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Anarquia Internacional e Estado de Natureza Há anarquia internacional no sentido de os Estados não se submeterem a um poder além deles. Em nível internacional, o fato de não existir uma instância superior que promova ordem, regulação e a disposição de cada Estado em afirmar sua soberania, sendo senhores de si, possibilita a associação da anarquia internacional ao estado de natureza. Para Hobbes desconfiança, competição e glória geram guerras entre os homens e isso pode ser também considerado entre os Estados. Os Estados possuem a liberdade absoluta de fazer tudo o que considerar mais fácil e condizente com seus interesses. O estado de natureza é um conceito utilizado para melhor explicitar a origem do governo civil a partir de um contrato e em oposição à ideia de uma origem divina do poder soberano. De maneira indireta e secundária, os teóricos das relações internacionais também o empregam para funcionar como um modelo geral da dinâmica das relações entre os Estados soberanos. Hobbes identifica o estado de natureza com as relações internacionais: “Pois as repúblicas, se consideradas em si mesmas, estão em estado de natureza, isto é, de hostilidade recíproca” (HOBBES, 1992, XIII, 07). Equação a ser considerada: o estado de natureza é o estado de guerra. Enquanto os homens não estiverem sujeitos a um poder comum, eles se encontram em estado de natureza, caracterizado por ser um estado de guerra (HOBBES, 1966b, p. 113). Esse estado de hostilidades presente no estado de natureza deve ser entendido em um sentido amplo. Não se trata apenas de um confronto bélico direto, uma luta real, mas sim de uma postura voltada para tal. Todos Estados defendem seus próprios interesses, o que leva a um estado de guerra – não a uma guerra interminável, mas á possibilidade constante de uma guerra . “Porque tal como a natureza do mau tempo não consiste em dois ou três chuviscos, mas numa tendência para chover que dura vários dias seguidos, assim também a natureza da guerra não consiste na

Anarquia InternacAnarquia internacionalional e Estado de Natureza

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Resumo de Hobbes

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Anarquia Internacional e Estado de NaturezaH anarquia internacional no sentido de os Estados no se submeterem a um poder alm deles.Em nvel internacional, o fato de no existir uma instncia superior que promova ordem, regulao e a disposio de cada Estado em afirmar sua soberania, sendo senhores de si, possibilita a associao da anarquia internacional ao estado de natureza.Para Hobbes desconfiana, competio e glria geram guerras entre os homens e isso pode ser tambm considerado entre os Estados.Os Estados possuem a liberdade absoluta de fazer tudo o que considerar mais fcil e condizente com seus interesses.O estado de natureza um conceito utilizado para melhor explicitar a origem do governo civil a partir de um contrato e em oposio ideia de uma origem divina do poder soberano. De maneira indireta e secundria, os tericos das relaes internacionais tambm o empregam para funcionar como um modelo geral da dinmica das relaes entre os Estados soberanos. Hobbes identifica o estado de natureza com as relaes internacionais: Pois as repblicas, se consideradas em si mesmas, esto em estado de natureza, isto , de hostilidade recproca (HOBBES, 1992, XIII, 07).Equao a ser considerada: o estado de natureza o estado de guerra. Enquanto os homens no estiverem sujeitos a um poder comum, eles se encontram em estado de natureza, caracterizado por ser um estado de guerra (HOBBES, 1966b, p. 113).Esse estado de hostilidades presente no estado de natureza deve ser entendido em um sentido amplo. No se trata apenas de um confronto blico direto, uma luta real, mas sim de uma postura voltada para tal. Todos Estados defendem seus prprios interesses, o que leva a um estado de guerra no a uma guerra interminvel, mas possibilidade constante de uma guerra.Porque tal como a natureza do mau tempo no consiste em dois ou trs chuviscos, mas numa tendncia para chover que dura vrios dias seguidos, assim tambm a natureza da guerra no consiste na luta real, mas na conhecida disposio para tal, durante todo o tempo em que no h garantia do contrrio. Todo o tempo restante de paz (HOBBES, 1999, p. 109). importante destacar que a guerra externa e as relaes internacionais no so temas centrais na obra hobbesiana como so a guerra civil e o mbito poltico domstico.H uma grande diferena acerca do Estado de Natureza Hobbesiano no que tange a guerra ou ameaa de conflito entre indivduos e Estados que consiste na percepo de que no possvel destruir um Estado da mesma maneira que se mata um homem. Ademais, ao contrrio do que ocorre na guerra entre os indivduos, um Estado mais fraco, por mais astutos e inteligentes que sejam seus governantes e generais, no conseguir destruir o Estado mais poderoso. O fato de o Estado fraco no poder destruir o Estado forte, como ocorre no estado de natureza entre os indivduos, torna as relaes internacionais mais tolerveis que a condio natural dos homens.A insegurana reinante nas relaes internacionais move os Estados a adotarem uma poltica interna de defesa e precauo para guerra ou, se for necessrio para a autopreservao, uma poltica de conquista.ConclusoAs relaes internacionais e o estado de natureza hobbesiano so marcados pelas hostilidades, mas, no caso das primeiras, trata-se, mais propriamente, de uma disposio para a guerra do que de uma luta real. O relato hobbesiano das relaes internacionais nos apresenta uma viso bastante enftica do aspecto ambicioso, competitivo, instvel e conflituoso da convivncia entre os Estados. Essa concepo destaca o poder como central para os Estados na busca de sua sobrevivncia, autonomia e maximizao dos benefcios.