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ANÁLISE ERGONÔMICA NO POSTO DE
TRABALHO DOS ENFERMEIROS DE
UM HOSPITAL LOCALIZADO NA
CIDADE DE SANTANA DO MATOS - RN
Daniela Cristina de Sousa Silva (UFERSA )
Priscila da Cunha Jacome (UFERSA )
Natalia Veloso Caldas de Vasconcelos (UFERSA )
Nos serviços de saúde, como unidades de pronto atendimento e
hospitais, o fluxo de trabalho é intenso. Visando exclusivamente o bem-
estar dos pacientes, os profissionais deixam de lado os cuidados com a
própria saúde durante sua jornada de trabalho sem dimensionar os
efeitos futuros desta atitude. Este trabalho tem o intuito de avaliar os
riscos ergonômicos ao qual estão expostos os seis enfermeiros de um
hospital localizado no município de Santana do Matos. Para a análise
postural, foi utilizado o método REBA, com auxílio do software
gratuito Ergolândia ® versão 5.0 a fim de relacionar as queixas,
apontadas através de questionário e entrevistas, com a má postura
utilizada pelos enfermeiros do hospital. Concluiu-se que as principais
queixas, tais como dores nas costas, pés e fadiga estão diretamente
relacionadas a má postura na realização de atividades corriqueiras
(troca de curativo, aferição de pressão, banho no leito) e também ao
estresse da atividade noturna. Diante disto foi possível propor
melhorias aos enfermeiros, de acordo com as atividades analisadas, a
fim de melhorar a qualidade de vida no ambiente de trabalho.
Palavras-chave: Análise ergonômica, método REBA, enfermagem
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1. Introdução
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (2013) realizada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), 3.568.095 pessoas alegaram ter sido diagnosticadas de
LER/DORT (2,29% do total da população estimada pela PNS).
Segundo dados do SUS (Sistema Único de Saúde), a concessão do benefício auxílio-doença
pela Previdência Social aumentou de 1.895.880 de benefícios, em 2004, para 2.581.402 em
2013 (BRASIL, 2013).
Estas doenças podem ser causadas por diversos fatores de risco encontrados em qualquer
ramo de atuação profissional.
Nesse sentido, as atividades exercidas num hospital expõem os trabalhadores a riscos
químicos (substâncias que podem ser absorvidas pelo organismo através da pele ou por
inalação), físicos (ruídos, radiação, umidade), mecânicos (utilização de máquinas e
ferramentas), biológicos (bactérias, vírus, fungos, parasita) e ergonômicos (ritmo excessivo de
trabalho, monotonia, repetitividade, postura inadequada de trabalho). Esses riscos podem
ocasionar doenças ocupacionais e acidentes de trabalho (DUARTE; MAURO, 2010).
A ergonomia, através da NR 17, norma regulamentadora que rege a ergonomia do trabalho,
assegura os trabalhadores de não se sujeitarem a trabalhar sob condições inadequadas e
circunstancias desfavoráveis (BRASIL, 1978). Isto reduz danos e lesões ao trabalhador, que
deve ter sua função plenamente adaptada às suas condições.
Iida (2005) menciona que fatores ergonômicos tais como o excesso de calor, ruídos
exagerados, ventilação deficiente, luzes inadequadas, gases tóxicos, e até o uso de cores fortes
no ambiente de trabalho, podem gerar o aumento do estresse tornando mais vulneráveis à
doenças como dores musculares, problemas gastro-intestinais e doenças cardiovasculares.
Estes fatores fazem jus à importância do estudo ergonômico em um ambiente de trabalho
como o hospital. Nesse sentindo, tem-se a seguinte questão: Quais as principais atividades
com alto risco ergonômico em um hospital e como melhorar esse ambiente de trabalho?
No ano de 2010 houveram 17.177 casos registrados de acidentes do trabalho. Embora o Brasil
tenha baixado esse índice para 15.226 em 2015, a preocupação deve ser constante uma vez
que em 2013, uma média de 48 pessoas por dia foram afastadas do trabalho por motivos de
acidente ou doença ocupacional.
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Este trabalho tem como objetivo avaliar ergonomicamente as atividades exercidas no posto de
trabalho dos enfermeiros com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores.
2. Ergonomia
De acordo com a ABERGO (2000) ergonomia é “Uma disciplina científica relacionada ao
entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à
aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar
humano e o desempenho global do sistema”.
A ergonomia física lida com o fator de resposta do corpo humano à carga física e psicológica
numa situação de trabalho e busca adequar as exigências do trabalho aos limites e capacidades
do corpo, através de projetos adequados para o relacionamento físico homem-máquina
(VIDAL, 1976).
Os profissionais da saúde como os médicos, enfermeiros e outras categorias prestadoras de
serviços essenciais são os grupos pioneiros em esquemas de trabalho por turno, uma vez que
as atividades em hospitais têm obrigação de prestar assistência ao indivíduo 24 horas por dia.
(MENDES; MARTINO, 2012).
Além dos aspectos físicos, existem também os fatores sociais que são agravantes para a fadiga
mental dos trabalhadores noturnos, tais como a diminuição de atividades em grupo familiar ou
de amigos. Kroemer e Grandjean (2007) evidenciam pesquisas em que o maior número de
reclamação por partes destes trabalhadores se dá pela redução do número de refeições em
família. Logo, os fatores sociais não devem ser excluídos na análise dos trabalhadores
plantonistas, que acabam trabalhando também nos turnos da noite.
2.1. Métodos de avaliação ergonômica
O trabalho do pesquisador não se restringe apenas a observar as falhas ergonômicas existentes
no posto de trabalho, ambiente e do próprio trabalhador. Uma avaliação deve ser feita usando
um ou mais métodos que servirão de ferramenta ergonômica. Entretanto, a escolha destes
métodos não é feita aleatoriamente, de acordo com cada situação apresentada no ambiente de
trabalho deve ser escolhido o método adequado. Iida (2005) ressalta que recursos, tempo e o
objetivo a que se propõe a pesquisa são variáveis a serem consideradas em cada pesquisa e
influenciável na escolha do método. Existem inúmeros métodos de avaliação, sendo alguns
citados no Quadro 1.
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Quadro 1 - Métodos ergonômicos
Fonte: Adaptado do Software Ergolândia, 2015
Dentre esses métodos, Pavani e Quelhas (2006) destaca que o método REBA possibilita uma
avaliação ergonômica geral, mas possui aplicabilidade mais adequada à área hospitalar, que
lida diretamente com a movimentação manual dos pacientes.
2.1.1. Método REBA - Rapid Entire Body Assessment
O método REBA foi desenvolvido para a avaliação de posturas imprevisíveis de trabalho.
Baseado no RULA, OWAS e NIOSH, foi desenvolvido por Sue Hignett e Lynn McAtmney
(HIGNETT e MCATSMNEY, 2000). Pavani e Quelhas (2006) ressaltam que o método
inicialmente foi desenvolvido para ser aplicado nas análises de posturas forçadas, adotadas
pelo pessoal da área médica e hospitalar como auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas e
afins.
Primeiramente divide-se o corpo em dois grupos, A (tronco, pescoço e pernas) e B (braço,
antebraço e pulso). Para a definição dos códigos de segmentos corporais iniciais, simples
tarefas especificadas foram analisadas com variações da carga, altura e distância de
movimento. A variação de parte do corpo do Grupo A é apresentada na Figura 1.
Figura 1 – Diagrama do grupo A
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Fonte: Adaptado de McAtamney e Hignett, 2000
O Grupo A é composto pelo tronco, pescoço e pernas. Cada membro com ângulos pré-
definidos que representam valores na Tabela A. O Grupo B, por sua vez, é composto pelo
braço, antebraço e punhos. A figura 2 ilustra a variação de ângulos do grupo B.
Figura 2 – Diagrama do grupo B
Fonte: Adaptado de McAtamney e Hignett, 2000
O diagrama dos Grupos A e B são baseados nos diagramas de parte do corpo do método
RULA (MCATAMNEY; CORLETT, 1993). Os valores de cada posição das partes do corpo
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do Grupo A e B são encontrados na tabela A e B, respectivamente. Em seguida, são
incorporados os conceitos sensibilizadores de carga, de pega e pontuação de atividade para
produzir a pontuação final REBA (1-15), com acompanhamento de níveis de risco e de ação
(MCATAMNEY; HIGNETT, 1995). O grupo A possui 60 combinações de posturas para o
tronco, pescoço e pernas. Isso reduz a nove pontuações possíveis para adicionar à pontuação
de Carga (Tabela 1).
Tabela 1 - Tabela A e Carga.
Fonte: Adaptado de McAtamney e Hignett, 2000
A Tabela A funciona da seguinte forma: Os valores de cada membro do grupo A (pescoço de
1 a 3, pernas de 1 a 4 e tronco de 1 a 5) são cruzados entre si para chegar a um valor
determinado na tabela interna. O valor encontrado é somado ao valor de carga para que se
obtenha a pontuação . O cruzamento de dados se dá da seguinte forma: supondo que o
pescoço possua valor três, a perna possua valor dois e o tronco valor 5, o valor encontrado
será o 8, que adicionado ao fator de carga 2, a pontuação A final será 10.
O Grupo B tem um total de 36 combinações de posturas para braços, antebraços e pulsos,
reduzindo a nove pontuações possíveis para adicionar ao score de Pega (Tabela2).
Tabela 2 - Tabela B e Pega
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Fonte: Adaptado de McAtamney e Hignett, 2000
Na Tabela B ocorre o mesmo processo da Tabela A, porém com os valores do Grupo B, e
somando o valor encontrado à pontuação de pega (ao invés da carga) resultando na pontuação
B. A pontuação A e B são combinadas encontrando a pontuação C (Tabela 3) e somada à
pontuação de atividade. O resultado é, finalmente, a pontuação final REBA.
Tabela 3 - Tabela C e pontuação de atividade
Fonte: Adaptado de McAtamney e Hignett, 2000
O cálculo da pontuação do método REBA é ilustrado na Figura 3, que explica os passos de
cada valor a ser somado de acordo com as tabelas mostradas anteriormente.
Figura 3 - Cálculo REBA
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Fonte: Adaptado de McAtamney e Hignett, 2000
Encontrado o valor final (Score REBA), pode-se verificar em qual nível de ação (Quadro 2)
se encontra as posturas estudadas.
Quadro 2 - Nível de Risco
Fonte: Adaptado de McAtamney e Hignett, 2000
Assim como o OWAS, o REBA não considera aspectos como vibração e dispêndio energético
(SHIDA; BENTO, 2012).
O método deixa desejar ao que se refere a frequência das ações, as quais estão praticamente
ausentes da análise, assim como a organização do trabalho. Em contrapartida, uma de suas
grandes vantagens está na rapidez da análise (QUELHAS; PAVANI, 2006).
2.2. Atividades Do Enfermeiro
Em seu trabalho diário, o enfermeiro desenvolve ações fundamentais para a promoção e
recuperação da saúde, que envolvem coordenação, e avaliação do desenvolvimento do
trabalho em equipe e da assistência prestada ao paciente (NASCIMENTO, 2013). O trabalho
do enfermeiro no ambiente hospitalar é vasto e objetiva a melhora do paciente a quem se
prestam os cuidados. Existem atividades de grande preocupação no aspecto ergonômico do
profissional de enfermagem, citadas por Wehbe e Galvão (2001) tais como: preparar e
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ministrar medicamentos, efetuar curativos de maior complexidade, realizar o controle dos
sinais vitais, instalar soroterapia, sonda vesical e sonda nasogástrica, realizar a evolução e a
anotação dos pacientes em observação.
Estas atividades afetam diretamente a postura do enfermeiro, aumentando gradativamente a
possibilidade de LER/DORTs. É importante ressaltar também, que mesmo atividades que
permitem uma postura ereta, o excesso de tempo numa mesma posição pode também acarretar
riscos osteomusculares (FULLER;ROSSI, 2006).
3. Resultados e discussões
O desenvolvimento do presente trabalho se deu, primeiramente, através de pesquisas
bibliográficas, as quais se definem por um apanhado geral sobre os principais trabalhos já
realizados. Em sequência, foi realizado um estudo de caso a fim de executar uma análise
ergonômica na postura dos trabalhadores de enfermagem em um hospital. Foi realizado
entrevista e aplicação de questionário ergonômico. Ambos tiveram como objetivo levantar
informações sobre as posturas utilizadas e possíveis dores e/ou sintomas dos enfermeiros.
No hospital localizado na cidade de Santana do Mato-RN, dos seis enfermeiros, cinco seguem
turno de 24 horas (plantão), seguidos de 96 horas sem atividades no hospital. Apenas um
trabalha em turno de 12 horas, seguidos de 72 horas sem atividades no hospital. Embora os
enfermeiros possuam folga entre plantões é importante ressaltar que as 96 e 72 horas não são
exatamente de descanso, pois são preenchidas com atividades de outros empregos nas equipes
de PSF (Programa de Saúde da Família), postos de saúde e, em alguns casos, hospitais fora do
município. Durante a jornada de trabalho os enfermeiros dispõem de duas pausas, sendo uma
para o almoço e outra para o jantar. Ambas com intervalo de no máximo 15 minutos.
3.1. Perfil dos enfermeiros
Este perfil é traçado, a fim de se conhecer o tipo de população que se está lidando, a rotina
destes trabalhadores, para melhor entender e comparar este perfil com os resultados obtidos.
A população analisada é predominantemente feminina. São apenas 16,67% do sexo masculino
que representa apenas um enfermeiro na equipe, contra 83,33% das mulheres que ocupam o
cargo. Em relação aos turnos de trabalho os plantões de 24 horas são os mais presentes, com
83,33% dos votos.
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Aos 83% que alegaram sentir dores na execução de suas atividades, foi perguntado a opinião
deles sobre a possibilidade dessas dores serem causadas pelas atividades exercidas no
hospital. Apenas 20% dos trabalhadores não atribuem as dores somente ao trabalho.
A maioria dos enfermeiros (80%) afirma que as dores que possuem estão ligadas diretamente
ao trabalho e não as sentia antes de exercer a profissão. O restante alega sentir dores antes de
sua carreira, mas admite a possibilidade do trabalho estar agravando suas atuais condições.
Em resumo, a média do perfil dos enfermeiros é apresentada no Quadro 3.
Quadro 3 – Perfil dos Enfermeiros
Média
Idade 26 a 30 anos
Altura 1,50 a 1,60
IMC Peso Ideal
Turno Plantão de 24h
Tempo de Serviço Entre 4 e 6 anos
3.2. Análise ergonômica
Para que se tivesse êxito na análise ergonômica, foi necessário adquirir conhecimento não
apenas da existência do problema, mas principalmente da sua causa. Foi aplicado um
questionário e realizada entrevista com os enfermeiros a fim de identificar as atividades de
maiores queixas de dores e o local onde esses profissionais sentem mais dores, os resultados
serviram como base para comparação com os resultados encontrados na aplicação do método
de avaliação ergonômica.
As atividades citadas como mais desconfortáveis foram as de troca de curativo, aferição de
sinais vitais e a ambulação. As atividades repetitivas, por sua vez, foram a ambulação, a
escrita, aferição de sinais vitais e a administração de medicamentos. Alguns entrevistados
alegaram que apesar de ser uma atividade repetitiva, a administração de medicamentos não se
torna necessariamente desconfortável.
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As dores mais presentes entre os enfermeiros são as costas (parte inferior), os pés e a cabeça,
ambos com 50%. Assim como a frequência, a intensidade das dores foi analisada a fim de
relacioná-las ao desempenho dos enfermeiros.
Os itens mais preocupantes desta análise são a porcentagem da intensidade moderada nas
costas, panturrilhas e a intensidade alta dos pés/tornozelos. Embora a dor de cabeça apresente
uma porcentagem de 66,68%, ela possui atenuante pelo fato de estar enquadrada na
intensidade baixa.
A irritabilidade apresenta 66% das queixas e se encontra num nível baixo de frequência,
diferente da fadiga, que com 16% a menos, apresenta um nível constante. A fadiga e a
irritabilidade apresentaram o maior índice de incômodo, sendo a fadiga um fator mais
preocupante estando no nível “Alto”.
Com base nas queixas apresentadas em relação a dores e sintomas foi possível definir o
método a ser aplicado, o método REBA. Pavani e Quelhas (2006) destaca que o método
REBA possibilita uma avaliação ergonômica geral, mas possui aplicabilidade mais adequada
à área hospitalar, que lida diretamente com a movimentação manual dos pacientes.
3.3. Aplicação do método REBA
Com auxílio do software Ergolândia ® 5.0, foi aplicado o método REBA nas atividades
consideradas mais repetitivas e incômodas, segundo a análise ergonômica realizada no item
3.2, com o intuito de identificar e avaliar essas posturas para então serem propostas melhorias
no ambiente de trabalho em estudo. As três atividades consideradas mais repetitivas e
incômodas foram: Troca de curativo, aferição de pressão e banho no leito.
3.3.1. Troca de Curativo
A troca de curativo num membro inferior, apesar de ser relativamente simples, é uma
atividade que necessita de atenção e firmeza nas mãos. A Figura 4 ilustra a posição da
atividade de troca de curativo juntamente com o a tabela que contém os valores REBA da
posição.
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Figura 4 - Troca de Curativo
3.3.2. Aferição de Pressão
A aferição de pressão é uma atividade extremamente corriqueira entre os enfermeiros, uma
vez que faz parte da triagem. A atividade consiste em verificar a pressão do paciente. Dados
das entrevistas constatam que os internos têm sua pressão verificada a cada seis horas,
pacientes com crise hipertensivas tem a pressão aferia duas a três vezes por dia. A postura
dessa atividade, juntamente valores REBA é ilustrada na Figura 5.
Figura 5 - Aferição de Pressão
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3.3.3. Banho no leito – parte I
Os pacientes internos do hospital, dependendo do estado em que estejam não têm
condições de tomar banho sozinhos. Neste caso, as enfermeiras fazem este trabalho
denominado “Banho no Leito”. Essa atividade tem duas partes: a primeira consiste em banhar
a parte frontal do paciente. A Figura 6 ilustra a atividade de banho no leito juntamente com
valores REBA.
Figura 6 – Banho no leito I
3.3.4. Banho no leito – parte II
Nesta segunda etapa do banho no leito a enfermeira precisa puxar o corpo do paciente em sua
direção para banhar a parte de trás (Figura 7), exigindo força física, uma vez que um adulto
pesa em média entre 50 a 80 quilos, excetuando casos de desnutrição ou obesidade.
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Figura 7 - Banho no Leito II
Figura 7 - Banho no Leito II
3.4. Propostas de melhorias
Das posturas e atividades analisadas, pode-se dizer que a maior causa de queixas é por falta de
projeto dos equipamentos para os enfermeiros. Macas, assentos e leitos são projetados
exclusivamente para atender o conforto dos pacientes, numa altura que não precise de esforço
para deitar ou levantar.
A norma regulamentadora 32 não possui um capítulo específico que trate dos riscos
ergonômicos. Todavia, ainda pode-se encontrar itens de ação preventiva relacionados. São
eles:
32.9.4 Os equipamentos e meios mecânicos utilizados para transporte devem ser
submetidos periodicamente a manutenção, de forma a conservar os sistemas de
rodízio em perfeito estado de funcionamento.
32.9.5 Os dispositivos de ajuste dos leitos devem ser submetidos a manutenção
preventiva, assegurando a lubrificação permanente, de forma a garantir sua operação
sem sobrecarga para os trabalhadores.
32.10.10 Nos procedimentos de movimentação e transporte de pacientes deve ser
privilegiado o uso de dispositivos que minimizem o esforço realizado pelos
trabalhadores (BRASIL, 2005).
Neste caso, a proposta de melhoria para a posição de troca de curativo é que as macas e
cadeiras antigas sejam trocadas por macas que possam ser reguladas à altura do enfermeiro
evitando o esforço da coluna e braços.
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A atividade de aferição de pressão não possui, até então, outra maneira de ser executada. É
aconselhável, portanto, que sejam feitos alongamentos nas mãos e braços antes de iniciar a
jornada de trabalho e durante as pausas, com ginástica laboral, alongando os músculos dos
membros que serão usados ao longo do turno.
Para o banho no leito, indica-se o auxílio de outro enfermeiro. Uma vez que a atividade seria
executada com mais de um enfermeiro, a força aplicada para levantar o paciente seria
distribuída, amenizando esforço da coluna de ambos.
Com o tipo de atividades exercidas pelo enfermeiro, é difícil conseguir diminuir
drasticamente o nível de estresse e fadiga. Conversar e repousar durante pausas pode aliviar a
tensão causada pelo fluxo exaustivo do hospital. Grandean e Kroemer (2005) reiteram a
importância das pausas não somente para a alimentação, mas também para a relação social
dos trabalhadores a fim de diminuir os sintomas da fadiga. A sugestão é, então, de que se
aumente o número de pausas para os enfermeiros.
Exames de rotina são recomendados para o acompanhamento dos possíveis agravamentos das
dores mencionadas.
4. Considerações finais
Este trabalho teve por objetivo avaliar ergonomicamente o posto de trabalho dos enfermeiros
de um hospital localizado em Santana do Matos. Através do questionário e entrevistas, foi
possível identificar as principais queixas, que são as dores nas costas, nos pés e fadiga.
Com a aplicação do método REBA foi possível relacionar as dores nas costas com a má
postura na realização das atividades da troca de curativo, aferição de pressão e banho no leito.
As dores nos pés são causadas pela atividade de ambulatório, que consiste em verificar o
bem-estar dos pacientes, fazendo com que o enfermeiro passe muito tempo em pé.
A causa da fadiga, por sua vez, se deve ao excesso de carga de trabalho. Plantões de 24 horas
exigem mais esforço, e uma vez que o corpo repousa melhor durante a noite, os trabalhadores
noturnos acabam tendo o sono prejudicado. Outro fator agravante da fadiga são as viagens
feita por alguns dos enfermeiros que não moram no município de Santana do Matos. Estes
acordam ainda mais cedo e começam a jornada de trabalho já com uma carga de estresse de
uma viagem, muitas vezes desconfortável.
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Conclui-se que as posturas analisadas se enquadram num nível de risco onde se faz necessário
medidas corretivas, em especial o banho no leito, que necessita de medidas corretivas
urgentes. Todas essas posturas forçam, principalmente, a coluna, a lombar e as articulações do
punho. É importante que sejam consideradas as melhorias e ações corretivas e aplicadas na
execução das atividades mencionadas para diminuir cada vez mais o índice de LER/DORT
por parte dos enfermeiros.
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