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analise e aplicação
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CINCIAS JURDICAS E ECONMICAS
INSTITUTO DE PS-GRADUAO EM ADMINISTRAO
COPPEAD
AVALIAO DE IMPACTOS AMBIENTAIS NAIMPLANTAO DE USINAS HIDRELTRICAS NO BRASIL:
ESTUDO DE CASOS
Antonio Luiz Fonseca Abreu Jorge
COPPEAD/UFRJ: Mestrado
Orientadora: Profa. Letcia Casotti
D.Sc., UFRJ
Rio de Janeiro
2002
ii
AVALIAO DE IMPACTOS AMBIENTAIS NA IMPLANTAODE USINAS HIDRELTRICAS NO BRASIL:
ESTUDO DE CASOS
Antonio Luiz Fonseca Abreu Jorge
Dissertao submetida ao Corpo Docente do Instituto de Ps-Graduao e
Pesquisa em Administrao da Universidade Federal do Rio de Janeiro -
COPPEAD/UFRJ, como parte dos requisitos necessrios para a obteno do
grau de Mestre em Administrao.
Aprovada por:
_______________________________________________ - Orientadora
Profa. Letcia Casotti, D.Sc. COPPEAD/UFRJ
_______________________________________________
Prof. Celso Lemme, D.Sc. COPPEAD/UFRJ
_______________________________________________
Profa. Ana Carolina Pimentel Duarte, D.Sc. FACC/UFRJ
Rio de Janeiro
2002
iii
Jorge, Antonio Luiz Fonseca Abreu.
Avaliao de impactos ambientais na implantao
de usinas hidreltricas no Brasil: estudo de casos /
Antonio Luiz Fonseca Abreu Jorge. Rio de Janeiro:
UFRJ/COPPEAD, 2002.
xi, 149p. il.
Dissertao Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPEAD.
1. Meio Ambiente. 2. Energia. 3. Usinas
Hidreltricas. 4. Avaliao de Impacto Ambiental.
5. Dissertao (Mestr. UFRJ/COPPEAD). I. Ttulo.
iv
minha esposa, Alessandra,
pelo amor e carinho, apoio e incentivo.
minha me, pelo exemplo de dedicao.
vAGRADECIMENTOS
Profa. Letcia Casotti, pela orientao segura e ponderada, fundamental para
a realizao deste trabalho.
Ao Professor Renato Cotta de Mello, pela contribuio mesmo distncia, e
por ter sempre confiado no resultado deste trabalho.
Aos professores e funcionrios do COPPEAD, que com sua dedicao e
competncia comprovam que possvel um ensino pblico eficiente.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, que mais uma vez participa da
minha formao.
Aos amigos da turma 98, pelo companheirismo e pelo prazer de estudar,
debater e conviver neste perodo.
Aos meus irmos e em especial ao meu irmo e scio Paulo, que segurou a
barra durante a minha ausncia na AJECON Engenharia, enquanto eu estava
na sala de aula ou concentrado nos inmeros trabalhos e leituras.
Aos colegas da Tractebel, pelas lies sobre o Setor e pela obteno das
informaes junto ANEEL, em especial ao Victor e ao dio pela pacincia em
responder s minhas perguntas.
Aos amigos Marcelo e Luiz Antnio, ex-alunos do Mestrado em Administrao,
que me incentivaram a estudar no COPPEAD.
vi
RESUMO
JORGE, Antonio Luiz Fonseca Abreu. Avaliao de Impactos Ambientais na
Implantao de Usinas Hidreltricas no Brasil: Estudo de Casos. Orientadora:
Profa Letcia Casotti. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2002. Dissertao
(Mestrado em Administrao).
Este estudo teve como objetivo avaliar o estgio em que se encontram os
procedimentos para a Avaliao de Impacto Ambiental - AIA na implantao de
usinas hidreltricas no Brasil, analisando a aplicao prtica desses
procedimentos, atravs de estudo de quatro casos.
Adicionalmente, os resultados desta pesquisa foram comparados com estudo
semelhante realizado h dez anos.
Verificou-se, atravs dessa anlise, que houve uma evoluo para uma viso
mais sistmica, por parte dos rgos licenciadores, no processo de
licenciamento. Conseqentemente, observou-se uma elaborao mais
cuidadosa das AIAs dos aproveitamentos hidreltricos, que apresentam
anlises mais abrangentes e ao mesmo tempo integradas, no que diz respeito
aos impactos ambientais dos empreendimentos analisados.
vii
ABSTRACT
JORGE, Antonio Luiz Fonseca Abreu. Avaliao de Impactos Ambientais na
Implantao de Usinas Hidreltricas no Brasil: Estudo de Casos. Orientadora:
Profa Letcia Casotti. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2002. Dissertao
(Mestrado em Administrao).
The objective of this thesis was to evaluate the current stage of the procedures
for Environmental Impact Assessment EIA in the installation of hydropower
plants in Brazil, analyzing the practical use of these procedures, through the
study of four cases.
Additionally, the results of this research were compared with a similar study
carried out ten years ago.
Through this analysis, an evolution to a more systemic approach by the
licensing agencies was observed during the process. Consequently, a more
careful elaboration of the hydropower plants EIAs was observed, which
denotes a wider and more integrated analysis, related to the environmental
impacts of the analyzed projects.
viii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
AIA Avaliao de Impacto Ambiental
AMC Anlise Multicritrio
ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica
CAET Comit de Acompanhamento da Expanso de Termeltricas
CMMD Comisso Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
COMASE Comit Coordenador das Atividades do Meio Ambiente do Setor
Eltrico
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
EIA Estudo de Impacto Ambiental
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renovveis
IPEA Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada
LI Licena de Instalao
LO Licena de Operao
LP Licena Prvia
NRC National Research Concil
OEMA rgo Estadual de Meio Ambiente
PIB Produto Interno Bruto
PNMA Poltica Nacional do Meio Ambiente
RIMA Relatrio de Impacto Ambiental
SEMA Secretaria de Meio Ambiente
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
ix
LISTA DE QUADROS
Quadro Ttulo Pgina
2-1 Sistemtica de planejamento e licenciamento dos
empreendimentos hidreltricos
19
2-2 Usinas hidreltricas licitadas pela ANEEL 29
2-3 Sistema gerador existente 36
2-4 Programa Prioritrio de Termeltricas 37
2-5 Taxas de crescimento previstas de consumo da energia e
do PIB
46
2-6 Sistema Sul/Sudeste/Centro-Oeste 48
2-7 Obras em andamento ou em motorizao 49
2-8 Projetos com concesso ou autorizao j outorgadas 50
2-9 Projetos termeltricos priorizados pelo CAET (N/NE e
S/SE/CO)
51
2-10 Projetos Indicativos - Hidreltricos maiores que 30 MW 54
2-11 Projetos ainda no programados at janeiro de 2001 -
Hidreltricas maiores de 30 MW
55
2-12 Projetos ainda no programados Projetos Termeltricos 55
3-1 Comparao de mtodos de pesquisa em Cincias Sociais 60
4-1 Dados dos empreendimentos analisados 63
5-1 Comparao de aspectos deste estudo com MAGRINI
(1992)
98
5-2 Simulao simplificada de uma AMC 103
xSUMRIO
1 - INTRODUO...................................................................................................................... 1
1.1 - OBJETIVO DO ESTUDO.................................................................................................... 1
1.2 - IMPORTNCIA DO ESTUDO .............................................................................................. 1
1.3 - ORGANIZAO DO ESTUDO............................................................................................. 3
1.4 - DELIMITAO DO ESTUDO .............................................................................................. 4
2 - REVISO DA LITERATURA................................................................................................ 5
2.1 - HISTRICO..................................................................................................................... 6
2.2 - DANOS AO MEIO AMBIENTE ............................................................................................ 7
2.2.1 - Causas Humanas................................................................................................ 7
2.3 - EFEITOS NAS EMPRESAS ................................................................................................ 9
2.3.1 - Gesto Ambiental e ISO 14.000.......................................................................... 9
2.3.2 - Marketing Ambiental.......................................................................................... 10
2.4 - O LICENCIAMENTO AMBIENTAL ..................................................................................... 11
2.4.1 - Resoluo CONAMA n 001, de 23/01/86 ........................................................ 14
2.4.2 - Resoluo CONAMA n 006, de 16/09/87 ........................................................ 14
2.4.3 - Resoluo CONAMA N 237, de 19/12/97........................................................ 15
2.4.4 - Resoluo CONAMA n 279, de 27/06/01 ........................................................ 15
2.5 - ESTUDOS DE VIABILIDADE............................................................................................. 17
2.5.1 - Etapas de Estudos e Projetos para Implantao de um AHE........................... 17
2.5.2 - Objetivos dos Estudos de Viabilidade ............................................................... 19
2.5.3 - Aspectos Institucionais e Legais ....................................................................... 20
2.5.4 - Estudos de Viabilidade e Licitaes de Concesses ........................................ 21
2.5.5 - Licenciamento Ambiental .................................................................................. 22
2.6 - A ANLISE MULTICRITRIO ........................................................................................... 22
2.7 - O SETOR ELTRICO BRASILEIRO .................................................................................. 25
2.7.1 - Organizao do Setor........................................................................................ 25
2.7.2 - O Mercado de Energia Eltrica ......................................................................... 26
2.7.3 - Fontes de Energia ............................................................................................. 352.7.3.1 - Energia Hidreltrica...................................................................................................35
2.7.3.2 - Energia Termeltrica .................................................................................................36
2.7.3.3 - Energia Nuclear.........................................................................................................40
2.7.3.4 - Fontes Alternativas de Energia .................................................................................42
2.7.3.5 - Concluses sobre Alternativas Tecnolgicas............................................................45
2.7.4 - O Programa Decenal......................................................................................... 48
xi
3 - METODOLOGIA DE PESQUISA ....................................................................................... 57
3.1 - TIPO DE PESQUISA....................................................................................................... 57
3.2 - O CONCEITO DE PESQUISA QUALITATIVA ...................................................................... 58
3.3 - O ESTUDO DE CASOS .................................................................................................. 59
3.4 - UNIVERSO E AMOSTRA ................................................................................................. 60
3.5 - COLETA E TRATAMENTO DE DADOS .............................................................................. 62
4 - DESCRIO DOS CASOS................................................................................................ 63
4.1 - O APROVEITAMENTO HIDRELTRICO PEIXE ................................................................... 63
4.1.1 - Descrio do Empreendimento AHE Peixe....................................................... 63
4.1.2 - Metodologia Adotada para a Elaborao da AIA .............................................. 64
4.1.3 - Organizao e Encaminhamento da AIA .......................................................... 65
4.2 - O APROVEITAMENTO HIDRELTRICO SO SALVADOR .................................................... 76
4.2.1 - Descrio do Empreendimento AHE So Salvador .......................................... 76
4.2.2 - Metodologia Adotada para a Elaborao da AIA .............................................. 77
4.2.3 - Organizao e Encaminhamento da AIA .......................................................... 79
4.3 - O APROVEITAMENTO HIDRELTRICO SIMPLCIO - QUEDA NICA .................................... 84
4.3.1 - Descrio do Empreendimento AHE Simplcio Queda nica ........................ 84
4.3.2 - Metodologia Adotada para a Elaborao da AIA .............................................. 85
4.3.3 - Organizao e Encaminhamento da AIA .......................................................... 85
4.4 - O APROVEITAMENTO HIDRELTRICO ESTREITO............................................................. 90
4.4.1 - Descrio do Empreendimento AHE Estreito.................................................... 90
4.4.2 - Metodologia Adotada para a Elaborao da AIA .............................................. 90
4.4.3 - Organizao e Encaminhamento da AIA .......................................................... 92
5 - CONCLUSES E RECOMENDAES ............................................................................ 97
5.1 - CONCLUSES .............................................................................................................. 97
5.2 - RECOMENDAES...................................................................................................... 100
6 - SUGESTES PARA PESQUISAS FUTURAS................................................................. 106
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................................................................... 107
ANEXO I: RESOLUO CONAMA N 001, DE 23 DE JANEIRO DE 1986............................ 113
ANEXO II: RESOLUO CONAMA N. 006 DE 16 DE SETEMBRO DE 1987 ...................... 120
ANEXO III: RESOLUO N 237 , DE 19 DE DEZEMBRO DE 1997 ..................................... 126
ANEXO IV: RESOLUO N 279 , DE 27 DE JUNHO DE 2001............................................. 142
1 - Introduo
1.1 - Objetivo do Estudo
Este estudo tem como objetivo avaliar o estgio em que se encontram os
procedimentos para a Avaliao de Impacto Ambiental (AIA) na implantao de
novos empreendimentos, analisando a aplicao prtica desses procedimentos
no caso de usinas hidreltricas no Brasil.
Para tanto, foi realizada uma reviso tanto da legislao vigente no pas acerca
do tema, como da literatura pertinente, compilando o conhecimento existente
sobre os diversos tpicos relacionados ao assunto.
Adicionalmente, analisou-se a aplicao prtica dos procedimentos para a
avaliao de impacto ambiental e comparou-se com procedimentos adotados
h dez anos e descritos na literatura.
A pergunta que esta pesquisa procurou responder foi: Em que estgio se
encontram os procedimentos para a Avaliao de Impacto Ambiental (AIA) na
implantao de novos empreendimentos hidreltricos no Brasil e como esses
procedimentos so aplicados ?
1.2 - Importncia do Estudo
No fim dos anos 80, os indivduos, de forma isolada ou organizada,
comearam a manifestar-se contra a poluio em geral. Acompanhando esta
tendncia, os governos passam a combater o dano ambiental aprovando leis,
fixando padres, promulgando proibies e aplicando regulamentaes
(CAIRNCROSS, 1992).
Alguns estudos indicam que esses indivduos admitem pagar mais caro por
produtos e servios considerados no prejudiciais ao meio ambiente
(BENNETT, 1992).
A crescente preferncia dos consumidores por produtos considerados menos
agressivos ao meio ambiente impe um desafio ao setor produtivo, influindo
fortemente na competitividade das empresas (BANCO DO NORDESTE, 1999).
2Segundo a Associao Brasileira de Normas Tcnicas - ABNT (1996),
organizaes de todos os tipos esto cada vez mais preocupadas em atingir e
demonstrar um desempenho ambiental correto, controlando o impacto de suas
atividades, produtos ou servios no meio ambiente, levando em considerao
sua poltica e seus objetivos ambientais. Esse comportamento se insere no
contexto de uma legislao cada vez mais exigente, do desenvolvimento de
polticas econmicas, de outras medidas destinadas a estimular a proteo ao
meio ambiente e de uma crescente preocupao das partes interessadas em
relao s questes ambientais e ao desenvolvimento sustentvel.
De acordo com ALMEIDA (1998), a questo ambiental enquadra-se na viso
estratgica da empresa e incorpora-se como cultura empresarial. Deixa de ser
vista como um resultado, uma conseqncia, para se incorporar anlise e ao
planejamento do processo produtivo, internalizando o conceito na empresa e
assumindo que este item de qualidade tambm pode ser diferenciador em
termos de competitividade, ao permitir que a empresa se apresente aos seus
pblicos como ambientalmente responsvel.
O que se apresenta neste novo cenrio um indicativo de que a proteo
ambiental est deixando de ser considerada responsabilidade exclusiva dos
rgos oficiais de meio ambiente, passando a ser compartilhada por todos os
setores da sociedade (BANCO DO NORDESTE, 1999).
Adicionalmente, algumas instituies de financiamento, adequaram-se
tendncia mundial, e cientes da sua responsabilidade frente s questes
ambientais, passaram a seguir diretrizes e estratgias para a incorporao da
varivel ambiental no processo de concesso e gesto de crdito e benefcios
fiscais (BANCO DO NORDESTE, 1999).
Outra questo envolvendo cuidados com impactos ao meio ambiente, diz
respeito ao comrcio internacional. Representantes de setores industriais
alegam desvantagens competitivas, por terem que produzir em pases onde a
legislao ambiental mais rgida, devido a custos de reduo da poluio e
aumento do controle ambiental (BAUMOL e OATES, 1975).
3O presente estudo buscar analisar as seguintes questes ambientais
relacionadas implantao de empreendimentos, em particular o caso de
usinas hidreltricas:
- A verificao do estgio em que se encontram os procedimentos
para a avaliao de impacto ambiental de empreendimentos
hidreltricos;
Para tanto necessrio analisar:
- A evoluo do processo de avaliao ambiental, em particular dos
projetos de usinas hidreltricas no Brasil;
- O estgio atual da legislao ambiental brasileira que regula o tema;
- A prtica da aplicao, comparada com referncias dos
procedimentos para a avaliao de impacto ambiental adotadas h
dez anos.
Por sua importncia no cenrio nacional, e seu grande potencial de impacto ao
meio ambiente, o caso de implantao de usinas hidreltricas foi escolhida
para este estudo, uma vez que o parque gerador brasileiro composto,
predominantemente, por usinas hidreltricas, que constituem cerca de 82% da
potncia instalada total. Face ao amplo potencial hidreltrico economicamente
competitivo ainda existente no pas, esta predominncia da gerao de origem
hidrulica dever perdurar, no mnimo, ao longo dos prximos 20 anos
(ENGEVIX, 2002a).
1.3 - Organizao do Estudo
O estudo est organizado em cinco captulos:
Captulo 1 - Introduo: corresponde apresentao do trabalho, seu objetivo
e relevncia;
Captulo 2 Reviso da Literatura: contm um breve histrico sobre a
evoluo da questo ambiental na Histria, os danos que vm sendo causados
pelo homem ao meio ambiente e o reflexo na sociedade, os efeitos nas
empresas de uma forma generalista e que servem como base para a conduo
4deste estudo, fornecendo ferramental para a conceituao e sistematizao.
apresentada, ento, a legislao ambiental vigente no pas, em especial quela
aplicvel a novos empreendimentos hidreltricos. Finalmente, informaes
sobre o setor eltrico brasileiro so apresentadas, com o objetivo de facilitar a
compreenso do texto e da importncia das usinas hidreltricas no pas.
Captulo 3 Metodologia de Pesquisa: neste captulo apresentada a
metodologia que foi adotada para a execuo da pesquisa;
Captulo 4 Descrio dos Casos: corresponde descrio dos
empreendimentos analisados;
Captulo 5 - Concluses e Recomendaes: apresentao dos Concluses e
Recomendaes do estudo. Nesta seo tambm so feitas recomendaes
para pesquisas futuras.
1.4 - Delimitao do Estudo
A inteno deste trabalho avaliar o estgio em que se encontram os
procedimentos para a Avaliao de Impacto Ambiental (AIA) na implantao de
usinas hidreltricas no Brasil, analisando a aplicao prtica desses
procedimentos.
No o objetivo deste estudo propor novos sistemas de gesto ou auditoria
ambiental ou qualquer outro mtodo de avaliao de desempenho ambiental
das empresas.
Tambm no o objetivo deste estudo apresentar o panorama da gesto
ambiental no Brasil nem do Setor Eltrico como um todo.
52 - Reviso da Literatura
Segundo ODUM (1988), ao contrrio do que observado, ecologia e economia
deveriam ser disciplinas companheiras, uma vez que ambas derivam da raiz
grega oikos, com sentido de casa. Uma vez que logia significa estudo:
ecologia seria o estudo do ambiente da casa, incluindo todos os organismoscontidos nela e todos os processos funcionais que a tornam habitvel. J
nomia significa manejo ou gerenciamento, economia significa, ento, manejoda casa.
Os sistemas econmicos de toda e qualquer ideologia poltica valorizam as
coisas feitas por seres humanos que trazem benefcio primariamente para o
indivduo, mas do pouco valor aos produtos e servios da natureza que
trazem benefcio a toda a sociedade. Enquanto no ocorre uma crise,
aproveitamos esses servios e produtos naturais sem pensar; imaginamos que
so ilimitados ou, de certa forma, substituveis por inovaes tecnolgicas,
apesar de evidncias que indicam o contrrio (ODUM, 1988).
Entende-se que um estudo sobre as percepes dos consumidores, o
comportamento das empresas e dos governos em relao ao meio ambiente,
passa obrigatoriamente por uma anlise dos impactos causados pelo homem
natureza, a fim de se compreender a importncia que dada atualmente
proteo ambiental.
No caso da implantao de novos empreendimentos, necessrio conhecer o
processo ao qual os mesmos so submetidos para obterem seus
licenciamentos ambientais. Por isso apresentado neste trabalho, um
levantamento da legislao vigente.
Para um entendimento da importncia de novos empreendimentos hidreltricos
no pas, feita uma descrio do Setor Eltrico Brasileiro e de fontes
alternativas de energia.
62.1 - Histrico
Segundo Hipcrates (460-377) na Grcia Antiga, os vapores provenientes das
fbricas de derreter prata infestavam o ar. O imperador romano Dioclcio (243-
316) escreveu em seu texto Hygienia contra a "sujeira do ar", que era tanta que
o excesso de fuligem no ar obrigou os senadores a deixar de usar seus trajes
brancos.
A Revoluo Industrial um marco na nossa histria. Naquela poca homens
e meio ambiente foram explorados abusivamente, ignorando-se
completamente a poluio do ar ou da gua. A partir daquele marco, a
poluio comeou a ganhar outras propores, com efeitos globais
(SILVERSTEIN, 1993).
Essa poluio do meio ambiente e a explorao do homem acelerou
grandemente a acumulao de capital no qual o mundo industrializado est
baseado, segundo HARDIN (1985). Porm, mesmo que justificveis nos
estgios iniciais do desenvolvimento para a produo de bens, chegamos em
um ponto na Histria em que no mais possvel postergar os custos
humanos e ambientais do desenvolvimento sem incorrer na difuso de danos
no sistema global que d suporte vida.
Na dcada de 70, de acordo com BARNES e FERRY (1992), as interaes das
empresas com o governo no que tange aos problemas ambientais, nos EUA,
podiam ser descritas como de confronto, as empresas tipicamente se opunham
s imposies de controle ambiental devido aos custos envolvidos e
procuravam sempre que possvel adiar sua instalao.
Nos anos 80, as empresas dos EUA passaram a desempenhar um papel pr-
ativo, procurando influenciar o curso de novas legislaes e regulamentaes.
Muitas corporaes criaram em suas estruturas organizacionais posies de
alto nvel de apoio para monitorarem o cumprimento das legislaes
ambientais e dirigirem os programas ambientais das companhias (BARNES e
FERRY, 1992).
7Como a preocupao do pblico e as questes a respeito do meio ambiente
tomaram propores globais, os anos 90 foram proclamados como a dcada
mundial do meio ambiente. Em 1990, na reunio anual do World Economic
Forum, o meio ambiente foi ordenado em primeiro lugar como desafio para as
empresas. O foco das empresas foi mudado para a minimizao do potencial
do impacto nocivo que a produo, processamento, consumo e descarte
produzir no meio ambiente e naqueles que ali habitam (BARNES e FERRY,
1992).
2.2 - Danos ao Meio Ambiente
Os sintomas do estresse ambiental j so facilmente perceptveis e continuam
crescendo. De acordo com a CMMD (1991), esto ocorrendo mudanas
inesperadas na atmosfera, nos solos, nas guas, na flora e na fauna, assim
como na relao entre todos eles. O ritmo das mudanas vem suplantando os
conhecimentos cientficos e nossa capacidade atual de avaliao e
aconselhamento.
Para entender a mudana ambiental global, conforme descrito por NRC (1993),
preciso concentrar-se nas interaes entre os sistemas ambientais, inclusive
a atmosfera, a biosfera, a geosfera e a hidrosfera, e os sistemas humanos,
inclusive econmicos, polticos, culturais e scio-tecnolgicos. Os sistemas
humanos e os sistemas ambientais encontram-se em dois pontos: onde as
aes humanas proximamente causam mudana ambiental, ou seja, onde elas
alteram diretamente aspectos do meio ambiente, e onde as mudanas
ambientais afetam diretamente aquilo que os seres humanos valorizam. As
principais questes sobre as causas humanas envolvem as fontes subjacentes
ou as foras sociais propulsoras que do origem s causas prximas de
mudana global.
2.2.1 - Causas Humanas
De acordo com NRC (1993), quase todas as atividades humanas tm alguma
pertinncia potencial mudana global. Pesquisadores de uma variedade de
campos tm estudado as interaes dos seres humanos com o meio ambiente,
8comumente dentro dos limites de disciplinas isoladas e quase sempre abaixo
do nvel global. Eles tm demonstrado que um complexo de variveis sociais,
polticas, econmicas, tecnolgicas e culturais, s vezes citadas como foras
propulsoras, influencia as atividades humanas que proximamente podem
causar mudana global.
NRC (1993) classificou as foras propulsoras da seguinte forma:
- Crescimento Populacional: cada pessoa reclama do meio ambiente
alguma coisa para as necessidades bsicas da vida alimento, gua,
vesturio, moradia e etc.. Se tudo o mais for igual, quanto maior o
nmero de pessoas, maiores as exigncias impostas ao meio
ambiente para a proviso de recursos e absoro de resduos e
poluentes;
- Crescimento Econmico: o crescimento econmico necessariamente
submete o meio ambiente presso, mas a quantidade de presso
proveniente de determinada quantidade de crescimento depende,
entre outras coisas, do padro de bens e servios produzidos, da
populao e da base de recursos para o desenvolvimento, das formas
de organizao da poltica nacional e das polticas de
desenvolvimento;
- Mudana Tecnolgica: a tecnologia pode influir na mudana ambiental
ao desvendar novas maneiras de se descobrir e explorar recursos
naturais ou ao mudar o volume de recursos exigidos ou a
quantidade ou tipo de resduos produzidos por unidade de produo;
- Instituies Poltico-Econmicas: O meio ambiente global reage s
aes dos mercados, dos governos e da economia poltica
internacional. Os mercados so sempre imperfeitos e o impacto da
atividade econmica sobre o meio ambiente depende de qual mtodo
de administrao ambiental em mercado imperfeito est sendo usado.
A estrutura e as polticas governamentais tambm podem ter
significativas conseqncias ambientais, intencionais ou no. E a
economia poltica internacional, com sua diviso global da mo-de-
9obra e riqueza, pode promover abusos ambientais, particularmente
nos pases mais pobres;
- Atitudes e Convices: As convices, atitudes e valores relacionados
s posses materiais e a relao entre humanidade e natureza
freqentemente so vistas como algo que repousa na raiz da
degradao ambiental. Os maiores efeitos de tais atitudes e
convices talvez sejam independentes a longo prazo, numa escala
de tempo de algumas geraes humanas ou mais. Dentro de prazos
de vidas particulares, as atitudes e convices podem ter significativa
influncia sobre o comportamento no uso dos recursos, at mesmo
quando as variveis scio-estruturais e econmicas se mantm
constantes.
No obstante cada uma dessas foras propulsoras seja importante em certos
momentos e sob certas circunstncias, grande parte permanece desconhecida
em relao ao que determina a importncia relativa das mesmas, como elas
afetam umas s outras, e como as foras propulsoras em lugares particulares
se combinam para produzir efeitos globais (NRC, 1993).
2.3 - Efeitos nas Empresas
Conforme j foi citado no Captulo 1, as empresas passaram a estar inseridas
em um novo cenrio, com consumidores mais preocupados com as causas
ambientais e com legislaes ambientais mais rgidas.
2.3.1 - Gesto Ambiental e ISO 14.000
De acordo com a ABNT (1996), sistema de gesto ambiental a parte dosistema de gesto global que inclui estrutura organizacional, atividades de
planejamento, responsabilidades, prticas, procedimentos, processos e
recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter
a poltica ambiental.
As normas internacionais de gesto ambiental tm por objetivo prover s
organizaes os elementos de um sistema de gesto ambiental eficaz,
10
passvel de integrao com outros requisitos de gesto, de forma a auxili-las
a alcanar seus objetivos ambientais e econmicos, no tendo sido concebidas
para criar barreiras comerciais no-tarifrias, nem para ampliar ou alterar as
obrigaes legais de uma organizao (ABNT, 1996).
Em relao aos processos produtivos, VITERBO (1998) sugere que seja
considerado o princpio dos 4 Rs na reduo da poluio:
- Reutilizao (de matrias-primas e de resduos);
- Reciclagem (de produtos e embalagens);
- Reduo (da gerao de resduos, atravs da melhoria dos
processos);
- Substituio - Replacement (de matrias-primas e de processos).
2.3.2 - Marketing Ambiental
De acordo com CODDINGTON (1993), atualmente outro grande influenciador
atua no processo de planejamento e implantao de Marketing: o meio
ambiente. Meio ambiente aqui referindo-se aos impactos ambientais dos
processos de manufatura, gerncia e marketing.
Em resposta presso regulatria, algumas empresas se limitam a atender o
mnimo requerido por lei. Apesar de legalmente adequado, este
comportamento estrategicamente regressivo. Pensando mais adiante, os
administradores esto identificando e avaliando novas oportunidades de
negcios relacionados ao meio ambiente, indo desde a preveno da poluio
e tecnologias mais eficientes at a educao ambiental e promoo de
produtos verdes (CODDINGTON, 1993).
O meio ambiente acrescentado mistura de variveis para a tomada de
decises, sendo entretanto uma varivel nica, pois onipresente, servindo
sobre todas as decises estratgicas, no importando qual o assunto: projeto e
desenvolvimento de produto ou embalagem, rotulagem e propaganda, ou
estratgia de promoo (DALTRO-SANTOS, 1996).
11
CODDINGTON (1993) ressalta que para muitos consumidores, uma
considerao altrustica sobre a contaminao e degradao de seu meio
ambiente fsico natural acompanhada de preocupaes pessoais e prticas
sobre o impacto ambiental implicando em danos na sua prpria sade e
segurana e daqueles que amam. A elevada natureza das ansiedades
ambientais dos consumidores as tornam duplamente importantes para que os
profissionais de marketing exercitem extremo cuidado quando incorporam o
meio ambiente nas suas decises sobre os negcios, gerenciando
cuidadosamente, mas no defensivamente.
De acordo com LIVESEY (1999), o estabelecimento das alianas verdes
podem beneficiar um negcio no s em termos de credibilidade ambiental,
mas atravs de uma ampla extenso de outras frentes de negcios.
2.4 - O Licenciamento Ambiental
Nesta seo so apresentados os procedimentos necessrios para o
Licenciamento Ambiental, assim como a referncia da legislao na qual esses
procedimentos esto estabelecidos.
A Constituio de 1988 trata sobre o meio ambiente ao longo de vrios artigos,
bem como das imposies legais de preserv-lo. H na Constituio um
sistema ambiental definido, no sendo este tema restrito a disposies
esparsas.
H no pas uma estrutura mnima capaz de assegurar que no haja destruio
em termos ambientais.
Ao Ministrio Pblico est atribuda a tarefa constitucional de agir judicialmente
em defesa dos bens ambientais.
Por outro lado, a Constituio da Repblica no seu art. 225, estatui que todos
tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e
coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras
geraes.
12
Deve-se atentar tambm para o estabelecido no art. 5 inciso XXIII, que
reformulou a caracterstica do direito de propriedade. Antes da Constituio
este direito era absoluto quele que o detinha. Atualmente, a propriedade deve
atender a sua funo social, que de acordo com o art. 186 que trata da
propriedade rural , entre outros, a preservao do meio ambiente
(COMASE, 1999).
Finalmente, importante ressaltar que, antes da Lei 6.938/81, no havia no
direito brasileiro uma preocupao sistemtica com a tutela ambiental e, o que
mais importante, a preocupao com a defesa do meio ambiente era sempre
uma preocupao secundria da legislao.
As normas que compem o ordenamento jurdico encontram-se dispostas
segundo uma hierarquia e formando uma espcie de pirmide. A Constituio
da Repblica ocupa o ponto mais alto, o pice desta pirmide legal, fazendo
com que todas as demais normas que lhe vm abaixo encontrem-se a ela
subordinadas. Estar juridicamente subordinada implica em que uma
determinada norma prevalea sobre a inferior em qualquer caso em que ela
conflite. A norma superior demanda obedincia da subordinada, de tal sorte
que esta lhe dever dar sempre inteiro cumprimento sob pena de vir a ser
viciada (COMASE, 1999).
A Constituio da Repblica no seu artigo 59 estabelece o processo legislativo
brasileiro, de forma hierrquica, compreendendo:
I. emendas Constituio;
II. leis complementares;
III. leis ordinrias;
IV. leis delegadas;
V. medidas provisrias;
VI. decretos legislativos;
VII. resolues.
13
COMASE (1999) apresenta a legislao ambiental de interesse do setor
eltrico.
A Lei Federal 6.938 de 31 de agosto de 1981, estabelece a Poltica Nacional
do Meio Ambiente (PNMA), define fins e mecanismos de formulao e
aplicao da PNMA, alm de criar o Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
Anteriores Lei 6.938/81, o Decreto 24.643/34 (Cdigo de guas), e a Lei
6.803 de 2 de julho de 1980 (Zoneamento Industrial nas reas Crticas de
Poluio), j tratavam a questo ambiental, sendo que esta ltima j
estabelece os estudos de impacto ambiental como exigncia para a localizao
industrial de plos petroqumicos, cloroqumicos, carboqumicos, centrais
nucleares, entre outras atividades.
Os procedimentos de licenciamento ambiental atuais so estabelecidos nas
Resolues CONAMA n 001, de 23 de janeiro de 1986, e n 237, de 19 de
dezembro de 1997 e, para empreendimentos do setor eltrico, de forma
complementar, na Resoluo CONAMA n 006, de 16 de setembro de 1987.
A Resoluo CONAMA n. 279 de 27 de junho de 2001, foi criada devido
necessidade de incremento da oferta de energia eltrica no Pas, considerando
a crise de energia eltrica e a necessidade de atender a celeridade
estabelecida pela Medida Provisria. n 2.152-2, de 1 de junho de 2001.
O processo de Avaliao de Impacto Ambiental no Brasil, de acordo com
MAGRINI (1992), apesar de ser inspirado no modelo americano, aproxima-se
do modelo europeu, existindo entretanto algumas especificidades relevantes.
Ainda, de acordo com MAGRINI (1992), o quadro institucional brasileiro
apresenta uma estrutura mais descentralizada. A legislao brasileira a nica
dentre os pases analisados naquele estudo (Brasil, Itlia, Frana, EUA e CEE)
que especifica que o EIA deve ser analisado por equipe multidisciplinar no
dependente direta ou indiretamente do proponente do projeto.
14
A participao do pblico no processo se assemelha ao modelo europeu,
permitindo comentrios ao RIMA e estabelecendo a necessidade de realizao
de audincia pblica.
Abaixo so apresentadas, em sntese, as Resolues CONAMA n 001/86, n
006/87, n 237/97 e n 279/01, indicando os procedimentos estabelecidos, por
estas resolues, no licenciamento ambiental de usinas hidreltricas. Estas
Resolues so apresentadas, na ntegra, nos anexos.
2.4.1 - Resoluo CONAMA n 001, de 23/01/86
A Resoluo CONAMA n 001/86 estabelece definies, responsabilidades,
critrios bsicos e diretrizes gerais para uso e implementao da Avaliao do
Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Poltica Nacional do Meio
Ambiente.
A Resoluo considera como impacto ambiental qualquer alterao das
propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do meio ambiente, causada por
qualquer forma de matria ou energia resultante das atividades humanas (...).
A mesma resoluo estabelece que depender de elaborao de Estudo de
Impacto Ambiental EIA e respectivo Relatrio de Impacto Ambiental - RIMA,
a serem submetidos aprovao do rgo competente (rgo estadual,
IBAMA ou o municpio), o licenciamento de atividades modificadoras do meio
ambiente. No caso de usinas hidreltricas, esta resoluo estabelece esta
necessidade em obras hidrulicas para explorao de recursos hdricos, tais
como: barragem para fins hidreltricos, acima de 10MW.
2.4.2 - Resoluo CONAMA n 006, de 16/09/87
A Resoluo CONAMA n 006/87 resolve que as concessionrias de
explorao, gerao e distribuio de energia eltrica, ao submeterem seus
empreendimentos ao licenciamento ambiental perante o rgo competente,
devero prestar as informaes tcnicas sobre o mesmo.
Caso o empreendimento necessite ser licenciado por mais de um Estado, pela
abrangncia de sua rea de influncia, os rgos estaduais devero manter
15
entendimento prvio no sentido de, na medida do possvel, uniformizar as
exigncias. O IBAMA supervisionar estes entendimentos.
Na hiptese dos empreendimentos de aproveitamento hidreltrico, respeitadas
as peculiaridades de cada caso, a Licena Prvia (LP) dever ser requerida no
incio do estudo de viabilidade da Usina; a Licena de Instalao (LI) dever
ser obtida antes da realizao da Licitao para construo do
empreendimento1 e a Licena de Operao (LO) dever ser obtida antes do
fechamento da barragem.
A Resoluo CONAMA n 006/87 estabelece a documentao necessria para
cada etapa do licenciamento.
2.4.3 - Resoluo CONAMA N 237, de 19/12/97
O CONAMA, atravs da Resoluo n 237, de 19 de dezembro de 1997,
definiu os empreendimentos e atividades que esto sujeitos ao licenciamento
ambiental e que o licenciamento ser efetuado em um nico nvel de
competncia, repartindo-se harmonicamente as atribuies entre o IBAMA, em
nvel federal, os rgos ambientais estaduais e os rgos ambientais
municipais.
A Resoluo CONAMA 237/97 foi estabelecida devido necessidade de
reviso dos procedimentos e critrios utilizados no licenciamento ambiental, de
forma a efetivar a utilizao do sistema de licenciamento como instrumento de
gesto ambiental, institudo pela Poltica Nacional do Meio Ambiente.
2.4.4 - Resoluo CONAMA n 279, de 27/06/01
Esta Resoluo foi criada em meio crise energtica de 2001, onde o
CONAMA teve a necessidade de estabelecer procedimento simplificado para o
licenciamento ambiental, com prazo mximo de sessenta dias de tramitao,
dos empreendimentos com impacto ambiental de pequeno porte, necessrios
1 Atualmente a ANEEL est licitando os Aproveitamentos Hidreltricos antes da obteno da
Licena Prvia.
16
ao incremento da oferta de energia eltrica no pas e necessidade de atender
celeridade estabelecida pela Medida Provisria. n 2.152-2.
Porm, existe uma dificuldade em definir-se, a priori, impacto ambiental de
pequeno porte, antes da anlise dos estudos ambientais que subsidiam o
processo de licenciamento ambiental e, tendo em vista as diversidades e
peculiaridades regionais, bem como as complexidades de avaliao dos efeitos
sobre o meio ambiente decorrentes da implantao de projetos de energia
eltrica.
Esta Resoluo, apesar da necessidade da implantao de um procedimento
simplificado, deve estar em concordncia com os dispositivos constitucionais.
Os procedimentos e prazos estabelecidos nesta Resoluo, aplicam-se, em
qualquer nvel de competncia, ao licenciamento ambiental simplificado de
empreendimentos eltricos com pequeno potencial de impacto ambiental, a
includas as usinas hidreltricas e sistemas associados, que devero ser
analisados em conjunto com aos empreendimentos principais.
Nesta Resoluo, foi definido o Relatrio Ambiental Simplificado (RAS), que
so os estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados ao
empreendimento, que dever conter as informaes relativas ao diagnstico
ambiental da regio de insero do empreendimento, sua caracterizao, a
identificao dos impactos ambientais e das medidas de controle, de mitigao
e de compensao.
O prazo para emisso da Licena Prvia - LP e da Licena de Instalao - LI
ser de, no mximo, 60 (sessenta) dias, contados a partir da data do protocolo
do requerimento das respectivas licenas.
A Licena de Operao ser emitida pelo rgo ambiental competente no
prazo mximo de 60 (sessenta) dias aps seu requerimento, desde que
tenham sido cumpridas todas as condicionantes da Licena de Instalao.
17
2.5 - Estudos de Viabilidade
ELETROBRS (1997) vem a ser uma referncia para o Setor, no que diz
respeito implantao de empreendimentos hidreltricos e conduo de
estudos de viabilidade. Aquele estudo destina-se a servir como roteiro bsico
para programao, contratao, elaborao, controle da execuo e
verificao da qualidade dos estudos de viabilidade (...) constituindo-se,
essencialmente, num Termo de Referncia. Dessa forma, ELETROBRS
(1997) apresenta as atividades que devem ser desenvolvidas para a
comprovao da viabilidade tcnica, econmica e ambiental de
aproveitamentos hidreltricos.
2.5.1 - Etapas de Estudos e Projetos para Implantao de um AHE
As etapas de estudos e projetos para implantao de um aproveitamento
hidreltrico so as seguintes (ELETROBRS, 1997):
- Estimativa do Potencial Hidreltrico: a etapa dos estudos em que
se procede anlise preliminar das caractersticas da bacia
hidrogrfica, especialmente quanto aos aspectos topogrficos,
hidrolgicos, geolgicos e ambientais, no sentido de verificar a
vocao da bacia para gerao de energia eltrica. Essa anlise,
exclusivamente pautada nos dados disponveis, permite efetuar uma
primeira avaliao do potencial, definir prioridades, prazos e os
custos dos estudos da etapa seguinte;
- Estudos de Inventrio Hidreltrico: a etapa em que se determina o
potencial hidreltrico da bacia hidrogrfica e se estabelece a melhor
diviso de queda, mediante a identificao dos aproveitamentos que,
no seu conjunto, propiciem o mximo de energia, ao menor custo e
com o mnimo impacto ao meio ambiente. Essa anlise efetuada
com base em dados secundrios, complementados com essenciais
informaes de campo, e pautada em estudos bsicos
hidrometeorolgicos, energticos, geolgicos, ambientais e outros
usos de gua. Dessa anlise resultar um conjunto de
18
aproveitamentos, suas principais caractersticas, estimativas de
custo, ndices custo-benefcio e ndices ambientais. Nesta etapa
solicitada a Licena Prvia;
- Estudos de Viabilidade: a etapa em que se define a concepo
global de um dado aproveitamento, da diviso de queda selecionada
na etapa anterior, visando sua otimizao tcnico-econmica e
ambiental e a obteno de seus benefcios e custos associados.
Essa concepo compreende o dimensionamento do
aproveitamento, as obras de infra-estrutura local e regional
necessrias sua implantao, o reservatrio, a rea de influncia,
os outros usos da gua e as aes scio-ambientais
correspondentes. Nesta etapa so apresentados o EIA e o RIMA. Ao
final desta etapa obtida a Licena Prvia, a aprovao dos estudos
e o empreendimento posto em processo de licitao;
- Projeto Bsico: a etapa em que o aproveitamento concebido nos
Estudos de Viabilidade, detalhado de modo a definir, com maior
preciso, as caractersticas tcnicas do projeto, as especificaes
tcnicas das obras civis e equipamentos eletromecnicos, bem como
programas scio-ambientais. Nesta etapa solicitada a Licena de
Instalao e apresentado o Projeto Bsico Ambiental (PBA). Ao
final desta etapa, os estudos so aprovados e a autorizao da
construo e a Licena de Implantao so obtidas (ELETROBRS,
1995);
- Projeto Executivo/Construo: a etapa em que se processa a
elaborao dos desenhos de detalhamento das obras civis e dos
equipamentos eletromecnicos, necessrios execuo da obra e
montagem dos equipamentos. Nesta etapa so tomadas todas as
medidas pertinentes implantao do reservatrio. Nesta etapa
solicitada a Licena de Operao, que obtida ao final da etapa e
antes da fase de enchimento do reservatrio.
19
Quadro 2-1: Sistemtica de Planejamento e Licenciamento dos
Empreendimentos Hidreltricos
rgo
Con
cede
nte
Aprovaodos Estudos eLicitao para
Concesso
Aprovaodos Estudos eAutorizao
de Construo
Etap
as d
oEm
pree
ndim
ento
Inventrio Viabilidade Projeto BsicoProjeto
Executivo /Construo
Operao
rg
o A
mbi
enta
l
Solicitao daLicenaPrvia
Apresentaodo EIA / RIMA
Obteno daLP
Solicitao daLI /
Apresentaodo PBA
Obteno daLI
Solicitao daLO
Obteno daLO
Renovao daLO
Fonte: ELETROBRS, 1997
2.5.2 - Objetivos dos Estudos de Viabilidade
O conceito de Estudos de Viabilidade, visa aos seguintes objetivos:
- Concluir sobre a exeqibilidade ou no do aproveitamento atravs de
avaliaes, anlises e definies fundamentadas nos custos e nos
benefcios mltiplos que podem ser obtidos;
- Subsidiar a tomada de decises quanto poca de incio de
construo do aproveitamento hidreltrico;
- Subsidiar a elaborao dos documentos necessrios para o
licenciamento ambiental;
20
- Subsidiar as aes junto a rgos pblicos e privados, visando
otimizar a utilizao dos recursos naturais existentes na rea do
futuro aproveitamento, e promover sua insero na regio.
Para que os objetivos mencionados sejam atingidos, necessrio que os
estudos sejam realizados de maneira uniforme e homognea, devendo,
portanto, ser considerado o emprego dos critrios bsicos que devem nortear a
qualidade e quantidade dos estudos. Os critrios bsicos utilizados devero
ser indicados nos estudos.
2.5.3 - Aspectos Institucionais e Legais
Os aspectos institucionais e legais, de interesse realizao dos Estudos de
Viabilidade que devem ser considerados, desde a autorizao at a aprovao
dos estudos pela ANEEL, abrangem uma faixa ampla da legislao vigente,
tendo como linhas mestras a Constituio da Repblica Federativa do Brasil,
de 1988, o Cdigo de guas - Decreto n 24.643, de 10 de julho de 1934, a
Poltica Nacional de Meio Ambiente, Lei n 6938, de 31 de agosto de 1981, a
Poltica Nacional de Recursos Hdricos, Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997 e
legislao subseqente. Destaca-se, a Lei n 9.427, de 26 de dezembro de
1996, que criou a Agncia Nacional de Energia Eltrica -ANEEL.
Para iniciar-se o Estudo de Viabilidade de um aproveitamento hidreltrico, a
Agncia Nacional de Energia Eltrica dever ser informada, para fins de
registro. Se houver interesse, seja na realizao de levantamentos de campo
em terrenos marginais de propriedade de terceiros, seja no futuro
ressarcimento dos custos incorridos nos estudos, pelo vencedor da licitao da
concesso do aproveitamento, dever ser solicitada e obtida uma autorizao
de estudos daquela Agncia (Lei no 9.427).
A autorizao para elaborao dos Estudos de Viabilidade e a aprovao do
Relatrio Final so importantes para garantir o ressarcimento parcial ou
integral dos investimentos realizados, quando a concesso do aproveitamento
hidreltrico for levada licitao pblica.
21
Os gastos realizados por pessoas fsicas ou jurdicas para desenvolvimento de
Estudos de Viabilidade de aproveitamentos hidreltricos, cuja concesso ser
objeto de licitao, devero atender s exigncias da ANEEL para eventual
reembolso pelo vencedor da licitao. A solicitao de autorizao dos estudos
dever ser acompanhada de uma estimativa detalhada dos custos dos
mesmos, assim como, a solicitao de aprovao dever ser acompanhada de
demonstrao dos gastos incorridos.
Os procedimentos recomendados tm carter geral, independem do tipo de
pessoa jurdica (empresa estatal, privada, etc.) que realizar o estudo e da
destinao da energia a ser gerada pelo potencial (autoproduo, produo
independente, ou servio pblico).
2.5.4 - Estudos de Viabilidade e Licitaes de Concesses
Os Estudos de Viabilidade para se constiturem em documento de suporte
tcnico de um processo de licitao, para outorga de concesso do
aproveitamento hidreltrico, devem atender s seguintes condies
(ELETROBRS, 1997):
a) conter dados relativos obra, inclusive ou dentre os quais os
elementos de projeto que permitam sua plena caracterizao,
os quais devem ser preservados no projeto bsico (inciso XV,
art. 18 da Lei n 8.987, de 13 de fevereiro de 1995);
b) atender o conceito de aproveitamento timo do potencial,
com o que poder ser atribudo ao licitante vencedor a
responsabilidade pelo desenvolvimento dos projetos bsico e
executivo. Considera-se aproveitamento timo, todo
potencial definido em sua concepo global pelo melhor eixo
do barramento, arranjo fsico geral, nveis dgua operativos,
reservatrio e potncia, integrante da alternativa escolhida
para diviso de quedas de uma bacia hidrogrfica. ( 2 e 3
do art. 5 da Lei n 9.074, de 07 de julho de 1995);
22
c) conter os dados relativos aos custos de implantao que
permitam calcular o valor de tarifa resultante de energia, nos
casos de venda para servio pblico (art. 9, 14 e 15 da Lei
n 8987, de 13 de fevereiro de 1995);
d) conter o projeto de integrao da usina com a rede bsica de
transmisso;
e) atender o art. 21 da Lei n 8.987, de fevereiro de 1995,
havendo interesse em que o vencedor da licitao ressara os
dispndios efetuados nos estudos e projetos;
f) vir instrudo com o pertinente licenciamento ambiental.
2.5.5 - Licenciamento Ambiental
Com relao aos aspectos scio-ambientais, um aproveitamento hidreltrico
est submetido a dois processos de autorizao: um junto ANEEL e outro
junto ao rgo competente de licenciamento ambiental.
No primeiro caso, os aspectos scio-ambientais so analisados mediante a
apresentao do Relatrio Final dos Estudos de Viabilidade, buscando a
comprovao da viabilidade do aproveitamento em todos os seus aspectos de
engenharia, energticos, econmicos.
O segundo caso, corresponde ao atendimento da legislao ambiental vigente,
a qual j foi citada anteriormente.
2.6 - A Anlise Multicritrio
Como a influncia de fatores subjetivos est presente na avaliao de
impactos ambientais de empreendimentos, foi sugerida a aplicao de uma
metodologia que utiliza a anlise multicritrio (AMC), com o objetivo de tornar
as anlises mais coerentes, transparentes, sistemticas e de base terica mais
slida.
A AMC fundamenta-se em conceitos e mtodos desenvolvidos no mbito de
diferentes disciplinas como a economia, a pesquisa operacional, a teoria das
23
organizaes e a teoria social das decises. Surge num contexto crtico ao
modelo racional clssico da teoria das decises, passando de uma concepo
na qual o decisor e critrio so nicos e a informao perfeita para um
enfoque que considera seja a pluralidade dos atores e dos critrios, seja a
imperfeio da informao (GIANGRANDE Apud MAGRINI, 1992). A AMC tem
sido aplicada no auxlio de acidentes decisrios de natureza diversa que
envolvem pontos de vista diferenciados e, por vezes, contraditrios.
Segundo MAGRINI (1992), Embora no se possa estabelecer uma teoria
nica de AMC, so recorrentes na literatura especializada alguns conceitos de
base como: ator, ao, critrio e famlia de critrios. Sempre em termos gerais,
a anlise multicritrio operada segundo um esquema seqencial de fases
no esttico nem linear que pressupe realimentaes, revises e
reformulaes no decorrer do processo. As etapas bsicas do processo so:
definio das aes potenciais ou desejveis a serem analisadas, formulao
dos critrios de anlise, avaliao das aes com base em cada critrio e
agregao final utilizando um mtodo de AMC.
Ainda de acordo com MAGRINI (1992), o termo ator empregado para
designar o indivduo que tem a capacidade de influenciar direta ou
indiretamente a deciso.
Uma ao a representao que um ator constri para si da soluo de um
problema ou de um elemento que permite avanar no sentido da soluo.
Um critrio um indicador, ndice ou funo que permite estabelecer um
julgamento de preferncia entre aes. Para cada ao identifica-se um
conjunto de conseqncias e procede-se decomposio das mesmas em
conseqncias elementares. cada conseqncia elementar corresponde um
critrio. O conjunto de critrios deve satisfazer certas condies e deve ser
coerente. Os critrios devem ser independentes entre si e restrito ao menor
nmero possvel (MAGRINI, 1992).
A quantificao de critrios, composta da definio de escalas de mensurao
e do estabelecimento de pesos, um aspecto fundamental relativo aos
critrios.
24
A avaliao de aes com base nos critrios se traduz, normalmente, numa
matriz de julgamentos ou de avaliao que relaciona cada ao potencial a
cada critrio. A escolha do mtodo de AMC a ser empregado posteriormente
para efetuar a agregao, depende do tipo de aplicao e da problemtica
decisria de referncia (MAGRINI, 1992).
A utilizao da AMC no mbito da quantificao de impactos ambientais
ainda muito restrito. De acordo com MAGRINI (1992), as vantagens da AMC
neste campo de estudo seriam:
- permitir uma anlise sistematizada, no esttica e gradual;
- fundamentar-se em pressupostos tericos slidos;
- permitir operar uma avaliao com base em critrios diversos, seja
quantitativos ou qualitativos, e em presena de imperfeio de
informao;
- admitir pontos de vista diferenciados;
- agregar aspectos de carter terico e tcnico aos processos de
dilogo e negociao.
De acordo com MAGRINI (1992), a AMC aplicada ao encaminhamento da AIA
um mtodo que admite as limitaes e a complexidade do problema,
operando de forma dinmica e transparente. A aplicao da AMC mostra-se
particularmente apropriada para comparar alternativas de projeto (aes),
sendo no caso da AIA, recomendvel para a fase que antecede a tomada de
deciso em termos de impactos ambientais (critrios).
Ainda de acordo com MAGRINI (1992), a AMC pode ser utilizada no mbito da
AIA de um nico projeto para identificar alm de seu grau de impacto global, as
aes mais impactantes e portanto mais sujeitas a modificaes e mitigaes.
O modelo apresentado neste estudo considera a pontuao utilizando a
anlise multicritrio, que vem a ser um procedimento simples onde dada uma
pontuao para cada alternativa em cada critrio num problema de tomada de
deciso (RAGSDALE, 2001).
25
Devem ser dadas ponderaes ou pesos para cada critrio, indicando a
importncia relativa entre os critrios.
A pontuao de cada critrio deve variar de zero a um e a soma das
ponderaes deve somar um.
Sob o ponto de vista ambiental, a melhor alternativa seria a que apresentasse
menor pontuao, ou seja: menor impacto ambiental.
2.7 - O Setor Eltrico Brasileiro
Para uma maior compreenso deste trabalho, necessrio conhecer o setor
eltrico brasileiro e a importncia que a gerao hidrulica tem no sistema.
Portanto, so apresentados nesta seo informaes sobre o planejamento e
funcionamento do setor.
2.7.1 - Organizao do Setor
A reforma do Estado no Brasil comeou a ser desenhada com a aprovao da
Lei de Concesso dos Servios Pblicos, Lei 8.987, de fevereiro de 1995. Os
artigos dispostos nesta primeira iniciativa precisavam ser aprofundados para
permitir o ingresso de recursos da iniciativa privada no aumento da oferta de
energia eltrica. Ento, quatro meses depois, em julho de 1995, a Lei 9.074
regulamentou a legislao anterior no que diz respeito ao mercado de energia.
No ano seguinte, a Lei 9.427, em 26 de dezembro de 1996, criou a Agncia
Nacional de Energia Eltrica - ANEEL, cujo regulamento foi definido no Decreto
2.335, em 6 de outubro de 1997. O decreto estabelece as diretrizes da ANEEL,
suas atribuies e estrutura bsica. Em 28 de novembro de 1997, a ANEEL
teve seu Regimento Interno aprovado pela Portaria MME n 349 (ANEEL,
2002).
O Setor Eltrico Brasileiro, portanto, est em processo de reestruturao para
introduzir a competio nos segmentos de gerao e comercializao, atravs
da desverticalizao das empresas e do livre acesso aos sistemas de
transmisso e distribuio. Fazem parte deste novo modelo entidades
especializadas para executar as funes de regulao, planejamento da
26
expanso, operao e comercializao de energia de curto prazo. A ANEEL, o
ONS Operador Nacional do Sistema e o MAE Mercado Atacadista de
Energia, desempenham especificamente a primeira, a terceira e a quarta
funes. A entidade responsvel pelo planejamento da expanso o recm
criado Comit Coordenador do Planejamento da Expanso dos Sistemas
Eltricos CCPE, vinculado ao Ministrio das Minas e Energias. Esse rgo ir
substituir paulatinamente o GCPS - Grupo Coordenador de Planejamento dos
Sistemas Eltricos, que era vinculado ELETROBRS (THEMAG, 2000a).
A ANEEL uma autarquia em regime especial, vinculada ao Ministrio de
Minas e Energia - MME, que tem como atribuies: regular e fiscalizar a
gerao, a transmisso, a distribuio e a comercializao da energia eltrica,
defendendo o interesse do consumidor; mediar os conflitos de interesses entre
os agentes do setor eltrico e entre estes e os consumidores; conceder,
permitir e autorizar instalaes e servios de energia; garantir tarifas justas;
zelar pela qualidade do servio; exigir investimentos; estimular a competio
entre os operadores e assegurar a universalizao dos servios.
A misso da ANEEL proporcionar condies favorveis para que o mercado
de energia eltrica se desenvolva com equilbrio entre os agentes e em
benefcio da sociedade (ANEEL, 2002).
A ANEEL surgiu, desta forma, da reestruturao do setor eltrico brasileiro. O
Estado abriria mo, gradualmente, dos meios de produo do setor eltrico e
passaria a ser regulador e fiscalizador da qualidade dos servios prestados
populao. ANEEL foi reservado o papel de regular e fiscalizar o novo
mercado, que se estabeleceu no Pas a partir da introduo da livre
competio nos segmentos de gerao e comercializao de energia eltrica.
2.7.2 - O Mercado de Energia Eltrica
Os empreendimentos so, no novo modelo, bem-vindos, desde que sigam as
orientaes da poltica energtica do Governo e respeitem o meio ambiente. E
ainda quando os servios prestados resultam em preos finais que podem ser
absorvidos pelo mercado consumidor, bem como remuneram de modo
27
satisfatrio os investimentos e despesas operacionais das empresas (ANEEL,
2002).
So as seguintes as definies dos agentes:
Autoprodutor de energia eltrica - a pessoa fsica ou jurdica ou empresas
reunidas em consrcio que recebem concesso ou autorizao para produzir
energia eltrica destinada ao seu uso exclusivo;
Comercializador - a pessoa jurdica especialmente constituda para exercer a
atividade de comercializao de energia eltrica, que compreende a compra e
a venda de energia eltrica para concessionrios, autorizados ou a
consumidores que tenham livre opo de escolha do fornecedor,
regulamentado pela Resoluo n 265 de 13 de agosto de 1998;
Concessionria de Servio Pblico (ou Permissionria) - Agente Titular de
Servio Pblico Federal delegado pelo Poder Concedente mediante Licitao,
na modalidade de concorrncia, a pessoa jurdica ou consrcio de Empresas
para explorao e prestao de servios pblicos de energia eltrica,
regulamentado pela Lei 8987 de 13 de fevereiro de 1995;
Produtor Independente de Energia Eltrica - PIE - a pessoa jurdica ou
empresas reunidas em consrcio que recebam concesso ou autorizao do
poder concedente para produzir energia eltrica destinada ao comrcio de toda
ou parte da energia produzida, por sua conta e risco (ANEEL, 2002).
O mercado de energia eltrica experimenta um crescimento da ordem de 4,5%
ao ano, devendo ultrapassar a casa dos 100 mil MW em 2008. O planejamento
governamental de mdio prazo prev a necessidade de investimentos da
ordem de R$ 6 a 7 bilhes/ano para expanso da matriz energtica brasileira,
em atendimento demanda do mercado consumidor (ELETROBRS, 2002).
Para o futuro, algumas alteraes devem ocorrer na estrutura dos
investimentos em energia, incluindo a instalao de centrais termeltricas a
gs natural, que exigem prazos de implementao e investimentos menores
que as hidreltricas. Por outro lado, devero ser ampliadas as importaes de
energia da Argentina, Venezuela e Bolvia; e a interligao eltrica entre o Sul
28
e o Norte do Brasil, o que significa maiores investimentos em rede de
transmisso.
As principais oportunidades de negcios no mercado de energia eltrica
nacional esto ligadas oferta de novos empreendimentos de gerao para
explorao pela iniciativa privada e construo de linhas de transmisso,
bem como privatizao de ativos de sistemas de distribuio e de gerao.
Outro foco se concentra na universalizao do atendimento s comunidades
isoladas da Regio Norte do Pas e ao meio rural, que devem estar concludos
at 2005 (ELETROBRS, 2002).
O sistema eltrico brasileiro apresenta como particularidade grandes
extenses de linhas de transmisso e um parque produtor de gerao
predominantemente hidrulica. O mercado consumidor (47,2 milhes de
unidades) concentra-se nas regies Sul e Sudeste, mais industrializadas. A
regio Norte atendida de forma intensiva por pequenas centrais geradoras, a
maioria termeltricas a leo diesel.
Ao longo das ltimas duas dcadas, o consumo de energia eltrica apresentou
ndices de expanso bem superiores ao Produto Interno Bruto (PIB), fruto do
crescimento populacional concentrado nas zonas urbanas, do esforo de
aumento da oferta de energia e da modernizao da economia.
De acordo com MAGRINI (1992), na segunda metade dos anos 80, o intenso
programa de expanso de usinas hidreltricas elaborado pelo setor eltrico
despertava particulares preocupaes, seja pelo montante de investimentos
requeridos, seja, e principalmente, pelos potenciais impactos que estes
empreendimentos de grande porte poderiam provocar ao meio ambiente.
As classes de consumo residencial, comercial e rural obtiveram expressivos
ganhos de participao, enquanto o segmento industrial teve participao
menor neste crescimento, principalmente pela utilizao de tecnologias mais
eficientes no uso final da eletricidade, aliada s medidas de racionalizao de
consumo postas em prtica especialmente na dcada de 90.
29
O mercado de distribuio de energia eltrica atendido por 64
concessionrias, estatais ou privadas, de servios pblicos que abrangem todo
o Pas. As concessionrias estatais esto sob controle dos governos federal,
estaduais e municipais. Em vrias concessionrias privadas verifica-se a
presena, em seus grupos de controle, de diversas empresas nacionais e
multinacionais. So atendidos cerca de 47 milhes de unidades consumidoras,
das quais 85% so consumidores residenciais, em mais de 99% dos
municpios brasileiros (THEMAG, 2000).
A licitao por leilo abre aos investidores interessados no mercado de energia
a possibilidade de participar dos empreendimentos de gerao hidreltrica e da
construo de linhas de transmisso. Antes, o Estado construa e administrava
as usinas e o sistema de transmisso. Hoje qualquer empresa, inclusive de
outros pases, pode participar das licitaes.
A ANEEL fez o primeiro leilo para usinas hidreltricas em 1998, em seu
auditrio em Braslia (Quadro 2-2), com a disputa dividida entre empresas de
capital nacional e internacional. A potncia total dos trs empreendimentos
licitados em 1998 chegava a 580 MW e implicaram investimentos estimados
em R$ 1,5 bilho, entre a fase de construo e operao.
No ano seguinte, a ANEEL ofereceu aos empreendedores a primeira chance
de investir em rede de transmisso, com trs linhas e uma subestao, que
representavam a expanso de 765 quilmetros do sistema interligado. Os
vencedores do leilo esto investindo um total de R$ 411,28 milhes na
construo das instalaes das futuras linhas de transmisso (ANEEL, 2002).
Quadro 2-2: Usinas hidreltricas licitadas pela ANEEL
Usina (ano da licitao) ConcessionriaConcorrncias - 1996 -Emboque Companhia Fora e Luz Cataguazes-LeopoldinaCubato Usina Hidreltrica Cubato S.A.Concorrncias - 1997 -Rosal Rosal Energia S.A.Queimado CEMIG/CEBPorto Estrela CEMIG (PI), CVRD, COTEMINAS e NESLajeado Rede Lajeado Energia S.A. = 44,895%; EDP Lajeado =
27,37%; CEB Lajeado = 19,80%; Paulista Lajeado = 6,93%;Investco = 1%
30
Usina (ano da licitao) ConcessionriaConcorrncia/Leilo - 1998 -Cana Brava Companhia Energtica Meridional CEMPonte de Pedra Ponte de Pedra EnergticaSanta Clara Construtora Queiroz GalvoCampos Novos Campos Novos EnergiaPiraj Companhia Brasileira de Alumnio S.A.Itapebi Itapebi Gerao de Energia S.A.Irap CEMIGLeilo 1999 -Ourinhos Ourinhos Energia S.A.Leilo 2000 -Itumirim Companhia Energtica ItumirimCandonga Companhia Vale do Rio Doce (50%) e EPP Energia Eltrica,
Promoes e Participaes Ltda. (50%)Quebra Queixo Companhia Energtica Chapec CECBarra Grande VBC Energia S.A. (44,7399%), Alcoa Alumnio S.A.
(31,5791%), Valesul Alumnio S.A. (10,5307%) e DMEnergtica Ltda. (7,8902%) PIs; Camargo Corra CimentosS.A. (5,2601%) AP
Corumb IV Corumb Concesses S.A.CERAN Companhia Energtica Rio das Antas CERAN14 de Julho -Castro Alves -Monte Claro -Picada Companhia Paraibuna de Metais (99%) e Paraibuna de
Energia (1%)Capim Branco Cemig Capim Branco Energia S.A. (20%), Companhia Vale do
Rio Doce AP (46%), Comercial e Agrcola Paineiras Ltda.(17%), Companhia Mineira de Metais AP (12%) e CamargoCorra Cimentos S.A. AP (5%)
I -II -Murta Murta Energtica S.A.Barra do Brana Cat-Leo Energia S.A.Itaocara Light Sinergias Ltda.Espora Fuad Rassi Engenharia, Indstria e Comrcio Ltda.Leilo 2001 -Fundo -Santa Clara -Complexo Centrais Eltricas do Rio Jordo S.A. (ELEJOR)Corumb III Energtica Corumb III S.A.So Jernimo Consrcio So Jernimo (COPEL 21%, Tibaji 30% e SJ
Investidores e Participaes Ltda. 49%)Bau I Cat-Leo Energia S.A.Foz do Chapec Consrcio Energtico Foz do Chapec (CVRD 40%, Foz do
Chapec Energia S.A. 60%)Serra do Faco Consrcio Grupo de Empresas Associadas Serra do Faco
(Alcoa Alumnio S.A. 50,4386%, CBA 16,9737% AP, DMEEnergtica Ltda. 10,0877% e Votorantim Cimentos Ltda. 22,5%)
Peixe Consrcio ENERPEIXE (Enerpaulo Energia Paulista Ltda. 93%, Rede Peixe Energia S.A. 5% e Enerpeixe S.A. 2%)
Leilo 2001 / 2o Semestre -Simplcio Lidil Comercial Ltda.Salto Pilo CPFL Gerao de Energia S.A., Alcoa Alumnio S.A.,
31
Usina (ano da licitao) ConcessionriaCamargo Corra Cimentos S/A, DME Energtica Ltda. EVotorantim Cimentos Ltda., que constituem o CONSRCIOGRUPO EMPRESARIAL SALTO PILA
So Joo -Cachoeirinha -Complexo Energtico SoJoo/ Cachoeirinha
Enterpa Engenharia Ltda.
So Salvador Tractebel Sul Ltda.Monjolinho Engevix Engenharia Ltda.Pedra do Cavalo Votorantim Cimentos Ltda.Traira II Companhia Energtica de Minas Gerais CEMIGPai Quer CPFL Gerao de Energia S.A., Alcoa Alumnio S.A.,
Companhia Estadual de Energia Eltrica-CEEE, DMEEnergtica Ltda. E Votorantim Cimentos Ltda., que constituemo CONSRCIO GRUPO EMPRESARIAL PAI QUER
Couto Magalhes Companhia de Energia Eltrica do Estado do Tocantins CELTINS e ENERPAULO Energia Paulista Ltda., queconstituem o CONSRCIO ENER-REDE COUTOMAGALHES
Santa Isabel Billiton Metais S/A, Companhia Vale do Rio Doce, CamargoCorra S/A, Alcoa Alumnio S/A e Votorantim Cimentos Ltda.,que constituem o CONSRCIO GESAI-Grupo EmpresarialSanta Isabel
Fonte: ANEEL, 2002
A ANEEL examina os processos de empreendimentos que dependem de
autorizao para explorao. Neste bloco esto as Pequenas Centrais
Hidreltricas (PCHs), que produzem at 30 MW cujos procedimentos de
Autorizao e Registro, so estabelecidos na Resoluo ANEEL n 395/1998,
as centrais geradoras termeltricas, de cogerao e fontes alternativas (elica,
solar e biomassa) que podem obter registro ou autorizao conforme requisitos
definidos na Resoluo ANEEL n 112/1999, que simplificou os processos,
bem como se qualificar como cogerador desde que atendidos os requisitos
estabelecidos na Resoluo ANEEL n 021/2000.
A Compensao Financeira pela Utilizao de Recursos Hdricos (CFURH)
um percentual que as concessionrias e empresas autorizadas a produzir
energia por gerao hidreltrica pagam pela utilizao de recursos hdricos. A
ANEEL gerencia a cobrana da taxa e a distribuio dos recursos arrecadados
entre os municpios, estados e a Unio.
Conforme estabelecido pela Lei n 8.001, de 13 de maro de 1990, so
destinados 45% dos recursos aos municpios atingidos pelas barragens,
enquanto que os estados onde se localizam as represas tm direito a outros
32
45%. A Unio fica com 10% do total. Geradoras caracterizadas como
Pequenas Centrais Hidreltricas (PCHs), so dispensadas da taxa.
As concessionrias pagam 6,75% do valor da energia produzida como taxa de
Compensao Financeira pela Utilizao dos Recursos Hdricos. O total a ser
pago calculado segundo uma frmula padro: CFURH = energia gerada x
tarifa atualizada de referncia x 6,75%. Em 01/03/02, a tarifa atualizada de
referncia era de R$ 29,40/MWh.
O percentual da CFURH que cabe Unio dividido entre o Ministrio de Meio
Ambiente, Recursos Hdricos e Amaznia Legal (3%); o Ministrio de Minas e
Energia (3%) e para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Cientfico e
Tecnolgico (4%), administrado pelo Ministrio da Cincia e Tecnologia. O
percentual de 0,75% de CFURH repassado Agncia Nacional de guas -
ANA.
Os contratos de concesso assinados entre a ANEEL e as empresas
prestadoras dos servios de transmisso e distribuio de energia estabelecem
regras claras a respeito de tarifa, regularidade, continuidade, segurana,
atualidade e qualidade dos servios e do atendimento prestado aos
consumidores. Da mesma forma, define penalidades para os casos em que a
fiscalizao da ANEEL constatar irregularidades.
Os novos contratos de concesso de distribuio priorizam o atendimento
abrangente do mercado, sem que haja qualquer excluso das populaes de
baixa renda e das reas de menor densidade populacional. Prev ainda o
incentivo implantao de medidas de combate ao desperdcio de energia e
de aes relacionadas s pesquisas voltadas para o setor eltrico.
A concesso para operar o sistema de transmisso firmada em contrato com
durao de 30 anos. As clusulas estabelecem que, quanto mais eficiente as
empresas forem na manuteno e na operao das instalaes de
transmisso, evitando desligamentos por qualquer razo, melhor ser a sua
receita.
33
Quanto aos contratos de concesso de gerao, no caso de novas
concesses, outorgadas a partir de processos licitatrios, os mesmos tm
vigncia de 35 anos, podendo ser renovados por igual perodo, a critrio da
ANEEL.
Para as concesses outorgadas anteriores s leis n 8.987/1995 e 9.074/1995,
a renovao por 20 anos.
A matriz energtica brasileira composta, aproximadamente, por 82% de
gerao hdrica ficando o restante distribudo entre a gerao trmica, elica e
nuclear. Cabe ANEEL receber os pedidos dos investidores interessados em
empreendimentos de gerao hidreltrica. Estes investidores devem consultar
a legislao pertinente.
As novas condies de concorrncia que esto sendo introduzidas no setor
eltrico criam novos paradigmas para a atividade de planejamento. Estas
condies repercutem nos estudos de previso de mercado, j que os agentes
passam a atribuir conotao estratgica a uma srie de informaes antes
compartilhada, sem restries, com todos os participantes do processo de
planejamento do setor. Alteram tambm as premissas e os principais objetivos
do planejamento de expanso da oferta, agora de natureza indicativa.
O planejamento da transmisso impactado da mesma forma, uma vez que
pretende-se estabelecer um sistema de transporte de energia que no iniba a
concorrncia entre os agentes de mercado, um condicionante necessrio para
a minimizao dos custos de fornecimento.
Tendo em conta estas consideraes, devero ser objetivos principais do
CCPE:
- Orientar aes de governo para assegurar o fornecimento de energia nos
nveis de qualidade e quantidade demandados pela sociedade, em
consonncia com a Poltica Energtica Nacional, emanada do Conselho
Nacional de Poltica Energtica;
- Oferecer aos agentes do mercado eltrico um quadro de referncia para
seus planos de investimento; e
34
- Estabelecer a expanso mais adequada da rede eltrica de transmisso,
em consonncia com os aspectos operacionais do sistema.
Neste novo ambiente institucional o planejamento dever ser conduzido
como funo do Governo Federal, exercida pelo Ministrio das Minas e
Energia. Contudo, a representao dos agentes e entidades do setor dever
ser garantida pela composio da estrutura do CCPE, atravs da participao
de entidades de classe em consultas pblicas para avaliao e aprovao dos
principais produtos, refletindo um processo decisrio participativo e aberto.
No sentido de atender aos requisitos acima mencionados e na qualidade
de Agente Planejador do Sistema Eltrico Brasileiro, o CCPE ter, entre outras
atribuies:
- Elaborar, de forma integrada, o planejamento de longo prazo do setor
eltrico;
- Elaborar e manter atualizados os Planos Indicativos de Expanso e o
Programa Determinativo da Transmisso;
- Estruturar e manter atualizado o Sistema de Informaes Tcnicas do
planejamento da expanso do setor de energia eltrica, disponibilizando-o
aos agentes que atuam no setor e sociedade em geral;
- Estimar os investimentos de capital para expanso da oferta de gerao e
de transmisso de energia eltrica, subsidiando as aes de governo na
busca de adequao ou viabilizao dos mesmos;
- Acompanhar as condies de atendimento ao mercado de energia eltrica,
sugerindo aes para manter este atendimento em nveis de qualidade
preestabelecidos; e
- Propor ANEEL, os critrios, normas, procedimentos e referncias de
qualidade para o desempenho do sistema eltrico na realizao da
atividade de planejamento (ANEEL, 2002).
Mesmo com o aumento previsto da gerao termeltrica, o potencial
hidreltrico dever responder por cerca de 75% da gerao ao final do
horizonte decenal. Isso decorre da alta competitividade econmica do potencial
35
hidreltrico, reforado pelo fato de ser uma fonte renovvel e tecnologicamente
conhecida. Alm disso, os reservatrios das hidreltricas, desde que
planejados e operados adequadamente dentro da tica de usos mltiplos da
gua, possibilitam a implantao de empreendimentos com insero regional.
As restries aos empreendimentos hidreltricos so fundamentalmente de
ordem scio-ambiental. Atualmente, contudo, o setor eltrico tem reorientado
suas aes no sentido de consolidar e sistematizar o conhecimento nessa
rea, avaliar e caracterizar os custos e benefcios scio-ambientais, intensificar
e ampliar as aes mitigadoras e, por fim, ampliar a participao da sociedade
no processo de discusso de programas e projetos. Essas aes visam
atenuar os aspectos negativos e ampliar os aspectos positivos dos
empreendimentos, cabendo sociedade como um todo a responsabilidade de
estabelecer a medida de explorao desse potencial, a partir de uma
perspectiva de desenvolvimento sustentado.
2.7.3 - Fontes de Energia
2.7.3.1 - Energia Hidreltrica
A opo pelas usinas hidreltricas foi a trajetria tecnolgica escolhida pelo
pas devido ampla disponibilidade de potenciais hidrulicos, a custos
competitivos e, sobretudo, devido falta de disponibilidade nacional de
combustveis fsseis.
O parque gerador brasileiro composto, predominantemente, por usinas
hidreltricas, que constituem cerca de 82% da potncia instalada total. As
usinas termeltricas, que contribuem com os 18% restantes, so hoje
utilizadas, nos sistemas interligados, para complementar a gerao hidrulica
nos perodos secos e nas horas de maior demanda. So tambm usadas no
suprimento a sistemas isolados das Regies Norte e Centro-Oeste do pas.
Face ao amplo potencial hidreltrico economicamente competitivo ainda
existente no pas, esta predominncia da gerao de origem hidrulica dever
perdurar, no mnimo, ao longo dos prximos 20 anos (ENGEVIX, 2002a).
36
A Regio Sudeste detm a maior parcela da capacidade instalada de gerao,
com destaque para os Estados de Minas Gerais e So Paulo.
A fim de atender ao crescente consumo de energia eltrica no pas,
principalmente no que se refere s Regies Sul e Sudeste, o governo brasileiro
vem desenvolvendo uma poltica abrangente de planos e programas de
investimentos para o Setor Eltrico Brasileiro, visando inclusive diversificar a
matriz energtica do pais.
O Quadro 2-3 resume algumas caractersticas do parque gerador brasileiro da
atualidade.
Quadro 2-3: Sistema Gerador Existente
Produtor Capacidade Instalada (MW)HIDRO TERMO TOTAL
SUL-SUDESTE-CENTRO OESTE 43.427 3.809 47.236NORTE-NORDESTE 14.417 314 14.731SISTEMAS ISOLADOS 543 1.744 2.287CAPITAIS 506 1.285 1.791INTERIOR 459 37 496
(FONTE: CTEM/GCPS - ELETROBRS, 2000)
A mais recente avaliao do potencial hidreltrico no Pas indica um valor
aproximado de 130 GW/ano de energia firme, equivalente a uma potncia
instalvel de 260 GW, para um fator de capacidade da ordem de 50%, sendo
importante lembrar que, atualmente, apenas 20% dessa disponibilidade
encontram-se aproveitadas (THEMAG, 2000).
Deve-se, entretanto, salientar que o potencial das Regies Nordeste e Sudeste
- esta a mais desenvolvida, englobando 44% da populao e 64% do consumo
de energia eltrica - dever praticamente esgotar-se at o final deste sculo.
2.7.3.2 - Energia Termeltrica
O Programa Prioritrio de Termeltricas - PPT tem por objetivo aumentar a
oferta de energia no pas em mais de 15 mil MW a partir da implementao,
at 2003, de 49 novas usinas termeltricas em 18 Estados brasileiros, alm da
converso de 4 usinas existentes para funcionamento com gs natural.
37
O Programa pretende promover uma alterao da matriz energtica brasileira,
aumentando para cerca de 25% a gerao de energia de origem trmica nos
prximos dez anos.
Essa nova composio da matriz energtica, principalmente com utilizao de
gs natural, propicia condies de atendimento ao mercado a curto prazo e
permite ganhos de confiabilidade e eficincia no sistema gerador de energia
eltrica. Dessa forma, a participao do gs natural na matriz energtica
nacional, que hoje de 3%, dever aumentar para 10%.
Alm disso, a gerao termeltrica com o seu avano tecnolgico traz
inmeras vantagens, tais como: atendimento aos requisitos ambientais;
instalao prxima aos centros de carga, otimizando o carregamento e a
expanso dos sistemas de transmisso; gerao estratgica para a operao
de hidreltricas e menor prazo de construo.
Dado que as novas bases de funcionamento e regulamentao do setor visam
garantir a prtica da livre competio sem degenerao da qualidade do
servio, torna-se necessrio garantir e promover o adequado equilbrio entre
disponibilidades e demandas, por meio de esforos nas reas de planejamento
e gesto de recursos naturais e financeiros. Dessa forma, dado que em 2003
se inicia efetivamente a prtica do livre mercado, para tal horizonte foi definida
a implantao das usinas termeltricas listadas no Quadro 2-4.
Quadro 2-4: Programa Prioritrio de Termeltricas
USINAS LOCALIZAO POTNCIA (MW)USINAS DE COGERAO A GS NATURAL
VALE DO AU RIO GRANDE DONORTE
240
SERGIPE SERGIPE 90TERMOBAHIA BAHIA 460
TERMORIO RIO DE JANEIRO 450CUBATO SO PAULO 180
RHODIA PAULNIA SO PAULO 152RHODIA SANTO ANDR SO PAULO 100
ALTO TIET I, II SO PAULO 88CAPUAVA SO PAULO 230
VALPARASO SO PAULO 220IBIRIT MINAS GERAIS 240USINAS A GS NATURAL EM CICLO COMBINADO
DUNAS CEAR 250PARABA PARABA 150
TERMOALAGOAS ALAGOAS 120TERMOPERNAMBUCO PERNAMBUCO 460
38
USINAS LOCALIZAO POTNCIA (MW)VITRIA ESPRITO SANTO 500
NORTE FLUMINENSE RIO DE JANEIRO 720CABIUNAS RIO DE JANEIRO 450
RIOGEN RIO DE JANEIRO 500POOS DE CALDAS MINAS GERAIS 500
JUIZ DE FORA MINAS GERAIS 78SANTA BRANCA SO PAULO 1067
VALE DO PARABA SO PAULO 480ARARAQUARA SO PAULO 500
PAULNIA SO PAULO 240PAULNIA DSG SO PAULO 550
CARIOBA SO PAULO 750ABC SO PAULO 500
BARIRI SO PAULO 700CACHOEIRA PAULISTA SO PAULO 180
INDAIATUBA SO PAULO 180DUKE ENERGY 1 SO PAULO 350
ARAUCRIA PARAN 480TERMOCATARINENSE SANTA CATARINA 300
GAUCHA RIO GRANDE DO SUL 480TERMOSUL RIO GRANDE DO SUL 750
CAMPO GRANDE MATO GROSSO DO SUL 300CORUMB MATO GROSSO DO SUL 250CUIAB II MATO GROSSO 480
TERMONORTE II RONDNIA 340MANAUS AMAZONAS 180
USINAS A GS NATURALTERMONORTE I RONDNIA 64
PITANGA PARAN 20USINAS COM OUTROS COMBUSTVEIS
COFEPAR PARANResduo Asfltico (RASF)
616
FIGUEIRA PARANCarvo
100
SO MATEUS PARANXisto
70
SUL CATARINENSE SANTA CATARINACarvo
400
SEIVAL RIO GRANDE DO SULCarvo
250
CANDIOTA III RIO GRANDE DO SULCarvo
350
USINAS EXISTENTES A SEREM CONVERTIDAS PARA GSNATURAL COM PROCESSO DE CONSERVAO DE ENERGIA
MANAUS AMAZONAS 500SANTA CRUZ RIO DE JANEIRO 1125CAMAARI BAHIA 420
BONGI PERNAMBUCO 213(Fonte: THEMAG, 2000)
De acordo com os dados do Quadro 2-4, nota-se que a concretizao do
Programa Prioritrio de Termeltricas, alm de incrementar a utilizao do gs
natural, tambm visa a utilizao de combustveis nacionais como o carvo
mineral e o xisto, porm com uma participao bem inferior do gs.
O programa conta com a participao da Petrobrs, da ELETROBRS, do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES), da
39
Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL) e da Agncia Nacional de
Petrleo (ANP).
Particularmente, a participao da Petrobrs tem um papel fundamental, pois
o agente que dever garantir o suprimento de gs natural, por prazo de at
vinte anos, ao preo de US$ 2,26/MMbtu, na base de setembro de 1999, para
as usinas vinculadas ao sistema eltrico interligado, de acordo com a poltica
de gs natural nacional e de acordo com as demais condies de
comercializao constantes nos contratos firmados para o gs natural
importado. Os preos sero variveis a cada ano dependendo da maior ou
menor disponibilidade de gs brasileiro. O MME e a ANP esto estudando uma
frmula permanente para correo destes valores, visando definir critrios para
o preo do gs para gerao termeltrica.
A questo do suprimento de gs um dos aspectos que tem trazido grande
polmica ao programa. Como h o risco de aumento dos preos do gs natural
importado, devido variao cambial, e como, por outro lado, no h garantia