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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE CLAUDIMARY BISPO DOS SANTOS ANÁLISE ESPACIAL DAS ENTEROINFECÇÕES EM LACTENTES DO MUNICÍPIO DE LARANJEIRAS/SE APÓS A INTRODUÇÃO DA VACINA CONTRA ROTAVÍRUS ARACAJU 2012

ANÁLISE ESPACIAL DAS ENTEROINFECÇÕES EM LACTENTES DO ... · morbidade e mortalidade entre as crianças menores de 5 anos de idade (KOSEK et al. 2003). A diarreia aguda é a segunda

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

CLAUDIMARY BISPO DOS SANTOS

ANÁLISE ESPACIAL DAS ENTEROINFECÇÕES EM

LACTENTES DO MUNICÍPIO DE LARANJEIRAS/SE APÓS A

INTRODUÇÃO DA VACINA CONTRA ROTAVÍRUS

ARACAJU

2012

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CLAUDIMARY BISPO DOS SANTOS

ANÁLISE ESPACIAL DAS ENTEROINFECÇÕES

EM LACTENTES DO MUNICÍPIO DE

LARANJEIRAS/SE APÓS A INTRODUÇÃO DA

VACINA CONTRA ROTAVÍRUS

Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-

Graduação em Medicina da Universidade Federal de

Sergipe como requisito parcial à obtenção do grau

de Mestre em Ciências da Saúde.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Queiroz Gurgel

ARACAJU

2012

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

S237a

Santos, Claudimary Bispo dos Análise espacial das enteroinfecções em lactentes do município

de Laranjeiras - SE após a introdução da vacina contra rotavírus / Claudimary Bispo dos Santos. – Aracaju, 2012.

00 f. : il.

Orientador (a): Prof. Dr. Ricardo Queiroz Gurgel. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Universidade

Federal de Sergipe, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, Núcleo de Pós-Graduação em Medicina.

1. Diarréia em crianças 2. Análise espacial 3. Infeccções

intestinais 4. Rotavírus 5. Vacinação 6. Pediatria I. Título CDU 616.34-008.314.4-053.2(813.7Laranjeiras)

614.47-053.2(813.7Laranjeiras)

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CLAUDIMARY BISPO DOS SANTOS

ANÁLISE ESPACIAL DAS ENTEROINFECÇÕES EM

LACTENTES DO MUNICÍPIO DE LARANJEIRAS/SE

APÓS A INTRODUÇÃO DA VACINA CONTRA

ROTAVÍRUS

Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-

Graduação em Medicina da Universidade Federal de

Sergipe como requisito parcial à obtenção do grau

de Mestre ou Doutor em Ciências da Saúde.

Aprovada em: _____/_____/_____

________________________________________________

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Queiroz Gurgel

_________________________________________________

1º Examinador: Prof. Dr. Eitan Naaman Berezin

__________________________________________________

2º Examinador: Prof. Drª Karina Conceição G. M. Araújo

PARECER

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Dedico esta dissertação às crianças que participaram deste estudo, razão e motivação

do nosso trabalho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por me amparar nos momentos difíceis, dando-me força interior para superar

as dificuldades, mostrando-me os caminhos nas horas incertas.

À minha mãe e minhas irmãs pelo carinho, paciência e incentivo.

Ao meu esposo Sérgio, um verdadeiro exemplo de companheirismo.

Ao meu querido filho, Francisco José, que precisou me acompanhar nesta jornada e se

adaptar a uma nova morada.

Ao meu orientador Prof. Ricardo Gurgel, pela confiança prestada ao aceitar-me como

orientanda, pelos ensinamentos e apoio durante toda a pesquisa.

À Prof.ª Karina pelo apoio, incentivo e disponibilidade sempre me orientando nos

trabalhos referentes à análise espacial.

Aos colegas do grupo de pesquisa e em especial à Anne, que desde o início, ainda na

construção do projeto, participou com sua experiência e sempre me ajudou quando

solicitei.

À amiga Irinéia, pela sua paciência e disposição todas as vezes que precisei, dividindo

comigo as minhas angústias e dúvidas.

Ao meu querido ex-aluno Márcio, pela sua grandiosa contribuição na coleta dos dados

espaciais.

À Sandra e Alda, pela ajuda fundamental para que as análises laboratoriais pudessem

ser realizadas.

Aos funcionários dos laboratórios LACEN e do Hospital Universitário.

Aos agentes de saúde do município de Laranjeiras que colaboraram de forma efetiva

no contato da equipe do estudo com as famílias das crianças avaliadas.

Às crianças e seus familiares pela participação no estudo.

Enfim, a todas as pessoas que estiveram presentes na realização desta pesquisa. O meu

muito obrigado!

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A maior recompensa pelo esforço de uma pessoa não é o que ela ganha com isso, mas

o que ela se torna através dele.

JOHN RUSKIN

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RESUMO

A diarreia aguda é a segunda causa de mortes em crianças menores de 5 anos em vários países

em desenvolvimento, sendo a infecção pelo Rotavírus a causa mais comum, seguida das

infecções por enterobactérias e enteroparasitos. Medidas de saneamento e boa qualidade da

água podem diminuir a ocorrência da doença, mas em relação ao Rotavírus a vacinação

específica tem papel fundamental. Este estudo teve o objetivo de conhecer as características

ambientais e analisar espacialmente a diarreia aguda e as enteroinfecções em lactentes numa

situação de uso ampliado da vacina contra o Rotavírus, no município de Laranjeiras/SE. Os

lactentes residiam nas áreas de cobertura das Equipes de Saúde da Família, com a faixa etária

entre dois e onze meses de idade e foram acompanhados durante 12 meses. Através de um

questionário foram obtidos os dados demográficos, socioeconômicos e ambientais e cobertura

vacinal contra rotavírus. Foram coletados mensalmente amostras de fezes para realização de

exames parasitológicos, bacteriológicos e presença do rotavírus. Para a localização espacial

dos domicílios foi utilizado o Sistema de Posicionamento Global (GPS). A análise espacial foi

realizada no programa TerraView, utilizando-se o estimador de intensidade Kernel. Foi

coletado um total de 1.113 amostras de fezes, sendo 80 associadas a episódios de diarreia.

Obteve-se uma incidência média anual de episódios de diarreia de 0,50 ± 0,99/criança/ano. A

presença do rotavírus ocorreu em 3,75% dos casos, enquanto que a maior parte (11,25%) das

diarreias agudas com causa conhecida aconteceu na presença de infecções helmínticas e por

protozoários. No total de 1113 amostras, foram encontrados: Ascaris lumbricoides (5,1%),

Endolimax nana (3,0%), rotavírus (2,6%) e Giardia lamblia (0,9%). Não houve influência das

condições ambientais no número de episódios de diarreia e das enteroinfecções. Ocorreram

pequenas variações na distribuição espacial das enteroinfecções e dos episódios de diarreia,

durante os quatro trimestres, destacando-se o centro urbano e áreas adjacentes com maior

intensidade. Conclui-se que as características ambientais demonstram homogeneidade em

relação às precárias condições de saneamento básico nas moradias dos lactentes, contribuindo

para um significativo número de enteroparasitos, até mesmo nesta faixa etária. O baixo

número de episódios de diarreia/criança/ano nesta população com ampla cobertura vacinal

contra rotavírus sugere o papel da vacinação como uma importante medida de prevenção. O

efeito atenuador da vacina também pode ser demonstrado pelo número de casos de infecção

por rotavírus assintomáticos em maior número em comparação com os casos sintomáticos.

Palavras-chave: análise espacial, diarreia, exposição ambiental, infecções intestinais,

rotavírus, vacinação.

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ABSTRACT

Acute diarrhea is the second leading cause of mortality among children under 5 years of age

in developing countries. The pathogens most strongly associated with diarrhea is rotavirus

followed by enteric pathogens such as bacteria, helminthes and protozoan. Adequate

sanitation and water supply contribute to decrease acute diarrhea incidence of most etiologic

agents, although vaccination remains the most important intervention to control rotavirus

acute diarrhea. This study aimed to describe environmental exposures and spatial analysis

associated with acute diarrhea and enteric pathogens among rotavirus vaccinated infants from

Laranjeiras, Sergipe, Brazil. The children live in an area covered by “Saúde da Família”

National Program and were 2 to 11 months old at enrollment. All reported children were

followed for 12 months. Demographic, socioeconomic and environmental data were obtained

from a questionnaire, and immunization data were obtained from children vaccination card.

Children stool samples were collected each month in order to run laboratory analyses. The

household spatial localization was obtained by using a Global Positioning System (GPS).

Spatial analysis was performed using the TerraView computer program and Kernel intensity

estimation. A total of 1,113 stool samples were collected, with 80 samples associated to

diarrhea episodes. Diarrhea incidence rate was 0.50 ± 0.99 episodes/child/year. Overall, we

observed 5.1% of Ascaris lumbricoides infection, 3.0% of Endolimax nana infection, 2.6% of

rotavirus infection and 0.9% of Giardia lamblia infection. We observed rotavirus in 3.75% of

stool samples associated with diarrhea but the majority (11.25%) of known diarrhea episodes

was associated with helminthes and protozoan infections. There was no influence of

environmental exposures on the number of episodes of diarrhea and enteroinfecções

suggesting that environmental exposures are similar for the entire study sample. We observed

some changes on spatial distribution of intestinal infections and diarrhea episodes along the

four evaluated trimesters, especially on the urban center and adjacent areas. In conclusion, the

studied infants live equally in poor urban drainage and poor sewerage areas which probably

explain the significant rates of helminthes and protozoan infections appearing in early life.

The low diarrhea incidence rate in this rotavirus vaccinated population and the low number of

symptomatic rotavirus infection compared to asymptomatic infections may highlight the

vaccination role as an important prevention strategy of acute diarrhea among young children.

Key words: spatial analysis, diarrhea, environmental exposure, intestinal infections, rotavirus,

vaccination.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10

2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................... 13

2.1 Enteroinfecções por Rotavírus.................................................................................. 13

2.1.1 Estrutura viral ........................................................................................................ 13

2.1.2 Patogênese ............................................................................................................. 14

2.1.3 Aspectos Epidemiológicos .................................................................................... 15

2.1.4 Profilaxia ............................................................................................................... 18

2.2 Enteroinfecções por parasitoses................................................................................ 20

2.2.1 Contexto geral das principais parasitoses intestinais ............................................. 20

2.3 As enteroinfecções e a etiologia bacteriana...............................................................24

2.4 Geoprocessamento em saúde .................................................................................... 26

3 OBJETIVOS .............................................................................................................. 29

4 MÉTODOS ................................................................................................................. 30

5 RESULTADOS ......................................................................................................... 36

6 DISCUSSÃO .............................................................................................................. 46

7 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 51

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 52

ANEXO A ..................................................................................................................... 70

ANEXO B ...................................................................................................................... 72

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INTRODUÇÃO

As enteroinfecções são reconhecidas como um dos mais importantes problemas de

saúde pública nos países em desenvolvimento, constituindo uma das principais causas de

morbidade e mortalidade entre as crianças menores de 5 anos de idade (KOSEK et al. 2003).

A diarreia aguda é a segunda causa de mortes em crianças menores de 5 anos em vários países

em desenvolvimento, e estima-se que 1,3 milhões de mortes ocorram por esta causa em todo o

mundo a cada ano (BOSCHI-PINTO et al. 2008).

Doenças infecciosas e parasitárias são frequentemente causadas por uma variedade de

microorganismos patógenos, tais como protozoários, helmintos, bactérias e vírus (WHO,

2007). Dentre os agentes viróticos, o rotavírus representa a causa mais comum de diarreia

infantil em países industrializados e em desenvolvimento (PARASHAR et al. 2006). Quase

todas as crianças antes de completar 5 anos de idade experimentam pelo menos um episódio

de gastrenterite por rotavírus (VALENCIA-MENDOZA et al. 2008) e a principal estratégia de

controle é a vacinação (BISHOP, 2009), uma vez que medidas de saneamento e boa qualidade

da água não são suficientes para diminuir a ocorrência da doença.

O Brasil, juntamente com alguns países latino-americanos (México, Venezuela, El

Salvador) foi pioneiro na introdução da vacina monovalente de vírus vivo atenuado no

mundo. A vacina Rotarix® foi introduzida no Programa Nacional de Imunizações (PNI) em

março de 2006 e atualmente o país tem a maior coorte de indivíduos vacinados em todo o

mundo. No Brasil, o PNI é considerado de grande amplitude e cobertura, pois atinge níveis

adequados para a grande maioria das vacinas e na maior parte das regiões.

A cobertura vacinal contra rotavírus no ano de 2010 em Sergipe esteve acima da meta

nacional, atingindo 90,22% (BRASIL, 2011). Em Aracaju, no ano de 2009, a cobertura

vacinal atingiu 82,9% e em Laranjeiras, 88,7% (BRASIL, 2010). Dados fornecidos pelo

Ministério da Saúde sobre mortalidade em Sergipe por doença diarreica aguda em menores de

5 anos de idade demonstram uma redução de 60% do número de mortes no ano de 2009 em

relação ao ano de 2005, ano anterior ao início da vacinação contra rotavírus (BRASIL, 2012).

Além disso, diversas evidências mostram que está havendo redução nos casos de diarreia em

Sergipe desde a introdução da vacina. De acordo com Gurgel et al. (2009), em estudo

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realizado na emergência pediátrica do estado, houve uma tendência decrescente no decorrer

do tempo (24% em 2006, 9,5% em 2007 e 7,4% em 2008).

Aparentemente o uso ampliado da vacinação contra rotavírus trouxe mudanças que

ainda estão por se compreender de forma mais clara. Gurgel et al. (2007) identificaram

mudanças no padrão de infecção por rotavírus um ano após o início da vacinação no Brasil,

com predominância do genótipo G2P[4], anteriormente pouco prevalente no Brasil. Até o

momento nenhum estudo foi desenvolvido no Brasil para avaliar o perfil epidemiológico de

doenças intestinais infecto-parasitárias em crianças após a introdução da vacina contra

rotavírus. As enteroparasitoses, especialmente nos estados do Nordeste que são referidos

como tendo grande prevalência (TSUYUOKA et al. 1999), podem estar se apresentando de

forma e/ou frequência diferentes, necessitando uma avaliação sistemática.

Os parasitos intestinais estão entre os patógenos mais frequentemente encontrados em

seres humanos. Dentre os helmintos, os mais encontrados são os nematelmintos Ascaris

lumbricoides e Trichuris trichiura e os ancilostomídeos Necator americanus e Ancylostoma

duodenale. Em todo o mundo, estimam-se 320 milhões de casos de ascaridíase, 239 milhões

de casos de ancilostomíase e 233 milhões de casos de infecção por Trichuris trichiura entre

crianças em idade escolar. Dentre os protozoários, destacam-se Entamoeba histolytica e

Giardia lamblia. Estima-se, que 200 e 400 milhões de indivíduos, respectivamente,

alberguem Giardia lamblia e Entamoeba histolytica (WHO, 2007).

No Brasil, o parasitismo intestinal nos dois primeiros anos de vida é menos conhecido

que em outras faixas etárias (COSTA-MACEDO et al. 1999). Apesar do reduzido número de

publicações sobre o assunto nesse grupo etário, Costa-Macedo e Rey (1997) relataram a

ocorrência do parasitismo em crianças já nos primeiros meses de vida. O progressivo aumento

da prevalência de acordo com o aumento da faixa etária também foi evidenciado nas crianças

até os três anos de idade (COSTA-MACEDO et al, 1998). De acordo com Monteiro (1988),

esse aumento é consequência das modificações comportamentais das crianças, que, à medida

que crescem, acentuam o contato físico com o ambiente, e da forte pressão de contaminação

fecal em ambientes desprovidos de saneamento básico adequado.

As infecções causadas pelos parasitas intestinais têm como determinantes mais imediatos

a ausência ou insuficiência de condições de saneamento básico e as práticas higiênicas

inadequadas. Apesar dos diferentes mecanismos de transmissão de cada um destes parasitas,

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existe quase sempre a necessidade de condições ambientais propícias ao desenvolvimento de

seus estágios evolutivos, o que significa dizer que a ausência ou insuficiência de condições

mínimas de saneamento e de práticas adequadas de higiene favorecem a dispersão destes

agentes no meio ambiente (MASCARINI et al. 2009).

Quando o processo de transmissão das doenças está ligado ao ambiente, como é o caso

das infecções intestinais, não se pode deixar de entender o espaço e este se coloca como

categoria estratégica na observação do ambiente que envolve as doenças. Em Epidemiologia,

a utilização do geoprocessamento, sobretudo do Sistema de Informação Geográfica (SIG),

tem contribuído para melhorar a descrição das doenças em grandes conjuntos de variáveis

espacialmente distribuídas (FONSECA, 2010).

A análise espacial em saúde vem sendo empregada nos estudos epidemiológicos como

um método que permite a integração de informações socioeconômicas, ambientais e

demográficas, a fim de captar as desigualdades existentes, sem dissociá-las do espaço

territorial (MEDRONHO & WERNECK, 2002; COSTA, 2002; DE PIETRI & GARCIA,

2008; GRAHAM et al. 2004; CARVALHO et al, 2000; LOYOLA, 2002). Para Barcellos et al

(2002) se a doença é considerada uma manifestação do indivíduo, as condições de vida são

manifestações do lugar. Sabroza (2001) tem pensamento semelhante, ao considerar o “lugar”,

como um espaço organizado para análise e intervenções, no qual se deve buscar a

identificação da situação de saúde com os seus determinantes culturais, ambientais e socais.

Desse modo, é importante conhecer as mudanças e características das enteroinfecções e

o estudo da distribuição espacial desses episódios por diferentes agentes etiológicos, através

de um acompanhamento prospectivo dos lactentes assistidos pelas Unidades de Saúde, no

município de Laranjeiras, Estado de Sergipe, contribuindo para o conhecimento do perfil

epidemiológico dessas infecções na infância no contexto da vacinação contra rotavírus e sua

relação com as condições ambientais em que habitam.

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1. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. ENTEROINFECÇÕES POR ROTAVÍRUS

2.1.1. Estrutura viral

Os rotavírus são vírus icosaédricos de aspecto radiado e constituem um gênero distinto

da família Reoviridae (van REGENMORTEL et al. 2000). Têm partícula viral íntegra com

diâmetro em torno de 70 nm e apresentam diversidade antigênica e genômica, o que permite

diferenciá-los em sete grupos, denominados de A a G (ESTES, 2001). Os grupos A, B e C são

os responsáveis por infecções em humanos, com maior ocorrência do grupo A (Ho, 1988).

Estruturalmente contêm um genoma com RNA de dupla cadeia, dotado de onze segmentos

distintos que regulam a síntese de proteínas virais, cinco delas denominadas não-estruturais –

NSP1, NSP2, NSP3, NSP4 e NSP5 e seis designadas estruturais – VP1-VP4, VP6 e VP7,

sendo VP1, VP2 e VP3 componentes do core viral. VP6 constitui o capsídeo interno e VP4 e

VP7 formam a camada proteica externa (ESTES e COHEN, 1989; KAPIKIAN et al. 2001).

A especificidade da neutralização das proteínas VP7 e VP4 permitiu o estabelecimento

de um sistema binário de classificação (ESTES, 2001; KAPIKIAN et al. 2001). O sorotipo

VP7 é designado como sorotipo G (glicoproteína), enquanto o sorotipo VP4 é designado

como sorotipo P (sensível à protease). Foram estabelecidos 14 sorotipos G, dez dos quais têm

sido descritos em infecções humanas (G1-G6, G8-G10 e G12) (KAPIKIAN et al. 2001; RAO

et al. 2000). Vinte e três genótipos P foram descritos, dez dos quais em humanos (P[3]-P[6],

P[8]-P[11], P[14] e P[19]) (KAPIKIAN et al. 2001; LIPRANDI et al. 2003; MARTELLA et

al. 2003).

Os sorotipos G1-G4 são reconhecidos como de importância epidemiológica universal

(SANTOS e HOSHINO, 2005). Nos países em desenvolvimento, outros sorotipos G

destacam-se como G5, G6, G8, G9 e G10 (CASTELLO et al. 2004; CUNLIFFE et al. 1999;

GENTSCH et al. 1996; SANTOS et al. 1998). A maioria dos isolamentos do rotavírus em

crianças com diarreia recai em quatro grupos: G1P[8], G2P[4], G3P[8] e G4P[8] (SANTOS e

HOSHINO, 2005).

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2.1.2. Patogênese

Os rotavírus possuem tropismo natural por enterócitos maduros das vilosidades do

intestino delgado, particularmente da mucosa do jejuno, que representa o sítio principal de

replicação. O vírus penetra e se multiplica nos enterócitos, que são destruídos e eliminados

para o lúmen intestinal, desencadeando o processo diarreico de natureza essencialmente

osmótica (OLIVEIRA e LINHARES, 1999). Segundo Blacklow e Greenberg (1991), o

mecanismo osmótico ocorreria pela destruição dos enterócitos maduros e pela baixa absorção

intestinal de lactose, trazendo, como consequência, o aumento de osmolaridade intestinal e de

perdas líquidas. Além disso, um mecanismo secretor semelhante ao desencadeado por outras

enterotoxinas bacterianas poderia ocorrer através da NSP4, resultando em diarreia sem lesões

histopatológicas associadas (ESTES, 2001; HALAIHEL et al. 2000).

Lundgren et al.(2000), ao evidenciarem a complexidade dos mecanismos patogênicos

envolvidos, propuseram que os rotavírus seriam capazes de induzir a secreção intestinal de

líquidos e eletrólitos por ativação direta do sistema nervoso entérico. Os autores estimaram

que dois terços da resposta secretória intestinal aos rotavírus seriam mediados por neurônios.

O quadro diarreico instala-se, geralmente, de forma abrupta, com fezes líquidas e

explosivas, apresentando, quase sempre, até dez episódios por dia (BERNSTEIN e WARD,

1998). Raramente se evidencia quadro disentérico (CLEMENS et al. 1983). A presença de

sangue (macroscópico ou oculto) foi identificada em menos de 1% de 168 episódios

diarreicos relacionados com rotavírus na Suécia (UHNOO et al. 1986). No mesmo estudo, os

autores observaram que a duração média do quadro diarreico foi de 5,9 dias e 21% dos casos

apresentaram mais de dez evacuações líquidas ao dia.

Avaliando crianças submetidas à internação por diarreia aguda, Staat et al. (2002)

observaram que, quando vômito, diarreia e febre ocorriam concomitantemente, o isolamento

de rotavírus atingia 56%, em contraposição a somente 3% verificados quando apenas a

diarreia estava presente.

Ruuska e Vesikari (1991) compararam a gravidade da diarreia aguda entre grupos de

etiologia diversa – rotavírus, adenovírus, bacteriana e não esclarecida – obtendo,

respectivamente, os escores de 11,0 ± 3,7; 6,3 ± 4,2; 6,6 ± 3,5 e 5,3 ± 3,1, o que demonstrou

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gravidade significativamente maior no grupo de etiologia por rotavírus em comparação com

os demais grupos.

2.1.3. Aspectos Epidemiológicos

O rotavírus foi primeiramente reconhecido como causa de diarreia aguda em crianças

em 1973, na Austrália, quando os pesquisadores Ruth Bishop, Geoffrey Davidson, Ian

Holmes e Brian Ruck identificaram abundantes partículas de um “novo” vírus no citoplasma

das células epiteliais que revestem as vilosidades duodenais e nas fezes das crianças

hospitalizadas com gastroenterite aguda não bacteriana no Royal Children’s Hospital, em

Melbourne (BISHOP, 2009).

A transmissão do rotavírus ocorre frequentemente por via fecal-oral com relativa

facilidade, tendo sido também sugeridas outras formas de transmissão, como a via inalatória

por meio de aerossóis. O vírus é altamente estável frente a agentes físicos e químicos

(OLIVEIRA e LINHARES, 1999). A excreção ocorre em concentrações de até um trilhão de

partículas/mL de fezes e a carga infectante é de apenas dez partículas viáveis, o que indica a

sua elevada infectividade (VESIKARI et al. 1981; .WARD et al, 1986).

Há uma tendência à sazonalidade na infecção por rotavírus. Ela ocorre,

predominantemente, no inverno em regiões de clima temperado e durante todo o ano em áreas

de clima tropical (BRESEE et al. 1999; COOK et al. 1990; INOUYE et al. 2000).

No Brasil, as regiões sudeste, sul e centro-oeste apresentam pico predominante nos meses

secos, de maio a setembro (CARDOSO et al. 1992; CARDOSO et al. 2000; COSTA et al.

2004), ao contrário das regiões norte e nordeste, onde a sazonalidade não é tão marcante

(LINHARES et al. 1989; STEWIEN et al. 1991). Apesar disso, na região nordeste, a

predominância de casos parece estar concentrada nos meses mais chuvosos (março a julho)

que coincide com os meses secos das regiões sul, sudeste e centro-oeste (GURGEL et al.

2009).

Em países em desenvolvimento as crianças adquirem infecção em idade precoce, com

ocorrência ao longo de todo o ano e parece ser causada por uma grande variedade de sorotipos

de rotavírus. Além disso, co-infecção e co-morbidade são comuns, contribuindo para elevar a

mortalidade. Em contraste, nos países desenvolvidos, a infecção raramente é fatal, mas

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apresenta um impacto econômico substancial, por conta dos custos ambulatoriais e

hospitalares (PAHO, 2004).

A faixa etária de maior incidência das infecções por rotavírus inclui crianças de seis a

24 meses, embora casos diarreicos sejam registrados com relativa frequência durante o

primeiro semestre de vida nos países em desenvolvimento (CUNLIFFE et al. 2002;

CUNLIFFE et al. 1998). Em relação à infecção neonatal detecta-se elevada prevalência

(provável infecção nosocomial) em recém-nascidos internados (11% a 35%) e elevado índice

de assintomáticos, cuja variação é de 82,3% a 100% (AL-FRAYH et al. 1987; BENATVALA

et al. 1978; LINHARES et al. 2002).

Considerando-se a maior gravidade da infecção por rotavírus em relação a vários outros

patógenos intestinais, estudos em âmbito hospitalar apresentam, em geral, maior incidência de

diarreia por rotavírus do que os estudos em crianças com diarreia aguda atendidas em

ambulatório (BRESEE et al. 1999; LINHARES, 2000). Enquanto o rotavírus, geralmente, é

responsável por menos de 10% dos casos de doença diarreica em lactentes atendidos no nível

ambulatorial, 20% a 60% das hospitalizações por diarreia são relacionadas ao rotavírus

(CUNLIFFE et al. 2002).

As primeiras investigações sobre gastroenterites por rotavírus na América Latina

surgiram nos meados da década de 70, poucos anos após a descoberta desse enteropatógeno.

No Brasil, o primeiro registro foi feito por Linhares e colaboradores, em Belém, no Pará, em

1976, durante estudo-piloto envolvendo crianças sob atendimento ambulatorial ou

hospitalizadas com diarreia aguda (LINHARES et al. 1977).

Mundialmente, as infecções por rotavírus apresentam variações significativas. Estudo

de revisão realizado em 37 países por De Zoysa e Feachem (1985), observaram a proporção

de 12% a 71% (média de 34%) de identificação de rotavírus em crianças de até 36 meses de

idade, com diarreia aguda, em atendimento ambulatorial ou hospitalar.

Segundo Linhares e Bresee (2000), a maioria das investigações conduzidas na América

Latina em crianças abaixo de cinco anos de idade, em nível hospitalar ou ambulatorial, aponta

para uma ampla variação nas taxas relativas à prevalência das diarreias por rotavírus como

Argentina: 12,9 a 34,0%; Brasil: 13,0 a 40%; Chile: 11,4 a 40,0%; Costa Rica: 45,3 a 60,0% e

Venezuela: 30,0 a 50,0%. Dados epidemiológicos revisados nas regiões do Brasil mostram as

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médias dos índices de positividade por região: o Norte com 36,5%; o Nordeste com 25,0%; o

Centro-Oeste com 24,0%; o Sudeste com 22,0% e o Sul com 42,0% (LINHARES, 2000).

Durante período de dez anos (1993-2003), em 17 estados dos Estados Unidos, o

rotavírus foi o patógeno mais comum, com 16,9% de todos os casos de diarreia entre crianças

menores de cinco anos de idade hospitalizadas, demonstrando que a proporção de diarreia

atribuída ao rotavírus é mais elevada em países desenvolvidos, devido às intervenções

ambientais, tais como saneamento e água tratada, que substancialmente previnem infecções

bacterianas e parasitárias, mas são ineficazes contra rotavírus (FISCHER, 2007).

Em estudo multicêntrico realizado entre fevereiro de 2005 e agosto de 2006 em cinco

países da Europa (França, Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido) antes da licença e

introdução de novas vacinas na região, com o propósito de avaliar a carga de gastrenterite por

rotavírus das crianças menores de cinco anos hospitalizadas, identificou 43,4% de

positividade em 2.928 casos de gastrenterite (FORSTER et al. 2009).

Os estudos longitudinais caracterizados pela vigilância ativa das infecções por rotavírus

no âmbito comunitário urbano ocorrem em número relativamente reduzido, devido à sua

própria configuração metodológica (visitas domiciliares regulares a um mesmo grupo de

crianças), tais investigações detectaram episódios diarreicos em geral leves ou moderados

(LINHARES, 2000). Na região norte do Brasil, um estudo prospectivo (1982 a 1986)

conduzido por Linhares e colaboradores (1989), envolvendo cerca de 80 crianças

acompanhadas quinzenalmente do nascimento aos três anos de idade, observou que ocorreram

em média 2,5 episódios diarreicos agudos por criança/ano, dos quais 10% (0,25) estavam

associados aos rotavírus. Na região nordeste, estudos similares revelaram índice pelo menos

quatro vezes mais elevado, 1,33 episódios associados aos rotavírus, a considerar-se o grupo

etário de 6 a 11 meses (GUERRANT et al. 1983). Estudo realizado recentemente, com

crianças de uma comunidade de baixa renda em Aracaju, estado de Sergipe, localizado no

nordeste brasileiro, foi verificado uma baixa incidência: em 330 amostras de fezes diarreicas,

16 (4,9%) foram identificadas com rotavírus (VIEIRA et al. 2011), sendo este um dos

primeiros relatos da proporção da carga de doença pelo rotavírus após a introdução da vacina

monovalente em ampla escala no Brasil.

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2.1.4. Profilaxia

Os dados epidemiológicos evidenciam que as taxas de incidência das gastrenterites

causadas pelo rotavírus nos países desenvolvidos são similares aos dos países em

desenvolvimento, prevalecendo o amplo consenso de que atualmente o efetivo controle destas

infecções se condiciona a aplicação da vacina ao longo do primeiro semestre de vida

(FISCHER et al. 2007), pois sabe-se que intervenções como o acesso amplo à água potável e

o saneamento básico, resultam em impacto inexpressivo na frequência de diarreia por

rotavírus (BRESEE et al. 1999; FISCHER et al. 2007).

Estudos longitudinais de vigilância demonstraram que em neonatos após infecção

primária, as reinfecções por rotavírus são comuns (BISHOP et al. 1983). No entanto, estudo

de uma coorte de crianças mexicanas monitoradas desde o nascimento até os dois anos de

idade, concluiu que a resposta imune que se desenvolve após a infecção primária é protetora

contra sintomas graves das reinfecções (VELAZQUEZ et al. 1993). Essa observação é a base

do desenvolvimento de vacinas contra rotavírus. Em agosto de 1998, foi licenciada nos

Estados Unidos e implementada no Programa de imunizações a primeira vacina para uso

humano, de origem símio-humana, a RRV-TV, (do inglês Rhesus-human reassortant

tetravalent vaccine), designada comercialmente por Rotashield®, extensamente testada nos

Estados Unidos, na Europa e na América Latina. Após menos de um ano de uso, o Centro de

Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos determinou a suspensão do uso da

RRV-TV em território americano, com base em relatos sobre a ocorrência de intussuscepção

em 15 crianças vacinadas. Em outubro de 1999, foi cancelada sua recomendação (BRESEE et

al. 1999; CDC, 1999a; CDC, 1999b).

A associação inesperada da primeira vacina Rotashield® (Wyeth-Ayerst International,

Inc., PA, USA) com intussuscepção intestinal levou os fabricantes de vacinas a realizarem

grandes estudos para produzirem novas vacinas, a fim de excluir este risco (MURPHY, 2001).

Mais recentemente (2006), duas vacinas seguras e eficazes foram licenciadas, a Rotarix®

(GSK) vacina atenuada humana, representada por um único sorotipo G1P[8], o mais

identificado no mundo e a RotaTeq® (Merck) vacina pentavalente que contém a combinação

bovina/humana representada por rearranjos dos sorotipos G1, G2, G3, G4, e P[8]. Estudos

clínicos de pré-licenciamento mostraram que essas vacinas são bem toleradas, com eficácia

em torno de 75,0% a 100,0% (RUIZ-PALACIOS, 2006; VESIKARI, 2006). Baseada na

evidência da alta eficácia contra a doença grave e redução da mortalidade, a Organização

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Mundial de Saúde (OMS) recomendou a incorporação das vacinas contra rotavírus nos

programas nacionais de imunizações de todos os países, com ênfase naquelas regiões onde a

proporção de mortes por diarreia nas taxas de mortalidade em crianças menores de 5 anos é

maior ou igual a 10% (WHO, 2009).

A América Latina desempenhou um papel fundamental nos ensaios de pré-

licenciamento e foi o primeiro continente a incorporar amplamente a vacina. As lições

aprendidas a partir da experiência pioneira com a Rotarix, incluindo questões técnicas,

operacionais, financeiras e políticas, serviram de modelo para vários países do mundo no

processo de introdução da vacina em seus próprios programas (DE OLIVEIRA, 2008). Até

setembro de 2011 a Rotarix havia sido licenciada em 123 países nas Américas, Europa,

Austrália, África e Ásia, dos quais 27 incorporaram a vacina no programa nacional ou

regional de imunização, incluindo 12 países da América Latina: Brasil, El Salvador, Panamá,

e Venezuela em 2006, Equador e México em 2007, Bolívia em 2008, Honduras, Peru

Colômbia e Guatemala em 2009 e Paraguai em 2010 (O’RYAN et al. 2011).

Alguns estudos observacionais e de caso-controle realizados no Brasil e em outros

países avaliaram o impacto da vacina Rotarix no controle das rotaviroses. Entre os estudos

observacionais que relataram a vigilância ativa em centros sentinelas foram Bélgica, Áustria,

Austrália, El Salvador e Brasil os que detectaram redução das diarreias por todas as causas

associadas às hospitalizações de 29 a 48%, e nas hospitalizações associadas à rotavírus,

principalmente em crianças, de 35 a 81% (GURGEL et al. 2009; MACARTNEY et al. 2011;

PAULKE-KORINEK et al. 2010; SÁFADI et al. 2010; ZELLER et al. 2010; YEN et al.

2011). O efeito da Rotarix na redução da diarreia associada com mortalidade foi avaliado no

México e no Brasil, cujo declínio geral das mortes foi 35%, comparando-se a média do

número de mortes ocorridas durante os cinco anos pré-vacina com os dois anos pós-vacina

(DO CARMO et al. 2011; LANZIERI et al. 2011; RICHARDSON et al. 2010).

Os estudos para avaliar o impacto da vacina têm sido realizados em diferentes

contextos, comparando-se os riscos de obtenção da doença das crianças vacinadas e não

vacinadas. Entre esses, Vieira et al. (2011) realizaram um estudo em uma coorte de crianças

em comunidade de baixa renda localizada em Aracaju, estado de Sergipe, e após dois anos

detectaram baixa incidência de diarreia por todas as causas e similar entre as crianças

vacinadas e não vacinadas. Além da baixa incidência de diarreia, poucas crianças foram

diagnosticadas com rotavírus. Segundo os autores estes resultados estão de acordo com a

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menor incidência relatada em Sergipe de infecções por rotavírus após a introdução da vacina

(GURGEL et al. 2009), e também estão explicados pela própria localização do estudo, uma

vez que a proporção de casos de rotavírus em comunidade é caracteristicamente menor do que

em estudos em hospitais (GURGEL et al. 2008; VERNACCHIO et al. 2006). Em relação à

baixa incidência de rotavírus nas crianças não vacinadas, os autores supõem que pode ter

ocorrido devido à proteção de rebanho (herd immunity), efeito este já bem descrito em outras

vacinas como a oral contra poliomielite (CONYN-VAN SPAENDONCK et al. 2001,

EBRAHIM, 2001). Este efeito pode também explicar o padrão da doença por rotavírus

observado após a imunização nacional nos Estados Unidos da América, onde crianças de

idade mais avançada que não receberam a vacina, também tiveram redução na incidência de

rotavírus (TATE et al. 2009).

Outro estudo foi realizado na cidade do Recife, estado de Pernambuco, nordeste do

Brasil, de março 2006 a setembro 2008, com o objetivo de avaliar a eficácia da vacina contra

gastrenterites em crianças hospitalizadas causadas por rotavírus G2P[4]. Foram considerados

grupo “caso”, as crianças com diarreia grave por rotavírus G2P[4] e os dois grupos “controle”

eram crianças com diarreia grave rotavírus-negativo e crianças com Infecção do Trato

Respiratório (IRA). Os autores concluíram que a vacina rotavírus monovalente G1P[8] foi

efetiva contra diarreia grave por rotavírus G2P[4] entre as crianças com idade 6-11 meses,

porém a efetividade diminuiu entre crianças com a idade ≥ 12 meses, podendo ter ocorrido

declínio na imunidade (CORREIA et al. 2010).

Segundo Bishop (2009), a vigilância preliminar dos números de crianças

hospitalizadas por diarreia grave nos Estados Unidos da América, Brasil e Austrália após a

introdução dessas vacinas incentiva a expectativa de que a infecção por rotavírus deixe de ser

uma ameaça para as crianças em todo o mundo.

2.2. ENTEROINFECÇÕES POR PARASITOSES

2.2.1 Contexto geral das principais parasitoses intestinais

Infecções intestinais podem ser causadas por vários agentes etiológicos, entre eles

protozoários e helmintos. Esses patógenos estão entre os mais frequentemente encontrados em

seres humanos, apresentando maiores prevalências nas populações caracterizadas por

precárias condições de habitação, saneamento, educação e saúde. As parasitoses intestinais na

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infância são potencialmente prejudiciais ao desenvolvimento físico e à saúde. Quando as

infecções se tornam persistentes ou recorrentes causam prejuízos nutricionais importantes,

resultando em consequências adversas em termos de mortalidade, morbidade, crescimento

físico e desempenho cognitivo (JARDIM-BOTELHO et al. 2008; TEIXEIRA e HELLER,

2004; WHO, 1995).

Os helmintos transmitidos pelo solo causam infecções em humanos através do contato

com os ovos ou larvas do parasito que se desenvolvem em solo quente e úmido nos países

tropicais e subtropicais. Como vermes adultos, os helmintos vivem durante anos no trato

gastrointestinal humano. Mais de um bilhão de pessoas são infectadas com pelo menos uma

espécie (WHO, 2005a). De particular importância são os vermes cilíndricos (Ascaris

lumbricoides), vermes chicotes (Trichuris trichiura), e os ancilostomídeos (Necator

americanus ou Ancylostoma duodenale). Eles são vistos em conjunto porque é comum que

um único indivíduo, especialmente as crianças que vivem em países menos desenvolvidos,

sejam cronicamente infectados com mais de um dentre os três tipos de vermes (WHO, 2005a).

A infecção por T. trichiura e A. lumbricoides ocorre pela ingestão de ovos viáveis

contendo a larva infectante (L3). Após a ingestão dos ovos de T. trichiura, as larvas são

liberadas, sofrem ecdises e migram para o cólon onde penetram no epitélio e desenvolvem em

vermes adultos dentro de 12 semanas (DESPOMMIER et al. 2005). As larvas de Ascaris

penetram na mucosa do intestino e após uma obrigatória migração extra intestinal, entram no

fígado, em seguida nos pulmões, passam pela orofaringe e retornam ao trato gastrointestinal,

onde desenvolvem-se em vermes adultos para postura dos ovos, cerca de nove a onze semanas

após ingestão do ovo (CROMPTON, 2001).

Os ovos dos ancilostomídeos N. americanus e A. duodenale eclodem no solo. As

larvas sofrem duas ecdises para se tornarem infectantes no terceiro estádio larval. Depois de

penetrarem na pele, entram nas vênulas subcutâneas e vasos linfáticos para acessar a

circulação aferente do hospedeiro. Por fim, entram nos pulmões, passam para a epiglote e

migram para o trato gastrointestinal (HOTEZ et al. 2004). A partir da penetração na pele até o

desenvolvimento em adultos para postura dos ovos são necessários cerca de cinco a nove

semanas. As larvas de A. duodenale são também infectantes por via oral e foi considerada

possível a transmissão pelo leite materno (BETHONY et al. 2006).

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Existe pouco consenso sobre a associação entre diarreia e infecção por helmintos. Os

dados disponíveis sugerem que cinco espécies de helmintos estão associadas com a doença

diarreica humana: Trichinella spiralis (infecção na fase inicial), Trichuris trichiura,

Strongyloides stercoralis, Capillaria philippinensis, e Schistosoma (particularmente

Schistosoma mansoni). Todos esses parasitas têm uma fase invasiva durante a qual os vermes

adultos, os seus ovos ou suas larvas estabelecem íntimo contato com a mucosa intestinal do

hospedeiro e provocam uma forte resposta inflamatória local, resultando em várias alterações

estruturais e funcionais do intestino. Em contraste, os vermes estritamente intraluminais não

parecem interferir na estrutura intestinal e funcional do seu hospedeiro em nível suficiente

para causar diarreia (GENTA, 1993).

Em Bangladesh, foi realizado um estudo com o objetivo de obter a incidência de

infecções por helmintos transmitidos pelo solo em crianças desde o nascimento até

completarem dois anos de idade. Em geral, 9,3% das amostras de fezes foram positivas para

qualquer tipo de helmintose. O percentual de amostras positivas com diarreia foi maior

quando comparadas com as amostras positivas não diarreicas, 12% e 8,5%, respectivamente.

A. lumbricoides foi identificado mais comumente nas amostras diarreicas e não diarreicas,

seguido por T. trichiura e ancilostomídeos (ROY et al. 2011).

Entre os protozoários, destacam-se Entamoeba histolytica e Giardia lamblia. Estima-

se, que 200 e 400 milhões de indivíduos, respectivamente, alberguem G. lamblia e E.

histolytica (WHO, 1997). A giardíase, parasitose causada pelo protozoário G. lamblia,

também conhecido como G. intestinalis, habita o intestino delgado proximal do seu

hospedeiro, podendo este ser o homem, animais domésticos e alguns animais silvestres (REY,

2002). É encontrada em duas formas: cistos, que estão envolvidos na transmissão da doença, e

trofozoítos. Os cistos podem permanecer viáveis em ambientes úmidos, por um período de

três meses, e resistem à cloração habitual da água. A transmissão ocorre através da água, do

consumo de vegetais, legumes e frutas contaminadas pelos cistos, de manipuladores de

alimentos, do contato direto inter-humano (fecal-oral), principalmente em asilos, creches e

orfanatos. Considera-se, ainda, a transmissão por meio de artrópodes, como as moscas e

baratas, através de seus dejetos ou regurgitação (PEREIRA et al. 2007).

O parasitismo por G. lamblia é, em geral, assintomático na maioria dos casos. No

entanto, infecções com diarreia crônica acompanhada de esteatorreia, perda de peso e má

absorção intestinal podem ocorrer em 30 a 50% dos pacientes infectados (NEVES, 2005). A

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forma aguda se caracteriza por diarreia do tipo aquosa, explosiva, acompanhada de distensão

e dor abdominal. A giardíase pode levar à má absorção de açúcares, gorduras e vitaminas A,

D, E, K, B12, ácido fólico, ferro, zinco (MELO et al. 2004). Pode surgir, principalmente em

crianças, intolerância à lactose devido à perda da atividade enzimática na mucosa do intestino

delgado (TÉO, 2002).

Em áreas endêmicas, observa-se maior prevalência da giardíase em crianças nos

primeiros anos de vida, reduzindo suas taxas com o avançar da idade (FERREIRA e

MARÇAL JÚNIOR, 1997; REY, 2002). Esse decréscimo pode estar ligado ao fato de que a

imunidade ao parasita é adquirida após exposições sucessivas, corroborando assim para uma

maior prevalência na infância (ISTRE et al. 1984; WEBSTER, 1980).

A amebíase, doença causada pelo protozoário Entamoeba histolytica, é considerada

importante causa de morbi-mortalidade no homem. Esta parasitose apresenta ampla

distribuição geográfica com alta prevalência em regiões tropicais, onde as condições de

higiene e educação sanitária são consideradas deficientes (WHO/PAHO/UNESCO, 1997).

Apesar de serem encontradas várias espécies de amebas em parasitismo com o homem,

entre elas Entamoeba dispar, Entamoeba coli e Endolimax nana, somente a E. histolytica,

tem a capacidade de invadir a mucosa intestinal (REY, 2002). Sua transmissão ocorre pela

ingestão dos cistos presentes na água e alimentos (REY, 2001; MELO et al, 2004).

A grande maioria dos casos de amebíase é assintomática; porém, pode haver formas

latentes que conduzem a surtos agudos da doença e, eventualmente, complicações graves. Em

casos sintomáticos, uma das manifestações é a diarreia aquosa, com muco e sangue,

conhecida como colite amebiana aguda ou disenteria amebiana, cujos sintomas costumam

instalar-se subitamente e evoluir com febre, dor abdominal, leucocitose e aumento das

evacuações (MOTA e PENNA, 1988; NEVES, 1998; REY, 2002). Um estudo de coorte em

uma favela de Bangladesh constatou a incidência de 80% de crianças infectadas por E.

histolytica ao longo de 4 anos de seguimento e, destas, 75% eram assintomáticas e, pelo

menos uma vez durante o estudo, 40% desenvolveram diarreia ou disenteria associada com E.

histolytica (HAQUE et al. 2006).

Apesar da importância das parasitoses intestinais para a saúde pública, educação e

economia, elas permanecem em grande parte negligenciada. Essa negligência decorre devido

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a três características: primeiro, as pessoas mais afetadas pertencem ao grupo dos mais pobres

do mundo; segundo, as infecções causam problemas crônicos de saúde e apresentação clínica

insidiosa; e terceiro, o efeito da quantificação das infecções helmínticas transmitidas pelo solo

sobre o desenvolvimento econômico e a educação é difícil (BETHONY et al. 2006).

2.3. AS ENTEROINFECÇÕES E A ETIOLOGIA BACTERIANA

Diversos fatores favorecem a associação entre enteroinfecções e a etiologia bacteriana,

entre eles: idade reduzida, deficiências nutricionais, práticas inadequadas de higiene física e

alimentar, desmame precoce, aglomerações no domicílio e institucionais, ausência de

saneamento básico nos locais de permanência, acesso a coleções hídricas contaminadas e

período quente do ano (GUERRANT et al. 1990; VICTORA e FUCHS, 1992).

A bactéria Escherichia coli, uma causa comum de gastrenterite, representa 30% do

número total de patógenos diarreicos em algumas regiões (MOYENUDDIN et al. 1987;

VELAYATI et al. 1987). As cepas de E. coli que causam diarreia em humanos podem ser

divididas em diferentes categorias baseadas em epidemiologia distintas, síndrome clínica e

propriedades de virulência (CLARKE, 2001). Há muito tempo, é reconhecida a importância

da E. coli enteropatogênica clássica (EPEC) para a diarreia da criança. Além de EPEC, outras

cinco E. coli diarreiogênicas (DEC) foram posteriormente descritas: enteroinvasora (EIEC),

enterotoxigênica (ETEC), enteroagregativa (EAEC), entero-hemorrágica (EHEC) e E. coli de

adesão difusa (DAEC) (NATARO e KAPER, 1998; SCALETSKY et al. 1999).

No Brasil, estudos realizados na área urbana da cidade de São Paulo avaliaram a

etiologia das diarreias agudas e mostraram uma predominância dos quadros bacterianos sobre

os virais (GILIO et al. 1991; GOMES et al. 1989; HARSI et al. 1995; OSMO et al. 1983;

STEWIEN et al. 1993). Dentre os agentes bacterianos, sempre preponderou a E. coli,

principalmente do grupo enteropatogênico clássico (EPEC), que chegou a ser detectada em

até 30 a 40% dos casos de diarreia na década de 80 (GOMES et al. 1989; OSMO et al. 1983).

Nos últimos anos, observou-se alteração do perfil etiológico da diarreia, com elevada

frequência de rotavírus. Souza et al (2002) estudaram a etiologia da diarreia em um grupo de

crianças na cidade de São Paulo e verificaram que a E. coli e o rotavírus são encontrados na

maior parte dos casos, inclusive associados nos mesmos doentes.

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A incidência anual das diarreias infecciosas agudas na Ásia, África e América Latina é

muito maior do que no resto do mundo (RICE et al. 2000). A associação de determinados

sorogrupos de EPEC com a diarreia infantil endêmica tem sido relatada em vários países,

incluindo Bangladesh (FARUQUE et al. 1992), Arábia Saudita (EL-SHEIKH e EL-

ASSOULI, 2001), Irã (ALIKHANI et al. 2007), Brasil (RODRIGUES et al. 2004) e Uruguai

(TORRES et al. 2001).

Em Burkina Faso, país africano dos mais pobres, onde o índice de diarreia é elevado

entre as crianças menores de 5 anos, recentemente foi realizado um estudo para identificar os

agentes enteropatógenos em 309 crianças com gastrenterites. Em geral, Rotavírus, parasitas e

bactérias foram identificados em 32,4%, 18,8% e 16,8% dos casos, respectivamente. Entre as

bactérias patógenas, EPEC foi detectada com mais frequência (NITIEMA et al. 2011).

No Irã, cepas de EPEC foram identificadas em 36,4% de crianças com diarreia e 7,2%

das crianças sem diarreia. A prevalência foi mais alta (30%) entre as crianças menores de dois

anos de idade (ALIKHANI et al. 2007).

Estudo realizado no Brasil apenas com crianças sem diarreia foi encontrado

enteropatógenos em 12,69% das crianças, a metade correspondeu às bactérias do grupo

EPEC, demonstrando que o portador saudável desempenha um importante papel na

disseminação e manutenção dos agentes entéricos (LEAL et al. 1988).

Um estudo realizado em Salvador, numa instituição pediátrica, durante dois anos, 1.991

amostras de fezes diarreicas foram analisadas e 260 apresentaram crescimento bacteriano.

Mais da metade dos casos (54,3%) foram causados por Shigella sp, reforçando a importância

desse patógeno na epidemiologia da diarreia na infância nos países em desenvolvimento.

Salmonella foi também comumente encontrada, mas não foram isolados espécimes tifoides.

E. coli foi o agente causador menos frequente (DINIZ-SANTOS et al. 2005); no entanto, é o

mais importante para a epidemiologia da diarreia aguda em áreas mais pobres (BOJUWOYE,

1988; NOTARIO et al. 1996).

Por fim, em relação ao perfil das bactérias potencialmente enteropatogênicas verifica-se

através de vários estudos em populações carentes que a espécie E. coli é preponderante,

seguida por Shigella sp com frequência semelhante em crianças diarreicas menores de 5 anos

25

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(GUERRANT et al. 1990; NITIEMA et al. 2011; SCALETSKY et al. 1999; SOUZA et al.

2002; TOPOROVSKI et al. 1999).

2.4. GEOPROCESSAMENTO EM SAÚDE

A relação entre a geografia e a saúde é reconhecida desde a Antiguidade. O exemplo

mais marcante para análises de saúde é o de John Snow, considerado o fundador da

epidemiologia moderna (CERDA e VALDIVIA, 2007). Em 1854, durante a epidemia de

cólera que assolava Londres, Snow demonstrou, através da distribuição espacial dos casos,

que o veículo de transmissão da doença era a água distribuída principalmente por uma bomba

pública instalada na localidade de Broad Street e por duas distribuidoras de água (Southwark

e Vauxhall) quando comparadas com aquela de outra distribuidora (Lambeth). O espaço foi o

ponto de início para suas inferências sobre os casos da doença (SNOW, 1999).

Embora a abordagem espacial já fosse utilizada nos estudos da epidemiologia e da

geografia, o espaço era compreendido de forma limitada (CZERESNIA e RIBEIRO, 2000;

ROJAS, 1998). Para a epidemiologia o espaço era o resultado de uma interação entre o

organismo e a natureza, independente da ação humana (ROSEN, 2006), enquanto na

geografia clássica, o espaço era entendido como decorrente de fenômenos naturais (clima,

hidrografia, topografia, vegetação, entre outros) (SANTOS, 2002).

Atualmente, a literatura científica tem recuperado o valor do estudo do espaço,

interpretado em sua totalidade, para a análise das necessidades e das desigualdades sociais,

partindo do princípio que o dinamismo do processo saúde-doença, quando inserido em um

agrupamento espacial, possibilita um conhecimento mais adequado da situação, além de

contribuir para a organização dos serviços de atenção à saúde (ROJAS, 1998; SOUZA-

SANTOS, 2005; ROJAS e BARCELLOS, 2003).

A partir da década de 90, o espaço como componente clássico das análises

epidemiológicas de situação de saúde passou a ser contemplado por um renovado interesse,

que pode ser creditado, em grande parte, ao avanço dos recursos computacionais e das

técnicas de geoprocessamento que possibilitaram a rápida manipulação de mapas (CLARKE

et al. 1996; MONKEN e BARCELLOS, 2005).

O geoprocessamento consiste em um sistema abrangente que reúne diversas tecnologias

de tratamento, manipulação e armazenamento de dados geográficos, através de programas

26

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computacionais. Algumas das técnicas de geoprocessamento mais utilizadas são: o

sensoriamento remoto, a cartografia digital, a estatística espacial e os Sistemas de

Informações Geográficas (SIG), os quais permitem a realização das análises espaciais

(MAGALHÃES et al. 2006).

Os SIG são sistemas computacionais usados para capturar, armazenar, gerenciar,

analisar e apresentar informações geográficas. A utilização de SIG possibilita realizar análises

espaciais complexas, pois permite integração de dados de diversas fontes, manipulação de

grande volume de dados e recuperação rápida de informações armazenadas (MAGALHÃES

et al. 2006).

A constatação de diferenças na distribuição espacial de um evento (população humana,

incidência de uma doença, fornecimento de água, etc.) pode ser verificada de diversas formas.

O uso de gráfico de barras ou mesmo uma tabela, para comparação de distribuição de

frequência, pode ser uma forma eficiente de fazê-la. Entretanto, o uso de mapas tem se

mostrado a melhor forma de representação, pois dá ao investigador uma visão imediata e

direta da distribuição de um evento no espaço. Além disso, com o uso de SIG, pode-se

verificar com maior facilidade eventuais associações espaciais entre eventos de saúde e

diferentes aspectos do ambiente natural (SOUZA-SANTOS et al. 2007).

Uma das formas mais tradicionais de se elaborar mapas de interesse para a Saúde

Pública é a representação de eventos de saúde em forma de pontos. Os eventos em saúde são

ocorrências que têm um interesse especial para a Vigilância em Saúde e que, em geral, têm

uma dimensão espacial, isto é, podem ser representados em mapas como pontos. Se esses

eventos estiverem concentrados no espaço é bem provável que exista uma determinação

espacial desse evento e que, encontrando-se os locais com maior concentração, seja possível

identificar fatores ambientais, sociais ou ligados à própria assistência à saúde, que podem ser

objetos de ação da Vigilância em Saúde (BARCELLOS et al. 2007).

Dentre os procedimentos para estimar densidade de eventos, a estimativa Kernel é a

mais conhecida e a mais utilizada, desempenhando um papel importante no contexto

epidemiológico para identificar a concentração de casos (GATRELL et al. 1996). A

estimativa Kernel é uma técnica estatística de interpolação exploratória, não paramétrica, que

gera uma superfície de densidade para a identificação visual de “áreas quentes”. Entende-se a

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ocorrência de uma área quente como uma concentração de eventos que indica de alguma

forma a aglomeração em uma distribuição espacial (BARCELLOS et al. 2007).

Na análise de Kernel a distribuição de pontos ou eventos é transformada numa

“superfície contínua de risco” para a sua ocorrência. Esse procedimento permite filtrar a

variabilidade de um conjunto de dados, sem, no entanto, alterar de forma essencial as suas

características locais (BAILEY E GATRELL, 1995). Não é um método de detecção de

aglomerados por si, mas, um método para explorar e mostrar o padrão de pontos de dados em

saúde, e é útil a partir do momento em que gera uma superfície contínua a partir de dados

pontuais (CROMLEY E MCLAFFERTY, 2002).

É importante ressaltar que a interpretação dos resultados obtidos mediante a análise

Kernel é subjetiva e depende do conhecimento prévio da área de estudo. A técnica apresenta,

como uma das maiores vantagens, a rápida visualização de áreas que merecem atenção, além

de não ser afetada por divisões político-administrativas. Portanto o estimador de intensidade é

uma boa alternativa para se avaliar o comportamento dos padrões de pontos em uma

determinada área de estudo, sendo considerado muito útil para fornecer uma visão geral da

distribuição de primeira ordem dos eventos (CARVALHO E CÂMARA, 2002).

Alguns estudos se utilizam do geoprocessamento no sentido de identificar áreas de risco

para a ocorrência de parasitoses intestinais e avaliar a prevalência dos casos e seus possíveis

fatores determinantes. Souza et al. (2007) utilizaram o geoprocessamento em estudo de área

rural no Acre, onde avaliaram a distribuição espacial das infecções parasitárias naquela

região, e enfatizam que esse método facilita a identificação de fatores de risco que podem ser

modificáveis por meio de intervenções.

Assim, analisar a saúde de grupos populacionais, considerando a sua localização

espacial e temporal, sua inserção com o ambiente, com a distribuição espacial dos recursos de

saúde e com outros grupos populacionais, auxilia a compreensão do processo saúde e doença

nas populações (PEITER et al. 2006).

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3. OBJETIVOS

3.1- Objetivo Geral:

Conhecer as características ambientais e analisar espacialmente a diarreia aguda e as

enteroinfecções em lactentes numa situação de uso ampliado da vacina contra o Rotavírus.

3.2- Objetivos Específicos:

Verificar o número de episódios mensais de diarreia aguda.

Identificar a presença, associada, ou não aos episódios de diarreia, de cepas de

Rotavírus.

Descrever a frequência de enteroinfecções em crianças com ampla cobertura vacinal

contra o Rotavírus.

Verificar a influência das características ambientais de moradia sobre a frequência de

diarreia aguda e enteroinfecções.

Analisar a distribuição espaço-temporal dos episódios de diarreia aguda e das

enteroinfecções identificadas.

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4. MÉTODOS

4.1. DESENHO E LOCAL DO ESTUDO

Trata-se de um estudo de coorte prospectivo inserido no projeto “Mudanças na

epidemiologia e etiologia das infecções intestinais em Sergipe, após a introdução da vacina

oral monovalente para Rotavírus, e sua repercussão sobre a evolução nutricional de

crianças”.

O estudo foi realizado no município de Laranjeiras, localizado a 19 km da capital

Aracaju, estado de Sergipe (Figura 1), latitude 10º48'23"sul, longitude 37º10'12" oeste e

altitude de nove metros. Situa-se na zona litorânea, com influência de frentes oceânicas, numa

região repleta de morros e colinas. O rio Cotinguiba passa pelo centro histórico e, na divisa do

município, deságua no rio Sergipe (IBGE, 2008). A cidade possui 26.902 habitantes em uma

área de 162,279km2, com densidade demográfica de 165,78hab/km

2 (IBGE, 2010).

Figura 1. Localização do município Laranjeiras no estado de Sergipe

Fonte: Arquivo Pessoal

30

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De acordo com o Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB) (2010), Laranjeiras

possui 7.404 famílias assistidas pelo Programa Saúde da Família (PSF), sendo 586 menores

de um ano e 2407 entre um e quatro anos de idade, dispõe de um hospital regional e treze

unidades de saúde. Em relação às condições de saneamento básico, 1.402 famílias (18,94%)

possuem rede de esgoto sem tratamento, 522 (7,05%) jogam o esgoto a céu aberto, e 5.480

famílias (74,01%) possuem fossa. Quanto ao abastecimento de água, 5.335 famílias (72,06%)

são abastecidas pela rede pública, 1.777 (24%) utilizam água de poço e nascentes e 292

(3,94%) utilizam água de outras fontes. Ainda segundo informações do SIAB (2010), 5.915

famílias (79,89%) têm os resíduos sólidos coletados, 984 (13,29%) jogam os resíduos a céu

aberto, e 505 famílias (6,82%) queimam ou enterram os resíduos sólidos.

As treze unidades de saúde neste estudo foram denominadas pelo nome conhecido

popularmente ou pelo nome do bairro ou povoado: Bom Jesus, Bragança, CAIC, Camaratuba,

Comandaroba, Cedro, Gameleiro, Muniz, Mussuca, Pastora, Pedra Branca, Pinheiro e Várzea.

4.2. SUJEITOS DO ESTUDO

A população estudada foi constituída de lactentes residentes nas áreas de cobertura das

equipes do PSF, na faixa etária compreendida entre 2 e 11 meses, segundo os critérios de

inclusão abaixo:

Critérios de inclusão:

a) Crianças do município de Laranjeiras/SE, residentes nas áreas de cobertura dos 13

postos de saúde existentes no município;

b) Crianças nascidas entre abril de 2009 a janeiro de 2010;

c) Concordância documentada, obtida dos pais ou responsáveis, para que o seu filho fosse

avaliado nos períodos previstos no estudo.

Para dar início ao trabalho, foi realizada a identificação das crianças incluídas nessa

faixa etária pelos agentes comunitários de saúde. Em seguida foram agendadas as reuniões

com os pais/responsáveis em cada Unidade de Saúde correspondente à área onde a família

está cadastrada com a finalidade de esclarecer o objetivo do estudo, procedimentos

envolvidos, os riscos e benefícios da participação. Sendo assim, após obtenção da assinatura

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do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo A), os pais/responsáveis

responderam a um questionário com questões abertas e fechadas sobre os dados

demográficos, socioeconômicos e ambientais, bem como verificação nos cartões de vacina da

data de recebimento da 1ª e 2ª dose da vacina contra rotavírus (Anexo B).

4.3. PROCEDIMENTOS

4.3.1. COLETA DE DADOS

O período de coleta ocorreu em doze meses de março 2010 a fevereiro 2011. De cada

criança elegível foi tentado coletar pelo menos uma amostra mensal de fezes, bem como os

episódios de diarreia, quando estes ocorreram. Nesses casos, os pais/responsáveis informaram

sobre a gravidade da diarreia através de um questionário aplicado pelos agentes de saúde, que

também ficaram responsáveis pela identificação dos frascos coletores de fezes com o nome da

criança, unidade de saúde e data.

Foi utilizada a definição proposta pela WHO (2005b), onde diarreia é a perda não usual

de água através das fezes emitida pelo menos três vezes em um período de 24 horas. A

gravidade da diarreia foi classificada usando o sistema de escore numérico desenvolvido por

Ruuska e Vesikari (1990), modificado por Nakagomi et al. (2005) que avalia o quadro clínico

de gastrenterite considerando a gravidade e duração da diarreia, presença de vômitos, febre e

desidratação, assim como a necessidade de tratamento. Este escore tem sido usado por vários

anos, inclusive nos ensaios clínicos que avaliaram a eficácia da vacina contra Rotavirus,

importante agente etiológico responsável por quadros graves de diarreia (RUIZ-PALACIOS

et al. 2006).

4.3.2. ANÁLISES COPROLÓGICAS

As análises coprológicas seguiram os procedimentos listados abaixo:

Transporte e armazenamento

As amostras coletadas em cada uma das Unidades de Saúde foram armazenadas

adequadamente sob refrigeração na Secretaria de Saúde de Laranjeiras e transportadas

semanalmente para o Laboratório Central (LACEN) em Aracaju, para as seguintes análises: a)

as amostras fecais foram transferidas em meio de transporte de Cary-Blair, para estudo

bacteriano (coprocultura); b) em tubos Eppendorf para congelamento a -70°C e posterior

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pesquisa de vírus, testadas pelo método ELISA para a detecção das amostras positivas para

Rotavírus; c) o restante da amostra, no frasco coletor e refrigerado, para posterior transporte

ao laboratório do Hospital Universitário para realização dos exames parasitológicos.

Coprocultura

Para realização da coprocultura foi utilizado o método de isolamento em meio de cultura

seletivo, que consistiu em semear a amostra de fezes (material Swab fecal em meio de

transporte Cary-Blair) em placas de Ágar Mac Conkey e Ágar SS (meio seletivo – Salmonella

e Shigella) e em caldo tetrationato (meio de enriquecimento). Ao ocorrer amostra suspeita de

ser enteropatogênica foi realizada a incubação em meio IAL (Instituto Adolfo Lutz), meio

elaborado para triagem de enterobactérias e posterior processamento da amostra para

identificação, através do Teste de Sensibilidade Automatizado (TSA).

Coproparasitológico

Nos exames parasitológicos de fezes foi utilizado o método de Hoffmann ou método de

sedimentação espontânea, cuja técnica consistiu basicamente na mistura das fezes com água,

que foi filtrada por uma gaze cirúrgica e deixada em repouso, formando uma consistente

sedimentação dos restos fecais ao fundo do cálice. Essa sedimentação é inserida em lâmina,

feito um esfregaço e observado em microscópio. Este método detecta a presença de ovos de

helmintos nas fezes, e após coloração com lugol é possível verificar a presença de cistos

de protozoários e larvas de helmintos (NEVES, 2005).

4.3.3. TRATAMENTO DAS INFECÇÕES INTESTINAIS

Como este é um estudo de incidência, a identificação das infecções intestinais com

imediato uso de drogas anti-parasitárias ou antibióticos é fundamental para que se possa

determinar uma eventual infecção posterior.

Os resultados dos exames de fezes foram entregues aos pais/responsáveis e ao ser

identificado algum tipo de infecção, foi prescrito o medicamento específico para o tratamento,

que foi fornecido pela Secretaria Municipal de Saúde de Laranjeiras. Crianças menores de

seis meses de idade que apresentaram helmintos nas fezes receberam 100 mg de mebendazol,

duas vezes ao dia, por três dias consecutivos; crianças maiores de seis meses com helmintos

nas fezes receberam dose única de 400 mg de albendazol. Para o tratamento de Giardia

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lamblia foi administrado 20mg/Kg/dia de metronidazol, dividido em duas doses ao dia, por

cinco dias consecutivos. Em caso de infecção por Entamoeba histolytica, as crianças

receberam 40mg/Kg/dia de metronidazol em duas doses, por cinco dias consecutivos (LOPEZ

e CAMPOS JÚNIOR, 2009).

4.3.4. COLETA DOS DADOS ESPACIAIS

Foi utilizado o método absoluto com posicionamento instantâneo de um ponto, com

auxílio de um Sistema de Posicionamento Global (GPS), modelo GARMIN, para a

localização espacial dos domicílios e de cada Unidade de Saúde correspondente à área das

crianças cadastradas no estudo. A disponibilização dos dados foi realizada por meio de um

sistema de consulta com base em SIG. O SIG possibilitou ligar todos os dados armazenados

às feições geográficas, permitindo a visualização e a análise espacial dos mesmos. Foi

utilizada na geração dos mapas a base cartográfica do município de Laranjeiras (Carta Urbana

Digital do Município de Laranjeiras do IBGE – COD280360), disponível em meio digital.

4.4. ANÁLISE ESTATÍSTICA

4.4.1. ANÁLISE DOS DADOS ESPACIAIS

Os dados espaciais coletados foram importados para o software TerraView 4.1

(www.inpe.br/) e analisados através da técnica de interpolação exploratória, estimativa

Kernel. Através do alisamento ou suavização estatística esta técnica gerou uma superfície de

densidade para a detecção visual de “áreas quentes” ou hot spots, entendidas como uma

concentração de eventos que indica de alguma forma a aglomeração em uma distribuição

espacial. A distribuição de pontos foi transformada em uma superfície contínua de risco para a

ocorrência das enteroinfecções na localidade estudada. Esse procedimento permitiu filtrar a

variabilidade de um conjunto de dados, sem, no entanto, alterar de forma essencial as suas

características locais (BAILEY e GATRELL, 1995; BARCELLOS et al. 2006) gerando uma

superfície contínua a partir de dados pontuais (CROMLEY; MCLAFFERTY 2002). Os

resultados foram obtidos sob a forma de mapas temáticos (CÂMARA et al. 2002).

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4.4.2. ANÁLISE DOS DADOS DESCRITIVOS

Para a análise descritiva foram utilizados valores de frequência relativa e absoluta para

as variáveis categóricas e de média e desvio padrão para as variáveis contínuas. Para

comparar as características basais das crianças desistentes do estudo com as que

permaneceram no estudo utilizou-se o teste qui-quadrado para as variáveis categóricas e o

teste-t de Student não pareado para comparar a idade das crianças entre os dois grupos. As

taxas de enteroinfecções foram obtidas a partir de cálculos de incidência acumulada a cada 3

meses de seguimento. A análise de regressão logística múltipla foi empregada para determinar

as variáveis que mais influenciaram nos episódios de diarreia e nas enteroinfecções, cuja

medida foi calculada a partir do modelo logístico odds ratio (OR) com o intervalo de

confiança (IC) de 95%. Adotou-se o nível de significância p ≤ 0,05. As análises dos dados

foram realizadas através do programa Bioestat versão 5.0 e SPSS versão 17.0.

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5- RESULTADOS

Das 173 crianças cadastradas no início do estudo, 138 (79,8%) permaneceram durante

os 12 meses de seguimento. O número de crianças cadastradas no estudo (n=173) representa

77,9% das crianças nascidas vivas em Laranjeiras (n=222) no período definido como critério

de inclusão. Nos seis primeiros meses de seguimento, 20 crianças tinham saído do estudo

(80% por mudança de endereço e 20% por desistência), e nos 12 primeiros meses de

seguimento mais 15 crianças saíram do estudo (53,3% por mudança de endereço e 46,7% por

desistência). Com relação à distribuição por sexo, 84(48,5%) eram do sexo masculino e

89(51,5%) do sexo feminino.

Ao avaliar as condições ambientais da população em estudo, foi observado que a

maioria dos participantes vivia sob condições sanitárias inadequadas, ou seja, 75,7%

moravam em área sem esgotamento sanitário, fazendo uso de fossa, e 49,7% das mães

afirmaram existir vala aberta com águas servidas próximas à residência. 72,8% das famílias

possuíam água encanada dentro de casa, sendo 64,7% advinda de rede pública; 59% tinham

sanitário com descarga em casa e 72,8% residiam em casa de tijolo (Tabela 1).

Tabela 1: Condições ambientais das moradias das crianças do estudo.

CONDIÇÕES AMBIENTAIS n=173 %

Tipo de casa Tijolo 126 72,8

Taipa 7 4,0 Bloco 40 23,1 Água encanada sim, dentro de casa 126 72,8 sim, no quintal 24 13,9 não possui 23 13,3 Origem da água rede pública 112 64,7 Poço 53 30,6 rio, lagoa 5 2,9 Outro 3 1,7 Esgoto

Encanado 25 14,5 Fossa 131 75,7 não tem 17 9,8

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Em relação à taxa de cobertura vacinal contra rotavírus, 88,4% (n= 153) das crianças

receberam as duas doses da vacina, 6,9% (n=12) receberam apenas a 1ª dose da vacina, 1,7%

(n= 3) não receberam nenhuma dose e 2,9% (n= 5) não mostraram o cartão de vacina (Figura

2).

Figura 2. Taxa de cobertura vacinal contra rotavírus em lactentes de Laranjeiras, 2010.

Durante o período de estudo, devido à perda de seguimento de 35 crianças, o número

amostral nas análises deveria ser 138 crianças. No entanto, como a análise espacial foi

realizada em setembro de 2011, ou seja, aos 19 meses de seguimento, perderam-se mais 8

crianças, por mudança de cidade. Desta forma, serão apresentados os resultados de 130

crianças.

As crianças perdidas durante o seguimento tiveram as principais características basais

semelhantes às crianças que permaneceram no estudo, ou seja, as idades, e as proporções de

sexo, vacinação contra rotavírus, esgotamento sanitário e local de despejo de dejetos humanos

e presença de vala aberta com águas servidas próximo da residência foram semelhantes nos

dois grupos (p>0,05).

Aos 12 meses de seguimento, foi coletado um total de 1.113 amostras de fezes, sendo

1033 amostras sem ocorrência de diarreia e 80 amostras associadas a episódios de diarreia,

Vala aberta

sim, próximo 86 49,7 sim, distante 16 9,2 Não 71 41,0

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perfazendo a média de 6,43 ± 3,54 amostras coletadas para cada criança ao longo dos 12

meses.

Foi observada média mensal total de 6,67 ± 3,08 episódios de diarreia e incidência

média mensal de 0,07 ± 0,02 /criança/mês e 0,50 ± 0,99 /criança/ano. O número de episódios

mensais de diarreia aguda está descrito na Tabela 2.

Tabela 2: Frequência absoluta e relativa de diarreia aguda nos 12 meses de seguimento,

Laranjeiras, 2012.

Mês/Ano Nº episódios

de diarreia

Nº de amostras

de fezes

% de diarreia nas

amostras colhidas

março/2010 8 89 8,99

abril/2010 8 82 9,76

maio/2010 2 41 4,88

junho/2010 2 42 4,76

julho/2010 7 113 6,19

agosto/2010 5 108 4,63

setembro/2010 12 115 10,43

outubro/2010 7 111 6,31

novembro/2010 8 104 7,69

dezembro/2010 3 94 3,19

janeiro/2011 9 95 9,47

fevereiro/2011 9 119 7,56

Total 80 1113 7,19

Média 6,67 92,8 -

Desvio padrão 3,08 26,4 -

Optou-se por apresentar a frequência trimestral das enteroinfecções para facilitar a

análise da distribuição espaço-temporal e assim, identificar diferenças na incidência por faixa

etária.

Foi observada maior ocorrência de protozoários no 1º trimestre do estudo, quando as

crianças tinham idade entre 4 a 13 meses, com posterior declínio à medida que as crianças

ficavam mais velhas (13 a 21 meses). O protozoário mais frequente no primeiro trimestre foi

Endolimax nana, e em seguida, a Giardia lamblia. A segunda enteroinfecção mais frequente

no início do estudo foi por helmintos, sendo o Ascaris lumbricoides o verme mais

predominante no primeiro trimestre de seguimento (5,19%), com redução da ocorrência no 2º

trimestre (2,66%), e aumento no 3º (5,45%) e 4º (6,82%) trimestres (Tabela 3). Assim, fica

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evidenciado maior predomínio de infecção por protozoários quando as crianças eram mais

novas, nos 1º e 2º trimestres de seguimento, e posteriormente de helmintos quando as crianças

iam ficando mais velhas, nos 3º e 4º trimestres de seguimento.

Com relação à infecção por rotavírus, foi observada menor frequência quando as

crianças tinham entre quatro e 13 meses de idade (0,47%), aumentando a incidência

progressivamente até a idade de 10 a 18 meses (5,15%) e redução posterior no 4º trimestre de

seguimento, no grupo etário de 13 a 21 meses (2,27%) (Tabela 3). Foi observada a presença

de rotavírus em 29 (2,6%) das 1.113 amostras analisadas, e entre as amostras positivas para

rotavírus, apenas três eram fezes diarreicas, mostrando que a maioria (89,6%) das infecções

por rotavírus foram assintomáticas nessa população.

Tabela 3: Frequência trimestral de enteroinfecções por grupos etários, Laranjeiras, 2012.

Foram analisadas 666 amostras de fezes para pesquisa das bactérias enteropatogênicas.

Em uma amostra não associada à diarreia foi identificada a bactéria patógena Shigella sp; nas

outras amostras foram encontradas bactérias da microbiota normal. Em virtude da baixa

ocorrência enteropatogênica, a partir de novembro de 2010 somente foram feitas

coproculturas das amostras de fezes com diarreia sem, no entanto, terem sido detectadas

bactérias enteropatogênicas.

Durante os 12 primeiros meses de seguimento, dos 80 episódios de diarreia observados,

em quatro (5,0%) foi identificada a presença de Ascaris lumbricoides nas fezes, em três

(3,75%) a presença de Endolimax nana e de rotavírus, e um (1,25%) a presença de Trichuris

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trichiura e de Giardia lamblia, contribuindo no total para 15,0% das diarreias agudas. O

restante dos episódios de diarreia aguda é de causa desconhecida.

Na análise por regressão logística avaliou-se o quanto as condições ambientais poderia

influenciar nas variáveis dependentes: episódios de diarreia, infecção por rotavírus e por

parasitoses. Observou-se que origem da água, local de despejo dos dejetos humanos (em

sanitário com ou sem descarga, “casinha” fora da casa ou a céu aberto), esgotamento sanitário

(encanado, fossa ou ausência de esgotamento) e vala aberta com águas servidas (próximo ou

distante de casa) não influenciaram no número de episódios de diarreia ou nas enteroinfecções

(p ≥ 0,05). (TABELAS 4, 5 e 6).

Tabela 4: Influência das condições ambientais no número de episódios de diarreia trimestrais,

Laranjeiras, 2012.

Condições ambientais Odds Ratio* IC 95% p

Origem da água 0,7913 0,41 a 1,53 0,4848

Despejo dos dejetos humanos 0,6276 0,33 a 1,19 0,1520

Esgotamento sanitário 1,0525 0,39 a 2,82 0,9198

Vala aberta com águas servidas 1,0385 0,69 a 1,57 0,8584

* Regressão logística múltipla.

Tabela 5: Influência das condições ambientais nas infecções por rotavírus, Laranjeiras, 2012.

Condições ambientais Odds Ratio* IC 95% p

Origem da água 0,9475 0,45 a 2,01 0,8885

Despejo dos dejetos humanos 1,6586 0,86 a 3,19 0,1303

Esgotamento sanitário 0,4497 0,14 a 1,40 0,1681

Vala aberta com águas servidas 0,8944 0,55 a 1,45 0,6505

* Regressão logística múltipla.

Tabela 6: Influência das condições ambientais nas infecções por helmintos e protozoários,

Laranjeiras, 2012.

Condições ambientais Odds Ratio* IC 95% p

Origem da água 1,1990 0,68 a 2,13 0,5347

Despejo dos dejetos humanos 1,1447 0,67 a 1,95 0,618

Esgotamento sanitário 1,3879 0,55 a 3,47 0,4837

Vala aberta com águas servidas 0,9861 0,67 a 1,44 0,9421

* Regressão logística múltipla.

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5.1. PANORAMA GERAL DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS CRIANÇAS DO

ESTUDO

A localização de cada uma das 130 crianças que participaram durante os 12 meses do

estudo demonstrou maior intensidade de crianças na zona urbana em relação à zona rural.

Houve distribuição relativamente uniforme entre os sexos (Figura 3).

Figura 3. Mapa do município de Laranjeiras com a distribuição das crianças em estudo na

zona rural e urbana.

5.1.1. Sistema de Informações Geográficas (SIG)

A partir dos dados armazenados no SIG foi possível construir o mapa temático

representado pela figura 4, que mostra a residência de uma das crianças participante do

estudo, localizada na zona urbana. Trata-se de um conjunto habitacional adjacente ao centro

urbano com ausência de esgotamento sanitário, onde foi observada a presença de vala aberta

com águas servidas em via pública.

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Figura 4. Mapa temático com destaque para as condições de saneamento básico na área de

estudo.

5.2. ANÁLISE ESPACIAL

Com base nos atributos descritivos armazenados no banco de dados relacionados a

positividade das enteroinfecções (rotavírus, helmintos e protozoários) e episódios de diarreia

de cada criança representado por sua moradia, foi estimado um modelo de dependência

espacial que permitiu a interpolação da superfície apresentada nos mapas correspondentes aos

trimestres: 1° trimestre (março a maio/2010); 2º trimestre (junho a agosto/2010); 3º trimestre

(setembro a novembro/2010); 4° trimestre (dezembro a fevereiro/2011) e em todo o período

do estudo (março/2010 a fevereiro/2011). A superfície interpolada mostra um padrão de

distribuição das parasitoses, dos rotavírus e dos episódios de diarreia que varia de leve a

intenso.

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Observou-se, através dos mapas da Figura 5, que a frequência dos helmintos apresentou,

entre os trimestres, pequenas variações, com predominância de risco leve a moderado,

destacando o 1º trimestre com aglomerados na região norte e sul da zona urbana e ao leste na

zona rural e os 3º e 4º trimestres com uma concentração maior de casos no centro urbano

(CAIC e Muniz) e na área adjacente, ao norte da região, representada pelo povoado

Gameleiro. No mapa que mostra a frequência dos helmintos em 12 meses, foi constatada uma

distribuição semelhante entre os locais do estudo com potencial de risco entre leve e

moderado, destacando mais uma vez uma pequena área ao norte da região que apresentou um

potencial de risco mais intenso.

Figura 5. Mapas de Kernel - helmintos por trimestre e o total em 12 meses.

Em relação aos protozoários, nos mapas da Figura 6, destaca-se o 1º trimestre com

predominância do potencial de risco de moderado a intenso na área do centro urbano,

enquanto nos outros trimestres a distribuição variou entre risco leve e moderado em toda a

região. O somatório dos 12 meses demonstrou que a frequência dos protozoários é leve na

maior parte da região, com variação de leve a moderada ao leste, na zona rural, representada

pelo povoado Mussuca e no centro urbano havendo uma maior ocorrência.

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Figura 6. Mapas de Kernel - protozoários por trimestre e o total em 12 meses.

Nos mapas da Figura 7 o rotavírus apareceu em todos os trimestres com predominância

no centro urbano e as outras regiões apresentaram-se com variação de leve a moderado. A

frequência do rotavírus nos 12 meses caracterizou-se pelo potencial de risco de moderado a

intenso no centro urbano e na região leste a predominância de risco leve.

Figura 7. Mapas de Kernel - rotavírus por trimestre e o total em 12 meses.

Nos mapas da Figura 8 observou-se que a distribuição dos episódios de diarreia também é

mais intensa no centro urbano e as áreas referentes aos povoados circunvizinhos

apresentaram-se com risco entre leve e moderado.

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Figura 8: Mapas de Kernel - episódios de diarreia trimestral e em 12 meses.

Comparando-se a distribuição espacial da incidência total de helmintos e protozoários

(Figura 9), com a distribuição espacial do total de episódios de diarreia durante os 12 meses,

nota-se semelhança acentuada, já que ambas as distribuições foram caracterizadas por um

potencial de risco intenso no centro urbano e com variação de leve a moderado nas regiões

adjacentes.

Figura 9: Mapa de Kernel - helmintos e protozoários em 12 meses.

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6- DISCUSSÃO

Este estudo permitiu conhecer as características ambientais e a distribuição espacial da

diarreia aguda e das enteroinfecções de uma coorte de lactentes que vivem em uma

comunidade de baixa renda e na nova situação de ampla cobertura vacinal contra rotavírus. O

número de episódios de diarreia em 12 meses foi menor do que o esperado,

0,5episódio/criança/ano, inferior ao encontrado no estudo de revisão sistemática realizado por

Fischer Walker et al. (2012) que identificaram no mesmo período uma estimativa de

2.9episódios/criança/ano entre crianças menores de cinco anos de idade em países de baixa e

média renda.

Além da baixa incidência de diarreia por todas as causas, poucas crianças tiveram

diarreia por rotavírus, apenas 3,75%. Estes dados estão de acordo com os resultados de um

estudo de revisão, onde foi avaliada a eficácia da vacina em vários países europeus e foi

verificado que aqueles que tinham ampla cobertura vacinal apresentavam uma significativa

redução de rotavírus nas amostras de fezes de crianças com gastroenterite em relação aos

países que permaneciam com uma baixa cobertura (USONIS, et al. 2012), assim como os

estudos relatados no estado de Sergipe, que demonstram a baixa incidência de infecções por

rotavírus e a diminuição das internações por diarreia com queda maior entre as crianças

menores de 1 ano de idade, após a introdução da vacina (GURGEL et al. 2009; GURGEL et

al. 2011).

O grupo etário das crianças com diarreia por rotavírus compreendido entre 10 e 18

meses reflete a diminuição da efetividade da vacina, sugerindo enfraquecimento da

imunidade, como foi relatado em crianças com idade maior ou igual a 12 meses em Recife,

Pernambuco (CORREIA et al. 2010) e em Aracaju, Sergipe (VIEIRA et al. 2011).

Uma das particularidades deste estudo foi a ocorrência do rotavírus em 2,5% das

amostras de fezes sem diarreia, diferente dos achados do estudo de Borges et al. (2011) e de

Aminu et al. (2008) que não encontraram positividade em nenhuma das amostras sem

diarreia. Este novo achado, ainda não descrito na literatura, sugere que o efeito atenuador da

vacina, pode estar ocasionando infecção sem manifestações clínicas.

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Observou-se aumento da proporção de casos de infecção por A. lumbricoides à medida

que as crianças iam ficando mais velhas, concordando com o estudo de Costa-Macedo et al

(1999) que destacaram a acentuada elevação na proporção de parasitismo nas crianças com

12-23 meses de idade. Também nesse estudo o parasitismo por Ascaris lumbricoides

configurou-se como o mais frequente nessa faixa etária. Outro estudo realizado recentemente

em Bangladesh com crianças recém-nascidas até completarem 2 anos de idade também

reportou aumento linear das infecções helmínticas com o aumento da idade, com maior

frequência para A. lumbricoides, seguida por T. trichiura (ROY et al. 2011). Segundo

Monteiro et al. (1988), os níveis crescentes da prevalência por idade observados nas crianças

devem estar relacionados ao processo de desenvolvimento infantil (mobilidade e interação

com o ambiente) e ao maior tempo de exposição às condições ambientais. Tendo em vista as

precárias condições ambientais em que vive a comunidade onde esse estudo foi desenvolvido,

os níveis de infecção devem estar relacionados à situação ambiental que representa risco de

infecção por A. lumbricoides.

Entre os protozoários destacaram-se Endolimax nana e Giardia lamblia, com

ocorrência maior nos primeiros três meses do estudo, quando as crianças eram mais novas (4-

13 meses). O comensal E. nana foi preponderante entre os protozoários, refletindo uma alta

exposição dos lactentes a más condições de higiene, confirmando os dados registrados na

literatura (KOBAYASHI et al. 1995; NASCIMENTO e MOITINHO, 2005; MACHADO et

al. 2008). G. lamblia foi o protozoário patogênico diagnosticado com maior frequência,

resultado similar ao encontrado por Costa-Macedo et al. (1998) que encontraram 5,1% entre

as crianças menores de um ano de idade.

Na maioria dos casos, independentemente da região geográfica, a diarreia tem como

agentes etiológicos os vírus e as bactérias. No entanto, algumas vezes, os parasitas intestinais,

também podem causar o processo diarreico, nas áreas onde as enteroparasitoses são

endêmicas (MOTTA et al. 2002). Neste estudo pode-se constatar que as infecções pelo

helminto A. lumbricoides estiveram associadas com 5,0% dos casos de diarreia, resultado

inferior ao relatado por outros países como a Nigéria, que encontraram 18,6% em crianças

pré-escolares (TINUADE et al. 2006) e em Bangladesh 11,6%, em lactentes (ROY et al.

2011). A associação de G. lamblia com diarreia (1,25%) foi menor do que o encontrado em

crianças de uma pequena cidade do estado do Ceará (6,7%), no nordeste brasileiro

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(GUERRANT et al. 1983) e em outros países de baixa renda: Bangladesh, na Ásia (3,5%) e

Burkina Faso, na África (11,3%) (HAQUE et al. 2009; NITIEMA et al. 2011).

As características ambientais relacionadas às moradias eram relativamente homogêneas

na área do estudo. Apesar da origem da água não ter influenciado no número de episódios de

diarreia e na incidência das enteroinfecções, a maioria das famílias tinham água fornecida

pela rede pública com intermitência constante, trazendo como consequência o armazenamento

intradomiciliar da água, na maioria das vezes de forma imprópria, o que pode causar a

contaminação da água por enteroparasitos e a presença de diarreia (Foto 1) . O estudo de

Cairncross et al. (2010) baseado em três revisões sistemáticas, abordou a importância do

abastecimento de água adequado e ressaltou que o tratamento da água relaciona-se à redução

de morbidade e mortalidade por diarreia.

Foto 1 – Armazenamento de água de forma imprópria. Fonte: Arquivo Pessoal

Mertens et al. (1992) e Cairncross (1990) ressaltaram que o abastecimento de água e

saneamento adequados, embora necessário para a prevenção das doenças diarreicas na

infância, não são suficientes a menos que sejam acompanhados por mudanças de

comportamento com relação à higiene doméstica. Strina et al. (2003) ao avaliarem o papel das

instalações sanitárias e da adoção de medidas de comportamento adequados com relação à

higiene na determinação da doença diarreica, verificaram que a prevalência da diarreia entre

crianças que tinham comportamento inadequado foi 2,2 vezes maior que entre crianças do

grupo que tinha comportamento adequado. Embora nesse estudo não tenha sido avaliados nos

domicílios dos lactentes os hábitos higiênicos dos familiares, essas questões podem ser

consideradas, uma vez que a exposição a condições ambientais inadequadas com

desfavoráveis instalações sanitárias pode levar aos maus hábitos de higiene (Foto 2).

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Foto 2 - Ambiente com desfavoráveis instalações sanitárias. Fonte: Arquivo Pessoal

O perfil da área do estudo quanto às instalações sanitárias, que engloba o esgotamento

sanitário, despejo de dejetos humanos e água servida em via pública, também foi bastante

homogêneo, caracterizado pela predominância da falta de esgoto encanado (Foto 3). Essas

variáveis analisadas individualmente não interferiram na frequência de enteroinfecções e nos

episódios de diarreia, mas demonstraram que a homogeneidade dessas características na área

do estudo contribuiu para uma ocorrência significativa das enteroparasitoses, mesmo na

infância. Alguns estudos confirmam que a falta de esgoto encanado é um fator de risco para

ocorrência de helmintoses intestinais (AZEVEDO, 2003; MORAES, 1996). Barreto et al.

(2007) mostraram que a implementação do programa de saneamento foi acompanhada por

redução de 22% na ocorrência de diarreia no município de Salvador, Bahia, e, nesse mesmo

programa, a frequência tanto total como individual por parasita, tiveram expressivas reduções

(MASCARINI et al. 2009).

Foto 3 – Ausência de esgotamento sanitário. Fonte: Arquivo Pessoal

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Para Barcellos e Bastos (1996) a categoria espaço tem valor intrínseco na análise das

relações entre saúde e ambiente e no seu controle, pois o conhecimento da estrutura e

dinâmica espacial permite a caracterização da situação em que ocorrem eventos de saúde. Nos

lactentes do presente estudo as ocorrências das parasitoses, rotavírus e episódios de diarreia

possuem distribuição irregular no espaço geográfico do município de Laranjeiras. Porém,

através da observação visual dos mapas representados nas Figuras 5 a 8, nas quais as

enteroinfecções são avaliadas separadamente ao longo dos trimestres, notam-se pequenas

variações entre os trimestres estudados. A estimativa das áreas sujeitas a riscos através de

Kernel revelou frequência maior de enteroinfecções na área do centro urbano e regiões

circunvizinhas, onde há concentração maior de domicílios. Isto demonstra que as

características do ambiente apresentam uniformidade em relação às condições de

insalubridade e carência de infraestrutura e ressalta a importância da aglomeração de pessoas

na transmissão de enteroinfeções, como também observado por Araújo Filho et al. (2011) e

Melli e Waldman (2009).

Uma das limitações deste estudo foi o método da coleta das amostras de fezes, que

dependia da disponibilidade dos responsáveis pela criança em entregar mensalmente estas

amostras, o que pode ter contribuído para subestimação do número de episódios de diarreia.

No entanto a equipe dispunha de funcionário que visitava os domicílios pelo menos a cada

duas semanas, o que pode ter minimizado essa falha. Outro aspecto que merece a atenção é o

fato de que os episódios de diarreia em geral foram da forma menos grave, podendo em

alguns casos não ter ocorrido a coleta de amostra pela falta de percepção ou não valorização,

pelos responsáveis das ocorrências menos graves. Apesar de tais limitações, os resultados

deste estudo reforçam que as enteroinfecções estão diretamente ligadas às questões de higiene

ambiental e do indivíduo, ressaltando que, embora a maioria dos lactentes esteja vacinada

contra rotavírus, um percentual significativo de episódios de diarreia ocorreu associado à

presença dos parasitas intestinais, indicando que a proteção ambiental é relevante para a

prevenção das infecções parasitárias.

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7. CONCLUSÃO

O número pequeno de episódios de diarreia/criança/ano nesta população com ampla

cobertura vacinal contra rotavírus vem reforçar o papel da vacinação como a melhor medida

de prevenção deste agente etiológico.

A maior proporção do número de casos de infecção por rotavírus assintomáticos em

comparação com os casos sintomáticos pode ser ocasionado pelo efeito atenuador da vacina,

que deve estar conferido uma proteção significativa contra episódios de diarreias mais

sintomáticos que possam surgir.

A maior parte dos casos de diarreia aguda com causa conhecida ocorreu na presença de

infecções por helmintos e por protozoários.

Quando as crianças eram mais novas foi verificado maior frequência de infecção por

protozoários e no decorrer do tempo houve maior frequência de infecção por helmintos.

A ocorrência significativa da presença de parasitos intestinais em menores de 24 meses,

pode estar refletindo o elevado grau de contaminação dos ambientes peri-domiciliar e

domiciliar no município de Laranjeiras, resultante das precárias condições de saneamento

básico existentes;

A análise espacial permitiu visualizar a distribuição espacial das enteroinfecções e

confirmar que no centro urbano e nas áreas circunvizinhas, onde há uma maior concentração

de domicílios com baixa infraestrutura urbana, o potencial de risco foi mais intenso.

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ANEXOS

ANEXO A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Senhores pais ou responsáveis

Nós somos pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe e de Liverpool na

Inglaterra e estamos fazendo uma pesquisa que gostaríamos que seu filho (a) fizesse parte.

Recentemente foi iniciada a vacinação contra o Rotavirus, que é um germe que causa diarréia

em crianças. Após o início da vacinação pode haver mudanças nos tipos desse vírus e nós

gostaríamos de saber como isto ocorre. Para isso estamos fazendo uma pesquisa onde iremos

acompanhar um grupo de crianças que moram aqui na região. Não importa se seu filho/filha

tomou ou não a vacina, nós queremos saber como as coisas acontecem nas duas situações.

Como seu filho/filha tomou/não tomou a vacina, gostaríamos que ele/ela fizesse parte da

pesquisa. Para isso gostaríamos de acompanhar seu filho/filha durante um ano e todo mês

coletar uma amostra de fezes. Se ele/ela tiver um episódio de diarreia gostaríamos que o

Sr/Sra colhesse um pouco de fezes e levasse para o posto de saúde ou entregasse ao agente de

saúde que ele\ela se encarregará de nos entregar. Com isso poderemos saber quais os tipos

deste vírus e de outros vermes que estão ocorrendo em Laranjeiras. Sempre que o Sr/Sra levar

uma amostra para o Centro de Saúde nós daremos outro vasinho para quando ocorrer outra

diarreia. Gostaríamos também que Sr/Sra preenchesse um questionário cada vez que ele/ela

tiver diarreia.

A sua participação é voluntária, ou seja, se não quiser, o seu filho/filha não participa.

Também pode desistir de participar a qualquer momento sem nenhum problema para ele/ela.

O estudo trará o beneficio de sabermos se seu (sua) filho (a) tem algum tipo de verme. Se

identificarmos algum verme prescreveremos o remédio para ele/ela. Além disso, a pesquisa

será muito útil para que possamos compreender essa doença e podermos preparar estratégias

mais eficazes de combate e saber se com a introdução da vacina para Rotavirus houve

mudanças nos tipos deste germe ou dos outros. O material será analisado em nosso

laboratório inicialmente e depois levado a Liverpool para novos exames. Os resultados desses

exames não interferem no tratamento do seu filho e serão utilizados apenas para esta pesquisa.

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O resultado final somente será conhecido no próximo ano e estarão à sua disposição se for do

seu interesse.

Então solicitamos sua participação no estudo, mas se o senhor (a) não quiser participar

seu (sua) filho (a) será atendido da mesma forma sem nenhum prejuízo.

As informações que colheremos são confidenciais e serão utilizadas apenas para este

estudo.

Qualquer dúvida pode ser esclarecida comigo agora ou com os responsáveis pela

pesquisa em Aracaju o Dr. Ricardo Gurgel (Tel 99770480).

Desde já ficamos gratos pela sua participação.

Prof. Dr.Ricardo Queiroz Gurgel

(UFS)

Declaração:

Declaro que entendi a explicação sobre o estudo e que concordo com a

participação de meu (minha) filho (a):

Nome: Data:

Assinatura:

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ANEXO B

FICHA DE CADASTRO

IDENTIFICAÇÃO DATA DO CADASTRO: __/__/__

Nome:____________________________________________________ Nº: ___________

Sexo: _____________ Data de Nascimento: ___/___/___ Idade: _____________________

Endereço:__________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Nome do pai: _____________________________Nome da mãe: ____________________

Agente Comunitário de Saúde: ____________________________________Centro de Saúde:

___________________________________________________________________________

COMPOSIÇÃO FAMILIAR

Número de pessoas que residem na mesma casa: _________

Nome Grau de Parentesco Idade Sexo

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VACINAÇÃO

Completa para a idade ( ) Sim ( ) Não

Rotavírus 1ª dose: Recebeu? ( ) Sim ( ) Não

Cartão de vacina disponível? ( ) Sim ( ) Não

Registro médico: Rotavírus 1ª dose?( ) Sim ( ) Não ( )Não sabe

Data da 1ª dose: __/__/__

2ª dose: Recebeu? ( ) Sim ( ) Não

Cartão de vacina disponível? ( ) Sim ( ) Não

Registro médico: Rotavírus 2ª dose?( ) Sim ( ) Não ( )Não sabe

Data da 2ª dose: __/__/__

CONDIÇÕES DE MORADIA

Tipo de casa ( ) tijolo ( ) taipa ( ) palha ( ) papelão ( ) outro

Número de cômodos _________

Água encanada ( ) sim, dentro de casa ( ) sim, no quintal ( ) não

Origem da água ( ) rede pública ( ) poço ( ) rio, lagoa ( ) outro

Sanitário ( ) com descarga ( ) sem descarga ( ) casinha ( ) não tem

Esgoto ( ) encanado ( ) fossa ( ) não tem

Vala aberta ( ) sim, próximo ( ) sim, distante ( ) não

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