos
se tornam ineficazes.
� Reorganização defensiva com os jogadores a pressionar a execução de
passes longos para que aconteçam falhas técnicas desde a primeira fase
do ataque.
� Reorganização defensiva a perturbar a organização do ataque por
pressionar o portador da bola, enquanto a defesa reorganiza-se e volta ao
sistema defensivo.
Em seu estudo Cardoso (2003) procurou caracterizar o contra-ataque no
Andebol e para tal utilizou as 496 sequências ofensivas observadas a partir dos
43 jogos do campeonato nacional da 1ª divisão da época 2000/2001, estes
jogos envolveram as equipas do Sporting C.P., F.C. do Porto, Académico B.C.
e C.F. “os Belenenses”.
De suas conclusões podemos citar:
� Existem diferenças significativas entre a zona de recuperação da posse de
bola e o número de jogadores no desenvolvimento do contra-ataque;
� A finalização do contra-ataque ocorre na zona central dos seis metros;
� As equipas não obtêm sucesso em pelo menos metade das sequências
analisadas;
� O contra-ataque tem início após recuperação da posse de bola na zona
central, entre os seis e os nove metros.
REVISÃO DA LITERATURA
47
Oliver Coronado (2003) faz a análise do Campeonato do Mundo de
Andebol sénior masculino de 2003, a destacar três grandes temas, (i) o
Guarda-redes, (ii) o Jogo ofensivo e (iii) o Jogo defensivo.
As principais conclusões do autor sobre os aspectos defensivos são:
� A troca de guarda-redes durante a partida acontece de diversas formas,
mas revela-se um factor necessário em função da efectividade e do
descanso físico e psicológico, a possibilitar uma utilização do “melhor”
guarda-redes nos últimos minutos e no mais elevado nível de performance.
� O tempo de ataque está a diminuir desde o Campeonato do Mundo de
2001, o que faz com que o número de posses de bola aumente. Demonstra
uma tendência ao jogo ofensivo de transição rápida e ataques organizados
mais curtos, portanto um maior número de sessões de defesas.
� A “iniciativa defensiva” e a atitude dos defensores deve apresentar-se tão
ou mais “ofensiva” que o próprio ataque. Com isso obriga-se a contar com
defensores especialistas que “compreendam as intenções tácticas” do
atacante e saibam dar prioridade ao perigo de cada um deles.
Apresenta-se aqui a mesma preocupação com os aspectos defensivos
da combatividade e activação da defesa em relação ao processo ofensivo e da
utilização de defensores especialistas mais preparados para actuar em seu
melhor durante toda a partida, incluindo a substituição do guarda-redes com
esta mesma intenção.
Em seu estudo Sevim e Taborsky (2004) realizaram uma análise
qualitativa do Campeonato Europeu sénior masculino de 2004 e concluiu que:
� A atitude das equipas era caracterizada por uma variabilidade e pela grande
versatilidade tanto ofensiva como defensiva, o que era complementado
pelas tácticas, tanto individuais como colectivas designadas a fornecer uma
fundação básica para o Andebol moderno;
� Os jogadores demonstraram uma rápida percepção e tomada de decisão do
jogo;
REVISÃO DA LITERATURA
48
� No jogo defensivo, os jogadores responderam não somente aos oponentes
mas exibiram uma boa capacidade de antecipação e mostraram um
controlo activo do jogo;
� As melhores equipas classificadas utilizaram-se das transições rápidas da
defesa ao ataque para pressionar os oponentes e utilizaram o contra ataque
de forma ampliada e de ruptura rápida;
� O desempenho dos guarda-redes foi marcante neste Campeonato Europeu;
� Em vez do sistema de defesa clássico 6:0, as equipas executaram um
sistema de defesa 6:0 muito mais ofensivo e agressivo, com variações e/ou
transformações para os sistemas 5:1 e 3:2:1.
Esta análise do campeonato europeu de 2004 vem confirmar a evolução
do processo defensivo do Andebol moderno, com a iniciativa defensiva e a
procura constante pela recuperação da posse de bola como forma de actuação
das melhores equipas de Europa.
Varejão (2004) registou 2370 sequências defensivas e as utilizou para
identificar (i) as formas mais comuns de recuperação da posse de bola, (ii) a
variação da distância e da velocidade do primeiro passe do guarda-redes, (iii)
os corredores de jogo mais utilizados na transição do processo defensivo para
o ofensivo, (iv) o número de jogadores envolvidos e o número de passes
utilizados na transição defesa-ataque (v) a duração dos ataques, a zona e a
forma de finalização destes ataques. E, em relação a defesa, concluiu que:
� O guarda-redes tem um papel decisivo na recuperação da posse de bola e
consequente iniciação do ataque;
� A intercepção como meio táctico foi considerada como a melhor forma de
iniciação das sequências ofensivas de maior sucesso;
� O incremento no trabalho defensivo deve ser assim explorado na busca
pelo erro adversário.
Rodrigues (2005) utilizou uma amostra com os jogos realizados no
Campeonato da Europa de Andebol de 2002 e 2004, para analisar os
REVISÃO DA LITERATURA
49
indicadores de rendimento do jogo de Andebol. Das conclusões obtidas serão
descritas aquelas que dizem respeito aos aspectos defensivos, e são elas:
� A eficácia do guarda-redes é superior nos jogos da fase de grupo;
� Nos jogos a eliminar as equipas evidenciam uma maior agressividade
defensiva, o que não necessariamente traduz uma maior eficácia defensiva;
� Um dos indicadores de jogo que as equipas vitoriosas apresentam como
principal é a eficácia do guarda-redes;
Pode-se verificar que os estudos revelaram e confirmaram a evolução
dos processos de jogo no Andebol moderno e a importância dos aspectos
defensivos ficou evidente para o sucesso da equipa no jogo. A seguir
apresentar-se-ão os estudos realizados com recurso à Análise Sequencial no
Andebol.
2.5.1 Estudos com recurso a Análise Sequencial no A ndebol
Apresentam-se aqui os trabalhos que utilizaram a Metodologia
Observacional com Recurso a Análise Sequencial e, estes trabalhos também
serão utilizados para a discussão dos resultados obtidos neste estudo.
Prudente, Garganta e Anguera Arguilaga (2005) caracterizam o contra-
ataque realizado pelas equipas classificadas nos sete primeiros lugares do
Campeonato da Europa de Andebol de 2002. Foram analisadas 306
sequências ofensivas nas quais se verificou a utilização do contra-ataque.
Os autores concluíram que a maioria das sequências de contra-ataque
se evidenciaram numa situação de jogo em igualdade 6x6 (69,9%) e numa
situação de superioridade numérica 6x5 (20,95%); o modo mais recorrente de
recuperação da posse de bola que antecedeu o início das sequências
ofensivas em contra-ataque foi 52,8% através dos jogadores de campo e este
valor alcança 87,5% quando as equipas se encontravam em inferioridade
numérica.
REVISÃO DA LITERATURA
50
Os autores também demonstram que a eficácia no contra-ataque nas
situações de igualdade 6x6 foi maior quando a recuperação da bola foi
efectuada pelo guarda-redes, sem este ter efectuado a defesa da bola (38,9%)
e quando esta foi recuperada pelos jogadores de campo, sem ressalto
defensivo (37,8%). Verificou uma eficácia inferior quando a recuperação da
bola foi efectuada pelo guarda-redes após defesa (27,3%).
Nas situações de jogo em superioridade 6x5 a eficácia foi maior quando
a bola foi recuperada pelos jogadores de campo, sem ressalto defensivo
(46,2%) e pelo guarda-redes após defesa (41,7%) mas foi inferior quando a
recuperação da bola foi realizada pelos jogadores de campo com ressalto
(25%).
Prudente, Garganta e Anguera Arguilaga (2005) estabelecem que a
recuperação da bola pelos jogadores de campo, após ressalto e sem ressalto,
é excitatória da utilização do drible como modo de desencadeamento do
contra-ataque. A recuperação da bola pelo guarda-redes, com e sem defesa, é
excitatória da ocorrência de um passe curto como modo de início do contra-
ataque; o drible revelou-se uma conduta excitatória de falta sofrida, dado que é
a acção que com maior frequência antecede uma interrupção do jogo através
de falta.
D. Ferreira (2006) e N. Ferreira (2006) utilizaram a análise sequencial
para determinar os métodos de jogo ofensivo na transição defesa ataque e o
processo ofensivo em desigualdade numérica respectivamente. Para o
presente estudo é possível descrever as seguintes conclusões a respeito dos
trabalhos acima relacionados:
� A intercepção da bola e a defesa do guarda-redes são as formas mais
comuns de recuperação da posse de bola que dá início ao contra-ataque;
� Existe uma probabilidade significativa do ataque posicional ser precedido
por uma defesa do guarda-redes;
� Foram assinalados padrões de conduta quando consideradas as seguintes
condutas critério: Sistema defensivo 3:2:1, sistema defensivo 4+2, Outros
sistemas defensivos e recuperação defensiva;
REVISÃO DA LITERATURA
51
� O sistema defensivo 3:2:1 é um sistema propício à recuperação da posse
de bola por falhas técnicas;
� O sistema defensivo 4+2 favorece a recuperação da posse de bola através
da defesa do guarda-redes;
Ao realizar seu estudo Prudente (2006) verificou, com recurso à Análise
Sequencial, a performance táctico-técnica no Andebol de alto nível sénior
masculino. Para tal analisou as sequências retiradas de 25 jogos, sendo 11 do
Campeonato da Europa de 2002 e 14 do Campeonato do Mundo de 2003.
Das suas conclusões pode-se citar que:
� O defensor ao realizar um bloco, tanto em proximidade como afastado (em
ambas as competições), tem uma probabilidade significativa de não
anteceder a recuperação da bola após golo sofrido, ou seja, quando tal
comportamento ocorre a probabilidade da equipa não sofrer golo é superior
ao acaso;
� Os comportamentos do defensor (i) não colocado entre o rematador e a
baliza, (ii) mantendo-se parado ou (iii) fazendo deslocamento lateral são
comportamentos com uma probabilidade significativa de anteceder a
recuperação da posse de bola após golo sofrido;
� No Campeonato da Europa de 2002 as condutas do defensor (i) bloco em
proximidade, (ii) bloco afastado e (iii) de contacto com o rematador
apresentam probabilidade significativa de anteceder a recuperação da
posse de bola após o ressalto defensivo;
� No Campeonato da Europa de 2002 as condutas (i) defensor não colocado
entre o rematador e a baliza, (ii) defensor realizando deslocamento lateral,
bem como a conduta (iii) do guarda-redes sem colaboração com a defesa
apresentam probabilidades significativas de antecederem a recuperação da
posse de bola após golo sofrido;
� Os meios tácticos ofensivos de “1x1” (“um contra um”), “passe picado”,
“passe de ruptura” e “entrada” apresentam uma probabilidade significativa
REVISÃO DA LITERATURA
52
de anteceder o golo tanto no Campeonato da Europa de 2002 como no
Campeonato do Mundo de 2003;
� A não utilização de meios tácticos anteriores a finalização apresenta uma
probabilidade significativa de anteceder a finalização com remate não
caracterizado em golo;
� As finalizações da zona central de 6 metros apresentam probabilidade
significativa de anteceder o golo tanto em igualdade, superioridade ou
inferioridade numérica;
� O meio táctico da entrada tem probabilidade significativa de anteceder o
golo numa situação de igualdade numérica;
� O meio táctico do “1x1” apresenta uma probabilidade significativa de
anteceder o golo em uma relação de igualdade numérica e de inferioridade
numérica;
� Os remates de primeira linha ofensiva da zona central e a não utilização de
meios tácticos apresentam probabilidade significativa de anteceder o
remate não concretizado em golo em ambas as competições, tanto em
igualdade como em superioridade numérica;
� A recuperação da posse de bola após interceptação ou desarme apresenta
grande probabilidade de ocorrer na zona central próximo a área de baliza
em ambas as competições e no Campeonato do mundo de 2003 também
apresenta uma probabilidade significativa de anteceder uma primeira acção
na zona próxima ao centro do terreno de jogo;
� A recuperação da posse de bola após ressalto defensivo apresenta uma
probabilidade significativa de acontecer na zona central dos 6 metros;
� A recuperação da posse de bola após falha técnica apresenta uma
probabilidade significativa de ocorrer na zona central dos 6 metros.
De forma geral os trabalhos acima descritos apresentam uma maior
preocupação com os aspectos ofensivos do Andebol, como a maioria dos
trabalhos encontrados na revisão da literatura efectuada. A relação entre os
processos de jogo é indissociável, mas verifica-se uma maior tendência para o
REVISÃO DA LITERATURA
53
estudo do processo ofensivo e suas características como o contra-ataque e a
desigualdade numérica ofensiva.
As monografias de licenciatura são outra fonte de estudos com relação a
análise de jogo com recurso a Análise Sequencial e serão mencionados a
seguir por constituírem parte da formação do conhecimento a respeito da
análise do jogo e do Andebol.
Podemos citar os estudos como Ribeiro (2002) que analisou os quatro
primeiros colocados no Campeonato europeu de 2002 com o intuito de verificar
a importância dos meios tácticos de grupo ofensivos na obtenção do golo.
Suas principais conclusões são (i) o ataque posicional é a fase onde as
equipas obtêm o maior número de golos e esta opção pelo ataque posicional
parece ser em função de um jogo de ataque mais seguro; (ii) a maioria dos
golos obtidos resultam das finalizações da zona central da primeira linha
ofensiva; (iii) os cruzamentos e permutas estão associados aos golos obtidos
na primeira linha ofensiva e os bloqueios encontram-se associados aos golos
da segunda linha ofensiva.
Coelho (2003) realizou um estudo de caso com a equipa do Futebol
Clube do Porto e analisou as sequências defensivas desta equipa no
Campeonato da Liga Profissional de Andebol de 2002-2003. Suas principais
conclusões foram:
� A equipa interrompe assiduamente (53,4%) o ataque adversário realizando
faltas;
� A equipa obriga o adversário a finalizar em curtos espaços de tempo de
organização ofensiva;
� A equipa obriga o adversário a finalizar em zonas afastadas da baliza;
� As formas de finalização e as zonas de finalização não variam em função
dos sistemas defensivos;
� A equipa tem sucesso em 55,7% do total de sequências defensivas;
REVISÃO DA LITERATURA
54
� O sistema defensivo mais utilizado foi o 6:0 (57%) sendo também o mais
eficaz (59,8%).
Para além destas conclusões o autor afirma que o sucesso das acções
defensivas esta associado preferencialmente as finalizações de primeira linha
ofensiva.
Veloso (2003) analisou oito jogos, pelo menos um relativo a cada equipa
participante da fase regular do primeiro Campeonato Nacional de Seniores
masculinos da Federação de Andebol de Portugal, com a finalidade de verificar
a forma de actuação do guarda-redes português.
De suas conclusões podemos citar que (i) 95,5% dos remates sofrem
oposição dos defensores, o que expõe o crescente aumento da agressividade
e eficácia dos defensores; (ii) os guarda-redes apresentam 36,7% de eficácia
na defesa dos remates de primeira linha ofensiva; (iii) os guarda-redes tem
maior probabilidade de sucesso quando o sistema defensivo condiciona o
remate ao primeiro poste.
Desta forma foram apresentados alguns dos estudos consultados para
este trabalho, como estabelecimento do estado da arte na análise de jogo no
Andebol. A seguir serão apresentados os objectivos e hipóteses estabelecidos
para o presente estudo.
HIPÓTESES
HIPÓTESES
57
3 Hipóteses
As hipóteses do presente estudo reportam-se aos comportamentos
defensivos da equipa espanhola durante o Campeonato do Mundo de Andebol
de 2005, com o intuito de verificar se os mesmos apresentam algum padrão na
sua estrutura, investigar a relação entre as diversas categorias e variáveis.
Portanto foram formuladas as seguintes hipóteses:
� Identificam-se padrões diferenciados no comportamento defensivo em
função da utilização dos sistemas defensivos;
� Os erros defensivos apresentam padrões diferenciados de condutas para as
categorias e variáveis estabelecidas;
� Existem padrões de conduta específicos relacionados com as situações de
igualdade ou desigualdade numérica absoluta;
� O resultado parcial apresenta padrões diferenciados de comportamento da
equipa observada.
MATERIAL E MÉTODOS
MATERIAL E MÉTODOS
61
4 Material e Métodos
4.1 Caracterização da amostra
A amostra deste trabalho é constituída pelas sequências defensivas
observadas nos dez jogos realizados pela selecção nacional da Espanha no
XIX Campeonato do Mundo de Andebol sénior masculino realizado na Tunísia
em 2005.
Estes jogos foram escolhidos em razão da selecção nacional da
Espanha sagrar-se campeã ao vencer o campeão mundial anterior, a selecção
nacional da Croácia, e surpreender ao também ganhar o título de equipa com
melhor “fair play” (menos sancionada) na competição.
Os dez jogos são referentes a fase preliminar e a fase de grupos com 5
jogos entre as equipas do mesmo grupo para uma classificação à próxima fase,
e o segundo conjunto de 5 jogos reúne toda a fase eliminatória (ou principal)
que consta os jogos de apuramento, como a meia-final e a grande final da
competição.
Em ordem de realização temos os seguintes encontros entre a Selecção
Nacional de Espanha e: (i) Japão, (ii) Austrália, (iii) Suécia, (iv) Croácia, (v)
Argentina, (vi) Alemanha, (vii) Sérvia e Montenegro, (viii) Noruega, (ix) Tunísia
e (x) Croácia.
A partir destes jogos foram observadas 910 sequências defensivas, das
quais 465 são da fase preliminar e 445 são da fase eliminatória. A seguir será
realizada a descrição da metodologia utilizada para a recolha dos dados
obtidos a partir das sequências defensivas.
MATERIAL E MÉTODOS
62
4.2 Metodologia
Entre as técnicas de Análise Sequencial citadas na Revisão da
Literatura, considerou-se mais apropriada para o presente estudo, a Técnica de
Transições, para identificar os padrões dos comportamentos que resultam da
interacção das equipas em jogos, com a comprovação de uma ordem
sequencial, isto é, uma certa estabilidade na sucessão de sequências.
É possível realizar este método em dois sentidos na linha temporal de
acontecimentos, um sentido retrospectivo – analisa-se as condutas que
aparecem até chegar-se à conduta critério; e um sentido prospectivo –
analisam-se as condutas que ocorrem a partir da conduta critério (Hernández
Mendo et al., 2000).
Ao estabelecer uma certa Conduta Critério (CC), a partir da qual é
possível contabilizar as vezes ou tempo que uma determinada Conduta
Objecto (CO) se apresenta no lugar de ordem seguinte. Assim se admite a
primeira transição e progressivamente até alcançar o máximo de transições ou
“retardo máximo”. Esta última transição marca o fim do padrão de conduta para
efeitos interpretativos (Anguera Arguilaga, 1990).
Segundo a mesma autora é possível definir este “retardo máximo” a
partir de três regras interpretativas, sendo elas:
1. convenciona-se que o “retardo máximo” de um padrão de conduta é
estabelecido quando não aparecem mais condutas excitatórias;
2. um padrão de conduta em que apareçam dois espaços de condutas vazios
(sem conduta excitatória) o “retardo máximo” termina em consequência
destes;
3. quando num padrão de conduta há dois espaços consecutivos com várias
condutas excitatórias o “retardo máximo” é contabilizado.
MATERIAL E MÉTODOS
63
Segundo Hernández Mendo et al. (2000) o padrão de conduta que é
possível encontrar corresponde a um extracto muito condensado da informação
obtida e muito útil para um conhecimento objectivo do comportamento
observado e para a análise da sua evolução.
Com isso é possível tanto no Andebol, como em todos os JDC,
aperfeiçoar o conhecimento a cerca dos comportamentos específicos do jogo
e, a partir deste conhecimento, utilizá-los para a formulação do treino.
4.3 Etapas da observação
A delimitação das condutas a observar foi realizada com base em
estudos da análise de jogo com recurso à Análise Sequencial (Ferreira, 2006;
Prudente, Garganta e Anguera Arguilaga, 2003) e adequadas aos propósitos
deste trabalho.
Para tal, foram estabelecidos os (i) critérios do instrumento de
observação, elaborada uma (ii) lista de comportamentos abertos e passíveis de
observação no jogo correspondentes aos critérios do instrumento, foram
seleccionados os (iii) códigos para cada condutas e, por fim, foi organizada
uma (iv) lista de encadeamento dos códigos.
Após esta elaboração e codificação das condutas observáveis, foi
realizado uma “prova” a partir de uma recolha de dados, para assegurar que os
códigos e as condutas contemplavam os comportamentos no jogo.
O registo dos dados, as características do processo de observação, a
elaboração do instrumento de observação, a definição dos indicadores de
estudo serão descritas nos pontos a seguir. A análise e interpretação dos
dados foram realizadas a partir dos dados estatísticos do software SDIS-GSEQ
(Bakerman e Quera, 1996) e serão apresentadas no Capítulo referente à
Apresentação e Discussão dos Resultados.
MATERIAL E MÉTODOS
64
4.4 Registo dos dados
As imagens observadas neste estudo tiveram como fonte de recolha e
registo as transmissões televisivas nacionais e internacionais. Mesmo com as
limitações deste tipo de transmissão, proveniente em grande parte dos planos
de captação de imagem, entende-se que as acções tácticas defensivas
fundamentais foram observadas.
Estas transmissões televisivas foram cedidas para este estudo em
formato VHS, transcodificadas para o formato DVD. A visualização neste
formato foi feita a partir de um leitor de DVD e um aparelho televisor de 21
polegadas. Quando necessário, foi realizada a análise dos jogos com a
utilização de um computador portátil Toshiba Satélite M70-258 com o software
de reconhecimento de vídeo Intervideo – WinDVD.
Assim, a capacidade de observação de uma sequência ou conduta em
velocidade normal, bem como a visualização em câmara lenta quantas vezes
fossem necessárias, permitiram uma mais eficaz recolha de dados. Esta
recolha seguiu as características do processo observacional, que serão
descritas a seguir.
4.5 Características do processo de observação
Durante a Revisão da Literatura encontramos diversos autores (Anguera
Arguilaga, 2003; Hernández Mendo et al., 2000; Moreno Contreras e Pino
Ortega, 2000) que afirmam que o processo de observação deve obedecer a
quatro critérios: (i) Níveis de resposta, (ii) Grau de perceptividade, (iii) Grau de
participação do observador e (iv) Grau de cientificidade.
No presente estudo optou-se por (i) uma observação da máxima
realização, isto é, em competição e de forma activa, mesmo com a realização
de uma fase pré-científica ou exploratória com características passivas, (ii)
MATERIAL E MÉTODOS
65
realizada de forma não-participante uma vez que o observador actua de forma
neutra, com (iii) observação directa e indirecta uma vez que as condutas foram
analisadas e transcritas em tempo real mas com a utilização de meios
audiovisuais (DVD) e por fim, realizamos uma (iv) observação de condutas
não-verbais e espaciais pelo facto de que nos JDC estas se apresentam como
as mais importantes.
Definidas as características do processo de observação utilizado no
presente estudo foi realizada a elaboração de um instrumento de observação
que será descrita no ponto seguinte.
4.6 Elaboração do instrumento de Observação
A elaboração do instrumento de observação, bem como a definição das
variáveis e categorias, contou com a consulta da literatura especializada
(Anguera Arguilaga et al., 2000; Hernández Mendo et al., 2000; Moreno
Contreras e Pino Ortega, 2000; Prudente, Garganta e Anguera Arguilaga,
2004) e de um gradual aperfeiçoamento do mesmo desde o começo do estudo
até à recolha da informação desejada.
O presente estudo utiliza uma forma mista de instrumento de
observação, unindo o Formato de campo e o Sistema de categorias. Para tal,
foi elaborado um Formato de campo, com os elementos de observação
codificados e os critérios de observação definidos.
O Sistema de categorias, que são classes que reúnem um grupo de
elementos de características comuns, foi utilizado para associar as condutas
por afinidade, durante a observação. Este instrumento foi aperfeiçoado com
observações exploratórias, afim de detectar possíveis falhas, a definir o
conceito de elaboração “a posteriori” (Anguera Arguilaga, 2003).
As variáveis e categorias foram determinadas para registar as condutas
relevantes em cada sequência defensiva e o instrumento de observação foi
estruturado da seguinte forma:
MATERIAL E MÉTODOS
66
(i) Duas variáveis, uma a respeito da situação numérica efectiva da equipa no
inicial da sequência defensiva e outra em função do resultado parcial do jogo;
(ii) Oito categorias que correspondem aos possíveis comportamentos
realizados no jogo.
As variáveis e categorias presentes no instrumento de observação
reúnem os indicadores do estudo, e a definição dos indicadores será realizada
no ponto seguinte.
4.7 Definição dos indicadores de estudo
As variáveis e categorias seleccionadas para o presente estudo e
posteriormente relacionados, atendem à necessidade de responder aos
objectivos do trabalho, mas não deixam de se apoiar na literatura (Antón Garcia
2000; Oliver Coronado, 2003; Silva, 1999; Anguera Arguilaga et al., 2000;
Enríquez Fernandez e Meléndez-Falkowski, 1988; Prudente, Garganta e
Anguera Arguilaga, 2004).
A seguir serão apresentadas as definições de sequência defensiva, das
variáveis e categorias de comportamentos determinadas para este estudo e
suas definições.
4.7.1 Sequência defensiva (SD)
(I) é considerada a partir do início de um tempo de jogo, no instante que a
equipa perde a posse de bola, no recomeço após um pedido de tempo técnico,
no reinício de jogo após uma falta defensiva e/ou após o ressalto por parte da
equipa adversária;
(II) Termina quando é conquistada a posse de bola, após um remate, erro
técnico ou violação do regulamento por parte do adversário e, é efectuado um
passe com sucesso ou remate e/ou o jogador demonstra controlo da bola, bem
MATERIAL E MÉTODOS
67
como se um jogador adversário comete um erro técnico, viola o regulamento ou
a colocar a bola fora de campo.
(III) Uma nova sequência defensiva será considerada toda vez que houver uma
falta defensiva ou um ressalto ofensivo directo ao adversário, à linha lateral ou
à linha de saída de baliza, e este reorganizar seu ataque.
Caso se verifique alguma transgressão das determinações de início ou
término da sequência defensiva, esta deixará de ser contabilizada ou as
acções defensivas posteriores serão contabilizadas na mesma sequência
defensiva. Foi elaborada uma ficha de observação, para registo dos dados
recolhidos e se encontra nos anexos neste trabalho.
4.7.2 Variável 1 – Resultado parcial no marcador
Esta variável indica a condição do resultado do jogo no momento que
antecede a sequência defensiva. A classificação dos jogos foi adaptada do
estudo de Taborsky (citado por Silva, 2000a) que organiza os jogos em
categorias de acordo com a diferença no resultado do marcador. A
classificação escolhida para este trabalho define os jogos em três categorias de
resultado, sendo elas:
� Resultado parcial equilibrado – diferença de no máximo dois golos ou
empate (PE);
� Resultado parcial normal – diferença de 3 a 5 golos (PN);
� Resultado parcial desequilibrado (diferença superior a 5 golos (PD).
4.7.3 Variável 2 – Relação numérica absoluta
Expressa a situação numérica absoluta da equipa defensora, em relação
ao adversário, no momento da sequência defensiva. Apresenta três situações
MATERIAL E MÉTODOS
68
consideradas em igualdade numérica absoluta (IG), superioridade numérica
absoluta (SN) e inferioridade numérica absoluta (IN).
A seguir serão definidas as características das categorias e dos eventos
estabelecidos para o presente estudo.
4.7.4 Categoria 1 – Início da sequência defensiva
A descrição desta categoria segue a definição de sequência defensiva
onde é considerada a partir do início de um tempo de jogo, no instante que a
equipa perde a posse de bola, no recomeço após um pedido de tempo técnico,
no reinício de jogo após uma falta defensiva e/ou após o ressalto por parte da
equipa adversária. Estas formas de início da sequência defensiva serão
descritas e representadas pelos seguintes códigos:
� Ataque Inicial (ATI) – Ataque adversário que dá início de um dos tempos de
jogo no tempo normal ou na prorrogação;
� Defesa do guarda-redes adversário (DGR) – Toda finalização ofensiva da
equipa observada em que ocorre uma defesa por parte do guarda-redes
adversário, que também inclui o ressalto defensivo adversário;
� Falhas do ataque de Espanha (FAE) – Descreve toda a forma de início do
ataque a partir da ocorrência de uma infracção técnica por parte dos jogadores,
uma falta por parte de um jogador da equipa observada ou uma falha na
finalização ofensiva sem a intervenção do guarda-redes e sem ressalto
defensivo;
� Falha de finalização ofensiva (FFO); – Considera toda falha de finalização
ofensiva da equipa da Espanha, sem interferência do guarda-redes adversário;
� Golo (GLA) – toda acção ofensiva da equipa observada que após a finalização
bola passa completamente a linha de meta;
MATERIAL E MÉTODOS
69
� Acções de intervenção do adversário (AA) – Descreve a recuperação da posse
de bola pela intervenção do adversário, como uma interceptação de um passe
entre jogadores da equipa observada, ou um roubo de bola;
� Lançamento livre de nove metros (L9M) – Todo reinício de jogo a partir de uma
falta para cobrança na linha de nove metros;
� Ressalto ofensivo (RSO) – Toda sequência iniciada a partir de um ressalto
ganho pela equipa adversária.
4.7.5 Categoria 2 – Ataque adversário
Esta categoria determina como o ataque adversário inicia o processo
ofensivo após a recuperação da posse de bola. Esta categoria divide-se em:
� Contra-ataque (CA) – Jogo na totalidade do terreno de jogo disponível,
suportado na rápida concretização das intenções de ataque, sem que a equipa
defensora realize sua organização defensiva;
� Contra-golo (CG) – A equipa adversária procura promover o ataque rápido
após uma situação de golo sofrido, tentando surpreender a equipa observada
antes que esta organize o seu sistema defensivo;
� Ataque rápido (AR) – A equipa que procurou promover o contra-ataque não
obteve êxito e encadeou essas acções com as do ataque posicional sem que a
equipa defensora organize seu sistema defensivo;
� Ataque posicional (AO) – Jogo no espaço reduzido, em zona próxima da baliza,
onde se verifica a maior densidade de jogo e a equipa defensora realiza sua
defesa em sistema.
MATERIAL E MÉTODOS
70
4.7.6 Categoria 3 – Fases da defesa e sistemas defe nsivos
Para o presente estudo foram respeitadas as definições de Ribeiro
(1999) e Antón Garcia (2000), para as fases do jogo defensivo e estas se
apresentam da seguinte forma:
� Recuperação Defensiva (RDP) – Constitui a primeira fase defensiva e tem
início no momento em que se perde a posse da bola. É necessário procurar
manter o equilíbrio defensivo ou tentar a superioridade numérica defensiva
frente a equipa adversária para recuperar a posse de bola o mais rápido
possível com menos risco a baliza, sempre que possível, a pressionar o
adversário;
� Zona temporária (Defesa de cobertura e Organização Defensiva) (DZT) – Após
a interrupção do contra-ataque, surge uma zona temporária onde os
defensores, sempre a tentar recuperar a posse de bola, ocupam espaços
diferentes dos previamente designados. Durante esta fase deve-se estabilizar a
defesa e impedir que a saída rápida do ataque adversário seja eficaz;
� Defesa em sistema (DS) – É a fase onde o sistema defensivo eleito para o
determinado momento do jogo está estruturado, cada defensor ocupa um posto
específico e a equipa passa a utilizar a táctica colectiva de defesa.
Cada sistema ou grupos de sistemas defensivos terá sua classificação
aliada a esta fase defensiva e será relacionada a seguir.
4.7.6.1 Sistemas defensivos
Os sistemas defensivos são, por definição, estruturas de comportamento
colectivo de actuação estritas e sistematizadas (Garcia Herrero, 2003). Esta
categoria permite averiguar o tipo de sistema defensivo utilizado pela equipa
estudada no momento em que ocorre a sequência defensiva. Os sistemas
defensivos e as fases da defesa se apresentam da seguinte forma:
MATERIAL E MÉTODOS
71
� Sistema 6:0 (DS6) – Utiliza uma única linha defensiva com todos atletas a
ocupar a largura da área de baliza;
� Sistema 5:1 – (DS5) É caracterizado por exibir duas linhas defensivas onde na
primeira linha defensiva apresenta cinco jogadores e na segunda linha
defensiva encontra-se um defensor avançado;
� Sistema 3:2:1 – (DS3) É formado por três linhas defensivas onde três
jogadores ocupam a primeira linha defensiva, dois jogadores mais avançados
(entre as linhas de seis metros e nove metros) na segunda linha defensiva a
defender os atacantes laterais e um jogador ainda mais avançado (acima da
linha de nove metros) na parte central da defesa;
� Sistema 5+1, 4+2 e homem a homem – (DSM) Estes sistemas foram
agrupados para uma melhor definição das categorias e são descritos,
respectivamente, por cinco ou quatro jogadores que defendem na primeira
linha defensiva a obedecer os conceitos defensivos de um sistema e um ou
dois defensores a marcar individualmente seus respectivos atacantes. Para o
sistema “homem a homem” (ou individual) todos os jogadores estão
responsáveis por um atacante em todo o terreno de jogo ou no espaço do
terreno que for previamente estabelecido;
� Sistema 5:0 e/ou 4:0 – (DSI) Sistemas utilizados em situações de inferioridade
numérica e formado por uma única linha defensiva.
4.7.7 Categoria 4 – Meios tácticos defensivos
Para esta categoria foram considerados os meios táctico encontrados na
literatura específica (Antón Garcia, 2000; Bayer, 1987; Enríquez Fernandez e
Meléndez-Falkowski, 1988). Estes meios tácticos são divididos em (i) meios
tácticos individuais e (ii) meios tácticos de grupo.
MATERIAL E MÉTODOS
72
4.7.7.1 Meios tácticos individuais
Serão contabilizados os meios tácticos relacionados com a recuperação
da posse de bola e fazem parte dos meios tácticos individuais encontrados na
literatura (Antón Garcia, 2000; Bayer, 1987; Enríquez Fernandez e Meléndez-
Falkowski, 1988). No presente estudo foi determinada a utilização dos
seguintes meios tácticos individuais:
� Intercepção (IN) – Acção táctica de intercepção de um passe por parte de um
jogador que corta a trajectória da bola;
� Controlo defensivo (CD) – Representa o controlo de um adversário directo, a
impedir sua progressão, sem cometer uma falta defensiva;
� Bloco (BL) – Acção que descreve a intenção de impedir que uma bola
rematada chegue à baliza. Para ser considerada como evento a registar, a
equipa observada deve manter a posse de bola, a bola cruzar totalmente a
linha lateral ou a linha de saída de baliza.
4.7.7.2 Meios tácticos de grupo
Serão contabilizados os meios tácticos imediatamente relacionados com
a recuperação da posse de bola e fazem parte dos meios tácticos de grupo
encontrados na literatura (Antón Garcia, 2000; Bayer, 1987; Enríquez
Fernandez e Meléndez-Falkowski, 1988). No presente estudo foi determinada a
utilização dos seguintes meios tácticos de grupo:
� Ajuda defensiva (AJ) – Consiste na intervenção de um colega de equipa
quando outro é batido ou ultrapassado numa acção de ataque directo com a
bola;
� Troca de marcação (TM) – É a troca de atacante directo sem que altere a zona
de responsabilidade dos defensores envolvidos;
� Deslizamento (DZ) – Ocorre quando um jogador defensor acompanha um
adversário mesmo que este desloque-se pela zona de responsabilidade de
MATERIAL E MÉTODOS
73
outro defensor, o que faz com que se modifique as zonas de responsabilidade
entre os defensores envolvidos.
� Sem meio táctico (SM) – Quando a equipa observada não consegue interferir
no processo defensivo adversário, como no caso de um contra-ataque, utiliza-
se este código.
4.7.8 Categoria 5 – Erros defensivos
São erros que definiram uma sequência defensiva no momento do erro
defensivo ou na continuidade do jogo e foram determinados de acordo com os
meios tácticos acima descritos e outros erros da continuidade do jogo.
Serão contabilizados os erros correspondentes com o final da sequência
defensiva, e são:
� Deficiente recuperação defensiva (DRD) – Após a perda da posse de bola a
equipa não consegue impedir o contra-ataque adversário;
� Erro de ajuda (EAJ) – Um defensor ajuda um companheiro de equipa ou tenta
defender um jogador que não é sua responsabilidade e deixa seu posto
específico e/ou atacante directo sem marcação;
� Erro do bloco (EBL) – O bloco deve impedir que o remate chegue à baliza ou,
em colaboração com o guarda-redes pode fechar só um lado da baliza. Será
considerado erro do bloco se este não atinge um dos dois objectivos;
� Erro de controlo defensivo (ECD) – Um defensor acaba batido por seu
adversário directo durante uma situação de controlo defensivo (1x1);
� Erro de deslizamento (EDZ) – Em determinada situação do ataque, um
defensor não faz o deslizamento necessário ou fá-lo de forma incorrecta,
possibilitando a finalização de um atacante;
� Erro de troca de marcação (ETM) – Dois defensores em um momento de troca
de marcação falham e acabam por deixar um dos atacantes em posição de
receber o passe e/ou finalizar;
MATERIAL E MÉTODOS
74
� Sem saída ao portador da bola (ESA) – Um atacante remata com seu marcador
directo entre o remate e a baliza, mas sem saída ao portador da bola ou com
uma saída insuficiente;
� Sem erro defensivo (SED) – Esta categoria foi criada para as sequências em
que a defesa recupera a posse de bola sem cometer um erro defensivo ou a
corrigir um erro prévio sem que o adversário consiga efectuar o remate.
4.7.9 Categoria 6 – Finalização do ataque adversário
Expõe as situações em que o adversário finalizou seu ataque, tendo sido
considerado os seguintes eventos:
� Falta de nove metros (F9) – Todas as faltas que a defesa realiza com a
finalidade de impedir o adversário sem que provoque um livre de sete metros;
� Falta técnica (FT) – Um jogador atacante realiza uma violação técnica no
momento do ataque. Foram incluídas nesta categoria a falta atacante, a
conduta anti-desportiva e as violações de regra;
� Jogo passivo (JP) – A equipa atacante é punida por manter a posse de bola
sem qualquer tentativa de atacar ou rematar à baliza, em um determinado
período decorrido;
� Roubo de bola (RB) – Acção de desarme do jogador adversário;
� Sem finalização (SFN) – Ocorre quando a equipa observada recupera a posse
de bola sem que o adversário realize um remate. Este evento também é
considerado quando o adversário tem um passe interceptado que resulta em
recuperação da bola pelo guarda-redes ou ressalto ofensivo pela bola cruzar
totalmente a linha lateral ou de saída de baliza;
� Zona de remate – Zona do campo de jogo de onde ocorreu uma finalização da
equipa adversária. Está dividida em 4 áreas de finalização, (i) remate da zona
central de primeira linha ofensiva (RC), (ii) remate da zona dos extremos (RE),
(iii) remate da zona central de 6 metros (segunda linha ofensiva, área do pivot)
(RI) e (iv) remate da zona de 7 metros (R7), apresentadas como na Figura 1:
MATERIAL E MÉTODOS
75
RC – Zona central de primeira linha ofensiva; RE – Zona dos extremos; RI – Zona central de 6 metros; R7 – Zona de 7 metros;
Figura 1 – Zona de finalização
4.7.10 Categoria 7 – Acções de finalização da sequê ncia defensiva
Estas acções referem-se ao restabelecimento da posse de bola segundo
a definição de início e fim de uma sequência defensiva e foram estabelecidas
as seguintes acções para este estudo:
� Falha de Finalização ofensiva (FO) – Todo remate falhado pela equipa
adversária sem interferência do guarda-redes de Espanha;
� Defesa do guarda-redes (GR) – Após um remate, o guarda-redes faz uma
defesa e garante a posse de bola em suas mãos, ou pela bola cruzar
completamente a linha de saída de baliza;
� Golo (GL) – Recuperação da posse de bola após golo do adversário em
finalizações a partir da circulação da bola ou em lançamento livre de sete
metros;
� Ressalto defensivo (RS) – Após uma finalização adversária ou a intercepção de
um passe pela linha lateral ou linha de saída de baliza, a posse de bola é
recuperada durante um ressalto, seja ele ofensivo ou defensivo.
MATERIAL E MÉTODOS
76
4.7.11 Categoria 8 – Zona de recuperação da posse de bola
Designa a área do terreno de jogo onde ocorreu a recuperação da posse
de bola, e está dividida em cinco zonas numeradas de acordo com a figura 2:
Z1 – Zona de área de baliza; Z2 – Zona dos extremos; Z3 – Zona central de 6 metros; Z4 – Zona acima dos 9 metros; Z5 – Zona após golo sofrido;
Figura 2 – Zona de recuperação da posse de bola
Foi considerada nesta categoria a possibilidade de não haver
recuperação da posse de bola (Sem recuperação da posse de bola – SRC) que
significa que a sequência terminou em ressalto ofensivo ou em falta de nove
metros.
Após a definição dos indicadores do estudo será apresentado um ponto
sobre a análise de dados.
4.8 Análise dos dados
Os dados recolhidos nas dez sessões de observação foram registados
em papel, numa ficha de registo que se encontra nos anexos deste estudo e
foram transcritos para um ficheiro do software Excel. Após esta fase os dados,
foram reordenados em uma melhor ordem temporal de acontecimentos, para
uma análise mais eficaz e transcritos para um documento tipo software Word.
Estes dados por sua vez foram copiados para o ficheiro do SDIS-GSEQ
para Windows (versão 4.1.2) dando origem a um ficheiro SDS (Sequencial
MATERIAL E MÉTODOS
77
Data Standard) foi realizada a verificação do arquivo, utilizando as instruções
“verificar sintaxis” e depois “compilar archivos SDS”.
Este novo ficheiro criado, de extensão MSD (Multievent Sequencial
Data), compreende todos os dados ordenados e codificados formando
sequências de eventos. Cada sequência pode conter um ou vários códigos que
representam os eventos observados.
A partir deste ficheiro foram realizada as análises descritiva e
sequencial, a respeitar os procedimentos estatísticos que serão descritos a
seguir.
4.9 Fiabilidade da observação e procedimentos estat ísticos
Nos tópicos anteriores foram delineadas estratégias para uma melhor
recolha e registo dos dados, mas para um estudo deste pretexto é importante
que se assegure a estabilidade das observações e, portanto é necessário que
exista fiabilidade na recolha dos dados.
A avaliação da qualidade dos dados foi realizada, neste estudo, através
do grau de concordância intra-observador onde o mesmo investigador realizou
a observação e o registo da segunda sessão de observação um mês após a
primeira.
Esta concordância é aferida por intermédio do índice de fiabilidade
Kappa, para tal é necessário que se faça um registo ou se utilize uma parte do
registo do estudo. No presente estudo foram utilizadas 91 sequências
defensivas (relativas ao jogo 10 – final do campeonato), e aproveitou-se o
software SDIS-GSEQ (Bakerman e Quera, 1996) com sua função “Calcular
Kappa”.
Para haver fiabilidade entre as observações é fundamental que em
todos os critérios se alcance um valor de Kappa superior a 0,75 (Bakerman e
Gottman, 1989) e quanto mais perto do valor “um” maior o grau de fiabilidade
dos dados.
MATERIAL E MÉTODOS
78
No presente estudo a fiabilidade foi testada a partir dos dados referentes
ao jogo de número 10 (final do campeonato), por este jogo apresentar 91
sequências defensivas, que representam 10% da amostra total. O índice de
Kappa de Cohen obtido foi de 0,98, representando uma concordância intra-
observador de 98,4%.
Para a análise descritiva e foram utilizados a frequência ou número de
vezes que se apresenta um evento, a frequência relativa das transições
observadas (número de vezes que o valor se verifica face ao total de
observações).
Para a Análise Sequencial foram utilizados os resíduos ajustados de
Haberman (verifica a possibilidade dos comportamentos acontecerem acima da
média ou do esperado) do software SDIS-GSEQ. Adoptando um critério
convencional, são significativos os valores superiores a 1.96, em número
absoluto, que indica que existe uma probabilidade estatística dos eventos se
sucederem e não somente ao acaso (Anguera Arguilaga, 1990).
4.10 Comunicação do seleccionador nacional da equip a da
Espanha
É de se referir a utilização da palestra ministrada pelo seleccionador
nacional de Espanha Juan Carlos Pastor Goméz (2006) como forma de um
importante material de utilização neste estudo.
Esta palestra apresenta-se em anexo neste trabalho e contribuiu para a
revisão da literatura onde foi estabelecido o ponto “O processo defensivo da
Selecção Nacional de Espanha” relativo aos dados fornecidos pelo treinador
nesta palestra.
Além do contributo para a revisão da literatura é necessário referir a
utilização do conteúdo desta palestra para a discussão dos resultados uma vez
que a equipa foi dirigida pelo Professor Juan Carlos Pastor Goméz durante a
competição relativa a observação.
MATERIAL E MÉTODOS
79
4.11 Limitações do estudo
O presente estudo apresentou como sua primeira limitação, a captação
de imagens, que para uma melhor análise dos dados, deveria ser realizada
com câmaras colocadas especificamente para o estudo.
Em função desta limitação, os dados foram recolhidos a partir de jogos
transmitidos pelas emissoras de televisão, existindo alguns momentos que não
foram registados na filmagem.
Estes momentos são perdidos em função da repetição de alguma jogada
espectacular, polémica ou da simples reacção do público, sendo impossível a
verificação das sequências defensivas ou de parte destas.
Por esse facto, explica-se que a análise descritiva não está
completamente de acordo com a análise realizada pelo órgão oficial, gestor da
competição em questão.
Após a realização do presente estudo foram consideradas algumas
reflexões gerais, bem como, propostas algumas ideias para futuros trabalhos
que permitam uma compreensão táctica do Andebol a partir da Metodologia
Observacional com recurso à Análise Sequencial.
Estas reflexões e ideias serão apresentadas no Capítulo “Conclusões”
no ponto “Propostas para futuros estudos”.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
83
5 Apresentação e discussão dos resultados
Ao longo deste Capítulo serão apresentados e discutidos os resultados
obtidos a partir da análise descritiva e da análise sequencial realizadas para o
presente estudo.
5.1 Análise Descritiva
A análise descritiva foi realizada de acordo com três procedimentos:
� Em função de todos os dados de forma geral, para ter um quadro total da
ocorrência dos eventos nos jogos sem diferenciação entre as variáveis;
� Relacionando os dados em função da variável Relação Numérica Absoluta
(Igualdade, Superioridade e Inferioridade), para comparar a ocorrência dos
eventos nestas situações;
� A partir da variável Resultado Parcial (Parcial Equilibrado, Parcial Normal e
Parcial Desequilibrado) para verificar diferenças na frequência relativa da
ocorrência dos comportamentos nas diferentes condições de resultado
parcial.
A seguir serão apresentados estes resultados relativos aos
comportamentos separados por categoria de registo.
5.1.1 Análise Descritiva Geral
Para obter um quadro geral da frequência relativa de ocorrência dos
comportamentos observados, acumulou-se estes eventos de forma total, isto é,
sem diferenciar por variável. A seguir serão apresentados os resultados
separados pelas categorias de registo.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
84
0,88%
8,68%12,42%
4,73%
38,13%
1,43%
25,38%
8,35%
0%
10%
20%
30%
40%
ATI DGR FAE FFO GLA INA L9m RSO
5.1.1.1 Categoria Início da sequência defensiva
Apresentam-se os eventos relacionados com as acções que levam a
equipa observada à iniciar seu processo defensivo. Estes eventos e valores de
frequência relativa podem ser observados na Figura 3.
ATI – Ataque inicial; DGR – Defesa do guarda-redes; FAE – Falha técnica; FFO – Falha de finalização ofensiva; GLA – Golo marcado; INA – Intervenção do adversário; L9m – Livre de 9 metros; RSO – Ressalto ofensivo
Figura 3 – Formas de início da sequência defensiva
Os resultados obtidos vão de encontro aos do estudo de Prudente
(2000) que verificou como principais acções de início do processo ofensivo o
golo sofrido, a falta sofrida e a falha técnica do adversário. Os dados que não
aparecem na mesma ordem nesta relação, entre os estudos, são a defesa do
guarda-redes e o ressalto.
Verificou-se que o somatório da frequência em que ocorrem os eventos
relacionados aos erros do ataque da equipa observada (DGR; FAE; FFO; INA e
RSO ∑= 35,61%) é menor do que a frequência em que a sequência defensiva
é iniciada após golo da equipa da Espanha (GLA=38,13%).
Outro dado significativo é que o segundo maior valor entre as
ocorrências observadas é da sequência iniciar em livre de nove metros, que é
um evento directamente ligado à defesa de Espanha.
Neste sentido é possível afirmar que o facto da equipa espanhola marcar
mais golos do que perder a posse de bola como forma de início da sequência
defensiva pode dar mais segurança para a defesa. Pode-se confirmar, uma vez
que segundo Prudente et al. (2005) 52,8% dos contra-ataques acontecem após
a recuperação da posse de bola pelos jogadores de campo, ou seja, que estão
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
85
6,15% 6,70%0,88%
86,26%
0%
20%
40%
60%
80%
AO AR CA CG
associados aos erros do ataque adversário e acções de intervenção da equipa
defensora.
É possível ressaltar que a defesa da equipa espanhola colabora com
25,38% das formas de início da sequência defensiva, uma vez que estas se
iniciam em livre de 9 metros, ou seja, após uma acção eficaz da defesa de
Espanha.
5.1.1.2 Categoria Fase do ataque adversário
Indica qual fase do processo ofensivo que o adversário utiliza durante a
sequência defensiva da equipa observada. Na Figura 4 pode-se observar os
valores de frequência relativa para os eventos registados.
AO – Ataque posicional; AR – Ataque rápido; CA – Contra-ataque; CG – Contra-golo
Figura 4 – Fases do ataque adversário
Os valores obtidos mostram uma maior utilização da fase ofensiva de
ataque posicional nas sequências defensivas observadas. Estes valores
demonstram uma orientação do jogo que também foi verificada por Barbosa
(1999), Ferreira, N. (2006) e Mortágua (1999), em que o ataque posicional é a
fase do ataque que mais contribuiu com o desenvolvimento do processo
ofensivo.
Por este motivo Silva (2000a) afirma que a eficácia ofensiva na fase de
ataque posicional como é fundamental para separar as equipas em vitoriosas
ou derrotadas.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
86
A maior ocorrência da fase de ataque organizado em relação às fases
de ataque rápido, contra-ataque e contra-golo está relacionada com a estrutura
táctica das equipas adversárias, mas também pode indicar um bom retorno
defensivo da equipa observada como afirma, o seleccionador nacional de
Espanha na competição observada, Pastor Gómez (2006) que tem o retorno
defensivo como princípio de trabalho defensivo e é considerado como ponto
chave para execução em seus treinos e competições.
5.1.1.3 Categoria Sistema Defensivo
Verificou-se a utilização de variados sistemas defensivos. Pode verificar
a aplicação destes sistemas na Figura 5.
DS3 – Sistema defensivo 3:2:1; DS5 – Sistema defensivo 5:1; DS6 – Sistema defensivo 6:0; DSI – Sistema defensivo em inferioridade; DSM – Sistema defensivo misto; DZT – Defesa em zona temporária; RDP – Defesa em recuperação defensivas
Figura 5 – Sistemas defensivos
Pela análise da Figura 5, constata-se que o sistema de maior utilização é
o sistema defensivo 6:0, sendo no entanto de realçar que a equipa da Espanha
utiliza mais de 6 sistemas defensivos distintos durante a competição (exemplo:
3:2:1, 5:1, 6:0, 5:0, 4:0, 5+1 e 4+2).
Souza (2000) procurou realizar a modelação do processo defensivo no
Andebol de alto rendimento e encontrou como principais sistemas defensivos
utilizados o sistema 5:1, 6:0, 3:3, 5:0 (DSI), 5+1 (DSM).
Os resultados sobre a utilização dos sistemas defensivos vão de
encontro ao que afirma o treinador da equipa observada, que relata os
0,66%4,07%
8,68%14,51%
5,05% 7,14%
59,89%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
DS3 DS5 DS6 DSI DSM DZT RDP
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
87
6,15% 5,05%9,12%
13,41%
0,22%
10,33%
41,21%
14,51%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
DRD EAJ EBL ECD EDZ ETM SED ESA
sistemas defensivos usuais em seus treinos e competições, para situações de
igualdade, inferioridade e superioridade numérica absoluta (Pastor Gómez,
2006).
5.1.1.4 Categoria Erro defensivo
A distribuição dos erros cometidos pela equipa observada em seu
processo defensivo pode ser observada na Figura 6.
DRD – Deficiente recuperação defensiva; EAJ – Erro de ajuda; EBL – Erro de bloco; ECD – Erro de controlo defensivo; EDZ – Erro de deslizamento; ETM – Erro de troca de marcação; SED – Sem erro defensivo ESA – Erro de saída ao portador da bola;
Figura 6 – Erros defensivos
Em seu estudo Souza (2000) encontrou o erro de controlo defensivo
como o erro mais cometido pelas equipas de Andebol de alto rendimento. Este
mesmo evento também foi referido no presente estudo como um dos principais
erros da equipa da Espanha, o que pode indicar a importância dos momentos
de individualização na defesa (“1X1”). Para o autor os erros mais efectuados
são a deficiente recuperação defensiva, o erro de deslizamento, a realização
de sete metros, o erro de troca de marcação e o erro do bloco.
As diferenças encontradas entre o presente trabalho e o estudo de
Souza (2000), podem residir na diferenciação de categorias e eventos
registados bem como na amostra utilizada.
O dado relevante a destacar é que aproximadamente 375 sequências
defensivas (41,21% do total) terminam sem erro defensivo, portanto com a
defesa a controlar o ataque adversário (falta de nove metros) ou a recuperação
da posse de bola pela equipa da Espanha.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
88
12,53%
24,62%
6,26%
22,20%
0,77%
3,74%
0,22%
4,51%
25,16%
0%
10%
20%
30%
F9 FT JP R7 RB RC RE RI SFN
Uma vez que os erros defensivos não estão associados directamente ao
golo sofrido, pode entender-se que o referido valor representa uma vantagem
para a equipa observada em seu processo defensivo.
5.1.1.5 Categoria Finalização do ataque adversário
A Figura 7 expõe os valores de frequência relativa para os eventos
observados relacionados às acções de finalização do ataque adversário.
F9 – Falta para Lançamento livre de 9 metros; FT – Falha técnica; JP – Jogo passivo; R7 – Remate de 7 metros RB – Roubo de bola; RC – Remate da zona central de primeira linha ofensiva; RE – Remate da zona dos extremos; RI – Remate da zona central de 6 metros; SFN – Sem finalização ofensiva
Figura 7 – Finalizações do ataque adversário
Os dados podem demonstrar uma orientação no jogo de Andebol, que
parece que as equipas direccionam seus ataques à zona central do terreno (RI
e RC) para a finalização com remate. Esta predisposição do ataque também foi
verificada por Czerwinski (1994) e Mortágua (1999) que encontraram dados
relevantes que indicam esta mesma orientação do jogo ofensivo.
Pode-se citar outros resultados, como os obtidos no estudo de Mortágua
(1999) que verificou os eventos: Falta de livre de 9 metros e Falha técnica
ofensiva, entre os de maior valor na relação com o término do processo
ofensivo das equipas observadas. Estes mesmos eventos aparecem como os
mais frequentes no fim do processo ofensivo adversário.
Um valor que contraria o encontrado por Mortágua (1999) é que a zona
central de segunda linha ofensiva é a mais procurada e utilizada pelas equipas
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
89
9,35%
16,98%
50,76%
22,90%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
FO DG GO RS
no Andebol de elevado nível e no presente estudo foi encontrada uma maior
utilização da primeira linha ofensiva (RC= 24,62% E RI= 22,20%).
Esta maior utilização pode-se explicar pelo facto da equipa da Espanha
utilizar, em grande maioria, o sistema defensivo 6:0 que, provavelmente, vem a
oferecer uma maior oportunidade de finalizações da primeira linha ofensiva.
5.1.1.6 Categoria Acções de finalização da sequênci a defensiva
Esta categoria apresenta os eventos que contribuíram para a finalização
da sequência defensiva. Na Figura 8 observa-se os valores de frequência
relativa da ocorrência destes comportamentos no processo defensivo da
equipa espanhola.
FO – Falha de finalização ofensiva; DG – Defesa do guarda-redes; GO – Golo sofrido RS – Ressalto;
Figura 8 – Acções de finalização da sequência defensiva
Em seu estudo Mortágua (1999) afirma que as equipas tendem a não
conseguir superiorizar suas defesas aos ataques adversários, facto que vem a
ser contrariado pela equipa observada, neste estudo.
Observa-se que mais de metade das sequências acabam em golo do
adversário, o que pode significar que a equipa tem seu processo defensivo
subjugado ao processo ofensivo adversário, mas, por uma questão de
definição, esta categoria de eventos contem algumas lacunas.
Estas lacunas são referentes a sequências que terminam em falta de 9
metros, falha técnica do adversário e jogo passivo e por este motivo não
apresentam evento registado na categoria “Acções de finalização da sequência
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
90
16,37%
4,51%
13,19%
5,27%
29,23%31,43%
0%
10%
20%
30%
Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 SRC
defensiva”, encerrando a sequência defensiva na categoria anterior. Sendo
assim, a categoria aqui apresentada não contempla todas as sequencias
observadas.
Os eventos “Falha técnica” e “Jogo passivo” representam mais de 12%
do total de sequências e indicam recuperação da posse de bola da equipa da
Espanha, o que indica que os valores desta categoria realmente não dizem
respeito ao total das sequências observadas.
O facto dos eventos, defesa do guarda-redes e ressalto, estarem entre
os mais importantes na finalização da sequência defensiva vão de encontro
aos resultados obtidos no estudo de Mortágua (1999), que verificou os mesmos
eventos entre os de maior relação com a recuperação da posse de bola e que
neste estudo também resultam no fim de uma sequência defensiva.
5.1.1.7 Categoria Zona de Recuperação
Na Figura 9 observa-se a zona onde a equipa espanhola recupera a
posse de bola.
Z1 – Zona da área de baliza; Z2 – zona dos extremos; Z3 – Zona central de 6 metros; Z4 – Zona acima dos 9 metros; Z5 – Zona após golo sofrido; SRC – Sem recuperação da posse de bola
Figura 9 – Zonas de Recuperação
Observa-se que o somatório das frequências relativas às zonas de
recuperações da posse de bola pela equipa observada (∑=39,34%) é maior do
que a percentagem de zona de recuperação após golo sofrido (Z5=29,23%)
com isso pode-se concluir que a equipa apresenta uma defesa eficiente, uma
vez que recupera mais bolas do que sofre golos.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
91
Os valores encontrados reforçam o estudo de Souza (2000) que
procurou modelar o processo defensivo em equipas de alto rendimento e
encontrou a mesma ordem de importância para as diferentes zonas de
recuperação da posse de bola. O facto da área de baliza e da zona central
próximo aos 6 metros aparecerem entre os mais efectivos na recuperação da
bola podem indicar um bom desempenho do guarda-redes da equipa
observada.
O guarda-redes é um posto específico de importância vital para as
equipas, e esta importância é relatada e atestada por Antón Garcia (1994);
Klein (1999); Mortágua (1999); Oliveira (1996); Silva (1999, 2000a). Porém
Antón Garcia (1994) e Constantini (1995) recordam que esta prestação do
guarda-redes não pode ser dissociada da prestação da defesa em si, uma vez
que existem diversos meios de colaboração da defesa com o guarda-redes,
através do bloco, da pressão sobre os adversários, dos contactos e
desequilíbrios provocados pelos defensores.
A seguir serão apresentados os resultados obtidos pela análise
descritiva realizada em função das variáveis estabelecidas para este estudo.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
92
5.1.2 Análise descritiva em função das variáveis
Nesta fase do estudo foram realizadas análises descritivas em função
das variáveis (i) “relação numérica” e (ii) “Resultado parcial”.
A seguir serão apresentados os dados da frequência relativa de
ocorrência dos eventos observados, considerados significativos para este
estudo, separados pela variável e pelas categorias estabelecidas.
5.1.2.1 Variável Relação Numérica Absoluta
Para esta variável, foram consideradas as situações de Igualdade
numérica absoluta (IG) que representam 77% da situações registadas,
Superioridade numérica absoluta (SN) com 16% do total e Inferioridade
numérica absoluta (IN) a contar com 7% das situações totais.
Os dados serão apresentados separados por categorias de eventos
registados no presente estudo e em relação a todas as situações estabelecidas
nesta variável.
5.1.2.1.1 Categoria Início da sequência defensiva
A figura 10 expõe os valores obtidos a partir dos eventos relacionados
as formas de início da sequência defensiva para as situações de relação
numérica absoluta estabelecidas.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
93
a) IG
0,9%
9,2%12,2%
5,0%1,3%
25,0%
7,9%
38,6%
0%
10%
20%
30%
40%
ATI DGR FAE FFO GLA INA L9m RSO
b) SN
0,7%
9,7% 9,7%5,5%
1,4%
24,1%
9,7%
39,3%
0%
10%
20%
30%
40%
ATI DGR FAE FFO GLA INA L9m RSO
c) IN
1,5% 1,5%
21,2%
0,0%
30,3%
3,0%
31,8%
10,6%
0%
10%
20%
30%
40%
ATI DGR FAE FFO GLA INA L9m RSO
ATI – Ataque inicial; DGR – Defesa do guarda-redes; FAE – Falha técnica; FFO – Falha de finalização ofensiva; GLA – Golo marcado; INA – Intervenção do adversário; L9m – Livre de 9 metros; RSO – Ressalto ofensivo
Figura 10 – Formas de início da sequência defensiva – 10a) Igualdade numérica IG – 10b) Superioridade numérica SN – 10c) Inferioridade numérica IN
Estes dados vão de encontro aos encontrados por Vilaça (2001) que ao
estudar o processo ofensivo em desigualdade numérica, refere os eventos
Golo sofrido, falha técnica, defesa do guarda-redes, ressalto e falha de
finalização ofensiva sendo os de maior ocorrência como forma de início do
processo ofensivo em superioridade e inferioridade.
Destaca-se que em inferioridade numérica a equipa observada
apresenta um menor número de golos marcados e de defesas do guarda-
redes, assim como um maior número de falhas técnicas ofensivas e de faltas
cometidas na defesa a proporcionar o início da sequência em livre de 9 metros.
O aumento relativo das falhas, a diminuição da frequência dos golos
marcados e das defesas do guarda-redes podem ser explicados pela
dificuldade para organizar o jogo ofensivo e para finalizar este ataque, quando
se está em inferioridade.
A maior frequência relativa da sequência se iniciar em livre de 9 metros
pode ser explicado pelo facto da equipa tentar impedir a continuidade do
ataque adversário, como afirma o treinador da selecção observada Pastor
Goméz (2006). Neste sentido a equipa teria o objectivo de conseguir ganhar
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
94
a) IG
7,30% 7,15%1,14%
84,41%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
AO AR CA CG
b) SN
2,07% 2,76% 0,00%
95,17%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
AO AR CA CG
c) IN
3,03%10,61%
0,00%
86,36%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
AO AR CA CG
tempo com o reinício do jogo uma vez que a equipa está em inferioridade
numérica a espera poder completar seu quadro efectivo.
O número mais elevado de falhas no ataque em inferioridade numérica
também foi verificado por Barbosa (1999) que explica que em desigualdade
numérica a relação espacial entre defensor e atacante assume um papel
importante, favorecendo quem está com o maior efectivo numérico. O mesmo
autor afirma que a eficácia ofensiva absoluta é menor para as equipas em
inferioridade numérica.
5.1.2.1.2 Categoria Fase do ataque adversário
Na Figura 11 apresentam-se as diferenças encontradas na utilização da
das fases do processo ofensivo pelo adversário nas situações de relação
numérica absoluta.
AO – Ataque posicional; AR – Ataque rápido; CA – Contra-ataque; CG – Contra-golo
Figura 11– Fases do ataque adversário – 11a) Igualdade numérica IG – 11b) Superioridade numérica SN – 11c) Inferioridade numérica IN
Estes dados estão de acordo com a distribuição dos valores na análise
descritiva geral portanto nestas situações confirma-se o ataque posicional
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
95
como o comportamento que mais colabora para o desenvolvimento do
processo ofensivo (Barbosa, 1999; Ferreira, N., 2006; Mortágua, 1999).
Pode-se ressaltar os valores relativos da fase de ataque posicional em
superioridade, representando quase a totalidade dos eventos observados no
desenvolvimento do processo ofensivo no jogo.
O aumento do valor relativo do contra-ataque na fase de inferioridade
numérica absoluta, expressa o cuidado que com que a equipa deve preparar e
executar seu retorno defensivo nestas situações (Martínez e La Paz, citados
por Garcia Herrero, 2003c). Este facto consolida a importância do ataque
posicional que é destacada por Silva (2000a) ao afirmar que a efectividade do
processo ofensivo na fase posicional pode influenciar directamente no
resultado final do jogo.
5.1.2.1.3 Categoria Sistema defensivo
Na Figura 12 observam-se os sistemas defensivos na variável relação
numérica absoluta.
DS3 – Sistema defensivo 3:2:1; DS5 – Sistema defensivo 5:1; DS6 – Sistema defensivo 6:0; DSI – Sistema defensivo em inferioridade; DSM – Sistema defensivo misto; DZT – Defesa em zona temporária; RDP – Defesa em recuperação defensivas
Figura 12 – Sistemas defensivos – 12a) Igualdade numérica IG – 12b) Superioridade numérica SN – 12c) Inferioridade numérica IN
c) IN
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%9,1%
90,9%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
DS3 DS5 DS6 DSI DSM DZT RDP
b) SN
0,00%6,21%
27,59%
0,00%
60,00%
2,76%3,45%0%
20%
40%
60%
80%
100%
DS3 DS5 DS6 DSI DSM DZT RDP
a) IG
0,86%4,01%
72,10%
2,86%6,44%6,01%7,73%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
DS3 DS5 DS6 DSI DSM DZT RDP
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
96
Os dados obtidos nesta categoria vão de encontro às afirmações do
seleccionador nacional de Espanha, que relaciona os sistemas defensivos
treinados e executados pela equipa observada nas diferentes situações de
relação numérica absoluta.
Pastor Goméz (2006) afirma que em superioridade numérica a equipa
deve “subir um nível”, isto é, utilizar sistemas mais profundos para pressionar o
adversário em todo o terreno de jogo, e quando for necessário deve-se utilizar
os sistemas mistos para impedir algum jogador mais habilidoso de participar do
processo ofensivo adversário.
Esta ideia de marcar os jogadores mais habilidosos com os sistemas
defensivos mistos também foi observada por Barbosa (1999) para as situações
de superioridade numérica absoluta da defesa.
Nestas situações a fase de recuperação defensiva apresenta seus
valores relativos mais elevados. Isto vem confirmar os dados da categoria “fase
de ataque adversário” que indicam que nestas situações a equipa foi forçada a
utilizar mais a “recuperação defensiva” do que nas outras relações numéricas,
o que pode indicar uma, relativa, maior pressão do adversário sobre a equipa
da Espanha.
Este facto vem reforçar o cuidado que uma equipa deve ter com o treino
destas situações de retorno defensivo em inferioridade numérica absoluta. Esta
preocupação com o retorno defensivo foi referida por Garcia Herrero (2003c)
como determinante para o resultado final da partida.
5.1.2.1.4 Categoria Erro defensivo
Pode-se observar na Figura 13 os valores e a distribuição dos erros
cometidos pela equipa espanhola em seu processo defensivo.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
97
c) IN
4,5%
16,7%
9,1%12,1%
1,5%
12,1%
31,8%
12,1%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
DRD EAJ EBL ECD EDZ ETM SED ESA
b) SN
4,1% 2,1%
13,8% 12,4%
0,0%6,2%
48,3%
13,1%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
DRD EAJ EBL ECD EDZ ETM SED ESA
a) IG
6,7% 4,6%8,2%
13,7%
0,1%
11,0%
40,6%
15,0%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
DRD EAJ EBL ECD EDZ ETM SED ESA
DRD – Deficiente recuperação defensiva; EAJ – Erro de ajuda; EBL – Erro de bloco; ECD – Erro de controlo defensivo; EDZ – Erro de deslizamento; ETM – Erro de troca de marcação; SED – Sem erro defensivo; ESA – Erro de saída ao portador da bola
Figura 13 – Erros defensivos – 13a) Igualdade numérica IG – 13b) Superioridade numérica SN – 13c) Inferioridade numérica IN
Destacam-se os valores relativos ao aumento do erro de ajuda e
deslizamento em inferioridade numérica, que vem de encontro ao que Silva
(2000b) relata, as equipas em inferioridade numérica predispõem-se a defender
de forma mais agressiva, aumentando as entreajudas defensivas, procurando
anular a vantagem do ataque adversário.
Os valores relativos ao erro do bloco podem ser explicados pelo que
encontrou Aniz, Garcia Herrero, Arrelano, Barbado, Domínguez e Garcia Calvo
(2002) em seu estudo, que analisou do jogo de ataque em desigualdade
numérica e encontrou valores que demonstram que o processo ofensivo
procura, em superioridade numérica absoluta os remates de 6 metros e em
inferioridade as equipas procuram, ou são condicionadas a efectuar, os
remates de 9 metros.
A diminuição do valor relativo do erro de troca de marcação e da
deficiente recuperação defensiva em superioridade numérica absoluta da
defesa observada confirma a ideia da dificuldade de se atacar em inferioridade
numérica e que a relação dos espaços entre defensores e atacantes realmente
favorece a defesa, nestas situações.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
98
a) IG
11,4%
0,1%
24,9%
6,0%
22,6%
0,9%
4,0%3,9%
26,2%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
F9 FT JP R7 RB RC RE RI SFN
b) SN
14,5%
0,7% 2,1%
7,6%
24,8%
4,1%
19,3%
0,7%
26,2%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
F9 FT JP R7 RB RC RE RI SFN
c) IN
19,7% 21,2%
13,6%
24,2%
0,0%0,0%
4,5% 4,5%
12,1%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
F9 FT JP R7 RB RC RE RI SFN
O valor relativo das sequências que terminam sem erro defensivo, ou
seja, em recuperação directa para a equipa da Espanha nas situações de
superioridade numérica absoluta alcança quase metade das sequências nestas
situações, o que mostra uma superioridade da defesa sobre o ataque.
Como afirma Barbosa (1999) a desigualdade numérica absoluta
favorece a equipa que tem o maior efectivo no terreno de jogo, facto que pode
ser verificado neste estudo, para a defesa da Espanha em superioridade
numérica.
5.1.2.1.5 Categoria Finalização do ataque adversári o
Nesta categoria são descritos os comportamentos relacionados com a
zona de finalização do ataque adversário. Na Figura 14 observa-se a
frequência relativa da ocorrência destes eventos.
FT – Falha técnica; JP – Jogo passivo; R7 – Remate de 7 metros; RB – Roubo de bola; RC – Remate da zona central de primeira linha ofensiva; RE – Remate da zona dos extremos; RI – Remate da zona central de 6 metros; SFN – Sem finalização ofensiva
Figura 14 – Finalizações do ataque adversário – 14a) Igualdade numérica IG – 14b) Superioridade numérica SN – 14c) Inferioridade numérica IN
Em superioridade numérica absoluta pode-se destacar um maior valor
relativo de roubos de bolas e um menor valor relativo de finalizações na zona
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
99
central de 6 metros, na zona dos extremos e dos remates de 7 metros, assim
como um alto valor relativo de faltas de 9 metros, demonstrando uma
superioridade da defesa nestas situações.
Destaca-se que em inferioridade a equipa adversária apresenta um
maior número de finalizações da zona central da defesa próxima a área de
baliza (RI) o que pode indicar a procura do processo ofensivo por estas zonas
de finalização, ponto importante a se contabilizar nos treinos de inferioridade
numérica.
Os dados relativos às zonas de remate do adversário vão de encontro
aos dados que Aniz et al. (2002) encontrou em seu estudo do processo
ofensivo no Andebol de alto rendimento, onde as equipas em inferioridade
procuram, ou são condicionadas à procurar, mais o remate de 9 metros, pela
dificuldade de penetrar nos espaços reduzidos. Já em superioridade procuram
o remate próximo a área de 6 metros, uma vez que a própria continuidade do
jogo ofensivo pode levar a estes remates.
Esta maior concentração de finalizações na zona central da segunda
linha ofensiva é confirmada por Barbosa (1999) em seu estudo do processo
ofensivo que encontrou esta zona do terreno de jogo como a mais procurada
para as finalizações do ataque.
Em inferioridade numérica pode-se destacar ainda o baixo valor relativo
de faltas de 9 metros e o alto valor relativo de finalizações dos extremos, estes
comportamentos parecem contrariar as especificações do seleccionador
nacional de Espanha (Pastor Goméz, 2006) que afirma que nestas situações
deve-se procurar interromper, o máximo possível, a continuidade do ataque
adversário.
O alto valor relativo para as faltas de nove metros na superioridade
numérica absoluta podem reforçar os resultados obtidos por Barbosa (1999)
que ao estudar o processo ofensivo encontrou que as equipas em inferioridade
numéricas sofrem mais faltas relativamente às situações de superioridade
numérica ofensiva.
O aumento de falhas técnicas do adversário e do roubo de bola em
inferioridade numérica da equipa da Espanha reforça a ideia salientada por
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
100
a) I G
9,8%15,9%
52,5%
21,8%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
FO DG GO RS
b) SN
6,8%
24,3%
40,5%
28,4%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
FO DG GO RS
c) IN
9,5%14,3%
52,4%
23,8%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
FO DG GO RS
Cardoso (2003), Silva (2000a) e Vilaça (2001) que em situações de
superioridade numérica as equipas não aproveitam seus ataques da mesma
forma que em igualdade numérica absoluta.
Silva (2000a) explica que este facto deve-se a três factores, (i) em
superioridade as equipas optam, na maior parte, por um jogo de combinações
ofensivas fechadas, o que as torna mais previsíveis, (ii) as equipas tentam
marcar o golo de forma rápida o que, por vezes, pode acarretar em decisões
precipitadas e (iii) as equipas em inferioridade predispõem-se a defender de
forma mais “agressiva” e aumentam as entreajudas defensivas procurando
anular a vantagem numérica do ataque.
5.1.2.1.6 Categoria Acções de finalização da sequên cia defensiva
Esta categoria refere-se aos comportamentos relativos as finalizações
do ataque adversário. Na Figura 15 observam-se as frequências relativas dos
eventos registados.
FO – Falha de finalização ofensiva; DG – Defesa do guarda-redes; GO – Golo sofrido; RS – Ressalto
Figura 15 – Acções de finalização da sequência defensiva – 15a) Igualdade numérica IG – 15b) Superioridade numérica SN – 15c) Inferioridade numérica IN
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
101
a) IG
16,3%
4,6%
12,3%
4,9%
30,5% 31,5%
0%
10%
20%
30%
40%
Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 SRC
b) SN
16,6%
3,4%
15,2%
8,3%
20,7%
35,9%
0%
10%
20%
30%
40%
Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 SRC
4
c) IN
18,2%
6,1%
18,2%
3,0%
33,3%
21,2%
0%
10%
20%
30%
40%
Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 SRC
Vilaça (2001) ao estudar o processo ofensivo em desigualdade numérica
encontrou os eventos, golo marcado, defesa do guarda-redes, ressalto e falha
de finalização ofensiva como os principais eventos relacionados com o fim do
processo ofensivo em superioridade numérica absoluta. A ordem de
importância em inferioridade numérica só diferenciava, do presente trabalho,
para o ressalto e a falha de finalização ofensiva.
No presente trabalho para as situações de superioridade numérica
absoluta a equipa observada apresenta a menor frequência relativa de golos
sofridos e os maiores valores de defesa do guarda-redes e ressalto. Isto pode
reforçar a ideia de um bom aproveitamento da Defesa nestas situações, e a
dificuldade das equipas de jogar em inferioridade numérica absoluta (Barbosa,
1999; Cuesta, 1987; Vilaça, 2001).
5.1.2.1.7 Categoria Zona de Recuperação
A Figura 16 apresenta as frequências relativas das zonas de
recuperação da posse de bola.
Z1 – Zona da área de baliza; Z2 – Zona dos jogadores extremos; Z3 – Zona central de 6 metros; Z4 – Zona central acima dos 9 metros; Z5 – Zona após golo sofrido; SRC – Sem recuperação da posse de bola
Figura 16 – Zonas de Recuperação – 16a) Igualdade numérica IG – 16b) Superioridade numérica SN – 16c) Inferioridade numérica IN
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
102
Os dados encontrados para as situações de desigualdade numérica vão
de encontro ao encontrado por Vilaça (2001) que apesar da diferente
nomenclatura e diferentes resultados relativos, encontrou as zonas de
recuperação da posse de bola na mesma ordem de importância para as
diferentes relações numéricas absolutas.
Pode-se destaca-se o aumento do somatório da frequência relativa da
recuperação de posse de bola nas zonas directamente ligada a equipa
observada (Z1 à Z4) que é de 36,4% em igualdade numérica, 40,7% em
superioridade (como se pode esperar) e 44% em inferioridade numérica da
equipa da Espanha, que consolida o facto de que os adversários não
aproveitam seus momentos de superioridade no ataque (Cardoso, 2003; Silva,
2000a; Vilaça, 2001).
Considerando que a frequência relativa da recuperação da posse de
bola após golo sofrido também alcance seu valor mais alto (33,3%) em
situações de inferioridade numérica absoluta, este valor ainda é abaixo que o
somatório das recuperações nas zonas relativas ao guarda-redes e aos
jogadores de campo, que também que alcançam seus valores mais altos
nestas mesmas situações (excepto a zona Z4).
A seguir serão apresentados os dados obtidos a partir da análise
descritiva relacionada com a variável resultado parcial.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
103
c) PD
0,00%
7,14% 8,04%1,79%
46,43%
4,46%
23,21%
8,93%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
ATI DGR FAE FFO GLA INA L9m RSO
a) PE
1,17%
10,56%11,03%4,93%
35,45%
0,94%
27,23%
8,69%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
ATI DGR FAE FFO GLA INA L9m RSO
b) PN
0,81%6,99%
15,32%
5,38%
38,71%
1,08%
23,92%
7,80%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
ATI DGR FAE FFO GLA INA L9m RSO
5.1.2.2 Variável Resultado Parcial
Esta variável apresenta as situações de Parciais Equilibrados, Parciais
Normais e Parciais Desequilibrados, como referido no Capítulo Material e
Métodos. Os dados serão apresentados separados por categorias em relação
as situações estabelecidas nesta variável.
5.1.2.2.1 Categoria Início da sequência defensiva
Na Figura 17 observa-se o comportamento da ocorrência dos eventos
registados nesta categoria, nos diferentes momentos parciais estabelecidos.
ATI – Ataque inicial; DGR – Defesa do guarda-redes; FAE – Falha técnica; FFO – Falha de finalização ofensiva; GLA – Golo marcado; INA – Intervenção do adversário; L9m – Livre de 9 metros; RSO – Ressalto ofensivo
Figura 17– Formas de início da sequência defensiva – 17a) Parcial equilibrado PE – 17b) Parcial normal PN – 17c) Parcial desequilibrado PD
Os momentos de parcial desequilibrado mostram os maiores valores
relativos dos golos marcados, dos ressaltos ofensivos e os menores valores de
falhas técnicas e de finalizações do ataque de Espanha. Estes valores
reforçam a ideia de que as equipas tem maior facilidade de marcar golos em
parciais desequilibrados (Vilaça, 2001).
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
104
Nestas situações de parcial desequilibrado, este dados podem significar
o resultado está a favorecer a equipa observada e pode-se confirmar com o
somatório relativo das formas de início da sequência relativas a recuperação da
posse de bola pelo adversário (DGR; FAE; FFO; INA; RSO - ∑=30,36%) em
relação aos golos marcados pela equipa observada (GLA=46,43%) nestes
momentos parciais do jogo.
Em momentos de resultado parcial normal a equipa apresenta um maior
valor relativo de falhas ofensivas (FAE; FFO) como fonte de início da sequência
defensiva, o que pode significar uma maior dificuldade do ataque da equipa
observada nestes momentos de parciais normais. Em contrapartida
apresentam-se os menores valores na recuperação da posse de bola pelo
guarda-redes e a partir do ressalto, que podem indicar um melhor
aproveitamento relativo das finalizações.
Nas situações de parcial normal, o somatório dos valores ligados a
recuperação da posse de bola pelo adversário (37,38%) é menor do que o
valor dos golos marcados (38,31%), mas com um maior equilíbrio que nos
momentos de parcial desequilibrado.
Silva (2000a) estabelece que um factor determinante no resultado final é
a eficácia de remate de primeira e segunda linha em parciais normais e, já que
a equipa observada apresenta uma eficácia relativa do processo ofensivo
nestes momentos do jogo, pode-se entender que este dado reforça a boa
actuação da equipa na competição.
Nos momentos de parcial equilibrado a equipa observada apresenta o
maior valor de frequência relativa para o evento “Livre de 9 metros”, o que pode
significar uma maior preocupação da defesa da equipa observada em
interromper a continuidade do processo ofensivo adversário nestes momentos
do jogo.
Vilaça (2001) encontrou em seu estudo do processo ofensivo que em
momentos de parciais equilibrados as equipas tem maior dificuldade de marcar
golos, facto este que parece acontecer com a equipa observada neste estudo.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
105
a) PE86,38%
5,16% 7,28%1,17%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
AO AR CA CG
b) PN84,68%
8,06% 6,45%0,81%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
AO AR CA CG
c) PD91,07%
3,57% 5,36%0,00%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
AO AR CA CG
5.1.2.2.2 Categoria Fases do ataque
Na Figura 18 pode-se observar o resultado obtido para os eventos
registados quanto as fases de ataque.
AO – Ataque posicional; AR – Ataque rápido; CA – Contra-ataque; CG – Contra-golo
Figura 18 – fases do ataque adversário – 18a) Parcial equilibrado PE – 18b) Parcial normal PN – 18c) Parcial desequilibrado PD
Pode-se ressaltar a grande utilização do ataque posicional em todas as
situações estabelecidas, que consolida os resultados obtidos na análise
descritiva geral e nos estudos anteriormente citados (Barbosa, 1999; Ferreira,
N., 2006; Mortágua, 1999).
As diferenças entre os parciais estabelecidos ficam para a maior
utilização relativa do contra-ataque e contra-golo no parcial equilibrado, que
parece apontar que a equipa observada sofre maior pressão no seu retorno
defensivo nestes momentos parciais. Estes valores reforçam a ideia da
importância do retorno defensivo para combater estas situações de contra-
ataque e contra-golo no jogo (Martínez e La Paz, citados por Garcia Herrero,
2003c).
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
106
A maior utilização do ataque rápido em momentos de parcial normal
indica uma pressão do adversário, mas relativamente menor do que nos
parciais equilibrados.
A menor utilização do ataque rápido, contra-ataque e contra-golo nos
momentos de resultado parcial desequilibrado, que parece demonstrar um
retorno defensivo, relativamente mais eficaz da equipa observada nestes
momentos do jogo.
Estes valores nos momentos parciais desequilibrados confirmam a ideia
estabelecida por Vilaça (2001) de que as equipas favorecidas por estes
parciais desequilibrados têm mais facilidade na construção do processo
ofensivo.
5.1.2.2.3 Categoria Sistemas defensivos
Na partir da Figura 19 é possível observar os valores registados para a
utilização dos sistemas defensivos.
DS3 – Sistema defensivo 3:2:1; DS5 – Sistema defensivo 5:1; DS6 – Sistema defensivo 6:0; DSI – Sistema defensivo em inferioridade; DSM – Sistema defensivo misto; DZT – Defesa em zona temporária; RDP – Defesa em recuperação defensivas
Figura 19 – Sistemas defensivos – 19a) Parcial equilibrado PE – 19b) Parcial normal PN – 19c) Parcial desequilibrado PD
c) PD
0,00%0,89%
63,39%
5,36%
21,43%
3,57%5,36%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
DS3 DS5 DS6 DSI DSM DZT RDP
a) PE
1,41%5,63%
55,87%
6,34%
17,84%
4,69%8,22%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
DS3 DS5 DS6 DSI DSM DZT RDP
b) PN
0,00% 3,23%
63,17%
12,63%8,60% 5,91%6,45%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
DS3 DS5 DS6 DSI DSM DZT RDP
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
107
Verifica-se que a equipa da Espanha apresenta uma maior frequência de
utilização dos sistemas defensivos de desigualdade e de defesa em zona
temporária, nos momentos de resultado parcial normal.
Estes sistemas defensivos em inferioridade estão ligados a uma situação
de inferioridade numérica absoluta da equipa observada e assumem seu maior
valor nos parciais normais, o que pode indicar que a equipa sofre mais
exclusões nestes momentos do jogo.
O sistema defensivo 6:0 é o mais utilizado pela equipa espanhola em
todos os momentos estabelecidos, mas em momentos de parcial
desequilibrado e normal esta utilização passa dos 63%.
Nos momentos de parciais equilibrados verifica-se uma utilização mais
variada dos sistemas defensivos. Apresenta também o menos valor de
utilização do sistema 6:0 e a utilização do sistema 3:2:1 só aparece nestes
momentos parciais do jogo.
Pode-se entender que nestes momentos a equipa parece preocupar-se
com esta utilização variada de sistemas defensivos, bem como com exercer
pressão sobre o adversário já que alguns sistemas mais profundos como os
sistemas 3:2:1, 5:1 e sistemas mistos (DSM) apresentam valores relativos mais
elevados nestes momentos.
O que pode indicar que a equipa está a procura de pressionar o
adversário nestes momentos do jogo como enfatiza o treinador da equipa da
Espanha, Juan Carlos Pastor Goméz.
5.1.2.2.4 Categoria Erro defensivo
A Figura 20 apresenta os valores de frequência relativa dos eventos
relacionados aos erros cometidos no processo defensivo.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
108
c) PD
9,82%
50,89%
8,93%10,71%
0,00%
12,50%5,4 9%
4,46%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
DRD EAJ EBL ECD EDZ ETM SED ESA
b) PN
16,94%12,90%
40,32%
4,4 9%
0,27%
9,68%6,72%
4,4 9%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
DRD EAJ EBL ECD EDZ ETM SED ESA
a) PE
11,27%
0,23%
39,44%
17,37%12,21%
4,23% 7,75%
7,51%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
DRD EAJ EBL ECD EDZ ETM SED ESA
DRD – Deficiente recuperação defensiva; EAJ – Erro de ajuda; EBL – Erro de bloco; ECD – Erro de controlo defensivo; EDZ – Erro de deslizamento; ETM – Erro de troca de marcação; SED – Sem erro defensivo ESA – Erro de saída ao portador da bola;
Figura 20 – Erros defensivos – 20a) Parcial equilibrado PE – 20b) Parcial normal PN – 20c) Parcial desequilibrado PD
Pode-se ressaltar o grande valor relativo da ocorrência de sequências
defensivas sem erro defensivo para os momentos de parcial desequilibrado,
este evento verifica-se em mais da metade das sequências observadas nestas
situações. Outro resultado a destacar é que o erro de controlo defensivo
assume seu menor valor e o erro do bloco seu maior valor relativo. O valor
elevado de erro de troca de marcação vem corroborar com a suposição de que
nestas situações a equipa actua de forma mais colectiva e menos
individualizada em sua defesa.
Nos momentos de parciais normais o erro de controlo defensivo
apresenta o maior valor e o erro de troca de marcação apresentam seu menor
valor. Isto pode indicar uma maior individualização das responsabilidades
defensivas nestes momentos do jogo, ou uma forma de jogo mais
individualizada pelo ataque adversário.
Para o parcial equilibrado observa-se uma maior frequência relativa dos
erros “Saída ao portador da bola” e “Deficiente recuperação defensiva”, o que
pode indicar uma maior utilização do remate à distância e uma maior pressão
do adversário sobre a equipa espanhola. Pode-se ressaltar ainda o maior valor
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
109
c) PD
16,07%
0,00%1,79%
10,71%
25,89%
7,14%
12,50%
2,68%
23,21%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
F9 FT JP R7 RB RC RE RI SFN
b) PN
13,98%
0,27%4,03%3,49%
23,92%
7,80%
21,77%
1,08%
23,66%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
F9 FT JP R7 RB RC RE RI SFN
a) PE
10,33%
0,23%3,99%3,76%
24,88%
4,69%
25,12%
0,00%
27,00%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
F9 FT JP R7 RB RC RE RI SFN
do erro de troca de marcação nos momentos de parcial equilibrado, mostrando
uma maior importância da táctica de grupo nestes momentos do jogo.
5.1.2.2.5 Categoria Finalização do ataque adversári o
Na figura 21 observam-se os valores de frequência relativa para os
eventos relacionados com a finalização do ataque adversário.
F9 – Falta para Lançamento livre de 9 metros; FT – Falha técnica; JP – Jogo passivo; R7 – Remate de 7 metros RB – Roubo de bola; RC – Remate da zona central de primeira linha ofensiva; RE – Remate da zona dos extremos; RI – Remate da zona central de 6 metros; SFN – Sem finalização ofensiva
Figura 21– Finalizações do ataque adversário – 21a) Parcial equilibrado PE – 21b) Parcial normal PN – 21c) Parcial desequilibrado PD
Nos momentos de parciais desequilibrados a equipa pode estar mais
preocupada com a zona central próximo a área de baliza uma vez que
apresenta o menor valor para a frequência relativa de finalizações nesta zona
do terreno de jogo.
Em contrapartida nestes momentos o adversário apresenta o maior valor
para as finalizações de primeira linha ofensiva, que se ajusta a ideia da equipa
da Espanha utilizar mais o sistema defensivo 6:0 nestas situações. Isto pode
proporcionar mais oportunidades para os remates de média e longa distância,
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
110
bem como pode indicar uma tentativa de colaboração defesa/guarda-redes a
partir do bloco defensivo.
Em momentos de parcial desequilibrado pode-se verificar uma
superioridade da defesa da Espanha uma vez que apresentam o maior valor de
falhas técnicas do adversário e de roubo de bola nestas situações.
Os remates de primeira linha ofensiva apresentam seu menor valor nos
momentos de parcial normal, o que pode indicar um maior controlo destas
finalizações nestes momentos do jogo. Em contrapartida o remate dos
extremos mostra seu mais elevado valor nestas situações, o que pode
demonstrar uma falha da defesa em interromper a continuidade do ataque
adversário.
Uma vez que Silva (2000a) destaca a eficácia de remates de primeira
linha em parciais normais como factor determinante para o resultado do jogo,
pode-se entender que, ao diminuir ocorrência relativa destas finalizações a
equipa da Espanha poderia influenciar o resultado do jogo a seu favor.
É possível destacar que nos momentos de parciais equilibrados a equipa
mostra uma menor frequência relativa para finalização dos jogadores extremos,
mas uma maior frequência das finalizações de 6 metros da zona central
defensiva.
Isto pode demonstrar que as finalizações terminam na zona central
defensiva e por isto os adversários utilizam menos os jogadores extremos, mas
ao mesmo tempo existe uma fragilidade dos centrais defensivos nestas
situações registadas.
Nestes parciais equilibrados apresenta-se o maior valor para a
realização da falta de 9 metros que indica uma probabilidade da equipa
procurar interromper a continuidade do ataque com faltas, que pode
demonstrar o equilíbrio do jogo nestes momentos.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
111
c) PD
41,07%
23,21%
8,93%
26,79%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
FO DG GO RS
b) PN50,00%
27,06%
9,63%13,30%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
FO DG GO RS
a) PE
18,00% 19,20%
53,60%
9,20%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
FO DG GO RS
5.1.2.2.6 Categoria Acções de finalização da sequên cia defensiva
Esta categoria apresenta os eventos relacionados com as acções que
finalizam uma sequência defensiva. Na Figura 22 observam-se os valores de
frequência relativa da ocorrência destes eventos.
FO – Falha de finalização ofensiva; DG – Defesa do guarda-redes; GO – Golo sofrido RS – Ressalto;
Figura 22 – Acções de finalização da sequência defensiva – 22a) Parcial equilibrado PE – 22b) Parcial normal PN – 22c) Parcial desequilibrado PD
Os valores obtidos no parcial desequilibrado podem indicar uma maior
eficácia do guarda-redes e da defesa, já que a frequência da defesa do guarda-
redes apresenta-se mais elevada nestes momentos, assim como os golos
sofridos apresentam seu menor valor relativo.
Para o parcial normal verificam-se os menores valores de defesa do
guarda-redes, o que pode indicar uma menor efectividade da defesa sobre o
ataque adversário nestes momentos do jogo, mesmo que estes momentos não
apresentem o maior valor relativo para os golos sofridos.
Nos parciais equilibrados é possível destacar o elevado valor para o golo
sofrido, que passa dos 53%, mostrando dificuldades para a defesa e o guarda-
redes. Nestas situações a defesa também apresenta o maior valor relativo de
faltas de 9 metros, onde a defesa parece demonstrar uma tentativa de controlo
ou interrupção do processo ofensivo.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
112
a) PE
3,99%
11,74%
4,69%
32,39%31,46%
15,73%
0%
10%
20%
30%
40%
Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 SRC
b) PN
4,84%
14,52%
5,38%
15,59%
30,38%29,30%
0%
10%
20%
30%
40%
Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 SRC
c) PD
5,36%
14,29%
7,14%
20,54%
31,25%
21,43%
0%
10%
20%
30%
40%
Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 SRC
Vale lembrar que estes eventos e valores não representam o total de
sequências observadas e somente as sequencias que terminaram com remate.
Portanto os valores obtidos nesta categoria não são relativos ao total de
ocorrências da amostra.
5.1.2.2.7 Categoria Zona de Recuperação da posse de bola
A zona de finalização exibe um padrão semelhante na distribuição das
frequências relativas dos eventos considerados. Na Figura 23 observam-se os
resultados obtidos.
Z1 – Zona da área de baliza; Z2 – Zona dos jogadores extremos; Z3 – Zona central de 6 metros; Z4 – Zona acima dos 9 metros; Z5 – Zona após golo sofrido; SRC – Sem recuperação da posse de bola
Figura 23 – Zonas de recuperação – 23a) Parcial equilibrado PE – 23b) Parcial normal PN – 23c) Parcial desequilibrado PD
É possível destacar que para os momentos de parciais desequilibrados a
equipa apresenta o menor valor nas recuperações de posse de bola após golo
e o maior valor para a recuperação da posse de bola na zona da área de
baliza, o que pode indicar que na maioria dos momentos de resultado parcial
desequilibrado o marcador pode estar a favor da equipa observada.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
113
Pode-se destacar ainda que o somatório das frequências relativas de
ocorrência da recuperação da posse de bola pela equipa observada (Z1 à Z4)
em relação a recuperação após golo (Z5), aumenta do parcial equilibrado
(36,15%) para o parcial normal (40,33%) e para o parcial desequilibrado onde
alcança seu maior valor e maior diferença (48,22%).
Esta diferença do somatório dos momentos de parcial equilibrado para o
desequilibrado, respectivamente, mostra de maneira definitiva que a equipa
observada apresenta uma frequência relativa maior no que respeita à
recuperação da posse de bola do que no que se refere aos golos sofridos em
todos os momentos do jogo. Porém a proximidade dos valores nos momentos
de parcial equilibrado consolida a definição destes momentos, o que indica o
equilíbrio entre as equipas em confronto.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
114
5.2 Análise Sequencial
A análise sequencial foi realizada segundo a técnica de transições
descrita no Capítulo Material e Métodos. Esta análise verificou as relações
probabilísticas entre os comportamentos registados nas sequências
observadas, não sendo possível no entanto, estabelecer uma relação directa
entre os eventos.
Para esta análise foram consideradas as duas varáveis estabelecidas no
estudo, sendo elas:
� Relação Numérica Absoluta (Igualdade, Superioridade e Inferioridade), para
verificar diferenças na frequência relativa da ocorrência dos
comportamentos nas diferentes situações numéricas;
� Resultado Parcial (Parcial Equilibrado, Parcial Normal e Parcial
Desequilibrado) para verificar diferenças na frequência relativa da
ocorrência dos comportamentos nas diferentes condições de resultado
parcial.
Foram estabelecidas 4 análises para o presente estudo sendo elas (i)
análise prospectiva considerando como conduta critério os eventos da
categoria “Início da sequência defensiva”; (ii) análise prospectiva considerando
como conduta critério os eventos da categoria “Sistema defensivos”; (iii) análise
prospectiva e retrospectiva considerando como conduta critério os eventos da
categoria “Erros defensivos”; (iv) análise retrospectiva considerando como
conduta critério os eventos da categoria “Acções de finalização da sequência
defensiva”.
Estas análises foram realizadas em função das 2 variáveis estabelecidas
e todos os eventos registados foram considerados como possíveis condutas
critério e/ou objecto nas análises realizadas.
A seguir serão apresentados os resultado obtidos a partir da análise
realizada.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
115
5.2.1 Análise sequencial em função da variável Rela ção numérica absoluta
Para esta análise consideram-se as situações de Igualdade numérica
absoluta (IG), Superioridade numérica absoluta (SN) e Inferioridade numérica
absoluta (IN) em função das análises estabelecidas no ponto anterior.
Foram seleccionados os resultados obtidos que oferecessem informação
relativa ao funcionamento do processo ofensivo da equipa da Espanha nas
diferentes situações apresentadas nesta variável.
A seguir os resultados serão apresentados e discutidos, separados pelo
tipo de análise realizada e quanto as categorias de eventos estabelecidas.
5.2.1.1 Análise prospectiva considerando como condu ta critério os eventos da categoria “Início da sequência defensiva ”
Esta análise pretende avaliar a existência de padrões de conduta a partir
dos eventos registados como acções de início da sequência defensiva. As
condutas critério que apresentaram padrões observáveis foram o “Golo
marcado” e “Falhas técnicas”.
Foi realizada uma análise prospectiva aos eventos relativos a esta
categoria, apesar destas condutas critério revelarem padrões onde algumas
transições não mostram eventos registados, apresentam algumas diferenças
entre as situações estabelecidas nesta variável.
A seguir serão apresentados e discutidos os padrões de
comportamentos observados para cada uma das condutas critério.
Conduta Critério : Golo marcado (GLA)
Esta conduta critério refere-se ao golo marcado pela equipa da Espanha
em seu processo ofensivo, sem diferenciação do tipo de finalização (zona de
remate, fase de ataque, sete metros). Não foi encontrado padrão referente a
situação de inferioridade numérica absoluta, para a situação de superioridade
numérica absoluta verifica-se um padrão de duas transições e para as
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
116
situações de igualdade numérica observa-se um padrão com duas transições
sem evento registado.
No Quadro 1 podem ser observados os padrões sequenciais obtidos a
partir do golo da equipa da Espanha.
Quadro 1 – Análise prospectiva à conduta Golo marcado (GLA)
IG – Igualdade numérica absoluta; SN – Superioridade numérica absoluta. AO – Ataque posicional; CG – Contra-golo; DS6 – Sistema defensivo 6:0; DSM – Sistema defensivo misto; CD – Controlo defensivo; F9 – Falta de nove metros; R7 – Remate de sete metros; SRC – Sem recuperação da posse de bola
Em superioridade numérica absoluta o golo marcado pela Espanha
exibe uma probabilidade significativa de ser seguido do ataque posicional do
adversário, mas sem activar o contra-golo e com a utilização do sistema
defensivo misto.
Para as situações de igualdade numérica indica-se a probabilidade
significativa do golo marcado ser seguido de um ataque posicional e/ou do
contra-golo, com a utilização do sistema defensivo 6:0, o meio táctico do
controlo defensivo, uma transição em branco, a resultar em falta de 9 metros
e/ou remate de sete metros e uma probabilidade de associação com uma
sequência sem recuperação da posse de bola, que pode ser explicada na
associação com a falta de 9 metros.
Em relação à esta conduta critério foi possível identificar algumas
variações no comportamento das equipas nas diferentes relações numéricas.
Estas diferenças são verificadas quanto à fase de ataque utilizada e à escolha
do sistema defensivo.
Verifica-se que para a superioridade numérica absoluta da defesa de
Espanha o ataque adversário deixa de apresentar uma relação probabilística
com a fase de ataque do contra-golo, o que sugere que em inferioridade o
processo ofensivo procura um modelo de ataque de menor velocidade da
IG 1 2 3 4 5 6 7
GLA AO / CG: (6.02/3.59:)
DS6 (4.91)
CD (2.07)
F9 / R7:
(2.00/2.05:) SRC (2.00)
SN 1 2 3 4 5 6 7
GLA AO: (2.49:)
DSM (2.36)
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
117
transição de jogo, com o intuito de manutenção da posse de bola para que
possa completar o efectivo numérico sem que sofra muitos golos, durante estas
situações de inferioridade (Constantini, 1998; Garcia, 1994; Sanchéz, 1992).
Oliveira (1995) acredita que esta mudança de atitude do ataque em
inferioridade numérica absoluta através de transições lentas, a procura de livre
de nove metros e retardando uma acção de remate, passa uma imagem
negativa do jogo.
Foi possível identificar esta tentativa de ganhar tempo por parte de
algumas das equipas durante a observação dos jogos, em especial na
superioridade numérica da equipa da Espanha. Neste sentido, entende-se que
estas atitudes podem depender do momento e do resultado do jogo, tempo que
falta para o término da exclusão, nível de jogo do adversário e os conceitos de
jogo do treinador.
A diferença a destacar, no modelo de jogo defensivo da Espanha,
apresenta-se quanto à escolha do sistema defensivo, visto que em igualdade a
equipa procura utilizar o sistema defensivo 6:0 e em superioridade utiliza os
sistemas defensivos mistos.
Pode-se entender que nas situações de igualdade numérica a equipa
procura seu sistema mais utilizado na competição e, provavelmente, o sistema
defensivo que traz mais segurança nestas situações. A equipa da Espanha tem
em seu sistema 6:0 uma variabilidade de acções para tentar surpreender o
adversário sem que este possa organizar seu ataque. Esta variabilidade de
acções dentro de um mesmo sistema defensivo é defendida por Garcia Herrero
(2003b).
A equipa da Espanha utiliza de grande profundidade e agressividade em
seu sistema 6:0, bem como transformações momentâneas para outros
sistemas (nomeadamente 5:1 e 5+1) e “pressing” sobre os extremos na
tentativa de provocar erros ou condicionar o passe para realizar uma
intercepção ou interromper a organização defensiva.
Quando em superioridade numérica absoluta, a equipa apresenta a
probabilidade significativa de utilizar os sistemas defensivos mistos, o que pode
significar uma atitude táctica mais ofensiva da defesa para pressionar o
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
118
adversário com o intuito de criar problemas para o adversário e recuperar a
posse de bola mais rápido e com menor risco.
Barbosa (1999) reforça a ideia de que em superioridade numérica as
equipas costumam marcar individualmente (sistemas mistos) os melhores
jogadores atacantes adversários. Esta ideia também é defendida por Cuesta
(1987), Ferreira, N. (2006) e Vilaça (2001) que referenciam esta atitude táctica
defensiva como comum nas situações de superioridade numérica absoluta.
Este comportamento táctico pode ser reforçado a partir da análise
descritiva, que apontou estes sistemas defensivos como os mais utilizados em
superioridade numérica absoluta. Durante estes momentos de superioridade
numérica absoluta a equipa da Espanha usa uma variação entre seus sistemas
mistos (alternância entre os jogador marcado individual ou quanto ao sistema)
enquanto os jogadores que alinham a defesa zonal destes sistemas continuam
a se comportar de forma activa, sempre a procura da recuperação da posse de
bola e dissuadir passes e remates de longa distância, contando com a
oposição do bloco.
Este facto é confirmado pelo treinador da equipa observada que tem
como premissa de treino que sua equipa em superioridade tende a pressionar
o adversário e ”retira” do jogo o(s) melhor(es) atacante(s) adversário(s) a partir
de um sistema misto (Pastor Goméz, 2006).
Conduta Critério : Falhas técnica (FAE)
Esta conduta critério refere-se à falha técnica no ataque da equipa da
Espanha em seu processo ofensivo, ou seja, situações em que a equipa
observada perde a posse de bola sem finalização do processo ofensivo.
Tais situações representam aproximadamente, 12%, 9,5% e 21% das
situações de igualdade, superioridade e inferioridade numérica absoluta,
respectivamente.
Foram encontrados padrões referentes a todas as relações numéricas.
Para a situação de superioridade numérica absoluta verifica-se um padrão de
quatro transições, para as situações de igualdade, o segundo retardo múltiplo
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
119
seguido finaliza o padrão reconhecido e inferioridade numérica observa-se
padrão com eventos registados em todas as transições.
No Quadro 2 verificam-se os padrões de conduta que este evento
produziu nas relações numéricas.
Quadro 2 – Análise prospectiva à conduta Falha técnica de Espanha (FAE)
IG – Igualdade numérica absoluta; SN – Superioridade numérica absoluta; IN – Inferioridade numérica absoluta. AR – Ataque rápido; CA – Contra-ataque; DZT – Defesa em zona temporária; RDP – Recuperação defensiva; SM – Sem meio táctico; DRD – Deficiente recuperação defensiva; RI – Remate da zona central de 6 metros; F9 – Falta de 9 metros; GO – Golo sofrido; Z5 – Recuperação após golo sofrido; SRC – Sem recuperação da posse de bola
O padrão de comportamento apresenta-se semelhante até a transição
de número 4, portanto não demonstra uma diferença significativa no padrão de
jogo da equipa espanhola nas três situações de relação numérica
estabelecidas nesta variável.
É possível destacar uma probabilidade significativa de que em igualdade
numérica a falha técnica da Espanha possa activar o ataque rápido e a defesa
em zona temporária, o que pode indicar uma probabilidade de um melhor
retorno defensivo da equipa observada.
A partir da transição número 5, este padrão de comportamento
apresente diferenças significativas na finalização da sequência defensiva nas
diferentes relações numéricas.
Para a igualdade numérica as falhas técnicas ofensivas de Espanha
tem ligação com o remate de 6 metros a resultar em golo, enquanto em
inferioridade numérica verifica-se que este padrão tem probabilidade de
terminar em falta de 9 metros e sequência sem recuperação defensiva.
IG 1 2 3 4 5 6 7
FAE AR: / CA: (10.74:/5.25:)
DZT: / RDP: (10.16: / 5.30:)
SN 1 2 3 4 5 6 7
FAE CA: (2.77:)
RDP: (2.34:)
SM: (2.77:)
DRD: (2.01:)
IN 1 2 3 4 5 6 7
FAE CA: (3.44:)
RDP: (3.90:)
SM: (3.42:)
DRD: (3.42:)
F9: (3.05:)
SRC: (3.05:)
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
120
A comparação entre os padrões encontrados, para as situações acima
referidas, apresenta uma curiosidade, uma vez que em igualdade numérica
esta conduta critério expõe a probabilidade de estar relacionada com o golo
sofrido e em inferioridade numérica esta mesma conduta apresenta
probabilidade de estar associada com as faltas de 9 metros.
Parece que em inferioridade numérica a equipa oferece maiores
dificuldades ao ataque adversário, como explica Silva (2000b) ao afirmar que
as equipas, a defender em sistema e em inferioridade numérica absoluta,
defendem de forma mais “agressiva”, aumentando as entreajudas defensivas e
procurando realizar mais faltas de 9 nove metros.
Isto parece acontecer com a equipa da Espanha, mesmo sem que a
equipa esteja na fase de defesa em sistema. A procura da recuperação da
posse de bola e a tentativa de interromper ou impedir a organização ofensiva
podem estar relacionadas com estas faltas em inferioridade numérica. Pastor
Goméz (2006) dá o nome de “faltas técnicas” para este tipo de atitude, que
defende e categoriza como faltas necessárias para o controlo do adversário e
do jogo.
A partir da análise descritiva verificou-se que nestas situações equipa
apresenta o maior valor relativo de iniciar a sequência defensiva pelo livre de
nove metros, o que parece ir de encontro a ideia da equipa impor mais
dificuldades para o ataque adversário nestas situações.
Uma vez que em inferioridade numérica em situações semelhantes a
igualdade numérica a equipa apresenta a probabilidade deste evento não estar
associado ao golo sofrido, mas sim a falta de 9 metros, mesmo sem que a
equipa esteja a defender em sistema de desigualdade numérica.
5.2.1.2 Análise prospectiva considerando como condu ta critério os eventos da categoria “Sistema defensivos”
Esta análise procurou reconhecer padrões de conduta a partir dos
sistemas defensivos utilizados pela equipa nas diferentes relações numéricas.
Os eventos registados que apresentaram padrão significativo foram o “Sistema
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
121
6:0” para a igualdade numérica e o ”Sistema 5:1” para a superioridade
numérica absoluta.
Foi realizada uma análise prospectiva para verificar a existência de
padrões de comportamento nas cinco transições subsequentes relativas aos
eventos registados nesta categoria. Para os eventos registados nesta categoria
não se encontrou padrão de conduta significativo nas situações de inferioridade
numérica absoluta. Apesar de mostrarem padrões com algumas transições
sem eventos registados, apresentam algumas diferenças entre as situações
estabelecidas nesta variável.
A seguir serão apresentados e discutidos os padrões observados para
os eventos relacionados nesta categoria.
Condutas Critério : Sistema defensivo 6:0 (DS6)
Para as situações de igualdade numérica absoluta encontrou-se um
padrão a partir da conduta critério sistema defensivo 6:0 para a igualdade
numérica absoluta. Este sistema apresentou padrão com dois eventos em duas
transições seguidas a partir da conduta critério.
No quadro 3 observa-se o padrão detectado para o sistema defensivo
6:0 utilizado nas situações de igualdade numérica absoluta.
Quadro 3 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo 6:0 (DS6)
IG – Igualdade numérica absoluta. BL – Bloco; TM – Troca de marcação; SED – Sem erro defensivo; ESA – Erro de saída ao portador da bola; RC – Remate da zona central de 9 metros; FT – Falha Técnica; Z3 – Zona próxima a área de baliza
Além da probabilidade significativa da utilização de diferentes meios
tácticos nestas situações, este padrão mostra uma possível associação do
sistema defensivo 6:0 com a situação onde a equipa não comete erros
defensivos, o que pode indicar uma boa prestação da equipa espanhola nestas
situações de jogo em que utilizam seu sistema defensivo 6:0
(aproximadamente 72% do total das situações em igualdade).
IG 1 2 3 4 5
DS6 BL /TM (3.25/2.25)
SED/ESA (2.74/2.43)
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
122
Estes resultados podem indicar uma superioridade da equipa da
Espanha uma vez que as situações de igualdade numérica absoluta (77% do
total) e o sistema defensivo 6:0 nestas situações (72,1% do total) não
demonstram uma probabilidade significativa de estarem na activação do golo
sofrido.
A partir desta análise se verifica que o sistema 6:0 utiliza diversos meios
tácticos (individuais e de grupo) o que reforça a ideia da variabilidade de
acções durante um mesmo sistema defensivo, mesmo sem que estas acções
fossem quantificadas. Estas variações como o “pressing” ou a transformações
podem estar na activação da recuperação da posse de bola pela falha técnica
adversária, já que são uma das premissas do treinador da equipa (Pastor
Goméz, 2006).
Condutas Critério : Sistema defensivo 5:1 (DS5)
Para as situações de superioridade numérica encontrou-se um padrão a
partir da conduta critério sistema defensivo 5:1, para esta situação de relação
numérica.
Este sistema apresentou um padrão com eventos em quase a totalidade
das transições, a excepção da primeira transição subsequente ao sistema 5:1
(relativa ao meio táctico utilizado).
A transição 5 não apresenta evento registado para o padrão observado
em função da sequência defensiva terminar na transição 4, completando assim,
as possibilidades de comportamentos à serem observadas.
No quadro 4 observa-se o padrão encontrado para o sistema defensivo
5:1 utilizado nas relações de superioridade numérica.
Quadro 4 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo 5:1 (DS5)
SN – Igualdade numérica absoluta. SED – Sem erro defensivo; F9 – Falta de 9 metros; SRC – Sem recuperação da posse de bola
SN 1 2 3 4 5
DS5 SED:
(2.52:) F9:
(3.63:) SRC: (3.63:)
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
123
Este padrão exibe uma tentativa de controlo do adversário pela equipa
espanhola, que se expressa na probabilidade significativa deste evento estar
associado com a realização de faltas de 9 metros em superioridade numérica,
portanto apresenta sequências defensivas com probabilidade significativa da
equipa não cometer erros defensivos a partir do sistema 5:1.
Considerando as duas condutas critério que apresentaram padrões de
comportamento para a categoria “Sistema defensivos” (6:0 e 5:1) pode-se
entender uma provável mudança de atitude defensiva entre as situações
numéricas que revelaram padrão de conduta na utilização dos sistemas
defensivos, uma vez que em superioridade numérica absoluta a equipa
apresenta a probabilidade de utilizar sistemas defensivos mais profundos
(Silva, 200b).
Comparando os dois sistemas defensivos apresentados nesta categoria
pode-se verificar que esta mudança de atitude também foi verificada na
categoria “Início da sequência defensiva” onde em superioridade a equipa
apresentou a provável utilização dos sistemas defensivos mistos, por vez, para
a análise em função da utilização de sistemas defensivos em superioridade foi
observado um padrão para a utilização de um sistema mais profundo (sistema
5:1) do que em igualdade numérica (sistema 6:0).
A equipa da Espanha apresentou uma utilização variada de sistemas
defensivos durante as partidas e até para um mesmo momento do jogo, foi
possível verificar esta utilização de forma geral, bem como a variação de
acções dentro de um mesmo sistema defensivo.
Estes padrões e atitudes observados vão de encontro com o que afirma
Pastor Goméz (2006), que a equipa da Espanha, quando em superioridade
numérica, parte para um sistema defensivo mais profundo, para tentar
pressionar o adversário e criar dúvidas com o objectivo de retomar a posse de
bola com o menor perigo à baliza.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
124
5.2.1.3 Análise prospectiva e retrospectiva conside rando como conduta critério os eventos da categoria “Erros defensivos”
Foi realizada uma análise prospectiva de três transições e retrospectiva
de quatro transições em função das condutas critérios desta categoria. Estas
análises compreendem todas as categorias e eventos estabelecidos neste
estudo.
Apesar de mostrarem padrões sem eventos registados em todas as
transições, estes eventos apresentam algumas diferenças significativas na
estrutura do processo defensivo de Espanha, quando consideramos as
diversas situações estabelecidas nesta variável.
A seguir será apresentado o padrão de comportamento observado a
partir do evento “Erro de troca de marcação”.
Conduta Critério : Erro de troca de marcação (ETM)
Esta conduta critério diz respeito a todas as sequências em que a equipa
observada cometeu erros de troca de marcação, ou seja, a partir de
combinações ofensivas.
Foram encontrados padrões de conduta em todas as relações numéricas
estabelecidas nesta variável e para este evento. Em uma fase retrospectiva na
situação de superioridade todos os padrões apresentam-se com algumas
transições sem eventos registados.
Na fase prospectiva existe um padrão com todas as transições a
registarem eventos para a igualdade numérica, padrões com transições em
branco para as situações de igualdade e inferioridade numérica absoluta.
No Quadro 5 observam-se os padrões encontrados para este evento em
relação a todas as situações estabelecidas nesta variável.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
125
Quadro 5 – Análise prospectiva e retrospectiva à conduta Erro de troca de marcação (ETM)
IG – Igualdade numérica absoluta; SN – Superioridade numérica absoluta; IN – Inferioridade numérica absoluta. AO – Ataque posicional; AR – Ataque rápido; DS3 – Sistema defensivo 3:2:1; TM – Troca de marcação; RI – Remate da zona central de 6 metros; R7 – Remate de sete metros; FO – Falha de finalização ofensiva; GO – Golo sofrido; Z5 – Recuperação após golo sofrido
Em igualdade numérica absoluta o erro de troca de marcação está
associado ao sistema defensivo 3:2:1, da mesma forma estes erros exibem
uma probabilidade de serem seguidos pelos remates de 6 metros e/ou remates
de 7 metros, que resultam em golo sofrido.
Já em superioridade numérica absoluta estes erros aparecem
precedidos de ataques rápidos e seguidos de remates de segunda linha
ofensiva e falhas de finalização ofensiva.
Em inferioridade numérica absoluta este evento apresenta somente
probabilidade significativa de ser seguido de remates de segunda linha
ofensiva.
Estes padrões não revelam mudanças no comportamento táctico do
processo defensivo espanhol nas diferentes situações da variável, mas
apresentam algumas condições válidas de serem apresentadas e discutidas
neste trabalho.
Para as situações de igualdade numérica absoluta verifica-se a
probabilidade significativa do sistema 3:2:1 estar ligado a activação do erro de
troca de marcação. Este sistema apresenta-se muito profundo no terreno de
jogo, admite muitos espaços entre os defensores nas diversas linhas
defensivas, dificultando as acções de ajudas defensivas e os deslizamentos,
este sistema defensivo geralmente é utilizado contra equipas que tenham um
-4 -3 -2 -1 IG 1 2 3
AO
(4.95) DS3:
(3.15:) TM
(15.32) ETM RI/R7: (7.97/2.41:)
GO (5.88)
Z5 (2.49)
-4 -3 -2 -1 SN 1 2 3
AR:
(1.97:)
TM (15.32) ETM RI:
(3.72:) FO:
(3.68:)
-4 -3 -2 -1 IN 1 2 3
TM
(15.32) ETM RI: (2.69:)
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
126
forte potencial de remates de primeira linha ofensiva (Ribeiro, 2000; Silva,
2000b; Simões, 2002).
Segundo Antón Garcia (2002) o perigo da utilização do meio táctico da
troca de marcação, ou seja de um erro de troca de marcação, reside na
produção de espaço no momento da troca, no qual o adversário possa penetrar
ou no desequilíbrio entre defensor/atacante que estas situações possam
acarretar, como diferenças físicas, técnicas ou tácticas entre os confrontos
“1X1” resultantes destas trocas de marcação.
Estas ideias sobre o sistema 3:2:1 e a troca de marcação levantam a
probabilidade de uma fragilidade deste sistema defensivo da equipa observada
nas situações de igualdade numérica uma vez que o erro de troca de marcação
exibe uma probabilidade de ser activado pelo sistema 3:2:1, seguido de golo
sofrido.
Deve-se referir que o sistema defensivo 3:2:1 foi o menos utilizado pela
equipa da Espanha, o que pode passar uma tentativa de variabilidade de
acções defensivas, que ao mostrar-se ineficaz foi abandonada ou substituída
por uma opção que resultasse melhor no momento ou em função do
adversário.
Pode-se relembrar que estas situações de utilização do sistema 3:2:1
em igualdade numérica representam menos de 1% da ocorrência relativa dos
sistemas defensivos em igualdade numérica, portanto não parece que esta
provável fragilidade deste sistema prejudique o desempenho da equipa da
Espanha.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
127
5.2.1.4 Análise retrospectiva considerando como con duta critério os eventos da categoria “Acções de finalização da sequ ência defensiva”
Foi realizada uma análise retrospectiva de seis transições relativas às
categorias de eventos que antecedem as acções de finalização da sequência
defensiva.
Esta análise procurou reconhecer padrões de conduta a partir destes
eventos nas diferentes relações numéricas estabelecidas nesta variável. Foram
obtidos padrões de conduta a partir para os eventos ”Ressalto” e ”Golo sofrido”.
Conduta Critério : Ressalto (RS)
Como referido anteriormente este evento está relacionado com uma
finalização por remate do adversário ou a intercepção de um passe em que a
bola acabe por sair pela linha que delimitam o terreno de jogo, propiciando
posse de bola ao adversário.
Os padrões encontrados apresentam padrões com duas e três
transições para todas as relações numéricas desta variável. No Quadro 6 é
possível observar os padrões de comportamento defensivo retrospectivos
relativos a conduta critério ressalto.
Quadro 6 – Análise retrospectiva à conduta Ressalto (RS)
IG – Igualdade numérica absoluta; SN – Superioridade numérica absoluta; IN – Inferioridade numérica absoluta. L9m – Livre de nove metros; AO – Ataque organizado; DS6 – Sistema defensivo 6:0; BL – Bloco; IT – Intercepção da bola; EBL – Erro do bloco; SED – Sem erro defensivo; RC – Remate da zona central de 9 metros; SFN – Sem finalização
-6 -5 -4 -3 -2 -1 IG
EBL / SED: (5.32/2.58:)
RC / SFN: (5.78/2.58:)
RS
-6 -5 -4 -3 -2 -1 SN
BL:
(2.82:) EBL:
(2.02:) RC:
(2.72:) RS
-6 -5 -4 -3 -2 -1 IN
EBL:
(2.66:) RC:
(2.05:) RS
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
128
Estas situações de ressalto estão relacionadas com a finalização do
remate em que não houve participação do guarda-redes, por este motivo as
três relações numéricas apresentam uma probabilidade significativa do ressalto
estar precedido de finalizações de primeira linha ofensiva e ao uso do bloco
como meio táctico para uma oposição ao remate.
Para as situações de igualdade numérica destaca-se ainda a
probabilidade significativa deste ressalto estar relacionado com uma sequência
sem finalização e a utilização da intercepção da bola. Nesta relação numérica
também se verifica a probabilidade do ressalto ser activado pelo sistema 6:0, o
ataque posicional e pelo início da sequência em livre de 9 metros.
Nestes padrões de jogo verifica-se uma estrutura semelhante quanto ao
processo defensivo de Espanha nas diferentes relações numéricas. Porém a
probabilidade significativa da sequência defensiva terminar em ressalto, sem
finalização ofensiva, com a utilização do sistema defensivo 6:0 pode indicar
uma eficiência relativa do processo defensivo de Espanha nestas situações.
Estas situações de ressaltos sem finalização ofensiva dizem respeito a
uma intercepção de um passe que resulta na reposição do jogo pela adversário
após a bola ter saído do terreno de jogo. Neste sentido pode-se entender uma
activação da defesa na tentativa de recuperar a posse de bola, dissuadir os
passes do adversário ou tentar provocar erros.
Uma vez que o ressalto foi a segunda maior forma de finalização da
sequência defensiva, o ataque posicional foi a fase que mais contribui para o
processo ofensivo e o sistema 6:0 foi o mais utilizado pela equipa na
competição, existe uma probabilidade destas sequências se repetirem durante
os jogos. Tais sequências indicam um provável controlo da equipa da Espanha
o que sugere uma vantagem desta sobre os seus adversários.
O sistema defensivo 6:0, por ser um sistema defensivo de uma linha,
não possibilita muitos espaços entre os defensores próximo a área de baliza,
mas pode permitir ao adversário maior oportunidade de remates de sua
primeira linha ofensiva (Roman Seco, 2005). Esta ideia confirma-se a partir da
análise descritiva onde esta zona de finalização aparece como a mais utilizada
pelos adversários da equipa da Espanha.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
129
Neste sentido pode-se entender que existe uma probabilidade da equipa
observada apresentar uma boa utilização do seu sistema defensivo em função
do meio táctico do bloco, pela definição do evento “Ressalto” neste estudo. Isto
pode demonstrar uma vantagem da equipa da Espanha uma vez que esta tem
como premissa afastar seus adversário e condicionar ou interromper o remate
de longa distância (Pastor Goméz, 2006).
Estes resultados vão de encontro aos resultados referentes ao estudo de
Prudente (2006) sobre as acções ofensivas no Andebol de alto nível, que
detectou que a utilização do bloco como meio táctico individual, exibe uma
probabilidade significativa de activar o ressalto defensivo, sem a participação
do guarda-redes.
Conduta Critério : Golo sofrido (GO)
O padrão obtido para as situações de superioridade numérica apresenta-
se com apenas uma transição válida. Já para as situações de igualdade
numérica absoluta este evento mostra um padrão de três transições com
eventos registados, na análise sequencial e que representam as categorias que
antecedem as acções de finalização da sequência defensiva.
Observam-se, no Quadro 7, os padrões de comportamento detectados
para esta conduta nas situações de igualdade e superioridade numérica
absoluta.
Quadro 7 – Análise retrospectiva à conduta Golo sofrido (GO)
IG – Igualdade numérica absoluta; SN – Superioridade numérica absoluta. FAE – Falha técnica; CA – Contra-ataque; RDP – Recuperação defensiva; TM – Troca de marcação; SM – Sem meio táctico; DRD – Deficiente recuperação defensiva; ETM – Erro de troca de marcação; RI – Remate da zona central de 6 metros; R7 – Remate de sete metros
-6 -5 -4 -3 -2 -1 IG
TM/SM:
(3.06/3.04:) DRD / ETM (2.64/2.42)
RI (5.08)
GO
-6 -5 -4 -3 -2 -1 SN
R7:
(2.17:) GO
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
130
Para a superioridade numérica absoluta a conduta critério golo sofrido
mostra uma probabilidade significativa de ser precedido dos remates de sete
metros. Estes remates representam 4,5% das acções de finalização do ataque
adversário e, portanto, pode-se realçar que estes dados não são significativos
ou prejudiciais ao comportamento táctico da equipa da Espanha.
Nas situações de igualdade numérica o golo do adversário apresenta
uma probabilidade significativa de estar relacionado com a falha técnica do
ataque espanhol que origina o contra-ataque, impossibilitando uma
recuperação defensiva eficiente e a permitir os remates de 6 metros.
Garcia Herrero (2003c) cita a importância do retorno defensivo e da
preparação deste como aspecto integrante do treino de Andebol uma vez que
as situações referidas acima, podem levar ao contra-ataque e proporcionar
uma finalização do adversário isolado frente ao guarda-redes, próximo da área
de baliza.
Este facto do golo sofrido ter uma probabilidade significativa de estar
associado ao contra-ataque e aos erros técnicos da equipa observada, nestas
situações, vão de encontro aos resultados obtidos por Prudente et al. (2005)
que afirma 52,8% dos contra-ataques acontecem após a recuperação da posse
de bola pelos jogadores de campo, ou seja, que estão associados aos erros do
ataque adversário e acções de intervenção da equipa defensora.
Para confirmar os resultados obtidos pode-se citar o estudo de Ferreira,
D. (2006) que afirma que 40% dos contra-ataques resultam em golo. Com isto
pode-se entender que o padrão do golo sofrido pela equipa observada expõe a
possibilidade de estar relacionado com o contra-ataque e não com as outras
fases de ataque. Uma vez que o contra-ataque representou apenas 6,70% das
situações totais e se encontra na raiz do padrão obtido a partir do golo sofrido
em igualdade numérica absoluta, isto pode mostrar uma vantagem da defesa
espanhola sobre seus adversários quanto ao retorno defensivo.
A partir da ideia acima descrita pode-se lembrar que Garcia Herrero
(2003c) ressalta a importância do retorno defensivo para o Andebol e o
resultado do jogo e afirma que as equipas melhores classificadas sofrem
menos golos com o contra-ataque adversário.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
131
5.2.2 Análise sequencial em função da variável Resu ltado parcial
Foram seleccionados os resultados obtidos que oferecessem informação
quanto à estrutura táctica do processo defensivo da equipa da Espanha ou
diferenças na finalização da sequência defensiva, com o intuito de estabelecer
vantagens ou desvantagens da defesa espanhola nas diferentes situações
estabelecidas para esta variável.
Os resultados referentes às análises sequenciais serão apresentados
separados por categorias de análise comparando as situações nesta variável
em função de cada evento considerado como conduta critério.
5.2.2.1 Análise prospectiva considerando como condu ta critério os eventos da categoria “Início da sequência defensiva ”
Esta análise pretendeu obter padrões de conduta a partir dos eventos
registados como acções de início da sequência defensiva.
Foi realizada uma análise prospectiva de sete transições relativas a esta
categoria para os eventos registados. Constata-se que, a partir das condutas
critério consideradas, foram observados padrões em todas as situações
estabelecidas na variável, sendo considerados aqueles eventos que cumpriram
com os objectivos acima mencionados (apresentar diferenças na estrutura
táctica do processo defensivo ou na finalização da sequência defensiva).
As condutas critério que apresentaram padrões de conduta observáveis
foram, o “Golo marcado” e ”Intervenções do adversário”.
A seguir serão apresentados e discutidos os padrões de
comportamentos observados para cada uma das condutas critério.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
132
Conduta Critério : Golo marcado (GLA)
Esta conduta critério refere-se ao golo marcado pela equipa da Espanha
em seu processo ofensivo, sem diferenciação do tipo de finalização (zona de
remate, fase de ataque, sete metros).
Para os momentos parciais equilibrados foi encontrado um padrão com
as transições 1, 3 e 5 mostrando eventos nesta análise.
Para a situação de resultado parcial normal observou-se um padrão de
duas transições seguidas e para os momentos de parcial desequilibrado foi
observado um padrão com as transições 1, 3 e 4 com eventos.
No Quadro 8 observam-se estes padrões encontrados para o evento
nesta variável.
Quadro 8 – Análise prospectiva à conduta Golo marcado (GLA)
PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. AO – Ataque posicional; CG – contra-golo; DS6 – Sistema defensivo 6:0; CD – Controlo defensivo; TM – Troca de marcação; ETM – Erro de troca de marcação; R7 – Remate de sete metros
Nos parciais desequilibrados, o golo da equipa observada está
relacionado à probabilidade do adversário em utilizar o ataque posicional, a
defesa cometer o erro de troca de marcação.
Nos momentos de parcial normal este evento apresenta a probabilidade
de estar associado ao contra-ataque e contra-golo e a defesa da equipa da
Espanha a utilizar seu sistema defensivo 6:0.
Observa-se que nas situações em que se verifica um parcial equilibrado
o golo marcado apresenta a probabilidade significativa de ser seguido das
PE 1 2 3 4 5 6 7
GLA AO / CG: (4.00/3.04:)
CD
(2.68)
R7: (3.09:)
PN 1 2 3 4 5 6 7
GLA AO / CG: (4.16/2.19:)
DS6 (3.76)
PD 1 2 3 4 5 6 7
GLA AO: (3.08:)
TM
(2.25) ETM (2.10)
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
133
fases de ataque posicional e contra-golo, com a defesa espanhola utilizando o
meio táctico do controlo defensivo, e associado às finalizações de 7 metros.
Para o parcial equilibrado observa-se a provável utilização do meio
táctico individual do controlo defensivo pela equipa da Espanha, o que pode
indicar uma maior individualização da defesa nestes momentos do jogo, em
que o resultado está próximo e qualquer falha pode igualar ou desequilibrar o
marcador.
Esta atitude é ressaltada Pastor Goméz (2006) que afirma a importância
de conquistar a vantagem no marcador dos momentos de resultado parcial
equilibrado, para que a equipa esteja mais confortável a jogar e coloque a
pressão de estar atrás no resultado no adversário e assim criar mais problemas
pela carga psicológica que estas situações acarretam.
A partir dos padrões detectados nos diferentes momentos de resultado
parcial, pode-se verificar uma diferença na estrutura do processo defensivo de
Espanha quanto à utilização de diferentes meios tácticos.
Nos momentos de parciais equilibrados é possível observar uma
probabilidade da individualização do jogo, a partir das situações de “1X1”, que
estão ligadas à utilização do meio táctico do controlo defensivo. Estas
situações de “1X1” podem também estar associadas com as finalizações de
sete metros, embora não exista uma relação directa e determinística entre os
eventos subsequentes.
Neste sentido podemos entender que estas atitudes individuais (“1X1”)
devem ser levadas em conta no processo de treino do Andebol moderno uma
vez que são referidas em diversos estudos do processo ofensivo como um dos
meios tácticos ofensivos mais utilizados (Prudente, 2006; Ribeiro, 2002; Vilaça,
2001).
Entende-se também que algumas situações de meios tácticos de grupo
como as permutas, cruzamentos e bloqueios podem terminar em situações de
“1X1”, que por vezes podem não ser contabilizadas, mas expõem os
adversários a um combate homem a homem.
Já nos parciais desequilibrados a equipa parece utilizar o meio táctico
colectivo da troca de marcação que pode significar uma probabilidade de que
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
134
nestes momentos parciais a equipa esteja a utilizar uma defesa de
responsabilidades mais colectivas.
Também é possível verificar uma probabilidade de que, nos momentos
desequilibrados, os adversários estriam a utilizar mais combinações ofensivas
de “2X2” ou “3X3”, forçando a equipa da Espanha a utilizar mais os meios
tácticos de grupo.
Uma análise mais precisa das acções de jogo reduzido e individualizado
(“1X1”; “2X2”; “3X3”) poderá contribuir para a compreensão dos
comportamentos individuais e colectivos envolvidos nestas situações e o
resultado das mesmas para os processos de jogo. Assim poderia se quantificar
e qualificar estas acções por parte das equipas e jogadores.
5.2.2.2 Análise prospectiva considerando como condu ta critério os eventos da categoria “Sistema defensivos”
Esta análise procurou verificar padrões de conduta a partir da utilização
dos sistemas defensivos eleitos para os determinados momentos de jogo.
Foi realizada uma análise prospectiva de cinco transições relativas a
esta categoria para os eventos registados para a utilização dos sistemas
defensivos. Os eventos registados que apresentaram padrão significativo foram
o ”Sistema defensivo misto”, “Sistema defensivo em inferioridade” e o “Sistema
defensivo 6:0”.
A seguir serão apresentados e discutidos os padrões de
comportamentos observados para cada uma das condutas critério.
Conduta Critério : Sistema defensivo misto (DSM)
Para os diferentes momentos de resultado parcial encontraram-se
padrões diferenciados da utilização destes sistemas defensivos. Para os
momentos de resultado parcial equilibrado foi detectado um padrão de três
transições interrompido por uma sequencia de duas transições com mais de
um evento registado.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
135
Para os momentos de resultado parcial desequilibrado foi encontrado
somente uma conduta objecto relacionada a este evento (transição 1). Não foi
detectado padrão de comportamento para os momentos de parcial normal.
No Quadro 9 observam-se os padrões de comportamentos encontrados
para o sistema defensivo mencionado nos diferentes parciais estabelecidos
neste estudo.
Quadro 9 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo misto (DSM)
PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. IT – Intercepção da bola; BL – Bloco; EDZ – Erro de deslizamento; SED – Sem erro defensivo; RB – Roubo de bola; Z4 – Zona acima dos 9 metros; SRC – Sem recuperação da posse de bola
Em parciais equilibrados este evento apresentou a probabilidade
significativa de activar a utilização do meio táctico da intercepção de bola, do
erro de deslizamento ou de não cometerem erros defensivos, com o roubo de
bola e o jogo passivo na transição 3 e a zona de recuperação da posse de bola
na zona acima dos 9 metros e/ou sem recuperação defensiva.
Nos parciais desequilibrados os sistemas defensivos mistos mostraram a
probabilidade de estarem associados ao uso do bloco como meio táctico.
Pode-se realçar a diferença entre a probabilidade significativa da
utilização de diferentes meios tácticos nos momentos de parcial equilibrado e
desequilibrado. Isto não necessariamente indica uma mudança no
comportamento táctico da equipa da Espanha, estes resultados podem estar
relacionados aos diferentes meios tácticos ofensivos utilizados pelos diversos
adversários nestes momentos de resultado parcial estabelecidos.
Neste sentido pode-se entender que a equipa estava preparada quer
para atrapalhar a organização do processo ofensivo ou para interromper uma
atitude ofensiva organizada e iniciada pelo processo ofensivo adversário.
Nos momentos de resultado parcial desequilibrado apresenta-se a
probabilidade da equipa observada exercer uma pressão sobre o adversário
PE 1 2 3 4 5
DSM IT: (3.72)
EDZ:/SED: (2.15:/2.08:)
RB/ JP (2.76/2.15)
PD 1 2 3 4 5
DSM BL: (2.56:)
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
136
através de um sistema defensivo mais profundo com dissuasões de linha de
passe. No padrão estabelecido, o sistema defensivo misto apresenta a
utilização do bloco para os jogadores que permanecem na primeira linha
defensiva, o que pode indicar uma menor intervenção destes jogadores sobre o
adversário ou um esquema táctico de condicionar os remates de primeira linha
ofensiva. Uma vez que, quem está marcado de forma individual pode ser o(s)
melhor(es) rematador(es) da equipa adversária.
Esta utilização do bloco nos parciais desequilibrados também pode
indicar uma tentativa de defesa mais fechada (mesmo para os sistemas mistos)
a tentar recuperar a posse de bola com a colaboração da defesa e do guarda-
redes para os remates de primeira linha ofensiva.
Parece que nos momentos em que o resultado do jogo é equilibrado, a
equipa da Espanha apresenta a probabilidade de tentar mais intervenções
sobre o processo ofensivo adversário, a partir da utilização de um sistema mais
profundo e da tentativa de intercepções de bola. Onde estes sistemas misto
apresentam uma probabilidade significativa de activar o roubo de bola e a
recuperação por parte da equipa da Espanha.
Isto indica que a equipa está a seguir as premissas estabelecidas pelo
treinador que afirma que nestes momentos do jogo há que arriscar mais para
recuperar a posse de bola e conseguir a vantagem no marcador nestes
momentos do jogo (Pastor Goméz, 2006). Pode-se entender esta ideia pela
probabilidade da equipa tentar a intercepção da bola.
Pode-se destacar ainda que nestes momentos do jogo, a equipa pode
estar em superioridade numérica absoluta, uma vez que na opinião do
treinador, a equipa da Espanha deve-se utilizar os sistemas mistos em
situações de superioridade numérica absoluta como forma de pressionar o
adversário para cortar mais linhas de passe, dissuadir trajectórias e, se for
necessário, “retirar” do jogo ofensivo o melhor jogador adversário.
Sabe-se que esta utilização de sistemas mistos levam a uma
reorganização do ataque adversário e foi possível verificar que a Espanha
utiliza uma variação de seu sistema misto, mesmo durante esta possível
reorganização do processo ofensivo.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
137
A equipa exerce uma pressão individual no adversário escolhido para tal,
mas por vezes modifica esta pressão para atrapalhar esta organização, tentar
uma intercepção do passe ou forçar o erro adversário. Esta utilização variada
de sistemas mistos não parece comprometer a organização defensiva e,
portanto, parece ser pré-estabelecida e muito bem organizada pela equipa
observada.
Conduta Critério : Sistema defensivo em inferioridade (DSI)
Em primeiro plano deve-se explicar que estes sistemas defensivos estão
directamente ligados as situações de inferioridade numérica absoluta, uma vez
que compreendem os sistemas 5:0 ou 4:0 utilizados pela equipa da Espanha
em seus momentos de inferioridade numérica absoluta, que representaram 7%
do total de sequências observadas.
Estes sistemas defensivos mostraram, para os diferentes resultados
parciais, padrões semelhantes da forma de utilização destes sistemas
defensivos.
A conduta critério apresentou padrão com eventos para 3 transições,
nos momentos de parcial equilibrado e normal. Para os momentos de resultado
parcial desequilibrado não foi encontrado padrão de conduta.
No Quadro 10 observam-se os padrões encontrados para o sistema
defensivo utilizado nos diferentes parciais estabelecidos neste estudo.
Quadro 10 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo em inferioridade (DSI)
PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. AJ - Ajuda; EAJ – Erro de ajuda; EDZ – Erro de deslizamento; RC – Remate da zona central de 9 metros; RE – Remate dos extremos
PE 1 2 3 4 5
DSI AJ: (2.83:)
EAJ:/ESA: (2.83:/2.26:)
RC: (1.97:)
PN 1 2 3 4 5
DSI AJ: (4.12:)
EAJ:/EDZ: (3.64:/2.63:)
RE: (3.11:)
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
138
Como mencionado anteriormente a utilização destes sistemas
defensivos está directamente ligada à equipa estar em inferioridade numérica
absoluta, e por este motivo pode-se explicar a pouca diferenciação no
comportamento da equipa neste padrão originado com a utilização destes
sistemas defensivos.
Como explica Silva (2000a) nas situações de inferioridade numéricas as
equipas predispõem-se mais a defender, aumentando as entreajudas
defensivas. Para o padrão estabelecido no parcial normal, esta predisposição a
defender, pode estar relacionadas com a probabilidade significativa do
aparecimento do meio táctico da ajuda, do erro relacionado ao meio táctico da
ajuda e do erro de deslizamento. Isto mostra a disponibilidade defensiva da
equipa da Espanha, mantendo sua atitude activa, mesmo com o efectivo
numérico diminuído.
A probabilidade da equipa cometer o erro de saída ao portador da bola
nos parciais equilibrados, sendo que este erro está associado às finalizações
de 9 metros, reforça a ideia de uma actuação defensiva activa e “agressiva”
nestas situações de inferioridade numérica e parcial equilibrado.
O que mostra a equipa a seguir suas premissas de procurar a
recuperação da posse de bola nestes momentos parciais na tentativa de
controlar o marcador e o jogo em si.
Isto por que mesmo em inferioridade numérica, nos parciais
equilibrados, a equipa exibe a probabilidade significativa de forçar ou dissuadir
o adversário a rematar de 9 metros, enquanto que nestas situações o ataque
adversário deveria procurar os remates de 6 metros a partir da continuidade de
jogo ou penetrações sucessivas pelo simples facto de estar em superioridade
numérica absoluta.
O facto deste padrão não apresentar eventos a partir da transição 3
deixa em aberto o resultado destas situações em que a equipa observada está
em inferioridade numérica absoluta. Mas pode-se considerar favorável que
estes sistemas em inferioridade não estarem associado ao golo sofrido em
nenhum dos padrões identificados.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
139
Estes sistemas representam 6,34% da utilização variada de sistemas
defensivos nos parciais equilibrados e 12,4% nos parciais normais, portanto
pode-se entender que uma vez que não aparecem associados ao golo sofrido
podem demonstrar uma superioridade da defesa de Espanha mesmo nestas
situações.
Conduta Critério : Sistema defensivo 6:0 (DS6)
Este sistema defensivo foi o mais utilizado pela equipa no campeonato e
representam aproximadamente 60% da utilização dos sistemas defensivos pela
equipa observada.
A conduta critério mostra, para os diferentes momentos de resultado
parcial, padrões que diferenciam a forma de utilização dos meios tácticos.
Este sistema apresentou padrões com eventos para 3 transições nos
momentos de parcial equilibrado. Um padrão com todas as transições
possíveis para os momentos de parcial normal e nos momentos de resultado
parcial desequilibrado foi encontrado um padrão de duas transições.
No Quadro 11 observam-se os padrões encontrados para esta conduta
nos diferentes parciais determinados para o presente estudo.
Quadro 11 – Análise prospectiva à conduta Sistema defensivo 6:0 (DS6)
PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. (TM – Troca de marcação; BL – Bloco; ESA – Erro de saída ao portador da bola; EBL – Erro do bloco; ETM – Erro de troca de marcação; RC – Remate da zona central de 9 metros; F9 – Falta de 9 metros; SRC – Sem recuperação da posse de bola)
PE 1 2 3 4 5
DS6 TM/BL (2.89/2.14)
ESA: (2.23:)
RC (2.21)
PN 1 2 3 4 5
DS6 BL (2.30)
EBL: (2.28:)
RC/F9 (2.97/2.13)
SRC (2.13)
PD 1 2 3 4 5
DS6 TM (2.01)
ETM (2.15)
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
140
Pode-se destacar que nos parciais desequilibrados a equipa apresenta
um padrão de comportamento que pode ser associado a uma defesa mais
fechada, com menos flutuação ou tentativas de saída aos atacantes da
primeira linha ofensiva (Simões, 2002). Apresenta uma probabilidade
significativa de actuar de forma mais colectiva, isto se explica pelo facto do
aparecimento do meio táctico colectivo da troca de marcação a ser activado
pela utilização do sistema defensivo 6:0.
Esta atitude pode indicar uma preocupação da equipa em utilizar seu
sistema preferido de forma mais colectiva para manutenção do resultado do
jogo ou para tentar combater os meios tácticos colectivos e as combinações
ofensivas de “2X2” ou ”3X3”.
Nos parciais normais verifica-se a probabilidade significativa da
utilização do meio táctico do bloco o que pode significar uma tentativa de
condicionar o remate de longa distância, ou também pode indicar uma maior
colaboração entre defesa e guarda-redes a partir do bloco nestes momentos do
jogo.
Estas situações de utilização do bloco forçam o adversário a procurar
outras formas de finalizar seu ataque, o que pode levar a atitudes ofensivas
individualizadas. Estas situações podem estar na raiz da probabilidade deste
evento estar associado com a falta de nove metros, além do remate da zona
central de 9 metros, o que atesta este argumento, pois a falta está associada a
uma individualização da defesa para conter o processo ofensivo adversário.
Uma vez que Silva (2000a) verificou que, em jogos que terminam com
um resultado parcial normal, um dos indicativos de vitória é a eficácia de
remates da primeira e segunda linhas ofensivas. Pode-se associar esta ideia
com uma individualização da defesa, na tentativa de conter estas formas de
finalização e favorecer o processo defensivo de equipa da Espanha.
Para os momentos de parcial equilibrado verifica-se a probabilidade
significativa da utilização de dois meios tácticos do Bloco e da Troca de
marcação, o que pode indicar uma maior preocupação a defesa nestes
momentos do jogo. Segundo Pastor Goméz (2006) nestes momentos parciais
do jogo é necessário recuperar a posse de bola com menor risco para a baliza.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
141
Esta atitude pode proporcionar maior segurança a defesa, com o intuito de
pressionar o adversário para recuperar a posse de bola.
A partir da comparação entre os padrões estabelecidos para o sistema
6:0 nos diferentes resultados parciais pode-se entender que a equipa da
Espanha não apresenta uma diferença no comportamento defensivo para os
diferentes parciais estabelecidos.
Porém a utilização dos meios tácticos apresenta uma probabilidade de
ser variada entre os parciais, mas este resultado pode estar relacionado ao
processo ofensivo adversário e não propriamente com uma intenção táctica
defensiva. Mesmo assim, pode-se associar como uma tentativa da equipa da
Espanha em condicionar o ataque adversário e não permitir a organização
ofensiva, sempre com uma atitude activa e agressiva à procura da recuperação
da posse de bola.
5.2.2.3 Análise prospectiva e retrospectiva conside rando como conduta critério os eventos da categoria “Erros defensivos”
Foi realizada uma análise prospectiva de três transições e retrospectiva
de quatro transições relativas aos eventos registados nesta categoria.
Estas análises compreendem a totalidade de categorias e eventos
estabelecidos neste estudo.
Apesar de mostrarem padrões com transições sem evento registado,
estes padrões apresentam algumas diferenças significativas no processo
defensivo de Espanha para a comparação entre as situações estabelecidas
nesta variável.
Detectaram-se padrões de comportamentos para os eventos “Erro de
deslizamento” e “Erro de troca de marcação”.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
142
Conduta Critério : Erro de deslizamento (EDZ)
.
Esta conduta critério diz respeito a todas as sequências em que a equipa
observada cometeu erros de deslizamento, isto é, em uma situação que o
defensor deveria realizar uma troca de marcação este executou o
deslizamento.
Foram encontrados padrões de conduta com algumas transições sem
eventos registados nos momentos de parcial equilibrado e normal, sem exibir
padrão para o parcial desequilibrado.
No Quadro 12 apresentam-se os padrões de comportamento para os
acontecimentos prévios e subsequentes ao erro defensivo de deslizamento.
Quadro 12 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Erro de deslizamento (EDZ)
PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. (DSM – Sistema defensivo misto; DSI – Sistema defensivo em inferioridade; IT – Intercepção; RE – Remate dos extremos; RS – Ressalto; DG – Defesa do guarda-redes; Z3 – Zona central de 6 metros)
Nos momentos de resultado parcial equilibrado a apresenta este erro
defensivo relacionado com a utilização dos sistemas mistos, com a intercepção
da bola como meio táctico de eleição, o ressalto e a recuperação da posse de
bola na zona próxima a área de baliza.
Para os resultados parciais normais este evento apresenta-se precedido
da utilização dos sistemas em inferioridade e seguido do remate dos extremos
e da defesa do guarda-redes.
No erro de deslizamento o defensor, ao acompanhar seu oponente
directo para tentar interceptar a bola no momento do passe ou a partir do
domínio por parte do atacante, se não obtêm sucesso produz espaço livre na
defesa para um possível passe de ruptura ou uma entrada do próprio atacante
directo.
-4 -3 -2 -1 PE 1 2 3
DSM: (2.15:)
IT: (5.88:)
EDZ RS:
(2.69:) Z3:
(3.48:)
-4 -3 -2 -1 PN 1 2 3
DSI:
(2.63:) EDZ RE:
(3.44:) DG
(3.44:)
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
143
Os sistemas defensivos mistos e a utilização da intercepção da bola nos
momentos de parcial equilibrado reforçam a ideia da equipa procurar
pressionar seus adversários neste momento para criar mais dificuldade s e
conseguir recuperar a posse de bola sem risco a baliza, para seguir ao ataque
e conquista ou alargar a vantagem no marcador nestes momentos do jogo
(Pastor Goméz, 2006).
Os sistemas defensivos em inferioridade, por estarem relacionados com
o facto da equipa se encontrar em inferioridade numérica absoluta, também
impõem a necessidade de maiores entreajudas defensivas (Silva, 2000a).
Neste sentido se um erro de deslizamento é cometido em uma situação
onde a equipa já está em inferioridade numérica (considerando o uso dos
sistemas defensivos em inferioridade), isto pode estar associado com a
finalização dos extremos pela continuidade de jogo ofensivo, como se verifica
no padrão observado para os momentos de resultado parcial normal.
Pode-se destacar a probabilidade deste erro defensivo activar a defesa
do guarda-redes nos parciais normais. O que pode indicar uma boa actuação
do guarda-redes de Espanha nestas situações e vem confirmar a grande
valorização deste posto específico no Andebol.
Esta valorização é destacada por Antón Garcia (1994), Constantini
(1995), Klein (1999), Mortágua (1999), Oliveira (1996) e Silva (1999 e 2000a).
Porém Antón Garcia (1994) e Constantini (1995) afirmam que esta prestação
não pode ser considerada como puramente individual, uma vez que não pode
ser dissociada da prestação da defesa em si, já que existem muitas formas de
colaboração da defesa e do guarda-redes.
Esta colaboração é realizada a partir do bloco defensivo, os contactos no
momento de remate, a diminuição de espaços para o remate dos extremos a
dissuasão de trajectórias do atacante e do remate em si.
Olsson (2004) salienta que este sistema de colaboração existe para
ajudar o processo defensivo e não deve servir como desculpa para a falha do
mesmo.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
144
Conduta Critério : Erro de troca de marcação (ETM)
Esta conduta critério diz respeito a todas as sequências em que a equipa
observada cometeu erros de troca de marcação, ou seja, a partir de
combinações ofensivas.
Para este evento foram encontrados padrões de conduta em todos os
momentos de resultado parcial estabelecidos. Em uma fase retrospectiva na
situação de resultado equilibrado o padrão não apresenta evento relacionado a
transição -4.
O resultado parcial normal mostra um padrão com eventos registados
em todas as transições e o parcial desequilibrado apenas a transição -3 não
apresenta evento relacionado. Na fase prospectiva existe um padrão de três
transições validas para parcial equilibrado e padrões com duas transições a
registar eventos para os parciais normais e desequilibrados.
No Quadro 13, observam-se padrões de comportamento relativos ao
erro defensivo na troca de marcação.
Quadro 13 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Erro de troca de marcação (ETM)
PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. (DGR – Defesa do guarda-redes; GLA – Golo marcado; AO – Ataque posicional; AR – Ataque rápido; DS3 – Sistema defensivo 3:2:1; DZT – Defesa em zona temporária; DS6 – Sistema defensivo 6:0; TM – Troca de marcação; RI – Remate da zona central de 6 metros; R7 – Remate de sete metros; GO – Golo sofrido; FO – Falha de finalização ofensiva; Z5 – Recuperação após golo sofrido)
Para este evento observam-se algumas mudanças no comportamento
táctico da equipa espanhola em relação aos momentos de resultado parcial
estabelecidos neste estudo.
-4 -3 -2 -1 PE 1 2 3
AO
(2.69) DS3:
(2.85:) TM
(13.32) ETM RI/R7: (3.72/5.44:)
GO (6.26)
Z5 (3.48)
-4 -3 -2 -1 PN 1 2 3
DGR: (2.17)
AR: (2.50:)
DZT: (2.60:)
TM (11.19) ETM RI
(6.21) FO:
(3.86:)
-4 -3 -2 -1 PD 1 2 3
GLA: (2.10:)
DS6:
(2.15:) TM:
(8.43) ETM RI: (5.05:)
GO:/DG: (2.67:/2.15:)
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
145
Nos momentos de parciais desequilibrados o erro de troca de marcação
mostra uma probabilidade significativa de ser precedido de um golo marcado
pela equipa observada e de ser activado pela utilização do sistema 6:0. Em
uma fase prospectiva este erro exibe uma probabilidade significativa de estar
relacionado com os remates de 6 metros e golo ou a defesa do guarda-redes.
Para os momentos parciais normais o início da sequência defensiva
apresentou a probabilidade significativa do erro ser precedido da defesa do
guarda-redes adversário, ser activado por um ataque rápido e do processo
defensivo definir-se na zona temporária.
Estar com a defesa em zona temporária pode ser o motivo deste erro de
troca de marcação, uma vez que nesta fase da defesa os defensores podem
não estar nos seus postos específicos em determinado momento do encontro
(Antón Garcia, 2002; Ribeiro, 1999).
Em uma fase prospectiva de análise, nos momentos de parcial normal,
apresentam-se as finalizações na zona central de 6 metros e a falha de
finalização ofensiva como eventos de probabilidade significativa de ocorrência
associados ao erro defensivo.
Nos parciais equilibrados apresenta-se a probabilidade significativa do
sistema 3:2:1 ser utilizado e activar este erro de troca de marcação. Estes
sistemas fornecem amplos espaços entre os defensores das diversas linhas
defensivas, dificultando a ajuda defensiva, o que pode explicar o facto de estar
associado ao erro de troca de marcação.
Esta utilização do sistema 3:2:1 pode significar que a equipa esta a
utilizar um sistema defensivo muito profundo (Ribeiro, 2000; Silva, 2000b), com
o objectivo de pressionar o adversário no terreno de jogo, recuperar a posse de
bola e conquistar uma vantagem no marcador. Este facto é reconhecido pelo
treinador da equipa da Espanha.
Em uma fase prospectiva, para os momentos de resultado parcial
equilibrado, apresenta-se a probabilidade significativa do erro de troca de
marcação activar o golo sofrido.
Para os parciais desequilibrados este padrão pode indicar uma
fragilidade da defesa, uma vez que existe a possibilidade de utilizar o sistema
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
146
6:0 e sofrerem remates de 6 metros a partir da troca de marcação, uma vez
que estes sistemas possibilitam pouco espaço na zona próxima da área de
baliza, não deveriam estar associados com as finalizações de seis metros.
Destaca-se a presença do evento defesa do guarda-redes como um
possível resultado favorável da sequência defensiva nestes momentos de
resultado parcial desequilibrado. Este facto confirma a importância
anteriormente mencionada do guarda-redes para o Andebol (Antón Garcia,
1994; Constantini, 1995; Klein, 1999; Mortágua, 1999; Oliveira, 1996; Silva,
1999, 2000a).
Para o parcial normal a conclusão deste padrão apresenta-se diferente
dos demais uma vez que mostra a possibilidade do remate de 6 metros na
zona central, comum a todos os parciais, mas a terminar em falha de
finalização ofensiva.
Nos momentos de parcial equilibrado verifica-se que este erro de troca
de marcação pode ser muito perigoso para o processo defensivo da equipa
espanhola já que exibe uma probabilidade significativa de estar associado com
os remates de 6 e 7 metros e com o golo sofrido.
Por este motivo existe a possibilidade de que o jogo seja decidido nos
detalhes colectivos e a equipa, nestas situações específicas da análise
realizada, mostra uma probabilidade de sofrer golo a partir da combinações
ofensivas que forçam a troca de marcação pela equipa da Espanha.
Esta é mais uma razão para que se tenha cuidado em analisar as
relações entre os processos do jogo (defensivo e ofensivo) a partir destas
combinações ofensivas de jogo reduzidos (“2X2” e ”3X3”), além das atitudes
correspondentes ao jogo de “1X1”.
A utilização do sistema 3:2:1 corresponde a aproximadamente 1,5% do
total de sequências observadas nestas situações. Este valor pode não
representar problema ao processo defensivo espanhol, mas pode ser
considerado para os treinos, uma vez que este sistema defensivo é
considerado muito profundo e agressivo e que dificulta a circulação da bola e
diminui a velocidade do ataque organizado, provando sua utilidade na
modalidade (Ribeiro, 2000; Silva, 2000b; Simões, 2002).
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
147
5.2.2.4 Análise retrospectiva considerando como con duta critério os eventos da categoria “Acções de finalização da sequ ência defensiva”
Nesta análise foram obtidos padrões de conduta a partir dos eventos
registados como as acções que finalizam a sequência defensiva, isto é após
um remate ou uma intercepção de bola que termine em ressalto ofensivo
lançamento de reposição em jogo.
Esta análise procurou detectar a probabilidade de ocorrência dos
eventos registados nas seis transições antecedentes à conduta critério.
Isto corresponde do início da sequência defensiva até a categoria em
questão. Foram encontrados padrões de comportamento para os eventos
”Falha de finalização ofensiva”, ”Golo sofrido” e ”Ressalto”.
Conduta Critério : Falha de finalização ofensiva (FO)
Não foram encontrados padrões para o resultado parcial equilibrado, nos
parciais normais este evento apresenta-se relacionado com as condutas nas
transições -2 e -3.
Já nos momentos de parcial desequilibrado este evento apresenta um
padrão em que somente a transição -1 não apresenta conduta objecto
relacionada.
No Quadro 14 observam-se os padrões de conduta encontrados para os
momentos de parcial normal e desequilibrado.
Quadro 14 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Falha de finalização ofensiva (FO)
PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. (FAE – Falha técnica; AR – Ataque rápido; DZT – Defesa em zona temporária; TM – Troca de marcação; CD – Controlo defensivo; ETM – Erro de troca de marcação; ESA – Erro de saída ao portador da bola)
-6 -5 -4 -3 -2 -1 PN
TM:
(3.11:) ETM: (2.57:) FO
-6 -5 -4 -3 -2 -1 PD
FAE: (2.07:)
AR: (2.07:)
DZT: (2.07:)
CD: (2.40:)
ESA: (2.58:)
FO
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
148
Nos parciais normais a equipa apresenta uma probabilidade significativa
do erro de troca de marcação estar relacionado ao erro de finalização
adversária, mas com problemas quanto as trocas de marcações, como
aconteceram em padrões anteriores.
Estes problemas podem estar associados a uma maior utilização de
combinações ofensivas e meios tácticos de grupo pelos adversários e não só a
uma opção táctica da equipa da Espanha para estes momentos do jogo.
Nos momentos de parcial desequilibrado aparece a probabilidade
significativa da equipa sofrer com falhas no seu processo ofensivo,
possibilitando o ataque rápido adversário, mas ainda assim conseguir utilizar o
controlo defensivo mesmo em defesa de zona temporária.
O erro defensivo associado às falhas de finalização está ligado ao
remate de média e longa distância, o que pode demonstrar uma boa
recuperação da defesa de Espanha mesmo após falhas no ataque e contra
uma transição rápida do adversário, nestes momentos do jogo. O que
demonstra uma preocupação com este aspecto do jogo como salienta Garcia
Herrero (2003c)
Estes resultados não apresentaram uma diferença significativa no
comportamento táctico da equipa da Espanha nos diferentes resultados
parciais, isto porque pode-se entender que as diferenças no meio táctico a
utilizar podem estar relacionadas com o processo ofensivo adversário nos
resultados parciais.
Para além disso é possível verificar na análise descritiva que os valores
relativos apresentados por estas situações de falha de finalização ofensiva
representam menos de 10% das sequências válidas nas várias situações de
resultados parciais estabelecidas.
Uma curiosidade é que nos parciais equilibrados não se verificou um
padrão estabelecido pela falha de finalização ofensiva, o que pode indicar que
esta falha de finalização é relativamente menos frequente nestes momentos
parciais ou que não há eventos do processo defensivo relacionados
directamente com estas falhas do processo ofensivo.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
149
Isto pode traduzir uma melhor actuação por parte da defesa de Espanha
nestes momentos de parcial equilibrado, bem como a preocupação da equipa
nestes momentos específicos para recuperar a posse de bola com menor risco
à baliza.
Conduta Critério : Golo sofrido (GO)
Para esta conduta critério todos os resultados parciais estabelecidos
apresentaram padrões de conduta para este evento.
Os parciais equilibrados mostram um padrão de três transições
consecutivas (-1 a -3), os parciais normais exibem um padrão com apenas uma
transição a registar evento nesta análise e os parciais desequilibrados
demonstram um padrão onde a transição -2 é a única sem evento registado.
No Quadro 15 observam-se os padrões de comportamento encontrados
para o golo sofrido nas situações de resultados parciais estabelecidas.
Quadro 15 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Golo sofrido (GO)
PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. (INA – Intervenções do adversário; CA – Contra-ataque; RDP – Recuperação defensiva; TM – Troca de marcação; SM – Sem meio táctico; ETM – Erro de troca de marcação; RI – Remate da zona central de 6 metros; R7 – Remate de sete metros)
Para o parcial desequilibrado o evento apresenta uma probabilidade
significativa de estar precedido do contra-ataque e da equipa não conseguir
intervir no processo ofensivo adversário nem na recuperação defensiva nem na
utilização de meios tácticos.
Isto pode indicar um bom aproveitamento da equipa observada nestes
parciais uma vez que o golo só mostra probabilidade de estar associado a
-6 -5 -4 -3 -2 -1 PE
TM
(3.09) ETM (3.48)
RI (3.45)
GO
-6 -5 -4 -3 -2 -1 PN
RI/R7:
(3.27/2.96:) GO
-6 -5 -4 -3 -2 -1 PD
INA: (2.49:)
CA: (2.49:)
RDP: (2.49:)
SM: (2.13:)
RI:
(2.04:) GO
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
150
estes contra-ataques, que representaram pouco mais de 5% do total de
sequências observadas para estes momentos do jogo.
O golo sofrido apresentou uma probabilidade significativa de ser
precedido pelos remates de 6 metros em todos os parciais e de 7 metros para
o parcial normal, o que pode indicar a probabilidade de um menor índice de
aproveitamento dos remates exteriores pelos adversários nestas situações.
Este facto pode ser reforçado uma vez que, a partir da análise descritiva,
é possível verificar que os remates da zona de 9 metros foram os mais
executados pelos adversários (RC≈24% e RI≈22%) nestes resultados parciais.
Ainda neste sentido pode-se verificar que o aproveitamento destas
finalizações de primeira e segunda linha ofensiva é um dos indicativos que
segundo Silva (2000a), discriminam as equipas vencedoras no Andebol para os
jogos que terminam com resultado parcial normal.
Nos parciais equilibrados apresenta-se a probabilidade do golo estar
precedido do erro de troca de marcação, o que demonstra a importância deste
meio táctico de grupo nestes momentos do jogo, bem como demonstra um bom
aproveitamento do adversário nas combinações ofensivas de jogo reduzido.
Este erro, como já mencionado anteriormente, deve ser exaustivamente
combatido nos treinos já que a equipa, nestes momentos específicos do jogo,
mostra uma probabilidade de sofrer golo. Este erro assume seu maior valor
relativo nestas situações e é o segundo erro mais cometido pela equipa nestas
situações.
Os resultados obtidos nesta análise não possibilitam uma comparação
entre os comportamentos tácticos da equipa da Espanha uma vez que os
sistemas defensivos ou meios tácticos não apresentam eventos ligados ao golo
sofrido em mais que um dos resultados parciais estabelecidos na variável.
Pode-se destacar que o facto do golo sofrido estar associado ao erro de
deficiente recuperação defensiva não parece prejudicar o entendimento da
qualidade de retorno defensivo espanhol uma vez que o valor relativo da deste
erro representa menos de 5% dos erros cometidos.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
151
Conduta Critério : Ressalto (RS)
Este evento está relacionado a uma finalização por remate do adversário
ou a intercepção de passe em que a bola acabe por cruzar completamente a
linha saída de baliza ou a linha lateral.
Foram encontrados padrões de uma e três transições para as situações
de resultado parcial normal e desequilibrado respectivamente. Para o parcial
equilibrado verificou-se um padrão onde somente a transição -5 não apresenta
evento registado.
No Quadro 16 observam-se os padrões de comportamento encontrados
nas situações de resultado parcial estabelecidas.
Quadro 16 – Análise retrospectiva e prospectiva à conduta Ressalto (RS)
PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado. FFO – Falha de finalização ofensiva; L9m – Livre de nove metros; AO – Ataque organizado; DSM – Sistema defensivo misto; DS6 – Sistema defensivo 6:0; BL – Bloco; IT – Intercepção da bola; EBL – Erro do bloco; SED – Sem erro defensivo; RC – Remate da zona central de 9 metros; SFN – Sem finalização ofensiva
Nos momentos de parciais desequilibrados o ressalto não apresenta
nenhuma outra probabilidade de associação em uma linha retrospectiva de
eventos, somente a associação com o remate de primeira linha ofensiva ou
situações onde a equipa adversária não finaliza, mas recupera a posse de bola
por um lançamento de reposição em Jogo.
Nos parciais equilibrados o ressalto ainda mostra probabilidade
significativa de ser precedido da utilização dos sistemas mistos e da falha de
finalização do ataque espanhol.
-6 -5 -4 -3 -2 -1 PE FFO:
(2.13:)
DSM (2.08)
BL (3.44)
EBL (4.04)
RC (4.37)
RS
-6 -5 -4 -3 -2 -1 PN
RC / SFN:
(4.22/3.21:) RS
-6 -5 -4 -3 -2 -1 PD
BL:
(2.51:) EBL:
(2.74:) RC:
(3.34:) RS
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
152
Nestes momentos equilibrados a agressividade defensiva e a busca pela
recuperação da posse de bola se evidenciam pela probabilidade significativa da
utilização dos sistemas defensivos mistos, com o intuito de pressionar o
adversário e com isso criar dificuldades e recuperar a posse de bola com o
menor risco no jogo.
Esta utilização dos sistemas mistos também podem significar que a
equipa está em superioridade numérica absoluta, uma vez que é comum a
utilização destes sistemas defensivos para “retirar” o(s) melhor(es) jogadores
do adversário da organização ofensiva. Porem não é possível confirmar estas
intenções a partir das análises realizadas.
Estes resultados vêm de encontro ao que afirma Pastor Goméz (2006),
que a equipa deve procurar ganhar a vantagem no resultado a todo momento
para forçar o adversário a jogar com o marcador desfavorável, como mais uma
forma de pressionar o adversário.
A partir da análise descritiva pode-se verificar que o ressalto só não
aparece como o segundo maior evento nesta categoria nos momentos de
parcial desequilibrado, onde a defesa do guarda-redes assume esta referência.
Isto demonstra a importância dos jogadores de campo da equipa da
Espanha, uma vez que toda situação de ressalto significa que a equipa
observada não sofreu golo e ainda possibilitou uma forma de recuperação da
posse de bola sem que esta chegasse até a baliza.
Nesta análise pode-se verificar que o ressalto sem participação do
guarda-redes é activado pelos remates de primeira linha ofensiva. Combinando
estes resultados com os do golo sofrido pode-se entender que estes remates
não são os mais efectivos das equipas adversárias.
Neste sentido este indicador de rendimento estabelecido por Silva
(2000a) e citado anteriormente parece ter uma probabilidade de não estar
associado ao golo e sim ao ressalto nestas sequências defensivas uma vez
que é presente em todas as situações estabelecidas nesta variável.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
153
5.3 Síntese dos resultados obtidos
Em função da extensão deste Capítulo, a seguir será apresentada uma
síntese os resultados obtidos, separados por variável, no que diz respeito ao
comportamento táctico-técnico da selecção de Espanha.
5.3.1 Variável Relação Numérica
O Quadro 17 apresenta uma síntese sobre os resultados obtidos para
esta variável.
Quadro 17 – Comportamento táctico-técnico da selecção de Espanha na variável Relação numérica.
IG – Igualdade numérica absoluta; SN – Superioridade numérica absoluta; IN – Inferioridade numérica absoluta.
IG
O comportamento defensivo caracteriza-se por: (i) utilização mais variada de sistemas defensivos, (ii) grande variação na utilização dos meios tácticos individuais e de grupo; (iii) varia a forma de actuação dos sistemas defensivos mesmo dentro de uma mesma sequência defensiva; (iv) procura de acções mais individualizadas, quanto as responsabilidades defensivas no sistema 6:0.
SN
O comportamento defensivo caracteriza-se por: (i) utilização de sistemas defensivos mais profundos como sistemas defensivos mistos e 5:1; (ii) muita profundidade e dissuasão com tentativas de intercepção de passes e trajectórias; (iii) utiliza uma variação de sistemas mistos durante o mesmo processo defensivo; (iv) maior utilização do bloco e colaboração com o guarda-redes.
IN O comportamento defensivo caracteriza-se por: (i) maior disponibilidade defensiva com aumento das ajudas e mantendo a agressividade defensiva; (ii) provoca faltas para cortar a continuidade do ataque adversário; (iii) tenta manter uma igualdade numérica relativa do lado da bola, deixando do lado contrário da bola com um jogador a menos.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
154
5.3.2 Variável Resultado Parcial
O Quadro 18 apresenta uma síntese sobre os resultados obtidos para
esta variável.
Quadro 18 – Comportamento táctico-técnico da selecção de Espanha na variável Resultado Parcial.
PE – Parcial equilibrado; PN – Parcial normal; PD – Parcial desequilibrado.
Após a apresentação e discussão dos resultados obtidos serão
apresentadas as conclusões deste estudo bem como as limitações do trabalho
e as propostas para futuros estudos que foram estabelecidas.
PE O comportamento defensivo caracteriza-se por: (i) maior individualização da defesa; (ii) sistemas defensivos de muita dissuasão, profundidade e agressividade sobre o adversário; (iii) maior preocupação com recuperação da posse de bola, sempre pressionando o adversário; (iv) utilização mais variada de sistemas defensivos.
PN O comportamento defensivo caracteriza-se por: (i) tenta condicionar o ataque adversário a rematar de longa distância com a ajuda do bloco defensivo para estes remates; (ii) sofre mais com o contra-ataque, contra-golo e o ataque rápido; (iii) maior recuperação de posse de bola a partir do ressalto.
PD O comportamento defensivo caracteriza-se por: (i) divide as responsabilidades defensivas e actua de forma mais colectiva e com menor profundidade; (ii) maior utilização do bloco como forma de condicionamento do remate adversário; (iii) permite menos finalizações do adversário; (iv) comete menos erros defensivos.
CONCLUSÕES
CONCLUSÕES
157
6 Conclusões
Neste Capítulo são apresentadas as conclusões relativas aos objectivos
e hipóteses levantadas para o presente estudo, em função da amostra e dos
resultados obtidos a partir das análises sequenciais. Pode-se concluir que:
H1 – Identificam-se padrões diferenciados no compor tamento defensivo,
em função da utilização dos sistemas defensivos
Em função da variável relação numérica absoluta não foi possível
verificar diferentes padrões de comportamentos para um mesmo sistema
defensivo nas distintas relações numéricas estabelecidas.
Na análise prospectiva em função da variável resultado parcial foi
possível estabelecer padrões diferenciados para um mesmo sistema defensivo
nos diferentes momentos de resultado parcial estabelecidos.
Os sistemas defensivos mistos e os sistemas em inferioridade
apresentaram padrão de conduta em diferentes momentos parciais, não
apresentando padrão detectável, aos momentos de parcial normal e
desequilibrado, respectivamente.
H2 – Os erros defensivos apresentam padrões diferen ciados de condutas
para as categorias e variáveis estabelecidas
Para a categoria “Erros defensivos” pode-se concluir que a utilização de
diversos sistemas defensivos nas diferentes relações numéricas associados
aos erros defensivos, bem com as diferenças no fim da sequência defensiva,
exibem uma maior variação táctica da equipa da Espanha nas diferentes
relações numéricas observadas.
Em função da variável resultado parcial pode-se citar que estas
situações mostram uma maior variação táctica da defesa de Espanha
associada aos erros defensivos.
CONCLUSÕES
158
Por não existir uma associação directa entre os erros defensivos e o
resultado das finalizações do adversário pode-se entender que estes padrões
de comportamento estão ligados mais a qualidade do ataque adversário e não
tanto a uma efectiva diferenciação táctica da equipa da Espanha.
H3 – Existem padrões de conduta específicos relacio nados com as
situações de igualdade ou desigualdade numérica abs oluta
Não foi possível verificar um padrão de conduta específico para as
diferentes relações numéricas estabelecidas neste estudo mas, a partir dos
dados das análises descritivas e sequencial, pode-se entender que as
diferentes situações numéricas influenciam o comportamento táctico das
equipas em confronto.
Portanto a relação numérica influencia os processos de jogo das equipas
em confronto, mas não de igual forma em todas as categorias estabelecidas
neste estudo.
H4 – O resultado parcial apresenta padrões diferenc iados de
comportamento da equipa observada
Apesar de não ser possível identificar as formas específicas de como os
resultados parciais estabelecidos influenciam a actuação defensiva da equipa
da Espanha foi possível detectar algumas variações mais comuns para certos
momentos parciais estudados.
Pode-se concluir que o processo defensivo da equipa da Espanha é
influenciado pelo resultado parcial do jogo.
A seguir serão apresentadas algumas propostas para futuros estudos.
CONCLUSÕES
159
6.1. Propostas para futuros estudos
Nesta fase do presente trabalho há que se ter cuidado para que as
propostas não escapem ao âmbito da realidade que a análise sequencial
oferece na actualidade, mas são argumentos arquitectados que possivelmente
auxiliem treinadores e estudiosos da modalidade.
Neste sentido parece pertinente:
� Estudar o processo ofensivo juntamente com o processo defensivo para
melhor designar as razões da ocorrência de alguns eventos analisados em
comum, tais como as relações entre os meios tácticos utilizados nos
diferentes processos de jogo;
� Verificar a relação dos postos específicos e/ou jogadores envolvidos nos
meios tácticos utilizados em ambos os processos de jogo, bem como os
postos específicos e/ou jogadores implicados nos erros defensivos;
� Verificar as relações entre as combinações ofensivas e defensivas em jogo
reduzido (“2X2”; ”3X3”; ”2X1”; ”1X2”; ”3X2”; “3X3”) e identificar quais destas
situações são mais eficazes para uma equipa, ou em geral;
� Validar um questionário que verifique a compreensão do jogador quanto à
tomada de decisão em certos momentos e/ou padrões de jogo
estabelecidos a partir da análise de jogos em que participam.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
163
7 Referências Bibliográficas
Anguera Arguilaga, M.T. (1990). Metodología observacional. In J. Arnau, M.T.
Anguera e J. Gómez (Ed.). Metodología de la investigación en Ciencias del
Comportamiento. Murcia: Secretariado de Publicaciones de la Universidad de
Murcia, pp. 125-236.
Anguera Arguilaga, M.T. (2003). La observación. In C. Moreno Rosset (Ed.),
Evaluación psicológica: Concepto, proceso y aplicación en las áreas del
desarrollo y de la inteligencia. Madrid: Sanz y Torres, pp. 271-308.
Anguera Arguilaga, M.T. (2004). Analisis de la temporalidad en registros
observacionales de situaciones deportivas: ¿Dos caras de una misma realidad?
In A. Borges y P. Prieto (Eds.). Psicología y Ciencias Afines siglo XXI. Santa
Cruz de Tenerife: Secretariado de Publicaciones de la Universidad de La
Laguna.
Anguera Argilaga, M. T.; Blanco Villaseñor, A.; Losada López, J. L. & Sánchez-
Algarra, P. (1999). Analisis de la competencia en la seleccion de observadores.
Metodologia de las Ciencas del Comportamiento, 1 (1), 95 – 114.
Anguera Argilaga, M. T.; Blanco Villaseñor, A.; Losada López, J. L. &
Hernández Mendo, A. (2000). La metodología observacional en el deporte:
conceptos básicos. EF-Deportes - Revista Digital, Año 5 - N° 24 - Agosto de
2000. Consultado em 12 de Novembro de 2005, Disponível em
http://www.efdeportes.com/efd24b/obs.htm.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
164
Anguera Arguilaga, M.T. & Blanco Villaseñor, A. (2003). Registro y codificación
en el comportamiento deportivo. In A. Hernández Mendo (ed.), Psicología del
Deporte: Fundamento y aplicaciones. Barcelona: E.U.B.
Aniz, I.; Garcia Herrero, J. A.; Arrelano, J. I.; Barbado, F. D.; Domínguez, J. O.;
Garcia Calvo, T. (2002). Analisis del juego de ataque en desigualdad numérica
en el balonmano de alto nível. Universidad de Extremadura – Facultad de
Ciencias del Deporte. Actas do II Congreso Nacional de Técnicos especialistas
en Balonmano. “La estructuración del juego de ataque”. Cáceres.
Antón Garcia, J. L. (1994). Balonmano: Metodología y alto rendimiento.
Barcelona: Ed. Paidotribo.
Antón Garcia, J. L. (1997). La alternancia de sistemas defensivos en un
encuentro. In J. L. Anton Garcia (Ed.). Balonmano: Metodología y
entreinamiento. Barcelona: Ed. Paidotribo.
Antón Garcia, J. L. (1998). Balonmano táctica grupal ofensiva: Concepto,
estructura y metodología. Madrid. Editorial Gymnos.
Antón Garcia, J. L. (2000). Balonmano: Perfeccionamiento y investigación.
Barcelona: Ed. INDE.
Antón Garcia, J.L. (2002). Táctica grupal defensiva. Granada: Grupo Editorial
Universitario.
Bakeman, R. & Gottman, P. (1989). Observación de la interacción: Una
introducción al análisis secuencial. Madrid: Morata.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
165
Bakeman, R. & Quera, V. (1996). Análisis de la interacción: Análisis Secuencial
con SDIS-GSEQ. Madrid: Ra-Ma.
Barbosa, J. (1999). A organização do jogo em Andebol: Estudo comparativo do
processo ofensivo em equipas de alto nível, em função da relação numérica
ataque-defesa. Porto: J. Barbosa. Dissertação de Mestrado apresentada à
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Bayer, C. (1987). Técnica del balonmano: La formacion del jugador. Barcelona.
Hispano Europa.
Buceta, J. M. (1998). Psicología del entrenamiento deportivo. Madrid, Editora
Dyckinson, S. L.
Castellano Paulis, J.; Hernández Mendo, A.; Morales-Sánchez, V. & Anguera
Arguilaga, M.T. (2007). Optimizing a probabilistic model of the development of
play in soccer. Quality & Quantity. International Journal of Methodology, 41, (1),
pp 93-104.
Cardoso, E. R. P. (2003). Caracterização do contra-ataque no Andebol: Estudo
em equipas seniores masculinas portuguesas de alto rendimento. Porto: E.
Cardoso. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto.
Chirosa L.J. & Chirosa I.J. (1999). Bases para el entrenamiento técnico-táctico
individual de los jugadores situados en la zona central de las defensas zonales
cerradas. Comunicación Técnica nº 184. A.E.BM. Consult. 18 novembro 2004,
disponível em http://www.aebm.com/ct184.htm.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
166
Cillo, E. (2003). Análise de Jogo como fonte de dados para a intervenção em
Psicologia do Esporte. In Kátia Rubio (org.) Psicologia do Esporte Aplicada.
São Paulo/SP: Casa do Psicólogo.
Coelho, J. P. C. (2003). A Defesa no Andebol: um estudo de caso com a
equipa do Futebol Clube do Porto participante no Campeonato 2002-03 da Liga
Portuguesa de Andebol. Porto. J. Coelho. Monografia de licenciatura
apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da
Universidade do Porto.
Constantini, D. (1995). Dossier Spécial Mundial: Le jeu de l´équipa de france.
Approches du Handball, 27, 3-6.
Cruz, C. (1990). A Defesa: Um gosto de Treinar. Revista 7 Metros n.º 39, pp
101-104.
Cuesta, G. (1987). Metodologia de treino específico individual para jogadores
defesas participantes nas defesas abertas. In Caderno Setemetros nº 2.
Revista técnica de Andebol Setemetros. Lisboa, pp. 53 – 74.
Czerwinski, J. (1994). Balonmano: una descripción del juego. (Juan de Dios
Román e Isabel Pérez, trad.). Comunicación Técnica nº 150. R.F.E.BM.
Czerwinski, J. (2000). Statistical analysis and remarks on the game character
based on the European Championship in Croatia. EHF Activities / Analyses.
Consult. 18 Maio 2005, disponível em http://home.eurohandball.com/ehf_files/
specificHBI/ECh_Analyses /2000/cro/4/stat-analyse.pdf.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
167
Czerwinski, J. e Taborsky, F. (1996). The technical and tactical evaluation of
the game of the Women´s Junior Championship. Handball – EHF periodical for
coaches and lecturers (1),12-24.
Dufour, W. (1993). Computer-Assisted Scouting in Soccer. In T. Reilly, J. Clarys
& A. Stibbe (Eds.). Science and Football. London: E & F.N. pp. 160-166.
Enríquez Fernandez, E. & Meléndez-Falkowski, M. M. (1988). Los Sistemas de
juego defensivos: fundamentos teoricos, exposicion grafica de procedimientos y
metodologia practica. (Vol. 9) Madrid: Ed. Esteban Sanz.
Ferreira, D. (2006). Métodos de jogo ofensivo na transição defesa-ataque no
Andebol: Um estudo do contra-ataque e do ataque rápido com recurso a
análise sequencial. Porto: D. Ferreira. Dissertação de Mestrado apresentada à
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Ferreira, N. (2006). O processo ofensivo em desigualdade numérica no
Andebol: Um estudo com recurso a análise sequencial. Porto: N. Ferreira.
Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto.
Garcia Herrero. J. A. (2003a). Algunas consideraciones sobre el entrenamiento
individual defensivo en las etapas de formación. [Versão electrónica]
Comunicación Técnica nº 232. R.F.E.BM.
Garcia Herrero. J. A. (2003b). Alternativas de funcionamiento táctico colectivo
en el mismo sistema defensivo. [Versão electrónica] Comunicación Técnica nº
218. R.F.E.BM.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
168
Garcia Herrero. J. A. (2003c). Entreinamiento en Balonmano: bases para la
construcción de un proyecto de formación defensiva. Barcelona, Editorial
Paidotribo.
Garganta J. (1996). Modelação da dimensão táctica do jogo de futebol. In:
Oliveira J e Tavares F (Eds.), Estratégia e Táctica nos Jogos Desportivos
Colectivos. CEJD. Porto. Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação
Física da Universidade do Porto. 63-82.
Garganta, J. (1997). Analisar o jogo nos jogos desportivos colectivos. Revista
Horizonte, XIV, 83, 7-14.
Garganta, J. (2001). A análise da performance nos jogos desportivos: revisão
acerca da análise do jogo. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 1(1):
57-64.
Greco, P.J. & Chagas, M.H. (1992). Considerações teóricas da tática nos jogos
esportivos coletivos. Revista Paulista de Educação Física, 6(2),
julho/dezembro, 47-58.
Hernández Mendo, A.; González Villena, S; Ortega García, M.A.; Ortega
Orozco, J. & Rondán Roldán, R. M. (2000). Aportaciones del análisis
secuencial al baloncesto: una aproximación. Lecturas: Educación Física y
Deportes - revista digital, Año 5 - Nº 18. Consult. Out. 2005, disponível em
http://www.efdeportes.com/efd18/analis.htm.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
169
Hernández Mendo, A. & Molina Maciás, M., 2002. Cómo usar la observación en
la psicología del deporte: principios metodológicos. Lecturas: Educación Física
y Deportes - revista digital, Año 8 - N° 49. Consult. Novembro de 2006,
Disponível em http://www.efdeportes.com/efd49/obs2.htm.
Janeira, M. (1998). A Metodologia da Observação em Basquete: Uma visão
integradora. Actas do IV World Congress of Notational Analysis of sport. (Livro
de resumos). Porto: Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física
da Universidade do Porto. pp. 24.
Klein, D. (1999). Selected aspects of a qualitative analysis of players
performance ata the Men´s 1998 ECH in Italy. Handball – EHF periodical for
coaches and lecturers (2). pp. 10-27.
Latiskevits, L. (1991). Balonmano. Barcelona: Editorial Paidotribo.
Mauny, P. (1998). Handball: Proposition pour un Traitement Didatique.
Éducation Physique et Sport, 272, 21-26.
McGarry, T. & Franks, I.M. (1996). Development, applications and limitation of
the stochastic Markov model in explaining championship squash performance.
Research Quarterly for Exercise and Sport, 67 (4), 406-415.
Mocsai, L. (2002). Analysing and evaluating the 2002 Men's European Handball
championship. EHF Activities/Analyses, 1, 3-12. Consult. 25 Set. 2005,
Disponível em http://home.eurohandball.com/ehf_files/specificHBI/ECh_Analys
es/2002/swe/4/Lajos%20Mocsai%20-%20Analysing%20and%20evaluating%20
and%20the%205th%20Mens%20Handball%20European%20Championship.pdf
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
170
Moreno Contreras, M.I. & Pino Ortega, J. (2000). La observación en los
deportes de equipo. Lecturas: Educación Física y Deportes - revista digital, ano
5 - Nº 18. Consult. 16 Set 2006, Disponível em http://www.efdeportes.com/
efd18a/dequipo.htm.
Moreno, J. (1994). Análisis de las Estructuras del Juego Deportivo:
Fundamentos del Deporte. 2ª Ed. Barcelona: Inde Publicaciones.
Mortágua, L. (1999). Modelo de jogo ofensivo em Andebol: Estudo da
organização da fase ofensiva em equipas seniores masculinas de Alto
Rendimento portuguesas. Porto: L. Mortágua. Dissertação de Mestrado
apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da
Universidade do Porto.
Moutinho, I. (1993). Construção de um sistema de validação e avaliação da
distribuição em voleibol para equipas de rendimento. Porto: I. Moutinho. Provas
de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica apresentada à Faculdade de
Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto.
Oliveira, A. (1996). O guarda-redes de Andebol: Um estudo das suas
características e eficiência nos remates de 1ª linha e de ponta. Porto: A.
Oliveira. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências do
Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto.
Oliveira, F. (1995). Ensinar o Andebol. Campo das Letras S.A. Porto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
171
Oliver Coronado, J. (2003). Análisis del campeonato del mundo de balonmano
masculino: Portugal 2.003. Universidade Federal de São Paulo – Escola
Paulista de Medicina. Actas do I Congresso Internacional de treinamento
Esportivo do CENESP/UNIFESP, São Paulo, pp. 1-37
Olsson, M. (2004). The cooperation between the goalkeeper an the defense.
Handball Periodical for Coaches, Refeeres and Lecturers. European Handball
Federation. 1(2004), 53-57.
Pastor Goméz, J. C. (2006). Un antes y un despues en los sistemas defensivos
del Equipo Español. Universidad deVigo – Facultad de Ciencias Sociales y de
la Comunicación. Conferencia Inaugural do Iº Congreso Internacional del
Balonmano: “Jornadas Gallegas” de la Facultad de Ciencias de la Educación y
del Deporte – Universidad de Vigo, Pontevedra.
Pinto, J. & Garganta, J. (1996). Contributo da modelação da competição e do
treino para a evolução do nível do jogo no futebol. In J. Oliveira e F. Tavares
(Eds.). Estratégia e táctica nos jogos desportivos colectivos. 83-94. CEJD -
FADE-UP. Porto.
Prudente, J. (2000). A concretização do ataque no Andebol Português de alto
nível em superioridade numérica de 6x5. Funchal: J. Prudente. Dissertação de
Mestrado apresentada à Universidade da Madeira.
Prudente, J. (2006). Análise da performance táctico-técnica no Andebol de alto
nível: Estudo das acções ofensivas com recurso à análise sequencial. Funchal:
J. Prudente. Dissertação de Doutoramento apresentada à Universidade da
Madeira.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
172
Prudente, J., Garganta, J. & Anguera Arguilaga, M.T. (2004). Desenho e
validação de um sistema de observação no Andebol. Revista Portuguesa de
Ciências do Desporto, 4, (3), 49–65.
Prudente, J., Garganta, J. & Anguera Arguilaga, M.T. (2005). Indicadores de
sucesso do contra-ataque em Andebol: estudo do Campeonato da Europa de
2002, com recurso à análise sequencial. In E. S. Garcia e K. L. M. Lemos
(eds.), Temas atuais X em Educação Física e Esportes. Belo Horizonte: Livraria
e Editora Saúde, pp. 63 – 92.
Ribeiro, B. T. C. (2002). A Importância dos meios tácticos de grupo ofensivos
na obtenção do golo em Andebol: um estudo com recurso a análise sequencial.
Porto. B. Ribeiro. Monografia de licenciatura apresentada à Faculdade de
Desporto da Universidade do Porto.
Ribeiro, M. (1999). Metodologia para a organização do comportamento
defensivo. Andebol Top, 1, 17-24.
Ribeiro, M. (2000). O sistema defensivo 3:2:1. Andebol Top, 5, 3-12.
Riera, J.R. (1995). Análisis de la táctica deportiva. Apunts: Educacón Física y
Deportes, 40, 47-60.
Rodrigues, M. (2005). Análise dos indicadores de rendimento no jogo de
Andebol: Jogos à eliminar vs jogos em grupo. Porto: M. Rodrigues. Dissertação
de Estrado apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação
Física da Universidade do Porto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
173
Román Seco, J. D. (1998) 1998 Men´s Junior Championship/Aut. Periodical
Handball. European Handball Federation. Consult. Outubro de 2005. Disponível
em http://home.eurohandball.com/ehf_files/specificHBI/ECh_Analyses/1998/aut
/4/juan.pdf.
Román Seco, J. D. (1999) World Championship Egypt’99 Analysis. E H F
Periodical for Coaches, Referees and Lecteurs, 2, 1-9.
Román Seco, J. D. (2002). La estructuración del juego de ataque en
Balonmano de alto nivel. Universidad de Extremadura – Facultad de Ciencias
del Deporte. Actas do II Congreso Nacional de Técnicos especialistas en
Balonmano. “La estructuración del juego de ataque”. Cáceres.
Román Seco, J. D. (2005) Conceptos de ataque frente a variantes defensivas
6:0 Y 5:1. e-balonmano: Revista Digital Deportiva, 1, nº 1, pp. 3-16. Consult. 22
Dez. 2006, disponível em http://www.e-balonmano.com/revista/articulos/
v1n1/v1-n1-a1.pdf.
Román Seco, J. D. (2006) Los inicios del siglo XXI: evolucion y tendencias del
juego. e-balonmano: Revista Digital Deportiva, 2, nº 1, pp. 3-20. Consult. 22
Dez. 2006, disponível em http://www.e-balonmano.com/revista/articulos/
v2n1/v2-n1-a1.pdf.
Sanchéz, F. (1992). Contenidos del juego. In Balonmano. Comité Olimpico
Español. Madrid. Cap.III, pp 30 – 162.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
174
Sevim, Y. & Táborský, F. (2004) Qualitative trend analysis of the 6th men´s
european championship. E H F Activities / Analyses. Consult. 08 Abril 2005,
Disponível em http://home.eurohandball.com/ehf_files%5CspecificHBI%5CECh
Analyses/2004/slo/4/Sevim_EURO2004_Trendanalysis.pdf.
Silva, A. (2005). Os momentos críticos nos jogos de Andebol: Um estudo nos
jogos do VI Campeonato de Europa de seniores masculinos de 2004. Porto: J.
A. Silva. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências do
Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto.
Silva, J. A. (1999). O Sucesso no Andebol: Correlação dos indicadores de
rendimento com a classificação final. Andebol Top, 1, 3-9.
Silva, J.A. (2000a). A importância dos indicadores do jogo na discriminação da
vitória e derrota em Andebol. Porto: J. A. Silva. Provas de Aptidão Pedagógica
e Capacidade Científica apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e
de Educação Física da Universidade do Porto.
Silva, J.A. (2000b). O sistema 3:2:1. Porto: J. A. Silva. Relatório apresentado às
Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica apresentadas à
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Simões, A. C. (2002). HAndebol Defensivo: conceitos, técnicos e tático. São
Paulo: Phorte Editora.
Souza, R. (2000). Modelação do processo defensivo em Andebol: estudo em
equipas de alto rendimento seniores masculinos. Porto: R. Souza. Dissertação
de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação
Física da Universidade do Porto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
175
Tavares, F. (1996). Bases Teóricas da Componente Táctica nos Jogos
Desportivos Colectivos. In J. Oliveira, F. Tavares, (Eds.) Estratégia e Táctica
nos Jogos Desportivos Colectivos. Porto: CEJD. Faculdade de Ciências do
Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto. 25-32.
Varejão, J. (2004). Performance diferencial no Andebol: Uma análise de jogo e
de tempo e movimento em equipas que disputaram o campeonato do mundo
(Portugal 2003). Porto: J. Varejão. Dissertação de Mestrado apresentada à
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Veloso, M. S. L. (2003). Análise da oposição do guarda-redes de Andebol a
remates de primeira linha: um estudo com equipas participantes no
campeonato de 2002-2003 da Liga Portuguesa de Andebol. Porto: M. Veloso.
Monografia de licenciatura apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto
e de Educação Física da Universidade do Porto.
Vilaça, P. (2001). Estudo do processo ofensivo em desigualdade numérica em
equipas de Andebol seniores masculinos portuguesas de alto rendimento.
Porto: P. Vilaça. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de
Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto.
ANEXOS
ANEXOS
179
8 - Anexos
8.1 Transcrição da palestra do seleccionador nacional de Espanha Juan Carlos Pastor Goméz
… Um homem diferente… porque eu não gosto de falar de um antes,
sempre que falo um pouco, não gosto de falar dos outros, gosto de falar de
mim ou de nos mesmos, do que fazemos. Para mim a palestra é sobre a
estrutura de nossa defesa.
Eu sempre digo que não há receitas para as coisas e que devemos dar
orientações e ideias e que todo mundo ao final pergunte sobre elas e,
sobretudo, que leve para casa dúvidas, não? É o que creio que realmente vale,
não? Que amanhã levemos para casa dúvidas das situações que estamos
expondo aqui e, como haviam dito, com os diferentes pontos de vista, não?
Cada um tem seu ponto de vista e, sobretudo, o mais importante é que nos dá
rendimento a cada um, isto é o que todos temos que ver.
Acredito que todos nós treinadores tentamos nos aprofundar, sempre a
tentar revisar todos os sistemas de jogo, para melhorar-lhes e inovar-lhes,
porque? Porque a final todo a gente também estuda, todo a gente também
estimula o desenvolvimento dos estudos.
Assim temos nossa defesa, coloquei algumas fotos para dar um pouco
mais de apelo a apresentação, mas o que temos de perguntar primeiro é que
objectivos gerais temos em nossa defesa? E é sempre muito importante, não?
O que queremos? Não?
E sempre falamos de ataque, não? Sempre dentro do Andebol falamos
de ataque, qual é o objectivo: no ataque fazer o golo e na defesa não sofrer
golos. Isto é o realmente importante, não sofrer golos, isto é realmente
importante e, sobretudo, o mais importante é que o adversário não crie uma
situação clara de golo, é o que sempre tentamos.
ANEXOS
180
Sempre dizemos que para ganhar temos que jogar bem, mas só falamos
de ataque, não? Queria ver se a jogar bem, sim, nos criamos 3 ou 4 situações
de golos, para ganhar, eu acredito que é ponto de vista, um caso de ponto de
vista defensivo, porque poucos gostam de defender, e eu acredito que é
gostoso defender.
Eu… nos estamos a tentar criar jogadores que gostem de defender, e a
tentar criar jogadores que gostem de defender mais que atacar pelo apelo de
tentar não sofrer um golo, tentar roubar uma bola e tentar criar dúvidas aos
adversários, como vamos ver.
Porque… há muita gente que está aqui que tem assistido nosso jogo
defensivo, e todos dizem que é diferente dos demais, porque é um jogo de “não
bater”, não é que “não bata”, “e não batem nunca”… não? Se temos que fazer
faltas, as faremos como vocês poderão ver a seguir.
Mas temos umas condicionantes, umas premissas, umas ideias, que
veremos à continuação, e por isso não é que vamos destruir o ataque,
tentamos criar sempre a partir da nossa defesa, e isso é realmente importante,
as ideias defensivas, não? Eu creio que é o mais importante, não? Que ideias
temos?
Uma clara (ideia) nos atacamos … logo vamos tentar explicar, temos
doze ilustrações e em cada uma delas vamos tentar explicar, não? Qual é
nossa ideia defensiva?
Nós a defender, como havia dito antes, não defendemos, tentamos
atacar. Mas explicaremos o que significa atacar, para que todos saibam um
pouco sobre o tema.
Dissuadimos , fazemos muitos movimentos de dissuasão e em cada
uma destas ilustrações vamos explicar-lhes.
Ciclo de passos … aqui não se fala só em ciclo de passos no ataque,
muito mais importante é o ciclo de passos para a defesa… um tema muito
importante o ciclo de passos… provocar erros, cortar passes, defender os
meios (tácticos) básicos, sempre falamos dos meios básicos de ataque,
ANEXOS
181
sempre falamos de como atacar... nunca… vemos pouca gente que fala de
como se faz para suprimir os meios básicos de ataque, como os defendemos?
Sim, temos que ter umas ideias bem claras.
Eu jogo com um companheiro, jogo com outro, temos dois centrais em
um sistema 6:0, quando jogo com um faço assim, quando jogo com o outro
faço de outro jeito… não, não, não… tudo isso temos estudado realmente a
fundo... agora explicaremos todos.
Remates em zonas de densidade defensiva ...
É melhor que ameacem onde tenho mais jogadores, obviamente.
Provocar passivos, faltas necessárias, não fazer faltas sem sentido, fazer as
faltas necessárias, que sirvam e tomar o mínimo de exclusões possíveis.
As pessoas quando assistem nosso jogo acreditam que somos das
equipas que menos exclusões sofrem, que somos das equipas que menos
faltas cometem, que somos a equipa que tenta criar estas dúvidas…
Tudo isso, todo este conteúdo… tudo… vamos tentar explicar, estas são
as ideias que temos, nossas explicações, todas, o que realmente temos a dizer
aos jogadores é porque fazemos as coisas, para que as fazemos e quando às
fazemos.
Quando fazemos uma falta tem que ser uma falta “técnica” as vezes
acontece com nossa equipa, por exemplo, quando outra equipa faz uma saída
rápida de ataque após um golo, como estamos a realizar as trocas defensivas,
sofremos um golo.
Ai é que temos de fazer uma falta para que nossa defesa volte a
formação ou quase formada. Ou as vezes ao final dos jogos para “matar” o
jogo, devemos fazer as faltas “técnicas” sem sofrer exclusões, não queremos
exclusões, queremos as faltas “técnicas” antes, para que? Para que passem os
segundos e acabe o jogo, não?
Vamos começar pela primeira, não? A primeira é atacar na defesa .
Dizemos: não esperaremos o que o adversário faça , nunca
esperaremos o que ele faça. Sempre a tentar ter a iniciativa , sempre vamos a
ANEXOS
182
frente, a tentar sempre estar a frente, o que significa isto, que temos que
conhecer ao adversário como uma equipa , conhecimento do adversário
como equipa, e como é o indivíduo à defender , um pouco de tudo isso…
Não podemos planear um jogo sem saber ou conhecer os jogadores que
teremos pela frente. Outra coisa é que temos umas ideias gerais, umas
situações proibidas, por exemplo, à nos não podem… vamos colocar… fintar
por um sítio, não nos podem fazer “este passe”, e alem de tudo, se sabemos o
que eles fazem (e acontece) já é mais grave, então isto para nós é
fundamental, não? Por isso devemos estar à frente deles.
Nós sempre tentamos criar estas dúvidas, dissuadir e que eles não
estejam confortáveis, não estar “atrás” deles (a esperar o que venham a fazer).
Em um momento do ataque, criam uma oportunidade de golo e marcam, assim
não vou ficar contente e por isso tentamos estar à frente.
Por exemplo todo mundo sabe ou deveria saber, que quando estás em
uma defesa 5:1 e tem um “passe e vai” de um lado, desdobram de outro, ou
circula o extremo, ou desdobra o central ou o lateral contrário, sempre. Mesmo
que meça 1,95m é um jogador que devemos reconhecer.
Por exemplo, isto é o que as vezes a maioria das pessoas não
entendem, como é o indivíduo que temos de defender, é um rematador? É um
fintador? Ou é tudo. Tem gente que defende igual, tenha o “Ivano Ballic” a
frente ou não tenha ninguém… não, não, não…!!! Nosso defensor deve saber
quais os pontos fortes do adversário.
Pressões : nunca ficamos quietos, sempre estamos activos, sempre
estamos a pressionar. O jogador, tanto da zona da bola… como tem gente que
diz: “não é que, na zona contrária da bola vocês estão a pressionar?”.
Sim… tem gente que faz, como um alemão que redigiu um artigo que
vemos aqui, que tem uma foto da selecção de Espanha onde o Alberto
(Entrerrios) está a pressionar, Mariano (Ortega) está a pressionar, mas o
detalhe é o porque pressionar, para que pressionar, quando pressionar.
ANEXOS
183
Estas são as receitas que cada um deve trabalhar… sobre elas, é dizer,
por exemplo… ”por que (a equipa da foto) está a fazer isto e quando eles vem
(vão pressionar)?” Então… está é, um pouco, a ideia… não estar parado
nunca, e nem esperar o que os adversários façam, é dizer… “não esperar”.
Tem gente que diz que só trabalhamos no ataque, não… vamos
trabalhar a defesa deste ponto de vista.
A seguinte… Dissuasão.
No começo não procurávamos o corpo a corpo, não buscávamos por
necessidade, porque toda a gente era muito maior que a gente; e como todos
eram maiores que nós não buscávamos a situação de um contra um.
Tínhamos que puxar um pouco pela inteligência, tínhamos que defender
pivôs muito grandes…. ah… Juancho (Perez)… tínhamos que defender e
buscar outros formas para defende-los e não poderíamos buscar o corpo a
corpo, porque sofreríamos exclusões e iríamos contra nossas ideias.
Dissuadimos trajectórias , dissuadimos, dissuadir, o que é? Criar
dúvidas, enganar, criar problemas ao atacante, o que disse antes, tudo
interrelacionado; de estar à frente, cortar-lhes as trajectórias, que eles tenham
problemas, isto se eu sei o que eles vão fazer.
Dissuadimos passes , eu já sei que passe faz determinado jogador
quando vai para um lado ou quando vai para o outro… ou, eu já sei que passe
faz quando percebe que determinado passe vai ser interceptado.
Dissuadimos remates , como? Tem jogador que faz muito bem o
remate de anca, o remate rectificado e se nos sabemos, estaremos
preparados, este remate ele não fará… o dissuadimos antes que o faça.
Ciclo de passos , o ciclo de passos não é só para o ataque, para mim o
jogador que domina o ciclo de passos... quantos jogadores dominam o ciclo de
passos? Quantos sabem cair em ponto zero? Sabem sair para os dois lados?
Utilizam os três passos? Utilizam um drible para realizar mais três passos, com
finta em cada passo, com fintas de remate, com fintas de passe e com
qualquer situação.
ANEXOS
184
Quem faz isso uma vez, toda a gente vê que é mundialmente muito
bom… e essa é a diferença. O ciclo de passos, mas não só no ataque, temos
que tentar na defesa não sofrer com o ciclo de passos, porque estarei a dar
muita vantagem ao adversário, devo defender porque tenho de fazer o ciclo de
passos em ataque mas devo tentar sempre que os atacantes adversários
nunca realizem o ciclo de passos abertamente, é isto o porque das dissuasões.
O defensor deve conhecer (o atacante) igualmente pa ra sua
observação, decisão e execução defensiva , tem jogador que diz: “eu vou, eu
vou…” e “pumba” (sofremos golo) e eu lhes pergunto: vocês sabem quantos
passos ele deu? Se ele é canhoto? é destro? realizou uma finta? …Vocês…
quanto restou do ciclo de passos? E essa é a real riqueza.
Ai vem o tema da arbitragem e as vezes temos problemas, tem
jogadores nossos que quitam (demonstram seu erro), porque? Por que eles
percebem que quando fazem uma coisa a mais (por exemplo passos), acabam
por errar um passe. Por isso sempre digo: gosto sempre de uma arbitragem
que seja muito boa tecnicamente, que apite todos os passos, que apite todas
os dribles ilegais, que apite as faltas atacantes e que apite também as
exclusões.
Com uma arbitragem assim temos muitas opções de ganhar,
muitíssimas. E que logo ele dê por apitar 4 faltas de ataque em vez das18, que
dê por apitar 6 passos dos 25, se são passos… são passos, tema bastante
importante.
Provocar erros , a criação de dúvidas (dissuasão) vai provocar erros do
tipo:
� Técnicos: como dizíamos; os passes… quando alguém joga
contra nós sempre está a pensar: “estão a dar o passe? estão a dar-me o
passe? estão a testar-me com o espaço para a meta?”... o remate para
fora…”. Tem gente que remata porque não faz nada melhor. Isto é ficar
quieto e observar o que acontece ou estar à frente e tentar criar estas
dúvidas para provocar erros de remate, de falta de ataque, por exemplo.
ANEXOS
185
� Regulamentares: como passos, dribles ilegais, violações de área
de baliza… pois como vamos criar um problema de violação de área de
baliza? Pois tem muito pivô que “pisam” (invadem a área de baliza) pelo
facto de correr por trás (da defesa), então ao correr por trás e ao provocar
erros de passe correm mais dentro (da área), podem invadir, talvez batam
na bola nos pés e não tem tanto espaço porque o defensor já está com ele,
a ir para trás, então ao final, a provoca o invadir a área de baliza.
Cortar passes , cortam passes que vão ao “par”, alguém assiste nossa
equipa… as vezes cortam o passe que vai ao “par” ou cortam o passe se vai ao
“ímpar” porque estão a pressionar, cortam o passe que vai ao pivô, porque
estamos sempre pendentes, um pouco, a estas situações.
Cortar linhas de passe, as vezes não é importante só cortar o passe
senão cortar também as linhas de passe, para que os outros tenham que dar
outro passe em vez de vertical, em vez de profundidade, o passe horizontal,
como se diz no futebol. “não acredite que é só para fazer passes horizontais,
não? Que é o mesmo que provocamos ao final a cortar as linhas de passe, o
que estamos a provocar são os “passivos”, não?
Defender meios básicos , aqui temos de parar todo a palestra,
igualmente se estivéssemos em uma palestra de ataque, teríamos que dividir a
palestra em: Quantos jogadores fazem fintas para os dois lados? Quantos
jogadores sabem jogar com um bloco defensivo? De verdade… quantos
jogadores realizam um cruzamento, de verdade… ou mudam de posições?
Quanta gente ataca o intervalo? Pode-se contar… são 5 ou 4.
Quantos sabem quando é cruzamento ou quando é uma circunstância
possessiva?... muito poucos. A todo mundo dizemos cruzamento e cruzam…
mentira; nos mudamos de posição.
Vamos trabalhar o básico, eu sempre digo, em todas as pré-temporadas
relembro as bases, durante os treinos relembro as bases, e faço muito afinco
na base, e eu sou “pesado” com a base, porque logo é muito mais fácil fazer a
sistemática.
ANEXOS
186
Defesa de meios técnicos individuais , como vamos defender as
fintas? Como vamos defender as mudanças de direcções? Com ou sem bola?
Tudo isso temos de explicar ao jogador. O que queremos nos como
treinadores? Como vamos defender? Como vamos defender os ataques ao
intervalo? Quando? a partir de um cruzamento?
“Cruzamento! Troca!” temos que ver mais coisas, temos que observar
mais coisas como dizíamos antes, há que observar, há que decidir e há que
executar e isso faz a prática. Na troca de marcação, algumas vezes quando te
atacam, realizam cruzamentos falsos, e isso toda a equipa deve saber como
defender.
Quem vai sair num cruzamento ? O primeiro central? O segundo
central? Ou não sai ninguém? Ou saem os dois? Isto eu não sei… cada um vai
ter que buscar.
Nos não trabalhamos de um jeito, já tenho dito que não existem receitas.
Isso sim, vocês terão que ter estudado e tê-lo claro, e porque? E sobre tudo, o
porque… por que quando vemos os vídeos, uns saem em um e outros saem
em outro. Porque sai esse ou porque sai o outro? E se rematam por cima?
Temos que ter bem claro.
Como vamos defender os bloqueios ? Como vamos defender os
bloqueios quando ganham a posição? Como vamos defender os bloqueios
exteriores? Como vamos defender os bloqueios frontais? Terá uma forma de
defende-los?
Todos tem de saber que deve ser harmónico, e se pode defender sem
faltas claras, a tentar que, logo que você tenha uma opção, criar dúvidas ao
adversário. Porque a chave é ser igual ou um a mais na defesa.
Você o que quer no ataque? Ter vantagem… você o que quer na
defesa? Ter vantagem… vantagem na defesa significa, estar igual ou ser um a
mais.
ANEXOS
187
Defesa de cortinas e bloqueios , defesa do passe e vai com e sem
bloqueio , defesas das circulações de jogadores , mas normalmente as
realizam quando o pivô está do lado contrário, porque circulam os extremos.
Defesa dos desdobramentos , como vamos defender um
desdobramento do lateral? Defendemos um 5:1, por exemplo, estamos a
defender em 5:1, que estamos a fazer? Como vamos defender um
desdobramento do central? Na zona da bola? Na zona contrária à bola?
Segundo a posição do pivô? Como vamos defender?
Tudo isto temos de ensinar ao jogador, como sempre digo, cada vez que
falo de ataque tenho que ter uma bateria (circuito de exercícios) de ataque e,
quando falo de defesa, as poucas vezes que falo de defesa, temos que ter uma
bateria do mesmo.
Temos de poder defender qualquer coisa que nos apresentem e buscar
as soluções para estes problemas e acima de tudo, o mais importante de tudo
isto é que depois de defender nos temos de estar em igualdade, no mínimo, se
formos mais, melhor.
Remates nas zonas de densidade defensiva , Não só em quantidade
de defesas, eu tentarei que rematem na zona onde tenho mais jogadores,
tenho que tentar, ou onde estão meus melhores defensores , tenho que levar
o ataque onde eu queira, ou tenho que tentar levar o ataque nos sítios onde
estão meus melhores defensores.
Exemplo, o Barça (F.C. Barcelona) onde levava o ataque? Onde Fazia
“Cheki”? e o que acontecia? Aonde eram seus pontos mais fortes, sempre
temos que tentar...
Ou também em zonas onde meus guarda-redes mais defendam ,
porque os de escola Jugoslava fazem 3:2:1? Porque seus guarda-redes
defendem muito de 6 metros, e nem tanto de trás (9 metros), ou então
preferem que rematem os pontas, ou pivôs do que das zonas exteriores,
porque? Por que assim defendem muito e tens que conformar a tua defesa
também a pensar nisso.
ANEXOS
188
No caso de que ganhem vantagem onde eu quero que ganhem
vantagem, umas vezes fazemos quando estamos com um a menos, quando
somos um a menos e temos pouco tempo de jogo, decidimos: “não! que remate
outro!”… não, mas desejamos que ele remate em toda a partida.
Em zonas onde é mais difícil marcar golos , logicamente é mais difícil
para um pivô marcar onde em geral há mais defensores; e teríamos o guarda-
redes para isso, muitas vezes, alguns pivôs tem mais dificuldade de marcar o
golo, em uma certa zona extrema porque, se ele está do lado ruim e
empurram-lhe um pouco, tocam-lhe, ai é mais difícil de marcar o golo.
Provocar passivo ,
Como dizíamos antes, se eu consigo estar em igualdade, depois de não
nos criarem um sistema, vamos tentar provocar o passivo, mas é o passivo que
funciona, em cada partida, de acordo com a arbitragem.
Como funcionam desde o começo da partida? Quanto tempo levam para
sinalizar? Quantos passes deixam? Sinalizam e quantos passes deixam? Tem
uns que nem deixam… deixam fazer faltas? Isto tem que confirmar, se deixam
fazer faltas, vamos ver, as vezes não deixam nem fazer falta.
Outro tema importante, fazer faltas necessárias , só fazer quando não
realiza o sistema de marcação e vão criar uma clara oportunidade de golo. É
dizer: “nos tentamos que o jogador realize o sistema ao máximo, mas quando
percebe que não vai conseguir, que faça falta e que volte ao início”, não pelo
sistema de jogo, porque ao final este jogador não lhe vale esta falta.
Alguma vez alguém pode ter visto… mas e se não marcaram golo…
mas… é que não tinha contado que… não reparaste no ciclo de passos… ou
não viste que era só o que restava, ou só podia dar este passe e tu chegavas,
ou um ponta que vai por cima de um (jogador) de 2 metros, “não deixe rematar
por aqui (remate de anca) …”, que ficaste aqui pendurado e fim da história,
pumba!... e o matou! Encima… uma exclusão… e não é que não tenha feito a
falta. Não fizeste a falta pelo sistema, a não ser que não revise seu sistema.
ANEXOS
189
Para cortar a continuidade de jogo do adversário , as vezes quando o
jogo está “perturbado” (indefinido)… tem gente que faz o oposto, nos sabemos
que tem equipas que para “pegar” a gente, nos fazem faltas, e por isso temos
que, durante estes dias enfatizar na continuidade do sistema. Se estivéssemos
a falar de ataque cada sistema tem de ter sua continuidade e tem que tentar
realiza-lo ao máximo.
Continuidade… é não ser tonto, tonto é quem luta (insiste), tem que
buscar ganhar vantagem numérica, quando vemos uma equipa que nos está a
deixar loucos, que está a criar problemas, que temos dificuldades com sua
continuidade, algumas vezes temos de fazer faltas para cortar-lhes a
continuidade, e que voltem a começar. As vezes, temos trabalhar assim desde
o início, porque depois criaram um jogador a mais (vantagem) e na
continuidade estão a marcar golo… sempre.
Cortar a continuidade segundo o momento do jogo , logicamente, é o
que dizia no começo; tem vezes que temos pouco tempo de jogo e o que a
gente pede são faltas técnicas, FALTAS TÉCNICAS!
Temos que fazer uma falta técnica, tu vais a ganhar o jogo de quatro
golos e a faltar dez segundos fica por um golo, vamos fazer uma falta técnica
para que não nos marquem, em dez segundos, outro golo; o jogo já está quase
ganho.
Se estivéssemos no ataque já estaria ganho, por que com vinte
segundos não vamos dar-lhes a bola, não? Mas as vezes temos de provocar
isto, faltas; iguais as que provocamos no ataque, o discurso é o mesmo, mas
ao contrário. Tem que fazer uma falta? Deixar a bola no chão? Levantar a
bola? Temos de ter um pouco de astúcia, sempre com sentido, as faltas sem
sentido…
Por exemplo… na última partida teve um jogador que me disse: “este
cara está a me bater, vou mata-lo. Me deixa dar um soco nele?” a resposta é
“não porque senão não jogas a supercopa”… “me deixa dar um soco no último
minuto?” a resposta é “não porque senão não jogas a supercopa”… porque no
ANEXOS
190
ultimo minuto se der um soco em alguém e receber um cartão vermelho, pelo
facto de ser o ultimo minuto, automaticamente o jogo seguinte não podes jogar.
Por isso temos de ter um pouco de critério e senso nestas situações.
Tem finais que, se vais jogar pelo título, logicamente que tem de buscar estas
situações. Tem faltas que temos de conhecer o regulamento e tem jogadores
que não conhecem o regulamento, por exemplo um jogador vai pelo meio do
campo, tu estás no ataque, roubam-lhe a bola, e no meio do campo fazes uma
falta por trás, faltando dois segundos para acabar o jogo, é livre de sete metros
e exclusão e talvez este jogador não teria tempo para chegar a meta, tem
jogadores que não sabem isto e temos de dizer “esta falta não fazes, por este
motivo”.
Menor número de exclusões ,
Bom, faz tempo que começamos com este critério, porque? Primeiro por
necessidade, por que? Porque era o único jeito de ganhar de certas equipas, a
jogar mais minutos que eles em superioridade. Por que quando estávamos golo
a golo nos cinquenta minutos, então em dez minutos com um a menos
sofríamos quatro a cinco golos, eles em superioridade.
E nos? Como poderíamos tirar esta diferença de seis golos? Como? A
arriscar muito, sempre arriscávamos. É dizer, sempre tínhamos, claro que
nunca jogávamos com um marcador de 1-0, sempre jogávamos a 3-1.
Embora às vezes, muitas, nós permanecemos em 1-1, ou 2-2, até
termos perdido mas, outras quantas vezes nós fomos para o terceiro (3-0), nos
termos conseguido parciais de 5-0 com duas exclusões foi o que nos deu a
vantagem.
Por outro lado as vezes ganhamos esta vantagem no começo do jogo e
jogamos muito mais confortável, porque tua equipa joga melhor com a
vantagem e a equipa contrária joga contra o marcador, sempre tentamos
procurar estas ideias.
Para estar menos tempo possível em inferioridade e, logicamente, isto
leva a ser um a mais durante mais tempo. Nós durante a semana inteira
ANEXOS
191
trabalhamos muito para estar em superioridade, no campo inteiro, o tempo
todo. Nós somos mais um, “vamos defender a este, e a este”. Nós defendemos
em 5+1? Nós defendemos em 4+2? Se eles mudam de zona, que nós
fazemos? Todas estas possíveis jogadas precisam ser exploradas, em
desigualdade, logicamente.
Benefícios destas ideias.
Nós demos muitas ideias, e decidir que tudo isso é teoria, logicamente,
tudo isto é o que se precisa trabalhar, é dizer: “aqui estamos, ou ao contrário”.
Nós temos a prática e desta prática sai a teoria. Não temos pensado que a
melhor forma que para defender, para nós, são estas ideias, não? Porque
temos uma série de benefícios, e eu acredito que não mudarei, senão o que
temos a fazer é melhorar sempre, não?
Acima de tudo saber quando um jogador deve fazer uma falta, mas falta
em muitos casos, ele saber quando o jogador não está a realizar o sistema,
saber que quando o jogador não está a realizar um sistema, isto é o nosso
trabalho diário e por isso sempre vamos de menos a mais, e é mais fácil jogar
as últimas partidas do ano. Até que comeces a entrosar toda a gente. E depois
neste sistema quando um jogador falha, acabou-se! Acabou-se!
Ou todos vamos na mesma, quando falha um, é porque diz: ”é que este
é meu” diz um, ”é que este é meu”, diz o outro, não? “Agora este é meu”,
“Agora este é meu”, “Agora este é meu”, quando um defende individualmente é
muito mais fácil corrigir, também, porque? Por que quando falha um jogador,
dizes eh!
Ou quando você defende individualmente é muito mais simples, porque
aquele jogador vai, e já está. Mas, quando você tenta fazer um sistema zonal,
um sistema no qual cada um tem designado um conceito no qual, se um perde
o do lado, esta é a situação, se perder ao lado, você tem muitos problemas.
Se você sabe o que vai fazer o companheiro ao lado; eu estou dizendo o
que você tem que fazer; e o final do trabalho diário leva aos benefícios destas
ideias.
ANEXOS
192
Benefícios destas ideias.
Marcar golos fáceis, logicamente, e agora ainda mais, porque quando
alguém comete violação da área de baliza, o guarda redes faz o inicio do jogo
dentro da área, quando alguém faz passos, quando alguém faz falta de ataque
e permanece no chão e mais fácil marcar golos de contra-ataque, quando
alguém perde uma bola, um corte que de passe, marca golos mais fácil.
Isto é muito importante, muitas vezes quando você joga contra uma
equipa grande, o que é que você quer? As vezes, que não nos marquem golos
fáceis, e e que seja possível marcar golos fáceis. Nós marcamos 1,2, 3 vezes,
e o que nós dizemos é: “vamos sofrer menos que 30 golos, nós vamos ver se
conseguimos deixar em 24-25 golos contra”, mas é difícil descontar,
logicamente dá para perder, mas já é um problema do ataque.
Então vamos ver se realizamos um jogo fácil, porque até aqui só saem
defesas tácticas complicadas, em que sofremos golos na defesa, e às vezes
quando não marcamos golos de seis metros, eles marcam, então temos de
buscar o jogo a estar atrás no marcador, como? A Mudar a defesa, a provocar
estas dúvidas, a criar aquela incerteza, a mudar de uma defesa mais agressiva
para uma defesa mais aberta, em varias partes, que é uma das muitas formas
de ganhar.
Mais ritmo , claro! Isto significa que as equipas atacam mais rápido, toda
vez que você cria dúvidas, eles sempre terminam a atacar mais rápido, sempre
a meter-se na sua dinâmica e nós gostamos de jogar com ritmo, quanto mais
louco o jogo, melhor nós administramos, isto está claro, porque nós estamos
habituados à jogar naquele ritmo, não?
Nós temos problemas com os balanços defensivos, por este motivo o
que queremos? O objectivo que temos durante este ano, é ver se podemos
jogar tanto no clube como na selecção nacional com uma só substituição de
jogador, com uma só substituição!
Na Alemanha (primeira partida) usamos duas substituições, 30x50
(muitos golos), segunda partida, 25 golos, uma substituição, terceira partida, 22
golos, quarta partida, 23 golos, uma a perder, porque isso? Porque…. Com
ANEXOS
193
uma só substituição ganha-se muitas coisas, e é outro objectivo que nós temos
que marcar.
Tem que tentar ver se melhoramos com uma só substituição, também o
que normalmente acontece é que os que levam o contra-ataque são os
defensores, não se esqueçam, e com estas substituições desperdiçamos
tempo, porque eles não levam o contra-ataque tão bem como um jogador de
ataque. Este defensor está um pouco disfarçado, para dar mais criatividade no
contra-ataque, para ficar mais seguro, jogar completamente seguro.
Mais minutos em superioridade , temos que explorar isto, logicamente,
mas é a coisa mais difícil. E acima de tudo também mais espectáculo. Nós não
podemos esquecer que a coisa importante é ganhar. Para ganhar o importante
é jogar, e as pessoas vão para o pavilhão, quanto melhor sua equipa jogar. Isto
é a virtude, o trabalho, o tratar bem a bola, mas com um bom jogo e finalmente
és um jogador rápido.
As pessoas gostam também que não exista tanta violência que muitas
vezes é desnecessária, não? Que isto é como tudo, nem branco, nem preto.
Nem bem marcaram um “tio” (jogador), nem o deixam passar, mas sim uma
gama cinza, o qual devemos manter, mas é fundamental o que quer nossa
equipa, e o que pode fazer? Não?
Não é por ter atletas de 2 metros, lá no centro, que só vai defender 6:0
ou o contrário. Quer dizer, em Alemanha, Jonnhy Jenzen, nos anos 90 com a
equipa “Stándar de Friesburg”, defendiam 6:0, igual aos noruegueses com o
Soldberg que defenderam com jogadores de 1,90m e 1,88m, no sistema 6:0,
bastante bem. E os russos fazem um 5:1 com o Camami que é um lateral que
mede 2,05m de avançado, o que não tem nenhum problema.
E porque defende assim a Rússia? Para isto, cortar mais passes, mais
contra-ataque, para marcar golos mais rápidos, muitas vezes. Se não fosse um
6:0 forte e por outra coisa, porque eles têm um central que não defende e têm
um lateral esquerdo que não defende, e por isto eles devem arrumar tudo isto.
Isto é o que devemos pensar, porque eles jogam deste modo? Há uma razão?
Certeza, por que? E por que eles seguem a manter tanto tempo esta defesa?
ANEXOS
194
Eles poderiam fazer um 6:0 fechado, mas teriam que realizar três
substituições. Uma vez que eles antes faziam quatro substituições e perdiam e
agora estão fazendo só duas e está melhor. Tudo tem que ver com as virtudes,
não? É difícil, haverá muitos problemas como em tudo, mas nós deveremos
tentar. Que problemas temos nós? Duas substituições… Que problemas
temos? A circulação dos extremos desde da ponta. Que problemas temos?
Nos rematam de fora. Que problemas temos? Nós temos uma bateria de
problemas que nós vamos a solucionar. Nós mantemos o que temos e
solucionamos os problemas.
Defesa que temos usado e que gostamos de usar
Tem defesas em igualdade, logicamente; em superioridade e em
inferioridade. Em igualdade: nós usamos 6:0, nós usamos 5:1, nós usamos
3:2:1. Nós usamos 6:0. Nós usamos um 6:0 zonal, não seguimos ninguém por
trás, nós defendemos em zona, cada um está em sua zona e defende sua
zona, é uma defesa zonal, como todas que fazemos.
Tem variações deste 6:0, de acordo com o adversário, volto a repetir o
que eu falei no começo, jogar... Quem define que vai jogar no centro, isto um
rematador? É que pivô eles tem? Como vamos defender o Cheki? Como nós
vamos a defender o Juanchi? Como nós defendemos um pivô grande? Como
nós defendemos o Urios? Isto também é declarável, é aberto, precisa controlar
um pouco.
Mas dentro das mesmas premissas o que não podemos fazer é: “hoje
isto, amanhã outro, passou outro dia outra coisa e passado mais um outra
coisa diferente. Tens teu sistema, e ao redor de teu sistema, manipulas de
acordo com suas próprias virtudes, de acordo com de forma colectiva e de
acordo com o adversário individualmente.
O 5:1 nosso, adapta-se muito, conforme a equipa adversária, tem
destros? Têm canhotos? Desdobram? não Desdobram? o canhoto é
rematador? Não é? o destro é rematador? Não é? … eu acredito que é o meio,
já; mas isto tens falado? Porque? Por que talvez não é o rematador, ou é que
quando desdobra um extremo fazem isto? Está claro.
ANEXOS
195
Tem que buscar de acordo com o que temos à frente, o 5:1 e a
modificar, tem vezes que fazemos o 5:1 de um lado. É o 5:1 que faziam os
russos até pouco tempo. O 5:1 zonal que as vezes tem dado resultado, contra
equipas que não tem bons fintadores, ou se tem um fintador no centro, se
movem as peças e não ficas com o melhor jogador.
Por exemplo o Valladolid usa o Ávila por que é um bom jogador de “um
contra um”, se for na selecção, nós colocamos, por exemplo … o Rubén que
pode fazer isto bem. Demetrio poderia fazer bem isto, mas está claro que
Juancho, quando tem grandes espaços, há muitos problemas, logo, tens que
mudar esta situação. Para tudo isto, também, tens que achar uma saída que,
todos têm que ter claro, o tema das ajudas.
O título de nossa defesa é porque é nossa, é porque acreditamos nela,
porque senão é impossível que nós à façamos. Se não acreditas no que faz, é
difícil, hein? E logo tento analisá-la, e as pessoas quando a conhecem,
desfrutam com ela, e é nossa. Porque é nossa? Porque cada um tenta ajustar
ao companheiro e melhorá-la dia a dia.
Em superioridade nós sempre subimos mais um pouco, 5:1, para nunca
bater de frente com um 6:0. Nós sempre defendemos em 6:0 contra o 6:0 do
“O´Callahan”, contra o ataque “tcheco” e do “Valle”, porque eles sempre nos
marcam golos. Como eles sempre nos marcaram golos, tínhamos que mudar e
nós defendemos 6:0, e ai, criávamos problemas. Nós também defendemos 6:0
ao “Altea”, às vezes, porque Klaus Johanssen, nos criou problemas em seu
momento.
Em um outro ano nós defendemos 6:0 na “Copa do Rei”, aqui em
“Pontevedra”, contra o “Ciudad-Real”, porque o Alberto, Dzomba, Stefanssons,
nos criaram muitos problemas pelo meio de nossa defesa, então tínhamos de
buscar algumas soluções.
Com a selecção, menos com a Dinamarca, também temos estas
mesmas premissas, todos tem as mesmas premissas. Nós estamos no
avançado? Ou no central? Ou no lateral? Tem as normas claras de como se
defende as situações individuais? As fintas? Como se defende as situações
ANEXOS
196
dos bloqueios? Como se defende quando um atacante remata por cima? Toda
a gente tem que saber.
Digo que nós vamos um pouco mais alto. O 5:1 não se faz só no centro.
O 5:1 quando somos mais um é mais fácil de defender nas laterais, porque
você diminui os espaços, porque eles afastam os laterais, bons fintadores, e
isso sem pivô e que acontece? Vai a bola de lado a lado, porque o centro está
morto.
Enquanto o espaço de um lado, ao final, não tem tanto movimento, o
ataque desta equipa não tem tanta largura. Então, é que o central é muito
bom? é igual ao lateral com espaço menor? Pense um pouquinho. Então
vamos diminuir um pouco os espaços.
4:2, digo o mesmo novamente, com o destro ou com o canhoto? A
menos que sejam muito bons, normalmente é zonal, para que? Para a mesma
coisa, diminuir os espaços. E se mudam? O que você tem que valorizar? O que
fica na direita joga bem com o pivô? Joga bem com o central? Ou podemos
arriscar?
Variáveis em superioridade , às vezes pode, também trabalhar um 4:2
embora em superioridade, provocar faltas do ataque ou pressionar no campo
inteiro de jogo. Tudo isto pode ser trabalhado, não?
Inferioridade: 5:0 e variantes . Toda a gente ou quase todos defendem
5:0, há algumas equipas que defendem 4:1, nós temos de treinar bastante e
bem; mas também devemos ter treinado, na dúvida do adversário realizar este
tipo de defesa.
Se alguma equipa nos põe um 4:1, nós devemos ter treinado o ataque. E
5:0 como vai ser? O que toda gente faz? O que devemos buscar se estamos
em inferioridade? SER IGUAL.
Outro dia me perguntava Juán Domínguez, o que procurávamos quando
estávamos em inferioridade? E eu respondia: “ser Igual”, o que procuramos é
ser igual, temos de tentar ser iguais, o procedimento que buscamos é para ser
ANEXOS
197
iguais, do lado fácil da bola, deixar a zona débil (sem bola) com um a menos,
isto é o que temos de tentar fazer.
CONCLUSÕES
Nós apostamos numa defesa inteligente, muitas vezes este é o
problema que o jogador não entende, muitas vezes nos tem chamado de
Andebol primitivo, porque? Por que se acredita que o jogo de Andebol é só
violência, não?
O Andebol é muito mais, o Andebol tem muito mais inteligência, saber o
que o adversário vai fazer, o que é que vai fazer aquele jogador? O que ele já
fez? O que ainda tem para fazer? Onde pode passar? onde pode rematar?
Onde nós queremos.
Eu convivo com a ideia de um Andebol inteligente, eu não quero
convencer ninguém de nada, cada um tem a sua própria verdade, como eu
digo, alguns têm rendimento com algumas coisas e outros com outras coisas.
Todos temos de aprender com toda a gente e tirar nossas próprias conclusões.
Nós usamos duas defesas, pelo menos, uma equipa com uma defesa só
mais cedo ou mais tarde está morta, o que nós fazemos? Nós mudamos os
homens? Quando não sai? Mudamos os homens, primeiro? E depois? Que nós
fazemos? Nós voltamos mudar os homens, e depois voltamos a mudar os
homens de novo. Não!
Nós mudamos os homens primeiro, para ver se o sistema funciona com
outros homens e depois nós mudamos o sistema, nós devemos ter preparado
outro de sistema, e no caso, dentro do sistema, o que dissemos antes, o outro
sistema pode ser flexível, mas pelo menos temos que ter dois, igual se
estamos em superioridade, podemos trabalhar como um sistema, não?
Algumas vezes dizem-me que outra equipa nos criou situações de golo,
mas o guarda-redes solucionou, o que temos que fazer para mudar? Não só
quando sofremos golo, mas também quando percebe que estas a perder o
controlo da partida, o guarda-redes pode te salvar. Tem vezes que parecemos
ANEXOS
198
estar vendados e só vemos o resultado e não vemos o que o adversário está a
fazer.
As defesas tem variantes de acordo com as equipas e jogadores, nós
explicamos isto no 5:1 e no 6:0, o exemplo mais claro, é o 6:0. “Anunzer” na
final marca 7 golos, o que procuras? Que não se cometa mais erros, que
rematem do lado do pivô, que rematem de longe, eu lhes crio a dúvida entre o
passe ou remate. Que não rematem, que é a diferença. Se rematarem é gol,
NÃO! Então vamos criar estas dúvidas.
Em superioridade, em geral vamos defender mais alto e como dissemos
antes, acreditamos em nossa defesa, porque é a chave das vitórias, e quando
me perguntam qual é a chave do amanhã? Eu sempre digo: “a defesa, a
defesa sempre, porque me dá golos fáceis, faz com que a equipa recue, dá
agressividade, dá tranquilidade aos atletas, se estamos a defender bem,
estejam situados, porque sabe que no ataque, ao final, teremos uma clara
ocasião de golo, podemos criar uma clara situação de golo, mas depois temos
de ser capazes de finaliza-la, não? Por isso me dá confiança.
Quando não defendemos bem começamos: levantar os braços, olham
para o guarda-redes, o guarda-redes olha para a trave, é a clara partida
perdida, é a partida que somos capazes de perder. E esta é a coisa mais
importante para mim: Nós trabalhamos por melhorá-la, inová-la ao revisá-la.
Por isto é aberta e flexível.
A defesa que fazemos agora não é a mesma de um ano atrás, nem do
anterior, e nem do anterior, estamos a tentar melhorá-la, inová-la para revisá-
la. Sempre a revisamos, o que eu dizia antes, onde temos problemas? Aqui,
aqui, aqui. Nós procuramos aquela melhoria igual no ataque. Porque é aberta e
flexível.
Eu tinha preparado seis vídeos, quatro de igualdade e dois de
superioridade.
ANEXOS
199
Primeiro vídeo:
Aqui, o normal é: Pascal Heinz... o normal... o que toda gente faz, mais
ou menos, vamos a ver... um pouco... a diferença é que: John (Davis) sai com
Pascal Heinz, e Juancho permanece atrás. Porque a Alemanha faz este
movimento? Por que a Alemanha faz este movimento de forma que Jonh vá
cortar a Pascal Heinz, ataque o espaço que restou atrás do pivô, que é de
Juancho e Von Behrem (central) passe por trás de Davis e ataca o espaço que
foi criado do lado de Juancho.
Então, o que se pode fazer é: não acompanhar o pivô, se é que vai ser a
primeira vez que seguem-no, o normal é o passe a Von Behrem, e este quem
vai marcar? Vai marcar o próximo defensor contrário, que tenha espaço para
rematar, mas antes, já tem que saber como defender aquele movimento ou
como defender o jogador?
Nós, como sabíamos o que iria acontecer, permanecemos em igualdade,
enquanto eles acreditavam que estariam em superioridade. Mas não está em
igualdade, e isto é que o veremos. O mais importante é que quando termina a
partida, precisa-se corrigir, e temos que insistir nisto, nisto que está mal e nisto
que está bem.
O que fica, com isto? o que nós dizíamos dos russos, porque os russos
defendem 5:1? Porque é mais decisivo? A defesa mais decisivo é um 5:1 uma
defesa aberta, porque? Quantos jogadores deles descem para defender? O
pivô? Não. O central? Tão pouco. O que passa? Tão pouco.
Ao final fica só um. Um, para todos os nossos. É mais decisivo, porque
você vai provocar mais erros na circulação da bola, vai levar nosso ataque a
golos mais fáceis, e o que é muito mais fácil para um jogador, abaixar 6:0.
Estás em 5:1, é muito mais fácil abaixar 6:0. Quando uma equipa está
bem treinada, é igual, não? Mas quando não está bem treinado o 5:1, para o
avançado é mais fácil jogar pelo certo, assim não toma a decisão de toda
gente, está mais seguro, por isso, dá para começar com uma defesa ou com a
outra.
ANEXOS
200
Começa com a aberta, de acordo com o adversário, claro. Se
percebemos que o adversário está adaptado a defesa, nós começamos com a
aberta igual, porque? Porque se nos dá resultado, perfeito. Senão nós à
abaixamos.
Segundo vídeo:
Aqui vai ver onde ao final, sabemos que Starich… O que está a fazer o
Davis? está a pressionar, está a criar dúvidas, está a criar incertezas a todo
passe. Ao final, sabes que Starich vai rematar em apoio de anca, e o que está
a fazer Iker (Romero)? Mas o que está a fazer Juancho? De onde Starich está
a rematar? Onde está o Davis? Em seu lugar, e onde o Davis irá ajudar?
Porque? Porque houve um cruzamento.
Terceiro vídeo:
O mais importante é que, só depois da partida… é que Davis tem feito
uma grande temporada em seu clube e na selecção nacional… olhem os
braços dele nunca estão parados, sempre estão a dissuadir, na linha de passe,
sempre a criar dúvidas, sempre a buscar a incerteza, mas com senso. Ele faz
assim, por isto? Ou ele faz assim, porque sabe o que tem que fazer?
Pegamos outra vez!!... Todos estão a movimentar-se harmonicamente.
Tu dizes, e se fosse com a Alemanha? O que diria? Diríamos como atacar
aquele lado. É o que tem que fazer um treinador, quando lhe apresentam um
problema, procuras a solução.
Estamos em 5:1, onde vais a colocar o avançado? é o que é difícil,
permanece no meio? Vai ficar com Heinz? Vai ficar com Sarich? Vais abaixar
6:0 ao lateral? E porque? Aqui nós vemos um golo. Olhas o que está a fazer o
John… John está a dissuadir o passe ao pivô. John deveria ter feito outra coisa
antes, que era pressionar este mas John o que está a fazer é dissuadir o pivô,
está a dissuadir o passe.
E o Juancho que está a tentar? Cortar o passe, porque observou uma
coisa, que é Paskal Heinz, não pode rematar, que o Paskal Heinz leva o braço
ANEXOS
201
baixo. E Paskal Heinz só pode passar, mas ainda assim, ele marca. Ai dá-se
conta de qual é a situação, a necessidade do Davis, uma necessidade clara…
Esta falta, são capazes de apitar até falta atacante. Porque Juancho
chega ao mesmo tempo que Von Behrem com os braços acima. Por isso que
sempre estamos a procurar estas situações de inteligência, de incerteza, do
mesmo ciclo.
Quarto vídeo:
Onde estava Juanín no começo? Nós estamos a defender 4+2, nós
somos um mais, Juanín está com Von Behrem, estava nesta zona, pelo facto
que disse antes: não vamos abrir o campo de forma que Von Behrem entre
para o espaço, a menos que pretendamos sofrer o golo.
Nós vamos diminuir este espaço, para que sobre naquela zona. Quando
Von Behrem invade o espaço deixado, que ele faz? Recebe a bola. O que
fazemos ao final é procurar a falta atacante, procurar as dúvidas, procurar
estes sentimentos.
Viste que faltavam 13 segundos? Nesses 13 segundos vamos ao
ataque. Aproveitando ao máximo estes segundos. O que fazemos com os
suplentes, que dê para ouvir: “Dez, nove, oito…”, que dentro do campo eles
saibam que restam 7 segundos para completar e aproveitar ao máximo a
desigualdade.
Quinto vídeo:
Viste… quem tem de estar dependente dele é o Rubén, que deve dar-se
conta que o Davis está com este passe, que o Davis tentou primeiro cortar este
passe, e que Rubén procurou cortar o passe, e por estar por fora (o lateral
alemão), éramos mais um, e voltamos à igualdade. Isto tem muitos detalhes,
quando eu digo que toda a gente tenta traduzir, um pouco.
Igual... devemos ter cuidado com as substituições, como devemos ter
cuidado com nossa defesa, nós temos que ver quanto tempo resta, 15
segundos? 20 segundos? Vamos roubar uma bola? Não. Nós voltamos sistema
inicial, onde estarei? Descerei? e nós voltamos ao sistema, porque? Por que ao
ANEXOS
202
final, temos que ajustar em frente a toda a gente e se não está ajustada, o que
provocamos ao final é uma sanção, uma exclusão.
PERGUNTAS
Quando você analisa o rival, quais aspectos têm pri oridade?
Em primeiro lugar, estamos a defender? Não? Nós somos defensores e
avaliamos o ataque, não? Que virtudes têm estes jogadores individualmente?
Tem jogadores que só fintam, por exemplo de braço. Tem jogadores como
Salvo, que está aqui, que passa muito entre as pernas, por exemplo, passa
muito debaixo das pernas, para seus pivôs.
Quando se joga contra os portugueses sabe que toda a gente procura o
passe debaixo das pernas, vais ter de fechar, um pouquinho, este passe. Ele
remata muito bem de anca, não? Tem de ter cuidado com isto, ao observar
suas virtudes individuais, e depois, embora não saiba nada deles, tens teu
sistema de trabalho.
Nós defendemos todos os cruzamentos assim… mas além eu sei que
ele está com o lateral e eu com o central, e nos fazem um cruzamento, tenho
que estar atento que vai passar a bola ao pivô, ou por exemplo que esta equipa
desdobre o extremo, mas depois de ter desdobrado o extremo, o que faz?
O jogador tem que saber, quando desdobra o extremo; faz isto. Ou
aqueles jogadores fazem cruzamento de lateral com lateral e depois eles jogam
com aquele bloqueio. Bom, cruzamento de lateral com lateral e depois eles
jogam com aquele bloqueio, está claro, e tens que ter cuidado com o Barça.
O Barça faz cruzamento de lateral com lateral e depois jogam com
bloqueio do lado contrário. Quando Gerome (Fernandez) começa a partida, ele
quase sempre remata, tens de estar atento ao que? De quem sai, de quem
pode rematar, do outro lado eles têm que ter cuidado, porque pode circular o
extremo. E logo depois do cruzamento devem trocar, mas este lateral deve
estar atento ao que? Cuidar do seu corredor. Quando chegar a bola ali, se
ANEXOS
203
chega; em primeiro lugar nós defendemos o cruzamento, porque estamos
iguais, vamos defender aquele bloqueio e não sofrê-lo.
Eu no ataque tenho que criar o bloqueio, na defesa vou sair deste
bloqueio, e que eles voltem à começar. Mas tenho de manter a igualdade, logo
assisto tudo, tudo que eles fazem. Estes fazem isto e nós defendemos assim,
assim e assim.
A superioridade que fazem é esta, para ser igual é isto. As inferioridades
que fazem são estas. O Barça, quando tem o extremo por trás, e tem o lateral,
ele tira o lateral e circula o extremo para o lado contrário. Temos de estar
atentos por que ele sai e vai chegar por trás do central.
Outro exemplo, Alberto (Entrerrios), pois Alberto, a finta que não lhe
pode deixar realizar é a de braço. Depende, mais ou menos, de cada jogador e
do que fazem contra um 6:0. Contra 5:1, eles nos vão a fazer isto, por exemplo,
jogam com bloqueio para que entre o central, quando tem “passe e vai” circula
o extremo do lado contrário, a superioridade, sempre acontece após um
cruzamento. E finalmente, acima de tudo o que tens que fazer é, não dizer tudo
o que fazer, a não ser a solução do problema.
Qual é a variabilidade dos sistemas no jogo, e a ut ilização de dois,
três, quatro sistemas?
Sim, isso é a coisa fundamental, eu acredito que quando tens
assegurado um sistema e outro, a alternância entre eles é o que deve dar
certo? Não? Quando tem claro os sistemas, isso é, se sabes defender muito
em 6:0, a chave é a alternância disto, quer dizer, quando nós defendemos um
5:1, é porque são altos, mas às vezes quando movimenta as peças, quando
você fizer alternância deles, é a seguinte variável, e é quando devemos
aprender com o basquetebol.
Depois de cesta eles fazem isto, depois de um lateral, aquilo. Se tens
duas, três defesas, é o seguinte passo do Andebol, mas precisa aplicar bem,
precisa aplicar. Mas eu acredito que já lá vamos, não? A alternância, embora
as vezes a alternância pode anular os jogadores adversários. Porque se tiram
Paskal Heinz, talvez faremos um 5:1 e seguimos com a mesma defesa. Não,
ANEXOS
204
não, não, há um detalhe, ou se metem três anões, recuas a defesa. Então a
alternância também pode anular os adversários da troca.
Isso é uma das coisas que acredito, que nós devemos seguir a avançar.
Por exemplo, os croatas têm muito, eles têm orgulho em ter três sistemas
defensivos. Eles têm 6:0, eles têm 3:2:1 com Gori de avançado e eles têm um
5:1 de Sprem como avançado, e como eles acreditam nelas, vão a trocar de
uma para a outra.
O realmente importante é que só mudamos de defesa quando vai mal.
Mas o que temos que fazer as vezes é: mesmo que estejamos bem com uma
defesa, alternar esta defesa. Não só quando está mal, mas também quando
está bem; alternância; talvez vá melhor. Isto é uma situação, e acredito que é o
futuro do Andebol.
E na defesa, como faz um guarda-redes?
Uma peça a mais, por isto não mencionei antes porque, para que
chegue a bola ao guarda-redes primeiro ela deve passar pela defesa. Se temos
um guarda-redes que defende muito dos 6 metros, podes avançar tua defesa,
se marcam golos fechas o centro, e imagine que rematem de longe, tu fechas
os espaços de remate e libera os extremos.
Mas esta não é a ideia, nossa ideia é que não rematem e se for remate
que seja no melhor lugar para nossa defesa e para o guarda-redes. Sempre
realizamos uma defesa de colaboração com o guarda-redes, é dizer: sempre
que possível a defesa fecha um lado e o guarda-redes o outro. E tem casos
que a defesa não adianta porque o ataque é melhor, nesta situação não tem
defesa, porque foi superada, então se foi superada procuras a colaboração.
Outra coisa é que façam-no rematar por aqui (de um lado) então o
guarda-redes estará neste ponto. Muitas vezes quando o guarda-redes não
está a defender nada tu reclamas com o guarda-redes, e ao contrário, quando
ele está a defender muito só fazem golos dos sete metros, o que fazer? Se
avança sua defesa, o que acontece? Tens outros problemas, que são as
exclusões. Sempre deves confiar uma percentagem ao guarda-redes. Ter um
bom guarda-redes é absolutamente importante.
ANEXOS
205
Como planeia os treinos, a depender se jogas durant e a semana ou
não?
É muito diferente se jogas durante a semana ou não, lógico que quando
jogas entre semanas, treina-se como se joga, é dizer: treinamos as situações
de jogo como se fosse uma partida. Tu pões a equipa A e a equipa B, em uma
tens Heins e Von Behrem e fazes exactamente o que eles fazem, eles são os
que vão começar o jogo e sabem que vão começar, sobretudo quando colocas
o colete amarelo, são os titulares na defesa.
Nos temos certas premissas de trabalho de sistemas... eles não podem
fazer isto, não podem fazer isto, não podem fazer isto... mas fazem isto…
então dizes isto para teus jogadores e eles fazem. Vamos fazer isto, agora isto
e agora isto… quando é entre semanas, quando jogamos aos domingos, as
quintas e sextas são intensas, fazemos ataque e balanço, ou senão defesa e
contra-ataque da mesma forma como jogamos.
A defesa realiza um sistema igual ao que efectuará no jogo, dando
descansos e trocando jogadores na equipa A e na B. quando jogamos na
quarta e no domingo só temos tempo de recuperação na segunda e na terça
treinamos meio campo, um no ataque e outro na defesa, porque na quarta de
manhã treinamos para repassar as superioridades e os remates específicos.
E que fazemos? O que faz o adversário, dizemos a nossa defesa que
actue o que actua a equipa adversária e trabalhamos sobre o jogo, mas qual
esquema vamos utilizar? Os nossos? Os gerais? Então temos uma bateria de
exercícios para 6:0, uma para 5:1, uma para misto e uma para todos os outros.
Tendo em conta todos os detalhes da equipa adversária como
desdobram, cruzamentos, etc., a tentar saber o que nos vão a criar antes, para
estarmos preparados. Preparas o jogo tanto no ataque como na defesa,
segundo o que faz e, as características da equipa adversária.
ANEXOS
206
Para os jogadores novos que entram na equipa, custa m a adaptar-
se?
Sim, bastante, sobretudo no aspecto defensivo, mas tem de tudo, temos
surpresas de jogadores que adaptam-se desde o primeiro dia, o que acontece
é que é uma fase na qual ele acredita que já sabe tudo e quando vem atletas
de encontro a ele, começam as dúvidas, e ai duvida em fazer e não fazer, e o
rosto diz muito.
Não faz o que achava que tinha que fazer e ai começa a errar, é por isso
que um novo é colocado ao lado de um veterano, para que comece a confiar
nele e para que adapte-se ao novo sistema. Tem gente que demoram um ano,
e tem outros que demoram dois meses ou um mês.
Tomara que tenham visto uma outra visão sobre a defesa, outra forma
de ver o Andebol do seu ponto de vista defensivo. Este sistema está a dar
grandes resultados e a manter nossos objectivos.
E isto é a base do trabalho, se sai mal temos de levantar a cabeça e
seguir à frente, se nos treinadores não formos os que no outro dia levantamos
e começamos a trabalhar novamente com nossos jogadores, estamos fritos…
porque eles sempre deixam-lhe a iniciativa… e mesmo que anoiteceu, sempre
terá outro amanhecer... a acreditar sempre em nós mesmos.
Muito Obrigado…
Fim.
ANEXOS
207
8.2 Ficha de observação dos dados C
ampe
onat
o do
Mun
do d
e A
ndeb
ol -
Tuní
sia
2005
Fase
:R
esul
tado
:
X
Jogo
:C
ateg
oria
sV
ariá
veis
SD
Iníc
ioA
taq.
Sis
t.M
.Tac
Err
oFi
n. A
t.A
FSD
Z. R
ec.
Par
cial
R. N
um