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ANÁLISE DA VEGETAÇÃO DO MANGUEZAL NO ENTORNO DA BAÍA DE
VITÓRIA-ES UTILIZANDO O ÍNDICE DE VEGETAÇÃO DA DIFERENÇA
NORMALIZADA (NDVI) - EM 1975, 2000 E 2011
Lucas de Souza Leite (a), Marcone Henrique de Freitas (b), Francismar Cunha
Ferreira (c)
(a) Departamento de Geografia/Centro de Ciências Humanas e Naturais, Universidade
Federal do Espírito Santo, [email protected]
(b) Departamento de Geografia/Centro de Ciências Humanas e Naturais, Universidade
Federal do Espírito Santo, [email protected]
(c) Departamento de Geografia/Centro de Ciências Humanas e Naturais, Universidade
Federal do Espírito Santo, [email protected]
Eixo: Unidade de Conservação: usos, riscos, gestão e adaptação às mudanças globais.
Resumo A cidade de Vitória, situada majoritariamente numa ilha (29,31km²), apoiou-se na estratégia dos aterros para
expansão de sua malha urbana de modo que estes tiveram impacto considerável na extensão e qualidade das áreas
de manguezal nos arredores do município. Desta forma, este artigo teve como objetivo quantificar e qualificar a
evolução destas áreas de manguezal por meio de análises de imagens do satélite Landsat-5 em três anos distintos
(1975, 2000 e 2011). Os resultados mostraram que ao longo desse período o Manguezal da baía de Vitória
apresentou redução em relação à área. Por outro lado, o Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI)
que foi calculado revelou considerável evolução em relação à qualidade da vegetação, atribuídas principalmente
ao incremento de legislações, em âmbito federal, tais como a criação do Sistema Nacional de Unidade de
Conservação (SNUC - Lei 9985/2000) e as alterações realizadas no Código Florestal Brasileiro (Lei
12.651/2012).ctx4e
Palavras chave: Manguezal; NDVI; Sensoriamento Remoto; Unidades de Conservação;
Urbanização.
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1. Introdução
As grandes cidades brasileiras, de maneira geral, apresentaram intenso processo de
urbanização, a partir da década de 40 do século XX, conforme enfatiza Maricato (2000).
Segundo a autora, em 1940, a população urbana representava taxa de 26,3%, já em 2000,
81,2%. Dito isto, é possível afirmar que o processo de urbanização se intensificou de maneira
recente e tardia no país, se comparado com outros, tendo como consequência, principalmente
a supressão vegetal nos ambientes naturais.
Campos Jr. (1996) destaca que até a primeira metade do século XX, Vitória possuía
um inexpressivo índice de urbanização. Este processo se intensificou a partir da segunda
metade do século passado, tendo o processo de industrialização como principal fator
desencadeador, com destaque para a década de 70, contexto da instalação de grandes
empreendimentos industriais, como a ex-estatal, Companhia Vale do Rio Doce, por
exemplo. A cidade apresenta biomas tipicamente costeiros, onde se destaca o ecossistema
manguezal, predominante ao longo da Baía de Vitória e municípios limítrofes. Durante o
processo de expansão, muitas áreas de manguezal foram aterradas para serem destinadas a
loteamentos e assentamentos urbanos. Os aterros na cidade fizeram parte de um projeto de
planejamento iniciado em 1896 e chamado de Novo Arrabalde. O planejamento consistia
em aumentar a área de ocupação da cidade através de aterros que abarcariam áreas de
manguezal e de mar. A partir da década de 1960, os aterros foram realizados com
intensidade e novos bairros surgiram onde antes eram manguezais ou oceano, como afirma
Campos Jr (1996), a área do Novo Arrabalde compreendia o que hoje são os bairros: Barro
Vermelho, Praia do Canto, Santa Lúcia, Santa Helena, parte do bairro Suá e Jucutuquara.
Posteriormente, à medida em que houve incremento da população, em especial, por
conta do grande número de migrantes atraídos pelo crescimento industrial, surgiram outras
áreas de ocupação oriundas dos aterros, localizadas mais afastadas em relação às
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áreas centrais e desenvolvidas fora do planejamento público. Durante a elaboração do Novo
Arrabalde, a cidade contava com população que não alcançava a marca dos 10.000
habitantes e compreendida sobre uma área de 3 milhões de metros quadrados (Campos Jr,
1996). Ao decorrer dos anos de 1990 a população foi sextuplicada e segundo dados da
Prefeitura Municipal de Vitória, o intervalo de 1990 a 2000 caracteriza-se pelo adensamento
da urbanização nos bairros da capital, quando as áreas vazias cedem espaço aos últimos
loteamentos. Neste contexto, muitas áreas de manguezal e de estuário tiveram sua extensão
reduzida e ocupada, os bairros oriundos dos aterros dos anos de 1970 se expandiram e a
mancha urbana se intensificou, o que contribuiu para a redução da vegetação de mangue.
Desta forma, esta pesquisa tem como objetivos analisar e compreender a supressão
das áreas de manguezais restantes na cidade de Vitória à medida que houve intensificação
da expansão urbana, a partir de um recorte temporal dos anos 1980, 2000 e 2011, por meio
da interpretação de imagens de satélite e análise do Índice de Vegetação da Diferença
Normalizada (NDVI).
No que tange ao ecossistema Manguezal no Espírito Santo, Tiengo (2017) aponta
que estão inseridos na Unidade Fisiográfica, que se estende desde o Recôncavo Baiano até
Cabo Frio no Rio de Janeiro, de acordo com a divisão estabelecida por Schaeffer-Novelli et
al., (1990). Na baía de Vitória, o ecossistema apresenta uma extensão de 18 km² - o que
permite considerá-lo como um dos manguezais em áreas urbanas mais representativos do
Brasil. De acordo com Vale (2004, apud Tiengo 2017), o Rio Santa Maria da Vitória, um
dos principais afluentes da bacia hidrográfica, apresenta em seu delta condições favoráveis,
em relação ao depósito de sedimentos para o desenvolvimento do Manguezal, já que tem
sua desembocadura em uma baía, e não diretamente no mar.
2. Metodologia
A área do manguezal da baía de Vitória, é situada entre o aglomerado urbano dos
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limites de Serra, Cariacica e Vila velha, municípios que, juntos, apresentam os mais
relevantes polos de desenvolvimento econômico, tecnológico e industrial do Espírito Santo.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2015), a região
possui uma população com cerca de 1.730.033 habitantes e uma área territorial de
aproximadamente 114.010 km².
Para a realização desta pesquisa foram utilizadas três imagens do satélite Landsat 5
(1987, 2000 e 2011), cujas informações adicionais se encontram na tabela a seguir (Tabela
I), ambas adquiridas gratuitamente no catálogo de imagens do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE). Além dessas imagens de satélite, adiquiriu-se o arquivo
shapefile da divisão político-administrativa do Espírito Santo, da base cartográfica do
Instituto Jones Santos Neves (IJSN).
Tabela I - Informações sobre as imagens de satélite obtidas.
Satélite Órbita Ponto Data
Landsat 5
205 074 12/09/1987
205 074 18/08/2000
205 074 25/04/2011
Fonte: INPE
Após a obtenção das imagens de satélites e do shapefile do limite dos municípios do
Espírito Santo, com o auxílio da principal ferramenta de processamento de informações
georreferenciadas do ArcGis, o ArcMap (versão 10.1), que oferece vasta gama de
ferramentas para o processamento de informações geográficas, proporcionando ao usuário
um ambiente propício para visualizar, analisar e editar as imagens e dados geográficos,
realizou-se o recorte digital das imagens de satélite e seu georreferenciamento.
O Satélite Landsat 5, continha acoplado o sensor Thematic Mapper (MT), possuindo
sete bandas, contendo resolução espacial de 30 metros. Para o processamento das imagens,
obtidas a partir desse satélite, utilizamos as bandas 3 e 4 que, segundo informações
disponibilizadas pela Divisão de Geração de Imagens do INPE, são as mais
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indicadas para identificação de feições vegetais, já que a banda 3 possui resolução
satisfatória para vegetação densa e é a banda mais utilizada para delimitar mancha urbana;
por outro lado, a banda 4 possui boa resolução para identificação de corpos hídricos e a
vegetação densa e uniforme reflete bastante energia nesta banda.
Delimitou-se a área de estudo, a partir do arquivo Shapefile da divisão política do
Espírito Santo e sobre este arquivo foram inseridas as bandas 3 e 4. Com o auxílio da
ferramenta de processamento de informações georreferenciadas Arctoolbox, foi delimitada
a imagem de satélite para a região de estudo. Posteriormente, ainda utilizando o Arctoolbox,
executou-se a calculadora raster, contida na ferramenta Spatial analyst tools e partir destes
dados foi determinado o Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (Normalized
Difference Vegetation Index - NDVI). Este índice é utilizado para classificação das
mudanças de adensamento da vegetação nas imagens dos três anos considerados neste
trabalho, visto que este considera a taxa de reflectância da clorofila, contidas na vegetação,
para a realização do cálculo. Segundo Shimabukuro et al. (1998, apud Melo, 2011) o NDVI
é utilizado no cálculo da biomassa, na estimativa da cobertura vegetal e na detecção de
mudanças de padrão de uso e cobertura da terra. Demarchi et al. (2011, apud Leite, 2017),
enfatiza que o NDVI é o mais utilizado, pois reduz os efeitos topográficos, sendo que uma
de suas principais atribuições é destacar as distintas fisionomias de uma imagem. Sendo
assim, os valores do NDVI, nesta pesquisa, são classificados de -1 à 1, de modo que, quanto
mais próximo de 1, maior a densidade da cobertura vegetal (SHIMABUKURO, 2007).
Para o cálculo do NDVI, utilizou-se a seguinte equação:
NDV I P ivp − Pv
P ivp + Pv
onde P ivp representa a reflectância do vermelho próximo e Pv é a reflectância no vermelho.
Em termos práticos, ao realizarmos a referida equação no Arctoolbox, mais especificamente
= ,
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executando a calculadora raster, seguimos o seguinte script:
Float(Banda 4 - Banda 3) /Float(Banda 4 + Banda 3)
Com o objetivo de facilitar a análise comparativa dos três anos selecionados, quais
sejam, 1987, 2000 e 2011, inserimos no mapa a shapefile do Manguezal de Vitória,
elaborada no ano de 2010, disponibilizada na plataforma online GeoWeb, da Prefeitura
Municipal de Vitória (PMV). A análise dos dados (redução ou aumento do manguezal) foi
realizada tendo como referência a demarcação feita em 2010. Para a análise das imagens,
realizamos a classificação do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada, a partir da
escala de cores mostrada na Figura 1, em que cada cor é referente a seguinte classificação:
● -1 a -0,6 (Vermelho): Solo exposto;
● -0,6 a 0,2 (Laranja ao Amarelo): Mancha urbana;
● 0,2 a 0,6 (Verde Claro): Vegetação rasteira e/ou pouco densa;
● 0,6 a 1 (Verde Escuro): Vegetação Densa, indicando área de maior preservação
florestal.
Figura 1 - Valores da razão entre as bandas do vermelho e infravermelho próximo.
3. Resultado e Discussões
A década de 1980 é marcada por um período de intensificação da urbanização na
referida área de estudo. Em consequência a este processo, tem-se a supressão de áreas
naturais e de vegetação primária, atrelada aos intensos processos de aterro, dada as
características geomorfológicas da cidade de Vitória, sendo denominada por Freire (2011,
p.) como “cidade-ilha”. Podemos observar, portanto, as influências desses processos na
vegetação do manguezal da baía de Vitória, conforme mostra o mapa da Figura 3, que
representa a qualidade do ecossistema a partir da análise do índice de adensamento
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vegetativo proposto. Em relação ao tamanho, a comparação é feita com a área do
Manguezal delimitada em 2010, demarcada no mapa pela área hachurada.
Figura 2 - Índice de vegetação da diferença normalizada (NDVI) da área do manguezal em 1987.
Em todas as imagens, de uma maneira geral e seguindo como padrão a classificação
de cores e de uso do solo descritas na metodologia, infere-se que, quando analisado em
relação à extensão, existem muitas áreas do ecossistema manguezal que estão dentro do
polígono traçado em 2010 (área hachurada) que aparecem, em 1987, como sendo ocupações
urbanas. Isso pode, de antemão, ser uma evidência de que em 2010 o manguezal apresentava
maior extensão, em relação à área de 1987. No que tange ao NDVI, o mapa mostra muitos
pontos de concentração na tonalidade verde escuro (0,6 a 1), o que indica preservação da
vegetação densa. Em relação às áreas urbanas, representadas na imagem pela tonalidade que
varia do laranja ao amarelo (-0,6 a 0,2), a partir da imagem da década de 80, considera-se
que são pouco expressivas e que contam com muitas áreas de vegetação menos densas,
espaçadas pela cidade.
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Isso se torna ainda mais evidente quando comparamos com a imagem do ano de 2000
(Figura 4), em que pode ser percebido considerável adensamento da mancha urbana e
consequente aumento da retirada da vegetação, podendo ser percebida a partir do crescimento
das áreas de solo exposto.
Figura 3 - Índice de vegetação da diferença normalizada (NDVI) da área do manguezal em 2000.
No que tange ao manguezal de Vitória, podemos considerar que em termos de área
de abrangência, tendo como referência o polígono traçado em 2010, o ecossistema não
sofreu grandes alterações, entretanto, em relação a qualidade, houve uma expressiva redução
dos índices vegetativos, que pode ser percebida por meio do maior espaçamento dos pontos
de maior concentração das taxas de clorofila, ou seja, maior espaçamento das áreas em tom
verde escuro (0,6 a 1).
Um aspecto que revela a perda da qualidade da vegetação é o expressivo crescimento
urbano nas áreas ao entorno do manguezal, como notável nos municípios de Cariacica e
Serra, localizados ao noroeste e norte da baía de Vitória, respectivamente. Tal fato é
evidenciado por Freire (2011):
[...] Se deve ao fato de que as regiões oeste, noroeste e norte da baía de Vitória,
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constituem-se nas últimas áreas possíveis ao crescimento horizontal da
cidade/município de Vitória, sobretudo pela transformação de mangues em solo
urbano criado e incorporado à cidade, processo que teve início nos anos 70, a princípio
tendo como sujeitos desse processo dezenas de famílias destituídas de tudo, migrantes
de estados vizinhos e do interior do estado em busca de trabalho na região
metropolitana em grande crescimento econômico/industrial. (Freire, 2011).
Em contrapartida, quando realizada a análise da imagem de 2011 (Figura 4), são
evidentes várias mudanças no que se refere à ocupação do solo e à qualidade vegetativa do
manguezal, quais sejam, aumento da área de abrangência do manguezal em relação a
delimitação de 2010 e maior participação dos pontos de adensamento de clorofila no
manguezal. Por outro lado, nas áreas de grande adensamento populacional, como nos bairros
próximos ao mar e à baía de Vitória, por exemplo, onde Freire (2011) salienta serem marcadas
por uma maior concentração de edificações e onde as possibilidades de expansão praticamente
já se esgotaram, percebe-se predominância ainda maior da tonalidade de laranja e amarelo (-
0,6 a 0,2), destacando intensificação do processo de urbanização. Segundo a autora (Op. Cit.),
são nestas porções da cidade que se concentram os principais processos de verticalização, as
novas centralidades e onde estão os bairros mais abastados da capital. Além disso, ela destaca
que, do outro lado do maciço central, na baía noroeste da cidade, o manguezal resiste e se
impõe em relação ao avanço e incorporação do solo urbano da cidade (FREIRE, 2011, p. 37).
As maiores concentrações dos pontos de adensamento de clorofila no manguezal são
atribuídas, principalmente, às legislações ambientais criadas, com o objetivo de preservar e
regulamentar as atividades ambientais. Os primeiros procedimentos legais a serem destacados,
que contribuem para o aumento da qualidade vegetativa do manguezal, são as alterações
realizadas no Código Florestal Brasileiro (Lei 12.651/2012). A partir das edições realizadas
nesta Lei, o Manguezal passou a ser considerado como Área de Preservação Permanente (APP)
e regulamentado, portanto, pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).
Anteriormente, quando à época do Código Florestal de 1965 (Lei
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4.471/1965), além do manguezal não ser considerado como um ecossistema que necessita de
preservação por si, mas como uma feição vegetal protegida em segundo plano pela preservação
das restingas, os municípios e estados podiam definir e intervir sobre a proteção e manejo do
ecossistema.
Figura 4 - Índice de vegetação da diferença normalizada (NDVI) da área do manguezal em 2011.
Apesar da atualização do Código Florestal ter trazido grandes avanços no que tange
à preservação do manguezal, enquanto ecossistema, esta apresenta contradições e
defasagens em seu texto. Fala-se da não consideração das feições de apicuns e salgados
como essenciais para a dinâmica do ecossistema, como enfatiza Albuquerque et al. (2015)
Percebe-se no novo Código Florestal que o legislador tentou harmonizar os direitos,
já que resguardou os manguezais como áreas de preservação permanente, mas deixou
os apicuns e salgados como áreas de uso ecologicamente sustentável - eis que existem
interesses de carcinicultores e do setor salineiro (ALBUQUERQUE et al., 2015, p.
147).
Os autores evidenciam que os apicuns e salgados, que são feições internas ao
manguezal e tem papel fundamental para seu pleno funcionamento, não foram incluídos
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na legislação, que prevê o “uso ecologicamente sustentável de apicuns e salgados”, sendo
autorizado, dessa forma, atividades econômicas como instalação de salinas (mais comuns
no Norte e Nordeste do Brasil) e práticas de pesca e criação de crustáceos.
Outro exemplo de procedimento legal que contribuiu para a preservação do
ecossistema é a criação do Sistema Nacional de Unidade de Conservação (SNUC - Lei
9985/2000), impondo duas grandes categorias de áreas de preservação, sendo elas, de
Proteção Integral e de Uso Sustentável. A principal finalidade do SNUC é ditar as diretrizes
do manejo e proteção das UC’s. Em Vitória o sistema foi responsável pela criação de dez
Unidades de Conservação, sendo a maioria classificada na categoria de Parque Natural
Municipal (PNM) e Estação Ecológica Municipal (EEM), com destaque para Ilha do
Lameirão, localizada no manguezal de Vitória.
4. Considerações Finais
No que tange aos resultados dos três anos e ao desempenho do NDVI, consideramos
que o ecossistema Manguezal no entorno da baía de Vitória apresentou pequena variação
em relação à extensão, principalmente se comparado à demarcação feita em 2010 pela PMV.
Já em relação à qualidade da vegetação, consideramos que em 1987 a vegetação apresentava
densidade elevada de clorofila por área, padrão que se mostrou alterado no ano de 2000.
Atribui-se esta alteração, principalmente, aos processos de intensificação da urbanização da
cidade de Vitória, intensificada, como evidencia Freire (2011), a partir da década de 70. Em
2011, a qualidade da vegetação apresentou significativa melhora, em relação aos outros anos
analisados, pois continha pontos com elevada concentração de clorofila, identificadas na
imagem do satélite pelo tom de verde mais escuro. Confere-se esta melhoria, portanto, ao
incremento de legislações de âmbito federal que vislumbram sobre a proteção e manejo do
ecossistema, como a inclusão do manguezal à categoria de Área de Proteção Permanente,
prevista pelo Código Federal de 2012, passando a ser de responsabilidade do SNUC.
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5. Referências Bibliográficas
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ambiental brasileira. Rio de Janeiro: GEOgraphia. v. 17, n. 33, p. 126- 153, 2015.
CAMPOS JÚNIOR, C. T. Novo Arrabalde: Ed. Prefeitura Municipal de Vitória. 1ª
Edição. p. 09-237. 1996.
FREIRE, A. L. O. Urbanização e a mudança na paisagem e nos tempos da vida: um
estudo sobre Vitória-ES. Goiânia: Ateliê Geográfico. v.5, n.3, p. 32-56, 2011.
MARICATO, Ermínia. Urbanismo na periferia do mundo globalizado: metrópoles
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MELO, E. T. et al. Aplicação do índice de vegetação por diferença normalizada (NDVI)
para análise da degradação ambiental da microbacia hidrográfica do Riacho dos
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NOVELLI, Yara Schaeffer. Manguezal, ecossistema entre a terra e o mar. São Paulo:
Caribben Ecological Research, 1995.
TIENGO, R. P. Manguezais sob uma perspectiva social e econômica: percepção ambiental
dos serviços ecossistêmicos presentes na Ilha das Caieiras, Vitória, ES. Trabalho de
conclusão de curso (bacharelado em Geografia). Departamento de Geografia do Centro de
Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, 2017.
VALE, C. C. Séries geomórficas costeiras do Estado do Espírito Santo e os habitats para o
desenvolvimento dos manguezais: uma visão sistêmica. Tese. Doutoramento. Universidade
de São Paulo. FFLCH. USP, 2004. 386f