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R$ 7,00 ISSN 1413 - 1749 FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013 D EUS , C RISTO E C ARIDADE

Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

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R$ 7,00

ISSN 1

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- 1

749

F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 131 • Nº 2.207 • Feverei ro 2013D EUS , CR I S TO E CAR I D ADE

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo CristãoAno 131 / Novembro, 2013 / N o 2.216

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: ANTONIO CESAR PERRI DE CARVALHO

Editor: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES

Redatores: ALTIVO FERREIRA, EVANDRO NOLETO BEZERRA,GERALDO CAMPETTI SOBRINHO, HÉLIO BLUME,JOSÉ CARLOS DA SILVA SILVEIRA E MARTA ANTUNES DE

OLIVEIRA DE MOURA

Secretário: CARLOS ROBERTO CAMPETTI

Gerente: SADY GUILHERME SCHMIDT

Equipe de Diagramação: AGADYR TORRES PEREIRA E

SARAÍ AYRES TORRES

Equipe de Revisão: WAGNA CARVALHO E ISAURA DA

SILVA KAUFMAN

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: SARAÍ AYRES TORRES

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)

CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:SGAN 603 – Conjunto F – L2 Norte 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

SumárioExpediente

Editorial

Memória do Movimento Espírita

Entrevista: Antônio Vilella

Início do Movimento Espírita em Brasília

Esflorando o Evangelho

Consegues ir? – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Esperanto em tópicos – Affonso Soares

Doutrina Espírita / Spiritisma Doktrino

Reformador de ontem

Defendendo a vida – Juvanir Borges de Souza

Conselho Espírita Internacional

2o Congresso Sul-Americano, 5a Reunião do CEI e Curso de

Capacitação, em Assunção

Seara Espírita

A paz do Cristo – Clara Lila Gonzalez de Araújo

Lições libertadoras – Joanna de Ângelis

Retrato de Emmanuel – Algumas informações sobre

sua produção em 1947 – Flávio Rey de Carvalho

Dos liceus espíritas às escolas de evangelização

espírita – 150 anos apresentando Jesus às crianças

e aos jovens – Marcelo Mota

Divulgação espírita na atualidade (Capa) –

Rogério Miguez

Vida – Edmundo Xavier de Barros

Esde – 30 anos – O Esde chega aos 30 anos

superando expectativas – Equipe do Esde

Água viva – Dineu de Paula

Considerações sobre a Lei de Adoração –

F. Altamir da Cunha

Retificando...

O dia em que Chico Xavier tomou posse na Academia

Brasileira de Letras – Raul Sérgio Aragão Ventura

O homem, produto do meio? –

Licurgo Soares de Lacerda Filho

A voz da razão – Mauro Paiva Fonseca

Todo conhecimento é útil – Allan Kardec

2o Encontro Nacional de Comunicação Social Espírita

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PARA O BRASILAssinatura anual R$ 552,00Assinatura digital anual R$ 224,00Número avulso R$ 77,00

PARA O EXTERIORAssinatura anual US$ 550,00

Assinatura dde RReformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274www.feblivraria.com.brassinaturas.reformador@febrasil.org.br

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Editorial

4 Reformador • Novembro 2013440022

Memória doMovimento Espírita

1BOSI, Ecléa. Memória e sociedade. Lembrança de velhos. 4. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1955.cap. 1, p. 55.2XAVIER, Francisco C. Religião dos espíritos. 22. ed. 3. imp. Brasília: FEB, 2013. cap. 4.

mês de novembro assinala fatos significativos para estimular a preservaçãoda memória do Movimento Espírita brasileiro.

Durante a Reunião Ordinária do Conselho Federativo Nacional da FEB,será inaugurado o Espaço Cultural da FEB, em Brasília, iniciando as comemoraçõesdos 130 anos da Instituição e com marcante exibição de telas sobre a vida e obra deFrancisco Cândido Xavier, cedidas pelo Memorial do Centro Espírita Luiz Gonzaga,de Pedro Leopoldo (MG). Na citada reunião nacional, será definida a operacionalização dojá aprovado “Projeto Memória da Missão Espiritual do Brasil como Coração do Mundo,Pátria do Evangelho”. No final deste mês, também será inaugurada uma Mostra sobre os130 anos da FEB, em sua Sede Histórica, no Rio de Janeiro.

Assim como já ocorreu em outros números de Reformador – com artigos e depoi-mentos – há na presente edição temas sobre a “memória” do Movimento Espírita bra-sileiro. As informações de antigos lidadores sobre a história do Movimento contribuempara o conhecimento de valiosas experiências de trajetórias pessoais e institucionais.

Torna-se importante manter o encadeamento de recordações e registros, evitando-seo desaparecimento dos elos da Memória. Daí a razão em se considerar que

A memória não é sonho, é trabalho. [...] lembrar não é reviver, mas refazer, recons-truir, repensar com imagens e ideias de hoje, as experiências do passado.1

No contexto espírita, o conceito de memória ultrapassa o âmbito das informaçõesmnemônicas perecíveis (e limitadas) da matéria, pois quando falamos de pessoas, esta-mos tratando, em verdade, de Espíritos imortais encarnados. Sob esse prisma,Emmanuel ponderou:

[...] a memória imperecível é sempre o espelho que nos retrata o passado, a fim de quea sombra, reinante em nós, se dissolva, nas lições do presente, impelindo-nos a seguir,desenleados da treva, no encalço da perfeição com que nos acena o futuro.2

Preservar, portanto, os episódios da Memória do Movimento Espírita brasileiro égarantir à geração do presente, assim como às vindouras, rico subsídio, composto pelasexperiências e exemplos de vida daqueles que nos precederam, a nos servir de estímuloe fonte de inspiração, para, em termos espirituais, melhor orientarmos, hoje, a nossatrajetória rumo ao porvir, que é – parafraseando Paulo de Tarso (Filipenses, 3:14) –,prosseguir, sempre, para o alvo.

O

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esus, nos momentos derradei-ros do Calvário, ao enunciaressa máxima divina para os que

o acompanhavam, sabia dos per-calços que seus discípulos encon-trariam na trajetória das lutas re-dentoras, que empreenderiam emseu nome. Segui-lo significava en-grandecer-se pelas possibilidadesda cooperação espiritual junto àsatividades terrenas, enfrentando,no entanto, combates aguerridosdo coração para a implantação doCristianismo no orbe ao sofrereminfindáveis revezes em forma deprovas e testemunhos, que haveriamde suportar sem esmorecimentos.

Ainda hoje sentimos as agrurasdesse esforço, pois a obra de di-vulgação da Boa Nova, solidifi-cada pelo Espiritismo, exige tra-balhadores persistentes e valo-rosos, que não desanimem diantedas incompreensões do mundo,no longo caminho a percorrerpara a meta a ser alcançada, mor-mente de transformação moral dahumanidade.

Os tempos atuais, contudo, ape-sar dos ensinamentos recebidos pa-ra que mantenhamos a serenidadeem prol da edificação das ativida-des espíritas a desenvolver, nos dei-xam apreensivos ao verificar quedistúrbios sociais, ocorridos em de-terminadas nações, resultam em ex-cessos de todo tipo por meio deatos extremamente violentos ecruéis, comprometendo o equilí-brio do corpo e do Espírito. Inse-rido nesse contexto, mas diferen-ciando-se de alguns países, que exa-geram nas barbáries cometidas pa-ra resolução de suas contendas,não podemos deixar de destacar oBrasil, que tem sido palco de agi-tações urbanas, a investirem deforma destrutiva contra o bem pú-blico e privado, criando empecilhospara os cidadãos.

Mesmo sendo conhecedores dascondições utilizadas pela divinaProvidência no processo evolutivodos indivíduos e das coletividades,seja qual for o sistema geopolítico,social e econômico a vigorar em

seus territórios, causa-nos tristezaverificar que, após tantas experiên-cias de guerras fratricidas e avassa-ladoras vividas pelos homens naTerra, de modo algum esta tristerealidade os influenciou para queavaliassem a insensatez das açõesdessa natureza, prejudicando-lheso atendimento de suas necessi-dades de melhoria espiritual.

Essas questões preocupantesprecisam de reflexões mais acura-das, sobretudo por aqueles que sa-bem da importância da missão es-piritual do Brasil como “coraçãodo mundo e pátria do Evangelho”e recomendam a harmonia entreos indivíduos com vistas à uniãofraterna dos corações. Os espíritasencontram na Doutrina esclareci-mentos e iluminação e compreen-dem os intrincados problemas davida na matéria, sempre com ointuito de preservar a paz na vi-vência da tolerância esclarecida.

A eminente mentora Joanna deÂngelis, em estudos sobre o tema,destaca:

5Novembro 2013 • Reformador 440033

JCL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

A paz do

Cristo“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou. Eu não vos dou como o mundo a dá.

Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize.” (João, 14:27.)

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Os milênios de cultura e

civilização parecem que em

nada contribuíram a benefí-

cio do homem, que intoxica-

do pela violência generalizada,

adotou filosofias esdrúxulas,

em tormentosa busca de afir-

mação, mediante o vandalismo

e a obscenidade, em fugas espe-

taculares para as “origens”.1

Assim, não obstante os ensina-mentos da filosofia clássica encon-trados em Platão (427-347 a.C.), naclara definição sobre como deve sero “estado de concórdia” entre aspessoas: “[...] a paz com o outro sópode resultar da paz interna, isto é,da ausência de impulsos violen-tos, de tendências agressivas,num in-divíduo ou numa nação [...]”,2 a his-tória universal registra, desde asmais longínquas eras, a preocupa-ção dos homens em guerrearementre si, na procura desordenada

de pseudossoluções para sua estadana Terra. Todos aspiram à paz, porconsiderá-la indispensável à adap-tação entre os seres, mas singular éo fato de que teimam em conquis-tá-la pela agressão, defendendo osseus direitos de maneira hostil ebrutal, sob a equivocada certeza deque as injustiças sociais, e suas con-sequências, só serão corrigidas poruma ordem social diferente, e quedeve ser obtida pela força, supri-mindo os valores espirituais que,porventura, possam engrandecer ohomem na sua trajetória imortal.

Ao espírita, cabe indagar: deve-mos aceitar essa falsa noção depaz, quando possuímos grande res-ponsabilidade no fato de reconhe-cermos a multiplicidade das exis-tências, além da morte, e dos efei-tos que advirão das nossas esco-lhas? A Doutrina consoladora trazindicações seguras para a explica-ção desse enigma:

A fraternidade será a pedra

angular da nova ordem social;

mas, não há fraternidade real,

sólida, efetiva, senão assente em

base inabalável e essa base é a

fé, não a fé em tais ou tais dog-

mas particulares, que mudam

com os tempos e os povos e que

mutuamente se apedrejam, por-

quanto, anatematizando-se uns

aos outros, alimentam o anta-

gonismo, mas a fé nos princí-

pios fundamentais que toda a

gente pode aceitar e aceitará:

Deus, a alma, o futuro, o pro-

gresso individual indefinito, a

perpetuidade das relações entre

os seres. Quando todos os ho-

mens estiverem convencidos de

que Deus é o mesmo para to-

dos; de que esse Deus, sobera-

namente justo e bom, nada de

injusto pode querer; que não

dele, porém dos homens vem o

mal, todos se considerarão filhos

6 Reformador • Novembro 2013440044

Page 7: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

do mesmo Pai e se estenderão

as mãos uns aos outros.

Essa a fé que o Espiritismo fa-

culta e que doravante será o

eixo em torno do qual girará

o gênero humano, quaisquer

sejam os cultos e as crenças par-

ticulares.3 (Destaque nosso.)

Antes de buscar, pois, os mode-los mais confiáveis para a organi-zação das sociedades, a DoutrinaEspírita prioriza o homem, o Es-pírito em marcha evolutiva, cen-trando suas preocupações no seuaperfeiçoamento, que se dará me-diante a obra de autoeducação aser incentivada em prol da con-quista do progresso espiritual decada indivíduo. Só se vence o malao extirpar suas causas geradoras!

De posse dessas verdades,e com o intuito de neutralizar aação do mal em todas as suas di-mensões, o principal cuidado doespírita deve ser o de buscar, inva-riavelmente, condições de respei-tar os semelhantes, tornando-sesolidário e obtendo equilíbrio in-terior, fruto da alegria de amardesinteressadamente as criaturas.Deve também não se deixar in-fluenciar pelos acontecimentospresentes, a turbar as almas desinceros seareiros, mas sem a ne-cessária vigilância para a preser-vação da paz legítima, que só seráadquirida com acendrado esforço,como conquista inalienável decada um de nós.

Uma das maneiras de obtermospaz é nos refugiarmos na oração,a fim de nela repousarmos “amente e o coração na prece”,4 con-

forme conselho valioso do Espíri-to Emmanuel:

[...] meu amigo, se adotaste efe-

tivamente o aprendizado com o

divino Mestre [...] cultiva os in-

teresses de tua alma.

[...] penetra o santuário, dentro

de ti mesmo.

[...]

Refugia-te no templo à parte,

dentro de tua alma, porque so-

mente aí encontrarás as verda-

deiras noções da paz e da justi-

ça, do amor e da felicidade reais,

a que o Senhor te destinou.4

Só alcançaremos, porém, esseestado de alma, se permanecer-mos tranquilos e confiantes naProvidência divina, pois somenteassim conseguiremos beneficiaros que nos rodeiam e que se dei-xam angustiar pelos conflitos rui-dosos das ruas. É imprescindívelnão esquecer que o Espiritismoalerta-nos para o fato de que omundo dos Espíritos, mundo quenos rodeia, experimenta as per-turbações que ocorram na maté-ria, interessado pelos movimentosque se operam entre os homens:

[...] Ficai, portanto, certos de

que, quando uma revolução so-

cial se produz na Terra, abala

igualmente o mundo invisível,

onde todas as paixões, boas e

más, se exacerbam, como entre

vós. Indizível efervescência en-

tra a reinar na coletividade dos

Espíritos que ainda pertencem

ao vosso mundo e que aguar-

dam o momento de a ele volver.5

Essa realidade resulta do mo-vimento que entre si trocam osseres encarnados e desencarna-dos, exercendo, uns sobre os ou-tros, maior ou menor influência,conforme a atração e a afinidadeque possuam. Desse modo, é pos-sível captar, pelos esforços queempreendermos em favor dapaz, as vibrações de forças espi-rituais superiores, permitindoque elas possam transmitir irra-diações benévolas e pacíficas, so-bretudo nos momentos de trans-tornos, divergências e entrecho-ques de origem social em nossascoletividades.

Nunca haverá paz genuína nomundo sem as luzes do Evange-lho! E ninguém pode lançar ou-tros fundamentos de justiça eamor, além daqueles que foramassinalados pelo Mestre Jesus!

Referências:1FRANCO, Divaldo P. Após a tempestade.

Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador:

Leal, 1974. cap. Delinquência, perversida-

de e violência, p. 40 a 47.2JULIA, Didier. Dicionários do homem do

século XX. Dicionário da filosofia. Trad.

José Américo da Motta Pessanha. Rio de

Janeiro: Editora Larousse do Brasil, 1969.

p. 246 e 247.3KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Guillon

Ribeiro. 53. ed. 1. imp. (Edição Histórica.)

Brasília: FEB, 2013. cap. 18, it. 17.4XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Pelo

Espírito Emmanuel. 6. imp. Brasília: FEB,

2013. cap. 147.5KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Guillon

Ribeiro. 53. ed. 1. imp. (Edição Histórica.)

Brasília: FEB, 2013. cap. 18, it. 9.

7Novembro 2013 • Reformador 440055

Page 8: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

igem, lamentavelmente,em alguns círculos da fécristã, a indevida informa-

ção de que Jesus veio à Terra, comespecial compromisso para o sa-crifício da cruz.

Noutras comunidades, de igualmaneira desnorteadas, busca-seacomodação injustificável ao afir-mar-se que a regra de ouro, apresen-tada na montanha, é para ser deco-dificada e adaptada às circunstân-cias modernas, em conclusão aber-rante, por eliminar os profundosconceitos morais nela estabelecidos.

Outros grupamentos, tambémequivocados, asseveram que Jesussuavizou a severidade da lei antigamediante a proposta edificante doamor.

Em verdade, a cruz na qual sedespediu da jornada humana, nãofoi uma fatalidade imposta, massua escolha, que Ele poderia ounão ter elegido.

Toda a sua vida foi um hinovivo de lições inesquecíveis, quepermanecem aguardando a cole-tiva aceitação da sociedade, para aconquista inevitável da plenitude.

Ninguém, antes, conseguira sin-tetizar as lições libertadoras, em pe-ríodo tão breve da existência, comoaquele dedicado por Ele ao ministé-rio da palavra, acompanhadas pe-los sublimes exemplos, qual o fez.

Nos memoráveis diálogos, Elesempre exaltou os valores que nãoeram considerados, numa cultura

preconceituosa e prepotente, comsede de poder e de tormentosasvinditas.

Opôs-se com segurança às ilu-sões do mundo temporal, desde omomento em que optou por umberço de palha, quase em diretocontato com a natureza que mui-to amou, e viveu de maneira com-patível com cada palavra e concei-to que emitiu.

Enfrentou o farisaísmo dos equi-vocados, cumpriu todos os deve-res impostos aos cidadãos, semreservar-se nenhum privilégio.

Não temeu a soberba farisaica,nem as injunções adversas que lhepreparavam, mantendo-se acimadas misérias humanas.

Cultivou a simplicidade e a pure-za, embora a condição de Messias,que preferiu servir a ser favoreci-do em qualquer circunstância.

Todos os seus, foram passos fir-mes na direção do porto da paz, oque culminou pela crucificação,consequência natural da opção pe-lo amor aos infelizes e excluídos.

Ele não veio atenuar a severidadedas leis nem dos profetas. Pelo con-trário, submeteu-se-lhes jubilosa-mente, pois que pagou o tributodevido a César, mas também aten-deu os deveres de referência a Deus.

Honrou as sinagogas e o tem-plo, levou-lhes a palavra liberta-dora enfocada na divina Justiça,sem olvidar a misericórdia e acompaixão do Pai todo amor.

Não transgrediu nenhum dosmandamentos do Decálogo, antesenobrecendo-os com a existênciarica de dignidade.

Foi além das recomendaçõeslegalmente estatuídas, amando atodos. Enquanto a tradição man-dava amar apenas àqueles que osamassem, Ele apontou o patamarelevado ao enunciar: – Eu, porém,vos digo: amai os vossos inimigose orai pelos que vos perseguem,para que vos torneis filhos deDeus... (Lucas, 6:35.)

Não há como servir a Deus,desrespeitando os códigos da hu-mana legislação.

Ele dignificou a mulher e aben-çoou a infância, que não eram ti-dos em alta consideração; não con-denou a adúltera, embora nãoaprovasse o seu comportamentoirregular.

A um jovem rico desejoso dealcançar o reino de Deus, estabe-leceu como condição essencial arenúncia a todos os bens terres-tres e a adoção de novo comporta-mento a partir daquele instante...

Jamais se permitiu qualquerdesobediência, e, se trabalhou nosábado, violando o estabelecidocódigo do repouso nesse dia, éporque o sábado foi feito para o homem servir e não para a suainação.

Nunca houve alguém mais sub-misso aos códigos, alguns injustos,de Israel, que se lhe semelhasse.

8 Reformador • Novembro 2013440066

VLições libertadoras

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A incomparável mensagem dasbem-aventuranças não tem ne-nhum caráter simbólico. Toda elaé vívida página de ação eloquenteem relação aos deveres.

Trata-se de uma exaltação dosque eram rebaixados, de uma ad-vertência aos poderosos, quãoequivocados se encontravam eainda permanecem no engodo.

As imagens fortes continuamsendo vigoroso apelo à humildadereal que dignifica, à compreensãoque eleva, ao amor que sublima.

Na continuação dos conceitosconfortadores, exprobou o adul-tério, a intemperança, os falsos ju-ramentos, traçando as linhas deuma austera conduta que comple-mentou a Lei e a tradição.

Não somente, porém, enunciouas normativas, mas exemplificou--as, desde a compostura junto aosinfelizes como diante dos indiví-duos opulentos, do mesmo modoem relação aos rabinos honoráveisque o buscaram.

A regra de ouro é para ser vivi-da em toda a sua musicalidadeextraordinária, e o cristão legíti-mo não se pode permitir inter-pretações benignas e complacen-tes com os vícios e licenças moraisda atualidade.

Conhecer Jesus é o passo ini-cial para viver com Ele a trajetó-ria seguida, a sexta-feira da pai-xão, o caminho do holocausto emserenidade.

Se te identificas com o Mestregalileu, não te permitas alterar asregras da Boa Nova, que suavizem

a marcha, nem te enganes com in-terpretações benevolentes queanuem com os fugazes prazeres dailusão corpórea.

Age sempre como Ele o faria,mantendo-te em sintonia com asua conduta incorruptível.

Quando alguma adversidadetentar nublar a claridade da tua férutilante, alenta-te na evocação de que também Ele foi testado deformas variadas, vencendo-as todascom tranquilidade e harmoniainterior.

Nunca te permitas concessõesque violam as lições libertadorasque Ele te legou.

A cruz, na qual Ele expirou, foio momento culminante para con-firmar todos os ensinamentos,parábolas e curas realizadas, de-monstrando que a conquista doreino de Deus depende de altaquota de sacrifício e de abnega-ção. Entretanto, considera que sema crucificação não teria havido aressurreição triunfante para coroa-mento na vida imortal.

Também ressuscitarás após otestemunho.

Exulta, desde agora, e viveJesus integralmente no dia adia da tua vilegiatura carnal.

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium

Divaldo Pereira Franco, na ses-

são mediúnica da noite de 9 de

setembro de 2013, no Centro

Espírita Caminho da Reden-

ção, em Salvador, Bahia.)

9Novembro 2013 • Reformador 440077

Page 10: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

Reformador: O senhor tem umalonga trajetória no Movimento Es-pírita. Como a iniciou?

Vilella: Em 1937, através de umprimo que frequentava o CentroEspírita Jesus Nazareno – em Ma-to-Sete, ramal de Santa Cruz, noRio de Janeiro –, participei de umareunião mediúnica e doutrinárianaquele Centro, mas continuei naIgreja Católica. Após minha viu-vez, passando pela Central do Bra-sil, vi o jornal O Mundo Espírita.Pelo momento que estava vivendoe pelo título, o jornal chamou-mea atenção. No jornal, vi o endere-ço de um Centro, no bairro ondeeu morava – MarechalHermes –, com onome Grupo

Espírita Gabriel, Discípulo deMaria Madalena. Passei a frequen-tar as reuniões doutrinárias emediúnicas e a exercer atividadescomo colaborador: inicialmente, co-mo arrecadador de contribuiçõespara o Centro, depois, como pro-curador e também coordenandoo movimento jovem. Conheci umcompanheiro ligado à FederaçãoEspírita Brasileira (FEB), o AgadyrTeixeira Torres. Começamos a tra-balhar com ele no Movimento e,posteriormente, conheci o profes-sor José Jorge, Leopoldo Machadoe outros do Movimento Espíritado ramal de Nova Iguaçu. ComLeopoldo, atuamos pela expan-são do movimento das mocida-des espíritas. Nesse período, fun-damos uma Juventude Espírita comAlberto Nogueira Gama, AgadyrTeixeira Torres, Laís e Júlio Capilée outros companheiros. A Federa-ção Espírita Brasileira nos cedeuuma sala, onde nos reuníamossob os cuidados e o zelo rigoroso

10 Reformador • Novembro 2013440088

AN T Ô N I O VI L E L L AEntrevista

Início doMovimento Espírita

em BrasíliaAntônio Vilella, um dos pioneiros do Movimento Espírita de Brasília, com 91 anos,

relata suas experiências junto a várias instituições espíritas

Page 11: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

do presidente da FEB, o nossosaudoso Antônio Wantuil de Frei-tas. Passamos a visitar hospitais,asilos, colônias de hansenianos einstituições espíritas, nestas últi-mas objetivando estimular a fun-dação de mocidades/juventudesespíritas.

Reformador: Em quais cidades fo-ram centralizadas suas atividadesespíritas?Vilella: No Rio de Janeiro, parti-cularmente no ramal de SantaCruz, dirigi com o professor JoséJorge, que era presidente de umaConfraternização com 24 institui-ções integradas a esse Movimen-to Espírita, partindo de Deodoroaté Santa Cruz. Quando José Jorgefundou um colégio em Ricardo deAlbuquerque, passou a presidên-cia da Confraternização para mi-nha pessoa. Fundamos, em Pedrade Guaratiba, o Centro EspíritaGregório Estêvão e conseguimosconstruir sua sede. Posteriormen-te, construímos, em Senador Ca-mará (RJ), o Centro Espírita Luz eFraternidade, passando a integraro Conselho Diretor do Abrigo Na-zareno, em Campo Grande (RJ),que tinha na época mais de 170crianças internadas. Fazíamos acampanha do quilo, que era esti-mulada por Leopoldo Machado.Atuávamos na FEB quando foi as-sinado o Pacto Áureo. Em 1960,fui transferido para Brasília, comofuncionário do Tribunal Federalde Recursos. Logo depois, em 10de junho, encontramos o depu-tado Campos Vergal e sua esposa,que já eram nossos conhecidos do

Rio de Janeiro. Ele mantinha seugabinete de portas abertas, aten-dendo a todos e, particularmente,os espíritas –, sendo assim, odeputado me chamou para parti-cipar de sua mesa e perguntou oque eu e minha esposa estáva-mos fazendo. Relatamos que ha-víamos sido transferidos naqueladata e, logo em seguida, ele medisse que iria a uma reunião eclé-tica, pois todas as crenças estavamsendo convidadas A partir de en-tão, passamos a nos reunir às trêshoras da tarde, nas dependênciasde um centro de Umbanda, naCidade Livre, dirigido por umasenhora chamada dona Sinhá, jácom certa idade. Posteriormen-te, mudamos para a residência deMaria Costa, em Candangolân-dia, que veio a ser a primeira vice--presidente, comigo, na fundaçãodo Centro Espírita André Luiz – oprimeiro Centro Espírita fundadoem Brasília.

Reformador: Chegou a fundaroutras instituições espíritas?Vilella: No Rio de Janeiro, alémdo “Gregório Estêvão”, em Pedra deGuaratiba, fundamos o “Luz e Fra-ternidade”, em Senador Camará, eajudamos a construir o Centro Es-pírita Filhos de Deus, dentro daColônia de hansenianos, em Jaca-repaguá. Em Brasília, fundamoso Centro Espírita André Luiz, noGuará, o “Emmanuel”, no Gama,e, em 19 de novembro de 1961, o“Auta de Souza”, em Candango-lândia. Fiz também uma minutade estatuto para a FraternidadeAllan Kardec, em Taguatinga (DF).

Fundamos a escola EducandárioPaulo de Tarso, no “Apóstolo Estê-vão”. Passamos a trabalhar pelaunião dos centros espíritas deBrasília, a pedido do nosso irmãoWantuil de Freitas e, numa cartaque temos nos arquivos do nossoCentro André Luiz, ele pediu quefizéssemos um movimento de con-fraternização para que fosse fun-dada uma sociedade federativa emBrasília. Com este objetivo, nosreunimos na residência do Dr.Gilson, com alguns companheiros:Celso Xavier dos Santos, o Jafé, eoutros. Em seguida a estas inicia-tivas, juntou-se a nós o Sr. JoãoMoutinho, que teve uma atuaçãomuito importante à frente da Fede-ração Espírita do Distrito Federal.

Reformador: Em suas ações, quaisatividades espíritas foram prioritá-rias?Vilella: Foi sempre o trabalho dou-trinário e a mediunidade. Atueimediunicamente na psicofonia,que outrora se chamava incorpo-ração; atuei, igualmente, no camposocial, porque fiz parte da cam-panha do quilo, que depois pas-sou a ser a Campanha Auta de Sou-za, ajudando sempre no que pudefazer, com o objetivo único de fa-zer. Ainda com o mesmo pensa-mento, assumi o compromissode levar o Evangelho por toda par-te – mas não somente a teoria, nóstemos que viver num consenso deprática seja na parte mediúnica,seja atendendo os caídos, os ne-cessitados. E, na parte social, nãoé só dar comida, é, como diz Em-manuel, saber dar o pão, ou seja,

11Novembro 2013 • Reformador 440099

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saber “ensinar a pescar”. Pois nãoadianta dar o alimento sem ensi-nar a pessoa, o ser humano, a sereducado para com as coisas deDeus, não com fanatismo, mascom fraternidade, com amor.

Reformador: Manteve contatos commédiuns como Chico Xavier e ou-tros?Vilella: Tive contato com o gran-de médium Chico Xavier, em Pe-dro Leopoldo, em 1946. Eu e mi-nha segunda esposa, Odila GarciaVilella – que trabalhou ao meu la-do durante os 47 anos de casamen-to –, levamos nosso filho doente eparticipamos de uma reunião noCentro Espírita Luiz Gonzaga, emPedro Leopoldo, isso em 1946.Estive com o Chico e com o pro-fessor Ramiro Gama, que escre-veu o livro Lindos casos de ChicoXavier. Eu me relacionava muito

com o Ramiro Gama, porque eleera um grande tribuno e muitoamigo. Desde 1961, nós fizemoscaravanas para Palmelo (GO), como fim de ajudar o Sanatório, queera recém-fundado naquela época.

Reformador: Qual foi sua relaçãocom a Federação Espírita do Dis-trito Federal ou seus órgãos locais?Vilella: Meu papel era dar apoioao movimento de união no traba-lho espírita aqui no Planalto Cen-tral, juntamente com nosso amigoparticular, Mario Barata, e outroscompanheiros que pertenciam àComunhão Espírita de Brasília,além de nossa irmã Irene e outroscompanheiros, como nosso irmãoJorge Cauhy, que foi muito atuan-te nessa área. Naquele período,nós fizemos um movimento soli-dário e, em 1961, veio o nossoirmão Pedro Lettieri com seus fa-

miliares, e nos integramos à famí-lia “André Luiz”, pautando o nos-so caminho pela Doutrina codifi-cada pelo grande missionário AllanKardec à luz do Cristo Vivo.

Reformador: Em décadas de atua-ção no Movimento Espírita, quaisprincipais mudanças sentiu?Vilella: Sentimos, nesse período –até os dias de hoje –, que o Espiri-tismo caminhou para um campomais teórico e filosófico, mas, si-multaneamente, menos prático.Achamos que os centros espíritasestão deixando o campo mediú-nico, partindo para um campomais filosófico. A Doutrina Espí-rita veio para acalmar a tempesta-de dos que vivem na obscuridade,seja no plano físico como no pla-no espiritual; veio para educar ohomem, como diz Emmanuel, pa-ra uma nova jornada de vida.

12 Reformador • Novembro 2013441100

No dia 2 de agosto, a Assembleia Distrital realizou Sessão Solene em homenagem aos 50 anos de fundaçãoda Federação Espírita do Distrito Federal. Compareceram a diretoria e o presidente da FEDF, Paulo Maia

Costa; o presidente e o diretor da FEB, respectivamente, Antonio Cesar Perri de Carvalho e João Pinto Rabelo;e vários dirigentes de instituições, inclusive o Sr. Antônio Vilella, um dos pioneiros espíritas do Distrito Federal

Page 13: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

13Novembro 2013 • Reformador 441111

ntônio Wantuil de Freitasfoi presidente da Federa-ção Espírita Brasileira de

1943 a 1970, quando, por motivosde saúde e idade avançada, deci-diu não concorrer a uma reeleiçãopara o cargo.1 Durante seus 27 anosde gestão, foi prática comum, emfunção de laços de ideal e amiza-de, a constante troca de cartasentre ele e o médium FranciscoCândido Xavier. Nelas, partilha-vam ideias e expunham pontos devista sobre vários assuntos relati-vos à FEB, às obras psicografadaspor Chico, mas, também, acercade outros temas menos recorren-tes e mais pontuais.2

Ocorrida a desencarnação deWantuil de Freitas, em 11 de mar-ço de 1974, Francisco Thiesen,

que dirigiu a FEB de 1975 a 1990,tornou-se, por cessão de ZêusWantuil, o depositário das cartasque haviam sido remetidas porChico ao então recém-desencar-nado ex-presidente.3 De possedessas missivas, Thiesen, no de-correr dos anos seguintes, selecio-nou e datilografou excertos, ex-traídos de vários desses textosque, ao final da atividade, forma-ram um “volume de regular pro-porção”.4 Segundo o seu organiza-dor, o material serviria para dar “àpublicidade alguns tópicos dessacorrespondência”.4

Boa parte desse material foi uti-lizada por Suely Caldas Schubert,no livro intitulado Testemunhos deChico Xavier, editado pela FEB, ori-ginalmente em 1986.5 Segundo aautora:

A correspondência de Chico

Xavier a Wantuil de Freitas, ora

parcialmente tornada pública pe-

la gama de ensinamentos que

transmite, é impressionante de-

poimento sobre a vida desse

autêntico missionário do Cristo

que é Francisco Cândido Xavier.

Por meio dos trechos dessas car-

tas, a verdade dos fatos vem à

tona de maneira cristalina, apa-

gando vestígios de possíveis dis-

torções e dirimindo dúvidas.6

Acerca do material utilizado nocitado livro, Thiesen complemen-tou:

De futuro, certamente, outras

cartas integrarão novos estu-

dos e comentários, pois, por

ora, somente parte das cartas

aludidas está sendo objeto de

publicação.7

A

Algumas informações sobre sua produção em 1947

FL Á V I O REY D E CA RVA L H O

Retrato deEmmanuel

1SCHUBERT, Suely C. Testemunhos deChico Xavier. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB,2010. Prefácio (Francisco Thiesen), p. 11.

2Por exemplo, algumas curiosidades –acerca da aparência de Emmanuel e damaneira como foi produzido o seu retratoem 1947 – que serão apresentadas nesteartigo.

3SCHUBERT, Suely C. Testemunhos deChico Xavier. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB,2010. Prefácio (Francisco Thiesen), p. 12.

4Idem, ibidem. p. 13.

5Idem, ibidem.

6Idem, ibidem. Apresentação (Suely CaldasSchubert), p. 16.

7Idem, ibidem. Prefácio (Francisco Thiesen),p. 13.

Page 14: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

Entre as missivas que escapa-ram à obra em questão, há duascartas de Chico, datadas, respec-tivamente, de 23de outubro de1947 e 18 demarço de 1948.Delas, se teveacesso somenteaos excertos –se lecionados,transcritos edisponibiliza-dos pelo presi-dente da FEB –que contêm ostestemunhos domédium acercada aparência deEmmanuel e damaneira comofoi produzido oseu retrato, nosidos de setem-bro e outubrode 1947, pelo ar-tista mineiroAlberto AndréDelpino Filho.8

Na carta de23 de outubrode 1947, ChicoXavier confi-denciou a Wantuil de Freitas:

[...] o pintor Del Pino Filho,

(não sei se o conheces de nome)

inspirado por médiuns viden-

tes e confrades de Belo Ho-

rizonte, veio a Pedro Leopol-

do, no propósito de fazer um

retrato de Emmanuel. Está aqui,

num hotel, há quase um mês

[...]. A tela está quase pronta e,

efetivamente, é um trabalho

admirável [...].9

A essa breve notícia, acerca daprodução do retrato de Emma-

nuel, foram adicionadas, na cartade 18 de março de 1948, as se-guintes informações:

O artista Delpino Filho é meu

conhecido pessoal,

desde 1933. Não é

espiritista. Há cer-

ca de seis anos, en-

contrando-se comi-

go em Belo Hori-

zonte, manifestou-

-se disposto a pintar

um retrato de Em-

manuel.Achei curio-

sa a idéia, mas não

levei a sério. Per-

guntou-me êle por

traços do nosso ami-

go espiritual e ex-

pliquei-lhe, tanto

quanto possível, a

indumentária com

que me aparece, de-

pois da vinda do Há

Dois Mil Anos.10 No-

bre figura de sena-

dor romano, na ida-

de madura, mas com

a fisionomia remo-

çada e enérgica. An-

tigamente, até depois do

Emmanuel11 me visitava com a

indumentária de sacerdote, con-

servando na retaguarda largo

reflexo de claridade sublime em

forma de cruz, embora com o

14 Reformador • Novembro 2013441122

8Também denominado Del Pino ouAlberto André Delpino Júnior (1907--1976), filho do artista mineiro AlbertoAndré Feijó Delpino (1864-1942), criadorde célebre imagem do mártir da Inconfi-dência Mineira: Joaquim José da SilvaXavier (1746-1792).

10 Psicografado entre 24 de outubro de1938 e 9 de fevereiro de 1939. XAVIER,Francisco C. Há dois mil anos. Pelo Espí-rito Emmanuel. 49. ed. 2. imp. Brasília:FEB, 2013.

11Cuja psicografia se deu em 1937.XAVIER, Francisco C. Emmanuel. Pelo

9Tanto nesse quanto nos demais excertosque se seguem, foi mantida a ortografiaoriginal.

Page 15: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

mesmo semblante, dando mos-

tras, contudo, de homem mais

envelhecido.12 Depois do Há

Dois Mil Anos, porém, começou

a trabalhar, com as vestes roma-

nas características, o que con-

serva até hoje. Em outubro do

ano findo, surge aqui o Delpino

Filho [...] e me pediu novas in-

formações. Dei-lhas, tão minu-

ciosamente, quanto possível. O

artista fêz vários esbôços e de-

pois fêz uma tela em que a figu-

ra de Emmanuel estava muito

expressiva; aperfeiçoôu os estu-

dos e fêz a segunda que ficou

ainda melhor. [...] É feita a pas-

tel e a expressão do nosso ben-

feitor é verdadeiramente mara-

vilhosa pela sua feição divina-

-humana [...]. O trabalho exi-

giu muito esforço, perseverança

e carinho do artista. [...] o pin-

tor pediu-me uma declaração

sobre o quadro que dei nestes

termos, mais ou menos:

“O quadro do Artista Delpino

Filho, apresentando a figura de

Emmanuel (Publio Lentulus)

reproduz, com exatidão, as ve-

neráveis feições com que esse

nosso grande benfeitor espiri-

tual aparece em minhas orações.

Pedro Leopoldo, 6 de março de

1948

Francisco Cândido Xavier”.

Como conclusão – em comple-mento às informações contidasnos excertos supracitados –, men-ciona-se a seguinte ponderaçãofeita pelo professor e amigo deChico, Clóvis Tavares:

Palestrando em torno do as-

sunto, Chico me informou que,

na verdade, Emmanuel não

posou para o pintor, como se

poderia imaginar. O artista foi

ajudado, na feitura do célebre

retrato de Publio Lentulus, por

um pintor desencarnado, ami-

go de Emmanuel. Afirma Chico

que o retrato reproduz fiel-

mente a imagem de nosso que-

rido benfeitor ao tempo de

senador romano. Apenas uma

restrição lhe poderia ser feita:

os lábios, na realidade, são mais

estreitos e masculinos. Tudo o

mais é exatíssimo.

O magnífico original se en-

contra [...] na sede do Gru-

po Espírita Luís Gonzaga, em

Pedro Leopoldo, numa sala de

oração destinada aos médiuns,

construída no mesmo local em

que se situara, em 1910, o quar-

to em que Chico Xavier nas-

ceu...13 É digno de admiração

o magnífico trabalho artístico

de Delpino Filho, uma verda-

deira obra de arte do mais pu-

ro valor.14

15Novembro 2013 • Reformador 441133

Espírito Emmanuel. 27. ed. 2. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2010.

12Em 16 de setembro de 1937, apresentan-do variações (com alguns detalhes a maise outros a menos), revelou Chico Xavier:“Lembro-me de que, em 1931, numa denossas reuniões habituais, vi a meu lado,pela primeira vez, o bondoso EspíritoEmmanuel. [...] Via-lhe os traços fisionô-micos de homem idoso, sentindo minhaalma envolvida na suavidade de sua pre-sença, mas o que mais me impressionavaera que a generosa entidade se fazia visívelpara mim, dentro de reflexos luminososque tinham a forma de cruz. [...] Desde1933, Emmanuel tem produzido, pormeu intermédio, as mais variadas páginassobre os mais variados assuntos. [...]Convidado a identificar-se, várias vezes,esquivou-se delicadamente, alegando ra-zões particulares e respeitáveis, afirman-do, porém, ter sido, na sua última pas-sagem pelo planeta, padre católico, de-sencarnado no Brasil. Levando as suas dis-sertações ao passado longínquo, afirma tervivido ao tempo de Jesus, quando entãose chamou Publio Lentulus. [...]”. (Op.cit., p. 11 e 12.)

O retratoreproduz

fielmente a

imagem de

nossoqueridobenfeitor

13O Centro Espírita Luiz Gonzaga estálocalizado na rua São Sebastião, 55,Centro, Pedro Leopoldo (MG), CEP33.600-000.

14TAVARES, Clóvis. Trinta anos com ChicoXavier. 4. ed. Araras (SP): IDE, 1987. p. 246.

Page 16: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

16 Reformador • Novembro 2013441144

frase supracitada é co-mumente empregada noscírculos espíritas para apre-

sentar, como uma proposta doEvangelho, a educação de criançase jovens à luz da Boa Nova e daTerceira Revelação. Tivemos, a seurespeito, luminosa mensagem tra-zida pelo Espírito João Evangelista,o mais jovem apóstolo do Cristo.E tão bem soube ele explanar osignificado da célebre assertiva, quemereceu de Allan Kardec ter-se re-ferido a ela em O evangelho segundoo espiritismo.1

Tudo parecia encadear-se nospropósitos do Alto, relativamen-te à inserção dos infantes e mo-ços nas lides espíritas. Um ano an-tes de ser mediunicamente trans-mitida aquela mensagem, por-tanto em 1862, o Codificador en-contrava oportunidade, junto aosespíritas franceses, de afirmar quenão devemos recear a admis-são de jovens nos meios espíritas.E alerta:

[...] A gravidade da assembleia

refletir-se-á em seu caráter; eles

se tornarão mais sérios e ainda

cedo poderão haurir, no ensino

dos bons Espíritos, esta fé viva

em Deus e no futuro, esse senti-

mento dos deveres da família,

que os tornarão mais dóceis,

mais respeitosos, e que modera

a efervescência das paixões.2

Mas, no mesmo ano em que oEspírito João Evangelista ditouaquela comunicação, em 1863,outro fato de singular importân-cia, mas no mesmo sentido, acon-tecia na margem oposta do Atlân-tico. Após um de seus desdobra-mentos, o clarividente AndrewJackson Davis (1826-1910) foi le-vado a conhecer, no mundo dosEspíritos, um lugar a que chamouSummerland. Lá, percebeu

[...] a educação harmoniosa das

crianças desencarnadas, reunidas,

por grupos, em grandes e belos

edifícios, nos quais se lhes admi-

nistrava instrução e cuidados

especiais, tudo de acordo com a

idade e os conhecimentos delas.3

Regressando daquela viagem,Davis se lançou ao objetivo de con-cretizar, na Terra, o exitoso em-preendimento da Espiritualidade.Assim, nasceu o que denominouLiceu Espiritista, por ele fundadoem 25 de janeiro de 1863, emDodsworth Hall, Broadway, NovaIorque. Segundo Zêus Wantuil,

[...] esse movimento liceano

ramificou-se nos Estados Uni-

dos e propagou-se à Inglaterra,

ao Canadá, à Austrália etc.3

Entretanto, a ideia, que tão cele-remente florescia naquelas nações,logo teria seu declínio. E, nas pro-ximidades dos anos 30, seria co-mo que transplantada do mundoanglo-saxônico, nascedouro de mé-diuns e clarividentes, para a Pátria

A

“Deixai que venham a mim as criancinhas e não as impeçais, porquanto o reinodos céus é para os que se lhes assemelham.” (Marcos, 10:14.)

MA RC E LO MOTA

Dos liceus espíritasàs escolas de

evangelização espírita150 anos apresentando Jesus às crianças e aos jovens

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do Evangelho, irradiando-se atra-vés da fundação das agora deno-minadas “mocidades espíritas”. Po-demos dizer que foram inspiradaspelo exitoso trabalho que um jo-vem chamado Francisco CândidoXavier, de Pedro Leopoldo (MG),realizava em prol da causa espírita.

Em 1932, saindo a lume a obraParnaso de além-túmulo, ChicoXavier causou grande impacto nasociedade brasileira, especialmen-te entre os espíritas. Um jovem con-tando apenas 22 anos psicografa-ra verdadeira antologia luso-bra-sileira. Seria uma genialidade fe-nomenal, não fosse a existência,por trás, de um fenômeno genial.As extraordinárias faculdades me-diúnicas do moço mineiro e a suadoce humildade abriam caminhopara o fortalecimento do movi-mento de mocidades espíritas.4

Como exemplo, temos aquelasfundadas nas cidades de Bebedou-ro (SP), em 1930; Santana (SP),em 1932; Araçatuba (SP), em 1933;Santos (SP), em 1934; e Nova Igua-çu (RJ), em 1936.4 Esta última foifundada pelo professor LeopoldoMachado Barbosa, baiano radi-cado no Rio de Janeiro que publi-cou diversas obras nos anos 40,a maioria enfeixando a tese deque o Movimento Espírita brasi-leiro deveria abraçar as criançase os jovens em seu seio, cultivandonas criaturas o intento da forma-ção das famílias espíritas.

E foi a partir da sua obraCruzada do espiritismo de vivos,de 1948, que o Brasil viu um ver-tiginoso crescimento no núme-ro de núcleos de jovens espíri-

tas, norteados pelas orientaçõespresentes nesta obra. Nela, o autordefende o que chama

[...] doutrinação de encarnados,

pelo estudo da Doutrina Espírita

e do Evangelho do Cristo, a fim

de que, desencarnados, não pre-

cisem aparecer às sessões mediú-

nicas para serem doutrinados;

às vezes, depois de obsessões.5

E estabelece que isto deva seriniciado desde cedo. Para a cons-trução de uma consciência espíri-ta é necessário

[...] cuidar, a sério, da formação

de juventudes espíritas organi-

zadas, é cuidar de nossos subs-

titutos, talvez com maior pre-

paração cristã. [...] A arte, a lite-

ratura, a alegria cristã, as festas

sem caráter profano são para

tanto indispensáveis.5

Todos esses esforços vieram aculminar no ano de 1977, quandoFrancisco Thiesen, então presiden-te da Federação Espírita Brasileira

(FEB), estando há apenas dois anosà frente da Casa de Ismael, apre-sentou ousada deliberação: lançaras bases da Campanha Permanentede Evangelização Espírita Infanto-juvenil. Desde então, estava con-solidado mais um plano do Alto:apresentar Jesus às novas geraçõese evangelizá-las à luz da DoutrinaEspírita.

Referências:1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed.

2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2012. cap. 8,

it. 18.2KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862

e outras viagens de Kardec. Trad. Evandro

Noleto Bezerra. 2. ed. 2. reimp. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2011. cap. Instruções particula-

res dadas aos grupos em resposta a algu-

mas das questões propostas, it. 10, p. 134.3WANTUIL, Zêus. Andrew Jackson Davis.

Reformador. ano 96, n. 1.789, p. 26(126)

e 27(127), abr. 1978.4FERREIRA, Altivo. Palestra proferida no

2º Congresso de Mocidades Espíritas do

Estado do Rio de Janeiro, realizado de

29 a 31 de agosto de 2008.5MACHADO, Leopoldo. Cruzada do espiri-

tismo de vivos. Matão (SP): O Clarim,

1948. Decálogo do espiritismo de vivos.

17Novembro 2013 • Reformador 441155

Page 18: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

18 Reformador • Novembro 2013441166

esde tempos remotos, a Es-piritualidade superior temse mostrado muito preocupa-

da com a questão dos falsos pro-fetas. Tudo indica que Espíritos ain-da em evolução, como nós, ten-dem a acreditar e seguir mensa-geiros de teorias espantosas e ma-ravilhosas. Parece também que, porforça de atavismos seculares, ain-da aceitamos ideias absurdas.Podemos mesmo dizer que as pro-curamos, tão logo surjam aqui ouali.Vários textos nos livros do Novotestamento são uma prova inequí-voca desta preocupação, tanto deJesus quanto dos apóstolos.

Estranhamente, passados perío-dos de tanta incerteza, onde bus-cávamos líderes religiosos, profe-tas, magos, bruxos, gurus e todasorte de personagens de destaquedentro da comunidade, para nosorientar como devíamos nos rela-cionar com Deus, aportamos noséculo XXI, aparentemente com asmesmas inclinações.

Após a missão de Allan Kardec,de alta responsabilidade, com oobjetivo de trazer a Terceira Reve-lação para a humanidade, aindavemos os que se deixam levar pelotão conhecido canto da sereia, abdi-

cando da sua capacidade de pen-sar e discernir, esquecendo-se deler para saber e conhecer, pesquisar,estudar obras realmente espíritas,de preferência, as de Allan Kardec.

Depois da vinda de inúmerosmedianeiros escolhidos especial-mente para nos ajudar a melhorentender as leis de Deus, em con-sonância com Allan Kardec, taiscomo: Zilda Gama, Yvonne Pereira,Chico Xavier e Divaldo P. Franco,entre tantos outros, surgem mé-diuns a veicular doutrinas e opi-niões personalíssimas da lavra depretensos sábios Espíritos. Pas-samos, então, a citar, estudar e di-vulgar os verdadeiros falsos Cris-tos, exatamente aqueles que, nopassado, tanto nos recomendaramnão seguir.

Alguns diriam que o apareci-mento de tanta literatura falsa, deuma hora para outra, seria o últi-mo ataque dos Espíritos perturba-dores, nesta importante fase que oplaneta atravessa. Mas, a respon-sabilidade pela implantação destarealidade caberia exclusivamentea esses Espíritos embusteiros e seusfascinados médiuns que, em ver-dadeiro conluio, trazem suas pro-postas estranhas? Não nos caberia

também uma parcela na formaçãodesta realidade?

Existe um princípio econômi-co estabelecendo que a oferta sejaproporcional à procura, visto que,se não há procura, não deve haveroferta. Talvez, seja este um dos me-canismos dominantes no fato aquiem exame. Procuram-se avidamen-te as luzes bruxuleantes das falsasdoutrinas, para “autoiluminação”e “autoajuda”, tais quais mariposasdesavisadas, em busca da luz artifi-cial. Será que as bases doutrinárias,que representam a luz verdadeira,por força da mudança de condiçãodo planeta, precisariam se adequara novos padrões, a novas teorias?– A razão não o confirma, impon-do-se, portanto, a necessidade dese voltar urgentemente ao estudometódico dos livros da Codificaçãode Allan Kardec.

Esta Doutrina, que é dos Espí-ritos, ficará conosco por muitotempo, pois a natureza não dá sal-tos, e nos encontramos até agoraem processo de entendimento daDoutrina, preparando-nos parabem aplicá-la.

O estudo de O livro dos mé-diuns tem sido frequentementepreterido por literaturas quase

DRO G É R I O MI G U E Z

Divulgação espíritana atualidade

Capa

Page 19: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

infantis em suas propostas, que nãoresistem à mais leve análise dou-trinária. Contudo, estas literaturastêm feito seguidores e divulgado-res ferrenhos que, ao deixarem deestudar o guia sobre mediunida-de, escrito por Allan Kardec, ficamexpostos a toda sorte de ataques.O resultado não pode ser promis-sor, visto que, na primeira novi-dade de um mistificador, devidoao despreparo e desconhecimentoda Doutrina Espírita, aceitam-na epassam a difundi-la como se fossea mais pura verdade.

Alguns chegam mesmo a defen-der a venda de livros sabidamentepseudoespíritas, considerando fa-tores econômicos. Será que os finsjustificariam os meios? Certamente,Allan Kardec, o bom senso encar-nado, não aprovaria tal procedi-mento. Por outro lado, livros compropostas conhecidamente contrá-rias ao Espiritismo devem ser lidose entendidos, pois nos permitemsolidificar a crença que detemos.

Contudo, como distinguir averdadeira da falsa doutrina? Cer-tamente, não seria observando osíndices para Catálogo Sistemático,que constam na contracapa doslivros, visto que o autor e seu edi-tor, quando não são os mesmos,ali colocam o que desejam, e se oautor é um falso profeta, que ten-ciona adulterar a Doutrina, ob-viamente informará que o livrotrata de Espiritismo. Não, não pode

ser este o critério, o bom senso e arazão assim o dizem.

A Doutrina Espírita, oferecen-do-nos vários benefícios, nos trou-xe esclarecimentos dos Espíritossuperiores. Se Allan Kardec, aolongo de anos de trabalho, teve ocuidado de nos apresentar os seusfundamentos, devemos estudá-lossistematicamente, aprofundada-mente, antes de nos aventurarmosnas “modernidades”. Para tanto,a formação de grupos de estudo éuma prática muito salutar.

Argumenta-se ser perfeitamen-te possível distinguir o que é bomdo que é ruim dentro da literatu-ra apócrifa, que é possível separaro joio do trigo, por isso, citam-se,estudam-se e divulgam-se livrosnão espíritas, como se o fossem.Paulo já nos advertiu: “Tudo me épermitido, mas nem tudo convém”(I Coríntios, 6:12).

Assim, se desejamos estudar apseudoliteratura espírita, no exer-cício de nossa liberdade, estude-mos, mas não a divulguemos nemdela façamos apologia, pois ou-tras pessoas, sob nossa influência,virão a estudá-la também e, sempossuirem a base doutrinária quenelas supomos existir, certamen-te cairão, desavisadas, nas arma-dilhas dos lobos travestidos empele de cordeiro. Aí está a gra-ve responsabilidade que cria parasi mesmo quem divulga teoriasabsurdas.

O capítulo XXI de O evangelhosegundo o espiritismo trata destaquestão. Nele, Erasto, o discípulode Paulo, Espírito que na época dosurgimento do Cristianismo já evi-denciava a sua estatura moral eética, se preocupou sobremaneiraem mais uma vez nos alertar sobreo aparecimento dos falsos Cristos:

Desconfiai, pois, dos falsos pro-

fetas, máxime numa época de

renovação, qual a presente, por-

que muitos impostores se di-

rão enviados de Deus. Eles pro-

curam satisfazer na Terra à sua

vaidade [...].1

E mais:

Os falsos profetas não se encon-

tram unicamente entre os en-

carnados. Há-os também, e em

muito maior número, entre os

Espíritos orgulhosos [...]. E, pa-

ra melhor fascinarem aqueles a

quem desejam iludir, para da-

rem mais peso às suas teorias,

se apropriam sem escrúpulo de

nomes que só com muito res-

peito os homens pronunciam.2

Erasto, agora na Revista Espíri-ta, acrescentou:

[...] recorrerão a todos os meios

para semear a divisão entre vós

[...]. Tereis de lutar não só con-

tra os orgulhosos [...] mas, ainda

19Novembro 2013 • Reformador 441177

Capa

Page 20: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

e principalmente, contra a tur-

ba dos Espíritos enganadores,

que encontrando em vosso meio

uma rara reunião de médiuns

[...], logo virão assaltar-vos [...]

com comunicações abertamen-

te hostis aos ensinos dados pe-

los verdadeiros missionários dos

Espíritos de Verdade. Ah! crede-

-me, não temais desmascarar os

velhacos que, novos Tartufos, se

introduziriam entre vós sob a

máscara da religião [...].3

Revisitemos Allan Kardec:

[...] o Espiritismo sério patroci-

na com satisfação e zelo toda

obra feita em boas condições

[...] mas, por outro lado, repu-

dia todas as publicações excên-

tricas. Todos os espíritas que se

empenham para que a Doutri-

na não seja comprometida de-

vem, pois, esforçar-se para as

condenar [...].4

Tal foi a preocupação de Erasto,que sintetizou magistralmente es-ta questão na frase:

Melhor é repelir dez verdades

do que admitir uma única falsi-

dade, uma só teoria errônea.5

Contudo, nos parece que, atual-mente, esta máxima também po-deria ser assim escrita: melhor énão divulgar dez verdades do que

divulgar uma única falsidade,uma só teoria errônea.

Referências:1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed.

2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2012. cap.

21, it. 9.2______. ______. it. 10.3______. Revista espírita: jornal de estudos

psicológicos. ano 4, n. 11, p. 501 e 502,

nov. 1861. Trad. Evandro Noleto Bezerra.

3. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

Primeira epístola aos espíritas de Bordeaux,

por Erasto, humilde servo de Deus.4______. Viagem espírita em 1862 e ou-

tras viagens de Kardec. Trad. Evandro

Noleto Bezerra. 2. ed. 2. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2011. Instruções particulares

dadas aos grupos em resposta a algu-

mas das questões propostas, it. 6.5______. O livro dos médiuns. Trad.

Guillon Ribeiro. 80. ed. 4. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2012. cap. 20, it. 230.

20 Reformador • Novembro 2013441188

Nem a paz, nem o fim! A vida, a vida apenas

É tudo que encontrei e é tudo que me espera!

O ouro, a fama, o prazer e as ilusões terrenas

São lodo, fumo e cinza ao fundo da cratera.

Esvaiu-se a vaidade!... Os júbilos e as penas,

A alegria que exalta e a dor que regenera,

Em cenário diverso aprimorando as cenas,

Continuam, porém, vibrando noutra esfera.

Morte, desvenda à Terra os planos que descobres,

Fala de tua luz aos mais vis e aos mais pobres,

Renova o coração do mundo impenitente!

Dize aos homens sem Deus, nos círculos escuros,

Que além do gelo atroz que te reveste os muros,

Há vida... sempre a vida... a vida eternamente...

Edmundo Xavier de Barros

Fonte: XAVIER, Francisco C. Poetas redivivos. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007.

cap. 20.

Vida

Capa

Page 21: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

21Novembro 2013 • Reformador 441199

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

Fonte: XAVIER, Francisco C. Fonte viva. 6. imp. Brasília: FEB, 2013. cap. 5.

crente escuta o apelo do Mestre, anotando abençoadas consolações.

O doutrinador repete-o para comunicar vibrações de conforto espiritual

aos ouvintes.

Todos ouvem as palavras do Cristo, as quais insistem para que a mente inquieta

e o coração atormentado lhe procurem o regaço refrigerante...

Contudo, se é fácil ouvir e repetir o “vinde a mim” do Senhor, quão difícil é “ir

para Ele”!

Aqui, as palavras do Mestre se derramam por vitalizante bálsamo, entretanto, os

laços da conveniência imediatista são demasiado fortes; além, assinala-se o convite

divino, entre promessas de renovação para a jornada redentora, todavia, o cárcere

do desânimo isola o espírito, por meio de grades resistentes; acolá, o chamamento do

Alto ameniza as penas da alma desiludida, mas é quase impraticável a libertação dos

impedimentos constituídos por pessoas e coisas, situações e interesses individuais,

aparentemente inadiáveis.

Jesus, o nosso Salvador, estende-nos os braços amoráveis e compassivos. Com

Ele, a vida enriquecer-se-á de valores imperecíveis e à sombra dos seus ensinamen-

tos celestes seguiremos, pelo trabalho santificante, na direção da Pátria Universal...

Todos os crentes registram-lhe o apelo consolador, mas raros se revelam suficien-

temente valorosos na fé para lhe buscarem a companhia.

Em suma, é muito doce escutar o “vinde a mim”...

Entretanto, para falar com verdade, já consegues ir?

“Vinde a mim...”

– Jesus. (Mateus, 11:28.)

O

ir?Consegues

Page 22: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

o lançarem o Estudo Siste-matizado da Doutrina Es-pírita (Esde) como campa-

nha nacional – em 27 de novem-bro de 1983, em Brasília, durantereunião do Conselho FederativoNacional (CFN) –, seus idealiza-dores e a direção da Federação Es-pírita Brasileira (FEB) à época nãopoderiam prever que o Estudo te-ria uma evolução tão grande nes-tas três décadas de existência.

Embora almejassem isso, os fo-mentadores do Esde dizem estarsurpresos com a superação das ex-pectativas. É o caso de Sônia Arruda,atual coordenadora nacional doEsde, que trabalhou durante muitosanos juntamente Cecília Rocha que,na década de 70 do século XX, rece-beu mediunicamente a mensagemdo Espírito Angel Aguarod sobre anecessidade da criação de um es-tudo sistemático da Doutrina Es-pírita.“A evolução do Esde nos úl-timos 30 anos foi excepcional, poisalém de ter se tornado referênciaem estudo do Espiritismo para osiniciantes, também se consolidoucomo um modelo seguido em to-do o Brasil e em diversos países domundo”, assegura Sônia Arruda.

No mundo maior já se previa aevolução do Esde. Isso fica clarona mensagem do Espírito Bezerrade Menezes, transmitida pelomédium Divaldo Franco, duranteo lançamento da campanha, em1983:

Um programa de estudo siste-

matizado da Doutrina Espírita,

sem nenhum demérito para to-

das as nobres tentativas que têm

sido feitas ao largo dos anos,

num esforço hercúleo para inte-

ressar os neófitos no conhecimen-

to consciente da Nova Revelação,

é o programa da atualidade sob

a inspiração do Cristo.1

Nesta mensagem, Bezerra ain-da prevê:

A Codificação Espírita é o alfa-

beto da Nova Era sobre o qual

se erguerá o Templo da Paz,

quando a mensagem da Tercei-

ra Revelação atingir todas as

criaturas do orbe, realizando o

fanal da imensa revolução so-

cial que modificará as estrutu-

ras da Terra.2

O fato é que nas últimas trêsdécadas, o Esde tornou-se o estu-do metódico mais utilizado nascasas espíritas brasileiras, graças àmetodologia proposta. Essa acei-tação também é clara em diversos

22 Reformador • Novembro 2013442200

A

O Esde chega aos 30 anossuperando expectativas

Esde – 30 anos

EQ U I P E D O ES D E

Da esq. para a dir.: Maria do Socorro Sousa, Iracema Fernandes, CarlosCampetti, Sônia Arruda, Martha Melo e Marlene Oliveira

1Reformador, ano 102, n. 1.858, p. 31(27),janeiro de 1984. 2Idem, ibidem.

Page 23: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

países, onde o material é aplicadoem português ou vertido para oespanhol, o francês ou adaptadoao italiano e ao inglês, por exem-plo. Centenas de milhares de pes-soas são atualmente espíritas gra-ças ao conhecimento da Doutrinaadquirido no curso do Esde. Nes-ses 30 anos, houve também umgrande número de monitores queforam preparados pelos cursos doEsde em todo o Brasil e no Exte-rior, para aplicação dos roteirosoferecidos pela FEB.

A evolução do Esde tambématingiu o material de divulgação:as apostilas melhoraram muito aolongo dos anos e, ultimamente, setornaram livros: um inicialmentecom seis programas e, atualmente,com o Programa Fundamental e oComplementar em três volumes.

Na aplicação do Esde, muitascasas espíritas hoje seguem seuestilo próprio, porém, sem per-derem o cerne, os princípios daDoutrina Espírita, o que possibi-litou a um grande número apro-fundar o conhecimento espíritade forma segura, obtendo o con-solo para suas dores e mais escla-recimentos sobre a vida. Além dis-so, o Esde tem contribuído com aformação de trabalhadores espíri-tas, conscientes e preparados paraas múltiplas tarefas a que são cha-mados, coerentes com a propostade Allan Kardec pela formação deespíritas mais conscientes e escla-recidos, capazes de influenciarpositivamente a sociedade à qualpertencem.

IV Encontro

No período de 19 a 21 de julho de2013, foi realizado, na Sede da FEB,em Brasília, o IV Encontro Nacionaldos Trabalhadores do Esde, ativi-dade que integrava as comemora-ções dos 30 anos do Estudo. Com otema “E o semeador saiu a semear”,o IV Encontro se configurou comouma oportunidade para apresen-tação de propostas, debates e de-cisões relativas ao futuro do Estudo,situando-se mais uma vez como por-ta de entrada para a Doutrina Espíritaàs pessoas que não a conhecem.

O evento reuniu cerca de 150participantes, representando todasas regiões do país, e chegou ao seuúltimo dia definindo e apresen-tando orientações e ações para ospróximos anos no aprimoramentodo Esde. Entre elas, a realização doV Encontro Nacional do Esde, queacontecerá em cinco anos, com otema “Amai-vos e instruí-vos”.

Houve ainda o lançamento do sitedo Esde, apresentação do “ProjetoMemória – 30 anos do Esde” – quebusca catalogar informações, do-cumentos, fotografias e diversosoutros tipos de registros da atuaçãodo Esde, tanto no âmbito nacional,como no regional –,apresentação doEsde a distância – que é uma moda-lidade de estudo da Doutrina Espí-rita por meio da Internet –, apresen-tações culturais (Grupo Fonte deEsperança e Coral da FEB), de pu-blicações da FEB Editora e home-nagem à Cecília Rocha, por ter sidogrande incentivadora do Esde.

Durante os três dias de ativi-dades, o IV Encontro Nacionaldos Trabalhadores do Esde foitransmitido em tempo real porseis veículos de comunicação –TVCEI, site do Esde, blog criadoespecificamente para divulgar oevento e redes sociais da Federa-ção Espírita Brasileira no Facebooke Twitter. Espíritas da Europa eAmérica do Norte enviaram men-sagens informando que estavamacompanhando o evento pela In-ternet. Os registros de visualiza-ções no Facebook e Twitter, porexemplo, passaram de 10 mil por mensagens postadas.

Mas o Esde não para. Nestemês de novembro, o documento“Orientação ao Esde”, que é ummaterial direcionado às casas es-píritas com vistas à adequada apli-cação do Estudo em suas respecti-vas áreas de ação, está sob examedo CFN para aprovação.

É provável que os pioneiros doEsde, quando lançado em campa-nha nacional, não pudessem vis-lumbrar todo o alcance desta ini-ciativa, mas souberam trabalharpara que a base assentada nos as-segurasse as condições de conti-nuidade da tarefa, que auxilia namais ampla compreensão da pro-posta espírita, promovendo os ele-mentos necessários para a trans- formação íntima que trará, neces-sariamente, repercussões positivasna formação de uma sociedademelhor, para a qual estamos to-dos convidados a construir sob ocomando de Jesus.

23Novembro 2013 • Reformador 442211

Page 24: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

24 Reformador • Novembro 2013442222

o capítulo quatro do Evan-gelho de João, narra-seuma intrigante passagem

da vida de Jesus.O Mestre divino, ao passar pela

Samaria, assenta-se junto à fonte deJacó. Pede a uma mulher que lá estáque lhe dê de beber. A mulher ficaescandalizada pelo fato de um judeudirigir-lhe a palavra. Jesus respondeque, se soubesse com quem falava,ela é que lhe pediria água viva. An-te a incompreensão da interlocuto-ra, ressalta que quem bebe da águaviva nunca mais tem sede.

Segundo esta narrativa, a mulherainda demonstra dúvida a respei-to de qual seria o melhor local paraadorar a Deus. Ao que o Cristo lheresponde que Deus deve ser ado-rado em espírito e verdade.

Essa passagem é um tanto her-mética e comporta variadas leitu-ras. Aliás, é sempre temerário pre-tender identificar a única ou me-lhor interpretação de um ditoou ensino de Jesus. Nesse sentido,convém refletir sobre a lição doapóstolo Pedro: “Sabendo primei-ramente isto: que nenhuma pro-fecia da Escritura é de particularinterpretação” (II Pedro, 1:20), se-guramente traduz a extrema rique-za dos ensinamentos evangélicos,

sobre cujo teor o homem pode sedebruçar reiteradas vezes e sem-pre aprender algo novo.

No texto de que se trata, umadas possíveis leituras é que a águaviva refere-se a uma nova formade compreensão da divindade.

Até o advento do Cristo, vigo-rava a ideia de um Deus dos exér-citos, que precisava ser temido.Segundo o entendimento corren-te à época, Ele se encolerizava, cas-tigava terrivelmente e devia seragradado e aplacado.

Jesus inovou o pensamento re-ligioso ao apresentar ao mundoum Deus amoroso, ao qual cha-mava de Pai. Não se tinha maisum soberano terrível no comandodo universo. Agora já havia umpai cheio de amor e infinito emseus cuidados.

Uma relação saudável com adivindade constitui poderoso ins-trumento para que o homem atra-vesse as provas e vicissitudes davida com o necessário equilíbrio.

Não se defende a impossibili-dade de se viver retamente sema fé religiosa, pois são muitos osque se afirmam ateus e são cida-dãos honrados e solidários. Con-tudo, essa fé, quando profunda ebem refletida, fornece recursos

superiores de sucesso ao Espíritoem sua rota evolutiva.

Nessa linha, a seguinte liçãocontida em O evangelho segundo oespiritismo, capítulo 11, item 13,confirma tal assertiva:

[...] Na verdade, impulsos gene-

rosos se vos depararão, mesmo

entre os que nenhuma religião

têm; porém, essa caridade aus-

tera, que só com abnegação se

pratica, com um constante sa-

crifício de todo interesse egoís-

tico, somente a fé pode inspirá-

-la, porquanto só ela dá se possa

carregar com coragem e perse-

verança a cruz da vida terrena.

O Espírito André Luiz, pormeio da psicografia de FranciscoCândido Xavier, também asseveraem Missionários da luz, capítuloquatro:

[...] Desde o primeiro dia de

razão na mente humana, a ideia

de Deus criou princípios reli-

giosos, sugerindo-nos as regras

de bem-viver. [...]

Na mesma toada, em O evangelhosegundo o espiritismo, capítulo 19,item 11, a lição do Espírito José:

NDI N E U D E PAU L A

Águaviva

Page 25: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

Inspiração divina, a fé desperta

todos os instintos nobres que

encaminham o homem para o

bem. É a base da regeneração.

[...]

O homem deve encontrar emsua fé recursos para cumprir opapel que lhe cabe num mundoem constante mutação, no qualele é desafiado a cada instante. Areligiosidade, em seu sentido maisamplo, não se cinge a algumas prá-ticas formalísticas sem maioresconsequências. Ela pacifica, forta-lece e orienta na vivência do bem,por entre as naturais dificuldadesdo caminho humano.

Entretanto, de modo curioso, ahumanidade demonstra certa ten-dência a perverter ou amesqui-nhar a ideia de Deus, servindo-sedela para justificar o injustificável:promover guerras e intolerância.

Certamente, foi por essa razãoque o Espírito de Verdade (Op. cit.,capítulo 6, item 5), em uma admirá-vel mensagem, na qual faz um resu-mo da Doutrina Espírita, afirma:

[...] O Espiritismo, como o fez

antigamente a minha palavra,

tem de lembrar aos incrédulos

que acima deles reina a imu-

tável verdade: o Deus bom, o

Deus grande, que faz germinem

as plantas e se levantem as

ondas. [...]

Se o Espiritismo tem de relem-brar esse aspecto capital da men-sagem do Cristo, é porque ele foiesquecido ou não foi devidamenteassimilado.

Em O livro dos espíritos, ao tra-tar das leis morais, apresentadascomo um roteiro de felicidade,Allan Kardec principia por minu-denciar a lei de adoração, eviden-ciando que ela constitui a base detodas as outras. Tais leis são enca-deadas de forma lógica, de modoque à lei de adoração segue-se ado trabalho, sinalizando que à ado-ração deve seguir imediatamentea ação profícua.

Anote-se que, na passagemevangélica em estudo, Jesus assen-ta que Deus deve ser adorado emespírito e verdade, o que certa-mente inspira a concepção espíri-ta da divindade.

Aliás, cautelosamente, o Espiri-tismo cuida logo de assentar, emA gênese (capítulo 2, item 8):

Não é dado ao homem sondar a

natureza íntima de Deus. Para

compreendê-lo, ainda nos falta

um sentido próprio que só se ad-

quire por meio da completa de-

puração do Espírito. [...]

Ou seja, até que se torne com-pletamente puro, o Espírito carecedo sentido que permite a integralcompreensão do divino, de modoque seus raciocínios nessa searasempre devem ser humildes e cau-telosos. Caso contrário, corre o ris-co de se assemelhar a um cego adiscutir a diferença entre as varia-das cores.

Feito esse alerta, temos que aadoração em espírito se contra-põe à adoração feita segundocritérios materiais, tocada pelas

25Novembro 2013 • Reformador 442233

Page 26: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

26 Reformador • Novembro 2013442244

convenções humanas e implica nadesnecessidade de fórmulas, ri-tuais, posições do corpo, ladai-nhas, locais, horários predetermi-nados e intermediários. A vida hu-mana, em todos os seus aspectos,deve ser um ato de adoração.

Com efeito, a adoração devepropiciar a gradual aproximaçãodas crenças individuais com a ver-dade imperecível, universal e a dis-posição para abandonar concep-ções que se revelem errôneas. Pres-supõe humildade, flexibilidade eânimo para o estudo e a reflexão.

O Espiritismo apresenta a di-vindade despida de caracteres an-tropomórficos, como uma inteli-gência cósmica e suprema, que re-ge o mundo a partir de leis perfei-tas e imutáveis, plenas de justiça e misericórdia. Com isso, faculta ogradual desenvolvimento da ado-ração em espírito e verdade.

Como Deus não possui os ví-cios e as paixões humanas, tem-sea completa inocuidade de tentaragradá-lo segundo as praxes ado-tadas em relação a personalidadeshumanas, como oferendas mate-riais, reverências, genuflexões etc.Ao contrário, o melhor modo deagradá-lo é tentar entender e cum-prir o papel por Ele destinado acada homem, pela vivência dignae bondosa, pela busca constantedo progresso próprio e do mundoem que se habita. É a adoração emespírito, desapegada de rituais,horários e convenções.

Haja vista o mundo ser regidopor leis, surge a necessidade de ten-tar entendê-las, pelo estudo metó-dico e constante, a fim de melhor

respeitá-las e praticá-las. Eis aí, por-tanto, a adoração em verdade, coma disposição de abandonar enten-dimentos equivocados e de apro-ximar as próprias crenças o maispossível da verdade universal, porora ainda muito distante das pos-sibilidades humanas.

Importa observar que a adora-ção em espírito e verdade consti-tui a fórmula da água viva, com ocondão de saciar a sede para sem-pre. Não é algo meramente cere-brino, pois deve propiciar paz econsolo ante as peripécias do jor-nadear evolutivo.

O hábito de meditar sobre osatributos da divindade (O livrodos espíritos, questões 10 a 13) lo-gra fornecer essa paz e esse conso-lo, que fortalecem a alma nas na-turais agruras da vida. Entre ou-tros atributos, Deus é onipotente,soberanamente sábio, justo e bom.Se Ele permite dada vivência, é por-que isso se insere em um contextosuperior de aperfeiçoamento, comvistas ao mais alto bem das criatu-ras envolvidas. Mesmo quando afragilidade humana não permitauma compreensão correta do con-texto, a fé deve munir a criatura deforças e esperanças bastantes paravencer.

Nesse contexto, as necessidadese agruras materiais passam a servistas sob um enfoque positivo.Elas não são um castigo, mas umatarefa e uma oportunidade. A Di-vindade sábia e cheia de compai-xão deseja que o bem se instaureno universo e almeja a transfor-mação de seus filhos e a salvaçãode absolutamente todos. Para tan-

to, faculta-lhes trabalhos e tarefas,a fim de que cresçam, aprendam ese libertem de vícios. Não tem fa-voritos e nem perseguidos, pois to-dos são irmãos e se encaminhampara a mais alta felicidade.

A certeza de que Deus, infinita-mente poderoso, sábio, justo ebondoso, rege os destinos huma-nos com extremo carinho traz es-perança, paz e forças para tudo su-portar e vencer.

Não é preciso temer o futuro eo destino, pois a vida se encami-nha para o bem supremo, aindaque por vezes de forma pouco com-preensível no imediatismo das lu-tas terrenas.

O relevante é amar o seme-lhante e instruir-se na compreen-são da vida, a fim de ser um agentedo progresso que gradualmente seinstaura no mundo.

Trata-se da água viva, que pro-picia a acomodação dos desejoshumanos aos propósitos divinos,em um belíssimo processo de pa-cificação interior.

Referências:BÍBLIA. Trad. João Ferreira de Almeida. São

Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1995.

KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 131. ed.

2. imp. (Edição Histórica.) Brasília: FEB, 2013.

______. A gênese. Trad. Guillon Ribeiro. 53.

ed. 1. imp. (Edição Histórica.) Brasília: FEB,

2013.

______. O livro dos espíritos. Trad.

Guillon Ribeiro. 93. ed. 1. imp. (Edição

Histórica.) Brasília: FEB, 2013.

XAVIER, Francisco C. Missionários da luz.

Pelo Espírito André Luiz. 45. ed. 1. imp.

Brasília: FEB, 2013.

Page 27: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

27Novembro 2013 • Reformador 442255

a história da humanidade,em todas as épocas, a ado-ração a um ser superior foi

praticada entre famílias, tribos ouraças. Cada qual adorava à suamaneira, o que demonstra ser aideia de Deus inata e universal.

Numa conceituação simples,podemos dizer que a adoraçãoconsiste na elevação do pensa-mento a Deus; é, em síntese, ummodo de expressar amor ou ad-miração pela Divindade. Pode serrealizada de forma exterior ouíntima. Daí dizer-se que a precetambém é um ato de adoração,pois através dela podemos pedir,louvar ou agradecer.

Quem decida falar sobre estetema encontrará amplas possibili-dades de análise, mas aqui fare-mos algumas considerações à luzda Doutrina Espírita. Iniciaremoscom as seguintes questões de O li-vro dos espíritos:

653. A adoração necessita de

manifestações exteriores?

“A verdadeira adoração é a

do coração. Em todas as vossas

ações, lembrai-vos sempre de

que o Senhor vos observa.”

653a. A adoração exterior é útil?

“– Sim, se não for um vão si-

mulacro. É sempre útil dar um

bom exemplo. Porém, os que

somente o fazem por afetação

e amor-próprio, mas cuja con-

duta desmente sua aparente

piedade, dão mau exemplo e

fazem mais mal do que

supõem.”1

A adoração exterior tema sua importância e podeser útil, mas, como espí-ritas, devemos nos libe-rar dessa prática, pois,como sabemos, aadoração é umaforma de nosaproximarmosde Deus através dopensamento.

Assim sendo, o mais importanteé o sentimento que nos move àadoração e não a forma comoadoramos. Ela pode ser feita coti-dianamente: pedindo, agradecen-do ou louvando a Deus, de forma

Considerações sobre a

Lei de AdoraçãoN

F. ALTA M I R DA CU N H A

Page 28: Ano 131 • Nº 2.207 • Fevereiro 2013

simples e prática, evitando o mal efazendo o bem, porque evitar omal e fazer o bem é a maior provade respeito e amor a Deus, bemcomo a melhor forma de unir aEle nosso coração. Por isso, antesde tentarmos sintonizar nossamente com o Pai, através da ado-ração, precisamos munir o cora-ção de bons sentimentos, seguin-do o ensinamento de Jesus:

Portanto, se estiveres apresen-

tando a tua oferta no altar, e aí

te lembrares de que teu irmão

tem alguma coisa contra ti, dei-

xa ali diante do altar a tua oferta,

e vai conciliar-te primeiro com

teu irmão, e depois vem apre-

sentar a tua oferta. (Mateus,

5:23 e 24.)

Em outras palavras, poderemosdizer que sendo Deus a fonte pe-rene do amor, não nos comunica-remos com Ele se tivermos o cora-ção envenenado por ressentimen-tos ou contrariedades.

A benfeitora Joanna de Ângelis,através da mediunidade de DivaldoPereira Franco, nos ensina:

A maneira mais agradável de

adorar a Deus é elevar o pensa-

mento a Ele, através do culto ao

bem e do amor ao próximo.

Desce à dor e ergue o combali-

do à saúde íntima; mergulha no

paul e levanta ao planalto os

que ali encontres; curva-te para

socorrer, no entanto, ascende

no rumo de Deus pelo pensa-

mento ligado ao Seu amor e

vencerás os óbices.2

A lembrança de que temos al-go contra nosso irmão ou quenosso irmão tem algo contra nós,sempre evoca sentimentos negati-vos, os quais geram fluidos densosque dificultam a emissão de on-das mentais, base da comunica-ção com Deus ou especificamentecom os Espíritos superiores, seusauxiliares.

A conciliação sincera é um atode amor. É, usando as palavras dabenfeitora, “mergulhar no paul”do ressentimento e “levantar aoplanalto” do entendimento atra-vés do perdão e, dessa forma, noscapacitarmos a fazer nossa ofertaou adoração a Deus.

654. Deus tem preferência pelos

que o adoram desta ou daquela

maneira?

“Deus prefere os que o adoram

do fundo do coração, com sin-

ceridade, fazendo o bem e evi-

tando o mal, aos que julgam

honrá-lo com cerimônias que

não os tornam melhores para

com os seus semelhantes.”

Os rituais e as fórmulas, consi-derados por algumas religiões co-mo poderosos, têm apenas o po-der de impressionar as mentesdestituídas de conhecimento so-bre a verdadeira natureza de Deus.Foi, justamente devido a essa

ignorância a respeito de Deus,que Jesus, no diálogo com a sa-maritana, junto ao poço de Jacó,advertiu-a:

Vós adorais o que não conhe-

ceis; nós adoramos o que co-

nhecemos; porque a salvação

vem dos judeus. Mas a hora

vem, e agora é, em que os ver-

dadeiros adoradores adorarão o

Pai em espírito e em verdade;

porque o Pai procura a tais que

assim o adorem. Deus é Espíri-

to, e é necessário que os que o

adoram o adorem em espírito e

em verdade. (João, 4:22 a 24.)

Por ter o pleno conhecimento arespeito de Deus, Jesus não o limi-tou à condição humana, o que eramuito comum até então (lembre-mos o relato bíblico que afirmaque as ofertas de Abel agradarama Deus mais do que as de Caim);mas ensinou que Deus é Espírito ecomo tal deve ser adorado emespírito e verdade.

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011.2FRANCO, Divaldo P. Leis morais da vida.

Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 3. ed.

Salvador: Leal, 1986. cap. 1.

28 Reformador • Novembro 2013442266

Retificando...No artigo Jovens no Movimento Espírita (Reformador de setembro

de 2013, p. 9, 1a coluna, 1o parágrafo, 12a linha) onde se lê “con-

textando” leia-se “contestando”.

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aquela agradável manhãde terça-feira, mesmo dis-tante de sua querida Ube-

raba, cidade que escolhera paraviver desde 1959, Francisco dePaula Cândido Xavier manteveparte de sua rotina diária: acor-dou bem cedo e, antes de tomar o seu café matinal, leu um peque-no trecho de O evangelho segundoo espiritismo e fez uma prece naqual rogou a Deus fosse digno detão honrosa homenagem.

É que havia seis meses, de umaforma absolutamente inesperadapara o médium mineiro, foraindicado por alguns escritores,sendo eleito ao final para ocuparuma das cadeiras da AcademiaBrasileira de Letras (ABL) – hou-ve quem dissesse que o médiumrecebera cartas psicografadas deum falecido, parente de um da-queles imortais.

Na tarde daquele dia, em meioa uma ansiedade que lhe invadia oEspírito, vestiu, em vez de umterno simples, um fardão de corverde-escura com folhas bordadasa ouro, especialmente confeccio-nado para ele. No lugar de suaboina, colocou um chapéu de

veludo preto com plumas bran-cas. Emmanuel, seu guia espiri-tual, manifestou-se à sua visão econversaram sobre o seu discursode posse. Naquela noite, nãohouve sessão na Casa da Prece.

A narrativa acima, evidente-mente, não passa de uma ficção.

Com mais de 400 livros publi-cados, Francisco Cândido Xavierjamais atribuiu a si a autoria dostextos ali contidos, mas aos Espí-ritos, ou como queiram, às almasdos mortos, tanto de ilustres per-sonalidades quanto de pessoasdesconhecidas, textos esses rece-bidos através da faculdade mediú-nica conhecida como psicografia.Em Parnaso de além-túmulo, obraque veio a lume quando o mé-dium tinha apenas 22 anos, apare-cem, como autores espirituais,consagrados poetas brasileiros eportugueses.

Sobre a semelhança no estiloliterário de tais escritores, quandovivos e como Espíritos, não pai-ram dúvidas. Até mesmo o entãocético Humberto de Campos,membro da Academia, admitira,

em 1932, numa entrevista aoDiário Carioca:

Eu faltaria, entretanto, ao de-

ver que me é imposto pela

consciência se não confessasse

que, fazendo versos pela pena

do Sr. Francisco Cândido Xavier,

os poetas de que ele é intér-

prete apresentam as mesmas

características de inspiração e

de expressão que os identifi-

cam neste planeta. Os temas

abordados são os que os preo-

cuparam em vida. O gosto é o

mesmo e o verbo obedece,

ordinariamente, a mesma pauta

musical. Frouxo e ingênuo

em Casimiro, largo e sonoro em

Castro Alves, sarcástico e va-

riado em Junqueiro, fúnebre

e grave em Antero, filosófico e

profundo em Augusto dos An-

jos, sente-se ao ler, cada um

dos autores que veio do ou-

tro mundo para cantar neste

instante a inclinação do Sr.

Francisco Cândido Xavier pa-

ra escrever ‘à la manière de...’

ou para traduzir o que aque-

les altos espíritos sopraram

ao seu.1

NRAU L SÉ RG I O AR AG Ã O VE N T U R A

O dia em que Chico Xaviertomou posse na Academia

Brasileira de Letras

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O mesmo Humberto de Cam-pos que, após a sua desencarna-ção, passou a ditar mensagensmediúnicas a Chico Xavier.

No entanto, há os que negam apsicografia, tanto como fenôme-no mediúnico quanto paranor-mal. Acreditam que Chico Xavier

teria sido, na verdade, umprodigioso imitador da

forma de escrita des-ses ilustres poe-

tas, pratican-do o que se

pode cha-mar de

pas t i che ,quando, por

exemplo, em umaobra literária, seimita o estilo deoutro escritor.

Mas, fazer pas-tiche é algo bem

mais complexo

do que possa parecer. Segundooutro imortal, R. Magalhães Jr.,numa entrevista concedida, em1944, ao jornal A Noite, do Riode Janeiro:

Quem leia durante 60 dias,

noite e dia, dia e noite, apenas

Euclides da Cunha, escreverá

no estilo de Euclides sem notá-

vel esforço, sem fazer uma gi-

nástica mental muito dura. A

mesma coisa acontece com

quem leia Machado de Assis,

com quem leia Castro Alves.

Quanto mais pessoal for o

escritor, tanto mais facilmente

ele poderá ser imitado. Mas a

imitação exige, sem dúvida,

qualidades de inteligência, um

bom fundo de cultura, lógica

na escolha dos assuntos e na

exposição das ideias [...].

E, por essas mesmas razões, de-

claro que, se Chico Xavier é um

embusteiro, é um embusteiro

de talento. Para um homem

que fez apenas o curso primá-

rio, sua riqueza vocabular é sur-

preendente [...].2 (Destaques

nosso.)

Por sua vez, no mesmo ano, oescritor Mário Donato, em umartigo de O Estado de São Paulo,

assim se expressou:

Opto pela explicação sobrena-

tural, que não satisfaz a minha

consciência, é verdade, mas

apazigua a minha humaníssima

vaidade de literato. Pode lá um

homem avultar tantos palmos,

por suas próprias forças, sobre

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a cabeça dos demais? Pode lá

plagiar, velozmente como o faz

Chico, Humberto, Antero e ou-

tros do mesmo naipe, a quem

não se pasticha, senão depois de

larga experiência literária e tra-

balhosa noite de insônia? Não,

absolutamente. [...]3

Ora, mas supondo-se queChico Xavier fosse dotado de tãoprodigioso talento para a escrita eque fosse o autor intelectual dasobras, por que teria optado pordizer que os textos eram dos Es-píritos e não seus? Por que não seassumir como escritor, se issopoderia lhe render, além de notó-rio reconhecimento, recursos fi-nanceiros suficientes para lhe pro-porcionar uma vida materialmen-te confortável? Por que criar umafarsa, se as vantagens seriam me-nores do que dizer a “verdade”?

No entanto, que fez o Chico?Consciente de que era apenas umintermediário das mensagens, de-cidiu-se por ceder os direitos au-torais dos títulos psicografados ainstituições beneficentes, manten-do-se apenas com a sua pequenaaposentadoria. Até os valiosos pre-sentes que costumava ganhar daspessoas que o visitavam, ele doavaou revertia em recursos materiaispara os mais necessitados. Sembuscar aplausos ou fama, realiza-va seus trabalhos em pequenoscentros espíritas. E, ainda por ci-ma, recolhia-se para receber me-diunicamente os livros. Foramdias, noites e madrugadas aden-tro, psicografando, lendo, datilo-grafando, relendo... Disciplinado,

dedicou ao labor mediúnico boaparte de sua vida, em detrimentodos próprios interesses pessoais.

Monteiro Lobato foi muitofeliz quando disse:

[...] se Chico Xavier produziu

tudo aquilo por conta própria,

então ele pode ocupar quantas

cadeiras quiser na Academia.4

E Mário Donato, ao final doartigo anteriormente citado, re-força mais ainda essa ideia:

Pois se não admitirmos que o

caso é milagroso, temos que

levar Chico Xavier à Academia

Brasileira de Letras [...].

Ou se aceita Humberto subsis-

tindo no outro mundo ou se

aceita Chico Xavier valendo por

Humberto e mais meia dúzia de

cérebros arquiprivilegiados.5

Porém, Chico nunca foi ummembro da Academia, porque,efetivamente, sua missão não foi ade um literato, mas a de um men-sageiro do Cristo, que soube le-var, com maestria, a consolação e o esclarecimento aos corações eàs mentes de muitas criaturas. De-bruçados sobre seus livros, mui-tas pessoas obtiveram e continuama obter respostas às mais profun-das indagações. Segurando cartaspsicografadas, muitos outros der-ramaram lágrimas de felicidadequando, ao receberem notícias deentes queridos que haviam faleci-do, tiveram a consoladora certeza:não estavam mortos!

Para a nossa alegria, foi dessaforma que o Chico se tornou umimortal.

Referências:1SILVA, Luciano Napoleão da Costa e.

Nosso amigo Chico Xavier. 6. ed. Capivari

(SP): EME, 1996. p. 116.2______. ______. p. 112 a 113.3______. ______. p. 114 a 115.4______. ______. p. 117.5______. ______. p. 115.

Suamissãonão foi a

de umliterato,mas a de um

mensageiro

do Cristo

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e 19 a 20 de outubro, realizou-se em Goiânia(GO), na sede da Federação Espírita do Estadode Goiás (Feego), o 1o Encontro Goiano

de Esperantistas Espíritas (1a Gojasa Renkonti1o deEsperantistoj-Spiritistoj), <http://baes-go-wix.com/1gres>, sob os auspícios da Associação Brasileira deEsperantistas Espíritas – Seção Goiás (Brazila Espe-rantista Asocio de Esperantistoj-Spiritistoj – GojasaSekcio).

O Prof. Dr. JoséPassini, de Juiz deFora (MG), profe-riu, em português,a palestra de aber-tura, abordando otema “O Esperantocomo Revelação”,com base na men-sagem de mesmonome, ditada peloEspírito FranciscoValdomiro Lorenza Chico Xavier, em

19 de janeiro de 1959, na cidade de Uberaba.No dia 20, palestraram em Esperanto os seguintes

expositores: Hary Milton, de Goiás (“Progressão dosEspíritos”), José Passini, de Minas Gerais (“Evange-lho, Espiritismo, Esperanto”), Eurípedes Alves Barbosa,do Distrito Federal (“Lorenz”) e Siloé Fernandes, deGoiás (“Homaranismo e Espiritismo”).

Estão à disposição dos esperantistas do mundointeiro as 12 partes do vídeocurso universitário In-trodução à astronomia e à astrofísica.

Seu autor é o cientista esperantista Amri Wandel, deIsrael, que, entre outras significativas qualificações, éprofessor de Astronomia na Universidade de Jerusalém.

As lições, gravadas totalmente em Esperanto, nosestúdios da Rádio e Televisão Chinesa, compõemuma série desenvolvida em cerca de 40 horas, consti-tuindo um conjunto valioso de ensinamentos a estu-dantes do fascinante tema, ao mesmo tempo em queapontam para um caminho viável à real utilizaçãodo Esperanto no campo das ciências.

Os endereços de acesso ao curso encontram-senas páginas de Astronomia da Scienca kaj TeknikaEsperanto-Biblioteko – Steb (Biblioteca Científica eTécnica em Esperanto), <http://eventoj.hu/steb/astronomio/index-astronomio.htm>.

Esperanto emtópicos

D

32 Reformador • Novembro 2013443300

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

Site da Steb: <http://www.eventoj.hu/steb/>

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Nosso coidealista espírita e esperantista, PedroJacintho Cavalheiro, de São Paulo (SP), responsávelpelas legendas em Esperanto do filme Nosso lar, tra-duziu também para a Língua Internacional Neutraas legendas da película E a vida continua..., sendo oseu trabalho creditado para a Câmara Brasileira daLíngua Internacional Esperanto <www.camaradoesperanto.org.br>. O link de propaganda do filme, queinforma sobre as legendas em Esperanto, é <http://www.eovideolevou.com.br/detalhe/completo.asp?cp=70591>.

O leitor interessado em bem informar-se sobreo Esperanto pode e deve acessar o blog de PedroJacintho Cavalheiro: <http://culturoscopio.blogspot.com/>, onde encontrará, entre outros textos, uma

rica, concisa, atual e bem fundamentada argumen-tação em favor da Língua Internacional Neutra,sob o título “Esperanto – Língua Internacional?”.

Disponível em: <http://culturoscopio.blogspot.com.br/search/label/esperanto>.

Durante o mês de agosto p.p., nosso coidealistaMárcio Santos Nascimento, então presidente da As-sociação Esperantista do Rio de Janeiro (Aerj), viajou,a convite da Federação Espírita do Maranhão (Femar),para a realização de palestras sobre o Esperanto nos cír-culos espíritas da capital São Luís, precisamente nasseguintes instituições: Centro Espírita Luz, Caridadee Amor (Celca), Centro Espírita Yvonne Pereira, CentroEspírita Maranhense, Centro Espírita Caminho, Ver-dade e Vida e Seara Espírita Deus, Cristo e Caridade.

Acolhido com carinho e amor cristão, Márciorecebeu inúmeros convites para a realização de cur-sos do idioma da fraternidade.

Que nossos irmãos de outros Estados, à semelhan-ça da Femar, também ofereçam o prestígio de suasoperosas instituições à divulgação do Esperanto noseio da família espírita!

33Novembro 2013 • Reformador 443311

Site da Aerj: <http://aerj.org.br/index.php/pt/>Blog de Pedro Jacintho Cavalheiro

Doutrina Espírita Spiritisma Doktrino“Aos espíritas, pois, muito será pedido, porque

muito hão recebido; mas também aos que hou-verem aproveitado, muito será dado.

O primeiro cuidado de todo espírita sincerodeve ser o de procurar saber se, nos conselhos queos Espíritos dão, alguma coisa não há que lhe digarespeito.”

“De la spiritistoj estos do multo postulata, /ar

ili ricevas multon, sed, aliflanke, al tiuj, profitintaj

la instruojn, multo estos donata.

La unua penso de /iu sincera spiritisto devas,

anta9 /io, peni scii, /u en la konsiloj de la Spiritoj

estas io, kio povus koncerni lin.”

Fonte: KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo.Trad. Guillon Ribeiro. 131. ed. 3. imp. Brasília: FEB, 2013. cap.18, it. 12.

Fonto: KARDEC, Allan. La evangelio la9 spiritismo. Trad.Ismael Gomes Braga. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980. /ap. 18,nro 12.

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ippolyte Adolphe Taine(1828-1893) foi um filóso-fo, crítico e historiador

francês, que se notabilizou por serum dos expoentes do mo-vimento denominado Posi-tivismo. Em seu entendi-mento, Taine compreendiao ser humano como produ-to de três fatores determi-nantes: o meio ambienteonde estivesse inserido, a ra-ça a que pertencesse e a con-textualização do momentohistórico vivido.

De fato, o princípio esta-belecido pelo filósofo po-de ser observado através daHistória. Grandes líderes, co-mo o macedônio Alexandre,o Grande (356-323 a.C.), oromano Caio Júlio César(100-44 a.C.), o mongolGengis Khan (1162-1227) eo francês Napoleão Bonaparte(1769-1821), alcançaram a condi-ção de liderança não somente pe-las características de suas persona-lidades moldadas para o comando,

mas porque estavam perfeita-mente inseridos no meio em quecomandaram. Assim, não apenasatendiam aos anseios de expressivo

número de seus liderados, massabiam usar em seus benefíciosa identidade étnica e aproveitaras oportunidades do contexto vigente.

Só existem líderes, porqueexistem os liderados. E entre osliderados, a questão do “determi-nismo” de Taine também se re-

produz, dando força à ques-tionável ideia de que “o ho-mem é produto do meio”. Enão precisamos ir tão longeao passado para analisar talcondição, basta observarmosquanto, atualmente, a iden-tidade individual é moldadapor interesses diversos: ves-te-se, come-se, bebe-se e, prin-cipalmente, age-se de acor-do com padrões predetermi-nados, sem que se reflexionemais profundamente acer-ca da conveniência de seadotar esse ou aquele mo-dismo, essa ou aquela regrade conduta.

Voltando ao passado his-tórico, pode-se observar o

movimento empreendido por al-guns indivíduos que se opuserama esse “determinismo”, adotandoconduta divergente da admitidacomo legítima pelo senso comum

O homem,produto do meio?

HLI C U RG O SOA R E S D E LAC E R DA FI L H O

Hippolyte Adolphe Taine

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e afrontando as regras e os concei-tos que, embora admissíveis pelalei de então, se contrapunham aospreceitos morais necessários parao equilíbrio e a harmonia da vi-da em comunidade. Por conta desuas atitudes, esses personagensfindaram por ser sacrificados emnome daquelas leis. Os exemplossão merecedores de nosso respeitoe admiração: o filósofo grego Só-crates (469-399 a.C.), a mártircristã Víbia Perpétua (?-203), opensador e reformador religioso,nascido na região da Boêmia, JanHuss (1369-1415), o teólogo, filó-sofo, escritor e frade dominicanoitaliano, Giordano Bruno (1548--1600), além de tantos outros eoutras, alguns dos quais mantidosà margem da História escrita.

É interessante ressaltar que, aci-ma de todos esses “reformadores

sociais”, permanece um exemplosoberano, não só por sua de-terminação em apontar os víciosmorais, mas também por indicaras alternativas para a iluminaçãoindividual e por suas promessasde felicidade na vida futura paraaqueles que continuassem fiéisàs suas convicções: Jesus.

Hoje, nós, personagens dessainfinita história universal, mergu-lhados no meio que nos foi dadocomo oportunidade evolutiva, di-vidindo nossas existências comafetos e desafetos de outras épo-cas, permanecemos influenciadospela cultura e pelo contexto atual,sofremos a interferência do pen-samento e das ações dos que es-tão à nossa volta e, algumas vezes,

somos instados a adotar regrassociais de cunho duvidoso.

Apesar de tudo, como cidadãosuniversais, que objetivam a evolu-ção em todos os seus níveis, deve-mos estar cônscios de que nos-so patrimônio intelectual e mo-ral, adquirido durante o transcor-rer das sucessivas experiênciasreencarnatórias, já nos outorgoua maioridade necessária, que nosdá condições para distinguir entreo que deve e o que não deve serfeito, ou seja, já nos propiciou acapacidade de saber usar uma denossas mais expressivas aquisi-ções: o livre-arbítrio. Diante dis-so, cabe-nos arcar com as conse-quências, colhendo os frutos denossas escolhas.

35Novembro 2013 • Reformador 443333

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m Brasília, no dia 5 de setembro último [1993],ao iniciar-se o seminário sobre “Saúde Integral”,ministrado por Divaldo Franco, especialmente

convidado, lançamos a Campanha [Em Defesa da Vida]na Sede Central da FEB, perante cerca de 1.000 pessoas.

Portanto, por parte de nossa Casa, está dado o sinal departida para essa maratona de esclarecimento espiritualcontra a ignorância, a descrença, o materialismo e a indi-ferença, que tanto prejudicam os cuidados com a vida ecom o seu entendimento no seu sentido transcendente.

O Movimento Espírita, refletindo a sabedoria daDoutrina que lhe dá causa, mostra-se firme e coesona defesa do bem da vida. Em comparação com ou-tras correntes de pensamento, é a única que se apre-senta unida nesse particular, não havendo em seuseio multiplicidade de posicionamentos no tocante ànecessidade de proscrever-se todas as formas de açãoque atentam contra esse bem inefável.

Daí ser curial e lógico que o Movimento Espíritamanifeste seu pensamento e utilize a força decorren-te de sua unidade em favor de uma causa superior enobre, fundamentada nas leis divinas.

A violência multiforme tem marcado as épocas detransição vividas pela humanidade, como a atual.

Mas a violência gera novas formas de violência,nos indivíduos e nos grupos sociais despreparadospara estancá-la ou exauri-la.

Esta é uma hora de profundas transformações nassociedades humanas. Elas se fazem sentir nas ciên-cias, no seio das religiões tradicionais, nas leis huma-nas e sobretudo nos usos e costumes dos povos.

O Espiritismo preconiza a reforma moral do homemcomo a única solução capaz de estancar a violência eoutras formas de procedimentos amorais de manifesta-ções do feroz egoísmo humano, individual e coletivo.

Enquanto a reeducação moral não se implanta nomundo, com a aceitação e prática, pela maioria dapopulação, da regra eterna de “amar o próximocomo a si mesmo”, os que já entenderam a necessidadede vivenciá-la não devem cruzar os braços diante dogrande poder do mal e da ignorância.

Cumpre aos espíritas e às suas instituições, na horapresente, resistir a todas as formas de manifestaçãodo mal, alimentadas pela ignorância das leis divinas.

A vida no Planeta é um bem inviolável outorgadopelo divino Poder. Seu desrespeito constitui crime.

Somente à Lei suprema cabe determinar as condi-ções e o momento de sua cessação. Os homens preci-sam convencer-se dessa norma superior e obedecê-la.Enquanto houver violência contra a vida, este Orbee seus habitantes não se furtarão à condição de infe-rioridade e de atraso, com todas as consequências desofrimentos e dores daí decorrentes.

Homicídios, suicídios, abortos provocados, euta-násia, execuções por determinação legal, guerras, aten-tados terroristas são crimes perante a lei divina, mes-mo que não o sejam perante as leis humanas.

Por isso os homens precisam ser esclarecidos pa-ra que não cometam violações e delitos justificáveisperante suas leis e instituições.

Defendendoa vida

36 Reformador • Novembro 2013443344

Reformador de ontem

JU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

E

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O “não matarás” da Lei Mosaica, de inspiração di-vina, ordenação das mais antigas que a humanidadeconhece, tem conotação ampla e irrestrita. Nem porisso foi obedecida pelo povo hebreu e pelos povos quereceberam a influência benéfica dos mandamentos daLei. Nem mesmo as Igrejas denominadas cristãs, queaceitaram a herança da antiga lei, reforçada e esclare-cida pela Mensagem inigualável do Cristo de Deus,deram-lhes a interpretação e a execução desejada pelaProvidência divina. Ainda hoje essas igrejas estão divi-didas no tocante à aplicação da pena de morte e noentendimento do aborto, crimes perante a Lei de Deus.

Nós, espíritas, temos convicção firme e posiçãodefinida, inconfundível, em favor da vida e contratodas as justificativas que acolhem sua supressão.

A Constituição da República Federativa do Brasil,de 1988, instituiu, em seu Artigo 5o, um princípioque atende às aspirações espíritas, ao garantir o maisimportante dos direitos naturais – o direito à vida.

Além dessa garantia expressa, a mesma Carta, emseu Artigo 60, Parágrafo 4o, Inciso IV, proíbe qual-quer emenda que suprima direito individual.

Esses avanços consignados em nossa Carta Magnaprecisam ser preservados a todo custo; pois repre-sentam, na legislação humana, a defesa da vida talcomo nós, espíritas, pretendemos de forma irrestrita.

Ao se executar a revisão constitucional, ora emcurso, cumpre-nos defender aqueles dispositivos, pa-ra que não se altere o fundamento jurídico da defesada vida.

Como a vida é considerada em amplitude, semrestrições, pela atual Constituição, quaisquer proje-tos modificativos dessa extensão tornar-se-ão incons-titucionais, o que facilita muito a luta dos que defen-dem a vida humana.

Em consequência, o projeto existente no Congres-so Nacional, instituindo a pena de morte, mesmo queacolhido em plebiscito, esbarraria no dispositivoconstitucional.

Além disso, para nós, espíritas, e para outras cor-rentes filosóficas e científicas, a vida humana começadesde a concepção do ser e não desde o nascimentocom vida, como pretendem outras correntes.

Ora, comprovada a vida desde a concepção, o quenão se torna difícil, em face dos atuais conhecimen-tos da própria ciência materialista, o ser concebidoentra imediatamente na proteção da lei.

Nesse caso fica proscrito o aborto provocado einviáveis, por inconstitucionais, os infelizes projetosde sua legalização.

O suicídio e a eutanásia são outras duas formasde destruição da vida, que se devem, como os de-mais, à ignorância, à descrença, à indiferença e aoateísmo.

À luz da Doutrina Espírita, nossos irmãos propen-sos ao suicídio e à prática da eutanásia precisam serinstruídos sobre a enormidade dos crimes que, nagrande maioria dos casos, são praticados com abso-luto desconhecimento das consequências que elesproduzem.

Estamos contando com as casas espíritas e com oscompanheiros de ideal de todo o Brasil nessa jornadade esclarecimentos generosos.

Vamos juntar nossos esforços para beneficiar omaior número possível de irmãos nossos, dentro e fora das instituições espíritas.

A FEB suprirá os centros com cartazes, volan-tes, trabalhos específicos da Campanha e apelapara que, ao lado das tarefas normais de cada Ca-sa, seja promovida a abordagem doutrinária sobreos crimes contra a vida, através de palestras, semi-nários, simpósios, entrevistas, artigos para a im-prensa escrita, falada e televisada, e outras formasapropriadas.

Defendamos e glorifiquemos a vida, dizendoNÃO à pena de morte, ao aborto, ao suicídio, àeutanásia.

A serviço do Cristo de Deus, vamos ajudar nossomundo, com suas ásperas provas e expiações, a atra-vessar esta terrível hora de transição, apressando achegada de uma era de mais compreensão e fraterni-dade e de menos sofrimento para todos.

Fonte: Reformador de novembro de 1993, p. 7(323) e 8(324).

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ma observação, ainda quesupérflua, demonstra que agrande maioria dos homens

se conduz como se a vida presen-te em que se situam não tives-se objetivos outros, senão a sa-tisfação das necessidades imedia-tas, em todos os campos da socie-dade humana. Qual a nossa ori-gem? Por que existimos? Qual ofuturo que nos aguarda? Como e onde estaremos após o inevitá-vel desfecho da morte? Existiremosainda? É assunto de que não co-gitam, esquecidos de que obrigato-riamente, em algum momento,todos terão que encarar.

Não será uma questão de que-rer ou não, pois o conhecimento éum atributo, a cuja conquista nin-guém poderá fugir, porque apren-der é uma lei! Não importa o tem-po, mas a velocidade com que ad-quirimos o saber demonstra o ní-vel de progresso que conseguimosalcançar. Na medida em que seampliam essas aquisições, maisse alargarão os nossos horizontese perceberemos com maior nitidezsua importância e valor.

O conhecimento é tão infinitoquanto a própria vida em sua ex-pressão contínua de eternidade.De nada adianta fingirmos igno-rar essas realidades, tapando osolhos, os ouvidos e bloqueando arazão na vã tentativa de alhear-nosda verdade.

Os inteligentes, isentos de pre-conceitos, lançam-se com deter-minação na busca das soluções pa-ra as interrogações que nos impõea vida futura. Quanto mais for-mos avançando, mais se nos tor-narão patentes para a magnitude,a complexidade destas interroga-ções, o que estimulará o desejode avançar, cada vez com maiorintensidade. Infelizmente, a maio-ria prefere ocultar a própria indi-

ferença pela busca daquelas res-postas nos sofismas e desculpas,sem perceber que são as princi-pais vítimas dessa atitude. Retar-dam a própria ventura, represen-tada pela conquista de uma somacada vez maior de poder e liber-dade. No entanto, a negligência, aindiferença, a inércia e a má von-tade dos indivíduos em nada mo-dificam os fatos reais que consti-

UMAU RO PA I VA FO N S E C A

A voz darazão

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tuem o porvir. A acomodação ao menor esforço, em relação aoavanço que necessitam conquis-tar, apenas alimenta o estado deignorância sobre a realidade da vi-da futura, prolongando indefini-damente os sofrimentos e aflições,constituindo-se em obstáculos deque se alimentam as dores, os ma-les e os infortúnios de toda a na-tureza, o que retarda o advento defelicidade, paz e equilíbrio na vidadas criaturas.

Quando Jesus veio à Terra,para ensinar e exemplificar aoshomens o caminho que os condu-ziria ao progresso libertador, dei-xou explícitas promessas paraaqueles que o seguissem, isto é,seguissem seus ensinamentos; mas,essas promessas não se referiam à vida presente material, e sim àvida futura.

Estas verdades o Mestre as ofe-receu veladamente através de su-blimes parábolas, já que as inteli-gências da época não poderiamassimilá-las em sua verdadeira ple-nitude. Por isso, foram comple-mentadas pelas informações ofe-recidas por aqueles que, já tendodeixado a vida material e possui-dores de grande sabedoria, trou-xeram-nas por meio do fenôme-no da mediunidade, de que sãodotados os missionários incumbi-dos pelo Mestre de as divulgar,tornando-as acessíveis a quaisquerníveis intelectuais.

Homens, como o francês AllanKardec e o brasileiro FranciscoCândido Xavier, possibilitaramchegar ao mundo material os co-nhecimentos sobre o código de

inteligência e moral, constituindo--se na Doutrina Espírita, e a fartaliteratura sobre a realidade da vidaalém-túmulo e sua interação comos habitantes da vida material.

O Espiritismo é, assim, um per-manente convite ao conhecimen-to da vida futura, dentro dos limi-tes que a razão e a inteligência doshomens possam conceber, e detodas as conquistas que necessita-

mos empreender, para chegar a ela de corações libertos do mal erepletos de conquistas das virtu-des que nos farão felizes e ventu-rosos. Partamos para a luta! Aco-modar-se ao menor esforço é apior das opções para chegarmosao cumprimento da sentença dei-xada pelo divino Mestre: “Conhe-cereis a verdade, e a verdade voslibertará”. (João, 8:32.)

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Todo conhecimentoé útil

endo a vida corpórea apenas uma estada temporária

neste mundo e devendo o futuro constituir objeto da

nossa principal preocupação, será útil nos esforcemos por adqui-

rir conhecimentos científicos que só digam respeito às coisas e às

necessidades materiais?

‘Sem dúvida. Primeiramente, isso vos põe em condições de

auxiliar os vossos irmãos; depois, o vosso Espírito subirá mais

depressa, se já houver progredido em inteligência. Nos interva-

los das encarnações, aprendereis numa hora o que na Terra vos

exigiria anos de aprendizado. Nenhum conhecimento é inútil;

todos mais ou menos contribuem para o progresso, porque o

Espírito, para ser perfeito, tem que saber tudo, e porque, cum-

prindo que o progresso se efetue em todos os sentidos, todas as

ideias adquiridas ajudam o desenvolvimento do Espírito.’”

“S

Fonte: O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 93. ed. 1. imp. (Edição

Histórica.) Brasília: FEB, 2013. q. 898.

Allan Kardec

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A cidade de Goiânia sediou o 2o

Encontro Nacional de Comunica-ção Social Espírita, no período de13 a 15 de setembro, reunindo 26representações estaduais. O even-to foi organizado pela Área de Co-municação Social Espírita, do Con-selho Federativo Nacional da Fe-deração Espírita Brasileira, e con-tou com o apoio logístico da Fe-deração Espírita do Estado deGoiás (Feego).

A solenidade de abertura doevento, na sexta-feira, franquea-da ao público, ocorreu na sede daFederação Espírita do Estado deGoiás, com participação artísticado coral Vida e Luz, da IrradiaçãoEspírita Cristã, e palestra a cargode Haroldo Dutra Dias, que abor-dou o tema “A Comunicação So-cial Espírita e o Evangelho deJesus no Contexto Atual” e reali-zou, no dia seguinte, semináriosobre “A Ação Comunicativa de

Paulo de Tarso na Divulgação doEvangelho de Jesus”.

A FEB foi representada pelo seuvice-presidente, Geraldo CampettiSobrinho. Na sequência, foramapresentados vários temas de in-teresse do Movimento Espíritanacional e lançado o livro Orien-tação à comunicação social espíri-ta. O encerramento se deu nodomingo pela manhã, com ativi-dades em grupo, visando à elabo-

ração de programa de ações desti-nado aos Planos Regionais e PlanoNacional de Comunicação SocialEspírita para o quinquênio 2013--2017. Na avaliação do coorde-nador nacional, Merhy Seba, ede Ivana Raisky, assessora nacio-nal, o evento contou com bomnúmero de representações e par-ticipação ativa dos trabalhado-res. Informações: <[email protected]>.

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2o Encontro Nacional deComunicação Social Espírita

Abertura do evento com a palestra de Haroldo Dutra Dias

Público presente

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“O Evangelho na Construçãodo Homem de Bem” foi o tema do2o Congresso Espírita Sul-Ameri-cano, realizado nos dias 13, 14 e15 de setembro, em Assunção (Pa-raguai), nas dependências do HotelExcelsior. Divaldo Pereira Francoproferiu as palestras de aberturae de encerramento e desenvolveu oseminário “Triunfo Pessoal”. Atua-ram como palestrantes: da Argen-tina: Gustavo Martinez; da Bolí-via: Eduardo Nanni; do Brasil: opresidente da FEB, Antonio CesarPerri de Carvalho, Luiz Henriqueda Silva (PR), Luiza Leontina An-drade Ribeiro (MT), Maria TuliaBertoni (MS), Helena Bertoldo(RS), Enrique Eliseo Baldovino(PR); do Chile: Odette Lettelier;da Colômbia: Fabio Villarraga,Jorge Berrio, Jonh Rhenalds; doParaguai: Gloria de Insfrán, Milcia-

des Lezcano Torres, Nelson Lezca-no; do Uruguai: Eduardo Dos San-tos e Simoni Privato; da Venezue-la: José Vasquez. Ocorreram váriasapresentações artísticas. Ao final,foi realizado o 7o Movimento “Vo-cê e a Paz”, com Divaldo PereiraFranco, tendo sido homenageadaspessoas e instituições que atuamem favor da paz, inclusive a Fede-ração Espírita Brasileira, represen-tada pelo seu presidente.

Antes do Congresso, foi realiza-do o curso de capacitação paradirigentes e trabalhadores espíri-tas do Movimento Espírita daAmérica do Sul. Este Curso foi di-vidido em sete Áreas de atuação ecoube às Federações Espíritas Bra-sileira e Uruguaia a coordenaçãoda Área de Gestão do Centro Es-pírita, com participação do presi-dente da FEB, de Roberto Fuina

Versiani, secretário-geral do CFN,Edimilson Luiz Nogueira, PabloArias e Eduardo Dos Santos.

A 5a Reunião da Coordenado-ria do Conselho Espírita Interna-cional para a América do Sul tevecomo tema “Pela unificação dou-trinária com trabalho, solidarie-dade, tolerância”, e, em função des-tes dois eventos do CEI, foram ela-borados alguns planos de ativida-des. Participaram do curso e daReunião do CEI representantesdas Entidades: Confederação Es-pírita Argentina; Federação Espí-rita Boliviana; Federação Espíri-ta Brasileira; Confederação EspíritaColombiana; Centro de EstudosEspíritas Buena Nueva, do Chile;Federação Espírita Paraguaia (emprocesso de formação); FederaçãoEspírita Uruguaia; Associação Ci-vil Sócrates, da Venezuela; e diri-gentes do Equador e do Peru.

Os eventos foram coordenadospor Fabio Villarraga, do CEI Amé-rica do Sul, com apoio da FederaçãoEspírita Paraguaia que, ainda emfase de formação, é representadajunto ao CEI pelo Centro de Filoso-fia Espiritista Paraguayo. Informa-ções: <[email protected]>;<[email protected]>;<www.febnet.org.br>.

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Conselho Espírita Internacional

2o Congresso Sul-Americano,5a Reunião do CEI e Curso deCapacitação, em Assunção

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Seara Espírita

Amazonas: Encontros sobre jovens e amor ao próximo

A Federação Espírita Amazonense promoveu, nosdias 7 e 8 de setembro, o VI Encontro Jovens Sea-reiros, abordando o tema “Ir Além”. O evento con-tou com a presença dos facilitadores Dori Vânia,José Alberto, Adonay Barreto e Elvis Neves. Nodia 15 de setembro, com atuação de RosângelaMenezes e Ângela Angelim, ocorreu a reunião“Avaliar Tarefas: ato de caridade e amor ao próxi-mo”, sobre as atividades de atendimento ofereci-do nas casas espíritas. Informações: <www.feamazonas.org.br>.

Pernambuco: Mostra EspíritaA Federação Espírita Pernambucana promoveu emOlinda, nos dias 20, 21 e 22 de setembro, a XXIIMostra Espírita, com atuação dos palestrantes AlbertoAlmeida, André Luiz Peixinho, Leonardo Machado,Plínio Oliveira e Suely Caldas Schubert. O evento foirealizado no Teatro Guararapes do Centro de Con-venções da cidade. Informações:<www.federacaoespiritape.org/>.

Pará: Suicídio e Brasil sem AbortoA presidente da União Espírita Paraense, NajdaMaria de Oliveira Santos, desenvolveu no dia 23de agosto, na Associação Espírita Boa Vontade, apalestra “O suicídio e suas consequências”. OComitê Paraense do Movimento Nacional de Ci-dadania pela Vida – Brasil sem Aborto realizou,em 15 de setembro, na cidade de Belém do Pará,com o apoio da UEP, a I Marcha Paraense daCidadania pela Vida – “Por um Brasil sem Abor-to”. Informações:<www.paraespirita.com.br>;<[email protected]>.

Sergipe: Movimento Espírita no Brasil“A Unificação do Movimento Espírita noBrasil” foi o tema abordado pelo presidente daFEB, Antonio Cesar Perri de Carvalho, e porJosé Luiz Dias, da equipe da Secretaria-Geral do

CFN da FEB, no VIII Encontro das CasasEspíritas de Sergipe, realizado nos dias 21 e 22de setembro, na Federação Espírita do Estado deSergipe e no Grupo Espírita Filantrópico Dr. Bezerra de Menezes. Informações: <www.fees.org.br>.

Europa: Divulgação sobre o EsdeEm uma série de atividades doutrinárias na Europa,o diretor da FEB, Carlos Roberto Campetti, desen-volveu seminários sobre o Esde em quatro países:Portugal, Espanha, Inglaterra e França, entre o finalde agosto e o dia 21 de setembro. Informações:<[email protected]>.

Espírito Santo: Evangelho, a Luz doMundo

Nos dias 30 e 31 de agosto e 1o de setembro, foipromovido o 11o Congresso Espírita do Estadodo Espírito Santo. “Evangelho, Hoje e Sempre aLuz do Mundo” foi o tema central, abordado empalestras proferidas pelo presidente da FEB,Antonio Cesar Perri de Carvalho, André Luiz deOliveira, Dalva Silva Souza, Francisco Ferraz Ba-tista, Maria Elisabeth Barbieri, Sandra MariaBorba e Sandra Della Póla, no Centro de Con-venções de Vitória. Ocorreram lançamentos delivros da Entidade anfitriã e da FEB Editora emparceria com a Fergs. Informações: <www.feees.org.br/congresso>.

Alagoas: Seminário sobre o EvangelhoO seminário do Núcleo de Estudo e Pesquisa doEvangelho (Nepe) da FEB para a região Nordesteaconteceu nos dias 28 e 29 de setembro, em Maceió,com apoio da Federação Espírita do Estado de Ala-goas. Atuaram os integrantes da equipe do Nepe:Célia Maria Rey de Carvalho, Flávio Rey de Carva-lho, Afonso Chagas, Wagner Gomes da Paixão eAngélica Maia. Informações: <[email protected]>; <[email protected]>; <www.febnet.org.br>.

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