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ANÁLISE DE BATERIAS
A STAFF DRUMlançam a primeira caixa eletroacústica do Brasil
A STAFF DRUM
Caixa Eletroacústica Dudu Portes da Staff Drum é
fabricada em três diferentes medidas 14”x 6”, 12”x 4”
e 10”x 4”. O modelo
que veio para teste tem
casco de alumínio com
3mm de espessura, 14”
de diâmetro e 6” de pro-
fundidade, aros die-
cast (fundido) com dez
furos também em alu-
mínio, assim como as
vinte canoas (casta-
nhas) de afinação indi-
viduais para batedeira
e resposta, fixadas ao
casco por dois parafu-
sos internos e separa-
das do mesmo por uma
base de borracha com
3mm de espessura. As-
sim, o contato entre
Cesar [email protected]
A
A Staff Drum é uma empresa brasileira com mais de dez anos deexperiência na fabricação de instrumentos eletrônicos de percussão.Baterias eletrônicas, módulos, interfaces, pads, triggers e amplificadoresda marca já são conhecidos em todo o mercado nacional. Agora, a StaffDrum conta com a consultoria e desenvolvimento de projeto de DuduPortes que, como muitos sabem, é uma das maiores autoridades do Brasilquando o assunto é bateria e acessórios, e lança o primeiro instrumentoeletroacústico da marca
e Dudu Portes
metais é eliminado, sendo um dos fatores que ajuda a determi-
nar a sonoridade encorpada desse instrumento. O automático
de regulagem de pressão
da esteira é do tipo “ga-
veta”, que funciona de
forma fácil e silenciosa,
chegando a bons resulta-
dos com muita rapidez.
A esteira, de desing
singular, tem duas se-
ções de quinze fios cada
e é presa por um cava-
lete fixo do lado oposto
ao automático. Exis-
tem dois anéis de sus-
piro no casco, um em-
baixo do cavalete e ou-
tro abaixo do automá-
tico. A caixa vem equi-
pada com peles Coated
Premium modelo Dudu
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ANÁLISE DE BATERIAS
O idealizador do instrumento, Dudu
Portes, comenta que a idéia de fazer
essa caixa na Staff surgiu durante o lan-
çamento da bateria REALISTIC, na
Expomusic de 2004. “Quando eu vi os
cascos feitos em alumínio com 3mm de
espessura pensei: ‘esse material dá
para fazer uma caixa legal’. A idéia de
construção era manter o volume do me-
tal, mas sem harmônicos em excesso
como na madeira – propriedades pró-
prias do alumínio – e, devido à espessu-
ra das paredes, fazer um casco sem ne-
cessidade de virar as bordas. Pedi ao
pessoal da Staff Drum que produzisse
um protótipo para teste. A peça ficou
pronta e logo tratei de fazer os rebaixos
e toda a montagem. Pensei em uma es-
teira que fosse sensível e que, ao mes-
mo tempo, não tivesse muita sobra. Pe-
guei uma esteira larga na Luen sem os
fios centrais e, junto com aros die-cast 0,
cheguei a um denominador comum que
me agradou. Os automáticos do tipo
gaveta da Gibraltar e as peles Coated
Premium da Luen completaram a minha
Pesquisa e desenvolvimento do projeto
caixa com sonoridade vintage. Aí eu
pensei em algo para envolver a Staff no
projeto afinal, a especialidade deles
sempre foi fabricar baterias eletrônicas
e triggers. E, já que o caminho era esse,
nada melhor que criar um sistema
eletroacústico. Coloquei um sensor inter-
no (piezo elétrico) para funcionar de
maneiras diversas. Primeiro como um
trigger quando encostado na pele, de-
pois como captador quando afastado
da pele. Com isso cheguei a essa con-
clusão de projeto assinado. Ter uma cai-
xa multifuncional que, além de disparar
módulos e samplers, também pode aju-
dar na captação do som. Caixa essa
que trabalha de maneira ideal em con-
junto com outro microfone externo, pois
o captador deixa a esteira bem presente
e, no caso de você não querer usar ne-
nhum desses recursos eletrônicos, ela
funciona normalmente como uma caixa
convencional tendo ainda a possibilida-
de de usar a mecânica do dispositivo de
captação como um sutil abafador bem
nos moldes antigos”.
Portes Signature, porosa, monofil-
me, de cor acinzentada, fabricada
pela Luen Drumheads para bate-
deira, e o modelo Snare, também
assinada por Dudu, com as mesmas
características no acabamento, fei-
ta sob encomenda da Staff Drum
para resposta.
Os componentes eletrônicos da
caixa estão fixados na lateral do
casco. Uma entrada XLR que se
conecta pela parte interna a um dis-
positivo de regulagem externa de
posicionamento de um trigger que,
quando está suspenso, encosta o
sensor por baixo da pele da batedei-
ra, e quando abaixado, funciona
como captador interno. É uma cai-
xa que pode ser usada conectada a
um módulo de som (cérebro) funci-
onando como um disparador de si-
nal, com o trigger funcionando
como um auxiliar de captação junto
com uma microfonação convencio-
nal ou puramente acústica, que, ali-
ás, é uma grata surpresa sonora.
A Backstage convidou os bateris-
tas Cláudio Infante, Camilo Mari-
ano, Pantico Rocha e Fabio Bar-
reto para testarem e opinarem so-
bre o desempenho da Caixa Ele-
troacústica Staff Drum Modelo
Dudu Portes.
CLÁUDIO INFANTE
(Jorge Vercillo/Taryn Szpilman/Solo)
“A característica acústica dessa caixa
é brilhante. Com casco de alumínio e
o aro die-cast, também de alumínio,
traz uma sonoridade muito encorpa-
da. Gostei das respostas de harmôni-
co que ela produz e achei que o me-
lhor rendimento foi com a afinação
alta. Quando eu puxei para o agudo, ela
ganhou potência e a beleza dos harmô-
nicos me chamou a atenção pela pró-
pria característica sonora do alumínio,
pois a afinação mais para o agudo não
fica ‘timbaleado’. Ela tem uma doçura
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ANÁLISE DE BATERIAS
no timbre que me lem-
bra algumas afinações
das caixas da década de
‘40’. É interessante ob-
servar que, apesar de
toda modernidade do
projeto, com parte ele-
trônica acoplada, a sonori-
dade acústica tenha essa ca-
racterística vintage. A esteira
partida em dois grupos de 15 fios
me preocupou um pouco no início,
pois achei que ficaria com excesso,
como uso muito toque duplo aberto
para rulo, fiquei com receio de sujar as
frases quando executadas em anda-
mento mais rápido. Mas, pelo contrá-
rio, consegui chegar em uma tensão
bacana e ela ficou com a resposta
muito bonita. E para quem gosta de
um som de esteira com um pouco
mais de sobra, fica fácil. Gostei da re-
lação entre as peles batedeira e res-
posta, uma porosidade boa para ser
usada com vassourinhas, trabalha
bem em ocasiões em que se exige o
toque mais forte, pancada mesmo, até
os de mais sutileza. Você pode usar
esse instrumento de três formas: pu-
ramente acústico; acústico com cap-
tação do trigger junto com microfo-
ne, que, apesar de ter sido projetado
para ser trigger pode auxiliar na cap-
tação do instrumento ou como um
disparador de sinal de um cérebro
compatível. No caso, é só ajustar o
ganho na entrada de sensibilidade
para ela não disparar quando você es-
tiver tocando no aro, acho que não é
essa a intenção. Eu consegui contro-
lar o ganho para que ela disparasse só
quando eu
golpeasse a pele, bloqueando o aro que
ela, então, não considerava impulso su-
ficiente para disparar. E você ainda tem
o controle de distância desse captador.
Com essa nossa conversa, acabei vis-
lumbrando a possibilidade de uma ba-
teria inteira ser feita com essa tecno-
logia, que é superinteressante.”
PANTICO ROCHA
(Lenine/Solo)
“Eu gostei muito da sonoridade dessa
caixa, grave, médio e agudo aparecem
bem definidos, com belo timbre. E
pelo fato de ser de alumínio, não fica
aquele estalo do metal incomodando.
Gostei da dinâmica nos toques mais
leves, que aparecem muito
fácil. É uma caixa boa para
se tocar com a pegada
mais forte e o fraseado
mais leve sai com muita
clareza. Usei com vas-
sourinhas e foi maravi-
lhoso, não fiz nenhum
esforço para tirar som
dela. E o fato de ter um trigger
como opção é fantástico. Você
pode usar nas mais diferentes situa-
ções, definitivamente é um instru-
mento muito versátil. Eu toquei com
ela no Morro da Urca (RJ) em um show
do Lenine e nosso técnico de som elo-
giou muito a sua sonoridade. É uma
ótima opção para quem gosta de expe-
rimentar novos sons e timbres”.
FABIO BARRETO
(Joanna/estúdio)
“Logo de início, o que me chamou a
atenção foi o acabamento muito bo-
nito, todo na cor prata. Uma coisa
fundamental nesse modelo são os
aros die-cast pelo controle de har-
mônicos que eles proporcionam.
Achei o som bem encorpado. A estei-
ra dupla tem a sensibilidade maravi-
lhosa e destaca muito bem os toques
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ANÁLISE DE BATERIAS
www.staffdrum.com.br
Para saber mais
fantasmas (ghost notes) em dinâmi-
cas baixas. Quando toquei com pe-
gada mais forte, achei que a esteira
sobrou um mais do que o nor-
mal nos tons e na própria
caixa. Na minha opi-
nião, esteira sim-
ples deixaria o ins-
trumento mais ver-
sátil e controlado.
Ou talvez controle
de pressão da es-
teira em ambos os
lados. A parte eletrô-
nica, pelo contrário, deixa a
desejar no quesito sensibilidade nas
dinâmicas mais baixas. Com a pegada
mais forte, ela trabalhou muito bem,
sem nenhum atraso na resposta ao to-
que da baqueta. É muito interessante
para se usar sons diferentes em show ao
vivo, ou como se-
gunda caixa. Gos-
taria de ter uma cai-
xa dessas. Eu não
conheço o Dudu Por-
tes pessoalmente, mas
tenho profundo respeito
por sua seriedade e profis-
sionalismo em prol do nosso
instrumento”.
CAMILO MARIANO
(Maria Rita/Leandro Sapucahy)
“No meu caso, que toco muito sam-
ba, o ponto alto dessa caixa é
o aro. Eu me surpreendi
que uma caixa que pese
tão pouco tenha um
som de aro consis-
tente como esse.
Não senti vibra-
ção nenhuma no
casco, timbre bo-
nito e firme. Fiz vári-
as gravações com ela e fi-
quei muito satisfeito. No
samba de hoje em dia, também existe
uma tendência pop e, aproveitando
isso, usei pegada mais forte de pele e
aro (rimshot) e o instrumento se
comportou muito bem. Acho que
trabalha melhor na região médio/gra-
ve, tanto que não quis puxar a afinação
para cima porque estava soando bem e
acredito que pelas medidas dessa caixa
seja mesmo sua proposta sonora. Eu
nunca fui um baterista que usasse mui-
tos recursos eletrônicos pelos próprios
trabalhos que venho fazendo, mas a
música é muito versátil e você não
determina um som e sim momentos
sonoros; então, poder contar com
uma ferramenta dessas é fantástico.
Eu a usaria perfeitamente como uma
segunda caixa e faria loucuras com
ela (risos). Acho que divergências
quanto à parte eletrônica sempre
haverá, vai depender de cada músi-
co, da situação e da fonte de sons que
se estiver usando. No momento em
que aparece tanta novidade no mer-
cado, a iniciativa do Dudu em desen-
volver uma caixa com essa alternati-
va eletrônica é muito legal”.
e-mail: [email protected]