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Diagnóstico Documental do Patrimônio Cultural Imaterial de Santa Catarina REFERÊNCIAS CULTURAIS INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN) ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL LUTERANA DE SANTA CATARINA BOM JESUS (IELUSC) FACULDADE DE TURISMO PROJETO DIAGNÓSTICO DOCUMENTAL DO PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL DE SANTA CATARINA CONVÊNIO 51/2006 REFERÊNCIAS CULTURAIS JOINVILLE Fevereiro/2008

Anexo 1 refer ncia cultural - Home - IPHANportal.iphan.gov.br/.../arquivos/Anexo_1_referencia_cultural_pnpi.pdf · Coordenador do Projeto Diagnóstico Documental do Patrimônio Cultural

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INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN)

ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL LUTERANA DE SANTA CATARINA BOM JESUS (IELUSC)

FACULDADE DE TURISMO

PROJETO DIAGNÓSTICO DOCUMENTAL DO PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL

DE SANTA CATARINA CONVÊNIO 51/2006

REFERÊNCIAS CULTURAIS

JOINVILLE

Fevereiro/2008

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PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio Lula da Silva M INISTRO DA CULTURA Gilberto Gil Moreira PRESIDENTE DO IPHAN Luiz Fernando de Almeida 11ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO IPHAN – SANTA CATARINA Ulisses Munarim ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL LUTERANA DE SANTA CATARINA – BOM JESUS (IELUSC) Diretor Geral Dr. Tito Livio Lermen Coordenadora da Faculdade de Turismo (com ênfase em Meio Ambiente) Prof. MSc. Maria Ivonete Peixer da Silva Coordenador do Projeto Diagnóstico Documental do Patrimônio Cultural Imaterial de Santa Catarina Prof. MSc. Gerson Machado Professores Pesquisadores Drª Dione da Rocha Bandeira Esp. Judith Steinbach Esp. Maria da Luz Machado MSc. Giane Maria de Souza MSc. João Carlos Ferreira de Melo Jr. MSc. Maria Cláudia Lorenzetti

MSc. Maria Ivonete Peixer da Silva MSc. Maria Teresinha Marcon MSc. Natália Tavarez de Azevedo MSc. Odemir Capistrano da Silva Profª Elaine Cristina Machado

Estagiários Bolsistas Ana Paula Vieira Léo Oliveira de Souza Acadêmicas Participantes Joelma Sartor Larissa Martins da Silva APOIO Fundação Cultural de Joinville

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ATUAL ÉPOCA UF / MUNICÍPIO(S) DESCRIÇÃO REFERÊNCIAS

CULTURAIS ASSOCIADAS

1 Catumbi/Cacumbi Forma de expressão

Vigente 24 de dezembro à 15 de janeiro

Santa Catarina / Florianópolis

A Festa do Divino Espirito Santo é uma celebração católica própria dos grupos luso-brasileiros. Sua origem está associada à monarquia portuguesa do período medieval. Essa manifestação da cultura e da religiosidade tem início com as Bandeiras e ocorre no domingo de Pentecostes. A Bandeira do Divino é confeccionada com um retângulo de pano vermelho em cujo centro se retrata com desenho ou bordado a figura de uma pomba, prendendo-se o pano a um mastro encimado por uma pomba, rodeada por um arco de flores artificiais e enfeitado com muitas fitas coloridas. Nas Bandeiras, os fiéis recolhem antecipadamente oferendas que serão utilizadas no dia de Pentecostes. As visitas das Bandeiras são acompanhadas por músicos e cantores que louvam a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade e invocam proteção para os devotos e os donos das casas visitadas. Isso tudo, geralmente, ao som de bumbos, rabeca, violão, viola, gaita e pandeiros. Os cantores entoam versos tradicionais e improvisados: “Venho pedir-vos uma esmola/para este Se

Ciclo de Festas Natalinas

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2 Ciclo de Festas da Páscoa

Celebração Vigente Variável, 40 dias após o carnaval

Santa Catarina, Todos os municípios

O ciclo de festas da Páscoa compreende um grande universo simbólico e costumes praticados principalmente pelos católicos. O ciclo de festas da Páscoa se inicia com a quaresma, entendida como um período de purificação durante o qual, no litoral de Santa Catarina, ocorrem manifestações culturais como a “farra do boi” e a “malhação de Judas”. Outros elementos, ainda, se fazem presentes, sobretudo em comunidades rurais, onde se produzem biscoitos, doces e bolachas decoradas para presentear amigos e parentes. O ovo de chocolate e o coelho, somados às cascas de ovos decoradas e recheadas com amendoim doce são símbolos de fertilidade e de união fraternal que pertencem à simbologia pascal. Mas acima de tudo o ciclo de festas da Páscoa em Santa Catarina deve ser interpretado como uma celebração da coletividade expressa através da manutenção de costumes como o jejum em determinados dias e a substituição da carne vermelha por peixes nas sextas-feiras. Os elementos culturais que compõem o ciclo de festas da Páscoa são im

Semana Santa

3 Ciclo de Festas do Divino Espírito Santo

Celebração Vigente Mês de Maio Santa Catarina / Florianópolis

A Festa do Divino Espirito Santo é uma celebração católica própria dos grupos luso-brasileiros. Sua origem está associada à monarquia portuguesa do período medieval. Essa manifestação da cultura e da religiosidade tem início com as Bandeiras e ocorre no d

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4 Ciclo de Festas Juninas

Celebração Vigente Nos meses de junho e julho

Santa Catarina, Grão Pará, Florianópolis, demais municípios do estado

O ciclo de festas juninas refere-se a três datas relevantes no calendário catarinense: 13 de junho, festa de Santo Antônio; 24 de junho, festa de São João, e 29 de junho, festa de São Pedro. De norte a sul do Brasil também se comemoram os santos juninos com celebrações religiosas e populares. Em Santa Catarina, a diversidade étnica aflora nessas ocasiões, uma demonstração concreta da pluralidade cultural. Brasileiros filhos dos habitantes aqui encontrados pelos primeiros portugueses, brasileiros afro-descendentes, euro-descendentes de variadas etnias contribuem com suas músicas, performances lúdicas, danças, quadrilhas, folguedos, gastronomia e indumentária para tornar as festas juninas mais coloridas em todo o estado. Embora as datas sejam comemorativas, o mês de junho é celebrado inteiramente como um período religioso: aos santos são dedicadas simpatias, promessas, agradecimentos, orações e pedidos de casamento. Os pedidos de casamento, aliás, incorporam adivinhações sobre o amado ou a amada, se haverá uniã

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5 Ciclo de Festas Natalinas

Celebração Vigente inicia-se com o advento, 4 semanas antes do dia 25 de dezembro, até o dia da Festa de Reis, dia 6 de janeiro.

Santa Catarina, Blumenau, Florianópolis, e demais municípios do estado

O ciclo de festas natalinas em Santa Catarina é composto de elementos referenciais da cultura imaterial. Ele se inicia geralmente quatro semanas antes do Natal e se estende até 6 de janeiro, dia de reis. Os elementos presentes nesse ciclo e nos preparativos para o Natal compreendem a produção de bolachas e doces decorados ofertados a parentes, amigos e visitantes; a preparação dos produtos que serão utilizados na ceia da grande noite e expressões próprias da coletividade como a folia de reis ou reisado e a brincadeira do boi-de-mamão. O ciclo proporciona um estreitamento nos laços de convivência coletiva. Nos núcleos rurais do interior do estado como também em algumas comunidades do litoral, essa época tem ainda um outro sentido, uma vez que representa o encerramento de um período do ano com o fim das atividades no campo, e o início de uma nova fase, que se espera seja de fartura e que é expressa pelo nascimento de Cristo no dia 25 de dezembro. As trocas de presentes produzidos muitas vezes pelas próprias fam

Terno de Reis

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6 Farra do boi Celebração Vigente Páscoa Santa Catarina / Florianópolis, Penha, Ganchos, gov. Celso Ramos, Itajaí, Baln. Barra do Sul

A farra do boi, mais de dois séculos de existência, é uma forma de expressão que representa uma tradição cultural nos municípios do litoral catarinense de origem luso-açoriana. Acredita-se que essa prática teria surgido a partir da corrida desenfreada dos peões para evitar a fuga dos bois que deveriam ser marcados pelos fazendeiros. Contudo, ao longo do tempo, teria se tornado uma atividade continuada nas regiões litorâneas, transformando-se em importante referência do patrimônio imaterial de Santa Catarina. A festa começa na segunda-feira que antecede a Páscoa. Os moradores da comunidade realizam uma lista denominada “vaquinha” (contribuições financeiras para a compra de um boi). O boi é solto dentro de um cercado, no mato, na praia ou no povoado. A cada grito de “olha o boi”, inicia-se a correria. O animal, acuado, investe contra os participantes, com os tombos e as chifradas sendo motivo de alegria para os “farreiros”. A farra do boi é muito semelhante à brincadeira do boi-de-mamão, que também investe con

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7 FENARRECO Celebração Vigente mês de outubro Santa Catarina/ Brusque A primeira edição da Festa Nacional do Marreco (Fenarreco) foi em 1986, e desde então integra o calendário das festas de outubro de Santa Catarina. A Fenarreco, cuja proposta é evidenciar alguns elementos culturais teuto-brasileiros, realiza-se na cidade de Brusque. Entre os elementos a serem destacados estão os pratos de origem alemã − Mit Rotkohl ou marreco com repolho roxo, prato que deu nome à festa, purê de batatas, chucrute −, muito chope e as músicas típicas tocadas por bandas locais. A festa constitui-se não apenas em um encontro de famílias, que passaram a encarar esse evento como mais um espaço de sociabilidades, mas também uma fonte de geração de renda. Dado o número de turistas e visitantes que a cidade recebe nesse período, a Fenarreco obtém importante retorno do capital investido: tanto pela grandeza do evento quanto principalmente pela oportunidade que oferece a algumas famílias de melhorar sua condição financeira, muitas vezes baseada somente na produção agrícola de subsistência. A soma de tod

Oktoberfest

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8 Festa de Corpus Christi

Celebração Vigente Variável Santa Catarina, Itajaí, Joinville, e em todos os demais município

A festa de Corpus Christi em Santa Catarina é uma celebração religiosa que compõe um dos elementos do universo luso-brasileiro − a manifestação da fé e da adoração ao Santíssimo Sacramento, ou ao Corpo de Cristo. A festa de Corpus Christi se inicia na preparação das atividades religiosas envolvendo a comunidade católica, produzindo-se coletivamente nas ruas das cidades tapetes artísticos com a temática que motiva a festa. O material utilizado para a confecção dos tapetes é tirado do cotidiano: serragem, pó de café, pétalas de flores, folhas e outros produtos naturais. Após a confecção dos tapetes, os fiéis professam a adoração ao Santíssimo Sacramento e seguem em procissão. A celebração de Corpus Christi é um importante patrimônio cultural imaterial do catolicismo que reproduz o imaginário dos rituais festivos da religião comandada pelo Vaticano.

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9 Festa de Nossa Senhora dos Navegantes

Celebração Vigente 2 de fevereiro Santa Catarina, Laguna, Navegantes, Itajaí.

A Festa de Nossa Senhora dos Navegantes é uma celebração religiosa que materializa a devoção católica dos catarinenses em diversas localidades do estado. Os imigrantes lusitanos trouxeram a devoção à Nossa Senhora dos Navegantes para Santa Catarina. A data começou a ser festejada, em Navegantes, há pouco mais de um século, quando o município ainda era uma localidade de Santo Amaro, pertencente a Itajaí. A primeira edição da festa realizou-se logo após a construção da capela (atual Matriz) de Nossa Senhora dos Navegantes, em 2 de fevereiro de 1912. Comemoravam-se anteriormente os dias de Santo Amaro (13 de janeiro) e São Sebastião (20 de janeiro). Devido aos embaraços ocasionados ao funcionamento do porto, a festa passou a ser realizada ocasionalmente. Nos últimos anos, porém, a celebração tornou-se anual, fixando-se em fevereiro. A procissão fluvial é um dos momentos principais da festa. As embarcações, ornamentadas, cruzam as águas do rio Itajaí-açu. O barco portador da imagem de Nossa Senhora dos Navegan

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10 Festa Nacional do Pinhão

Celebração Vigente Entre os meses de abril e maio

Santa Catarina, Lages A Festa Nacional do Pinhão acontece na cidade de Lages, constituindo-se em um dos eventos mais prestigiados de Santa Catarina, atraindo todos os anos milhares de turistas do Brasil inteiro. A festa, com o nome de Festa do Interior, surgiu na década de 1980 como uma espécie de feira para expor os produtos típicos da região de Lages. Hoje, ela é uma referência cultural catarinense, tendo a gastronomia como sua principal atração e oferecendo iguarias típicas e bebidas, em grande parte, obviamente, à base de pinhão: salgados, quentes, frios, doces caseiros. Também se apresentam na festa músicas nativistas, bailes e domingueiras, jogos como torneio de laço, concursos, trovas e missa campeira (crioula). O símbolo da festa é a gralha azul, ave responsável pela reprodução da araucária, a árvore que dá o pinhão. A gralha azul se alimenta da semente da araucária angustifólia (pinheiro brasileiro), da mesma forma como fazem outras espécies da fauna regional. Ela costuma armazenar o pinhão em tocas de tatu ou enterra su

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11 Festa Pomerana Celebração Vigente Nos meses de janeiro

Santa Catarina, Pomerode A Festa Pomerana, que se realiza a cada janeiro na cidade de Pomerode desde 1984, reúne elementos culturais teuto-brasileiros como os pratos típicos, as músicas e o chope. Ao estimular a manutenção e o cultivo das tradições próprias desse grupo étnico por meio das danças e do emprego de dialetos, a festa ganha contornos celebrativos da cultura teuto-brasileira. Evento de inspiração turística, cultural e econômica, propicia as condições necessárias para a comunhão entre esses três itens. As famílias, porém, aproveitam a oportunidade desses encontros e reencontros anuais para fortalecer e estreitar os laços de convivência coletiva, pois muitas dessas famílias se acham instaladas em propriedades distantes umas das outras. O município de Pomerode ostenta o título de “cidade mais alemã do Brasil”, e a festa agrega à função de servir de vitrine para esse título a de reunir as pessoas proporcionando-lhes a mais chance de sociabilização. É dessa forma que a festa se apresenta para a população local, para Santa Catari

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12 Malhação de Judas Celebração Vigente nos sábados de aleluia

Santa Catarina, Itajaí Um dos elementos do ciclo de festas da Páscoa, a malhação de judas, no Sábado de Aleluia, é recorrente sobretudo entre os grupos católicos. A queima do judas, evento de cunho extremamente popular, embora represente, no sentido estrito, um ato de condenação à figura do traidor de Cristo, com freqüência significa ao mesmo a atribuição de sentença condenatória a todo aquele que, de algum modo, tenha decepcionado um grupo social, a população de uma dada localidade, etc., a ponto de ser considerado um traidor. Confeccionado coletivamente, o judas é um boneco de tamanho natural, forrado de serragem e jornal e vestido com roupas masculinas. Após a confecção, o boneco percorre as ruas de um determinado bairro ou comunidade, sendo malhado por todos os que o alcançam. Após a malhação do judas, o boneco é enforcado e amanhece pendurado em um local público, mas o auto da condenação do “traidor” é a queima do boneco, o que representa a libertação do grupo envolvido na malhação, de toda a maldade e traição. Alguns grupos a

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13 Oktoberfest Celebração Vigente No mês de outubro

Santa Catarina, Blumenau Incluída nas tradicionais festas germânicas do mês de outubro, a Oktoberfest de Blumenau é uma das maiores referências culturais catarinenses no âmbito nacional. Anualmente, a cidade recebe uma grande quantidade de turistas atraídos pela festa. O Parque Vila Germânica foi edificado para abrigar especialmente a Oktoberfest. Lá encontram-se os espaços para a apresentação de grupos musicais – as bandinhas alemãs, a típica culinária germânica, a feira de artesanato, a apresentação de grupos folclóricos entre outras opções. Também se destaca o tradicional desfile da rainha e das princesas da Oktoberfest pelas ruas de Blumenau, com cortejo de foliões trajados com a indumentária germânica e a distribuição de chope – a bebida tradicional da Oktoberfest. Além de se constituir uma celebração, ou seja, um patrimônio cultural catarinense, a Oktoberfest representa, sobretudo, um espaço de sociabilidade e divulgação étnica da contribuição do imigrante “teuto” na construção do Estado de Santa Catarina e a promoção do seu

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14 Procissão do Senhor Jesus dos Passos

Celebração Vigente Domingo da Paixão de Cristo

Santa Catarina / Florianópolis, Laguna, Imaruí e Imbituba.

A Festa do Senhor dos Passos reúne inúmeros fiéis que participam da procissão levando a imagem do Nosso Senhor dos Passos da Igreja Menino Deus à Catedral Metropolitana em Florianópolis. A procissão denota o caráter devocional da população, que todos os anos participa dessa festa religiosa, que acontece quinze dias antes da Páscoa e compõe-se de quatro cerimônias: a lavação da imagem do Senhor Jesus dos Passos; a missa, três dias antes da procissão e a Procissão do Carregador; a Procissão do Senhor Jesus dos Passos e de Nossa Senhora das Dores, e a Procissão com Sermão do Encontro (encontro que se dá entre as duas imagens). Em procissão noturna, o andor da imagem do Senhor Jesus dos Passos é carregado apenas por homens, que vão se revezando durante o trajeto, enquanto o andor de Nossa Senhora das Dores é conduzido pelas mulheres. Durante a festa, as imagens percorrem as ruas centrais da cidade. Em frente à catedral, ocorre o sermão do encontro. Um dos momentos mais marcantes da festa acontece no Morro da Bela

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15 Semana Santa Celebração Vigente Variável, de acordo com a páscoa

Santa Catarina, em todos os municípios do estado.

A dança do cacumbi, ou catumbi, como também é conhecida em Santa Catarina, forma de expressão e celebração da cultura imaterial, integra o conjunto dos folguedos afro-brasileiros. Originária das lutas religiosas travadas entre cristãos e mouros na Idade Média, aqui e em outras regiões brasileiras, o núcleo central da dança constitui-se na luta travada entre os grupos rivais para a coroação dos reis congos. O sincretismo religioso se caracteriza pela incorporação dos santos católicos nas celebrações (louvor a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito). O cacumbi é composto por um capitão, duas porta-bandeiras, dois tamboeiros, um rei, uma rainha, um capelão e vários dançantes que representam os guerreiros ao empinar espadas na coreografia. Os instrumentos para acompanhar as cantorias consistem em pandeiros, ganzás, checherés ou chocalhos, tamborins marimbas e piano de cuia (cabaça enfeitada com contas). As canções são entoadas em forma de ladainhas e alguns versos são improvisados. No município de Araquari, nord

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16 Terno de Reis Celebração Vigente Mês de Janeiro, vespera do dia 06

Santa Catarina / Florianópolis

Uma das manifestações culturais mais tradicionais de Santa Catarina é o terno de reis. Também conhecido como festa de reis ou reisado, essa celebração ocorre entre o Natal e o dia de reis, 6 de janeiro. Em todo o estado catarinense, principalmente nas áreas litorâneas sob influência cultural luso-açoriana, a época é festejada com música e dança. Uma orquestra de violas, rabecas, banjos, violões, pandeiros, maracás e sanfonas acompanham os cantos de um coro de mulheres e homens. As músicas entoadas são compostas pelos membros dos grupos de reisado. A bandeira de reis segue em frente ao grupo, carregada por um folião denominado alferes da bandeira. O cortejo é ladeado pelo mestre e pelo contramestre. A bandeira compõe-se de uma armação de madeira recoberta com tecido ou papel laminado, emoldurando uma estampa que pode representar a adoração dos reis magos, a Sagrada Família ou a fuga de Moisés para o Egito. Depois do dia de reis, a imagem de São Sebastião começa a figurar em todas as bandeiras. A bandeira é

Ciclo de Festas Natalinas

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17 Armações Edificação Ruína Santa Catarina, Governador Celso Ramos, Florianópolis, Penha, Garopaba, Imbituba e São Francisco do Sul

A pesca da baleia foi uma atividade econômica praticada em larga escala no litoral catarinensea partir do século XVII. O óleo foi o principal produto da indústria baleeira, utilizado como combustível para a iluminação pública, como liga para argamassa nas construções e, após a segunda metade do século XVIII, também veio a ser empregado no fabrico de cera para velas. A pesca da baleia exigia um aparato de recursos tecnológicos e humanos. Os trabalhadores que atuavam nesse ramo, pescadores e até pequenos agricultores, embora o considerassem perigoso, vislumbravam na atividade a chance de melhorar os recursos financeiros da família. As armações, construídas para armazenar os produtos obtidos das baleias, eram constituídas de um engenho de frigir, onde a gordura da baleia era extraída, derretida e preparada; a casa para as ferramentas e utensílios de pesca; e o abrigo para o grupo de trabalhadores que vivia nessas instalações, além da casa-grande, que abrigava o setor administrativo do negócio. Atividade manufatu

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18 Cine Palácio Edificação Os preparativos para a Páscoa envolvem uma série de rituais que se intensificam na última semana. Na agenda das efemérides do catolicismo, a Semana Santa é o período que vai do Domingo de Ramos na Paixão do Senhor até o chamado Sábado Santo, um tempo de preparação para a Festa da Páscoa, quando a Igreja e os católicos do mundo inteiro celebram a ressurreição do Cristo. Esses ritos celebrativos pautados na crença religiosa cristã reúnem um grande número de fiéis. A religiosidade é, portanto, o pano de fundo para a sociabilização de comunidades e de grupos étnicos. Todos os preparativos e os rituais realizados durante a Semana Santa estabelecem por si só um estreitamento das relações entre os participantes. Em Santa Catarina, mais especificamente entre as comunidades católicas, esse momento de celebração alcança outros contornos que resultam em um envolvimento social e na manutenção de costumes e tradições. Entretanto, as cerimônias da Semana Santa são acrescidas de outros elementos que fogem da esfera religios

19 Colégio Catarinense Edificação Íntegro Santa Catarina, Florianópolis

A educação em Santa Catarina teve como um dos seus referenciais o Colégio Catarinense, que nasceu a partir de uma lei datada de 30 de agosto de 1905. Construído para atender as necessidades de um grupo ligado à elite estadual, o Colégio Catarinense adotou a filosofia cristã católica como base pedagógica, tentando se aproximar dos moldes do Ginásio Nacional do Rio de Janeiro (Colégio Pedro II). Em sua centenária história, o Catarinense foi palco de

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diversos acontecimentos que constantemente se relacionam à história de Florianópolis. No começo, era uma instituição privada, tornando-se público e voltando a ser um estabelecimento particular. Até a década de 1970, só recebia alunos do sexo masculino e teve no esporte um dos seus pilares, formando equipes de competição e participando de momentos memoráveis, como a primeira partida de futebol em Santa Catarina, jogada no campo do manejo, ou o título de campeão catarinense de futebol de 1925. Em suas instalações surgiram a Federação Catarinense de Futebol e a Faculda

20 Colégio Coração de Jesus

Edificação Íntegro O Colégio Coração de Jesus é uma das referências histórico-culturais presentes na memória da população de Santa Catarina e, principalmente, de Florianópolis. Foi estruturado, pensado e administrado pelas Irmãs Missionárias da Divina Providência, que partiram da Alemanha e fizeram sua primeira viagem a Santa Catarina em 1895. A Casa Matriz da Missão no Brasil, o Convento e o Colégio Coração de Jesus, construídos no alto da colina na área central de Florianópolis, possibilitaram a presença e a permanência das irmãs missionárias em Santa Catarina e hoje são apontados como uma das principais construções arquitetônicas da Ilha de Santa Catarina. Em 1906, funda-se a Província do Coração de Jesus, que concretizou a presença e a atuação das irmãs missionárias nas áreas da educação, da saúde e no apoio aos menos favorecidos. Todo esse trabalho se expandiu pelo estado na administração de hospitais, creches e colégios. A construção do Colégio Coração de Jesus se coloca

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como um marco referencial na educação e na vida púb

21 Estrada Dona Francisca

Edificação Íntegro Santa Catarina, Campo Alegre, Joinville, São Bento do sul, Mafra.

A Estrada Dona Francisca integra as cidades de Joinville aos municípios de Campo Alegre, São Bento do Sul e Rio Negrinho, e sua construção tem início em meados do século XIX, durante o processo colonizador que se registra nessa região. A construção da Estrada Dona Francisca em direção à Vila de Rio Negro levou mais de 30 anos. A obra gerou muitos conflitos, como o episódio da “Questão dos Limites”, disputa territorial entre Santa Catarina e a província do Paraná. Sem igrejas, escolas e documentos que lhes garantissem a posse de suas terras, os colonos catarinenses ameaçados pela invasão de grupos vindos do Paraná reclamavam com a direção da Colônia e, em alguns momentos, o diálogo evitou o conflito armado. Com maior possibilidade de trabalho, cresceu o número de imigrantes na região. Eles atuavam como trabalhadores braçais nas obras da estrada Dona Francisca, enquanto as lavouras ficavam aos cuidados das mulheres e filhos menores. Hoje, a via é asfaltada e toda iluminada à noite, o trajeto por si só é um pass

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22 Fortalezas Edificação Ruína Santa Catarina, Florianópolis

As fortalezas de Santa Catarina constituem verdadeiros patrimônios culturais arquitetônicos que caracterizam os lugares onde foram construídas. Destarte, enquanto edificações, as fortalezas trazem nas suas histórias uma quantidade enorme de outras histórias que simbolizam a apropriação do espaço pela arquitetura, porém retratam e materializam o imaginário social daqueles que as construíram ou daqueles que vivem nas suas proximidades. Em Florianópolis foram construídas quatro fortificações: Fortaleza de Santa Cruz Anhatomirim, Fortaleza de Santo Antônio (na ilha de Raton Grande), Fortaleza de São José (Ponta Grossa, norte da ilha) e Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição (na ilha de Araçatuba, barra sul da ilha). As três primeiras fortificações formavam o sistema defensivo triangular que guardava a entrada da Barra Norte da Ilha de Santa Catarina. Através das representações do monumento militar pode-se observar e supor quais as estratégias imperiais brasileiras do século XVIII para salvaguardar as áreas litor

23 Hospital de Caridade

Edificação Íntegro Santa Catarina, Florianópolis

O Hospital de Caridade, em Florianópolis, foi construído em 1789, por conta da necessidade de ampliação das obras assistenciais praticadas pela Irmandade Católica, que já atuava na cidade desde 1782. O atendimento assistencial na área da saúde era prestado gratuitamente e os remédios eram adquiridos pela metade do preço, numa botica que pertencia a um membro da irmandade, que passou a administrá-la depois da morte do dono. A Santa Casa foi considerada Hospital Militar em 13 de março de 1818, por ato arbitrário

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do governo da ilha, sendo os doentes expulsos e acolhidos em casas de família. Porém, no dia 13 de julho, o hospital voltou às mãos da irmandade. O Hospital de Caridade alicerçou a saúde pública de Florianópolis e também de pessoas de outros municípios que a ele recorriam. Sua estrutura arquitetônica, sua administração e a dinâmica no tratamento de doentes se estabelecem como um dos referenciais da cidade. Somadas a esses referenciais estão as histórias e memórias que vão além dos registros encontrados

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24 Sambaquis Edificação Ruína Santa Catarina, Itapoá, São Francisco do Sul. Joinville, Araquari, Balneário Barra do Sul, Baln. Camboriú, e em vários outros municípios do litoral catarinense.

Os sambaquis são sítios arqueológicos onde se encontram vestígios de gerações de um período histórico sem registro escrito, populações que viviam da caça, pesca e da colheita. Para o estado de Santa Catarina o período mais remoto de ocupação e de cerca de 5.000 A.P..Conhecidos como casqueiros, os sambaquis são grandes amontoados de conchas em um lugar próximo ao litoral. Esses montes acumulam carvão, conchas de ostras, berbigão, mariscos. Nas escavações arqueológicas, podem-se encontrar pedras polidas e trabalhadas, ossos humanos e de animais. Santa Catarina encerra grande diversidade de sambaquis em Florianópolis (Pântano do Sul, Enseada Florianópolis, no Sítio Arqueológico Rio Lessa), na Baía de Babitonga (Joinville (cerca de 42), São Francisco do Sul, Araquari, Itapoá, Balneário Camboriú (Sítio Arqueológico Praia de Laranjeiras) e Laguna. O estudo dos sítios arqueológicos revela de que forma o homem ancestral vivia, do que ele se alimentava, como construía suas sepulturas, seus instrumentos de trabalho ent

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25 Sociedade Ginásticos

Edificação Íntegro Santa Catarina, Joinville A história da Sociedade Ginásticos confunde-se com a história de Joinville, uma vez que a sociedade foi fundada no ano de 1858 e constituía-se ao mesmo tempo em local para a prática de esportes e local onde a sociedade joinvilense, respondendo às suas necessidades de lazer, encontrava acima de tudo um espaço de sociabilidades. Após três anos, a sociedade adquiriu um terreno para a construção da sede, só inaugurada definitivamente em 1929, onde até hoje mantém suas instalações. Inicialmente, o Ginásticos estabeleceu como regra a distribuição das atividades por sexo, criou quatro seções: a seção das moças, a seção de casados, a seção dos moços, a seção juvenil e infantil. Essa divisão em seções não impedia, porém, que a agremiação servisse para definir a vida social e conjugal de muitos casais que ali se conheceram e ali se formaram. A entidade também promovia bailes e jantares dançantes. Na década de 1980, chegou a ser um dos maiores centros de dance music da noite joinvilense. Atualmente, o clube abriga um re

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26 Transporte Ferroviário de Santa Catarina

Edificação Íntegro Santa Catarina, São Francisco, Joinville, Araquari, Guaramirim, Jaraguá do Sul, Corupá, São Bento do Sul, Rio Negrinho, Mafra, Itajai, Blumenau, Indaial, Ibirama, Ipiúna, Rio do Sul, Trombudo Central, Tubarão, Criciuma, Urussanga, Laguna, entre outros.

A economia catarinense esteve atrelada à produção de subsistência dos diferentes núcleos coloniais e dos grupos populacionais espalhados por todo o estado. Entretanto, a descoberta de jazidas de carvão no sul catarinense, na região de Tubarão, atraiu investimentos estrangeiros, e entre 1880 e 1884 foi construída a Ferrovia Tereza Cristina. A linha tronco ligava o porto de Imbituba às minas. Um outro ramal conectava as estações de Bifurcação e Laguna. Ao todo, eram sete estações: Imbituba, Bifurcação, Laguna, Piedade, Pedras Grandes, Orleans e Minas. Em 1917, foi inaugurado o ramal Tubarão-Araranguá. Seguindo o mesmo ritmo, mas com propósitos diferenciados, em 1980 surge a Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, que tem como objetivo ser uma ferrovia colonizadora entre Santa Maria (RS) e Itarará (SP). Mas 15 anos depois de colocados os primeiros trilhos, apenas 600 quilômetros estavam abertos ao público, em trechos isolados do Rio Grande do Sul e São Paulo. A partir de 1906, com a entrega da concessão à Brazil

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27 Adivinhações Forma de expressão

Vigente Atual Santa Catarina, Florianópolis, e nos demais municípios de SC

A universalidade da adivinhação é inconteste. E é uma forma de expressão que comumente permeia o imaginário da população de Florianópolis, uma prática cultural característica entre os luso-brasileiros que vieram para Santa Catarina. O conjunto de elementos culturais próprio desse grupo étnico é recheado de crenças e mitos e esses elementos estão diretamente ligados às adivinhações. Apoiada ainda nos elementos culturais afro-brasileiros, a crença nas adivinhações se fortaleceu entre os habitantes da Ilha. As adivinhações giram em torno da sorte e saúde das pessoas, do posicionamento social e da vida econômica, bem como da estabilidade nos relacionamentos amorosos e das condições climáticas, confrontando-se muitas vezes com a visão científica. Essa forma de expressão é um dos importantes patrimônios culturais imateriais de Santa Catarina.

28 Arte circense de Santa Catarina

Ofício Vigente O ano todo Santa Catarina, São Francisco do Sul,

O circo é um espaço de convivência coletiva e que agrega diferentes formas de expressão da cultura artística. A arte circense em Santa Catarina comunga com elementos da arte circense nacional, incorporando, entretanto, ícones regionais ligados à cultura popular. Os artistas circenses, freqüentemente membros de uma mesma família, são migrantes e fazem do ambiente de trabalho, onde exercem sua atividade econômica, uma extensão do ambiente doméstico. Os espetáculos são construídos a partir da tradição oral, que igualmente exerce papel central na transmissão das técnicas e na continuidade das práticas circenses. O caráter migratório do circo, em geral propicia às comunidades mais isoladas e

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de poucos recursos o acesso a espetáculos culturais. Não obstante, as grandes companhias elegem os maiores centros urbanos, alvejando um público específico. A arte circense coexiste com as mais variadas adversidades e sobrevive apesar das novas tecnologias. A magia, o encantamento proporcionados pelo circo através da reunião d

29 Arte Rupestre Forma de expressão

Ruína Santa Catarina, Florianópolis, Urubici

Florianópolis detém um dos maiores acervos de arte rupestre do planeta. Outros acervos são encontrados também em outros municípios litorâneos catarinenses, porém o de Florianópolis, especialmente na Barra da Lagoa e Campeche, é o mais impressionante, por tratar-se de inscrições em pedras com orientações gastronômicas. As formas de expressão, o imaginário popular e as especulações científicas sugerem haver na Barra da Lagoa dois blocos de rocha que emolduram o nascimento do Sol exatamente no primeiro dia de verão (solstício, quando o Sol está acima ou abaixo da linha do equador). Supõe-se que a região tenha sido povoada no período ágrafo da história por povos atraídos pelos recursos naturais que oferece, sobretudo os da flora e da fauna. Existe também a hipótese de o lugar tenha sido um pólo religioso cultural pré-colombiano e que os monumentos rochosos remeteriam a indicações astronômicas. Historiadores e arqueólogos acreditam que a Ilha de Santa Catarina pode ter abrigado um centro xamântico pré-c

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30 Benzeduras Forma de expressão

Vigente o ano todo Santa Catarina, Florianópolis, e nos demais municípios de SC

A crença no poder da cura por meio de orações e benzeduras faz parte do cotidiano catarinense. Apesar da evolução da medicina e embora a saúde pública atenda a maior parte da população, algumas comunidades, principalmente as litorâneas, recorrem ainda hoje a essas “rezas” como supostas formas de se proteção contra diferentes males − bruxaria, mau-olhado, quebranto, maldições. As benzeduras são feitas com ervas e elementos naturais, sendo as benzedeiras muito respeitadas e procuradas nas comunidades interioranas. O patrimônio imaterial dessa forma de expressão deve ser referenciado como parte integrante das representações culturais e das interpretações sociológicas do homem frente ao seu meio. Isso, também, se justifica pelo fato dessas pessoas serem depositárias de um importante fonte de saber, cuja lógica diferencia-se da lógica do pensamento moderno, científico. Todavia temos que considerar que as comunidades se organizam em torno desses saberes cuja eficiência e validade são referendados pelos seus possui

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31 Boi-de-Mamão Forma de expressão

Vigente De 24 de dezembro até as vésperas de carnaval.

Santa Catarina / Florianópolis, Laguna, Imaruí, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Itajaí e Tijucas.

O boi-de-mamão é uma brincadeira luso-brasileira que envolve música instrumental, canto e dança. A brincadeira gira em torno da morte e ressurreição do boi. Segundo os participantes, antigamente se utilizava mamão verde para fazer a cabeça do Boi. A estrutura do boi utilizada nessa manifestação lúdica popular é confeccionada por integrantes da comunidade, que utilizam bambu e retalhos de tecidos para representar o corpo. Nessa brincadeira, são confeccionadas também outras figuras tradicionais (personagens) que compõem a festa do boi-de-mamão, como a Maricota, o Mateus, a Bernúncia, o Vaqueiro e o Cavalo-do-Meirinho. A assustadora Bernúncia é um bicho que não é “nem jacaré, nem dragão, nem hipopótamo, sendo todos os três ao mesmo tempo”. A Maricota, muito alta, dança de braços abertos e com eles vai distribuindo afagos e tapas, mantendo a roda da brincadeira sempre aberta. A cantoria do boi-de-mamão é feita de improviso: “Não deveis se recusar/a confiança que faço/Trazei o boi-de-mamão/com todo o desembaraço.”

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32 Boitatá Forma de expressão

Vigente O ano todo Santa Catarina, Florianópolis e nos demais municípios de SC

O boitatá é um componente da cultura popular brasileira e acredita-se que ele se materializa tomando a forma de uma gigantesca cobra-de-fogo que protege os campos contra aqueles que o incendeiam. Vive nas águas e pode se transformar também numa tora em brasa, queimando aqueles que põem fogo nas matas. A palavra e toda a mitologia têm origem indígena: de mboi (cobra) e tata (fogo). O boitatá está associado a fenônemos luminosos resultantes da decomposição de matéria orgânica, à maneira do fogo-fátuo. Sua forma e as histórias ligadas a sua aparição se modificam, assumindo novos contornos em diferentes regiões do país. Como ocorre com a maioria das histórias mitológicas passadas de geração em geração através do “ouvir e contar”, também nesse caso se ocorrem reconstruções. Em Santa Catarina, o boitatá é descrito como um touro de "pata como a dos gigantes e com um enorme olho bem no meio da testa, a brilhar que nem um tição de fogo". Tal personagem integra o universo dos habitantes de Florianópolis, registrando-s

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33 Brincadeiras e Brinquedos

Forma de expressão

Vigente O ano todo Santa Catarina, Itajaí, Joinville, e em todos os demais municípios

As brincadeiras e os brinquedos são próprios do universo infantil. Entretanto, quando brincadeiras e brinquedos resistem às inovações tecnológicas e às mudanças ambientais, tendem a perder espaço real e passam a ocupar um outro espaço, um lugar que foge ao olhar, um espaço na memória dos que vivenciaram momentos de fantasia e recreação natural, criando, construindo ou simplesmente usufruindo desses objetos e fruindo essas práticas. Muitas brincadeiras não desapareceram com o acelerado processo de urbanização. Em lugares onde as crianças ainda conseguem brincar na rua, nos pátios e jardins, ouve-se a correria infantil em torno do gato e rato ou da cabra cega. Ainda é possível flagrar crianças em pernas de pau a chamarem os que caminham ao seu redor, atraindo-os para si. Do mesmo modo, pandorgas, papagaios ou pipas destacam-se no céu por suas cores e arte, criatividade ainda aguçada, especialmente nos períodos do ano em que o vento sopra mais forte. Também as cantigas de roda, o pular corda, o bilboquê, o pião

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34 Cantigas Populares Forma de expressão

Vigente O ano todo Santa Catarina, Brusque, são Francisco do Sul, e nos demais municípios de Santa Catarina

A celebração do próprio universo, a fé, religiosidade e utopias são algumas das características das canções populares que foram e ainda hoje são, em ocasiões mais raras, entoadas por diferentes grupos étnicos de Santa Catarina. A originalidade e a abrangência das canções traduzem os desejos dos cantores e expõem a sensibilidade e a percepção das múltiplas faces das regiões catarinenses. As cantigas populares são transmitidas oralmente e vão ganhando novas formas e novos contornos, adaptando-se ao tempo, ao espaço e aos elementos da contemporaneidade. As cantigas eram expostas de diferentes maneiras. Assoviadas, acompanhadas de um instrumento de cordas, cantadas individualmente ou em grupos e muitas vezes até improvisadas, elas descreviam ambientes rurais, por exemplo, locais de trabalho ou remetiam ao plano religioso. As cantigas de trabalho entoadas pelo interior do estado, nas áreas rurais, amenizavam o cansaço. As cantorias embalavam as noites ou as madrugadas durante o trajeto para o transporte de produto

35 Carnaval Forma de expressão

Vigente No mês de fevereiro

Santa Catarina, Blumenau, Laguna, Florrianópolis, Itajaí, Joaçaba e nos demais municípios do estado de SC.

O carnaval é uma forma de expressão presente em todo o território brasileiro. Entretanto, em cada região, cada cidade, essa festa exibe características mais ou menos próprias. Em Santa Catarina, o carnaval possui elementos e formas de expressão típicas, e essas peculiaridades comungam constantemente com a história das cidades que as abrigam. Nas primeiras décadas do século XX, a cidade de Laguna tinha um carnaval embalado por um bumbo, uma caixa de rufo e um par de

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pratos, com a participação do personagem “Zé Pereira”, levando os foliões a percorrer as ruas da cidade. Atualmente, cerca de 250 mil turistas brincam o carnaval em Laguna, e assistem ao desfile oficial das escolas de samba, realizado no centro histórico. Trios elétricos e blocos carnavalescos animam os foliões. Nas tardes de domingos, o “Bloco da Pracinha” sai do bairro de Magalhães arrastando gente na brincadeira até a praia do Mar Grosso. O litoral de Santa Catarina aproveita as condições geográficas de suas praias e soma o fluxo turístico em se

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36 Confraria do Santíssimo Sacramento

Forma de expressão

Vigente O ano todo Santa Catarina, Laguna. A existência da Confraria do Santíssimo Sacramento de Santo Antônio dos Anjos se confunde com a história de Laguna, devido ao número de pessoas que se identificam com as ações dessa irmandade através de colaborações diretas ou indiretas. A coletividade imprime a essa instituição a força de suas ações, seja no campo religioso, seja no campo social. A religiosidade católica envolve e oferece as bases existenciais da confraria, fundada no dia 13 de junho de 1753 por dom Bernardo Rodrigues Nogueira, obtendo posteriormente o reconhecimento do rei de Portugal, Dom José I. Laguna mantém sua devoção a Santo Antônio dos Anjos e o imaginário da população local é rico em histórias a respeito dos seus milagres e graças. A confraria se estabeleceu na Igreja de Santo Antônio dos Anjos, a igreja que nasceu como uma capela de pau-a-pique, a partir da ocupação de Laguna pelos vicentistas, no século XVII, e foi reerguida no século XVIII com características barrocas, lembrando o estilo toscano. Em função do crescente número de

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37 Conhecimento Empírico

Forma de expressão

Vigente O ano todo Santa Catarina, Florianópolis e nos demais municípios de SC

O conhecimento empírico é o conhecimento adquirido de forma direta e espontânea no dia-a-dia, um dos modos de patentear a vida comunitária. Trata-se de uma espécie de aprendizado que se dá pela valorização da experiência prática do cotidiano e pela simples observação dos fatos e dos fenômenos naturais, resultando daí uma determinada tese ou ponto de vista a respeito do que se observou, objeto do “estudo”. Em Florianópolis, a população usa o conhecimento empírico para fazer a previsão meteorológica, para analisar as condições de saída ao mar e até para orientar sua vida pessoal. Esses conhecimentos se baseiam no comportamento de animais, na cor do céu, de que lado vem o vento, o odor de plantas e outros fenômenos naturais. O conhecimento popular é uma forma de expressão constantemente presente na vida da população litorânea e constitui uma referência da cultura imaterial, como prática popular intimamente ligada ao cotidiano dessas pessoas.

38 Dança de São Gonçalo

Forma de expressão

Vigente Variável, conforme ocorram os pagamentos de promessas

Santa Catarina / Joinville, São Francisco do Sul

Considerada profana em razão de seu vínculo com o sincretismo religioso, a dança de São Gonçalo é bastante difundida pelo interior de Santa Catarina, em comunidades mais afastadas dos núcleos mais urbanizados. A festa é promovida em agradecimento a São Gonçalo, o santo violeiro, por uma graça alcançada. Ao fazer a promessa, o folião convida seus amigos, vizinhos e violeiros para a realização da dança. No primeiro momento, os folgazões fazem orações diante do altar, onde se encontra o santo homenageado, com a presença de outras imagens sagradas católicas ou afro-

Fandangos, Chamarrita

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descendentes. O violeiro comanda a dança e se coloca do lado esquerdo. No direito fica seu primeiro auxiliar, chamado de "contrato" (corruptela de contralto). Por trás do mestre de dança, fica outro auxiliar, designado "tipi", sem viola, o mesmo acontecendo com o segundo violeiro. Os dançarinos postam-se atrás dos dois elementos corais, em duas filas, guardadas as devidas distâncias. O mestre fica à testa da fila esquerda. A fila direita, encabeçada pe

39 Dança do Moçambique

Forma de expressão

Vigente Santa Catarina, Penha A dança do moçambique, presente no litoral catarinense, mais especificamente no município de Penha, é uma manifestação mais comumente associada aos afro-brasileiros. Ao som de instrumentos de percussão, os componentes do grupo, fazendo chocar os bastões que portam como espadas, obedecem ao ritmo desses choques, em movimento semelhante às danças de combate das congadas. Nessas ocasiões, usava-se também o tarol (caixinha de guerra), reco-reco, pandeiros, rabeca, violas e tamborins. Os afro-descendentes, reverenciando a chegada do Salvador, têm na Festa de Nossa Senhora do Rosário ou Natal dos Pretos, a oportunidade de reforçar a sua identidade pela reafirmação da sua cultura. Ou seja: para esse grupo étnico, a data, o rito e a dança ganhavam também outros sentidos, como o de resistência, mesmo que dentro da igreja católica, em meio a procissões, promessas, santos, devoções e toda uma estrutura simbólica. Devidamente contextualizada, essa forma de expressão constitui um expoente imaterial, um patrimônio cultural

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40 Dança do Pau de Fitas

Forma de expressão

Vigente Geralmente associado às festas juninas, meses de junho e julho

Santa Catarina, Florianópolis, São Francisco do Sul e em grande parte dos municípios de Santa Catarina

O pau-de-fita é originário da tradição lusitana e está associado à dança dos arcos de flores e à jardineira. Apresenta-se o pau-de-fita com grupos de oito a 12 pares. A coreografia da dança se desenvolve ao som de cantorias, com os pares segurando fitas coloridas presas ao mastro e trançando-as simetricamente. Os trançamentos são de diversos tipos, e quanto mais difíceis, mais desenvolvidas são as técnicas coreográficas. A dança se finda com uma outra coreografia que desfaz os trançamentos. As músicas cantadas são chamadas de quadras: a) “Nesse céu tão estrelado/numa noite tão bonita/Nossa turma reunida/trançando o pau-de-fita.” A dança do pau-de-fita é uma referência cultural presente nas celebrações de São João, entre os períodos de junho e julho.

Ciclo de Festas juninas

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41 Etnia Afro-Brasileira Forma de expressão

Vigente Santa Catarina, em todos os municípios do estado.

A etnia afro-brasileira compõe a formação sociocultural e econômica de Santa Catarina. Afora a contribuição gastronômica, lingüística e religiosa, os negros, com seus costumes, afazeres, ofícios e artesanato, ajudaram a dar ao estado a sua configuração multiétnica. A historiografia catarinense oficial apontava a existência de africanos no passado em São Francisco do Sul, Florianópolis e Laguna. Recentemente, pesquisa do historiador José Bento Rosa da Silva demonstrou haver um forte indício de africanos escravos em Itajaí, vindos das nações Congo, Benguela e Monjolo. Documentos cíveis e criminais do século XIX e XX registram a compra e venda dos escravos em Itajaí. Constavam dessa documentação, a idade, os defeitos (achaques) e as qualidades dos escravos, assim como a origem e o estado civil. Isso desmistifica a idéia de que em Santa Catarina só havia crioulos, africanos nascidos no Brasil. Resgatar a memória dos africanos e seus descendentes em Santa Catarina representa, sobretudo, ressignificar o seu legad

Carnaval, Catumbi, religiosidade afro-brasileira

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42 Etnia Belgo-Brasileira

Forma de expressão

Vigente Atual Santa Catarina, Ilhota A etnia belgo-brasileira se constitui através de grupos que têm uma relação histórica em Santa Catarina, pois estão associados diretamente aos luso-brasileiros. Essa relação se deu inicialmente em âmbito econômico, através dos investimentos de capital belga atraídos pela Coroa portuguesa. Durante o século XIX, essa etnia se estabeleceu com grande número de famílias em Santa Catarina. Entretanto, não se registra nesse grupo étnico as mesmas características de convivência dos teuto e ítalo-brasileiros que comumente formaram colônias. Os belgo-brasileiros conviviam em meio às outras etnias e seus elementos culturais sofreram aculturação à medida que tiveram de dividir espaço com outros grupos. A necessidade de adaptação ao novo ambiente gerou influências mútuas entre os grupos. Nesse caso, os belgas entraram com suas técnicas de cultivo e produção alimentícia. A preservação dos dialetos, a culinária e a forte presença religiosa permeavam o seu cotidiano. Essas formas de expressão cultural, juntamente com a culin

43 Etnia cabocla Forma de expressão

Vigente Atual Santa Catarina, em todos os municípios do estado.

A etnia cabocla é considerada o resultado da relação interétnica do elemento de origem africana ou indígena com o descendente de europeu – o homem branco. Os caboclos começaram a ter visibilidade na composição étnica de Santa Catarina principalmente após a Guerra do Contestado (1912-1916) e o processo de ocupação do Oeste no início do século XX. A partir desses fatos históricos, das lutas e conflitos envolvendo os caboclos principalmente com os ítalos e os teutos, e do processo de povoamento do estado

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com os lusos, os caboclos foram expulsos de suas terras e marginalizados socialmente. Os caboclos sobreviviam da agricultura de subsistência e da extração da erva-mate. Ao serem expulsos, migraram pelo estado em busca de um território identitário. São catalogados em Santa Catarina mais de 32 territórios negros, de acordo com estudo e pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina. Reconhecer os espaços de sociabilidade, de religiosidade, de costumes e de sobrevivência pelos quais vivem ou reclamam os caboclo

44 Etnia Cafuza Forma de expressão

Santa Catarina

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45 Etnia Eslavo-brasileira

Forma de expressão

Vigente Santa Catarina, Itaiópolis, Nova Trento, Canoínhas

A presença da etnia eslavo-brasileira em Santa Catarina se deve à política de imigração incentivada pelo governo imperial brasileiro durante o século XIX, através das companhias colonizadoras. O ato de imigrar representa não só uma mudança espacial, mas também uma adaptação ao novo, influenciando-o ao mesmo tempo. A reunião familiar, a culinária rica na utilização de leguminosas e a preservação de valores religiosos são características marcantes entre dessa etnia, que popularmente conhecida como polaca. A colonização polonesa imprimiu à parte alta do Vale do Rio Tijucas, principalmente, mas também a outras regiões ocupadas por esse grupo étnico um traço de aculturação resultante da convivência de diferentes etnias. As histórias da chegada desse grupo ao estado, as dificuldades de adaptação à nova vida, o estreitamento do ciclo de convivências, a reelaboração de uma identidade e as memórias que são expressas através de dialetos revelam saudade da Europa, mas igualmente se consubstanciam uma experiência que não

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46 Etnia Gaúcha Forma de expressão

Vigente O ano todo Santa Catarina, Lages, Florianópolis, São José, e em boa parte dos municípios catarinenses

A evidenciação dos elementos culturais gaúchos como a cozinha, o chimarrão, a medicina popular, também chamada de medicina campeira, as danças e os centros de tradições gaúchas – CTG − qualificam os gaúchos como uma etnia, em função da quantidade de traços que identificam uns com os outros. Os CTG foram as instituições que mantiveram aglutinados diversos grupos populacionais, sendo os responsáveis pela difusão da cultura gauchesca. Em função da constante migração dos gaúchos para diferentes regiões e estados, inclusive Santa Catarina, o gaúcho não mais é rio-grandense. Sua cultura migrou junto com os colonos que subiram pela fronteira para o Oeste catarinense e para o Planalto Serrano. A manutenção dos elementos gaúchos está fortemente presente em inúmeras cidades de Santa Catarina, e as práticas culturais próprias desse grupo constituem a identidade étnica gaúcha como um patrimônio imaterial.

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47 Etnia indígena Xokleng (Botocudos)

Forma de expressão

Vigente Atual Santa Catarina, Ibirama, José Boiteaux, Duque de Caxias

Botocudo foi uma denominação dada pelos portugueses aos indígenas pertencentes a grupos com diversas matrizes lingüisticas. Além disso, diferenciavam-se de outros grupos indígenas pelo uso dos botoques labiais e auriculares. Como esses grupos geralmente se estruturavam como nômades em meio à Mata Atlântica, os Kaingangue e os Xokleng também chegaram a ser denominados botocudos. Segundo a historiografia catarinense, uma das características dos botocudos era a violência, principalmente em relação aos brancos. Em várias citações, consta que tinham o costume da antropofagia, abordando caravanas de viajantes e até fazendas dos sesmeiros, incendiando o que encontravam no caminho. Os temíveis guerreiros sofreram, no contato com os brancos, grandes danos para o seu modo de vida original. Aprenderam a lavrar a terra, aprenderam a fumar e é muito comum entre esses grupos o consumo de bebidas alcoólicas. De raiz macrô-jê, os Botocudos tiveram enfrentamentos com os brancos que produziram histórias e memórias baseadas no

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48 Etnia Indígena Guarani

Forma de expressão

Vigente Atual Santa Catarina, Joinville, Garuva, São Francisco do Sul, Araquari, Florianópolis, Palhoça

Em Santa Catarina, um dos grupos étnicos que compõem o cenário multicultural da região são os Guarani. As populações Guarani estão distribuídas em quatro grupos subétnicos distintos: Kaiowá, Nhandeva, Mbyá e Chiriguano, de acordo com as diferenças dialetais, costumes, organização sociopolítica, orientação religiosa. Nesse sentido, alguns aspectos diferem a etnia Guarani em seu modo de vida: o ava ñe'ë (ava: homem, pessoa guarani; ñe'ë: palavra que se confunde com "alma") ou fala, linguagem, que define identidade na comunicação verbal; o tamõi (avô) ou ancestrais míticos comuns e o ava reko (teko: "ser, estado de vida, condição, estar, costume, lei, hábito"). Os Guarani, enquanto identidade étnica, constituem, em sua totalidade, ainda nos dias de hoje, uma das maiores etnias indígenas do Brasil e da América do Sul. No início do século XVI, época dos primeiros contatos com os conquistadores europeus, a população Guarani provavelmente chegava ao número de 1.500.000 a 2.000.000 de pessoas. Devido ao drástico

49 Etnia Indígena Kaigang

Forma de expressão

Vigente Atual Santa Catarina, Chapecó A origem da vida para a etnia Kaingang está ligada à terra. Primeiro nasceu Kairú, representado por uma circunferência vermelha; depois, Kamé, representado por um traço preto. São metades opostas que formam questões relacionadas ao casamento, aos mitos, à religião e aos rituais. A etnia Kaingang é um dos cinco maiores grupos indígenas do Brasil. Os Kaingang de Chapecó, no oeste catarinense, instalados numa área localizada entre os municípios de Ipuaçu e Entre Rios, formam um grupo de

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aproximadamente 5 mil indivíduos distribuídos pelas aldeias Olaria, Serrano, Cerro Doce, Pinhalzinho, Água Branca, Fazenda São José, Matão, João Veloso, Paiol de Barro, Barro Preto, Limeira, Guarani, Baixo Samburá e Jacu, sede do Posto Chapecó. A cultura Kaingang é passada oralmente de geração a geração, mantendo-se viva sua identidade étnica. O processo de “aculturação” (intervenção, contato ou intercurso cultural) desse grupo está ligado, entre outros fatores, também à criação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), fundado em 1

50 Etnia ítalo-brasileira Forma de expressão

Santa Catarina, Rio do Oeste, Arroio Trinta, Brusque, Chapecó, Jardinópolis, Arvoredo, Joaçaba, Xaxim, urussanga, Criciúma, entre outros municípios de SC.

O século XIX foi marcado pela expansão colonizadora européia. Famílias e indivíduos saíram à procura de novas possibilidades de sobrevivência fora de sua terra natal. No Brasil, a colonização foi caracterizadamente de produção e de povoamento. De uma forma ou de outra, porém, os imigrantes deixaram no país o seu legado cultural. No Sul, por exemplo, os italianos chegaram a Santa Catarina no início do século XIX, e fundaram a primeira colônia italiana numa tentativa de criar a “nova Itália”. A presença italiana no estado demarcou o estabelecimento de novas práticas culturais. Inicialmente, os italianos foram organizados na periferia dos povoamentos germânicos, passando a se dedicar à agricultura de produtos destinados à subsistência das populações urbanas. Isso levou os colonos a se estabelecerem no Vale do Rio Tubarão, surgindo assim Azambuja, Pedras Grandes e Treze de Maio. Nesse período, destaca-se a fundação de Criciúma, importante cidade do Vale do Urussanga. Os italianos que se estabeleceram em Tubarão d

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51 Etnia Leto-brasileira Forma de expressão

Memória Santa Catarina, Guaramirim

A imigração de letos para o Brasil ocorreu durante o século XIX. Em Santa Catarina, eles se estabeleceram a partir de 1890, quando um grupo de 25 famílias se fixou em Laguna. Um dos fatores que motivou a vinda desses imigrantes foi a busca de melhores condições socioeconômicas e de liberdade religiosa. Os imigrantes letões estabeleceram-se em diversas regiões do estado, formando novas comunidades, como em Urubici, Rio Novo, Rio Oratório, Rio Mãe Luzia, Massaranduba, Guaramirim, Jacu-Açu (1898), Ponta Comprida, Terra de Zitnmerman e Schroederstrasse. Adeptos do ramo Batista do Protestantismo, organizaram-se em comunidades que procuravam traduzir os desejos da maioria e onde, assim, construíram-se as primeiras edificações destinadas a ser o local dos cultos religiosos. A religiosidade, aliás, servia de motivação para enfrentar as adversidades – o clima, a mata virgem e o terreno montanhoso dificultavam a preparação das roças, bem como o preço baixo dos produtos que comercializavam. A presença dos letos entre nó

52 Etnia Luso-brasileira

Forma de expressão

Vigente Santa Catarina, Florianópolis, Palhoça, São José, Imaruí

A colonização brasileira foi realizada oficialmente pelos portugueses, que imprimiram a ela um caráter exploratório. Colonizar, ocupar e povoar eram as bases das ações lusitanas, mas associadas a essas ações estavam as suas conseqüências. Santa Catarina estava inserida nessa lógica. Entretanto, não houve padronização no processo imigratório de portugueses. A maioria das pessoas pertencentes à etnia lusitana se estabeleceu em Santa Catarina porque foi

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incentivada a isso. Ao chegarem a Santa Catarina, traziam consigo o universo cultural lusitano, que sofreu adaptações em função das condições geográficas, climáticas e da estrutura do espaço que encontraram por colonizar. A forte ligação com o mar, a religiosidade católica, as crenças sobrenaturais e a culinária são algumas das referências culturais do universo luso-brasileiro. O litoral foi o principal lugar de estabelecimento das pessoas e famílias lusitanas. Todavia, a partir do século XVIII o número de moradores recebe um aumento significativo, pois a Coroa p

53 Etnia Teuto-brasileira

Forma de expressão

Vigente Atual Santa Catarina, Joinville, Blumenau, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul, Pomerode, Canoinhas, São Pedro de Alcântara, entre outros

A presença do grupo étnico teuto-brasileiro em Santa Catarina deve ser entendida como reflexo de uma política de colonização adotada pelo governo brasileiro a partir do século XIX. O estabelecimento desse grupo étnico promoveu alterações de ordem social, política, econômica e, principalmente, cultural para os que aqui já se encontravam e para os que se transferiram. Pois é possível observar que a adaptação ao novo meio físico causou sérios impactos nas vidas de diversas famílias em decorrência das demandas locais. Os aspectos simbólicos ligados aos teuto-brasileiros são responsáveis por reconstruir uma identidade coletiva que caracteriza esse grupo. E isso decorre de suas tradições, visões de mundo, técnicas de plantio e espécies cultivadas, relações de gênero e culinária. A organização de sociedades recreativas, bandas típicas e grupos de dança, clubes de caça e tiro pertence ao universo associativista característico desse grupo étnico em Santa

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Catarina, onde desempenham um papel de elemento aglutinador da c

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54 Fala do Ilhéu Forma de expressão

Vigente O ano todo Santa Catarina, Florianópolis

A Ilha de Santa Catarina tem comunidades que ainda mantêm vivos hábitos cotidianos próprios e comuns aos nativos. Como a fala do ilhéu, que criou e recriou um vocabulário especialmente adaptado aos seus costumes. Esse modo de falar está relacionado diretamente com o modo de vida, seus ofícios, suas crenças e seus mitos. Pertence a um imaginário coletivo e constitui ao mesmo tempo um item da identidade do florianopolitano. Um glossário desse falar incluiria, sem dúvida, termos como “mané” ou “manesinho”, utilizados para designar o habitante da ilha, a princípio desprovido de qualquer compromisso, mas que na verdade tem, de fato, uma outra maneira de conduzir sua vida social. Outra expressão que certamente faria parte desse glossário seria “mofaste com a pomba na balaia”, que tem o sentido de se dar mal. São modos de dizer compreendidos pela população local. Essas expressões que compõem o vocabulário cotidiano do ilhéu, transformadas em uma fala peculiar, reforçam o espírito coletivista local, forma de expressã

Etnia Luso-brasileira (açorianos)

55 Falanstério do Saí Forma de expressão

Memória Meados do Século XIX

Santa Catarina, São Francisco do Sul

Uma das mais antigas cidades brasileiras, São Francisco do Sul destaca-se também pela importância econômica, em razão de seu terminal portuário e de suas praias, que representam uma alternativa de viagem e lazer para o catarinense, mas também para o turismo tanto de âmbito regional como brasileiro e internacional. São Francisco, ou São Chico, como foi carinhosamente apelidada pelos catarinenses, apresenta uma peculiaridade em sua trajetória histórica, tendo sido palco de uma das primeiras experiências anarquistas do mundo. Em meados do século 19, aportaram à baía da Babitonga imigrantes franceses atraídos pelo projeto de fundação de uma sociedade socialista idealizado por Charles Fourier, que, ao lado de Robert Owen, integra a corrente política e ideológica conhecida como

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“socialismo utópico”. Liderados por Benoit Jules Mure, constituíram esses forasteiros o Falanstério do Saí ou Colônia Industrial. Um outro grupo dissidente, capitaneado por Michel Derrion, formou outra colônia perto da localidade do Saí, num

56 Festa do Kerb Forma de expressão

Vigente Meses de outubro e novembro

Santa Catarina, municípios e localidades da região Oeste do Estado de SC

A festa do Kerb é uma forma de expressão do Oeste catarinense. Espaço destinado à diversão e à sociabilidade, o Kerb está ligado também à historia da vinda de imigrantes teutos e migrantes gaúchos, atraídos para a região pelo governo, como forma de efetivar a posse e a colonização daquela área. Trata-se de um momento privilegiado para fortalecer os laços de solidariedade e reforçar o apoio mútuo na fuga ao isolamento causado pelas distâncias entre as propriedades dos colonos e sua terra de origem. Assim, o Kerb proporciona anualmente o encontro entre parentes e amigos, enquanto, ao mesmo tempo, se comemora, entre outubro e início de novembro, a colheita de milho e fumo. No Kerb, os colonos trocam e atualizam informações sobre sua vida social, suas experiências individuais e seu trabalho na lavoura. O evento tem um sentido de confraternização e celebração, os participantes rezam e agradecem pelo encontro realizado. Seu caráter lúdico remete às brincadeiras e aos jogos entre os participantes, à fartura e à com

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57 Festa do Tiro Forma de expressão

Vigente Santa Catarina, Joinville, Blumenau, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul, Pomerode, Canoinhas, entre outros

A Festa do Tiro constitui uma forma de expressão cultural que caracteriza as comunidades teuto-brasileiras. Em algumas cidades catarinenses, as sociedades de tiro, denominadas “Schützenvereins”, concentram boa parte das práticas de lazer que atraem os elementos desse grupo étnico. Nos eventos comemorativos, alguns associados dos clubes de tiro que não possuíam espingarda chegavam mesmo a desfilar com instrumentos rudimentares feitos de madeira para marcar a sua identificação com aquela atividade. A maioria das armas, verdadeiras ou não, ficavam guardadas nas sedes das entidades. Muitas agremiações de tiro foram obrigadas a deixar de funcionar a partir de 1940, por causa da campanha de nacionalização do Estado Novo. Municípios como Canoinhas, Jaraguá do Sul e Joinville reduziram drasticamente essa prática. Com o término da campanha, as associações de tiro retomam suas atividades e as festas de tiro renascem em Joinville e Jaraguá do Sul, por exemplo. A Fenatiro, de Joinville, realizada anualmente em março, e a

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58 Festa das Tradições da Ilha

Forma de expressão

Vigente No início do mês de abril de cada ano

Santa Catarina, São Francisco do Sul

A cidade de São Francisco do Sul é palco todos os anos da Festa de Tradições da Ilha (Festilha). Durante quatro dias de abril, comidas típicas luso-brasileiras são oferecidas em barraquinhas fixadas às margens da baía da Babitonga. Nos pavilhões, as pessoas se divertem nos bailes e acompanham as apresentações de bandas, seresteiros e grupos de dança mostrando coreografias que fazem referência às práticas culturais luso-brasileiras como a dança do vilão, o boi-de-mamão, o fandango, a chimarrita. As rodas de capoeira atraem também o interesse do público, enquanto circulam mensagens embutidas nos pães-por-deus. A Festilha é um evento popular, já tradicional, que recebe um grande número de turistas, principalmente dos municípios vizinhos, transformando-se em espaço onde diversas expressões culturais se manifestam coletivamente. Trata-se, portanto, de uma referência da cultura imaterial da cidade de São Francisco do Sul e de toda a região.

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59 Hábito de tomar Banho de Mar

Forma de expressão

Vigente O ano todo Santa Catarina, Florianópolis, Itajaí e demais cidades do Litoral catarinense

O hábito de tomar banho de mar no litoral catarinense durante o século XIX já fora considerado abusivo, sujeito a multas e punições, Uma vez que rompia com os padrões sociais e culturais vigentes naquele momento. O banho de mar tinha para alguns grupos familiares diferentes sentidos e variava entre uma simples forma de refresca-se do calor ou ainda alcançava outros significados como a purificação do corpo que ao tomar banho de mar entrava em equilíbrio. As praias, principalmente de Florianópolis, já foram lugares exclusivos de moradia dos pescadores e hoje estão tomadas por hotéis e casas de veraneio, turistas adultos e crianças com suas sombrinhas, toalhas, cadeiras, bebidas, chapéus e filtros solares, junto com as espumas de ondas, as algas, os peixes, as canoas. A saudade da praia quase vazia encontrando-se apenas com o mar dividido pela linha do horizonte é recorrente entre as comunidades litorâneas que abrigam pescadores e rendeiras. A harmonia entre o homem e o mar era traduzida pelas praias que recebia

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60 Hábito do Consumo do Chimarrão

Forma de expressão

Vigente O ano todo Santa Catarina, Lages, Planalto Serrano, Planalto Norte

O município de Lages era um dos pontos do caminho das tropas de gado que saíam do Rio Grande do Sul em direção ao Sudeste do Brasil. Por ter se estruturado em torno da economia pecuária e por ter sido ponto de passagem e abrigo de tropeiros, Lages constitui-se em autêntico depositário de referências culturais, onde se encontram a fala peculiar dos seus habitantes, os adágios, as crenças, as histórias fantásticas e as danças típicas. Em Lages, o consumo do chimarrão virou hábito, traço marcante do modo de vida lageano. O momento de consumo do chimarrão representa mais que o consumo de um simples chá de erva-mate. Torna-se, acima de tudo, uma celebração da coletividade. O fato de se preparar uma cuia de chimarrão sentado em uma roda com familiares, amigos, conhecidos e até mesmo desconhecidos constitui-se em uma forma de acolhimento. É quando de se contam histórias, se apuram os fatos da comunidade, ou simplesmente se descansa depois de uma longa jornada de trabalho. Quando se prepara o chimarrão para se sugar

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61 Hábito do uso de bicicletas como meio de transporte

Forma de expressão

Vigente O ano todo Santa Catarina, Joinville, Blumenau

O emprego da bicileta como meio de transporte alternativo vem sendo bastante incentivado hoje no mundo inteiro, sobretudo por conta das preocupações com o meio natural, mas também em razão das propostas de vida saudável que implicam o combate ao sedentarismo, ao lado do estímulo à atividade física. Esse hábito de usar bicicletas no cotidiano, preservado ainda por uma parcela da população joinvilense, difundiu-se coma das marcas, uma das referências da cidade. Conhecida como “Cidade das Bicicletas”, Joinville recebeu esse título por conta da expansão industrial na década de 1970, devido à quantidade de bicletas que os trabalhadores punham em circulação.O imaginário social joinvilense incorporou essa denominação ou antonomásia como preferem os gramáticos, e ainda hoje um número considerável de operários utilizam a bicicleta para o transporte diário. Trata-se, portanto, de um elemento muito presente no espaço urbano, compondo o cenário da cidade. O uso é celebrado em festas civis e militares, como lazer e como

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62 Histórias Fantásticas

Forma de expressão

Vigente O ano todo Santa Catarina, Florianópolis, São José, Palhoça e demais municípios de SC

As histórias fantásticas integram o imaginário popular catarinense. São histórias ligadas a superstições, à saúde e à força da medicina popular. Histórias de bruxas e assombrações que perseguem não só as crianças, mas todas as pessoas. Ligados aos fenômenos naturais, esses contos, em geral narrados oralmente, ganham diferentes contornos e personagens. Tais narrativas, bem como as expressões populares que contêm ou carregam, fazem dessas histórias mais do que contos comuns, corriqueiros. Tornam-se histórias fantásticas e, como tal, integram o patrimônio cultural catarinense.

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63 Jogo da Paleta Forma de expressão

Vigente O ano todo Santa Catarina, Curitibanos No Planalto Norte de Santa Catarina, a população ali estabelecida elegeu a agricultura e a pecuária como as principais fontes de renda. As relaçoes de compadrio entre os vizinhos contribuíam para que as tarefas da roça, que exigiam numerosa mão-de-obra, fossem realizadas através de mutirões. Assim se acelerava o trabalho no campo, quando isso era necessário, e se fortaleciam os laços comunitários. Mas não só em torno do trabalho as pessoas se uniam. No domingo ou ao término de uma jornada diária, principalmente na região de Curitibanos, os sertanejos participavam de um dos jogos mais antigos da região: o jogo da paleta, que se assemelha à bocha, mas que recebeu a adição de um velho omoplata de bovino (de onde deriva a denominação). O jogo reunia um grande número de pessoas, e o espaço onde era jogado funcionava não só como um espaço de lazer, mas também como um espaço de sociabilidades, que agregava pessoas e também suas experiências e memórias. Nas conversas entre aqueles que estavam apenas observando o jogo

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64 Linguagem Popular Forma de expressão

Vigente O ano todo Santa Catarina, Florianópolis

É possivel observar entre os habitantes nascidos e criados na Ilha de Santa Catarina, principalmente entre as comunidades mais distantes do centro, o uso cotidiano, baseado no português lusitano do século XVI, de uma linguagem carregada de termos não usuais no restante do estado e do país. Esse modo de se expressar se caracteriza ainda por acentuar a pronúncia do fonema /s/, pelo ritmo acelerado da prosódia e pelo emprego de expressões viciosas. Por exemplo: “Hã, hã, tú és besta?” denota dúvida quanto à razão ou ao entendimento do interlocutor. Assim, os florianopolitanos se distinguem dos não-ilhéus e ao mesmo tempo se identificam entre si. Essa linguagem, por sua peculiaridade e pelo modo como participa do cotidiano local, ao abrigo da tradição, demarca, por assim dizer, um território lingüístico-cultural de um determinado grupo, por isso mesmo reconhecido e identificado.

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65 Literatura Catarinense

Forma de expressão

Vigente Atual Santa Catarina, Florianópolis, Blumenau, Joinville, entre outras cidades

A produção literária catarinense perpassa vários campos, abordando várias temáticas. Entre os temas que norteiam essa produção estão as imagens de um interior que aparece com uma forte descrição da paisagem e a narrativa da relação de um determinado grupo com essa paisagem. Com uma produção literária plural e diversos gêneros literários, onde o elemento ficcional aparece de para com o real, a sensibilidade está na base da literatura catarinense. Alguns nomes ganharam expressão inclusive no cenário nacional: Cruz e Sousa, poeta, negro, usou sua obra e sensibilidade como uma das formas de resistir ao preconceito; Urda Alice Klueger, que encontra em Blumenau motivacação para suas obras e a partir dela parece concretizar o cotidiano; Alcides Buss, considerado um dos maiores poetas contemporâneos; Harry e Ruth Laus, que faziam de suas obras uma maneira de lançar-se ao desconhecido. Já Tito Carvalho, com um romance e um conjunto de contos e crônicas, revela a vida e os costumes do Planalto Serrano catarinense. Essa

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66 Medicina Popular Forma de expressão

Vigente Atual Santa Catarina, São Martinho

A medicina popular transita entre as crendices e os fatos, mas é um campo subjetivo e que atravessa gerações, sabedoria que sobrevive através da oralidade. Compreende um corpo de conhecimentos e de práticas médicas que se desenvolve com dinâmica própria, com base no conhecimento empírico, segundo os diferentes contextos socioculturais onde se insere. Arraigada principalmente no seio das comunidades rurais, a medicina popular está geralmente associada a uma prática religiosa. Trata-se de um universo peculiar, uma vez que inúmeros são os recursos utilizados para as curas, entre eles: chá de raízes, folhas, flores, cascas, sementes, cachaça com raízes ou mesmo com uma lagartixa torrada, caldo de meleto e de mocotó, banho com plantas medicinais ou com bosta de boi, fricção com cachaça ou álcool e “alcanfor”, cobra, escorpião, inalação da fumaça de certa resina sobre brasa, cigarro de folhas, flores ou o cigarro contendo um espinho de ouriço caixeiro, lama da casinha da vespa “maria-barreira”, banha de jibóia, car

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67 Narrativas da Ocupação humana

Forma de expressão

Vigente Atual Santa Catarina, em todos os municípios

A disputa territorial é um dos temas mais visitados pela historiografia catarinense, ao lado dos seus correlativos ocupação espacial e contatos interétnicos. A composição dos múltiplos espaços territoriais em Santa Catarina, divididos em regiões, oferece inúmeras narrativas que discorrem sobre a presença e as práticas culturais de diferentes grupos étnicos. Os conflitos, as relaçõe de compadrio, a imposição cultural, o estranhamento e a convivência coletiva são temas que constantemente aparecem nas memórias daqueles que conviveram com com o diferente. Muitas dessas narrativas ainda estão presentes no plano da oralidade e assim são repassadas, passiveis até de ganhar outras formas e proporções. O Oeste catarinense é rico em narrativas sobre sua ocupação. Nesse caso, aparecem como protagonistas basicamente três grupos: os indígenas, os caboclos e os colonos, numa região onde se concentram os maiores conflitos ligados à disputa pela terra. Entre as narrativas e a concretização dos fatos, a coexistência de difere

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68 Ocupação do Território

Forma de expressão

Vigente Atual Santa Catarina, Todos os municípios

O estado de Santa Catarina recebeu diversos grupos étnicos por toda a sua extensão territorial, grupos que aqui se fixaram por diferentes motivos e com diferentes propósitos. Alguns desses motivos são identificados através da pesquisa sobre a atuação de companhias de colonização que, a partir de meados do século XIX, dedicaram-se a atrair imigrantes da Europa dispostos a aqui se estabelecerem e a colonizarem área devolutas. Mas essa prática de ocupação do território catarinense não pode ser encarada como uma regra, uma vez que ainda no século XVII chegaram ao litoral catarinense imigrantes lusos trazidos para garantir a posse dessa região por parte da Coroa portuguesa. Outros grupos se fixaram no território catarinense por conta dos reflexos dos movimentos de imigração, entre eles os africanos e os afro-descendentes, além de famílias migrantes que viam Santa Catarina como um espaço propício para o desenvolvimento de seus ofícios. Ao mesmo tempo, os indígenas que habitavam essa região antes da chegada dos euro

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69 Pão-por-Deus Forma de expressão

Vigente O ano inteiro Santa Catarina, Florianópolis, Araquari, São Francisco do Sul, Itajaí, Palhoça

Originária de grupos luso-brasileiros vinculados ao catolicismo, a expressão pão-por-deus tem seu emprego associado a uma antiga prática de pedir pão no Dia de Todos os Santos, em 1º de novembro, tornando-se parte da cultura imaterial. Com o tempo, passou a ser utilizada também entre os namorados para pedir amor. Geralmente confeccionado em forma de coração com rendas, traz no seu interior uma mensagem versificada em papel cromado, colorido e com recortes artísticos. Os versos são redigidos em rimas que expressam o que o remetente quer dizer a um determinado destinatário. De acordo com a tradição popular, quem envia um pão-por-deus tem sempre a expectativa de uma resposta. Exemplos: a) "Lá vai meu coração/pelos ares avoando/Se não ganhar um pão-por-deus/vai rindo e volta chorando”; b) “Levai meu coração/que agora não posso ir/Nesse rendilhado papel/pão-por-deus mando pedir.”

Açorianidade, rimas e modas, colonização açoriana

70 Religiões afro-brasileiras

Forma de expressão

Vigente Atual Santa Catarina, Florianópolis, São José, Joinville, Itajaí, entre outros municípios de SC

Os elementos da natureza e a cebração coletiva são fundamentos evidentes na religiosidade afro-brasileira. Os africanos vindos para o Brasil para o trabalho escravo foram obrigados a incorporar a religião oficial do Estado brasileiro, o catolicismo. Mas, por meio de um subterfúgio, acabaram promovendo uma forma de sincretismo religioso. Efetivamente, embora adotassem o idioma português e os santos cultuados na igreja católica em seus cultos, atribuíam-lhes outros sentidos, fazendo corresponder a cada santo um orixá. Em parte, deriva dessa prática o nascimento, no século passado, da umbanda. Os afro-brasileiros

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não abandonaram sua religião e o candomblé, proibido, era cultuado à margem. O candomblé é uma religião com fortes relações hierárquicas e sua mitologia guarda relação direta com a vida nas tribos africanas. Pautada na ancestralidade e na tradição oral e com a ausência dos parâmetros de bem e mal, o candomblé tem o terreiro como o principal centro ritualístico. Contudo, a forte ligação com a natureza e

71 Religiosidade Católica

Forma de expressão

Vigente Atual Santa Catarina, Blumenau, Florianópolis, e demais municípios do estado

A religiosidade católica tem grande importância na vida pública de muitos grupos familiares de Santa Catarina. As capelas e igrejas, a partir do séc. XVII, foram pontos de referência para os núcleos comunitários rurais e urbanos, mas essa característica se intensificou com a chegada de outros grupos étnicos a partir de meados do séc. XIX. Principalmente entre os ítalo-brasileiros, a religiosidade se estabelecia como principal norteador da vida pública e familiar, pois era ela a responsável por estabelecer os códigos de postura e culturais regidos pelos cultos, orações, promessas, devoções dentro de um contexto social instituído cotidianamente. O relevante papel desempenhado pela religiosidade católica é manifesto ainda nos dias atuais, mas suas raízes podem ser buscadas no período em que se intensifica a imigração para o Médio Vale do Itajaí-Açu, sem contar o recebimento de imgrantes italianos pela Colônia Blumenau. O crescimento e o fortalecimento da religiosidade católica resultam da ação pastoral do clero

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72 Religiosidade Popular

Forma de expressão

Vigente O ano todo Santa Catarina, Florianópolis e nos demais municípios de SC

A força da religiosidade em Santa Catarina pode ser observada em todas as suas regiões. A religião sempre ocupou um lugar prioritário na vida dos grupos étnicos que compõem a população catarinense. De todas as religiões que coexistem no estado, é no catolicismo que se nota a inexistência ou quase inexistência de fronteiras entre a vida religiosa e a vida pública. Trata-se de uma característica herdada do processo de ocupação de Santa Catarina, em função do papel central desempenhado pelo catolicismo como religião oficial do Estado brasileiro. As festas religiosas dedicadas aos santos padroeiros que ocorriam, e em algumas comunidades ainda ocorrem, os ex-votos (pagamento de promessa) e as ofertas dos fiéis, bem como as procissões sustentam um ciclo religioso e social que constitui uma das marcas do estado. A estruturação familiar de algumas cidades foi orientada pelos princípios cristãos. Nesse sentido, ir à igreja ou participar da festa do padroeiro tem uma simbologia que vai além do campo da fé, pois esses e

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73 Vento Sul Forma de expressão

Vigente Atual Santa Catarina, Florianópolis

Para os moradores da ilha de Florianópolis, o vento sul faz parte do cotidiano, constituindo uma forma de expressão característica da cultura luso-açoriana. O vento sul é frio, muito forte, e não dura mais do que 24 horas. Porém, sua força e intensidade provocam no ilhéu a certeza de que na algo vai mal com a natureza. Uma das fúrias naturais das energias do universo seria a representação do vento sul, elemento presente em muitas histórias do cotidiano dos habitantes locais. Histórias de bruxas, de lobisomem, boitatá podem ser contadas tendo o vento sul como co-protagonista. Porém, como o bem sempre vence o mal, a crença popular na força das benzedeiras e no poder das orações leva embora o vento, a despeito de toda a sua carga de energia. Normalmente, depois que o vento expressa a sua força e fúria, o tempo fica limpo e faz a alegria daqueles que vivem do e para o mar. Segundo os “manezinhos”, é a certeza de uma pesca promissora e abundante.

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74 Águas de Chapecó Lugar Íntegro O ano todo Santa Catarina, Águas de Chapecó, Chapecó

Águas de Xapecó faz parte do turismo do Oeste de Santa Catarina na Rota das Termas, por possuir um patrimônio ambiental de magnífica grandiosidade. Antigo distrito de Chapecó, Águas de Xapecó teve sua primeira fonte de águas minerais descoberta na época do Contestado, em 1896. Com o passar do tempo, mais duas fontes foram descobertas – uma delas a 5 quilômetros da sede do município e outra a 8 quilômetros, ambas com temperatura natural. A cidade é banhada por dois rios: o Chapecó, ao norte e a oeste, e o Uruguai, ao sul. Essa região foi povoada por descendentes de alemães e italianos. Assim, oferece gastronomia típica e uma diversidade de elementos culturais, além da paisagem deslumbrante.

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75 Aldeamento Guarani

Lugar Íntegro Santa Catarina, Palhoça, São Francisco do Sul, Araquari, Garuva, Joinville, Guaramirim

O aldeamento Guarani Massiambu e o Morro dos Cavalos, em Palhoça, região de Florianópolis, têm enfrentado, desde 2000, uma série de litígios para a demarcação das terras. O movimento em defesa dos direitos indígenas promove a discussão sobre a importância de garantir a terra para os Guarani, profundos conhecedores da fauna e da flora, mas destituídos de seus territórios desde a colonização européia e dizimados pela fome, a doença, a violência e o processo de aculturação. Muitos indivíduos Guarani vivem às margens da rodovia, pelas ruas das cidades, vendendo artesanato e passando necessidades econômicas. É imprescindível o estabelecimento de políticas públicas para a garantia de sobrevivência humana e cultural desses povos por meio da devolução de suas terras e pelo incentivo para a manutenção patrimonial dos seus costumes e da sua cultura.

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76 Área indígena de Ibirama

Lugar Íntegro Santa Catarina, Ibirama, José Boiteaux, Duque de Caxias

O aldeamento indígena de Ibirama, cidade localizada no Vale do Itajaí-Açu, compreende também os municípios de José Boiteaux e Duque de Caxias. O nome Ibirama significa, no vocabulário indígena, “terra da fartura”. Abrigando um pouco mais de mil famílias de Xokleng, a maior parte delas entrou em processo de extinção ao serem expulsas de suas terras, alguns chegando mesmo a viver em rodovias de cidades catarinenses. Os censos realizados da Funai revelam haver na Aldeia Indígena de Ibirama uma relação multiétnica na composição das famílias. Registra-se a ocorrência de muitos casamentos entre membros de grupos diferentes, rompendo-se fronteiras de sangue, de laços de parentesco, de hábitos e costumes por meio de uniões que “ignoram” esses “muros”, fazendo coabitar sob o mesmo teto indivíduos Guarani com gente Kaingang e até com cafuzos e caboclos. Essa relação multiétnica se constitui em autêntico pluralismo religioso, social e cultural, já que cada grupo adota concepções distintas de mundo. Trata-se, portanto, d

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77 Área Indígena de Xapecó

Lugar Íntegro Santa Catarina, Abelardo Luz, Ipuaçu

A Área Indígena de Xapecó, localizada em Abelardo Luz e Ipuaçu, no oeste catarinense, entre os municípios de Marema e Xanxerê, assim como a Reserva Indígena Toldo Chimbangue, abriga as etnias indígenas Kaingang e Guarani. Depois de muitos conflitos e debates sobre a terra destinada à demarcação indígena, persiste a insatisfação de grupos defensores de direitos das populações pré-colombianas com respeito a essas demarcações. Esse debate envolve, evidentemente, afora as entidades vinculadas a tais grupos, também os órgãos da administração federal que atuam no setor, o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Funai. Em meio ao debate, os grupos residentes nas reservas tentam conservar seus costumes sociais, religiosos, culturais e econômicos. Muitos deslocam-se para a cidade para a comercialização de artesanato típico. A garantia de sobrevivência dos grupos Kaingang e Guarani dependem de criação de políticas públicas que garantam sua existência em sua plenitude. Para isso, é necessário manter vi

78 Bar do Arantes Lugar Íntegro Santa Catarina, Florianópolis

O Bar do Arantes, no Pântano do Sul em Florianópolis, é conhecido por oferecer aos comensais os pratos que compõem a gastronomia típica do litoral catarinense. O cardápio inclui frutos do mar e, no caso, uma cachaça artesanal servida como aperitivo. Uma das atrações do bar são os recados deixados na parede pelos turistas, desde visitantes ilustres a populares. Certamente, o Bar do Arantes acabou se tornando um lugar de referência cultural para o turismo catarinense.

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79 Caminho das Tropas

Lugar Ruína Séc XVII ao início do Séc. XX

Santa Catarina, Lages O itinerário das tropas ou dos tropeiros estendia-se do Rio Grande do Sul a Sorocaba, em São Paulo, ou ao sul de Minas Gerais, passando por Lages, Curtibanos, Papanduva, Rio Negro, Chapecó, Xanxerê. Os tropeiros conduziam o gado a esses destinos, vendiam carne e outros produtos. Para agüentar as longas distâncias, as mercadorias eram transportadas no lombo de mulas. Aos grupos de animais reunidos para esse fim, dava-se o nome de "tropas", e aos seus condutores, o de tropeiros. Eles tomavam antigos caminhos indígenas e outros, abertos pelas tropas de mulas e pelas boiadas. As trilhas abertas pelos tropeiros eram chamadas de caminho das tropas e compunham-se de três vias principais: o caminho das missões, o caminho da vacaria e o caminho do viamão. O nome do trecho catarinense desse trajeto, Caminho das Tropas, e o que ele evoca têm sido historicamente reverenciados porque, além de contribuírem para a criação de espaços culturais e econômicos, as tropas geraram muitas cidades por conta do estabelecimento dos

Tropeiros, Coxilha Rica

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80 Contestado Lugar Memória Início do Séc. XX

Santa Catarina, Mafra, e todo a região da fronteira entre o Paraná e Santa Catarina

A Guerra do Contestado permeia o cotidiano e o imaginário dos catarinenses do Meio-Oeste do estado. Conhecida nacionalmente como uma das revoltas mais importantes do período republicano, é classificada pelos historiadores por seu caráter religioso-messiânico. Ainda hoje os monges João Maria e José Maria são reverenciados como santos pelos moradores da região, e a revolta patenteia-se como resistência do povo catarinense em relação à conjuntura política do início do século 20. O episódio foi uma disputa territorial entre Paraná e Santa Catarina entre 1912 e 1916. Anos antes, em 1890, um grupo de catarinenses dera entrada em uma ação judicial para requerer a região situada ao sul dos rios Negro e Iguaçu. Por duas vezes, em 1904 e 1910, Santa Catarina obtém ganho de causa. Mas o Paraná, por sua vez, consegue impedir a demarcação das terras nas duas ocasiões. Em 1910, a companhia norte-americana Brazil Railway Colonization conclui na região a estrada de ferro que ligava o Estado de São Paulo ao Rio Grande do Sul.

Monge João Maria, Sítio Arqueológico do Irani, Transporte Ferroviário de SC

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81 Coxilha Rica Lugar Ruína Atual Santa Catarina, Lages Coxilha Rica se localiza no município de Lages, em Santa Catarina. Trata-se de um trecho de serra que se estende por 100 quilômetros, uma grande planície ondulada (o que justifica seu nome, coxilha) a mais de mil metros acima do nível do mar. A vegetação predominante são as gramíneas, mas a floresta de araucária se localiza por toda a sua extensão. Conhecida por conter a seção catarinense do caminho dos tropeiros que viajavam do Rio Grande do Sul rumo a São Paulo ou a Minas Gerais para transportar gado, vender carne e outros produtos, ainda hoje a Coxilha Rica, formada por grandes fazendas pecuaristas, tem na pecuária o ponto forte da sua economia. Além de se constituir em referência para a história e a cultura catarinenses, a região também é patrimônio ambiental, devendo ser preservado por sua riqueza natural.

Tropeiros, Coxilha Rica

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82 Engenhos de Farinha

Lugar Íntegro Santa Catarina, Florianópolis e nos demais municípios de SC

Os engenhos de farinha constituem edificações históricas que integram o patrimônio cultural de Santa Catarina. O ofício de produzir farinha pode ser entendido como um elemento da cultura imaterial representado em diversos grupos étnicos. Com o estabelecimento imigratório dos luso-açorianos em Santa Catarina em meados do século XVIII, intensificou-se a produção de farinha em engenhos. Inicialmente, esses engenhos incorporaram a técnica utilizada pelos Carijó (Guarani), do fabrico em moinhos de vento. Devido à irregularidade dos ventos e ao incremento da produção, as engrenagens foram adaptadas para utilização da força humana e do gado. Enfatize-se que os Guarani valiam-se do engenho para obter uma produção de subsistência baseada no cultivo de milho e mandioca. Com a mandioca, aliás, preparavam uma massa que assavam sobre uma placa de cerâmica, resultando em uma espécie de pão conhecido por beiju ou biju. Com a mesma raiz, obtinha-se ainda o cauim, bebida feita de mandioca cozida e fermentada. Famílias luso-br

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83 Florianópolis Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Florianópolis

A ilha de Florianópolis, por antonomásia, Ilha da Magia, detém rico acervo multicultural e polifônico. Muitos foram os que contribuíram para construir a história do que é hoje Florianópolis. O homem sambaquiano foi o seu primeiro habitante, de acordo com vestígios de épocas sem registro escrito e pistas levantadas por estudos arqueológicos. Sambaquis e pinturas rupestres conferem à ilha, segundo alguns estudiosos, o título de Ilha do Atlântico, por conta desses vestígios. Quando os europeus aportaram na ilha, depararam-se com os aborígines, indivíduos dos Tupi-Guarani, denominados Carijó, cujo contato com o homem branco pôde logo ser feito, a partir da chegada de bandeirantes à localidade. Os bandeirantes eram conhecidos por desbravar terras e aprisionar índios para utilizar como mão-de-obra escrava. Um desses bandeirantes escreveu seu nome na história da ilha com o sangue indígena: foi Dias Velho. Depois da morte de Dias Velho, Florianópolis permaneceu abandonada por um longo tempo. A ilha, batizada com o no

Praça XV, Florianópolis, Bar do Arantes, Santo Antônio de Lisboa, figuera

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84 Invernada dos Negros

Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Quilombo A comunidade de Invernada dos Negros fica localizada na região Serrana do Estado de Santa Catarina, a 22 quilômetros de Campos Novos. Hoje, vivem ali aproximadamente 150 pessoas, distribuídas em 34 residências, na localidade de Corredeira, nome pelo qual a comunidade é designada pelo poder público municipal. Invernada dos Negros é um nome utilizado para designar um conjunto de outras pequenas comunidades de diversas localidades, unidas por laços de sociabilidade, parentesco e religiosidade: Manuel Cândido, Espigão Branco e Arroio Bonito. O sustento das famílias é feito por meio do cultivo de milho e feijão e com apoio na prestação de serviços temporários na plantação, no corte de pínus ou como peões de fazendas locais. A área que compreende a Invernada dos Negros foi herdada por 11 famílias em 1877 e pertencia à fazenda São João, de propriedade de Matheus José de Souza Oliveira. Em 2005, a comunidade criou a Associação dos Moradores da Invernada dos Negros para pressionar o governo a legalizar e reconhecer o

85 Itajaí Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Itajaí A história de Itajaí remete-se também ao período histórico do homem sambaquiano, antes da escrita. Vestígios arqueológicos indicam a presença do homem primitivo junto às terras itajaienses há aproximadamente quatro mil anos. As etnias indígenas Xokleng, e Guarani também povoaram essa região. O nome Itajaí é de origem Tupi-Guarani e apresenta diversas variações: Iáa-hy, Tajai, entre outras. No século XVIII, a região compreendida entre Itajaí e

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Navegantes, às margens do Itajaí-Mirim, começou a ser povoada por migrantes luso-açorianos oriundos de Desterro. A vila recebeu também colonos de São Francisco do Sul e Porto Belo, entre outras localidades. Em 1820, a Coroa portuguesa, temerosa de uma possível ocupação espanhola, decide estabelecer uma colônia de povoamento na região. Em 1823, se estabeleceu o curato do Santíssimo Sacramento e ergueu a primeira capela do Santíssimo Sacramento e o cemitério da cidade. O distrito de Itajaí será criado somente em 1833. Assim, como área litorânea catarinense, Itajaí carrega

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86 Joinville Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Joinville Joinville, município localizado no Nordeste de Santa Catarina, foi colonizado por vários grupos étnicos: germânicos, suíços, lusos e africanos. Oficialmente, a cidade foi fundada no dia 9 de março de 1851, porém os vestígios arqueológicos apontam para o fato de que a região era habitada por grupos humanos já em uma época anterior à história escrita. Admite-se que o homem sambaquiano viveu em terras joinvilenses há quase cinco mil anos. Sabe-se também que, em tempos menos remotos, quando começa o processo de colonização com a chegada das primeiras levas de imigrantes, os povos originais da futura Colônia Dona Francisca nela se encontravam. A multiplicidade cultural se mostra em Joinville segundo diversos aspectos: na arquitetura de estilo enxaimel, de origem teuto; nas colônias de pescadores como os Espinheiros; nos costumes e manifestações tipicamente luso-açorianas de moradores do Morro do Amaral e do Vigorelli; na persistência da agricultura familiar em localidades como a Estrada Dona Francisca, Pirabeiraba

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87 Lagoa da Conceição

Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Florianópolis

Situado no centro geográfico da Ilha de Santa Catarina, o bairro Lagoa da Conceição reúne praias, dunas, montanhas e a maior lagoa da ilha. A região da Lagoa da Conceição foi habitada primeiramente pelos Carijó, índios Tupi-Guarani. Vestígios arqueológicos deixados por esses povos (pontas de flechas, sambaquis e oficinas líticas, lugares onde eram confeccionadas as ferramentas) foram encontrados na lagoa. O legado indígena se patenteou de par com a colonização luso-açoriana, com os imigrantes europeus incorporando o ofício de fazer farinha e as canoas de garapuvu. A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa foi fundada em 1750. Em 1845, dom Pedro II aportou em Desterro e, na ocasião, doou uma custódia de prata para a Igreja da Lagoa. Em 1861, o imperador retornou e dessa vez presenteou a capela com os dois sinos que ainda estão lá. Houve na região uma forte migração a partir de 1980, porém as tradições luso-açorianas, como a pesca e a renda de bilro, as histórias de bruxas, feiticeiras, lobisomens e bo

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88 Laguna Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Laguna A história de Laguna se inicia há 6 mil anos, com o homem sambaquiano. São aproximadamente 43 sítios arqueológicos no município de Laguna. O homem sambaquiano vivia da caça, colheita e pesca e para alguns estudiosos ele teve contato com os indígenas Xokleng e Guarani. Laguna nasce das disputas coloniais entre as coroas portuguesa e espanhola que resultaram no Tratado de Tordesilhas em 1494. A partir de 1500, o governo português, temendo uma invasão espanhola das terras brasileiras, inicia o processo de colonização de povoamento. Santa Catarina e Rio Grande do Sul seriam áreas estratégicas para um possível ataque espanhol por conta do caminho que leva ao Rio da Prata. Porém, somente no século XVIII a política de povoamento chegou às terras lagunenses. Então a coroa portuguesa enviou portugueses da ilha dos Açores. Em meados 1740, foi desbravada a região costeira da Lagoa Santo Antônio dos Anjos, de Bananal até Madre, passando por Ribeirão Pequeno. Mas Laguna tornou-se conhecida internacionalmente por ter sido

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89 Mercados Públicos Municipais

Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Florianópolis, Laguna, São Francisco do Sul, Itajaí, Lages, Joinville

O prédio que hoje abriga o Mercado Público de Florianópolis foi construído em 1898. Conhecido como Mercacom, composto por diversos bares e restaurantes no vão central, é ponto de encontro tanto para moradores quanto para turistas, bem como palco de manifestações populares, do tradicional pagode de sábado e das festividades de carnaval. Celebrações artísticas e apresentações musicais são oferecidas ao público visitante, a exemplo dos mercados de Itajaí e Joinville, que aos sábados apresentam o chamado samba de raiz e chorinho. Os mercados públicos catarinenses são edificações que abrigam e expressam as múltiplas manifestações culturais existentes no estado. Produtos artesanais de diferentes grupos étnicos (luso-brasileiro, teuto-brasileira, ítalo-brasileira, afro-descendente e indígena) são comercializados no seu interior. Nesses espaços, encontram-se a típica culinária luso-brasileira, em destaque, os pescados e sua variedade gastronômica. Além de um espaço de convivência social e cultural, os mercados públic

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90 Morro do Amaral Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Joinville Joinville, conhecida pela historiografia regional como a “Manchester catarinense”, em alusão à capital inglesa do século XVIII, mantém diversos espaços urbanos não destinados à indústria. Um exemplo dessa constatação é uma vila de pescadores em um bairro conhecido como Morro do Amaral. Os moradores contam que a localidade foi fundada em meados da década de 1970 por uma família cujo sobrenome era Amaral. Majoritariamente, os moradores do Morro do Amaral sobrevivem da pesca artesanal. Os pequenos restaurantes, além de oferecerem uma vista maravilhosa para a baía da Babitonga, comercializam peixes, siris, ostras e camarões pescados pelos moradores. Em julho, a comunidade do Morro do Amaral promove a Festa do Pescador. Aí exibe seu artesanato, serve os pratos da sua gastronomia, mostra as danças típicas, como a de São Gonçalo, entre outros números do seu repertório cultural, que, evidentemente, remete ao próprio modo de vida das pessoas que ali habitam.

Joinville, Dança de São gonçalo

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91 Museu Casa Fritz Alt

Lugar Santa Catarina, Joinville O Museu Fritz Alt, em Joinville, é uma edificação importante para o cenário cultural de Santa Catarina, pois nela residiu o artista plástico Fritz Alt. Nascido em 17 de setembro de 1902, em Lich, Alemanha, o artista transferiu-se para o Brasil após a Primeira Guerra Mundial, instalando-se em Joinville. Aqui, casou-se com Lea Richlin, com quem teve três filhos. Suas obras encontram-se espalhadas em praças, prédios e museus. Em 1968, a Prefeitura Municipal de Joinville criou a Escola de Artes "Fritz Alt", inaugurada em 14 de março de 1968, no mesmo ano em o artista faleceu. Também nesse espaço funcionou a Casa de Cultura de Joinville. Finalmente, em 1970, a prefeitura adquiriu a casa e a transformou em museu. Desde então, o Museu Fritz Alt mantém exposição permanente do artista, mostrando esculturas em gesso e bronze, o ateliê, pertences pessoais e seu antigo escritório.

92 Museu Histórico Thiago de Castro

Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Lages A história e a cultura do município de Lages, em Santa Catarina, estão representadas nas peças dos acervos do Museu Histórico Thiago de Castro. O museu, além de ser um espaço cultural e educativo, patenteia por meio de suas obras não só a memória de Lages, mas também de Santa Catarina e do Brasil. Nele estão depositadas diversas modalidades de artefatos do século XVIII ao XIX. Ou seja: armas, ferramentas, utensílios domésticos, indumentárias e imprescindível iconografia e fonte documental para se compreender o processo e a evolução de Lages no cenário catarinense.

Tropeiros, Coxilha Rica

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93 Nova Trento Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Nova Trento

Nova Trento foi colonizada por italianos vindos de Trento, na Itália, em 1875. Localizada a 80 quilômetros de Florianópolis, é conhecida nacionalmente por conta do turismo religioso e das peregrinações e celebrações católicas em louvor de Madre Paulina, beatificada em 1991, na capital catarinense, pelo então papa João Paulo II. Amábile Visintainer ou Madre Paulina deu início à Congregação das Irmãzinhas de Nossa Senhora da Conceição, em Nova Trento, em 1890. O legado cultural dos imigrantes italianos se manifesta, por exemplo, na gastronomia, nos costumes, nas formas de expressão e principalmente na religiosidade. Coberta por um patrimônio natural de montanhas, vales, cachoeiras e cascatas, exibe, da altura dos 525 metros acima do nível do mar do Morro da Cruz, uma das mais bonitas vistas de Santa Catarina.

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94 Palhoça Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Palhoça Fundada em 1793, Palhoça torna-se município em abril de 1894, colonizada inicialmente por luso-açorinanos que se fixaram na Enseada do Brito. Ocorreu, contudo, também a imigração de teutos, ítalos e africanos, conferindo ao município um ar de mosaico de diversas etnias. A partir da década de 1970, quando cerca de 70% da população se concentrava no campo e o município dependia da produção primária, a cidade passou a se desenvolver, transformando-se em pólo comercial e industrial. Palhoça é um lugar de referência para a cultura catarinense, preservando ainda suas tradições e costumes em manifestações culturais típicas como o boi-de-mamão, a dança do pau-de-fitas, o terno de reis e o pão-por-deus, entre outras formas de expressão.

95 Pântano do Sul Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Florianópolis

Pântano do Sul, praia de Florianópolis, abriga uma comunidade de pescadores que ainda vivem da pesca artesanal. Sem falar nas rendeiras, nos fazedores de tarrafa e rede de pesca, no Bar do Arantes. Em Pântano do Sul também se encontra uma grande variedade de artesanato, principalmente confeccionado com matéria-prima do litoral. As histórias de pescadores encantam os turistas − a pesca de peixes enormes, a bruxaria, o encantamento de sereias, etc. O local também guarda um importante sítio arqueológico. Pelas suas características, Pântano do Sul é um lugar que se destaca por seu contexto social e peculiaridades oferecendo uma infinidade de referências culturais.

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96 Planalto Serrano Lugar Íntegro Santa Catarina, São Joaquim, Lages, Bom Jesus da Serra

A região do Planalto Catarinense ou Serra Catarinense compreende as mesorregiões do Oeste catarinense, a região Serrana e uma parte do Planalto Norte. Por ter essa extensão e pelas peculiaridades dos municípios que a compõem, a região é considerada importante referência patrimonial e cultural de Santa Catarina. São Joaquim, por exemplo, um dos municípios desse Planalto, que se situa no meio de um Parque Nacional com mais de 49 mil hectares, é patrimônio ambiental catarinense, conhecido pela atração que exerce sobre turistas de inverno, quando ocasionalmente ocorrem precipitações de neve e a formação de geada. Já Lages, uma das cidades pioneiras no turismo rural, oferece aos visitantes pratos típicos da cozinha italiana e gaúcha, além de passeios a cavalo por fazendas seculares. A Serra do Rio do Rastro, no município de Bom Jardim da Serra, é conhecida também como Serra dos Doze. Ela desce em curvas sinuosas de uma altitude de 1.467 metros acima do nível do mar, constituindo uma das paisagens mais bonitas do

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97 Porto do Desterro Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Florianópolis

A Ilha de Santa Catarina, com seu Porto de Nossa Senhora do Desterro, foi uma das principais portas de entrada comercial e imigratória para o Brasil Meridional. Suas duas excelentes baías constituíam um ancoradouro ideal com qualquer vento. A ilha se tornou assim um porto de abastecimento e um ponto de apoio estratégico para o Atlântico Sul e para a Bacia do Prata. Os primeiros registros do povoamento europeu na Ilha de Santa Catarina datam do início do século XVI e coincidem com a abordagem intensiva de exploradores de madeira, aventureiros e estrangeiros de diversas procedências e origens, que acorreram ao litoral brasileiro tentando configurar a posse e a ocupação do território. Por volta de 1750, tem-se o registro de cerca de 6.500 imigrantes desembarcando no porto do Desterro, cujas condições geográficas contribuíram para o intercâmbio cultural provocado por viajantes, pelas suas embarcações e os imigrantes e migrantes que ali se fixaram.

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98 Pouso de Tropeiros Lugar Ruína Atual Santa Catarina, Lages e damais municípios do planalto serrano e norte catarinense

Por conta das paradas, popularmente conhecidas como “pousos”, para o pernoite dos tropeiros, os viajantes começaram a gerar uma demanda nos locais por onde passavam. Pequenos comércios, bares e pousadas foram surgindo em razão disso. Ao mesmo tempo, muitas vezes, devido ao clima e às chuvas fortes, as paradas se estendiam por dias, gerando espaços de sociabilidade entre os tropeiros e as comunidades. Assim, começaram a aparecer povoações e mais tarde foram se edificando verdadeiras cidades nos locais de pouso das tropas. A multiplicidade étnica, o intercâmbio cultural, de costumes e sociais marcaram profundamente os caminhos por onde passaram os tropeiros. E as cidades erguidas a partir desse encontro são lugares resultantes da história desses homens que desbravaram o Brasil no lombo de animais.

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99 Praça XV Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Florianópolis

A Praça XV de Novembro é uma edificação cultural e histórica que emoldura a paisagem urbana de Florianópolis. Na Praça XV está o Monumento em Honra aos Heróis Mortos na Guerra do Paraguai e os bustos que homenageiam catarinenses famosos: Cruz e Sousa, poeta, Víctor Meirelles, pintor, José Boiteux, historiador, e Jerônimo Coelho, fundador da imprensa no estado. Arborizada durante o século XIX, a praça recebeu árvores de grande porte, como palmeiras imperiais, fícus indianos e cravos-da-índia, mas a principal atração arbórea é a Figueira Centenária. Por causa dela, a praça é também conhecida como Praça da Figueira. A “personagem” em questão teria nascido em 1871 em um jardim que existia em frente à Igreja Matriz e que teria sido transplantada para o seu lugar atual em 1891. Muitos fazem simpatias para alcançar amor e fortuna junto à figueira. Além de oferecer a feirinha de artesanato típico, a praça concentra grande número de aposentados que contam histórias sobre a ilha e o próprio logradouro onde tradicionalm

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100 Processo de Ocupação da Região Oeste

Lugar Vigente Atual Santa Catarina, Chapecó, região oeste de SC

O processo de ocupação do Oeste catarinense refere aquela região como uma localidade questionada e conflituosa desde o final do século XIX. Já entre 1920 e 1970, verdadeiras empresas colonizadoras receberam concessões de terras para ali fomentar o comércio e abrir estradas e rodovias. A partir daí, começaram as disputas entre as diversas etnias regionais. Os Kaingang e os Xokleng, os descendentes de imigrantes europeus, principalmente ítalo-brasileiros, teuto-russos, teuto-brasileiros e os chamados caboclos, descendentes de afro-brasileiros. O grande problema está no modo como se estabelecem as relações entre esses grupos, com a terra, alvo de disputas e conquistas, servindo como pomo de discórdia. Para os indígenas e os caboclos, a terra é fonte de subsistência, com valor de uso, portanto. Já para os imigrantes e seus descendentes, os colonos, agricultores, ela possui valor comercial, de troca. Nesse sentido, tentar compreender esse processo conflituoso que ganhou corpo no Oeste catarinense é, ao mesmo tempo

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101 Quilombo São Roque

Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, São Roque O Quilombo de São Roque é considerado um território negro localizado entre os municípios de Mampituba (RS) e Praia Grande, cidade próxima à região de Florianópolis. A área do quilombo encontra-se na comunidade de Pedra Branca e tem 8 mil hectares. No quilombo moram cerca de 30 famílias. Alguns moradores contam que seus antepassados vieram para o quilombo em 1824. Embora os negros quilombolas tenham tentado viver conforme sua cultura e concepção de vida, as ações e litígios externos estão interferindo na comunidade. Desde a década de 1970, quando o Ibama tornou a área destinada à preservação um parque ecológico, os habitantes começaram a ter problemas para garantir a sua sobrevivência com suas antigas atividades econômicas. Os quilombolas já não podem mais plantar milho, feijão. Caso contrário, recebem multas do órgão ambiental. A garantia da sobrevivência conforme a cultura identitária dessa etnia está ligada ao direito à terra. Em 2004, a Fundação Zumbi dos Palmares reconheceu o Quilombo de São Roque como C

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102 Recreio do Trabalhador

Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Siderópolis O Recreio do Trabalhador é uma referência cultural catarinense localizada em Siderópolis, Sul do estado. O Recreio do Trabalhador é um clube, portanto, um lugar onde os trabalhadores das minas de carvão teriam possibilidades de fruir os produtos da cultura, dedicar-se à recreação e ao lazer e ao mesmo tempo uma edificação que simboliza esse lugar. Situado no bairro Fiorita, o Recreio do Trabalhador realiza anualmente, durante o carnaval, o “baile azul e branco”. O clube constitui-se em um espaço de sociabilidades que demarca e institui as representações culturais dos sideropolitanos.

103 Área indígena Toldo Pinhal

Lugar Vigente Atual Chapecó, Irani, Santa Catarina

A Reserva Indígena Toldo do Pinhal está localizada entre os municípios de Seara, Arvoredo e Paial na região Oeste de Santa Catarina. O processo de luta pela demarcação das terras indígenas de Toldo do Pinhal pertencentes aos Kaingang teve início em 1993 e ainda hoje há reivindicações não atendidas em relação a essa área reclamada por esse grupo étnico. Como a maioria das reservas e áreas indígenas brasileiras, a Toldo do Pinhal gerou diversos conflitos. O reconhecimento do território dos Kaingang referendou 9 mil hectares mas o governo cedeu apenas 893 hectares. Os Kaingang reclamam ainda sua sobrevivência na terra que une religiosamente seu povo para a reprodução dos elementos da sua cultura e o estabelecimento da sua autonomia social e econômica.

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104 Ribeirão da Ilha Lugar Vigente Atual Santa Catarina, Florianópolis

Ribeirão da Ilha foi uma das primeiras localidades a serem povoadas. Há vestígios arqueológicos de que os Carijó habitaram esse lugar no século XVI. Sua denominação origina-se do vocabulário indígena, ribeiracô, em alusão a um rio ou ribeira existente na praia. Em meados do século XVIII, iniciou-se o processo de colonização luso-açoriana na ilha, estimando-se que aproximadamente cinqüenta casais se estabeleceram no Ribeirão da Ilha, uma referência ainda hoje importantíssima para o patrimônio cultural catarinense, depositário de traços remanescentes da cultura luso-açoriana. Arquitetonicamente, se reflete no estilo das casas pintadas de cor-de-rosa com as janelas amarelas e as cortinas rendadas, mas também no estilo de edificações como a Igreja Nossa Senhora do Ribeirão e o Museu Etnológico do Ribeirão da Ilha. O Ribeirão é fundamentalmente uma comunidade de pescadores, com suas histórias fantásticas sobre bruxas e pescarias fabulosas. Na comunidade, as pessoas se conhecem e se reconhecem pelo seu modo de vi

Florianópolis (Ilha de Santa Catarina)

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105 Rua XV de Novembro

Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Blumenau O município de Blumenau é considerado referência do patrimônio cultural de Santa Catarina, pois, além de manter vivas as suas raízes étnicas fincadas na cultura germânica, é palco da maior festa alemã do Brasil, a Oktoberfest. Contudo, além disso, Blumenau tem a Rua XV de Novembro, um lugar repleto de simbologias, pela sua paisagem urbana e histórico-cultural. A XV se chamava Wurststrasse, Rua da Lingüiça, por ser muito estreita e cheia de curvas, formando uma espécie de lingüiça colonial. Logo depois, com o desenvolvimento urbano e econômico, passa a ser chamada de Rua do Comércio. Em 1890, recebe o nome atual e, em 1902, é reprojetada para se tornar menos sinuosa. Em 1903, por ela passa o primeiro automóvel da cidade. Em 1923, começa a receber calçamento, ganhando o título de primeira via calçada do interior de Santa Catarina, resistindo por quase 80 anos sem alteração. No dia 6 de junho de 1999, é retirado o primeiro dos paralelepípedos assentados na década de 1920 e substituídos pelas lajotas coloridas q

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106 Santo Antônio de Lisboa

Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Florianópolis

O distrito de Santo Antônio de Lisboa, em Florianópolis, é uma referência do patrimônio imaterial na categoria lugar, conforme preconiza o Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Enquanto lugar, Santo Antonio de Lisboa oferece, sob o aspecto cultural, diversos elementos característicos de sua localidade que permeiam o cotidiano e imaginário social das pessoas que lá vivem e dos turistas que visitam suas ruas e avenidas. As edificações históricas como a Igreja da Nossa Senhora das Necessidades, as formas de expressão como a gastronomia (pirão, risoto), as festas populares e celebrações religiosas como a Festa da Cruz, Festa do Divino e Festa de Santo Antonio, as danças típicas e os folguedos como o boi de mamão, o pau-de-fitas, a dança da ratoeira, o terno de reis, assim como as feiras de artesanato como a Feira das Alfaias e a Casa dos Açores e a arquitetura dos diversos casarões do século XVIII e XIX conferem à paisagem urbana um aspecto pitoresco e singular refletido na multiplicida

Florianópolis, Iha de Santa Catarina

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107 Seminário Sagrado Coração de Jesus

Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Corupá Concebido por missionários dehonianos, seguidores do padre Dehon, o Seminário Sagrado Coração de Jesus, na categoria edificação, é uma referência cultural importante para a região de Corupá em Santa Catarina. Preocupado com as vocações religiosas e sacerdotais, padre Germano Brand funda, em 1924, em Brusque, um pequeno seminário, transferido para Corupá em 1932. Já passaram pelo estabelecimento, desde essa data, mais de 3.600 alunos. Para a difusão dos preceitos católicos, o seminário é um forte ponto de convergência, centro educacional e cultural do catolicismo em Santa Catarina.

108 Sertão de Valongo Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Porto Belo O Sertão dos Valongos, em Porto Belo, é um lugar que se enquadra na categoria denominativa de territórios negros. Lá vivem 24 famílias negras, todas de religião adventista, e três brancas. Pelo estilo de vida e pela região que habitam, há indícios de que sejam remanescentes de quilombos. A economia gira em torno da plantação de banana, porém a maioria é obrigada a procurar trabalho em cidades próximas, pois a pesca e a agricultura não bastam para manter a sobrevivência das famílias. Em condições precárias de moradia, sem saneamento básico, água potável e energia elétrica, a comunidade de Valongo tenta sobreviver a duras penas. Não existem políticas públicas para essas comunidades estabelecidas em territórios negros, de modo a proporcionar a preservação de sua cultura e dos seus laços ancestrais.

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109 Sítios Arqueológicos Pré-coloniais

Lugar Ruína pré-colonial Santa Catarina, Urussanga, Crisciúma

Santa Catarina conserva diversos sítios arqueológicos pré-coloniais que remontam à história do homem catarinense, nesse caso situada numa época de civilizações tão antigas quanto as pré-colombianas. No litoral, as pesquisas nos sambaquis comprovam a tese segundo a qual o homem dos tempos sem registro escrito vivia perto do mar. As inscrições rupestres, por seu turno, indicam a existência de elementos que ligam a história das nossas comunidades “primitivas” às civilizações pré-colombianas. A ilha de Florianópolis detém o maior acervo rupestre do planeta, com indicações astronômicas que evidenciam o grau de conhecimento dessas populações. Como sítios arqueológicos pré-coloniais devem ser consideradas também as comunidades indígenas − os Guarani, os Carijó, por exemplo − que já habitavam o estado muito antes da chegada dos europeus.

110 Territórios Negros Lugar Íntegro Atual Santa Catarina, Florianópolis

Territórios negros são espaços de sociabilidade do negro, ocupação de uma determinada localidade para estabelecer vínculos com sua cultura. Nesse sentido, os terreiros de candomblé e umbanda são territórios negros, assim como as comunidades negras remanescentes dos quilombos. A existência em Santa Catarina de diversos territórios negros dispersos pelo estado provoca o ou sugere uma revisão do papel dos afro-descendentes na formação sociocultural e econômica catarinense. Ao mesmo tempo, propicia maior visibilidade à cultura negra.

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111 A Arte de Fazer Farinha

Ofício Vigente Atual Santa Catarina, Florianópolis e demais municípios do estado de SC

Os engenhos de farinha constituem edificações históricas que integram o patrimônio cultural de Santa Catarina. O ofício de produzir farinha pode ser entendido como um elemento da cultura imaterial representado em diversos grupos étnicos. Com o estabelecimento dos luso-açorianos em Santa Catarina em meados do século XVIII, intensificou-se a produção de farinha em engenhos. Inicialmente, esses engenhos incorporaram a técnica utilizada pelos Carijó (Guarani), do fabrico em moinhos de vento. Devido à irregularidade dos ventos e ao incremento da produção, as engrenagens foram adaptadas para utilização da força humana e do gado. Enfatize-se que os Guarani valiam-se do engenho para obter produção de subsistência baseada no cultivo de milho e mandioca. Com a mandioca, aliás, preparavam uma massa que assavam sobre uma placa de cerâmica, resultando em uma espécie de pão conhecido por beiju ou biju. Com a mesma raiz, obtinha-se ainda o cauim, bebida feita de mandioca cozida e fermentada. Famílias luso-brasileiras empenh

112 Arte de Fazer Cabanas e Balsas

Ofício Memória Santa Catarina, rio do Sul A arte de fazer cabanas e balsas é uma técnica artesanal utilizada pelos antigos balseiros nas travessias de rios para tropeiros, viajantes ou comerciantes. Construía-se a pequena balsa ou a cabana conforme a necessidade. Para as balsas, utilizavam-se toras de madeira; para as balsas, palha, vime e folhas e galhos de árvore. Esse ofício constitui-se hoje em patrimônio imaterial, vivo na memória e nas histórias da gente local.

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113 Balseiros Ofício Memória Santa Catarina, Chapecó Os balseiros do rio Uruguai são considerados trabalhadores do rio, pois auxiliavam os viajantes, comerciantes e tropeiros na travessia das bagagens. Geralmente essa travessia era intermediada por toras de árvores que viravam pequenas mas potentes balsas, confeccionadas artesanalmente pelos próprios balseiros. Nas comunidades que margeiam hoje o rio Uruguai em Chapecó, Santa Catarina, permanece viva a memória daqueles que tinham como oficio atravessar o curso d’água, contribuindo dessa forma para o crescimento econômico e o intercâmbio cultural da região.

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114 Benzedeiras Ofício Vigente Atual Santa Catarina, Xaxim, municípios do litoral

As benzedeiras são mulheres que vivem nas comunidades onde atuam. Populares, conhecidas, podem ser requisitadas não apenas pelos vizinhos, mas também por indivíduos de residentes em outros locais ou outras comunidades. No interior de Santa Catarina, a benzedura é mais bem-vista que recursos da própria medicina. As mulheres que possuem esse dom, consideradas abençoadas por Deus, teriam a missão de afugentar os diversos males que atingem as pessoas. Existe benzedura para “carne quebrada”, mau-olhado, arca-caída, ventre-virado, entre outros. Para se saber se uma criança está com ventre-virado, ela deve ser deitada de borco e ser estimulada a encontrar o pé direito com a mão esquerda. Caso não consiga fazê-lo, é prova da doença, podendo aparecer sintomas como dores de barriga, choramingo, entre outros. As benzeduras são feitas com ervas naturais, recomendando-se a ingestão de garrafadas durante um determinado período. As rezas são compostas geralmente pelas benzedeiras e reproduzidas de geração em geração. As be

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115 Carreteiro Ofício Vigente Atual Santa Catarina, Diversos município de SC

O ofício de carreteiros ainda hoje é uma opção para uma boa parte dos catarinenses. Quebrando tabus, atualmente existem mulheres pilotando carretas por toda Santa Catarina e pelo Brasil. Além de serem difusores e disseminadores da cultura catarinense país, os carreteiros vivem de forma nômade, pois passam uma boa parte do tempo nas estradas, intercambiando experiências, costumes e histórias. Dessa profissão, surgiu um prato na gastronomia, o carreteiro, uma espécie de arroz cozido com charque, geralmente preparado pelos próprios caminhoneiros.

116 Construções de Embarcações

Ofício Vigente Atual São Francisco, Florianópolis, São Francisco do Sul

A construção de embarcações permanece ainda um ofício a merecer reconhecimento em Santa Catarina. Os artesãos têm noção de engenharia e carpintaria e o ofício é passado de pai para filho, reproduzindo-se por gerações afora. Todavia, com todo o avanço tecnológico e as grandes empresas construtoras de barcos abocanhando a maior parte do mercado, o construtor de embarcações ainda é requisitado pelos pescadores artesanais que não possuem recursos suficientes para adquirir barcos caros. Dependendo do tamanho da encomenda, o trabalho poderá demorar até quatro meses. Do começo ao fim, o artesão domina todo o processo de produção, desde a escolha da madeira até a pintura e a tarefa de polir, que dá o acabamento. Tal domínio da técnica de construção de embarcações constitui autêntico patrimônio, que vem sendo preservado como um tesouro num determinado contexto comunitário do litoral de Santa Catarina.

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117 Feira de Arte e Artesanato

Ofício Vigente Todos os dias da semana, com maior intensidade, entretanto, nos finais de semana e vésperas de feriados.

Santa Catarina, Joinville, Florianópolis

As peças artesanais catarinenses constituem-se em referência da cultura local e nacional. Além de gerar renda, propiciam a inserção do artesanato do estado no mapa do turismo cultural. As feiras de arte e artesanato são simultaneamente expressões da cultura material e imaterial, uma vez que a confecção dos produtos comercializados nessas feiras se dá no seio mesmo das famílias, que repassam e reproduzem, geração após geração, suas técnicas, seus modos de fazer e sua forma de organizar a produção. Existem artigos que caracterizam e expressam a relação da população catarinense com a matéria-prima encontrada no meio em que esses artesãos e artistas estão inseridos. Nesse sentido, as peças remetem-se aos grupos que compõem o mapa das etnias presentes na formação dos catarinenses. As feiras agregam as diferentes expressões artísticas da população catarinense. Entretanto, paralelamente a elas, coexistem espaços alternativos. A lista de produtos apresenta grande variedade: renda, tricô, crochê, pintura, peças em mad

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118 Lenhador Ofício Memória Santa Catarina, Lages A mata de araucária é soberana no Planalto Serrano catarinense. E em Lages, um ofício que há algum tempo anda se esvaindo com as novas tecnologias e as novas concepções ecologicamente corretas é o de lenhador. Embora muitos lenhadores sejam de comunidades pequenas e utilizem o corte da madeira para garantir sua subsistência com respeito à natureza e ao meio ambiente, a exploração da madeira de forma desordenada e criminosa foi instigada pelas grandes do ramo para a geração de lucro exorbitante. O “lenhador de antigamente” migrou para o artesanato em madeira, hoje produzindo, adequando e readequando novas utilizações para a matéria-prima.

119 Mineração de carvão

Ofício Vigente Atual Santa Catarina, Crisciúma Criciúma, cidade localizada no sul de Santa Catarina, é conhecida nacionalmente por causa da mineração de carvão. As carboníferas de Criciúma empregam milhares de trabalhadores. O trabalho com carvão, há tempos não é mais artesanal. Mesmo assim, muitas mortes e acidentes de trabalho ocorrem nas mineradoras, o próprio tempo de vida de um carbonífero é reduzido por causa dos danos causados pela extração do carvão. Porém, enquanto referência cultural e turística, a mineração de carvão é um dos atrativos de Criciúma.

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120 Oficio das Rendeiras

Ofício Vigente Atual Santa Catarina, Florianópolis

O ofício das rendeiras expressa as características culturais, sociais e econômicas do espaço em que estão inseridas. Essa prática, ambientada no universo feminino, envolve o aproveitamento da natureza com a extração de matéria-prima, misturando-se com os afazeres domésticos e o trabalho familiar braçal. Repassada oralmente de geração em geração, a atividade convive, pode-se dizer, com as celebrações religiosas e a música. Expressão do artesanato catarinense, o ofício faz parte do elenco das diversidades regionais com influências étnicas definidas. O estado de Santa Catarina reúne em Florianópolis a maior concentração de rendeiras. Desde a costa de São Francisco do Sul até Laguna, encontram-se ainda pequenos núcleos de rendeiras. O ofício é uma referência que compõe o imaginário cultural catarinense. Para quem o pratica, além de representar um modo de afirmação da identidade, constitui-se, principalmente, em fonte de geração de renda. Esse trabalho é realizado em grupo, com as mulheres entoando cantigas e cont

121 Ofício de Oleiro Ofício Vigente Atual Santa Catarina, São José Em São José, município que integra a Região Metropolitana de Florianópolis, o ofício de oleiro é um patrimônio da cultura local. O artesão que trabalha na olaria tem no barro a sua matéria-prima principal. Além da técnica, adquirida com a experiência e o conhecimento repassado de geração para geração, geralmente no próprio meio familiar, um bom oleiro necessita de muita criatividade e precisão para dar ao barro uma outra funcionalidade. Assim, surgem de suas mãos diferentes utensílios como gamelas,

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panelas, vasos, pratos, entre outros.

122 Parteiras Ofício Memória Atual Santa Catarina, Treze de Maio, Blumenau

As parteiras são mulheres muito importantes no universo da cultura popular brasileira. Em Santa Catarina, em cidades do interior, essas mulheres cumprem ainda um papel importantíssimo, o de realizar partos domésticos. Reconhecendo a experiência e os saberes dessas mulheres, o Ministério da Saúde criou, em março de 2000, o programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais, para melhorar a assistência ao parto domiciliar em locais de difícil acesso e onde há carência de profissionais de saúde. Assim como no caso das pessoas que se dedicam às práticas de benzedura e curandeirismo, as parteiras atuam num contexto popular de interpretação e representação da realidade, uma das formas como o homem responde ao seu meio para garantir a sobrevivência.

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123 Pesca Artesanal Ofício Vigente Atual Santa Catarina, municípios do litoral catarinense

Santa Catarina possui um patrimônio ambiental riquíssimo, reunindo uma enorme quantidade de praias. Na maioria dessas praias residem comunidades que sobrevivem por meio da pesca artesanal. Entidades corporativistas (cooperativas, sindicatos) são estimuladas pelo poder público para garantir remuneração em tempos de embargo e desova dos pescados. Tradicionalmente, a pesca da tainha é o momento mais esperado pelos pescadores, pois, capturada em grande quantidade, os catarinenses saboreiam durante todo o inverno essa iguaria. Técnicas de confecção de redes, tarrafas e de construção de canoas constituem um importante acervo patrimonial da cultura desses trabalhadores, que sobrevivem única e exclusivamente da pesca.

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124 Produção de Erva Mate

Ofício Vigente Atual Santa Catarina, em diversos municípios do planalto norte e do Oeste Catarinense

A produção da erva-mate era tradicionalmente entregue ao caboclo, como uma espécie de refugo da plantação. Quando o produto começou a ser valorizado no mercado, os fazendeiros passaram a destinar esse trabalho aos seus peões. Quando a tarefa não podia ser cumprida, os fazendeiros cobravam parte da produção e coibiam o ingresso de pessoas alheias no serviço. A exploração do caboclo na produção ervateira foi intensa e a existência de ervais nativos no Meio-Oeste catarinense provocou a emergência de uma atividade em que o protagonista é justamente o caboclo, ou o mestiço. O trabalho ervateiro ocorria no inverno e o processo de extração passava por etapas que incluíam o corte, o sapeco, a secagem, o quebramento, a peneiração e o ensaque. Como o processo exigia continuidade, habitualmente o ervateiro trabalhava até altas horas da noite. Dessa forma, nas barracas improvisadas ou ranchos internados nas matas, o processo rudimentar dava conta do produto. A produção da erva-mate pode ser um patrimônio imaterial na ca

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125 Trançados Ofício Vigente Atual Santa Catarina, São Joaquim

Os trançados são peças de artesanato confeccionadas em vime. São Joaquim, na região Serrana do estado, além da forte atração que exerce para os turistas a ocasional ocorrência de neve, tem na sua produção artesanal outro motivo de interesse o turístico e cultural. A técnica é aplicada por grupos indígenas na confecção de produtos. Já para descendentes de italianos, lusos e teutos a técnica tem diversos usos e aplicações: a proteção de barrancas de rio, o fabrico de canoas, cangas de boi, calçados (tamancos) e artigos trançados de uso doméstico (cestas, balaios, gaiolas, etc.). Empregam-se ainda os trançados no paisagismo e no fabrico de brinquedos e móveis. Os trançados como são exercem uma função importantíssima na manutenção e reprodução da técnica do artesanato familiar, gerando renda e promovendo a divulgação cultural de Santa Catarina.

126 Tropeiros Ofício Memória Meados do Séc. XVII até o início do Séc. XX

Santa Catarina, Lages, e demais municípios do Planalto Serrano e Norte de SC

O oficio do tropeiro consiste na condução das tropas de gado em longas caminhadas que muitas vezes só irão terminar após meses de trabalho, no local de destino. As longas jornadas são interrompidas nos breves intervalos dos pousos, em meio à labuta como domador, laçador, castrador. Os locais de pouso dos tropeiros merecem destaque, pois foi justamente nesses pontos estratégicos de paradas que surgiram e prosperaram pequenos povoados, vilas e cidades. Os pousos dos tropeiros também eram locais de convivência após longa e fatigante jornada. Então faziam festas celebrando o sucesso do itinerário com música, danças, contação de historias e lendas, apreciando a

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culinária regional. Muitas histórias épicas de tropeiros permeiam o imaginário do Oeste e Centro-Oeste de Santa Catarina. Sobretudo o oficio do tropeiro contribuiu para o desenvolvimento econômico do estado e também para o intercâmbio e a difusão de costumes e culturas diversas.