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ANO X N.º 87, MARÇO DE 2012 - MENSAL - PREÇO: 1€ DIRECTOR ANTÓNIO SOUSA PEREIRA Museu Industrial da Quimiparque/Baía Tejo “Nós queremos aproximar o Museu da Comunidade” RESERVAS MUSEOLÓGICAS DO BARREIRO Um espaço que preserva muito do que resta da nossa memória colectiva

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ANO X N.º 87, MARÇO DE 2012 - MENSAL - PREÇO: 1€

DIRECTOR ANTÓNIO SOUSA PEREIRA

Museu Industrial da Quimiparque/Baía Tejo “Nós queremos aproximar o Museu da Comunidade”

RESERVAS MUSEOLÓGICAS DO BARREIROUm espaço que preserva muito do que resta da nossa memória colectiva

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Museu Industrial da Quimiparque/Baía Tejo

“Nós queremos aproximaro Museu da Comunidade”O Museu Industrial da Quimiparque/Baía Tejo, situado na antiga Central Diesel, arrancou no ano 2004, hoje, ao longo do ano, recebe cerca de 3000 visitas.

O Museu Industrial da Quimiparque/Baía Tejo, disponibiliza diversos pólos muse-ológicos, nomeadamente o Tratamento da Juta, na área de representação da in-dustria têxtil da CUF, até, á zona de Pro-dução da Energia Eléctrica, ou o pólo da segurança e Corporação dos Bombeiros da CUF.E, a partir do ano 2008 o Museu recebeu a exposição integrada nas comemorações do centenário da CUF no Barreiro.

NOVAS ÁREAS DO MUSEU INDUSTRIAL

Entretanto, tendo por objectivo integrar no Museu Industrial novas áreas, que não tinham sido contempladas anteriormente, foi desenvolvido um projecto que pro-porciona aos visitantes um olhar sobre outras áreas da actividade.“O nosso objectivo foi abranger activi-dades da CUF que não tinham sido con-templadas na primeira versão do Museu, concretamente as áreas da indústria Química, da Indústria Metalomecânica, os serviços, como o Cinema-Ginásio, os Serviços Sociais, os Serviços de Organi-zação. Um conjunto de actividades que foram fundamentais na existência da CUF e que não tinha sido possível abordar na primeira versão do Museu” – refere Sardi-nha Pereira, Director do Museu Industrial.

EXPOSIÇÃO ITINERANTEDO MUSEU INDUSTRIAL

Com o objectivo de divulgar no concelho e na região o Museu Industrial foi criada recentemente uma exposição itineran-te do Museu Industrial, que procura dar a conhecer o conteúdo daquele espaço museológico, dando uma visão, como re-fere Sardinha Pereira – “que o património histórico e museológico não é apenas in-dustrial, porque existe para além do Museu Industrial, a Casa Museu Alfredo da Silva, o Mausoléu Alfredo da Silva”.Recorda que o Museu Industrial é um espe-lho das memórias do complexo industrial, nomeadamente da CUF e das comemo-rações do seu centenário.“Nós pretendemos com esta exposição aguçar o apetite das pessoas para que visitem o Museu Industrial, porque vindo visitar este espaço, sabemos que as pes-soas saem daqui encantadas. É importante para o Museu que as pessoas das esco-las, das colectividades venham cá visitar, é por isso que produzimos esta exposição para chegar às pessoas” – refere Sardinha Pereira.

APROXIMAR O MUSEU DA COMUNIDADE

A exposição tem tido como principal público

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CONTEXTOSCONTEXTOS

«O nosso objectivo foi abranger actividades da CUF que não tinham

sido contempladas na primeira versão do Museu, concretamente as áreas da indústria Química, da Indústria

Metalomecânica, os serviços, como o Cinema-Ginásio, os Serviços Sociais,

os Serviços de Organização.»

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alvo as escolas, e, por essa razão tem sido instalada em diversas escolas, nomeada-mente, na Escola Secundária Alfredo da Silva, Escola Augusto Cabrita, Universidade Nova em Almada.Para além das escolas a exposição vai circular pelo Forum Barreiro, pelo Retail Planet e colectividades, nomeadamente na SFAL – Sociedade Filarmónica Agrícola Lavradiense.“Nós queremos aproximar o Museu da Comunidade. Porque, costumam dizer que o Museu está muito bonito, mas as pessoas não sabem da sua existência” –

refere Sardinha Pereira.

UM MUSEU NUNCA É UMA OBRA PRONTA

Sardinha Pereira fala com emoção do Museu Industrial, do muito acervo que existe ainda para tratar e que tem procurado conser-var para que não se perca a memória do complexo industrial.Recorda que todo o projecto arrancou no ano de 1998, quando foi dispensado o edi-fício da Central Diesel com o objectivo de instalar o Museu Industrial.“A realização deste projecto foi um com-

plemento daquilo que foi a minha vida pro-fissional sempre ligada à CUF.” – sublinha.“Um Museu nunca é uma obra pronta, está sempre em dinâmica, entram sempre coisas novas. Este Museu dá uma ideia aproximada para que se possa perceber aquilo que foi a dimensão da CUF” – refere Sardinha Pereira.

MUSEU PODE SER VISITADOSEMPRE QUE O DESEJAR

“Hoje é muito mais fácil visitar o Museu, porque temos uma funcionária que garante o apoio a visitantes desde as 9 da manhã às

18 horas. Se necessário também garante o apoio a visitas aos sábados ou domingos” – sublinha Sardinha Pereira.De referir que o Museu Industrial actual-mente recebe por ano cerca de 3000 visi-tas, sobretudo oriundas das escolas, que representam cerca de 80% dos visitantes.O Museu pode ser visitado com marcação prévia, ou caso, não estejam agendadas visitas, estabelecer um contacto directo (tel.: 21 2067 709) e, até, sem marcação a visita pode ser proporcionada.

S.P.

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MARÇO DE 2012 CONTEXTOSCONTEXTOS

«Um Museu nunca é uma obra pronta, está sempre em dinâmica, entram sempre coisas novas. Este Museu dá uma ideia aproximada para que se

possa perceber aquilo que foi a dimensão da CUF»

Museu Industrial é uma porta aberta a estágios escolaresAlunos da Escola Augusto Cabrita foram pioneiros

Os alunos da área do Turismo da Escola Augusto Cabrita, realizaram um estágio de fim de curso no Museu Indus-trial, acompanhando visitas e efectuando diversos estudos, nomeadamente sobre a as componentes sociais da CUF e a importância da indústria Química.

Hoje, pois, o Museu, para além da sua própria dinâmica, tam-bém é um instrumento de integração dos jovens estudantes no mundo do trabalho.

“O Museu é uma escola que proporciona estágios a alunos ligados à área do turismo e da cultura” – sublinha Sardinha Pereira.

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doso, Nuno Banza, António Gama (Kira); Carlos Alberto Correia, Pedro Estadão, Nuno Cavaco e Paulo Calhau | Departamento Relações Públicas Rita Sales Sousa Pereira | Departamento Gráfico Alexandra Antunes

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FICHA TÉCNICA

MEMBRO

ROTA DO TRABALHO e da INDÚSTRIA

Tempo de criatividade e inventar o futuroO território que hoje pertence ao concelho do Barreiro ao longo de séculos tem sido uma referência na vida económica da região e do país.Desde as salinas, passando pela actividade agrícola, com vinhos famosos e premiados a nível internacional, como é o caso do Bastardinho; a actividade pis-catória e indústria naval; a indústria da cortiça; as indústrias metalomecânicas e químicas e a actividade ferroviária, são referências nas suas memórias.

Modelo da antiga Ponte Ferroviária Barreiro – SeixalAdquirido pelo Museu Baía TejoUm modelo de artesanato, da antiga ponte ferroviária que ligava o Barreiro ao Seixal, construído por Carlos Barroqueiro, foi adquirido pelo Museu Industrial Baía Tejo.

O território do Barreiro foi um importante centro de activi-dades económicas na época dos Descobrimentos, sendo de salientar a importância dos fornos de cerâmica da Mata da Machada e Vale de Zebro.No território do Barreiro existiu a Real Fábrica de Vidro de Coina, depois transferida para a Marinha Grande.O Barreiro foi uma vila operária com uma intensa activi-dade comercial e industrial de muitas pequenas e médias empresas em áreas como: Mercearias, Barbearias, Taber-nas, Alfaitarias, Carpintarias, Oficinas de Serralharia.O Barreiro é sem dúvida uma terra que sempre dignificou o TRABALHO, viveu pelo TRABALHO, ergueu-se com o TRABALHO.

O município, está hoje a desenvolver um projecto que visa a criação de uma ROTA DO TRABALHO e da INDÚSTRIA, procurando desta forma envolver os mais diversos agen-tes locais, quer com o objectivo de preservar as memórias, quer procurando dinamizar um programa turístico que co-loque o Barreiro como uma cidade visitável e a visitar.No Parque Empresarial da Baía Tejo que muitos de nós só associamos a empresas estão hoje equipamentos que são, sem dúvida, uma referência no enquadramento deste projecto, nomeadamente o Museu Industrial da Baía Tejo, a Casa Museu Alfredo da Silva; as Reservas Museológicas da Câmara Municipal do Barreiro; a Casa da Cultura da Baía Tejo; o Bairro Operário e o Mausoléu de Alfredo da Silva.

Ali, muito daquilo que resta da nossa memória colectiva está presente, ali pulsa a vila e a cidade do TRABALHO.Uma vila e cidade de TRABALHO que estimulou uma in-tensa vida associativa, porque, desde sempre os homens e mulheres de TRABALHO souberam que “nem só de pão vive o homem”.

Nesta edição damos, hoje, destaque a dois projectos di-nâmicos e em construção que são indissociáveis da cons-trução da ROTA do TRABALHO e da INDÚSTRIA – o Museu Industrial e as Reservas Museológicas.Hoje, um tempo em que o território da Baía Tejo é um es-paço aberto que, cada vez mais, começa fazer parte do quotidiano da cidade, é importante que os barreirenses e a região, todos conheçam, que, ali, naquele espaço em-presarial, também existem dinâmicos e vivos espaços de vivência cultural.São projectos que estão activos e que procuram lutar contra o tempo, preservando memórias – do património material e do património imaterial – mostrando hoje e pre-servando para o futuro, muitas reliquias, muitos artefactos que fazem parte da história do Barreiro e da história de Portugal.

O Barreiro tem de facto pela frente um grande desafio, por-que tem potencialidades, porque o património existe, por-que tem uma história, tem, de facto, esse desafio de propor

ao país a criação da ROTA DO TRABALHO e da INDÚSTRIA.

Uma rota que tem que ser construída a pensar futuro, a criar presente, dando vida cultural e económica a todas as potencialidades existentes, que passam pelo potenciar a riqueza ambiental e cultural da Mata da Machada, esti-mular um projecto de visão internacional na Real Fábrica de Vidro de Coina (colocando o Barreiro na Rota do Vidro mundial); passa análise da recuperação das memórias da Cortiça ( onde a Fábrica de Brancamp ou que dela resta pode ser um projecto a estudar); passa pelos Moinhos de Alburrica, passa pela Ponta da Escavadeira e as memórias das Salinas; passa, em garnde escala pelo território da Baía Tejo, onde muita coisa pode confluir e, já hoje, existem ali, em emergência os sinais do tempo – no Museu Industrial e nas Reservas Museológicas.Este tem que ser um projecto nacional, movendo Secreta-rias de Estado e Ministérios, dando projecção a este terri-tório como uma referência cultural na Área Metropolitana de Lisboa.Por isso, precisamos também de perceber que o passado já não existe, ele foi, agora, é tempo de criatividade e in-ventar o futuro, acreditando que temos um novo caminho a construir, sim, pode ser esse a ROTA DO TRABALHO e da INDUSTRIA.

ANTÓNIO SOUSA PEREIRA

Segundo o responsável pelo Museu Baía Tejo, Sardinha Pereira, a aquisição desta peça de artesanato visa proporcionar aos visitantes “uma imagem” da antiga ligação ferroviária entre o Barreiro e Seixal.A ponte Barreiro – Seixal foi construída em 1933, prevendo-se na época a ligação ferro-viária do Barreiro até Cacilhas, no concelho de Almada, que nunca se concretizou.A construção da Siderurgia Nacional ge-rou um elevado índice de navegação fluvial, tornando-se aquela ponte num obstáculo.No dia 18 de Setembro de 1969, pelas 6,30

horas da manhã, um navio proveniente da Siderurgia Nacional colidiu com a ponte, provocando a sua derrocada, desde então, a ponte nunca mais voltou a ser reconstruída.A ligação entre as duas margens durante al-guns anos foi efectuada por barqueiros.

A aquisição desta peça pelo Museu Baía Tejo permite aos que conheceram a ponte recordar as suas memórias, e, aos novos ficarem com uma “visão” da ponte que du-rante algumas décadas ligou o Barreiro ao Seixal.

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suplemento rostoswww.rostos.pt CADERNO

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Casa da Cultura da QuimiparqueConcerto com os «Perspectiva» encerra

programação do 1º semestre de 2012A Casa da Cultura da Quimiparque, nos últimos tempos, devido a obras no Auditório Municipal Augusto Cabrita, tem vindo a ser animada com uma pro-gramação de “sala” que tem sido referência e dando vida a um dos maiores espaço de espetáculos do distrito de Setúbal.Apesar das dificuldades existentes, por ser um equipamento antigo e dotado de pouco equipamento técnico, pode sublinhar-se a realização de uma pro-gramação de qualidade e vocacionada para público diversificado, acolhendo quer artistas de dentro quer de fora do concelho.Na programação realizada na Casa da Cultura da Quimiparque, durante o 1º Trimestre de 2012, é de destacar a realização das semanas do Cinema Eu-ropeu e de Autor, o espectáculo de teatro com “O Comboio da Pedra”, pelo Teatro UTIB, com encenação de Luciano Barata, ou o espectáculo com Her-man José.Também, integrado no ciclo Palmo e Meio realizaram-se três concertos pe-dagógicos com a Escola de Jazz, a Banda Municipal do Barreiro e a Camerata Musical do Barreiro. O Mês do Teatro, em Março, também passou pela Casa da Cultura com várias peças: “O colar”, pelo Clube de Teatro da Essa, o espectáculo “Pedra pão” da companhia Circolando, a “Terra abensonha” com o Teatro Extremo e o teatro de revista “Não há euros para ninguém”.Agora, em Abril, no dia 15 de Abril está agendado o espectáculo de Aniver-sário do Corutib.Em Maio estão previstos vários espectáculos incluídos no Mês da Dança, como por exemplo, a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo. E, a fechar, no dia 30 de Junho, para encerrar em beleza o 1º semestre de 2012, realiza-se um grande espectáculo com os «Perspectiva», para recor-dar uma das maiores bandas de Portugal dos anos 70.

No dia 22 de Agosto de 1942 morre, em Sintra, Alfredo da Silva, deixando atrás de si o primeiro e maior grupo financeiro português.Sepultado no cemitério oriental de Lisboa, viria a ser trasladado para o Mausoléu erigido para o efeito no então cemitério do Barreiro, no dia 20 de Agosto de 1944.O projecto para o Mausoléu data de 1943, e é fru-to da parceria entre o arquitecto Luís Cristino da

Silva e o escultor Leopoldo de Almeida. Foi construído respeitando a vontade expressa em vida por Alfredo da Silva..

A construção teria início a 9 de Outubro de 1943, ficando concluída no dia 15 de Agosto de 1944.No local está escrito:«Alfredo da Silva repousa junto da obra que criou e vela pela sua continui-dade».

Mausoléu de Alfredo da Silva

«Alfredo da Silva repousa junto da obra que criou e vela pela sua continuidade»

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BOAS FESTAS E FELIZ ANO 2012

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Reservas Museológicas do Barreiro

Um espaço que preserva muito doque resta da nossa memória colectiva

A necessidade de concentrar o amplo acer-vo museológico da Câmara Municipal do Barreiro levou há cerca de 10 anos a cria-ção das «Reservas Museológicas» com o objectivo de tratar, guardar, e divulgar todo o espólio da autarquia.Foi essa realidade que conduziu aos con-tactos com a então Quimiparque através da cedência de antigos Armazéns no interior do Parque Empresarial.

CONHECER A CRONOLOGIA DA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO

As Reservas Museológicas localizadas no Parque Empresarial da Baía Tejo constituem um espaço de memória histórico.No local pode ser visitada uma exposição permanente, uma exposição cronológica, que começa com os artefactos da Ponta da Passadeira até à CUF, dando uma ideia da cronologia da ocupação do território.A exposição é regularmente visitada por alunos das escolas, mas também são recebidas visitas de grupos que podem previamente ser marcadas.No local estão, também, regularmente exposições temporárias, para além das exposições relacionadas com as memórias da CUF do Barreiro e da Mata da Machada.Nas Reservas Museológicas existem diver-sos espólios que não estão permanentes ao público.

“Os diferentes espólios quando estão completos são sempre motivo para a re-alização de exposições, como foi o caso da exposição de canoaria” – refere Rosário Gil.A Reservas Museológicas do Barreiro ao longo dos anos têm vindo a receber oferta de diversos materiais, desde relojoaria, dos Rancho Etnográfico do Barreiro, do Spor-ting Lavradiense que ofereceu materiais da área do cinema.

TRIPLICOU O ESPÓLIO EM DEZ ANOS

O espólio da Mata da Machada existente tem sido ao longo dos anos objecto de es-tudo por parte de alunos do ensino superior da área de arqueologia.Regina Janeiro, vereadora responsável pela área da Cultura da Câmara Municipal do Barreiro, recorda que as Reservas Mu-seológicas quando abriram as suas portas contavam apenas com quatro espólios – Naval, com várias miniaturas de barcos tradicionais, os artefactos dos Fornos de Cerâmica da Mata da Machada e também da Real Fábrica do Vidro de Coina, ainda coleções de pesos e mediadas da antiga Casa da Aferição.“Nestes dez anos triplicamos os espólios das Reservas” – sublinha a autarca.Regina Janeiro, sublinha que as pessoas “acreditam” na autarquia, por essa razão são muitos os materiais que têm sido

doados de alfaitarias, de sapatarias, de coleções pessoais.

PRESERVAR AS MEMÓRIAS DO BARREIRO

Nas Reservas Museológicas também têm sido organizadas exposições tendo por base referências temáticas – os 150 anos dos Caminhos de Ferro, o centenário da República, são alguns dos temas.Lurdes Lopes, refere que, por vezes para destacar temas específicos também têm sido organizadas recolhas de materiais, recorda o caso da exposição dedicada à actriz Raquel Maria, que permitiu realizar a exposição e enriqueceu o município no que diz respeito ao seu património da ac-tividade teatral no concelho.“A família doou o seu espólio, e isso foi muito importante. Este é um exemplo. Mas há mais pessoas que querem doar materiais.” – refere Lurdes Lopes, lançando um repto aos barreirenses para que contactem as Reservas Museológicas porque, muitas coi-sas que possuem e por vezes não sabem o que faze, podem ser elementos essenciais para preservar as memórias do Barreiro. Regina Janeiro, salienta que também há pessoas que possuem papeis ou fotogra-fias que podem entregar pois – “essa é documentação que ajuda a reconstruir a memória”.

Regina Janeiro, salienta que o mais im-portante das Reservas Museológicas é,

ali, estar a funcionar uma equipa de téc-nicos da área do Património, que permite dar vida ao espaço, e desenvolverem de forma organizada dos diversos projectos.

EXPOSIÇÕES ITINERANTESSOBRE DIVERSOS TEMAS

Rosário Gil, salienta que as Reservas Mu-seológicas possuem um conjunto amplo de Exposições Itinerantes que podem ser utilizadas, em iniciativas culturais, por es-colas ou instituições.António Camarão recorda que as exposi-ções são “modelares” e permitem divulgar diversos aspectos da vida local, desde Ma-nuel Cabanas, a Greve de 1943, ou outros temas da vida local.

ESTÁGIOS DE ESTUDANTESUNIVERSITÁRIOS

António Camarão, sublinha que nas Re-servas Museológicas também existe um fundo documental que, muitas vezes, é utilizado por alunos do Ensino Superior para a realização de teses de Mestrado.“Os alunos fazem estágios aqui nas Re-servas, estudam peças, ou tipologias de peças em particular, esse também é um documento, e, como é evidente só pode ser estudado aqui nas Reservas. Há muitas pessoas que nos procuram para recolher informação sobre a história da CUF ou dos Caminhos de Ferro, sendo matérias

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PERSPECTIVASPRESPECTIVAS

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estudadas, nós abrimos o caminho para terem acesso a informação ” – refere An-tónio Camarão.

RECOLHA E DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO

Lurdes Lopes, salienta, que ao nível do Património imaterial, está em desenvol-vimento um projecto de recolha de depoi-mentos, quer em áudio, quer em vídeo, com a finalidade de serem feitos registos sobre as memórias do século XX barreirense.Temas como as mulheres do Barreiro, a Guerra Colonial, têm vindo a ser tratados com o objectivo de disponibilizar informa-ção em DVD’s.“Os testemunhos não são apenas para registar as memórias das pessoas, irão ser tratados no âmbito de tratamentos temáticos. Porque a história oral permite chegar àqueles que foram sempre subal-ternizados na história dita oficial, com este trabalho queremos chegar às memórias das pessoas comuns” – sublinha Vanessa de Almeida.Rosário Gil, salienta que neste trabalho de recolha de memórias para além da preocupação em registar depoimentos sobre o mundo laboral, também estão a ser efectuadas recolhas de pessoas que são importantes em diversas áreas de actividades do concelho do Barreiro.“Hoje, para além da recolha de depoimentos temáticos também optamos pela recolha de histórias de vida, abrangendo as vivên-cias locais” – sublinha Vanessa de Almeida.

A IMPORTÂNCIA DA CORTIÇANO CONCELHO DO BARREIRO

De referir que neste momento as Reser-vas Museológicas estão a desenvolver um trabalho mais aprofundado sobre a indústria da Cortiça e seu contributo no desenvolvimento do concelho do Barreiro, que trouxe a Cortiça para o Barreiro .A curto prazo vai realizar-se uma confe-rência cujo objectivo será efectuar uma abordagem da implantação das fábricas de Cortiça no território do concelho e a influência que exerceram sobre o seu

desenvolvimento urbano – “é importante conhecer como a cortiça moldou o espaço da cidade” – refere António Camarão.“A área da Cortiça, é uma área que pre-tendemos trabalhar, esta vai ser uma área mais difícil, dado que não temos os mesmo parceiros no terreno como tivemos para os 150 anos dos Caminhos de Ferro, ou para o centenário da CUF, mas vamos aprofundar esta temática.” – sublinha Regina Janeiro.

«ROTA DO TRABALHO E DA INDÚSTRIA»

“Todo este conjunto de projectos que es-tamos a desenvolver vão apontar para o desenvolvimento de um projecto mais ambicioso que é a criação da «Rota do Tra-balho e da Indústria» que pretendemos lançar este ano.Acreditamos que este ano este projecto ganhará visibilidade, para começarmos a trabalhar. Este não será um projecto só da Câmara, será um projecto de responsa-bilidade colectiva, com a participação de diferentes parceiros quer colectivos, quer individuais, que passa pelo património material, mas também pelo património imaterial” – sublinha Regina Janeiro.“A criação da Rota do Trabalho e da Indús-tria vai contribuir para consolidar muito do trabalho que está feito, sobre a Fábrica do Vidro, dos Fornos da Mata da Machada, da CUF e Caminhos de Ferro, depois pode ser consolidado tudo isso numa Rota, numa estratégia” – sublinha António Camarão.“O Barreiro cresceu por sucessivas vagas demográficas de pessoas que vieram para cá pelo trabalho” – salienta Lurdes Lopes.“No Barreiro, não podemos esquecer a indústria do sal que existiu no Lavradio. Eu sou família de salineiros, o meu avô era salineiro e agricultor” - recorda António Camarão.Fica pois, aqui o convite, visite as Reservas Museológicas da Câmara Municipal do Bar-reiro, no Parque Empresarial Baía Tejo, onde para além do contacto directo com espólio de referência do desenvolvimento do con-celho do Barreiro, e contactar uma equipa que sonha, trabalha e luta por preservar muito daquilo que no futuro vai restar da nossa memória colectiva.

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MARÇO DE 2012 PERSPECTIVASPRESPECTIVAS

«Os testemunhos não são apenas para registar as memórias das pessoas, irão ser tratados no âmbito de tratamentos temáticos. Porque a história oral permite chegar àqueles que foram sempre subal-ternizados na história dita oficial, com este trabalho queremos chegar às memórias das pessoas comuns»

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