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ANO LECTIVO DE 2007/2008
Prof. Carlos R. Paiva
Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Instituto Superior Técnico
Março de 2008
1
O mundo está perigoso. Todos os dias somos bombardeados com as afirmações mais
extraordinárias: da existência (“cientificamente comprovada”) de fenómenos paranormais, como
percepção extra-sensorial, psicocinese, clarividência ou comunicação com os espíritos, à defesa
veemente da astrologia, dos curandeirismos new age, como a cura pela fé ou pelo toque devidos à
existência de um suposto “campo bioenergético” simultaneamente electromagnético e quântico,
aos patéticos “códigos da Bíblia”, das mais delirantes afirmações sobre OVNIs ou raptos por
extraterrestres à detecção de uma montanha em Marte que, juravam os adeptos, era uma face
humana. Parece uma autêntica febre de fim de milénio que atinge todas as camadas: Cheryl Blair
tem aparecido em público usando um colar “bioeléctrico” para proteger o seu “campo
bioenergético”, a conselho da sua boa amiga Hillary Clinton.
Esta febre é alimentada pelos media, que navegam na onda deste cenário de obscurantismo e
apocalipse com “Ficheiros Secretos”, “Programas do Além”, “Homens de Preto”, para não falar
de invasões de extraterrestres ou, pior ainda, de rapto e violação de humanos por aqueles. De
resto, a posição dos media, ao apresentarem cada um destes “factos”, é invariavelmente a de que
foram “demonstrados cientificamente” – mas, curiosamente, nunca se apresentam os cientistas
responsáveis por essa “demonstração” nem os artigos, validados pela comunidade científca
através de refereeing, onde a dita “demonstração” foi realizada de acordo com os critérios de
objectividade característicos do método científico.
Jorge Buescu in O Mistério do Bilhete de Identidade e Outras Histórias (Lisboa: Gradiva, 2001)
With or without religion, good people can behave well and bad people can do evil; but for good
people to do evil – that takes religion.
Steven Weinberg in Facing Up – Science and Its Cultural Adversaries (Cambridge, Massachusetts:
Harvard University Press, 2001)
2
Vast sectors of the humanities and the social sciences seem to have adopted a philosophy that we
shall call for want of a better term, “postmodernism”: an intellectual current characterized by the
more-or-less explicit rejection of the racionalist tradition of the Enlightenment, by theoretical
discourses disconnected from any empirical test, and by a cognitive and cultural relativism that
regards science as nothing more than a “narration”, a “myth” or a social construction among
many others.
Alan Sokal and Jean Bricmont in Fashionable Nonsense – Postmodern Intellectuals’ Abuse of Science
(New York: Picador, 1998)
The equations of electricity and magnetism that are today known as Maxwell’s equations are not
the equations originally written down by Mawell; they are equations that physicists settled on
after decades of subsequent work by other physicists, notably the English scientist Oliver
Heaviside. They are understood today to be an approximation that is valid in a limited context
(that of weak, slowly varying electric and magnetic fields), but in this form and in this limited
context they have survived for a century and may be expected to survive indefinitely. This is the
sort of law of physics that I think corresponds to something as real as anything else we know. On
this point, scientists like Sokal and myself are apparently in clear disagreement with some of
those whom Sokal satirizes. The objective nature of scientific knowledge has been denied by
Andrew Ross and Bruno Latour and (as I understand them) by the influential philosophers
Richard Rorty and the late Thomas Kuhn, but it is for granted by most natural scientists.
Steven Weinberg in Facing Up – Science and Its Cultural Adversaries (Cambridge, Massachusetts:
Harvard University Press, 2001)
3
0. Introdução
É muito frequente desprezar-se quer a dispersão temporal quer a dispersão espacial nos cursos
introdutórios de electromagnetismo. Neste capítulo pretende-se abordar a formulação clássica
(i.e., não quântica) da dispersão temporal dos materiais – condutores e dieléctricos.
A força de Lorentz que se exerce em espaço livre sobre uma carga pontual q é dada,
como é sabido, por
q F E v B (0.1)
em que v é a velocidade da carga. Assim, toda a electrodinâmica clássica pode ser descrita
em termos dos campos E (eléctrico) e B (magnético). Uma interpretação datada do
electromagnetismo leva a considerar, em vez desses campos, os campos E e H . No entanto,
esta última interpretação, embora ultrapassada, é a prevalecente – pelo menos nos cursos de
engenharia electrotécnica. Por essa razão também nós iremos seguir esta tradição – não sem
antes remeter os mais interessados para a leitura do segundo volume do célebre texto The
Feynman Lectures on Physics (ver Bibliografia, no fim) onde se faz a correcta formulação da
electrodinâmica clássica.
Com efeito, o electromagnetismo passa muito bem sem os campos D e H . Nos meios
materiais é preferível considerar os vectores polarização P e magnetização M . As relações
constitutivas deveriam, assim, ser escritas preferencialmente na forma
0 D E P E,B (0.2a)
0
1
H B M E,B (0.2b)
em que, quando não existe acoplamento magnetoeléctrico, se tem simplesmente
P P E (0.3a)
4
M M B (0.3b)
e onde, como é bem conhecido,
0 0
1c
(0.4)
representa a velocidade da luz no vácuo.
Na sua forma actual, as equações de Maxwell devem escrever-se como segue:
Forma moderna (correcta) das equações de Maxwell
t
BE (0.5a)
2
0
totalct
J EB (0.5b)
0
total
E (0.5c)
0 B . (0.5d)
Esta forma tem também a vantagem de estar de acordo com a teoria da relatividade. A Eq.
(0.5a) é a lei de Faraday que, na sua forma integral, corresponde à lei geral da indução. A Eq.
(0.5b) é a forma moderna da lei de Maxwell-Ampère: esta equação ainda pode ser escrita na
forma
0 B C (0.6)
em que
0totalt
EC J . (0.7)
5
Ou seja: a densidade de corrente C é a soma da densidade de corrente total totalJ com a
densidade de corrente de deslocamento dJ introduzida por Maxwell e dada por
0d
t
EJ . (0.8)
Quando na Eq. (0.7) se despreza a corrente de deslocamento, a equação de Maxwell-Ampère
– i.e., a Eq. (0.6) – reduz-se à equação de Ampère
0 total B J . (0.9)
A Eq. (0.5c) é a lei de Gauss. E, finalmente, a Eq. (0.5d) estabelece que o campo magnético é
solenoidal (i.e., não existem cargas magnéticas).
Da Eq. (0.6) tira-se que
0 0totalt
C J E (0.10)
ou, atendendo à lei de Gauss,
0totaltotal
t
J (0.11)
que é a conhecida equação de conservação da carga eléctrica (total).
Porém, em vez das Eqs. (0.2), iremos continuar a seguir a tradição considerando
0 D E P E,H (0.12a)
0 B H M E,H (0.12b)
em que, para meios sem acoplamento magnetoeléctrico (os meios quirais, os meios ómega e
os meios bianisotrópicos são exemplos de meios em que existe acoplamento
magnetoeléctrico), se tem
6
P P E (0.13a)
M M H . (0.13b)
Consequentemente, a escrita
Forma tradicional das equações de Maxwell
t
BE (0.14a)
t
DH J (0.14b)
D (0.14c)
0 B (0.14d)
corresponde à interpretação original (embora incorrecta) das equações de Maxwell.
Naturalmente que há, aqui, que fazer uma distinção importante de forma a “salvar” estas
equações da interpretação incorrecta: a densidade volúmica (total) de carga é total tal que
total pol (0.15)
em que corresponde às cargas livres nos condutores ou que se colocam em posições
conhecidas do espaço e pol corresponde às cargas ligadas e que são produzidas por
polarizações não uniformes. Com efeito, tem-se em geral
pol P (0.16)
pelo que, quando P é uniforme, se tem total uma vez que 0pol nesse caso particular.
É claro que, quando se adopta a escrita tradicional das equações de Maxwell, se escreve quase
invariavelmente e de uma forma que se presta a interpretações incorrectas D , não se
explicitando que a densidade de carga nesta última equação não é a densidade total. Existe,
ainda, uma complicação adicional: é que a densidade (total) de corrente totalJ é tal que
7
total other pol J J J (0.17)
onde
pol
t
PJ . (0.18)
Assim, de
2
0
totalct
J EB (0.19)
resulta
2
0 0otherct
B J E P (0.20)
ou seja
0
1other
t
DB J . (0.21)
Finalmente, introduzindo a densidade de corrente de condução J , dada pela lei de Ohm, bem
como a contribuição magJ , devida à magnetização, tais que
J E (0.22a)
mag J M (0.22b)
resulta
other mag J J J (0.23)
8
pelo que
total other pol mag pol
t
PJ J J J J J E M (0.24)
o que mostra que total J J E só quando a magnetização for um campo conservativo (i.e.,
M 0 pelo que a magnetização deverá ser derivada de um gradiente com M ) e,
simultaneamente, a polarização for constante. Nestas condições tira-se da Eq. (0.21)
0
1
t
DB M J (0.25)
donde se infere, efectivamente, a forma tradicional da equação de Maxwell-Ampère
t
DH J . (0.26)
Note-se um aspecto muito importante:
A formulação moderna das equações de Maxwell – baseada nas Eqs. (0.5) – além
de estar de acordo com a correcta interpretação da electrodinâmica clássica
(adaptável à formulação relativista e à electrodinâmica quântica) também permite
descrever toda a realidade electromagnética apenas com base em dois campos (os
campos E e B ) desde que se conheçam todas as fontes em espaço livre (dadas
através de total e de totalJ ).
A formulação tradicional das equações de Maxwell – baseada nas Eqs. (0.14) –
necessita de quatro campos (os campos E , B , D e H ) e é incompleta porque tem
de ser acompanhada pela escrita das relações constitutivas – D D E,H e
B B E,H –, as quais podem tornar-se especialmente complicadas em meios
não convencionais.
9
Porém, ao seguir a tradição, é fundamental começar por desmentir, com veemência,
que se possa escrever para meios lineares, isotrópicos e não magnéticos
0ε εD E (0.27a)
0B H . (0.27b)
Com efeito, para poder continuar a usar a escrita tradicional das equações, deve-se começar
por sublinhar que só é correcto escrever, no caso dos meios isotrópicos, 0ε εD E no domínio
da frequência – mas não no domínio do tempo. Além disso é necessário especificar que essa
relação constitutiva pressupõe, naturalmente, que os campos são pouco intensos (de forma a
poder admitir que os meios são lineares). Em geral podemos apenas escrever (meios não
magnéticos)
0 D E P (0.28a)
0B H . (0.28b)
No caso particular dos meios lineares, isotrópicos, sem acoplamento magnetoeléctrico e não
magnéticos, tem-se (como se verá neste capítulo)
0
0
t t d
P E (0.29)
onde ainda se teve em consideração que o meio deverá ser causal e invariante no tempo. No
vazio tem-se 0 pelo que
0D E . (0.30)
Apenas no caso muito particular e ideal em que se considera
0 (0.31)
10
e onde 0 é uma constante, é que se pode escrever
0 0t t P E (0.32)
donde resulta então
01 0t t D E (0.33)
e que corresponde a um meio sem dispersão temporal. Trata-se de uma hipótese sem
correspondência prática: num meio material o vector polarização não consegue acompanhar,
de forma instantânea, o campo eléctrico aplicado – além de que na Eq. (0.32) a “memória”
electromagnética é desprezada. Assim, não se pode considerar razoável a escrita da Eq. (0.32).
É disso que trata este capítulo.
11
1. Condutividade
Comecemos por mostrar de que forma é que a condutividade de um condutor varia com a
frequência. Para esse efeito vai-se considerar um modelo muito simples para o movimento dos
electrões livres do metal. Designemos por tv a velocidade dos electrões e por 0m a sua
massa em repouso. A força total a que cada electrão está sujeito é então dada pela equação de
Newton
0
dm
dt
vF . (1.1)
Esta força tem duas componentes: a componente eléctrica e q F E que corresponde à força
de Coulomb em que q (com 0q ) é a carga do electrão e E o campo eléctrico aplicado; a
componente de atrito 0a m t F v que corresponde a uma força de fricção que se opõe à
velocidade e é caracterizada pela constante 0 . Assim, em síntese, tem-se
e a F F F (1.2a)
e q F E (1.2b)
0a m t F v . (1.2c)
Logo, atendendo à Eq. (1.1), vem
0
d qt t
dt m
vv E . (1.3)
Introduzindo a corrente de condução do condutor
fq N J v v (1.4)
onde fN representa o número de electrões livres no condutor por unidade de volume, a Eq.
(1.3) pode então ser reescrita na forma
12
2
0
fq Ndt t
dt m
JJ E . (1.5)
A constante adquire significado físico ao anular-se o campo eléctrico na equação
anterior. Com efeito, a versão homogénea da Eq. (1.5) é dada por
d
tdt
J
J (1.6)
cuja solução é
0 expt t J J . (1.5)
Percebe-se, deste modo, que 1 é o tempo característico de amortecimento da velocidade dos
electrões e, consequentemente, da respectiva densidade de corrente. Designemos esse tempo
por 1c que corresponde ao tempo característico das colisões. Como na prática se tem
ct , infere-se que exp 1ct pelo que se pode desprezar a solução contida na Eq.
(1.5).
Para encontrar a solução forçada da Eq. (1.5) vai-se utilizar a transformada de Fourier.
Consideremos então o par de Fourier
expt i t dt
J J (1.6a)
1
exp2
t i t d
J J (1.6b)
e analogamente para o campo eléctrico. Nestas condições, vem
2
0
fq N
m i
J E . (1.7)
Mas, por outro lado, de acordo com a lei de Ohm
13
J E (1.8)
onde é a condutividade do condutor. Portanto
2
0
fq N
m i
(1.9)
o que mostra como, no caso geral, a condutividade é um número complexo da forma
i , em que e , tendo-se
. (1.10)
Em regime estacionário define-se 0 0 vindo então (com 1 c )
2
0
0
f cq N
m
. (1.11)
Deste modo
0
1 ci
(1.12a)
tendo-se
0
2 21 c
(1.12b)
0
2 21
cc
c
. (1.12c)
Notando que (com cx )
14
0
2
0 0
22
1c
dxd d
x
(1.13)
infere-se (regra da “soma”)
2
0
fq Nd
m
(1.14)
uma vez que
2
01 2
dx
x
. (1.15)
A Eq. (1.14) pode ser utilizada para a obtenção experimental do valor de fN .
Figura 1 Partes real 0 0 e imaginária 0 0 da condutividade
normalizada (i.e., de 0 ) em função da frequência normalizada c .
15
2. Constante dieléctrica
Vai-se agora usar o modelo de Lorentz para descrever de que forma é que a chamada
constante dieléctrica varia com a frequência – no caso simples dos meios serem lineares,
isotrópicos, não magnéticos e sem acoplamento magnetoeléctrico. No caso dos dieléctricos os
electrões não se encontram livres como nos condutores: estão ligados aos respectivos átomos.
Assim, para um material dieléctrico, a Eq. (1.3) não é aplicável: é necessário ter em
consideração que os electrões ligados vão ainda estar sujeitos, tal como uma mola, a uma
força elástica mF de restituição de natureza mecânica tendente a restabelecer o equilíbrio.
Sendo tr a posição do electrão ligado em relação à posição de equilíbrio, deverá ter-se
m mk t F r (2.1)
onde 0mk é a constante elástica que se opõe ao movimento.
Ou seja: a Eq. (1.2a) deve ser revista no caso dos electrões ligados no interior de um
dieléctrico, escrevendo-se então
e a m F F F F (2.2)
onde a força eléctrica eF é dada pela Eq. (1.2b), a força de atrito aF pela Eq. (1.2c) e a força
mecânica mF pela Eq. (2.1). Nestas condições a Eq. (1.3) transforma-se em
2
0
0
d qt t t
dt m
vv E r (2.3)
onde se introduziu a nova constante
0
0
mk
m . (2.4)
Como
16
d
tdt
r
v (2.5)
a Eq. (2.3) ainda pode ser escrita na forma
2
2
02
0
d d qt t
dt dt m
r rr E (2.6)
que é a equação diferencial que descreve o movimento dos electrões ligados no dieléctrico. O
deslocamento tr dos electrões ligados em relação à respectiva posição de equilíbrio
provoca, no interior do dieléctrico, o aparecimento de dipolos eléctricos cujo momento dipolar
induzido é
q p r . (2.7)
A polarização resultante no dieléctrico é então dada por
bNP p (2.8)
em que bN é o número de electrões ligados por unidade de volume. Deste modo a Eq. (2.6) é
equivalente a estoutra
22
2
02
0
bq Nd dt t
dt dt m
P PP E . (2.9)
A versão homogénea desta última equação é
2
2
020
d dt
dt dt
P PP (2.10)
cuja solução pode ser escrita na forma
17
0 0cos sin exp2
c st t t t
P P P (2.11)
em que
2
2
0 02
. (2.12)
Em geral despreza-se a solução da equação homogénea uma vez que, na prática, se considera
1t de maneira que exp 2 1t .
Para obter a solução forçada da Eq. (2.9) vai-se utilizar a transformada de Fourier.
Assim, introduzindo o par de Fourier
expt i t dt
E E (2.13a)
1
exp2
t i t d
E E (2.13b)
e analogamente para t P P , obtém-se da Eq. (2.9)
2
2 2
0 0
bq N
m i
P E . (2.14)
Quando 0 as oscilações induzidas pelo campo eléctrico têm uma amplitude muito
grande para 0 (condição de ressonância). Com efeito
2
0 0
0 0
bq Ni
m
P E (2.15)
de modo que 0 P quando 0 .
Definindo a susceptibilidade eléctrica do dieléctrico tal que
18
0 P E (2.16)
infere-se então que
2
2 2
0 0 0
bq N
m i
. (2.17)
Em regime estacionário vem 0 0 com
2
0 2
0 0 0
bq N
m
(2.18)
pelo que
2
2 2
0 0 2 2
0
p
pi
(2.19)
onde 0 0p é a frequência de plasma. Pode demonstrar-se que
2
0
0
bq Ni d
m
(2.20)
que corresponde a uma nova regra da “soma” à semelhança da Eq. (1.14) para a
condutividade. Saliente-se, porém, que as Eqs. (1.14) e (2.20) fazem parte de um todo: na Eq.
(1.14) considera-se a contribuição dos electrões livres associados à corrente de condução
J Ε , enquanto que na Eq. (2.20) se considera a contribuição dos electrões ligados
associados à corrente de polarização pol t J P . No domínio da frequência, a soma destas
duas correntes corresponde a
19
0it
PJ E . (2.21)
Assim, a regra da “soma” associada a esta corrente total será, de acordo com as Eqs. (1.14) e
(2.20),
2
0
0
f b
qi d N N
m
. (2.22)
A constante dieléctrica (trata-se, como se vê, de um resquício da interpretação original
incorrecta do electromagnetismo pois trata-se de uma função da frequência) define-se então
como segue
1 (2.23)
donde
2
2 2
0
1p
i
(2.24)
o que mostra como, no caso geral, a constante dieléctrica é um número complexo tal que
00 1 (2.25a)
1 . (2.25b)
Fazendo i , com e , tem-se
2 2 2
0
2 22 2
0
1p
(2.26a)
20
2
2 22 2
0
p
(2.26b)
pelo que é par enquanto que é ímpar, i.e.,
(2.27a)
. (2.27b)
Como em geral se tem
0 D E P (2.28)
resulta das Eqs. (2.16) e (2.23) que
0 0 1 D E P E .
0 D E (2.29)
Como se mostra no Apêndice A a Eq. (2.16) corresponde, no domínio do tempo, à
seguinte equação
0t t d
P E . (2.30)
Porém, de acordo ainda com o Apêndice B, tem-se 0 para 0 , que se traduz em
liguagem corrente dizendo que o meio é causal. Assim a Eq. (2.30) escreve-se finalmente na
forma
0
0
t t d
P E (2.31)
21
tal como se tinha afirmado na Introdução.
Definindo as grandezas normalizadas (adimensionais)
c (2.32a)
0 0 c (2.32b)
p p c (2.32c)
com 1c , é possível escrever ainda as Eqs. (2.26) na forma
2 2 2
0
22 2 2
0
1p
(2.33a)
2
22 2 2
0
p
. (2.33b)
Tem-se 00 1 , e 1 enquanto que 0 0 . A parte imaginária
regista um máximo em max tal que
2
2 2 2 4
max 0 0 0
1 12 1 2 1 12
6 6 . (2.34)
Para 0 1 pode-se considerar pelo que max 0 . Por sua vez, a parte real tem
um máximo em 1 com 2
1 0 0 1 e um mínimo em 2 com
2
2 0 0 1 , com
2
max 1
0
12 1
p
(2.35a)
2
min 2
0
12 1
p
. (2.35b)
22
Note-se que o valor mínimo dado pela Eq. (2.35b) é negativo desde que 2
0 0 02 1 , i.e.,
desde que
0 0 02 1p .
Figura 2 Partes reais e imaginárias de , com c , para duas situações distintas:
(a) quando 0 10 ; (b) quando 0 5 .
23
3. Ondas electromagnéticas planas em meios materiais
Consideremos agora a propagação de ondas electromagnéticas planas em meios materiais.
Assim, para o campo eléctrico, vamos considerar
0, expt i t E r E k r (3.1)
e analogamente para os restantes campos vectoriais. Nestas condições, tem-se
, ,t i tt
E r E r (3.2a)
, ,xt i k tx
E r E r (3.2b)
, ,yt i k ty
E r E r (3.2c)
, ,zt i k tz
E r E r (3.2d)
uma vez que
x y zk x k y k z k r . (3.3)
Deste modo, vem
, ,t i t E r k E r (3.4a)
, ,t i t E r k E r . (3.4b)
As equações de Maxwell (na sua escrita tradicional)
0t
HE (3.5a)
0t t
E PH J (3.5b)
24
escrevem-se então na forma mais simples
0 k E H (3.6a)
0i k H J E P . (3.6b)
Da Eq. (3.6a) vem
0 k k E k H (3.7)
ou, atendendo à Eq. (3.6b),
2 2
0 0 0i k k k E J E P (3.8)
onde se fez
0 0 0
2k
c
. (3.9)
Porém
k k E k E k k k E (3.10)
pelo que, para regiões sem fontes do campo,
0 k E (3.11)
e, consequentemente,
2k k k E E (3.12)
25
onde 2k k k . Logo, das Eqs. (3.8) e (3.12), tira-se que
2 2 2
0 0 0k i k E J E P . (3.13)
Num condutor tem-se
J E (3.14a)
0 b P E (3.14b)
onde é a condutividade e b é a susceptibilidade eléctrica resultante dos electrões ligados.
Portanto, da Eq. (3.13) tira-se que
2 2
0 01 bk k i (3.15)
válida para um condutor e onde 0b quando se despreza a contribuição dos respectivos
electrões ligados.
Introduzindo o índice de refracção complexo
, ,n n i n n n n n (3.16)
em que n é o índice de refracção (propriamente dito) e n o coeficiente de extinção, tal
que
0 02
k n k n k i
(3.17)
e onde
0
42 k
(3.18)
26
é o coeficiente de atenuação (de potência), resulta então da Eq. (3.1) que
0 0, exp exp2
z t z i n k z t
E E (3.19)
para ondas propagando-se ao longo do eixo z (i.e., com ˆkk z ). De acordo com a Eq. (3.19)
a velocidade de fase é então dada por
0
p
cv
n k n
. (3.20)
Esta equação permite estabelecer o significado físico do índice de refracção (propriamente
dito): o índice de refracção n é a relação entre a velocidade da luz no vácuo ( c ) e a
velocidade de fase no meio material considerado ( pv ).
No caso de um condutor tira-se da Eq. (3.15) que
2
0
1 bn i
. (3.21)
Quando se despreza a contribuição dos electrões ligados faz-se 0b e das Eqs. (1.9) e
(3.21) obtém-se
2
2
0 0
1fq N
n im i
(3.22)
ou ainda
2 2
2 1 11
p p c
c
n i ii i
2
2 11
c p
p p c
n i
(3.23)
27
onde se introduziu a frequência de plasma p tal que
2
2
0 0
f
p
q N
m
. (3.24)
Em fotónica é razoável considerar , donde se infere que a equação de dispersão para
um condutor é
2
2 1p
n
(3.25)
que se identifica com a equação de dispersão de um plasma frio sem colisões. Assim, para um
condutor no domínio óptico, vem
2
2 2 2 2
0 01p
k n k k
. (3.26)
Quando p , é 2 0n e 2 0k , pelo que a onda é evanescente.
Quando p , é 2 0n e 2 0k , pelo que que há propagação.
Além disso, como na prática se tem sempre p para o domínio óptico, o condutor
comporta-se como um material com uma constante dieléctrica negativa
2 0n (3.27)
pelo que as ondas são evanescentes, i.e., não se conseguem propagar através do condutor.
Na Tabela I apresentam-se alguns valores do índice de refracção n bem como do
coeficiente de extinção para alguns metais em três comprimentos de onda: 0.5 m ,
1.0 m e 10.0 m .
28
Figura 3 Partes real e imaginária do índice de refracção n n i n de um condutor em
função de 2 2
pX para 2 2 21 0.1p pa .
No caso de um material dieléctrico tem-se
fJ E (3.28a)
0 P E (3.28b)
em vez das Eqs. (3.14) em que f representa a condutividade devida aos electrões livres e
onde representa a susceptibilidade eléctrica resultante da contribuição dos electrões
ligados.
29
TABELA I – Alguns valores de n n i para três valores do comprimento de onda de
alguns metais.
Metal n n i 0.5 m 1.0 m 10.0 m
Alumínio n 0.667 1.991 26
5.573 9.3 67.3
Cobre n 0.88 0.197 10.52
2.42 6.272 59.29
Ouro n 0.84 0.179 11.5
1.84 6.044 67.5
Prata n 0.05 0.25 10.8
2.87 6.81 60.7
Doravante desprezam-se as perdas dieléctricas (i.e., a contribuição dos electrões livres do
dieléctrico) pelo que se considera 0f . Assim, da Eq. (3.13) obtém-se a equação de
dispersão para um dieléctrico
2 2
0 1k k (3.29)
ou, de acordo com a Eqs. (2.23) e (2.24),
2
2 2 2 2 2
0 0 02 2
0
1p
k k n k ki
(3.30)
onde a susceptibilidade estacionária 0 se encontra definida na Eq. (2.18). Assim, para um
material dieléctrico, o índice de refracção complexo é dado por
2 2 2 202
2 22 22 2 2 2
0 0
1p p
n i
. (3.31)
30
Figura 4 Partes reais e imaginárias do índice de refracção n n i n de um dieléctrico em
função da frequência normalizada c para: (i) 0 10 ; (ii) 0 5 .
31
Note-se que se tem
2
00 1n (3.32a)
2
2
0
0
1p
n i
(3.32b)
2lim 1n
. (3.32c)
Da Eq. (3.31) infere-se que
2
2 2 2 00 01n i
(3.33)
onde se introduziu
2 22 2
0 . (3.34)
No domínio óptico pode-se aplicar a aproximação
1 12
xx , 1x (3.35)
à Eq. (3.30) de maneira que, em fotónica, se pode escrever
2
2 2
0
12
pn
i
. (3.36)
Daqui resulta que
2 2 2
0 0 012
n
(3.37a)
32
2
0 0
2
(3.37b)
onde foi definido na Eq. (3.34).
A variação do índice de refracção complexo com a frequência é particulamente
importante para frequências em que 0 . Com efeito, para estas frequências, tem-se
2 2
0 0 02 (3.38)
pelo que as Eqs. (3.37) se podem escrever
2
0 0 0
2 2
0 0
11
4 2n
(3.39a)
0 0
2 2
0
1
8 2
(3.39b)
na vizinhança da frequência de ressonância 0 . Introduzindo o chamado perfil lorentziano
2
2 2
0
2,
2
L (3.40)
é ainda possível reescrever as Eqs. (3.39) como segue
0 0 0
21 ,n
L (3.41a)
0 0 ,2
L . (3.41b)
As Eqs. (3.41) revelam o seguinte: quando se está perto da ressonância 0 , é uma
função par enquanto que 1n é uma função ímpar em torno de 0 . Note-se ainda
33
que em torno de 0 , 1n para 0 e 1n para 0 , tendo-se 1n para 0 . A
função n dada pela Eq. (3.41a) atinge um máximo 2
max 0 01 4n em
max 0 2 e um mínimo 2
min 0 01 4n em min 0 2 . Para max e
min a função n é crescente. Para max min a função n é decrescente.
34
Consideremos ondas planas, monocromáticas e uniformes, da forma
exp , , 0i z t ,
a que corresponde uma velocidade de fase pv dada por
0 0 0
0
2 2,p
c fv k
nk n c c
,
uma vez que o índice de refracção do meio (em que a onda electromagnética se propaga) tem
um índice de refracção n tal que
0
nk
.
Trata-se, portanto, de uma onda progressiva que se propaga no sentido positivo do eixo x .
Sulinhe-se que o comprimento de onda é medido no vácuo.
Para impulsos da forma
0 0, expA z t i k z t
podemos introduzir uma velocidade de grupo gv tal que
0
00
1 1g
g
d c cv
d dk ddd n
d dkdk d
onde se introduziu o índice de grupo gn de acordo com
0
g
dn
d k
.
35
A função ,A z t é a envolvente do impulso. A portadora tem frequência 0 e propaga-se
com uma constante de propagação 0 0 . Logo, atendendo a que
0nk
vem sucessivamente
0 0
0 0
g
d dn dn dnn nk n k n n
dk dk d d
.
Daqui infere-se, então, que
g
g
c c cv
dn dnnn n
d d
,
ou ainda
1 1
p p
g
v vv
dn dn
n d n d
.
Define-se o coeficiente de dispersão D como sendo
2
1 1 1g g
g g
dn dvdD
d v c d v d
.
Mas então, como
2
2
g
g
dndn d nn n
d d d
,
tem-se
2
2
d nD
c d
.
Por vezes também se define o coeficiente da dispersão da velocidade de grupo 2D tal
que
36
2
1 1 1g g
g g
dn dvdD
d v c d v d
.
Mas então, como
2
22
g
g
dndn dn d nn n
d d d d
,
tem-se
2
0 2
2 dn d nD k
c d d
.
Note-se, contudo, que
1 1 11 2
1 2,
g
d d dd c
v d d d d
,
donde
2
2 cD D
.
Quando é necessário ter em consideração a dispersão de ordem superior, define-se ainda
2
3 2
4 2d D c cS D S
d
em que
23
d D dS
d d
.
Um meio sem dispersão é aquele em que 0D , i.e.,
2
0 12
0 1
0 p
d n cn n n v
d n n
0
g
cv
n .
37
Como o comprimento de onda é medido no vácuo, tem-se f c . Não coincide, portanto,
com o comprimento de onda medido no meio: m pf v . Com efeito, tem-se
m
m p
cn
v n
.
Note-se que, em termos de frequência, um meio sem dispersão é, consequentemente, aquele
em que
1
0 1 0 0
22
a nc
n n n n k a b nb
c
a
n c b
.
Novamente, vem
0
1limp p
cv v
a b b n
.
Quanto à velocidade de grupo, obtém-se
0
1 1g
cv
d b n
d
em concordância, como não podia deixar de ser, com o resultado já obtido anteriormente.
Quando se tem 0D diz-se que a dispersão é normal. Quando se tem 0D diz-se que a
dispersão é anómala. Ou seja
2
2
2
2
dispersão normal 0
dispersão anómala 0
d n
d
d n
d
38
Sublinhe-se que esta definição de dispersão é a que corresponde a um efeito de distorção da
forma do impulso. A velocidade de grupo apenas indica o maior (ou menor) atraso de grupo
g tal que
g g
g
L Ln
v c .
Assim, com efeito, tem-se também
1 gd
DL d
pelo que é costume apresentar as unidades deste coeficiente de dispersão em
ps km-nmD . As unidades do coeficiente de dispersão da velocidade de grupo, porém,
são apresentadas em 2ps kmD . De facto, vem
2
2
2 22
1 1.
2
g g
f d dTT T
d dTD
L d L dT
Nota: Por vezes identifica-se a dispersão normal com a situação correspondente a g pv v e a
dispersão anómala com a situação correspondente a g pv v . Deve salientar-se, porém, que se
trata de uma classificação distinta desta: a nossa definição depende da segunda derivada do
índice de refracção e não (apenas) da primeira derivada. Com efeito, só existe dispersão (no
sentido em que esta provoca distorção do impulso) quando, e só quando, a segunda derivada
do índice de refracção em ordem ao comprimento de onda é nula.
Na prática a chamada equação de Sellmeier permite-nos analisar a variação do índice de
refracção n com o comprimento de onda . Por exemplo: para a sílica fundida, a equação de
Sellmeier, que é um fórmula empírica, permite escrever
39
22 2
2 31 2
2 2 2 2 2 2
1 2 3
1AA A
n
em que
1 2 3
1 2 3
0.6962 0.4079 0.8975
0.0684 0.1162 9.8962
A A A
quando se exprime o comprimento de onda em m . Esta fórmula é aplicável ao intervalo
0.21 m 3.71 m . Notando que (com 1,2,3i )
2 2
22 2 2 2
2i i i
i i
A Ad
d
,
tira-se que
2 22 2 2 22 3 31 1 2 2
2 2 22 2 2 2 2 2
1 2 3
1g g
AA Adnn n n n
d n
.
Para referência futura, tem-se ainda
2 22 2 2 2
3 31 1 2 2
2 2 22 2 2 2 2 2
1 2 3
AA Adnn
d
.
Analogamente, tendo em consideração que
2 2 2 22 2
2 32 2 2 2
2 i i ii i
i i
AAd
d
,
infere-se que
22
2
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
1 1 1 2 2 2 3 3 3
3 3 32 2 2 2 2 2
1 2 3
2
2
g
g
d n d n
d d
A A Ad nn
n d
nd nn
d n
40
121 1 10
299792485
g g gdn dn dnD D
c d c d d
.
Na última expressão obtém-se o valor de D em ps km-nm desde que, em todo lado, os
valores do comprimento de onda sejam expressos em m . Note-se que, em particular, a
expressão
gd n
d
é adimensional. A seguir mostram-se os gráficos de n n , g gn n e D para o
intervalo 0.6 m 1.6 m . Note-se que, para 1.276 mD , se tem 0D .
42
Apêndice A
Neste apêndice vai-se provar como da Eq. (2.16), escrita no domínio da frequência, se infere
a Eq. (2.30) escrita no domínio do tempo.
Comecemos por escrever aqui a Eq. (2.16):
0 P E . (A.1)
Como se tem
exp i d
(A.2)
resulta da Eq. (A.1) que
0 exp i d
P E . (A.3)
Mas, por outro lado,
exp exp exp expi i t i t dt t i t dt
E E E (A.4)
pelo que a Eq. (A.3) ainda pode ser escrita como segue
0 expt i t dt d
P E (A.5)
ou seja
0 expt d i t dt
P E . (A.6)
43
Logo como
expt i t dt
P P (A.7)
tira-se da Eq. (A.6) que
0t t d
P E (A.8)
que é precisamente a Eq. (2.30) – tal como se pretendia demonstrar.
Em geral tem de se considerar toda a história passada do meio, pelo que a forma correcta de
relacionar a resposta do meio com a excitação será
0 ,
t
t t t t dt
P E . (A.9)
Para meios invariantes no tempo, porém, é sempre possível escrever
,t t t t (A.10)
de modo que
0
t
t t t t dt
P E . (A.11)
Então, introduzindo a nova variável
t t (A.12)
44
vem
0
0
t t d
P E . (A.13)
Como se deve ter 0t t para porque o meio é causal (Apêndice B), infere-se
então que 0 para 0 . Daí que a Eq. (A.13) ainda se possa escrever na forma
0t t d
P E (A.14)
que é, como é sabido, uma convolução.
No domínio do tempo, tem-se
0t t t D E P . (A.15)
Como, por outro lado,
t t d
E E (A.16)
infere-se das Eqs. (A.14)-(A.16) que
0t f t d
D E (A.17)
desde que se defina a função (generalizada)
f . (A.18)
A convolução expressa através da Eq. (A.17) pode ser escrita na forma simbólica
45
0t f t D E (A.18)
em que
f t f t d f t d
E E E . (A.19)
A Eq. (A.17) é a versão temporal da relação constitutiva do meio para D D E .
46
Apêndice B
Pretende-se mostrar, neste apêndice, que se tem 0 para 0 , i.e., a causalidade do
meio. Assim, da Eq. (2.30) segue-se, efectivamente, a Eq. (2.31).
Comecemos por notar que, de acordo com a Eq. (2.19), se tem
2
0 0
2 2
0 i
. (B.1)
Deste modo, vem
2
0 0
2 2
0
exp1exp
2 2
ii d d
i
. (B.2)
Consideremos, agora, o integral complexo na Eq. (B.2). A respectiva função
integranda tem dois pólos correspondentes às raízes de
2 2
0 0i . (B.3)
Assim, no plano complexo i , em que e , esses dois pólos
são dados por
2
2
02 2
i
. (B.4)
Estes dois pólos localizam-se no semi-plano inferior (i.e., em 0 ) uma vez que 0 .
Infere-se, portanto, que a função integranda na Eq. (B.2) é analítica no semi-plano superior
bem como sobre o eixo real (i.e., para 0 ).
Para o cálculo do integral na Eq. (B.2) consideremos então um contorno de integração
no plano complexo i entre R e R e que se fecha com o semi-círculo sobre o
semi-plano superior de raio R centrado na origem (no sentido directo – contrário ao sentido
47
dos ponteiros do relógio). Designando este contorno fechado por , tem-se pelo teorema de
Cauchy
exp exp
02 20
id
i
. (B.5)
Então, desde que
lim exp 0R
(B.6)
o integral na Eq. (B.2) é nulo. Com efeito, no semi-plano superior em que 0 , o limite na
Eq. (B.6) está correcto desde que se considere 0 . Daqui se conclui que, de acordo com a
Eq. (B.2),
0, 0 (B.7)
o que mostra que, efectivamente, o meio é causal.
48
R. P. Feynman, R. B. Leighton, and M. Sands, The Feynman Lectures on Physics – Vol. 2:
Mainly Electromagnetism and Matter (Reading, Massachusetts: Addison-Wesley, 1964),
Chaps. 10-11, 32
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R. Fitzgerald, “Novel Composite Medium Exhibits Reversed Electromagnetic Properties,”
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