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IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa-PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013

Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013

Manifestações patológicas na construção

Análise das manifestações patológicas existentes no conjunto habitacional Monte Carlo – Presidente Prudente

Analysis of pathological manifestations in existing housing Monte Carlo - Presidente Prudente

Gabriella Fernandes Murari (1); Cesar Fabiano Fioriti (2)

(1) Graduanda em Arquitetura e Urbanismo, Bolsista FAPESP, Universidade Estadual Paulista – UNESP

(2) Professor Assistente Doutor, Universidade Estadual Paulista – UNESP [email protected], Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT, Departamento de Planejamento,

Urbanismo e Ambiente, Rua Roberto Simonsen nº 305, CEP: 19060-900, Presidente Prudente - SP

Resumo

No Brasil, tem-se observado um aumento significativo na incidência de anomalias em edificações voltadas à habitação popular. A ocorrência de manifestações patológicas em habitação de interesse social é o ponto preponderante deste trabalho. Identificar quais são as anomalias e com que frequência elas ocorrem permite estabelecer medidas preventivas e corretivas em projetos, na execução, na especificação de materiais e/ou no manual do usuário, a fim de se evitar a recorrência em outros empreendimentos. Dessa forma, neste trabalho foram realizados levantamentos quantitativos das manifestações patológicas presentes em uma amostra de 15 unidades no conjunto habitacional Monte Carlo, localizado no município de Presidente Prudente - SP. Através de inspeção visual foi possível observar as condições atuais das unidades habitacionais pós-ocupadas, diagnosticando as manifestações patológicas ocorridas em vários elementos construtivos das unidades, desde a data de sua ocupação em novembro de 2007 até os dias de hoje. As manifestações patológicas encontradas foram basicamente as mesmas entre as unidades. De uma forma geral, as manifestações mais comuns se relacionaram a fissuras na fundação (radier), na supraestrutura (vergas, contravergas e cinta de amarração), na alvenaria de elevação (paredes) e no revestimento externo. Grande parte das unidades habitacionais também foi acometida por problemas relacionados à umidade, como manchas no revestimento externo das paredes e no radier. Outra manifestação comum às edificações foram os lascamentos na cinta de amarração. A quantidade de ocorrências foi um indício que ainda há muito por se fazer em termos de qualidade e durabilidade aliadas ao baixo custo, na construção de moradias populares. Palavra-Chave: habitação de interesse social, manifestações patológicas, moradias populares.

Abstract

In Brazil, there has been a significant increase in the incidence of abnormalities in buildings aimed at housing. The occurrence of pathologies in social housing is the predominant point of this work. Identify what are the abnormalities and how often they occur allows establishing preventive and corrective measures for projects in execution, the specification of materials and / or in the user manual, in order to prevent recurrence in other ventures. Thus, this study was conducted quantitative surveys of pathological manifestations present in a sample of 15 housing units in Monte Carlo, located in the municipality of Presidente Prudente, state of São Paulo. Through visual inspection was possible to observe the current conditions of the post-housing units occupied by diagnosing the pathological manifestations occurring in various construction elements of units from the date of its occupation in november 2007 until the present day. The pathological manifestations were found basically the same between the units. In general, the most common manifestations are related cracks in the foundation (radier) in suprastructure (yards, and contravergas belt anchor), lifting the masonry (walls) and the outer casing. Much of the housing units was also affected by moisture-related problems such as spots on the outer covering of walls and raft. Another common manifestation of the buildings were chipping in lashing strap. The number of occurrences was an indication that there is still much to be done in terms of quality and durability coupled with the low cost, the construction of affordable housing. Keywords: social housing, pathological manifestations, affordable housing.



1 Introdução

A questão habitacional no Brasil constitui-se em um dos mais graves problemas sociais atuais, onde a grande velocidade de construção dos conjuntos habitacionais associada aos baixos níveis de investimento nas cidades e à ausência de planejamento, trouxe como consequência graves problemas habitacionais onde eles se apresentam sob a forma de proliferação de moradias de baixa qualidade construtiva.

De maneira paralela, a patologia das construções trata-se de uma ciência de fundamental importância para a construção civil, uma vez que se caracteriza pelo grande potencial de dados obtidos na análise dos problemas que ocorrem nas edificações, podendo evitar, assim, que esses problemas venham a se repetir, contribuindo para um melhor controle de qualidade no processo de construção de novas edificações.

Através do estudo dos principais mecanismos de deterioração que pode ocorrer nas construções, podem-se propor correções e soluções dos problemas patológicos a fim de evitar que eles ocorram novamente. Assim, de acordo com [1], a ciência da patologia das construções é de suma relevância, pois através dela é possível otimizar o processo de projeto e metodologia construtiva. Os seguintes aspectos, segundo o mesmo autor, denotam a importância de se estudar as manifestações patológicas envolvidas na construção civil:

evolução da tecnologia dos materiais de construção e das técnicas de projeto e execução;

conjuntura socioeconômica de países em desenvolvimento, com obras conduzidas com rapidez, porém com pouco rigor no controle de qualidade;

ausência de uma mentalidade voltada à manutenção ou prevenção (custo inicial e custo final);

ausência de catalogação dos registros decorrentes do não acompanhamento em obra dos projetistas e construtores;

normatização insuficiente.

As manifestações patológicas podem surgir devido ao envelhecimento natural da edificação, no entanto, elas também podem ter origem em erros de projeto, erros na construção e à falta de manutenção. Para [2], muitas manifestações patológicas podem ser atribuídas à negligência de ações, à desconsideração de agentes agressivos ou mesmo ao insuficiente conhecimento de processos degenerativos.

As manifestações patológicas, congênitas (projetos), executivas (construção) ou do emprego de materiais inadequados, causam anomalias que interferem significativamente no bom desempenho das construções. Elas se originam, segundo [3], nas fases de planejamento, projeto, fabricação de materiais e componentes, execução ou uso, sendo que a ocorrência pode estar relacionada ao nível de controle realizado em cada uma dessas fases.

Falhas de projeto dificilmente são consertadas no canteiro de obras e os principais erros são provenientes da falta de detalhamento necessário [4]. Assim, o estudo dos problemas que se manifestam nas edificações quando identificados em sua fase de origem, contribui para que, em obras futuras, sejam tomadas medidas preventivas que evitariam outras anomalias, que acarretam prejuízo financeiro em sua correção.

Os fenômenos patológicos geralmente apresentam manifestações externas características, a partir das quais se pode deduzir a natureza, a origem e os mecanismos dos fenômenos envolvidos [5].



Para [6], a sintomatologia é um importante assunto a ser abordado nas manifestações patológicas, pois se trata do quadro que torna evidente que a construção é acometida por algum processo patológico. Os sintomas mais comuns são: fissuração, desagregações, deslocamentos, falhas de concretagem, deformabilidade excessiva, manchas de umidade, bolor e/ou outros microrganismos, eflorescências, mau funcionamento de esquadrias, vibração excessiva, problemas de ventilação e mudanças de coloração.

Desta maneira, a maioria das manifestações patológicas pode ser evitada com planejamento e investimento em projetos de detalhamento adequado, com a contratação de mão de obra qualificada e treinamento dos trabalhadores envolvidos no processo, com a escolha apropriada dos materiais e componentes da construção e, por fim, com uma manutenção apropriada da edificação.

Assim, o presente trabalho teve como objetivo geral identificar visualmente, numa amostra, as manifestações patológicas presentes e as mais frequentes nas unidades produzidas no conjunto habitacional Monte Carlo, situado no município de Presidente Prudente. Através de estudo de caso ocorreu o desenvolvimento do trabalho em campo e a coleta de dados, com posterior apresentação e análise dos resultados obtidos.

2 Metodologia empregada

Este trabalho se limitou ao estudo de caso, sendo considerada para a pesquisa uma amostra de 15 unidades no conjunto habitacional Monte Carlo, composto de 145 unidades habitacionais, localizado no município de Presidente Prudente.

Salienta-se que não foi objetivo deste trabalho entrar no mérito da qualificação e da atuação dos profissionais e empresas que participaram dos projetos e execução destas obras, sendo o foco único o levantamento quantitativo das manifestações patológicas vistas sob a ótica da sintomatologia.

Assim, considerando-se a magnitude do trabalho e visando fornecer clareza e objetividade referentes as anomalias nas 15 unidades habitacionais analisadas, foi adotado um método misto de questionário, entrevista e observação direta, de acordo com a planilha parcial mostrada na Tabela 1, adaptada de [7], que foi preenchida pelos pesquisadores, auxiliados pela sua percepção, colaboração dos moradores e visão crítica dos fenômenos presentes nas edificações.

Tabela 1 – Trecho da planilha utilizada para levantamento em campo. (Fonte: [7], adaptado)

Definida a metodologia de preenchimento da tabela e elaborados os instrumentos de coleta, se iniciou o trabalho de campo, no qual foram realizadas as vistorias e, após a coleta dos dados, gerou-se a documentação escrita e fotográfica para o trabalho.

As vistorias para a coleta de dados tiveram como premissa a observação dos problemas de construção que prejudicavam o desempenho das edificações, causando algum tipo de mal estar a seus habitantes. Foram analisadas anomalias no que tange à habitabilidade, segurança e estética.



O conjunto habitacional objeto deste trabalho compreende, como já mencionado, 145 unidades, tornando-se inviável analisar todas em um curto espaço de tempo. Optou-se, então, pela utilização de uma amostra representativa de 15 unidades.

A escolha do conjunto habitacional foi apoiada nos seguintes critérios:

data de entrega das residências do conjunto habitacional – sendo um conjunto de 2007, trata-se de residências novas e que, em tese, devem atender satisfatoriamente às exigências do usuário;

técnica construtiva – unidades habitacionais unifamiliares térreas estruturadas em concreto armado, fechamento em alvenaria de blocos cerâmicos com revestimento em reboco e pintura, além de cobertura em treliça de madeira e telhas cerâmicas;

local da construção – empreendimento localizado na cidade de Presidente Prudente, em zona residencial de média densidade populacional.

Procurou-se registrar apenas a existência de manifestações patológicas nas unidades habitacionais, certificando-se em qual elemento essas anomalias se encontravam.

3 Resultados e análise

• Localização

O conjunto habitacional Monte Carlo está localizado na zona sudoeste do município de Presidente Prudente (Fig. 1). É composto por unidades térreas (tipologia na Fig. 2) e foi implementado visando beneficiar famílias com renda de até quatro salários mínimos. Cada unidade possui 38,02m² de área, divididos em sala, cozinha, banheiro, dois quartos e área de serviço, além de uma garagem. O loteamento foi entregue em novembro de 2007, constando a realização de toda a infraestrutura de esgoto, água potável, guias e sarjetas, pavimentação, energia elétrica, iluminação pública e calçada.

Fig. 1 – Destaque em vermelho do conjunto habitacional Monte Carlo. (Fonte: [8], editado)



Fig. 2 – Tipologia das unidades habitacionais do residencial Monte Carlo.

O zoneamento da área, segundo a [9], é o ZR2, ou seja, zona residencial de média densidade populacional, de ocupação horizontal e vertical de até dois pavimentos. A seguir são apresentadas duas imagens gerais (Fig.3) do residencial Monte Carlo.

Fig. 3 – Imagens gerais do conjunto habitacional.

• Coleta de dados

A planilha utilizada no levantamento de campo relaciona, para cada uma das 15 unidades analisadas, 9 elementos principais da edificação, sendo cada elemento desdobrado em possíveis ocorrências de sintomas patológicos. O preenchimento se deu de maneira prática, marcando-se com um “X” os subitens que atingiram a unidade analisada. Depois se quantificou o total de unidades atingidas e de ocorrências. A planilha preenchida com as manifestações patológicas identificadas encontra-se na Tabela 2.



Tabela 2 – Planilha contendo as manifestações patológicas identificadas no residencial Monte Carlo.



• Manifestações patológicas identificadas

As manifestações patológicas encontradas nas residências do conjunto habitacional Monte Carlo são basicamente as mesmas entre as unidades. De uma forma geral, as manifestações mais comuns se relacionam a fissuras na fundação (radier), na supraestrutura (vergas, contravergas e cinta de amarração), na alvenaria de elevação (paredes) e no revestimento externo. Grande parte das unidades habitacionais também foi acometida por problemas relacionados à umidade, como manchas no revestimento externo das paredes e no radier. Outra anomalia comum às edificações foram os lascamentos na cinta de amarração. Além disso, outras diferentes ocorrências foram encontradas de forma bastante variável em algumas unidades habitacionais.

A apresentação dos resultados obtidos no levantamento de campo se faz de forma didática: os percentuais foram expressos em relação ao tamanho da amostra (15 unidades) e ao total de ocorrências gerais observadas nas unidades habitacionais (176 ocorrências). Tomando-se como exemplo o elemento “Fundações (radier)”, conclui-se que houve 15 unidades com ocorrência de manifestações patológicas relacionadas a esse elemento estrutural, ou seja, todas as unidades habitacionais da amostra foram afetadas por problemas relativos à fundação, o que resulta um total de 100% das casas vistoriadas. Em relação ao total de ocorrências observadas, a representatividade deste elemento é de 13,08%, ou seja, houve 23 ocorrências, do total de 176, no elemento “Fundações”. Essa análise pode ser feita da mesma forma para os outros elementos das edificações.

A distribuição das manifestações patológicas relativa ao total de 176 ocorrências é apresentada na Fig. 4.

Fig. 4 – Distribuição das ocorrências nos elementos avaliados de acordo com o total de manifestações patológicas identificadas.

Nota-se que os elementos construtivos “Supraestrutura” (17%), “Alvenaria de elevação” (17%) e “Revestimentos” (29%) são responsáveis por 57% das ocorrências de manifestações patológicas, se destacando como os elementos com a maior frequência de ocorrências no grupo de unidades habitacionais avaliado.

A sequência de imagens apresenta algumas das manifestações patológicas identificadas nos 9 elementos construtivos estudados no trabalho.

Fundações (Fig. 5 e Fig.6):



Fig. 5 – Fissuras no radier.

Fig. 6 – a) Manchas de bolor e umidade no radier; b) Erosão de solo no radier.

Supraestrutura (Fig. 7 e Fig.8):

Figura 7 – Fissuras e lascamentos na cinta de amarração.

a b

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Fig. 8 – Fissuras em vergas.

Esquadrias (Fig. 9):

Fig. 9 – Processo de corrosão em esquadrias de aço.

Alvenaria de elevação (Fig. 10):

Fig. 10 – a) Fissura em parte da face externa da alvenaria; b) Fissura na face externa e no encontro de paredes (interna e externa).

Revestimentos (Fig. 11, Fig. 12, Fig. 13 e Fig. 14):

a b

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Fig. 11 – a) Infestação por cupim no revestimento interno; b) Infestação por cupim no revestimento externo.

Fig. 12 – Manchas de bolor e umidade no revestimento interno, que em alguns pontos se encontra esfarelando.

Fig. 13 – a) Fissuras, manchas de bolor e umidade no revestimento externo.

a b

a b

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Fig. 14 – Revestimento externo se soltando (lascamento).

Cobertura (Fig. 15 e Fig. 16):

Fig. 15 – Manchas no madeiramento.

Fig. 16 – Fissuras no madeiramento.



• Análise

No conjunto habitacional Monte Carlo o elemento “Revestimentos” foi o de maior ocorrência de manifestações patológicas, representando 29% do total geral de 176 ocorrências, ou seja, 50 ocorrências. Em relação ao “Revestimento Interno”, o número não foi muito expressivo, com um total de 4 unidades atingidas e 8 ocorrências. Já no “Revestimento Externo” todas as unidades apresentavam algum tipo de anomalia, com um total de 42 ocorrências. Observaram-se fissuras no revestimento externo de todas as habitações e manchas de bolor e umidade em 14 do total de 15 unidades analisadas (ver detalhes na Fig. 17).

Fig. 17 – Distribuição das manifestações patológicas no elemento “Revestimento externo” na amostra das

15 unidades analisadas.

[10] realizaram um levantamento das manifestações patológicas presentes em unidades do conjunto habitacional Monteiro Lobato, em Curitiba - PR, onde o elemento “Cobertura” foi o de maior ocorrência de sintomas patológicos, atingindo 70% das unidades analisadas, ou seja, 14 da amostra de 20 unidades, representando 31% do total de 129 ocorrências registradas. Segundo a NBR 15575-5 [11], que, em sua parte cinco, trata dos requisitos de desempenho para sistemas de coberturas para edifícios de até cinco pavimentos, diz que a cobertura deverá apresentar um nível satisfatório de segurança contra ruína. Além disso, a cobertura não deve apresentar avarias ou deformações excessivas que prejudiquem a funcionalidade do sistema. Nas habitações do conjunto habitacional Monte Carlo, o elemento “Cobertura” teve baixa representatividade, com 13 ocorrências, ou seja, 7,39% do total de 176. Da amostra de 15 unidades, 7 foram atingidas por sintomas patológicos referentes a esse elemento, sendo as manchas no madeiramento o mais comum. No entanto, a cobertura das residências se encontrava em bom estado, de forma geral, sendo que em nenhuma unidade se observou deformações que pudessem comprometer a estabilidade estrutural da cobertura.



No conjunto habitacional Monteiro Lobato, de Curitiba, um grande número de manifestações patológicas também atingiu o elemento “Revestimentos”, com 13,96% do total de 129 ocorrências, ficando atrás somente dos elementos “Cobertura” e “Esquadrias” [10]. Assim como em Presidente Prudente, grande parte das habitações analisadas por [10] apresentavam manchas de bolor e umidade, sendo identificadas no revestimento interno – atingindo 10 unidades, ou seja, 50% da amostra – e no externo – atingindo 8 unidades.

[7] realizou um trabalho de levantamento e estudo sobre a recorrência de manifestações patológicas em condomínios habitacionais de interesse social no município de Porto Alegre - RS. Foram analisadas 87 unidade de 5 condomínios habitacionais, sendo registradas 1.230 ocorrências. O elemento construtivo “Alvenaria de elevação” foi o que apresentou o maior número de anomalias, com 32,76% de ocorrências do total de 1.230 observadas, atingindo 94,30% das unidades, ou seja, 82 da amostra de 87 habitações. Esse elemento foi subdivido em 3 tipos de manifestações patológicas: fissuração da face externa da parede, fissuração da face interna da parede e manchas de bolor e umidade internas. As fissuras, tanto na face externa quanto interna da parede, obtiveram maior representatividade, atingindo mais de 80% das unidades, com 177 e 163 ocorrências, respectivamente.

Assim como no conjunto habitacional Monte Carlo, de Presidente Prudente, a manifestação patológica “Manchas de bolor e umidade” atingiu grande parte das habitações analisadas em Porto Alegre. Segundo [7], 50,6% das unidades foram acometidas por essa anomalia, com um total de 63 ocorrências. Vale lembrar que no trabalho de [7], o autor considerou a manifestação “Manchas de bolor e umidade” somente no revestimento interno, além de colocá-la no elemento “Alvenaria de elevação”, ao invés de “Revestimentos”.

Assim como no conjunto habitacional Monte Carlo, nas habitações de Porto Alegre o elemento “Cobertura” não obteve grande representatividade de manifestações patológicas, com 8,54% de ocorrências, que atingiram 24 unidades, ou seja, 27,6% da amostra de 87 casas.

Nota-se que as fissuras, assim como as manchas de bolor e umidade, são manifestações patológicas comuns na maioria dos conjuntos habitacionais voltados a moradias de interesse social. Esses sintomas patológicos podem estar associados, uma vez que as fissuras, vinculadas à penetração de água pelas paredes, geram manchas de bolor e umidade.

4 Conclusões

Constatou-se que por se tratar de um conjunto habitacional recente, com 6 anos, observou-se a presença de várias manifestações patológicas, mas nenhuma anomalia grave que comprometesse o desempenho estrutural das edificações. Foram registradas um total de 176 ocorrências de manifestações na amostra de 15 unidades habitacionais avaliadas. O elemento “Revestimentos” se destacou com a maior frequência de ocorrências, com um total de 42, o que representa 29% do total de 176. As fissuras e as manchas de bolor e umidade, ambas no revestimento externo, foram os sintomas patológicos que se destacaram.

O elemento “Supraestrutura” também obteve grande representatividade, com 30 ocorrências, que representa 17% do total de 176 observadas. As fissuras e os lascamentos nas cintas de amarração, assim como as fissuras nas vergas e contravergas foram as anomalias de maior destaque nesse elemento. Assim como a “Supraestrutura”, o elemento “Alvenaria de elevação” também alcançou 17% das ocorrências, sendo as fissuras no encontro e em partes da parede, ambas na face externa, as manifestações patológicas que se sobressaíram.



De uma forma geral, as manifestações patológicas mais comuns se relacionaram a fissuras e manchas de bolor e umidade, com outras manifestações encontradas de forma bastante variável. Pode-se dizer que essas são manifestações patológicas comuns na maioria dos conjuntos habitacionais voltados a moradias de interesse social. Esses sintomas patologicos podem estar associados, uma vez que as fissuras, vinculadas à penetração de água pelas paredes, acabam por gerar manchas de bolor e umidade.

Através de inspeção visual in loco se observou as condições atuais das unidades habitacionais pós-ocupadas, diagnosticando manifestações patológicas ocorridas em vários elementos construtivos das unidades, desde a data de sua ocupação em novembro de 2007 até os dias de hoje. A quantidade de ocorrências foi um indício que ainda há muito por se fazer em termos de qualidade e durabilidade, aliadas ao baixo custo, na construção de moradias populares.

Agradecimento

A FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, pela concessão de bolsa de iniciação científica.

Referências

[1] Taguchi, M K. Avaliação e qualificação das patologias das alvenarias de vedação nas edificações. Dissertação (Mestrado): Universidade Federal do Paraná – UFPR, Curitiba, 2010.

[2] Thomaz, E. Trincas em edifícios: causas, prevenção e recuperação. São Paulo: Pini – USP- IPT, 1989, 194 p.

[3] Ioshimoto, E. Incidências de manifestações patológicas em edificações habitacionais. In: Tecnologia de Edificações. Coletânea... São Paulo: Pini/IPT, 1988, p.545-548.

[4] Grandiski, P. Olhar de perito. Revista Téchne, São Paulo, edição 87, ano 12, junho de 2004. p. 24-26.

[5] Helene, P R L. Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto. São Paulo, Pini, 1992.

[6] LIMA, P. R. B. Consideração do projeto no desempenho dos sistemas construtivos e qualidade da edificação – Proposição de um modelo de banco de dados. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte, 2005.

[7] Silveira Neto, O. Manifestações patológicas em condomínios habitacionais de interesse social do município de Porto Alegre: levantamento e estudo sobre a recorrência. Dissertação (Mestrado em Engenharia): Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre, 2005.

[8] Google Maps Brasil. Presidente Prudente, 2012. 1 mapa, color. Disponível em: <

http://maps.google.com.br/maps?hl=ptBR&gs_rn=1&gs_ri=hp&cp=18&gs_id=1y&xhr=t&q=presidente+prudente&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r_qf.&bvm=bv.41248874,d.eWU&biw=1280&bih=652&wrapid=tljp1358969408330034&um=1&ie=UTF-8&sa=N&tab=wl>. Acesso em: 15 de outubro. 2012.

[9] Prefeitura Municipal de Presidente Prudente. Lei de zoneamento de uso e ocupação do solo. Secretaria de planejamento, desenvolvimento urbano e habitação. Planta geral, 2008.



[10] Klimpel, E C.; Santos, P R C. Levantamento das manifestações patológicas presentes em unidades do conjunto habitacional moradias Monteiro Lobato. Monografia (Pós-graduação em Patologia das Obras Civis): Instituto IDD, Curitiba, 2010.

[11] Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. NBR 15575: Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos – Desempenho. Rio de Janeiro, 52 p., 2012.

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