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Análise física de vigas
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAU
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
GUSTAVO GUIMARES CRUZ
ANLISE COMPARATIVA DAS TEORIAS DE EULER-
BERNOULLI E TIMOSHENKO VIA MTODO DAS
DIFERENAS FINITAS COM IMPLEMENTAO
COMPUTACIONAL EM SCILAB
TERESINA - PI
2014
GUSTAVO GUIMARES CRUZ
ANLISE COMPARATIVA DAS TEORIAS DE EULER-
BERNOULLI E TIMOSHENKO VIA MTODO DAS
DIFERENAS FINITAS COM IMPLEMENTAO
COMPUTACIONAL EM SCILAB
Monografia apresentada ao curso de
Engenharia Civil da Universidade
Federal do Piau, como requisito parcial
para a concluso do Bacharelado em
Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Me. Calebe Paiva
Gomes de Souza
TERESINA - PI
2014
FICHA CATALOGRFICA Universidade Federal do Piau
Biblioteca Comunitria Jornalista Carlos Castello Branco
Servio de Processamento Tcnico
C957a Cruz, Gustavo Guimares.
Anlise comparativa das teorias de Euler-Bernoulli e
Timoshenko via Mtodo das Diferenas Finitas com
implementao computacional em Scilab / Gustavo Guimares
Cruz. Teresina, 2014. 147 f. : il.
Monografia (Bacharelado em Engenharia Civil) Universidade Federal do Piau, 2014.
Orientao: Prof. Me. Calebe Paiva Gomes de Souza.
1. Viga. 2. Euler-Bernoulli - Teoria. 3. Timoshenko - Teoria.
4. Mtodo das Diferenas Finitas. 5. Scilab. I. Ttulo.
CDD 624.177 23
Monografia intitulada Anlise Comparativa das Teorias de Euler-Bernoulli e Timoshenko via
Mtodo das Diferenas Finitas com Implementao Computacional em SCILAB, de autoria de
Gustavo Guimares Cruz, apresentada ao Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal
do Piau como requisito parcial concluso do Bacharelado em Engenharia Civil.
Aprovada pela banca examinadora constituda pelos seguintes professores:
______________________________________________________________________ Prof. Me. Calebe Paiva Gomes de Souza - CT/UFPI Orientador
________________________________________________________________________________ Profa. Dra. Simone dos Santos Hoefel - CT/UFPI
________________________________________________________________________________ Prof. Me. Eduardo Martins Fontes do Rego - CT/UFPI
TERESINA, 15 de agosto de 2014
AGRADECIMENTOS
Agradeo a DEUS, em primeiro lugar, onde est comigo a todo o momento e nas horas
mais difceis, principalmente nesses ltimos meses.
Aos meus pais, Jos Manoel e Francisca Leite, que me deram o amor, educao e
humildade necessria para me tornar, pelo menos, um ser humano que respeita todas as pessoas,
mesmo aquelas que te prejudicam.
Aos meus irmos que, me deram suporte nas horas difceis, com brincadeiras.
Agradeo aos professores da UFPI que me ajudaram mesmo possuindo pouco tempo e
pela agradecer pela pacincia.
Agradeo ao meus professores que tive antes de entrar na Universidade, que me deram
apoio para que pudesse estar aqui.
Ao professor Calebe Paiva, que sempre esteve disponvel para responder, e com
pacincia, os questionamentos, alm de um grande ser humano.
Aos meus amigos de Universidade que me ajudaram nessa longa jornada: Francisco
Gomes, Isnio de Castro e Luciano Alves.
RESUMO
ANLISE COMPARATIVA DAS TEORIAS DE EULER-BERNOULLI E
TIMOSHENKO VIA MDF COM IMPLEMENTAO
COMPUTACIONAL EM SCILAB
Autor: Gustavo Guimares Cruz
Orientador: Calebe Paiva Gomes de Souza
Teresina-PI, agosto de 2014
A viga um dos principais elementos estruturais utilizados na Engenharia Civil, e apresenta
equaes diferenciais que rege cada caracterstica pertinente. Dentre essas caractersticas
destaca-se a deflexo, regido por teorias que se embasam na manuteno da seo da viga.
Dentre as teorias, as mais utilizadas so a de Euler-Bernoulli e de Timoshenko, sendo que a
primeira no considera os efeitos cisalhantes, enquanto a segunda adiciona os efeitos de
Poisson. A equao diferencial resultante de ambas torna possvel a utilizao de mtodos
numricos. Entre esses mtodos numricos, destaca-se o Mtodo das Diferenas Finitas,
transformando equaes do meio contnuo para o meio discreto, simplificando a aplicao. O
mtodo numrico possibilita a implementao computacional, presente nos dias atuais. Por
questes econmicas e facilidade de produo do algoritmo, o Scilab o meio interessante de
obter clculos com resultados grficos satisfatrios. Assim, na comparao entre os grficos
das teorias propostas observou-se, em relao ao mtodo numrico adotado, uma convergncia
entre os valores discreto e analtico medida que aumenta-se o nmero de pontos inseridos,
demonstrando a eficincia do mtodo. Em relao as teorias, para uma relao comprimento-
altura alta e carga aplicada de grande magnitude, existe praticamente coincidncia entre ambas
as teorias, sendo desprezvel a parcela da tenso cisalhante na viga. Mas para relao
comprimento-altura muito baixa para cargas com valores elevados, observa-se uma
discrepncia entre as curvas de deflexo entre as teorias de Euler-Bernoulli e Timoshenko, bem
como uma diferena entre o valor estipulado intuitivamente e o apresentado para uma carga
concentrada. Neste caso, a parcela cortante de suma importncia na verificao e
dimensionamento para determinadas aplicaes prticas.
Palavras-chave: Viga. Euler-Bernoulli. Timoshenko. Mtodo das Diferenas Finitas.
Implementao. Scilab.
ABSTRACT
COMPARATIVE ANALYSIS OF THEORIES OF EULER-BERNOULLI
AND TIMOSHENKO VIA MDF WITH COMPUTER
IMPLEMENTATION IN SCILAB
Author: Gustavo Guimares Cruz
Supervisor: Calebe Paiva Gomes de Souza
Teresina-PI, august 2014
The beam is a main structural elements used in Civil Engineering, and presents differential
equations governing each relevant feature. Among these features there is the deflection
governed by theories that underlie the maintenance of the beam section. Among theories, the
most used are the Euler-Bernoulli and Timoshenko, where the first does not consider the effects
of shear, while the second adds the Poisson effect. The resulting differential equation of the two
makes it possible to use numerical methods. Among these numerical methods, highlight the
Finite Difference Method, transforming the continuum equations for the discrete medium,
simplifying the application. The numerical method allows the computer implementation, this
nowadays. For economic reasons and ease of production of the algorithm, the Scilab is
interesting means of obtaining satisfactory calculations with graphical results. Thus, in
comparison between the graphs of the theories proposed observed, compared to the numerical
method used, a convergence between the discrete values and the analytical increases as the
number of entered points, demonstrating the efficiency of the method. Regarding theories,
applied to a high load of great magnitude and length-height ratio, is virtually coincidence
between both theories and an insignificant portion of the shear stress in the beam. But for length-
height relationship for very low loads with high values, there is a discrepancy between the
deflection curves between theories of Euler-Bernoulli and Timoshenko, as well as a difference
between the amount stipulated intuitively and submitted to a concentrated load, in which case,
the shear portion is of paramount importance in the design and verification for certain practical
applications.
Keywords: Beam. Euler-Bernoulli. Timoshenko. Finite Difference Method. Implementation.
Scilab.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1.1 Aplicao das estruturas nos dias atuais 21
Figura 1.2.1 Discretizao de casca cilndrica (tnel) atravs do Mtodo das Diferenas
Finitas 23
Figura 2.1.1 Principais elementos estruturais que compem as construes correntes 26
Figura 2.1.2 Estrutura metlica composta por barras horizontais (viga) e verticais (pilar) 26
Figura 2.1.3 Viga-Parede e sua distribuio de foras 27
Figura 2.1.4 Tnel, um elemento de casca, aplicado em construes rodovirias 27
Figura 2.1.5 Detalhe do bloco de coroamento em uma fundao 28
Figura 2.1.1.1 Solicitaes de diferentes naturezas atuantes em um corpo 29
Figura 2.1.1.2 Distribuio dos esforos internos em um corpo 30
Figura 2.1.1.3 Atuao do esforo normal em uma seo da estrutura 31
Figura 2.1.1.4 Atuao do esforo cortante em uma seo da estrutura 31
Figura 2.1.1.5 Atuao do momento fletor em uma seo da estrutura e as tenses
resultantes 31
Figura 2.1.1.6 Atuao do momento torsor em um corpo 32
Figura 2.1.1.7 Sistemas de foras internas para estruturas coplanares 32
Figura 2.1.2.1 Tipos de carregamentos externos possveis de atuao em uma estrutura 32
Figura 2.1.3.1 Carregamento externo atuante e os esforos resultantes da aplicao do
mesmo 33
Figura 2.1.3.2 Carregamento pontual externo e as resultantes internas devido a aplicao do
mesmo 34
Figura 2.1.4.1.1 Curva tenso - deformao genrica 35
Figura 2.1.5.1 Elemento estrutural genrico e seu centro geomtrico C 37
Figura 3.1.1 Primeiros indcios de utilizao da viga na humanidade 38
Figura 3.1.2 Vigas de uma ponte atual, chamadas tambm de longarina 39
Figura 3.2.1 Carregamentos externos e a atuao das tenses em uma viga 39
Figura 3.2.2 Representao matemtica do apoio simples 40
Figura 3.2.3 Representao matemtica do apoio do 2 gnero 40
Figura 3.2.4 Representao matemtica do apoio do tipo engaste 40
Figura 3.2.5 Representao de uma viga biapoiada 41
Figura 3.2.6 Representao de uma viga engastada 41
Figura 3.2.7 Viga isosttica e as reaes atuantes 41
Figura 3.2.8 Viga hiposttica, com equilbrio instvel 42
Figura 3.2.9 Condio hiperesttica de uma viga engastada e apoiada em sua borda 42
Figura 3.3.1 Esquematizao fsica da deflexo de uma viga 43
Figura 3.3.1.1 Curva caracterstica de uma viga 44
Figura 3.3.1.2 Representao matemtica da linha elstica de uma viga 45
Figura 3.3.2.1 Deformao infinitesimal de uma seo qualquer de uma viga 45
Figura 4.1.1 Modelo de viga de Euler-Bernoulli 49
Figura 4.2.1 Modelo de viga de Timoshenko 51
Figura 4.2.2 Anlise das sees de uma viga com relao altura-comprimento elevada, com
empenamento das mesmas pela aplicao da carga 52
Figura 4.2.3 Suposta distribuio linear da tenso cisalhante em uma seo da viga 53
Figura 4.2.4 Suposta distribuio parablica da tenso cisalhante em uma seo da viga 54
Figura 5.1.1 Esquema de uma funo (x) divididos em faixas igualmente espaadas,
representando as diferenas finitas 59
Quadro 5.1.1 Frmula molecular das diferenas finitas 60
Figura 5.2.1.1 Discretizao em pontos equidistantes em uma viga biapoiada 61
Figura 5.2.2.1 Discretizao em pontos equidistantes em uma viga engastada 62
Fluxograma 6.1.1 Esquema de organizao para a obteno do resultado de um problema de
Engenharia 66
Diagrama 6.3.1 Algoritmo na elaborao do programa de clculo de deflexes via MDF 68
Figura 6.4.1 Janela principal da GUI 69
Figura 6.4.2 Elementos constituintes da GUI 70
Figura 6.4.3 Processamento do grficos de sada pelo tipo de teoria 71
Figura 6.4.4 Relatrio gerado pelo programa 72
Figura 6.4.5 Sada de dados com janela grfica individualizada 73
Figura 8.1.1.1 Esquema de um viga biapoiada com carregamento concentrado, com os pontos
nodais caracterstico 75
Figura 8.1.6.1 Esquema de um viga engastada com carregamento concentrado, com os pontos
nodais caractersticos 94
Figura 8.2.1.1 - Esquema de um viga biapoiada carregada de forma uniforme e distribuda, com
os pontos nodais caractersticos 105
Figura 8.2.3.1 - Esquema de um viga engastada carregada de forma uniforme e distribuda, com
os pontos nodais caractersticos 114
Figura A.1 Cdigo-fonte elaborado a partir do Scilab 131
Figura A.2 Momentos de inrcia caracterstica de cada geometria 146
LISTA DE GRFICOS
Grfico 8.1.1.1.1 Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
concentrado, L = 1 m, h = 10b e npontos = 5 76
Grfico 8.1.1.2.1 Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
concentrado, L = 1 m, h = 10b e npontos = 55 77
Grfico 8.1.1.3.1 Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
concentrado, L = 1 m, h = 10b e npontos = 125 78
Grfico 8.1.1.4.1 Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
concentrado, L = 1 m, h = 10b e npontos = 1005 79
Grfico 8.1.1.5.1 - Valores de deflexo da TEB em funo dos nmeros de pontos para L = 1
m e h = 10b e x = L/2 80
Grfico 8.1.2.1.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
concentrado, L = 1,5 m, h = 10b e npontos = 5 81
Grfico 8.1.2.2.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
concentrado, L = 1,5 m, h = 10b e npontos = 55 82
Grfico 8.1.2.3.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
concentrado, L = 1,5 m, h = 10b e npontos = 125 83
Grfico 8.1.2.4.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
concentrado, L = 1,5 m, h = 10b e npontos = 1005 84
Grfico 8.1.3.1.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
distribudo, L = 2 m, h = 10b e npontos = 5 85
Grfico 8.1.3.2.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
distribudo, L = 2 m, h = 10b e npontos = 55 86
Grfico 8.1.3.3.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
distribudo, L = 2 m, h = 10b e npontos = 125 87
Grfico 8.1.3.4.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
distribudo, L = 2 m, h = 10b e npontos = 1005 88
Grfico 8.1.4.1 Comparativo entre as curvas de Timoshenko para as diferentes relaes
comprimento-altura da viga 89
Grfico 8.1.5.1.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
concentrado, e npontos = 5 90
Grfico 8.1.5.2.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
concentrado, e npontos = 55 91
Grfico 8.1.5.3.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
concentrado, e npontos = 125 92
Grfico 8.1.5.4.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
concentrado, e npontos = 1005 93
Grfico 8.1.5.5.1 - Valores de deflexo da TEB em funo dos nmeros de pontos para L = 5
m e x = L/2 94
Grfico 8.1.6.1.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga engastada com carregamento
concentrado e npontos = 5 95
Grfico 8.1.6.2.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga engastada com carregamento
concentrado e npontos = 55 96
Grfico 8.1.6.3.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga engastada com carregamento
concentrado e npontos = 125 97
Grfico 8.1.6.4.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga engastada com carregamento
concentrado e npontos = 1005 98
Grfico 8.1.6.5.1 - Valores de deflexo da TEB em funo dos nmeros de pontos para uma
viga engastada e L = 5 m e x = L 99
Grfico 8.1.7.1.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga engastada com carregamento
concentrado, L = 1 m, h = 10b e npontos = 5 100
Grfico 8.1.7.2.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga engastada com carregamento
concentrado, L = 1 m, h = 10b e npontos = 55 101
Grfico 8.1.7.3.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga engastada com carregamento
concentrado, L = 1 m, h = 10b e npontos = 125 102
Grfico 8.1.7.4.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga engastada com carregamento
concentrado, L = 1 m, h = 10b e npontos = 1005 103
Grfico 8.1.7.5.1 - Valores de deflexo da TEB em funo dos nmeros de pontos para uma
viga engastada, L = 1 m e h = 10b e x = L 104
Grfico 8.2.1.1.1 Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
distribudo e npontos = 5 105
Grfico 8.2.1.2.1 Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
distribudo e npontos = 55 106
Grfico 8.2.1.3.1 Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
distribudo e npontos = 125 107
Grfico 8.2.1.4.1 Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
distribudo e npontos = 1005 108
Grfico 8.2.1.5.1 - Valores de deflexo da TEB em funo dos nmeros de pontos para um
carregamento distribudo com L = 5 m 109
Grfico 8.2.2.1.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
distribudo, L = 1 m, h = 10b e npontos = 5 110
Grfico 8.2.2.2.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
distribudo, L = 1 m, h = 10b e npontos = 55 111
Grfico 8.2.2.3.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
distribudo, L = 1 m, h = 10b e npontos = 125 112
Grfico 8.2.2.4.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga biapoiada com carregamento
distribudo, L = 1 m, h = 10b e npontos = 1005 113
Grfico 8.2.3.1.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga engastada com carregamento
distribudo e npontos = 5 114
Grfico 8.2.3.2.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga engastada com carregamento
distribudo e npontos = 55 115
Grfico 8.2.3.3.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga engastada com carregamento
distribudo e npontos = 125 116
Grfico 8.2.3.4.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga engastada com carregamento
distribudo e npontos = 1005 117
Grfico 8.2.3.5.1 - Valores de deflexo da TEB em funo dos nmeros de pontos para uma
viga engastada com carregamento distribudo e L = 5 m e x = L 118
Grfico 8.2.4.1.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga engastada com carregamento
distribudo, L = 1 m, h = 10b e npontos = 5 119
Grfico 8.2.4.2.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga engastada com carregamento
distribudo, L = 1 m, h = 10b e npontos = 55 120
Grfico 8.2.4.3.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga engastada com carregamento
distribudo, L = 1 m, h = 10b e npontos = 125 121
Grfico 8.2.4.4.1 - Comparativo entre as teorias para uma viga engastada com carregamento
distribudo, L = 1 m, h = 10b e npontos = 1005 122
Grfico 8.2.4.5.1 - Valores de deflexo da TEB em funo dos nmeros de pontos para uma
viga engastada com carregamento distribudo, L = 1 m e h = 10b 123
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.3.3.1 Reaes de apoio e suas condies de contorno 48
Tabela 8.1.1.5.1 Valores de deflexo das teorias de vigas e erro relativo para uma viga com
carregamento concentrado, com L = 1 m e h = 10b 79
Tabela 8.1.2.5.1 - Valores de deflexo das teorias de vigas e erro relativo para uma viga com
carregamento concentrado, com L = 1,5 m e h = 10b 84
Tabela 8.1.3.5.1 - Valores de deflexo das teorias de vigas e erro relativo para uma viga com
carregamento concentrado, com L = 2 m e h = 10b 88
Tabela 8.1.5.5.1 - Valores de deflexo das teorias de vigas e erro relativo para uma viga com
carregamento concentrado, com L = 5 m 93
Tabela 8.1.6.5.1 - Valores de deflexo das teorias de vigas e erro relativo para uma viga
engastada com carregamento concentrado, com L = 5 m 98
Tabela 8.1.7.5.1 - Valores de deflexo das teorias de vigas e erro relativo para uma viga
engastada com carregamento concentrado, com L = 1 m e h = 10b 103
Tabela 8.2.1.5.1 - Valores de deflexo das teorias de vigas e erro relativo para uma viga com
carregamento distribudo, com L = 5 m 108
Tabela 8.2.2.5.1 - Valores de deflexo das teorias de vigas e erro relativo para uma viga com
carregamento distribudo, com L = 1 m e h = 10b 113
Tabela 8.2.3.5.1 - Valores de deflexo das teorias de vigas e erro relativo para uma viga
engastada com carregamento distribudo com L = 5 m 117
Tabela 8.2.4.5.1 - Valores de deflexo das teorias de vigas e erro relativo para uma viga
engastada com carregamento distribudo com L = 1 m e h = 10b 122
LISTA DE SIGLAS
ENPC cole Nationale des Ponts et Chausses
FSTD First Shear Theory Deformation
GUI Graphical User Interface
INRIA Institut National de Recherche en Informatique et en Automatique
MDF Mtodo das Diferenas Finitas
MDFE Mtodo das Diferenas Finitas Energticas
MEF Mtodo dos Elementos Finitos
MRP Mtodo dos Resduos Ponderados
MRR Mtodo de Rayleigh-Ritz
POO Programao Orientada a Objetos
TEB Teoria de Euler-Bernoulli
TT Teoria de Timoshenko
LISTA DE SMBOLOS
Somatrio discreto
xF Foras horizontais
yF Foras verticais
oM Momento em relao a um ponto O
N Esforo normal
V ou Q Esforo Cortante
M Momento fletor
T Momento torsor
q(x) Carga uniformemente distribuda
dx Diferencial em relao a x
d
dx Derivada em relao a x
dM Diferencial em relao ao momento fletor
P Carga concentrada
Tenso mdia
E Mdulo de elasticidade
a Deformao axial
Coeficiente de Poisson
' Deformao lateral
Tenso de cisalhamento mdia
G Mdulo de elasticidade transversal
Deformao de cisalhamento
x Coordenada do centroide em relao a x
A rea da seo transversal
y Coordenada do centroide em relao a y
Somatrio contnuo ou integral
xI Momento de inrcia em relao a y
yI Momento de inrcia em relao a x
Rx Reao de apoio horizontal
Ry Reao de apoio na vertical
ds Diferencial em relao a s
O Ponto de interseo
Curvatura
Raio de curvatura
Giro da seo
w Deflexo da viga
4
4
d w
dx Derivada de 4 ordem da deflexo em relao a x
3
3
d w
dx Derivada de 3 ordem da deflexo em relao a x
C; c Constantes de integrao
h Altura da seo transversal
L Comprimento da viga
Rotao adicional devido ao cortante
Ks Fator de correo de cisalhamento
b Base da seo transversal
qc Fluxo de cisalhamento
Operador de derivada parcial
Incremento
( )x Funo polinomial
i Ponto pivotal
( )f x Funo
iy Ordenada em relao ao ponto i
n Nmero de segmentos
A; F; W Matrizes
npontos Nmeros de pontos de discretizao
SUMRIO
1 INTRODUO .................................................................................................. 21
1.1 GENERALIDADES SOBRE VIGAS E SUAS TEORIAS ........... 21
1.2 MTODO DAS DIFERENAS FINITAS E A UTILIZAO
DA LINGUAGEM SCILAB ........................................................................ 22
1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 23
1.3.1 Gerais .................................................................................................................... 23
1.3.2 Especficos ............................................................................................................ 23
1.4 DELIMITAO DO TEMA ....................................................................... 24
1.5 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 24
2 ANLISE ESTRUTURAL .......................................................................... 25
2.1 ESTRUTURA: CONCEITOS E APLICAES ................................ 25
2.1.1 Tipos de solicitaes nas estruturas .............................................................. 28
2.1.2 Tipos de cargas externas atuantes ................................................................ 32
2.1.3 Relao entre momento fletor, esforo cortante e carga aplicada....... 33
2.1.4 Propriedades mecnicas dos materiais estruturais.................................. 35
2.1.4.1 A lei de Hooke ................................................................................................... 35
2.1.4.2 Coeficiente de Poisson e a lei de Hooke para o cisalhamento .................. 36
2.1.5 Caractersticas geomtricas das estruturas ............................................... 36
3 A VIGA COMO ELEMENTO ESTRUTURAL .............................. 38
3.1 HISTRIA E IMPORTNCIA .................................................................. 38
3.2 CARACTERSTICAS DAS VIGAS ........................................................ 39
3.3 DEFLEXO EM VIGAS .............................................................................. 42
3.3.1 Raio de curvatura .............................................................................................. 43
3.3.2 Relao Momento-Curvatura de uma viga ................................................ 45
3.3.3 Condies de contorno ..................................................................................... 47
4 TEORIAS DE VIGAS: CONCEITOS E ANLISES ................... 49
4.1 TEORIA DE EULER-BERNOULLI (TEB) ......................................... 49
4.2 TEORIA DE TIMOSHENKO (TT) .......................................................... 51
5 O MTODO DAS DIFERENAS FINITAS..................................... 57
5.1 FORMULAO DO MDF .......................................................................... 59
5.2 APLICAO DO MDF NO CLCULO DAS DEFLEXES DE
VIGAS ................................................................................................................... 61
5.2.1 MDF e as condies de contorno para vigas biapoiadas ........................ 61
5.2.2 MDF e as condies de contorno para viga engastada ........................... 62
5.3 MDF APLICADA A TEORIA DE EULER-BERNOULLI ........... 63
5.4 MDF APLICADA A TEORIA DE TIMOSHENKO ........................ 63
6 A PROGRAMAO EM SCILAB ........................................................ 65
6.1 BREVE HISTRICO DE PROGRAMAO E SEUS
CONCEITOS ...................................................................................................... 65
6.2 O SCILAB COMO FERRAMENTA CIENTFICA ......................... 67
6.3 IMPLEMENTAO DAS DIFERENAS FINITAS EM
SCILAB ................................................................................................................. 68
6.4 A INTERFACE GRFICA DO USURIO (GUI) EM
SCILAB ................................................................................................................. 69
7 METODOLOGIA ............................................................................................. 74
7.1 MATERIAIS E MTODOS ......................................................................... 74
8 ANLISES E COMPARATIVOS DAS TEORIAS DE
VIGAS ..................................................................................................................... 75
8.1 COMPARATIVO PARA UMA VIGA COM
CARREGAMENTO CONCENTRADO ................................................ 75
8.1.1 Comparativo para uma viga-parede biapoiada com L/h = 1,0 ............. 75
8.1.1.1 Discretizao com 5 pontos considerados .................................................... 76
8.1.1.1 Discretizao com 55 pontos considerados .................................................. 77
8.1.1.3 Discretizao com 125 pontos considerados ................................................ 77
8.1.1.4 Discretizao com 1005 pontos considerados ............................................. 78
8.1.1.5 Convergncia das teorias para L = 1 m e h = 10b ....................................... 79
8.1.2 Comparativo para uma viga-parede biapoiada com L/h = 1,5 ........... 80
8.1.2.1 Discretizao com 5 pontos considerados .................................................... 81
8.1.2.2 Discretizao com 55 pontos considerados .................................................. 82
8.1.2.3 Discretizao com 125 pontos considerados ................................................ 82
8.1.2.4 Discretizao com 1005 pontos considerados ............................................. 83
8.1.2.5 Convergncia das teorias para L = 1,5 m e h = 10b .................................... 84
8.1.3 Comparativo para uma viga biapoiada com L = 2,0 m e h = 10b ........ 84
8.1.3.1 Discretizao com 5 pontos considerados .................................................... 84
8.1.3.2 Discretizao com 55 pontos considerados .................................................. 85
8.1.3.3 Discretizao com 125 pontos considerados ................................................ 86
8.1.3.4 Discretizao com 1005 pontos considerados ............................................. 87
8.1.3.5 Convergncia das teorias para L = 2 m e h = 10b ....................................... 88
8.1.4 Comparativo entre as relaes comprimento-altura na viga-parede . 88
8.1.5 Comparativo para uma viga biapoiada com L = 5 m .............................. 89
8.1.5.1 Discretizao com 5 pontos considerados .................................................... 90
8.1.5.2 Discretizao com 55 pontos considerados .................................................. 91
8.1.5.3 Discretizao com 125 pontos considerados ................................................ 92
8.1.5.4 Discretizao com 1005 pontos considerados ............................................. 93
8.1.5.5 Convergncia das teorias para L = 5 m ......................................................... 93
8.1.6 Comparativo para uma viga engastada com L = 5 m.............................. 94
8.1.6.1 Discretizao com 5 pontos considerados .................................................... 95
8.1.6.2 Discretizao com 55 pontos considerados .................................................. 96
8.1.6.3 Discretizao com 125 pontos considerados ................................................ 97
8.1.6.4 Discretizao com 1005 pontos considerados ............................................. 98
8.1.6.5 Convergncia das teorias para uma viga engastada com L = 5 m ........... 98
8.1.7 Comparativo para uma viga engastada com L = 1 m e h = 10b ........... 99
8.1.7.1 Discretizao com 5 pontos considerados .................................................. 100
8.1.7.2 Discretizao com 55 pontos considerados ................................................ 101
8.1.7.3 Discretizao com 125 pontos considerados .............................................. 102
8.1.7.4 Discretizao com 1005 pontos considerados ........................................... 103
8.1.7.5 Convergncia das teorias para uma viga engastada com L = 1 m e h =
10b ...................................................................................................................... 103
8.2 COMPARATIVO PARA UMA VIGA COM
CARREGAMENTO UNIFORMEMENTE DISTRIBUDO ....... 104
8.2.1 Comparativo para uma viga biapoiada com L = 5 m ............................ 104
8.2.1.1 Discretizao com 5 pontos considerados .................................................. 105
8.2.1.2 Discretizao com 55 pontos considerados ................................................ 106
8.2.1.3 Discretizao com 125 pontos considerados .............................................. 106
8.2.1.4 Discretizao com 1005 pontos considerados ........................................... 107
8.2.1.5 Convergncia das teorias para um carregamento distribudo com L = 5
m ......................................................................................................................... 108
8.2.2 Comparativo para uma viga biapoiada com L = 1 m e h = 10b ......... 109
8.2.2.1 Discretizao com 5 pontos considerados .................................................. 110
8.2.2.2 Discretizao com 55 pontos considerados ................................................ 111
8.2.2.3 Discretizao com 125 pontos considerados .............................................. 112
8.2.2.4 Discretizao com 1005 pontos considerados ........................................... 113
8.2.2.5 Convergncia das teorias para um carregamento distribudo com L = 1 m
e h = 10b ............................................................................................................ 113
8.2.3 Comparativo para uma viga engastada com L = 5m............................. 114
8.2.3.1 Discretizao com 5 pontos considerados .................................................. 114
8.2.3.2 Discretizao com 55 pontos considerados ................................................ 115
8.2.3.3 Discretizao com 125 pontos considerados .............................................. 116
8.2.3.4 Discretizao com 1005 pontos considerados ........................................... 117
8.2.3.5 Convergncia das teorias para uma viga engastada com carregamento
distribudo e L = 5 m ....................................................................................... 117
8.2.4 Comparativo para uma viga engastada com L = 1 m e h = 10b ......... 118
8.2.4.1 Discretizao com 5 pontos considerados .................................................. 119
8.2.4.2 Discretizao com 55 pontos considerados ................................................ 120
8.2.4.3 Discretizao com 125 pontos considerados .............................................. 121
8.2.4.4 Discretizao com 1005 pontos considerados ........................................... 122
8.2.4.5 Convergncia das teorias para uma viga engastada com carregamento
distribudo, L = 1 m e h = 10b ....................................................................... 122
9 CONCLUSO ................................................................................................... 124
9.1 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................ 125
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..................................................... 126
APNDICE A Cdigo-fonte do programa em Scilab ...................... 131
APNDICE B Momentos de inrcia das principais sees ........... 146
ANEXO A Equaes de deflexo analtica de Euler-Bernoulli .... 147
21
1 INTRODUO
1.1 GENERALIDADES SOBRE VIGAS E SUAS TEORIAS
A viga, como um dos principais elementos estruturais utilizados pela Engenharia, recebe
estudos cada vez mais interessantes, como mostrado na Figura 1.1.1, e tambm avanos
tecnolgicos. Nesses estudos observam-se comportamentos variados dependo da aplicao que
a viga ser inserida, tornando-se necessrio um maior aprofundamento desse comportamento,
e seu estudo muitas vezes complexo.
Figura 1.1.1 - Aplicao das estruturas nos dias atuais
Fonte: Disponvel em: . Acesso em: 02 jul. 2014
Na Engenharia Civil, esses problemas devem resolvidos muitas vezes em pouco tempo,
sendo um dos motivos em que os profissionais da rea buscam novas maneiras de interpreta-
los. Assim, necessrio trabalhar com ferramentas que auxiliam nas resoluo destes
problemas, como, por exemplo, em resolver a questo da dinmica em passarelas. Geralmente,
essas situaes geram expresses matemticas, ou equaes diferenciais necessrias para a
anlise e busca do resultado.
As equaes diferenciais esto presentes na vida do Engenheiro, e dentre as utilizaes
aparece a determinao do deslocamento vertical de uma viga, ou deflexo. Este estudo de
suma importncia, visto que representa um dos principais efeitos nos elementos estruturais
aplicados na Engenharia Civil.
Uma das aplicaes constantes de equaes diferenciais o estudo do comportamento
de corpos slidos sujeitos a diversos tipos de carregamentos e entre esses corpos,
podemos incluir as vigas que so elementos estruturais projetados para suportar
diversas cargas em sua extenso (COSTA, 2010).
22
Dessa forma, aparecem diversas formas de equaes que regem um determinado
problema, como mostrado na equao abaixo, que representa o estudo de placas (SZILARD,
2004):
4 4 4
4 2 2 42 ,z
w w wD p x y
x x y y
(1.1)
Neste caso, a utilizao de mtodos analticos1 resolvem muitos problemas. Porm, nem
sempre essa ferramenta simples de se utilizar e obter respostas, pois o nvel de complexidade
do problema aumenta em funo da necessidade de aproximao da realidade, dificultando o
conhecimento e o monitoramento dos parmetros de clculo (BORGES; PADOIN, 2006). Isso
leva a formao de um modelo matemtico, com simplificaes, resultando no
negligenciamento dos resultados reais, mas o bastante para resolver certos problemas prticos,
importante para a reas tecnolgicas, como a Engenharia Civil.
Como dito anteriormente, para a obteno do deslocamento horizontal da viga gera-se
modelos matemticos no meio contnuo. Para essas formulaes matemticas, na obteno do
deslocamento vertical da viga, utiliza-se teorias que apresentam certas diferenas dependendo
da complexidade. As teorias de Euler-Bernoulli e de Timoshenko utilizam modelos analticos
para determinados problemas. A primeira teoria tem como principal caracterstica a manuteno
das sees planas aps a deformao, porm descartando os efeitos de tenso de cisalhamento.
J a teoria de Timoshenko considera esses efeitos por um ngulo adicional devido as tenses
cisalhantes. Desse modo, observar o comportamento de ambas as teorias para diferentes
situaes de suma importncia na aplicao das vigas.
1.2 MTODO DAS DIFERENAS FINITAS E A UTILIZAO
DA LINGUAGEM SCILAB
O uso de um modelo numrico resolve as diversas equaes diferenciais complexas
geradas pelas teorias das vigas, com resultados satisfatrios. Existem inmeros mtodos, entre
eles se destaca o Mtodo das Diferenas Finitas (MDF), pela simplicidade e praticidade.
1 ...e consiste em partir da prpria tese a demonstrar e estabelecer uma cadeia de proposies articuladas de maneira que cada uma seja consequncia da seguinte, resultando deste modo a primeira (tese proposta)
consequncia da ltima (proposio reconhecida como verdadeira) e portanto verdadeira como ela. CALADO, J. Jorge G. Compndio de Trigonometria: Ensino Liceal-3 ciclo. Lisboa: Empresa Literria
Fluminense, 1960. 240 p.
23
Figura 1.2.1 - Discretizao de casca cilndrica (tnel) atravs do Mtodo das Diferenas Finitas
Fonte: MACHADO, 2013
Seu uso muito difundido no meio acadmico, como em anlises de fundaes (BONI;
PROLOVI, 2008, p. 179), fluidos e estruturas (MACHADO, 2013). Esse mtodo gera
matrizes de dimenses equivalentes ao nvel de discretizao, possibilitando a implementao
computacional da mesma. Atualmente, a utilizao de computadores est consolidada e de fcil
acesso, e com o avano tecnolgico, computadores pessoais apresentam um elevado
processamento, inclusive multiprocessamento, aumentando a velocidade de execuo dos
clculos para elevadas dimenses de matrizes. Alm disso, a utilizao de linguagens de
computadores mostram que possvel resolver problemas relacionados a Engenharia Civil com
nenhum custo financeiro e com grande agilidade, onde se destaca o Scilab, que especificamente
voltado ao desenvolvimento cientfico e tcnico (UFMG, 2014).
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Gerais
Comparar as teorias propostas utilizando o Mtodo das Diferenas Finitas e implement-
los via Scilab.
1.3.2 Especficos
Analisar as vigas pelas teorias de Euler-Bernoulli e Timoshenko.
Descrever suas caractersticas, vantagens e desvantagens, bem como comparar os
resultados obtidos e interpret-los.
Resolver as equaes que regem cada teoria utilizando o Mtodo das Diferenas Finitas.
24
Aplicar as equaes algbricas geradas pelo mtodo numrico deste trabalho em Scilab
para automao e refinamento dos dados inseridos.
1.4 DELIMITAO DO TEMA
A anlise comparativa das teorias refora a importncia do estudo das vigas, uma vez que
se conhece correntes de pensamento com propostas diferentes, como so os casos das teorias
de Euler-Bernoulli e de Timoshenko no aspecto esttico, onde cada uma representa um certo
grau de importncia dependendo da aplicao das vigas, favorece a segurana e confiabilidade
de execuo, e representam o bsico das inmeras indagaes do comportamento real das vigas,
alm de representar efetividade nos resultados prticos.
Uma vez determinada a proposta, a utilizao de mtodos numricos facilita a
interpretao das equaes diferenciais, simplificando a elaborao dos resultados das teorias
propostas. Assim, o Mtodo das Diferenas Finitas aparece como um meio simples e gil de se
responder essa questes em relao a outras existentes na literatura.
Na interpretao dos dados obtidos, e pela utilizao de mtodos numricos, que trabalha
no meio discreto, o aperfeioamento e velocidade de clculo possibilitou a utilizao de
programas de computadores, que automatizam os clculos e os expem por meio de grficos e
relatrios. Dentre as inmeras linguagens de programao, a utilizada foi o Scilab. A questo
da maior facilidade de uso, simplicidade, velocidade de elaborao e no ter nenhum custo
financeiro tornou a utilizao desse software possvel e a realizao desse trabalho.
1.5 JUSTIFICATIVA
Aplicao do tema proposto e divulgao no meio acadmico.
A anlise das teorias de vigas de suma importncia para a Engenharia, sendo necessrio
criar meios de encontrar respostas mais simples e satisfatrias para situaes mais complexas,
como anlise de vibraes de vigas, por exemplo. Desse modo, estudar o Mtodo das
Diferenas Finitas criar novos meios de interpretao fsica do problema, com as mesmas
perspectivas de xito que uma anlise mais complicada.
Utilizao de ferramentas computacionais como busca de uma soluo, ao mesmo tempo,
precisa e refinada, alm de divulgar a importncia da programao na Engenharia Civil.
25
2 ANLISE ESTRUTURAL
Neste captulo sero abordados de forma geral o ramo na qual a viga est inserida, a
importncia dessa rea, e o avano tecnolgico da mesma, sendo este avano um meio de
estudos mais aprofundados, que exigem conhecimentos mais detalhados da natureza do
problema, embora complexos, mas que a Engenharia Civil, como uma cincia prtica, busca as
respostas de forma simples e eficiente.
2.1 ESTRUTURA: CONCEITOS E APLICAES
Observa-se inmeras construes, desde as mais simples, como casas, at complexos
sistemas de porte elevado, como pontes mveis e sistemas de tneis. Todas essas obras tem
origem de um ramo essencial para a Engenharia Civil: a Mecnica. Beer e Johnston (1994, p.
3) descrevem a Mecnica como a cincia que descreve e prediz as condies de repouso ou
movimento de corpos sob a ao de foras.. Como a Engenharia Civil visa a construo de
sistemas em repouso (edifcios, por exemplo), foi necessrio utilizar sistemas capazes de
absorver estas foras externas inerentes a construo. Desse modo surge conceito de estrutura.
Na viso da Engenharia, estrutura o conjunto de peas ligadas entre si e ao meio exterior,
formando uma estabilidade entre as peas que recebem carregamentos externos, absorvendo-os
internamente e transmitindo at seus apoios, de modo que o sistema de solicitaes externas
encontraro seu sistema esttico equilibrado (SSSEKIND, 1974).
Desse modo, pode-se descrever a Anlise Estrutural como parte da Mecnica que estuda
as estruturas, de modo que este estudo visa a determinao dos esforos e das deformaes a
que elas ficam submetidas quando solicitadas pelo meio externo (SSSEKIND, 1974).
26
Figura 2.1.1 Principais elementos estruturais que compem as construes correntes
Fonte: Elaborada pelo autor
Dessa forma, para que a afirmao acima seja vlida, necessrio que, o equilbrio do
sistema estrutural combata as foras externas que atuam na estrutura.
Assim, a Engenharia utiliza diversos tipos de estruturas, que variam dependendo da
funo e necessidade:
a) Elemento de barra: pea estrutural onde uma dimenso muito maior que as demais.
Pode-se citar os pilares e as vigas como exemplos, que so indispensveis na maioria
das atividades da Engenharia;
Figura 2.1.2 Estrutura metlica composta por barras horizontais (viga) e verticais (pilar)
Fonte: Disponvel em: < http://metalconcept.com.br/>. Acesso em: 22 jun. 2014
27
b) Elemento de placa: quando duas dimenses da pea predominam sobre a outra, e
recebem carregamentos perpendiculares ao seu plano. Como exemplo pode-se citar as
lajes;
c) Elementos de chapa: so os elementos bidimensionais que esto sujeitos a
carregamentos contidos em seu plano (NBR 6118, 2007). Geralmente, apresentam a
relao entre a altura e comprimento elevada, como por exemplo, vigas - paredes2;
Figura 2.1.3 Viga-Parede e sua distribuio de foras
Fonte: GIUGLIANI, 2014
d) Elementos de casca: elementos bidimensionais de superfcie no plana. Exemplo
prtico desse tipo de estrutura destaca-se os tneis;
Figura 2.1.4 Tnel, um elemento de casca, aplicado em construes rodovirias
Fonte: Disponvel em: < http://www.engenhariacivil.com/>. Acesso em: 21 mai. 2014
2 Viga - parede uma viga com uma grande relao altura-comprimento, de modo que a hiptese da seo plana
no mais vlida. IME Instituto Militar de Engenharia. Viga Parede: Notas de Aula 01. Disponvel em: . Acesso em: 01 mar. 2014
28
e) Elemento de bloco: quando todas as dimenses predominam. Exemplo: Blocos de
coroamento.
Figura 2.1.5 Detalhe do bloco de coroamento em uma fundao
Fonte: Disponvel em: . Acesso em: 14 jun. 2014
Obviamente, essas variaes dependem da forma de aplicao das mesmas e do tipo de
carregamento atuante.
2.1.1 Tipos de solicitaes nas estruturas
Como foi visto anteriormente, a aplicao das peas estruturais dependem do tipo de
agentes externos atuantes ou foras aplicadas. Fora a ao de um corpo sobre o outro, que
caracterizado pela sua intensidade, ponto de aplicao e sentido (BEER; JOHNSTON, 1994).
Existem dois tipos de natureza de foras:
a) Foras de superfcie: resultante do contato direto de um corpo com a superfcie de
outro. Por exemplo, pode-se citar o peso das pessoas sobre um apartamento;
b) Fora de corpo: ocorre quando um corpo exerce fora sobre o outro sem o contato
fsico direto, como o efeito da gravidade, sendo este o peso prprio da estrutura.
29
Figura 2.1.1.1 Solicitaes de diferentes naturezas atuantes em um corpo
Fonte: HIBBELER, 2008
Logicamente, toda ao corresponde a uma reao contrria, que nas estruturas, se
apresentam nos apoios ou pontos de contatos entre os corpos.
Assim, para que uma estrutura seja considerada esttica, esta deve apresentar equilbrio
de foras para que o corpo no sofra translao ou tenha movimento acelerado, e para evitar a
rotao, deve-se ter equilbrio dos momentos. Desse modo, para um sistema coplanar de foras
(HIBBELER, 2008), na maioria das utilizaes prticas, a situao expressa matematicamente
como:
0
0
0
x
y
o
F
F
M
(2.1)
onde '' ''xF representa as foras horizontais, '' ''yF as foras verticais e " "oM o momento em
relao a um ponto da estrutura.
Como consequncia, a estrutura sofre, internamente, cargas resultantes, isto , foras e
momentos internos, sendo de suma importncia na viso da esttica, uma vez que estas atuam
de forma a manter unida a estrutura frente s cargas externas atuantes na mesma. Essas cargas
se distribuem na estrutura de tal forma que no possvel conhecer com preciso seus valores
individuais, sendo necessrio utilizar as equaes de equilbrio para relacionar os agentes
externos s fora resultantes e ao momento no ponto central da seo, ou centroide do corpo.
30
Figura 2.1.1.2 Distribuio dos esforos internos em um corpo: a) Seccionamento da seo; b) Esforos
internos atuantes na seo; c) Resultante das foras internas totais
F1 F2
F3F4
Seccionamento
a)
F3F4
b)
F3F4
M
MRON
TF
R
QO
MOMENTO FLETOR
ESFORO CORTANTE
MOMENTO TORSOR
ESFORO
NORMAL
c)
Fonte: Elaborada pelo autor
Assim, as cargas resultantes internas so definidas abaixo (GERE, 2003):
a) Fora normal (N): atua perpendicularmente seo transversal da pea, tendendo a
puxar ou empurrar o elemento;
31
Figura 2.1.1.3 - Atuao do esforo normal em uma seo da estrutura
N NSEO
Fonte: Elaborada pelo autor
b) Fora de cisalhamento ou esforo cortante (V ou Q): tangencia o plano da rea (ou
seo transversal), e se manifesta quando as cargas externas tendem a provocar o
deslizamento das duas partes da estrutura, uma sobre a outra;
Figura 2.1.1.4 Atuao do esforo cortante em uma seo da estrutura
SEO
Fonte: Elaborada pelo autor
c) Momento fletor (M): o efeito do resultado da atuao de cargas externas que tendem
a fletir a viga em relao ao eixo localizado no plano da rea;
Figura 2.1.1.5 Atuao do momento fletor em uma seo da estrutura e as tenses resultantes
M MSEO
LN
SEO M
Fonte: Elaborada pelo autor
d) Momento torsor (T): esforo que tende a fazer girar a seo em torno do eixo
longitudinal, provocando tenses de cisalhamento.
32
Figura 2.1.1.6 Atuao do momento torsor em um corpo
T
Fonte: Elaborada pelo autor
Para sistemas de foras coplanares, deve conter apenas os componentes do esforo
normal, de cisalhamento e momento fletor.
Figura 2.1.1.7 Sistemas de foras internas para estruturas coplanares
F1F2
F3
Corpo
Q
N MCorpo
Seccionado
Fonte: Elaborada pelo autor
2.1.2 Tipos de cargas externas atuantes
As estruturas recebem foras de superfcie de diferentes naturezas. Assim, pode-se
enumerar as diferentes formas de cargas externas atuantes:
a) Carga concentrada: aquela que atua sobre uma rea (infinitesimal) da estrutura. Na
prtica, pode-se citar carregamentos de vigas sobre vigas, onde a rea de contato entre
a viga que recebe a estrutura e a viga que apoia na mesma pode ser desprezada.
b) Carregamento distribudo: aquele que est atuando ao longo do eixo da de um
elemento estrutural. Pode ainda ser dividido em carregamento uniformemente
distribudo, onde a carga constante ao longo do eixo, enquanto o carregamento com
variao linear aquele que modifica sua intensidade ao longo do eixo.
Figura 2.1.2.1 Tipos de carregamentos externos possveis de atuao em uma estrutura
Ppq
q - Carga Uniformemente Distribuda - Carga ConcentradaP-Carga Distribuda Com Variaop
Fonte: Elaborada pelo autor
33
2.1.3 Relao entre momento fletor, esforo cortante e carga aplicada
Pela Figura 2.1.3.1, pode-se utilizar as equaes de equilbrio para relacionar as foras
cortantes com a carga aplicada em uma seo genrica de uma estrutura (GERE, 2003).
Figura 2.1.3.1 Carregamento externo atuante e os esforos resultantes da aplicao do mesmo
q(x)
Q
Q+dQ
M M+dM
dx
Fonte: Elaborada pelo autor
0yF
0Q q dx Q dQ (2.2)
Rearranjando a equao (2.2), obtm-se:
dQ
q xdx
(2.3)
sendo dQ dx a taxa de variao do esforo cortante ao longo do eixo x do elemento e q x a
carga distribuda aplicada no elemento estrutural.
Em relao ao momento fletor, as equaes de equilbrio de momento em relao a um
ponto qualquer podem ser utilizadas, obtendo-se:
02
dxM q dx Q dQ dx M dM
Desprezando os produtos de diferenciais, pois so valores muito pequenos em relao ao
demais termos, tem-se a equao abaixo:
dMQ
dx (2.4)
onde dM dx representa a taxa de variao do momento fletor em relao ao eixo x da
estrutura.
34
Pode-se tambm, relacionar o momento fletor com a carga aplicada, sendo necessrio
aplicar a derivada na taxa de momento, como segue na expresso abaixo:
d dM dQ
dx dx dx
2
2( )
d Mq x
dx (2.5)
Figura 2.1.3.2 Carregamento pontual externo e as resultantes internas devido a aplicao do mesmo
Q
Q+Q1
M M+M1
P
dx
Fonte: Elaborada pelo autor
No caso da aplicao de uma carga concentrada (Figura 2.1.3.2), observa-se a seguinte
equao de equilbrio de foras:
1
1
0Q P Q Q
Q P
(2.6)
Segundo Gere (2003, p. 210), a relao mostrada acima indica uma mudana abrupta na
fora cortante em qualquer ponto de aplicao de uma carga concentrada. No caso do momento
fletor, utiliza-se o equilbrio de momentos em relao a um ponto qualquer da seo, que neste
caso foi adotado o lado esquerdo. Assim tem-se a seguinte expresso:
1 1
1 1
02
2
dxM P Q Q dx M M
dxM P Qdx Q dx
(2.7)
Logo, Gere (2010) mostra que o momento fletor no muda quando atravessa a carga
aplicada P, uma vez que o comprimento dx muito pequeno, sendo o momento M1 tambm.
35
2.1.4 Propriedades mecnicas dos materiais estruturais
2.1.4.1 A lei de Hooke
Como dito anteriormente, para manter uma estrutura unida, necessrio que esta
apresente uma resistncia caracterstica inerente ao material que a compe (HIBBELER, 2008).
Atravs de experimento, onde, a partir de diagramas que relacionam a tenso normal, que a
fora atuante sobre uma rea do corpo, e a deformao, que a variao de comprimento de
um corpo, pode-se determinar uma relao linear na regio elstica entre ambas (Figura
2.1.4.1.1). Robert Hooke, em 1676, conseguiu visualizar atravs de molas essa caracterstica
(HIBBELER, 2008). Assim ficou conhecido a lei de Hooke, que expressa matematicamente
por:
a aE (2.8)
sendo a a tenso mdia atuante, E o mdulo de elasticidade ou mdulo de Young,
caracterstico do material, e a a deformao axial ou normal.
Figura 2.1.4.1.1 Curva tenso-deformao genrica
E
lp
E
Regio Els tica
Regio Pls tica
Escoamento
a a =E
Fonte: Elaborada pelo autor
Vale ressaltar que a equao (2.8) representa a parcela inicial reta do diagrama tenso-
deformao, e o declive o mdulo de elasticidade.
36
2.1.4.2 Coeficiente de Poisson e a lei de Hooke para o cisalhamento
Gere (2003, p. 18) mostra que quando um corpo tracionado, ocorre, alm de um
alongamento, uma contrao lateral, isto , uma deformao lateral. Chamado coeficiente de
Poisson, que representa a razo entre a deformao lateral e a deformao axial, sendo uma
propriedade inerente ao material, formando-se a relao abaixo:
'
a
a
onde representa o coeficiente de Poisson, 'a a deformao lateral e a a deformao axial
ou normal.
Atravs de ensaios envolvendo cisalhamento puro, pode-se determinar um diagrama que
relaciona tenso de cisalhamento com a deformao, que descreve um comportamento elstico-
linear. Desse modo, chega-se a expresso da lei de Hooke para o cisalhamento:
aG (2.9)
sendo que a tenso de cisalhamento, G o mdulo de elasticidade transversal e a a
deformao de cisalhamento.
As constantes , E e G se relacionam pela seguinte equao:
2 1E
G
(2.10)
2.1.5 Caractersticas geomtricas das estruturas
Uma caracterstica importante de um elemento estrutural sua propriedade geomtrica,
que intrnseca ao comportamento elstico da estrutura. A partir de uma rea definida pela
seo da estrutura, chega-se a definio de centroide, que exatamente um ponto que define o
centro geomtrico dessa rea (HIBBELER, 2008). Pela Figura 2.1.5.1, pode-se determinar as
coordenadas que definem o centroide matematicamente por:
37
iA
A
iA
A
x dAx
dA
y dAy
dA
(2.11)
onde x e y so as coordenadas do centroide e i
Ax dA e iA y dA so os momentos estticos
da seo.
Figura 2.1.5.1 Elemento estrutural genrico e seu centro geomtrico C
xi
yi
dA
C
O x
y
Fonte: Elaborada pelo autor
A partir do centroide, considera-se um momento de primeira ordem sobre a rea, e, para
a resistncia dos materiais necessrio a utilizao de um momento de segunda ordem,
denominada momento de inrcia de uma rea (HIBBELER, 2008). A partir da Figura 2.1.5.1 e
integrando em funo do elemento infinitesimal dA, chegam-se as seguintes equaes:
2
2
x iA
y iA
I y dA
I x dA
(2.12)
onde xI e yI so, respectivamente, os momentos de inrcia em relao ao eixo y e em relao
ao eixo x.
38
3 A VIGA COMO ELEMENTO ESTRUTURAL
3.1 HISTRIA E IMPORTNCIA
A viga foi o elemento estrutural criado pelo homem de forma espordica (PUC-PR, 2014).
Para conseguir alimentos, o homem pr-histrico tinha que atravessar barreiras naturais como
um rio. Mas como o obstculo era muitas vezes largo e profundo, era necessrio percorrer
longas viagens para encontrar obstculos mais simples de ultrapassar. Depois de uma
tempestade, o homem viu uma rvore cada na parte longa de um rio, possibilitando sua
passagem pela rvore sem necessidade de caminhar milhares de quilmetros. Assim nasceu a
viga, representado pelo tronco de rvore (PUC-PR, 2014). Existem muitas evidncias ao redor
do mundo acerca da utilizao de sistemas que representavam a utilidade, como o Stonehenge,
na Inglaterra, no perodo Neoltico (LMC-USP, 2014).
Figura 3.1.1 Primeiros indcios de utilizao da viga na humanidade
Fonte: LMC USP, 2014
Ento, a importncia da viga na Engenharia deixa clara a necessidade de conhecer seus
princpios e aspectos, sendo assim abordada neste trabalho. As utilizaes so inmeras, desde
na composio de estruturas simples, como casas, at eixos de veculos e longarinas de pontes.
39
Figura 3.1.2 Vigas de uma ponte atual, chamadas tambm de longarina
Fonte: Disponvel em: < http://www.thiel.eng.br/>. Acesso em: 02 jun. 2014
3.2 CARACTERSTICAS DAS VIGAS
Conforme Hibbeler (2008, p.425), vigas so elementos estruturais projetados para
suportar carregamentos aplicados perpendicularmente ao seu eixo longitudinal. Como
elemento de barra, seu comportamento estudado, em sua maioria prtica, de forma
bidimensional ou coplanar. Portanto, internamente, as vigas geram momentos fletores e
esforos cortantes, que variam ao longo do seu comprimento e Hibbeler (2008, p.425) afirma
que a viga projetada com base na resistncia da mesma.
Figura 3.2.1 Carregamentos externos e a atuao das tenses em uma viga
Pp
x
y
xy
Fonte: Elaborada pelo autor
O movimento das vigas ocasionados por meio das cargas externas ou os chamados graus
de liberdade podem ser restringidos por meio dos apoios ou vinculaes, isto , dispositivos
capazes de gerar reaes nas direes desejadas (SSSEKIND, 1974), sendo esses apoios
40
classificados segundo a quantidade de graus de liberdade permitidos. Abaixo tem-se enumerado
os principais tipos, aplicveis para estruturas coplanares:
a) Apoio simples ou do 1 gnero: restringe apenas um movimento (horizontal ou
vertical), permitindo outros movimentos, como a rotao e translao vertical ou
horizontal;
Figura 3.2.2 Representao matemtica do apoio simples
R
ou
R
Fonte: Elaborada pelo autor
b) Apoio do 2 gnero, articulao ou rtula: neste caso, apenas a rotao est livre de
movimento, sendo as direes horizontal e vertical impedidas de transladar;
Figura 3.2.3 Representao matemtica do apoio do 2 gnero
RyRx
Fonte: Elaborada pelo autor
c) Apoio do 3 gnero ou engaste: para este tipo de apoio, todos os graus de liberdade so
bloqueados: translaes e rotao (trs bloqueios).
Figura 3.2.4 Representao matemtica do apoio do tipo engaste
Rx
Ry
M
Fonte: Elaborada pelo autor
Logo, as vigas so classificadas pela forma como esto apoiadas (GERE, 2003, p. 199),
que so classificadas da seguinte forma:
41
a) Viga simplesmente apoiada (ou biapoiada): em uma extremidade, as translaes
horizontal e vertical so impedidas, mas a rotao liberada, enquanto que na outra
extremidade a translao vertical impedida e a rotao liberada;
Figura 3.2.5 - Representao de uma viga biapoiada
Fonte: Elaborada pelo autor
b) Viga engastada ou em balano: neste caso, uma extremidade impossibilitada de
realizar qualquer movimento (rotao e translao), mas a outra extremidade livre
para se movimentar;
Figura 3.2.6 Representao de uma viga engastada
Fonte: Elaborada pelo autor
Tambm, a viga pode ser classificada pelo nmero de reaes de apoio em relao ao
nmero de equaes de equilbrio. Chama-se de viga isosttica aquelas que o nmero de reaes
de apoio igual ao nmero de equaes de equilbrio (SSSEKIND, 1974), tornando a soluo
possvel e determinada.
Figura 3.2.7 Viga isosttica e as reaes atuantes
RA
A B
RB
Fonte: Elaborada pelo autor
42
No caso em que o nmero de reaes de apoio menor que o nmero de equaes de
equilbrio, a viga denominada hiposttica, sendo a soluo impossvel. Porm, dependendo
das condies das cargas externas, estas podem ser capazes de impedir translaes na viga,
chamando-se este equilbrio instvel, sendo, pois, inutilizveis na construo prtica
(SSSEKIND, 1994).
Figura 3.2.8 Viga hiposttica, com equilbrio instvel
A B
Fonte: Elaborada pelo autor
No outro caso, os apoios so em nmero tal que apresentam reaes alm das equaes
de equilbrio, isto , o nmero de equaes menor que de incgnitas, gerando uma soluo
indeterminada. Assim, para resolver estas incgnitas, ser necessrio, alm das equaes da
Esttica, obter dados da Resistncia dos Materiais, sendo a viga assim chamada de hiperesttica.
Figura 3.2.9 Condio hiperesttica de uma viga engastada e apoiada em sua borda
RAx
M
R
MA
A B
RBx RByRAy
5 Icgnitas3 Equaes da Esttica
Fonte: Elaborada pelo autor
3.3 DEFLEXO EM VIGAS
Quando uma viga submetida a esforos externos, seu eixo desvia da sua posio inicial.
Segundo Balan e Popov (2000, p. 583), os valores desses desvios em muitos casos prticos
devem ser exatos, como em elementos de mquinas que devem ser rgidos o bastante para o
funcionamento correto do mesmo. Outro exemplo seria em edifcios, onde as vigas do piso no
podem desviar-se do eixo excessivamente, evitando efeitos incmodos nos ocupantes e
43
evitando a ruptura dos materiais frgeis que compe o apartamento, como paredes, por exemplo
(BALAN; POPOV, 2000).
Figura 3.3.1 - Esquematizao fsica da deflexo de uma viga
Fonte: BALAN; POPOV, 2000
Alm disso, Gere (2003, p. 449) refora a importncia da deflexo na anlise estrutural,
pois essencial para determinar as caractersticas das vigas hiperestticas. Gere (2003, p. 449)
refora: As deflexes so importantes nas anlises dinmicas3, como quando estamos
investigando vibraes...
Portanto, deflexo o deslocamento na direo vertical de qualquer ponto no eixo da
viga.
3.3.1 Raio de curvatura
Gere (2003, p. 228) explica que uma viga submetida a um carregamento P atuando na
extremidade livre da viga sofre uma deformao vertical. Pela Figura 3.3.1.1b, os pontos 1m e
2m foram escolhidos na curva de deflexo. Enquanto 1m foi escolhido para uma distncia
arbitrria x, o ponto 2m foi alocado a uma pequena distncia ds aps a seo 1m . Em todos os
pontos adotados, traa-se uma linha normal tangente curva de deflexo. Logo, essas linhas
normais interceptam um ponto 'O , que representa o centro de curvatura.
3 Estudo do movimento dos corpos sujeitos aplicao de cargas. BRASIL, Reyolando M. L. R. F; SILVA,
Marcelo Arajo da. Introduo Dinmica das Estruturas Para Engenharia Civil. So Paulo: Blucher, 2013.
p. 16.
44
Figura 3.3.1.1 - Curva caracterstica de uma viga: a) Atuao de carga; b) Consequncia da aplicao
P
a)
ds
m2
m1
d
A
B
dxx
y
x
O
b)
Fonte: Elaborada pelo autor
Uma vez encontrado a distncia 1 'm O , que chamado de raio de curvatura , a curvatura
definida como o inverso do raio de curvatura, chegando-se a expresso:
1 (3.1)
Desse modo, Gere (2003, p. 450) afirma que existe uma relao importante na geometria
da curva, especialmente na formao do tringulo 1 2'O m m na figura acima, obtendo-se:
d ds (3.2)
Combinando-se as equaes (3.1) e (3.2), encontra-se:
ds
d
1 (3.3)
Como na Engenharia Civil, a deflexo de uma viga muito pequena em relao ao seu
comprimento na prtica, a distncia ds ao longo da curva praticamente igual a sua projeo
horizontal dx ; nesse caso, adotando-se essa hiptese, temos a seguinte equao:
dx
d
1 (3.4)
45
Essa equao servir de embasamento para o seguinte tpico, pois trata-se de formulao
bsica para o desenvolvimento das teorias clssicas de vigas.
Hibbeler (2008, p.449) afirma que a linha elstica o diagrama de deflexo do eixo
longitudinal que passa pelo centroide de cada rea da seo transversal da viga.
Figura 3.3.1.2 Representao matemtica da linha elstica de uma viga
A BA B
P
Linha Elstica
Fonte: Elaborada pelo autor
3.3.2 Relao Momento-Curvatura de uma viga
Encontrado a curvatura , podemos formular a equao da linha elstica que rege a
deflexo de uma viga. Desse modo, Hibbeler (2008, p. 450) supe uma relao entre o momento
fletor e o raio de curvatura da viga.
Figura 3.3.2.1 Deformao infinitesimal de uma seo qualquer de uma viga
y
ds
dxy
O
d
ds
dx
M M
Antes da deformao
Depois da deformao
Fonte: Elaborada pelo autor
46
A partir do raio de curvatura, tambm se pode analisar um deslocamento ( 'ds ), localizado
a "y" de distncia do eixo neutro, onde se encontra uma deformao 'ds ds ds . Porm,
como foi dito anteriormente, ds dx d e 'ds y d , substituindo as equaes
obtm-se:
y d d
d
(3.5)
onde representa a deformao do arco do elemento de viga.
Substituindo a equao (3.5) chega-se a seguinte equao:
1
y
(3.6)
Admitindo que o material da viga seja homogneo e comporta de forma linearelstica,
a lei de Hooke pode ser aplicada, e com My I . Substituindo em (3.6), obtm-se:
1 M
EI (3.7)
onde representa o raio de curvatura num ponto da curva elstica e M o momento fletor interno
da viga no ponto em que se encontra.
Ainda, segundo Balan e Popov (2000, p. 585), a relao determinada pela geometria
analtica mostra que a curvatura de uma linha se define como:
2
2
3 32 22 2
1 "
1 '1
d w
wdx
dw w
dx
(3.8)
onde w e x so as coordenadas de um ponto sobre a curva e onde w a deflexo do C.G. da
seo transversal na fase deformada em relao ao estado indeformvel e dw dx a rotao da
seo na coordenada em x.
Observa-se que em Engenharia Civil, as estruturas so calculadas considerando deflexes
muito pequenas, devido a questes de tolerncia e esttica, tornando a expresso dw dx muito
pequena, sendo assim 2
0dw dx . Logo, a equao (3.8) se reduz a:
47
2
2
1 d w
dx
Balan e Popov (2000, p. 586) deixam claro que esta simplificao elimina a no
linearidade geomtrica, e a equao diferencial do problema pode ser reescrita da seguinte
forma, formando a equao diferencial da curva de deflexo:
2
2
( )d w M x
dx EI (3.9)
Atravs de integrao dupla, pode-se obter a deflexo w em funo de x, gerando as
constantes de integrao que podem ser encontradas atravs das condies de contorno.
Tambm, as relaes entre o momento fletor, esforo cortante e de carga aplicada podem ser
utilizadas para se obter a deflexo. Assim, tem-se:
2
2( )
d d wEI Q x
dx dx
2 2
2 2( )
d d wEI q x
dx dx
Considerando o material e a seo constante da viga, pode-se reorganizar as equaes
acima, obtendo-se:
4
4
( )d w q x
dx EI
(3.10)
3
3
( )d w Q x
dx EI (3.11)
3.3.3 Condies de contorno
Na resoluo de uma equao diferencial, gerado, alm da integral da funo, constantes
de integrao. Por exemplo, para obter a deflexo w em relao a carga aplicada, deve-se
integrar sucessivamente quatro vezes em relao a x, mostradas abaixo:
3
13
0
1x
d wq dx C
dx EI
48
2
1 22
0 0
1x x
d wdx q dx C x C
dx EI
2
12 3
0 0 0
1
2
x x xC xdw
dx dx q dx C x Cdx EI
3 2
1 23 4
0 0 0 0
1
3! 2!
x x x xC x C x
w dx dx dx q dx C x CEI
Balan e Popov (2000, p. 592) explicam que as constantes 1C , 2C , 3C e 4C significam
uma caracterstica fsica especial. Estas constantes so determinadas pelas condies de
contorno, que objetiva a soluo de uma equao possvel e determinada, anulando os valores
desnecessrios. Esses valores se obtm por meio das caractersticas de apoio da viga, mostradas
pela Tabela 3.3.3.1.
Tabela 3.3.3.1 Reaes de apoio e suas condies de contorno
R
w = 0
Ry
Rx w = 0
Rx
Ry
M
Rx
Ry
M
Rx
Ry
M
Rx
Ry
M
w = 0dw/dx = 0
Tipo de apoioCondio de
contorno
1 Gnero
2 Gnero
3 Gnero
Borda livre
Na borda livre
No apoio
d w/dx = 02 2
Fonte: Elaborada pelo autor
49
4 TEORIAS DE VIGAS: CONCEITOS E ANLISES
O estudo da viga de fundamental importncia na questo estrutural e com dinamismo de
novas ideias e tecnologias, o aperfeioamento da mesma evidente: Vigas so elementos
estruturais com grande aplicao na Engenharia, e para quais existem diversos modelos de
anlise. (SILVA, S.; SILVA, W., 2010, p. 1804).
Os autores citados anteriormente mostram a cinemtica das teorias de vigas, isto , seu
comportamento (deslocamentos e rotaes) frente s solicitaes.
Desse modo, sero estudadas as duas teorias de vigas, apresentando o clssico (Euler-
Bernoulli), e a mais realista de Timoshenko.
4.1 TEORIA DE EULER-BERNOULLI (TEB)
A teoria mais simples e utilizada a de Euler-Bernoulli, que relaciona a altura da seo
transversal h e o comprimento L de uma viga. Se esta relao for muito pequena, definida a
viga de Euler-Bernoulli.
A teoria mais simples e a mais comumente usada a de Euler-Bernoulli a qual adota
um campo de deslocamento que implica nas hipteses de que uma linha reta e normal
superfcie neutra antes da deformao da pea permanecer reta e normal aps a
deformao desta, implicando ainda no negligenciamento dos efeitos normais e
cisalhantes sobre a estrutura. (SILVA, S.; SILVA, W., 2010, p. 1804).
Uma vez negligenciado, supe-se que o eixo da viga permanece inextensvel, no
assumindo o efeito de Poisson e a tenso de cisalhamento transversal (RAULT; REDDY, 2010,
p. 3).
Figura 4.1.1 - Modelo de viga de Euler-Bernoulli: a) Sem aplicao de cargas externas; b) Aps a aplicao de
foras externas
w
x
xSem deformao
a)
50
dw
dx
dw
dxTeoria de Euler-Bernoul l i
LN
b)
Fonte: Elaborada pelo autor
Devido simplicidade de clculos, a viga de Euler-Bernoulli utilizada com mais
frequncia, j que gera equaes diferenciais simples com resultados aceitveis na prtica,
como por exemplo, em dimensionamento de vigas de concreto armado.
No entanto, como mostra a citao acima, a teoria de Euler-Bernoulli (TEB) no
considera os efeitos de cisalhamento na viga, embora no signifique que no ainda utilizada,
uma vez que seu princpio vale para vigas de pequenas alturas como mostra Kocatrk e imek
(2007, p. 167). Mas no significa afirmar que a teoria no deixa de ser aplicada, inclusive, como
mostra os mesmos autores, para valores onde a relao altura-comprimento pequena, os
resultados entre as diferentes teorias convergem.
Essa teoria assume as seguintes hipteses em suma:
a) Os deslocamentos verticais de todos os pontos de uma mesma seo transversal so
pequenos e iguais ao eixo da viga;
b) O deslocamento lateral nulo;
c) As sees planas normais para o eixo da viga que inicialmente se encontram planas,
permanecem planas depois da aplicao de um carregamento externo.
Seguindo as hipteses expostas na determinao da equao da linha elstica, a TEB
assume, para um carregamento externo, a seguinte caracterstica (SILVA, S.; SILVA, W., 2010,
p. 1804):
2
2
d wM EI
dx (4.1)
Tambm, pode-se expressar a deflexo em funo do carregamento distribudo e do
esforo cortante atuante:
51
3
3
dM d wQ EI
dx dx (4.2)
2 4
2 4
d M d wq EI
dx dx (4.3)
4.2 TEORIA DE TIMOSHENKO (TT)
Tambm conhecida no meio cientfico como First Shear Theory Deformation (FSTD)
por ser a primeira a considerar os efeitos de cisalhamento. Se embasa na TEB, porm com
diferenas bsicas, apresentadas por Nascimento (2005, p. 46) e enumeradas abaixo:
a) Os deslocamentos verticais de todos os pontos de uma mesma seo transversal so
pequenos e iguais ao eixo da viga;
b) O deslocamento lateral nulo;
c) As sees planas normais para o eixo da viga antes da deformao se mantm planas,
porm no necessariamente normais ao eixo depois da deformao.
Figura 4.2.1 - Modelo de viga de Timoshenko
dw
dx
Teoria deTimoshenko
LN
Fonte: Elaborada pelo autor
Ainda, Silva (2010, p. 1804) mostra que essa teoria leva em considerao as foras
cisalhantes pela introduo de um fator de correo.
Essa teoria enfatiza modelo que possui melhor representao de comportamento de um
viga real, pois, segundo Balan e Popov (2000, p. 432), para uma viga de altura considervel,
curta e devido a perturbaes nos pontos de aplicao das cargas, as sees no permanecem
planas (Figura 4.2.2). Um exemplo tpico desse efeito em uma estrutura a viga parede.
52
Figura 4.2.2 - Anlise das sees de uma viga com relao altura-comprimento elevada, com empenamento das
mesmas pela aplicao da carga
Fonte: BALAN; POPOV, 2000
Da figura acima, Silva (2010, p. 1804) demonstra as equaes governantes do
carregamento externo e do momento fletor:
Qdx
dM
)(xqdx
dQ
dx
dEIM
(4.4)
dx
dwGAKQ s (4.5)
onde G o mdulo de elasticidade transversal, A a rea da seo, o ngulo adicional devido
ao efeito cisalhante e Ks o fator de correo ao cisalhamento que depende da forma geomtrica
da seo.
Observa-se que essa teoria apresenta componentes de deformao longitudinal e
angular xz , alm de que o fator de correo Ks, por questes de incertezas sobre a distribuio
das tenses de cisalhamento (FEM-Unicamp, 2014), obtido atravs da seguinte equao:
1ys
xz
QK
A G
(4.6)
onde Qy representa o esforo cortante e xz a distoro angular.
53
Para uma seo retangular, de base b e altura h, distribuio constante de tenso de
cisalhamento, e assumindo que a tenso varia linearmente com o eixo y, como mostra a Figura
4.2.3.
Figura 4.2.3 Suposta distribuio linear da tenso cisalhante em uma seo da viga
y
x
xyQy
A
Fonte: Elaborada pelo autor
Logicamente, chega-se a expresso:
1 2xy c y c (4.7)
sendo 1c e 2c coeficientes determinados pela condio de que as extremidades da seo so
nulas, a partir das seguintes equaes:
1 2 02 2
xy
h hy c c
1 2 02 2
xy
h hy c c
Pela equaes acima, obtm-se 1 2 0c c , e, pois, 0xy , resultando numa soluo
impossvel, uma vez que a tenso de cisalhamento no necessariamente nula na seo
transversal (FEM-Unicamp, 2014). Dessa forma, assume-se uma distribuio de tenses do tipo
quadrtica, determinada pela seguinte expresso:
2
1 2 3xy c y c y c (4.8)
O sinal negativo no coeficiente 1c em virtude da distribuio parablica ter concavidade
para baixo, conforme a Figura 4.2.4.
54
Figura 4.2.4 - Suposta distribuio parablica da tenso cisalhante em uma seo da viga
y
x
21 2 3xy c y c y c
Fonte: Elaborada pelo autor
Pelas condies anteriores, pode-se obter os coeficientes procurados:
2
1 2 3 02 2 2
xy
h h hy c c c
(4.9)
2
1 2 3 02 2 2
xy
h h hy c c c
(4.10)
Substituindo-se as equaes (4.9) e (4.10), tem-se a seguinte expresso:
2
1 32 2 02
hc c
2
3 12
hc c
(4.11)
A terceira condio, considerando um ponto de mximo ou mnimo no centro da seo,
que neste caso, em y = 0, implicando na derivada de xy :
1 22xyd
c y cdy
(4.12)
Pela condio, se y = 0, ento a derivada zero, que representada pela equao abaixo:
1 2 22 0 0 0c c c
Substituindo a equao (4.11) na equao (4.8) obtm-se:
2
2
12
xy
hc y
(4.13)
55
Como o valor da tenso de cisalhamento mxima desconhecida neste momento, atravs
do valor do esforo cortante Q ser conhecido, representa-se a expresso abaixo (FEM-Unicamp,
2014):
xyA
Q dA
Substituindo a equao (4.13) na expresso acima, tem-se:
2
2
12
A
hQ c y dA
2
2
12
A A
hQ c dA y dA
(4.14)
Nota-se que a primeira e segunda integrais representam, respectivamente, a rea da seo
retangular e o momento de inrcia em relao ao eixo de referncia da seo. Assim, o
coeficiente c1 dado por:
1 2
2z
Qc
hA I
(4.15)
Substituindo as equaes (4.13) e (4.15), tem-se a seguinte equao:
2
2
22
2
xy
z
Q hy
hA I
(4.16)
Especificando para seo retangular, tem-se A b h e 3 12zI b h , e substituindo na
equao (4.16), tem-se:
2
2
2 2xy
z
Q hy
I
(4.17)
Para uma tenso de cisalhamento mxima na seo, tem-se y = 0, sendo a expresso dada
por:
,
3
2xy mx
Q
A (4.18)
56
O clculo do momento esttico, para uma seo retangular dado por:
2
2
2 2sz
b hM y
(4.19)
sendo szM o momento esttico em relao ao eixo da seo transversal;
Substituindo a equao (4.19) na equao (4.17), obtm-se:
sxy
z
Q M
b I
(4.20)
A partir da expresso acima, chega-se a definio de fluxo de cisalhamento, que
matematicamente expresso por (FEM-Unicamp, 2014):
sc
z
Q Mq
I
(4.21)
Substituindo a equao (4.21) na equao (4.20), tem-se uma expresso que relaciona a
tenso de cisalhamento em funo do fluxo de cisalhamento qc, mostrado na equao abaixo:
cxy
q
b (4.22)
Pode-se relacionar a Lei de Hooke para o cisalhamento e a tenso de cisalhamento
mxima, obtendo-se a seguinte expresso:
3
2
xy
xy
Q
G A G
(4.23)
E, finalmente, obtm-se o valor de Ks substituindo as expresses anteriores na equao
(4.6), chegando-se ao valor abaixo:
2
3 3
2
s
Q
A GKQ
A G
57
5 O MTODO DAS DIFERENAS FINITAS
Nos problemas de Engenharia, especialmente a abordagem feita at o momento,
possvel formular um problema e transform-lo em equaes matemticas que regem o mesmo.
Geralmente, se obtm resultados analticos, isto , as equaes que governam so diferenciais
que, dependendo da complexidade, podem ser difceis ou at impossveis na prtica de serem
encontradas (SZILARD, 2004). Assim, Deus et al (2010, p. 2) mostra como se insere os
mtodos numricos para a resoluo do problema dado:
Durante a soluo de problemas de engenharia, comum se deparar com equaes
diferenciais (ordinrias e parciais) que regem o fenmeno fsico. A soluo analtica
dessas equaes nos casos de condies de contorno, carregamento e geometria
complexas bastante complicada ou at mesmo impossvel. Nesses casos comum
recorrer s solues aproximadas obtidas atravs de mtodos numricos.
Os Mtodos das Diferenas Finitas, como mtodo numrico, possibilita ao profissional
trabalhar com situaes complexas, alm de que um dos mtodos mais simples, como
descreve os mesmos autores (2010, p. 10):
So muitos os mtodos numricos utilizados hoje, mas no geral eles podem ser
divididos em dois grandes grupos:
i. mtodos que atuam diretamente sobre a equao diferencial do problema real (como
exemplos, pode-se citar o Mtodo das Diferenas Finitas (MDF) e o Mtodo dos
Resduos Ponderados (MRP));
ii. mtodos que atuam de forma indireta no problema real e possuem uma base
variacional (como exemplos tm-se o Mtodo de Rayleigh-Ritz (MRR) e o Mtodo
dos Elementos Finitos (MEF)).
O MDF talvez seja o mais simples dentre essas abordagens numricas.
O Mtodo das Diferenas Finitas (MDF) servir exatamente para entender a forma
analtica dos diferentes modelos de vigas, com os seus resultados. Como mtodo numrico, as
equaes analticas complexas se transformam em equaes algbricas de simples
entendimento, sendo facilmente calculadas por implementao computacional.
Segundo Szilard (2004, p. 315), um mtodo verstil, visto que pode resolver problemas
desde deflexes at de estabilidades de pilares. O uso do MDF ir fornecer um arcabouo maior
de anlise de diferentes problemas de Engenharia.
Ainda Szilard (2004, p.268) explica outras vantagens do mtodo, que so:
a) Transparncia, isto , manipulao de todo o processo de clculo, alm da facilidade de
interpretao;
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b) Trabalha apenas com incgnitas das coordenadas de deflexo, a matriz de rigidez se
torna muito menor em relao aos outros mtodos, reduzindo o tempo de processamento
computacional;
c) verstil, visto que serve para resolver desde problemas de estabilidade at anlise de
placas;
d) Preciso aceitvel para fins tcnicos, como a Engenharia;
e) Facilidade de implementao computacional.
Szilard (2004) tambm destaca as desvantagens, que so:
a) Automatizao do MDF por meio de programas de computador no uma tarefa fcil;
b) Na maior parte dos casos, a matriz dos coeficientes resultantes no simtrico;
c) O MDF no recomendado para derivadas acima de quarta ordem.
O acesso ferramenta computacional est mais do que consolidada, permitindo o estudo
mais detalhado de mtodos numricos. nesse sentido que se apresenta o MDF.
Logo, o MDF possibilita gerar matriz de rigidez conveniente para a resoluo do
problema (BONI; PROLOVI, 2008, p.179), e desse modo, program-la em uma linguagem
computacional, tornando o estudo do comportamento das estruturas para diferentes condies
mais rpidas e prticas.
O MDF pode ser aplicado em diversas reas na Engenharia (Estruturas, Hidrulica e
Geotecnia), como exemplifica Deus et al (2010):
a) Equilbrio estrutural elementos de duas e trs dimenses;
b) Estabilidade elstica de colunas;
c) Fluxo em meio poroso;
d) Linha de corrente em um escoamento.
Machado (2013, p. 1), explica tambm como o MDF pode ser utilizado na prtica:
A soluo dos problemas de contato casca cilndrica-base elstica usualmente
alcanada via mtodos numrico-computacionais, uma vez que abordagens analticas
so restritas a carregamento e condies de contorno simples e bem definidas o que
no o caso dos PCUs. Assim, para muitos problemas de contato de interesse prtico
no possvel encontrar as solues analticas das equaes que regem o problema. Os mtodos experimentais, embora teis e precisos, se mostram onerosos tanto em
custo quanto em tempo de execuo.
Alm disso, o autor expe a utilizao atual do mtodo, explicando seu desenvolvimento:
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Entretanto, aplicaes do MDF nas engenharias estrutural e geotcnica continuam
sendo alvos de pesquisas, com o recente e crescente interesse da comunidade
cientfica. Esse interesse pode ser constatado pela evoluo do MDF, e mais
precisamente no desenvolvimento de suas variantes. Dentre essas variaes destaca-
se o mtodo das diferenas finitas energticas (MDFE), que se apresenta como um
meio termo entre o MDF tradicional e o MEF. (MACHADO, 2013, p. 9).
5.1 FORMULAO DO MDF
Na formulao do mtodo numrico, considerando apenas uma dimenso, substituem-se
os operadores diferenciais d e por simples operadores de diferenas . Para obter as
expresses de diferenas finitas, aproxima-se a funo